Direitos Humanos - slides

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14/08/2023

1 Direitos Humanos

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CONTEÚDO:
 Teoria dos direitos humanos fundamentais
 Direitos fundamentais na CF/88
 Os direitos de defesa e os direitos prestacionais.
 Direitos e deveres individuais e coletivos.
 Direitos políticos.
 Direitos sociais.
 Direitos econômicos.
 Direitos de nacionalidade e cidadania.

3 BIBLIOGRAFIA

4 Direitos Humanos ou Fundamentais


Noção: prerrogativas inerentes à dignidade da espécie humana e que são reconhecidos na
ordem constitucional.


São diferentes dos direitos do cidadão: possibilidade do cidadão participar dos negócios
jurídicos de uma sociedade politicamente organizada, ter voz ativa nos destinos do Estado e
de seu povo.

5 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS


DIREITOS DE 1ª GERAÇÃO OU DIMENSÃO

Começaram a tomar forma na Idade Média e no século XVII ganham mais força com o
surgimento do Liberalismo.
Proteção das liberdades públicas, ou seja, os direitos individuais.
Inerentes ao homem e que devem ser respeitados pelo Estado, como o direito à liberdade, à
vida, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, etc.
São fruto das Constituições Liberais (EUA 1789, França 1791), refletindo a necessidade de
limitação e controle dos abusos de poder do próprio Estado, impunham prestações negativas
= um não fazer pelo Estado.
Ex: direitos de liberdade e segurança.

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DIREITOS DE 2ª GERAÇÃO
Final do século XIX inicio do XX, em decorrência do Welfare State / crise econômica em
virtude dos frutos da mecanização dos meios de produção e consequente desemprego.
A teoria econômica dizia que a iniciativa privada, através do emprego e da produção, seria
capaz de gerar tudo o que é necessário ao homem em sociedade. Quando a iniciativa
privada tornou-se incapaz de prover aos indivíduos os meios de subsistência, com a baixa
remuneração pelo trabalho ou desemprego, a sociedade entra em crise, precisando socorrer-
se da figura do Estado.
São direitos impulsionados pelas reivindicações trabalhistas das classes operárias.
São os direitos sociais, econômicos e culturais, que exigem a intervenção do Estado para que
sejam concretizados.
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O Estado então passa a fornecer e regular a saúde, o trabalho, a educação, o direito de greve,
entre outros – prestações positivas do Estado.
O principal objetivo é a garantida do direito de igualdade.
No Brasil a CF de 1934 inaugurou a fase do constitucionalismo social.
Após a Segunda Guerra Mundial ganharam extrema relevância.
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DIREITOS DE 3ª GERAÇÃO
Proteção da coletividade. Meio ambiente, patrimônio histórico e cultural, proteção dos
consumidores, etc.
São direitos metaindividuais, ou seja, não pertencem exclusivamente a indivíduos
isoladamente, são direitos difusos (grupos de pessoas indetermináveis) e coletivos (grupos
determináveis).
Ex: as pessoas afetadas pelo ar em São Paulo estão no mesmo grupo porque vivem na cidade
de SP. Não há entre elas nenhum tipo de relação jurídica, mas o grupo se configura em razão
de um fato.
Ex: Pessoas que assistiam TV e foram atingidas por propaganda enganosa, são
indetermináveis, pois não é possível saber quem via TV naquele momento.
Ex: consumidores de uma determinada marca de veículo que foi vendido com defeito.
Obs: há doutrinadores que classificam direitos de 4ª, 5ª dimensões, no entanto, são teorias
ainda em construção.
8 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

1 - Historicidade
Possuem caráter histórico.
2 – Universalidade
Destinados a todos os seres humanos.
3 – Limitabilidade
Não são absolutos. Um direito pode sobrepor-se a outro diante de casos concretos.
4 – Cumulatividade ou concorrência
Um mesmo indivíduo pode acumular direitos.
5 – Irrenunciabilidade
Os indivíduos podem deixar de exercer tais direitos, mas não podem renunciar ao seu
conteúdo.

6 – Inalienabilidade
São indisponíveis e não possuem conteúdo econômico-patrimonial para que possam ser
alienados.
7 – Imprescritibilidade
O não-exercício de um direito fundamental, não importa o lapso de tempo, não é capaz de
gerar prescrição, sempre podem ser exercitáveis.
8 - Eficácia horizontal
 Regulam as relações entre cidadão e Estado (verticais), e também surtem efeitos nas
relações entre cidadão/cidadão (horizontais).

9 Vídeo

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https://www.youtube.com/watch?v=p-nP87rE2n4

10 Direitos e garantias fundamentais na CF/88


Direitos: bens e/ou vantagens conferidos pela norma
Garantias: são meios destinados a fazer valer os direitos, são instrumentos pelos quais se
asseguram o exercício e gozo daqueles bens e vantagens.
Exemplo:
11 DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Estão dispostos no artigo art. 5º da CF.


Os direitos e garantias individuais foram protegidos como cláusula pétrea (art. 60, § 4º, IV).
Há situações em que tais direitos podem ser suspensos: Estado de defesa (art. 136) e Estado
de sítio (art. 137).
Artigo 5º garante, em resumo, os seguintes direitos:
Igualdade Liberdade Vida
Segurança Propriedade
12 Direitos enumerados:

Individuais e coletivos (art. 5º),


sociais (arts. 6º e 193),
nacionalidade (art. 12),
políticos (art. 14 a 16),
partidos políticos (art. 17).

O rol de direitos da CF não é exaustivo (numerus clausus), é meramente exemplificativo =>
Art. 5º, §§ 2º e 3º.

- Ex: Brasil ratificou, em 01/08/2008, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência. Trata-se do primeiro tratado internacional de DH aprovado com força de EC, nos
termos do art. 5º, § 3º, da CF, o que dá aos direitos previstos na Convenção status de direitos
fundamentais.

13 Eficácia Jurídica Plena


Art. 5º, § 1º: As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.
Regra geral: os direitos previstos no artigo têm aplicabilidade imediata, ou seja, não
dependem da criação de ordenamento infraconstitucional regulamentador.
Assim, a norma é completa, não necessitando qualquer atuação do legislador.

Contudo, alguns direitos previstos em outros artigos, saúde e educação por exemplo,
dependem da criação de leis para estruturação de tais serviços.
No caso da saúde, o exercício do direito depende do SUS. Fica certo então que o Estado tem
o dever de manter e aprimorar o sistema de saúde, pois é um direito de satisfação
progressiva.


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14 Destinatários
Art. 5º, caput: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)

Os direitos são dirigidos principalmente às pessoas físicas, mas as pessoas jurídicas também
podem ser beneficiárias de muitos deles (ex: direito à imagem/moral).
Quanto aos estrangeiros: a CF menciona “brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”,
contudo quer demonstrar apenas que a lei brasileira se restringe ao território brasileiro, ou
seja, estrangeiros de passagem pelo país também terão seus direitos fundamentais
respeitados.

15 DIREITOS DE DEFESA E OS DIREITOS PRESTACIONAIS


DIREITOS DE DEFESA
- A teoria constitucional divide os direitos fundamentais em direitos de defesa e prestacionais.
- Direitos de defesa: dever de não ingerência do Estado na esfera privada.
Representam, de forma objetiva, normas de competência negativa para os poderes públicos,
um não fazer, proibindo ingerências do Estado na esfera individual;
Ex: o domicílio é asilo inviolável do indivíduo, somente podendo o Estado nele penetrar em
caráter de exceção e dentro das regras do art. 5º, XI.
Geram, no plano jurídico-subjetivo do indivíduo, o poder de exercer positivamente direitos
fundamentais (liberdade positiva) e de exigir omissões dos poderes públicos, para evitar
agressões lesivas e desnecessárias do Estado perante o indivíduo.
Ex: o indivíduo, através do Habeas Data, pode exigir judicialmente do Estado que
informações sobre sua pessoa sejam excluídas ou mesmo retificadas quando incorretas.

16 DIREITOS PRESTACIONAIS
- Demandam uma prestação material por parte do Estado, um fazer (há conteúdo econômico,
pois exigem recursos públicos para que sejam concretizados).
Educação – construir e manter escolas, preparar os sistema de ensino, etc.
Saúde –construir e manter hospitais, realizar programas de saúde, etc.
Trabalho – regular a economia e o trabalho, incentivar a geração de empregos.
Moradia – programas habitacionais, incentivos à construção civil.
Lazer – programas e leis de incentivo à cultura, ao esporte e ao lazer.
Segurança pública – preservar a ordem pública através dos órgãos policiais.
Previdência social – proteger o trabalhador contribuinte quando impossibilitado de laborar
(aposentadoria, acidente, doença, desemprego, reclusão, etc).
Assistência social – amparar os necessitados, independentemente de contribuição à
seguridade social.

17 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS


Os direitos garantidos pelo artigo 5º são os presentes no caput:
1. VIDA
2. LIBERDADE
3. IGUALDADE
4. SEGURANÇA
5. PROPRIEDADE


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18 IGUALDADE

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Impede qualquer tipo de discriminação: origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas.
Nos direitos sociais há vedação da diferença de salários, de exercício de funções ou de
critérios de admissão por motivos de sexo, idade, cor, estado civil ou deficiência física (art. 7°,
XXX e XXXI).
Consiste em tratar igualmente os iguais, com os mesmos direitos e obrigações, e
desigualmente os desiguais. Tratar igualmente os desiguais seria aumentar a desigualdade
existente.

19 IGUALDADE
Há hipóteses em que o tratamento diferenciado é válido:
a) Quando a própria Constituição estabelece um tratamento desigual.
 aposentadoria com menor idade e menos tempo de contribuição para mulheres (62 anos
mulheres, 65 homens – art. 201, § 7°);
 exclusão de mulheres e eclesiásticos do serviço militar obrigatório em tempo de paz (art.
143, § 2°);
 graduação dos tributos “segundo a capacidade econômica do contribuinte” (art. 145, § 1º)
b) Existência de um pressuposto lógico e racional que justifique a desequiparação.
 assentos reservados para gestantes, idosos e deficientes físicos;
 preferência para gestantes, idosos e deficientes físicos em filas de banco;
 exigência de candidatos do sexo masculino para concurso de ingresso na carreira de
carcereiro de penitenciária masculina.

20 LIBERDADE

Pressupõe a possibilidade de escolher entre 2 ou mais alternativas, de acordo com sua


própria vontade (sem coação e com consciência).
Não é absoluto, pois a ninguém é dada a faculdade de fazer tudo o que bem entender.
É o direito de fazer ou não fazer alguma coisa, senão em virtude da lei
só a lei pode criar obrigação, apenas a lei pode limitar a liberdade individual
O indivíduo é livre para fazer tudo o que a lei não proíbe.

21 Liberdade de pensamento

Liberdades absolutas/internas:
de consciência,
de crença religiosa


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Liberdades relativas/exteriorizadas:
de culto;
de informação jornalística;
de cátedra,
científica,
artística, etc.
22 Liberdade de crença e de culto
A liberdade de crença é de foro íntimo. Inclui o direito de professar ou não uma religião, de
acreditar ou não na existência de um ou diversos deuses.
A liberdade de culto é a exteriorização da crença.
Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
suas liturgias;
Estado brasileiro laico = art. 19, I, CF.
Assistência religiosa: art. 5º, VII.
Objeção de consciência: art. 5º, VIII.

23 CENSURA
Proibição da censura - art. 5°, IX: é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Assim, não pode
haver qualquer censura de natureza política, ideológica ou artística.
Classificação indicativa: Como meio de proteger a infância, o instituto da família e a liberdade
dos assistentes (direito escolha). Pode a lei impor controle sobre os programas de rádio e
televisão, criando faixas etárias e horários para programação.
Não pode o Governo limitar peças teatrais, obras de arte e filmes, uma vez que esses são
vistos apenas por quem vai até o teatro, cinema ou exposição.

24 Direito de informação

Tríplice alcance do direito de informação:

1. direito de informar (dar informação)


2. de se informar (buscar informação)
3. de ser informado (receber informação)


25 Direito de informação
Art. 5º, XIV - é assegurado a todos o acesso à informação.
Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular.
Sigilo da fonte:
Art. 5°, XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
O sigilo da fonte é indispensável para o êxito de certas investigações jornalísticas. A
finalidade é permitir a ampla apuração de fatos comprometedores para que a população
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possa exercer seu direito de informação.




26 Direito de informação
Comunicação social:
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob
qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de
informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto
no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.



27 ADPF 130 / DF – J. 30/04/2009 - Por 7 votos a 4, o STF julgou que a Lei 5.250/67 (Lei de
imprensa) não foi recepcionada pela nova ordem democrática. Autor: PDT.

