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Trilha 02 Neurociência nas organizações
Sumário
1 Introdução ao estudo da trilha de aprendizagem p. 4
2 Introdução da Neurociência nas organizações p. 6 3 Neurociência nas organizações – Aplicabilidades reais e possíveis p. 8 4 Síntese p. 23 5 Referências p. 25 4 Introdução ao estudo da trilha de aprendizagem
Na trilha passada, apresentei um breve histórico sobre a
neurociências, em que foi possível perceber os grandes avanços iniciados da segunda metade do século XX, em decorrência do desenvolvimento de tecnologias não- invasivas para a investigação do cérebro. Além disso, uma característica muito interessante da neurociência é que ela serve como zona de convergência entre pesquisadores de várias áreas do conhecimento. Por exemplo, nos primeiros anos de nosso século, deu-se o desenvolvimento de áreas interdisciplinares como a neurociência cognitiva social, a qual tem origem na junção entre neurociência cognitiva e psicologia social, além de integrar conhecimentos teorias oriundas de outros campos, como economia, etologia, sociologia e filosofia.
A própria neurociência cognitiva social tem, também,
servido como fonte para o desenvolvimento de outras áreas interdisciplinares de pesquisa, como a neurociência organizacional, que será o foco de nossa segunda trilha. A neurociência organizacional é uma área que investiga as bases neurofisiológicas da cognição, emoção e comportamento de pessoas em organizações, como empresas e indústrias, e tem origem na junção da neurociência cognitiva social, da neuroeconomia e do comportamento organizacional (BEUGRÉ, 2018). Explicando melhor cada uma dessas ciências: a neurociência social estuda o comportamento e a cognição sociais, ou seja, como o cérebro processa informações de âmbito social, como comunicação, atribuição social, influência social, empatia, julgamento moral, liderança, atratividade etc.; a neuroeconomia investiga as bases neurobiológicas do 5 processo decisório, tendo origem na união da economia comportamental com a neurociência cognitiva. Por fim, o comportamento organizacional é uma área desenvolvida a partir da segunda metade do século XX com origem nas ciências da administração, da sociologia e da psicologia, e que investiga os processos cognitivos e comportamentais humanos em organizações, como empresas e indústrias.
As pesquisas em comportamento organizacional têm
investigado uma pletora de temas que envolvem o comportamento humano dentro de organizações. Citando algumas, podemos ver pesquisas sobre produtividade, motivação, satisfação no trabalho, cultura e clima organizacional, comunicação de grupo e liderança, estresse no trabalho, entre tantas outras. Infelizmente, não será possível aprofundar todos os temas em comportamento organizacional, já que o foco dessa trilha é apresentar apenas as contribuições da neurociência para essa área. Mas caso você sinta grande interesse no tema, vou recomendar no plano de trilhas dois livros na bibliografia que estão na sua biblioteca digital.
+ Se você procurar por “comportamento organizacional” na
sua biblioteca digital, vai encontrar ao menos uma dúzia de livros sobre o tema. Lembre-se de explorar esse recurso e aproveitar os livros disponíveis. 6 Introdução da Neurociência nas organizações
Antes de começar a falar sobre neurociência organizacional,
aliás, antes de começarmos qualquer uma dessa e das próximas trilhas, vamos fazer um momento de reflexão. Vamos fazer um brainstorm, ou seja, sinta-se livre para criar ideias sem julgamento ou crítica. Pare e anote em seu caderno, ou no bloco de notas em seu computador, quais possíveis aplicações da neurociência você imaginaria dentro de uma organização.
Se quiser uma ajuda, tente se lembrar das três principais
contribuições da neurociência que eu apresentei na trilha passada: influência de processos automáticos como emoções ou heurísticas, na cognição e no comportamento, principalmente na forma de vieses; a detecção de atividade implícita do cérebro, que pode ser útil para investigar atividade cerebral associada a algum processo, como estilo de comunicação, nível de foco atencional ou de compreensão na comunicação; e as descobertas sobre plasticidade cerebral, as quais ajudam a aumentar a eficiência de aprendizagem e de processos cognitivos associados, como atenção e memória.
