COPIA DO TRABALHA A SER APRESENTADO PARA O HUGO

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Universidade Federal de Goiás

Programa de Pós-graduação em Performances Culturais

Tópicos Avançados em Performances Culturais III - Poéticas e Culturas Digitais

Grafite digital, negritude e pertencimento

Jaber Caetano Filho


Julyana Aleixo Fragoso
Ligia Marina de Morais Montagna
Marcelo Carneiro dos Santos
Rosemary Aparecida de Jesus
Veramar Gomes Martins
Goiânia- GO
2024

Proponente do projeto
Rosemary Aparecida de Jesus
1. Descrição do problema

O objetivo disposto da disciplina “Poéticas e Culturas Digitais - Uma


Abordagem Prática”, como Tópicos Avançados em Performances Culturais III,
oferecida no segundo semestres do ano de 2024 pelo Programa de Pós-graduação
em Performances Culturais, foi refletir sobre a natureza tanto conceitual quanto
prática da linha de pesquisa, “Poéticas e Culturas nas Humanidades Digitais”,

Neste sentido a motivação maior para dissertar sobre este tema nasceu da
forte intenção de refletir sobre questões relacionadas ao tema, a negritude, grafite e
pertencimento em conexão com arte digital um termo que segundo Débora Aita
Gasparetto (2014, p.2)

É utilizado o como uma estratégia de inserção política na busca por


fomentos a um campo específico, contudo seu conceito abrange obras na
interface da arte-ciência-tecnologia. Esta produção acontece como sistema
complexo, em que obra, dispositivos tecnológicos, espaço expositivo e
público interagem entre si. (GASPARETTO 2014, p.2)

Essas obras podem ser feitas usando recursos simples, como celulares, ou
tecnologias mais complexas, que permitem a criação de grandes e impactantes
obras, as exposições imersivas, por exemplo. Além disso, a arte digital se manifesta
em praticamente todas as linguagens criativas.

Para este estudo experimental, o grafite digital foi eleito pelos discentes a ser
testado em dois âmbitos, conceitual e prático como trabalho final da disciplina a ser
apresentado no workshop no dia 19/dez/24 em exposição pública dos resultados.
A dinâmica proposta para aula em forma de Seminários sobre Performances
Tecnológicas nos conduziu a elaborar projetos de forma a pôr em prática os
conteúdos aplicados no decorrer do semestre de forma interdisciplinar e o quanto
possível associados aos temas de pesquisa. Assim que os discentes apresentaram
seus projetos e de quatro projetos, três foram eleitos: Betinha e o WiFi, Grafite
digital, e xxxxxx, com o desafio de serem tecnicamente descritos e desenvolvidos
em grupo.

Segundo Celso Gitahy em seu livro O Que é Grafite (1999, p.11), “as pinturas
rupestres são os primeiros exemplos de graffiti que encontramos na história da arte”.
Estas imagens podem ter inúmeros significados diante da evolução da humanidade,
entre outros a necessidade de comunicação.
TEPERMAN (2015) descreve que o grafite tem suas raízes no movimento
cultural hip-hop e na expressão artística dos jovens das periferias, que surgiu na
década de 1970 no bairro Bronx, em Nova York, como resposta às desigualdades
sociais e à marginalização das populações negras e latinas assim que esta forma de
expressão identitária, surge como espaço de resistência para exercer seu poder de
críticas contra o racismo. O MCing (rap), DJing, breaking (dança) também fazem
parte deste mesmo movimento.
No Brasil, a cultura Hip Hop encontrou terreno fértil a partir da década de
1980, tornando-se uma ferramenta poderosa de transformação social e combate às
desigualdades dando aporte para que o movimento negro fosse reconhecido
culturalmente SANTOS (2000).
Os grafites tradicionais sempre estiveram ligados às ruas e às culturas
periféricas, funcionando como um meio de expressão para grupos marginalizados.
Com a evolução das tecnologias digitais, o grafite encontrou novas superfícies de
expressão: telas interativas, plataformas digitais e realidade virtual.
Nesse contexto, é necessário explorar como o grafite digital pode refletir
temas como etnia, raça, cor, pertencimento e arte digital, questionando a
democratização dos espaços de expressão e performance artística em ambientes
virtuais. Por exemplo, atualmente, existem empresas que alugam o serviço de grafite
digital através de dispositivos eletrônicos e softwares que são instalados no local
determinado pelo cliente. Dessa forma, festas e eventos podem oferecer a seus
convidados a possibilidade de grafitar, brincar, criar, editar fotos e vídeos, imprimir
ou compartilhar os resultados, mas quem tem acesso a isso?

