Como Elaborar Projetos de Pesquisa_ Linguagem e Método
Como Elaborar Projetos de Pesquisa_ Linguagem e Método
Como Elaborar Projetos de Pesquisa_ Linguagem e Método
Copyright © 2007 Roberto S. Kahlmeyer-Mertens, Mario Fumanga, Claudia Benevento Toffano e Fabio Siqueira.
Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do copyright (Lei no 9.610/98).
1a edição — 2007.
Preparação de originais: Claudia Santos Gouvêa
Revisão: Aleidis de Beltran e Fatima Caroni
Capa: Estúdio Gráfico Marcia Cabral
Conversão para eBook: Freitas Bastos
A proposta deste livro é oferecer ao público acadêmico instrumentos para a elaboração de um projeto de pesquisa. O
objetivo é apresentar noções que poderão orientar o pesquisador universitário na elaboração de projetos de iniciação
científica como monografias (de graduação e de pós-graduação), dissertações e teses. Por isso trata-se de um livro
instrumental que reúne indicações úteis de seus autores, adquiridas com a prática docente acadêmica acumulada não
só em cursos e disciplinas ministradas em diversas instituições de ensino superior, como também com a experiência
obtida durante o processo de orientação de diversas monografias e dissertações, além da participação em bancas.
É essa mesma experiência que, agregada a um estudo de caso (Toffano, 2006), bem como a uma pesquisa
qualitativa (Siqueira, 2006), constata a dificuldade e a necessidade de aperfeiçoamento na crescente demanda por
elaboração de projetos de pesquisa em todos os segmentos aludidos, os quais presenciamos paralelamente ao
desenvolvimento da universidade brasileira. Assim, o trabalho visa remediar essa situação à medida que apresenta
de maneira crítica normas para a orientação do pesquisador na elaboração de seus projetos e realizações acadêmicas.
Neste livro não apresentamos matéria para aprofundamento no tema metodologia, pois com tal propósito
encontram-se diversos trabalhos que se tornaram referências clássicas por sua excelência e seu rigor conceitual.
Alguns desses títulos podem ser observados em nossas referências bibliográficas. Não nos interessa “fazer frente”
aos mesmos, porque estamos convencidos de que nossa contribuição terá mais valor se nos concentrarmos em tratar,
especificamente, do tema “projeto de pesquisa e sua elaboração”, reduzindo a parte teórica ao mínimo exigido para
uma plena contextualização deste.
Além de nosso propósito, também a linguagem deste trabalho é instrumental, buscando, sem prescindir do rigor
metodológico, obter a máxima clareza, conferindo eficácia ao escrito.
É preciso advertir que nos baseamos nas prescrições da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
órgão que propõe uma padronização também dos produtos acadêmicos. Contudo a forma dos projetos pode variar de
acordo com o órgão ou a instituição que os pedem.
O livro divide-se em duas partes: a primeira, teórica, conta, em seu primeiro capítulo, com uma rápida
contextualização do que entendemos por conceitos de metodologia, conhecimento e formas com as quais estaríamos
lidando ao redigir um projeto e ciência como conhecimento público. No segundo capítulo temos a explicação do que
é um projeto, seus propósitos e observações para as quais devemos estar atentos. A segunda parte, prática, conta, no
primeiro capítulo, com a apresentação da ideia de normatização inerente à metodologia, a conceituação da ABNT e
de seu papel; no segundo capítulo temos a linguagem em seu enfoque geral e científico; e no terceiro e último, a
formatação dos trabalhos acadêmicos e as considerações finais.
Ressaltamos que a diversidade dos exemplos de nosso texto não é produto de uma falta de cuidado na hora de se
escolher as citações. Mesmo sabendo do risco de serem interpretadas como uma dispersão que tornaria o texto
fragmentário, a opção por elas é deliberada e se justifica pelo caráter interdisciplinar do livro, o que denota o
interesse de tornar a metodologia acessível aos leitores das mais variadas áreas de conhecimento e formação.
As epígrafes que inauguram cada capítulo propõem ilustrar, de maneira sintética, a matéria ali discorrida,
buscando oferecer conteúdo para reflexões complementares concernentes aos tópicos apresentados.
PARTE I
CAPÍTULO 1
Do conhecimento científico e da
pesquisa acadêmica
Nenhuma pessoa razoável duvidará da verdade objetiva ou da probabilidade objetivamente fundamentada das teorias maravilhosas da
matemática e das ciências naturais. Aqui não há em geral margens para “opiniões”, “pareceres”, “posições particulares”. Se as houver,
apesar disto, em casos singulares, é sinal de a ciência ainda não ter chegado a constituir-se, mas encontrar-se ainda em via de constituição,
e é geralmente considerada como tal.
Husserl
Caracterização de metodologia
Metodologia científica é o estudo dos métodos de conhecer, de buscar o conhecimento. É uma forma de pensar para
se chegar à natureza de um determinado problema, seja para explicá-lo ou estudá-lo. O método científico é
entendido como o conjunto de processos orientados por uma habilidade crítica e criadora voltada para a descoberta
da verdade e para a construção da ciência hoje. A pesquisa constitui seu principal instrumento ou meio de acesso
(Cervo e Bervian, 2004).
Para Lakatos e Marconi (1991), o método caracteriza-se como uma abordagem ampla, em nível de abstração
superior aos fenômenos da natureza e da sociedade. Para tanto, método se define como um modo de proceder, seja
um fazer, um agir, um conhecer, para alcançar um fim previamente projetado. Abreviadamente: método é a ordem
dos elementos de um processo para atingir um fim (Descartes, 1999).
Segundo Dalarosa (1998), não seria correto falar em metodologia da ciência, pois não é a metodologia que tem
uma ciência, é a ciência que, ao ser construída, necessita de um método, sendo que, no quadro geral da ciência,
metodologia é uma “metaciência”, isto é, um estudo que tem por objeto a própria ciência e as técnicas específicas de
cada ciência.
Barros e Lehfeld (1986) afirmam que a metodologia não procura soluções, mas escolhe as maneiras de encontrá-
las, integrando os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes disciplinas científicas ou
filosóficas. E com relação à importância da disciplina metodologia científica, ela é baseada na apresentação e no
exame de diretrizes aptas a instrumentar o universitário no que tange a estudar e aprender. Para nós mais valem o
conhecimento e o manejo dessa instrumentação para o trabalho científico do que o conhecimento de uma série de
problemas ou o aumento de informações acumuladas sistematicamente.
Metodologia científica não é um amontoado de técnicas, embora elas devam existir, mas sim uma disciplina que
deve estar sempre em contato com e a serviço de uma proposta de conhecimento. Assim, estrutura-se, para que o
conhecimento desenvolva as funções que lhe são impostas ante as necessidades culturais e científicas.
Entre os diversos modos de conhecimento, alguns merecem ser ressaltados, tendo-os em vista na hora de elaborar
um projeto de pesquisa acadêmico.
Do conhecimento em geral
Todos sabemos o que é conhecimento. Naturalmente não por encontrarmos uma definição temática expressa em
nosso cotidiano. Certamente não temos uma explicação teórica imediata para o que seja o conhecimento, apenas
conhecemos, antes mesmo de formularmos qualquer explicação para isso. Conhecemos “coisas” todos os dias: uma
palavra nova para enriquecer nosso vocabulário, um novo sentido para uma palavra que utilizamos
corriqueiramente, um novo utensílio que facilita nossa vida prática, um recurso até então não utilizado de uma velha
ferramenta, um caminho mais curto para chegar aonde queremos... Sempre que conhecemos nos apropriamos desses
conhecimentos em prol de novos conhecimentos, sem sequer nos darmos conta disso, sem sequer teorizarmos sobre
isso. Quando conhecemos, já o fazemos de modo a lidar com as coisas que encontramos no mundo sempre de
maneira pré-temática, ou, ainda, de modo pré-teórico, antecedendo qualquer compreensão desse processo.
O conhecimento e seus modos são alvos de preocupação de muitos autores em diversas áreas do saber ao longo da
história. O filósofo Aristóteles (1990:3) talvez tenha sido um dos primeiros a propor algo substancial sobre o tema
quando afirmou: “Todos os homens têm sua gênese afim ao conhecer”. Com esta frase o autor grego expressa o
parentesco do homem com o conhecimento, fazendo com que compreendamos o conhecimento como algo próprio
de si mesmo. Utilizando inteligentemente a palavra francesa connaissance (conhecimento), grifa essa afinidade
operando uma análise das partes do termo. Para a interpretação proposta pela autora, o conhecimento seria uma
conascença (con naissance), isto é, um nascer junto. Desse modo, podemos pensar o conhecimento como o ato a
partir do qual o homem constrói a si mesmo, dando gênese a novas possibilidades de sua realização, visto que
conhece novos meios para tal, nascendo e renascendo em cada novo conhecimento apropriado e utilizando-os no
mundo, alterando e reconstruindo, com isso, suas relações com os outros homens, com as coisas desse mundo, com
sua cultura, sua sociedade, sua história. É isso que nos assegura o seguinte referente (Bunge, 1980:9):
Um mundo é dado ao homem; sua glória não é suportar ou depreciar este mundo, mas sim enriquecê-lo construindo outros universos. Ele amassa
e remodela a natureza, submetendo-a a suas próprias necessidades; constrói a sociedade e é, por sua vez, construído por ela; trata logo de
remodelar este ambiente artificial para adaptá-lo a suas próprias necessidades animais e espirituais, assim como a seus sonhos: cria o mundo dos
utensílios e o mundo da cultura. O conhecimento como atividade (...) pertence à vida social.
De posse do conhecer, a partir de um modo peculiar de lidar com esse processo, o homem passa a ter uma relação
diferenciada com seu próprio mundo, pode ele compreendê-lo, interpretá-lo, transformá-lo. Assim, os homens se
conhecem, elaboram-se ante a evidência de que, diante do conhecimento, ele próprio nunca está acabado, mas
sempre na iminência de uma nova aquisição e de um novo projeto.
Do senso comum
Os conhecimentos que adquirimos espontaneamente no cotidiano, geralmente produzidos pela interação com o
mundo, constituem um conjunto de princípios empíricos intercambiáveis no convívio com os outros. Esses são
pontos comuns capazes de estabelecer uma comunidade de princípios e conhecimentos chamados de senso comum.
O senso comum é mais do que a compreensão corriqueira geralmente expressa como o saber empírico através do
qual, por exemplo, um camponês sabe a época mais propícia para semear este ou aquele grão; se o solo está em boas
condições de plantio ou quanto tempo demora certo tipo de legume até poder ser colhido.
É o senso comum que orienta os indivíduos no mundo, ordenando seus afazeres, executando tarefas práticas com
eficiência, estabelecendo consensualmente normas de boa convivência, julgando a partir de valores prévios seus
interesses imediatos, conservando as relações que julgam proveitosas ao bem comum, agindo adequadamente em
situações específicas e até opinando sobre assuntos diversos. Os conhecimentos comuns são aqueles com que
primeiro temos contato e normalmente nos chegam de maneira não rigorosa a partir de um “eu ouvi falar”, ou de um
“dizem que é desta forma”, discurso já comum em grupos sociais primários como a família, mas que se estende
como um sistema de significação por toda a sociedade (Rodrigues, 1980).
Por isso existem várias linhas de raciocínio que pesam sobre o senso comum. Todas elas são feitas em vista de
uma compreensão de ciência. Entre elas a de que o conhecimento comum é lato, isto é, apreendido de maneira não
criteriosa; é subjetivo, dependendo de sensos prévios que cada indivíduo particularmente possuiria, o que daria ao
conhecimento caráter acidental e não objetivo; fragmentário e não planejado, consistindo em uma maneira não
metódica ou sistemática; herdado de maneira não crítica, não temática e, por isso, ingênua, podendo conter
compreensões errôneas acarretadas por conclusões induzidas pela repetição frequente de um dado. Esta última
característica faz com que o filósofo alemão Hans-Georg Gadamer (1998) aponte que o senso comum se alimente
não do verdadeiro, mas do provável.
Isso não faz do conhecimento comum algo que deveria ser desconsiderado. Afinal, é sempre dele que partimos,
mesmo quando nos encaminhamos à ciência em seu sentido mais ortodoxo. Quanto a isso o autor acrescenta:
Sensus communis significa aqui, certamente, não somente aquela capacidade universal que existe em todos os homens, mas, ao mesmo tempo, o
senso que institui comunidade. O que dá à vontade humana sua diretriz (...) não é a universalidade abstrata da razão, mas a universalidade
concreta, que representa a comunidade de um grupo, de um povo, de uma nação, do conjunto da espécie humana. O desenvolvimento deste senso
comum é, por isso, de decisiva importância para a vida.
(Gadamer, 1998:63)
Essa passagem pretende afirmar, também, que os conhecimentos relativos ao senso comum são diferentes do
conhecimento científico, mas nem por isso menos próprios à vida. Contudo as noções do senso comum são inválidas
ao fazer científico por não atenderem as requisições desse modo específico de conhecimento, diverso do senso
comum, mas não de todo isolado dele.
