Monografia
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DEPARTAMENTO DE FÍSICA
LICENCIATURA EM FÍSICA
SEROPÉDICA, 2013
Agradecimentos
corretas.
AGRADEÇO a minha familia por me apoiar em todos os momentos, sem eles eu ja-
mais teria conseguido chegar onde cheguei, vocês são o maior presente que recebi
na vida.
AGRADEÇO a meu grande mestre e amigo, professor Cresus Godinho por toda a
paciência e orientação.
ii
RESUMO
um método avançado de análise para sistemas fı́sicos não tão triviais à luz da Mecânica
sistemas sujeitos a vı́nculos. Também foi feita uma abordagem do fenômeno conhe-
para uma situação limite do Efeito Hall. Por fim, uma breve análise computacional
iii
Conteúdo
1 Formalismo Canônico 5
2 Algoritmo de Dirac-Bergmann 24
3 Efeito Hall 44
iv
4 Conclusões 70
6 Referências Bibliográficas 73
v
Lista de Figuras
vi
1
Introdução
A ciência foi construı́da ao longo da história por diversos pensadores que tentaram,
falamos em contribuições, logo nos lembramos de uma das maiores mentes que o
mundo já viu, ou seja, Sir Isaac Newton (1642 − 1727). Newton trabalhou em diversas
sintetizavam de forma tão perfeita toda a ciência feita até então que, durante o século
conhecida hoje por Mecânica Analı́tica, dava seus primeiros passos. Pierre Louis M.
Maupertuis (1698 − 1759) introduziu em 1740, pela primeira vez no campo axiomático
natureza, o produto do momento linear pelo percurso seguido pelo corpo é o menor
possı́vel(ROCHA, 2002). Jean D’ Alembert (1717 − 1783) introduz o Princı́pio dos tra-
balhos virtuais, um dos mais importantes da Mecânica pós newtoniana, e que pode
nhard Euler (1707 − 1783) aprofundou na mecânica o cálculo das composições de di-
centro de gravidade. Louis Joseph de Lagrange (1736 − 1813) foi um dos Fı́sicos-
das variações e da teoria das equações diferenciais. Sua obra mais importante, no
lagrangeana como sendo a diferença entre as forças vivas e as forças mortas (Ener-
tempo:
A natureza escolhe seus caminhos de tal sorte que o produto da lagrangeana pelo
blema mais simples. A Mecânica Newtoniana ganha com Lagrange uma formulação
tão ampla e tão geral que a torna apta para ser aplicada ao Eletromagnetismo do
século XIX. William Hamilton (1788 − 1856) criou a função hamiltoniana como sendo
3
interação entre si e com meio externo, permite dar a Mecânica um tratamento mais
amplo e globalizante que as forças de Newton, uma vez que estas atuam por contato
e, passo a passo, em cada porção infinitesimal das trajetórias dos corpos delinea-
agregado solidário descrito por movimentos coletivos, e suas trajetórias passam a ser
e sujeitas a forças pontuais perde completamente o sentido. Por outro lado, o método
ano ser o mais indicado para a descrição dos fenômenos fı́sicos, ele é oriundo de
sabido que teorias fı́sicas não podem ser alteradas apenas com uma mudança de
rigir o problema das quantidades não satisfeitas. Muitos estudos nessa área são
ses vı́nculos, e que permitiu que seu significado estivesse conectado com as pro-
dante. A interpretação fı́sica nem sempre é trivial e, para algum sistema, a fı́sica dos
vı́nculos pode ser de extrema complexidade. Não é objetivo desse trabalho desenvol-
ver sistemas tão complexos e sim introduzir tal formalismo, desde seu aspecto mais
simples, até o aparecimento dos vı́nculos, explicitando as técnicas que devem ser
utilizadas. Em resumo, este trabalho é voltado para fins didáticos, ou seja, uma ma-
a esse assunto pode ser devidamente consultado em uma das referências citadas ao
onde explicitamos a investigação que deve ser feita quando saı́mos do formalismo
Efeito Hall, onde através do tratamento dos vı́nculos, estabelecemos uma conexão
1 Formalismo Canônico
sistema mecânico com o auxı́lio do espaço das configurações. Esse sistema é de-
lisa um sistema qualquer em função de sua lagrangeana, que por sua vez é função
uma carga q, em equilı́brio e sob a ação de uma outra carga Q, de uma posição ini-
cial ri até uma posição final rf , ver referência (KLEBER, 2000). O conjunto de todas
partı́cula livre. O espaço cartesiano que tem as coordenadas generalizadas como ei-
Mas, da mesma forma que essas coordenadas servem para uma partı́cula, são uti-
generalizadas, ou seja,
e definindo
então,
Por meio desta transformação, saı́mos do plano cartesiano para o plano polar, e
∑
N
∂xi ∂xi
ẋi = q˙k + , i = 1, 2, ...3n . (6)
k=1
∂qk ∂t
Uma vez determinadas as velocidades, é possı́vel obter uma grandeza muito im-
∑
N
1 ( )
T = mi ẋ2i + ẏi2 + żi2 , (7)
i=1
2
( )2 ( 3N )2 ( 3N )2
∑
N
1 ∑ ∂xi
3N
∂xi ∑ ∂yi ∂yi ∑ ∂zi ∂zi
T = mi q̇k + + q̇k + + q̇k + ,
i=1
2 k=1
∂q k ∂t k=1
∂q k ∂t k=1
∂q k ∂t
(8)
ou seja,
[ 3N 3N ( )2
∑
N
1 ∑ ∑ ∂xi ∂xi ∑
3N
∂xi ∂xi ∂xi
T = mi q̇k q̇j + 2 q̇k +
i=1
2 k=1 j=1
∂qk ∂qj k=1
∂qk ∂t ∂t
∑
3N ∑
3N ∑3N ( )2
∂yi ∂yi ∂yi ∂yi ∂yi
+ q̇k q̇j + 2 q̇k +
k=1 j=1
∂qk ∂qj k=1
∂qk ∂t ∂t
∑
3N ∑3N ∑3N ( )2 ]
∂zi ∂zi ∂zi ∂zi ∂zi
+ q̇k q̇j + 2 q̇k + , (9)
k=1 j=1
∂q k ∂q j
k=1
∂q k ∂t ∂t
8
∑
N ∑ 3N (
3N ∑ )
1 ∂xi ∂xi ∂yi ∂yi ∂zi ∂zi
T = mi q̇k q̇j + q̇k q̇j + q̇k q̇j . (10)
i=1
2 k=1 j=1
∂qk ∂qj ∂qk ∂qj ∂qk ∂qj
Podemos ver que a energia cinética fica expressa em termos de derivadas par-
ciais, e elas serão não nulas quando avaliadas em relação a coordenada associada.
melhor explicação.
∂T
= mq̇1 . (11)
∂ q̇1
definir uma forma geral para essa quantidade, que se chama momento generalizado.