Ementa: (...) Regime constitucional da "liberdade de informação jornalística", expressão


sinônima de liberdade de imprensa. A "plena" liberdade de imprensa como categoria jurídica
proibitiva de qualquer tipo de censura prévia. A plenitude da liberdade de imprensa como
reforço ou sobretutela das liberdades de manifestação do pensamento, de informação e de
expressão artística, científica, intelectual e comunicacional. (...)
Ponderação diretamente constitucional entre blocos de bens de personalidade: o bloco dos
direitos que dão conteúdo à liberdade de imprensa e o bloco dos direitos à imagem, honra,
intimidade e vida privada. precedência do primeiro bloco. Incidência a posteriori do segundo
bloco de direitos, para o efeito de assegurar o direito de resposta e assentar responsabilidades
penal, civil e administrativa, entre outras consequências do pleno gozo da liberdade de
imprensa. (...) Proporcionalidade entre liberdade de imprensa e responsabilidade civil por danos
morais e materiais a terceiros.
Relação de mútua causalidade entre liberdade de imprensa e democracia. relação de inerência
entre pensamento crítico e imprensa livre (...). Autorregulação e regulação social da atividade
de imprensa. não recepção em bloco da lei nº 5.250/1967 pela nova ordem constitucional.
Efeitos jurídicos da decisão. Procedência da ação.
28 Direito de resposta
Art. 5º, V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem
Trata-se do exercício de um direito de defesa da pessoa que foi ofendida pela imprensa
através de notícia inverídica ou errônea.

29 DIREITO DE RESPOSTA
ADPF 130 (Lei de imprensa) trecho voto do min. Celso de Mello:
Direito de resposta, garantia do direito à personalidade e do direito à informação. O direito de
resposta/retificação (...) busca neutralizar as consequências danosas resultantes do exercício
abusivo da liberdade de imprensa, pois tem por função precípua, de um lado, conter os excessos
decorrentes da prática irregular da liberdade de comunicação jornalística (CF, art. 5º, IV e IX, e
art. 220, § 1º) e, de outro, restaurar e preservar a verdade pertinente aos fatos reportados pelos
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art. 220, § 1º) e, de outro, restaurar e preservar a verdade pertinente aos fatos reportados pelos
meios de comunicação social. (...) visa a preservar tanto os direitos da personalidade quanto
assegurar, a todos, o exercício do direito à informação exata e precisa. (...)

30 DIREITO DE RESPOSTA
Pacto de São José da Costa Rica (Decreto 678/1992) – Art. 14 - Direito de retificação ou
resposta
1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por
meios de difusão legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito
a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que
estabeleça a lei.
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das outras responsabilidades legais em
que se houver incorrido.
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publicação ou empresa jornalística,
cinematográfica, de rádio ou televisão, deve ter uma pessoa responsável, que não seja
protegida por imunidades, nem goze de foro especial.

31 Liberdade de locomoção
Direito de ir e vir.
Art. 5°, XV, CF: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.
O direito de sair do País com seus bens não abrange a concessão de qualquer imunidade
fiscal.
Em tese, apenas com decretação de Estado de Sítio (art. 137) podem ser feitas restrições à
liberdade geral de locomoção.
Pedágios X liberdade de locomoção: Art. 150, V, veda aos entes federativos estabelecer
limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público.

32 Liberdade de locomoção
Garantia da liberdade de locomoção: HC - art. 5º, LXVIII: conceder-se-á habeas
corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
CF garante a prisão somente por ordem judicial ou flagrante (art. 5º, LXI): ninguém será preso
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei;
Prisão civil – art. 5º LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
Súmula Vinculante 25 (09/12/2015): É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade de depósito.

33 Liberdades de expressão coletiva

São considerados direitos individuais, pois pertencem ao indivíduo, e de expressão coletiva,


porque pressupõem uma pluralidade de pessoas para que possam ser exercidos.

Direito ou liberdade de reunião (CF art. 5º, XVI):
“todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
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independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente


convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;”
34 ADPF 187-DF - v.u. - J. 15/06/2011, Autor: PGR. Objetivo: proibir manifestação com base
no art. 287, CP (tipifica como crime fazer apologia de "fato criminoso" ou de "autor do
crime").
Mérito: “marcha da maconha” – Manifestação legítima, por cidadãos da república, de duas
liberdades individuais revestidas de caráter fundamental: o direito de reunião (liberdade-meio)
e o direito à livre expressão do pensamento (liberdade-fim) – A liberdade de reunião como pré-
condição necessária à ativa participação dos cidadãos no processo político e no de tomada de
decisões no âmbito do aparelho de Estado – consequente legitimidade (...) com o objetivo de
obter apoio para oferecimento de projetos de lei, de iniciativa popular, de criticar modelos
normativos em vigor, de exercer o direito de petição e de promover atos (...) A liberdade de
expressão como um dos mais preciosos privilégios dos cidadãos em uma república fundada em
bases democráticas – O direito à livre manifestação do pensamento: núcleo de que se irradiam
os direitos de crítica, de protesto, de discordância e de livre circulação de ideias – Debate que
não se confunde com incitação à prática de delito nem se identifica com apologia de fato
criminoso – discussão que deve ser realizada de forma racional, com respeito entre
interlocutores e sem possibilidade legítima de repressão estatal, ainda que as ideias propostas
possam ser consideradas, pela maioria, estranhas, insuportáveis, extravagantes, audaciosas ou
inaceitáveis – (...) Necessário respeito ao discurso antagônico no contexto da sociedade civil (...)
como elemento fundamental e inerente ao regime democrático (AC 2.695-mc/rs, rel. min. Celso
de Mello) (...) – As plurissignificações do art. 287 do Código Penal: necessidade de interpretar
esse preceito legal em harmonia com as liberdades fundamentais de reunião, de expressão e
de petição.

35
Liberdade de associação (art. 5º, XVII)
“é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;”
Organização paramilitar (exceção à liberdade de associação)
- A CF veda expressamente órgãos particulares que se estruturam de forma análoga às Forças
Armadas.
- O uso do poder de coerção deve ser restrito ao Estado, não se facultando a organismos
particulares a estruturação em forma bélica, em razão dos evidentes riscos à ordem social e
democrática.
- A Constituição proíbe também a “utilização pelos partidos políticos de organização
paramilitar” (CF, art. 17, § 4°).

36
Liberdade de atuação profissional
-
- Art. 5°, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer.
-
- É o direito de cada indivíduo exercer qualquer atividade profissional, de acordo com as suas
preferências e possibilidades. Conjuga-se com o previsto no art. 1º, IV, sobre serem
fundamentos da República “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” e com o art. 170
que diz que a livre iniciativa é um dos princípios da ordem econômica.
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-
- Qualificações profissionais: para o exercício de determinados trabalhos, ofícios ou profissões,
a Constituição estabelece que podem ser feitas certas exigências pela legislação ordinária. Para
o exercício da profissão de médico, por ex, o indivíduo precisa ser formado em uma faculdade
de Medicina e ter registro no CFM.

37

PROFISSÃO DO ADVOGADO
- Lei 8.906/1994 (EOAB): Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário: I - capacidade
civil; II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino
oficialmente autorizada e credenciada; III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se
brasileiro; IV - aprovação em Exame de Ordem; V - não exercer atividade incompatível com a
advocacia; VI - idoneidade moral; VII - prestar compromisso perante o conselho.
Posição do STF: RE 603.583, v.u., 26/10/2011:
BACHARÉIS EM DIREITO – QUALIFICAÇÃO. Alcança-se a qualificação de bacharel em Direito
mediante conclusão do curso respectivo e colação de grau.
ADVOGADO – EXERCÍCIO PROFISSIONAL – EXAME DE ORDEM. O Exame de Ordem,
inicialmente previsto no artigo 48, inciso III, da Lei nº 4.215/63 e hoje no artigo 84 da Lei nº
8.906/94, no que a atuação profissional repercute no campo de interesse de terceiros, mostra-
se consentâneo com a Constituição Federal, que remete às qualificações previstas em lei.

38 VIDA
Principal direito individual.
O exercício dos demais direitos depende de sua existência.
Do direito à vida decorre uma série de direitos:
direito à integridade física e moral,
proibição da pena de morte
proibição da venda de órgãos,
crimes de homicídio e aborto
crime de tortura
crime de Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação
crime de lesão corporal
crime de periclitação (ameaça) da vida e da saúde

39
No Brasil, em razão de a vida ser um bem jurídico indisponível, a eutanásia configura
homicídio privilegiado, em virtude da presença de relevante valor moral na conduta do
agente (CP, art. 121, § 1°: Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.).
Na eutanásia há uma atuação do agente que auxilia o doente reconhecidamente incurável a
morrer. Alguns consideram a eutanásia como uma forma de tratamento de pacientes
portadores de doenças incuráveis, cujo objetivo é garantir a essas pessoas uma morte mais
humanizada, com menos sofrimento.
É diferente do suicídio assistido, em que uma pessoa fornece meios ao paciente para que ele
mesmo possa acabar com o seu sofrimento, ou seja, para que ele mesmo cometa o ato de
tirar a sua vida (o paciente possui responsabilidade mais ativa no processo).
Alguns intérpretes entendem que a vida vegetativa ou com as funções seriamente
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Alguns intérpretes entendem que a vida vegetativa ou com as funções seriamente


prejudicadas não serão vida digna. Como a CF protege a vida digna e não simplesmente a
vida, seria o caso de mudança na legislação infraconstitucional para que a eutanásia fosse
aceita em certos casos.
ORTOTANÁSIA: configuraria crime em princípio. Conhecida como eutanásia passiva, em que
o agente (normalmente um médico) deixa de prolongar artificialmente a vida de um doente
terminal, desligando os aparelhos ou evitando colocar o paciente sob proteção artificial. O
CFM não pune a conduta do médico na ortotanásia.

40 Eutanásia em alguns países


Holanda
Desde abril de 2002 são legais a eutanásia e o suicídio assistido (primeiro país a permitir)
Há uma série de restrições para controlar a prática, cabendo a uma comissão regional de juízes,
médicos e sociólogos o exame de cada caso.
Elementos necessários: paciente possua doença diagnosticada como incurável e apresente
dores insuportáveis, sem possibilidade de melhora. Além disso, o paciente deve tomar essa
decisão ainda lúcido e é necessário o parecer de um segundo médico sobre o assunto.
A idade permitida para a realização da intervenção é a partir de 12 anos. Porém, até os 16, ela
só pode ser realizada com o aval da família.
Suíça
A Suíça não apresenta uma legislação expressa, mas a corte federal do país reconheceu o
direito dos pacientes de escolher a morte.

41 Eutanásia em alguns países
Bélgica
Há lei que permite a eutanásia desde maio de 2002. Ao entrar em vigor, a lei permitia a
interrupção da vida em qualquer indivíduo, mesmo os que não se encontrassem em estado
terminal. Os menores de idade eram proibidos de realizar a eutanásia, independentemente da
autorização dos pais.
Desde 2014 a lei passou a permitir o procedimento em qualquer idade, desde que os
responsáveis legais autorizem a operação e após avaliação do médico responsável e de um
psiquiatra infantil.
A nova versão da lei também limitou o procedimento para pacientes em estado terminal. O
próprio paciente deve fazer o pedido de maneira voluntária e refletida, desconsiderando as
pressões externas.
Todos os procedimentos são analisados por uma comissão especial.

Uruguai
Desde 1934 o Código Penal uruguaio prevê a possibilidade da exoneração de castigo para
quem exerce, por piedade, homicídio mediante súplicas reiteradas da vítima, desde que esta
possua antecedentes honrosos. Trata-se de uma faculdade concedida aos juízes na análise de
caso concreto.

42 ABORTO
Art. 124, CP: o aborto é considerado um crime contra a vida. Pena: 1 a 3 anos caso o
procedimento tenha sido provocado pela gestante ou com seu consentimento; 3 a 10 anos
caso seja induzido por terceiros sem o consentimento da gestante.
O aborto só não é punido em três situações: em caso de estupro, risco de morte para a mãe
ou feto com anencefalia.
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ou feto com anencefalia.


1.No Brasil ocorrem 1 milhão de abortos clandestinos por ano.
2.São 250 mil internações no SUS e R$ 142 milhões gastos por causa de complicações pós-
aborto.
3.1 em cada 5 mulheres até os 40 anos já abortaram no país (Instituto de Bioética).
4.Em geral, as mulheres que abortam são casadas, têm filhos e 88% se declaram religiosas.
5.Cerca de 20 milhões dos abortos são realizados no mundo de forma insegura todos os anos,
resultando na morte de 70 mil mulheres, sobretudo em países pobres e com legislações
restritivas ao aborto.
6.97% dos abortos clandestinos ocorrem em países em desenvolvimento. 80% dos países
desenvolvidos permitem o procedimento.
7.Uma pesquisa da OMS e do Instituto Guttmacher (EUA), publicada em 2016, demonstrou que
nos países em que o aborto é proibido o número de procedimentos não é menor.
8.Em 2007, Portugal autorizou o aborto até as 10 semanas de gestação. Dez anos depois uma
pesquisa mostrou que o número de abortos caiu e as mortes decorrentes da prática são
quase nulas. Na década de 1970, eram 100 mil abortos, sendo que 2% deles resultavam em
morte, enquanto dados de 2008 mostram que o país registrou 18 mil abortos e, hoje, este
número está em queda constante.