Deixe essas ideias que você anotou guardadas em um
lugar, a salvo. Ao longo de cada trilha, vou expor o que os principais artigos para cada uma das instituições que veremos têm proposto como aplicações já em prática, em desenvolvimento, ou possíveis em um futuro próximo. Ao final de cada trilha, compare o que foi feito até agora com o que você imaginou na sua brainstorm. Será que são ideias parecidas? Você pensou em coisas viáveis? Por meio de quais 7 técnicas ou métodos os estudos que você viu têm buscado implementar essa aplicação? E como você implementaria a sua ideia? Esse processo de fazer uma brainstorm e depois avaliar criticamente frente ao que autores na área propuseram vai ajudar você a desenvolver a habilidade de pensar criativamente e criticamente no tema, ajudando-o a compreender o que já foi feito e como foi feito. Durante a brainstorm, não se preocupe com certo ou errado, apenas desenvolva essa habilidade de pensar sobre aplicabilidade de neurociência em diferentes ambientes e situações, e compare com o que já vem sendo feito. Ao final desse componente, você vai aprender a pensar intuitivamente na aplicabilidade e viabilidade da neurociência para diferentes instituições. 8 Neurociência nas organizações – Aplicabilidades reais e possíveis
A neurociência tem sido a fonte de uma grande reformulação
nas ciências humanas e sociais, por elucidar os mecanismos cognitivos e afetivos associados a padrões comportamentais já investigados e descritos nessas áreas. Por exemplo, por mais que soubéssemos sobre desenvolvimento moral e percepção de justiça em crianças, não entendíamos bem se tal comportamento era algo associado a um pensamento próprio delas, ou apenas um comportamento esperado de acordo com a expectativa de adultos. Agora com a neurociência, identificamos um sinal no EEG associado à percepção automática (e muito rápida) de injustiça, o que nos permite investigar se crianças apresentam o mesmo padrão automático e a partir de qual idade. Fizemos uma investigação em nosso laboratório do Mackenzie que indicou que crianças de 8 anos já demonstraram perceber e compreender bem injustiça, reagindo com padrão eletrofisiológico similar ao de adultos (RÊGO et al., 2016). + Constructo é um termo que designa uma elaboração Enquanto muitos modelos nas ciências humanas foram teórica e mental desenvolvidos a partir de experimentos comportamentais, para definir algum os mecanismos neurofisiológicos associados a tais fenômeno não comportamentos ainda eram relativamente desconhecidos, mensurável de sendo então difícil elaborar modelos precisos que pudessem forma objetiva. Por explicar e prever o comportamento. A dificuldade pode exemplo, ideias como motivação, ser considerada ainda maior nos modelos psicológicos ou consciência, são com base em constructos, como aqueles sobre traços de constructos. personalidade ou aspectos motivacionais. 9 Eu posso, por exemplo, fazer um teste psicológico que tente medir nível de neuroticismo de uma pessoa, no qual ela responderá algumas perguntas que indicarão seu nível nesse traço de personalidade. Mas isso depende da forma como alguém responda o teste, e isso implica que essa pessoa poderia mentir ou errar, de forma intencional ou mesmo por engano, por querer ser vista por outros de maneira mais aceitável (os psicólogos chamam isso de desejabilidade social), ou mesmo por acreditar piamente ser de um jeito que não corresponde ao que outras pessoas pensam. Nesse caso, seria bem mais preciso se eu conseguisse, por exemplo, identificar algum sinal do organismo mais objetivo que pudesse me indicar a mesma informação de neuroticismo e que não dependesse de sua resposta. Uma comparação seria tentar averiguar se alguém tem diabetes e decidir o que seria melhor: perguntar sobre o quê, quando e quanto alguém tem comido ou fazer um teste de sangue?
! Desta forma, uma das principais contribuições da
neurociência é, por meio do registro de sinais do sistema nervoso, estabelecer marcadores somáticos (ou seja, sinais fisiológicos) para detectar processos outrora intangíveis. Assim, ela tem possibilitado detectar dados que são complementares aos dados comportamentais, permitindo assim sugerir modelos teóricos mais elaborados que levam em conta não apenas fatores ambientais sobre o comportamento, mas fatores neurofisiológicos como nível e padrão de atividade do encéfalo, influência de neurotransmissores, de hormônios etc. O registro de sinais do sistema nervoso central e periférico, associado às medidas da psicometria já estabelecidas nas ciências humanas (ex.: testes psicológicos para traços de personalidade), permite auferir medidas mais objetivas desses constructos, identificando uma base física e material para identificá-los e explicá-los (WALDMAN; WARD; BECKER, 2017).
Um exemplo é o estudo da Hannah e colaboradores (2013),
que utilizou de técnica de análise de frequência no EEG para 10 investigar sinais do cérebro associados a liderança complexa. Nesse estudo, eles identificaram baixa coerência em banda alfa nos lobos frontais associados à liderança complexa, sendo esse sinal de EEG excelente preditor da capacidade de tomada de decisão adaptativa nos líderes avaliados.