∂T
= mq̇k = pk . (12)
∂ q̇k
∑
3N
∂xi
δxi = δqk ,
k=1
∂qk
∑
3N
∂yi
δyi = δqk ,
k=1
∂qk
∑3N
∂zi
δzi = δqk . (13)
k=1
∂qk
sequência.
necessária a ação de uma força. Portanto, para que se possa deslocar infinitesimal-
mente uma partı́cula de massa m, com essas caracterı́sticas iniciais, para uma nova
posição muito próxima da original, é preciso que uma força atue sobre essa partı́cula.
trabalho. Logo,
∑
N
δW = (Fix δxi + Fiy δyi + Fiz δzi ) (14)
i=1
será também um trabalho virtual. Substituindo a equação (8) na equação (9), encon-
tramos,
( )
∑
N ∑
3N
∂xi ∑
3N
∂yi ∑
3N
∂zi
δW = Fix δqk + Fiy δqk + Fiz δqk , (15)
i=1 k=1
∂qk k=1
∂q k
k=1
∂q k
∑N ∑3N ( )
∂xi ∂yi ∂zi
δW = Fix + Fiy + Fiz δqk , (16)
i=1 k=1
∂q k ∂q k ∂q k
10
e chamando,
N (
∑ ∂xi ∂yi ∂zi )
Qk = Fix + Fiy + Fiz , (17)
i=1
∂qk ∂qk ∂qk
obtemos,
∑
3N
δW = Qk δqk . (18)
k=1
anteriormente com as demais grandezas descritas até agora, será natural chamar a
onde δWk é o trabalho realizado quando o sistema se move, de maneira que qk au-
Estendendo ainda mais o raciocı́nio, podemos trabalhar o caso de uma força que de-
δW = −δV, (20)
N (
∑ )
∂V ∂V ∂V
δV = δxi + δyi + δzi . (21)
i=1
∂xi ∂yi ∂zi
∑N ∑3N ( )
∂V ∂xi ∂V ∂yi ∂V ∂zi
δV = δqk + δqk + δqk , (22)
i=1 k=1
∂xi ∂qk ∂yi ∂qk ∂zi ∂qk
11
logo,
∑
3N
∂V
δV = δqk , (23)
k=1
∂qk
portanto,
∑
3N
∂V
δW = −δV = − δqk . (24)
k=1
∂q k
Sabemos que,
∑
3N ∑
3N
∂V
δW = Qk δqk e δW = − δqk , (25)
k=1 k=1
∂qk
obtêm-se então,
∂V
Qk = − . (26)
∂qk
nos faz pensar que as equações de movimento generalizadas podem ser obtidas
dada por,
dpk d ( ∂T )
= . (27)
dt dt ∂ q̇k
∑
N
mi
T = (ẋ2i + ẏi2 + żi2 ), (28)
i=1
2
∑N ( )
∂T ∂ ẋi ∂ ẏi ∂ żi
= mi ẋi + ẏi + żi . (29)
∂ q̇k i=1
∂ q̇ k ∂ q̇ k ∂ q̇ k
12
É de conhecimento que,
( ) ∑ N
[ ( )
d ∂T dẋi ∂xi d ∂xi dẏi ∂yi
= mi + ẋi + +
dt ∂ q̇k dt ∂q k dt ∂q k dt ∂q k
)]
i=1
( ) (
d ∂yi dżi ∂zi d ∂zi
+ẏi + + żi . (30)
dt ∂qk dt ∂qk dt ∂qk
Como,
∂xi
ẋi = q̇j ,
∂qj
∂yi
ẏi = q̇j ,
∂qj
∂zi
żi = q̇j , (31)
∂qj
∂ 2 xi ∂xi
ẍi = q̇l q̇j + q̈j ,
∂qj ∂ql ∂qj
∂ 2 yi ∂yi
ÿi = q̇l q̇j + q̈j ,
∂qj ∂ql ∂qj
∂ 2 zi ∂zi
z̈i = q̇l q̇j + q̈j , (32)
∂qj ∂ql ∂qj
e também
( )
d ∂xi ∂ 2 xi
= q̇j ,
dt ∂qk ∂qk ∂qj
( )
d ∂yi ∂ 2 yi
= q̇j ,
dt ∂qk ∂qk ∂qj
( )
d ∂zi ∂ 2 zi
= q̇j . (33)
dt ∂qk ∂qk ∂qj
13
∑ N ( )
∂T ∂ ẋi ∂ ẏi ∂ żi
= mi ẋi + ẏi + żi =
∂ q̇k i=1
∂q k ∂q k ∂q k
∑ ( ∂ 2 xi ∂xi
N
∂ 2 yi ∂yi ∂ 2 zi ∂zi
)
= mi q̇j q̇l + q̇j q̇l + q̇j q̇l . (34)
i=1
∂qk ∂qj ∂ql ∂qk ∂qj ∂ql ∂qk ∂qj ∂ql
( ) (
d ∂T ∑
N
∂ 2 xi ∂xi ∂ 2 yi ∂yi ∂ 2 zi ∂zi
= mi q̇j q̇l + q̇j q̇l + q̇j q̇l +
dt ∂ q̇k i=1
∂qk ∂qj ∂ql ∂qk ∂qj ∂ql ∂qk ∂qj ∂ql
∂ 2 xi ∂xi ∂ 2 yi ∂yi ∂ 2 zi ∂zi
+ q̇l q̇m + q̇l q̇m + q̇l q̇m
∂ql ∂qm ∂qk ∂ql ∂qm ∂qk ∂ql ∂qm ∂qk
)
∂xi ∂xi ∂yi ∂yi ∂zi ∂zi
+ q̈l + q̈l + q̈l . (35)
∂qk ∂ql ∂qk ∂ql ∂qk ∂ql
( ) (
d ∂T ∂T ∑N
∂ 2 xi ∂xi ∂ 2 yi ∂yi
= + mi q̇l q̇m + q̇l q̇m
dt ∂ q̇k
∂qk ∂q l ∂q m ∂q k ∂q l ∂q m ∂q k
i=1
)
2
∂ zi ∂zi ∂xi ∂xi ∂yi ∂yi ∂zi ∂zi
+ q̇l q̇m + q̈l + q̈l + q̈l . (36)
∂ql ∂qm ∂qk ∂qk ∂ql ∂qk ∂ql ∂qk ∂ql
( )∑ N ( )
d ∂T ∂T ∂xi ∂yi ∂zi
= + mi ẍi + ÿi + z̈i =
dt ∂ q̇k
∂qk i=1
∂qk ∂qk ∂qk
∑N ( )
∂T ∂xi ∂yi ∂zi
= + Fix + Fiy + Fiz , (37)
∂qk i=1
∂q k ∂q k ∂q k
simplificando as equações,
( )
d ∂T ∂T
= + Qk , (38)
dt ∂ q̇k ∂qk
14
obtêm-se então,
( )
d ∂T ∂T
− = Qk (39)
dt ∂ q̇k ∂qk
Essas equações são conhecidas como equações de Lagrange. Vemos que essas
L = T − V, (40)
d ( ∂L ) d ( ∂T )
= , (42)
dt ∂ q̇k dt ∂ q̇k
∂L ∂T ∂V
= − . (43)
∂qk ∂qk ∂qk
Portanto,
d ( ∂L ) ∂L ∂V
− − = Qk . (44)
dt ∂ q̇k ∂qk ∂qk
∂V
Qk = − , (45)
∂qk
logo,
d ( ∂L ) ∂L
− = 0 , k = 1, . . . , 3N . (46)
dt ∂ q̇k ∂qk
critas nas formas das equações acima, exceto nos casos em que existam forças
de atrito, mas, em geral, estas forças não aparecem em sistemas atômicos e as-
tronômicos(SYMON, 1996).
