ARTIGO 1 - LANCHONETE

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Utilização do Método de Custeio ABC como Instrumento de Gestão em uma

Lanchonete de Pequeno Porte.

Gislaine Camila Lapasini Leal


Profa. Dra. do Departamento de Engenharia de Produção (DEP) - Universidade Estadual de
Maringá (UEM)
[email protected]

Syntia Lemos Cotrim


Profa. do Departamento de Engenharia de Produção (DEP) - Universidade Estadual de
Maringá (UEM)
[email protected]

Jacqueline Nardotto
Aluna do MBA em Gestão da Produção - Universidade Estadual de Maringá (UEM)
[email protected]

Relato Técnico

Resumo: No atual cenário do mundo globalizado, onde a concorrência só aumenta, sente-se a


necessidade de identificar os problemas da empresa, principalmente, no que tange à gestão de
custos. O presente estudo teve como intuito a aplicação do método de custeio baseado em
atividade (ABC) em uma lanchonete de pequeno porte no interior, mostrando a importância da
gestão de custos para as empresas e o quão fundamental é para o auxílio à tomada de decisões
assertivas e controle de custos. Com os resultados da pesquisa foi possível identificar quais
produtos merecem mais atenção e direcionar a tomada de decisão gerencial da empresa, visto
que o método ABC proporciona cálculos de custos mais acurados, tanto para as atividades,
quanto para os produtos e, com isso, fornece informações mais precisas relacionadas às
operações realizadas na empresa, além de, uma melhor definição de custo sobre cada produto.

Palavras-chave: Gestão de Custos, Método de custeio (ABC), Lanchonete.

1. Introdução
Na última década, o segmento de food service cresceu de forma representativa, um
momento de oportunidades no Brasil, devido ao novo mercado consumidor que procura
soluções mais praticas, rápidas, acessíveis e novas experiências. Segundo dados da Associação
Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA, 2014) o food service tem crescido a uma taxa
média de 14,7% ao ano. Com o aumento do mercado, a concorrência é cada dia mais intensa,
e muitos empreendedores vislumbram aproveitar as oportunidades, abrindo novos
estabelecimentos, o que faz que nesse mercado competitivo apenas sobrevivam os que estão
aptos.
Diante do crescimento gradativo do mercado de refeições fora de casa, muitos estão
inovando e modernizando, porém deixam a desejar na parte de gestão. A dificuldade dos micro
e pequenos empresários em controlar custos, enfatiza a necessidade de pesquisar e analisar a
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gestão desses ambientes. É fundamental conhecer as informações de custos e quais são as
ferramentas indispensáveis para tomada de decisão e controle da empresa. Isto é, um sistema
de custos disposto a atender suas necessidades gerenciais (MEGLIONARI, 2007).
De acordo com Bruni (2006), o processo de tomada de decisão está totalmente
relacionado com a gestão de custos. O Método de Custeio Baseado em Atividades (ABC) veio
a surgir com o aumento dos custos indiretos de produção, o qual está baseado em atividades
que a empresa utiliza no processo para fabricação de seus produtos. Tal método proporciona
cálculos mais acurados, tanto para os produtos, como para as atividades, formando assim uma
gestão mais adequada dos custos (NAKAGAWA, 1994).
Dada à importância das atividades e processos pelos quais se agrega valor aos clientes, é
fundamental dispor de mecanismos que assegurem sua gestão, os quais devem conduzi-los
mais eficientemente para atingir quatro objetivos: reduzir custos, diminuir o tempo de ciclo,
melhorar a qualidade e agregar valor ao cliente fazendo com que se avalie e questione os
resultados da organização.
Em períodos de crise, sente-se a necessidade de melhor entender os problemas cotidianos
das empresas, principalmente no que diz respeito à gestão de custos, já que é um primeiro sinal
de que a empresa está com dificuldades de sobrevivência em um mercado competitivo.
Segundo Bonfim e Passarelli (2006), o conhecimento de custos em mercados
competitivos é essencial à sobrevivência de qualquer empresa. Assim, é indispensável que haja
integração entre o processo de gestão de custos com a tomada de decisão gerencial da empresa,
para que as empresas consigam sobreviver em um mercado crescente, competitivo e
globalizado (MARTINS, 2003). Melo e Prieto (2013) destacam que a gestão de custos é
essencial para orientar a tomada de decisão, especialmente, em micro e pequenas empresas.
O método ABC, não é apenas um método de custeio de produto, é uma ferramenta para
gestão de custos, o qual pode ser captado através das diferentes atividades realizadas na
empresa. Com a necessidade de a empresa conhecer seus custos, a fim de calcular alguns
índices indispensáveis, essa análise se torna importante e fundamental para todos os envolvidos
no projeto. É fundamental que os gestores tenham em mãos informações importantes e
relevantes quanto aos custos da empresa e de todos os outros dados que julguem necessários
para controle e tomada de decisões, a fim de saber onde o dinheiro está sendo gasto, os pontos
críticos de cada processo e onde pode haver mudanças para melhorar a gestão.
Contudo, foi identificada na empresa, uma lanchonete de pequeno porte no interior do
Estado de São Paulo, a falta de um sistema completo de gestão de custos, sendo os custos dos
produtos vendidos estimados pela matéria-prima que os compõem. Assim nota-se que o sistema
deixa de levar em consideração despesas e custos importantes na sua avaliação. Desta forma,
não fornece informações importantes para que o gestor efetue uma análise dos itens mais
rentáveis, impossibilitando que se conheçam quais produtos deve se investir ou onde deve ter
um controle maior.
Com o intuito de aumentar seu desempenho, a lanchonete em questão pretende definir
seus custos utilizando um método adequado, que irá gerar informações importantes auxiliando
na tomada de decisão gerencial e havendo melhorias de informações para seu controle.
O presente projeto tem o objetivo de utilizar o sistema de custeio baseado em atividades
(ABC), a fim de melhorar a gestão de custos, auxiliando a tomada de decisão em uma
lanchonete de pequeno porte no interior do Estado de São Paulo.
Este texto encontra-se estruturado em 4 seções, além desta introdutória. A Seção 2
apresenta o referencial teórico. Na Seção 3 é descrito o método de pesquisa. A Seção 4 detalha
a pesquisa de campo realizada. Por fim, na Seção 5, são descritas as considerações finais.

