Sexual_repro - Dayane Macêdo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE - DSAU


GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
DISCENTE: DAYANE KELLY DOS SANTOS DE CRISTO MACÊDO

Revisão/discussões temáticas: Atuação da enfermeira da ESF na Saúde da Mulher


(Saúde Sexual e Reprodutiva)

1. M.C.R, 32 anos, nulípara, parceiro fixo há 2 meses, comparece à USF para consulta
de demanda espontânea com a enfermeira. Ao ser encaminhada para o atendimento,
você, enquanto enfermeiranda/o de Estágio Supervisionado, foi direcionado/a para
realizar a consulta. Durante o atendimento, ao questionar a mulher acerca do
motivo/necessidade do atendimento, M.C.R. refere queixa de “coceira” (prurido) e
“corrimento” (leucorreia) com aspecto amarelado e odor desagradável,
particularmente após o coito e a menstruação. Além da queixa, informa interesse em
iniciar o uso de método contraceptivo, pois tem “medo” de engravidar. Diante da
demanda apresentada qual seria a sua conduta?

Inicialmente, a conduta seria realizar o acolhimento dessa mulher primeiramente, de


forma respeitosa e com uma escuta qualificada, a fim de estabelecer um melhor vínculo e
facilitar o diálogo com as orientações e sanação de possíveis dúvidas que essa paciente
apresentará. Através da leitura do caso fica evidente através da observação de alguns sinais
que sugerem uma maior atenção quanto ao aspecto ginecológico dessa paciente. Logo, a
partir disso é interessante colher algumas informações além das já apresentadas pela paciente
como: se já realizou algum tratamento anteriormente, se a paciente faz uso de preservativo
durante as práticas sexuais, se há histórico de IST e caso tenha, se realizou o tratamento
adequadamente e se o parceiro também foi tratado. Se além das queixas apresentadas ela
apresenta dor durante a relação sexual (dispareunia) ou algum tipo de sangramento durante
ou após a relação. Além disso, se ela já realizou exame preventivo, quando foi a última vez e
se já deu algum tipo de alteração. Caso tenha feito o exame em 1 ano ou mais, é interessante
já realizar a coleta citopatologia durante o exame especular, atentando para perguntar a
paciente quanto a algumas recomendações que podem interferir na coleta, como se houve o
uso de lubrificantes, espermicidas ou medicamentos vaginais por 48h antes da coleta, se teve
relações sexuais 48h antes.
Após essa coleta de informações através da anamnese, é necessário a realização do
exame físico atentando para a privacidade da paciente. É interessante pedir para que a mulher
esvazie a bexiga para evitar incômodo e que troque de roupa; enquanto a paciente se prepara,
nos paramentamos com os EPIs necessários e também realizar o preparo da lâmina de coleta
citopatológica com a devida identificação (escrever com lápis na extremidade fosca as
iniciais da paciente, nº do registro da paciente, data, unidade que está sendo realizada a
coleta).
Iniciaria o exame físico com a avaliação das mucosas (ocular e oral), palpação da
região do pescoço, supraclavicular e axilar em busca de linfonodos aumentados; exame das
mamas, avaliar dor à palpação hipogástrica; exame da genitália externa atentando para a
coloração, presença de verrugas, lesões, corrimento, áreas avermelhadas, úlceras; avaliação
da região perianal; e após, realizar o exame especular.
Nesse momento é importante orientar sobre o procedimento e que poderá sentir um
pouco de desconforto; auxiliar a paciente a posicionar os joelhos ou os pés nos apoios da
mesa sendo que a paciente tem que estar posicionada com os glúteos no limite da mesa
ginecológica e também atentar-se a expor somente a região que irá ser examinada. Nesse
caso, provavelmente utilizaria um espéculo P por ser preferível em mulheres nulíparas - com
espéculo introduzido, observar corrimento quanto a quantidade, aspecto e odor; observar
características do colo quanto a forma, coloração (se há petéquias), presença de muco, sangue
ou outras secreções. Após realizaria a coleta citopatológica, caso haja uma grande quantidade
de corrimento é interessante realizar limpeza do colo com gaze humedecida com SF. Primeiro
utiliza a espátula de Ayre para a coleta da ectocérvice, fazendo movimento giratório de 360
graus em torno do orifício cervical - distribui o material coletado no sentido transversal na
metade superior da lâmina (próximo da área fosca), atentando para não fazer sobreposição de
células. Após, realizar a coleta da ectocérvice com a introdução da escovinha no colo uterino,
a introdução deve se dar até sentir um pouco de resistência - a coleta também é feita com
movimento giratório de 360º. Ao coletar dispor o material na metade inferior da lâmina, no
sentido longitudinal, girando a escovinha. Ao finalizar colocar a lâmina no frasco de
porta-lâmina com álcool a 96% pois vai permitir uma fixação adequada.
Para finalizar o exame, é necessário fazer os testes de IVA, que seria a inspeção visual
do colo com ácido acético a 5%. Com esse teste o colo pode apresentar normalidade (não
havendo aparecimento de nada) ou aparecer áreas acetobrancas, que podem sugerir alguma
alteração no colo. E por fim, o Teste de Schiller com a utilização do lugol - as áreas em
contato com o lugol irão corar, contudo caso haja áreas não coradas podem sugerir alteração.
Caso haja o teste pH ou KOH na unidade, também é interessante realizar para direcionar
melhor o tratamento.
Após a coleta orientaria a mulher a se vestir novamente e que devido ao produto com
coloração escura utilizado no exame é possível manchar a calcinha, o que é normal, para não
assustá-las.
Realizado exame e coleta, é hora de conversar e orientar quanto aos achados do
exame. Os sinais e sintomas (corrimento vaginal fétido, prurido) apresentados pela paciente
condizem com a tricomoníase, além do histórico do novo parceiro (há 2 meses). Logo, é
necessário explicar o que seria essa infecção, como ela é contraída e qual será o tratamento a
ser utilizado tanto por ela quanto pelo parceiro.
É necessário explicar quanto a necessidade de realizar o tratamento adequadamente e
que tem dois esquemas possíveis (atentar para qual medicamento disponível na unidade):
- metronidazol 400mg, 5 comprimidos VO dose única;
- metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO 2x/dia por 7 dias.
Realizar a prescrição e dar orientações quanto a suspender a prática sexual durante o
tratamento e não fazer uso de bebida alcóolica antes, durante e após o tratamento. Além de
solicitar que seu parceiro compareça à unidade para iniciar também o tratamento. E orientar
sobre prática segura, como a importância da dupla proteção.
Quanto ao método contraceptivo, explicaria sobre os métodos disponíveis e quais
poderiam ser melhores de acordo com suas condições. Realizando a escolha, é necessário
esclarecer sobre o método escolhido, sua forma de uso e o momento ideal para iniciar o
método.
Por fim, realizaria as prescrições e o agendamento para retorno tanto do preventivo
quanto do planejamento reprodutivo.

