O LIVRO DAS CITAÇÕES
O LIVRO DAS CITAÇÕES
O LIVRO DAS CITAÇÕES
DAS CITAÇÕES
— NOSSO LAR —
1
Oh!
NÃO DEIXEIS
APAGAR A CHAMA! Mantida de
século em século nesta escura caverna, em
seus templos sagrados! Sustentada por
puros ministros do amor! Não deixeis que
esta divina chama se extingua!
2
CAPÍTULO 1 | NAS ZONAS INFERIORES
3
UMA EXISTÊNCIA É UM ATO
Um corpo — uma veste
Um século — um dia
Um serviço — uma experiência
Um triunfo — uma aquisição
Uma morte — um sopro renovador
Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos,
quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes
necessitamos ainda?
— PÁGINA 13
Ai!
4
Manifestamo-nos,
junto a vós outros,
no anonimato que
obedece à caridade
fraternal. A existência
humana apresenta grande
maioria de vasos frágeis, que
não podem conter
ainda toda a verdade.
— PÁGINA 14
5
Algum companheiro
desconhecido estaria, a meu ver,
prisioneiro da loucura.
Formas diabólicas, rostos alvares, expressões
animalescas surgiam de quando em quando,
agravando-me o assombro. A paisagem, quando
não totalmente escura, parecia banhada de luz
alvacenta, como que amortalhada em neblina
espessa, que os raios de sol aquecessem
de muito longe.
— PÁGINA 17
O medo me impelia de
roldão. Onde o lar, a esposa,
os filhos? Perdera toda a noção
de rumo. O receio do ignoto e o
pavor da treva absorviam-me
todas as faculdades de raciocínio,
logo que me desprendera dos
últimos laços físicos, em pleno
sepulcro! Atormentava-me a
consciência: preferiria a
ausência total da razão,
o não ser.
— PÁGINA 18
6
DE INÍCIO, AS LÁGRIMAS
LAVAVAM-ME INCESSANTEMENTE O ROSTO
e apenas, em minutos raros, felicitava-me a bênção do
sono. Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação
de alívio. Seres monstruosos acordavam-me, irônicos;
era imprescindível fugir deles. Reconhecia, agora,
a esfera diferente a erguer-se da poalha [poeira]
do mundo e, todavia, era tarde.
Pensamentos angustiosos
atritavam-me o cérebro.
Mal delineava projetos de solução, incidentes numerosos
impeliam-me a considerações estonteantes.
7
Em verdade,
não fora um criminoso,
no meu próprio conceito.
A filosofia do imediatismo, porém, absorvera-me.
Não desenvolvera os
GERMES DIVINOS
que o Senhor da Vida
colocara em minha alma.
Sufocara-os, criminosamente, no desejo
incontido de bem-estar. Não adestrara
órgãos para a vida nova.
— PÁGINA 19
8
Ó amigos da Terra!
Quantos de vós podereis evitar
o caminho da amargura com o preparo
dos campos interiores do coração?
ACENDEI VOSSAS LUZES
antes de atravessar a grande sombra.
BUSCAI A VERDADE
antes que a verdade vos surpreenda.
Suai agora para não chorardes depois.
— PÁGINA 20
9
CAPÍTULO 2 | CLARÊNCIO
GARGALHADAS SARCÁSTICAS
FERIAM ME OS OUVIDOS,
enquanto os vultos negros desapareciam na sombra.
PARA QUEM APELAR? Torturavam-me a fome, a sede me
escaldava. Comezinhos fenômenos da experiência material
patenteavam-se-me aos olhos. Crescera-me a barba,
a roupa começava a romper-se com os esforços da resistência,
na região desconhecida.
10
A circunstância mais dolorosa, no entanto,
não era o terrível abandono a que me sentia votado, mas
O ASSÉDIO INCESSANTE
DE FORÇAS PERVERSAS
que me assomavam nos caminhos ermos
e obscuros. Irritavam-me, aniquilavam-me
a possibilidade de concatenar ideias.
11
A última cena que precedera o grande
sono: Minha esposa ainda jovem e os
três filhos contemplando-me no terror
da eterna separação. Depois ...o
despertar na paisagem úmida e
escura e a grande caminhada que
parecia sem-fim.
A QUEM RECORRER?
Por maior que fosse a cultura
intelectual trazida do mundo,
não poderia alterar
agora a realidade da vida.
Meus conhecimentos ante o infinito
semelhavam-se a pequenas bolhas de sabão levadas ao vento
impetuoso que transforma as paisagens.
12
Eu era alguma coisa que o tufão da verdade carreava para muito
longe. Entretanto, a situação não modificava a outra realidade
do meu ser essencial. Perguntando a mim mesmo se não
enlouquecera, encontrava a consciência vigilante,
esclarecendo-me que CONTINUAVA A SER EU MESMO, com o
sentimento e a cultura colhidos na experiência material.
13
Ah!
É preciso haver sofrido muito
para entender todas as
misteriosas belezas da oração;
É necessário haver conhecido o remorso,
a humilhação, a extrema desventura para
tomar com eficácia o sublime elixir de
esperança.
14
- QUEM SOIS, GENEROSO EMISSÁRIO DE DEUS?
O inesperado benfeitor sorriu bondoso e respondeu
- Chama-me Clarêncio, sou apenas teu irmão.
E, percebendo o
meu esgotamento,
acrescentou:
- Agora permanece
calmo e
silencioso.
É preciso
descansar para
reaver as energias.
15
CAPÍTULO 3 | A ORAÇÃO COLETIVA
16
A essa altura, serviram-me caldo reconfortante,
seguido de água muito fresca, que me pareceu
PORTADORA DE FLUIDOS DIVINOS.
Aquela reduzida porção de líquido reanimava-me
inesperadamente. Não saberia dizer que espécie de sopa era
aquela; se alimentação sedativa, se remédio salutar. Novas
energias amparavam-me a alma, profundas comoções
vibravam-me no espírito.
17
(...) desenhou-se ao longe, em plano elevado,
UM CORAÇÃO MARAVILHOSAMENTE AZUL,
COM ESTRIAS DOURADAS.
Cariciosa música, em seguida, respondia aos louvores,
procedente talvez de esferas distantes. Foi aí que abundante
chuva de flores azuis se derramou sobre nós; mas, se fixávamos
os miosótis celestiais, não conseguíamos detê-los nas mãos.
18
CAPÍTULO 4 | O MÉDICO ESPIRITUAL
19
— Os órgãos do corpo somático possuem incalculáveis
reservas, segundo os desígnios do Senhor. O meu amigo, no
entanto, iludiu excelentes oportunidades, desperdiçando
patrimônios preciosos da experiência física.
A longa tarefa, que lhe foi confiada pelos maiores da
Espiritualidade superior, foi reduzida a meras tentativas de
trabalho que não se consumou.
TODO O APARELHO GÁSTRICO FOI DESTRUÍDO À
CUSTA DE EXCESSOS DE ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS
ALCOÓLICAS, APARENTEMENTE SEM IMPORTÂNCIA.
Devorou-lhe a sífilis energias essenciais. Como vê, o suicídio é
incontestável.
— PÁGINA 33
Na vida humana,
conseguia ajustar
numerosas máscaras
ao rosto, talhando-as
conforme as situações.
