3 PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO

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1- AÇÕES DE AUTORIA DO FISCO

1.1 – AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL

1.1. 1Considerações Gerais

Ao longo do curso, vimos que há vários marcos importantes que devem ser
transpostos para que haja o pagamento de uma obrigação tributária.
Relembremos esses marcos através do gráfico que colacionamos abaixo:

Ocorrência da Constituição do
Instituição do
obrigação crédito
tributo
tributária tributário

Pagamento
Ajuizamento Ausência de
Inscrição em voluntário
da execução pagamento
dívida ativa
fiscal

Extinção do
crédito
tributário

Como se pode observar, quando não ocorre nenhuma intercorrência,


como o surgimento de hipóteses de suspensão ou mesmo de extinção do
crédito, o fluxo é o seguinte: primeiro, instituise o tributo, com respeito a todos
os mandamentos constitucionais e limitações ao poder de tributar; em seguida
nasce a obrigação tributária, quando o evento previsto pela hipótese de
incidência da regra-matriz ocorre no mundo real; ocorrida a obrigação tributária,
nasce o crédito tributário, normalmente através do lançamento tributário.

A partir daí, surgem dois caminhos diferentes: se o sujeito passivo pagar


a quantia apurada, ocorre a extinção do crédito tributário. Por outro lado, se o
sujeito passivo não a pagar, pode a Fazenda Nacional inscrever esse crédito
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em dívida ativa e promover o ajuizamento da Execução Fiscal. A partir de


agora, nós trataremos especificamente da ação de execução fiscal,
regulamentada pela Lei 6.830/1980, e que traz procedimento específico para
cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública.

1.1..2 Objeto e legitimidade ativa

Os artigos 1º e 2º da Lei de Execuções Fiscais dispõem no seguinte


sentido:

Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos


Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será
regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como


tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as
alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal

Como se pode observar, a LEF se aplica no caso de execuções de


créditos inscritos em dívida ativa, sejam os créditos de natureza tributária ou
não tributária.

A Lei 4.320/64 define o conceito de dívida ativa:

Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não


tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem
arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. (Redação dada pelo
Decreto Lei nº 1.735, de 1979)

§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo


para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida
Ativa, em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a
respectiva receita será escriturada a esse título. (Incluído pelo Decreto Lei nº
1.735, de 1979)

§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza,


proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e
multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda
Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios,
contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza,
exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas
processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos,
indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis
definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em
moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia,
de contratos em geral ou de outras obrigações legais. (Incluído pelo Decreto
Lei nº 1.735, de 1979)
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Parte do §2º foi revogado pela Constituição Federal de 1988. Ao


contrário do que diz o dispositivo, os créditos provenientes de empréstimos
compulsórios, contribuições especiais e custas processuais possuem natureza
tributária.

Quanto à legitimidade ativa, embora a lei tenha elencado expressamente


apenas as entidades federativas e as autarquias como aptas para ingressar
com ações de execução fiscal, o fato é que a legitimidade é mais ampla do que
se pode supor em um primeiro momento, porque engloba todas aquelas
entidades que tem como atribuição cobrar créditos inscritos em dívida ativa.

Assim, pode-se apontar como parte legítimas: a) a União, os Estados, o


Distrito Federal e os municípios; b) as autarquias; c) as fundações públicas; d)
os conselhos de fiscalização de profissões, com relação à cobrança das
anuidades atinentes às contribuições instituídas com base no artigo 149 da
Constituição Federal.

Com relação à OAB, tem prevalecido o entendimento de que ela não


tem legitimidade ativa para ingressar com ações de execução fiscal, por não
ser propriamente um conselho de fiscalização de profissão, mas uma entidade
sui generis.

No que tange ao TCU, o artigo 71, §3º, da Constituição Federal,


determina que suas decisões que imputem débito ou multa têm eficácia de
título executivo. Nessa esteira, tem predominado o entendimento de que é
desnecessária a sua inscrição em dívida ativa, porque a próprio texto
constitucional já lhe confere os predicados necessários para o ingresso da
ação executiva. O detalhe é que, por nesses casos não ser realizada a
inscrição em dívida ativa da multa imposta, tem predominado o entendimento
de que a execução deve seguir o rito estabelecido pelo Código de Processo
Civil, e não o rito da lei de execuções fiscais (REsp 1.390.993/RJ, SEGUNDA
TURMA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 17.9.2013).

1.1.3 Legitimidade passiva

O artigo 4º da Lei 6.830/80 dispõe sobre a legitimidade passiva nas


ações de execução fiscal:

Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:


I - o devedor;
II - o fiador;
III - o espólio;
IV - a massa;
V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de
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pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado; e VI - os sucessores a


qualquer título.[...]

Como se pode observar, a legitimidade passiva é bastante ampla,


porque engloba todos aqueles que podem ocupar o polo passivo de uma
relação jurídica obrigacional cujos créditos possam ser inscritos em dívida
ativa.

Adotando-se a teoria dualista das obrigações, e tendo como pano de


fundo os créditos de natureza tributária, podemos afirmar que o dispositivo
arrola tanto quem tem o débito e a responsabilidade pelo pagamento da
quantia apurada, quanto aqueles que, embora não tenham o débito, possuem a
obrigação de arcar com a sua quantia, seja em razão de expressa disposição
legal ou por meio de contrato.

O devedor (inciso i) é o contribuinte, que tem o débito e a


responsabilidade pelo pagamento da quantia apurada. É a pessoa que
realizou o fato gerador da obrigação principal.

O fiador (inciso ii) é aquele que assinou o contrato de fiança, disciplinada


pelo Código Civil nos artigos 818 a 839. Em Direito Tributário, essa hipótese
tem o seu âmbito reduzido, ocorrendo com mais frequência na adesão a
parcelamentos de créditos tributários. De fato, algumas leis exigem garantias
reais ou fidejussórias para que o sujeito passivo possa aderir ao benefício
fiscal. Caso o sujeito passivo garanta o crédito por meio de fiança e venha
posteriormente a inadimplir com as parcelas, pode o fisco ingressar com a ação
de execução fiscal tanto contra o sujeito passivo como também contra o seu
fiador. Trata-se, portanto, de hipótese na qual o sujeito tem a responsabilidade
sem ter o débito.

O espólio (inciso III), também arrolado como legitimado passivo, pode


tanto ter o débito e a responsabilidade pela quantia apurada como pode ter
apenas a responsabilidade pelo pagamento do tributo. Explicamo-nos: Nos
casos em que uma pessoa física falece, a responsabilidade pelo pagamento
das obrigações surgidas até então passa a ser do espólio, nos termos do artigo
131 do Código Tributário Nacional. Observem que, nessas hipóteses, o
devedor originário era o falecido, e apenas com o falecimento é que o espólio
passou a existir e ser responsável pelo adimplemento da obrigação. Há casos,
no entanto, em que o próprio espólio pode figurar como contribuinte originário
de uma relação jurídica de direito tributário. Imaginemos a hipótese em que
João faleceu no dia 03/03/2016, e o inventário judicial foi aberto em
10/10/2016, tendo sido ultimado, com a partilha dos bens, apenas em
15/02/2018. Nesse caso, com relação aos imóveis que fazem parte do acervo,
o espólio é que figurou como contribuinte do IPTU, tanto no de 2017 quanto no
ano de 2018.
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O mesmo raciocínio se aplica à massa falida, que é responsável pelas


obrigações ocorridas até a data da falência e contribuinte com relação aos
fatos geradores surgidos após a decretação da quebra.

Os sucessores (vi) também são legitimados passivos em uma ação de


execução fiscal.

No âmbito do Direito Tributário, a responsabilidade por sucessão se


encontra regulada de maneira esmiuçada nos artigos 129 a 133 do Código
Tributário Nacional. Por fim, o inciso V traz hipótese residual de legitimidade
passiva, que abarca todos os responsáveis nos termos da lei, por dívidas,
tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado.
Inclui-se nesse dispositivo as demais hipóteses de responsabilidade tributária,
como a responsabilidade de terceiros (artigo 134 a 135 do CTN) e a
responsabilidade por infrações (artigo 136 a 138 do CTN).

Com relação a esse último dispositivo, é importante frisar algumas


sutilezas sobre a responsabilização de administradores de pessoas jurídicas.
Nos casos em que se admite essa responsabilização – e que foram analisados
em capítulo próprio do nosso curso – a inclusão destes últimos no polo passivo
da execução fiscal pode se dar de duas formas:

Logo no início da execução fiscal, quando os co-responsáveis já


constam na certidão de dívida ativa. Isso acontece nos casos em que a
Fazenda Pública apura administrativamente a ocorrência de situação que
autoriza a responsabilização de outrem, como quando o fisco, antes mesmo de
ingressar com ação, constata que a pessoa jurídica foi dissolvida
irregularmente.

Durante o curso da execução fiscal, quando o fato ensejador da


responsabilização só foi apurado durante o curso do processo executivo. É o
caso de redirecionamento da execução fiscal nos casos em que constatado por
oficial de justiça que a pessoa jurídica encerrou suas atividades de maneira
irregular.

A importância dessa distinção reside no ônus probatório acerca dos


fatos que fundamentam a inclusão do terceiro. Se o nome dos responsáveis já
consta da CDA, há uma presunção de correição na inclusão deles no polo
passivo (Resp 1.104.900. Relatora Ministra Denise Arruda).

Como consequência, eventual ilicitude da Fazenda Pública em incluir


terceiros no polo passivo deve ser comprovada mediante embargos à
execução, pela necessidade de produção de provas.

De outro lado, caso o nome dos responsáveis não conste da CDA, o


redirecionamento da execução só se faz possível se a Fazenda Pública
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demonstrar a existência de indícios da ocorrência de alguma situação que


justifique a responsabilização de terceiros.

1.1.4 Competência e petição inicial

Dispõe o artigo 5º da Lei de Execuções Fiscais:

Art. 5º - A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da


Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da
concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário.

Assim, tratando-se de execução fiscal, não se aplica o disposto no artigo


48 do CPC, segundo o qual as ações em que o espólio for réu devem ser
ajuizadas no foro do domicílio do autor da herança.

Da mesma forma, o fato de ter ocorrido a falência do sujeito passivo não


desloca a competência para o processamento e julgamento da execução para
o juízo falimentar, assim como a recuperação judicial do devedor em nada
altera as normas de competência sobre a cobrança de crédito inscrito em
dívida ativa..

Quanto aos requisitos da petição inicial da ação de execução fiscal,


dispõe o artigo 6º da lei:

Art. 6º - A petição inicial indicará apenas:


I - o Juiz a quem é dirigida;
II - o pedido; e III - o requerimento para a citação.
§ 1º - A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela
fará parte integrante, como se estivesse transcrita.
§ 2º - A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um
único documento, preparado inclusive por processo eletrônico.
§ 3º - A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento
na petição inicial. § 4º - O valor da causa será o da dívida constante da
certidão, com os encargos legais.

As normas da LEF são especiais com relação àquelas previstas no


Código de Processo Civil e em outros diplomas legais.

Dessa forma, não é possível rejeitar por inépcia uma petição inicial que
omita o CPF ou CNPJ do devedor, por não ser a indicação de tais dados
essenciais à propositura da demanda. (STJ - REsp: 1450819 AM
2014/0093756-1, Relator: Ministro SÉRGIO KUKINA, Data de Julgamento:
12/11/2014, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 12/12/2014).

Com relação ao valor da causa, tem-se que ele é o valor da dívida


constante da certidão, com os encargos legais.
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1.1.5 Despacho citatório e citação

Recebida a petição inicial, incide o disposto no artigo 7º da lei:

Art. 7º - O despacho do Juiz que deferir a inicial importa em ordem para:


I - citação, pelas sucessivas modalidades previstas no artigo 8º;
II - penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de
depósito, fiança ou seguro garantia;
III - arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar;
IV - registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de
custas ou outras despesas, observado o disposto no artigo 14; e V - avaliação
dos bens penhorados ou arrestados.

Assim, o despacho do juízo importa na ordem sucessiva de diversas


providências, conforme se observa no gráfico 1.

No que diz respeito à citação, a sua realização se encontra regulada


pelo artigo 8º, que possui a seguinte redação:

Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a


dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de
Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:
I - a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda
Pública não a requerer por outra forma;
II - a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no
endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10
(dez) dias após a entrega da carta à agência postal;
III - se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da
entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou
por edital; IV - o edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado
uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário, com o
prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exeqüente, o nome
do devedor e dos co-responsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a
data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o
endereço da sede do Juízo.
§ 1º - O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60
(sessenta) dias.
§ 2º - O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição

O dispositivo deve ser interpretado da seguinte maneira: se a Fazenda


Pública não requerer a citação por oficial de justiça, a primeira tentativa de
citação é realizada por meio dos Correios, com aviso de recepção. Caso não
se obtenha êxito, tenta-se citar o devedor por oficial de justiça. Na hipótese de
também não se conseguir citá-lo, a citação pode ser feita por edital.

Assim, a citação por edital não é possível antes de se realizar uma


tentativa de citação por oficial de justiça, conforme entendimento do Superior
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Tribunal de Justiça ((REsp 1696739/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,


SEGUNDA TURMA, julgado em 16/11/2017, DJe 19/12/2017).

Veja gráfico 2:

O §2º do artigo 8º enuncia que o despacho citatório interrompe a


prescrição, em mandamento que é válido atualmente tanto para as ações que
tenham como objeto créditos tributários quanto para as ações que tenham
como objeto créditos de natureza não tributária (Antes da LC 118/2005 a
jurisprudência dominante entendia que para os créditos de natureza tributária
era a citação válida que interrompia a prescrição, conforme determinava a
redação original do artigo 174, inciso I, do CTN.).

Além disso, uma vez realizada a citação, a interrupção da prescrição


retroage à data de propositura, nos termos do §1º do artigo 240 do CPC, desde
que a demora da sua efetivação não seja imputável à exequente ( REsp
1694843/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 03/10/2017, DJe 11/10/2017).

1.1.6 Despacho citatório e citação

Realizada a citação, surgem para o sujeito passivo três possibilidades:


a) pagar a dívida, caso em que a execução fiscal será extinta; b) ficar silente,
quando então a execução fiscal terá seu regular processamento, mediante
tentativa de localização de bens penhoráveis do executado; c) garantir a dívida
cobrada. Essa última hipótese é regulada pelo artigo 9º da Lei 6.830/80:

Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora


e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá:
I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial
de crédito, que assegure atualização monetária;
II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia; (Redação dada pela Lei nº
13.043, de 2014)
III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11;
ou IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda
Pública. § 1º - O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel
à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge. § 2o Juntar-
se-á aos autos a prova do depósito, da fiança bancária, do seguro garantia ou
da penhora dos bens do executado ou de terceiros. (Redação dada pela Lei nº
13.043, de 2014) § 3o A garantia da execução, por meio de depósito em
dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia, produz os mesmos efeitos da
penhora. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014).
§ 4º - Somente o depósito em dinheiro, na forma do artigo 32, faz cessar a
responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora.
§ 5º - A fiança bancária prevista no inciso II obedecerá às condições pré-
estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.
§ 6º - O executado poderá pagar parcela da dívida, que julgar incontroversa, e
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garantir a execução do saldo devedor.

Duas são as consequências que advém do fato de o executado garantir


a execução: A primeira é que ele poderá interpor embargos à execução fiscal.
De fato, diferentemente do que ocorre com as execuções reguladas pelo CPC,
no âmbito da execução fiscal não há a possibilidade de interposição de
embargos sem a garantia do juízo (AgInt no AREsp 919.657/RN, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/08/2018, DJe
16/08/2018)

A segunda consequência é que o executado que garantir a penhora tem


direito à certidão positiva com efeitos de negativa, conforme enuncia o artigo
206 do Código Tributário Nacional:

Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que
conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva
em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.

Além disso, caso a garantia da execução seja realizada através de


depósito em dinheiro, ocorre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário,
nos termos do artigo 151, inciso II, do Código Tributário Nacional, restando
suspenso os atos expropriatórios até que os embargos à execução ajuizados
pelo contribuinte sejam definitivamente julgados.

Esse efeito, de suspensão da exigibilidade do crédito, apenas ocorre se


a garantia for feita por meio de depósito, não se aplicando às demais
modalidades, inclusive à fiança bancária e ao seguro garantia (AgInt no REsp
1603114/MG, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA,
julgado em 07/06/2018, DJe 14/06/2018).

Por outro lado, caso o executado fique silente, não pagando a dívida
nem a garantindo, incide o disposto nos artigos 10 da Lei 6.830/80:

Art. 10 - Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução de que


trata o artigo 9º, a penhora poderá recair em qualquer bem do executado,
exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Como se pode observar, a penhora pode recair sobre qualquer bem do


executado, salvo os que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Quanto ao
tema, é importante não olvidar do disposto no artigo 184 do Código Tributário
Nacional, que possui a seguinte redação:

Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que
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sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a


totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito
passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real
ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da
constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas
que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Por força desse dispositivo, responde pelo crédito tributário todos os


bens do sujeito passivo, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de
inalienabilidade ou impenhorabilidade, excetuados tão somente os bens e
rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Nessa esteira, é irrelevante, por exemplo, que o imóvel do sujeito


passivo esteja hipotecado por uma dívida bancária (gravado por ônus real),
porque isso não impede que ele seja excutido para satisfação do crédito
tributário.

O mesmo ocorre com o bem imóvel recebido pelo sujeito passivo em


doação com cláusula de impenhorabilidade. Embora essa circunstância impeça
a sua alienação para satisfação de dívidas contraídas com particulares, não é
óbice à penhora e à arrematação para quitação de créditos de natureza
tributária.

O artigo 11 traz a ordem que deve ser observada na penhora dos bens:

Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:


I - dinheiro;
II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação
em bolsa;
III - pedras e metais preciosos;
IV - imóveis;
V - navios e aeronaves;
VI - veículos;
VII - móveis ou semoventes;
e VIII - direitos e ações.
§ 1º - Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento
comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em
construção.
§ 2º - A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata
o inciso I do artigo 9º.
§ 3º - O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial,
particular ou da Fazenda Pública exeqüente, sempre que esta o requerer, em
qualquer fase do processo.

Como se pode observar do dispositivo, a penhora deve recair


preferencialmente sobre o dinheiro. Esse dispositivo deve ser interpretado
conjuntamente com o que dispõe o artigo 835, inciso I, do CPC:
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Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I -


dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

Portanto, em tendo ficado omisso o devedor, pode o fisco requerer de


imediato a penhora do saldo em conta corrente por meio do sistema Bacenjud,
sendo desnecessária a realização de outras diligências por parte da Fazenda
Pública.

No entanto, caso o Bacenjud não tenha obtido êxito, deve a Fazenda


Pública diligenciar na busca de outros bens penhoráveis do devedor, segundo
a ordem enunciada pelo artigo 11 da LEF e pelo artigo 835 do CPC.

Aliás, quanto a esse aspecto, de interpretação conjunta do artigo 11 da


LEF com o artigo 835 do CPC, é importante frisar que, embora a penhora sobre
faturamento não tenha sido disciplinada pela Lei 6.830/80, é possível a sua
utilização, tomando-se emprestado as disposições sobre o tema encontradas
no Código de Processo Civil (AgInt no AREsp 613.039/SP, Rel. Ministro
SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe
05/03/2018).

Assim, a penhora sobre o faturamento deve observar as condições


disciplinadas no artigo 866 do CPC:

Art. 866. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os,
esses forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito
executado, o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento de
empresa.
§ 1o O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo
em tempo razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade
empresarial.
§ 2o O juiz nomeará administrador-depositário, o qual submeterá à aprovação
judicial a forma de sua atuação e prestará contas mensalmente, entregando
em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais, a fim
de serem imputadas no pagamento da dívida.
§ 3o Na penhora de percentual de faturamento de empresa, observar-se-á, no
que couber, o disposto quanto ao regime de penhora de frutos e rendimentos
de coisa móvel e imóvel.

O fato de determinado bem ter sido penhorado não impede a


substituição da penhora, desde que preenchidos os requisitos do artigo 15 da
Lei 6.830/80:

Art. 15 - Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz:


I - ao executado, a substituição da penhora por depósito em dinheiro, fiança
bancária ou seguro garantia; e (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014)
II - à Fazenda Pública, a substituição dos bens penhorados por outros,
independentemente da ordem enumerada no artigo 11, bem como o reforço da
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penhora insuficiente.

No caso do inciso I, não há a necessidade da aquiescência da Fazenda


Pública. Assim, por exemplo, se uma determinada pessoa jurídica teve
penhorado um imóvel da sua propriedade, indispensável ao exercício das suas
atividades, é possível que ela requeira ao juízo a substituição daquela penhora
pelo depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia.

Fora dessa hipótese, a substituição da penhora depende da


concordância da Fazenda Pública, conforme enuncia o artigo 15, inciso II.

1.1.7 Intimação e registro da penhora

A realização da penhora deve ser acompanhada de três providências. A


primeira é a avaliação dos bens, que na verdade é realizada pelo próprio Oficial
de Justiça no momento em que realizada a constrição. O artigo 13 da LEF
dispõe sobre o assunto:

Art. 13 – O termo ou auto de penhora conterá, também, a avaliação dos bens


penhorados, efetuada por quem o lavrar.
§ 1º - Impugnada a avaliação, pelo executado, ou pela Fazenda Pública,
antes de publicado o edital de leilão, o Juiz, ouvida a outra parte, nomeará
avaliador oficial para proceder a nova avaliação dos bens penhorados.
§ 2º - Se não houver, na Comarca, avaliador oficial ou este não puder
apresentar o laudo de avaliação no prazo de 15 (quinze) dias, será nomeada
pessoa ou entidade habilitada a critério do Juiz.
§ 3º - Apresentado o laudo, o Juiz decidirá de plano sobre a avaliação.

Como se observa do §1º, o executado pode impugnar a avaliação


realizada até a data anterior à publicação do edital do leilão, caso em que o
juiz, ouvida a outra parte, nomeará avaliador para proceder a uma nova
avaliação.

A segunda providência que o Oficial de Justiça deve realizar é o registro


da penhora nos órgãos registrais competentes, conforme determina o artigo 14
da LEF:

Art. 14 - 0 Oficial de Justiça entregará contrafé e cópia do termo ou do auto de


penhora ou arresto, com a ordem de registro de que trata o artigo 7º, inciso IV:
I - no Ofício próprio, se o bem for imóvel ou a ele equiparado;
II - na repartição competente para emissão de certificado de registro, se for
veículo;
III - na Junta Comercial, na Bolsa de Valores, e na sociedade comercial, se
forem ações, debênture, parte beneficiária, cota ou qualquer outro título,
crédito ou direito societário nominativo.
13

Assim, se o Oficial de Justiça penhorar e avaliar um imóvel, deve


posteriormente proceder ao registro dessa penhora no cartório de registro
correspondente.

A terceira providência é a intimação do executado acerca da penhora,


cuja regulamentação se encontra no artigo 12 da LEF:

Art. 12 - Na execução fiscal, far-se-á a intimação da penhora ao executado,


mediante publicação, no órgão oficial, do ato de juntada do termo ou do auto
de penhora.
§ 1º - Nas Comarcas do interior dos Estados, a intimação poderá ser feita pela
remessa de cópia do termo ou do auto de penhora, pelo correio, na forma
estabelecida no artigo 8º, incisos I e II, para a citação.
§ 2º - Se a penhora recair sobre imóvel, far-se-á a intimação ao cônjuge,
observadas as normas previstas para a citação.
§ 3º - Far-se-á a intimação da penhora pessoalmente ao executado se, na
citação feita pelo correio, o aviso de recepção não contiver a assinatura do
próprio executado, ou de seu representante legal.

Como se observa do caput, a intimação da penhora pode ser realizada


por meio de publicação, no órgão oficial, do ato de juntada do termo ou auto de
penhora. No entanto, na hipótese do parágrafo terceiro, a intimação da penhora
deve ser pessoal, ou seja, realizada por Oficial de Justiça. Caso a penhora
recaia sobre imóvel, o cônjuge também deve ser intimado, conforme
determinação do parágrafo segundo do dispositivo.

