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DOI: 10.47456/krkr.v1i18.

42011

Políticas Públicas de Educação no Governo Bolsonaro (2019-


2022)
Public Education Policies in the Bolsonaro Government (2019-2022)
Luiz Henrique Michelato 160

Resumo: O presente texto procura abordar as implicações no campo da educação


durante o Governo Bolsonaro, avaliando os impactos nocivos de seu governo em
relação a política pública de educação, compreendendo as questões relativas a
Constituição de 1988, LDB e referente a Lei nº 13.935/2019 e a sua importância para o
trabalho de Assistentes Sociais e Psicólogos na Educação Básica brasileira, tendo em
vista os rebatimentos das expressões da questão social em âmbito escolar,
promovendo uma educação pública gratuita e de qualidade, realizada através de um
trabalho sério e técnico por meio da implementação de equipes multiprofissionais e
multidisciplinares. O presente trabalho realizou-se por meio de pesquisa bibliográfica,
de natureza qualitativa e do estado da arte, através do método relativo ao materialismo
histórico-dialético, buscando compreender a relevância do trabalho da Psicologia e do
Serviço Social na educação pública brasileira. Contudo, os resultados obtidos,
convergem numa essencial implementação deste serviço, tendo em vista a garantia da
construção e fortalecimento de uma educação que fortaleça e promova sujeitos
críticos e cidadãos engajados pelos direitos sociais, através da realização do trabalho
social escolar das equipes formadas por Assistentes Sociais e Psicólogos,
considerando os rebatimentos nocivos do modo de produção capitalista, bem como
sua necessária abolição.
Palavras-chave: Políticas Públicas; Educação; Lei nº 13.935/2019; CF/1988; LDB

Abstract: This text seeks to address the implications in the field of education during
the Bolsonaro Government, assessing the harmful impacts of his government in
relation to public education policy, including issues related to the 1988 Constitution,
LDB and referring to Law nº 13.935/2019 and its importance for the work of Social
Workers and Psychologists in Brazilian Basic Education, in view of the repercussions
of the expressions of the social issue in the school environment, promoting free and
quality public education, carried out through serious and technical work, through the
implementation of multidisciplinary and multidisciplinary teams. The present work was
carried out through bibliographical research, of a qualitative nature and of the state of
the art, through the method related to historical-dialectical materialism, seeking to
understand the relevance of the work of Psychology and Social Work in Brazilian public
education. However, the results obtained converge on an essential implementation of
this service, with a view to guaranteeing the construction and strengthening of an
education that strengthens and promotes critical subjects and citizens committed to
social rights, through the carrying out of school social work by teams formed by
Assistants Social and Psychologists, considering the harmful repercussions of the
capitalist mode of production, as well as its necessary abolition.
Keywords: Public policy; Education; Law No. 13.935/2019; CF/1988; LDB

Kiri-kerê: Pesquisa em Ensino, n.18, julho 2024


Introdução

O presente trabalho procurou abordar política pública de educação


durante o Governo Bolsonaro, sob o prisma da CF/1988, LDB e da Lei nº
13.935/2019 em relação ao trabalho realizado por assistentes sociais e
psicólogos na educação básica brasileira, considerando fatores relativos as 161

pujantes expressões da questão social impostas e construídas pelo modo de


produção capitalista.
O trabalho se realiza através de pesquisa bibliográfica e documental, por
meio de legislações e estado da arte, construída pelo método envolto ao
materialismo histórico-dialético, ao avaliar e compreender a relevância da Lei
nº 13.935/2019 e seus rebatimentos positivos a sociedade, compreendendo o
estudo e pesquisa de legislações, artigos e documentos que datam do período
entre 1988 e 2022, pela base de dados RUNA, UFOP e Scielo.
Apresentamos legislações como a CF/1988, LDB, Lei nº 13.935/2019,
bem como autores e categorias de profissionais que trabalham sobre esta
temática, avaliando acerca de documentos sobre a importância deste trabalho,
tendo em vista a garantia de construção de uma sociedade livre e democrática,
formando sujeitos conhecedores de seus direitos.
Trata-se, portanto, de um trabalho social em âmbito escolar visando a
promoção da autonomia e emancipação dos educandos, que em sua grande
maioria sofrem de maneira destrutiva com os rebatimentos do sistema
capitalista, permeado pela pobreza, desigualdades, opressão, marginalização,
entre outras expressões da questão social.
Neste sentido, o trabalho com os educandos, suas famílias e a
comunidade, potencializa a construção de uma sociedade realmente cidadã,
democrática e justa socialmente, refletindo sobre os aspectos
desencadeadores das mazelas sociais pujantes no âmbito da sociedade
burguesa de classes, fortalecendo a construção de uma sociedade plural e
democrática.
Finaliza-se o presente trabalho, abordando sobre a necessária
implantação deste serviço na sociedade brasileira, tendo em vista o amplo
número e casos de abandono e defasagem escolar, dificuldades de