Aliás, não poderia supor,
noutro tempo, que me
seriam pedidas contas de
episódios simples, que
costumava considerar como
fatos sem maior significação.
— PÁGINA 33
20
Deparava-se-me, porém, agora, outro sistema de verificação das
faltas cometidas. Não me defrontavam tribunais de tortura,
nem me surpreendiam abismos infernais; contudo,
BENFEITORES SORRIDENTES COMENTAVAM-ME AS
FRAQUEZAS COMO QUEM CUIDA DE UMA CRIANÇA
DESORIENTADA, longe das vistas paternas. Aquele interesse
espontâneo, no entanto, feria-me
a vaidade de homem. Talvez que,
visitado por figuras diabólicas a
me torturarem, de tridente nas
mãos, encontrasse forças para
tornar a derrota menos amarga.
Todavia, a bondade exuberante
de Clarêncio, a inflexão de
ternura do médico e a
calma fraternal do enfermeiro
penetravam-me fundo o espírito.
Não me dilacerava
o desejo de reação;
doía-me a vergonha.
E chorei.
— PÁGINA 33
21
Acalma-te, pois.
Aproveita os tesouros do arrependimento,
guarda a bênção do remorso,
embora tardio, sem esquecer que a aflição não resolve
problemas. Confia no Senhor e em nossa dedicação fraternal.
Sossega a alma perturbada, porque muitos de nós outros já
perambulamos igualmente nos teus caminhos.
— PÁGINA 34
22
CAPÍTULO 5 | RECEBENDO ASSISTÊNCIA
Lísias:
— Sou visitador dos serviços de saúde.
Nessa qualidade, não só coopero na enfermagem,
como também assinalo necessidades de socorro
ou providências que se refiram a enfermos
recém-chegados.
— PÁGINA 37
23
As religiões, no planeta, convocam as criaturas ao banquete
celestial. Em sã consciência, ninguém que se tenha aproximado,
um dia, da noção de Deus, pode alegar ignorância nesse
INCONTÁVEL É O NÚMERO DOS
particular.
CHAMADOS, MEU AMIGO; MAS ONDE
OS QUE ATENDEM AO CHAMADO?
24
— Caso dos muitos chamados, meu caro.
O SENHOR NÃO ESQUECE
HOMEM ALGUM; TODAVIA,
RARÍSSIMOS HOMENS O RECORDAM.
— PÁGINA 40
25
CAPÍTULO 6 | PRECIOSO AVISO
26
CAPÍTULO 7 | EXPLICAÇÕES DE LÍSIAS
27
NAS MINHAS LUTAS
INTROSPECTIVAS,
PERDIA-ME EM INDAGAÇÕES
DE TODA SORTE.
Não conseguia atinar com a
multiplicidade de formas análogas às
do planeta, considerando a
circunstância de me encontrar numa
esfera propriamente espiritual.
— PÁGINA 48
28
— Pois note — esclareceu Lísias —, sua mãe
o tem ajudado dia e noite, desde a crise
que antecipou sua vinda. Quando se
acamou para abandonar o casulo terrestre,
duplicou-se o interesse maternal a seu
respeito. Talvez não saiba ainda que sua
permanência nas esferas inferiores durou
mais de oito anos consecutivos. ELA
JAMAIS DESANIMOU. INTERCEDEU,
MUITAS VEZES, EM NOSSO LAR, A
SEU FAVOR. Rogou os bons ofícios de
Clarêncio, que começou a visitá-lo
frequentemente, até que o médico da Terra,
vaidoso, se afastasse um tanto, a fim de
surgir o filho dos céus. Compreendeu?
— PÁGINA 49
29
Clarêncio não teve dificuldade em
localizá-lo, atendendo aos apelos de
sua carinhosa genitora da Terra;
você, porém, demorou muito
a encontrar Clarêncio.
*
Não vive em Nosso Lar — esclareceu Lísias
—, habitaesferas mais altas, onde
trabalha não somente por você.
*
QUANDO ALGUÉM DESEJA
ALGO ARDENTEMENTE,
JÁ SE ENCONTRA A CAMINHO
DA REALIZAÇÃO.
*
Quando mentalizou firmemente a necessidade de receber o
auxílio divino, DILATOU O PADRÃO VIBRATÓRIO DA MENTE E
ALCANÇOU VISÃO E SOCORRO.
*
Convém não esquecer, contudo, que a realização nobre exige
três requisitos fundamentais, a saber: PRIMEIRO, DESEJAR;
SEGUNDO, SABER DESEJAR; E, TERCEIRO, MERECER, ou, por
outros termos, vontade ativa, trabalho persistente e
merecimento justo.
— PÁGINA 50
30
CAPÍTULO 8 | ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS
— PÁGINA 51
— PÁGINA 52
31
Não tem visto, nos atos da prece, nosso governador espiritual
cercado de 72 colaboradores? Pois são os ministros de Nosso Lar.
A colônia, que é essencialmente de trabalho e
realização, divide-se em seis Ministérios, orientados, cada qual,
por 12 ministros.
— PÁGINA 52
(...)
— PÁGINA 52
32
Clarêncio, o nosso chefe amigo, é um dos ministros do Auxílio.
(...)
(...)
— PÁGINA 52
33
Nosso Lar é antiga fundação de portugueses distintos,
desencarnados no Brasil no século XVI.
(...)
34
ministros costumam excursionar noutras esferas,
renovando energias e valorizando conhecimentos;
nós outros gozamos entretenimentos habituais,
mas o governador nunca dispõe de tempo para isso.
— PÁGINA 54
35
CAPÍTULO 9 | PROBLEMA DE ALIMENTAÇÃO
36
Alguns colaboradores técnicos
de Nosso Lar manifestavam-se contrários,
alegando que a cidade é de transição e que não seria
justo, nem possível, desambientar imediatamente os
homens desencarnados, mediante exigências desse teor, sem
grave perigo para suas organizações espirituais.
37
Depois de 21 anos de perseverantes demonstrações por parte da
Governadoria, aderiu o Ministério da Elevação, passando a
abastecer-se apenas do indispensável. O mesmo não aconteceu
com o Ministério do Esclarecimento, que demorou
muito a assumir compromisso, em vista dos numerosos Espíritos
dedicados às ciências matemáticas, que ali trabalham.
ERAM ELES OS MAIS TEIMOSOS ADVERSÁRIOS.
Mecanizados nos processos de proteínas e carboidratos,
imprescindíveis aos veículos físicos, não cediam terreno nas
concepções correspondentes daqui.
— PÁGINA 57
38
Pela primeira vez na sua administração,
MANDOU LIGAR AS BATERIAS ELÉTRICAS
DAS MURALHAS DA CIDADE para emissão
de dardos magnéticos
a serviço da defesa comum.
Não houve combate, nem
ofensiva da colônia,
MAS RESISTÊNCIA RESOLUTA.
— PÁGINA 58
39
CAPÍTULO 10 | NO BOSQUE DAS ÁGUAS
— PÁGINA 59
— PÁGINA 60
40
— Ali é o grande reservatório da colônia. Todo o volume do Rio Azul,
que temos à vista, é absorvido em caixas imensas de distribuição.
As águas que servem a
todas as atividades da
colônia partem daqui.