1.1.8 Possibilidade da interposição de embargos à execução

Garantido o juízo, surge a possibilidade da interposição de embargos à


execução fiscal, conforme enuncia o artigo 16 da Lei 6.830/80:

Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias,


contados:
I - do depósito;
II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia;
III - da intimação da penhora.
§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a
execução.
§ 2º - No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à
defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e rol de
testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.
§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções,
salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos, serão argüidas como
matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Art. 17 - Recebidos os embargos, o Juiz mandará intimar a Fazenda, para


impugná-los no prazo de 30 (trinta) dias, designando, em seguida, audiência
de instrução e julgamento. Parágrafo Único - Não se realizará audiência, se os
14

embargos versarem sobre matéria de direito, ou, sendo de direito e de fato, a


prova for exclusivamente documental, caso em que o Juiz proferirá a sentença
no prazo de 30 (trinta) dias.

O tema será melhor analisado quando tratarmos das ações


antiexacionais.

1.1.9 Disposições Diversas

Além do que até aqui se apontou, algumas disposições merecem


atenção especial.

A primeira delas diz respeito à necessidade de intimação pessoal do


representante judicial da Fazenda Pública, conforme determina o artigo 25 da
lei 6.830/80:

Art. 25 - Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da


Fazenda Pública será feita pessoalmente.
Parágrafo Único - A intimação de que trata este artigo poderá ser feita
mediante vista dos autos, com imediata remessa ao representante judicial da
Fazenda Pública, pelo cartório ou secretaria.

A prerrogativa se aplica inclusive em segundo grau de jurisdição,


conforme reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recursos
repetitivos.( REsp 1268324/PA, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
CORTE ESPECIAL, julgado em 17/10/2012, DJe 21/11/2012)

Por outro lado, há precedentes no sentido da possibilidade da intimação


por carta, nos casos em que não haja sede da Procuradoria na comarca do
juízo.( REsp 1489216/SE, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 18/10/2016, DJe 09/12/2016)

O artigo 26 da LEF, por sua vez, possui a seguinte redação:

Art. 26 - Se, antes da decisão de primeira instância, a inscrição de Divida Ativa


for, a qualquer título, cancelada, a execução fiscal será extinta, sem qualquer
ônus para as partes.

No entanto, segundo o Superior Tribunal de Justiça, essa regra só tem


aplicabilidade se o cancelamento da CDA for realizado antes da citação do
executado. Caso contrário, é cabível a condenação do fisco em honorários
(AgInt no AREsp 1134984/MG, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 06/03/2018)).

O artigo 28 dispõe sobre a reunião dos processos de execução:


15

Art. 28 - O Juiz, a requerimento das partes, poderá, por conveniência da


unidade da garantia da execução, ordenar a reunião de processos contra o
mesmo devedor. Parágrafo Único - Na hipótese deste artigo, os processos
serão redistribuídos ao Juízo da primeira distribuição.

O objetivo da norma é favorecer a economia processual, nos casos em


que a Fazenda Pública ingressar com várias execuções fiscais contra o mesmo
devedor. Em ocorrendo essa circunstância, os processos podem ser reunidos,
mediante decisão judicial, no juízo em que ocorreu a primeira distribuição.

Também é importante mencionar que há conexão entre a ação


anulatória de débito fiscal e a ação de execução fiscal, conforme se verifica do
artigo 55 do CPC:

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum
o pedido ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao
mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos
separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

Assim, as ações devem ser reunidas para decisão conjunta. Se a ação


de execução fiscal foi ajuizada anteriormente, a ação anulatória deve tramitar
no juízo onde o processo executivo está sendo processado, conforme tem
decidido o Superior Tribunal de Justiça(AgInt no AREsp 1064761/PE, Rel.
Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em
17/10/2017, DJe 24/10/2017)

Por outro lado, entende-se que esse raciocínio não se aplica na seguinte
hipótese: quando a ação anulatória for anterior à ação de execução fiscal e
existir vara especializada para processamento desta última, diferente daquela
onde tramita a ação anulatória.

O argumento é o de que a conexão apenas tem o condão de modificar a


competência relativa, conforme dispõe o artigo 55 do CPC, e a competência da
vara especializada é absoluta.

STJ - AGINT NO RESP 1700752 / SP 2017/0248826-3


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Data do Julgamento:24/04/2018
Data da Publicação:03/05/2018
Órgao Julgador:T2 - SEGUNDA TURMA
16

Relator:Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)


Inteiro teor• Acompanhamento do processo
EmentaPROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO
RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 3/STJ.
EXECUÇÃO FISCAL E AÇÃO ANULATÓRIA. CONTINÊNCIA E CONEXÃO.
NÃO APLICAÇÃO QUANDO IMPLICAR ALTERAÇÃO DE COMPETÊNCIA.
PRECEDENTES. AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE IDENTIDADE. SÚMULA
7/STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1.O STJ entende pela
impossibilidade de serem reunidas execução fiscal e ação anulatória de débito
precedentemente ajuizada, quando o juízo em que tramita esta última não é
Vara Especializada em Execução Fiscal, nos termos consignados nas normas
de organização judiciária. Precedentes: CC 105.358/SP, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 22/10/2010; CC 106.041/SP, Rel.
Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJe 9/11/2009 e AgRg no REsp
1463148/SE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe
8/9/2014. 2. Para o acolhimento da tese de imprescindibilidade de reunião das
ações por conexão ou prevenção, seria imprescindível promover o
enfrentamento do acervo fático-probatório dos autos, providência inviável em
sede de recurso especial ante o óbice da súmula 7/STJ. 3. Agravo interno não
provido.
AcórdãoVistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as
acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior
Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o
seguinte resultado de julgamento: "A Turma, por unanimidade, negou
provimento ao agravo interno, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-
Relator(a)." A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Francisco
Falcão (Presidente), Herman Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr.
Ministro Relator.

O artigo 29 Da LEI 6;830 (LEF) estabelece uma ordem de preferência


entre os créditos tributários das entidades federativas:

Art. 29 - A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita


a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação,
inventário ou arrolamento Parágrafo Único - O concurso de preferência
somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte
ordem:
I - União e suas autarquias;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e
pro rata;
III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata.

O parágrafo único do artigo 187 do CTN também estabelece uma ordem


de preferência entre os créditos tributários das entidades federativas:
17

Art. 187. [...] Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica


entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;
III - Municípios, conjuntamente e pró rata.

A diferença entre um dispositivo e outro é que, naquele primeiro,


constante da LEF, foram incluídos os créditos das autarquias, que gozam da
mesma preferência estabelecida à entidade federativa correspondente.

Embora haja vozes na doutrina no sentido da inconstitucionalidade


desses dispositivos, por ofensa ao princípio da isonomia entre as pessoas
políticas, não é isso que tem predominado na jurisprudência. Quanto ao tema,
há inclusive Súmula do Supremo Tribunal Federal, proferida na época da
ordem constitucional pretérita:

Súmula 563: O concurso de preferência a que se refere o parágrafo


único, do art. 187, do CTN, é compatível com o disposto no art. 9º, I, da
CF/67.

Em julgado repetitivo, o Superior Tribunal de Justiça considerou que o


crédito tributário de autarquia federal goza do direito de preferência em relação
àquele de que seja titular a Fazenda Estadual, desde que coexistentes
execuções e penhoras.( STJ - REsp: 957836 SP 2007/0072037-2, Relator:
Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 13/10/2010, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO,
Data de Publicação: DJe 26/10/2010)

Outro dispositivo polêmico é o artigo 34 da Lei 6.830/80:

Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de


valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro
Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.
§ 1º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-á o valor da dívida
monetariamente atualizado e acrescido de multa e juros de mora e de mais
encargos legais, na data da distribuição.
§ 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos novos,
serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo, em
petição fundamentada.
§ 3º - Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos
conclusos ao Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou reformará a
sentença.

Como se pode observar, essa regra impede a interposição de apelação


contra as sentenças proferidas em execuções cujo valor seja igual ou inferior a
50 ORTN;
18

Apenas estão sujeitas a recurso de apelação as execuções fiscais cujo


valor, à época da propositura da ação, superasse o equivalente a R$ 328,27,
corrigidos desde janeiro de 2001 pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Ampliado Especial (IPCA-E). Essa é a interpretação dada pelo
STJ ao artigo 34 da lei de execução fiscal (clique aqui), que limita a
possibilidade de recursos quando a dívida tributária tem valor menor ou igual
a 50 ORTN - Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.

Dessa forma, 50 ORTN correspondem a 50 OTN, a 308,50 BTN, a


308,50 Ufir e a R$ 328,27 a partir de janeiro de 2001, quando a economia foi
desindexada e se extinguiu a Ufir. Daí em diante, o valor deve ser atualizado
pelo IPCA-E, o mesmo que corrige as dívidas dos contribuintes.

Resultado da Correção pelo IGP-M (FGV)

Dados básicos da correção pelo IGP-M (FGV)

Dados informados

Data inicial 01/2001


Data final 12/2020
Valor nominal R$ 328,27 ( REAL )
Dados calculados
Índice de correção no período 4,77422840
Valor percentual correspondente 377,422840 %
Valor corrigido na data final R$ 1.567,24 ( REAL )

Banco Central do Brasil – calculadora cidadã


(https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.d
o?method=exibirFormCorrecaoValores)

O Supremo Tribunal Federal considerou que esse dispositivo é


compatível com a Constituição Federal.( ARE 637975 RG, Relator(a): Min.
MINISTRO PRESIDENTE, julgado em 09/06/2011, REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-168 DIVULG 31-08-2011 PUBLIC 01-09-2011 EMENT VOL-
02578-01 PP-00112 REVJMG v. 62, n. 198, 2011, p. 405-407)

Por fim, dispõe os artigos 38 e 39 da Lei 6.830/80

Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é


admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado
de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato
declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do
19

débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e


demais encargos. Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação
prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera
administrativa e desistência do recurso acaso interposto.

Art. 39 - A Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e


emolumentos. A prática dos atos judiciais de seu interesse independerá de
preparo ou de prévio depósito. Parágrafo Único - Se vencida, a Fazenda
Pública ressarcirá o valor das despesas feitas pela parte contrária.

A propositura de ação judicial conduz a desistência do recurso


administrativo interposto ou a renúncia ao poder de recorrer na esfera
administrativa, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 38. O artigo 39, por
sua vez, estabelece em favor da Fazenda Pública a isenção no pagamento de
custas e emolumentos, mas não dispensa o ressarcimento das despesas feitas
pela parte contrária no caso em que for vencida.

1.1.10 Suspensão, arquivamento e prescrição intercorrente.

Ajuizada a execução fiscal, são múltiplas as possibilidades que podem


ocorrer: o sujeito passivo pode adimplir com débito, voluntariamente ou através
da expropriação dos seus bens; o fisco pode ser negligente com as suas
atribuições e deixar o processo paralisado; ou o devedor pode efetivamente
não possuir qualquer bem penhorável, o que torna inviável a expropriação de
bens por meio da execução fiscal.

Do ponto de vista da funcionalidade do sistema jurídico, o ideal seria que


se alcançasse sempre o primeiro resultado, com a satisfação do credor. No
entanto, não é isso que ocorre comumente. Na maior parte das execuções
fiscais não se consegue obter o resultado almejado, sendo necessária a
adoção de uma solução que ponha fim a esses processos, que não podem
tramitar eternamente.

Essa solução é a prescrição intercorrente, que fulmina com o direito do


credor de vindicar o seu direito durante o curso do processo executivo. No
âmbito do Direito Tributário, a prescrição intercorrente se encontra regulada
pelo artigo 40 da Lei de Execuções Fiscais:

Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado


o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e,
nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.
§ 1º - Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao
representante judicial da Fazenda Pública.
§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o
devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento
dos autos.
§ 3º - Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão
20

desarquivados os autos para prosseguimento da execução.


§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo
prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício,
reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato. (Incluído pela
Lei nº 11.051, de 2004)
§ 5o A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo
será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao
mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído pela Lei nº
11.960, de 2009)

Por força dessa regra, não localizado o devedor ou não encontrados


bens sobre os quais possa recair a penhora, o processo deve ser suspenso por
1(um) ano, período durante o qual não corre a prescrição. Decorrido o prazo
máximo de 1(um) ano, o juiz deve ordenar o arquivamento dos autos, e o prazo
prescricional volta a correr.

Assim, surgem as seguintes possibilidades: a) A fazenda pública localiza


o devedor e encontra bens penhoráveis dentro do prazo prescricional de cinco
anos, retomando a execução; b) a fazenda pública não encontra o devedor
e/ou não localiza bens penhoráveis dentro do prazo prescricional, caso em que
ocorre a prescrição intercorrente. Nessa última hipótese, a Fazenda Pública
deve ser ouvida, porque é possível que tenha ocorrido alguma hipótese de
interrupção da prescrição, como a adesão a algum parcelamento, por exemplo.
Em que pese aparentemente simples, o artigo 40 suscitava diversas dúvidas
sobre a sua melhor interpretação.

Afinal, o prazo de suspensão por 1 ano é automático ou depende de


decisão judicial? Transcorrido o prazo de 1 ano, é necessário o arquivamento
para que o prazo prescricional volte a correr?

A Fazenda Pública precisa ser intimada do arquivamento? Para resolver


essas e outras questões, o Superior Tribunal de Justiça afetou o Resp.
1.340.553 para ser julgado sob a sistemática de recursos repetitivos, ainda em
2012. Em 12 de setembro de 2018 o julgamento foi concluído, tendo
prevalecido o voto do Ministro Mauro Campbell Marques. Em resumo, a Corte
fixou os seguintes parâmetros interpretativos:

1º: o prazo de suspensão de 01 (um) ano começa a ser contado a partir


do momento em que a fazenda pública tomar ciência de que o devedor não foi
localizado ou de que não foram encontrados bens no seu endereço. Desse
modo, embora o juízo deva proferir um despacho suspendendo a execução tão
logo ocorra a primeira tentativa frustrada de citação do devedor ou a primeira
tentativa de localização de bens penhoráveis, eventual omissão do órgão
julgador não tem o condão de evitar o fluxo do prazo.
21

2º: Terminado o prazo de um ano da suspensão do processo, inicia-se


automaticamente o prazo de prescrição, independentemente de intimação da
Fazenda Pública ou de determinação judicial para que os autos sejam
arquivados sem baixa na distribuição.

3º: A prescrição intercorrente é interrompida apenas com a citação do


devedor e com a efetiva constrição patrimonial. Assim, não basta que a
Fazenda indique bens à penhora e forneça o endereço do sujeito passivo para
que o prazo prescricional deixe de transcorrer. É necessário que o executado
seja efetivamente citado – ainda que por edital – e que sejam penhorados
bens. No entanto, uma vez citado o devedor e realizada a penhora, a
interrupção da prescrição retroage para a data do protocolo da petição que
requereu a providência frutífera.

4º: Transcorrido o prazo prescricional, o Juízo deve, depois de ouvida a


Fazenda Pública, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de
imediato.

5º: A ausência de intimação da Fazenda Pública para se manifestar


sobre a prescrição intercorrente não acarreta automaticamente a nulidade,
devendo a exequente, em sua primeira oportunidade de falar nos autos,
demonstrar o prejuízo que sofreu. O prejuízo é presumido nos casos em que a
Fazenda não tiver sido intimada do termo inicial, ou seja, do fato de não ter
sido localizado o devedor ou de não terem sido encontrados bens penhoráveis
no seu endereço.

Veja gráfico 3 e 4.

1.2 MEDIDA CAUTELAR FISCAL

A medida cautelar fiscal, prevista pela Lei nº 8.397/92, é uma ação


cautelar, proposta pela Fazenda Pública contra o sujeito passivo, com o
objetivo de garantir a utilidade da execução fiscal.

Como o novo Código de Processo Civil não previu o processo cautelar


como espécie processual autônoma, há dúvidas sobre a manutenção da Lei
8.397/1992, pelo menos em sua inteireza. Segundo Cláudio Carneiro, “[...] a
medida cautelar fiscal ajuizada antes da execução assume um caráter cautelar
e deve ser substituída pela tutela provisória de urgência de caráter cautelar.
Por outro lado, a medida cautelar ajuizada dentro da execução deve continuar.”
(CARNEIRO, Cláudio. Processo Tributário: administrativo e judicial. 5. ed. São
Paulo: Saraiva, 2018.)
22

De outro lado, há quem entenda que a medida cautelar fiscal se aplica


integralmente, em razão de disposição expressa constante do artigo 1.046, §2º,
do CPC, que dispõe no seguinte sentido:

Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão


desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11
de janeiro de 1973.[...]
§ 2o Permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos
regulados em outras leis, aos quais se aplicará supletivamente este Código.

Embora a questão não tenha sido resolvida, adotaremos aqui a segunda


posição, no sentido da manutenção da Lei 8.397/92, que por ser específica,
prevalece sobre as disposições do CPC, de aplicação subsidiária.

Dito isso, voltemos nossa atenção para o que diz os artigos 1º a 3º da Lei
8.397/92:

Art. 1° O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a


constituição do crédito, inclusive no curso da execução judicial da Dívida Ativa
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas
autarquias. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

Parágrafo único. O requerimento da medida cautelar, na hipótese dos incisos


V, alínea "b", e VII, do art. 2º, independe da prévia constituição do crédito
tributário.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo
de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor: (Redação dada pela
Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou
deixa de pagar a obrigação no prazo fixado;
II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o
adimplemento da obrigação;
III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens; (Redação dada pela
Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu
patrimônio; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do
crédito fiscal: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade;
(Incluída pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)
b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; (Incluída pela Lei nº
9.532, de 1997) (Produção de efeito)
VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados
ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido; (Incluído pela Lei nº
9.532, de 1997) (Produção de efeito) VII - aliena bens ou direitos sem
proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente,
quando exigível em virtude de lei; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)
23

(Produção de efeito)
VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo
órgão fazendário; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) IX
- pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito.
(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)

Art. 3° Para a concessão da medida cautelar fiscal é essencial:


I - prova literal da constituição do crédito fiscal;
- prova documental de algum dos casos mencionados no artigo
antecedente

Pois bem, por se tratar de uma medida cautelar, exige-se a existência da


probabilidade do direito e do risco ao resultado útil do processo.

A probabilidade do direito deve ser demonstrada com a prova literal da


constituição do crédito fiscal, conforme enuncia o artigo 3º, inciso I, do diploma
legislativo, o que ocorre mediante a apresentação ao juízo da cópia integral do
processo administrativo que lhe deu origem ou mediante comprovação de que
foi o próprio sujeito passivo quem constituiu o crédito.

Embora não conste de modo expresso do texto da lei, a interpretação


que se tem dado à expressão é o da necessidade da constituição definitiva do
crédito tributário. Excepcionalmente, admite-se a utilização da cautelar fiscal
também nos casos em que o crédito ainda não foi constituído de modo
definitivo, conforme determina o parágrafo único do artigo 1º. Isso se dá nos
casos em que o sujeito passivo é notificado para proceder ao recolhimento do
crédito fiscal e põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; ou quando
aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da
Fazenda Pública quando exigível em virtude de lei19.

O risco ao resultado útil do processo resta presente quando constatada


alguma das situações elencadas pelo artigo 2º, cujo rol é exemplificativo. De
fato, o inciso IX do artigo 2º possibilita essa interpretação mais alargada, ao
dizer que a medida cautelar fiscal pode ser utilizada quando o sujeito passivo
praticar outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito.

Nesse sentido, é possível interpretar a lei da seguinte forma: os incisos I


a VIII trazem situações cuja periculosidade é presumida; nas demais hipóteses,
a Fazenda deve demonstrar que a conduta do sujeito passivo tem o condão de
colocar em risco a satisfação do crédito, conforme dispõe o inciso IX da Lei
8.397/92 e artigo 300 do CPC.

O artigo 4º dispõe sobre as consequências do deferimento da medida


cautelar fiscal:
24

Art. 4° A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a


indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da
obrigação.
§ 1° Na hipótese de pessoa jurídica, a indisponibilidade recairá somente sobre
os bens do ativo permanente, podendo, ainda, ser estendida aos bens do
acionista controlador e aos dos que em razão do contrato social ou estatuto
tenham poderes para fazer a empresa cumprir suas obrigações fiscais, ao
tempo:
a) do fato gerador, nos casos de lançamento de ofício;
b) do inadimplemento da obrigação fiscal, nos demais casos.
§ 2° A indisponibilidade patrimonial poderá ser estendida em relação aos bens
adquiridos a qualquer título do requerido ou daqueles que estejam ou tenham
estado na função de administrador (§ 1°), desde que seja capaz de frustrar a
pretensão da Fazenda Pública.
§ 3° Decretada a medida cautelar fiscal, será comunicada imediatamente ao
registro público de imóveis, ao Banco Central do Brasil, à Comissão de
Valores Mobiliários e às demais repartições que processem registros de
transferência de bens, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam
cumprir a constrição judicial.

Como se observa do dispositivo, tratando-se de pessoa jurídica, a


indisponibilidade dos bens também pode recair sobre o patrimônio dos seus
administradores, desde que a Fazenda Pública traga indícios consistentes da
ocorrência de alguma situação que justifique a sua responsabilização. O
parágrafo primeiro também enuncia que a indisponibilidade deve recair
somente sobre os bens do ativo permanente.

Apesar da dição legal, o Superior Tribunal de Justiça tem entendido


como possível o bloqueio de bens estranhos ao ativo permanente, desde que
demonstrada a inexistência de outros bens capazes de garantir o crédito fiscal.
(AgInt no REsp 1666373/SE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 21/09/2017, DJe 27/09/2017).

O artigo 5º dispõe sobre a competência para processar e julgar a medida


cautelar fiscal, e o artigo 6º traz os requisitos necessários para recebimento da
inicial:

Art. 5° A medida cautelar fiscal será requerida ao Juiz competente para a


execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública.
Parágrafo único. Se a execução judicial estiver em Tribunal, será competente
o relator do recurso.

Art. 6° A Fazenda Pública pleiteará a medida cautelar fiscal em petição


devidamente fundamentada, que indicará:
I - o Juiz a quem é dirigida;
II - a qualificação e o endereço, se conhecido, do requerido;
25

III - as provas que serão produzidas;


IV - o requerimento para citação.

Como se pode observar, a Fazenda deve indicar na inicial, desde logo,


as provas que pretende produzir.

Distribuído o pedido, incide o disposto no artigo 7º da Lei:

Art. 7° O Juiz concederá liminarmente a medida cautelar fiscal, dispensada a


Fazenda Pública de justificação prévia e de prestação de caução.
Parágrafo único. Do despacho que conceder liminarmente a medida cautelar
caberá agravo de instrumento.

Por óbvio, a medida cautelar só deve ser deferida nos casos em que
efetivamente restar demonstrada a ocorrência dos pressupostos acima
enunciados. Da decisão que deferir ou indeferir o pedido, cabe o recurso de
agravo de instrumento, nos termos do artigo 1.015, inciso I, do CPC.

Decidida a liminar, deve o requerido ser citado, conforme enuncia o


artigo 8º e 9º da Lei 8.397/92:

Art. 8° O requerido será citado para, no prazo de quinze dias, contestar o


pedido, indicando as provas que pretenda produzir.
Parágrafo único. Conta-se o prazo da juntada aos autos do mandado:
a) de citação, devidamente cumprido;
b) da execução da medida cautelar fiscal, quando concedida liminarmente

Art. 9° Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido,


como verdadeiros, os fatos alegados pela Fazenda Pública, caso em que o
Juiz decidirá em dez dias.

Parágrafo único. Se o requerido contestar no prazo legal, o Juiz designará


audiência de instrução e julgamento, havendo prova a ser nela produzida.

O artigo 10 regulamenta a substituição de bem que foi tornado indisponível por


força da cautelar:

Art. 10. A medida cautelar fiscal decretada poderá ser substituída, a qualquer
tempo, pela prestação de garantia correspondente ao valor da prestação da
Fazenda Pública, na forma do art. 9° da Lei n° 6.830, de 22 de setembro de
1980.