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2. Fundamentação Teórica
A contabilidade de custos surgiu da necessidade das empresas buscarem informações
mais precisas para a tomada de decisão. As funções básicas da contabilidade de custos são:
determinação do lucro, controle das operações e demais recursos produtivos, formação de
preço, escolhas de terceirizações, entre outros (BRUNI e FAMÁ, 2010).
Segundo Leone (1997), a contabilidade de custos produz informações para quem tem
função de fazer sua gestão. Essa gestão pode ser operacional, decisória, estratégica, analítica,
controladora, dependendo das necessidades de quem solicita. Guimarães et al. (2015) destacam
que a gestão de custos é fundamental não só para assegurar a margem de lucro, mas também,
para garantir a competitividade das empresas.
A informação de custo é usada para influenciar e nortear as pessoas de uma organização.
Neste sentido, pode-se dizer que uma empresa tem controle de seus custos quando os conhece
e verifica se os mesmos estão dentro do que se esperava ou não, adotando assim medidas
gerenciais para a correção de possíveis desvios. O controle gerencial é um meio de usar as
informações e agrupa-las para auxiliar na tomada de decisões de planejamento e controle da
gestão de uma organização (HORNGREN, 2004).
O sistema de custos pode ser observado de duas formas: princípio de custeio e método
de custeio. O princípio determina qual informação importante deve ser gerada e se é adequada
ao objetivo da empresa. O método, viabiliza a operacionalização, analisa como a informação
será obtida pela empresa e a relaciona com os procedimentos. Ou seja, estão relacionados ao
objetivo do sistema de custos: a avaliação de estoque, o auxílio ao controle e a tomada de
decisão (BORNIA, 2010).
O método de custeio baseado em atividades (ABC) é um sistema que tem como objetivo
avaliar com mais precisão as atividades de uma empresa, que procura de uma forma mais
realista utilizar direcionadores para alocar as despesas indiretas. A lógica de funcionamento do
ABC, supõe que produtos ou serviços, consomem atividades e essas consomem recursos
(MARTINS, 2003). Para Pamplona (1997), a técnica do ABC pode ser considerada de fácil
compreensão sob o ponto de vista do objeto de custo: os objetos são elaborados pelas atividades
que, por sua vez, consomem recursos, gerando custos. Desta forma, o custo do objeto é a
parcela do custo correspondente às atividades que participam da sua produção.
O custeio ABC é um dos melhores métodos para enxugar um sistema de custos ajudando
na tomada de decisão, pois identifica atividades como custos, conforme destacado por Sanches
et al. apud Horngren et al. (2012). Esse método analisa o comportamento dos custos por
atividade, independente da área da empresa, e estabelece relações entre atividades e o consumo
de recursos, assim identifica o custo da empresa a partir de seus processos (WERNKE, 2004).
“O modelo ABC oferece aos gerentes um mapa econômico mais preciso das atividades
e gastos organizacionais.” (KAPLAN e COOPER, 1998). Ou ainda, segundo Shank e
Govindarajan (1997), “permite o gerenciamento das atividades, podendo eliminar aquelas que
não agregam valor ao produto final”.
O custeio ABC é uma boa maneira de medir desempenho, pois possibilita identificar
quais atividades estão influenciando nos gastos das empresas, podendo assim melhorar a gestão
da empresa e não apenas o sistema de custos (BORNIA, 2010).
O método de custeio ABC apresenta diversas qualidades: (a) identificar atividades que
consomem mais recursos; (b) eliminação de atividades que não agregam valor ao produto; (c)
informações gerenciais para tomada de decisão; (d) menor necessidade de rateios; (e) melhor
visualização do fluxo dos processos; (f) implantação de sistemas internos de controle e
manutenção deste (CALESSO, 2010).
De acordo com Kaplan e Cooper (1998), pode ser usado ainda em decisões relacionadas
à melhoria dos produtos, processos, clientes e investimentos, ou seja, todo conjunto de ações