∫ t2
S= Ldt, (47)
t1
esse movimento é tal que a variação funcional de S para esse intervalo de tempo é
16
∫ t2
δS = δ Ldt. (48)
t1
Sabemos que,
∫ t2
δS = δL(qk , q̇k ; t)dt, (50)
t1
e considerando,
∑ ( ∂L ∂L
)
∂L
δL = δqk + δ q̇k + , (51)
k
∂qk ∂ q̇k ∂t
podemos escrever,
∫ t2 ( ∑ ∂L )
∂L
δS = δqk + δ q̇k dt = 0. (52)
t1 k
∂qk ∂ q̇k
∫ t2 ∑ ∂L ∑ ∂L
t2 ∫ t2 ∑ d ( ∂L )
δ q̇k dt = δqk − δqk dt, (53)
t1 k
∂ q̇k k
∂ q̇k t1 k
dt ∂ q̇k
t1
logo,
∫ ∑ [ ∂L d ( ∂L )]
t2
t2 ∑ ∂L
δS = dt − δqk + δ q̇k . (54)
t1 k
∂qk dt ∂ q̇k k
∂ q̇k
t1
∫ ∑ [ ∂L
t2
d ( ∂L )]
δS = dt − δqk = 0, (55)
t1 k
∂qk dt ∂ q̇k
para que a equação seja satisfeita para qualquer δqk , o integrando deve ser igual a
17
zero, ou seja,
∂L d ( ∂L )
− = 0, (56)
∂qk dt ∂ q̇k
essa ideia, definindo uma função como a Lagrangeana na qual as variáveis tivessem
uma equivalência Fı́sica mais expressiva, nesse caso, uma função que dependesse
como,
L=T −V , (58)
V = V (q, t) , (59)
logo,
∂L ∂V ∂L
pk = + = , (60)
∂ q̇k ∂ q̇k ∂ q̇k
dY (X)
P = , (61)
dX
18
que é muito semelhante a definição de momento canônico. Então, podemos ver uma
∂L dY (X)
Pk = →P = . (62)
∂ q̇k dX
pensar em uma transformação que nos forneça uma nova função, com a variável
se considerarmos que,
∑
3N
H(q, p) = pk q̇k − L(q, q̇; t), (65)
k=1
onde,
agora expressar essa nova função em termos das energias envolvidas. Tomando a
Lagrangeana,
L=T −V , (67)
19
logo,
∑
3N
H(q, p) = pk q̇k − T + V, (68)
k=1
mas,
∑N
∂L
pk = (69)
k=1
∂ q̇k
V = V (qk ) (70)
temos,
∑N
∂T
pk = = 2T, (71)
k=1
∂ q̇k
portanto,
H(q, p) = 2T − T + V, (72)
obtêm-se então
H = T + V, (73)
∑
H= pk q̇k − L, (74)
k
∑ ∑ ( ∂L ∂L ) ∂L
dH = (q̇k dk + pk dq̇k ) − dqk + dq̇k − dt, (75)
k k
∂qk ∂ q̇k ∂t
20
mas,
∂L ∂L
pk = e ṗk = , (76)
∂ q̇k ∂qk
substituindo,
∑ ∂L
dH = (q̇k dpk + pk dq̇k − ṗk dqk − pk dq̇k ) − dt, (77)
k
∂t
logo,
∑ ∂L
dH = (q̇k dpk − ṗk dqk ) + dt. (78)
k
∂t
∑ ( ∂H ∂H ) ∂H
dH = dqk + dpk + dt, (79)
k
∂qk ∂pk ∂t
∂H ∂H ∂L ∂H
q̇k = , ṗk = − e = . (80)
∂pk ∂qk ∂t ∂t
Também é possı́vel utilizar o princı́pio de Hamilton, como foi feito na seção anterior,
para determinar essas mesmas equações. É sábido que a ação é dada por,
∫ t2
S= Ldt, (81)
t1
∫ t2
δS = δ Ldt = 0, (82)
t1
21
mas,
∑
L = −H + pk q̇k , (83)
k
logo, ( )
∫ t2 ∑
δS = δ −H + pk q̇k dt = 0, (84)
t1 k
( )
∫ t2 ∑ ∫ t2 ∑( ∂H ∂H
)
δS = δ −H + pk q̇k dt = dt pk δ q̇k + q̇k δpk − δqk − δpk = 0,(85)
t1 k t1 k
∂qk ∂pk
∫ t2 t2 ∫ t2 ∫ t2
pk δ q̇k dt = pk δqk − ṗk δqk dt = − ṗk δqk dt, (86)
t1 t1 t1 t1
t2
pk δqk =0, (87)
t1
∫ t2 ∑( )
∂H ∂H
dt − ṗk δqk + q̇k δpk − δqk − δpk = 0, (88)
t1 k
∂qk ∂pk
logo,
∫ ∑ [(
t2
∂H ) ( ∂H ) ]
dt − ṗk − δqk + q̇k − δpk = 0. (89)
t1 k
∂qk ∂pk
Para que a equação seja satisfeita, e sabendo que δqk e δpk são não nulos, obtemos
∂H ∂H ∂L ∂H
q̇k = , ṗk = − e = , (90)
∂pk ∂qk ∂t ∂t
milton.
22
Já vimos que a Lagrangeana pode ser transformada no intuito de definir uma nova
função que seja dependente das variáveis q e P. Essa nova função, conhecida como
função de Hamilton, pode ser interpretada como superfı́cies definidas nesse espaço,
quer função desse tipo pode ser uma superfı́cie que restringe o movimento de uma
partı́cula ou um sistema de partı́culas. Sendo assim, vamos supor uma função desse
pensar em como esse sistema evolui com o tempo. Tomando a derivada em relação
ao tempo de F,
dF ∑ ( ∂F ∂F ) ∂F
= q̇k + ṗk + , (92)
dt k
∂q k ∂p k ∂t
∂H ∂H
q̇k = e ṗk = − , (93)
∂pk ∂qk
dF ∑ ( ∂F ∂H ∂F ∂H ) ∂F
= − + , (94)
dt k
∂qk ∂pk ∂pk ∂qk ∂t
onde definimos,
∑ ( ∂F ∂H ∂F ∂H )
{F, H} = − , (95)
k
∂q k ∂pk ∂p k ∂qk
possibilitando-nos escrever,
dF ∂F
= {F, H} + , (96)
dt ∂t
23
2 Algoritmo de Dirac-Bergmann
canônicos. Mas isso não será possı́vel se a matriz Hessiana, determinada pela de-
significado fundamental são descritas por Lagrangeanas com matriz Hessiana singu-
lar, o que justifica uma introdução a dinâmica Hamiltoniana de tais sistemas(LEMOS, 2007).
