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RESUMO
A fabricação de molas do aço SAE 9254 tem sido feita pelo processo de enrolamento a
quente e submetido a tratamentos térmicos de têmpera e revenimento convencional ou
pelo processo a frio e têmpera e revenimento por indução. O jateamento das molas
induziu a uma tensão residual compressiva que aumentou consideravelmente a
resistência à fadiga do aço SAE 9254. O perfil de tensão residual a partir da superfície
das molas jateadas apresentou um pico nos valores de tensão de compressão para
ambos os processos de fabricação. A tensão residual máxima na mola processada a
frio e jateada foi superior à da mola processada a quente. As trincas por fadiga das
molas fabricadas por ambos os processos sem jateamento tiveram seu início pelo
processo de fadiga torcional, com propagação macroscópica típica, apresentando sinais
de estrias com elevada deformação plástica em função do tipo de solicitação que
acentua as tensões de cisalhamento.
INTRODUÇÃO
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MATERIAIS E MÉTODOS
Neste estudo foi utilizado o aço SAE 9254 para a fabricação de molas de
suspensão. Na fabricação das molas, os processos empregados foram a quente,
passando pelo tratamento térmico de têmpera e revenimento; e a frio, temperado por
indução. No processo de enrolamento a quente, a matéria-prima é a barra trefilada. As
barras foram austenitizadas a uma temperatura de 880ºC, enroladas a quente e
resfriadas em óleo. Após a têmpera, as molas foram revenidas a uma temperatura de
400ºC. No processo de enrolamento a frio, o arame foi temperado por indução em
temperaturas próximas de 950ºC. O revenimento ocorreu a 470ºC também por meio de
uma bobina de indução. O arame, já temperado e revenido, foi enrolado à temperatura
ambiente nos tamanhos solicitados, sendo submetido posteriormente a um tratamento
para alívio de tensões a uma temperatura de 180ºC.
No processo de jateamento a granalha utilizada foi tipo “cut wire” de bitolas de 0,4
e 0,8 mm de diâmetro e dureza de 610 a 670 HV. A intensidade do jateamento foi
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medida por meio do teste Almen em uma tira tipo A, sendo obtido o valor mínimo de
0,25 e máximo de 0,40 mm. O processo de jateamento teve um tempo de exposição de
6 a 10 segundos e a cobertura foi de 99,9%. A análise por microscopia óptica das
molas fabricadas pelos dois processos foi feita por meio de técnicas metalográficas
convencionais. Medidas de dureza Rockwell C de amostras das molas foram
executadas em um equipamento Wolpert. A análise da tensão residual das molas dos
dois processos de fabricação foi feita por difração de raios-X num equipamento Rigaku.
As investigações das propriedades mecânicas em fadiga foram feitas para as
molas processadas a quente e a frio, com e sem jateamento. Os ensaios de fadiga
foram feitos de acordo com a especificação de cada fabricante para verificar a
qualidade da mola e o efeito do jateamento na vida em fadiga. Para a execução do
ensaio de fadiga das molas processadas a quente foi especificada a carga mínima de
3500 N e carga máxima de 3720 N. A altura mínima de ensaio foi de 126,2 mm e
máxima de 255,5 mm e a altura livre foi de aproximadamente 382,1 mm. A execução
dos ensaios de fadiga das molas processadas a frio foram feitos com carga mínima e
máxima de 2907 e 3057 N, respectivamente. A altura mínima de ensaio foi de 114,5
mm e máxima de 285,0 mm e a altura livre foi de aproximadamente 342,0 mm. A
especificação para as molas processadas a quente é de 450.000 ciclos enquanto que
para as molas processadas a frio é 1.000.000 de ciclos. Vale ressaltar que as
condições de carregamento no ensaio de fadiga são mais rígidas no fabricante de
molas processadas a quente. As superfícies de fratura das molas ensaiadas em fadiga
foram observadas por iniciamente num microscópio estereoscópico e em seguida num
microscópio eletrônico de varredura Jeol.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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(A) (B)
Figura 1: Microestrutura da amostra processada a quente, temperada e revenida.
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Tabela 1: Resultados dos ensaios de fadiga das molas processadas a quente e a frio
submetidas a têmpera e revenimento.
Processo de fabricação das molas a quente Nº de ciclos Ruptura
CP 1 450.000 Não
Molas com jateamento
CP 2 450.000 Não
CP 3 119.440 Sim
Molas sem jateamento
CP 4 175.700 Sim
Processo de fabricação das molas a frio Nº de ciclos Ruptura
CP 1 1.000.000 Não
Molas com jateamento
CP 2 1.000.000 Não
Molas sem jateamento CP 3 195.000 Sim
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Tabela 2: Medidas de tensão residual por difração de raios-X nas molas processadas a
quente e a frio.
Processo de fabricação a quente Processo de fabricação a frio
Parte da Tensão (MPa) Tensão (MPa)
Amostra Sem Jateam. Com Jateam. Sem Jateam. Com Jateam.
Côncava -36,0 -462 -451 -515
Convexa - 35,5 Quadro 9 +374 Quadro 9
Neutra + 40,5 -436 -112 *
(*) Não foi possível a medição nesta posição.
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CONCLUSÕES
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• As trincas por fadiga das molas fabricadas por ambos os processos sem
jateamento tiveram seu início pelo processo de fadiga torcional, com propagação
macroscópica típica, apresentando sinais de estrias com elevada deformação
plástica em função do tipo de solicitação que acentua as tensões de
cisalhamento.
ABSTRACT
The manufacture of SAE 9254 steel springs has been made by hot winding process and
heat treatment by conventional quenching and tempering or by cold winding process
and induction hardening and tempering. The shot peening induced a compressive
residual stress which increased the fatigue life of SAE 9254 steel. The residual stress
profile from the surface of springs showed a peak in the values of compressive stress for
both manufacturing processes. The maximum residual stress in the cold processed
spring was higher than the hot processed spring and maintained much higher values
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along the thickness of the spring from the surface, resulting from manufacturing
processes. The fatigue cracking of the springs, produced by both process without shot
peening, started by torsional fatigue process, with typical macroscopic propagation,
showing stretch marks with high plastic deformation depending on the request type that
accentuates the shear stresses.
Keywords: SAE 9254 steel, fatigue, quenching, residual stress, shot peening.
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