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que podem ser tomadas com as informações de custeio das atividades, fazendo com que a
empresa alcance seus objetivos, reduzindo seus recursos organizacionais.
Segundo Wernke (2004), o método de custeio ABC, pode ser dividido em cinco etapas:

1. Definir os processos prioritários: nessa etapa o local estudado é dividido em vários


processos;
2. Determinar quais atividades são executadas em cada processo: detalhamento das
atividades fundamentais para a execução;
3. Listar possíveis tarefas de cada processo: identificação das atividades importantes em
cada processo;
4. Alocar os recursos às atividades: consistem em atribuir os recursos às atividades de
acordo com seu consumo;
5. Direcionar o custo das atividades aos produtos: alocar o custo, conforme o consumo, a
cada atividade.

Casali et al. (1995) destaca que no Brasil, entre 28% e 75% das decisões sobre preços,
justificativa de investimentos, terceirização, análise de novos produtos, gerenciamento de
performance, mudanças de engenharia de produto e processo, são tomadas com base em
informações de custos, demonstrando assim a importância na decisão de escolha de um método
de custeio adequado.

3. Método.
A presente pesquisa busca aplicar o método de custeio ABC em uma lanchonete de
pequeno porte. Quanto aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como sendo exploratória, a qual
conduz a conhecer mais detalhadamente o assunto tornando-o mais claro para a construção de
questões relevantes sobre o direcionamento da pesquisa (RAUPP E BEUREN, 2006). De
acordo com os procedimentos, refere-se a um estudo de caso com enfoque descritivo, o qual,
segundo Raupp e Beuren (2006) é de preferência dos autores que tem a intenção de focar e
aprofundar os conhecimentos sobre um único caso específico.
O método de custeio ABC foi adotado devido ao grande número de atividades
relacionados ao processo dos itens, foi um método eficiente para o levantamento dos dados do
processo. Para tanto foram seguidos os seguintes passos:

 Levantamento dos gastos gerais da empresa: onde foram analisados todos os gastos
durante o mês por meio da análise de documentos, acompanhamento dos processos e
conversa com os proprietários;
 Aplicação do método de custeio baseado em atividades (ABC): o qual foi determinado
pelo pesquisador por ser o método mais adequado, devido ao número de atividades
realizadas no processo;
 Formulação de um plano de ação para aprimorar a gestão de custos na empresa: por
meio das análises e estudo de caso, consegue-se determinar a importância da gestão e
como realizar melhorias;
 Identificação dos pontos críticos para melhor tomada de decisão gerencial: com o
modelo de gestão de custos aplicado é possível identificar quais pontos merecem
atenção;
 Comparação dos preços sugeridos pelo modelo de gestão de custo e os aplicados
atualmente: por meio da identificação dos preços praticados na empresa e com os
propostos pelo modelo ABC, foi possível realizar uma comparação e concluir a
pesquisa.

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4. Resultados e Análises

4.1 Caracterização da Empresa.


A empresa em estudo é uma lanchonete de pequeno porte, que iniciou suas atividades em
outubro de 1995, localizada no interior do Estado de São Paulo. A empresa trabalha no ramo
alimentício, com o fornecimento de um tipo de lanche, salgados, doces, bebidas, sorvetes. Com
o objetivo de satisfazer seus clientes, a empresa trabalha com um grande mix de produtos que
fabrica e outros revendidos. Em média, são vendidos aproximadamente 400 itens por dia.
A Figura 1 apresenta os produtos com maior relevância mensal na empresa, os quais
foram analisados a partir do custeio ABC. Os demais itens, como doces, bebidas e sorvetes,
tiveram seu consumo utilizado apenas para dividir as despesas gerais na empresa.

Figura 1: Curva ABC dos Produtos da Empresa.

Fonte: elaborada pelos autores.

Com a análise da Figura 1 identifica-se os itens Curva A que são: lanche de pernil, espeto
de frango, coxinha, empanado, rissoles, assado de presunto e queijo, os itens Curva B: esfiha,
enroladinho de salsicha e quibe e por fim, os itens curva C: encapotado, pão de queijo e docinho
de leite ninho.
Em 2015, a empresa possui cinco colaboradores, divididos entre os setores de
atendimento e produção, sendo que dois são donos do estabelecimento. Seu horário de
funcionamento é das 8:00 às 19:00 de segunda a sexta e no sábado das 8:00 às 12:00.
A lanchonete está localizada no centro da cidade e seus principais clientes são
trabalhadores do comércio que fazem refeições rápidas durante o dia, vendedores e pessoas de
cidades vizinhas que frequentam a cidade para utilizar banco, mercado e comércio em geral.

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4.2 Análise geral dos gastos.
Analisando os dados da lanchonete em questão, verificou-se que o proprietário não faz
distinção de custos diretos e indiretos, e nem custos fixos e variáveis. A definição dos preços e
mix dos produtos é determinada pelo preço dos concorrentes, pela demanda dos produtos e
pelo público alvo, ou seja, não é realizada uma análise de acordo com a gestão de custos. A
Tabela 1 apresenta os principais gastos da empresa para verificar o impacto de cada um deles
no custo total.

Tabela 1: Total e Porcentagem dos Gastos Gerais da Empresa


Gastos Valor (R$) %
Custos R$ 8.500,00 75,02
Matéria-Prima R$ 5.000,00 44,13
Mão de obra R$ 3.500,00 30,89
Despesas R$ 2.830,00 24,98
Aluguel R$ 700,00 6,18
Luz R$ 700,00 6,18
Água R$ 130,00 1,15
Telefone R$ 200,00 1,77
Impostos R$ 600,00 5,30
Contador R$ 500,00 4,41
Total R$ 11.330,00 100,00
Fonte: Dados de pesquisa obtidos pelos autores

Por meio da análise da Tabela 1 identifica-se que os custos somam 75,02% dos gastos e
que o maior gasto da empresa é com matéria-prima, o que corresponde ao custo com os
produtos adquiridos para a elaboração dos itens para venda. Os gastos com Despesas
correspondem a 24,98%.