Do conhecimento científico
Trata-se de um modo de conhecer que exige mais do que o saber adquirido na chave de tentativa/erro/repetição,
característica do conhecimento empírico. Tendo ganhado formulação rigorosa na modernidade, ele já traz, em seu
registro de nascimento, um novo modo de apreender as coisas; não como mera ocorrência fortuita, mas a partir da
relação entre essas ocorrências (efeitos) e suas causas, bem como com as leis que as regem. Com base na exposição
de Bunge (1980), o conhecimento científico em geral pode ser inventariado em algumas de suas principais
características, como:
■ objetivo, fático — por apreender os fenômenos do mundo como objetos de conhecimento, visa determiná-los tais
como seriam de fato, independentemente de qualquer interferência externa ao interesse científico. Baseia-se em
fatos dados pela experiência, conhecidos por “empíricos”;
■ analítico — aborda os problemas delimitados em sua alçada um a um, decompondo-os em seus elementos. Assim,
a análise é a tentativa de entender a situação total de um objeto (seus mecanismos e causas de sua ocorrência) a
partir de seus termos;
■ específico — atendo-se a um tema, que determinará inclusive o modo como seu objeto seria abordado
metodologicamente;
■ claro — buscando os resultados com exatidão sem correr o risco de gerar dúvidas capazes de invalidá-lo. Nesse
intuito, a ciência visa formular suas proposições de maneira objetiva, inequívoca em seus enunciados, definindo a
maioria de seus conceitos, adequando seu discurso à explicação do seu objeto, avaliando e registrando produtos de
sua experiência e comunicando-os à comunidade científica para que sejam públicos e possam ser verificáveis;
■ distinto — já que seus resultados (obtidos a partir dos experimentos) podem ser distinguidos dos outros e dados
por variáveis;
■ universal, comunicável, público — não se pretendendo restrito apenas a um setor social ou região do planeta, ele é
público. A linguagem científica é, portanto, comunicável a quem quer que se interesse em sabê-la. Sua explicitação
tem forma essencialmente dissertativa e função informativa, e não expressiva ou prescritiva (Copi, 1981);
■ verificável — considerando que todo conhecimento científico apoia-se em um fundamento sólido capaz de
sustentar firmemente sua certeza, afirmarmos que esse é conhecimento certo, obtendo essas certezas por meio de
averiguação ou exame experimental chamado verificação, ou como o próprio termo indica em suas raízes latinas:
um fixar (ficare) o verdadeiro (verum);
■ metódico — como dito, o conhecimento científico não é adquirido com a tentativa e a repetição até o acerto, mas
consiste em um conhecimento planejado (sem errância). O método compara um conjunto finito de objetos, não
estabelecendo previamente o critério geral para reuni-los em um conjunto limitado (ao levar em conta sua
estrutura), apenas registrando os objetos encontrados que não são idênticos. Opera, dessa forma, seguindo a ordem
e as razões que a própria investigação lhe oferece;
■ sistemático — encontra-se ordenado de maneira que proposições científicas estejam atreladas a um princípio que
as fundamente. O sistema opera privilegiando uma proposição fundamental e relaciona através dele todos os
objetos; portanto, classifica e propõe relacionando um critério; neutralizando as compatibilidades ou
incompatibilidades provenientes de outros pontos (podemos distinguir método do sistema afirmando que, enquanto
no sistema o critério produz as diferenças, no método as diferenças produzem o critério);
■ legal — busca determinar supostas “leis naturais” capazes de explicar a ordem e a regularidade das ocorrências
(efeitos) do mundo e suas relações com suas causas. Move-se no âmbito dessas leis inferindo novos conhecimentos
por meio dessas;
■ explicativo — tenta explicar os princípios, processos e as leis que regulam os fenômenos objetivados. Propõe,
assim, uma descrição detalhada, procurando responder renovadamente como ocorrem certos fatos sujeitos à
investigação. Quanto a isso, Bunge (1980:30) assevera: “a história da ciência ensina que as explicações científicas
se corrigem ou descartam sem cessar”;
■ previsível — não se limita ao já apreendido na experiência, mas projeta-se em empreendimentos e realizações de
futuros conhecimentos. A previsão permitida pela ciência torna eficazes o conhecimento, o planejamento, a
administração e o controle da situação de um estado de coisas, permitindo sua eficiência no asseguramento de suas
conclusões. Constrói-se por meio de formulação de hipóteses que prenunciam uma ocorrência provável capaz de
ser validada por meio de métodos e técnicas de que a ciência dispõe (Kahlmeyer-Mertens, 2005).
Outros modos de conhecimento com paradigmas diversos ainda são possíveis de serem apontados. Contudo,
embora relevantes por suas contribuições de natureza distinta, não possuem as exigências do modelo científico. Isso
quer dizer: não são científicos, mas filosóficos e teológicos.2
Em uma definição genérica, relacionando-se ao saber, o modelo filosófico é aquele que busca, por seu turno,
determinar o estatuto dos princípios fundamentais de todo conhecimento, sendo, portanto, anterior a ele. Busca
investigar a instância primeira que sustenta as proposições da ciência, resguardando, por meio do discurso, as
condições de possibilidade de tal conhecimento. Por outro turno, o conhecimento teológico é, tal como entendido
por Comte (1978), aquele que se ocupa das coisas sobrenaturais, dado por meio da revelação beatífica ou da
reprodução dos dogmas das religiões, trafegando no plano da crença e não estando sujeito a verificação ou
comprovação.
A íntima relação entre método e ciência é ponto considerado no próximo tópico.
Metodologia e ciência
As definições dos termos ciência e metodologia são, em si mesmas, um objeto de estudo. Esse estudo, levado a
efeito pela filosofia da ciência, deve nortear o pensamento humano sobre suas próprias descobertas e representações.
Para Bunge (1980), a ciência é como um sistema de ideias estabelecidas (conhecimento científico), é como uma
atividade produtora de novas ideias (investigação científica). Gil (1999), mais próximo ao sentido cartesiano, diz
que, etimologicamente, ciência significa conhecimento, sendo o seu objetivo fundamental a veracidade dos fatos,
visando formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada, as leis que regem os fenômenos.
Podemos afirmar que a ciência é o conhecimento resultante do processo de elaboração do conhecimento
científico. É científico porque, para tanto, necessita-se que seja um modo de conhecimento que inclua, em qualquer
forma ou medida, uma garantia da própria validade (Abbagnano, apud Dalarosa, 1998:136).
A ciência envolve mais do que a mera catalogação de fatos e descobertas através de tentativa e erro, de maneiras
de proceder, de como funcionam os fenômenos. O que é crucial na verdadeira ciência é o fato de envolver a
descoberta de princípios dos fenômenos naturais.
Tal prática investigativa é normalmente metódica ou de acordo com o método científico. É um processo de avaliar
o conhecimento empírico. Bunge (1980) ainda afirma que o conhecimento científico é fático e seus enunciados
confirmam o que chamamos, usualmente, de dados empíricos, que na ciência fática podem induzir a considerar o
mundo inesgotável. A ciência fática (material) verifica as hipóteses levantadas sobre seus objetos (ou seja, confirma
ou não hipóteses em sua maioria provisórias, quer dizer, necessita de uma refutação).
A ciência, então, seria o conhecimento ou um sistema de conhecimento que abarca verdades gerais ou a operação
de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico. Caracteriza-se como “conhecimento
racional, sistemático, exato, verificável e, em consequência, falseável” (Bunge, 1980) e, fundamentalmente, tem
quatro objetivos: analisar, explicar, prever e atuar.
A ciência produz modelos que nos permitem fazer predições mais úteis e tenta descrever o que é, mas evita
determinar o que é (o que é impossível por questões práticas). Ela é uma ferramenta útil, é um corpo crescente de
entendimento que nos permite postular mais eficazmente o que está ao nosso redor e melhor adaptar e se
desenvolver como um todo social, assim como independentemente. As áreas da ciência podem ser classificadas em
duas grandes dimensões:
■ pura (o desenvolvimento de teorias) versus aplicada (a aplicação de teorias às necessidades humanas);
■ natural (o estudo do mundo natural) versus social (o estudo do comportamento humano e da sociedade).
Para Bunge (1980), há a separação das ciências: ciência da natureza e ciência do espírito; ambas não céticas, não
falíveis. A falibilidade é uma forma negativa de indicar a sua capacidade de acertar. A ciência, quando erra, tem nos
seus próprios métodos a correção. Logo, nenhuma outra direção pode ser menos cética e, ao mesmo tempo, mais
vigilante. A generalização do espírito científico em todos os aspectos da vida tem sido o mais seguro penhor do
progresso científico e social do homem.
Podemos observar que a ciência está fundamentalmente relacionada à metodologia. A preocupação central é
proporcionar um conteúdo de conhecimentos que possam ser tomados como certos e verificáveis. Assim, esse
sistema de enunciados elaborados racionalmente, fundamentados na experiência empírica e passíveis de
falseabilidade através de experiências é o que denominamos ciência.
Durante muito tempo houve a ideia de que uma tese só era científica se fosse baseada em fatos ao invés de
opiniões. Isso foi depois substituído pela ideia de que uma tese, para ser científica, tinha de ser provável. Tal
critério, por sua vez, foi derrubado pelo princípio da “falseabilidade” do filósofo Popper (1902-94). Em seu livro A
lógica da descoberta científica (1959), Popper afirma que a ciência se desenvolve a partir de revoluções constantes,
renovando-se permanentemente, e o critério de falseabilidade está associado à ideia de movimentação e rupturas de
teorias e modelos científicos, que têm como princípio básico a ideia de validade. A ideia é a de que a ciência ou o
conhecimento científico se desenvolve a partir da busca e da tentativa de encontrar lacunas para falsear uma teoria.
Essa distinção procura estabelecer características metodológicas que devem ser dadas a cada tipo de ciência, de
acordo com a natureza dos objetos sob sua responsabilidade e com os experimentos que podem ser aplicados para
validação e refutação das teorias acerca desses fenômenos. Porém a própria classificação é uma proposta para as
ciências estabelecidas na atualidade, significando que outras propostas e abordagens poderão surgir.
Logo, a ciência é autoquestionável, sofre críticas, mas visa exibir seus avanços, exige resultados reproduzíveis,
busca, estuda, procura evidências, fatos, experimentos, confia na testagem e no pensamento analítico, mantém-se
alerta em relação a falhas ou erros para corrigi-los — uma sequência que se mantém permanente de acréscimos de
conhecimentos racionais e verificáveis da realidade. Sobre o método científico, Popper (1959:75) alude:
Começo, regra geral, as minhas lições sobre Método Científico dizendo aos meus alunos que o método científico não existe. Acrescento que tenho
obrigação de saber isso, tendo eu sido, durante algum tempo, pelo menos, o único professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britânica.[...] Tendo, então, explicado aos meus alunos que não há essa coisa que seria o método científico, apresso-me a começar o meu discurso,
e ficamos ocupadíssimos. Pois um ano mal chega para roçar a superfície mesmo de um assunto inexistente.
O método científico é uma forma de conhecimento que está levando a ciência a uma validez que reflete
claramente os acontecimentos da Idade Moderna, apresentados por transformações conceituais e mudanças técnico-
científicas. Logo, a metodologia científica se propõe a definir regras e procedimentos que darão segurança e
validade ao exercício de conhecer tendo a pesquisa presente nesse processo.
Metodologia e pesquisa
Um dos aspectos mais característicos do ser humano, e que de certa forma o distingue dos demais seres vivos, é sua
inquietação no que se refere a sua existência, origem, destino e relação com seus semelhantes e o meio ambiente.
Por meio de suas dúvidas e incertezas, o homem procura caminhos para o desvendamento delas, buscando na
pesquisa as respostas (Aristóteles, 1990). No que se refere à pesquisa, podemos dizer que é um modo programado de
o homem aprender. É exatamente no pesquisar, ao procurar respostas para suas indagações, e no questionar que o
homem desenvolve o seu processo de diálogo crítico com a realidade.
A pesquisa faz parte do processo educativo. O pesquisador só tem oportunidade de fazê-la à medida que
compreende e domina uma série de técnicas e de conhecimento. Sua edificação e seu aprimoramento são conquistas
que o pesquisador obtém ao longo de seus estudos, da realização de investigações e da elaboração de trabalhos
acadêmicos. Cervo e Bervian (2004) afirmam que a pesquisa está voltada para as soluções de problemas teóricos ou
práticos através do ato de conhecer pela ciência. Eles partem da dúvida de um problema e, com o uso do método
científico, buscam uma resposta ou solução; porém não é a única forma de obtenção de conhecimentos e
descobertas.
Muito mais que uma simples definição, o exposto permite observar alguns conceitos fundamentais para uma plena
compreensão da prática da pesquisa. Como forma de adquirir conhecimento, a pesquisa distingue-se pelo método,
pelas técnicas, pela forma de comunicar os resultados obtidos e por estar voltada para a realidade empírica. Gil
(1999) entende por pesquisa o processo formal e sistemático em busca de respostas para problemas mediante o
emprego do método científico que se desenvolve. Assim, a pesquisa significa muito mais do que apenas procurar a
verdade, é descobrir respostas para perguntas ou soluções válidas para os problemas levantados pelo emprego de
métodos científicos.
