Iara Sousa Ribeiro
Iara Sousa Ribeiro
Iara Sousa Ribeiro
SÃO PAULO
2015
IARA SOUSA RIBEIRO
SÃO PAULO
2015
Ribeiro, Iara Sousa.
Interação escola e família: Formação de professores e de familiares./ Iara
Sousa Ribeiro. 2015.
116 f.
Dissertação (mestrado) – Universidade Nove de Julho - UNINOVE,
São Paulo, 2015.
Orientador (a): Profa. Dra. Roberta Stangherlim.
CDU 372
IARA SOUSA RIBEIRO
_____________________________________________________________
Presidente: Profa. Roberta Stangherlim, Dra. – Orientadora, UNINOVE
_____________________________________________________________
Membro: Prof. Adriano Salmar Nogueira e Taveira, Dr., UNINOVE
_____________________________________________________________
Membro: Prof. João Cardoso Palma Filho, Dr., UNESP
______________________________________________________________
Membro Suplente: Prof. Jason Ferreira Mafra, Dr., UNINOVE
A Deus,
pelo dom da vida, que é
a maior viagem de todas.
À minha família:
avó, pais, primos, tios, irmãos, sobrinhos.
Às minhas afilhadas:
sem seu amor e apoio seria impossível.
Napoleon Hill
RESUMO
Essa dissertação tem por objeto de investigação ações da equipe gestora que têm
contribuído para o fortalecimento da participação da família na escola, na
perspectiva da gestão democrática. Autores como Freire (1997), Canário (2013),
Contreras (2012), Libâneo (2013), Paro (2000), fundamentaram o referencial teórico
deste trabalho. Como objetivo geral buscou-se analisar ações realizadas pela equipe
gestora que contribuem para fortalecer a participação da família na escola e como
objetivos específicos: a) identificar como a equipe gestora, em parceria com os
professores, estabeleceu estratégias em Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo
(ATPC) que pudessem contribuir com o planejamento e a realização de encontros
sistemáticos com os familiares; b) compreender se os encontros realizados com os
familiares trouxeram contribuições mais efetivas para a melhoria e qualificação da
sua participação na escola. O universo de pesquisa foi uma escola estadual de
ensino fundamental e médio localizada na cidade de Diadema (SP). Nela, a
pesquisadora também atua como diretora. Professores (as), estudantes, familiares,
funcionários (as) de apoio, diretora, vice-diretora e coordenadora pedagógica são os
sujeitos desta pesquisa-intervenção. Para levantamento dos dados foram feitos
registros – diário de campo, audiogravação, vídeo e fotografia – das discussões,
leituras e reflexões realizadas durante Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo
(ATPCs) com os professores e em quatro encontros com os familiares. A
sistematização dos dados coletados foi feita com base na leitura e análise de
conteúdo desses registros e na análise de documentos da escola e da Secretaria
Estadual de Educação de São Paulo. Destacam-se alguns resultados: a) com o
processo de pesquisa-intervenção instalou-se a relevância da formação em serviço
na ATPC da escola como essencial para atender às diferentes exigências da gestão
escolar e das práticas pedagógicas; b) a ATPC e as “Reuniões com os Pais e/ou
Responsáveis” deixaram de ser vistas como meros canais de transmissão de
comunicados de decisões preestabelecidas pelos órgãos centrais da Secretaria da
Educação; c) as ações desencadeadas pela equipe gestora impulsionaram a
vivência de uma experiência em que a participação dos membros da gestão,
docentes, alunos(as), funcionários(as) de apoio e familiares fosse mais efetiva e
valorizada. A mudança de “Reunião de Pais e Mestres” para “Encontro
Família/Escola” não foi somente no uso da terminologia, mas, sim, no significado e
sentido atribuídos às reuniões/encontros escola/família: antes os familiares iam à
escola apenas para ouvir sobre atitudes negativas e baixo desempenho escolar de
seus filhos; agora são convidados a participar dos processos de tomada de decisão
da unidade escolar. Constata-se, portanto, que é possível a equipe gestora criar
ações que fortaleçam a participação da família na escola, na perspectiva da
construção de uma gestão democrática, investindo em processos de formação,
juntamente com a comunidade escolar, os quais potencializam um melhor ambiente
para se conviver, trabalhar, aprender e tomar decisões coletivas. A escola,
entendida como lugar em que todos podem ensinar e aprender, exige de todos
disposição para vivenciar intensamente o diálogo, revelador de conflitos, diferentes
concepções de educação, mostrando que as mudanças na cultura da escola são
carregadas de contradições, geradoras de avanços, retrocessos e de valiosas
conquistas para o exercício da gestão democrática e participativa.
This master’s thesis is the object of investigation actions of the management team
who have contributed to the strengthening of family participation in school, from the
perspective of democratic management. Authors like as Freire (1997), Canário
(2013), Contreras (2012), Libâneo (2013), Paro (2000), substantiate the theoretical
framework of this work. Analyze actions taken by the management team contributing
to strengthen family involvement in school was the aim of this study. With the
specifics objectives: a) identify how the management team, in partnership with
teachers, established strategies in Collective Pedagogical Work Class (CPWC) that
could contribute to the planning and carrying out systematic meetings with family
members; b) to understand how the meetings with family members brought more
effective contributions to the improvement and qualification of its participation in
school. The universe of research was a state school for elementary and high school
in the city of Diadema, São Paulo, Brazil. In it the researcher also acts as director.