matemático bem mais complexo. Mas mesmo com tamanha dificuldade, o estudo
d ( ∂L ) ∂L
− = 0, (97)
dt ∂ q̇k ∂qk
25
fazendo uso da regra da cadeia, o primeiro termo dessa equação pode ser escrito da
seguinte forma,
d ( ∂L ) ∂ 2L ∂ 2L ∂ 2L
= q̇j + q̈j + , (98)
dt ∂ q̇k ∂qj ∂ q̇k ∂ q̇j ∂ q̇k ∂t∂ q̇k
com isso,
∂ 2L ∂ 2L ∂ 2L ∂L
q̈j = − q̇j − + . (99)
∂ q̇j ∂ q̇k ∂qj ∂ q̇k ∂t∂ q̇k ∂qk
Como qk e q̇k são independentes entre si, os termos do lado direito não apresentam
do lado esquerdo, temos uma derivada parcial de segunda ordem em relação a duas
velocidades generalizadas. Para que essa equação possa ser satisfeita, o termo do
observar que o termo do lado esquerdo possui a forma de uma matriz hessiana, onde
a mesma é definida pela derivada do gradiente da matriz jacobiana. Visto que trata-
se de uma matriz hessiana, basta que apliquemos o teste do hessiano, que consiste
em uma análise do determinante dessa matriz, para que possamos ter certeza se
acordo com (BOLDRINI, 1980), uma matriz quadrada A admite inversa se e somente
então, se o determinante da matriz Wjk for diferente de zero, ela é não singular, ou
seja, admite inversa, e é formada por um conjunto de termos independentes entre si.
para os momentos canônicos não podem ser todas resolvidas para as velocida-
Exemplo 1:
1
L = mẋ2 . (101)
2
Sabemos que
∂ 2L
Wi,j = i j , (102)
∂ q̇ ∂ q̇
e definindo
q̇ 1 = ẋ e q̇ 2 = ẏ , (103)
obtemos
∂ 2L ∂ 2L
W1,1 = = ,
∂ ẋ∂ ẋ ∂ ẋ2
∂ 2L
W1,2 = ,
∂ ẋ∂ ẏ
∂ 2L
W2,1 = ,
∂ ẏ∂ ẋ
∂ 2L ∂ 2L
W2,2 = = . (104)
∂ ẏ∂ ẏ ∂ ẏ 2
( W1,1 W1,2 )
W = , (105)
W2,1 W2,2
27
com
∂ 2L 1 ∂ [∂ 2 ]
W1,1 = = m (ẋ ) = m,
∂ ẋ2 2 ∂ ẋ ∂ ẋ
∂ 2L 1 ∂ [∂ 2 ]
W1,2 = = m (ẋ ) = 0,
∂ ẋ∂ ẏ 2 ∂ ẋ ∂ ẏ
∂ 2L 1 ∂ [∂ 2 ]
W2,1 = = m (ẋ ) = 0,
∂ ẏ∂ ẋ 2 ∂ ẏ ∂ ẋ
∂ 2L 1 ∂ [∂ 2 ]
W2,2 = = m (ẋ ) = 0, (106)
∂ ẏ 2 2 ∂ ẏ ∂ ẏ
ou seja,
( m 0 )
W = . (107)
0 0
ana for nulo, a transição do formalismo Lagrangeano para o Hamiltoniano não será
Vamos supor que dois homens estejam em uma pista de dança, eles observam duas
mulheres e os dois se dirigem até elas, o primeiro homem não tem problema algum e
pode dançar com qualquer uma das mulheres, já o segundo homem, tem a condição
de só dançar com uma delas. Visto que se o primeiro homem escolher a única mulher
com quem o segundo pode dançar, teremos um conjunto satisfeito e um outro não
satisfeito, onde um casal dança e o outro não. Podemos pensar que a dança seja
a transformação que eles queiram realizar, e que apenas um casal tem sucesso. O
Feita essa analogia, vamos agora verificar formalmente essas quantidades que não
∂L
pi = . (108)
∂ q̇i
Det(W) = 0 , (109)
α = 1, 2, ..., N . (111)
Nesse caso, pα representa todos os momentos que foram resolvidos para as respec-
tivas velocidades.
O ı́ndice β é
β = N + 1, N + 2, ..., M . (112)
O que nos leva a ver que, q̇β representa todas as velocidades que não possuem um
pk = fk (q, pα ) . (113)
Portanto, o conjunto das M-N relações entre coordenadas e momentos são chama-
dos de vı́nculos primários, esse nome foi dado por Anderson e Bergmann
ϕ(q, p) = 0. (114)
29
Por causa dessas restrições, temos que começar uma discussão sobre as chamadas
“equações fracas” e “equações fortes”. Vamos tomar uma função F(q,p) definida em
(DIRAC, 1964),
i) Se após a substituição,
ii) Se,
quantidades.
∑
n
alk dqk + alt dt = 0 ; l = 1, ..., γ. (120)
k=1
onde alk e alt são funções de q e t. Como estamos fazendo uma abordagem que não
então escrever
dt = 0, (121)
e
∑
n
alk δqk = 0 ; l = 1, ..., γ. (122)
k=1
∫ t2 ∑
γ (∑
n )
dt λl alk δqk = 0, (123)
t1 l=1 k=1
tipo,
Já foi visto que o princı́pio de Hamilton é dado pela equação (44),
∫ t2 ∑ [ ∂L ( )]
d ∂L
δS = dt − δqk = 0. (125)
t1 k
∂qk dt ∂ q̇k
Portanto,
∫ ∑ [ ∂L ∫
d ( ∂L )] ∑ (∑ )
t2 t2 γ n
δS = dt − δqk = dt λl alk δqk = 0, (126)
t1 k
∂qk dt ∂ q̇k t1 l=1 k=1
logo,
d ( ∂L ) ∑
γ
∂L
− = λl alk . (127)
∂qk dt ∂ q̇k l=1
Como as equações de Lagrange diferem daquelas da seção (1) por um termo λl alk ,
é possı́vel ver que a Lagrangeana agora deve ser definida da seguinte forma,
∑
LT = L + λl Ψl , (128)
l
∑
H= pi q̇i − LT ,
i
∑ ∑
H= pi q̇i − L − λl Ψ l , (129)
i l
∑
HT (q, p) = Hc + λl Ψl (q, p), (130)
l
∫
δS = δ
Ldt = 0,
∫ [∑ ]
δS = δ pi q̇i − HT dt = 0, (131)
iI
∫ t2 (∑ ∑ )
δ pi q̇i − Hc − λj Ψj dt = 0, (132)
t1 i j
∫ [∑(
t2
∂Hc ∂Hc ) ∑ ( ∂Ψj ∂Ψj )]
dt pi δ q̇i + q̇i δpi − δqi − δpi − λj δqi + δpi = 0.
t1 i
∂qi ∂pi j
∂q i ∂p i
(133)
logo,
∫ [∑(
t2
∂Hc ∂Hc ) ∑ ( ∂Ψj ∂Ψj )]
dt − ṗi δqi + q̇i δpi − δqi − δpi − λj δqi + δpi = 0,
t1 i
∂qi ∂pi j
∂q i ∂p i
(135)
∫ [∑(
t2
∂Hc ∑ ∂Ψj ) ∑( ∂Hc ∑ ∂Ψj ) ]
dt − ṗi − − λj δqi + q̇i − − λj δpi = 0 .
t1 i
∂qi j
∂qi i
∂pi j
∂pi
(136)
Essas são as novas equações de Hamilton, agora corrigidas pela adição dos vı́nculos.