4.3 Identificação dos processos produtivos e suas atividades


O Custeio Baseado em Atividades (ABC) informa que as atividades consomem recursos
gerando custos e que os produtos absorvem os custos de tais atividades (BORNIA, 2010). O
processo é uma cadeia de atividades correlacionadas, que são indispensáveis para sua
concretização (MARTINS, 2008). Segundo Wernke (2006) para se implantar o ABC é preciso
realizar a identificação das principais atividades existentes e alocar seus custos necessários aos
processos produtivos. Após a análise dos processos foram levantadas as atividades que os
compõem, conforme destacado no Quadro 01.

Quadro 01: Principais atividades de cada processo


Processo Função Atividades
Processo responsável por efetuar compras da
empresa, negociando prazos, preços e
Cotação de preços; Efetivação
Compra quantidades, com o objetivo principal de
dos pedidos
obter produto de qualidade ao menor custo
possível e com o melhor prazo de pagamento
Recebimento das matérias-primas compradas
Recepção e conferencia dos
Recepção e conferência quanto à qualidade, preços e
produtos
quantidades presentes na nota fiscal

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Armazenagem dos produtos recebidos em
Higienização; Separação;
Estocagem local apropriado conforme suas
Embalagem; Armazenamento
características de armazenamento

Higienização dos alimentos a


Preparações dos alimentos antes de passarem
Pré-preparo serem processados;
pelo processo de cocção
Descascamento; Corte;

Conservação da Conservação dos alimentos acabados em Conservação; Montagem das


preparação freezers até passarem pela cocção estufas

Transformação das matérias-primas em


Cocção produtos acabados conforme o tipo de Cozinhar; Assar; Fritar;
alimento, como fritar, assar e cozinhar

Preparação da mesa do cliente;


Serviço de bebida; Serviço de
Distribuição aos clientes dos produtos distribuição dos alimentos à
Distribuição dependendo do tipo de cliente e tipo de mesa ou ao balcão; Limpeza
alimento das mesas e retirada dos
utensílios utilizados; Serviço de
conta

Contabilização Registro das despesas, receitas e pagamentos Contabilização geral

Eliminação de sobras e
embalagens à lixeira; Lavagem
dos equipamentos e utensílios;
Limpeza dos utensílios, da lanchonete e da
Higienização Secagem; Armazenamento;
cozinha
Limpeza das bancadas, mesas e
cadeiras; Limpeza do chão e
banheiros

Eliminação dos lixos em


Eliminação de Eliminação do lixo produzido durante o
recipientes próprios para
dejetos expediente
descarte
Fonte: Elaborado pelos autores.

4.4 Demonstração consolidada dos resultados


Nessa etapa fez-se o levantamento das informações e dados da lanchonete, para
posteriormente calcular o custo de cada produto vendido. Como nas atividades são utilizados
muitos equipamentos, foi necessário identificar seus custos para poder ter o valor de
depreciação. Assim, com as informações analisadas identificou-se que o custo de depreciação,
que é o valor do equipamento dividido pela sua vida útil, é R$ 0,20 por dia (SILVA, 2012).
Após essa etapa, foi realizado o cálculo de matérias-primas necessárias para a produção
de cada produto vendido e, também, o custo de elaboração de cada produto. Com isso,
identificou-se que o prato com maior custo de matéria-prima é o lanche de pernil e a coxinha é
o salgado com o maior custo de elaboração, por conter mais etapas de preparação e utilizar
mais processos.
Assim, para a alocação correta do custo de processo de cada produto foi necessário
identificar as quantidades vendidas de cada produto. A quantidade média de produtos vendidos
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por mês é de 9000 produtos.
Com o conhecimento dos dados referentes às quantidades vendidas foi possível calcular
o custo de cada processo em função das horas consumidas por cada colaborador em suas
atividades e, por conseguinte, o custo da mão de obra. Identificando que tem diferença no
processo de preparação e cocção dos produtos, foi necessário alocar os seus custos de acordo
com o tempo em cada prato e do consumo de gás. Embora alguns itens utilizem materiais
elétricos, não foi possível mensurar a quantidade exata de energia elétrica consumida.
As despesas adicionais foram calculadas de acordo com a quantidade de itens vendidos,
conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – Despesas por produto


Despesas Valor por produto
Aluguel R$ 0,08
Luz R$ 0,08
Água R$ 0,01
Telefone R$ 0,02
Impostos R$ 0,07
Contador R$ 0,06
Total R$ 0,31
Fonte: Dados de pesquisa

A Tabela 3 mostra os dados calculados, onde é possível identificar o gasto total por produto e a
lucratividade de cada um deles.