2. Júlia, 35 anos, trouxe os resultados do exame papanicolau para serem avaliados. No


resultado do exame consta:
Achados microbiológicos: Gardnerella vaginalis
Representatividade da amostra: Zona de transformação anormal (ZTA)
Citologia: Lesão intraepitelial de baixo grau
Como você deverá proceder na consulta dessa usuária? Quais as condutas devem ser
realizadas?

Primeiramente é importante o acolhimento dessa paciente, procurar saber se da última


consulta até então houve alguma queixa ou piora/continuidade da queixa já existente.
Lembrá-la de qual exame ela estará recebendo o resultado, qual foi a finalidade do exame
realizado. Ao resultado do exame, houve duas alterações:
- Inicialmente é interessante falar sobre a vaginose bacteriana indicada pelo
resultado. Explicar o que é essa infecção fazendo relação com os sintomas que
ela apresenta (caso apresente) e explicar quanto ao tratamento que será
necessário realizar - que seria o metronidazol 250mg, VO 2 comprimidos,
2x/dia por 7 dias.
Explicar sobre a importância de fazer o tratamento adequadamente.
Quanto à segunda alteração, por ser uma lesão de baixo grau (que é a manifestação da
infecção causada pelo HPV), devemos ter uma conduta expectante - pedir a repetição do
exame em 6 meses (devido a idade da paciente 30>), investigar a situação vacinal dessa
paciente quanto o HPV. Antes é necessário explicar à paciente sobre o tipo de lesão
manifestado e sobre a infecção por HPV, e explicar sobre ser mais um motivo para realizar o
tratamento da vaginose adequadamente, visto que por ser um processo inflamatório deve ser
tratado antes da nova coleta. Caso a citologia dê negativo novamente (dois exames negativos
consecutivos), a paciente deve retornar normalmente para o exame de rastreamento trienal.
Caso dê positivo, a paciente deve ser encaminhada para a colposcopia (através da consulta
médica) e se nesse exame for identificado células anormais no colo deve-se realizar a biópsia.
Nessa situação, também deve ser avaliado se a paciente tem a vida sexual ativa e
parceiro(a) fixo(a), solicitando que o mesmo compareça à unidade para avaliação. Além da
orientação da utilização de preservativo, visto que o HPV é transmitido por contato sexual.

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