43 Goldim JR. Início da vida de uma pessoa humana.
http://www.bioetica.ufrgs.br/inivida.htm

44
In TORRES, José Henrique Rodrigues. Aborto - legislação comparada. Rev. Epos vol.2 no.2 Rio
de Janeiro dez. 2011

45 Feto anencefálico
A ADPF nº 54 firmou entendimento no sentido da possibilidade do procedimento semelhante
ao aborto do feto anencefálico. Princípios constitucionais correlatos, como liberdade,
intimidade e vida privada
A ADPF pedia que o STF conferisse ao Código Penal uma interpretação conforme a
Constituição e declarasse que o aborto de fetos anencefálicos não é crime.
Principais argumentos utilizados na ADPF (a ação foi assinada por Luís Roberto Barroso, hoje
ministro do STF):
1.Como o feto anencefálico não desenvolveu o cérebro, ele não teria qualquer condição de
sobrevivência extrauterina;
2.Perdurar a gestação por meses seria apenas prolongar o sofrimento da família considerando
que a morte da criança ao nascer, ou mesmo antes do parto, seria cientificamente inevitável;
3.Rigorosamente, não haveria nem mesmo aborto porque o feto anencefálico é desprovido de
cérebro e, segundo a Lei n 9.434/1997, o marco legislativo para se aferir a morte de uma
pessoa ocorre no momento da morte encefálica.

46 Feto anencefálico
Argumentos contrários a ADPF:
1.O feto já pode ser considerado um ser humano e deve ter seu direito a vida respeitado;
2.Haveria chances de sobrevivência extrauterina, como no caso raro de uma criança chamada
Marcela de Jesus Galante Ferreira, que foi diagnosticada como feto anencefálico, mas teria
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sobrevivido alguns meses após o parto (obs: médicos rechaçam essa afirmação, sustentam
que não era caso de anencefalia, houve erro no diagnóstico);
3.A legalização do aborto de fetos anencefálicos representaria o primeiro passo para a
legalização ampla e irrestrita dos abortos no Brasil;
4.O aborto de fetos anencefálicos seria um tipo de aborto eugênico (eliminação de indivíduos
com deficiências físicas ou mentais, em uma forma de purificação da raça).

47 Embrião fecundado
Na ADI nº 3.510 (j. 29/05/2008) o STF entendeu pela permissão de extração de células-tronco e
descarte do embrião fecundado. A ação foi proposta para determinar como inconstitucional a
Lei 11.105/2005, especificamente artigo 5º:
Art. 5º. É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no
respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, (...).
§ 1º. Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2º. Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com
células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e
aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.
§ 3º. É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática
implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.

48 Embrião fecundado
A dificuldade do tema: quando começa a vida humana. Teorias discutidas pelo STF (mais
expressivas):
1.teoria da fecundação, defende que a vida se inicia no momento da união do gameta sexual
masculino com o feminino. Para os juristas adeptos a essa teoria, o embrião, mesmo fora do
útero materno, já seria provido de personalidade jurídica, devendo ser protegido pelo Direito.
2.teoria da nidação (adotada pelo STF), a vida tem início somente a partir do momento em que
o pré-embrião nida (se fixa) no útero materno, por volta do 6º ou 7º dia após a fecundação. A
teoria surgiu em época que somente se produzia filhos pelo método natural. O CP segue essa
teoria por meio da figura criminosa do aborto.
3.teoria da formação dos rudimentos, adotada na Inglaterra (o primeiro país a legalizar a
clonagem terapêutica ou eugênica), entende que só há vida após a 14ª semana de gestação,
porque é a partir daí que a cinta neural (sistema nervoso) começa a se desenvolver e o zigoto
passa a ser chamado de embrião.
Depois de 3 anos de análise, o STF decidiu pela improcedência da ADI n. 3510, por 6 votos
(Carlos Ayres Britto, Ellen Gracie, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio e Celso de
Melo – decidiram pela improcedência sem ressalvas) a cinco (Cezar Peluso, Gilmar Mendes,
Carlos Alberto Menezes Direito, Ricardo Lewandowski e Eros Grau julgaram parcialmente
procedente, estabelecendo orientações para a realização das pesquisas, sem proibi-las).
Para os 11 Ministros o embrião não é um sujeito de direitos, não possui personalidade jurídica,
pela teoria natalista (nascimento com vida) da aquisição da personalidade civil - art. 2º do
Código Civil: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.

49
- Não basta garantir um simples direito à vida, é preciso assegurá-lo com o máximo de
dignidade.
Proibição de penas cruéis
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Proibição de penas cruéis


XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

50
Tortura
Art. 5º, III “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”.
Tortura: imposição de qualquer sofrimento físico ou mental, mediante violência ou grave
ameaça, com a finalidade de obter informações ou confissão, para provocar qualquer ação
ou omissão, ou mesmo para aplicação de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo
a indivíduos submetidos à guarda do Estado ou de outra pessoa.

51
Art. 5º. XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem;
Damásio de Jesus diferencia graça, anistia e indulto:

52
Venda de órgãos
Art. 199, § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de
órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem
como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo
tipo de comercialização.
Portanto, órgãos humanos são bens fora de comércio por expressa previsão constitucional.
A doação de sangue ou de órgãos em vida ou após a morte, para fins de transplante ou
tratamento, são totalmente válidos. A Lei n. 9.434/97 regulamenta a remoção de órgãos,
tecidos e partes do corpo humano com essas finalidades terapêuticas.


53 SEGURANÇA

Tranquilidade para o exercício dos direitos fundamentais.


Estado tem o dever de zelar pelos direitos fundamentais.

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Princípio da legalidade
- Art. 5º, II: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei”.
- Trata-se da base fundamental do Estado de Direito, a submissão de todos ao império da lei.
Garante segurança ao exigir a participação do Legislativo para impor deveres ao cidadão.
- Somente a lei pode limitar a vontade individual, por ser o produto da vontade geral, e obrigar
alguém a fazer ou não fazer alguma coisa.
54 SEGURANÇA

A segurança abrange diversos direitos e garantias:



 Segurança em matéria pessoal: inviolabilidade da intimidade, do domicílio e das
comunicações pessoais

 Segurança em matéria jurídica: garantias em matéria penal e processual

55 Direito à privacidade
Art. 5°, X: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
O direito à privacidade compreende a tutela da intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem das pessoas:
a) Intimidade
 qualidade do que é íntimo, do que é interior e particular a cada ser humano. É o direito de
estar só, de não ser perturbado em sua vida particular.
b) Vida privada
 é o relacionamento de uma pessoa com seus familiares e amigos, o oposto da vida pública,
direito de levar sua vida pessoal sem a intromissão de terceiros, como agentes do Estado,
vizinhos, jornalistas, curiosos etc.

56 Direito à privacidade
c) Honra
 Honra é um atributo pessoal. Compreende a autoestima (honra subjetiva) e a reputação
(honra objetiva). A legislação penal tutela a honra: crimes de calúnia, difamação e injúria
d) Imagem
 Imagem-retrato: direito de não ter sua representação reproduzida por qualquer meio de
comunicação sem a devida autorização. Ressalva para atividades públicas.
 Imagem-atributo: forma pela qual uma pessoa, física ou jurídica, é vista no meio social.
Imagem de bom profissional, pessoa honesta, empresa respeitada.

57 DIREITO DE IMAGEM - Jurisprudência


RESPONSABILIDADE CIVIL - DANOS MORAIS - FOTOGRAFIA RELACIONADA A MATÉRIA
JORNALÍSTICA EM PERIÓDICO LOCAL - VIOLAÇÃO À DIREITO DE IMAGEM - NÃO
CARACTERIZAÇÃO - Foto que não deu destaque especial à autora, que aparece ao fundo,
como estava em local de acesso ao público, recostada na cadeira, não se podendo imputar à
requerida a intenção de colocá-la em situação vexatória, humilhante, ou que de alguma forma
ofendesse sua honra e a boa fama, que pudesse caracterizar abuso no exercício da liberdade
de informação. Tratando-se de captação de imagens em locais públicos, ou de acesso ao
público, dispensa-se prévia autorização, desde que não haja utilização comercial, ou como no
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público, dispensa-se prévia autorização, desde que não haja utilização comercial, ou como no
caso, tenha caráter jornalístico atual. Liberdade de captação da imagem quando se tratam de
acontecimentos da atualidade, consistente em "licença compulsória" gratuita ? Recurso
desprovido. (TJSP - Ap 9076246-40.2007.8.26.0000 - Itatiba - 1ª CD.Priv. - Rel. Alcides Leopoldo
e Silva Júnior - DJe 08.11.2012 - p. 1254)

58 DIREITO DE IMAGEM - Jurisprudência


O DIREITO DE IMAGEM É UM DIREITO AUTÔNOMO, QUE ABRANGE A IMAGEM - Retrato, como
a representação das características físicas da pessoa natural, e a imagem-atributo, considerado
o reconhecimento social das características da pessoa. De um lado, qualquer pessoa tem direito
de preservar sua imagem do uso comercial indevido ou da associação com conceitos
vexatórios ou humilhantes. Trata-se, neste caso, da tutela constitucional do direito estático de
imagem. Por outro lado, para as pessoas com notoriedade, surge o direito dinâmico de
imagem, pelo qual a pessoa famosa pode explorar ativamente sua imagem, por contrato de
cessão. (...) III- No presente caso, não consta do acórdão regional que o uso de vestimentas
com logomarcas tenha trazido qualquer prejuízo ao autor, tampouco há registro de que as
marcas estampadas nos uniformes possam ter feito o Reclamante passar por situação vexatória
ou constrangedora. Além disso, também não há na decisão regional nenhuma afirmação no
sentido de ser o Reclamante uma pessoa famosa ou notoriamente conhecida, a ponto de que o
uso dessas logomarcas atrelado à imagem do autor especificamente possa ter gerado um
ganho financeiro significativo para a Reclamada. IV- Nesse contexto, não houve violação do
direito estático de imagem do Reclamante, pois o uso de uniforme veiculando marcas de
produtos vendidos no mercado pelo empregador se insere na zona de neutralidade do direito
de imagem decorrente das condições corriqueiras do contrato de trabalho, durante a jornada
de trabalho e restrito ao local de trabalho, na qual o efeito ao público em geral nem agrega
valor aos produtos, nem deprecia a imagem - Atributo do empregado. V- Recurso de revista de
que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se nega provimento. (TST - RR 145-
96.2014.5.05.0003 - Rel. Min. Alexandre Luiz Ramos - DJe 03.04.2020 )



59 DIREITO DE IMAGEM - Jurisprudência
APELAÇÃO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
- DIREITO À IMAGEM - "PEGADINHA" EM PROGRAMA HUMORÍSTICO - Não caracterização de
situação extremamente inusitada e humilhante, de excesso de dissabor e constrangimento ao
autor. Simples veiculação não autorizada da imagem, porém, que é suficiente para
configuração do ato ilícito. Proteção autônoma da imagem ( art. 5º, incisos V e X, CF , e art. 20,
CC ). Uso com fins comerciais e lucrativos. Súmula 403 do STJ (Independe de prova do prejuízo
a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais). Indenização devida. Valor fixado em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), com
juros de mora desde a realização do evento danoso (art. 398, CC , e súmula 54 do STJ ). Recurso
parcialmente provido, reformada a sentença para se condenar a apelada ao pagamento de
indenização de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais). Condenação sucumbencial carreada à
apelada, vencida em maior parte, nos termos do art. 21, § único, CPC , fixados honorários em
R$ 1.000,00 (um mil reais). (TJSP - Ap 0001298-32.2011.8.26.0005 - São Paulo - 3ª CD.Priv. - Rel.
Carlos Alberto de Salles - DJe 17.09.2013 - p. 1290)


60 Inviolabilidade do domicílio
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Inviolabilidade do domicílio

Art. 5º, XI: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
A qualquer hora do dia ou da noite, independente da exibição de mandado judicial:
 com o consentimento dos moradores;
 flagrante delito;
 em caso de desastres, como incêndio, inundação etc;
 para prestar socorro.
Fora dessas hipóteses, só é possível o ingresso na residência de uma pessoa durante o dia
(das 6 às 18 horas) e com a exibição de mandado judicial.
O STF já se manifestou que o “conceito de 'casa', para os fins da proteção jurídico-
constitucional (...) reveste-se de caráter amplo (...): (a) qualquer compartimento habitado, (b)
qualquer aposento ocupado de habitação coletiva e (c) qualquer compartimento privado
onde alguém exerce profissão ou atividade. (STF - RE 251.445 - Rel. Min. Celso de Mello -
DJU 03.08.2000).