Em seguida, reúnem-se
novamente, abaixo dos
serviços da
Regeneração, e
VOLTAM A
CONSTITUIR O RIO,
QUE PROSSEGUE
O CURSO
NORMAL, RUMO
AO GRANDE
OCEANO DE
SUBSTÂNCIAS
INVISÍVEIS PARA
A TERRA.
— PÁGINA 60
— PÁGINA 61
41
Conhecendo-a mais
SABEMOS
intimamente,
QUE A ÁGUA É VEÍCULO
DOS MAIS PODEROSOS
PARA OS FLUIDOS DE
QUALQUER NATUREZA.
Aqui, ela é empregada
sobretudo como alimento e
remédio.
— PÁGINA 61
— PÁGINA 62
42
Virá tempo, contudo, em que
COPIARÁ NOSSOS SERVIÇOS, ENCARECENDO
A IMPORTÂNCIA DESSA DÁDIVA DO SENHOR.
Compreenderá, então, que a água, como fluido criador, absorve,
em cada lar, as características mentais de seus moradores.
— PÁGINA 62
— PÁGINA 62
43
CAPÍTULO 11 | NOTÍCIAS DO PLANO
— PÁGINA 64
44
Segundo nossos arquivos, muitas vezes
OS QUE NOS ANTECEDERAM BUSCARAM
INSPIRAÇÃO NOS TRABALHOS DE ABNEGADOS
TRABALHADORES DE OUTRAS ESFERAS;
em compensação, outros agrupamentos buscam o nosso
concurso para outras colônias em formação. Cada
organização, todavia, apresenta particularidades essenciais.
— PÁGINA 64
— PÁGINA 64
45
Nenhuma condição de destaque
é concedida aqui a título de favor.
Somente quatro entidades conseguiram ingressar,
com responsabilidade definida, no curso de dez anos,
no Ministério da União Divina. Em geral, todos nós, decorrido
longo estágio de serviço e aprendizado, voltamos a reencarnar,
para atividades de aperfeiçoamento.
— PÁGINA 66
— PÁGINA 66
46
CAPÍTULO 12 | O UMBRAL
47
Quando o Espírito reencarna, promete
cumprir o programa de serviços do Pai;
entretanto, ao recapitular experiências
no planeta, é muito difícil fazê-lo, para
só procurar o que lhe satisfaça ao
egoísmo. Assim é que mantidos são o
mesmo ódio aos adversários e a
mesma paixão pelos amigos.
O dever cumprido
é uma porta que atravessamos
no Infinito, rumo ao continente
sagrado da união com o Senhor.
É natural, portanto, que o homem
esquivo à obrigação
justa tenha essa bênção indefinidamente adiada.
— PÁGINA 68
48
— Imagine que cada um de nós, renascendo no planeta,
é portador de um fato sujo, para lavar no tanque
da vida humana. Essa roupa imunda é o corpo causal,
tecido por nossas mãos, nas experiências anteriores.
— PÁGINA 68
— PÁGINA 69
49
…semelhantes lugares se caracterizem
por grandes perturbações.
Lá vivem, agrupam-se, os
revoltados de toda espécie.
Formam, igualmente, núcleos invisíveis
de notável poder, pela concentração
das tendências e desejos gerais.
— PÁGINA 69
— PÁGINA 70
50
— Creio, então — observei —,
que essa esfera se mistura quase com a esfera dos homens.
— Sim — confirmou o dedicado amigo —, e é nessa zona que se
estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si. O
plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos
encarnados, porque, em verdade, todo Espírito, esteja onde estiver, é
um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem,
exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente
não pode compreender. Quem pensa está fazendo alguma coisa
alhures. E
é pelo pensamento que os homens
encontram no Umbral os companheiros que afinam
com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã
poderoso. Há uma extensa humanidade invisível que se segue à
humanidade visível.
— PÁGINA 70
51
CAPÍTULO 13 | NO GABINETE DO MINISTRO
52
O Pai criou o serviço e a cooperação como
leis que ninguém pode trair sem prejuízo próprio.
Nada lhe diz a consciência neste sentido? Quantos bônus-hora
poderá apresentar em benefício de sua pretensão?
53
CAPÍTULO 14 | ELUCIDAÇÕES DE CLARÊNCIO
54
Como transformá-lo, de um momento para outro, em
MÉDICO DE ESPÍRITOS ENFERMOS,
quando fez questão de circunscrever observações
EXCLUSIVAMENTE À ESFERA DO CORPO FÍSICO?
Não nego sua capacidade de excelente fisiologista,
mas o campo da vida é muito extenso. Que me diz de
um botânico que alinhasse definições apenas com o exame
das cascas secas de algumas árvores?
55
Não pode ainda ser médico em Nosso Lar, mas poderá
assumir o cargo de aprendiz, oportunamente. Sua posição
atual não é das melhores; entretanto, é confortadora, pelas
intercessões chegadas ao Ministério do Auxílio, a seu favor.
— Minha mãe? — perguntei, inebriado de alegria.
56
CAPÍTULO 15 | A VISITA MATERNA
57
TAMBÉM EU TRABALHO, POIS, REAJUSTANDO O CORAÇÃO.
Tuas lágrimas fazem-me voltar à paisagem dos sentimentos
humanos. Alguma coisa tenta operar o retrocesso de minha alma.
Quero dar razão aos teus lamentos, erigir-te um trono, qual se foras
a melhor criatura do universo, mas essa atitude, presentemente, não
se coaduna com as novas lições da vida.
Esses gestos são perdoáveis nas esferas da carne; aqui, porém, filho
meu, é indispensável atender, antes de tudo, ao Senhor. Não és o
único homem desencarnado a reparar os próprios erros,
nem sou a única mãe a sentir-se distante dos entes
amados. Nossa dor, portanto, não nos edifica pelos prantos que
vertemos, ou pelas feridas que sangram em nós, mas pela porta
de luz que nos oferece ao espírito, a fim de sermos mais
compreensivos e mais humanos.
58
CAPÍTULO 16 | CONFIDÊNCIAS
Teu pai!... Há doze anos que está numa zona de trevas compactas,
no Umbral. Na Terra, sempre nos parecera fiel às tradições da família,
arraigado ao cavalheirismo do alto comércio,
59
A princípio, ele quis reagir, esforçando-se por encontrar-me, mas não
pôde compreender que após a morte do corpo físico a alma
se encontra tal qual vive intrinsecamente. Laerte, portanto,
não percebeu minha presença espiritual, nem a assistência
desvelada de outros amigos nossos. Tendo gasto muitos anos a
fingir, viciara a visão espiritual, restringira o padrão vibratório, e o
resultado foi achar-se tão só na companhia das relações que
cultivara irrefletidamente, pela mente e pelo coração.
60
— A senhora, entretanto, auxilia o papai, não
obstante a ligação dele com essas mulheres infames?
— Não as classifiques assim — ponderou minha mãe —,
dize, antes, meu filho, nossas irmãs doentes, ignorantes
ou infelizes. São filhas de nosso Pai, igualmente.
Não tenho feito intercessões apenas por Laerte, mas por
elas também, e estou convencida de haver encontrado
recursos para atraí-los todos ao meu coração.