Declaração do problema

Sendo o grafite uma arte das ruas, tradicionalmente feita por grupos, várias
categorias sociais pensamos no acesso destas pessoas a dispositivos como o grafite
digital oferecido por tais empresas. Seria possível criar um dispositivo similar com
funções semelhantes e materiais alternativos? Além disso, por que a transposição
do grafite para o meio digital é relevante para o debate sobre identidade racial e
pertencimento? Quais são as implicações simbólicas e performáticas dessa
mudança?

Motivações

A escolha desse tema é motivada pelos seguintes tópicos:

● O potencial do grafite como uma expressão de resistência cultural.


● A visibilidade dos debates sobre a negritude e tecnologia na época
contemporânea.
● A experimentação prática promovida no curso Poéticas e Culturas Digitais.

Público-alvo

● Estudantes, Pesquisadores e artistas interessados em arte digital e cultura


urbana.
● Comunidades periféricas que buscam explorar o grafite digital como forma de
expressão.
● O público procura entender as relações entre arte, tecnologia e questões de
identidade.

2. Descrição da solução:
Apresentação da solução

A proposta envolve a criação de uma obra de arte interativa que usa o grafite
digital como uma ferramenta para refletir o pertencimento e a identidade racial. A
solução está estruturada da seguinte forma.

● Uso do Mimio: tecnologia interativa que permite a criação de grafites digitais


em superfícies físicas ou virtuais.
● Engajamento digital: integração com a mídia social para aumentar a
visibilidade e permitir o feedback dos participantes.
● Experiência colaborativa: convite à comunidade para participar do processo
criativo.

Comparação com soluções semelhantes

● Ao contrário do grafite tradicional, o grafite digital permite maior alcance e


interatividade (Martins; Braga; Logan, 2023) (Márquez, 2017)
● A contratação de serviços de grafite digital tem alto custo e não está
disponível em qualquer lugar, sendo poucas as empresas que trabalham com
isso no mercado brasileiro. Estas empresas utilizam sensores infravermelho
para mapeamento da área a ser utilizada como interface. Uma lata de spray
adaptada com um dispositivo infravermelho é utilizada como controle do
programa.

● Qual outra solução?

3. Descrição poética/Experiência

Argumento poético

Os grafites digitais são mais do que uma transposição tecnológica; são um


grito contemporâneo contra os muros invisíveis da exclusão. A superfície digital se
torna um espaço expandido onde questões de raça, cor e identidade ganham vida,
transformando o espectador em um participante ativo.
Experiência proposta

● Interatividade: usando a barra Mimio em um ambiente físico projetado ou


simulando superfícies urbanas.
● Narrativa visual: cada grafite digital conta histórias relacionadas ao
pertencimento e à cultura afro-brasileira.
● Poética da tela: como a parede digital se torna um espaço de resistência e
memória coletiva - um palco no qual as cores, as imagens e as mensagens
se apresentam e se reinventam.

4. Descrição técnica

Ferramentas e dispositivos

● Mimio Interactive (Mimio Bar, Mimio Stylus e Mimio Studio Software)


● Projetor multimídia: para criação de superfícies digitais interativas em tempo
real.
● Software complementar: aplicativos de edição digital e realidade aumentada.