Para Kerlinger (1980), a pesquisa metodológica é parte integrante e significativa de toda a atividade científica. As
pesquisas devem contribuir para a formação de consciência crítica ou espírito científico do pesquisador. O estudante,
apoiando-se em observações, análises, deduções e numa reflexão crítica, vai, paulatinamente, formando o seu
espírito científico crítico, o qual não é inato.
De uma forma muito simples, poderíamos dizer que pesquisa é todo conjunto de ações que visa encontrar solução
para um problema proposto usando processos científicos. É isso que Richardson (1999:15) nos permite afirmar:
A única maneira de aprender a pesquisar é fazendo uma pesquisa. Outros meios, porém, podem ajudar. (...) exemplos concretos de história do
êxito e fracasso, frustrações e satisfações, dúvidas e confusões, que formam parte do processo de pesquisa, produzem uma impressão bastante
diferente daquela que surge da leitura de um relatório final de pesquisa. (...) as destrezas para resolver dificuldades rotineiras — tais como
procurar bibliografia relevante ao problema pesquisado, transformar uma ideia em um problema de pesquisa, escrever um projeto e relatório final
(...) a experiência lhe permitirá enfrentar as dificuldades e obter produtos adequados.
Pela dimensão empírica das pesquisas chegamos a um entendimento mais aprofundado das coisas e a um
conhecimento daquilo que se propõe. E esse conhecimento seria a relação que se estabelece entre sujeito que
conhece ou deseja conhecer e o objeto em pauta ou que se dá a conhecer. Com a necessidade de explicitar a
complexidade do real, onde se dá esse conhecimento, Hühne (1990:36) acrescenta que “o conhecimento como
elaboração só tem sentido no momento mesmo da elaboração, do ato criador que o produz”. Neste sentido é que vêm
o ato de pesquisar e o pesquisador.
Mas quem é o pesquisador? O pesquisador é aquele que deve enfatizar a relevância da pesquisa e a concordância
da necessidade de se desenvolver uma atitude autocrítica em relação às próprias pesquisas. Ele deve estar sempre
examinando o seu ponto de vista pela veracidade ou falsidade dos fatos, reorganizando o conceito do saber,
formando uma nova visão que permita reconhecer a incerteza, a falta de clareza, a relatividade, a instrumentalização
e a ambiguidade do conceito “verdade científica”.
Mas, e o pesquisador iniciante, como deve proceder? Para os iniciantes em pesquisa, a ênfase na preocupação da
aplicação do método científico deve ser mais relevante do que propriamente a ênfase nos resultados obtidos, pois a
pesquisa é um esforço dirigido para a aquisição de um determinado conhecimento. O objetivo dos principiantes deve
ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer as fases do método científico e à operacionalização de técnicas de
investigação. À medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos científicos,
torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas.
Kerlinger (1980) afirma que, se a pesquisa influencia a prática, podemos dizer que a metodologia influencia
fortemente a pesquisa. Nas universidades, a metodologia é utilizada apenas como ferramenta científica, porque há
excessiva preocupação com a técnica. Para Kaplan (apud Hühne, 1990), a metodologia toma a prática científica
como ponto de partida, e, se é considerada razoável, propaga a aceitação de hipóteses insatisfatórias e gera o
conformismo, sendo de importância insistir no caráter normativo do método científico.
Assim, a relevância da pesquisa está na capacidade de fazer avançar o conhecimento científico. O papel da
introdução à pesquisa na universidade é levar o acadêmico ao pensamento lógico e à busca de respostas para os
problemas.
É importante salientar como metodologia e universidade se encontram hoje com relação à pesquisa e ao
conhecimento. Nós podemos fazer o conhecimento, usá-lo, posicionarmo-nos diante dele. Mas para que serve a
metodologia na universidade, qual o seu propósito?
Metodologia e universidade
Não temos a pretensão de abordar esse tema largamente. Sua extensão nos cobraria mais do que devemos dar nesta
parte do trabalho, efetuando um desvio dos propósitos que nos são urgentes: expor a metodologia e sua aplicação no
ambiente que lhe é próprio e esclarecer o público que tem a necessidade imediata de elaboração de um projeto de
pesquisa. Neste tópico, o intuito é mostrar como o conhecimento científico produzido pela pesquisa e amparado pela
metodologia se reflete no saber acadêmico. Tal temática se fomenta com a seguinte assertiva de Bornheim
(1992:38):
Na pesquisa reside o sustentáculo maior que dá vida e razão de ser a uma Universidade. De fato, não basta estabelecer uma hierarquia entre a
pesquisa, a formação de profissionais e todo o mais que possa ser de iniciativa das Universidades. Por essencial e impostergável que seja a
formação de profissionais, por mais zelo, contra até mesmo os imperativos da urgência em garantir os mais elevados níveis de competência, tudo
deve ser feito assentado no espírito da pesquisa. Pois só esse espírito consegue impregnar a transmissão de técnicas e conhecimentos de forma
criativa e fazer da criatividade o solo em que se desenvolve a educação universitária em sua plenitude. Uma Universidade destituída de emulações
criativas limita-se à condição de mera repetidora do que é elaborado em outros centros.
Como um projeto moderno, e mesmo em suas heranças medievais, a universidade é uma instituição
comprometida com a formação do indivíduo, bem como da sociedade e da humanidade. A produção de saber na
universidade, elaborada por meio da pesquisa, é contribuição que não se restringe a um nicho; antes, pretende-se
saber público e universal. Como tal, a pesquisa é prática intrínseca e característica de qualquer instituição que a
pretenda.
Por constituir saber público, o conhecimento científico produzido no espaço acadêmico deve possuir padrões que
uniformizem os métodos e as técnicas de sua elaboração, experimentação e publicação.
A metodologia auxilia e orienta o universitário no processo de investigação para tomar decisões oportunas na
busca do saber e na formação do estado de espírito crítico e hábitos correspondentes necessários ao processo de
investigação científica. O uso de processos metodológicos permitirá ao estudante o desenvolvimento de seu
raciocínio lógico e de sua criatividade (Cervo e Bervian, 2004). Dito isso, parece que fica claro que metodologia
científica não é um simples conteúdo a ser decorado pelos discentes para ser verificado num dia de prova. Trata-se
de fornecer aos discentes um instrumental indispensável para que sejam capazes de atingir os objetivos da academia,
que são o estudo e a pesquisa em qualquer área.
Um curso de metodologia científica deve, assim, propor-se a desenvolver a capacidade de observar, selecionar e
organizar cientificamente os fatos da realidade. Diante dessa temática, Richardson (1999:259) afirma que a
observação:
Sob algum aspecto, é imprescindível em qualquer processo de pesquisa científica, pois ela tanto pode conjugar-se a outras técnicas de coletas de
dados como pode ser empregada de forma independente ou exclusiva.
Com essa afirmativa estamos voltados a capacitar o estudante, por meio de reflexões, práticas e reflexões sobre
essas mesmas práticas, a uma análise do conhecimento e do seu processo de produção. Considerando-se a
universidade o centro do saber, uma instituição preocupada com o ensino, com o rigor da aprendizagem e com o
progresso da ciência, ela terá na metodologia um valioso ajudante quanto ao desenvolvimento de habilidades e
competências do universitário. Essa disciplina vem, portanto, fornecer os pressupostos do trabalho científico, ou
seja, normas técnicas e métodos reconhecidos pelo uso entre cientistas, referentes ao planejamento da investigação
científica, à estrutura e à aplicação, apresentação e comunicação dos seus resultados.
Nos estudos de Richardson (1999), a pesquisa e seu objetivo imediato são a aquisição de conhecimento; é como
uma ferramenta para adquirir conhecimento, logo, aprendendo a pensar, a pesquisar e formando o seu espírito
científico, o universitário estará obtendo conhecimentos novos e, ao mesmo tempo, sendo ativo e participante da
tarefa de transformação da realidade.
Assim, Kahlmeyer-Mertens e colaboradores (2005:4) nos asseguram que o “uso da metodologia e do conjunto
metódico que a integra é essencial ao fazer da universidade recorrente e necessária em todo momento”. Também a
formação profissional competente está diretamente relacionada ao crédito dado ao estudo e à elaboração de um
projeto de estudo.
Considerando os diversos graus de originalidade, criatividade e profundidade, há diferentes níveis e,
consequentemente, diferentes tipos de trabalhos científicos ou acadêmicos, tanto na graduação quanto na pós-
graduação. Os primeiros, basicamente recapitulativos e bibliográficos, são mais realizados na graduação e os
últimos, estudos mais originais, são exigências da pós-graduação. Mas em todos eles se exigem qualidade,
organização, rigor, observação e respeito às normas técnicas conferidos pelo método (Salvador, 1982).
Nessa perspectiva, em que a pesquisa científica é a ferramenta e o instrumento de refinamento e lapidação das
potencialidades do acadêmico, nada mais coerente do que aprender a pesquisar fazendo pesquisa. É importante o
iniciante ter em mente que não existe fórmula para soluções de problemas, e muito menos ciência sem problemas.
“Precisa-se ter conhecimento da realidade, algumas noções básicas de metodologia e técnicas de pesquisa, seriedade
e, sobretudo, trabalho em equipe e consciência social” (Richardson, 1999:15). Mas para o sucesso ou frustração de
qualquer trabalho científico, o acadêmico, independentemente da sua área de conhecimento, precisa entender que
nada se faz ao acaso e todo processo científico começa com a escolha do tema, do objeto de estudo, de sua
delimitação. Provocar problema e montar sua pesquisa.
Desse modo, a pesquisa, o espírito científico, a universidade e aquilo que nosso autor chamou de “emulações
criativas” ocorrem mediados pela metodologia. Isso confirma e justifica sua presença e necessidade na hora de
elaborar trabalhos científicos como veículos de conhecimentos gerados por pesquisas acadêmicas.
1 A ABNT diz sobre trabalhos acadêmicos, na NBR 14724:2005, que são similares como: trabalho de conclusão de curso (TCC), trabalho de graduação
interdisciplinar (TGI), trabalho de conclusão de curso de especialização ou aperfeiçoamento e outros; assim, determinadas instituições adotam outros tipos
de nomenclatura quanto a trabalhos finais ou de conclusão de curso.
2 Diante das requisições de nossa tarefa, só os abordaremos de maneira breve, sem maiores aprofundamentos.
CAPÍTULO 2
O projeto de pesquisa e seus tópicos
O método ensina a seguir a verdadeira ordem e enumerar exatamente todas as circunstâncias daquilo que se procura, contém tudo o que
confere certeza às regras (...). Mas o que me satisfazia neste método era que por ele eu estava certo de usar em tudo minha razão, senão
perfeitamente, ao menos o melhor que se achava ao meu alcance; além do que, ao praticá-lo, sentia que o meu espírito se acostumava pouco
a pouco a conceber mais clara e distintamente os seus objetos; e que, não o tendo sujeitado a matéria nenhuma em particular, prometia a
mim mesmo aplicá-lo tão utilmente às dificuldades das demais ciências (...).
Descartes
O que é um projeto?
O projeto não é o trabalho monográfico. É tão somente um plano de estudos, instrumento no qual o pesquisador
esboça um experimento antes mesmo de pôr em experiência a pesquisa. No projeto é hora de planejar, de traçar o
caminho mais eficiente até o objetivo que se pretende alcançar; mais ainda, de definir que objetivo é este. Assim, o
projeto é o instrumento por meio do qual o pesquisador adquire clareza quanto ao que ele quer com sua pesquisa e
ao curso que ela pode tomar. Mas não é só isso, lembremos que a redação de um projeto não só está ligada à “planta
de um edifício de conhecimento”, mas também às condições de execução desta obra.
Explicaremos: geralmente um projeto é escrito para planejar uma pesquisa, a qual pretende ser executada. Em se
tratando da pesquisa acadêmica, é também uma proposta de pesquisa que está sempre sujeita a uma avaliação e, por
conseguinte, à aprovação ou reprovação.
Lembremos que é por meio de um projeto que ingressamos em cursos de pós-graduação stricto sensu, como
mestrados ou doutorados, e que é pela leitura desse plano de estudos que os avaliadores da banca de seleção julgam
se possui viabilidade, se é exequível. Isso significa: o avaliador decidirá se merece investir na pesquisa daquele que
se candidata; vai decidir se aquela proposta merece o crédito e o investimento de alguns anos para sua realização, a
qual não é só temporal, mas também, em certos casos, financeira, considerando que envolve o ônus de bolsas e
outros recursos materiais por parte da instituição que acolhe a pesquisa.
Com isso queremos grifar que o projeto é também um documento público e que o leitor desse documento é,
potencialmente, um avaliador. Então, não está em jogo o fato de o autor do projeto possuir uma ideia original ou um
talento literário inconfundível, mas sim, se tal proposta de pesquisa pode ser realizada e levada a cabo ao final do
tempo hábil previsto. Assim, a aceitação do projeto não é uma premiação dada a um conjunto de ideias expostas na
forma de texto, mas o crédito a uma proposta de pesquisa e à capacidade técnico-acadêmica do pesquisador, que
deverá quitar essa dívida ao final do processo, ao escrever a monografia. Para tanto é preciso que o projeto seja bem-
construído, e isso quer dizer que não só na linguagem, que deverá ser objetiva, mas nos argumentos que apontam o
encaminhamento da pesquisa.