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aprendizagem identificados, bem como a violência em âmbito escolar, onde em
muitos casos, profissionais e alunos são levados a óbito, sendo extremamente
necessário a implantação de tal serviço, visando reduzir inúmeras formas de
violência em âmbito escolar.
162

Educação durante o Governo Bolsonaro

Em 2019, durante o início do governo Bolsonaro, o então presidente da


república, disse para um público de conservadores em Washington, que “O
Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o
nosso povo. Nós temos é que descontruir muita coisa. Desfazer muita coisa”.
Neste sentido, trata-se de uma abordagem que considera como inimigo
o processo de redemocratização do Brasil, pois, Bolsonaro é admirador da
ditadura militar, compreendendo a destruição do Estado Democrático de
Direito, promulgado pela Constituição de 1988. Convertendo-se na lógica
bolsonarista, visando destruir o modelo institucional de Educação construído
nas últimas décadas.
Trata-se de avaliar o ideário bolsonarista de políticas públicas, de acordo
com Abrucio (2023), considerando a educação proposta pela Constituição de
1988, compreendendo e avaliando o processo eleitoral de Bolsonaro em
relação ao contexto político e suas ideias, bem como sobre seu plano de
governo em torno da política educacional, sobretudo sobre o aspecto
ideologizante de sua perspectiva.
Contudo, deve-se avaliar acerca da gestão do Ministério da Educação
(MEC), nos últimos anos, compreendendo como se desenhou o modelo
educacional proposto por Bolsonaro ao analisar o perfil de suas lideranças para
comandar essa importante política pública, defendendo valores ideológicos e
morais, bem como a dificuldade em propor a construção de políticas públicas.
Apresenta-se reflexões sobre os desafios e possíveis alternativas e
estratégias para o MEC nos próximos anos, procurando descontruir o modelo
anterior que potencializava os ditames da Constituição de 1988, sobretudo em
construir a ordem democrática e um novo modelo de políticas públicas relativas
a Educação.

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Compreende o processo de redemocratização do Brasil, provocando
várias mudanças na ordem do Estado brasileiro, favorecendo o crescimento
das políticas sociais e sua devida democratização, conforme indica Abrucio
(2023). Existe o favorecimento e a ampliação de acesso a direitos e serviços
públicos, considerando uma elevada desigualdade no país, mesmo havendo 163

progressos relevantes em alguns indicadores sociais.


Contudo, foram criados canais de participação da sociedade,
enaltecendo as etapas das políticas públicas, em forma de controle e
deliberação, conferindo a importância dos conselhos de políticas públicas e
conferências através da participação de diversos atores sociais, permitindo a
participação de governos locais, enquanto marca do Welfare da sociedade
brasileira.
Neste sentido, houve a permissão de acesso as decisões do Estado,
sendo algo muito importante para o povo brasileiro, fortalecendo o debate
público, segundo Abrucio (2023). Deve-se construir um amplo processo de
descentralização, permitindo maior autonomia dos municípios, compreendendo
as políticas de educação, saúde, habitação e saneamento.
A União possui função primordial enquanto coordenadores de políticas
públicas, realizando sua função normatizadora e reguladora, ampliando sua
função de redistribuição, buscando reduzir as desigualdades territoriais e
universalizando os serviços.
O período pós-1988, procura respeitar a ordem democrática, visando
profissionalizar a gestão pública brasileira, onde inúmeros profissionais foram
contratados mediante concurso público, investindo-se na capacitação destes
profissionais, bem como na ampliação dos equipamentos públicos, havendo o
aperfeiçoamento em vários setores, como a produção de indicadores,
monitoramento e avaliação de políticas públicas, nos termos de Abrucio (2023).
Vários avanços foram constatados nessa seara, considerando alguns
problemas, ou seja, algumas fragilidades e desafios são apresentados em
relação ao combate à desigualdade, democratização e de gestão pública.
Norteando as ações em torno das políticas públicas de educação.

