Love in the dark
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Todos os dias, em algum lugar do mundo, ocorrem por volta de cinquenta terremotos fortes o
bastante para serem sentidos. A cada poucos dias, ocorre um grande o suficiente para causar danos a
estruturas. Cada um desses eventos gera ondas sísmicas que se propagam em todas as direções.
Sismologia é a ciência que estuda essas ondas, os mecanismos que as geram e o meio pelo qual se
propagam.
As ondas sísmicas são uma das ferramentas mais poderosas de que os geofísicos dispõe para
estudar a estrutura interna da Terra. É graças a elas, por exemplo, que sabemos que abaixo do manto
rochoso sólido existe uma camada de metal liquido ao redor de um núcleo metálico sólido (ver figura
1).
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Os terremotos também trouxeram contribuições muito importantes para a teoria da Tectônica
de Placas, permitindo, dentre muitas outras coisas, demarcar as bordas das placas litosféricas (ver
figura 2).
A mesma teoria usada para entender as ondas geradas por terremotos também é aplicada em
menor escala nos métodos sísmicos, que são de vital importância na exploração de recursos naturais,
como os hidrocarbonetos, dos quais ainda somos muito dependentes. Ainda que o petróleo esteja
sendo gradualmente substituído por fontes alternativas de energias que sejam renováveis e não
causem danos (ou causem bem menos) ao meio ambiente, ele ainda é de vital importância no
mundo atual e sua exploração, provavelmente, seria inviável sem o uso dos métodos sísmicos.
Além do conhecimento acadêmico, o estudo dos sismos também tem sua importância pelo
fato de eles serem responsáveis por eventos potencialmente catastróficos quando possuem grande
magnitude e ocorrem próximos a áreas habitadas (ver figura 3). Saber qual a probabilidade de um
determinado local ser atingido por um terremoto em um dado intervalo de tempo permite um
melhor planejamento do tipo de estrutura que deve ser construída e qual resistência ela deve ter
dependendo do nível de risco que se considere aceitável.
Embora não exista nenhuma forma de prever com precisão onde e, principalmente, quando
terremotos irão ocorrer, um sistema de detecção ágil permite emitir alertas quando há riscos de
tsunamis, como o de Sumatra, em 2004, que matou centenas de milhares de pessoas. Após esse
evento, o governo da Indonésia pediu auxílio ao governo alemão para criar um sistema de
monitoramento e detecção em tempo real. O software criado chama-se SeisComp (ver figura 4) e é
utilizado atualmente em vários centros de sismologia mundo afora, incluindo o do IAG-USP.
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Figura 4: Janela do sistema SeisComp3 mostrando as ondas registradas em várias estações (janela na parte
inferior da figura) que foram utilizadas para localizar o sismo ocorrido no Mediterrâneo (mapa na parte
superior da figura) (fonte: https://www.seiscomp3.org).
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Figura 5: Sismicidade no Brasil desde 1720 até a época atual. Os epicentros são representados por círculos.
Os azuis são sismos muito antigos, cujas localizações e magnitudes foram estimadas através de relatos
históricos. As circunferências em preto mostram terremotos externos o catálogo, mas que foram sentidos no
Brasil (fonte: http://amazoniareal.com.br).
Além disso, a rede permanente nos permite realizar diversos estudos da litosfera e do manto
sob o Brasil, além da elaboração de mapas de risco sísmico que auxiliarão a reduzir as chances de
acidentes com danos sociais e ambientais, como o rompimento da barragem em Mariana, no final
de 2015.
Para refletir…
Sismos maiores são mais raros, porém são sentidos a uma distância também maior.
Eventos menores são mais comuns, mas seus efeitos tem alcance bem mais limitado.
Você acha que mais provável sentir um sismo grande ou um pequeno?