Parágrafo único. A Fazenda Pública será ouvida necessariamente sobre o


pedido de substituição, no prazo de cinco dias, presumindo-se da omissão a
sua aquiescência.
26

Analogicamente, também incide à hipótese o artigo 15 da LEF, que dispõe no


seguinte sentido:

Art. 15 - Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz:


I - ao executado, a substituição da penhora por depósito em dinheiro, fiança
bancária ou seguro garantia; e (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014)
II - à Fazenda Pública, a substituição dos bens penhorados por outros,
independentemente da ordem enumerada no artigo 11, bem como o reforço da
penhora insuficiente.
Assim, se o sujeito passivo oferecer depósito em dinheiro, fiança
bancária ou seguro garantia, a substituição do bem independe da aquiescência
da Fazenda Pública.

Quando a medida cautelar for concedida em caráter preparatório, incide


os artigos 11 e 12 da Lei 8.397/92:

Art. 11. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento


preparatório, deverá a Fazenda Pública propor a execução judicial da Dívida
Ativa no prazo de sessenta dias, contados da data em que a exigência se
tornar irrecorrível na esfera administrativa.

Art. 12. A medida cautelar fiscal conserva a sua eficácia no prazo do artigo
antecedente e na pendência do processo de execução judicial da Dívida Ativa,
mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada.

Parágrafo único. Salvo decisão em contrário, a medida cautelar fiscal


conservará sua eficácia durante o período de suspensão do crédito tributário
ou não tributário.

Desse modo, deve a Fazenda Pública propor a execução fiscal no prazo


de 60 dias. O parágrafo único do artigo 12 esclarece que a medida cautelar
conserva sua eficácia durante o período de suspensão do crédito tributário ou
não tributário.

Assim, por exemplo, se depois da cautelar o contribuinte aderir ao


parcelamento, isso, por si só, não autoriza o levantamento dos bens tornados
indisponíveis. Ademais, nos termos do artigo 14, os autos do procedimento
cautelar fiscal devem ser apensados aos do processo de execução judicial da
Dívida Ativa da Fazenda Pública.

O artigo 13 regulamenta as hipóteses em que a cautelar fiscal perde a


sua eficácia:

Art. 13. Cessa a eficácia da medida cautelar fiscal:


I - se a Fazenda Pública não propuser a execução judicial da Dívida Ativa no
prazo fixado no art. 11 desta lei;
II - se não for executada dentro de trinta dias;
III - se for julgada extinta a execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda
27

Pública;
IV - se o requerido promover a quitação do débito que está sendo executado.
Parágrafo único. Se, por qualquer motivo, cessar a eficácia da medida, é
defeso à Fazenda Pública repetir o pedido pelo mesmo fundamento.

Os artigos 15 e 16, por sua vez, tratam das consequências do


indeferimento da medida cautelar fiscal:

Art. 15. O indeferimento da medida cautelar fiscal não obsta a que a Fazenda
Pública intente a execução judicial da Dívida Ativa, nem influi no julgamento
desta, salvo se o Juiz, no procedimento cautelar fiscal, acolher alegação de
pagamento, de compensação, de transação, de remissão, de prescrição ou
decadência, de conversão do depósito em renda, ou qualquer outra
modalidade de extinção da pretensão deduzida.

Art. 16. Ressalvado o disposto no art. 15, a sentença proferida na medida


cautelar fiscal não faz coisa julgada, relativamente à execução judicial da
Dívida Ativa da Fazenda Pública.

Como se pode observar, o julgamento da cautelar não influi no crédito


do fisco, salvo se reconhecida a existência de alguma hipótese extintiva.

Por fim, o artigo 17 traz o recurso cabível contra a sentença que julgar a
cautelar fiscal:

Art. 17. Da sentença que decretar a medida cautelar fiscal caberá apelação,
sem efeito suspensivo, salvo se o requerido oferecer garantia na forma do art.
10 desta lei.

MODELO DE CAUTELAR FISCAL

AÇÃO CAUTELAR FISCAL

EXMO. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA … VARA ... DA COMARCA ...

O MUNICÍPIO DE …, pessoa jurídica de direito público interno, com sede seu


Governo na Prefeitura, situada na Rua …, Nº …, por seu Procurador infra-
assinado, conforme decreto anexo e consoante com o disposto no inc. II do art.
12, do CPC, vem respeitosamente perante V. Exa., propor a presente

MEDIDA CAUTELAR FISCAL

Com fundamento na Lei nº 8.397, de 06.01.1992, em desfavor de …, pessoa


jurídica de direito privado, com sede no …, na Rua …, s/nº, Bairro …, na
pessoa de seu representante legal, … e o faz pelas relevantes razões de fato e
de direito seguinte:
28

DOS FATOS

1. Que o requerido é devedor da Fazenda Pública Municipal, conforme


respectivas inscrições na Dívida Ativa de nos 16/119, 16/120, 16/121 e 16/122,
no valor total e original de R$59.870,30, decorrente de IPTU de imóvel
inscrição nº ......, cujos processos de Execução Fiscal estão em curso,
respectivamente, perante esse DD. Juízo, sob o nº de … e o de nº … perante o
DD. Juízo da 2ª Vara Cível.

2. Que conforme se verifica da inclusa documentação, o … figura na Escritura


de Venda e Compra, como sendo legítimo proprietário de um imóvel, com área
de 66.192,00m2, situada no Prolongamento 1 do Bairro … e correspondente ao
lote de nº 999, da quadra 201, zona 29, sub-lote 000, do CTM, não possuindo
nenhum outro imóvel conforme documentação anexa.

3. Ocorre, porém, que, o requerido como possuidor de tal área está de fato
providenciando sua alienação a seu sócio …, conforme se infere da cópia da
Guia de ITBI, para obstar e dificultar a satisfação do débito junto à Fazenda
Municipal.

DO DIREITO

4. O ART. 1º da Lei nº 8.397, de 06.01.1992, que instituiu a medida cautelar


fiscal, dispõe que o procedimento cautelar fiscal pode ser instaurado antes ou
no curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do
Distrito federal, dos Municípios e respectivas autarquias e dessa execução é
sempre dependente.

5. De conformidade com o art. 2ª do referido diploma legal, a medida cautelar


poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não
tributário regularmente constituído em procedimento administrativo, dentre
outras hipóteses ali arroladas, quando, caindo em insolvência, aliena ou tenta
alienar bens que possui, põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros ou
comete qualquer outro ato tendente a frustar a execução judicial da Dívida
Ativa.

6. No caso concreto, como se vê, a pretendida transferência deixa evidente


que o executado-requerido tendente a frustrar a Execução Judicial de sua
Dívida Ativa.

DA CONCESSÃO DA MEDIDA CAUTELAR FISCAL

7. Já de conformidade com o art. 3º da invocada Lei, para a concessão da


medida em apreço é essencial a prova literal da constituição do crédito, prova
documental da alienação, documentação esta que instrui a presente tutela
jurisdicional.

8. Consoante o disposto no art. 4º, a decretação da medida produzida, de


imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação
da obrigação.
29

CONCESSÃO DA LIMINAR DO FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN


MORA, SEM A OITIVA DA PARTE CONTRÁRIA

9. No caso concreto, embora seja a Fazenda Pública dispensada de


justificação prévia (art. 7 da Lei nº 8397), das razões apresentadas e da inclusa
documentação, emergem a conclusão de que, de qualquer forma, estão
presentes os pressupostos para a concessão da liminar, inaudita altera parte,
eis que, para assegurar e atender à necessidade de segurança colimada,
quanto ao resultado eficaz ou útil da presente medida.

DO REQUERIMENTO

Ex positis requer-se a V. Exa.:

a) – a distribuição da presente medida por dependência e seu apensamento


ao Proc. …, em curso perante esse DD. Juízo;

b) – seja-lhe concedida a liminar, para a imediata indisponibilidade de


declinado imóvel, em face da urgência e relevância da medida, antes da
citação do requerido, ou seja, inaudita altera parte, máxime porque o periculum
in mora, obviamente, ensejará a transferência do imóvel já em curso.

c) – a citação do requerido, para, se quiser, no prazo legal de 15 dias,


conteste o pedido, indicando as provas que pretende produzir;

d) – a expedição de imediato ofício ao Cartório de registro de Imóveis;

e) – seja, finalmente, decretada procedente a presente medida, para


confirmar a liminar, para, a conseqüente, desconstituição dos eventuais atos
praticados pelo requerido;

f) – a condenação do requerido no pagamento de custas processuais e


honorários advocatícios e decorrentes da sucumbência.

Dá-se à causa o valor de R$ 70.000,00

Termos em que, pede deferimento.

Local e Data

____________________________________________
Advogado
OAB/… – nº …
30

2 AÇÕES DE AUTORIA DO SUJEITO PASSIVO - AÇÕES


ANTIEXACIONAIS

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Mesmo vencido na fase administrativa ,o sujeito passivo da obrigação


tributária (contribuinte ou responsável) pode impetrar judicialmente ações
para garantia de seus direitos. Já o sujeito ativo dessa mesma obrigação
,tendo sido vencido na fase administrativa, não pode mais pleitear o crédito
fruto da contenda.Se vencedor, vai utilizar-se do judiciário para recebê-lo.

São características do processo judicial tributário:

I-Controle externo da legalidade:o processo corre no Poder judiciário,


que controlará a legalidade dos atos praticados pela Administração.

II- Formalismo: todo processo judicial é revestido de formalismos


determinados por dispositivos legais.

III- Definitividade dos Julgados: chegando a última instância, as


decisões judiciais tornam-se definitivas, não havendo como modificá-las.

IV- Poder expropriatório: a ação de execução fiscal pode resultar na


perda por parte do sujeito passivo, de parte de seu patrimônio ,com o
objetivo de cumprir a decisão que lhe tenha sido desfavorável.

V- Relação triangular: na ação judicial, estão presentes os três


elementos subjetivos que lhe são típicos: o autor, o réu e o julgador.

VI- Lei de Regência:é competência privativa da União legislar sobre


direito processual, conforme o art.22,da CF. Inclua-se também os privilégios
processuais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios como: prazo
em dobro para manifestar.

PRINCIPAIS AÇÕES

MANDADO DE SEGURANÇA

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO

AÇÃO DECLARATÓRIA FISCAL

AÇÃO ANULATÓRIA

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

EMBARGOS À EXECUÇÃO
31

DEFESA DENTRO DA EXECUÇÃO: EXCEÇÃO DE


PRÉEXECUTIVIDADE

2.1.1 PETIÇÃO INCIAL

ASPECTOS INCIAIS

1º ART. 282 DO CPC - PETIÇÃO INICIAL;

2º VARA COMPETENTE PARA JULGAR –JUSTIÇA ESTADUAL OU


FEDERAL VARA COMUM OU JUIZADO ESPECIAL;

3º FORO COMPETENTE – QUAL CIDADE SERÁ DISTRIBUIDA A PETIÇÃO-


DOMICÍLIO DO RÉU? DOMICÍLIO DO AUTOR? ONDE OCORRERAM OS ATOS
OU FATOS QUE DERAM ORIGEM À DEMANDA?

JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA FEDERAL


TRIBUTO FEDERAL É J. FEDERAL?
TRIBUTO ESTADUAL É J. ESTADUAL?

NÃO

QUEM DETERMINA A
JUSTIÇA COMPETENTE
PARA JULGAR NÃO É O
TRIBUTO E SIM AS
PARTES

ART. 109 DA CRFB/ 1988 UNIÃO/ AUTARQUIAS/


EMPRESAS PÚBLICAS FEDERAIS – COMPETÊNCIA (
SEJAM PARTES –
AUTOR/RÉU/ASSISTENTE/OPONENTES) JUSTIÇA
FEDERAL NÃO SENDO AS ACIMA CITADAS –
COMPETÊNCIA DA J. ESTADUAL
32

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que
a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência,
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;

Art. 282. A petição inicial indicará:

I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

J. FEDERAL OU ESTADUAL?
PARTES: ART. 109 CF – J. FEDERAL
POR EXCLUSÃO – J. ESTADUAL

EX: EMPRESA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECT, RECEBEU NOTIFICAÇÃO PARA


PAGAR IPVA

ECT: EMPRESA PÚBLICA FEDERAL(IMUNIDADE/STF) IPVA:

TRIBUTO/IMPOSTO ESTADUAL

DE QUEM É A COMPETÊNCIA? JUSTIÇA FEDERAL – ART. 109 DA CF

Justiça federal : comum ou juizado?

Lei 10259/01- art. 3º § 1º não se inclui no juizado as causas de mandado de


segurança............

Art. 6º: só pode ser parte autora pessoa física, ME e EPP (LC 123/06 – art. 3º-
receita bruta igual ou inferior a 360.000,00/ 3.600.000,00). Como rés: União,
autarquias, fundações e empresas públicas. Valor da causa: Juizado até ( igual ou
inferior) a 60 salários mínimos;

Justiça estadual? Comum ou juizado?

Valor da causa até 60 salários mínimos Parte autora: p. física, ME, EPP. Lei
12153/09 – arts. 2º e art. 5º
33

AÇÕES ONDE TEMOS COMO PARTE UNIÃO/ESTADO/MUNICÍPIOS

J. COMPETENTE? FEDERAL ; UNIÃO É PARTE – ART. 109 DA CF

Foro competente ou cidade? Art. 109 da CF Quando a União for parte autora,
deverá ingressar no domicílio da parte ré. § 1º As causas em que a União for
autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.

Quando o contribuinte for parte autora em face da União/aut./fund./emp. Púb.?

4 situações distintas

1º domicílio do autor;

2º onde ocorreu o ato ou fato;

3º onde esteja situada a coisa;

4º domicílio da União - DF § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser


aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa,
ou, ainda, no Distrito Federal.

E na Justiça estadual? Via de regra: domicílio do Réu CPC Art. 94. A ação fundada
em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão
propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.

CASO ESPECÍFICO

EX: AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE IR DE SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO /


MUNICÍPIO/DF REPARTIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA ( 153, V E 157 A 159
DA CF) 157, I E 158, I DA CF - 100% DA RECEITA DO IR RETIDO NA FONTE
PELOS ENTES /AUTARQUIAS/FUNDAÇÕES (E/DF/M) FICA COM OS
PRÓPRIOS. COMPETÊNCIA DO IR – UNIÃO RETENÇÃO POR LEI – 100% DO
IRRF – DOS E/DF/M /A/F – EX: RETENÇÃO INDEVIDA A RESTITUIÇÃO É
PEDIDO PARA UNIÃO OU ESTADO? ART.157,I DA CF – NESTE CASO A
RESTITUIÇÃO É PLEITEADA PARA O ESTADO PQ ELE FICOU
INDEVIDAMENTE COM O IRRF SUM 447 DO STJ – "Os Estados e o Distrito
Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na
fonte proposta por seus servidores". COMPETÊNCIA? JUSTIÇA ESTADUAL (
OLHO A PARTE E NÃO O TRIBUTO).

MODELO GERAL DE PEÇA


34

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR .JUIZ FEDERAL DA VARA CÍVEL


FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE VIÇOSA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO
DE MINAS GERAIS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR .JUIZ FEDERAL DA VARA DO


JUIZADO ESPECIAL CÍVEL FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE VIÇOSA DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA


FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE UBÁ DO ESTADO DE MINAS GERAIS (
CAIXA ALTA EM NEGRITO) – SÓ SERÁ ENDEREÇADO PARA A VARA CÍVEL
SE A PROVA DEIXAR CLARO QUE NÃO TEM VARA DA FAZENDA PÚBLICA.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO


JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE UBÁ DO
ESTADO DE MINAS GERAIS

APÓS O ENDEREÇAMENTO – DEIXA UMA ESPAÇO

APÓS IDENTIFICAR A PARTE AUTORA

FULANO DE TAL ( nome que está na peça), brasileiro, ____________(estado


civil), _________(profissão), portador da identidade nº _________________,
CPF:_______________, residente e domiciliado na rua ___________________,
nº__________, bairro________,cidade de _____________, estado de
____________, CEP: _______________, vem respeitosamente perante V.Exa.,
através de seu procurador infra-assinado, procuração anexa, com escritório na rua
_________________, nº_______________, bairro ____________cidade
_________________, estado _____________, CEP: ________,onde recebe suas
intimações, propor ( se for petição inicial) AÇÃO DECLARATÓRIA com fulcro no
art. 4º do Código de Processo Civil - CPC ( citar o direito processual), em face do
Município/Fazenda Pública Municipal de Ubá/MG, pessoa jurídica de direito
público, na pessoa de seu representante legal, com sede na rua
__________,nº_______, bairro ______, cidade de ___________, estado de
______________, CEP:_________________pelo motivos abaixo:
OU

NOME DA EMPRESA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob


nº_______________________________, com sede na rua____________,
nº_______________ bairro_____________________, cidade
____________________, estado__________________,
CEP:_____________________________, vem respeitosamente perante V.Exa.
por intermédio de seu advogado infra-assinado, procuração anexa, com escritório
na rua _________________, nº_______________, bairro ____________,cidade
_________________, estado _____________, CEP: ________,onde recebe suas
intimações, propor ( se for petição inicial) AÇÃO DECLARATÓRIA com fulcro no
art. 4º do Código de Processo Civil - CPC ( citar o direito processual), em face da
União/Fazenda Pública Nacional, na pessoa de seu representante legal, com
sede na rua __________,nº_______, bairro ______, cidade de ___________,
estado de ______________, CEP:_________________ pelo motivos abaixo:
35

1 Da Justiça Gratuita Consoante o disposto nas Leis 1.060/50 e 7.115/83, o


Promovente declara para os devidos fins e sob as penas da lei, ser pobre, não
tendo como arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais
sem prejuízo do próprio sustento e de sua família pelo que requer os benefícios da
justiça gratuita.

1 Síntese dos Fatos ou Dos Fatos


breve resumo – relatar o que está acontecendo- após utilizar uma fase de
fechamento: Assim sendo não restou outra alternativa ao autor senão buscar a
tutela jurisdicional.

2 Síntese do Direito ou Do Direito ( EM PARÁGRAFO OU CENTRALIZAR)

Se errar faça apenas um traço em cima da palavra que errou, não precisa
dizer digo -------------------------------------------------------
2.1 Da Inconstitucionalidade do Tributo/ Do Princípio da Legalidade /Art. 150, I da
Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/1988 ( buscar palavras
chaves da defesa para o título) Fazer a defesa com base nos artigos , explicando o
que está acontecendo em três parágrafo no mínimo. No 1º § traz a norma: Por
meio do art....., no 2º o caso concreto : No presente caso, verifica-se que
........................, no 3º a conclusão: Tendo em vista que .......... Se houver vários
fundamentos de defesa, fazer no mínimo três parágrafos para cada um.

2.2 Da Inconstitucionalidade da Cobrança Imediata/Princípio da Anterioridade


Fiscal e Noventena/Art. 150, III, b e c da CRFB/1988.

( buscar palavras chaves da defesa para o título)

Fazer a defesa com base nos artigos , explicando o que está acontecendo em três
parágrafo no mínimo. No 1º § traz a norma: Por meio do art....., no 2º o caso
concreto : No presente caso, verifica-se que ........................, no 3º a conclusão:
Tendo em vista que ..........

Se houver vários fundamentos de defesa, fazer no mínimo três parágrafos para


cada um. 2.2 Da Inconstitucionalidade da Cobrança Imediata/Princípio da
Anterioridade Fiscal e Noventena/Art. 150, III, b e c da CRFB/1988. Fazer a defesa
com base nos artigos , explicando o que está acontecendo. No 1º § traz a norma,
no 2º o caso concreto, no 3º a conclusão.

Na prova da ordem não é recomendado a cópia do art. e nem recuo, mas dizer
com suas Próprias palavras fazendo menção ao art.

Próximo passo/ 3ª parte: garantir a suspensão da exigibilidade do crédito tributário

Art. 151 do CTN Duas possibilidades para suspender a exigibilidade na esfera


judicial: antecipação de tutela Ou liminar, ou depósito do montante integral.
36

Para tutela antecipada: requisitos do 273 do CPC: prova inequívoca,


verossimilhança de direito e dano irreparável.

Não sendo este o entendimento de V.Exa., pela concessão da tutela antecipada


então informa ao autor que irá realizar o depósito.

O juiz indeferindo a liminar: realiza o depósito e informa ao Juiz através de


petição.

Obs: a prova pode deixar claro que o examinador só quer a tutela

Ex: ingressar com medida que não precisa do despacho do poder judiciário para
suspender a exigibilidade – só pode ser o depósito

3 – Da Tutela Antecipada – Art. 273 do CPC 3 parágrafos:


3 parágrafos:
- Prova inequívoca e verossimilhança da alegações : conforme documentos
anexos ( fundamentação genérica), a verossimilhança das alegações estão
demonstradas acima, uma vez que a cobrança é inconstitucional pois não foi
criado por meio de lei....;

-Receio de dano irreparável ou de difícil reparação : se justifica dada as


consequências fiscais que o contribuinte pode vir a sofrer ( fundamentação
genérica quando a prova não diz o porque da urgência da tutela antecipada)

-presente todos estes requisitos faz jus à tutela antecipada nos termos do artigo
273 do CPC, a fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário.

Obs: trabalhar com a tutela antecipada neste parte da petição porque fica mais
fácil, após os relatos anteriores, demonstrar a verossimilhança das alegações

4- Do Depósito do Montante Integral/ Art. 151, II do Código Tributário Nacional-


CTN

Caso não seja este o entendimento de V.Exa. Pela concessão da tutela


antecipada, informa o contribuinte que irá realizar o depósito do montante integral
segundo sumula 112 do STJ, a fim de suspender a exigibilidade do crédito
tributário nos termos do Art. 151, II do CTN.

5- Pedidos Diante de todo exposto requer:

a) Preliminarmente, que seja CONCEDIDA os benefícios da Justiça Gratuita nos


termos do art. 4º da lei 1.060/50 e art. 1º da lei 7115/1983, pois a Promovente não
tem condições de arcar com o pagamento de custas e demais despesas
processuais, sem prejuízo de seu sustento e de sua família;
37

b) Que seja concedida a tutela antecipada uma vez presentes os requisitos do 273
do CPC, quais sejam, prova inequívoca, verossimilhança das alegações e perigo
de dano irreparável ou de difícil reparação a fim de suspender a exigibilidade do
crédito tributário nos termos do art. 151, V do CTN; ( obs.: não precisa pedir para
depositar);

c) Caso não seja este o entendimento de V.Exa. Pela tutela antecipada, requer
seja dada ciência a parte contrária acerca do depósito judicial realizado em seu
montante integral, a fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário , nos
termos do art. 151, II do CTN e súmula 112 do STJ;

d) A citação do réu na pessoa de seus representantes legais para querendo


apresentar resposta;

e) Que seja julgada procedente a ação de ............a fim de


...............................................( declarar sobre a inexistência da relação jurídica
tributária diante da inconstitucionalidade.........;

f) Produção de todos os meios de prova em direito admitidas;

g) Condenação do(s) réu(s) ao pagamento das custas processuais e honorários


sucumbenciais, conforme art. 20 do CPC. Dá-se a causa o valor de
........................... ( se aprova não forneceu dado suficiente deixar pontinhos para
não ser considerada a identificação).

Termos em que, pede deferimento,

Local e data.

Advogado OAB

2.2 EMBARGOS À EXECUÇÃO

Os embargos à execução constituem uma ação autônoma cujo objetivo


é desconstituir total ou parcialmente o título executivo extrajudicial ou
extinguir a execução fiscal.

No âmbito das execuções privadas, os embargos podem ser ajuizados


independentemente da garantia do juízo, conforme determina o artigo 914
do CPC:

Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução,


poderá se opor à execução por meio de embargos.

Contudo, essa regra não se aplica aos embargos à execução fiscal, que
possuem regramento específico. De fato, dispõe o artigo 16 da Lei 6.830/80:
38

Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias,


contados:
I - do depósito;
II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia;
III - da intimação da penhora.
§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a
execução.
§ 2º - No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à
defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e rol de
testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.
§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções,
salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos, serão argüidas como
matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Como se observa do §1º, são inadmissíveis embargos antes de


garantida a execução. O descumprimento desse dispositivo, que ocorre quando
o executado interpõe os embargos sem a garantia da dívida, conduz à extinção
dos embargos sem resolução de mérito.