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Por muito tempo a educação não foi prioridade do Estado brasileiro,
favorecendo um crescimento econômico sem políticas educacionais,
produzindo o aumento do PIB, industrialização e urbanização, concomitante a
uma imensa desigualdade no país, de acordo com Abrucio (2023).
Considera-se uma perspectiva elitista em torno da política educacional 164

brasileira, prejudicando o processo de universalização da educação, criando-se


barreiras para a maioria da população, desfavorecendo o processo de
escolarização do povo brasileiro, construindo uma desigual expansão
educacional e gerando um modelo de reprovação em larga escala que
expulsava os alunos das escolas.
Trata-se de um modelo educacional que funcionou até a promulgação da
Constituição de 1988, financiando minimamente a política de educação, ficando
a cargo dos Estados esse tipo de financiamento, havendo pouca participação
da União em relação a educação brasileira, predominando péssimos índices
educacionais até o processo de redemocratização do Brasil, segundo Abrucio
(2023).
Todavia, o processo de redemocratização do Brasil representou uma
mudança positiva na educação brasileira, ampliando seu espaço na agenda
pública, aumentando seu orçamento, bem como havendo a preocupação da
sociedade sobre este assunto, permitindo o fomento de organizações da
sociedade civil sobre este tema. Contudo, a nova ordem democrática
problematizou o modelo de ensino até então vigente, favorecendo uma
pedagogia plural, menos punitiva e mais democrática, sobretudo através da
aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996),
mesmo havendo o predomínio do conservadorismo no âmbito da educação
nacional.
Houve o fortalecimento das políticas públicas educacionais,
universalizando o acesso e tornando a educação obrigatória a partir da
promulgação da Constituição de 1988, dos 7 aos 14 anos, considerando que o
Censo de 1980 apresentou uma quantidade absurda de 40% de crianças nesta
idade fora da escola. Posteriormente o ensino foi universalizado, tornando
obrigatória a educação dos 4 aos 17 anos, potencializando a educação infantil

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e o ensino médio, compreendendo que os jovens até 18 anos que concluem o
ensino médio é de 64%, distanciando-se da universalização, considerando que
em 1990 esse número era de 18%, conforme indica Abrucio (2023).
Houve também investimentos favorecendo o acesso à universidade para
os alunos pobres, através do programa universidade para todos PROUNI, o 165

fundo de financiamento estudantil FIES, e as cotas sociais e raciais,


modificando o elitismo da educação brasileira. Houve o processo de
descentralização, municipalizando os serviços ao romper com uma tradição de
pouca atuação na área da educação, criando-se formas de financiamento desta
política pública, onde os municípios geralmente atendem no primeiro ciclo
educacional, e o Estado atua nos anos finais de formação, exigindo
coordenação entre as esferas administrativas.
Mesmo não havendo a devida articulação intergovernamental em
relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), e o Sistema Único de Assistência
Social (SUAS), não havendo fóruns federativos, considerando certo
fortalecimento das relações federativas, visando reduzir a desigualdade
territorial, de acordo com Abrucio (2023). Contudo, considera-se essencial a
criação de um sistema nacional de educação, buscando melhorar a qualidade
da educação brasileira.
Foi fortalecido a questão do financiamento da educação, através da Lei
Calmon, enquanto emenda constitucional aprovada no final da ditadura militar,
elencando os gastos entre os entes federativos, algo que foi mantido com a
Constituição de 1988, considerando a importância do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(FUNDEF), por conseguinte veio o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(FUNDEB), ampliando a oferta de ensino em todas as etapas.
Segundo Abrucio (2023), houve a criação de mecanismos de avaliação
da qualidade da educação brasileira, promovendo o Índice de Desenvolvimento
da Educação Brasileira (IDEB), favorecendo o processo de responsabilização
das redes de ensino ao fomentar a criação em dezembro de 2017 da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), atravessando vários governos.