61 Inviolabilidade das comunicações pessoais

Art. 5°, XII, CF: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal”.
Somente na vigência de estado de defesa ou de sítio poderão ser estabelecidas restrições à
inviolabilidade de correspondência (CF, arts. 136, I, b, e 139, III).
Correspondências dos menores de idade e presidiários, por exemplo, podem ser visualizadas
em prol da segurança.
A interceptação telefônica é regulamentado pela Lei n. 9.296/96. Depende de autorização
judicial e somente pode ser permitida para apuração de crimes (para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal), mas não para qualquer tipo, pois a lei veda-a quando
a prova puder ser produzida por outros meios ou o fato investigado for punido, no máximo,
com pena de detenção.
Gravação de conversa telefônica ou divulgação de mensagens feita por um dos
interlocutores, ou com sua autorização, mesmo sem ciência do outro, é considerada válida
como prova.

62 E-mails dos funcionários podem ser lidos pelo empregador no local de trabalho?
TST - AI-RR 1542/2005-055-02-40.4-2ª R. - 7ª T. - Rel. Min. Ives Gandra Martins Filho - DJU
06.06.2008:
(...) a controvérsia em torno da licitude ou não da prova acostada pela Reclamada,
consubstanciada no acesso à caixa de e-mail corporativo utilizado pelo Reclamante, é matéria
que merece algumas considerações. 5. O art. 5º, X e XII, da CF garante ao cidadão a
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra, da imagem das pessoas, bem como o
sigilo de suas correspondências, dados e comunicações telegráficas e telefônicas. 6. A
concessão, por parte do empregador, de caixa de e-mail a seus empregados em suas
dependências tem por finalidade potencializar a agilização e eficiência de suas funções para o
alcance do objeto social da empresa, o qual justifica a sua própria existência e deve estar no
centro do interesse de todos aqueles que dela fazem parte, inclusive por meio do contrato de
trabalho. 7. Dessa forma, como instrumento de alcance desses objetivos, a caixa do e-
mail corporativo não se equipara às hipóteses previstas nos incisos X e XII do art. 5º da CF ,
14/08/2023

mail corporativo não se equipara às hipóteses previstas nos incisos X e XII do art. 5º da CF ,
tratando-se, pois, de ferramenta de trabalho que deve ser utilizada com a mesma diligência
emprestada a qualquer outra de natureza diversa. Deve o empregado zelar pela sua
manutenção, utilizando-a de forma segura e adequada e respeitando os fins para que se
destinam. Mesmo porque, como assinante do provedor de acesso à Internet, a empresa é
responsável pela sua utilização com observância da lei. 8. Assim, se o empregado
eventualmente se utiliza da caixa de e-mail corporativo para assuntos particulares, deve fazê-lo
consciente de que o seu acesso pelo empregador não representa violação de suas
correspondências pessoais, tampouco violação de sua privacidade ou intimidade, porque se
trata de equipamento e tecnologia fornecidos pelo empregador para utilização no trabalho e
para alcance das finalidades da empresa."

63 SEGURANÇA EM MATÉRIA JURÍDICA


- Conjunto das condições que permitem às pessoas o conhecimento antecipado das
consequências jurídicas de seus atos.
- Princípio fundamental para a estabilidade das relações jurídicas: irretroatividade das leis.
- A CF garante - art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada).
Ato jurídico perfeito: é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetivou.
Exemplos: um indivíduo já aposentado não pode ser atingido por uma reforma
previdenciária ou uma casa já construída de acordo com as leis vigentes ao tempo do ato
não pode ser demolida.
Direito adquirido: é o que pode ser exercido a qualquer momento, pois já incorporado ao
patrimônio de seu titular.
Exemplos: um indivíduo que já completou os requisitos mínimos para a aposentadoria,
mas ainda não exerceu/reconheceu esse direito.
Coisa julgada (ou caso julgado): é a decisão judicial da qual não caiba mais recurso. Em uma
disputa judicial, a sentença, após esgotados todos os recursos, torna-se imutável entre as
partes.

64 Garantias jurisdicionais
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (inciso LIV): “Ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal”.

O due process of law é um dos mais antigos direitos individuais obtidos pela humanidade,
assegurado pela Carta Magna em 1215.

Garantia do cidadão contra uma atuação arbitrária do poder do Estado. Esse princípio possui
uma dupla natureza:
1. Sentido processual: contém diversos desdobramentos, como os princípios do contraditório e
da ampla defesa.
2. Sentido substantivo: proteção dos direitos e liberdades das pessoas contra qualquer
modalidade de legislação que se revele opressora ou destituída de razoabilidade.

65 Princípios do contraditório e ampla defesa
Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes
Contraditório “consiste na possibilidade de uma das partes se manifestar contrariamente à
14/08/2023

pretensão deduzida pela outra parte, podendo inclusive apresentar contraprova” (Marcos
Orione G. Correia. Teoria Geral do Processo. 3. ed. S. Paulo: Saraiva, 2005, p. 31).
O contraditório se estabelece para toda a relação jurídico-processual. Em regra quando uma
parte se manifesta, deve ser aberto prazo para a outra também o fazer. O uso do
contraditório pela parte é opção, não ônus. Contudo, a abertura pelo juiz de tal
oportunidade é sempre obrigatória.
Não fere o princípio do contraditório a concessão de liminares inaudita altera pars ou de
tutela antecipada, pois são medidas que objetivam evitar o perecimento de direito.
A ampla defesa: garante ao réu a possibilidade de ter concedidas todas as oportunidades
para ver respeitado o seu direito, assegurando-se a citação, a nomeação de defensores
dativos em processos criminais e a notificação para a prática de atos processuais.

66 Proibição de prova ilícita .

- Art. 5º, LVI - “São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
- A prova obtida de forma ilícita é absolutamente nula, não podendo gerar qualquer efeito no
convencimento do juiz.
- A prova produzida em afronta às garantias constitucionais e legais deve ser desentranhada,
de forma a não exercer nenhuma influência sobre o convencimento do juiz.
- Teoria do fruto da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree doctrine): uma prova ilícita
contamina as outras provas decorrentes dela, ainda que lícitas.
- Doutrina da fonte independente (independent source doctrine): limita os efeitos da doutrina
do fruto da árvore envenenada, nos casos em que não há uma relação de subordinação causal
ou temporal entre diferentes provas.
67 Proibição de prova ilícita .

- Regras processuais - CPP:


Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado
o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por
uma fonte independente das primeiras.
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de
praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto
da prova.
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
§ 4o (VETADO)
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a
sentença ou acórdão.

68 PROVA ILÍCITA
STJ - REsp 1.498.685 - (2014/0317659-3) - 6ªT. - Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz - DJe16.10.2018
- p. 2018:
(...) O Supremo Tribunal Federal definiu, em repercussão geral, que o ingresso forçado em
domicílio sem mandado judicial apenas se revela legítimo - A qualquer hora do dia, inclusive
durante o período noturno - quando amparado em fundadas razões, devidamente justificadas
pelas circunstâncias do caso concreto, que indiquem estar ocorrendo, no interior da casa,
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situação de flagrante delito (...). 3- Após receberem denúncia anônima, sobre possível
cometimento ilícito de drogas, em uma residência, os policiais se dirigiram até o local indicado,
onde adentraram a moradia, encontrando o suspeito deitado. Na sequência, apreenderam,
embaixo da cama, "uma bolsa contendo 10 (dez) munições cal. 45 mm, 03 (três) carregadores
de 7.62, 01 (um) note book, 03 (três) cintos de guarnição, 01 (uma) bomba de fabricação
caseira, 02 (duas) joelheiras camufladas e 06 (seis) porta carregadores". Havia, consoante se
demonstrou, apenas vagas suspeitas sobre eventual tráfico de drogas perpetrado pelo réu. 4- A
mera intuição acerca de possível traficância praticada pelo recorrido, embora pudesse autorizar
abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa causa a
autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o consentimento do morador - Que deve ser
mínima e seguramente comprovado - E sem determinação judicial. 5- Em que pese eventual
boa-fé dos policiais militares, não havia elementos objetivos, seguros e racionais, que
justificassem a invasão de domicílio. Assim, como decorrência da Doutrina dos Frutos da
Árvore Envenenada (...), é nula a prova derivada de conduta ilícita - No caso, a apreensão, após
invasão desautorizada do domicílio do recorrido, pois evidente o nexo causal entre uma e outra
conduta, ou seja, entre a invasão de domicílio (permeada de ilicitude) e a apreensão de drogas.

69 PROVA ILÍCITA
(STJ - Rec-HC 46.222-(2014/0058411-5) - 5ªT. - Rel.Min. Felix Fischer - DJe24.02.2015 - p. 2281)
(...) II- Na hipótese, o inquérito policial, a despeito de ter sido originado a partir de elementos
obtidos de uma Operação deflagrada em conjunto pelo Ministério Público Federal, Polícia e
Receita Federal - Operação esta cuja prova obtida por interceptação telefônica foi declarada
nula pelo eg. STJ - , foi, ao que consta dos autos, instruído com provas oriundas de fonte sem
qualquer vinculação causal com interceptações da ação anulada, ou seja, de fonte
independente, e, portanto autorizada nos termos do art. 157, § 2º. Do CPP . III- A teoria dos
frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree) e a doutrina da fonte independente
(independent source doctrine) são provenientes do mesmo berço, o direito norte-americano.
Enquanto a primeira estabelece a contaminação das provas que sejam derivadas de evidências
ilícitas, a segunda institui uma limitação à primeira, nos casos em que não há uma relação de
subordinação causal ou temporal (...). "1- A prova tida como ilícita não contaminou os demais
elementos do acervo probatório, que são autônomos, não havendo motivo para a anulação da
sentença. [...]. 5- Habeas corpus denegado e liminar cassada.
70 Princípio da presunção de inocência

Art. 5º, LVII - “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”.
- Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010) prevê várias inelegibilidades. Dentre elas a condenação, em
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação
até o transcurso do prazo de 8 anos após o cumprimento da pena, pelos crimes contra a
economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; contra o
patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula
a falência; contra o meio ambiente e a saúde pública; eleitorais, para os quais a lei comine
pena privativa de liberdade; de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à
perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; de lavagem ou ocultação
de bens, direitos e valores; de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura,
terrorismo e hediondos; de redução à condição análoga à de escravo; contra a vida e a
dignidade sexual; e praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.
71 Proibição da identificação criminal da pessoa já civilmente identificada

- Art. 5º, LVIII - “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei;”
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- A pessoa que já possui um documento de identidade civil válido, sem qualquer suspeita
fundada de falsidade, não poderá ser identificada criminalmente, salvo nas hipóteses
expressamente previstas em lei.
- A identificação criminal: processo datiloscópico, fotográfico e, excepcionalmente, de material
biológico para a obtenção do perfil genético.
72 A identificação criminal só é possível:

1 - Lei nº 12.037/2009, art. 3º: Excepcionalmente poderá haver identificação:


I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre
si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
2 - Lei n. 9.034/95 (organizações criminosas), art. 5º: obrigatoriedade da identificação criminal
para os crimes que envolvam organização criminosa.
73 Garantias tributárias

As garantias tributárias limitam a atuação do Estado no que se refere à atividade tributária,
com a finalidade de resguardar patrimônios individuais e coletivos, estando consagradas
basicamente no artigo 150 da CF.
São alguns exemplos sobre proibições ao Estado:
1. instituir ou aumentar tributo sem lei (pr. legalidade);
2. instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente
(pr. igualdade)
3. instituir impostos sobre outros entes federativos, sobre templos religiosos, sobre livros,
jornais e periódicos.

74 PROPRIEDADE

O direito de propriedade é amplo (não se refere só a “coisa”), abrangendo qualquer direito


de conteúdo patrimonial, econômico, tudo que possa ser convertido em dinheiro,
alcançando créditos e direitos pessoais.

Direito de propriedade importa em 2 garantias sucessivas:
a) Garantia de conservação. Ninguém pode ser privado de seus bens fora das hipóteses
previstas na Constituição.
b) Garantia de compensação. Caso privado de seus bens, o proprietário tem o direito de
receber a devida indenização, equivalente aos prejuízos sofridos.

Não se trata de um direito absoluto, havendo limitações constitucionais, no Código Civil e na
legislação esparsa.
Art. 5º, XXII, CF, assegura “o direito de propriedade”. No inciso seguinte estabelece que “a
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Art. 5º, XXII, CF, assegura “o direito de propriedade”. No inciso seguinte estabelece que “a
propriedade atenderá a sua função social” (direito do dono deve ajustar-se aos interesses da
sociedade).

75 Função social da propriedade urbana

Artigo 182 CF, § 2º - “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.”

O Plano Diretor é definido pela Lei 10.257/01 (Estatuto da cidade):
- O plano diretor deve garantir aos cidadãos qualidade de vida, justiça social e o
desenvolvimento das atividades econômicas (art. 39), de forma sustentável, com direito à
moradia, saneamento ambiental, infraestrutura urbana, transporte, serviços públicos, trabalho,
lazer, para as presentes e futuras gerações; gestão democrática por meio da participação da
população (art. 2º).
- O plano diretor é obrigatório para cidades: a) com mais de 20 mil habitantes; b) que se situem
em regiões metropolitanas; c) integrantes de áreas de especial interesse turístico; c) inseridas
na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental
de âmbito regional ou nacional.