Contudo, antes de prosseguirmos para outros exemplos,
uma ressalva: o uso das técnicas em neurociência para identificar marcadores neurofisiológicos de processos mentais ou afetivos ainda tem uma jornada longa pela frente. Por mais que eu consiga detectar sinais neurofisiológicos e relacioná-los a processos cognitivos ou afetivos, ainda é difícil utilizar isso para comparar objetivamente duas pessoas, ou comparar uma pessoa com a população. Para isso, eu precisaria desenvolver um parâmetro que pudesse servir de referência, como, por exemplo, obter um dado de toda a população ou utilizar métodos de correção para tornar o sinal de duas pessoas comparáveis.
Um exemplo com dilatação pupilar: se minha pupila varia
em diâmetro entre 1 e 5 mm, e a do meu colega entre 1,5 e 7 mm, como poderia comparar diretamente a dilatação dos dois? Como disse, existem métodos estatísticos para corrigir isso (como escore Z), mas o problema ainda é maior quando falamos de processos do cérebro detectados por fMRI ou EEG, já que a atividade cerebral é dinâmica, envolve redes com várias áreas, e que também pode apresentar distinção entre as pessoas. Então, por enquanto, seguimos com relativa dificuldade em achar um método que consiga mensurar e comparar objetivamente quem, dentre um casal, ama mais o outro.
Apesar dessa ressalva quanto à comparação entre pessoas,
todos as vantagens acima apresentadas são válidas também para a neurociência organizacional. Como nos apresentam Waldman, Ward e Becker (2017), a neurociência permitirá conhecer mais a fundo os constructos que são utilizados em comportamento organizacional, como liderança ou motivação. Além disso, a neurociência pode informar se tais 11 constructos, de alguma forma, podem ser sobrepostos ou distintos – ou seja, pode ser que constructos que parecem e tenham nomes diferentes são similares em suas bases neurofisiológicas (falácia de jangle), ou constructos que parecem similares ou tenham um mesmo nome são na verdade distintos (chamado de falácia de jingle). Além disso, uma vez que você adiciona as variáveis neurofisiológicas para descrever um comportamento, fica mais fácil explicá-lo e prevê-lo. Testes comportamentais e explícitos são falíveis e passíveis de erros, ainda mais dentro de um ambiente de trabalho, em razão da desejabilidade social. É similar àquela piada que fazem sobre um teste de seleção para emprego: o entrevistador pergunta ao candidato, “qual seu maior defeito?”, e a resposta é “ser perfeccionista”. Uma outra consequência de conseguir explicar e prever com maior precisão um constructo por meio de método neurocientífico seria utilizar tais métodos para guiar um treinamento de forma mais efetiva. Por exemplo, se eu identifico um padrão cerebral associado à liderança, poderia usar essa informação também como avaliação pré e pós treinamento para saber se alguém realmente melhorou nesse domínio.
Por fim, os métodos neurocientíficos permitem avaliar
processos dinâmicos com grande precisão temporal e de forma concomitante ao processo sendo avaliado. Por exemplo, digamos que eu queira avaliar a interação de um grupo enquanto eles criam alguma coisa. Por meio de EEG, eu posso acompanhar a atividade cerebral de dois ou mais pessoas ao mesmo tempo e cruzar a informação por meio de análises em grupo (ex.: método de correlação intersujeito). O mesmo não poderia ser feito com escalas comportamentais ou entrevista. Nesse caso, eu teria que esperar o final da interação e perguntar para cada um a sua impressão, não sendo possível assim detectar mudanças sutis e rápidas nos processos mentais associados à complexa dinâmica de interação ou de criação. No EEG, esses métodos são chamados de EEG intersujeitos ou, simplesmente, hiperescaneamento (do inglês hyperscanning). Novamente, é possível fazer a correlação entre dados de duas ou mais 12 pessoas, a dificuldade é conseguir comparar duas ou mais pessoas de forma objetiva (mesmo assim, não é impossível).