Operação técnica

● Configuração do Mimio: calibração do espaço interativo usando a barra Mimio


e a caneta Stylus.
● Geração de imagens: uso do software Mimio Studio para permitir a criação e
a manipulação de grafites digitais.
● Circulação e arquivamento: capturar as obras de arte com dispositivos móveis
e compartilhá-las em redes sociais, expandindo o diálogo público. (Márquez,
2017)

5. Resultados
Durante os testes práticos de utilização do Mimio, encontramos várias
dificuldades técnicas que inviabilizaram sua implementação no projeto. Acreditamos
que o principal problema foi a incompatibilidade da tecnologia com os equipamentos
disponíveis no momento.
Inicialmente, testamos o Mimio no Windows 10, mas o software não
funcionou. Para resolver esse problema, usamos um simulador do Windows 8, mas
os resultados não foram satisfatórios. Infelizmente, não foi possível testá-lo no
Windows XP, que parece ser o sistema operacional mais compatível com essa
versão do dispositivo.
Também exploramos alternativas, como o uso de outro dispositivo, o
Nintendo Switch; no entanto, a falta de código-fonte aberto no sistema limitou
rapidamente nossos testes. Além disso, as funcionalidades que pudemos explorar
usando o dispositivo não atendiam aos requisitos necessários para a proposta do
projeto.
Um Mimio atualizado seria, sem dúvida, mais viável para a implementação
prática do projeto, mas essa opção não está disponível no momento. Com relação à
adaptação da caneta à lata de spray, acreditamos que essa seria uma solução
conceitualmente interessante; no entanto, não temos certeza se ela funcionaria
efetivamente na prática.
Portanto, os testes revelaram que, com os recursos atuais e as limitações
técnicas do dispositivo, a implementação do Mimio conforme planejado não é viável.

6. Conclusão

Este projeto propõe uma articulação entre a prática artística do grafite e a


mídia digital, criando uma experiência que reflete questões contemporâneas de raça
e pertencimento. Ao transformar a superfície digital em um novo muro, o objetivo é
ressignificar espaços e marginalizar vozes por meio da performatividade e da
interatividade tecnológica.

7. Descrição da participação de cada membro

● Jaber Caetano: Pesquisa e escrita do projeto;


● Julyana Aleixo:
● Ligia Montagna:
● Marcelo Carneiro: Pesquisa e escrita do projeto.;
● Rosemary Aparecida de Jesus: Proponente, Pesquisa e escrita do projeto;
● Veramar G.M: investigação das possíveis ferramentas que poderiam ser
utilizadas na produção prática do projeto.

Referências

Gasparetto, Débora Aita, Arte-ciência-tecnologia e sistemas da arte na era da cultura


digital: contexto Brasil Palíndromo, nº 11, jan./jul. 2014 Disponível: ARTE-CIENCIA-
TECNOLOGIA_NA_ERA_DA_CULTURA_DIGITAL_.pdf

GUITARY, Celso. o que é grafite. São Paulo. Brasilense 1999.

MÁRQUEZ, I. Del muro a la pantalla: el graffiti en la cibercultura. CIC. Cuadernos


de Información y Comunicación, v. 22, p. 95-106, 2017. DOI:
http://dx.doi.org/10.5209/CIYC.55969. Disponível em:
https://doi.org/10.5209/CIYC.55969. Acesso em: 16 dez. 2024.

MARTINS, V.; BRAGA, A.; LOGAN, R. K. Digital media as a form of electronic graffiti
(e-Graffiti): From walls to social media. New Explorations: Studies in Culture and
Communications, v. 3, n. 2, p. 1-24, 2023. DOI: https://doi.org/10.7202/1107738ar.
Disponível em: https://id.erudit.org/iderudit/1107738ar. Acesso em: 16 dez. 2024.

Santos, Milton, A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razã o e Emoção / Milton


Santos. - 4. ed. 2. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
(Coleção Milton Santos; 1) Disponível: (99+) A natureza do Espaço - M Santos |
Nanda Roger - Academia.edu
TEPERMAN, Ricardo. Se liga no som: As transformações do rap no Brasil. São
Paulo: Claro Enigma, 2015. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316
901X.v0i631p235-241 Acesso: 17 de dez. 2024.

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