Teachers, students, family, employees support, director, deputy director and
educational coordinator correspond to individuals in the intervention-research. As
procedures for the collection of data were carried out records, discussions, readings
and reflections related to the research topic during the Collective Pedagogical Work
Classes meetings (CPWC’s) with teachers, and four meetings with the family. The
observation records were developed in a field diary, recording-audios features, video
and photography. The systematization of the data collected was based on the
contents of the records produced during the research and school documents and the
State Department of Education of São Paulo. Some results are: a) the process of
research-intervention settled the importance of in-service training in school CPWC as
essential to meet the different requirements of school management and pedagogical
practices; b) the CPWC and “Meeting with Parents and / or Guardians” are no longer
seen as mere channels of transmission reported pre-set decisions by central
agencies of the Department of Education; c) experienced up an experiment in which
the participation of members of the management, teachers, students, support staff
and family were more effective and valued. Changing the purpose of the meetings
with family members before attending only to hear negative attitudes of their children
and the “Encounters Family / School” are invited to participate in the decision-making
process of school unit announcing that you can create actions that strengthen the
participation of family in the school with a view to building a democratic management.
The school understood as a place in which everyone can teach and learn, has
become an area of intense dialogue in which training processes were being built,
along with the school community, which potentiated a better environment to live,
work, learn and make collective decisions.
Esta tesis es el marco de acciones de investigación del equipo de gestión que han
contribuido al fortalecimiento de la participación de la familia en la escuela, desde la
perspectiva de la gestión democrática. Autores como Freire (1997), Canário (2013),
Contreras (2012), Libâneo (2013), Paro (2000), corroboran el marco teórico de este
trabajo. Analizar las acciones tomadas por el equipo de gestión que contribuye a fortalecer
la participación de la familia en la escuela era el objetivo de este estudio. Con los
específicos objetivos: a) identificar cómo el equipo de gestión, en colaboración con los
maestros, con estrategias establecidas en la Clase Colectivo de Trabajo Pedagógico
(CCTP) que podrían contribuir a la planificación y realización de las reuniones sistemáticas
con los miembros de la familia; b) para entender cómo las reuniones con miembros de la
familia trajeron contribuciones más eficaces a la mejora y calificación de su participación en
la escuela. El universo de la investigación era una escuela estatal para la escuela primaria y
secundaria en la ciudad de Diadema, São Paulo, Brazil. En él, la investigadora también
actúa como directora. Los maestros, estudiantes, familiares, empleados de apoyo,
directora, subdirectora y coordinador educativo corresponden a los individuos en la
intervecion-investigativa. Como procedimentos para la recogida de datos fueran realizados
registros, discusiones, lecturas y reflexiones relacionadas con el tema de la investigación
durante las Clases Colectivas de Trabajo Pedagógico (CCTP) con maestros y en cuatro
reuniones con la familia. Los registros de observación se desarrollaron en un diario de
campo, recursos de áudio-grabación, videos y fotografía. La sistematización de los datos
recogidos se basa en el contenido de los registros producidos en los documentos de
investigación y de la escuela y el Departamento de Educación del Estado de São Paulo.
Algunos resultados son: a) el proceso de investigación-intervención se estableció la
importancia de la formación en el empleo en la escuela CCTP como esenciales para
satisfacer las diferentes necesidades de la gestión escolar y las prácticas pedagógicas; b) la
CCTP y ”Reunión con los Padres y / o Tutores“ ya no son vistos como meros canales de
transmisión de informaciones y/o decisiones pre-establecidos por las agencias centrales del
Departamento de Educación; c) vivenciaron un experimento en el que la participación de
los miembros de la dirección, profesores, estudiantes, personal de apoyo y la familia fueron
más efectivos y valorados. Cambiar el propósito de las reuniones con los miembros de la
familia antes de asistir sólo para escuchar las actitudes negativas de sus hijos y la
”Encuentros Familia / Escuela“ están invitados a participar en el proceso de toma de
decisiones de la unidad escolar anunciando que puede crear acciones que fortalezcan la
participación de familia en la escuela con el fin de construir una gestión democrática. la
escuela entendida como un lugar en el que todo el mundo puede enseñar y aprender, se
ha convertido en un área de intenso diálogo en el que se estaban construyendo los
procesos de formación, junto con la comunidad escolar, que potenció un mejor ambiente
para vivir, trabajar, aprender y tomar decisiones colectivas.
APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 13
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20
1 CONTEXTUALIZANDO O MUNICÍPIO E O BAIRRO DA ESCOLA ....................... 24
2 A ESCOLA PLÁCIDA BELOTTI NO BAIRRO PARQUE REID EM DIADEMA ....... 27
CAPÍTULO 1. AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO: O PERCURSO DA PESQUISA NA
ESCOLA PLÁCIDA BELOTTI .................................................................................. 34
CAPÍTULO 2. GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NA ESCOLA:
MEDIAÇÃO DA EQUIPE GESTORA NA ATPC ....................................................... 41
2.1 CONCEITUANDO GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NA ESCOLA .... 41
2.2 REVITALIZANDO O SIGNIFICADO DA ATPC NO COTIDIANO DA ESCOLA ... 50
2.3 FORMAÇÃO NAS ATPCS:REFLETINDO SOBRE AS PRÁTICAS ESCOLARES . 60
CAPÍTULO 3. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA: LIMITES E
POSSIBILIDADES .................................................................................................... 72
3.1 A IMPORTÂNCIA DO OLHAR DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO PARA A
PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA ............................................................... 74
3.2. OS ENCONTROS FAMÍLIA/ESCOLA: EM BUSCA DE MUDANÇAS PARA O
FORTALECIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR .............. 77
3.2.1 I Encontro Família/Escola................................................................................. 78
3.2.2 II Encontro Família/Escola................................................................................ 79
3.2.3 III Encontro Família/Escola............................................................................... 82
3.2.4 IV Encontro Família/Escola .............................................................................. 84
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 87
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 90
APÊNDICE A – I Encontro Família/Escola ............................................................. 95
APÊNDICE B – II Encontro Família/Escola ............................................................ 96
APÊNDICE C – III Encontro Família/Escola ........................................................... 97
APÊNDICE D – IV Encontro Família/Escola .......................................................... 98
APÊNDICE E – Jornal .............................................................................................. 99
APÊNDICE F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................... 103
APÊNDICE G – Termo de Consentimento ........................................................... 104
APÊNDICE H – Estrutura organizacional do ensino superior ........................... 105
ANEXO A – IPF ...................................................................................................... 106
13
APRESENTAÇÃO
para o ABC Paulista, era ela nossa cuidadora. Devido a isso, passávamos horas
ouvindo suas histórias alegres, mas, por muitas vezes, ela nos deixava com muito
medo, pois nos arremetia às brincadeiras que os negros faziam na senzala, os
cantos, as comidas, os sofrimentos, as alegrias e a busca por liberdade.
Pegávamos a cadeira de rodas e a muleta de minha avó, eu e meu irmão,
sem sabermos mesmo que se tornaria mais tarde um esporte. Aprontávamos
competindo um com o outro e nossas disputas eram acirradas; ele, às vezes, com a
cadeira de rodas e eu com as muletas. Aos finais de semana toda a família reunia-
se para o churrasco, mas antes organizávamos o que seria comprado, as músicas, a
relação e o número de pessoas que viriam compor nossa reunião tão esperada.
Meu pai, meu grande herói, o protagonista da maior parte dos meus sonhos.
Nossa maior alegria era vê-lo montar o carrinho de rolimã.
Sempre fui apaixonada por esportes, o que me levou a participar das aulas de
educação física de forma muito presente e entusiasmada, por talvez, influência de
meu pai que passou por vários times de futebol profissional e de várzea, mas não
deu continuidade por ter sido proibido pelo meu avô, que não permitiu que ele
seguisse carreira, por considerar o futebol sem futuro.
Na adolescência, tínhamos uma turma ótima onde todos se ajudavam
mutuamente. Quando alguém do nosso grupo não estava com notas boas, tínhamos
um comitê nosso de recuperação, e também uma vez por mês o rodízio de pizza era
nosso ponto de encontro. Como a maioria de nossos amigos não tinha dinheiro,
montávamos uma equipe, dividíamos a conta e cada um contribuía com o que tinha.
Quando não tínhamos o dinheiro suficiente, saíamos em mutirão no bairro, cada um
com uma função, até obtermos o dinheiro para que todos pudessem ir à pizzaria.
Também vendíamos garrafas, ajuntávamos papelão, limpávamos jardins até
arrecadarmos todo o dinheiro.
Minha entrada para o atletismo foi uma surpresa. Em uma brincadeira com
uma amiga que não gostou nada por eu ter remetido um galho de árvore cheio de
água em seu rosto, ela partiu para cima de mim em uma velocidade assustadora.
Pulei o muro, corri dela por uns 800 metros, olhei para trás e a vi, sentada,
gritando meu nome e dizendo que iria me levar para treinar em uma grande equipe
de atletismo na cidade de Santo André no ABC Paulista. Na mesma semana, fiz um
teste com as melhores corredoras de 400 metros. Ganhei a eliminatória e, assim, fui
convocada como titular para umas das competições mais importantes do circuito
15
anual de atletismo. Tive um técnico que foi o meu segundo pai, pois me ensinou
valores, como respeito ao próximo, persistência nos treinos e nos estudos. No
entanto, acabei perdendo-o muito cedo; o encontrei morto em seu apartamento após
ter sofrido um aneurisma.
Desta época, recordo-me da presença constante de minha mãe
acompanhando as lições de casa mesmo não tendo estudo, devido às idas e vindas
de seus pais e às proibições de meu pai para que ela não continuasse estudando.
Como mãe, ela me cobrava uma participação constante para que eu aprendesse a
ler e a escrever e não ficasse como eles, ou seja, sem oportunidade de estudar e
profissionalizarem-se nos e pelos bancos escolares.
Meus pais sempre valorizaram a presença, a união entre as pessoas
queridas. Adorava estar com os amigos e nossa casa vivia repleta de gente.
Tivemos uma infância formidável, adorávamos nossas primas, amigas, e nossa
brincadeira favorita era ser “professora”!
Estudei até o ensino médio em Escola Pública, mas resolvi optar por ensino
técnico. Em cada ano do ensino médio estudei em uma escola diferente, mas
sempre frequentando a diretoria ou por não concordar com as regras ou por
defender algum amigo.