Neurociência organizacional: principais técnicas
utilizadas
Os estudos em neurociência organizacional têm utilizado
principalmente técnicas derivadas de ressonância magnética e de eletroencefalografia. Quanto à ressonância magnética, os estudos têm utilizado avaliação funcional por meio de ressonância magnética funcional (IRMf), e avaliação estrutural por meio de ressonância magnética e tractografia (imageamento por tensor de difusão, ou ITD). A IRMf avalia o sinal BOLD, que indica utilização de oxigênio em regiões do cérebro, sinalizando assim indiretamente a atividade metabólica de regiões do encéfalo. Dessa forma, é possível ver quais regiões do cérebro estão mais ou menos ativas em resposta a algum estímulo. A ressonância magnética avalia a estrutura de substâncias cinzentas (como largura ou densidade cortical), enquanto a tractografia investiga a integridade de tratos (termo dado a vias neurais, união de milhares ou milhões de axônios), indicando organização e conectividade neural entre áreas do cérebro.
Quanto ao EEG, tem se utilizado principalmente técnicas de
EEG quantitativo, nome dado a métodos de coleta e análise que envolvem registro de EEG digital (computadorizado) e com vários eletrodos (ex.: EEG de alta densidade), e análises complexas e computadorizadas para processamento dos dados, resultando em detecção de variação no poder de bandas de frequência (teta, delta, alfa, beta e gama) em regiões do escalpe ou do cérebro, e na coerência de tais bandas entre regiões de eletrodos ou cérebro. Além disso, outro método é o hiperescaneamento, que avalia EEG de duas ou mais pessoas e correlaciona seus dados.
! Resumindo e traduzindo de forma simples: é como se
estivéssemos observando uma orquestra, para entender como cada banda de frequência, que equivale a entender 13 qual nota ou melodia está sendo tocada, ocorre em uma região do escalpe ou cérebro, que equivale a saber qual músico ou área da orquestra está tocando. Com o acúmulo de dados de EEG, poderemos aprender a reconhecer qual música a orquestra está tocando, e a qual processo mental isso está relacionado. Quando eu digo região do escalpe, é porque no EEG geralmente identificamos algum padrão de frequência em eletrodos “frontais”, “parietais”, “temporais” etc. Isso indica em qual região do escalpe (da cabeça) está o eletrodo que detectou aquele sinal, o que não significa necessariamente que a atividade está vindo de regiões cerebrais diretamente abaixo (TIVADAR & MURRAY, 2019).
Neurociência organizacional: avaliação intrínseca ou
reflexiva
Os dados obtidos por meio de técnicas da neurociência
podem ser divididos em duas categorias: dados intrínsecos e dados reflexivos. Os dados intrínsecos são aqueles associados a características estáveis do cérebro, e dizem respeito tanto a aspectos estruturais quanto funcionais. Para avaliar isso, faz-se uma avaliação em repouso do sujeito para avaliar como é sua atividade cerebral “padrão”, e de que maneira isso se relaciona a características individuais e estáveis da cognição, afeto e comportamento. Lembre-se: o fato de alguém estar em repouso não significa que o cérebro está parado. Só quer dizer que ela não tem que fazer nada específico enquanto tem sua atividade cerebral registrada.
Os dados reflexivos avaliam características funcionais
da atividade cerebral em resposta a algum estímulo ou durante alguma atividade específica. Nesse caso, o sujeito está respondendo a alguma demanda do ambiente, e se avalia de que maneira o cérebro reage para gerar alguma percepção ou comportamento. A seguir, vou apresentar os experimentos intrínsecos e reflexivos apresentados no artigo guia de nosso e-book, uma revisão sobre neurociência organizacional (WALDMAN; WARD; BECKER, 2017). 14 Neurociência organizacional: estudos com avaliação intrínseca
Vamos agora apresentar alguns estudos feitos por meio de
avaliação intrínseca, ou seja, os participantes dos estudos que apresentarei foram coletados em repouso. Além disso, vou apresentar os achados de forma sucinta. Caso você tenha interesse em aprofundar as interpretações de algum resultado em específico, recomendo buscar o artigo da citação nas referências, ao final desse e-book.
Um dos primeiros estudos identificados por Waldman, Ward
e Becker (2017) foi um estudo de Peterson e colaboradores (2008), que investigou a associação entre padrão de EEG quantitativo e nível de capital psicológico, um constructo que diz respeito a um conjunto de características de liderança como esperança, resiliência, confiança e otimismo, e que é preditor de performance de líderes. Nesse estudo, Peterson identificou que maiores níveis de capital psicológico estavam associados com maior ativação de córtex pré-frontal esquerdo durante repouso, enquanto menores níveis de capital psicológico estavam associados a maior ativação de córtex pré-frontal e amígadala do hemisfério direito, ativação associada pelos autores do estudo a emoções de valência negativa como ansiedade ou medo, assim como à sua regulação.