O projeto não traz respostas. Não se encontrarão, nesse documento, os saldos finais ou conclusões. É um jogar-se
para frente. Assim, não basta trazer material bibliográfico e conhecimentos adquiridos com ele, é preciso lançar-se
na sua exploração, fixar um tema, delimitar um problema, contextualizar tal problema, problematizar por meio de
argumentos tal contextualização com base em bibliografia, traçar metas, objetivos e hipóteses. Esses momentos,
mais que declarar o caráter dinâmico do projetar, constituem os diversos tópicos integrantes do projeto como
documento acadêmico.
Embora formado por diversos tópicos, o projeto não constitui um bricollage, isto é, um somatório de partes
estanques sem correspondência com as outras. Um bom projeto tem “organicidade”, o que significa que cada tópico
possui uma função e características próprias, mas faz sempre referência ao todo. Cada item possui também certa
autonomia, devendo ter início, meio e fim (ou introdução, desenvolvimento e conclusão); contando, também, com a
ideia total em seu interior, ou seja, como parte, cada tópico contém todo o projeto.
O tema de pesquisa
Podemos pensar o tema como o assunto a ser tratado. Tema é sobre o que se fala; é aquilo com o que nos
ocuparemos no projeto, no curso da pesquisa e na monografia (que pode ser encarada como o registro teórico dos
saldos da pesquisa).
Entretanto existem restrições quanto à associação entre os termos assunto e tema. Do modo com que tratamos,
assunto pode significar diversidades. Qualquer ocorrência fortuita constitui um assunto, daí podermos falar do
assunto futebol, comentando o jogo da semana passada, ou sobre política, criticando a morosidade das votações do
Congresso.
Em nosso texto, convencionamos chamar tema tudo aquilo que pode ser tratado em um universo capaz de ser
abordado pontualmente por uma pesquisa, ou seja, por um viés investigativo. Nesses termos, o futebol pode
constituir tema de pesquisa se abordado desde um enfoque que visa tratá-lo cientificamente; do mesmo modo, a
política. Isso significa que, ao invés de tratarmos tais temas como meros assuntos de conversação casual, teríamos
ambos observados a partir de uma formulação objetiva, como veremos.
A escolha do tema não fica ao sabor do acaso ou, somente, do arbítrio do pesquisador. Não se escolhe um tema
puramente por “gostar-se” dele; critérios hão de ser estabelecidos.
■ A afinidade do pesquisador com o tema: naturalmente, ninguém trataria de um tema com o qual não possui
afinidade ou mesmo gosto. Esses fatores devem ser considerados na hora de sua escolha; é preciso lembrar que é
com o tema que o pesquisador passará diversas horas de seu dia e, mesmo, meses e anos; e, caso não lhe seja
agradável ou, no mínimo, interessante, a pesquisa pode ser tornar um exercício de provação. Contudo a afinidade
não é suficiente para dar a “medida” que determinará tal tema.
■ Valor para o pesquisador: a escolha do tema de pesquisa deve contar com a importância que o pesquisador lhe dá,
qual o papel que ele representa em sua vida acadêmica e como se relaciona com sua vida profissional. A
experiência profissional do pesquisador deve ser considerada na hora de tal escolha, pois pode ser de grande valia.
Podemos dizer que deve mesmo haver um comprometimento existencial do pesquisador com sua pesquisa.
■ Relevância teórica, social e prática: falar do envolvimento do pesquisador com seu objeto (aquilo que é abordado
no tema) não significa afirmar que a realização de uma pesquisa sobre um tema é algo de foro íntimo e pessoal. Ela
não se restringe ao domínio do privado, pois uma pesquisa acadêmica (e seu interesse científico) é pública, tendo
legitimidade apenas se contemplar a esfera pública desse saber acadêmico. Por isso é preciso se perguntar se o
tema tratado traz alguma contribuição, ainda que modesta, à comunidade acadêmica. Por exemplo: não há
relevância acadêmica em uma pesquisa arquivológica que busque tratar do arquivo morto de uma escola particular
de ensino fundamental que começou suas atividades recentemente. Um empreendimento de pesquisa dessa
natureza passa a ter relevância acadêmica e social quando se ocupa do acervo de um arquivo público pertencente a
uma instituição que já possua uma história, sendo os saldos dessa pesquisa uma contribuição não só a um pequeno
grupo, mas à comunidade científica ou à sociedade em geral. Parras Filho e Santos (2002:25), ao abordarem tal
situação, afirmam: “É importante que o futuro pesquisador seja bastante criterioso quanto à escolha do tema,
porque o sucesso do seu trabalho depende da importância atribuída ao tema pelos vários segmentos da sociedade”.
Podemos notar que o tema da pesquisa deve apresentar relevância não só para o autor do trabalho, mas também
para a sociedade e a comunidade científicas. Roesch (1999:34-35) ainda nos diz: “A escolha do tema é talvez uma
das etapas mais difíceis para a maioria dos alunos. (...) Escolher um tema e elaborar um projeto requerem
maturidade e responsabilidade pela decisão”.
■ Tempo hábil para execução da pesquisa: é preciso calcular se a pesquisa que se projeta tem adequação à
disponibilidade de tempo oferecida pelos órgãos que a acolhem e fomentam. Uma má escolha do tema, seguida de
uma má delimitação do mesmo, pode não caber nos prazos estipulados previamente, o que poderia comprometer a
sua execução. Em relação aos temas propostos pelo estudante, alguns questionamentos devem ser feitos. Quando
se fala em literatura ou em história de hoje, automaticamente o leitor é remetido a pensar num trabalho de pesquisa
minucioso que aborde um estudo exploratório sobre a literatura desde o seu início. Questiona-se: será que o autor
encontrará material primário ou secundário para executar a pesquisa? Ele disporá de tempo suficiente para a
realização de um estudo tão profundo e extenso? São respostas precisas para essas e outras questões que o aluno
(pesquisador) deve ter ao escolher um tema para pesquisar.
■ Disponibilidade de recursos materiais e financeiros: do mesmo modo que o tempo deve ser considerado na escolha
do tema (sob pena de, caso contrário, oferecer limitações e, mesmo, embargo à futura condução da pesquisa), a
opção pelo tema do projeto deve antever a disponibilidade de recursos financeiros para a sua elaboração. Neste
caso, deve ser contabilizada a verba que se tem para aquisição de livros, eventuais gastos com gráfica, serviços de
revisão de textos, pesquisa de campo e viagens (Cervo e Bervian, 2004).
■ Existência e disponibilidade de fontes de pesquisa bibliográfica: por mais que a pesquisa tenha vocação empírica,
é preciso que ela se baseie em bibliografia. O levantamento bibliográfico é etapa indispensável à execução do
projeto de pesquisa (Severino, 1995), pois, sem fontes bibliográficas capazes de sustentar os argumentos em bases
teóricas sólidas, nenhuma pesquisa procede. É preciso observar se existem, acerca do tema de que se pretende
tratar, títulos disponíveis e suficientes para sustentar as investigações e dar estofo aos argumentos do projeto e,
consequentemente, ao texto que constituirá seu produto final (texto monográfico).
■ Afinidade entre pesquisador e orientador: após a escolha do tema é hora de escolher quem vai orientá-lo no seu
estudo. A escolha geralmente é feita pela área de atuação profissional do orientador, e um fator importante é a
afinidade com o mesmo. Porém às vezes a opção é feita pela afinidade do professor com a disciplina por ele
ministrada, o que pode ou não ter alguns inconvenientes ao longo da pesquisa. Segundo Eco (1995), uma boa tese
deve ser discutida, dentro do possível, passo a passo com o orientador, porque escrever uma tese é como escrever
um livro e, para a escolha do mesmo, o estudante já deve ter entrado em contato com ele, ou, pelo menos, ouvido
falar ou ter lido seus livros. No mais, entram fatores imponderáveis de estima e confiança.
As assertivas dos autores devem constituir regras básicas no momento da escolha de um tema. O pesquisador, de
posse de tais informações, pode, agora, preocupar-se em fazê-las reais e práticas e aplicá-las em sua pesquisa.
A autora afirma, ainda, que é normal encontrar alunos no final do curso que sequer pensaram no que pretendem
escrever em seu trabalho de conclusão. Pois bem, é notório que os autores concordam no tocante à responsabilidade
e à importância que devem ser destinadas ao tema, ou à escolha do mesmo, no trabalho de pesquisa. A falta desse
tratamento responsável faz com que, em muitas ocasiões, alunos desistam do trabalho ou resolvam mudar o seu tema
sem ainda terem chegado à metade dele. É claro que muitos outros elementos nocivos são encontrados no ato da
desistência.
Quando se fala em definição e apresentação de um tema para a discussão científica, é notória a percepção de que,
por mais que o aluno pense e se esforce em apresentar algo que resuma ou diga tão somente o que ele enseja, isso
não é tarefa fácil, tendo em vista ser o tema monográfico algo abrangente e genérico. Por isso há a necessidade de se
delimitar aquilo que será falado, para que não surja como algo solto ou de difícil desenvolvimento por parte do
pesquisador e entendimento por parte do leitor.
Mas na verdade não se sabe se por falta de orientação ou experiência o estudante, ao apresentar o tema para a sua
pesquisa, num primeiro momento tende a declinar algo que revela uma grandeza imensurável de coisas.
Durante o processo de orientação para a realização do TCC, é normal encontrar alunos que iniciam os seus
trabalhos e, num dado momento, em que parece que haverá desenvolvimento pleno, mesmo em meio às
dificuldades, travam-se e não conseguem prosseguir. Os argumentos apresentados não são refutáveis e, muitas
vezes, o aluno não mostra o mínimo conhecimento sobre o que está escrevendo e prazer no que faz.
Não é difícil percebermos que em muitas oportunidades a raiz do problema consiste na má escolha do tema de
pesquisa. Se o aluno ou o professor percebe tal anomalia no início do processo de orientação, com um pouco de
dedicação de ambas as partes, não é difícil tratá-la. É possível que se tenha um novo tema e que, consequentemente,
seja desenvolvido um trabalho mais harmonioso e prazeroso para ambos. Por outro lado, quanto mais tarde for
descoberta a problemática, a “pequena anomalia” pode se transformar num doloroso “câncer” e, certamente, mais
doloroso será o seu tratamento e mais complicado o encontro de uma solução convincente.
A dificuldade no achado de um tema que apresente relevância para o pesquisador, para o pesquisado e para a
sociedade talvez esteja associada ao momento da escolha do mesmo.
Parras Filho e Santos (2002:60) nos afirmam que:
O tema nada mais é do que o assunto, ou seja, o objeto da pesquisa. Ele pode ser detectado a partir de uma necessidade individual ou externa —
da curiosidade do pesquisador ou do coordenador da pesquisa, dos desafios da teoria ou das propostas de outros trabalhos científicos.
Muitas vezes o aluno percorre parte de sua jornada estudantil sem se preocupar com o que irá pesquisar ao final
do curso, sempre acreditando ser cedo demais e que no fim “tudo dará certo”. Como garante Eco (1995), quanto
mais cedo forem escolhidos os temas de pesquisa, maior será a probabilidade de realização de um trabalho benfeito.
A formulação do problema
Assim como a descrição de um tema, sua delimitação, a explicitação de um objetivo, seja ele real ou específico, a
formulação do problema é imprescindível à pesquisa. De maneira geral, o problema é apresentado sempre como um
questionamento que envolve o tema da pesquisa. O mesmo deve ter as seguintes características: clareza,
objetividade, concisão e especificidade, evitando, assim, formulações genéricas que lembrem um questionário
qualquer, em que não se consiga um desenvolvimento mais profundo. Vejamos:
■ tema — impacto socioambiental;
■ problema — qual o impacto socioambiental que sofrerá o Vale de Javé após a inundação pelas águas da represa?3
A formulação de um problema de pesquisa é algo mais que a elaboração de qualquer pergunta. Exige uma
compreensão satisfatória do tema para uma interpretação crítica. Espera-se que a formulação do problema seja o
enunciado de um interesse fomentado pela observação da realidade e de sua complexidade.
Na verdade, o que a figura 2 está nos mostrando é que, num universo amplo, complexo e abrangente como o
impacto socioambiental, fica mais simples a realização do trabalho quando conseguimos segmentar esse tema em
várias áreas específicas, e aí, sim, dentro da escolha de maior interesse realizarmos a pesquisa.
Resumindo, o problema é que definirá o raio de atuação da pesquisa. Quer dizer, o problema delimitará o universo
conceitual. Delimitar, bem como definir e, ainda, determinar são palavras que devem ser entendidas literalmente
quando se trata de assinalar a importância do problema de pesquisa. Assim temos, respectivamente, que dar limites,
dar fins ou confins ou terminações ao campo teórico no qual pesquisaremos.
A formulação do problema estabelece as fronteiras até as quais podemos ir sem o risco da dispersão. Ela demarca
o terreno no qual edificaremos nosso saber, no qual nos moveremos em nossa pesquisa e, também, os limites das
cobranças que podem ser feitas.