∂F ∂F
Ḟ = q̇k + ṗk , (138)
∂qk ∂pk
33
reagrupando os termos,
logo,
∑
Ḟ = {F, Hc } + λj {F, Ψj }. (141)
j
multiplicadores de Lagrange.
Já vimos na subseção anterior, que, com o aparecimento dos vı́nculos, tanto a Ha-
Lagrange. Então, nosso foco agora se volta para esse termo arbitrário, em uma
método proposto por Dirac consiste na determinação desses termos por meio de uma
ϕ̇(q, p) ≈ 0. (142)
34
primário,
∂ϕm ∂ϕm
ϕ̇m ≈ q̇i + ṗi ≈ 0, (143)
∂qi ∂pi
e, portanto, é possı́vel observar que a relação acima pode ser escrita em termos dos
parênteses de Poisson,
∑
ϕ̇m ≈ {ϕm , Hc } + λj {ϕm , ϕj } ≈ 0. (145)
j
A equação acima mostra que para cada vı́nculo primário, sua derivada temporal
cada vı́nculo com a Hamiltoniana canônica e com cada outro vı́nculo primário, com a
condição de que essa equação seja fracamente nula. De acordo com (SUNDERMEYER, 1982),
Caso 1:
∑
λj ≈ 0, (147)
j
35
∑
λj {ϕm , ϕj } ≈ 0, (148)
j
∑
λj {ϕm , ϕj }−1 {ϕm , ϕj } ≈ 0,
j
logo,
λj ≈ 0. (149)
Caso 2:
Então, existem soluções não triviais para os λj que constituem um sistema de equações
homogêneas, ou seja,
∑
λj {ϕm , ϕj } ≈ 0. (151)
j
Caso 3:
por,
∑
λj {ϕm , ϕj } ≈ −{ϕm , Hc }, (153)
j
uma vez que {ϕm , ϕj }−1 existe, vamos multiplicar ambos os lados da equação por
36
∑ ∑
λj {ϕm , ϕj }−1 {ϕm , ϕj } ≈ − {ϕm , ϕj }−1 {ϕm , Hc }, (154)
j j
logo,
∑
λj ≈ − {ϕm , ϕj }−1 {ϕm , Hc }. (155)
j
termos dos parênteses de Poisson, equação (91). Já vimos anteriormente como
∑
ḢT = {HT , Hc } + λj {HT , ϕj }, (156)
j
substituindo,
∑
ḢT = {HT , Hc } − {HT , ϕj }{ϕm , ϕj }−1 {ϕm , Hc }, (157)
j,m
chamando,
∑
{HT , Hc }D = {HT , Hc } − {HT , ϕj }{ϕm , ϕj }−1 {ϕm , Hc }, (158)
j,m
logo,
Caso 4:
Como Det{ϕm , ϕj } ≈ 0, esse termo é uma matriz singular e, como já vimos ante-
riormente, nem todas as equações são independentes entre si. Vamos separar as
∑ ∑
{ϕm , Hc } + λα {ϕm , ϕα } + λk {ϕm , ϕk } ≈ 0, (161)
α k
chamando,
∑
χs (q, p) ≈ λk {ϕm , ϕk } ≈ 0, (163)
k
χs (q, p) ≈ 0. (164)
∑
χ̇s ≈ {χs , Hc } + {χs , ϕj } ≈ 0. (165)
j
Todo o processo de análise deve ser realizado novamente conforme fizemos nos
três casos iniciais. Se nenhum dos casos for observado novamente, outros vı́nculos
secundários aparecerão, e todo o método deve ser repetido. Essa análise deve ser
feita até que todas as condições de consistência sejam satisfeitas. Podemos tratar
∑
{ϕγ , Hc } + λj {ϕγ , ϕj } ≈ 0, (168)
j
onde,
Essa equação impõe restrições aos λj , já que não geram novos vı́nculos. Segundo
incógnitas, deve ser solúvel, caso contrário a dinâmica descrita pela Lagrangiana
original seria inconsistente, hipótese que excluı́mos. Supondo que, para as equações
seja,
∑
{ϕγ , ϕj }Vj ≈ 0, (171)
j
∑
va V j ≈ 0 a = 1, ..., A. (172)
a
∑
λj = Uj + va V j . (173)
a
39
A Hamiltoniana total agora pode ser re-escrita em função de todas essas equações,
∑
HT = Hc + λj ϕ j ,
j
∑ ∑
HT = Hc + Uj ϕj + va Vj ϕj , (174)
j j,a
chamando,
∑
M ∑
M
′
H = Hc + Uj ϕj e ψa = Vj ϕj , (175)
j=1 j=1
logo,
∑
A
′
HT = H + va ψa . (176)
a=1
Até aqui adotamos uma classificação para os vı́nculos, colocando-os como primários
vı́nculo é obtido. Há contudo uma forma mais geral de sua classificação. De acordo
com (DIRAC, 1964), se o parênteses de Poisson de uma função F(q,P) com qualquer
{F, ϕj } ≈ 0, (177)
parênteses de Poisson de F com pelo menos um dos vı́nculos não for fracamente
40
zero, ou seja,
{F, ϕj } ̸= 0, (178)
que agora podemos escrever todos os vı́nculos como sendo uma combinação linear
ϕm = ηa ϕa + ηb ϕb ,
χm = βc χc + βd χd , (180)
{ϕa , Hc } + λj {ϕa , ϕj } ≈ 0,
como eles são vı́nculos de primeira classe, o segundo termo de cada uma das
{ϕa , Hc } ≈ 0,
{χc , Hc } ≈ 0, (182)
41
com isso, pode-se ver que é possı́vel ver que os vı́nculos de primeira classe, impõem
sistência somente aos vı́nculos de primeira classe. Agora, façamos o mesmo para os
{ϕb , ϕb′ } {ϕb , χd′ }
∆= , (183)
{χd , ϕ } {χd , χ }
b′ d′
definimos,
ξu = ξu (ϕb , χd ), (184)
como uma função que abrange todos os vı́nculos de segunda classe. Assumindo que
a matriz ∆, que contém elementos {ξu , ξν }, seja singular, então, segundo (SUNDERMEYER, 1982),
τu ∆uν ≈ 0, (185)
42
{τu ξu , ξν } ≈ 0, (186)
restaram, temos
∑
{ξk , Hc } + λk ∆ku ≈ 0, (187)
k
como a matriz ∆ku é não singular, então existe a inversa de ∆ku . Multiplicando ambos
∑
∆ku−1 {ξk , Hc } + λk ≈ 0,
k,u
∑
λk ≈ − ∆−1
ku {ξk , Hc }, (188)
k,u
de segunda classe.