76 Função social da propriedade rural

Art. 186 CF - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

O artigo foi regulamentado pela Lei 8.629/1993.

77 Desapropriação

É o ato pelo qual o Estado toma para si ou transfere para terceiros bens de particulares,
mediante o pagamento de justa e prévia indenização.
A desapropriação pode incidir sobre qualquer direito de conteúdo patrimonial, bens imóveis
ou móveis, corpóreos ou incorpóreos, públicos ou privados (exceções: bens de caráter
personalíssimo e a moeda corrente no País que constitui o próprio meio de pagamento da
indenização).
A União pode desapropriar os bens dos Estados e Municípios; os Estados, os dos Municípios.
A CF, em seu art. 5°, XXIV, prevê três hipóteses de desapropriação:
a) Por necessidade pública: problemas de emergência, sendo a desapropriação indispensável
para a realização de uma atividade essencial do Estado.
b) Por utilidade pública: a desapropriação, embora não imprescindível, é conveniente para a
realização de uma atividade estatal.
c) Por interesse social: a desapropriação é conveniente para o progresso social, para o
desenvolvimento da sociedade, em razão da justa distribuição da propriedade ou da
adequação a sua função social.
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adequação a sua função social.

78 Requisitos da indenização
A indenização juridicamente válida precisa ser:
a) Justa. A indenização deve ser feita de forma integral, reparando todo o prejuízo sofrido pelo
particular. Deve ser calculada de acordo com o valor de mercado do bem no momento da
transferência da propriedade do imóvel para o Poder Público. Devem ser acrescidos os danos
emergentes e os lucros cessantes, além do pagamento de juros moratórios, compensatórios e
correção monetária.
b) Prévia. O pagamento deve ser feito antes do ingresso na titularidade do bem.
c) Em dinheiro. O pagamento deve ser feito em moeda corrente e não em títulos para
pagamento futuro e de liquidez incerta.

79 Desapropriação
Indenização sem pagamento prévio e não em dinheiro.
a) Desapropriação para reforma urbana. O pagamento pode ser feito em títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até 10 anos. Promovida pelos Municípios, como forma de adequação da utilização de
propriedades às diretrizes do Plano Diretor (art. 182, § 4°, III).
b) Desapropriação para reforma agrária. O pagamento pode ser feito em títulos da dívida
agrária, resgatáveis no prazo de até 20 anos. Promovida pela União em imóveis rurais que
não estejam cumprindo a sua função social.

80 Pequena propriedade rural


Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Art. 5º. XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
- A Lei nº 8.629/93 conceitua a pequena (entre 1 e 4 módulos) e a média propriedade rural (de
4 a 15 módulos).
- Os módulos fiscais são qualificados variando de acordo com as diversas regiões do país,
porque terras de uma região são mais produtivas que de outras. Tamanho do Módulo Fiscal:

81 Requisição
Art. 5º, XXV: “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;”

Trata-se de uma exceção ao princípio da indenização prévia e talvez da própria indenização.
A requisição só será válida em momentos de calamidade pública já ocorrida ou prestes a
ocorrer, em que o Poder Público se veja obrigado pelas circunstâncias a ingressar na posse
de bens alheios para a preservação de direitos mais importantes que a propriedade, como a
vida e a saúde.

82 Expropriação
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As propriedades rurais e urbanas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo serão expropriadas e destinadas à reforma
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei (art. 243, CF).

Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de
entorpecentes e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo
especial com destinação específica.

83 Direitos do autor (art. 5º, XXVII)

A Constituição tutela a propriedade imaterial do autor da obra. Os direitos do autor são


classificados como:
a) Morais: são inalienáveis e irrenunciáveis. Direito ao inédito, à paternidade da obra, de manter
a sua integridade, modificá-la, bem como retirá-la de circulação.
b) Patrimoniais: são transmissíveis e renunciáveis. Faculdade de usar, fruir e gozar da
propriedade, bem como de transmiti-los a terceiros.
Os direitos autorais são regulamentados no Brasil pelas Leis n. 5.988/73 e 9.610/98, que
garantem a proteção por até 70 anos contados da morte do autor.

84
Propriedade industrial (art. 5°, XXIX) - Patente
A CF assegura aos autores de inventos industriais o privilégio de sua exploração econômica,
em caráter de exclusão.
Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade,
outorgado pelo Estado aos inventores ou autores. O detentor da patente tem o direito de
impedir terceiros, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar a venda, vender ou
importar produto objeto de sua patente. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar
detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente.
Patente de Invenção (PI) - Produtos ou processos que atendam aos requisitos de atividade
inventiva, novidade e aplicação industrial. Sua validade é de 20 anos.
Patente de Modelo de Utilidade (MU) - Objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível
de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo,
que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Validade de 15 anos.

85
Propriedade industrial (art. 5°, XXIX) – Marca
 Marcas são os nomes, palavras, símbolos, figuras ou quaisquer sinais utilizados para
distinguir determinado produto dos demais.
 A percepção da marca pelo consumidor pode resultar em agregação de valor aos produtos
ou serviços.
 A marca registrada garante ao seu proprietário o direito de uso exclusivo no território
nacional em seu ramo de atividade econômica por 10 anos. O titular deve mantê-la em uso e
prorrogá-la de 10 em 10 anos.

Direito de Herança (art. 5º, XXX)


A propriedade, mesmo com a morte do titular, não deixa de merecer proteção, devendo ser
transferidas aos herdeiros do falecido, ou caso não os tenha, ao Estado.

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86 REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

87 MANDADO DE SEGURANÇA

- Introduzido no Brasil Constituição de 1934 que consagrou, ao lado do habeas corpus, e com
o mesmo processo deste, o MS para a proteção de direito “certo e incontestável, ameaçado ou
violado por ato manifestamente inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade.” (art. 133,
33)
- art. 5º, inc. LXIX: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público.”
- MS coletivo - art. 5º, inc. LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a)partido político com representação no Congresso Nacional;
b)organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;
Súmula 630, STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança
ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
88 MANDADO DE SEGURANÇA

- O procedimento da ação do MS encontra-se disciplinado pela Lei n. 12.016/2009.


- É sempre ação de natureza civil, ainda quando impetrado contra ato de juiz criminal,
praticado em processo penal.
- O MS é ação de natureza residual, subsidiária, somente é cabível quando o direito não for
amparado por outros remédios judiciais.
-
LEGITIMIDADE PASSIVA (AUTORIDADE COATORA)
a) autoridade pública de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do DF e dos Municípios,
bem como de suas autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
economia mista;
b) agente de pessoa jurídica privada, desde que no exercício de atribuições do Poder Público
(só responderão se estiverem, por delegação, no exercício de atribuições do Poder Público).
-

89 MANDADO DE SEGURANÇA
DIREITO LÍQUIDO E CERTO
- É aquele demonstrado de plano através de prova documental, e sem incertezas, a respeito
dos fatos narrados pelo declarante. É o que se apresenta manifesto na sua existência,
delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Se a existência
do direito for duvidosa; se a sua extensão ainda não estiver delimitada; se o seu exercício
depender de situações e fatos ainda indeterminados, não será cabível o mandado de
segurança.
- Não há dilação probatória no MS, as provas devem ser pré-constituídas, documentais, levadas
ao processo no momento da impetração.
- Segundo a orientação dominante, a exigência de liquidez e certeza recai sobre a matéria de
fato, sobre os fatos alegados pelo impetrante para o ajuizamento do mandado de segurança.
Isso significa que a matéria de direito, por mais complexa e difícil que se apresente, pode ser
apreciada em mandado de segurança. A alegação de grande complexidade jurídica do direito
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invocado não é obstáculo ao MS. Súmula 625 do STF: Controvérsia sobre matéria de direito
não impede concessão de mandado de segurança.

90 MANDADO DE SEGURANÇA
COMPETÊNCIA
- A competência é definida ratione personae, ou seja, em razão de quem seja a autoridade
pública ou o agente delegado e pela sua sede funcional. Assim, se um Ministro de Estado
pratica um ato por delegação recebida do Presidente da República, o tribunal competente será
o STJ (CF 105, I, b), não o STF (que seria o Tribunal competente se o ato tivesse sido praticado
pelo próprio Presidente da República – CF 102, I, d).
- Todos os Tribunais têm competência para julgar originariamente os MS contra os seus
próprios atos, os dos respectivos presidentes e os de suas câmaras, turmas ou seções.

MINISTÉRIO PÚBLICO
- O MP é oficiante obrigatório no MS, como parte pública autônoma, sob pena de nulidade.

PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO


- O prazo para impetração - art. 23, da Lei 12.016/2009: 120 (cento e vinte) dias, contados da
ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
- Se o ato impugnado é de trato sucessivo (pagamento periódico de vencimentos, prestações
mensais de determinado contrato, etc.), o prazo de 120 dias renova-se a cada ato. Se o MS é
do tipo preventivo, naturalmente não haverá prazo para sua impetração, porque não há se falar
em ato coator concretizado nesse caso.

91 HABEAS DATA

- Art. 5º, LXXII - conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
- O HD é remédio constitucional, de natureza civil, submetido a rito sumário, que se destina a
garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu
tríplice aspecto:
a) direito de acesso aos registros relativos à pessoa do impetrante;
b) direito de retificação desses registros e
c) direito de complementação dos registros.
92 HABEAS DATA

- O HD é regulado pela Lei 9.507/1997, que no art. 7º, III, acrescentou outra hipótese de
cabimento da medida: “para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou
explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou
amigável.”
- O HD não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5, XXXIV, b – CF), ou informações
de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5, XXXIII). Havendo recusa no fornecimento de
certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações de interesse pessoal,
próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o remédio apropriado é o mandado de
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segurança, e não o habeas data. Se o pedido for para conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, como visto, o remédio será o habeas data.
- Atenção: o direito em sede de HD não se reveste de caráter absoluto, uma vez que há dados
protegidos por sigilo, em prol da segurança da sociedade e do Estado. Nos termos do art. 5,
XXXIII, o acesso a informações de órgãos públicos não abrange aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (regulado pela Lei 12527/2011:
informações podem ter o acesso restrito: ultrassecreta: 25 anos; secreta: 15 anos; e reservada: 5
anos).

93 HABEAS DATA
LEGITIMIDADE
- Ativa: qualquer pessoa física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que titular das
informações.
- Passiva: No polo passivo podem figurar entidades governamentais, da Administração Pública
Direta (União, Estados, DF e Municípios) e Indireta (as autarquias, as Fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista), bem
como as instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas detentoras de banco de dados
contendo informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de
uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações (ex: as entidades
de proteção ao crédito, como o SPC, SERASA, entre outras).
PROCEDIMENTO
- Pré-requisito: prévia negativa da autoridade de fornecimento (ou de retificação ou de
anotação da contestação ou explicação) das informações solicitadas. Exceção ao princípio do
controle jurisdicional imediato (art. 5, XXXV), configurando hipótese de instância administrativa
de curso forçado (a outra hipótese de curso forçado está prevista pelo art. 217, § 1º, CF: causas
desportivas).
- A impetração do HD não está sujeita a prazo prescricional ou decadencial.
- Competência: tem por critério a pessoa que pratica o ato (ratione personae). Exs: art. 102, I, d:
competência originária do STF para atos do Presidente da República; art. 105, I, b –
competência originária do STJ para atos dos Ministros de Estado, dos Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ou do próprio Tribunal.
- Não se cobram custas ou taxas judiciais dos litigantes ou para o atendimento do
requerimento administrativo. Ademais, não há ônus de sucumbência (honorários advocatícios)
em HD. Para o ajuizamento da ação, porém, exige-se advogado.

94 MANDADO DE INJUNÇÃO
- Conceito de Alexandre de Moraes (p.159): “... consiste em uma ação constitucional de caráter
civil, e de procedimento especial, que visa suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de
viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa previsto na Constituição
Federal...”.
- Fundamento: art. 5°, LXXI: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
- Requisitos:
1. que o direito previsto na Constituição não esteja regulamentado,
2. omissão sobre direitos e liberdades constitucionais (individuais, coletivos e sociais),
prerrogativas inerentes à nacionalidade (arts. 12º e 13º), cidadania (direitos políticos) ou
soberania (entendida como soberania popular - arts. 14º e 15º).
3. que o impetrante, beneficiário, esteja sendo tolhido do usufruto do seu direito subjetivo
(caso concreto).
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95 NATUREZA DA DECISÃO NO MANDADO DE INJUNÇÃO


- Já existiram 3 correntes sobre como deveria ser a decisão do MI:
1ª Corrente: comunicação ao órgão omissor
2ª Corrente: comunicação ao órgão omissor, que permanecendo inerte, permitiria solução
concreta pelo Judiciário
3ª Corrente: satisfação direta do interesse concreto do impetrante
- A 3ª Corrente prevalecia nos últimos anos (STF vinha dando efeitos concretos aos pedidos de
injunção julgados procedentes). Com o advento da 3ª corrente o MI passou a ser uma ação
importante, pois resultava em efeitos concretos.
- Em 2016 foi editada a Lei 13.300/2016. O artigo 8º definiu a natureza da decisão do MI:
Art. 8o Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma
regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado
promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no
prazo determinado.