61
CAPÍTULO 17 | EM CASA DE LÍSIAS
62
— Ó Lísias — atalhou a palavra materna, carinhosa —,
não faças ironia. Não te recordas que o Ministério da
União Divina recebeu o pessoal da Elevação, no ano passado, quando
passaram por aqui alguns embaixadores da Harmonia?
— Sim, mamãe, mas quero apenas dizer que os harpistas existem,
e precisamos criar audição espiritual para ouvi-los, esforçando-nos,
por nossa vez, no aprendizado das coisas divinas.
63
CAPÍTULO 18 | AMOR, ALIMENTO DAS ALMAS
64
A alma, em si, apenas se nutre de amor. Quanto mais nos
elevarmos no plano evolutivo da Criação, mais extensamente
conheceremos essa verdade. Não lhe parece que o
Amor divino seja o cibo do universo?
65
Reencarnados na Terra, experimentamos grandes
limitações; voltando para cá, entretanto, reconhecemos que
toda a estabilidade da alegria é problema
de alimentação puramente espiritual.
66
CAPÍTULO 19 | A JOVEM DESENCARNADA
67
— Que fazer, porém, meu amigo? — replicou a bondosa senhora. —
Na fase atual evolutiva do planeta, existem na esfera carnal
raríssimas uniões de almas gêmeas, reduzidos matrimônios de almas
irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate.
O maior número de casais humanos é constituído de
verdadeiros forçados, sob algemas.
68
CAPÍTULO 21 | CONTINUANDO A PALESTRA
69
Reencontrar Ricardo, tecer novo ninho de afetos, representava o céu
para mim. Durante anos consecutivos, vivemos a vida de perene
ventura, trabalhando por nossa evolução, unindo-nos cada vez
mais, e cooperando para o progresso efetivo dos que nos são afins.
Com o correr do tempo, Lísias, Iolanda e Judite reuniram-se a nós,
aumentando nossa felicidade.
70
Memórias Reencarnatórias
71
CAPÍTULO 22 | O BÔNUS-HORA
72
Todos cooperam no engrandecimento do patrimônio comum
e dele vivem. Os que trabalham, porém, adquirem direitos justos.
Cada habitante de Nosso Lar recebe provisões de pão
e roupa, no que se refere ao estritamente necessário, mas
os que se esforçam na obtenção do bônus-hora
conseguem certas prerrogativas na comunidade social.
O Espírito que ainda não trabalha poderá ser abrigado aqui; no
entanto, os que cooperam podem ter casa própria. O ocioso vestirá,
sem dúvida, mas o operário dedicado vestirá o que melhor lhe pareça.
73
— Tudo é relativo. Se, na orientação ou na subalternidade,
o trabalho é de sacrifício pessoal, a expressão remunerativa
é justamente multiplicada. Examinando, porém, mais
detidamente a sua pergunta, precisamos, antes de mais
nada, esquecer determinados prejuízos da Terra.
74
Por outro lado, é indispensável considerar
que setenta por cento dos administradores terrenos
não pesam os deveres morais que lhes competem, (...)
Vivem, quase todos, a confessar ausência
do impulso vocacional, embora recebam
os proventos comuns aos cargos que ocupam.
75
As aquisições fundamentais constituem-se de
experiência, educação, enriquecimento
de bênçãos divinas, extensão de possibilidades.
Nesse prisma, os fatores assiduidade e dedicação
representam, aqui, quase tudo.
Quanto maior a
contagem do nosso
tempo de trabalho,
maiores intercessões
podemos fazer.
Compreendemos,
aqui, que nada
existe sem preço e
que para receber
é indispensável dar
alguma coisa.
Pedir, portanto, é ocorrência
muito significativa na existência
de cada um. Somente poderão
rogar providências e dispensar
obséquio os portadores de
títulos adequados, entendeu?
76
CAPÍTULO 23 | SABER OUVIR
77
No início da colônia, todas
as moradias, ao que
sabemos, ligavam-se com
os núcleos de evolução
terrestre. Ninguém
suportava a ausência de
notícias da parentela
comum. Do Ministério da
Regeneração ao da
Elevação, vivia-se em
constante guerra nervosa.
Boatos assustadores
perturbavam as atividades
em geral. Mas,
precisamente há dois
séculos, um dos generosos
ministros da União Divina
compeliu a Governadoria a
melhorar a situação. O
ex-governador era talvez
demasiadamente tolerante.
A bondade desviada provoca indisciplinas e quedas.
78
Para esse fim, temos o Ministério da Comunicação.
Acresce notar que, da esfera superior, é possível
descer à inferior com mais facilidade. Existem, contudo,
certas leis que mandam compreender devidamente
os que se encontram nas zonas mais baixas.
É tão importante saber falar como saber ouvir.
Nosso Lar vivia em perturbações porque, não sabendo ouvir,
não podia auxiliar com êxito e a colônia transformava-se,
frequentemente, em campo de confusão.
79
CAPÍTULO 24 | O IMPRESSIONANTE APELO
80
— Estamos ouvindo
“Moradia”, velha colônia de
serviços muito ligada às
zonas inferiores. Como sabe,
estamos em agosto de 1939.
Seus últimos sofrimentos
pessoais não lhe deram
tempo para ponderar sobre a
angustiosa situação do
mundo, mas posso afiançar
que asnações do
planeta se encontram
na iminência de
tremendas batalhas.
81
A humanidade terrestre, constituída de milhões
de seres, une-se à humanidade invisível do
planeta, que integra muitos bilhões de criaturas.
Não seria, portanto, possível atingir as zonas aperfeiçoadas, logo após
a morte do corpo físico. Os patrimônios nacionais e linguísticos
remanescem ainda aqui, condicionados a fronteiras psíquicas. Nos
mais diversos setores de nossa atividade espiritual existe elevado
número de espíritos libertos de todas as limitações, mas insta
considerar que a regra pertence à natureza. Nada enganará o
princípio de sequência, imperante nas leis evolutivas.
82
Para atender às solicitações de “Moradia” e de outros
núcleos que funcionam nas vizinhanças do Umbral,
reunimos aqui numerosas assembleias,
mas o Ministério da União Divina
esclareceu que a humanidade carnal,
COMO PERSONALIDADE COLETIVA,
está nas condições do homem insaciável que devorou
excesso de substâncias no banquete comum.
A crise orgânica é inevitável. Nutriram-se várias nações de orgulho
criminoso, vaidade e egoísmo feroz. Experimentam, agora, a
necessidade de expelir os venenos letais.
83
CAPÍTULO 25 | GENEROSO ALVITRE
84
Lembro-lhe que em todas as nossas esferas, desde o planeta até os
núcleos mais elevados das zonas superiores, referindo-nos à Terra,
O MAIOR TRABALHADOR É O PRÓPRIO
CRISTO E QUE ELE NÃO DESDENHOU
O SERROTE PESADO DE UMA CARPINTARIA.
O ministro Clarêncio autorizou-o, gentilmente, a conhecer, visitar e
analisar, mas pode, como servidor de bom senso, converter
observações em tarefa útil.
85
CAPÍTULO 26 | NOVAS PERSPECTIVAS
86
No fundo, ERA O DESEJO DE CONTINUAR A SER O QUE
TINHA SIDO ATÉ ENTÃO — o médico orgulhoso e respeitado,
cego nas pretensões descabidas do egotismo em que vivia,
encarcerado nas opiniões próprias.