Feito isso, agora podemos escrever a evolução temporal de uma variável dinâmica
∑ ∑
Ḟ ≈ {F, Hc } + λa {F, ϕa } + λk {F, ϕu }, (189)
a k
mas,
{F, ϕa } ≈ 0, (190)
43
∑
Ḟ ≈ {F, Hc } + λu {F, ϕu }, (191)
u
∑
Ḟ ≈ {F, Hc } − {F, ϕu }∆−1
ku {ξk , Hc } (192)
k,u
Já vimos que essa quantidade se trata do parênteses de Dirac, e podemos escrever
Ḟ ≈ {F, Hc }D , (193)
onde,
∑
{F, Hc }D = {F, Hc } − {F, ϕu }∆−1
ku {ξk , Hc }, (194)
k,u
ou, generalizando,
∑
{F, Hc }D = {F, Hc } − −k, u{F, ξu }∆−1
ku {ξk , Hc }. (195)
44
3 Efeito Hall
Nesta seção, trataremos do fenômeno conhecido por Efeito Hall, fazendo uma breve
res de carga ficarão submetidos a uma força de Lorentz que faz com que eles sejam
efeito Hall, ele recebeu esse nome em homenagem ao seu descobridor, Edwin Hall,
rar um condutor retangular conduzindo uma corrente i feita de cargas positivas como
Fm = Q va × B
podemos ver que o movimento dos portadores de carga é desviado, e eles passam
a se deslocar para a parte superior da chapa retangular. Com isso, observa-se uma
diferença de potencial elétrica entre a parte superior e inferior da chapa, uma vez que
com o acúmulo de cargas na parte superior, o potencial elétrico nessa região também
é maior do que na parte inferior. Graças a isso, surge um campo elétrico orientado no
sentido negativo do eixo Z, e esse campo vai elevando sua intensidade enquanto as
cargas positivas continuarem a ser desviadas. Associado a esse campo, temos uma
força elétrica que, quando atinge a mesma magnitude da força magnética, faz com
Fe = −Fm
EH Q = −Qva × B
EH = −va B k̂ . (197)
∫
∆V = − E · dl, (198)
1
Os vetores estão representados pelas letras em negrito.
46
nesse caso,
∫ 0
∆VH = − (−va B)dz k̂ · k̂ ,
Z
∆VH = −va BZ, (199)
em módulo,
Essa quantidade recebe o nome de tensão Hall, uma vez que ela só surge quando
uma outra maneira, já que a mesma não pode ser medida diretamente.
i = ρAva , (201)
onde A é a área pela qual passa a corrente elétrica. A densidade ρ, pode ser calcu-
i = nQva A (203)
i i
va = = . (204)
nQA nQXZ
iB
∆VH = va BZ = , (205)
nQX
pode-se observar que a tensão Hall é proporcional tanto a corrente quanto ao campo,
o que ja era esperado já que, para cancelar a força magnética, a força elétrica tem
que aumentar sua intensidade, ou seja, mais cargas positivas acumulam-se na parte
seguinte maneira,
iB
∆VH = , (207)
nQX
mas,
B
RH = , (209)
nQX
chamando,
1
rH = , (210)
nQ
obtemos,
rH B
RH = , (211)
X
onde o termo rH é chamado de coeficiente Hall. Nos resta agora analisar o que
mr̈ = Fm + Fe , (212)
dessa forma,
Ÿ −Ż 0
= ωc + Q , (215)
Z̈ Ẏ −EH
ξ := Y + iZ, (216)
iQEH
Ÿ + iZ̈ = iωc (Ẏ + iŻ) − , (217)
m
portanto,
QEH
ξ¨ = iωc ξ˙ − . (218)
m
( ) ( )
i EH ieiωc t EH EH
ξ(t) = v0 + − v0 + − t (219)
ωc B ωc B B
( )
1 EH EH
Y (t) = v0 − sen(ωc t) + t, (220)
ωc B B
( )
1 EH
Z(t) = v0 − [1 − cos(ωc t)] . (221)
ωc B
[ ]2 [ ( )]2 ( )2
EH t 1 EH 1 EH
Y (t) − + Z(t) − v0 − = 2 v0 − (222)
B ωc B ωc B
É possı́vel observar que a trajetória dos portadores de carga é dada por espirais
49
Dorda e Peper, observaram que a condutância de tal sistema era um múltiplo inteiro
de um quantum de condutância,
e2
= (25812.8017Ω)−1 . (223)
h
Segundo (KARLHEDE, KIVELSON, SONDHI, 1992), a maioria dos estudos que tra-
a corrente i que passa por ela. As medições das diferenças de potencial transversal
50
∆VL ∆VH
Rxx = ; Rxy = . (224)
i i
J=←
→
σ · E, (225)
obtemos,
Eα = ραβ Jβ e Jα = σαβ Eβ ,
α, β = 1, 2 = x, y. (226)
matricial e pode-se ver que a matriz resistividade é dada pela matriz inversa da con-
dutividade, ou seja,
σxx σxy
ρxx = 2 + σ2
; ρxy = − 2 + σ2
. (227)
σxx xy σxx xy
guinte forma,
(L )( L ) (L )
Rxx = f ;δ ρxx e Rxy = g ; δ ρxy , (228)
W W W
culáveis e,
(ρ )
xy
δ = arctg , (229)
ρxx
51
π
δ=0 e δ= , (230)
2
Podemos observar que a medida de Rxy possui picos em faixas muito pequenas de
magnetismo, seguida por uma região onde não existe resistividade. Em compensação,
Rxx → 0
T →0⇒ , (232)
R → e2
xy h
52
2
σxx σxy 0 Sxy eh
σαβ = →
2
, (233)
σyx σyy −Syx eh 0
onde,
p
Sxy = , p = 1, 2, 3...; q = 1, 2, 3, ... (234)
q
Quando p/q é um valor inteiro, significa que estamos tratando do efeito Hall quântico
inteiro (IQHE), e quando não for inteiro, estamos tratando do efeito Hall quântico
fracionário (FQHE). Não discutiremos o (FQHE), no entanto, o assunto pode ser con-
sultado pelo leitor em uma das referências indicadas ao final deste trabalho.