O prazo para interposição dos embargos é contado a partir da intimação


da penhora, conforme inciso III do artigo 16, e não da juntada aos autos do
mandado (1 AgInt no AREsp 435.934/PR, Rel. Ministra ASSUSETE
MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/08/2018, DJe 27/08/2018).

O mesmo vale para as outras hipóteses, de garantia da execução por


meio do depósito, fiança bancária ou seguro garantia. Em todos esses casos, o
prazo para interposição dos embargos começa com a intimação do executado
da medida constritiva ((AgRg no REsp 1043521/MT, Rel. Ministro SÉRGIO
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 21/11/2013)).

Conforme se observa do §2º, o embargante deve alegar toda matéria útil


à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e rol de
testemunhas. Exemplificativamente, o embargante pode alegar:

a) inconstitucionalidade total ou parcial do tributo cobrado;

b) nulidade do processo administrativo fiscal;

c) nulidade da execução fiscal; d) ausência de responsabilidade


tributária quando for um terceiro, etc.
39

O parágrafo terceiro, por sua vez, determina não ser admitida a


reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição,
incompetência e impedimentos, que serão arguidas como matéria preliminar e
serão processadas e julgadas com os embargos.

No que diz respeito à compensação, no entanto, é preciso diferenciar


duas situações:

i) quando o embargante afirma que é credor da Fazenda Pública e


requer que a quantia seja utilizada para abater sua dívida;

ii) quando o embargante diz que o crédito cobrado já foi compensado


anteriormente. A primeira hipótese não pode ser conhecida em embargos à
execução. A segunda é perfeitamente admissível, porque equivale e afirmar
que aquele crédito cobrado na execução fiscal não mais existe, porque fora
extinto anteriormente.

Quanto ao procedimento dos embargos à execução, dispõe o artigo 17


da Lei de Execuções Fiscais:

Art. 17 - Recebidos os embargos, o Juiz mandará intimar a Fazenda, para


impugná-los no prazo de 30 (trinta) dias, designando, em seguida, audiência
de instrução e julgamento.
Parágrafo Único - Não se realizará audiência, se os embargos versarem sobre
matéria de direito, ou, sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente
documental, caso em que o Juiz proferirá a sentença no prazo de 30 (trinta)
dias.

Assim, interpostos os embargos, a fazenda é intimada para impugná-los


no prazo de 30 dias.

No que tange aos efeitos do recebimento dos embargos, o Superior


Tribunal de Justiça, em precedente firmado sob a sistemática de recursos
repetitivos, assentou que a Lei 6.830/80 foi omissa quanto ao ponto, o que atrai
a necessidade de aplicação subsidiária do regramento previsto pelo Código de
Processo Civil (REsp 1272827/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/05/2013, DJe 31/05/2013).

Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.


§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo
aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela
provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito
ou caução suficientes.
§ 2o Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos
efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou
revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito
apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte
40

restante.
§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos
executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram
quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao
embargante.
§ 5o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de
substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens.

Portanto, como regra, os embargos à execução fiscal não têm efeito


suspensivo, podendo o juiz atribuí-los, desde que presentes os seguintes
requisitos: a) a execução esteja garantida por penhora, depósito ou caução
suficientes; b) existir probabilidade do direito invocado pelo embargante; c)
restar constatado o perigo de dano.

CASO:1

Caio era empregado da pessoa jurídica X há mais de 10 anos. No


entanto, seu chefe o demitiu de forma vexatória, diante de outros empregados,
sem o devido pagamento das verbas trabalhistas. Inconformado, Caio ajuizou
medida judicial visando à cobrança de verbas trabalhistas e, ainda, danos
morais. A decisão transitada em julgado deu provimento aos pedidos de Caio,
condenando a pessoa jurídica X ao pagamento de valores a título de (i) férias
proporcionais não gozadas e respectivo terço constitucional e, ainda, (ii) danos
morais. Os valores foram efetivamente pagos a Caio em 2015.

Em junho de 2016, a Fazenda Nacional ajuizou execução fiscal visando


à cobrança de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física – IRPF incidente
sobre as férias proporcionais não gozadas, o respectivo terço constitucional e
os danos morais. No entanto, a Certidão de Dívida Ativa que ampara a
execução fiscal deixou de indicar a quantia a ser executada.

A ação executiva foi distribuída à 3ª Vara de Execuções Fiscais da


Seção Judiciária de M, do Estado E.

Caio foi citado na execução e há 10 (dez) dias foi intimado da penhora


de seu único imóvel, local onde reside com sua família.

Endereçamento dos Embargos à Execução:

Juízo da causa: 3ª Vara de Execuções Fiscais da Seção Judiciária de


M, Estado

Partes:

Embargante: Caio e
41

Embargada: União OU Fazenda Nacional

Tempestividade:

Prazo para oposição: 30 dias, a partir da intimação da penhora , na


forma do Art. 16, inciso III, da Lei nº 6.830/80

Fundamentos:

A - Não incidência de IRPF sobre férias proporcionais não gozadas e


respectivo terço constitucional em razão da sua natureza indenizatória,
conforme o Art. 43 do CTN OU a Súmula 386/STJ

B - Não incidência de IRPF sobre valores pagos a título de danos


morais em razão da sua natureza indenizatória, conforme o Art. 43 do CTN
OU a Súmula 498/STJ

C - Impenhorabilidade do único imóvel, residência de sua família ,


conforme o Art. 1º da Lei nº 8.009/90

D - Nulidade da inscrição em dívida ativa uma vez que na CDA não


consta a quantia devida, conforme o Art. 202, inciso II, do CTN OU Art. 2º, §
5º, inciso II, da Lei nº 6.830/80 (LEF) E o Art. 203 do CTN

Pedidos:
A - Procedência dos Embargos, com a consequente extinção da Execução
Fiscal e o levantamento da penhora que recai sobre o bem de família
B - Condenação ao pagamento de honorários
C - Opção pela realização ou não de audiência de conciliação ou de
mediação (Art. 319, inciso VII, do CPC/15), OU menção à possibilidade de
dispensa de tal audiência por se tratar de direito que não admite
autocomposição . (Art. 334, § 4º, inciso II, do CPC/15)

Indicação do valor da causa

Manifestação/protesto pela oportuna produção de provas

Fechamento da Peça
(Data, Local, Advogado, OAB...)

CASO 2:

Em 1º de janeiro de 2014, a União publicou lei ordinária instituindo


Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE) incidente sobre as
receitas decorrentes de exportações de café. As alíquotas da CIDE em
questão são diferenciadas conforme o Estado em que o contribuinte for
domiciliado. De acordo com a lei, a nova contribuição servirá como
instrumento de atuação na área da educação, sendo os recursos arrecadados
42

destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental.


A pessoa jurídica ABC, exportadora de café, inconformada com a nova
cobrança, não realiza o pagamento do tributo. Por tal razão, em 2015, a União
ajuizou execução fiscal para a cobrança do valor inadimplido, atualmente em
trâmite na 1ª Vara Federal de Execução Fiscal da Seção Judiciária do Estado
“X”.
Diante destes fatos, apresente a medida judicial adequada para impugnação
da cobrança da nova contribuição, expondo, justificadamente, todos os
argumentos aplicáveis. Para a escolha da medida judicial adequada, considere
que esta não poderá ser admitida antes de garantida a execução e que o
executado foi intimado de penhora realizada há 15 dias

Endereçamento para a 1ª Vara Federal de Execução Fiscal da Seção


Judiciária do Estado “X”

Distribuição por dependência

Indicação da embargante – pessoa jurídica ABC – e da embargada – a


União

Demonstração da Tempestividade

Referência à garantia da execução

Demonstração da presença dos requisitos para concessão de efeito


suspensivo , nos termos do §1º do art. 919 do CPC/15

Fundamento A:
As contribuições de intervenção no domínio econômico não incidem sobre as
receitas decorrentes de exportação (OU há imunidade em relação às receitas
decorrente de exportação), na forma do Art.149, § 2º, inciso I, da CRFB/88.

Fundamento B:

É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado em
detrimento de outro, conforme Art. 151, inciso I, da CRFB/88.

Fundamento C:
A contribuição de intervenção no domínio econômico viola a referibilidade
(OU exigência de que a CIDE seja instrumento de atuação da União na
respectiva área OU inexistência de correlação entre contribuição e
destinação), conforme Art. 149, caput, da CRFB/88.

Pedido 1:
Intimação/Citação da Embargada para apresentar impugnação

Pedido 2:
43

Concessão do efeito suspensivo

Pedido 3:
Procedência dos Embargos para desconstituição do crédito tributário objeto da
Execução Fiscal embargada OU a extinção da Execução Fiscal OU a
desconstituição da CDA

Pedido 4:
Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios

Indicação do valor da causa

Fechamento da Peça: local, data, advogado, OAB

CASO 3:

O Estado X, por ter sofrido perdas de arrecadação com a alteração promovida


pela Emenda Constitucional nº 87/2015, no Art. 155, § 2º, inciso VII, da
CRFB/88, instituiu, por lei ordinária, “taxa de vendas interestaduais” com
incidência sobre operações de venda destinadas a outros Estados.

A taxa tem, como base de cálculo, o preço de venda das mercadorias


destinadas a outros Estados e, como contribuintes, os comerciantes que
realizam essas vendas, aos quais incumbe o recolhimento do tributo no
momento da saída das mercadorias de seu estabelecimento.

Por reputar inconstitucional a referida taxa, a sociedade empresária XYZ


deixou de efetuar seu recolhimento, vindo a sofrer autuação pelo fisco
estadual.

Não tendo a sociedade empresária XYZ logrado êxito no processo


administrativo, o débito foi inscrito em dívida ativa e a execução fiscal foi
distribuída à 4ª Vara de Fazenda Pública do Estado X. Devidamente citada e
após nomeação de bens pela executada, formalizou-se a penhora em valor
suficiente à garantia da execução.

Após 10 dias da intimação da penhora, a sociedade empresária XYZ procura


você para, na qualidade de advogado(a), promover sua defesa na referida
execução fiscal e obstar a indevida excussão dos bens penhorados.

Na qualidade de advogado(a) da sociedade empresária XYZ, redija a medida


judicial mais adequada à necessidade da sua cliente, com o objetivo de afastar
a cobrança indevida. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A
44

Endereçamento
1. Juízo da causa: 4ª Vara de Fazenda Pública do Estado
2. . Embargante: Empresa XYZ e Embargado: Estado X

Tempestividade
3. Interposição no prazo de 30 dias contados da intimação da penhora ,
nos termos do Art. 16, III, da Lei n. 6.830/80

Fundamentação do efeito suspensivo


4. Flagrante inconstitucionalidade da exação (probabilidade do direito
ou fumus boni iuris), possibilidade de grave lesão ao patrimônio (perigo
de dano ou periculum in mora) E garantia do Juízo (penhora),nos
termos do Art. 919, § 1º, do CPC

Fundamentação para a pretensão


5. A taxa em apreço possui base de cálculo própria de imposto , em
ofensa ao Art. 145, § 2º, da CRFB/88, OU Art. 77, parágrafo único, do
CTN;

6. A taxa não constitui contrapartida ao exercício do poder de polícia ou a


serviço público específico e divisível, desrespeitando a norma contida no Art.
145, inciso II, da CRFB/88 OU Art. 77, do CTN
OU

Por ter natureza de imposto (imposto novo), o novo tributo só poderia ser
instituído pela União no âmbito de sua competência residual, nos termos do
artigo 154, I, da CRFB/88.

6. Violação ao princípio da livre circulação de mercadorias OU à vedação


ao tratamento tributário diferenciado em razão do destino do
bem (0,70), nos termos do Art. 150, inciso V, OU do Art. 152, ambos da
CRFB/88.
7. Pedidos
8. Seja atribuído efeito suspensivo aos embargos à execução
9. A intimação do exequente/embargado para, querendo, apresentar
impugnação/defesa
10. A procedência dos embargos com o fim de desconstituir o crédito
tributário OU extinguir a execução fiscal
11. A condenação do exequente/embargado em custas e honorários
advocatícios
12. Indicação das provas a serem produzidas
13. Valor da causa
14.
15. Fechamento
16. Local, data, advogado e OAB...

2.3. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE


45

A exceção de pré-executividade é um mecanismo de defesa que pode


ser utilizado pelo executado nos próprios autos da ação de execução, nos
casos em que a matéria alegada possa ser conhecida de ofício e não
demande dilação probatória.

Esse instituto não tem previsão expressa no ordenamento jurídico, tendo


sido construído por Pontes de Miranda em 1966 .

Dois são os requisitos que autorizam ao executado opor essa defesa


nos próprios autos da execução fiscal, sem, portanto, a necessidade da
garantia do juízo e da interposição da ação autônoma de embargos: a) a
matéria deve poder ser conhecida de ofício; b) a matéria não pode
demandar dilação probatória.

Atualmente, há inclusive Súmula do Superior Tribunal de Justiça sobre o


tema:

Súmula nº 393: A exceção de pré-executividade é admissível na execução


fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem
dilação probatória.

O processamento da exceção de pré-executividade é simples: o


executado apresenta a petição, com observância dos requisitos acima, e o
juízo intima a Fazenda Pública para se manifestar sobre o tema. Em
seguida, profere uma decisão, acolhendo ou rejeitando o pedido do
executado.

Em Direito Tributário, a utilização desse expediente é relativamente


comum, sobretudo nos casos em que o executado verifica algum vício
formal na CDA ou a ocorrência da decadência ou da prescrição.

A decisão que acolhe a exceção de pré-executividade e extingue a


execução deve ser atacada por meio de apelação. Por outro lado, se a
exceção for rejeitada, cabe a interposição de agravo de instrumento, com
base no parágrafo único do artigo 1.015 do CPC.

CASO 1.

Determinada pessoa jurídica declarou, em formulário próprio estadual, débito


de ICMS. Apesar de ter apresentado a declaração, não efetuou o recolhimento
do crédito tributário correspondente, o que motivou sua inscrição em dívida
ativa.
Em execução fiscal promovida pelo Estado da Federação na 9ª Vara de
Fazenda da Comarca da Capital, o sócio administrador, Fulano de Tal, foi
indicado como fiel depositário de um veículo da pessoa jurídica executada,
que foi penhorado. A pessoa jurídica ofereceu embargos à execução, ao final
julgados improcedentes. A Fazenda do Estado requer, então, a reavaliação do
veículo para futuro leilão, sendo certificado pelo Oficial de Justiça que o
46

veículo não mais está na posse do sócio e não é mais encontrado. A Fazenda
do Estado requer e é deferida a inclusão de Fulano de Tal no polo passivo, em
razão do inadimplemento do tributo e ainda com base em lei do Estado que
assim dispõe:
Artigo X. São responsáveis, de forma solidária, com base no artigo 124, do
CTN, pelo pagamento do imposto:
(...)
X-o sócio administrador de empresa que descumpriu seus deveres legais de
fiel depositário em processo de execução fiscal;
(...)
O Sr. Fulano de Tal foi citado e intimado a respeito de sua inclusão no polo
passivo da execução fiscal, tendo transcorrido 6 (seis) meses desta sua
citação/intimação. Nas tentativas de penhora, não foram encontrados bens.
Na qualidade de advogado de Fulano de Tal, redija a peça processual
adequada para a defesa nos próprios autos da execução fiscal, considerando
que seu cliente não dispõe de nenhum bem para ofertar ao juízo. A peça deve
abranger todos os fundamentos de direito que possam ser utilizados

A peça apropriada é uma exceção de pré-executividade, por não depender de


garantia de juízo. Deve ser alegada a ilegitimidade passiva do sócio por não
poder ser responsabilizado pelo tributo, uma vez que o mero não recolhimento
não enseja, por si só, a responsabilidade do sócio gerente (Súmula nº 430 do
STJ). Deve ser alegada a inconstitucionalidade do dispositivo da lei estadual.
Ao vincular a conduta processual do sócio administrador à obrigação de
responder solidariamente pelos débitos da pessoa jurídica perante o Estado, a
lei estadual dispôs sobre a mesma situação genérica regulada pelo artigo 135,
III, do CTN, mas de modo diverso, incorrendo em inconstitucionalidade por
violação ao artigo 146, III, da CF. A previsão da responsabilidade tributária
para esse caso deveria ser veiculada por lei complementar. Por fim, deve ser
alegado que o descumprimento do encargo legal de depositário tem como
única consequência a entrega do bem no estado em que foi recebido ou seu
equivalente em dinheiro.

2.4. Mandado de Segurança

2.4.1 Considerações Gerais

O artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal, determina que


“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.

A lei que regulamenta o dispositivo é a Lei 12.016/2009, cujo artigo 1º


dispõe no seguinte sentido:

Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido


47

e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade,
seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Desse modo, o mandado de segurança é cabível quando: a) alguém for


vítima de abuso de autoridade ou ilegalidade por parte de autoridade ou
houver justo receio de que isso possa ocorrer; b) o direito seja líquido e
certo; c) o direito não possa ser amparado por habeas corpus ou habeas
data.

Como se pode observar do terceiro requisito (c), o mandado de


segurança é residual, porque só pode ser utilizado quando o abuso ou
ilegalidade não puder ser coibido por outras duas ações
constitucionalmente previstas: o habeas corpus e o habeas data. Quanto ao
segundo requisito, da necessidade de que o direito seja líquido e certo, o
que se exige na verdade é que haja prova pré-constituída das alegações do
impetrante.

Não cabe dilação probatória em mandado de segurança.

Assim, se for necessário produzir outras provas que não aquelas que já
possam ser encartadas com a inicial, esse instrumento é via processual
inadequada para tutelar os interesses vindicados. Por fim, o mandado de
segurança pode ser repressivo, quando o abuso ou a ilegalidade já
ocorreram, ou preventivo, quando houver justo receio de que isso possa vir
a ocorrer.

2.4.2 Cabimento no Direito Tributário

O mandado de segurança é utilizado com bastante frequência em Direito


Tributário. Citamos alguns exemplos: a) impetração de MS para obtenção
de certidão negativa ou de certidão positiva com efeitos de negativa; b)
impetração de MS para reconhecimento do direito à isenção ou imunidade;
c) impetração de MS para anulação de processo administrativo fiscal, para
liberação de mercadoria apreendida ,impugnação do lançamento...(defesa
em execução fiscal quando não tem como garantir o juízo).

Diante disso, a jurisprudência foi construindo alguns entendimentos


sobre esse remédio constitucional. O primeiro deles diz respeito à utilização
preventiva do mandado de segurança. Trata-se de possibilidade que não
pode ser confundida com o ataque a uma lei em tese.

Quanto ao tema, há inclusive súmula do Supremo Tribunal Federal:

Súmula 266: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.


48

Assim, o impetrante deve demonstrar que o seu receio de sofrer um


abuso de autoridade ou uma ilegalidade é real, e não meramente hipotético.
O exemplo abaixo aclara o que estamos afirmando:

Uma determinada Lei majorou substancialmente o valor da taxa de


fiscalização cobrada pela ANVISA. Diante disso, a pessoa jurídica X, que
considerou o valor como confiscatório, impetrou mandado de segurança
com pedido para que o magistrado concedesse uma ordem que impedisse
a autoridade de cobrar essa quantia, sob o pretexto de que a lei ofendia a
Constituição Federal. O mandado de segurança é cabível? Depende. Se a
pessoa jurídica demonstrar que pode sofrer os efeitos dessa lei, porque é
contribuinte da taxa de fiscalização, o mandado de segurança é cabível. Por
outro lado, caso se constate que essa pessoa jurídica não faz parte do rol
de contribuintes que compõe a sujeição passiva, o mandado de segurança
não é cabível.

O segundo entendimento jurisprudencial é aquele materializado na


Súmula 269 do STF, segundo a qual “O mandado de segurança não é
substitutivo de ação de cobrança”. Esse entendimento é complementando
pela Sumula 271 do STF, que afirma que a “concessão de mandado de
segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito,
os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial
própria”.

Assim, o pedido para que o juízo emita uma ordem determinando à


autoridade administrativa que devolva os valores recolhidos indevidamente
a título de tributo não pode ser conhecido em mandado de segurança. Essa
pretensão deve ser veiculada por meio de ação ordinária.

Exemplo A pessoa jurídica X impetrou mandado de segurança contra o


Delegado da Receita Federal, objetivando que, ao final, “seja concedida a
ordem para que a autoridade administrativa pague à impetrante os valores
recolhidos a maior a título de COFINS, nos últimos cinco anos”. Nesse
caso, o pedido contraria os entendimentos materializados nas Súmulas 269
e 271 do STF, razão pela qual o mandado de segurança deve ser extinto
sem resolução de mérito.

Por outro lado, é possível a utilização do mandado de segurança para


declaração do direito à compensação tributária. É o que afirma a Súmula
213 do STJ

Súmula 213: O mandado de segurança constitui ação adequada para a


declaração do direito à compensação tributária.
Nesses casos, o impetrante não requer a repetição das quantias pagas
indevidamente em período anterior à impetração. Ele apenas requer que o
juízo reconheça a ilegalidade daqueles pagamentos, bem como emita uma
49

ordem judicial determinando à autoridade administrativa que realize a


compensação das quantias pagas a maior com os débitos existentes em
seu nome.

Exemplo A pessoa jurídica X impetrou mandado de segurança contra o


Delegado da Receita Federal, objetivando que, ao final, “seja declarado que
a impetrante recolheu indevidamente a COFINS sobre o ICMS nos últimos
cinco anos, bem como seja reconhecido o direito da impetrante de
compensar os valores recolhidos a maior com os débitos existentes em seu
nome”.

Na prática, no entanto, a utilização do mandado de segurança pode


autorizar a restituição em dinheiro dos valores pagos a maior. Isso porque,
aplica-se aos mandados de segurança a Súmula 461 do STJ, segundo a
qual “o contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por
compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória
transitada em julgado”.

Assim, o Superior Tribunal de Justiça tem entendido que reconhecida,


por meio de mandado de segurança, a ilegalidade da incidência de
determinado tributo, é facultado ao contribuinte optar por receber tais
valores mediante compensação ou restituição. O argumento da Corte é o de
que não há contradição entre a Súmula 461 e a Súmula 271 do STF,
porque o provimento mandamental, de natureza declaratória, tem efeitos
exclusivamente prospectivos.

SÚMULA N. 461 O contribuinte pode optar por receber, por meio de


precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por
sentença declaratória transitada em julgado.

Súmula 271
Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais
em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria.

Por fim, a súmula 460 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que “é


incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação
tributária realizada pelo contribuinte”.

A situação sobre a qual incide a Súmula 460 é distinta daquela até aqui
analisada. Nas hipóteses anteriores, o impetrante requer judicialmente a
declaração da ilegalidade total ou parcial de um tributo e o direito de
compensar os valores pagos a maior com os débitos existentes em seu
nome.
50

A Súmula 460, por outro lado, incide quando o contribuinte requer


administrativamente a compensação de um tributo recolhido ilegalmente,
mas a administração nega o pedido por algum motivo. Nesses casos, a
Corte entende que não cabe mandado de segurança para atacar a decisão
do fisco, porque a verificação sobre o acerto desse ato administrativo exige
dilação probatória.

2.4.3 Vedações a concessão de liminar

Preenchidos os requisitos da tutela provisória, é cabível a concessão de


liminar em mandado de segurança. A lei, no entanto, arrola hipóteses em
que a liminar não é admissível:

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: § 2o Não será concedida


medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários,
a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação
ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza

Quanto à compensação de créditos tributários, há inclusive a


necessidade do trânsito em julgado da sentença, conforme determina o
artigo 170-A do CTN:

Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo,


objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em
julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

2.4.4 MS Preventivo E Repressivo

PREVENTIVO – quando antes mesmo da formalização do crédito


tributário ataca a obrigação tributária prevenindo o contribuinte contra
exigência do Fisco, por ilegalidade de decreto ou inconstitucionalidade de
lei; Resposta a consulta que entende o contribuinte ser ilegal, tal
modalidade não está sujeita ao prazo decadencial no mandado de
segurança.

REPRESSIVO - IMPRETRADO CONTRA O LANÇAMENTO – já


realizado, sujeita-se ao prazo decadencial de 120 dias contados da ciência
do ato impugnado.