Tabela 3 – Gasto e Lucratividade dos Produtos


Matéria Total Preço de Resultado por
Produtos Processo Preparação Despesas
Prima Geral Venda produto
Coxinha R$1,30 R$0,30 R$ 0,50 R$0,31 R$2,41 R$2,50 R$ 0,09 3,60%
Encapot
R$1,30 R$0,30 R$ 0,40 R$0,31 R$2,31 R$2,50 R$ 0,19 7,60%
ado
Risoles R$1,40 R$0,30 R$ 0,30 R$0,31 R$2,31 R$2,50 R$ 0,19 7,60%
Quibe R$1,50 R$0,30 R$ 0,30 R$0,31 R$2,41 R$2,50 R$ 0,09 3,60%
Esfiha R$1,60 R$0,30 R$ 0,30 R$0,31 R$2,51 R$2,50 -R$ 0,01 -0,40%
Assado
de
R$1,60 R$0,30 R$ 0,30 R$0,31 R$2,51 R$2,50 -R$ 0,01 -0,40%
presunto
e queijo
Enroladi
nho de R$1,20 R$0,30 R$ 0,30 R$0,31 R$2,11 R$2,50 R$ 0,39 15,60%
salsicha
Pão de
R$1,30 R$0,30 R$ 0,20 R$0,31 R$2,11 R$2,00 -R$0,11 -5,50%
queijo
Espeto
de R$1,90 R$0,30 R$ 0,30 R$0,31 R$2,81 R$3,50 R$ 0,69 19,71%
Frango
Empana
R$1,25 R$0,30 R$ 0,30 R$0,31 R$2,16 R$ 3,00 R$0,84 28,00%
do
Lanche
R$ 4,50 R$0,30 R$ 0,35 R$0,31 R$5,46 R$7,00 R$1,54 22,00%
de Pernil

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Docinho
de leite R$ 0,50 R$0,30 R$ 0,20 R$0,31 R$1,31 R$1,00 -R$0,31 -31,00%
ninho
Fonte: Dados da pesquisa

Com os dados apresentados foi possível identificar o custo total dos produtos vendidos
na empresa e comparar com o preço que é praticado. Os dados apontam que alguns produtos,
destacados em vermelho, não estão dando lucro.
Com isso, pode-se afirmar que, para que a empresa tenha lucro, ela precisa vender mais
produtos, pois com maior giro tem-se um ganho de escala, diluindo-se os custos e despesas
consideradas. Com esses resultados é possível identificar qual produto tem a maior margem de
lucro e qual consome mais recursos, auxiliando na tomada de decisão gerencial.
Assim, identificando alguns pontos críticos no desenvolvimento deste trabalho, é
importante organizar um plano de ação a fim de auxiliar a empresa a continuar controlando
seus custos aqui apresentados. Esses pontos identificados são apresentados no Quadro 03.

Quadro 03: Sugestão e objetivo do processo


Sugestão Objetivo
Definição de mecanismos (observação, registro de
Análise mais crítica das atividades e conhecimento
tempos, questionários, entrevistas) para coletas de
da duração de seus processos
dados

Ajudar na gestão cotidiana, como eliminação de


Definição das atividades prioritárias
atividades que não agregam valor

Elaboração de uma planilha eletrônica para Integrar ao sistema de informação gerencial, sempre
processamento dos dados coletados comparando o atual com as informações geradas

Fonte: Elaborado pelos autores

Assim, com a análise na empresa e os dados obtidos, foi identificada uma oportunidade
de melhoria no processo de produção dos itens analisados através de controle e analises diárias
a fim de diminuir os custos do processo. Por meio da ferramenta 5W2H foi possível sugerir o
plano de ação como apresentada no Quadro 04.