87
— Tobias — explicou Genésio, atencioso —,
aqui tem um amigo que vem do Ministério do Auxílio,
em tarefa de observação. Creio de muito proveito para ele
o contato com as atividades das câmaras retificadoras.
88
CAPÍTULO 27 | O TRABALHO, ENFIM
89
— Por que teria o Ribeiro piorado tanto?
90
Lembre, meu irmão, que estes doentes estão atendidos, que já se
retiraram do Umbral, onde tantas armadilhas aguardam os
imprevidentes, descuidosos de si mesmos. Nestes pavilhões, pelo
menos, já se preparam para o serviço regenerador. Quanto às
lágrimas que vertem, RECORDEMOS
QUE DEVEM
A SI MESMOS ESSES PADECIMENTOS.
A vida do homem estará centralizada
onde centralize ele o próprio coração.
91
Muito cuidadoso, Tobias começou a aplicar passes de fortalecimento,
sob meus olhos atônitos. Finda a operação nos dois primeiros,
começaram ambos a expelir negra substância pela boca, espécie
de vômito escuro e viscoso, com terríveis emanações cadavéricas.
92
CAPÍTULO 28 | EM SERVIÇO
93
CAPÍTULO 29 | A VISÃO DE FRANCISCO
94
— A quem se refere o doente? — indaguei impressionado. — Está,
porventura, assediado por alguma sombra invisível ao meu olhar?
A velha servidora das Câmaras de Retificação
sorriu carinhosamente e falou:
95
— Como pode a imagem
do cadáver persegui-lo?
96
CAPÍTULO 30 | HERANÇA E EUTANÁSIA
97
Narcisa nos convidou a acompanhá-la, e, minutos após,
tinha diante de mim um velho de fisionomia desagradável.
Olhar duro, cabeleira desgrenhada, rugas profundas, lábios retraídos,
inspirava mais piedade que simpatia. Procurei, contudo,
vencer as vibrações inferiores que me dominaram, a fim
de observar, acima do sofredor, o irmão espiritual.
98
Ouvindo-lhe a voz muito meiga,
o doente se pôs a chorar
convulsivamente.
99
— Mas eu leguei enorme patrimônio à família - atalhou o infeliz,
rancorosamente - desejando o bem-estar de todos…
100
CAPÍTULO 31 | VAMPIRO
101
Chegados à cancela, o irmão Paulo, orientador dos vigilantes,
examinou atentamente a recém-chegada do Umbral e disse:
102
Baixando o tom de voz, recomendou:
— Conte as manchas pretas.
Narcisa fixou o olhar na infeliz e
respondeu, após alguns instantes:
— Cinquenta e oito.
— Esses pontos escuros
representam 58 crianças
assassinadas ao nascerem. Em
cada mancha vejo a imagem mental
de uma criancinha aniquilada, umas
por golpes esmagadores, outras por
asfixia. Essa desventurada criatura foi
profissional de ginecologia.
A pretexto de aliviar consciências alheias, entregava-se a crimes
nefandos, explorando a infelicidade de jovens inexperientes. A
situação dela é pior que a dos suicidas e homicidas, que, por vezes,
apresentam atenuantes de vulto.
~
— NÃO FALO AQUI DE PROVIDÊNCIAS LEGÍTIMAS, QUE
CONSTITUEM ASPECTOS DAS PROVAÇÕES REDENTORAS;
refiro-me ao crime de assassinar os que começam a trajetória na
experiência terrestre, com o direito sublime da vida.
~
— Observaram o vampiro? Exibe a condição de criminosa e
declara-se inocente; é profundamente má e afirma-se boa e pura;
sofre desesperadamente e alega tranquilidade; criou um inferno
para si própria e assevera que está procurando o Céu.
103
CAPÍTULO 32 | NOTÍCIAS DE VENERANDA
104
Variam nas formas e dimensões. Nos parques de educação do
Esclarecimento, instalou a ministra um verdadeiro castelo de
vegetação, em forma de estrela, dentro do qual se abrigam cinco
numerosas classes de aprendizados e cinco instrutores diferentes.
No centro, funciona enorme aparelho destinado
a demonstrações pela imagem, à maneira do
cinematógrafo terrestre, com o qual é possível levar
a efeito cinco projeções variadas, simultaneamente.
"Mobiliário Natural": Cada "salão natural" tem bancos e poltronas
esculturados na substância do solo, forrados de relva olente e macia.
Isso imprime formosura e disposições características.
105
— Extraordinária mulher! — disse eu. —
Por que não se encaminharia a esferas mais altas?
106
CAPÍTULO 33 | CURIOSAS OBSERVAÇÕES
107
Instantes depois, divisei ao longe
dois vultos enormes que me
impressionaram vivamente.
Pareciam dois homens de
substância indefinível,
semiluminosa. Dos pés e dos
braços pendiam filamentos
estranhos, e da cabeça como
que se escapava um longo fio
de singulares proporções. Tive
a impressão de identificar dois
autênticos fantasmas. Não suportei.
Cabelos eriçados, voltei
apressadamente ao interior.
108
CAPÍTULO 34 | OS RECÉM-CHEGADOS DO UMBRAL
109
— Escravo é escravo. Se
assim não fora, a religião nos
ensinaria o contrário. Pois se
havia cativos em casa de
bispos, quanto mais em
nossas fazendas? Quem haveria
de plantar a terra, senão eles? E
creia que sempre lhes concedi
minhas senzalas como verdadeira
honra!... (...) Padre Amâncio, nosso
virtuoso sacerdote, disse-me na
confissão que os africanos são os
piores entes do mundo, nascidos
exclusivamente para servirem a
Deus no cativeiro.
110
CAPÍTULO 35 | ENCONTRO SINGULAR
~
Narcisa: Não estranhe o fato. Vi-me, há
tempos, nas mesmas condições. Já tive a felicidade
de encontrar por aqui o maior número das pessoas
que ofendi no mundo. Sei, hoje,
que isso é uma bênção do Senhor, que nos renova
a oportunidade de restabelecer a simpatia
interrompida, recompondo os elos quebrados
da corrente espiritual.
~
Silveira, comovidíssimo, não me deixou terminar:
111
CAPÍTULO 36 | O SONHO
112
Daí a instantes, sensações de leveza invadiram-me a alma toda e tive
a impressão de ser arrebatado em pequenino barco, rumando a
regiões desconhecidas. Para onde me dirigia?
Impossível responder.
A MEU LADO, UM HOMEM SILENCIOSO
SUSTINHA O LEME. E qual criança que não pode
enumerar nem definir as belezas do caminho, deixava-me
conduzir sem exclamações de qualquer natureza, extasiado
embora com as magnificências da paisagem.
- André!... André!...
113
Fui conduzido, então, por ela, a prodigioso bosque, onde
as flores
eram dotadas de singular propriedade - a de reter a luz,
revelando a festa permanente do perfume e da cor.
Tapetes dourados e luminosos estendiam-se, dessa maneira, sob as
grandes árvores sussurrantes ao vento. Minhas impressões de
felicidade e paz eram inexcedíveis.
114
- Muito roguei a Jesus me permitisse a sublime satisfação de ter-te
a meu lado, no teu primeiro dia de serviço útil. Como vês, meu filho,
o trabalho é tônico divino para o coração. Numerosos
companheiros nossos, após deixarem a Terra, demoram em atitudes
contraproducentes, aguardando milagres que jamais se verificarão.