Vivenciei e presenciei experiências horrorosas que me fariam hoje nem
querer sequer passar em frente a uma escola. Castigos e punições tais como a de
amigos expulsos por não se comportarem de acordo as normas da escola; cantina
que atendia apenas a alguns alunos; ter que ajoelhar-me no milho; colocar na
cabeça um chapéu enorme com formato de um triângulo após o erro de uma
atividade, como, por exemplo, algo que teríamos que decorar. Éramos colocados à
frente de toda a sala e todos riam; muitas vezes, ficávamos atrás da porta com o
nariz na parede; era comum o uso frequente de palmatórias, reguadas na cabeça,
puxões de orelhas, “bullying” (palavra tão em moda hoje em dia, mas tão presente
em meu dia-a-dia), numa escola castradora, onde nunca podia dar opiniões,
perguntar o que não havíamos entendido, pedidos quase sempre negados para
irmos ao banheiro. Fernández (1994, p. 119) escreve:
Um mundo sem direito a voz e, além de tudo, ouvindo sempre uma frase que
martelava minha cabeça durante toda minha permanência na escola pública:
“coitada, nunca vai ser nada na vida, nem sei por que vem à escola”. Nas palavras
de Paulo Freire (1987, p. 25), “[...] o opressor sentia-se legatário do conhecimento
gerando uma violência em relação ao oprimido repetindo um processo de violência
por gerações”.
Naquele tempo eu vivenciava cotidianamente uma escola com professores
sem formação adequada e suficiente, que reproduziam as suas experiências de
aluno agora no papel de professor. Pimenta e Ghedin (2008, p. 73) afirmam:
Após essas tragédias, sinto hoje que o meu maior castigo é ser protagonista
da minha própria história, presenciando os entes queridos partirem e tendo que
continuar a viver. Eles eram o maior motivo da minha existência!
Enfim, a vida seguiu em frente... Eu, já formada no curso de licenciatura plena
em educação física, continuei trabalhando como professora e como atleta na
modalidade de atletismo. No momento, sou diretora de uma escola pública estadual
em Diadema (SP).
Depois de ter feito ensino médio em escola pública, eu me interessei por
trabalhar na educação. Sempre gostei muito de trabalhar em escola, com os alunos.
Esse gostar veio comigo desde a infância. Quando criança, a figura da diretora me
marcou muito, pois, além de ela ser uma pessoa justa, séria, responsável, falava
tudo de um modo que soava como oportunidades de aprendizado para mim, a tal
ponto que ficava muito feliz, quando me encaminhavam para a diretoria para ouvir
“seus sermões”.
Fora isso, a diretora frequentava semanalmente minha casa, pois minha mãe
era sua manicure: ficava eufórica com sua chegada, pois a admirava muito, queria
ser como ela. Por adorar brincar de escola, meus pais me presentearam com uma
lousa que passou a ser o meu brinquedo favorito!
Pratiquei atletismo durante grande parte da minha vida. Minhas
especialidades eram: 100 m, 2.000 m, 400 m, revezamentos 4x100 m, 4x400 m.
Atuei em competições colegiais, nacionais e internacionais. Da adolescência ao
veterano. Em 1991, ingressei na carreira do magistério, trabalhando,
simultaneamente, em empresa privada.
No ano de 2000 ingressei como professora do ensino fundamental na rede
estadual de ensino de São Paulo e, sete anos depois, saio da empresa privada onde
18
INTRODUÇÃO
esse discurso vai sendo construído em cada mundo familial, dando-lhe uma
feição própria, mesmo que sob um só modelo.
1 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
22
Embora o ECA já tenha completado os seus vinte quatro anos, ainda nos dias
atuais continua despertando muita polêmica entre os brasileiros que têm um
entendimento de que esse instrumento legal privilegie apenas os direitos e não os
deveres, o que mostra que seria importante serem criados pelos representantes do
Estado e da sociedade civil espaços de reflexão e discussão sobre a natureza deste
estatuto, pois não se pode negar sua importância como garantidor dos direitos das
crianças e adolescentes e como orientador de muitas decisões políticas para a sua
proteção e defesa.
Se, por um lado, esses marcos legais – CF, LDB e ECA – contribuíram para o
processo de construção de uma escola democrática e de uma educação como
direito de todos com qualidade social; por outro lado, uma observação mais acurada
no interior das escolas ainda mostra poucos avanços em relação à própria gestão e
à participação da família no cotidiano escolar.
Em 2013, assumindo a direção de uma escola pública, a pesquisadora
percebeu que as relações interpessoais encontravam-se fragmentadas, com a
presença de atitudes individualistas entre os diferentes profissionais e que a
consequência era uma postura descompromissada com o processo educacional
como um todo. A indiferença em relação ao outro observado no interior da escola
estendia-se também às famílias dos alunos, contribuindo para o modelo de uma
sociedade excludente tal qual a que vivemos.
Assim, este estudo tem por objeto de investigação ações realizadas pela
equipe gestora que têm contribuído para o fortalecimento da participação da família
na escola, na perspectiva da gestão democrática.
Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho é identificar e analisar ações
realizadas pela equipe gestora que têm contribuído para fortalecer a participação da
família na escola. E os objetivos específicos são:
a) identificar como a equipe gestora, em parceria com os professores,
estabelece estratégias em ATPC que possam contribuir com o planejamento
e realização de encontros sistemáticos com os familiares.
b) compreender se os encontros realizados com os familiares trouxeram
contribuições mais efetivas para a melhoria e qualificação da sua participação
na escola.