Quadro 04: Plano de ação ferramenta 5W2H.


Plano de Ação
O que fazer? (WHAT) Melhorias no processo de produção
Por que fazer? (WHY) Para reduzir os custos do processo

Controle por meio de medição de tempo das atividades, análise das


Como fazer? (HOW)
atividades, mapeamento do processo, criar indicadores

Quando fazer? (WHEN) Diariamente por meio de análise dos processos


Quem fará? (WHO) Gerência, donos do estabelecimento
Onde será feito? (WHERE) Na lanchonete
R$100,00 para aquisição de materiais para auxiliar no controle do
Quanto custará? (HOW MUCH)
processo
Fonte: Elaborado pelos autores

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Depois de aplicado o plano de ação é importante analisar os resultados identificados e
sempre procurar melhorias. Assim, a elaboração de planos de ação deve ser constante, sempre
quando houver oportunidade de melhoria na empresa pode-se utilizar a ferramenta 5W2H, que
é uma ferramenta simples, objetiva e orientada a ação, o que a configura como um importante
instrumento de gestão.

5. Considerações
Em razão da competitividade das empresas, sabe-se da importância da gestão de custos
para manter-se no mercado. O presente estudo teve como objetivo principal o desenvolvimento
de um sistema de custeio para auxiliar na tomada de decisão gerencial de uma lanchonete que
não tem um sistema completo de gestão de custos.
Com a aplicação de um método de custeio adequado, percebeu-se o quão importante é
ter conhecimento dos custos dos produtos vendidos, o qual proporciona condições para uma
adequada gestão e controle. O método ABC possibilitou uma melhor definição de custo sobre
os produtos e informações mais precisas relacionadas às operações, já que seu grande objetivo
é criar informações para orientar a tomada de decisão, visando melhorar a competividade das
empresas e o planejamento das ações de curto e longo prazo.
Contudo, com as informações geradas pelo método de custeio ABC, é possível identificar
oportunidades de investimento da empresa, onde é possível ter cortes e quais mudanças devem
ser realizadas para aumentar a lucratividade. Logo que esse método proporciona uma melhor
visualização dos fluxos dos processos e possibilita a eliminação ou redução das atividades que
não agregam valor ao produto. E assim, como os demais sistemas de custeio, ele também
apresenta suas restrições, e entre elas a de não ser aceito pelo fisco.
Ressalta-se que para um bom andamento do resultado da pesquisa, é preciso dedicação e
comprometimento de todos envolvidos e controle constante, já que o método ABC utilizado é
um processo que necessita de revisões e leva em consideração muitos dados.
Conclui-se, então, que o método de custeio por atividades é uma ferramenta de grande
oportunidade e auxilia a gestão e controle de custos de uma forma didática e de fácil
compreensão. Sugerindo, assim, para a empresa que com a partir dos dados elabora uma
reformulação no preço de seus produtos e analise com rigor os processos produtivos
envolvidos.

Referências.
ABIA. Mercado de Food Service. Disponível por
http://www.abia.org.br/cfs2014/mercado.aspx. Acessado em 22/07/2015.

ANTUNES, Scarduelli Guilherme. Análise Gerencial de Custos em uma Lanchonete


Localizada em Criciúma-SC. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC – Curso de
Administração de Empresas, 2011.

BOMFIM, Eunir de Amorim; PASSARELLI, João. Custos: e formação de preços. 4.ed. São
Paulo: IBO Thomson, 2006. 570 p.

BORNIA, Antônio C., Análise Gerencial dos Custos, Aplicação em empresas modernas. 3ªed.
São Paulo: Atlas, 2010.

BRUNI, Adriano L.; FAMÁ Rubens. Gestão de Custos e Formação de Preços. 5ª ed. São Paulo:
Atlas, 2010.

Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.10, n.1, p. 80 – 91, 2016
ISSN 1982-2537
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