Reduzem-se, desse modo, formosas capacidades a
simples expressões parasitárias.
~
115
TRABALHA,
MEU FILHO,
FAZENDO O BEM.
116
CAPÍTULO 37 | A PRELEÇÃO DA MINISTRA
117
— O governador — prosseguiu a enfermeira explicando —
determinou essa medida nas aulas e palestras de todos os ministros,
a fim de que os trabalhos não se convertessem em
desregramento da opinião pessoal, sem base justa, com grave
perda de tempo para o conjunto.
VENERANDA ESPALHOU,
COM A SIMPLES PRESENÇA,
ENORME ALEGRIA EM
TODOS OS SEMBLANTES.
Não mostrava a fisionomia de uma
velha, o que contrastava com o nome;
sim, o semblante de nobre senhora na
idade madura, cheia de simplicidade,
sem afetação.
118
O pensamento é a base das relações espirituais
dos seres entre si, mas não olvidemos que
somos milhões de almas dentro do universo,
algo insubmissas ainda às leis universais. Não
somos, por enquanto, comparáveis aos irmãos mais velhos e mais
sábios, próximos do Divino, mas milhões de entidades a viverem nos
caprichosos 'mundos inferiores' do nosso 'eu'.
Os grandes instrutores da humanidade carnal ensinam
princípios divinos, expõem verdades eternas e
profundas, nos círculos do globo. Em geral, porém, nas
atividades terrenas, RECEBEMOS NOTÍCIAS DESSAS LEIS
SEM NOS SUBMETERMOS A ELAS, e tomamos conhecimento
dessas verdades sem lhes consagrarmos nossas vidas.
119
Todos sabemos que o pensamento é força essencial,
mas não admitimos nossa milenária viciação no desvio
dessa força. (...)
O PENSAMENTO É FORÇA VIVA, EM TODA PARTE; É
ATMOSFERA CRIADORA QUE ENVOLVE O PAI E OS
FILHOS, A CAUSA E OS EFEITOS, NO LAR UNIVERSAL."
120
CAPÍTULO 38 | O CASO TOBIAS + CAPÍTULO 39 | OUVINDO A SENHORA LAURA
121
— Quando nos atemos aos pontos de vista propriamente
humanos, essas coisas dão até para escandalizar; entretanto,
meu amigo, é necessário, agora, sobrepormos a tudo os
princípios de natureza espiritual. Nesse sentido, André,
precisamos compreender o espírito de sequência que rege os
quadros evolutivos da vida. Se atravessamos longa escala de
animalidade, é justo que essa animalidade não desapareça de um
dia para outro. Empregamos muitos séculos para emergir das
camadas inferiores. O SEXO INTEGRA O PATRIMÔNIO DE
FACULDADES DIVINAS, QUE DEMORAMOS A
COMPREENDER. Não será fácil para você, presentemente, a
penetração, no sentido elevado, da organização doméstica que
visitou ontem; entretanto, a felicidade, ali, é muito grande, pela
atmosfera de compreensão que se criou entre as personagens do
drama terrestre. Nem todos conseguem substituir cadeias
de sombra por laços de luz em tão pouco tempo.
122
O CASO TOBIAS É O CASO DE VITÓRIA DA FRATERNIDADE
REAL, POR PARTE DAS TRÊS ALMAS INTERESSADAS NA
AQUISIÇÃO DE JUSTO ENTENDIMENTO. Quem não se adaptar à
lei de fraternidade e compreensão, logicamente, não atravessará
essas fronteiras. As regiões obscuras do Umbral estão cheias de
entidades que não resistiram a semelhantes provas.
123
Há muitos Espíritos que gastam séculos tentando desfazer
animosidades e antipatias na existência terrestre e refazendo-as após
a desencarnação. O problema do perdão, com Jesus, meu
caro André, é problema sério. Não se resolve em
conversas. Perdoar verbalmente é questão de palavras, mas aquele
que perdoa realmente precisa mover e remover pesados fardos de
outras eras, dentro de si mesmo.
~
Aos Espíritos ainda em simples experiência animal,
nossa conversação não interessa, mas, para nós, que
compreendemos a necessidade da iluminação com o Cristo,
é imprescindível destacar não só a experiência do
casamento, mas toda experiência de sexo, por afetar
profundamente a vida da alma.
124
CAPÍTULO 40 | QUEM SEMEIA COLHERÁ
125
(...) quando a sós comigo, comentava sem escrúpulo certas
aventuras da sua mocidade, agravando com isso a irreflexão de
nossos pensamentos. Recordei o dia em que minha genitora me
chamou a conselhos justos. Aquela intimidade, dizia, não ficava bem.
Era razoável que dispensássemos à serva generosidade afetuosa,
mas convinha pautar nossas relações com sadio critério.
Entretanto, estouvadamente, levara eu muito
longe a nossa camaradagem.
(...) abandonou Elisa, mais tarde, a nossa casa,
sem coragem de me lançar em rosto qualquer acusação.
E o tempo passou, reduzindo o fato, em meu pensamento,
a episódio fortuito da existência humana. (...) À minha frente tinha
Elisa, agora, vencida e humilhada!
126
— Não precisa continuar. Adivinho o epílogo da história. Não se
entregue a pensamentos destrutivos. Conheço o seu martírio moral,
de experiência própria. Entretanto, se o Senhor permitiu que
reencontrasse agora esta irmã, é que já o considera em
condições de resgatar a dívida.
(...) Bem-aventurados os
devedores em condições de pagar.
~
127
CAPÍTULO 41 | CONVOCADOS À LUTA
128
(...) nos acontecimentos dessa natureza, os países agressores
convertem-se, naturalmente, em núcleos poderosos de centralização
das forças do mal. Sem se precatarem dos perigos imensos, esses
povos, com exceção dos Espíritos nobres e sábios que lhes integram
os quadros de serviço, embriagam-se ao contato dos elementos
de perversão, que invocam das camadas sombrias.
COLETIVIDADES OPEROSAS CONVERTEM-SE EM
AUTÔMATOS DO CRIME. Legiões infernais precipitam-se sobre
grandes oficinas do progresso comum, transformando-as em campos
de perversidade e horror. Mas, enquanto os bandos escuros se
apoderam da mente dos agressores, os agrupamentos espirituais
da vida nobre movimentam-se em auxílio dos agredidos.
129
— É A CONVOCAÇÃO SUPERIOR AOS SERVIÇOS DE
SOCORRO À TERRA — explicou-me Narcisa, bondosamente.
— Temos o sinal de que a guerra prosseguirá, com terríveis tormentos
para o espírito humano — exclamou Tobias, inquieto. — Apesar da
distância, toda a vida psíquica americana teve na Europa a sua
origem. Teremos grande trabalho em preservar o Novo Mundo.
130
CAPÍTULO 42 | A PALAVRA DO GOVERNADOR
131
A Governadoria, nas atuais emergências, coloca o treinamento
contra o medo muito acima das próprias lições de enfermagem.
A calma é garantia do êxito.
Experimentava, então, ansiedade justa. Ia ver, pela primeira vez, a
meu lado, o nobre condutor que merecia a veneração geral.