96 AÇÃO POPULAR

- Ada Pellegrini Grinover: “o direito democrático de participação do cidadão na vida pública,


baseando-se no princípio da legalidade dos atos administrativos e no conceito de que a coisa
pública é patrimônio do povo.”

- Artigo 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
- Lei 4.717/65 regula a Ação Popular.

REQUISITOS
- Para a propositura é requisito imprescindível a existência de LESIVIDADE.
- Exige-se que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
- A ofensa ou lesão deve atingir:
Ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe.
À moralidade administrativa.
Ao meio ambiente.
Ao patrimônio histórico e/ou cultural.

97 LEGITIMIDADE ATIVA

-Somente o cidadão poderá ser autor. Nesse caso considerar-se-á cidadão:


 o brasileiro nato ou naturalizado;
 em pleno gozo dos direitos políticos, com necessidade de prova (título de eleitor ou
documento que a ele corresponda, conforme artigo 1º, § 3º, Lei 4.717/65).
- Não podem ser autores: pessoas jurídicas (Súmula 365 STF), estrangeiros ou brasileiros com
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- Não podem ser autores: pessoas jurídicas (Súmula 365 STF), estrangeiros ou brasileiros com
direitos políticos suspensos (art. 15, CF).
- Há na doutrina posicionamento divergente. Para essa corrente, o “cidadão em nossa Carta
Magna é a pessoa humana no gozo pleno de seus direitos constitucionais e não única e
exclusivamente ‘nacional no gozo de seus direitos políticos’. O cidadão brasileiro, portanto,
possui igual dignidade social independentemente da sua inserção econômica, social, cultural e
obviamente política” (Celso Antonio Pacheco Fiorillo). Engrossam tal pensamento: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Lucas de Souza Lehfeld.
- Essa corrente já tem reflexos no STF (Rel. Min. Celso de Mello, J. 13.10.2000, DJU 20.10.2000):
“A título informativo, esse julgado concluiu que “hoje, no entanto, registra-se sensível evolução
no magistério da doutrina, que agora, identifica o autor popular como aquele que, ao exercer
uma prerrogativa de caráter cívico-político, busca proteger, em nome próprio, um direito que,
fundado em sua condição de cidadão, também lhe é próprio”.
- Em observação ao artigo 12, § 1º da CF, cabe salientar que não é possível ao português o
ajuizamento da AP, pois a CF portuguesa não garante reciprocidade neste caso.

98 LEGITIMIDADE PASSIVA

- O artigo 6º, da Lei 4.717/65 é minucioso ao estabelecer a legitimidade passiva, expressando


que a ação será proposta contra:
1. as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º da Lei: União, Distrito
Federal, Estados, Municípios, entidades autárquicas, sociedades de economia mista,
sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes,
empresas públicas, serviços sociais autônomos, instituições ou fundações para cuja criação
ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio
ou da receita ânua, empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos
Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas
pelos cofres públicos.
2. contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado,
ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à
lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
3. o avaliador, para operações bancárias que envolvam dinheiro público, quando realizar
avaliação inexata do valor real do bem dado em hipoteca ou penhor (art. 6º, § 2º, c/c art. 4º,
II, b).

- Segundo informa o § 3º do artigo 6º, a “pessoa jurídica de direito público ou de direito


privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido”. Poderá
ainda, “atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do
respectivo representante legal ou dirigente” da própria pessoa jurídica.

99 MINISTÉRIO PÚBLICO E LITISCONSÓRCIO NA AP

- art. 6º, § 4º, Lei 4717/65: “O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a
produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem.”

- O MP jamais poderá assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.


-
- O litisconsórcio ativo é possível, sendo facultado a qualquer cidadão habilitar-se como
litisconsorte ou assistente do autor da ação popular (art. 6º, § 5º).

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100 COMPETÊNCIA AP

- A competência é definida conforme a origem do ato impugnado:


1. Ato praticado por funcionário, autoridade ou administrador de órgão da União, ou que esta
participe ou subvencione: Juiz Federal do local onde se consumou o ato.
2. Ato praticado por funcionário, autoridade ou administrador de órgão Estadual, ou que este
participe ou subvencione: Juiz Estadual do local onde se consumou o ato.
3. Ato praticado por funcionário, autoridade ou administrador de órgão Municipal ou que este
participe ou subvencione: Juiz Estadual da Comarca à qual pertence o município.
4. Se a ação resultar em interesse simultâneo da União: Juiz Federal do local onde se
consumou o ato.

- Não há competência originária dos tribunais. Assim, por exemplo, mesmo que a AP seja
promovida em face do Presidente da República, será competente o Juiz Federal de 1ª instância.

101
LIMINAR NA AP
- Conforme § 4º, do artigo 5º, será possível a concessão de liminar para proporcionar ato que
defenda o patrimônio público, através da suspensão do ato lesivo impugnado.

SENTENÇA
- A natureza da sentença é puramente civil, portanto, se houver condenação, será para anular
atos, condenar pela restituição de dinheiro ao erário público, etc.
- Caso o ato administrativo possa ser tipificado como crime, o juiz determinará de ofício o
envio de peças processuais ao MP para que possa ser oferecida denúncia em processo crime
autônomo.
- A sentença é passível de recurso voluntário das partes ou recurso oficial.
- Todavia, o recurso de ofício somente é possível quando a sentença decidir pela
improcedência do pedido ou pela carência de ação. Assim, somente quando a decisão for
favorável ao ente governamental é que haverá recurso de ofício (exatamente o contrário do
mandado de segurança.)

102 DIREITO DE PETIÇÃO

- Clássico direito fundamental já constante do Bill Of Rights 1689) e da Carta Constitucional de


1824.
- Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
- Súmula Vinculante n. 21: “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios
de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.”
- Não há necessidade de assistência de advogado.
- Conceito de petição: “a reclamação dirigida à autoridade competente para que reveja ou
eventualmente corrija determinada medida, a reclamação dirigida à autoridade superior com o
objetivo idêntico, o expediente dirigido à autoridade sobre a conduta de um subordinado,
como também qualquer pedido ou reclamação relativa ao exercício ou à atuação do Poder
Público.” Pode-se peticionar ao Legislativo, Executivo, Judiciário ou ao Ministério Público.
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103 DIREITO DE PETIÇÃO


Duas situações distintas podem ensejar a petição aos poderes públicos:
1. defesa de direitos;
2. reparação de ilegalidade ou abuso de poder.
- pode ser exercido em prol do interesse coletivo ou geral, absolutamente desvinculado da
comprovação da existência de qualquer lesão a interesses próprios do peticionário.
- Legitimação universal: qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira (ou mesmo
um interessado que não possua personalidade jurídica, como uma sociedade de fato.
- Não é exigida capacidade processual, uma vez que o menor também poderá exercer o direito
de petição, se tiver consciência de seu significado (mesmo sem estar representado por seus
representantes legais).
- Apresentada a petição, a autoridade pública está obrigada ao seu recebimento, ao exame e à
expedição de resposta em tempo razoável, sob pena de implicar ofensa ao direito líquido e
certo do peticionário, sanável pela via do mandado de segurança.
- A omissão injustificada da autoridade pública poderá, também, ensejar a sua
responsabilização civil, administrativa e criminal.

104 DIREITO À OBTENÇÃO DE CERTIDÕES

- Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:


b - “a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
de situações de interesse pessoal.”
- Cuida-se de garantia constitucional de natureza individual, sendo obrigatória a expedição da
certidão quando se destine à defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal do requerente. Desse modo, tal garantia não pode ser invocada por quem pretenda
obter cópia de documentos a respeito de terceiro, a menos que este lhe tenha conferido
mandato de representação.
- O Estado está obrigado a prestar as informações solicitadas, ressalvadas as hipóteses de
proteção por sigilo, sob pena de ofensa reparável na via do mandado de segurança (não pelo
habeas data). A negativa poderá ensejar também a responsabilidade civil do Estado, bem como
a responsabilização pessoal da autoridade que a denegou.
- A jurisprudência firmou-se no sentido de que não se exige do administrado a demonstração
da finalidade específica do pedido. Todavia, o art. 2º, da Lei n. 9051/95, estabelece a
necessidade dos interessados fazerem constar esclarecimentos relativos aos fins e razões do
pedido.
- A mesma lei, no seu art. 1º, fixa o prazo improrrogável de 15 dias, contado do registro do
pedido no órgão expedidor, para a expedição das certidões requeridas dos órgãos da
administração centralizada e autárquica, às empresas públicas, sociedades de economia mista e
às fundações públicas da União, dos Estados, DF e Municípios.

105
DIREITOS DA NACIONALIDADE

106
- CONCEITO: nacionalidade é o vínculo jurídico que se estabelece entre um indivíduo e o
Estado, pelo qual aquele se torna parte integrante do povo deste.
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Estado, pelo qual aquele se torna parte integrante do povo deste.


- Compete ao direito interno de cada Estado definir quem são seus nacionais. No Brasil é a CF
que determina as condições para aquisição e perda da nacionalidade.

MODOS DE AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE

1. Modo primário ou originário


A pessoa, ao nascer, já possui a nacionalidade de determinado país.
Resulta de um ato natural: o nascimento.

2. Modo secundário ou adquirido
A pessoa vem a adquirir, durante sua existência, a nacionalidade de outro país.
Resulta de um ato de vontade, pela naturalização, pelo casamento ou por qualquer outro
critério fixado pela legislação interna de cada país.


107 CRITÉRIOS AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE PRIMÁRIA

1. Jus soli ou critério da territorialidade


Determina-se a nacionalidade de uma pessoa pelo local de nascimento.
São considerados nacionais todos os que nascem no território do Estado.
É adotado o conceito político de território e não meramente geográfico, abrangendo todo
o espaço em que o Estado exerce sua soberania.
Alcança, além do espaço delimitado entre as fronteiras, o mar territorial, a zona econômica
exclusiva, o espaço aéreo, navios e aeronaves militares onde quer que estejam e navios e
aeronaves civis com a bandeira do país em águas internacionais ou em espaço aéreo
internacional.

2. Jus sanguinis ou critério da consanguinidade
Determina-se a nacionalidade de uma pessoa pela origem de seus ascendentes (até um
determinado grau).
É o critério adotado por países tradicionais, que atualmente não pretendem incorporar no
povo de seu Estado os descendentes das recentes correntes migratórias.
108 Polipátridas e Apátridas

Como compete ao direito interno de cada país fixar os critérios de aquisição da


nacionalidade, é possível a existência de polipátridas (diversas nacionalidades) e apátridas,
também denominados heimatlos ou apólidos (não possuem pátria).

Exemplo de polipátrida: o filho de um italiano com uma japonesa nascido em território
brasileiro terá, ao nascer, três nacionalidades: brasileira, pois o Brasil adota o jus soli, e
italiana e japonesa, uma vez que esses países seguem o jus sanguinis.

Exemplo de apátrida: o filho de um casal originário de um país que só admite o critério da
territorialidade, nascido no estrangeiro, em um Estado que só reconhece o critério da
consanguinidade, não possuirá a nacionalidade dos genitores, nem do país em que nasceu.

109 AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE ORIGINÁRIA BRASILEIRA
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- São 3 formas de aquisição da nacionalidade originária (nato) – art. 12.


PRIMEIRA FORMA
- Art. 12, I, a: os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país;
É o critério do jus soli.
Pouco importa se os pais estão no País de forma definitiva ou transitória, legal ou ilegal.
Exceção: quando os pais forem estrangeiros e um deles, ao menos, estiver a serviço de seu
país, pois presume-se que o vínculo afetivo dessa pessoa será com o país de origem de seus
genitores.
Obs.: não prevalece a exceção se o estrangeiro, mesmo em função oficial de seu país,
possuir um cônjuge brasileiro.

110
SEGUNDA FORMA – brasileiro nato

Art. 12, I, b: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer
deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

Jus sanguinis acrescido de estar um dos pais a serviço do Estado brasileiro.


A prestação de serviços ao Estado brasileiro abrange todas as esferas de poder: federal,
estadual e municipal, inclusive órgãos da Administração indireta (autarquias, empresas
públicas e sociedades de economia mista).
A criança será considerada brasileiro nato, independente de qualquer providência.