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Existem ainda vários problemas na política educacional, mesmo
havendo várias transformações durante trinta anos, em contraponto a toda a
história do país, promovendo uma agenda, um modelo institucional e um
conjunto de atores em sua visão de mundo que busca organizar a educação
brasileira. Entretanto, o governo Bolsonaro tratou de destruir todos esses 166

aspectos conquistados a duras penas, desconstruindo todo o processo


educacional brasileiro em tão pouco tempo.

O Governo Bolsonaro e seus sentidos

A eleição de 2018 foi algo exponencial desde o impeachment de Collor,


considerando a concepção de democracia, estabilidade econômica e inclusão
social, conforme afirma Abrucio (2023), compreendendo a ruína da sociedade
brasileira através das manifestações populares de 2013, a operação lava-jato e
o impeachment de Dilma Rousseff, promovendo uma forte descrença nos
partidos políticos por meio de um discurso antipolítico, levando a vitória de
Bolsonaro em 2018.
Sabendo que Bolsonaro ocupa cargos eletivos há mais de trinta anos e
elegeu seus filhos, apresentando-se enquanto sujeito capaz de acabar com a
velha política, com o discurso de reduzir a corrupção, promovendo a ordem
diante da criminalidade, reduzindo o papel do estado na economia e vida do
povo e enaltecendo os valores cristãos da família brasileira no âmbito das
políticas públicas.
O ideário bolsonarista de “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”,
priorizando três setores, como a segurança, saúde e educação, visando reduzir
o papel do governo na economia, reduzir a corrupção com o lema “mais Brasil,
menos Brasília”, responsabilizando os estados e municípios no tocante a
promoção de políticas públicas, segundo Abrucio (2023). O governo Bolsonaro
criou um inimigo além do PT e da esquerda, posicionando-se contra
pesquisadores, especialistas, técnicos governamentais e comunidades
vinculadas a esses setores.
O governo Bolsonaro apresenta dados imprecisos sobre a educação
brasileira, dizendo gastar mal em educação, mesmo havendo uma despesa per

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capita bem abaixo dos países desenvolvidos, dizendo ser possível fazer mais
com menos, criando uma agenda moral e distante da abordagem técnica.
Alegam sobre doutrinação, garantindo uma mudança nos métodos de ensino
vigentes, execrando o autor Paulo Freire, acerca da tal sexualização precoce,
conhecida como ideologia de gênero, tentando alterar a BNCC, aliando agenda 167

moral com liberalismo econômico, com redução do governo na vida do cidadão,


através da educação domiciliar, fortalecendo a educação a distância e a
incumbência do setor privado. Predomina a visão moralista, conforme indica
Abrucio (2023), afastando-se dos estudos realizados por especialistas durante
os últimos anos, configurando-se como um MEC sem rumo, com muito
discurso e pouca ação.

O MEC durante o Governo Bolsonaro

Bolsonaro abandonou o sistema de coalizão e de diálogo com a


sociedade, relacionando-se a velha política, seguindo o pensamento dos
populistas de extrema direita, visando destruir seus inimigos, havendo diálogo
somente com seus seguidores, exercendo função Schmittiana de educação,
colocando-se contra a agenda e o “modos operandi” até então vigente,
limitando o diálogo com lideranças da área e criando um modelo de educação
de cima para baixo, sobretudo ao isolar o MEC diante do universo educacional.
Avalia-se a abordagem conservadora do modelo de gestão de
Bolsonaro, centralizando o poder das famílias, em favorecer suas decisões
diante do processo educacional, através do homeschooling e da escola sem
partido, contrapondo as escolas e os profissionais, abrangendo uma
contradição entre escola, pais e alunos, de acordo com Abrucio (2023). Desta
forma, reduz-se o caráter público da escola, garantido pela laicidade,
cientificidade e pluralismo de ensino, enfraquecendo o ensino público brasileiro
e prejudicando o povo pobre, que necessita de uma educação pública de
qualidade para o desenvolvimento social.
Houve o favorecimento de pessoas desqualificadas para atuarem frente
as políticas públicas de educação, afastando da pauta os profissionais
especialistas nesta área, partindo de uma concepção antitécnica, advinda do