132
Nunca esquecerei o vulto nobre e imponente daquele ancião de
cabelos de neve, que parecia estampar na fisionomia, ao mesmo
tempo, a sabedoria do velho e a energia do moço; a
ternura do santo e a serenidade do administrador
consciencioso e justo. Alto, magro, envergando uma túnica
muito alva, olhos penetrantes e maravilhosamente lúcidos, apoiava-se
num bordão, embora caminhasse com aprumo juvenil.
Não me dirijo, pois, neste momento, aos nossos irmãos cujas mentes
já funcionam em zonas mais altas da vida, mas a vós outros, que
trazeis nas sandálias da recordação os sinais da poeira do mundo,
para exalçar a tarefa gigantesca. Nosso Lar precisa de trinta mil
servidores adestrados no serviço defensivo, trinta mil
trabalhadores que não meçam necessidade de repouso, nem
conveniências pessoais, enquanto perdurar nossa batalha com as
forças desencadeadas do crime e da ignorância. Haverá serviço para
todos, nas regiões de limite vibratório, entre nós e os planos inferiores,
porque não podemos esperar o adversário
em nossa morada espiritual.
133
Nas organizações coletivas, é forçoso considerar a medicina
preventiva como medida primordial na preservação da paz interna.
Somos, em Nosso Lar, mais de um milhão de criaturas devotadas aos
desígnios superiores e ao melhoramento moral de nós mesmos.
Seria caridade permitir a invasão de vários milhões de
Espíritos desordeiros? Não podemos, portanto, hesitar
no que se refere à defesa do bem.
~
134
CAPÍTULO 43 | EM CONVERSAÇÃO
135
— E não eram recolhidos para esclarecimento justo? — inquiriu
alguém, interrompendo o narrador.
Benevenuto esboçou um gesto significativo e respondeu:
— Será sempre possível atender os loucos pacíficos, no lar; mas que
remédio se reservará aos loucos furiosos, senão o
hospício? Não havia outro recurso para tais criaturas senão
deixá-las nos precipícios das trevas, onde serão naturalmente
compelidas a reajustar-se, dando ensejo a pensamentos dignos. É
razoável, portanto, que as missões de auxílio recolham
apenas os predispostos a receber o socorro elevado.
136
— O Espiritismo é a nossa grande esperança
e, por todos os títulos, é o Consolador da humanidade encarnada,
mas a nossa marcha é ainda muito lenta. Trata-se de uma dádiva
sublime, para a qual a maioria dos homens ainda não possui “olhos
de ver”. Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos
aproxima-se dessa fonte divina a copiar antigos vícios religiosos.
137
CAPÍTULO 44 | AS TREVAS
138
— Chamamos Trevas as regiões mais inferiores que conhecemos.
Considere as criaturas como itinerantes da vida. Alguns poucos
seguem resolutos, visando ao objetivo essencial da jornada. São os
Espíritos nobilíssimos, que descobriram a essência divina em si
mesmos, marchando para o alvo sublime, sem vacilações. A maioria,
no entanto, estaciona. Temos então a multidão de almas que
demoram séculos e séculos recapitulando experiências.
139
— Entretanto — objetei —, a queda sempre me pareceu impossível
nas regiões estranhas ao corpo terreno. O ambiente divino, o
conhecimento da verdade, o
auxílio superior
figuravam-se-me antídotos infalíveis ao
veneno da vaidade e da tentação.
~
140
— Contudo, Lísias, poderá você dar-me uma
ideia da localização dessa zona de Trevas?
Se o Umbral está ligado à mente
humana, onde ficará semelhante lugar
de sofrimento e pavor?
— Há esferas de vida em toda parte —
disse ele, solícito —; o vácuo sempre há de
ser mera imagem literária. Em tudo há energias
viventes e cada espécie de seres funciona
em determinada zona da vida.
141
CAPÍTULO 45 | NO CAMPO DA MÚSICA
142
— Lascínia sempre se faz acompanhar de duas irmãs,
às quais espero faça você as honras de cavalheiro.
— Mas, Lísias... — respondi reticencioso, considerando minha antiga
posição conjugal — você deve compreender que estou ligado a Zélia.
O enfermeiro amigo, nesse instante, riu a valer, acrescentando:
— Era o que faltava! Ninguém quer ferir seus sentimentos de
fidelidade. NÃO CREIO, NO ENTANTO, QUE A UNIÃO
ESPONSALÍCIA DEVA TRAZER O ESQUECIMENTO DA
VIDA SOCIAL. NÃO SABE MAIS SER O IRMÃO DE
ALGUÉM, ANDRÉ? Ri-me, desconcertado, e nada pude replicar.
Nesse momento, atingimos a faixa de entrada,
onde Lísias pagou gentilmente o ingresso.
~
143
Na Terra, há pequenos grupos para o culto
da música fina e multidões para a música regional.
Ali, contudo, verificava-se o contrário.
Eu havia presenciado numerosas agregações de gente,
na colônia, e extasiara-me ante a reunião que o nosso
Ministério consagrara ao governador, mas o que via agora
excedia a tudo que me deslumbrara até então.
~
A nata de Nosso Lar apresentava-se em magnífica
forma. Não era luxo nem excesso de qualquer natureza
o que proporcionava tanto brilho ao quadro maravilhoso.
Era a expressão natural de tudo, a simplicidade confundida
com a beleza, a arte pura e a vida sem artifícios.
Observei que, ali, o mais sábio restringia
as vibrações de seu poder intelectual, ao passo
que os menos instruídos elevavam, quanto
possível, a capacidade de compreensão, para
absorver as dádivas do conhecimento superior.
(...)no entanto, o que mais me impressionava era
a nota de alegria reinante em todas as conversações.
144
(...) ouvi Lísias dizer:
145
CAPÍTULO 46 | SACRIFÍCIO DE MULHER
146
Mostrando nobre expressão de serenidade, minha mãe ponderou:
— Não consideras a angustiosa condição de teu pai, meu filho? Há
muitos anos trabalho para reerguê-lo, e meus esforços têm sido
improfícuos. Laerte é hoje um cético de coração envenenado. Não
poderia persistir em semelhante posição, sob pena de mergulhar em
abismos mais fundos. Que fazer, André? Terias coragem de
revê-lo em tal situação, esquivando-te ao socorro justo?
— Não — respondi impressionado —; trabalharia por auxiliá-lo,
mas a senhora poderá ajudá-lo mesmo daqui.
147
Com a colaboração de alguns amigos, localizei-o na Terra, semana
passada, preparando-lhe a reencarnação imediata sem que ele nos
identificasse o auxílio direto. Quis fugir das mulheres que ainda o
subjugam, talvez com razão, e aproveitamos essa disposição para
jungi-lo à nova situação carnal.
148
— E essas mulheres? — indaguei. —
Que será feito dessas infelizes?
149
CAPÍTULO 47 | A VOLTA DE LAURA
150
— Aqui — tornou a interlocutora sensatamente —, contamos com as
vibrações espirituais da maioria dos habitantes educados, na Terra,
porém, nossa boa intenção é como se fora bruxuleante luz num mar
imenso de forças agressivas.
151
— Dentro do nosso mundo individual,
CADA IDEIA É COMO SE FORA UMA ENTIDADE À PARTE...