A delimitação do problema deve ser de tal modo que o tema possa ser abordado de maneira pontual, resguardando
a possibilidade de seu aprofundamento. Na verdade, é preferível um único tema bem-delimitado e tratado
profundamente do que temas difusos sobre os quais poderíamos falar apenas superficialmente. Nesses termos, entre
tratar de tema imaginário e tratar de tradição oral em ciências sociais, é preferível, efetuando um melhor recorte,
abordar a imagem que a comunidade do Vale de Javé tem das fronteiras de propriedade por meio de divisas
cantadas, o que poderia ter por problema o seguinte: que imagem a comunidade do Vale de Javé tem das fronteiras
de propriedade por meio de divisas cantadas?
Uma boa delimitação do problema não só nos traz clareza quanto ao que pesquisamos, como também até onde
podemos ir com nossos desdobramentos, imunizando-nos contra críticas capciosas que poderiam querer mais do que
nos propusemos a dar ao trabalho.
Título
Do mesmo modo que as pessoas, os projetos também têm nomes. O título é o nome do trabalho. E, ao contrário da
maneira subjetiva com que se adotam nomes para as pessoas, tal escolha possui critérios.
O título deve traduzir, de maneira sintética, o conteúdo das ideias contidas no projeto, deixando entrever, clara e
objetivamente, o tema do trabalho, seu problema, ou seja, a que o trabalho vem.
Daí, por exemplo, um título de um trabalho de ciências sociais chamado “Narradores de Javé” ainda não traduz,
senão vagamente, e, por conseguinte, de maneira insatisfatória, qual é o conteúdo a ser tratado. Carece de
especificidade, necessitando ser reformulado. Como reformulação poderíamos propor: “Narradores de Javé: a
importância da tradição oral como resgate de sua identidade social”. Nesse caso, teríamos um título que traduz o
conteúdo especificamente. Segundo Mendes e Tachizawa (1999) existem dois tipos de título:
■ título geral — trata-se da nomeação do trabalho visando seu aspecto amplo. Mesmo formulado de maneira
genérica, ele pode cumprir a tarefa de declarar o conteúdo do projeto e da pesquisa. É o que se vê em títulos como:
“Metodologia de pesquisa em ciências sociais”, “Introdução à psicologia educacional” ou “Etapas da investigação
científica”;
■ título técnico — também conhecido como subtítulo, traz maior especificidade ao primeiro; só é
metodologicamente requisitado quando o título geral é genérico e abrangente demais. Em nosso primeiro exemplo,
“A importância da tradição oral como resgate de sua identidade social”, temos o título técnico.
Em alguns casos, o título do trabalho pode coincidir com o tema, ou mesmo com o problema da pesquisa, isto é,
ser formulado da mesma maneira. Isso não se faz regra. Nada obriga ou, em contrapartida, impede que o título repita
a enunciação do tema ou do problema (inclusive possuindo forma interrogativa), contanto que não se confundam
essas três estruturas.
Objetivos
O objetivo é o que se quer. Assim, todo projeto de pesquisa aponta para algo que se almeja, para um fim a ser
atingido. Portanto o projeto sempre se lança a um objetivo.
Por exemplo, para uma pesquisa que tem por problema “como a narrativa mítica da comunidade quilombola do
Indaleo pode contribuir com a história do Vale de Javé?”, poderíamos formular o seguinte objetivo: investigar como
a narrativa mítica da comunidade quilombola do Indaleo pode contribuir com a história do Vale de Javé, ou avaliar
como as tradições orais da comunidade do Indaleo serviriam de base historiográfica para o município de Javé. É um
erro muito frequente, ao se formular objetivos, o esquecimento, por parte dos iniciantes, do verbo que indica a ação
a que se objetiva. Nesse caso, nos exemplos acima, teríamos: “narrativa mítica da comunidade quilombola do
Indaleo pode contribuir com a história do Vale de Javé” ou “as tradições orais da comunidade do Indaleo serviriam
de base historiográfica para o município de Javé”. Em ambos não temos objetivos, mas, se muito, temas ou algo que
poderia ser interpretado como hipótese. Portanto, na formulação de todo objetivo, é indispensável a presença dos
verbos que vão indicar a tarefa almejada.
Outro erro frequente é a confusão entre o objetivo da pesquisa e o seu objeto. Nesse caso, uma pesquisa que
aborda o tema antes citado teria por objetivo investigar como a narrativa mítica da comunidade quilombola do
Indaleo pode contribuir com a história do Vale de Javé, e não contribuir com a história, pois quem faz isso não é a
pesquisa (o viés investigador), mas, em tese, a narrativa mítica (o sujeito investigado).
O uso dos verbos na formulação dos objetivos também segue um critério. Eles devem ser claros e distintos, não
deixando margens a ambiguidades, por isso priorizam-se os de maior precisão na cunhagem do objetivo, variando
com o gênero da pesquisa (Richardson et al., 1999). Em se tratando de um projeto de pesquisa:
■ na exploratória devemos usar — investigar, pesquisar, apontar, identificar, levantar, grifar, sublinhar, verificar,
avaliar, comparar;
■ na descritiva — descrever, delimitar, determinar, definir, traçar;
■ na explicativa — elucidar, explicar, esclarecer.
Devem-se evitar os verbos achar, gostar, desejar, conscientizar, acreditar e opinar, que não atendem o requisito
metodológico por objetividade.
Quanto aos tipos, os objetivos podem se dividir em:
■ geral — deduzido do problema, deve coerência a esse. Deve ser apenas um, pois traduz o fim único para o qual o
projeto se encaminhará. Possuir mais de um objetivo geral é considerado um erro metodológico, pois significa que
o projeto tem mais de um problema de pesquisa e, desse modo, teria mais de uma pesquisa sendo projetada em um
único projeto;
■ específico — deduzido do objetivo geral, deve coerência a esse. Pode ser mais de um e variar de quantidade de
acordo com o nível e a natureza da pesquisa. Ao contrário do primeiro, não aponta diretamente ao fim último do
trabalho, mas para etapas intermediárias, para objetivos intermediários que a pesquisa terá que galgar até seu
objetivo final. Pode-se sugerir pensar os objetivos gerais como metas que conduzirão, passo a passo, o projeto até o
seu alvo.
Normativamente, apontam-se como principais características do objetivo: clareza, precisão e concisão. O objetivo
deve conter apenas um verbo, indicando uma ação e respeitando, de preferência, a ordem gramatical direta: sujeito-
verbo-complemento.
Hipóteses
A hipótese, simplificadamente, é uma provável resposta que se pensa dar ao problema exposto pela pesquisa
(podendo ser mais de uma). Segundo Gil (1999), seu papel fundamental é sugerir explicações para os fenômenos
investigados. Trata-se, assim, de uma proposição que deve ser aceita ou rejeitada após tal desenvolvimento, sendo
inicialmente provisória e dependendo de ser validada ou não por meio das experiências da pesquisa.
As hipóteses são afirmações ou pré-soluções do problema proposto. Elas servem para orientar o caminho para a
busca da resposta definitiva. Uma vez apresentadas, podem ser falsas, quando não levam à solução do problema de
forma desejada, induzindo o pesquisador também a se afastar da solução do problema, propondo, em sua conclusão,
novos caminhos a serem tomados. Em outro aspecto, quando verdadeiras, as hipóteses são validadas e tornam-se
caminho seguro para a chegada à conclusão do trabalho.
Segundo Gil (1999), as hipóteses podem se originar de diversas fontes. Algumas derivam da observação dos
fatos; outras, de pesquisas já realizadas e decorrentes de teorias. Estas últimas proporcionariam, segundo o autor, um
conjunto mais amplo de conhecimento, às vezes esbarrando, entretanto, em campos de saber carentes de teorias.
Cervo e Bervian (2004) apontam para traços essenciais dessas hipóteses:
■ o fato de não ser aconselhável uma hipótese contradizer uma proposição já validada e explicada;
■ a necessidade de ser clara e simples;
■ a opção do pesquisador pela hipótese mais simples;
■ o fato de a hipótese ser potencialmente verificada pela experiência.
Este item tem a função prática de nortear as respostas prováveis e almejáveis, tendo em vista o objetivo geral do
projeto, balizando o pesquisador na busca da causa do fenômeno estudado, integrando-o ao conjunto teórico que a
ele se refere e tornando-o mais inteligível.
Devem ser formuladas observando os mesmos critérios formais dos objetivos. Por exemplo, se assumíssemos por
problema “quais as causas do êxodo rural nos municípios de João Fubuia e Vicentinho da Rocha/BA durante a
década de 1970?”, poderíamos ter como objetivo geral a seguinte formulação: investigar as causas do êxodo rural
nos municípios de João Fubuia e Vicentinho da Rocha/BA durante a década de 1970; e, por hipóteses a serem
validadas: o crescente êxodo rural nesses municípios durante a década de 1970 explica-se pela oferta reprimida de
empregos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil; ou, o êxodo explica-se pela ocorrência prolongada da seca nestes
municípios e o decorrente comprometimento de sua economia. Observem, a partir desse exemplo, que o problema
de pesquisa, os objetivos e as hipóteses estão sempre implicados obedecendo à ordem lógica.
Existem, contudo, tendências entre pesquisadores que defendem a não utilização de hipóteses, entendendo que o
método hipotético-indutivo ainda estaria ligado a certa intuição positivista que determinaria previamente os
resultados da pesquisa, restringindo, assim, suas respostas ao eliminar a espontaneidade do inesperado. Tal objeção
desconsidera que a possibilidade da não validação da hipótese já resguarde essa espontaneidade; pressupõe que a
pesquisa possa abdicar da formulação de um lastro factual que apenas as hipóteses fornecem e desconsidera que a
formulação e a utilização das hipóteses, mesmo dirigindo o olhar do pesquisador, são também atividades criadoras
por excelência, buscando sempre esclarecer, distinguir e sistematizar os dados relativos de seu problema (Couto et
al., 1976).
A identificação do objeto, do sujeito da pesquisa e sua fixação nos permitirão a delimitação do tema. Embora
provisório, o tema dependeria apenas de mais alguns ajustes que lhe dariam maior precisão e detalhamento. Com o
tema delimitado e claro quanto ao seu objeto, torna-se mais fácil a visualização dos tópicos que trazem as teses do
projeto e os demais tópicos textuais.
Justificativa teórica
Momento no qual se justifica a importância e a validade do problema pesquisado, já apresentado e desdobrado nos
tópicos anteriores. Como o nome já diz, trata-se da ação de justificar, ou ainda, de dar justiça à escolha do tema e do
trabalho. É preciso dizer categoricamente:
■ qual a importância acadêmica desse tema;
■ por que ele é tão indispensável e digno de ser tratado;
■ quais as contribuições que uma pesquisa que trata do tema poderia trazer à comunidade científica;
■ qual sua relevância acadêmica;
■ quais os diferenciais que essa pesquisa oferece diante de outras abordagens sobre o mesmo tema;
■ como o projeto se filia às linhas de pesquisa (caso haja esta necessidade);
■ por que tratar desse tema e não de outro qualquer.
Essa campanha, que consiste num metadiscurso, poderá ser responsável pela persuasão de seu leitor quanto à
importância da pesquisa, garantindo também os recursos institucionais para sua realização.
Podemos afirmar que a justificativa é o marketing do trabalho, pois é nele que o aluno tem a oportunidade de
“vender” o seu projeto para prováveis interessados.
Costumamos repetidas vezes dizer aos discentes que a justificativa de um TCC envolve basicamente a relevância
para pesquisador, pesquisado e sociedade (que inclui a comunidade científica). Observemos.
Figura 3
A relevância do projeto de pesquisa
Vejamos: se para o pesquisador o trabalho não tem importância, por que ele insistirá em realizá-lo? Não terá valor
algum e, provavelmente, no meio do caminho será deixado de lado. Assim, o aluno deve, antes de iniciar o seu
projeto de pesquisa, perceber a importância da mesma, em todos os aspectos, para si próprio.
A real relevância do trabalho deve se mostrar também para o pesquisado, vinculando a pesquisa ao objeto
estudado e fazendo com que esse tenha acesso a conhecimentos importantes a seu respeito (possíveis de uma
aplicação capaz de lhe trazer vantagens).
Por último, a sociedade. Que tipos de benefícios um trabalho científico poderá trazer para a sociedade? É uma
pergunta que deve ser respondida. Uma pesquisa deve trazer benefícios para uma sociedade local, não deve ficar
restrita ao universo acadêmico, sem ser traduzida em benefícios externos.
Tomando como exemplo o tema “exclusão social”, delimitemos o mesmo ao estudo dirigido do processo de
exclusão social da cidade de Gameleira, BA. Como esse tema delimitado poderá mostrar relevância para o
pesquisador, para o pesquisado e para uma sociedade? Vejamos: para o pesquisador esse tema poderá ser relevante,
observando-se alguns aspectos, no sentido de o mesmo ter a oportunidade de conhecer os motivos que levam uma
cidade a segregar indivíduos de sua comunidade. O pesquisador poderá dirimir as suas dúvidas e quebrar
paradigmas que acreditava serem verdadeiros no tocante ao objeto pesquisado, do tipo: a exclusão social ocorre por
má distribuição de renda; a população diverge culturalmente; não havia oferta de emprego, entre outros.