Balthazard e colaboradores (2012) investigaram, por meio
de EEG em repouso, diferenças na atividade neural entre líderes transformacionais e não-transformacionais. Para isto, aplicaram o questionário de liderança multifator para colegas e funcionários de 200 líderes, um instrumento utilizado para identificar características de um líder transformacional. Por meio de análise discriminante, técnica usada para classificar dados (nesse caso, os dados de EEG) de acordo com algum critério (nesse caso, o perfil no MQL), os autores do estudo identificaram que o EEG conseguia classificar adequadamente líderes transformacionais com 92,5% de acurácia. Além disso, eles identificaram que 15 líderes tendiam a apresentavam maior atividade em lobo frontal do cérebro, indicando possivelmente utilização mais eficiente de recursos cognitivos elaborados associados a essa região, como funções executivas e habilidades de regulação. Os autores sugerem que os dados identificados são assimetricamente opostos aos dados identificados em pessoas ansiosas, sugerindo que líderes transformacionais tendem a manter a calma e controlar emoções durante situações de maior estresse.
O estudo da Hannah e colaboradores (2013), citado no início
desse nosso e-book, comparou perfil eletrofisiológico e comportamental, por meio de EEG em repouso e de questionário por auto-relato, respectivamente, de líderes militares com alto e baixo grau de liderança complexa. Ambas as medidas de EEG e de teste comportamental para liderança complexa foram bons preditores de tomada de decisão adaptativa, essencial para organizações em cenários complexos e dinâmicos. Líderes militares com maior grau de complexidade apresentaram menor coerência em banda alfa em regiões do pré-frontal (áreas ventromedial, dorsolateral e cingulado anterior), sugerindo utilização de recursos cognitivos mais elaborados durante processo decisório. Curiosamente, o teste de EEG foi complementar ao comportamental para explicar a tomada de decisão adaptativa, ou seja, um não substituiu o outro, mas ambos elucidaram aspectos diferentes do processo decisório. Além disso, esse estudo sugere que os padrões de EEG identificados podem servir tanto como forma complementar de avaliar liderança complexa (além do teste psicométrico) como guia para avaliar treinamentos dessa habilidade, como se fosse um “termômetro”.
Um outro estudo por Waldman, Balthazard e Peterson (2011)
investigou padrão de EEG associado a liderança visionária de teor social em comparação à não-social. Os líderes com maior grau de liderança visionária social foram elencados como mais inspiradores e carismáticos. Além disso, tais líderes demonstraram maior conectividade neural em áreas do pré- 16 frontal direito. Outro estudo por Waldman e colaboradores (2017b) identificou que algumas características da rede neural em modo padrão eram preditoras de liderança ética.
! Em suma, os estudos aqui apresentados demonstraram que
as medidas eletrofisiológicas em repouso eram preditoras de habilidades associadas a liderança, podendo servir como método para avaliação destas em casos de treinamento. Além disso, a partir dos dados eletrofisiológicos, foi possível interpretar de que forma áreas envolvidas com emoções (ex.: amígdala) ou com controle cognitivo (ex.: pré-frontal dorsolateral) poderiam estar associadas a características de liderança, permitindo elucidar melhor seus mecanismos.
Neurociência organizacional: estudos com avaliação
reflexiva
Vou agora listar os estudos reflexivos, os quais avaliaram a
atividade neural em resposta a algum estímulo. Um estudo de Waldman e colaboradores (2015) investigou a atividade cerebral corrente de vários times de estudantes de MBA para associar com características de liderança emergente, ou seja, quando pessoas assumem papel de liderança de forma espontânea. Em cada um dos times avaliados, o EEG foi calibrado para cada indivíduo, de forma que indicasse níveis altos e baixos de atenção e ativação fisiológica (quão + O experimento desperto ou “ligado” alguém está), de modo a normalizar com os estudantes de MBA foi esses dados e poder comparar com níveis de atenção e surpreendente ativação dos outros indivíduos do time. porque foi o mais “natural” e próximo O time era então convidado a resolver um caso hipotético da realidade de responsabilidade social da empresa. Ao final da reunião, possível. Quando um experimento, os participantes do time respondiam um questionário seja por seu sobre liderança emergente, sinalizando os indivíduos que método ou por seus assumiram o papel de líder. Os autores do estudo analisaram instrumentos, simula os dados de EEG e perceberam que os líderes emergentes situações próximas eliciavam naturalmente maior atenção e ativação das pessoas do cotidiano (ou naturais), diz-se do time quando falavam. O EEG foi excelente nesse caso, que tem validade pois não atrapalhou o desempenho do time e permitiu ver ecológica. flutuação de atenção e ativação ao longo do experimento. 17 Na mesma linha do estudo de Waldman e colaboradores (2015), um outro experimento de Stevens e colaboradores (2012) investigou a interação entre membros de equipes de marinheiros de submarino por meio de EEG quantitativo. Analisando padrão de sincronização de EEG entre os membros de cada equipe durante uma tarefa de navegação, esse estudo identificou maior engajamento sincronizado do time em diferentes bandas, como alfa e gama, respectivamente, nos períodos com rotina ou mudança de atividade. Times com maior resiliência (medida comportamental feita por um avaliador externo) demonstraram períodos mais curtos e de menor magnitude na sincronização do EEG, em comparação aos times menos resilientes, o que pode estar associado a maior flexibilidade cognitiva por parte daqueles.