O universo de pesquisa é uma escola estadual de ensino fundamental e
médio, localizada na cidade de Diadema (SP). Nela, a pesquisadora também atua
como diretora. São sujeitos participantes: professores, professoras, estudantes,
familiares, funcionários de apoio, vice-diretora, diretora e coordenadora pedagógica.
24
3 A escola Plácida Belotti corresponde ao nome fictício da unidade escolar, atribuído pela
pesquisadora. Os nomes dos sujeitos da pesquisa também foram substituidos por nomes fictícios.
28
Iniciou-se tentando conhecer quem era essa comunidade que fazia parte do
contexto da escola, mas se julgava à margem deste mesmo contexto. Foi realizada
uma pesquisa para conhecer melhor a comunidade escolar (alunos, professores,
coordenadores, funcionários, pais e famílias) e, de posse desses dados, foram
delineadas com mais objetividade as metas e esforços. A resistência de alguns
professores foi imediata, mas era uma etapa necessária para criar condições para
um ambiente escolar satisfatório para todos. Nas palavras de Freire (1993, p. 25),
Quadro 1 – Ação-reflexão-ação
Fonte: Elaborado pela pesquisadora com base em Tripp (2005, p. 443-446).
39
Este movimento pressupõe uma troca intensa do sujeito que aprende com a
realidade e com os sujeitos que estão envolvidos e, em consequência disso, o
diálogo, a participação, a discussão, a troca de conhecimento entre os pares são
fundamentais.
O interesse em desenvolver esta pesquisa originou-se de uma reunião com
os pais no início do ano escolar. A partir desse primeiro encontro, com as famílias
40
temos feito para que esse tipo de gestão aconteça na escola são capazes de criar
condições mobilizadoras para o trabalho coletivo, buscando fortalecer a convicção
do exercício da democracia pela via da participação de modo a não se submeter
indiscriminadamente às determinações dos órgãos centrais. Conforme afirma
Libâneo (2013, p. 118),
[...] dizer que o aluno é objeto da educação implica vê-lo muito mais do que
como simples consumidor; implica considerá-lo como verdadeiro “objeto de
trabalho”, do processo produtivo escolar, já que ele constitui a própria
realidade sobre a qual se aplica o trabalho humano, com vistas à realização
do fim educativo.
[...] no processo educativo, elas dizem respeito a valores, atitudes,
conhecimentos, tudo enfim, que se refira à apropriação do saber acumulado
pelos homens. Além disso, também o tipo de resistência que é interposta
pelo aluno no processo educativo é radicalmente diverso do que o objeto de
trabalho opõe a sua transformação no processo produtivo material.
4 No caso da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, há o Plano de Ação Participativo para
as Escolas (PAP), cuja proposta caracteriza-se de acordo com o modelo gerencialista de gestão.
Disponível em: <http://www.educacao.sp.gov.br/docs/PAP_OT_Fundamentacao_Teorica.pdf>.
Acesso em: 23 jan. 2015.
48
5 A Palestra foi proferida com base em material disponível em anexo e disponibilizado pela
professora Roberta Stangherlim, que atuou em projetos da coordenação da Educação Cidadã do
Instituto Paulo Freire (IPF) entre os anos de 2007 e 2011.
53
6 No Estado de São Paulo: institui-se o ciclo básico, a alfabetização com duração de dois anos ao
longo da primeira e segunda série do ensino fundamental.
56
7 ATPL: Aula de Trabalho Pedagógico Livre (As horas de trabalho pedagógico em local de livre
escolha pelo docente destinam-se à preparação de aulas e à avaliação de trabalhos dos alunos).
57
Professor Genildo: Olha a gente está com uma batalha difícil, mas
tem que ter em mente o que a gente precisa fazer para ser diferente,
porque não pode e não deve em hipótese nenhuma esse ano acabar
deste jeito, e criar um meio para acabar com estas faltas de
professores, que acaba atrapalhando o andamento da escola.
60
Professor Felipe: Para que possamos exigir de nosso aluno ou até mesmo
dos pais que participem ou que façam algo para nos ajudar em relação aos
filhos deles, temos também que dar a esse aluno e familiar algo diferente
que faça com que o aluno goste da escola e que este pai faça propaganda
positiva para a gente.
Diretora: Peço desculpas em nome da equipe, pois a gestão deveria ter mediado
para que não houvesse um desvio do planejado pelo grupo. Por se tratar de algo
novo, acabamos deixando por conta do grupo e não acompanhamos com o
devido cuidado, mas temos pontos importantes positivos que temos que ressaltá-
los... como por exemplo a participação de um número representativo de pais
presentes no Encontro e o resultado de um modo geral.
Professor Ivanildo: Não foi a minha intenção causar conflitos. Como passei
por e-mail algumas sugestões e não obtive respostas, fiquei com medo em
não termos o tempo hábil para a realização da palestra... Como estou
acostumado a ministrar palestras em minha igreja... e já sabia do que
tratava-se o assunto, pesquisei um material antigo e reajustei... tanto que
me prontifiquei com a direção em ficar no outro período da realização da
segunda reunião com os pais.
mais sendo ignoradas, mas, sim, sendo discutidas de maneira franca por meio do
diálogo. Nas palavras de Freire (1978, p. 91, grifos do autor):
Professor Shigueru: Acho que foi muito positivo a presença dos pais e
responsáveis, as apresentações. Espero que tudo isso possa repercutir em
toda a comunidade e que possam observar melhor nosso trabalho e
valorizá-lo.
esse encontro foi realizada a ATPC do dia 14/10/2013, com a reflexão sobre o Vídeo
de Paulo Freire, Escola Pública (ESCOLA..., 1989), que trata da construção da
proposta educacional e do trabalho coletivo na escola, e os temas que poderiam ser
pauta do encontro. Dentre eles: apresentação aos familiares do Vídeo “Escola
Cidadã”, compartilhado da Plataforma Paulo Freire, que evidencia a importância da
parceria entre a escola e família por meio dos colegiados e gestão democrática.