111
TERCEIRA FORMA – brasileiro nato
Art. 12, I, c: os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira;
Jus sanguinis acrescido do registro em repartição competente no exterior ou residência em
território nacional e da opção pela nacionalidade brasileira.
Redação atual do 12, I, c, foi determinada pela EC 54/2007. Histórico:
1. O texto original da CF exigia que a pessoa viesse a residir em território nacional antes da
maioridade.
2. O texto da ECR 3 (1994) permitiu lacuna capaz de deixar filhos de brasileiros apátridas, pois
não previa o registro em repartição brasileira no exterior (consulado – embaixada).
3. Para solucionar a situação daqueles nascidos durante a vigência da ECR 3, a EC 54/2007
introduziu no ADCT o artigo 95: “Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e a
data da promulgação desta Emenda Constitucional, filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira,
poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente ou em
ofício de registro, se vierem a residir na República Federativa do Brasil.”
112 AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE SECUNDÁRIA BRASILEIRA

- O Brasil prevê um único modo de aquisição da nacionalidade de forma secundária: a


naturalização.
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naturalização.
- A naturalização é ato de natureza pessoal, não estendendo seus efeitos sobre o cônjuge e os
filhos já nascidos.
- O art. 12, II, estabelece quem são os brasileiros naturalizados, prevendo duas espécies:
ordinária e extraordinária.
- A Lei 13445/2017 (Lei de Imigração), previu 4 espécies:
- I – ordinária;
- II - extraordinária;
- III - especial; ou
- IV - provisória

113
I - Naturalização ordinária - art. 12, II, a
- Serão naturalizados “os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas
aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral;”
- Os estrangeiros não provenientes de países de língua portuguesa deverão cumprir as
condições previstas no art. 65, da Lei 13445/2017:
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 anos;
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.
Obs: art. 66 - o prazo de residência será reduzido para 1 ano se o naturalizando:
1.tiver filho brasileiro;
2.tiver cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no
momento de concessão da naturalização;
3.houver prestado ou puder prestar serviço relevante ao Brasil; ou
4.recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística.
114
II - Naturalização extraordinária ou quinzenária - art. 12, II, b
- É concedida aos estrangeiros residentes no país há mais de 15 anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
- Trata-se de direito subjetivo do interessado, não sujeito ao poder discricionário do Chefe do
Poder Executivo nacional.
- O art. 66 da Lei 13447/2017 não estabelece inovação além do previsto na CF.

III - Naturalização especial – art. 68, Lei 13.447/2017
- Poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações:
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 anos, de integrante do Serviço Exterior
Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do
Brasil por mais de 10 anos ininterruptos.
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização especial:
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

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115
IV – Naturalização provisória – art. 70 Lei 13447/2017

Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente
que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade
e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal.
Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida em definitiva se o
naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a
maioridade.

116 DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

- Só a CF pode fixar distinções entre brasileiros natos e naturalizados (art. 12, § 3º):
a) Cargos privativos de brasileiros natos - art. 12, § 3º:
- Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente
do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, carreira diplomática, oficial das
Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa.
b) Não extradição de brasileiro nato em hipótese alguma.
- O brasileiro naturalizado pode ser extraditado por crime cometido antes da aquisição da
nacionalidade brasileira ou por comprovado envolvimento com tráfico de entorpecentes (CF,
art. 5º, LI).
c) Somente brasileiros natos podem ser indicados para a composição do Conselho da
República, como representantes dos cidadãos, nos termos do art. 89, VII.
d) A propriedade da empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é
privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos (CF, art. 222).

117 QUASE-NACIONALIDADE OU TRATADO DE RECIPROCIDADE COM PORTUGAL

- A CF assegura aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade


em favor de brasileiros, os mesmos direitos inerentes a estes, salvo os casos previstos na
Constituição (art. 12, § 1º).
- Depende de requerimento do interessado. São assegurados todos os direitos que um
brasileiro naturalizado pode usufruir em nosso Estado, por exemplo, acesso a cargos, empregos
e funções públicas (art. 37, I), com exceção dos cargos reservados para brasileiros natos (art. 12,
§ 3º).
- É um direito pessoal, que não se estende para o cônjuge e filhos (deverão requerer).
- Não se estabelece regime de dupla cidadania (o português conserva a sua nacionalidade de
origem e não adquire a brasileira).
- A Constituição portuguesa contém um dispositivo semelhante para favorecer os brasileiros.
- Para autores como Francisco Rezek, David Araújo e Vidal Serrano, o português não terá os
mesmos direitos do brasileiro naturalizado, podendo até mesmo ser extraditado por pedido do
governo de Portugal.
- Texto original CF falava em mesmos direitos do brasileiro nato. Redação atual ECR n. 03/94.

118 PERDA DA NACIONALIDADE- (art. 12, § 4º):

a) Cancelamento da naturalização por atividade nociva ao interesse nacional, em razão de


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sentença judicial transitada em julgado.


Não se aplica ao brasileiro nato.
Exige um processo judicial, em que seja assegurado o direito de ampla defesa. A ação deve
ser proposta pelo Ministério Público Federal. Trata-se de hipótese de perda necessária da
nacionalidade brasileira.
Ex: traição à pátria, demonstrando vínculos nacionais mais fortes com o país de origem.

b) Aquisição voluntária de outra nacionalidade.


A perda da nacionalidade resulta de um processo administrativo, em que se assegura o
direito de ampla defesa. A decisão, nesse caso, compete ao Presidente da República (art. 23
da Lei nº 818/49). Trata-se de caso de perda voluntária e pode atingir o nato.
119 Exceções para perda de nacionalidade

1ª Reconhecimento de outra nacionalidade originária pela lei estrangeira (art. 12, § 4º, II, a).
O brasileiro, nesse caso, não manifesta o interesse de adquirir a nacionalidade de outro país,
mas simplesmente reconhece um direito que possuía desde o seu nascimento (jus sanguinis
referente ao Estado estrangeiro, jus soli referente ao Brasil).
O cidadão de dupla nacionalidade mantêm direitos e deveres em relação aos 2 países
(serviço militar, situação eleitoral, fiscal, etc).
A dupla nacionalidade pode implicar limitações na reivindicação de certos direitos, como nos
casos de pedido de assistência consular.

2ª Imposição da naturalização pelo Estado estrangeiro para o brasileiro residente em outro


país, como condição de permanência ou para o exercício de direitos civis (art. 12, § 4º, II, b).
Quando brasileiros emigrantes forem obrigados pelas circunstâncias do Estado estrangeiro a
adquirir a nacionalidade do país em que se encontram como forma de permanência ou para
o exercício de direitos civis (p. ex., acesso a empregos e benefícios sociais), não perdem a
nacionalidade brasileira, pois não evidenciaram de forma livre a preferência por outra pátria.

120
DIREITOS POLÍTICOS
121 Noções

- São os direitos de participar da vida política do País, da formação da vontade nacional pelo
exercício da soberania popular.
- Inclui os seguintes direitos:
1. votar
2. ser votado.
3. iniciativa popular no processo legislativo
4. propor ação popular
5. organizar e participar de partidos políticos.

122
- Sufrágio
- é o direito de eleger (ativo) e ser eleito (passivo).
-
- Voto
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- é o exercício do direito de sufrágio.


-
- Escrutínio
- é o modo de exercício do direito de sufrágio, abrangendo desde a votação até a
apuração.


123 AQUISIÇÃO DA CIDADANIA

- Adquire-se a cidadania pelo alistamento eleitoral, que é o procedimento administrativo


perante a Justiça Eleitoral pelo qual se verifica se o indivíduo preenche os requisitos exigidos
para se inscrever como eleitor.
- Estabelece a CF (art. 14, § 1º) que o alistamento e o voto são obrigatórios para maiores de
dezoito anos e facultativos para:
a) analfabetos:
b) maiores de setenta anos, e
c) jovens entre dezesseis e dezoito anos de idade.

Obs: A resolução n. 21.920/2004 do TSE: o alistamento eleitoral e o voto dos cidadãos


portadores de deficiência é facultativo quando o cumprimento das obrigações eleitorais se
mostrar uma tarefa muito onerosa. O cidadão interessado deverá apresentar requerimento
ao juiz eleitoral, acompanhado de documentação comprobatória da deficiência, que poderá
expedir, em favor do interessado, certidão de quitação eleitoral, com prazo de validade
indeterminado.

124 Inalistáveis- art. 14, § 2º


a) os estrangeiros
Não possuem a nacionalidade brasileira, pressuposto da cidadania. A única exceção que se
abre é para os portugueses a quem, em razão do tratado de reciprocidade, forem
reconhecidos direitos políticos.

b) durante o período de serviço militar obrigatório, os conscritos.
Os conscritos são as pessoas convocadas para o serviço militar obrigatório, que ficam
impedidas de se alistar eleitoralmente durante esse período por motivos de hierarquia e
disciplina militar.
O conscrito já portador de título de eleitor terá suspensa a sua inscrição. Na prática também
não poderá votar.

125 Voto direto, secreto, igual, universal e periódico - art. 14

Voto direto
Os representantes do povo devem ser escolhidos pelos eleitores sem intermediários.
O regime militar, logo após o golpe militar de 64, implantou a eleição indireta para a escolha
do Presidente da República, visando evitar uma possível derrota nas urnas.
Exceção: eleição do Presidente e do Vice da República pelo Congresso Nacional, no caso de
ocorrer a vacância desses dois cargos nos 2 últimos anos de mandato (CF, art. 81, § 1º).
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Voto secreto.
O eleitor não é obrigado a revelar em quem votou. A finalidade é garantir sua liberdade de
escolha, para que possa votar sem temer represálias.

126
Voto igual
Todos os votos possuem o mesmo valor. Não existem votos com pesos maiores, e cada
eleitor possui um único.
Voto universal
O direito de sufrágio foi atribuído a todos os cidadãos, não se admitindo restrições derivadas
de condições de nascimento, fortuna ou capacidade especial da pessoa.
Voto periódico
O direito de voto deve ser exercido em períodos espaçados determinados. A periodicidade
de todos mandatos é característica própria dos regimes republicanos democráticos.
Voto obrigatório e facultativo
O alistamento e o voto são obrigatórios, compulsórios, para todos os brasileiros maiores de
18 anos de idade.
São facultativos para: a) analfabetos; b) maiores de 70 anos; e c) maiores de 16 e menores de
18 anos de idade.

127 ELEGIBILIDADE OU CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA OU CIDADANIA PASSIVA

- Direito de ser votado quando preenchidos os requisitos legais.


- Art. 14, § 3º, estabelece requisitos mínimos:
1. Nacionalidade brasileira.
2. Pleno exercício dos direitos políticos.
3. Alistamento eleitoral.
4. Domicílio eleitoral na circunscrição.
5. Filiação partidária.
6. Idade mínima.
7. Não incorrer em nenhuma inelegibilidade específica.

128
Domicílio eleitoral na circunscrição.
Considera-se como domicílio eleitoral o local onde se encontra registrado o título de eleitor.
A Lei n. 9.504/97, art. 9, exige que o candidato possua domicílio eleitoral na respectiva
circunscrição há pelo menos 1ano antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo partido
no mínimo seis meses antes da data da eleição.

129
Filiação partidária.
Não se admitem candidaturas avulsas, independentes ou extrapartidárias.
As Leis n. 9.096/95 e 9.504/97, que dispõem, respectivamente, sobre os partidos políticos e a
realização de eleições, em seus arts. 18 e 9º, exigem que o eleitor esteja filiado ao partido há
pelo menos 6 meses antes da data fixada para as eleições. A dupla filiação partidária
configura crime previsto no Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65, art. 320).
Res. TSE nº 21.608/2004: Militar da ativa. Cargo eletivo. Filiação partidária. Inexigibilidade. A
filiação partidária contida no art. 14, § 3º, V, Constituição Federal não é exigível ao militar da
ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, bastando o pedido de registro de candidatura
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após prévia escolha em convenção partidária.


130
Idade mínima (consideradas na data da posse):
35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
21 para Deputado Federal, Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito ou juiz de paz; e
18 anos para Vereador.


131
Não incorrer em nenhuma inelegibilidade específica.
a) Analfabetos.
Só possuem a cidadania ativa (direito de votar).

b) Menores de 18 anos de idade.
Dos 16 aos 18 só é possível a cidadania ativa

c) Inelegibilidades dos §§ 6º, 7º e 9º do art. 14
Direitos políticos negativos

132 DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS

- São normas que impedem a participação do cidadão no processo político e nos órgãos
governamentais, abrangendo a perda e suspensão de direitos políticos, bem como as
inelegibilidades.

1 - Cassação, perda e suspensão de direitos políticos


- A CF veda a cassação (perda por ato arbitrário do governo).
- São admitidas somente a perda (privação definitiva de direitos) e suspensão (privação
temporária) de direitos políticos.
- O artigo 15 da CF estabelece expressamente as hipóteses de perda e suspensão dos direitos
políticos, mas não esclarece quais as hipóteses de perda e quais as de suspensão de direitos
políticos.

133
Perda de direitos políticos

- Art. 15 - hipóteses de perda (privação definitiva):


1. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado.
2. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta, bem como da prestação alternativa.

Obs: Existe uma 3ª hipótese de perda de direitos políticos, embora não expressamente
mencionada no art. 15: brasileiro que, por naturalização voluntária, adquire a nacionalidade
de outro país e perde a nacionalidade brasileira (CF, art. 12, § 4º, II) e, por consequência,
também a cidadania brasileira.
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também a cidadania brasileira.



134
Suspensão de direitos políticos
- Art. 15 - suspensão de direitos políticos (privação temporária):
1. Incapacidade civil absoluta.
A pessoa que não se encontra em condições de exercer os atos da vida civil também fica
impedida de exercer direitos políticos (absolutamente incapazes precisam ser
representados, o que não é possível para o exercício dos direitos políticos).