Os outros experimentos citados por Waldman, Ward e Beck
(2017) foram feitos com IRMf. Um primeiro, de Boyatzis e colaboradores (2012), pediu para executivos lembrarem de líderes ressonantes ou dissonantes, enquanto investigava padrão de ativação de regiões de seus cérebros, em particular de regiões envolvidas com a rede neural em modo padrão (RNMP). O padrão de ativação nos dois casos foi bem distinto: no caso de líderes ressonantes, houve persistência da atividade de RNMP, além de maior atividade de regiões associadas a emoções positivas; enquanto para os líderes dissonantes houve diminuição de atividade de RNMP e aumento de atividades associadas a emoções negativas.
! Outros dois experimentos investigaram o efeito de ouvir
discursos de liderança inspiradora em comparação a não-inspiradora na atividade cerebral, também por meio de IMRf. O primeiro experimento foi realizado por Jack e colaboradores (2013) e investigou participantes na ressonância magnética funcional enquanto ouviam uma sessão de coaching que foi classificada por eles como inspiradora ou não-inspiradora. Os pesquisadores detectaram atividade cerebral distinta entre os dois tipos de mensagens, com atividade associada a processamento 18 global de informação e abertura social e emocional para mensagens inspiradoras (ativação bilateral em área occipital e região temporal posterior), além de atividade cerebral associada a emoções negativas e comportamento de evitação em resposta às mensagens não-inspiradoras (com ativação de ínsula e atividade assimétrica do pré-frontal).
O outro estudo sobre liderança inspiradora foi realizado por
Molenberghs e colaboradores (2015) e investigou o efeito em participantes de discurso inspirador (com foco no coletivo) e não-inspirador (com foco egocêntrico) de líderes que poderiam ser do endogrupo (do inglês ingroup) e do exogrupo (do inglês outgroup). Os pesquisadores perceberam que ambos os discursos inspiradores de líderes do endogrupo e discursos não-inspiradores de líderes do exogrupo levaram a maior atividade de regiões do cérebro associadas a processamento semântico (áreas do frontal e temporal esquerdo), o que levou a maior significado pessoal e memorização dessas mensagens. Importante atentar que mensagens inspiradoras do líder do endogrupo eliciaram emoções positivas, enquanto mensagens não-motivadoras do líder do exogrupo eliciaram emoções negativas.
Essa diferença no tipo de mensagem atentada entre líderes
do endogrupo e do exogrupo ocorreu possivelmente por estar de acordo com as expectativas dos participantes de que seus líderes seriam mais carismáticos e inspiradores, enquanto os líderes de grupos externos seriam o oposto. Quando líderes do endogrupo apresentaram discursos não-inspiradores, isso levou à ativação de áreas envolvidas com deliberação cognitiva, sugerindo possivelmente que eles estavam avaliando as intenções desse líder. Mensagens inspiradoras de líderes do exogrupo eram simplesmente ignoradas.
+ Os seres humanos utilizam processos cognitivos, afetivos
e comportamentais distintos quando interagem com pessoas do endogrupo e do exogrupo. Endogrupo são aqueles grupos sociais com os quais nos identificamos e temos afinidade afetiva, tanto grupos que já pertencemos 19 quanto aqueles que gostaríamos de pertencer. Exogrupos são grupos que acreditamos ser diferentes de nós, e com os quais não temos identificação e pelo qual não nutrimos afeto, ou podemos até mesmo sentir aversão. No geral, demonstramos favoritismo por pessoas do endogrupo, e situações de conflito ou de competição por recurso podem levar ao exacerbamento dessa distinção que sentimos entre endo e exogrupo. Também percebemos ações do endrogrupo como mais justas e mais corretas, enquanto tendemos a perceber mais ações erradas ou injustas do exogrupo. Entendeu agora por que você e seu amigo que torce para outro time parecem não se entender quando vão relembrar aquela partida de futebol decisiva?