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negacionismo científico que perfaz o Bolsonorismo, coadunando com a
extrema-direita internacional ao apresentar resistência em relação aos
profissionais que pudessem discordar de seu modelo político e governamental.
Contudo, houve o desmonte do welfare criado pela Constituição de
1988, reduzindo o processo de participação da sociedade ao acabar com os 168

Conselhos, enfraquecendo o diálogo com as universidades públicas, fóruns


federativos como o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação
(CONSED) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(UNDIME), foram escamoteados pelo governo Bolsonaro, segundo Abrucio
(2023).
Houveram propostas de programas de alfabetização, criação de escolas
cívico-militares e medidas de combate a pandemia, considerando uma menor
influência do MEC, aumentando a desigualdade no âmbito da política
educacional, compreendendo as dificuldades entre estados e municípios,
sendo importante a atuação da União neste trabalho. Todavia, cabe ressaltar
que o governo Bolsonaro teve três ministros da educação, abrangendo
escândalos neste processo em relação ao currículo de um de seus ministros
indicados.
Considerando não haver tantos ministros em tão pouco tempo num
governo durante o período de redemocratização do Brasil, havendo várias
trocas entre presidentes e secretarias de instituições importantes durante este
governo, abarcando a questão das lutas ideológicas, havendo conflitos entre
olavistas, militarismo, entre outros membros, procurando construir valores
morais e ideológicos, em contraponto a construção de políticas públicas que
atendessem satisfatoriamente as necessidades da população.
Predominando uma contradição entre os interesses conservadores do
governo Bolsonaro e os interesses e demandas da sociedade, com um MEC
frágil e pouco ativo, havendo brigas entre o ministro Abraham Weintraub em
relação a comunidade epistêmica, com especialistas e secretários de estado e
de municípios, bem como com o Congresso Nacional e com o STF, nos termos
de Abrucio (2023), mobilizando seus seguidores e atacando inimigos, visando
agradar o Presidente da República, havendo constantes reclamações da

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sociedade contra esse tipo de governo, ressaltando o movimento ocorrido no
dia 15 de maio de 2019 em defesa da educação brasileira.
Vários programas foram propostos e que não foram levados adiante,
onde não foram viabilizados tecnicamente, alguns barrados pelo Congresso
Nacional e pelo STF, compreendendo os fracassos como o future-se, o 169

homeschooling e a escola sem partido, o novo FUNDEB, e a Política Nacional


de Educação Especial (PNEE), derrubada pelo Supremo. Compreende a baixa
adesão as escolas cívico-militares e a nova Política Nacional de Alfabetização
(PNA), aumentando a desigualdade territorial no Brasil, predominando a
desresponsabilização do presidente Bolsonaro.
Contudo, houve a destruição da educação brasileira pelo governo
Bolsonaro, segundo Abrucio (2023), desconstruindo uma política pública em
realização desde 1988, sofrendo constantes derrotas pelo campo democrático,
sendo necessária a completa reconstrução do MEC.
A Educação no Brasil está garantida pela Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 (CF/1988), em seu artigo 6º, enquanto direitos
sociais relativos a educação, entre outros elementos fundamentais para o
desenvolvimento da sociedade brasileira, promovendo Bem-Estar Social e a
consolidação do Estado Democrático de Direito. Ressaltando que em seu
artigo 7º, com relação aos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, visando
a melhoria de sua condição social, que haja salário mínimo fixado em lei, capaz
de atender as necessidades vitais básicas sua e de sua família, com relação a
educação.
A CF/1988, em seu capítulo III, artigo 205º, determina a Educação como
direitos de todos e dever do Estado e da família, contando com a colaboração
da sociedade, compreendendo o pleno desenvolvimento da pessoa e seu
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Ensino
esse baseado nos princípios de igualdade de condições relativas ao acesso e
permanência na Escola, liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber, contribuir com o pluralismo de ideias e
concepções pedagógicas, havendo a existência de instituições públicas e

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privadas de ensino, bem como a gratuidade do ensino público em
estabelecimentos oficiais.
Nesse sentido, evidencia-se que o Brasil possui uma Constituição que
busca refletir e atender aos interesses da coletividade, gerando o
desenvolvimento da sociedade através de uma educação pública de qualidade 170

e que forme cidadãos conscientes acerca de seus direitos e deveres sociais.