Para o pesquisado, de que maneira esse estudo poderia ser visto como relevante? Basta observarmos o retorno que
a pesquisa poderá trazer. Vejamos: uma real resposta sobre os aspectos e motivos que levam as sociedades a excluir;
respostas para questionamentos do tipo distribuição de renda, cultura e oferta de emprego.
Já para a sociedade, em que o tema proposto poderá importar? Bem sabemos dos prejuízos que uma população
excluída dá para um município, estado e até mesmo para um país. A exclusão pode constituir caos social, elevação
da pobreza, aumento da violência; favelização e problemas de saúde pública. Percebemos, então, que, por meio da
realização da pesquisa, questões desse tipo poderão ser respondidas após a análise e a aplicação dos resultados
obtidos.
Se pudéssemos resumir a abordagem, diríamos que a justificativa é o local onde o pesquisador expõe as razões
para a elaboração da pesquisa. Essa etapa contribui para a aceitação da pesquisa por parte do coordenador ou
professor-orientador, da entidade interessada e de possíveis órgãos que queiram financiá-la.
Plano de estudos
Neste tópico tratamos dos prazos do trabalho. Apresentam-se, portanto, todas as etapas do projeto e suas respectivas
previsões de tempo (desde o início da pesquisa até a versão final do trabalho monográfico, que comunicará seus
saldos e conclusões). Aponta-se em uma projeção o gasto de tempo com a elaboração de toda a pesquisa. Esse
tópico pode contar com itens descritos a seguir.
Cronograma
É o mapeamento do tempo a ser gasto entre a pesquisa e a redação do texto. Pode ser dividido em etapas marcadas
por semestres, bimestres ou meses. Aponta detalhadamente cada etapa da pesquisa, seu conteúdo e tempo hábil de
execução (por exemplo, leitura e fichamento de textos, aplicação de questionários ou entrevistas, pesquisa de campo
em geral, tabulação e análise estatística, redação, revisões de conteúdo). Pode ser feito textualmente ou usando-se
um gráfico (diagrama).
Modelo de cronograma 1
Fevereiro Março Abril Maio Junho
Levantamento bibliográfico X X
Orientação X X X X X X X
Redação do capítulo 1 X X X
Correções do capítulo 1 X
Redação do capítulo 2 X X X
Correções do capítulo 2 X
Pesquisa de campo X X
Redação do capítulo 3 X X X
Correções do capítulo 3 X
Redação da conclusão X X
Redação da introdução X X
Revisão geral X X
Entrega da monografia X
Modelo de cronograma 2
SUMÁRIO PREVISTO
Também conhecido como sumário hipotético, é o traçado prévio dos itens com os quais o trabalho monográfico se
ocupará, ou, ainda, a divisão hipotética (como no índice de um livro) por meio da qual o texto, produto final da
pesquisa, iria se dispor. Funciona como uma previsão de por onde o texto precisará se encaminhar para atingir seus
objetivos com o tema.
É importante lembrar que esses dois tópicos propõem calendários e etapas a serem cumpridas e respeitadas,
contudo não devem constituir um engessamento da pesquisa, e mesmo do seu encaminhamento ótimo. Também são
provisórios e condicionados às circunstâncias da pesquisa. Deve-se reservar, portanto, o espaço para uma data
crítica, já ponderando eventualidades e reveses com a pesquisa.
Modelo de sumário previsto/hipotético
Referências (bibliografia)
Uma pesquisa acadêmica deve se iniciar com uma busca bibliográfica, pois é requisito da pesquisa que ela esteja
apoiada em ideias teóricas capazes de sustentá-las, ou, ao contrário, contrapor-se ao tema pesquisado. De qualquer
modo, a pesquisa deve possuir um aporte, ou seja, estar vinculada a uma ou mais áreas do saber documentadas de
maneira científica. Essa documentação pode ser encontrada nos livros, arquivos ou em outras publicações
disponíveis em bibliotecas (Cervo e Bervian, 2004).
A pesquisa bibliográfica não só tem a tarefa de inventariar o quanto se produziu acerca do tema que se busca
abordar, mas levantar se há documental disponível para a elaboração de uma pesquisa sobre o referido, garantindo
ou não a sua viabilidade (como foi visto). Além disso, a pesquisa da bibliografia fornece ao pesquisador a
organização necessária à prática da pesquisa, às fontes de seu trabalho.
Fontes bibliográficas são documentos que contêm dados e informações sobre o tema enfocado, podendo ser
documentos impressos (livros e revistas periódicas); manuscritos (notas ou apontamentos de aulas); eletrônicos
(fontes telemáticas, isto é, da internet ou de outros meios virtuais); e audiovisuais (filmes, documentários, registros
de reuniões científicas e entrevistas). Cervo e Bervian (2004:89) definem com precisão o que chamamos de fontes
documentais:
Genericamente, podemos chamar toda base material depositária de informações escritas como documento, conforme a definição da Union
Française des Organismes de Documentation: “documento é toda base de conhecimento fixado materialmente e suscetível de ser utilizado para
consulta, estudo ou prova”.
3 Os autores adotaram temas e nomes extraídos do roteiro do filme Narradores de Javé (referenciado entre nossas fontes bibliográficas) com os seguintes
intuitos: a) unificar os conteúdos de nossos exemplos, de modo a evitar a dispersão no campo das diversas disciplinas e cursos que o livro poderia assistir;
b) ter liberdade na utilização de nomes próprios dos personagens e locais, garantindo a verossimilhança nos exemplos, sem incorrer no risco de citar nomes
próprios de homônimos que de fato existam; c) fazer referência ao enredo do filme, que permite indiretamente reflexões acerca da ciência e dos seus
métodos.
PARTE II
CAPÍTULO 3
Composição do texto científico
Aplicando a concepção racionalista ao caso especial do aprendizado da linguagem, Humboldt (1836) conclui que não se pode
verdadeiramente ensinar a linguagem, mas apenas apresentar as condições sob as quais ela se desenvolverá espontaneamente de forma
peculiar. Assim, a forma de uma língua, o esquema de sua gramática, é dada em larga medida, embora não fique disponível para uso sem
experiência apropriada para pôr a operar os processos de formação da linguagem.
Chomsky
A linguagem aplicada em um documento de pesquisa como um projeto é muito diferente do uso coloquial usado em
nosso cotidiano. Por mais clareza que a comunicação científica nos exija, ela não prescinde da norma culta e da
utilização acertada da terminologia relativa à área de conhecimento de que tratamos. Do mesmo modo, usar a norma
culta e se expressar de maneira sóbria não significa recorrer a prolixidades e preciosismos que apenas confundem o
leitor, tornando a comunicação dificultosa.
Este capítulo traz algumas indicações sobre a linguagem aplicada aos projetos de pesquisa acadêmica e a forma
do chamado texto técnico-científico. Tais indicações pressupõem que o leitor de língua portuguesa possua uso
fluente desse idioma e conheça minimamente sua gramática, de modo tal que as referências à gramática dessa
língua, tal qual abordada aqui, pretendem apenas ressaltar pontos que podem ser úteis à composição do texto do
projeto, se devidamente lembrados.
O texto
O Dicionário Caldas Aulete (1968) registra oito acepções para palavra “texto”, entre elas a que denota um conjunto
de palavras escritas sistematicamente ordenadas. A palavra texto ainda pode ser associada a tecido, por isso é que se
fala em indústria têxtil para referir-se à indústria de tecidos. Nesse caso, porém, usamos textos no sentido de objetos
especiais que transmitem pensamentos, documentam tradições e informam conteúdos. Texto, aqui, não significa
fios, mas a composição de significados por meio de entrelaçamento físico de sinais apropriados. Um conjunto de
palavras formando uma frase escrita, por exemplo, constitui um texto, pois há composição de significados, formando
nomes, verbos, artigos, e entrelaçamento de sinais, letras, traços fisicamente construídos sobre o papel ou sobre a
rocha, o mármore, enfim, qualquer outro suporte de escrita ou de inscrições, em nós mesmos, inclusive. Mas
também consideramos texto todo objeto portador de escrita ou inscrições. Assim, existem os textos orais, visuais,
auditivos. Não é exagero dizer que tudo é texto.
O autor qualifica esses diversos usos agrupando-os simplificadamente em três categorias, tendo em vista suas
funções linguísticas, comentadas adiante:
■ expressiva;
■ diretiva;
■ informativa.
Não passam por uma avaliação que se utiliza de critérios de verdade, não se propõem válidos nem inválidos,
corretos ou incorretos. O poeta, quando fala da borboleta, não propõe um conteúdo a ser verificado ou submetido a
uma prova, não espera que tomemos por verdadeiro ou falso que a flor possua, efetivamente, tais características,
apenas busca expressar o efeito de sua experiência poética por meio da linguagem. Isso evidencia sua não
compatibilidade com o discurso científico.
Copi (1981) acrescenta que nem toda linguagem expressiva é poética: exclamações e interjeições, que compõem
nossa linguagem cotidiana, também exercem essa função.
Diretiva
Utilizada com o propósito de causar ou impedir uma ação deliberada, constitui pedidos, ordens, proibições,
aconselhamentos e prescrições; busca, assim, obter resultados. Embora em caráter imperativo, nem sempre trafega
no âmbito do verdadeiro ou falso, pois uma diretiva como “escreva um projeto” não passa por esse registro se
apreendida literalmente. O autor aponta que podemos questionar se uma ordem como essa foi obedecida ou não, mas
não se ela é verdadeira ou válida (Copi, 1981).
Só quando mesclada à função informativa, a diretiva passa ser avaliada em sua verdade, validade ou, mesmo,
razoabilidade. Assim, a função diretiva incide na linguagem científica, como no exemplo do texto de Kuhn
(2000:78):
Devemos agora perguntar como podem surgir tais mudanças (no empreendimento científico), examinando, em primeiro lugar, as descobertas (ou
novidades relativas a fatos), para então estudar as invenções (ou novidades concernentes à teoria).
Assim, na produção de um texto científico (em jogo na elaboração de um projeto de pesquisa), a linguagem
assume prioritariamente caráter informativo, objetivando apresentar seus conteúdos sem o risco de ambiguidades ou
incertezas.
Adiantamos que a tarefa do projeto é propor, da maneira mais clara possível, um problema a ser investigado
durante uma pesquisa, por isso o correto uso da linguagem é determinante para esse empreendimento de ciência.
A linguagem técnico-científica
Por sua vez, a linguagem informativa pode se apresentar em três gêneros: a descrição, a narração e a dissertação.
Embora os três recebam uso técnico-científico, presentes na redação das diversas modalidades de trabalhos, é a
dissertação que predomina na redação de relatórios, resenhas e artigos científicos e nos textos chamados
genericamente de monográficos, como os TCCs, dissertações e teses, assim como o projeto que os precede.
Embora essa linguagem possua certo grau de especificidade, ela não é, em si mesma, estranha. Garcia (2002:394)
chega a nos assegurar que:
Os princípios básicos em que se assenta são os mesmos que qualquer tipo de composição (clareza, correção, coerência, ênfase, objetividade,
ordenação lógica.), embora sua estrutura e seu estilo apresentem algumas características próprias.
A redação técnico-científica visa a objetividade, eficácia e exatidão na comunicação, priorizando a denotação dos
termos e a construção sucinta, mas isso não significa que, obrigatoriamente, tenha que ser desprovida de estilo e
enfadonha ao leitor.
O texto técnico disserta sobre um assunto. Esse, por sua vez, possui um vocabulário próprio, pormenores a serem
tratados de maneira precisa e com abordagem sóbria, que não é coloquial. Usa os termos relativos ao assunto,
esclarecendo-o e, às vezes, erigindo os próprios termos de seu vocabulário. Essas indicações já assinalam, por sua
vez, a necessidade do conhecimento do assunto sobre o qual se fala.
Resumo
Exigido como tarefa em diversos momentos nos cursos superiores, consiste em uma síntese de uma matéria,
podendo essa ser originária de um livro (ou de parte dele), artigo ou de qualquer outro documento. Pode possuir
diversos graus de profundidade. A tarefa de composição textual aqui se restringe a informar um conteúdo que deverá
ser interpretado e retransmitido pelo pesquisador, trazendo em seus conteúdos os principais pontos do texto original
como tema, objetivos, hipóteses, referências teóricas e enfoques. Isso não significa que o pesquisador possa fazer
uma interpretação livre, destoando do conteúdo original; ao contrário, espera-se que ele, dizendo “com suas
palavras”, mantenha-se fiel às ideias do autor, não fazendo do texto apenas uma “miniaturização” do original, como
nos afirma Severino (1995).
O resumo também pode aparecer em periódicos, antecedendo artigos científicos (ao lado de sua versão em outro
idioma). Nesse caso, ele tem a função de indicar, prévia e concisamente, o assunto tratado no artigo, o que, sem
dispensar sua leitura, facilita a seleção do leitor.