Esse vídeo introduziria a explicação aos pais e responsáveis sobre o significado e a
importância dos colegiados e a divulgação das eleições diretas para os colegiados
no ano de 2014; a condição dos adolescentes que estão acima do peso e que não
se utilizam de hábitos saudáveis nem na escola nem fora dela; planta da nova
escola; estágio remunerado; bolsa família; atividades culturais realizadas pela escola
com o projeto cultura e currículo (Museu Afro, Teatro, Catavento, Bienal, Sesc) com
o incentivo da Secretaria de Educação; blog da escola. Além disso, discutiu-se e foi
acatada a sugestão dos familiares para a mudança do dia dos encontros, ou seja,
que os próximos pudessem acontecer aos sábados pela manhã.
As propostas levantadas pelo grupo docente foram todas contempladas na
pauta do III Encontro, sendo que desta vez cada professor e professora ficou
responsável pelo planejamento e execução de um dos itens da pauta.
Na ATPC do dia 22/10/2013, a avaliação positiva feita pelo grupo a respeito
do III Encontro pode ser representada na fala de alguns dos professores:
Professora Val: Foi uma primeira iniciativa que tivemos por parte da
comunidade. Sabemos que estão mobilizados porque agora querem a
escola nova.
Sabemos que boa parte das situações de ensino é singular, incerta e muitas
vezes desconhecida, por isso, não basta ao professor ter uma lista de
métodos e técnicas a serem utilizados. O que ele precisa é desenvolver a
capacidade de dar respostas criativas conforme cada situação. Não precisa
tanto saber aplicar regras já estabelecidas, mas construir estratégias,
descobrir saídas, inventar procedimentos. Ou seja, o professor precisa ser
capaz de inventar suas próprias respostas.
ela. A retrospectiva das atividades foi muito gratificante, mesmo para as pessoas
que não tiveram a oportunidade de estarem nos encontros, mas puderam conferir o
trabalho realizado pela escola.
A mobilização a favor das necessidades da escola Plácida Belotti, no que diz
respeito ao processo de fortalecimento da participação dos pais na escola, por meio
das ATPCs com proposta de formação continuada construída coletivamente, fez
com que os docentes, em parceria com a equipe gestora, produzissem subsídios
para a elaboração de estratégias para alcançar o principal objetivo delineado, qual
seja: ampliar e fortalecer a participação da família na escola. Todo esse movimento
gerou condições para a promoção do aperfeiçoamento profissional dos professores
e professoras, bem como dos integrantes da equipe gestora. Constatou-se, ao longo
do percurso de quase um ano, uma nítida melhoria no trabalho diário da unidade
escolar.
A ação desenvolvida na ATPC estabeleceu “pontes” para criar condições de
interação entre a escola e a família. Na ATPC eram realizadas reflexões, discussões
e debates sobre as práticas escolares. Resoluções de problemas, estratégias,
interpretação das inquietações dos familiares, tomadas de decisões coletivas; enfim,
todos os temas que diziam respeito às questões da escola eram tratados nesse
espaço de formação continuada, considerando que o processo de diálogo era
movido pela proposta metodológica de ação-reflexão-ação, ou seja, que era
necessário partir das práticas, refletir sobre elas e retornar a elas de modo que
pudéssemos ressignificá-las. Esse trabalho mostrou que conseguimos suprir as
expectativas que tínhamos de ampliar as possibilidades de estreitar as relações
entre escola e família.
Conforme nos alerta Paro (2000, p. 71), “Refletir sobre o caráter político e/ou
administrativo das práticas que se dão no dia a dia da escola pode soar bastante
pretensioso, já que implica ter como objeto de análise praticamente tudo o que se
dá na unidade escolar”.
Antes de iniciar a proposta de inserir a ATPC no contexto da pesquisa-
intervenção desenvolvida pela diretora-pesquisadora, esse espaço era visto pelos
professores como um lugar para afazeres sem relevância pedagógica. Com o
processo de pesquisa-intervenção iniciado instalou-se a relevância da formação em
serviço na escola como essencial para atender às diferentes exigências da
educação escolar e para manter-se atualizado frente às práticas pedagógicas.