2.4.5 Prazo

PRAZO: Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-


se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo
51

interessado, do ato impugnado. – Atenção na execução fiscal, o prazo


continua sendo do lançamento.

Portanto:

O mandado de segurança tem ampla aplicação em matéria tributária. É


utilizado sempre que o contribuinte se sente ameaçado por uma imposição
tributária indevida e não se faça necessária dilação probatória. Também é
muito utilizado, e.g., para a solução de problemas relacionados a certidões
negativas de débitos quando o contribuinte se sinta lesado pela omissão do
Fisco, que deixe escoar o prazo de 10 dias para a expedição de certidão
sem disponibilizá-la, ou quando o Fisco se nega a expedir Certidão
Negativa de Débitos ou Certidão Positiva com Efeitos de Negativa. Sua
grande vantagem é o rito célere (pequeno prazo para o oferecimento de
informações, vista ao Ministério Público e imediata conclusão para
sentença) e a não condenação em ônus sucumbenciais.

Gráfico:

LEI HI FG OT L CT PG

MS
MS
PREVENTIVO
REPRESSIVO
O

CONTRA FUNDADO RECEIO


PREVENTIVO
DE ATO COATOR

MS

CONTRA ATO COATOR


REPRESSIVO

MS PREVENTIVO

 FUNDADO RECEIO DO ATO COATOR


52

 PARA PREVINIR QUE SEJA LANÇADO UM TRIBUTO


VIOLANDO DIREITO LIQUIDO E CERTO
 PARA PREVINIR O LANÇAMENTO COM BASE EM
FUNDAMENTOS ILEGAIS.

MS REPRESSIVO

 ATO COATOR
 JÁ SOFREU O ATO ILEGAL
 VOCÊ QUE REPREENDER
 VOCÊ QUER DESCONSTITUIR O ATO
 PECULIARIDADE PRAZO DE 120 DIAS

COMO APLICAR NO CASO PRÁTICO OU QUESTÃO DE


CONCURSO?

1a SE O ENUNCIADO FALA QUE ENTRE A DATA DA CIÊNCIA DO


ATO COATOR NÃO TRANSCORRERAM 120 DIAS HÁ UM FORTE
INDICATIVO DE QUE O EXAMINADOR QUER O MS REPRESSIVO. SE
INFORMAR QUE SE PASSARA MAIS DE 120 DIAS NÃO SERÁ MS.

2a NÃO HÁ SUCUMBÊNCIA: INFORMA QUE SEU CLIENTE NÃO


PRETENDE CORRER RISCO DA SUCUMBÊNCIA NÃO SERÁ MS.

3a NÃO HÁ DILAÇÃO PROBATÓRIA PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA

4a CELERIDADE ENUNCIADO INDICA QUE PRETENDE NA MEDIDA


MAIS CÉLERE.

5o QUER COMPENSAÇÃO (SUM 271 STF E 213 STJ) NÃO SERÁ


POSSÍVEL A RESTITUIÇÃO, APENAS POSSIBILITA A COMPENSAÇÃO
ONDE RECONHECE QUE HOUVE VIOLAÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E
CERTO E LHE PERMITE COMPENSAÇÃO FUTURA.

EXEMPLO:

A ADMINISTRAÇÃO FAAZENDÁRIA DE DETERMINADO ESTADO, POR


ENTENDER QUE A EMPRESA BRASILEITA DE CORREIORS E
TELÉGRAFOS –ECT SE ENQUADRA COMO CONTRIBUINTE DO IPVA
INCIDENTE SOBRE VEÍCULOS NOVOS DE SUA FROTA, EFETUOU O
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO DIRETO RELATIVO AO RESPECTIVO
IMPOSTO DE SUA COMPETÊNCIA. TODAVIA, A ALUDIDA EMPRESA
QUE SE ENCONTRA NO PRAZO REGULAR(EXIGIBILIDADE AINDA NÃO
SUSPENSA) PARA PAGAMENTO DO IPVA, NÃO QUITOU O IPVA POR
DISCORDAR DE SUA COBRANÇA, ENTENDENDO NÃO SER
CONTRIBUINTE ANTE A RELEVÂNCIA DOS SERVIÇOS DE NATUREZA
53

POSTAL PARA A POPULAÇÃO. SABENDO QUE A REFERIDA EMPRESA


PRETENDE VIABILIZAR DEMANDA JUDICIAL PARA A DEFESA DE
SEUS INTERESSES, UMA VEZ QUE NÃO HOUVE OFERECIMENTO DE
DEFESA ADMINISTRATIVA EM TEMPO HÁBIL, BEM COMO QUE
CONTADOS DA DATA DA NOTIFICAÇÃO DO LANÇAMENTO
TRIBUTÁRIO TRANSCORRERAM 90 (NOVENTA) DIAS, REDIJA, NA
QUALIDADE DE ADVOGADO DA EMPRESA, A PETIÇÃO PERTINENTE
QUE TRAGA O RITO MAIS CÉLERE COM BASE NO DIREITO MATERIAL
E PROCESSUAL TRIBUTÁRIO, CIENTE DA DESNECESSIDADE DE
OUTRAS PROVAS QUE NÃO SEJAM DOCUMENTAIS.

TODOS REQUISITOS DO MS
REPRESSIVO

ESQUELETO DA PEÇA

►ENDEREÇAMENTO

►QUALIFICAÇÃO DO POLO ATIVO E PASSIVO

►MEDIDA LIMINAR

►FATOS E FUNDAMENTOS

►PEDIDO

►ENCERRAMENTO

COMPETÊNCIA

REGRA: FORO DO DOMICÍLIO FUNCIONAL DA AUTORIDADE


COATORA.

AUTORIDADE COATORA MUNICIPAL: SECRETÁRIO DO


DEPARTAMENTO DE FINANÇAS E RENDAS MOBILIÁRIAS (ISS/TAXAS)
OU IMOBILIÁRIAS (ITBI/IPTU).

AUTORIDADE COATORA ESTADUAL: DELEGADO DA DELAGACIA DA


RECEITA ESTADUAL OU CHEFE DE ARRECADAÇÃO DA DELEGACIA
DA RECEITA ESTADUAL;
54

AUTORIDADE COATORA FEDERAL (JUSTIÇA FEDERAL): DELEGADO


DA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL OU CHEFE DE ARRECADAÇÃO
DA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL


ART. 109 DA CRFB/88

Art. 109 - Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
exceto
as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e
à
Justiça do Trabalho;
(...)
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de
autoridade
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

§ 1o - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção


judiciária ondevtiver domicílio a outra parte.

§ 2o - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção


judiciáriavem que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o
ato ou fato que deuvorigem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
ainda, no Distrito Federal.

§ 3o - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do


domicílio dosvsegurados ou beneficiários, as causas em que forem parte
instituição devprevidência social e segurado, sempre que a comarca não
seja sede de vara dovjuízo federal, e, se verificada essa condição, a lei
poderá permitir que outras causasvsejam também processadas e julgadas
pela justiça estadual.

§ 4o - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre


para ovTribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro
grau.

MAS QUAL A COMPETÊNCIA NESTE CASO?

IPVA – AUTORIDADE COATORA ESTADUAL

ECT – EMPRESA PÚBLICA

Art. 109 - Aos juízes federais compete processar e julgar:


55

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública


federal forem interessadas na condição de autoras....

EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA VARA CÍVEL FEDERAL DA


SUBSEÇÃO DE...........DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE ........
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRÁFOS – ECT, pessoa
jurídica de direito público, inscrita no CNPJ número ....., com sede na Rua
...., na...., Bairro ...., Cidade....., Estado....., CEP......., endereço
eletrônico....., vem, respeitosamente perante V.EXA., por meio de seu
advogado abaixo assinado (proc. anexa), com escritório na Rua..., Bairro...,
Cidade..., Estado..., CEP:..., onde recebe intimações, com fundamento no
art. 5o, LXIX da CRFB/88 e na Lei 12.016/2009 impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

Em face de atos praticados e que serão praticados pelo Delegado da


delegacia da receita Estadual do Estado de ...que pertence ao quadro de
servidores do Estado de...., Pessoa Jurídica, de Direito Público, CNP...,com
sede na Rua..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelos motivos de fato e
de direito abaixo aduzidos:

Comentários sobre os fatos:

Descrever a situação narrada e fazer um elo com a fundamentação jurídica;

Obs: existe alguma medida de urgência a ser tomada?

não houve oferecimento de defesa administrativa em tempo hábil: então


poderá ocorrer execução e penhora liminar: art. 7a, III, da lei 12.016/2009.

fumus boni iuris e periculum in mora

Relevância dos fundamentos jurídicos + Risco de ineficácia do provimento


final (Consequências Físicas decorrentes da exigibilidade do CT e sua
consequente inscrição em D.A.)

DOS FATOS

A impetrante é uma entidade que presta serviços essenciais a toda a


população em caráter de monopólio, razão pela qual possui imunidade
tributária.

No entanto, apesar de ser imune aos impostos incidentes sobre o


patrimônio, renda e serviços o Fisco estadual lançou o IPVA sobre a frota
de veículos da impetrante.

Por não concordar com a exigência do imposto, o impetrante não realizou o


pagamento, em seu entendimento não é contribuinte do IPVA.
56

TEMPESTIVIDADE

Conforme pode ser visualizado na documentação anexa, entre a data da


notificação do lançamento tributário até o presente momento, ocorreram 90
dias.
Assim, como não se passaram 120 dias, previstos no art. 23 da Lei
12.016/2009 e pela SUM no 632, do STF, o presente mandato e segurança
é tempestivo.

DO CABIMENTO

Nos termos do art. 5a, LXIX da CRFB/88, conceder-se-á mandado de


segurança para proteger direito líquido e certo quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

No caso, por se tratar de lançamento de IPVA, efetuado pela Administração


Fazendária Estadual, incidente sobre os veículos de sua frota, há violação
do direito líquido e certo à imunidade tributária do impetrante.

DO DIREITO

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA – ART. 150, VI, a, c/c o art. 150, §2a da


CRFB/88

Conforme previsão do artigo 21, X, da CRFB/88, a impetrante ECT, presta


serviços postal de natureza obrigatória e exclusiva, de competência da
união.

A imunidade recíproca dos impostos, prevista no art. 150, VI, a da


CRFB/88, veda que os entes federativos instituam sobre a renda,
patrimônio e serviços uns dos outros.

Ainda, pelo art. 150, §2a da CRFB/88, a imunidade recíproca contempla as


autarquias e fundações politicas mantidas pelo poder Público.

No entanto, de acordo com o art. 150, §3a, da CRFB/88, esta imunidade


não se aplica aos casos em que ocorra o pagamento de preço ou tarifas
pelo usuário, bem como prejuízo à concorrência privada.

Nesse sentido, o STF já firmou entendimento de que se aplica a imunidade


recíproca às empresas públicas prestadoras de serviços públicos, situação
em que se enquadra a impetrante, portanto, seus serviços são prestados
em caráter de monopólio, não visam o lucro e são de competência da
União.

Assim, a partir de uma leitura do art. 150, VI, a cc o § 2a, conclui-se que a
imunidade recíproca e aplicável ao impetrante e que portanto, a restrição
estabelecida no art. 150, §3a da CRFB/88, não aplica-se ao caso, tendo em
57

vista que a cobrança de preço visa apenas a remuneração de seus serviços


e não a obtenção de lucros.

Não se aplica também a previsão do art. 173, §2a da CRFB/88, que dispõe
que as empresas públicas e sociedade de economia mista não poderão
gozar de benefícios fiscais não extensivos ao setor público. Isso porque a
impetrante atua em monopólio, prestando serviço público, postal, de
natureza obrigatória e exclusiva de competência da União.

Por tudo o que foi exposto, demonstrando que as disposições dos arts.
150,§3a e 173,§2a da CRFB/88 são inaplicáveis ao impetrante, requer o
reconhecimento da imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a, c/c art.
150, §2a, e, consequentemente a anulação do IPVA lançado pela
autoridade impetrante.

MEDIDA LIMINAR

O art. 7o, III, da lei 12.016/2009, prevê que para a concessão de medida
liminar em andado de segurança, deve haver fumus boni iuris e periculum in
mora.

Todos os fatos estão inequivocadamente provados com os documentos


anexos. Assim, considerando-se a ilegalidade do lançamento do IPVA e os
potenciais prejuízos que serão causados ao impetrante, deve ser concedida
a medida liminar, pois a fumaça do bom direito e o perigo na demora estão
presentes no caso.

A fumaça do bom direito está demonstrada pelos fundamentos


colacionados no tópico anterior, que embasam o direito do impetrante de
usufruir a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a e §2o da CRFB/88.

O perigo da demora decorre do fato de que a exigibilidade do Crédito


Tributário poderá acarretar danos irreparáveis ao impetrante, pois o crédito
tributário poderá ser inscrito em dívida ativa e executado.

Assim, nos termos do art. 151, IV do Código Tributário Nacional e do art.7o,


III, da Lei 12.016/2009, requer a medida liminar para fins de suspensão da
exigibilidade do crédito tributário.

DO PEDIDO

REQUER:

a) A concessão da medida liminar, uma vez que presentes os requisitos do


art.7a, III, da lei 12.016/2009, fumus boni iuris e periculum in mora, a fim de
suspender a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, IV do
CTN;

b) A notificação da autoridade coatora para apresentar suas informações,


conforme dispõe o art. 7a, I, da Lei 12.016/2009;
58

c) A ciência do feito ao órgão de representação da Pessoa Jurídica


interessada com cópia da inicial, para que, caso queira ingresse no feito,
conforme dispõe o art. 7a,II, da lei 12.016/2009;

d) A intimação do Órgão do Ministério Público competente nos termos do


art. 12 da lei 12.016/2009;

e) Que seja concedida a segurança a fim de reconhecer o direito líquido e


certo da impetrante e anular/cancelar/extinguir o lançamento tributário;

f) A condenação da impetrante ao pagamento de custas judicias.

Dá-se a causa o valor de R$ ......

Nestes termos,

P. deferimento,

Local e data.

Advogado
OAB na

CASO 1:

Zeta é uma sociedade empresária cujo objeto social é a compra, venda e


montagem de peças metálicas utilizadas em estruturas de shows e demais
eventos. Para o regular exercício de sua atividade, usualmente necessita
transferir tais bens entre seus estabelecimentos, localizados entre
diferentes municípios do Estado de São Paulo.
Apesar de nessas operações não haver transferência da propriedade dos
bens, mas apenas seu deslocamento físico entre diferentes filiais de Zeta, o
fisco do Estado de São Paulo entende que há incidência de Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS nesse
remanejamento. Diante da falta de recolhimento do imposto, o fisco já
reteve por mais de uma vez, por seus Auditores Fiscais, algumas
mercadorias que estavam sendo deslocadas entre as filiais, buscando,
assim, forçar o pagamento do imposto pela sociedade empresária.
Considere que, entre a primeira retenção e a sua constituição como
advogado, passaram-se menos de dois meses. Considere, ainda, que todas
as provas necessárias já estão disponíveis e que o efetivo pagamento do
tributo, ou o depósito integral deste, obstaria a continuidade das operações
da empresa que, ademais, não quer se expor ao risco de eventual
condenação em honorários, no caso de insucesso na medida judicial a ser
proposta.
Com receio de sofrer outras cobranças do ICMS e novas retenções, e
também pretendendo a rápida liberação das mercadorias já apreendidas,
59

uma vez que elas são essenciais para a continuidade de suas atividades, a
sociedade empresária Zeta o procura para, na qualidade de advogado,
elaborar a petição cabível, ciente de que, entre a retenção e a constituição
do advogado, há período inferior a 120 (cento e vinte) dias, e que, para a
demonstração dos fatos, há a necessidade, apenas, de prova documental
que lhe foi entregue.

Endereçamento da Ação à Vara do Estado de São Paulo

Qualificação do Impetrante (Zeta)

Qualificação do Impetrado: auditor ou responsável pelo órgão de


fiscalização ou similar.
Demonstração do Cabimento do Mandado de Segurança , nos termos do
art. 1º da Lei 12.016/09 OU art. 5º, inciso LXIX da CF/88

Fundamento 1: Não há fato gerador do ICMS nas transferências de


mercadorias entre estabelecimentos de mesma titularidade, conforme a
Súmula nº 166/STJ OU art. 155, inciso II da CF/88 OU art. 2º da LC 87/96.

Fundamento 2: Não é possível apreender mercadorias para forçar o


contribuinte a pagar o tributo , conforme a Súmula nº 323/STF OU art. 5º,
inciso LIV da CF/88

Requisitos da Liminar
Demonstrar a existência fumus boni juris (fundamento relevante de direito
para concessão de liminar)
Demonstrar a existência do periculum in mora

Pedido Liminar – Pedir o deferimento da liminar para que o Fisco

(a)para que o Fisco restitua as mercadorias já apreendidas

(b)se abstenha de exigir o ICMS no caso (0,30), nos termos do disposto no


art. 151, inciso IV do CTN

(c)se abstenha de voltar a reter mercadorias para forçar o pagamento do


imposto

Procedência do pedido para a concessão da segurança , com a:

(d) confirmação da liminar, com a consequente liberação definitiva das


mercadorias
(e) declaração de que não há incidência de ICMS no caso
(f) ordem de abstenção de novas retenções e cobranças futuras

Notificação da Autoridade Coatora para prestar informações


60

Cientificação (ou citação) do Estado de São Paulo

Intimação do Ministério Público

Condenação do Estado de São Paulo nas custas processuais (não tem


condenação em honorários no MS).

Valor da causa

Fechamento da peça: Local, data, Advogado, OAB

Caso 2:

Em março de 2014, o Estado A instituiu, por meio de decreto, taxa de


serviço de segurança devida pelas pessoas jurídicas com sede naquele
Estado, com base de cálculo correspondente a 3% (três por cento) do seu
faturamento líquido mensal. A taxa, devida trimestralmente por seus sujeitos
passivos, foi criada com o objetivo de remunerar o serviço de segurança
pública prestado na região. A taxa passou a ser exigível a partir da data da
publicação do decreto que a instituiu.
Dez dias após a publicação do decreto (antes, portanto, da data de
recolhimento da taxa), a pessoa jurídica PJ Ltda. decide impugnar o novo
tributo, desde que sem o risco de suportar os custos de honorários
advocatícios na eventualidade de insucesso na demanda, tendo em vista
que pretende participar de processo licitatório em data próxima, para o qual
é indispensável a apresentação de certidão de regularidade fiscal, a qual
será obstada caso a pessoa jurídica deixe de pagar o tributo sem o amparo
de uma medida judicial.
Considerando a situação econômica do contribuinte, elabore a medida
judicial adequada para a impugnação do novo tributo e a garantia da
certidão de regularidade fiscal necessária à sua participação na licitação,
considerando a desnecessidade de dilação probatória e indicando todos os
fundamentos jurídicos aplicáveis ao caso.

A peça apropriada é o Mandado de Segurança, uma vez que se trata de


direito líquido e certo e a medida não comporta condenação em honorários
advocatícios (Súmula 512 do STF, Súmula 105, do STJ, e Art. 25, de Lei nº
12.016/2009). Deve ser apresentado pedido de liminar para assegurar que
o novo tributo não poderá impedir o impetrante de obter a certidão de
regularidade fiscal da pessoa jurídica. Para tanto devem ser demonstradas
a presença dos requisitos essenciais à liminar, quais sejam o fumus boni
iuris (plausibilidade do direito alegado) e o periculum in mora (risco na
demora da prestação jurisdicional, em decorrência da proximidade da
licitação).
Quanto ao mérito, deve ser alegada a inconstitucionalidade da taxa em
61

razão da violação do princípio da legalidade (Art. 150, I, da Constituição) e


ao princípio da anterioridade (tanto a anterioridade do exercício financeiro
quanto a anterioridade nonagesimal – Art. 150, III, b e c, da CF). Também
deve ser apontada a inconstitucionalidade do fato gerador da taxa não
corresponder a serviço público específico e divisível, uma vez que o serviço
de segurança pública possui caráter geral e indivisível (Art. 145, II, da
Constituição). Vale destacar, ainda, que a taxa é um tributo
contraprestacional/vinculado e a base de cálculo instituída pelo decreto não
reflete o custo despendido pelo Estado para a prestação da atividade.

Caso 3:

O estabelecimento da sociedade WYZ Ltda., cujo objeto é a venda de


gêneros alimentícios, foi interditado pela autoridade fazendária municipal,
Coordenador Municipal de Tributação, com fundamento na Lei Municipal –
que por sua vez prevê a interdição por falta de pagamento de taxa de
inspeção sanitária já devidamente constituída pelo lançamento.

Diante disso, o administrador da sociedade procura um advogado,


imediatamente após o ato de interdição, munido dos documentos
necessários para a comprovação do seu direito, solicitando a reversão do
ato de interdição do seu estabelecimento o mais breve possível, pois a
continuidade de seu negócio está comprometida. Pede o administrador,
ainda, que seu advogado ajuize medida judicial que, na hipótese de
eventual insucesso, não acarrete o risco de condenação da sociedade WYZ
Ltda. em verba honorária em favor da parte contrária.
Na qualidade de advogado da sociedade WYZ Ltda., redija a petição inicial
mais adequada à necessidade do seu cliente, com o objetivo de reverter
judicialmente o ato administrativo de interdição do estabelecimento, ciente
de que a prova necessária é puramente documental.

A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser


utilizados para dar respaldo à pretensão.

A sociedade WYZ Ltda. deverá impetrar Mandado de Segurança com


pedido de liminar para suspender de imediato a interdição do
estabelecimento, ante o risco à continuidade do negócio.

Deverá, além de indicar o correto endereçamento da peça processual,


promover a escorreita identificação das partes.

Após indicar a razão de cabimento do Mandado de Segurança (prova pré-


constituída e existência de ilegalidade por parte da Autoridade Coatora),
deverá expor os fundamentos em que se escora seu alegado direito, quais
sejam:

a) a impossibilidade de interdição do estabelecimento como meio coercitivo


62

de cobrança de tributo, o que inclusive é objeto da Súmula n. 70 do STF;

b) a inconstitucionalidade da lei municipal por violação ao princípio da


razoabilidade, consubstanciado no aspecto substantivo do devido processo
legal, que inclui a proporcionalidade em sentido estrito. E, sendo irrazoável
e desproporcional a interdição, daí resulta a violação do direito
constitucional de exercício da atividade econômica.

Ainda nessa parte, deverá também mencionar, a afronta ao devido


processo legal, no seu aspecto formal, pois a lei cria um mecanismo
coercitivo para se realizar o pagamento de uma espécie tributária, de forma
a enfraquecer o direito de se questionar o cabimento ou não, da referida
verba em sede judicial. Ou seja, cria um mecanismo para conferir, via
indireta, o pagamento em foco sem a necessidade do processo de
execução fiscal.

A petição deverá, ainda, indicar a presença dos requisitos essenciais para a


concessão da liminar pleiteada: o fumus boni iuris (plausibilidade do direito
alegado) e o periculum in mora (risco na demora da prestação jurisdicional).

A peça, quanto ao pedido, deverá conter a postulação de liminar e a


pretensão final, consistente, esta última, na declaração, ou reconhecimento
da nulidade do ato decisório que determinou o fechamento do
estabelecimento, pois sob o fundamento de lei inconstitucional.

Nesta parte da peça, coloca-se importante observar a “ideia” de reversão da


situação de fechamento do estabelecimento, principalmente no plano da
pretensão liminar.

Deve, ainda, na parte final da petição, o candidato fazer menção à


notificação da autoridade coatora, a manifestação do ente público a que
pertença a autoridade coatora, bem como o pronunciamento do MP, a
denotar, quanto ao último, que este tem participação obrigatória no
procedimento.

Deve, também, neste momento fazer alusão ao valor da causa, esclarecer


que está apresentando a segunda via da inicial e documentos juntos, além
de indicar o endereço da empresa impetrante.

2.5. AÇÃO ANULATÓRIA

Há duas modalidades de ação anulatória. A primeira delas se caracteriza


pelo fato de a parte autora ingressar com uma ação judicial com o objetivo
de anular uma dívida já constituída. Aqui, a parte autora não pagou a
quantia constituída e não tem a pretensão de fazê-lo.