Resenha bibliográfica
Similar ao resumo, a resenha também consiste em síntese ou comentário de uma matéria textual. Nesse caso, um
livro ou artigo publicado. Embora possa ser pedida como tarefa acadêmica, tem o propósito de informar os
conteúdos de um livro recém-publicado, ressaltando seus principais pontos. Com a resenha é possível avaliar se vale
a pena a leitura integral do livro como fonte de pesquisa bibliográfica. Esse texto pode ter caráter puramente
informativo ou crítico, argumentativo, interpretando, comparando e problematizando.
Difere do resumo por poder abordar mais de um tema, por poder assumir postura analítica e também por sua
estrutura, na qual, segundo Santos (2005), devem constar: as referências bibliográficas da obra; uma nota biográfica
do autor (titulação, vinculação institucional e experiência no tema); o resumo detalhado das ideias (tema, enfoque,
principais características); as conclusões do autor; o modelo teórico que serviu de base ou estilo.
Relatório
Trata-se de um documento requerido em diversos momentos da vida acadêmica. Destina-se a relatar o saldo parcial
ou total de um processo, seja ele um evento, uma pesquisa, uma atividade acadêmica ou administrativa. Na maior
parte das vezes está vinculado a exigências de órgãos de fomento, no caso de financiamento ou pleito de bolsas. Para
Severino (1995), consiste na apresentação das etapas percorridas do processo, descrevendo atividades e resultados. É
preciso que se destaquem e descrevam os diversos momentos do processo, de modo a informar em que consistiram
os trabalhos. É possível que se anexem documentos que contribuam para a clareza do relato, como, por exemplo,
planilhas, fichas, entrevistas e fotografias.
Artigo científico
Talvez seja o texto no qual melhor se expresse o propósito da redação técnico-científica. Com ele, o
pesquisador/cientista está em processo de comunicação (Feitosa, 2005), cumprindo a tarefa de compor um discurso
que seja capaz de, dissertativamente, informar conteúdos de suas pesquisas, relatando seus processos, saldos e,
mesmo, defendendo os princípios dos quais parte para chegar aos resultados obtidos. Um artigo científico pode
variar significativamente de extensão, podendo ser breve (em torno de oito páginas) ou longo (chegando a 30).
Contudo não é o tamanho que determina sua qualidade. Além da relevância do tema e de suas conclusões, o artigo
deve estar devidamente fundamentado em bibliografia ou em dados e informações que lhe garantam validade
científica, e isso sem falar na exigência de ser claro e objetivo quanto a sua redação. Um artigo pode conter gráficos,
planilhas e figuras. Entretanto é recomendável que seu uso se limite ao mínimo indispensável, recomendando-se, se
possível, um anexo.
Monografia (TCC)
É um trabalho de cunho monográfico e refere-se a uma atividade de pesquisa de qualidade científica. Pretende-se
que contribua, minimamente, com o desenvolvimento científico da área em que se circunscreve.
Trabalhos como esse são, geralmente, requisitados no âmbito de graduação e pós-graduação lato sensu. No
primeiro caso, designado TCC.
Possui uma estruturação em capítulos, os quais podem possuir subtópicos com desdobramentos explicativos.
Constrói-se de maneira dissertativa, obedecendo, prioritariamente, à ordem lógica, e em alguns casos acentuando-se
o discurso argumentativo. Baseia-se em referenciais teóricos que permitem matéria para seu desenvolvimento
conceitual. Possui introdução, conclusão (que não contam como capítulos) e bibliografia, podendo possuir
apêndices.
Dissertação
É um tipo de trabalho monográfico que possui características similares às do TCC, contudo o grau de profundidade
requerido é outro. É geralmente exigido como produto final do curso de mestrado no âmbito de pós-graduação
stricto sensu.
Trata-se da tematização de um único tema delimitado que deverá ser apresentado de maneira sistemática com base
em literatura especializada. Esperam-se desse tipo de trabalho um tratamento satisfatório do tema fundado em seus
referenciais teóricos e uma concatenação lógica de modo ao discurso literalmente dissertar sobre o tema e o
problema escolhidos.
Síntese
Exposição resumida do texto, fiel ao autor, mas explicada com as suas palavras, porém com referências.
Tese
Como a dissertação, trata-se de um trabalho monográfico, portanto de caráter integral e sistemático ligado a uma
atividade de pesquisa elaborada. Requer um conteúdo aprofundado, rigorosamente alicerçado em bibliografia ou
dados de outra natureza (como os empíricos).
O pesquisador deve se debruçar sobre um tema, podendo possuir diversos objetivos específicos e hipóteses,
traduzindo as conclusões de seu trabalho, partindo de seus princípios, desdobrando a partir de um movimento de
interpretação seus principais pontos e, por fim, apresentando as conclusões a que chegou. Espera-se que a tese de
doutoramento traga contribuições à área científica à qual se encontra vinculada.
Ensaio teórico
Geralmente recorrido por aqueles que já possuem certa maturidade acadêmica, o ensaio é, de acordo com Salvador
(apud Severino, 1995:116): “um estudo bem desenvolvido, formal, discursivo e concludente”. Com isso o
pesquisador pode tomar uma posição autoral sobre um tema de seu interesse, pautando-se em material de pesquisa,
seja ele teórico ou empírico.
Em alguns casos, mesmo trabalhos de doutoramento podem assumir o caráter “ensaístico”, no qual o pesquisador
propõe uma interpretação inédita sobre problemas ou um teórico específico, variando sobre o tema.
O gênero dissertativo
A dissertação esclarece argumentando, isto é, usa uma condução lógica e coerente; prefere o denotativo (ou seja, dá
preferência ao sentido dos termos tal qual encontramos direto nos dicionários) ao conotativo (usado de maneira
comparativa); privilegia frases curtas, nominais, sem afetação subjetiva, visando o objeto do qual trata (o que está
em jogo no assunto). Essas características podem ser ilustradas com um trecho exemplar de texto dissertativo
(Michel, 2005:77):
Trata-se da forma de escrita caracterizada pela apresentação, discussão e análise das ideias. É a exposição de pontos de vista, baseando-se nos
argumentos lógicos, estabelecendo relações de causa e efeito. Na dissertação não basta narrar ou descrever um fato, é necessário explicá-lo, com
argumentos. O raciocínio é o que deve predominar nesse tipo de redação, e quanto maior a fundamentação argumentativa, mais consistente será o
desempenho.
Note-se que, apesar do vocabulário técnico, a dissertação se dá de maneira clara e objetiva. Cada período, mesmo
os compostos (com mais de uma frase), é sucinto. As frases, curtas, obedecem à ordem direta (isto é, sujeito, verbo e
complementos), sem inversões ou excesso de orações subordinadas. Devemos observar também que o discurso se
constrói impessoalmente (no qual a voz passiva é usada ao invés da ativa), descaracterizando-o de um discurso
pessoal ou subjetivo, daí dizer: “Trata-se da forma”, “o raciocínio é o que deve predominar”. Em opção a esse
recurso poderíamos adotar também o feitio da primeira pessoa do plural.
Há de se destacar que não existe texto em “estado puro”, ou seja, não há um unicamente dissertativo, narrativo ou
descritivo, mas uma junção dos três. Dissertação é o tipo de texto no qual apresentamos teses seguidas de
argumentos que se comprovem. Narração é o tipo de texto no qual encadeamos uma sequência de fatos (reais ou
imaginários) em que personagens se movimentam num certo espaço à medida que o tempo passa. Descrição é a
apresentação das características físicas ou comportamentais de ambientes e pessoas.
Frase
Para Bechara (2001:406), é “toda manifestação da linguagem com vistas à comunicação entre nossos semelhantes”.
Basta que um emissor proponha algo que seja entendido por outra pessoa (receptor) para que esse algo seja
considerado frase. Garcia (2002:32) complementa definindo frase como “todo enunciado suficiente por si mesmo
para estabelecer comunicação”. Destarte, uma frase pode ser formada apenas por uma única palavra, como, por
exemplo: “Só”.
Assim, quanto à sua forma, as frases possuem alguns traços comuns:
■ constituem mensagens completas do ponto do falante e do ouvinte;
■ são textos precedidos de um silêncio, capazes de serem delimitados como unidade entre esse e a pausa final;
■ oralmente, possuem contorno sonoro particular.
Entre esses, principalmente, na língua falada, o último fator é importante, pois a mera leitura da palavra “só”
(presente no exemplo dado), sem a devida entonação, não determina entre seus múltiplos significados o que se
pretende expressar (já que o termo pode traduzir aprovação incondicional, em uma linguagem coloquial; uma
negação ou limitação de quantidade: “Só isso, nada mais”; ou uma reclamação por uma quantidade que falta: “Só?
Mas é muito pouco!”).
Oração
Embora tomada como sinônimo de frase ou período, quando encerra um pensamento completo, a oração caracteriza-
se por conter verbo ou locução verbal. Por exemplo: “Escutava a aula”; ou “Estava escutando a aula”.
O agrupamento de orações constitui legitimamente períodos, que serão chamados de simples, quando formados
por apenas uma oração, e de compostos, quando formados por mais de uma.
Nos períodos compostos, as orações se ligam por dois processos sintáticos: coordenação e subordinação.
Período ou enunciado
A palavra “período”, em suas origens gregas, indica circuito (literalmente, um caminho em torno), daí
compreendermos o período como todo circuito de palavras encadeadas em uma unidade linguística que faz
referência a uma experiência comunicada em sentido completo. O período pode exprimir juízos, propor uma ação,
indicar um estado e fenômenos, sendo a matéria com a qual se constrói um discurso.
Segundo Bechara (2001), o período difere da oração em sua estrutura interna por, necessariamente, apresentar
relação predicativa, sendo limitado por ponto final, ponto de interrogação, de exclamação ou reticências.
Detectam-se quantas orações têm num período rastreando-se seus verbos, ou seja, no período haverá tantas
orações quantos são os verbos presentes.
Notem que as proposições, sem a devida pontuação, fracassam em sua função de transmitir um enunciado
inteligível.
Entre os muitos sinais de pontuação existentes, ocupar-nos-emos apenas daqueles reincidentes no discurso
dissertativo, baseando-nos no texto de Bechara (2002):
■ ponto [.] — sinal que denota longa pausa encerrando períodos. Também utilizado sem função gramatical,
acompanhando palavras abreviadas: p., 2º. etc. Pode ser usado como ponto parágrafo ao separar dois grupos de
orações que possuem centros de interesse diversos, indicando a necessidade de iniciar novo parágrafo em outra
linha, recuando-se a margem;
■ vírgula [,] — emprega-se a vírgula para separar termos coordenados, mesmo quando conectados por uma
conjunção; para separar orações coordenadas aditivas, ainda que estejam iniciadas pela conjunção “e”; para
intercalar vocativos; para separar orações adjetivas de valor explicativo; para separar orações intercaladas; para
separar datas, nomes e lugares; para desfazer má interpretação resultante da distribuição irregular dos termos da
oração;
■ ponto-e-vírgula [;] — sinal que indica uma pausa mais forte que a da vírgula e mais fraca que a do ponto. É usado
num período longo no qual já existiam vírgulas. Separa orações adversativas, ressaltando contrastes;
■ dois-pontos [:] — anuncia enumeração subsequente, explicação ou nota subsidiária, indicando explicação e
relações de causa e consequência nas expressões que denotam quebra de raciocínio;
■ parênteses [( )] — assinalam um isolamento sintático e semântico dentro de um enunciado sem nele interferir;
assinalam entonação especial aparte do argumento sobre o qual se discorria. São usados também para preencher
lacunas do texto ou introduzir citações, adendos ou explicações;
■ aspas [“ ”,‘ ’] — duplas ou simples, geralmente são utilizadas no texto científico para inserir trecho em citação
direta ou para fazer referência a uma terminologia peculiar. Podem ser utilizadas para dar a determinado texto
conotação figurada, expressando, em alguns casos, ironia. Aspas duplas e simples podem ser utilizadas
conjuntamente, reunindo as referidas funções numa mesma citação.
Nele se desenvolve uma ideia central (nuclear) na qual se agregam outras secundárias relacionadas por um mesmo
interesse semântico.
É no parágrafo que se define um conceito, utilizando a argumentação como meio de dar desenvolvimento e
encadeamento às ideias que se quer informar. Tal desenvolvimento dependerá do nível de complexidade do tema
tratado e das intenções do autor.
Na criação do texto científico, tenta-se estabelecer a padronização do parágrafo, medida que visa a tornar
sistemático o que é assistemático por natureza: o fluxo das ideias. É isso que Garcia (2002:219) chama de “procurar
características comuns e constantes em parágrafos carentes de estrutura típica”, atitude que nos protegeria contra
construções incoerentes, desordem nas formulações e composições inoperantes.
Graficamente, o parágrafo aparece, na página impressa ou manuscrita, como um ligeiro recuo à esquerda da
primeira linha de um bloco de texto. Embora as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) não
prescrevam sobre recuos de parágrafos, é costume utilizar na primeira linha um recuo de 1, 1,25 ou 1,5 cm.
Em textos jurídicos, contratos e mesmo em textos científicos, para indicar um parágrafo pode-se recorrer ao
símbolo §, amálgama dos “ss” da expressão latina signum sectionis.