Por fim, outros estudos realizados em outras áreas da
neurociência têm servido para criar insights dentro da neurociência organizacional, como os estudos com tomada de decisão, estilos de justiça, padrão de agressividade em resposta à supressão de emoções negativas, entre outros (WALDMAN; WARD; BECKER, 2017).
Neurociência organizacional: Futuros possíveis
Tendo em vista o que foi pesquisado, é possível indicar
quais os desafios e projetos para a neurociência organizacional no futuro. Primeiramente, os estudos supracitados são relativamente recentes, ou seja, ainda temos um longo caminho de pesquisas pela frente. Tais estudos têm demonstrado que um dos principais tópicos da neurociência organizacional é a investigação das bases neurofisiológicas de constructos como motivação, liderança, tomada de decisão etc. A partir de tais bases, será possível derivar quais processos afetivos e cognitivos estão envolvidos com cada um desses constructos por meio da atividade de algumas áreas ou redes neurais específicas, como, por exemplo, ínsula, amígdala ou regiões do pré- frontal. Desta forma, é de se esperar que os estudos no futuro tendam cada vez mais a esmiuçar, por meio de EEG e IRMf, dados neurofisiológicos que ajudem a identificar 20 e caracterizar tais constructos, e sirvam como forma de rastreio fácil e rápido para avaliar a eficiência de treinamentos, testar desempenho de profissionais perante situações simuladas para identificar talentos, ou mesmo utilizar para rastreio de pessoas com perfil antissocial e que possam representar risco para uma equipe ou instituição.
Outra contribuição notável na área são os poucos
experimentos com EEG em grupo, avaliando sinais que consigam representar desempenho de times. Avaliação simultânea de um grupo é algo complexo, até mesmo por métodos comportamentais, pois depende de relato do próprio time ou de avaliação de comportamento por terceiros, e em ambos os casos existem vieses que podem comprometer uma medição objetiva. Por isso, as técnicas de hiperescaneamento com EEG têm permitido uma avaliação em tempo real de sinais eletrofisiológicos que indicam nível de engajamento atencional e memorização, ou ainda por avaliação de medidas como sincronização de EEG. Estes dados podem ser correlacionados com o sucesso do grupo em resolver um problema em equipe, ou com a identificação de papéis de liderança, ou de reações emocionais associadas ao processo como um todo. Dessa forma, é possível imaginar nos próximos anos o aumento de pesquisas que investiguem desempenho em grupo, ainda mais devido ao aumento do poder computacional e do barateamento de tecnologias de EEG. O hiperescaneamento poderá, também, ser feito por meio de IRMf, apesar de os experimentos com EEG serem mais ecológicos e baratos.
Neurociência organizacional: Questões éticas e outros
desafios
! É importante apresentar algumas questões éticas envolvidas
com a aplicação de métodos neurocientíficos no âmbito organizacional. A questão mais importante e comum a qualquer instituição onde se aplique neurociência tem a ver com a forma que os dados obtidos serão utilizados. 21 É importante lembrar que tais dados são implícitos, e que alguns desses dados podem ser captados sem consentimento da pessoa. Por exemplo, uma empresa poderia propor um teste para avaliar liderança e, ao mesmo tempo, obter dados que sugerissem a presença de algum transtorno ou alteração que o participante não gostaria de expor. Ou também é possível que, no futuro, tais dados neurocientíficos sejam usados como forma de discriminar pessoas em um processo de seleção para um cargo em uma empresa (WALDMAN; WARD; BECKER, 2017).
Por exemplo, no futuro poderemos rastrear padrões de
atividade cerebral que sinalizem maiores riscos de alguém desenvolver transtornos psiquiátricos como ansiedade ou depressão, e uma empresa poderia barrar de forma ilícita a contratação de alguém só por causa desse risco. Outras questões seriam sobre a obrigação de submeter funcionários a testes dessa natureza, sendo necessário criar leis para regular como e quando as empresas poderiam fazer isso, e como poderiam armazenar ou utilizar tais dados. Pode parecer um absurdo hoje, mas não é improvável que o advento da inteligência artificial, da computação quântica e de sistemas de IRMf mais compactos permitam no futuro coisas como visualizar o que uma pessoa está imaginando ou pensando (ex.: SCHOENMAKERS et al., 2013).