É necessário pensar nisso. Nutrindo os elementos do bem,
progredirão eles para nossa felicidade, constituirão nossos exércitos
de defesa; todavia, alimentar quaisquer elementos do mal é
construir base segura para os nossos próprios verdugos.
152
CAPÍTULO 48 | CULTO FAMILIAR
153
— Ali está a câmara que no-lo apresentará.
— Por que o globo cristalino? — perguntei curioso. — Não poderia
manifestar-se sem ele?
— É preciso lembrar — disse Nicolas, atenciosamente — que a
nossa emotividade emite forças suscetíveis de perturbar.
Aquela pequena câmara cristalina é constituída
de material isolante. Nossas energias mentais não
poderão atravessá-la.
154
Observei, então, com surpresa, que as filhas e a neta da
senhora Laura, acompanhadas de Lísias, abandonavam o
estrado, tomando posição junto dos instrumentos
musicais. Judite, Iolanda e Lísias se encarregaram,
respectivamente, do piano, da harpa e da cítara, ao lado de Teresa e
Eloísa, que integravam o gracioso coro familiar. As cordas afinadas
casaram os ecos de branda melodia e a música elevou-se,
cariciosa e divina, semelhante a gorjeio celeste.
155
Era Clarêncio, que me falou em tom amável:
— André, amanhã acompanharei nossa irmã Laura à esfera carnal. Se
lhe apraz, poderá vir conosco para visitar sua família.
Não podia ser maior a surpresa.
156
CAPÍTULO 49 | REGRESSANDO À CASA
157
Ébrio de felicidade, avancei para o interior. TUDO, PORÉM,
DENOTAVA DIFERENÇAS ENORMES. Onde estariam os
velhos móveis de jacarandá? E o grande retrato onde, com a
esposa e os filhinhos, formávamos gracioso grupo? Alguma coisa
me oprimia ansiosamente. Que teria acontecido? Comecei a
cambalear de emoção. Dirigi-me à sala de jantar, onde vi a filhinha
mais nova, transformada em jovem casadoura. E, quase no mesmo
instante, vi Zélia que saía do quarto, acompanhando um cavalheiro
que me pareceu médico, à primeira vista.
Gritei minha alegria com toda a força dos pulmões, mas as palavras
pareciam reboar pela casa sem atingir os ouvidos dos circunstantes.
Compreendi a situação e calei-me, desapontado.
Todo o cuidado é pouco, o Dr. Ernesto reclama absoluto repouso.
Quem seria aquele Dr. Ernesto?
— MAS, DOUTOR, SALVE-O, POR CARIDADE! PEÇO-LHE!
OH! NÃO SUPORTARIA UMA SEGUNDA VIUVEZ.
Zélia chorava e torcia as mãos, demonstrando imensa angústia.
158
Um corisco não me fulminaria com tamanha violência.
Outro homem se apossara do meu lar. A esposa me
esquecera. A casa não mais me pertencia. Valia a pena
ter esperado tanto para colher semelhantes desilusões?
No leito, estava um homem de idade madura, evidenciando
melindroso estado de saúde. Ao lado dele, três figuras negras iam e
vinham, mostrando-se interessadas em lhe agravar os padecimentos.
159
— Vim vê-los, mamãe —
exclamou a primogênita —,
não só para colher notícias do Dr.
Ernesto, como também porque,
hoje, singulares saudades do
papai me atormentam o
coração. Desde cedo, não sei
por que penso tanto nele. É
uma coisa
que não sei bem definir...
160
À tardinha, Clarêncio passou, oferecendo-me o cordial da sua palavra
amiga e reta. Percebendo meu abatimento, disse solícito:
161
CAPÍTULO 50 | CIDADÃO DE “NOSSO LAR”
162
Apliquei ao meu caso o proveitoso conselho e comecei recordando
minha mãe. Não se sacrificara ela por meu pai, a ponto de adotar
mulheres infelizes como filhas do coração?
NOSSO LAR ESTAVA REPLETO
DE EXEMPLOS EDIFICANTES.
A ministra Veneranda trabalhava séculos sucessivos pelo grupo
espiritual que lhe estava mais particularmente ligado ao coração.
Narcisa sacrificava-se nas Câmaras para obter endosso espiritual, de
regresso ao mundo, em tarefa de auxílio. A senhora Hilda vencera o
dragão do ciúme inferior. E a expressão de fraternidade dos demais
amigos da colônia? Clarêncio me acolhera com devotamento de pai;
a mãe de Lísias me recebera como filho; Tobias, como irmão.
Cada companheiro de minhas novas lutas me oferecia
algo de útil à construção mental diferente, que se erguia,
célere, no meu espírito.
163
Roguei ao Senhor energias necessárias para manter a compreensão
imprescindível e passei a interpretar os cônjuges como se fossem
meus irmãos. Reconheci que Zélia e Ernesto se amavam
intensamente. E, se de fato me sentia companheiro fraternal de
ambos, devia auxiliá-los com os recursos ao meu alcance.
164
Aconteceu, então,
o que não poderia esperar.
Passados vinte minutos,
mais ou menos, quando ainda não havia
retirado a mente da rogativa, alguém me
tocou de leve no ombro.
Era Narcisa que atendia, sorrindo:
— OUVI SEU APELO MEU AMIGO,
E VIM AO SEU ENCONTRO.
Não cabia em mim de contentamento.
A mensageira do bem fixou o quadro,
compreendeu a gravidade do momento
e acrescentou:
— Não temos tempo a perder.
Antes de tudo, aplicou passes de
reconforto ao doente, isolando-o das
formas escuras, que se afastaram como por encanto.
165
Chegados a local onde se alinhavam enormes frondes, Narcisa
chamou alguém, com expressões que eu não podia compreender.
Daí a momentos, oito entidades espirituais atendiam-lhe ao apelo.
Imensamente surpreendido, vi-a indagar da existência de
mangueiras e eucaliptos. Devidamente informada pelos amigos, que
me eram totalmente estranhos, a enfermeira explicou:
166
Narcisa manipulou, em poucos instantes, certa
substância com as emanações do eucalipto e da
mangueira e, durante toda a noite, aplicamos o remédio ao
enfermo, POR INTERMÉDIO DA RESPIRAÇÃO COMUM
E DA ABSORÇÃO PELOS POROS.
O enfermo experimentou melhoras sensíveis. Pela manhã, cedo, o
médico observou, extremamente surpreendido:
— Verificou-se esta noite extraordinária reação!
Verdadeiro milagre da natureza!
Por minha vez, experimentava grande júbilo na alma.
Profundo alento e belas esperanças revigoravam-me o ser.
Reconhecia, eu mesmo, que vigorosos laços de inferioridade se
haviam rompido dentro de mim, para sempre.
— Em Nosso Lar,
grande parte dos
companheiros poderia dispensar o aeróbus e transportar-se, à
vontade, nas áreas de nosso domínio vibratório, mas, visto a maioria
não ter adquirido essa faculdade, todos se abstêm de exercê-la em
nossas vias públicas. Essa abstenção, todavia, não impede que
utilizemos o processo longe da cidade, quando é preciso ganhar
distância e tempo.
167
“Como é grande a Providência divina!”
— dizia, a monologar intimamente.
“Com que sabedoria dispõe o Senhor
todos os trabalhos e situações da vida!
Com que amor atende a toda a Criação!”
168