p e2
σxy = , (235)
qh
p
η= , (236)
q
e2
σxy = η ; η∈Z (237)
h
Vamos agora fazer uso do algoritmo de Dirac-Bergmann para o caso do Efeito Hall
Clássico. Para começar, devemos partir da ideia mais básica, ou seja, devemos par-
trata de uma partı́cula carregada que sob a ação de um campo eletromagnético ex-
53
terno, então, segundo (KLEBER, 2006), a Lagrangeana que descreve esse problema
é dada por,
mṙ2
L= − eV − e ṙ · A, (238)
2
também pode ser escrita em termos das coordenadas generalizadas, e essa representação
é dada por,
∑
2
mq̇ 2 ∑
2
L= i
−e q̇i Ai − eV, (239)
i=1
2 i=1
Det(Wij ) ̸= 0. (240)
Já sabemos como definir a matriz Wij , portanto, fazendo os cálculos temos,
W1,1 W1,2 m 0
Wij = = (241)
W2,1 W2,2 0 m
logo,
Det(Wij ) ̸= 0. (242)
∑
H= pi q̇i − L, (243)
i
54
onde,
∂L
pi = , (244)
∂ q̇i
nesse caso,
com isso,
pi + eAi
q̇i = , (246)
m
portanto,
∑2
pi ∑2
(pi + eAi )2 ∑ eAi
2
H= (pi + eAi ) − + (pi + eAi ) + eV (247)
i=1
m i=1
2m i=1
m
fazendo as simplificações,
2 [
∑ ]
(pi + eAi )2
H= + eV. (248)
i=1
2m
( )
1 ∑
2
∂Ai ∂Ai
q̈i = ṗi + e q̇j + , (252)
m j=1
∂qj ∂t
55
para o caso do efeito Hall, o potencial vetor magnético não depende explicitamente
do tempo, então,
∂Ai
= 0. (253)
∂t
[ ]
e2 ∑ ∂Aj e ∑ ∑
2 2 2
1 ∂Aj ∂V ∂Ai
q̈i = − Aj − (mq̇j − eAj ) +e +e q̇j , (254)
m m j=1 ∂qi m j=1 ∂qi ∂qi j=1
∂q j
( )
1 ∂V
q̈i = −eBij q̇j + e , (255)
m ∂qi
∂Aj ∂Ai
Bij = − . (256)
∂qi ∂qj
( ) ( )
1 ∂V 1 ∂V
q̈1 = −eB q̇2 + e ; q̈2 = eB q̇1 + e , (257)
m ∂q1 m ∂q2
onde,
qi = (q1 , q2 ) , q1 = y , q2 = z (258)
q̈1 −q̇2 ∂V
= ωc + e ∂q1 , (259)
q̈2 q̇1 m ∂V
∂q2
onde ωc := eB/m.
56
∂V
= −EH , (260)
∂q2
e ao longo de q1 ,
∂V
= 0, (261)
∂q1
q̈1 −q̇2 0
= ωc + e . (262)
q̈2 q̇1 m −EH
Pode-se ver que esse sistema é do mesmo tipo descrito na subseção anterior. A
( ) ( )
i EH ieiωc t EH EH
ξ(t) = v0 + − v0 + − t (263)
ωc B ωc B B
Esse resultado já era esperado, uma vez que a simples mudança de formalismo não
Como fizemos uma abordagem energética do efeito Hall através do formalismo Ha-
O que acontece quando elevamos o valor do campo magnético a um nı́vel tão in-
tenso, de maneira que o setor cinético torna-se desprezı́vel, ou seja, quando m→0?
em coordenadas generalizadas,
∑
2
L = −e q̇i Ai − eV. (265)
i=1
0 0
Wij = , (266)
0 0
Det(Wij ) = 0, (267)
ou seja, Wij é uma matriz singular, portanto as velocidades generalizadas não são
pi = −eAi , (268)
portanto,
ϕi = pi + eAi ≈ 0, (269)
∑
2 ∑
2 ∑
2
HT = pi q̇i + eAi q̇i + eV + λi ϕi , (271)
i=1 i=1 i=1
substituindo pi ,
∑
2 ∑
2 ∑
2
HT = − eAi q̇i + eAi q̇i + eV + λi ϕ i , (272)
i=1 i=1 i=1
58
logo,
∑
2
HT = eV + λi ϕ i , (273)
i=1
ou,
∑
2
HT = Hc + λi ϕ i ; Hc = eV. (274)
i=1
conservação do vı́nculo primário com o tempo. Para isso, vamos aplicar a equação
∑
2
ϕ̇i ≈ {ϕi , Hc } + λj {ϕi , ϕj } ≈ 0. (275)
j=1
Conforme já foi dito na seção que trata do Algoritmo de Dirac-Bergmann, precisa-
composta pelos parênteses de Poisson de um vı́nculo com ele mesmo e cada outro
primeiro fator:
∂V ∂V
{ϕ1 , Hc } = −e e {ϕ2 , Hc } = −e . (276)
∂q1 ∂q2
{ϕ1 , ϕ1 } {ϕ1 , ϕ2 }
{ϕi , ϕj } = , (277)
{ϕ2 , ϕ1 } {ϕ2 , ϕ2 }
59
fazendo os cálculos,
0 −eB
{ϕi , ϕj } = . (278)
eB 0
Det({ϕi , ϕj }) = e2 B 2 , (279)
ou seja, diferente de zero. Isso confirma a não singularidade dessa matriz, mos-
trando que todos os termos são independentes entre si e que não existem vı́nculos
secundários. Já vimos na seção 2.4 que os multiplicadores de Lagrange são dados
por,
∑
λi = {ϕi , ϕj }−1 {ϕj , Hc }, (280)
i
portanto,
1
0
{ϕi , ϕj }−1 = eB ,
− eB
1
0
portanto,
1 e∂V 1 ∂V
λ1 = − =− , (282)
eB ∂q1 B ∂q1
1 e∂V 1 ∂V
λ2 = − = , (283)
eB ∂q2 B ∂q2
60
mas,
∂V ∂V
=0 e = −EH , (284)
∂q1 ∂q2
logo,
EH
λ1 = 0 e λ2 = . (285)
B
Sabemos que,
∑
2
HT = eV + λi ϕ i , (286)
i=1
obtemos então,
EH
HT = eV + (P2 + eA2 ) (287)
B
Pode-se ver também que essa situação representa o caso (3) do algoritmo, portanto,
ou seja,
∑
2
q̇1 = {q1 , Hc } − {q1 , ϕi }{ϕi , ϕj }−1 {ϕj , Hc }, (289)
i,j=1
1
0
{ϕi , ϕj }−1 = eB , (290)
− eB
1
0
61
[
q̇1 = {qi , Hc } − {q1 , ϕ1 }{ϕ1 , ϕ1 }−1 {ϕ1 , Hc } + {q1 , ϕ1 }{ϕ1 , ϕ2 }−1 {ϕ2 , Hc } +
]
+{q1 , ϕ2 }{ϕ2 , ϕ1 }−1 {ϕ1 , Hc } + {q1 , ϕ2 }{ϕ2 , ϕ2 }−1 {ϕ2 , Hc } , (291)
logo,
q̇1 = {q1 , Hc } − {q1 , ϕ1 }{ϕ1 , ϕ2 }−1 {ϕ2 , Hc } − {q1 , ϕ2 }{ϕ2 , ϕ1 }−1 {ϕ1 , Hc }, (292)
como,
portanto,
1 ∂V
q̇1 = −{q1 , ϕ1 }{ϕ1 , ϕ2 }−1 {ϕ2 , Hc } = . (294)
B ∂q2
∂V
= −EH , (295)
∂q2
portanto,
EH
q̇1 = − . (296)
B
∑
2
ṗ1 = {p1 , Hc } − {p1 , ϕi }{ϕi , ϕj }−1 {ϕj , Hc }, (297)
i,j=1
explicitando a equação,
ṗ1 = {p1 , Hc } − {p1 , ϕ1 }{ϕ1 , ϕ2 }−1 {ϕ2 , Hc } − {p1 , ϕ2 }{ϕ2 , ϕ1 }−1 {ϕ1 , Hc }, (298)
62
∂V e ∂A2 ∂V
ṗ1 = −e + ,
∂q1 B ∂q1 ∂q1
∂V ( 1 ∂A2 )
ṗ1 = −e 1− , (299)
∂q1 B ∂q1
mas,
∂V
= 0, (300)
∂q1
logo,
ṗ1 = 0. (301)
∑
2
q̇2 = {q2 , Hc } − {q2 , ϕi }{ϕi , ϕj }−1 {ϕj , Hc }, (302)
i,j=1
portanto,