A segunda modalidade de ação anulatória é aquela prevista no artigo


169 do Código Tributário Nacional, que tem como objetivo anular uma
decisão administrativa que denegou a restituição de um tributo pago
63

indevidamente. Nesse caso, a parte autora pagou um tributo que reputa


indevido e solicitou a sua restituição ao fisco, que negou o pedido.
Inconformada, a parte autora ingressa com uma ação com o objetivo de
anular essa decisão.

NATUREZA: CONSTITUTIVA

OBJETIVO: OBTENÇÃO DE SENTENÇA DE CONTEÚDO


ANULATÓRIO/MODIFICATIVO/EXTINTIVO. PARAANULAÇÃO TOTAL OU
PARCIAL DE ATO ADMINSTRATIVO

A) DE LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO;

B) DE LANÇAMENTO DE PENALIDADE

C) APREENSÃO DE MERCADORIAS

Súmula 323 é inadmissível a apreensão de mercadorias como


meio coercitivo para pagamento de tributos. Momento: após o
lançamento

AÇÕES CABÍVEIS NA DEFESA DA EXECUÇÃO

1) EMBARGOS À EXECUÇÃO;

2) EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE;

3) MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO;

4) AÇÃO ANULATÓRIA

OBS:AÇÃO ANULATÓRIA: DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA


QUANDO O EXAMINADOR FALA QUE QUER DEFESA NOS MESMOS
AUTOS DO PROCESSO, ELE QUER EPE. SE DIZ QUE HOUVE
GARANTIA DO JUÍZO MAS PERDEU O PRAZO, ELIMINA EMBARGOS.
NA EXECUÇÃO FISCAL : 1º EPE, 2º E.E, 3º MS, 4º AA.

2.5.1 Ação anulatória comum

A ação anulatória comum é uma ação ordinária de cunho desconstitutivo


ou constitutivo negativo, que visa a anular pela via judicial a existência de
débito fiscal já constituído.

Essa é, inclusive, a circunstância que a diferencia da ação declaratória,


que tem seu âmbito de cabimento restrito às hipóteses em que não houve
ainda a constituição do crédito tributário. Embora os pedidos sejam
64

diversos, nada impede que uma ação cumule uma pretensão anulatória
com uma pretensão declaratória, nos casos em que os fatos geradores
ocorrem com certa frequência.

Exemplo A pessoa jurídica X foi notificada de lançamento tributário


concernente à taxa de limpeza pública dos anos de 2014, 2015, 2016 e
2017, 2018,2019,2020. Nesse caso, a empresa pode ingressar com uma
ação anulatória, para desconstituir os lançamentos dos anos de 2014, 2015,
2016 e 2017, cumulada com uma ação declaratória de inexistência de
relação jurídica, com o objetivo de evitar que seja constituído o crédito do
pretenso fato gerador ocorrido em 2021..

Por se tratar de uma ação ordinária, a petição inicial deve observar todos
os requisitos do artigo 319 do Código de Processo Civil e o valor da causa
deve corresponder à quantia que se pretende anular. E

Embora o artigo 38 da LEF pudesse induzir à interpretação distinta, não


é necessária a realização de depósito para ingressar com uma ação
anulatória, conforme entendimento vinculante do Supremo Tribunal Federal:

Súmula Vinculante nº 28: É inconstitucional a exigência de depósito


prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

Por outro lado, o ingresso da ação anulatória não tem o condão, por si
só, de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Assim, regra geral, o
ajuizamento dessa ação não impede o fisco de ingressar com a ação de
execução fiscal ou de prosseguir nos atos expropriatórios iniciados em
demanda que lhe for anterior. O fundamento reside na circunstância de que
as causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário são aquelas
enunciadas no artigo 151 do Código Tributário Nacional, que não prevê o
ajuizamento de uma ação anulatória no seu rol.

Entretanto, é possível que o contribuinte obtenha a suspensão da


exigibilidade do crédito tributário no bojo de uma ação anulatória. Isso pode
ocorrer de duas formas: o autor pode realizar o depósito do montante
integral da dívida, o que acarreta, independentemente de qualquer outra
circunstância, a suspensão da exigibilidade do crédito, nos termos do artigo
151, inciso II, do CTN; ou ele pode conseguir um provimento antecipatório,
seja em tutela de urgência ou em tutela de evidência, conforme determina o
artigo 151, inciso V, do CTN.

Por fim, antes de encerrarmos o estudo dessa modalidade de ação


anulatória, gostaríamos de frisar três aspectos importantes: O primeiro diz
respeito à distinção entre a consignação e o depósito na ação anulatória.
65

No primeiro caso, tem-se um depósito-pagamento, porque na ação de


consignação não se discute a legalidade da cobrança; no segundo, um
depósito-caução, utilizado para suspender a exigibilidade do crédito
tributário durante a tramitação da demanda que pretende a anulação do
crédito.

O segundo concerne à relação entre a ação anulatória e ação de


execução fiscal ajuizada previamente.

Quanto ao tema, existem duas correntes doutrinárias: a primeira entende


que depois da execução fiscal não seria mais cabível o ajuizamento da
ação anulatória, porque a matéria de defesa deveria ser suscitada por meio
de embargos, após a garantia do juízo; a segunda corrente entende que
seria cabível o ajuizamento da ação anulatória, porque além de não existir
vedação legal nesse sentido, esse seria o entendimento mais compatível
com o princípio da ampla defesa e com o princípio do acesso à justiça. Do
ponto de vista da jurisprudência, prevalece essa última interpretação.
Assim, na prática, o executado pode se defender independentemente de
prévia garantia do juízo, desde que o faça por meio da ação anulatória.

Resp 557.080/DF 1. Se é certo que a propositura de qualquer ação relativa


ao débito constante do título não inibe o direito do credor de promover-lhe a
execução (CPC, art. 585, § 1º), o inverso também é verdadeiro: o
ajuizamento da ação executiva não impede que o devedor exerça o direito
constitucional de ação para ver declarada a nulidade do título ou a
inexistência da obrigação, seja por meio de embargos (CPC, art. 736), seja
por outra ação declaratória ou desconstitutiva(ANULATÓRIA). Nada
impede, outrossim, que o devedor se antecipe à execução e promova, em
caráter preventivo, pedido de nulidade do título ou a declaração de
inexistência da relação obrigacional.

O terceiro aspecto diz respeito ao prazo prescricional da ação anulatória.


Na ausência de norma específica, a jurisprudência entende que se aplica o
prazo quinquenal previsto no artigo 1º do Decreto nº 20.910/32 (Regula a
Prescrição Quinquenal)( REsp 1688518/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/11/2017, DJe 19/12/2017).

2.5.2. Ação anulatória do artigo 169 do Código Tributário Nacional


Dispõe o artigo 169 do Código Tributário Nacional:

Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão


administrativa que denegar a restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação
judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da
intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública
interessada.
66

O dispositivo se aplica nos casos em que o sujeito passivo tentou a


restituição administrativamente, mas o fisco denegou o pedido. Nessas
hipóteses, o interessado tem o prazo de 2 anos, contados da decisão
denegatória, para ingressar com a ação anulatória.

O parágrafo único, por sua vez, estabelece uma hipótese de prescrição


intercorrente. De fato, segundo o texto da lei, a prescrição é interrompida
pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso pela metade, a partir
da intimação da Fazenda Pública.

Esse dispositivo tem sido considerado inconstitucional pela maior parte


da doutrina, por ser bastante improvável que a ação seja julgada no prazo
de um ano. Assim, estar-se-ia imputando ao autor o ônus pela morosidade
do Poder Judiciário.

Uma forma de compatibilizá-lo com a Constituição Federal seria aplicá-lo


tão somente nos casos em que o processo ficou parado por culpa do
próprio autor, como aconteceria na hipótese em que seu advogado retirasse
os autos em carga e só devolvesse um ano depois, mesmo após reiteradas
intimações para fazê-lo.

CASO 1:

AÇÃO ANULATÓRIA OU MS

Equipamentos (partes e peças) que estavam sendo transportados para a


empresa Micro Informática Ltda. e que seriam utilizados em sua produção
foram apreendidos, sob a alegação da Secretaria de Arrecadação Estadual
de que a nota fiscal que os acompanhava não registrava uma diferença de
alíquota devida ao Fisco e não teria havido, portanto, o recolhimento do
imposto. Na ocasião, houve o auto de infração e foi realizado o respectivo
lançamento. A empresa, que tem uma encomenda para entregar, procura
você, na condição de advogado, para a defesa de seus interesses.

Na qualidade de advogado da empresa Micro Informática, apresente a peça


processual cabível para a defesa dos interesses da empresa, empregando
todos os argumentos e fundamentos jurídicos cabíveis.

(Valor: 5,0 - Foram disponibilizadas 150 linhas para resposta)

Mandado de Segurança ou Ação Anulatória

Cabível o mandado de segurança com pedido de liminar, ante o abuso de


poder da autoridade coatora.

Cabível igualmente ação anulatória com pedido de antecipação de tutela.

Lei 12.016/09
67

A mercadoria só pode ficar detida até a lavratura do auto de infração. Após,


deve ser liberada.

Mesmo que a mercadoria estivesse desacompanhada por nota fiscal, não


seria possível apreendê-la.

É ilegal e abusiva a apreensão de mercadoria após a lavratura do auto de


infração e correspondente lançamento.

Incidência das Súmulas 70, 323 e 547 do STF.

Ofensa ao princípio da livre iniciativa. Ofensa ao direito de propriedade


(artigo 5º, XXII e artigo 170 da CF).

É defeso à Administração impedir ou cercear a atividade profissional do


contribuinte, para compeli-lo ao pagamento de débito, uma vez que tal
procedimento redundaria no bloqueio de atividades lícitas, mercê de
representar hipótese de autotutela, medida excepcional ante o monopólio
da jurisdição nas mãos do Estado-Juiz.

MS

Identificação do Juízo

da parte autora

Identificação Correta da Autoridade Coatora

Pedido de Liminar – fundamentação legal: artigo 7º da Lei 12.016/09

Breve exposição e caracterização dos fatos: Ênfase em ter sido lavrado o


auto , / a medida ser abusiva e prejudicial à atividade econômica , / a
urgência na liberação das mercadorias

Fundamentação do pedido: súmulas do STF – 70 OU 323 OU 547 OU


direitos constitucionais de propriedade e livre iniciativa (5º, XXII, OU 170 da
CRFB)

Abuso de poder da autoridade fiscal: / a apreensão, além de atingir direito


fundamental, representa autotutela do próprio direito

Pedido: reconhecimento do direito líquido e certo do impetrante em liberar a


mercadoria.

Notificação da autoridade coatora para que preste informações.

Valor da causa

AÇÃO ANULATÓRIA COM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA


68

Identificação do Juízo , da parte autora e da parte ré

Fundamentação da Tutela Antecipada , com requisitos – verossimilhança,


prova inequívoca e existência de fundado receio de dano irreparável –
fundamentação legal: artigo 273 do CPC.

Breve exposição e caracterização dos fatos: Ênfase em ter sido lavrado o


auto, / a medida ser abusiva e prejudicial à atividade econômica , / a
urgência na liberação das mercadorias

Fundamentação do direito: súmulas do STF – 70 OU 323 OU 547 OU


direitos constitucionais de propriedade e livre iniciativa (5º, XXII, OU 170 da
CRFB)

Citação da parte ré.

Condenação nos honorários sucumbenciais.

Valor da causa.

CASO 2: peça modelo

A SOCIEDADE EMPRESÁRIA XX LTDA, INSCRITA NO CNPJ Nº


000.000.000-0, E COM SEDE NA RUA DAS FLORES, Nº200, NO
MUNICÍPIO DE UBÁ/MG, FOI NOTIFICADA EM 01/03/2008, PELO
MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA, PARA RECOLHER ISS RELATIVO AS
SERVIÇOS DE TRANSPORTE ESCOLAR REALIZADOS ENTRE OS
MUNICÍPIOS CITADOS, NO PERÍODO DE 01/01/2003, A 31/12/2007. O
TRIBUTO NÃO FOI PAGO NEM FOI OFERECIDA IMPUGNAÇÃO. EM
10/11/2008, O REPSONSÁVEL LEGAL DA REFERIDA EMPRESA
PROCUROU O ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA COM O OBJETIVO DE
PROPOR UMA ÚNICA AÇÃO JUDICIAL VISANDO O CANCELAMENTO
DA NOTIFICAÇÃO FISCAL E À OBTENÇÃO, URGENTE, DE CERTIDÃO
DE REGULARIDADE FISCAL PARA PARTICIPAR DE PROCEDIMENTO
LICITATÓRIO NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA/MG. A EXECUÇÃO
FISCAL JÁ FOI PROPOSTA EM 10/08/2008 COM BASE NA CERTIDÃO
DE DÍVIDA LAVRADA EM 10/05/2008. EM FACE DESTA SITUAÇÃO
HIPOTÉTICA, NA QUALIDADE DE ADVOGADO CONSTITUÍDO PELA
EMPRESA, PROPONHA AÇÃO CABÍVEL, CONISDERANDO QUE A
SOCIEDADE EMPRESÁRIA NÃO FOI CITADA E NÃO QUER PAGAR O
TRIBUTO E NEM SOFRER QUALQUER CONSTRIÇÃO DE BENS.

EPE???? MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA + SEM DILAÇÃO


PROBATÓRIA
HOUVE PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA?
TRIBUTO FOI PAGO?
É AÇÃO OU SIMPLES PETIÇÃO DENTRO DOS AUTOS?
69

DESCARTADA

E.E???? NÃO QUER PAGAR O TRIBUTO/NÃO PRETENDE GARANTIR O


JUÍZO/ NÃO FALOU EM INTIMAÇÃO DA PENHORA.

DESCARTADA

MSR NO CASO DA DATA DA NOTIFICAÇÃO E QUANDO PROCUROU O


ESCRITÓRIO – TINHA MAIS DE 120 DIAS?
DESCARTADO

CASO DE AÇÃO ANULATÓRIA BITRIBUTAÇÃO – art. 156, III, E ART. 155,


II CF.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: III - serviços de
qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) II -
operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

AÇÃO ANULATÓRIA – DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA À


EXECUÇÃO FISCAL
ART. 38 DA LEI 6.830/80
PI – ART. 319 CPC
ENDEREÇAMENTO: JF OU JE?
JC OU JUIZADO? FALOU EM VALOR DA CAUSA? FALOU SE PARTE
AUTORA É EPP OU ME OU PESSOA FÍSICA?
FORO: JF OU UBA?
DOMICÍLIO DO RÉU: JF ART.206 CTN – CERTIDÃO POSITIVA COM
EFEITO DE NEGATIVA – QUANDO HÁ SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE
OU GARANTIA DO JUÍZO

Resposta

EXMO.SR.DR.JUIZ DE DIRIETO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA


COMARCA DE JUIZ DE FORA DO ESTADO DE MG.

DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA AOS AUTOS DE EXECUÇÃO


FISCAL Nº____
70

Sociedade Empresária XX, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ 000.000-000, endereço Rua das Flores, nº 200, Bairro
______, cidade de Ubá/MG, CEP:________na pessoa de seu representante
legal, vem perante V.Exa., por meio de seu advogado infra assinado, propor
AÇÃO ANULATÓRIA C/C ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, com fulcro no art.
38 da lei 6.830/80 e art. 294 do Código de Processo Civil, em face do
Município de Juiz de Fora, pessoa jurídica de direito público, na pessoa de
seu representante legal, CNPJ ____, com sede na rua ___________, Bairro
______, cidade de Juiz de Fora/MG, CEP:___________, pelos motivos
abaixo expostos:

I- Síntese dos Fatos Narrar os fatos como ele aparece na peça.

(Frase de fechamento) Assim sendo, não restou outra alternativa ao autor, a


não ser buscar a tutela jurisdicional.

II- Do Direito

2.1 Da Não Incidência do ISS/ art. 156,inciso III, e art.155, inciso II, da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88).

(demonstrar a subsunção do fato à norma – 3 parágrafos)

Nos termos do art. 156, inciso III da CRFB/88, os impostos sobre


serviços de qualquer natureza, devem incidir sobre serviços que não
estejam na competência do ICMS (imposto sobre circulação de mercadoria
e serviços) e que tenham previsão na Lei Complementar nº116/03. Já nos
termos do art. 155, inciso II da CRFB/88, os serviços de transporte
interestadual e intermunicipal sujeitam-se ao ICMS.

No presente caso, verifica-se que a autora presta serviço de


transporte intermunicipal, uma vez que o serviço de transporte sai do
Município de Ubá/MG, com destino ao Município de Juiz de Fora/MG.

Assim sendo, tendo em vista tratar-se de serviço de transporte


intermunicipal, deve incidir o ICMS, imposto estadual, e não podendo
portanto incidir o ISS, como quer o Município de Juiz de Fora, sob pena de
bitributação, o que não é permitido pela Constituição.

III- Da Tutela Antecipada/ art. 294 do Código de Processo Civil (CPC)

( 3 parágrafos – prova inequívoca/verossimilhança das alegações/perigo de


dano irreparável)

A prova inequívoca está presente conforme documentos anexos. A


verossimilhança das alegações se verifica com todo acima, uma vez que
tem-se a incidência do ICMS, por tratar-se de serviço de transporte
intermunicipal e não incide ISS, conforme determina os artigos 156, inciso
III, e art. 155, inciso II, da CRFB/88.
71

O perigo de um dano irreparável e de difícil reparação se justifica


dadas as consequências fiscais que o autor possa vir a sofrer.(usa apenas
para questões genéricas)

O perigo de dano irreparável e de difícil reparação ainda se justifica


dado ao fato de que o autor irá participar de um processo licitatório, e para
tanto precisa da certidão positiva com efeito de negativa, a qual só
conseguirá nos termos do art. 206 do Código Tributário Nacional (CTN) se
houver a suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

(Frase de fechamento) Presente todos os requisitos para fazer jus à tutela


antecipada, quais sejam, prova inequívoca, verossimilhança das alegações,
e perigo de dano irreparável e de difícil reparação, o autor faz jus à
concessão da tutela antecipada a fim de suspender a exigibilidade do
crédito tributário nos termos do artigo 151, inciso V, do CTN e com isto
conseguir a certidão positiva com efeito de negativa, conforme prevê o art.
206 do CTN.

IV – Dos Pedidos

Diante de Todo exposto requer-se:

a) Concessão da tutela antecipada uma vez que presente os requisitos do


art. 294 do CPC, prova inequívoca, verossimilhança das alegações, dano
irreparável e de difícil reparação, a fim de suspender a exigibilidade do
crédito tributário e consequentemente a execução fiscal, nos termos do
artigo 151, inciso V, do CTN e com isto conseguir uma certidão positiva com
efeito de negativa, conforme previsto no art. 206 do CTN;

b) Citação dos réus na pessoa de seus representantes legais para


apresentar resposta;

c) Que seja julgado procedente o pedido a fim de anular o lançamento


tributário eivado de inconstitucionalidade e extinguir a execução fiscal;

d) Produção de todas as provas admitidas em direito;

e) A condenação do réu em custas e honorários advocatícios nos termos do


arts. 84 e 85 do CPC.

Caso 3

Por ocasião da importação de equipamentos eletrônicos realizada pela


pessoa jurídica PJ, a União entendeu que o recolhimento do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) por parte da contribuinte havia sido realizado
de forma incorreta.

De acordo com a União, no caso de desembaraço aduaneiro, o IPI deveria


72

incidir sobre o valor correspondente a 200% do preço corrente dos


equipamentos no mercado atacadista da praça do remetente, acrescido do
Imposto de Importação (II), das taxas exigidas para a entrada do produto no
país e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador.

Assim, considerando equivocado o recolhimento do tributo, a União


determinou a apreensão dos equipamentos, bem como a interdição do
estabelecimento da pessoa jurídica, até pagamento integral do montante
devido.

Lavrado auto de infração para a cobrança dos valores supostamente


devidos, a pessoa jurídica PJ, inconformada com esta situação, decide
apresentar medida judicial para a desconstituição do crédito tributário e,
nesse sentido, contestar as medidas
adotadas pela Fazenda Nacional.

Diante dos fatos narrados, sabendo que as medidas adotadas pela Fazenda
Nacional datam de mais de 120 dias e estão causando prejuízos
irreparáveis e que não há processo judicial em trâmite a respeito desse
caso, redija a peça processual adequada para a garantia dos direitos da
pessoa jurídica PJ, que pretende ver a União condenada em honorários de
sucumbência. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam


ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou
transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

Endereçamento

1. Juízo da Vara Federal da Seção Judiciária do Estado

2.Partes

Autor: Pessoa jurídica PJ e Ré: União

Cabimento

3. Cabimento da ação anulatória, conforme Art. 38 da Lei nº 6.830/80 – LEF


OU porque descabido o mandado de segurança, nos termos dos Arts. 23
OU 25 da Lei nº 12.016/09

4. A base de cálculo do imposto é o preço normal do produto, acrescido do


Imposto de Importação (“II”), das taxas exigidas para a entrada do produto
no país e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou
dele exigíveis (0,70), conforme Art. 47, inciso I, alíneas a, b e c, do CTN .

OU
73

A base de cálculo do imposto (IPI) é o valor aduaneiro (ou a base de cálculo


do II, AVA GATT) acrescido do Imposto de Importação (II) e dos encargos
cambiais, Art. 14, inciso I, alínea “b” da Lei 4.502/64.

5. É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para


pagamento de tributos (0,60), conforme a Súmula 323 do STF

6. É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para


cobrança de tributo , conforme a Súmula 70 do STF .

Fundamentos da tutela de urgência

7. Plausibilidade do direito OU fumus boni iuris decorrente da flagrante


ilegalidade das medidas adotadas pela Fazenda
Nacional

8. Urgência OU o periculum in mora porque as medidas estão causando


prejuízos irreparáveis e não há processo judicial em
trâmite

Pedidos

9. Deferimento de tutela de urgência para (i) a imediata liberação das


mercadorias apreendidas ; (ii) para cessar a interdição do
estabelecimento ; e (iii) para suspender a exigibilidade do crédito tributário

10. Procedência final do pedido para que: (i) seja determinada a


desconstituição do crédito tributário ; (ii) seja
determinada/convalidada a liberação dos equipamentos apreendidos; e seja
determinada a desinterdição do estabelecimento

11. Condenação do réu ao ressarcimento das custas processuais e ao


pagamento dos honorários advocatícios, nos termos do
Art. 85, § 3º, do CPC/15 OU Condenação do réu ao pagamento das
verbas/encargos/ônus sucumbenciais , nos termos do Art.
85, § 3º, do CPC/15

12. Indicação das provas a serem produzidas (0,10), conforme Art. 319,
inciso VI, do CPC/15

13. Opção pela realização ou não de audiência de conciliação ou de


mediação , conforme Art. 319, inciso VII, do
CPC/2015, OU menção à possibilidade de dispensa de tal audiência por se
tratar de direito que não admite autocomposição,
conforme Art. 334, § 4º, inciso II, do CPC/15)

14. Valor da causa

Fechamento
74

15. Local, data, advogado e OAB...

2.6. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO


JURÍDICA

A ação declaratória de inexistência de relação jurídica é uma ação


ordinária, movida pelo sujeito passivo, na qual ele requer o reconhecimento
judicial de que não há uma relação jurídica entre ele o fisco. O fundamento
legal dessa ação repousa no artigo 19, inciso I, do CPC, que possui a
seguinte redação:

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da


existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;

Por tratar-se de uma ação ordinária, a petição inicial deve observar


todos os requisitos previstos pelo artigo 319 do Código de Processo Civil:

Art. 319. A petição inicial indicará:


I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união
estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos
fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de
conciliação ou de mediação.
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá
o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a
sua obtenção.
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao
disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações
tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

O objetivo da ação declaratória é evitar que o fisco constitua um


crédito tributário em razão de suposto fato gerador ocorrido ou prestes a
acontecer, mas que o contribuinte nega a existência.