A Lei nº 9.394/1996 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, em seu artigo 1º, trata a educação enquanto processos formativos e
que se desenvolvem na vida familiar, convivência humana, trabalho,
instituições de ensino e pesquisa, movimentos sociais, organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais, disciplinando o funcionamento da
educação escolar, bem como vinculando-se ao mundo do trabalho e a prática
social.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), apresenta a educação
enquanto dever da família e do Estado, conduzida pelos princípios da liberdade
e de solidariedade humana, visando o pleno desenvolvimento do educando, a
construção de sua cidadania e sua qualificação para o trabalho, garantindo o
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.
A Lei nº 13.935/2019, dispõe sobre a prestação de serviços de
Psicologia e de Serviço Social nas redes públicas de educação básica,
portanto, algo essencial ao trabalho democrático e participativo em torno da
educação brasileira, procurando atender as necessidades e prioridades
definidas pelas políticas de educação, por meio de equipes multiprofissionais.

Conclusão

O presente trabalho procurou abordar os rebatimentos na área da


educação durante o Governo Bolsonaro, tendo em vista as garantias
constitucionais de acordo com a CF/1988, LDB, e demais conteúdos
pertinentes a pesquisa científica e estado da arte apresentada.
Trata-se, portanto, de um imprescindível trabalho a ser desenvolvido
pelas equipes multiprofissionais composta por Psicólogos e Assistentes Sociais

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no âmbito das redes de educação básica, potencializando a democracia,
cidadania, autonomia, emancipação e comunidade escolar e social.
Neste sentido, cabe aos profissionais envolvidos, sociedade civil
organizada, estudantes, pesquisadores, e demais interessados, lutar pela
implementação estrutural da Lei 13.935/2019, tendo em vista a 171

imprescindibilidade do trabalho a ser realizado pelos profissionais do Serviço


Social e Psicologia.
A Educação enquanto direito do cidadão e dever do Estado, deve ser
construída coletivamente, fortalecendo a construção de cidadãos críticos, que
pensem sobre sua própria realidade social, refletindo sobre o modo de
produção capitalista, portanto, trata-se da ação criadora do sujeito frente a uma
sociabilidade opressora, de predomínio do Estado Penal burguês que
naturaliza e criminalizada a pobreza e as mais variadas formas de
desigualdades e injustiças.
Neste ínterim, cabe a ação dos intelectuais orgânicos, refletirem e
organizarem a coletividade, num movimento proletário entre explorado e
exploradores, visando as garantias legais e constitucionais, promovendo
engajamento e participação, refletindo no inexorável trabalho de base e
favorecendo a construção crítica acerca da sociedade burguesa de classes.

Referências Bibliográficas

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172

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prestação de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de
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119, 2020.

Sobre o Autor

Luiz Henrique Michelato


[email protected]
Bacharel em Serviço Social pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
Paranavaí\PR. Especialista em Gestão Social: Políticas Públicas, Redes e
Defesa de Direitos pela UNOPAR. Especialista em Geografia e
Desenvolvimento Regional: Natureza, Sociedade e Ensino de Geografia pela
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Especialista em Direito
Familiar e Sucessões pela Faculdade UNINA. Especialista em Saúde Pública
pela UniFatecie. Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela
UniFatecie. Estudante Especial do Mestrado em Serviço Social e Política Social
da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Estudante não-regular do
Mestrado em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
(2023). Cursando Licenciatura em Pedagogia pela UniFatecie (3/4). Autor de
onze livros publicados de forma independente. Professor dos cursos de Serviço
Social, Gerontologia e Gestão Hospitalar da UniFatecie. Assistente Social
(CRAS/CREAS/CASA LAR). Melhor Escritor do ano de Paranavaí-PR (2023).
Praça Distinto do Exército Brasileiro (2007). Criador do Projeto "Livro pro
Povo".

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