q̇2 = {q2 , Hc } − {q2 , ϕ1 }{ϕ1 , ϕ2 }−1 {ϕ2 , Hc } − {q2 , ϕ2 }{ϕ2 , ϕ1 }−1 {ϕ1 , Hc }, (303)
como,
logo,
1 ∂V
q̇2 = −{q2 , ϕ2 }{ϕ2 , ϕ1 }−1 {ϕ1 , Hc } = − = 0. (305)
B ∂q1
∑
2
ṗ2 = {p2 , Hc } − {p2 , ϕi }{ϕi , ϕj }−1 {ϕj , Hc }, (306)
i,j=1
63
obtemos,
ṗ2 = {p2 , Hc } − {p2 , ϕ1 }{ϕ1 , ϕ2 }−1 {ϕ2 , Hc } − {P2 , ϕ2 }{ϕ2 , ϕ1 }−1 {ϕ1 , Hc }, (307)
( )
∂V ∂A1 ∂V e ∂A2 ∂V
ṗ2 = −e − e − , (308)
∂q2 ∂q2 ∂q2 B ∂q2 ∂q1
dessa forma,
eEH ∂A1
ṗ2 = −eEH + . (309)
B ∂q2
Vamos nos concentrar nas equações relativas aos momentos. Já vimos que:
pi = −eAi , (310)
tomando,
dpi dAi
= −e = ṗi , (311)
dt dt
no entanto, sabe-se que o potencial vetor magnético não depende do tempo, por-
tanto,
ṗi = 0. (312)
ṗ1 = 0, (313)
eEH ∂A1
ṗ2 = −eEH + = 0, (314)
B ∂q2
64
portanto,
∂A1
=B (315)
∂q2
mas,
∂A2 ∂A1
B12 = − , (316)
∂q1 ∂q2
nesse caso,
∂A2
B12 = − B,
∂q1
∂A2
= 2B. (317)
∂q1
∂A1
= B,
∂q2
∂A2
= 2B. (318)
∂q1
∫ ∫
∂A1
dq2 = Bdq2 ⇒ A1 = Bzȷ̂
∂q2
∫ ∫
∂A2
dq1 = 2Bdq1 ⇒ A2 = −2By k̂, (319)
∂q1
obtêm-se,
ÂB̂ − B̂ Â ̸= 0, (321)
o que também pode ser entendido pelo caráter matricial da Mecânica Quântica 2 .
De acordo com (DIRAC, 1964), essa não comutatividade é proveniente de uma perturbação
são desprezı́veis, uma vez que as dimensões do sistema não permitem uma mudança
significativa do resultado. Mas, para sistemas quânticos esses valores não podem ser
uma teoria mais geral, que engloba o clássico e o quântico, onde este último em
geral, é não comutativo. Portanto, uma tentativa para descrever esse formalismo da
não comutatividade pode ser feita através de uma analogia com a Mecânica Clássica.
∑ ( ∂u ∂v ∂u ∂v )
{u, v} = − , (323)
i
∂qi ∂pi ∂pi ∂qi
como já vimos na seção anterior e que pode ser encontrado no apêndice A. Ob-
Poisson,
{u1 u2 , v1 v2 }, (324)
onde u1 ,u2 ,v1 e v2 são independentes entre si. Segundo as propriedades dos parênteses
1a Maneira:
2a Maneira:
clusão que,
u1 v1 − v1 u1 = i~[u1 , v1 ]
u2 v2 − v2 u2 = i~[u2 , v2 ] , (328)
67
Visto isso, vamos tratar o Efeito Hall à luz desse conceito de comutatividade. Sabe-
caso contrário,
Mas o que isso tem a ver com o algoritmo? A resposta para essa pergunta fica clara
∑
2
mq̇ 2 ∑
2
L= i
− eAi q̇i − eV, (333)
i=1
2 i=1
já vimos que essa lgrangeana não gera vı́nculos primários durante a transição para
forma,
πi = mq̇i , (335)
logo,
πi = pi + eAi . (336)
Note que essa quantidade é muito similar ao vı́nculo primário obtido anteriormente,
no entanto, ela não representa um vı́nculo em si. Portanto, pode-se ver que,
de acordo com (POINCARE SEMINAR, 2004), podemos definir duas novas coorde-
π2 π1
r1 = q1 − e r 2 = q2 − , (338)
eB eB
logo,
ϵij
{ri , rj } = − e {πi , Rj } = 0. (339)
eB
Podemos observar mais uma semelhança, dessa vez entre {ri , rj } e {ϕi , ϕj }−1 .
∂
p̂i = −i~ , (340)
∂qi
69
i~
[π̂i , π̂j ] = −i~ϵij eB , [r̂i , r̂j ] = ϵij , [π̂i , r̂j ] = 0 . (341)
eB
No entanto, essa é uma descrição muito geral da quantização do Efeito Hall, sem
logo,
mos,
ϵij
{qi , qj }D = , (344)
eB
o que mostra que agora, os parênteses de Dirac são os equivalentes aos comutado-
res. Essa é uma relação muito importante, ela conecta a teoria com a fenomenolo-
gia que leva a quantização do efeito Hall. Quando consideramos a energia cinética
teoria e o resultado empı́rico, uma vez que tal aproximação pode ser considerada.
demos ver que essa aproximação implica diretamente na quantização, onde o mo-
ou seja, existe um limite até onde a teoria clássica consegue modelar o fenômeno.
70
4 Conclusões
Foi possı́vel observar uma conexão entre o Efeito Hall Clássico e Quântico, através do
tratamento de sistemas vinculados. Por mais que essa conexão não seja tão direta,
quantidades também podiam ser obtidas através do caso não vinculado, no entanto,
como as mesmas não representavam vı́nculos, não fazia sentido discuti-las, o que
mostra um nı́vel de interpretação fı́sica mais profundos por parte de tal técnica.
se mostraram muito mais do que simples quantidades que não foram satisfeitas, mas
sim, quantidades que representam a resposta do sistema às condições que são sub-
metidos.
son e Dirac
Nessa seção faremos uma discussão breve sobre as propriedades dos parênteses
de Poisson e Dirac. Essas propriedades são muito úteis em algumas ocasiões como
{A,B} = - {B,A}.
ii) Linearidade:
iii) Produto:
Na última etapa desta seção, vamos tratar apenas das propriedades dos parênteses
de Dirac, qualquer discussão mais aprofundada sobre esse assunto pode ser con-
sultada nas referências citadas ao final deste trabalho. Os parênteses de Dirac são
72
dados por,
i) Anti-simetria:
ii) Linearidade:
6 Referências Bibliográficas
Referências
do Brasil, 1980.
Flushing/Columbia/Columbia, 2000.
74
ROTHE, 2010 ROTHE, Heinz J and ROTHE, Klaus D.: Classical and Quantum
Physics.Singapore. Vol.81.2010