2. Condenação criminal transitada em julgado.
Condenados são privadas de seus direitos políticos enquanto durarem os efeitos da
condenação.
Para a caracterização do termo final da suspensão há necessidade do cumprimento
integral da pena imposta, seja em regime fechado, livramento condicional ou até mesmo
em sursis (enquanto perdurar o período de prova, o indivíduo fica privado de seus direitos
políticos).
Tratando-se de pena pecuniária, o pagamento importa na extinção da punibilidade,
readquirindo a pessoa o pleno exercício de seus direitos políticos.

135
Suspensão de direitos políticos
3. Prática de atos de improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, CF
Lei n. 8.429/92 - suspensão de direitos políticos, variando de 3 a 10 anos conforme a
infração cometida.

Obs: Quando o eleitor deixa de votar por 3 eleições seguidas (cada turno equivale a 1 eleição)
e não justifica a ausência, seu título pode ser cancelado. Ao deixar de votar em apenas 1
eleição e não justificar a ausência, o eleitor poderá ter outros direitos suspensos, como por
exemplo, a possibilidade de prestar concursos públicos (art. 7º, Lei 4.737/65 – Código Eleitoral).

136
Perda e suspensão de direitos políticos de parlamentar - perda do mandato.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:


I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias
da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento
interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a
percepção de vantagens indevidas.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos
Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva
Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla
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Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla


defesa.
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa
respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do
mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que
tratam os §§ 2º e 3º.
-

137
Reaquisição de direitos políticos

- Há 2 formas previstas na legislação ordinária.


1. Reaquisição: ação rescisória que desconstitua a decisão de cancelamento de
naturalização.
2. Efetivo cumprimento da obrigação a todos imposta ou em caso de serviço militar
obrigatório, a prestação do serviço alternativo.

- Nas hipóteses de suspensão de direitos políticos, uma vez superada sua causa, o indivíduo
readquire-os, seja pela cessação da interdição, seja pelo cumprimento da pena ou da sanção
imposta pela prática de ato de improbidade administrativa.

138 INELEGIBILIDADES

- São os impedimentos à capacidade eleitoral passiva, ao direito de ser votado.


- Fundamentos
a) probidade administrativa;
b) moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato;
c) normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na Administração direta ou indireta.

- Alguns impedimentos, dada a relevância, encontram-se na própria Constituição e outros na


Lei Complementar n. 64.

139
Inelegibilidades

Inelegibilidades absolutas
- São os impedimentos a qualquer cargo eletivo, para qualquer eleição.
- Estão previstas no art. 14, § 4º: inalistáveis, analfabetos e jovens entre 16 e 18 anos de idade

Inelegibilidades relativas
- São os impedimentos a certos cargos eletivos, em razão de situações específicas.
O indivíduo fica impedido de se candidatar em determinadas eleições.
- Prevista no art. 14, §§ 5º a 9º, CF e LC 64/90
-

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140 Inelegibilidades relativas

1 - Inelegibilidade por motivo funcional e a possibilidade de reeleição para a chefia do poder


executivo

- O Presidente da República, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal e os Prefeitos,


para concorrerem a outros cargos, devem renunciar ao mandato até 6 meses antes do pleito
(CF. art. 14, § 6º).
- A finalidade do afastamento é evitar a utilização da máquina administrativa durante o
processo eleitoral.
- Essa inelegibilidade funcional, contudo, só prevalece para a eleição para outros cargos.
Fugindo da tradição republicana brasileira a EC nº 16/1997 admitiu a reeleição para o mesmo
cargo no Poder Executivo.
- Nada obsta que uma pessoa possa eleger-se Presidente da República, Governador do Estado
ou Prefeito Municipal por diversas vezes, desde que respeitada a recondução para 1 único
período subsequente.

141 Inelegibilidades relativas


2 - Inelegibilidade por motivo de casamento, parentesco ou afinidade
- Prevista no art. 14, § 7º (denominada inelegibilidade reflexa), visa evitar a utilização da
máquina administrativa do Estado para eleição de cônjuge, parentes ou afins em graus
extremamente próximos.
- Essa inelegibilidade prevalece somente nos limites da circunscrição em que a pessoa foi eleita.
- Em se tratando de cônjuge, parente consanguíneo ou afim do Presidente da República,
impedimento em todas as eleições no território nacional; com o Governador do Estado, no
território estadual; Prefeito o impedimento para as eleições no respectivo município.
- TSE já fixou que o cônjuge, os parentes consanguíneos e os afins de um Prefeito podem
concorrer a Governador ou outros cargos que se processam em território de circunscrição
estadual.
- A inelegibilidade só valerá para o Vice-Presidente, Vice-Governador ou Vice-Prefeito caso eles
tenham assumido a Chefia do respectivo Poder Executivo nos 6 meses anteriores ao pleito.

142

143 Orientações dos Tribunais


• Essa inelegibilidade não se aplica à viúva do Chefe do Executivo: com a morte dissolve-se a
sociedade conjugal, não mais se podendo considerar cônjuge a viúva (TSE, Rec. 10.245).
• A inelegibilidade reflexa alcança a pessoa que vive maritalmente com o Chefe do Poder
Executivo, ou mesmo com seu irmão (afim de segundo grau), pois a CF estende o conceito de
entidade familiar (CF, art. 226, § 3º).
• Na hipótese de criação de Município por desmembramento, o parente do Prefeito do
Município-mãe não poderá candidatar-se a Prefeito do Município recém-criado (STF, RE
158.314-2).
• “Os parentes podem concorrer nas eleições, desde que o titular do cargo tenha o direito à
reeleição e não concorra na disputa. Subsistindo, em tese, a possibilidade de reeleição do
próprio titular de mandato eletivo para o período subsequente, é também legítima a
candidatura de seus parentes para cargos eletivos, desde que haja renúncia do titular nos 6
meses anteriores ao pleito” (STF, RE 344.882-BA, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 7.4.2003).
• Isso já ocorreu nas eleições para Governador do Estado do RJ em 2002 (Garotinho/Rosinha).
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144 Inelegibilidades relativas


3 - Inelegibilidade para evitar a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de
cargo, emprego ou função na administração direta ou indireta.
- LC n. 64/90, de forma minuciosa, estabelece diversas hipóteses de impedimentos à
capacidade eleitoral passiva.
- A LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa) trouxe alterações para LC 64/90, passando a definir com
mais precisão o conceito de vida pregressa do candidato. Além disso, inovou ao estabelecer
que as inelegibilidades não ocorrem somente no caso de trânsito em julgado de decisão,
podendo ser concretizadas quando a decisão tenha sido proferida por órgão judicial colegiado.
- Exemplos de inelegibilidades previstas pela LC 64/90 (há outros casos previstos na lei):
o Governador e Vice e o Prefeito e Vice que perderem seus cargos eletivos por infringência a
dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica
do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e
nos 8 anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;
os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão
profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 anos,
salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;
a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas
por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça
Eleitoral, pelo prazo de 8 anos após a decisão.

145 Inelegibilidades relativas


- São inelegíveis para a Chefia e Vice do Executivo (a menos que se afastem 6 meses antes do
pleito):

146
DIREITOS SOCIAIS

147
NOÇÕES
- Art. 6º: são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.
- Art. 193: ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e
a justiça sociais.

- O Estado deve proteger e incentivar as relações de trabalho, para que então o indivíduo
alcance com o fruto de sua atividade laboral o bem-estar e a justiça social.
- A ordem econômica deve seguir caminho harmônico, conforme prevê o art. 170 da CF/88,
estando fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com o objetivo de
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.
- Não é o Estado quem, diretamente e em princípio, deve garantir bem-estar social, todavia, é
o Estado quem deve regular a ordem social e econômica para que isso aconteça.

148 DOS DIREITOS DE SEGURIDADE SOCIAL


Art. 194, caput: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.
Art. 195: A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
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Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:


dos empregadores, das empresas e das entidades equiparadas (associações, por exemplo).
do trabalhador e dos demais segurados da previdência social (autônomos, por exemplo).
sobre a receita de concursos de prognósticos.
do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

149 Princípios orientadores da organização da seguridade social – Art. 194:


 universalidade da cobertura e do atendimento;
 uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
 seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
 irredutibilidade do valor dos benefícios;
 equidade na forma de participação no custeio;
 diversidade da base de financiamento;
 caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.

150 SAÚDE
- Art. 196: a saúde é direito de todos e dever do Estado, que deve agir mediante políticas
sociais e econômicas com intuito de reduzir os riscos de doenças e demais problemas de saúde
(acidentes, por exemplo).
- O Estado deve garantir o acesso universal e igualitário aos serviços que promovam a saúde,
sua proteção e recuperação.
- Art. 197: todas as ações e serviços de saúde prestados no país são de relevância pública,
cabendo ao Poder Público dispor sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através da iniciativa privada (A assistência à saúde é livre à
iniciativa privada – art. 199).
- O sistema único de saúde (SUS) envolve as esferas federal, estadual e municipal.
- Competências do SUS (art. 200):  controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;  executar as ações de
vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;  ordenar a
formação de recursos humanos na área de saúde;  participar da formulação da política e da
execução das ações de saneamento básico;  incrementar em sua área de atuação o
desenvolvimento científico e tecnológico;  fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; 
participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias
e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;  colaborar na proteção do meio ambiente, nele
compreendido o do trabalho.

151 PREVIDÊNCIA
- O artigo 201 estabelece que a previdência social será organizada sob a forma de regime
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial.

- O atendimento da previdência abrange:


 cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
 proteção à maternidade, especialmente à gestante;
 proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
 salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
 pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes.
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152 Regras básicas para aposentadoria:


O segurado (que contribui com o INSS) pode se aposentar:

65 anos de idade, se homem, e 62 anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de
contribuição;
60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e
para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o
produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
O requisito de idade será reduzido em 5 anos, para o professor que comprove tempo de
efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
médio fixado em lei complementar.

153 ASSISTÊNCIA
- A assistência é prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social.
- Objetivos (art. 203):
 a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
 o amparo às crianças e adolescentes carentes;
 a promoção da integração ao mercado de trabalho;
 a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária;
 a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, conforme dispuser a lei.
154 DIREITO À EDUCAÇÃO

- O Estado, a família e a sociedade em geral devem promover e incentivar a educação.


- A atividade educacional privada será fiscalizada pelo Estado que verificará o cumprimento das
normas gerais da educação nacional, autorizando e avaliando a qualidade do ensino oferecido
(art. 209).
- Apesar de não ser atividade privativa do Estado, este deve garantir (art. 208):
 ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para
todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
 progressiva universalização do ensino médio gratuito;
 atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino;
 educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
 acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
 oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
 atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

155
Princípios para a educação - art. 206:
 igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
 liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
 pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e
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privadas de ensino;
 gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
 valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de
carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes
públicas;
 gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
 garantia de padrão de qualidade;
 piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos
termos de lei federal.

156 Valores mínimos de aplicação do orçamento na educação – art. 212


- Receita resultante de impostos inclusive de transferências da União ou Estado:
1. União, no mínimo 18%,
2. Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no mínimo 25%.

- O não cumprimento destas regras pode ocasionar Intervenção Federal (art. 34, VII, e) em
Estados e Municípios. Por sua vez, os municípios poderão sofrer Intervenção Estadual,
conforme disposição da respectiva Constituição Estadual.
O art. 149, III, da Constituição Estadual SP estabelece:
O Estado não intervirá no Município, salvo quando:
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino.

157 Principais objetivos para a educação


1. erradicação do analfabetismo;
2.
2. universalização do atendimento escolar;
3.
3. melhoria da qualidade do ensino;
4.
4. formação para o trabalho;
5.
5. promoção humanística, científica e tecnológica do País.

158
DIREITOS DO TRABALHADOR

- A regulamentação e incentivo ao trabalho são fundamentais para a busca do pleno emprego,


que é um dos princípios constitucionais da ordem econômica.
- Os direitos dos trabalhadores estão expressos especialmente em extenso rol do artigo 7º da
CF. Contudo, trata-se de rol aberto, que é complementado por outras regras da própria CF e da
legislação infraconstitucional.

159
DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE E INFÂNCIA
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- Tem natureza de Direito Previdenciário (art. 201, II) e de Direito Assistencial (art. 203, I).
- É direito da trabalhadora a licença maternidade de 120 dias (art. 7º, XVIII).
- A proteção à infância tem natureza assistencial (art. 203, I e II), havendo ainda expressa
previsão de proteção à criança e ao adolescente nos termos do artigo 227.

DIREITOS ECONÔMICOS
- Os direitos econômicos constituem pressuposto da existência dos direitos sociais, pois sem
uma política econômica orientada para a intervenção e participação estatal na economia, não
serão construídas as bases necessárias para tutelar os interesses dos mais necessitados.
- O Brasil adota uma organização estatal intervencionista e ao mesmo tempo liberal (art. 170
da CF).

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