Exemplo
Determinado município aprovou lei instituindo o ISS sobre a locação de
bens móveis. A pessoa jurídica X, que se dedica a alugar veículos, logo no
75

primeiro mês em que a lei se tornou eficaz, optou por não recolher o tributo,
por entender que ele é inconstitucional. Nesse caso, como ainda não
ocorreu o lançamento tributário, a pessoa jurídica pode ingressar com uma
ação ordinária declaratória de inexistência de relação jurídica, a fim de que
o Poder Judiciário reconheça que as suas atividades não podem ser
tributadas por meio do ISS.

O ajuizamento de uma ação declaratória, por si só, não suspende


a exigibilidade do crédito tributário, o que somente vem a ocorrer se o
contribuinte depositar os valores controvertidos (artigo 151, inciso II) ou
obter a concessão de medida liminar (artigo 151, inciso V).

Além disso, ainda que o contribuinte obtenha um provimento


judicial antecipatório, nada impede que o fisco realize o lançamento
tributário para prevenir a decadência (Lei 9.430/96 (Dispõe sobre a
legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o
processo administrativo de consulta e dá outras providências.)

Art. 63 Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a


decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja
exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art.
151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento
de multa de ofício.).

Isso porque, o artigo 151 do CTN versa sobre suspensão do crédito


tributário, e não sobre suspensão da obrigação tributária. Entretanto, uma
vez constituído o crédito, o fisco não pode mais prosseguir na cobrança até
que o crédito retome a exigibilidade.

Aplicam-se às ações declaratórias os dispositivos concernentes à


tutela provisória, constante dos artigos 300 e seguintes do CPC.

Assim, eventual provimento antecipatório pode decorrer não


apenas da urgência, mas também da evidência do direito vindicado.

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos
ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental
76

adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de


entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de
gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
juiz poderá decidir liminarmente.

No exemplo acima mencionado, isso se faria possível, porque a


impossibilidade de incidência do ISS sobre locação de bens moveis é tese
que encontra guarida em enunciado de súmula vinculante.

Súmula Vinculante nº 31: É inconstitucional a incidência do imposto


sobre serviços de qualquer natureza - ISS sobre operações de locação
de bens móveis.

Por fim, é importante reiterar: o ingresso com uma ação


declaratória de inexistência de relação jurídica importa na renúncia à esfera
administrativa, conforme enuncia o artigo 38, parágrafo único, da Lei
6.830/80.

Caso 1:

Juarez aposentou-se no serviço público federal em 15/5/2005. Três anos


depois, foi acometido de neoplasia maligna, conforme atestado em laudo
pericial, datado de 5/9/2008 e proferido por médico especialista em
oncologia do Hospital Vita. Em razão desse diagnóstico e de posse do
laudo médico, Juarez protocolou, junto ao órgão em que trabalhava, ou
seja, junto a sua fonte pagadora, pedido de concessão do benefício de
isenção do imposto de renda relativamente aos seus proventos de
aposentadoria. O pedido foi negado, sob o argumento de que o laudo
pericial apresentado não fora emitido por serviço médico oficial da União.
Juarez submeteu-se, então, a perícia feita por junta médica oficial da
repartição pública que lhe concedera a aposentadoria. Após análise dos
documentos apresentados e realização de exame físico, foi emitido laudo,
datado de 6/2/2009, atestando ser o interessado realmente portador da
alegada debilidade. Com o laudo pericial comprovador da moléstia, emitido
por serviço médico oficial da União, Juarez protocolou, perante sua fonte
pagadora, em 15/2/2009, novo pedido de reconhecimento da isenção.
Transcorrido mais de um ano, a fonte pagadora continua procedendo aos
descontos do imposto de renda incidente sobre os proventos da
aposentadoria de Juarez, que, inconformado, procurou auxílio de
profissional da advocacia.

2.7. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO

Dispõe o artigo 165 do Código Tributário Nacional:


77

Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio


protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade
do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos
seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o
devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou
circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota
aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou
conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

Esse dispositivo concede ao sujeito passivo o direito de pleitear a


restituição de um tributo pago indevidamente ou a maior
independentemente do motivo que tenha dado origem ao indébito.

Assim, cabe a restituição em razão de erro, de prescrição, de


decadência, etc. Ademais, não há a necessidade de prévio requerimento
administrativo.

O sujeito passivo pode pedir a restituição administrativamente ou


ingressar desde logo com a ação judicial. O artigo 166, por sua vez, tem a
seguinte redação:

Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza,


transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem
prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a
terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.

Trata-se de dispositivo que tem provocado controvérsias tanto na


doutrina quanto na jurisprudência.

Por força desse dispositivo, tratando-se de tributos que comportem, por


sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro, a restituição
somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no
caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado
a recebê-la.

A interpretação desse dispositivo passa pela construção de sentido


dessas duas expressões que grifamos acima. O que significa transferência
do respectivo encargo financeiro? Quem é aquele que, assumindo o
encargo, tem direito à restituição?

Duas são as possibilidades de interpretação da expressão transferência


do respectivo encargo financeiro. Pela primeira, o dispositivo estaria se
referindo à transferência econômica do encargo financeiro.
78

Assim, sempre que o contribuinte de direito repasse o custo da


tributação a um terceiro – o contribuinte de fato – incidiria o disposto no
artigo 166. Pela segunda interpretação, a transferência a que o dispositivo
faria referência não seria a econômica, mas a jurídica. Desse modo, só
haveria a incidência do artigo 166 nos casos em que a própria legislação
estabelecesse a transferência do ônus tributário.

O problema da interpretação econômica é que não é fácil saber quando


um tributo foi ou não transferido a terceiro.

Portanto, esse estudo demonstra a inviabilidade da interpretação


segundo a qual o artigo 166 se aplicaria sempre que houvesse a
transferência econômica da tributação, pela impossibilidade de aferição de
quando isso ocorreu.

Assim, a expressão transferência do respectivo encargo financeiro deve


ser compreendia como transferência jurídica do respectivo encargo
financeiro, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça em alguns
julgados (STJ, 1ª T., AgREsp 436.894/PR, Min. José Delgado, dez. 2002).

A rigor, há apenas dois tributos em que há a transferência jurídica do


respectivo encargo financeiro: Referimo-nos ao ICMS e ao IPI, em razão de
em ambos os impostos incidir a sistemática da não cumulatividade,
compensando-se o que for devido em cada operação com o montante
cobrado nas operações anteriores.

Apesar disso, o Superior Tribunal de Justiça tem entendido que também


o ISSQN comporta, como regra, a transferência do respectivo encargo
financeiro, enquadrando-se na regra do artigo (EREsp 873.616/PR, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
13/12/2010, DJe 1º/02/2011).

Portanto, à luz dessas premissas e da jurisprudência dominante,


podemos afirmar que o artigo 166 pode incidir apenas com relação aos
seguintes tributos: ICMS, IPI e ISSQN.

Nos demais, não há repasse jurídico do respectivo encargo financeiro,


aplicando-se a regra geral do artigo 165.

Agora, cabe enfrentarmos a segunda indagação, para responder quem é


aquele que tem legitimidade para pleitear a restituição.

Quanto ao tema, o Superior Tribunal de Justiça parece ter resolvido a


celeuma nos julgamentos do REsp 903394 e do REsp 1299303, ambos
apreciados sob a sistemática dos recursos repetitivos.
79

No primeiro julgado, a Corte entendeu que somente o contribuinte de


direito tem legitimidade para pedir a restituição, desde que comprove que
não repassou o custo da tributação ou, no caso ter repassado, tenha a
autorização do terceiro (REsp 903.394/AL, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2010, DJe 26/04/2010).

No segundo julgado, o Superior Tribunal de Justiça considerou que


aquele entendimento não se aplicava aos casos de repetição de indébito
envolvendo a incidência do ICMS sobre a demanda de energia elétrica
contratada e não utilizada (7 REsp 1299303/SC, Rel. Ministro CESAR
ASFOR ROCHA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe
14/08/2012).

O argumento foi o de que, nesses casos, a lei expressamente autoriza a


concessionária a repassar o custo da tributação ao consumidor final (art. 9º,
§ 3º, da Lei 8.987/1995), razão pela qual a empresa não teria nenhum
incentivo para questionar as exigências indevidas.

Embora o julgado tenha sido bastante específico, abarcando apenas o


ICMS incidente sobre a energia elétrica, seus fundamentos podem ser
aplicados a qualquer serviço público que seja prestado sob o regime de
concessão ou permissão.

Portanto, acerca do artigo 166 do Código Tributário Nacional, é possível


fazer a seguinte síntese:

1º: De um modo geral, a regra se aplica ao ICMS, IPI e ISSQN;


2º: Como regra geral, apenas o contribuinte de direito é quem tem a
legitimidade para pleitear a repetição do indébito, desde que não tenha
repassado o custo da tributação ou tenha obtido a autorização do terceiro;
3º: Quanto aos serviços concedidos, o contribuinte de fato – consumidor
final – tem legitimidade para pleitear a repetição do indébito nos tributos
indiretos incidentes sobre serviços concedidos

Retomando a linha de raciocínio, o caput artigo 167 do Código Tributário


Nacional possui a seguinte redação:

Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na


mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo
as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da
restituição.

O dispositivo não traz grandes dificuldades. De fato, se o contribuinte


pagou um tributo indevido fora do prazo, a multa moratória que incidiu sobre
o valor principal também deve ser restituída, porque não possuía causa
jurídica.
80

Por outro lado, se a infração for de natureza formal, ou seja, decorrente


do mero descumprimento de uma obrigação acessória, o fato de o valor
principal não ser devido não gera o direito à restituição da multa punitiva.

Assim, por exemplo, se o contribuinte não fez a declaração de ajuste


anual do IRPF, deve pagar a multa pelo descumprimento desse dever
instrumental, independentemente da existência de saldo de imposto a
pagar.

O parágrafo único do artigo 167, por sua vez, determina que “a


restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da
decisão definitiva que a determinar”. A interpretação dada pela
jurisprudência a esse dispositivo é a seguinte: o valor a se restituído deve
ser corrigido monetariamente desde a data do pagamento indevido, mas os
juros moratórios apenas incidem a partir do trânsito em julgado. Há duas
súmulas do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema:

Súmula 162 do STJ: Na repetição de indébito tributário, a correção


monetária incide a partir do pagamento indevido.

Súmula 188 do STJ : Os juros moratórios, na repetição do indébito,


são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença

No âmbito da União Federal, a Lei nº 9.250/95 previu a aplicação da


SELIC, que engloba tanto a correção monetária quanto os juros moratórios.

Portanto, quanto aos tributos federais, o valor a ser restituído deve ser
atualizado pela SELIC desde o recolhimento indevido, sendo vedada a
cumulação com qualquer outro índice de correção ou juros.

O artigo 168 dispõe sobre o prazo para pleitear a restituição:

Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do


prazo de 5 (cinco) anos, contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do
crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar
definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial
que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão
condenatória.

O inciso I estabelece como termo inicial a data da extinção do crédito


tributário, nos casos em que o sujeito passivo tenha realizado o pagamento
indevido do tributo.

Quanto aos tributos sujeitos a lançamento de ofício ou sujeitos a


lançamento por declaração, a interpretação dessa regra não trazia
81

dificuldades: o prazo prescricional se iniciava a partir do pagamento, que é


quando o crédito é extinto.

No que tange aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, havia


uma dúvida.

O termo inicial deveria ser contado do pagamento antecipado ou da sua


homologação tácita ou expressa?

A jurisprudência firmou entendimento no sentido de que o prazo deveria


ser contado a partir da homologação, que é quando o crédito é
definitivamente extinto, como diz de modo expresso o §4º do artigo 150.

Na prática, como o fisco não homologa de maneira expressa os


pagamentos, o prazo para repetição do indébito era de 10 anos (5 anos
entre o pagamento e a homologação tácita + 5 anos a partir da
homologação tácita).

Ocorre que, o artigo 3º da Lei Complementar 118/2005, trouxe a


seguinte redação:

“Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25


de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito
tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação,
no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da
referida Lei.

Assim, o novo dispositivo estabeleceu como dies a quo o pagamento


antecipado, e não a homologação do pagamento, como entendia a
jurisprudência.

Embora a nova lei tenha se arvorado como interpretativa – com o


objetivo de retroagir, nos termos do que dispõe o artigo 106, inciso I, do
CTN - não foi esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que
firmou jurisprudência no sentido de que o artigo 3º efetivamente inovou na
ordem jurídica (RE 566621, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal
Pleno, julgado em 04/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-
195 DIVULG 10-10-2011 PUBLIC 11-10-2011 EMENT VOL-02605-02 PP-
00273 RTJ VOL-00223-01 PP-00540).

Assim, a Corte entendeu que o novo dies a quo trazido pelo artigo 3º da
Lei Complementar 118/2005 só poderia ser aplicado às ações ajuizadas
após o decurso da vacatio legis de 120 dias do diploma legislativo, ou seja,
a partir de 9 de junho de 2005.
82

Portanto, atualmente o prazo para pleitear a restituição do tributo


recolhido indevidamente é de 5 anos, contados do pagamento indevido,
inclusive nos tributos sujeitos a lançamento por homologação.

O inciso II do artigo 168 prevê prazo de cinco anos a contar da data em


que “se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a
decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a
decisão condenatória”.

Caso 1:

A União, por não ter recursos suficientes para cobrir despesas referentes
a investimento público urgente e de relevante interesse nacional,
instituiu, por meio da Lei Ordinária nº 1.234,publicada em 01 de janeiro
de 2014, empréstimo compulsório. O fato gerador do citado empréstimo
compulsório é a propriedade de imóveis rurais e o tributo somente será
devido de maio a dezembro de 2014.

Caio, proprietário de imóvel rural situado no Estado X, após receber a


notificação do lançamento do crédito tributário referente ao empréstimo
compulsório dos meses de maio a dezembro de 2014, realiza o
pagamento do tributo cobrado.

Posteriormente, tendo em vista notícias veiculadas a respeito da


possibilidade desse pagamento ter sido indevido, Caio decide procurá-
lo(a) com o objetivo de obter a restituição dos valores pagos
indevidamente.

Na qualidade de advogado(a) de Caio, redija a medida judicial adequada


para reaver em pecúnia (e não por meio de compensação) os
pagamentos efetuados.

Endereçamento da ação de repetição de indébito:


Juízo da causa: Vara Federal da Seção Judiciária do Estado X

Autor: Caio
e Ré: a União.

Cabimento da ação de repetição do indébito, conforme o Art. 165, inciso


I, do CTN

Tempestividade da ação de repetição de indébito , conforme o Art. 168,


I, do CTN

Fundamentação para a pretensão:


1. Inconstitucionalidade do empréstimo compulsório, uma vez que
este tributo deve ser instituído por lei complementar e não por lei
ordinária , conforme o Art. 148, caput, da CRFB/88
83

2. Violação ao princípio da anterioridade, uma vez que o empréstimo


compulsório referente a investimento público de caráter urgente e
de relevante interesse nacional somente pode ser cobrado no
exercício financeiro seguinte ao da publicação da lei , conforme o
Art. 148, inciso II OU o Art. 150, inciso III, alínea b, ambos da
CRFB/88

3. Pedidos

A) Procedência do pedido para condenar a União à restituição dos


valores pagos a título de empréstimo compulsório , com a
incidência de juros e correção monetária , na forma do Art. 167,
parágrafo único, do CTN
B) Condenação ao ressarcimento de custas e pagamento de
honorários advocatícios , nos termos do Art. 85, parágrafo 3º, do
CPC/15

Comprovação do recolhimento indevido OU Indicação das provas


a serem produzidas , conforme o Art. 319, inciso VI, do CPC/15
Opção pela não realização de audiência de conciliação ou de
mediação, nos termos do Art. 319, inciso VII, do
CPC/15) OU indicação do não cabimento de conciliação , nos
termos do Art. 334, parágrafo 4º, II, do CPC/15
Valor da causa
Fechamento da Peça (data, local, advogado, OAB...)

Caso 2:

O partido político XYZ, cuja sede está no Município Alfa (capital do


Estado “X”), tem quatro imóveis localizados no mesmo município, dos
quais um é utilizado para sua sede, um é utilizado para abrigar uma de
suas fundações e os outros dois são alugados a particulares, sendo
certo que o valor obtido com os aluguéis é revertido para as atividades
do próprio partido político XYZ.
O administrador de XYZ, por precaução e temendo incorrer em uma
infração fiscal, pagou o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana (IPTU) atinente aos quatro imóveis. Poucos dias depois,
descobriu que havia cometido um grande equívoco e procurou um
escritório de advocacia.

Nesse contexto, considerando que o administrador contratou você, como


advogado(a), para patrocinar a causa do partido político XYZ, redija a
medida judicial adequada para reaver em pecúnia (e não por meio de
compensação) os pagamentos efetuados indevidamente.
84

01) Endereçamento:
Juízo da causa: Juízo da Vara com competência fazendária da Comarca
da Capital do Estado “X”

02) Partes:
Parte Autora: Partido Político XYZ e Parte Ré: Município Alfa

03) Breve descrição dos fatos e cabimento da ação:

3.a. O autor efetuou o pagamento indevido dos tributos

3.b. É cabível a repetição/restituição dos valores pagos


indevidamente,com base no art. 165, inciso I, do CTN

04) Tempestividade:
Tempestividade da ação de repetição de indébito , conforme art. 168, I
do CTN

05) Fundamentos:

5.a. Os imóveis do partido político são abrangidos por imunidade


constitucional , conforme Art. 150, inciso VI, alínea “c” e § 4º, da
CRFB/88

5.b. Trata-se de imposto incidente sobre o patrimônio


(IPTU)(0,30)relacionado às finalidades essenciais da instituição

06) Em face da imunidade, foi indevido o pagamento do IPTU referente à


sede do partido XYZ e à sua fundação OU aos imóveis utilizados pelo
partido

07) É assegurada a imunidade do IPTU a imóveis alugados a terceiros


quando o valor dos alugueis for aplicado nas atividades essenciais da
instituição , conforme Súmula 724 do STF OU Súmula Vinculante nº 52
do STF

Pedidos:

08) Condenação do réu à restituição do valor pago indevidamente ,


atualizado/corrigido OU com a incidência de juros e correção
monetária OU acrescido dos encargos legais , de acordo com o Art. 167
do CTNOU Súmula 162 do STJ OU Súmula 188 do STJ

9) Condenação do réu ao pagamento das verbas/encargos/ônus


sucumbenciais ,nos termos do Art. 85,§ 3º, do CPC/15

10) Indicação das provas a serem produzidas ,conformeArt. 319, inciso


85

VI, do CPC/15

11) Opção pela realização ou não de audiência de


conciliação/mediação , segundo o Art. 319, inciso VII, do
CPC/15 , OU indicação do não cabimento de conciliação/mediação , nos
termos do Art. 334 § 4º, inciso II do CPC/15

12) Indicação do valor da causa

13) Fechamento:
Data, local, advogado, OAB...

2.8. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

CTN
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2o
do artigo 164;

Dispõe o artigo 164 sobre a consignação do pagamento:

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada


judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de
outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências
administrativas sem fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de
tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se
propõe pagar.
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e
a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a
consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de
mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

Como se pode observar, ocorrendo alguma das situações previstas


pelo artigo 164, pode o sujeito passivo consignar judicialmente o valor do
crédito tributário.

O inciso I primeiro ocorre quando o fisco se recusa a receber o


pagamento, sob o pretexto de que o sujeito passivo deve recolher
86

também quantia atinente a outro tributo ou penalidade, ou deve cumprir


determinada obrigação acessória.

O inciso II possibilita a consignação em pagamento quando o fisco


subordina o seu recebimento ao cumprimento de exigências
administrativas sem fundamento legal. De fato, se é vedada a
subordinação do recebimento do pagamento ao cumprimento de
obrigações acessórias – que, portanto, possuem respaldo legal – com
mais razão a proibição se aplica no caso de exigências sem lastro na
legislação.

O inciso III, por sua vez, diz que a consignação judicial do


pagamento se justifica quando mais de uma pessoa jurídica de direito
público exige tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

É o que acontece, por exemplo, quando o Estado entende que a


atividade exercida pelo contribuinte atrai a incidência do ICMS, e o
município defende que é um serviço, o que atrairia a incidência do
ISSQN; ou quando o município da sede do prestador exige ISSQN, e o
município do local em que foi prestado o serviço também exige o
recolhimento desse imposto.

O parágrafo primeiro enuncia que “a consignação só pode versar


sobre o crédito que o consignante se propõe pagar”. Assim, a ação de
consignação de pagamento não é via adequada para discutir a
legalidade do tributo devido.

O parágrafo segundo tem a seguinte redação:

Art. 164. [...] § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se


reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda;
julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o
crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades
cabíveis.

Desse modo, caso o pedido do sujeito passivo seja julgado


procedente, o valor consignado é convertido em renda sem o acréscimo
de juros de mora.

De fato, a mora nesse caso não é dele, mas da própria fazenda


pública.

Por outro lado, julgado improcedente o pedido, o crédito deve ser


acrescido dos juros de mora e das penalidades cabíveis.

Características:
87

01. O sujeito passivo será o ente titular da competência tributária;

02. O depósito deverá ser feito com base no maior valor, dentro do
prazo de 5 dias (Resp 369.773-ES);

03. No caso de tributos sujeitos a recolhimentos mensais, deverão


ser feitos depósitos mensais até o trânsito em julgado.

HIPÓTESES DE CABIMENTO

01) RECUSA NO RECEBIMENTO DO PAGAMENTO (Art. 164, inc. I)


(Ex.: Divergência na alíquota de ISS)

02) SUBORDINAÇÃO DO RECEBIMENTO DO TRIBUTO A OUTRO


TRIBUTO OU PENALIDADE, OU AO CUMPRIMENTO DE
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS (Art. 164, inc. I) (Ex.: Recusa do
Município em receber o IPTU, sob a alegação de que o contribuinte é
devedor de ISS

03) SUBORDINAÇÃO DO RECEBIMENTO AO CUMPRIMENTO DE


EXIGÊNCIAS ADMINISTRATIVAS SEM FUNDAMENTO LEGAL (Art.
164, inc. I) (Ex.: Não recebimento do IR sem a comunicação de situação
bancária – sigilo)

04) EXIGÊNCIA DE TRIBUTO IDÊNTICO, COM A MESMA


HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA, POR DUAS PESSOAS DE DIREITO
PÚBLICO DISTINTAS (Art. 164, inc. III) Ex; cobrança de ISS por dois
municípios – do local de sede da empresa e do local onde a empresa
presta serviços.

STJ : Entende que não cabe Consignação em pagamento quando o


S.P. aderir a parcelamento.

Permite dilação probatória e tem condenação em honorários de


sucumbência.

CASO 1:

Xisto da Silva, brasileiro, administrador, solteiro, portador da carteira de


identidade no. xxxx e CPF no. xxx, residente e domiciliado na Rua X, no.
xxx, bairro Z, Município Y, Estado F, recebeu cobrança simultânea, por
meio de uma mesma guia de documento fiscal, de dois tributos: IPTU e
Taxa de Conservação das Vias e Logradouros Públicos (TCVLP). No
caso da referida taxa, certo é que o contribuinte não concorda com sua
cobrança, o que o levou, por meio de seu advogado, a ajuizar ação
judicial a fim de declarar sua inconstitucionalidade, havendo pedido
liminar, ainda não apreciado, para afastar a obrigatoriedade do
88

recolhimento da referida exação fiscal. Por outro lado, em relação à


cobrança do IPTU, pretende o contribuinte efetuar o seu pagamento. No
entanto, a guia de pagamento é única e contém o valor global dos
referidos tributos, tendo o banco rejeitado o pagamento parcial relativo
somente ao IPTU.
Nesse caso, considerando que o IPTU ainda não está vencido, bem
como o contribuinte não obteve êxito para solucionar seu problema na
esfera administrativa, elabore a peça adequada para efetuar o
pagamento do imposto municipal, com base no direito material e
processual pertinente. Utilize todos os argumentos e fundamentos
pertinentes à melhor resposta.