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Eu sei que meu filho não vai estudar nesta escola nova, porque ele já tem
14 anos, estudei aqui e não mudou nada, mas se quisermos mudanças é
preciso que toda comunidade corra atrás. Vamos fazer um abaixo-assinado
para tirar do papel e que seja feita a nova escola e ver o que vai ser feito
para melhorar!
seu papel”. Foi apresentado a ele o trabalho que vinha sendo realizado pela escola e
sugerido que o aluno pudesse frequentar também uma escola especializada
podendo ser mais uma ferramenta no seu processo de aprendizagem. No dia do
encontro, o pai esteve presente e deu o seguinte depoimento:
O fato de a escola ter recebido o pai e o escutado sobre as queixas que trazia
e a avaliação que fazia da escola ofereceu a oportunidade de também ser escutada,
podendo apresentar o trabalho que realizava com o aluno, reconhecendo as
limitações existentes, indicando caminhos para complementar o que poderia
promover a superação das dificuldades de aprendizagem enfrentadas. Tal postura
trouxe abertura para o diálogo e a confiança estabelecida foi crucial para que o pai
fosse até o dia do encontro e compartilhasse a experiência de escuta que vivenciou
(dias antes) na escola com os demais familiares ali presentes. Pequenos gestos
como esses demonstravam que o desejo de participação e de construção coletiva
poderia ser comum a todos.
Em outra situação, as críticas não tão positivas à escola não foram poupadas,
como no caso do depoimento de um pai participante do IV Encontro Família/Escola
na dinâmica que serviu como estratégia para levantar qual era a escola dos sonhos
daqueles e daquelas que compunham essa comunidade:
Pai do aluno Zezinho: A escola dos meus sonhos é ter mais segurança,
professores frequentes, mais lazer, ter professores que cumpram seu dever,
desta escola não posso me queixar, mas falta muito ainda para o nível que
eu gostaria para meu filho. A diretora da escola deve lutar, procurar o
governo para a escola poder ter este sonho que é meu, ver meu filho chegar
em casa e dizer o que ele aprendeu. Faço a minha parte, a escola também
tem que fazer a parte dela.
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Por outro lado, o depoimento de uma mãe valoriza o trabalho que vem sendo
feito pela escola na formação dos alunos: “Eu acho que a escola está no rumo certo,
tive um filho que foi para a faculdade e saiu daqui. Agradeço os professores” (Mãe
da aluna Victoria).
A orientadora deste trabalho de pesquisa-intervenção esteve presente neste
encontro e fez a seguinte intervenção diante de falas que tomavam a direção de
encontrar responsáveis isolados pelos caminhos trilhados pela escola,
desconsiderando os papéis a serem desempenhados por cada um e por todos os
que formam a comunidade escolar:
Orientadora: A gente precisa parar para pensar um pouco nisso, […] se não
estamos entrando nesta lógica de querer competir com o outro, culpar,
responsabilizar o outro e não olhar para aquilo que a gente pode fazer em
união. Este espaço não é um espaço que eu cobro e você responde, o lugar
é o colegiado, é o conselho de escola e APM, tem que pensar junto que
solução a gente vai dar. Será que todas as soluções estão nas mãos das
pessoas que estão na direção da escola, na coordenação da escola, ou tem
instâncias que são mais responsáveis ainda que a gente, que não
conseguimos chegar até elas e como a gente faz pra chegar até elas?
[…] as necessidades e demandas dos pais, por sua vez, são diversificadas
e instáveis. Alguns expressam aborrecimentos e percebem a escola como o
representante de uma cultura estranha e hostil. Outros veem a escola como
uma agência que irá apresentar aos seus filhos as normas para alcançarem
o sucesso […] outro grupo de pais que deseja o tipo de educação
acadêmica e tradicional. Obviamente, a complexidade de lidar com uma
clientela tão diversa é um enorme desafio.
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a vontade para interagir entre eles, com os membros da equipe gestora e com os
docentes da escola.
Enfim, o que se pretende aqui é identificar possibilidades de mudanças –
mesmo ainda carregadas de limitações, mas que foram tornando-se significativas
conquistas diante do cenário existente – no desenvolvimento de um processo
coletivo, que teve como grande aliada a formação continuada e a reflexão sobre as
práticas escolares na ATPC.
tempo para ouvir sobre o desenvolvimento de seus filhos ou até mesmo sobre qual
seria a proposta da escola. A permanência deles durante todo o tempo pode ser
considerado como uma possibilidade para a mudança, embora sendo tomada como
ponto de partida de uma longa caminhada a ser percorrida.
Ju, agente de organização: Conclui o ensino médio nesta escola; hoje sou
funcionária da escola e estou me formando no Curso de Letras para
futuramente ministrar aulas...
Mãe de aluna Mari: [...] eu sei que meu filho não vai estudar nesta escola
nova porque ele já tem 14 anos, estudei aqui e mudou algumas coisas, mas
ainda é pouco, mas se quisermos a mudança é preciso que toda a
comunidade corra atrás. Vamos fazer um abaixo-assinado para a
construção da nova escola e ver o que irá ser feito para melhorar.
O processo de participação foi sendo construído por todos os atores, que por
meio dos canais de comunicação estabelecidos nos espaços de ATPC e nos
encontros, conheciam juntos quais eram suas inquietações, seus anseios, suas
preocupações e o que realmente esperavam da escola para a educação das
crianças e jovens.
Libâneo (2013, p. 90-91) declara que
O IV Encontro teve uma pauta com muitos assuntos, dentre eles: o projeto da
planta da nova escola; informações sobre o Programa Bolsa Família; as parcerias
realizadas pela escola; informações sobre estágio remunerado; exposição sobre a
importância dos colegiados escolares e convite para candidatar-se às eleições do
Conselho de Escola de 2014; apresentação de atividades pedagógicas e culturais
realizadas durante o ano de 2013; distribuição do I Jornal da Escola.