Além dessa questão ética, existem alguns desafios para
conseguir implementar adequadamente os conhecimentos científicos nas organizações. Um deles é o reducionismo excessivo, de forma a achar que a neurociência vai solucionar todas as questões e problemas das organizações. É importante lembrar que muitas vezes a própria psicologia já explica tão bem ou melhor muitos dos problemas nessa área, já que podem ser resolvidos com pesquisas comportamentais. Lembre-se: cada problema tem uma solução específica, com métodos específicos, e nem tudo a neurociência vai resolver. Além disso, a utilização de métodos neurocientíficos é muito cara e trabalhosa, sendo muitas vezes proibitivo o valor de utilizar tais métodos. 22 Nesses casos, seria melhor investir em uma pesquisa comportamental bem-feita e com uma amostra muito maior (WALDMAN; WARD; BECKER, 2017).
Existe ainda o risco de a neurociência confundir mais do
que explicar, por meio de interpretação errada dos seus dados, como ocorre nos casos de inferência inversa. O que é inferência inversa? Vou dar um exemplo que vai deixar claro. Em uma pesquisa sobre dor social, eu detectei que a ínsula anterior estava mais ativada. Depois, em outra pesquisa sobre injustiça, detectei que a mesma região da ínsula estava novamente mais ativada e, devido ao experimento passado, atribuo essa ativação ao participante ter, de alguma forma, sentido dor. Nesse caso, eu fiz uma inferência inversa, ou seja, a partir de um dado específico sobre uma área do cérebro, infiro que, se ela está ativa, o mesmo processo deve estar ocorrendo.
Contudo, o cérebro funciona com a atividade em rede
de várias regiões e muitas vezes uma mesma área está envolvida em diversas funções, como é o caso da própria ínsula. A amígdala, por exemplo, não ativa só para risco ou medo, mas inclusive para emoções positivas também. Os próprios estudos aqui apresentados nesse e-book exigem cautela, uma vez que são estudos preliminares e podem estar interpretando os dados neurofisiológicos de forma inadequada, cometendo esse viés de inferência inversa ou reversa (NATHAN & DEL PINAL, 2017). 23 Síntese
Neste e-book, tivemos uma primeira experiência da
aplicação da neurociência em uma instituição. Nesse caso, em organizações de trabalho como empresas ou indústrias. Foi possível demonstrar que uma das principais vantagens de utilizar técnicas neurocientíficas é conseguir detectar as bases neurofisiológicas de constructos como motivação, habilidades de liderança. Isso tem permitido idealizar que, em breve, poderemos ter indicadores biológicos (chamei de marcadores somáticos) de muitas dessas habilidades que são avaliadas por meio comportamental. Uma das claras vantagens disso é conseguir avaliar de forma mais precisa essas habilidades, tendo em vista que a resposta comportamental é passível de erros ou engodos.
Também demonstramos as principais técnicas utilizadas, de
IRMf e EEG quantitativo. Elas têm sido aplicadas para dois tipos principais de estudos, avaliação intrínseca e reflexiva. A primeira para buscar características estáveis da atividade cerebral, sendo registrada com o paciente em repouso e depois associada a alguma característica dele (ex.: traço de personalidade), e a segunda utilizada para investigar a atividade cerebral em resposta a algum estímulo ou demanda do ambiente. Demos alguns exemplos dos estudos na área apresentados no trabalho de Waldman, Ward e Becker (2017). Por exemplo, vimos a investigação das bases neurobiológicas de liderança complexa, carismática e inspiradora, ou então a avaliação de EEG de times solucionando problemas, para identificar sinais que representem times resilientes ou apontem formação espontânea de líderes.
Por fim, debatemos também alguns problemas éticos reais,
como o uso de dados implícitos obtidos de participantes e que podem ser usados de forma a discriminá-los, prejudicando-os em uma seleção ou avaliação. Como todo 24 e qualquer conhecimento científico, é possível aplicá-lo para coisas benéficas ou para o mal. Também falamos dos desafios, principalmente do reducionismo excessivo e da interpretação inadequada por meio de inferência inversa.
Agora que terminamos, tome um tempo pensando bem
nessas ideias que aqui apresentei. Pegue as ideias do seu brainstorm e pense agora em quais seriam viáveis, de que maneira essas ideias poderiam ser implementadas, e onde e como poderiam ser aplicadas. Além disso, quais outros riscos e vantagens você imaginaria para a neurociência nas organizações? Anote isso tudo em um caderno, lembre-se de que teremos um fórum na semana da sexta trilha, em que vamos debater todas essas ideias em detalhes. Boa semana e bons estudos! 25 Referências
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