Gabarito Comentado:
Trata-se de ação de consignação em pagamento, com previsão no art.
164, I, do CTN, tendo em vista que a Fazenda Municipal se recusa a
receber a prestação tributária apenas quanto ao valor do imposto devido.
O Fisco condicionou o recebimento do pagamento do imposto ao
pagamento da taxa de conservação de vias e logradouros públicos, o
que torna a ação de consignação o meio hábil para a liberação da dívida
fiscal relativa ao IPTU, pretendendo o contribuinte eximir-se de pagar a
taxa, que reputa inconstitucional.
Estrutura da Peça:
Fato – A Fazenda Municipal subordina o pagamento do IPTU ao
pagamento da taxa, reputando o contribuinte inconstitucional a segunda
exação.
Direito – O Fisco não pode subordinar o pagamento de um tributo a
outro, eis que são obrigações autônomas, oriundas de fatos geradores
distintos. Caso assim proceda, deverá o contribuinte consignar em Juízo
o valor devido.
Solução- O contribuinte deverá recolher apenas o valor do IPTU,
mediante a propositura da ação de consignação em pagamento, de
acordo com o artigo 164, I do CTN, liberando-se da obrigação tributária
existente.
Pedido
a) citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta
(b) seja deferido o depósito do valor do IPTU devido, tornando inexigível
o crédito tributário correspectivo;
c) seja julgado procedente o pedido, declarando-se extinta a obrigação
tributária
d) seja o réu condenado em custas e honorários advocatícios;
e) Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas.
f) Valor da Causa – R$... (valor total do IPTU a ser consignado).

EXMO.SR.DR.JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL (DA VARA DA


FAZENDA PÚBLICA se houver) DO MUNICÍPIO .......... DO ESTADO
DE ..........
89

Xisto da Silva, brasileiro, administrador, solteiro, portador da carteira de


identidade nº xxxx, inscrito no CPMF sob nº xxxx, residente e domiciliado
na Rua x, nº xx, bairro Z, Município Y, Estado F, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado, abaixo
assinado, (procuração anexa), com escritório na rua... n.º..., bairro...,
cidade..., Estado, CEP..., onde recebe suas intimações, propor com
fulcro nos artigos nº 164, I do Código Tributário Nacional-CTN e 539 e
sgs do Código de Processo Civil – CPC, AÇÂO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO em face do Município ..., pessoa jurídica de direito
público, com sede na Rua nº, pelos motivos de fato e de direito abaixo
aduzidos:

1-Dos Fatos:
Descrever a situação narrada no exercício ou pelo seu cliente – resumo
com os fatos mais importantes
Xisto da Silva, autor da presente ação, recebeu a guia de documento
fiscal encaminhada pelo Município Y. A guia contém a cobrança do IPTU
e da taxa de conservação das vias e logradouros públicos. Por não
concordar com esta cobrança, o autor ajuizou ação que tramita no juízo
sob o n..... , com objetivo de obter a declaração de sua
incostitucionalidade , inclusive com o pedido de tutela de urgência para
suspender sua exigibilidade e que ainda não foi analisada pelo Juízo
competente.

O autor concorda com a exigência do IPTU e pretende pagar o


respectivo imposto. No entanto, tendo em vista que a guia de cobrança
encaminhada pelo Município Y, contempla o IPTU e a Taxa e o Banco
não aceita o pagamento parcial referente somente ao IPTU. Há como se
vê, subordinação do pagamento do IPTU à respectiva taxa. Assim,
considerando-se que o IPTU ainda não está vencido, e que o autor não
consegue viabilizar o pagamento do imposto administrativamente, não
resta outra alternativa, senão ajuizar a respectiva ação.

2- Do Direito:

2.1 Da Impossibilidade de Cobrar Tributos Simultaneamente art.


164, I, do CTN

Nos termos do art. 164 do CTN, poderá haver consignação do crédito


tributário quando houver subordinação de pagamento de um tributo a
outro tributo;

No presente caso, por meio da guia de documento fiscal anexa, o Fisco


Municipal exige o IPTU e a Taxa de Conservação de vias e logradouros
públicos, cuja constitucionalidade desta está sendo discutida em outra
ação judicial já especificada acima.

Sucede ainda, que o Fisco Municipal não aceita o pagamento do IPTU


90

somente, subordinando o pagamento deste ao da respectiva taxa,


motivo pelo qual o autor, com fundamento no art. 164, I do CTN,
pretende consignar o crédito tributário referente ao IPTU.

3- Do depósito do Montante Integral – art. 151, II do CTN

Nos termos do art 164, § 1º do CTN, o autor deve depositar apenas a


quantia que entende devida.

Apesar do autor concordar somente com quantia devida em razão do


IPTU, com o objetivo de suspender totalmente a exigibilidade do crédito
tributário, e em atendimento ao art. 151,II do CTN, será depositado o
valor total cobrado na guia de documento fiscal, que também contempla
a TCVLP.

4-Dos Pedidos:

Diante do exposto, requer:

a) A permissão para a realização do depósito no valor referente à


quantia cobrada na guia de arrecadação fiscal a título de IPTU e da
TCVLP, nos termos do art. 542, I do CPC;

b) A suspensão da exigibilidade do crédito tributário, tendo em vista o


depósito do montante integral cobrado na guia de arrecadação fiscal,
com base no art. 151, II do CTN;

c) A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para levantar


o deposito ou querendo oferecer resposta nos termos do art. 542,II do
CPC;

d) Seja o pedido julgado procedente a fim de declarar extinta a


obrigação tributária referente ao IPTU nos termos do art. 156, VIII do
CTN;

e) Produção de todos os meios de provas em direito admitidas;

f) A condenação do Réu ao pagamento de custas processuais e dos


honorários de sucumbência , de acordo com o art. 82 e 85 do CPC.

Dá-se à causa o valor de:

Nestes termos,pede deferimento.

Local e data.

Advogado. OAB
91

2.9. AÇÃO CAUTELAR DE CAUÇÃO

O artigo 205 do CTN trata da Certidão Negativa de Débitos Tributários,


que deve ser emitida quando não existir crédito constituído contra o sujeito
passivo. Em existindo crédito constituído, seja por meio de lançamento
tributário ou confissão do próprio sujeito passivo, é inviável a emissão dessa
modalidade de certidão, independentemente de o referido crédito ter ou não
sido inscrito em dívida ativa.

Fazendo jus o sujeito passivo à emissão dessa certidão, deve ela ser
expedida no prazo máximo de 10 dias contados da entrada do requerimento
na repartição, conforme enuncia o parágrafo único do dispositivo.

Na prática, no entanto, a certidão negativa é expedida imediatamente


pela internet, sendo dispensável o comparecimento do contribuinte à
repartição fiscal. O artigo 206 do Código Tributário Nacional afirma que “tem
os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em
que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa”.

Esse dispositivo trata da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa, e o


nome já revela a sua finalidade. Essa certidão é emitida nos casos em que
a lei considera que o sujeito passivo, embora possuidor de débitos
tributários, encontra-se regular perante o fisco, em razão do preenchimento
de alguns dos requisitos previstos pelo artigo 206.

Para que o sujeito passivo faça jus à emissão dessa certidão, é


necessária a presença de um dos seguintes requisitos:

1º - Os créditos não estejam vencidos;

2º - A exigibilidade esteja suspensa;

3º - Tenha sido garantida a dívida com penhora integral. A terceira


situação apresenta o seguinte problema prático: Não é incomum que entre
a constituição definitiva do crédito tributário e o ajuizamento da execução
fiscal transcorra longo período de tempo. Durante esse intervalo o sujeito
passivo não pode indicar bens à penhora, o que lhe impede de obter a
certidão. Trata-se de uma demora do credor que prejudica o devedor.

Para contornar esse óbice, a jurisprudência do Superior Tribunal de


Justiça firmou o seguinte entendimento, sob a égide do CPC de 1973: o
contribuinte pode ajuizar ação cautelar para antecipar a penhora e, assim,
obter a certidão positiva com efeitos de negativa (REsp 1123669/RS, Rel.
Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe
01/02/2010)
92

Com o advento do NCPC, a antecipação da penhora pode ser requerida


mediante pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, nos termos
dos artigos 303 a 304 do CPC.

RESUMO

Ações Exacionais

1. A ação de execução fiscal, regulamentada pela Lei 6.830/1980, traz o procedimento


específico para cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública

2. A LEF se aplica no caso de execuções de créditos inscritos em dívida ativa, sejam os


créditos de natureza tributária ou não tributária

3. Quanto à legitimidade ativa, embora a lei tenha elencado expressamente apenas as


entidades federativas e as autarquias como aptas para ingressar com ações de execução
fiscal, o fato é que a legitimidade é mais ampla do que se pode supor em um primeiro
momento, porque engloba todas aquelas entidades que tem como atribuição cobrar
créditos inscritos em dívida ativa. Assim, pode-se apontar como parte legítimas:

a) a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios;

b) as autarquias;

c) as fundações públicas;

d) os conselhos de fiscalização de profissões, com relação à cobrança das anuidades


atinentes às contribuições instituídas com base no artigo 149 da Constituição Federal.

4. A legitimidade passiva para figurar numa ação de execução fiscal é bastante ampla,
porque engloba todos aqueles que podem ocupar o polo passivo de uma relação jurídica
obrigacional cujos créditos possam ser inscritos em dívida ativa.

5. O artigo 29 estabelece uma ordem de preferência entre os créditos tributários das


entidades federativas.

6. Ajuizada a execução fiscal, são múltiplas as possibilidades que podem ocorrer: o


sujeito passivo pode adimplir com débito, voluntariamente ou através da expropriação dos
seus bens; o fisco pode ser negligente com as suas atribuições e deixar o processo
paralisado; ou o devedor pode efetivamente não possuir qualquer bem penhorável, o que
torna inviável a expropriação de bens por meio da execução fiscal. Do ponto de vista da
funcionalidade do sistema jurídico, o ideal seria que se alcançasse sempre o primeiro
resultado, com a satisfação do credor. No entanto, não é isso que ocorre comumente. Na
maior parte das execuções fiscais não se consegue obter o resultado almejado, sendo
necessária a adoção de uma solução que ponha fim a esses processos, que não podem
tramitar eternamente. Essa solução é a prescrição intercorrente, que fulmina com o direito
do credor de vindicar o seu direito durante o curso do processo executivo. No âmbito do
Direito Tributário, a prescrição intercorrente se encontra regulada pelo artigo 40 da Lei de
Execuções Fiscais
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7. A medida cautelar fiscal, prevista pela Lei nº 8.397/92, é uma ação cautelar,
proposta pela Fazenda Pública contra o sujeito passivo, com o objetivo de garantir a
utilidade da execução fiscal.

8. por se tratar de uma medida cautelar, exige-se a existência da probabilidade do


direito e do risco ao resultado útil do processo. A probabilidade do direito deve ser
demonstrada com a prova literal da constituição do crédito fiscal, conforme enuncia o
artigo 3º, inciso I, do diploma legislativo, o que ocorre mediante a apresentação ao juízo
da cópia integral do processo administrativo que lhe deu origem ou mediante
comprovação de que foi o próprio sujeito passivo quem constituiu o crédito. Embora não
conste de modo expresso do texto da lei, a interpretação que se tem dado à expressão é o
da necessidade da constituição definitiva do crédito tributário. Excepcionalmente, admite-
se a utilização da cautelar fiscal também nos casos em que o crédito ainda não foi
constituído de modo definitivo, conforme determina o parágrafo único do artigo 1º. Isso se
dá nos casos em que o sujeito passivo é notificado para proceder ao recolhimento do
crédito fiscal e põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; ou quando aliena bens
ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública quando
exigível em virtude de lei. O risco ao resultado útil do processo resta presente quando
constatada alguma das situações elencadas pelo artigo 2º, cujo rol é exemplificativo.

Ações Antiexacionais

9. Os embargos à execução constituem uma ação autônoma cujo objetivo é


desconstituir total ou parcialmente o título executivo extrajudicial ou extinguir a execução
fiscal.

10. Como regra, os embargos à execução fiscal não têm efeito suspensivo, podendo o
juiz atribuílos, desde que presentes os seguintes requisitos: a) a execução esteja garantida
por penhora, depósito ou caução suficientes; b) existir probabilidade do direito invocado
pelo embargante; c) restar constatado o perigo de dano.

11. A exceção de pré-executividade é um mecanismo de defesa que pode ser utilizado


pelo executado nos próprios autos da ação de execução, nos casos em que a matéria
alegada possa ser conhecida de ofício e não demande dilação probatória. Esse instituto
não tem previsão expressa no ordenamento jurídico, tendo sido construído por Pontes de
Miranda no Caso Mannesmann, em 1966.

12. Dois são os requisitos que autorizam ao executado opor essa defesa nos próprios
autos da execução fiscal, sem, portanto, a necessidade da garantia do juízo e da
interposição da ação autônoma de embargos: a) a matéria deve poder ser conhecida de
ofício; b) a matéria não pode demandar dilação probatória.

13. O mandado de segurança é utilizado com bastante frequência em Direito


Tributário. Citamos alguns exemplos: a) impetração de MS para obtenção de certidão
negativa ou de certidão positiva com efeitos de negativa; b) impetração de MS para
reconhecimento do direito à isenção ou imunidade; c) impetração de MS para anulação de
processo administrativo fiscal.
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14. A ação declaratória de inexistência de relação jurídica é uma ação ordinária,


movida pelo sujeito passivo, na qual ele requer o reconhecimento judicial de que não há
uma relação jurídica entre ele o fisco.

15. Há duas modalidades de ação anulatória. A primeira delas se caracteriza pelo fato
de a parte autora ingressar com uma ação judicial com o objetivo de anular uma dívida já
constituída. Aqui, a parte autora não pagou a quantia constituída e não tem a pretensão
de fazê-lo.

A segunda modalidade de ação anulatória é aquela prevista no artigo 169 do Código


Tributário Nacional, que tem como objetivo anular uma decisão administrativa que
denegou a restituição de um tributo pago indevidamente. Nesse caso, a parte autora
pagou um tributo que reputa indevido e solicitou a sua restituição ao fisco, que negou o
pedido. Inconformada, a parte autora ingressa com uma ação com o objetivo de anular
essa decisão.

QUESTÕES

1. (CONSULPLAN/Juiz de Direito Substituto/2018)

Acerca da execução fiscal, assinale a alternativa correta.

a) Não ocorrendo o pagamento, nem garantindo a execução na forma da lei, a penhora


poderá recair em qualquer bem do executado.

b) É permitido ao executado pagar a parcela da dívida que julga incontroversa e


garantir a execução do saldo devedor remanescente.

c) As intimações ao representante da Fazenda Pública poderão ser feitas


pessoalmente, desde que assim requerida até a apresentação dos embargos pelo devedor.

d) Para garantir a execução, o executado poderá efetuar depósito em dinheiro, fiança


bancária, ou indicar bens à penhora, em valor suficiente para quitar o valor total da dívida,
podendo, ainda, oferecer seguro garantia até o valor correspondente a 1/3 (um terço) da
dívida.

2-. (FCC/ Procurador do Estado/2018) A fábrica de cadeiras “JJ e Silva”, localizada em


Oiapoque/AP, entendendo que pagou o ICMS a maior, ingressou, administrativamente, em
tempo hábil, com pedido de restituição do imposto que entendeu ter pagado a maior do
que o devido. Depois de alguns meses da protocolização do referido pedido, foi publicada
a decisão administrativa, denegando a restituição pleiteada, porque a Administração
Tributária estadual entendeu que não houve o alegado pagamento a maior. Em razão
disso, e com base nas regras do CTN,

a) não é possível propor ação anulatória de decisão administrativa que denegue


restituição de tributo.
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b) é possível propor ação anulatória de decisão administrativa, mas o prazo


prescricional não sofre interrupção, pois se trata de hipótese em que a Fazenda Pública é
ré.

c) é possível propor ação anulatória de decisão administrativa, observado o prazo


prescricional de dois anos para essa proposição.

d) é possível propor ação anulatória de decisão administrativa, observado o prazo


prescricional de cinco anos, que é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o
seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante
judicial da Fazenda Pública interessada.

e) é possível propor ação anulatória de decisão administrativa, observado o prazo


decadencial de três anos, que é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o
seu curso, por três quartos do prazo, a partir da data da intimação validamente feita ao
representante judicial da Fazenda Pública interessada.

3. (VUNESP/ Procurador Jurídico/2018) Com relação às regras da Execução Fiscal,


determinadas pela Lei n° 6.830/80, assinale a alternativa correta.

a) A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda


Pública exclui a de qualquer outro juízo, exceto o da falência e da concordata.

b) O executado será citado para, no prazo de 03 (três) dias, pagar a dívida com os juros
e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa.

c) A Fazenda Pública estará sujeita ao pagamento de custas e emolumentos na


Execução Fiscal para prática dos atos judiciais de seu interesse.

d) Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução, que


após a intimação da penhora, poderá apresentá-lo no prazo de 30 dias.

e) A petição inicial para execução fiscal deverá indicar obrigatoriamente, dentre outros
elementos, o demonstrativo de cálculo da cobrança.

4. (VUNESP/ Procurador do Município/2018) Uma das críticas que se faz ao processo


de cobrança da dívida ativa a cargo do Estado é a de que o processo seria pouco eficaz, na
medida em que a burocracia estatal tornaria difícil a localização do devedor e de bens
suficientes à satisfação do crédito, em tempo hábil à preservação dos interesses que
orientam a sua cobrança. Nesse contexto, a medida cautelar fiscal apresenta-se como
medida importante para a salvaguarda dos interesses da Fazenda Pública. A esse respeito,
assinale a alternativa correta.

a) O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado apenas após a constituição do


crédito, inclusive no curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias.
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b) Para a concessão da medida cautelar fiscal, é suficiente a existência de fortes


convicções, por parte da Fazenda Pública, da constituição do crédito fiscal e da existência
de algum dos casos específicos previstos na legislação como autorizadores da medida.

c) A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade


dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação.

d) A medida cautelar fiscal será requerida ao Juiz competente para a execução judicial
da Dívida Ativa da Fazenda Pública, ainda que a execução judicial se encontre no Tribunal.

e) O Juiz concederá liminarmente a medida cautelar fiscal, após justificação prévia da


Fazenda Pública e prestação de caução por esta.

5. (CESPE/ TJ-CE Juiz Substituto/2018) Considerando as disposições da Lei n.º


8.397/1992 acerca de medida cautelar fiscal, assinale a opção correta.

a) Na hipótese de o devedor ser pessoa jurídica, a indisponibilidade de bens não


recairá sobre bens do ativo permanente.

b) A petição inicial deverá vir acompanhada de prova pré-constituída, sendo


inadmissível a dilação probatória.

c) Havendo a suspensão do crédito tributário, a medida cautelar será igualmente


suspensa.

d) No procedimento cautelar fiscal, é vedado ao réu discutir o pagamento ou a


remissão do tributo, devendo essas questões ser apresentadas nos embargos à execução
fiscal.

e) A decretação de medida cautelar fiscal acarretará a indisponibilidade dos bens do


requerido até o limite da satisfação da obrigação tributária.

6. (VUNESP/ Procurador Municipal /2017) Em ação anulatória de débito fiscal,


promovida sem o depósito prévio do valor integral, o juízo, uma vez ouvida a Fazenda
Pública, determina ao contribuinte autor que promova o depósito no prazo de 5 dias. A
respeito dessa situação hipotética, assinale a alternativa correta.

a) Caso o contribuinte não satisfaça a determinação do juízo, o feito deve ser extinto
sem julgamento do mérito.

b) O contribuinte deve cumprir a determinação do juízo, sob pena do processo ser


extinto com solução do mérito por falta de condição da ação.

c) O contribuinte deve cumprir a determinação do juízo, sob pena do processo ser


extinto com resolução do mérito diante da ausência de pressuposto processual específico
para esse tipo de ação.

d) A exigência de depósito prévio é inconstitucional como requisito de admissibilidade


de ação judicial na qual se pretende discutir a exigibilidade do crédito tributário.
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e) A determinação do juízo é de ser cumprida no prazo assinalado, sob pena do


arquivamento do feito até que seja satisfeito o pressuposto específico.

7. (FCC/ Defensor Público Estadual/2018) Ulisses, titular de empresa individual de


responsabilidade limitada, possui um modesto restaurante na periferia do Município de
Sertão das Flores, onde serve lanches e vende bebidas e artesanato local. No dia
02/05/2018, ele foi autuado por agente fiscal do município, por falta de pagamento do
imposto sobre serviços de qualquer natureza. Para efeito da lavratura do auto de
lançamento, a base de cálculo utilizada foi o valor total das operações, retroativamente a
03/05/2013. Ulisses, pessoa de pouca instrução, e confiando na incorreção da tributação,
por já recolher o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, deixou transcorrer
o prazo para impugnação na esfera administrativa e recebeu citação para pagamento de
R$ 20.000,00 com juros e multa de mora e encargos, no prazo de 5 dias, ou garantir a
execução, sob pena de penhora de bens.

Com base nessa situação hipotética, analise as assertivas abaixo

I. A rigor, Ulisses deve garantir a execução fiscal para ajuizar os embargos e suspender
a exigibilidade do crédito tributário, conforme prevê o art. 16, § 1° , da Lei n° 6.830/80.

II. Comprovada a insuficiência econômica, Ulisses pode ser assistido pela Defensoria
Pública, que terá o prazo de 15 dias para ajuizar os embargos à execução fiscal, contados
da juntada do aviso de recebimento da carta de citação aos autos.

III. A autuação lavrada pelo fisco municipal foi equivocada, pois, conforme a
jurisprudência do STJ, o fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de
serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador do
ICMS a incidir sobre o valor total da operação.

IV. A Defensoria Pública não possui a prerrogativa de intimação pessoal nas execuções
fiscais, porque a Lei n° 6.830/80 tem natureza especial e prevê tão somente a intimação
pessoal do representante judicial da Fazenda Pública.

V. Pela jurisprudência do STJ, Ulisses não se eximirá do pagamento simultâneo do


ICMS e do ISS, pois essa é uma hipótese de exceção ao princípio do non bis in idem na
tributação. Está correto o que consta APENAS de:

a) II e III.

b) I e III.

c) I e IV.

d) II, III e V.

e) II, IV e V

8. .(FGV/ Técnico Tributário/2018) Caso tenha alguma dúvida relativa à interpretação e


à aplicação da legislação tributária, em relação à situação concreta do seu interesse, o
sujeito passivo poderá
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a) apresentar impugnação ao auto de infração.

b) formular consulta escrita.

c) interpor recurso ordinário.

d) ajuizar ação anulatória do crédito tributário.

e) realizar a compensação do crédito tributário.

9. (FGV/ Auditor Fiscal de Tributos Estaduais/2018) As opções a seguir apresentam os


efeitos da concessão de liminar em mandado de segurança com a finalidade de suspender
a exigibilidade do crédito tributário, à exceção de uma. Assinale-a.

a) Impedir a propositura de execução fiscal.

b) Afastar a situação de inadimplência, possibilitando a expedição de certidão positiva


com efeitos de negativa.

c) Suspender o curso do prazo prescricional.

d) Impedir o lançamento do crédito.

e) Suspender a inscrição no CADIN (Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados de


Órgãos e Entidades Federais).

10. .(CESPE/ Delegado de Polícia Civil/2018) Maria foi notificada, fora do domicílio
informado ao fisco, a pagar imposto de renda, tendo tomado conhecimento da cobrança
somente após a propositura de execução fiscal. Em razão da dívida, seu automóvel foi
penhorado e, quinze dias após a penhora, o advogado de Maria foi acionado e pretende
alegar, em matéria de defesa e pelo meio processual adequado, a decadência do referido
tributo. Com relação a essa situação hipotética e a aspectos legais a ela correlacionados,
assinale a opção correta à luz do entendimento dos tribunais superiores.

a) É possível requerer provas e juntar rol de testemunhas quando da oposição dos


embargos à execução fiscal.

b) O argumento de defesa cogitado pelo advogado de Maria — decadência — se refere


à perda do direito de ação após o lançamento do crédito tributário.

c) É vedada expressamente pelo CTN a eleição do domicílio tributário pelo


contribuinte.

d) É impossível a propositura de ação anulatória de débito fiscal após iniciada a


execução fiscal.

e) É impossível a oposição da exceção de preexecutividade em razão do decurso do


prazo desde a penhora.
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