Para iniciar o encontro realizou-se uma dinâmica de grupo denominada
“dinâmica do barbante” com um grupo de pais e o outro grupo de alunos. Para os
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dois grupos pediu-se para que respondessem a seguinte pergunta: Qual é a escola
de seus sonhos? Foi formado um semicírculo em que cada participante jogava o rolo
de barbante para aquele de sua escolha e esse respondesse.
Respostas de alguns dos alunos:
Carlinhos: A escola dos meus sonhos é ter afeto pela escola, é não ter
medo, ter uniforme para todos os alunos, professores que não faltem.
Pamela: Segurança.
Pai da aluna Vera: Eu quero reiterar o que pai falou aqui. Em matéria de
segurança nesta escola não tem nada. Já vi pessoas usando drogas ao
redor da escola, crianças brincando na quadra e gente fumando perto das
crianças. Agora vem com demagogia falar de segurança, por aqui não tem...
Aluno Carlos, do ensino médio: Bom dia, estudo no 1º ano do ensino médio.
Vi pessoas reclamando que a escola é um lixo, isso é lamentável. Gostaria que
os pais viessem aqui na escola para ver o que os seus filhos estão fazendo e
participando. Os pais só vêm aqui nas reuniões, isso não é participar, participar
é seguir os filhos, e não só na escola, também na comunidade, porque se
educar os filhos eles serão bons adultos no futuro. As pessoas ficam lá fora
usando droga, eles não foram educados adequadamente.
Vó de aluno: Estou aqui nesta escola desde que ela foi inaugurada em
1979. No nosso tempo, a gente tinha muita participação de pais não só em
reunião, na escola, comunidade, na educação do seu filho, eu vi aqui
crescer, jamais pensei que minha neta iria estudar aqui, problema na
escola, todas as escolas têm, não só aqui... É fácil falar mal da comunidade
onde mora, mas acho que o que está faltando mais no ser humano hoje em
dia é a humanização e respeito com o próximo.
Pai de um aluno: Estamos aqui para isso. A nossa visão está parada. A
escola tem que proporcionar pra nós o que vai ter de melhor.
Diretora: O pai está dizendo que tem quatro listas de abaixo-assinado para a
nova escola. Então, o processo não é de uma hora para outra. Espero que a
partir de hoje a gente já tenha os nomes das pessoas que vão nos ajudar para
fortalecer tanto o Conselho quanto a APM... Por favor, espero contar com o
apoio de vocês. E conflitos ainda bem que temos, as pessoas são diferentes....
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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124 p.
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Terra, 2001. 158 p.
______. Extensão ou Comunicação. 13. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2013.
______. Professora sim, tia não. São Paulo: Olha d’ Água, 1993. 192 p.
91
______. Diadema: Censo demográfico 2010: resultados gerais da amostra. Disponível em:
<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=351380&idtema=8
7&search=sao-paulo|diadema|censo-demografico-2010:-resultados-gerais-da-
amostra>. Acesso em 15 ago. 2014.
INSTITUTO PAULO FREIRE. Acervo Paulo Freire. São Paulo, 2011. Disponível
em: <http://www.paulofreire.org>. Acesso em: 15 ago. 2014.
PARO, V. Crítica da estrutura da escola. 17. ed. São Paulo: Cortez, 2014. 248 p.
______. Por dentro da escola pública. 3. ed. São Paulo: Xamã, 2000. 335 p.
ROMANELLI, G.; NOGUEIRA, M. A.; ZAGO, N. (Org.). Família & Escola: Novas
perspectivas de análise. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. 338 p.
SÃO PAULO (Estado). Decreto n.º 21.883, de 28/12/1983. Institui o Ciclo Básico no
ensino de 1° grau das escolas estaduais. São Paulo, 1983. Disponível em:
<http://www.jusbrasil.com.br/topicos/13012828/decreto-n-21833-de-28-de-dezembro-
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______. Portaria CENP n.º 01, de 01/05/1996. São Paulo, 1996. Disponível em:
<http://www.unimep.br/phpq/mostraacademica/anais/10mostra/5/507.pdf>. Acesso
em: 17 mar. 2014.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
APÊNDICE E – Jornal
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Atenciosamente,
___________________________________
Iara Sousa Ribeiro
Mestranda
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, Iara Sousa Ribeiro, diretora da EE Plácida Belotti e aluna do Programa de Mestrado em
Gestão e Práticas Educacionais (PROGEPE) da Universidade Nove de Julho (Uninove), sob a
orientação da Profa. Dra. Roberta Stangherlim realizo uma pesquisa a respeito do tema
“Interação Escola, família e comunidade”. Para alcançar o objetivo da pesquisa que busca
identificar e analisar as ações da gestão escolar no fortalecimento dessa interação, solicito sua
autorização para utilizar as informações registradas em encontros realizados com pais,
familiares e/ou responsáveis pelas crianças e adolescentes nela matriculados. Pois, já possuo a
autorização de funcionários, professores, coordenação e vice-direção, que concordaram em
participar em minha pesquisa de intervenção. Os dados coletados referem-se ao levantamento
feito por meio de registro em diário de campo dos Encontros realizados e à análise dos
documentos da escola.
Todos os dados coletados serão tratados de modo confidencial sendo utilizados nomes
fictícios tanto para os participantes quanto para a Unidade Escolar na redação do texto
(dissertação). Que apresentará a sistematização da pesquisa realizada.
Atenciosamente,
___________________________________
Iara Sousa Ribeiro
Mestranda
ANEXO A – IPF
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