O recuo do parágrafo é uma marca no texto que facilita ao leitor o entendimento dos diversos pontos de interesse
que vêm sendo apresentados em uma argumentação; ao autor, o parágrafo permite a tarefa de isolar os temas em
diversos estágios (ou etapas) para que, depois de reunidos, traduzam o significado integral da ideia presente no
texto.
Quanto à sua extensão podemos encontrar parágrafos com uma oração (às vezes com uma linha), bem como com
muitas, a ponto de tomar páginas inteiras. No entanto isso não é recomendável. Aconselha-se abrir parágrafos
sempre que possível, arejando o texto, tornando sua leitura visualmente mais nítida.
Entretanto, não é o senso de proporção que dita o tamanho do parágrafo ou o momento de abri-lo, mas a
necessidade de mudar de assunto dentro do mesmo tema, estabelecendo gradações do argumento, derivações e
variações sobre o tema. Assim, a extensão do parágrafo decorre da natureza do assunto, sendo ditado por suas
necessidades internas, como desdobramentos conceituais e urgências de explicação.
Aqui se presencia certa unidade (referente à tarefa de classificar os animais), contudo tal classificação não
expressa nenhuma identidade com um critério capaz de ordená-los em uma sequência coerente e lógica. O texto é
insuficiente se abordado pelas exigências do texto científico, isto é, do ponto de vista acadêmico.
Denotação e conotação
São dois níveis ou planos nos quais se situam os variados sentidos das palavras. Em seu sentido usual (longe de
especificações linguísticas, impertinentes ao propósito de nosso trabalho), poderíamos caracterizar que denotação é
o chamado sentido próprio, isto é, o primeiro que atribuímos em um contexto imediato, geralmente encontrado nos
dicionários. Em sentido denotativo, uma palavra significa o mesmo para o autor e para o leitor, bem como para
todos aqueles que compartilham de uma mesma comunidade sociolinguística (em nosso caso, a língua portuguesa
falada no Brasil).
Uma palavra tem sentido denotativo quando faz referência objetiva a algo, remete-se a um objeto, seja ele
concreto ou abstrato, sem impregnações de sentidos subjetivos.
Em sentido diverso, a conotação sugere ideias não objetivas, com sentido figurado ou associativo, portanto
subjetivo. Isso quer dizer que um termo conotativo não se refere ao sentido próprio da palavra, mas, antes, ao
sentido abstrato, de natureza, às vezes, afetiva.
Segundo Garcia (2002:180):
Conotação implica, portanto, em relação à coisa designada, um estado de espírito, um julgamento, um certo grau de afetividade que variam
conforme a experiência, o temperamento, a sensibilidade, a cultura e os hábitos do falante ou do ouvinte, do autor ou do leitor. Conotação é,
assim, uma espécie de emanação semântica, possível graças à faculdade de associação de ideias inerente ao espírito humano, faculdade que nos
permite relacionar as coisas análogas ou assemelhadas.
Barbarismo
Trata-se de um desvio na grafia ou na pronúncia de uma palavra que redunda em um emprego errôneo de um termo.
Podendo ser:
■ cacoépia — acarretada pela má pronúncia, portanto não muito observada na linguagem escrita, como, por
exemplo, tomar esquadria (armação de ferro ou alumínio) por esquadrilha (coletivo de aviões); utilizar Carlota
(nome próprio) por calota (peça integrante da roda dos automóveis);
■ silabada — é causada por acentuação errônea — récorde em vez de recorde; rúbrica em vez de rubrica;
■ cacografia — produto da má grafia ou má flexão de uma palavra — conciência em vez de consciência; giló em
vez de jiló;
■ deslize — mau emprego de uma palavra, como, por exemplo — “A pimenta está ardilosa” em vez de “a pimenta
está ardente”; “Foi um ato fálico” em vez de “foi um ato falho”.
Estrangeirismo
Uso abusivo de palavras estrangeiras, grafando-as como na língua de origem, sem o uso de aspas. A norma culta
acena para a utilização de correspondentes em língua portuguesa. Assim, nos seguintes casos teríamos:
■ stress em vez de estresse;
■ up-to-date em vez de atual;
■ feedback em vez de retorno.
Solecismo
Erro de sintaxe, o que faz com que a oração se torne incompreensível ou imprecisa (Bechara, 2001:598). Observam-
se três tipos, como nos exemplos:
■ de concordância — “houveram obstáculos” em vez “houve obstáculos”;
■ de colocação — “darei-lhe uma boa conclusão” em vez “dar-lhe-ei uma boa conclusão”;
■ de regência — “viso este problema” em vez “viso a este problema”.
Cacófato
Consiste na formação de palavra ridícula ou obscena resultante da junção de sílabas das palavras componentes da
oração. Por exemplo: “Fui com uma prima minha (...maminha)”; “O projeto como concebo (...como com sebo)”.
Ambiguidade
Também conhecida como anfibologia, trata-se de uma dualidade de sentido resultante da má escolha dos termos e da
composição da frase, como, por exemplo: “Visitei a casa da minha avó que dá os fundos dela para o vizinho”;
“Adão comeu a maçã e Eva também”; “Sacrificaram o burro do meu tio”.
Redundância (pleonasmo)
Trata-se da repetição de um termo já expresso em uma ideia sugerida. Bechara (2001:594) aponta que pode ser
utilizada para fins de clareza ou ênfase. É o caso de “Viso-o ao objetivo” (pleonasmo do objeto direto); “Ao mestre
lhe devo” (pleonasmo do objeto indireto).
Em alguns casos o pleonasmo pode ser considerado vicioso, denominando-se perissologia, como nas seguintes
ideias: demência mental; botânica das plantas; entrar para dentro.
Plebeísmos
Utilização de vocabulário inadequado ao texto científico, contrariando seu caráter objetivo ao valer-se de expressões
triviais, chulas ou gírias. São geralmente reprováveis na língua culta: “A exclusão social é um lance que rola”; “A
violência urbana é um troço que chateia a galera”.
Eco
É a rima, na prosa, inadequada à boa sonoridade do período. Faz efeito similar ao eco ao repetir sílabas de maneira
ritmadas: “O acusado foi interrogado pelo magistrado”; “Acuado, o pesquisado ficou saturado e inutilizado”.
Colisão
A oração possui consoantes em sequência que dão ao texto entonação enfadonha, resultante da má construção da
frase. No texto poético é utilizada como recurso estilístico chamado aliteração, não adequado à prosa técnico-
científica: “Tanto tentei tocar neste tema”; “A posse pode comportar problemas”.
Ordem espacial
Usada na elaboração de descrições, prioriza um estado observado de coisas, sendo imposta pela perspectiva do
observador segundo a qual a descrição decorre do genérico aos pormenores, encadeando-se espacialmente em vista
do objeto. Pode ser exemplificada com a passagem (Schaden, 1956:45):
Talvez não haja bastante uniformidade, nem suficiente estabilidade de padrões nas regiões coloniais do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande
do Sul para que se possa usar o termo aculturação nesse contexto. Tal seria possível se a aculturação, nas colônias japonesas, se desenvolvesse de
forma que após uma fase de nivelamento cultural e social de cada núcleo, houvesse tempo e condições propícias para uma rediferenciação sobre a
base de uma estratificação social no interior do país.
Ordem cronológica
Comum ao gênero narrativo, indica uma sucessão de fatos. Como o nome já diz, apresenta uma sucessão de fatos no
tempo (como no grego, cronos), obedecendo à ordem de seus acontecimentos.
Utilizada amplamente na historiografia, essa ordem preza pela boa concatenação dos eventos que constituem um
fato a ser narrado, resguardando nele a clareza e a coerência.
Aqui um exemplo dessa ordem (Minogue, 1981:16):
As universidades foram produto do instinto de associação, como a posicionou Rashdall; “que se esprai ou como grande onda sobre as cidades da
Europa, no decorrer dos séculos XI e XII”. E por muitos séculos, até que a soberania política começasse a enfraquecer sua independência,
exerceram ao máximo a liberdade de associação do feudalismo. A espontaneidade logo cedeu lugar à impostura: em 1224 (...) Frederico II fundou
um studium generale em Napoles, e o Papa Gregório IX, em 1229, fez o mesmo em Toulouse.
Observemos que os fatos se ordenam segundo o registro de suas datas: séculos XI e XII, 1224, 1229; bem como
de suas ocorrências: feudalismo e soberania das universidades na Idade Média.
É possível observar a subversão da ordem lógica em textos literários como parte de sua estilística, contudo esse
recurso não é recomendável no texto acadêmico.
A ordem lógica
No gênero dissertativo, dominante no texto técnico-científico, a ordem lógica é imprescindível ao propósito de
informar. Ela promove a ordenação das ideias de maneira que elas possam trazer clareza e correção em uma
exposição geral. Como nos garante Copi (1981:20): “uma pessoa com conhecimento de lógica tem mais
probabilidade de raciocinar corretamente do que aquela que não se aprofundou nos princípios gerais implicados
nesta atividade”. Assim, da ordenação lógica depende o encadeamento das ideias por associação, norteado segundo
uma relação de causalidade.
Podendo ser indutiva (partindo de elementos particulares para chegar ao universal) ou dedutiva (do universal para
uma conclusão particular), tem-se sempre em vista a relação de causa e efeito, quando trata de ocorrências e
fenômenos naturais; ou seus equivalentes, razões ou consequências, ao se tratar de atitudes humanas (Garcia, 2002).
Assim, o pesquisador atento seria capaz de compor um parágrafo (utilizando-se da ordem lógica) para explicar
ocorrências simples estabelecendo a relação da causa com seu efeito. Como no trecho que se segue, de Gueròult
(1968:119-120):
Existo como coisa pensante, tal é a primeira verdade indubitável na ordem das razões. Mas a natureza não é outra coisa do que o puro pensamento
e a pura inteligência, excluindo todo elemento corporal, tal é a segunda verdade que decorre imediatamente, segundo a ordem precedente. Eu me
conheço, logo, em minha existência e em minha essência e agora que, nela mesma, o corpo é rejeitado do saber e anulado pelo gênio maligno, este
permanece a mim desconhecido em sua existência e em sua essência. Donde concluo que o corpo é menos fácil de conhecer que a alma, porque a
alma já é conhecida antes dele na ordem das razões tal é a terceira verdade.
A ordenação lógica dos elementos que constituem matéria ao discurso escrito deve estar presente em cada
parágrafo do projeto e, mesmo, na interligação dos diversos tópicos que o compõem.
A ordem lógica nos parece a mais importante no texto científico entre as três que um texto pode assumir. Assim,
também alguns conhecimentos da lógica, entendida como a ciência da forma, seriam necessários à composição do
texto do projeto científico.
Elementos da argumentação
Sabemos que só a gramática não responde aos critérios exigidos para a configuração de um texto correto. As regras
exigem mais recursos argumentativos e menos escravidão gramatical. Porém não podemos cair no erro de não
percebermos que a gramática é a lógica da língua. Assim, indicamos alguns pré-requisitos para construir um texto
científico.
■ Lógica — para Aristóteles (1990), não era uma ciência teorética, nem prática ou dedutiva, mas um instrumento
para as ciências; daí não se dever pensá-la como um fim em si mesma.
■ Lógica instrumental — é o instrumento do pensamento para pensar corretamente e verificar a correção do que está
sendo pensado. Note-se que pensamento correto é diferente de pensamento verdadeiro; ambos dependem da
verificação.
■ Lógica formal — não se ocupa dos conteúdos pensados ou dos objetos referidos pelo pensamento, mas apenas da
forma pura e geral dos pensamentos, expressos por meio da linguagem. Algo como analisar o texto a partir dos
elementos linguísticos nele expressos.
■ Lógica propedêutica — é o que devemos conhecer antes de iniciar uma investigação científica ou filosófica, pois
somente ela pode indicar os procedimentos (métodos, raciocínios, demonstrações) que devemos empregar para
cada modalidade de conhecimento.
■ Doutrina da prova — estabelece as condições e os fundamentos necessários de todas as demonstrações. Dada uma
hipótese, permite verificar as consequências necessárias que dela decorrem; dada uma conclusão, permite verificar
se é verdadeira ou falsa.
■ Proposição — exprime, através da linguagem, os juízos formulados pelo pensamento. A proposição é a atribuição
de um predicado a um sujeito (S é P). O encadeamento dos juízos constitui o raciocínio, e esse se exprime
logicamente através da conexão de proposições; essa conexão chama-se silogismo. A lógica estuda os elementos
que constituem uma proposição (as categorias), os tipos de proposição e de silogismos e os princípios necessários a
que toda proposição e todo silogismo devem obedecer para serem verdadeiros (princípio da identidade, não
contradição e terceiro excluído).
■ Silogismo mediato — exige um percurso de pensamento e de linguagem para que se possa chegar a uma
conclusão. Partindo de ideias universais consegue-se chegar a ideias particulares.
■ Silogismo dedutivo — é um movimento de pensamento e de linguagem para que se possa chegar a uma
conclusão. Como no exemplo:
Todo homem é mortal,
Sócrates é homem, (logo)
Sócrates é mortal
■ Silogismo científico — tem como premissas verdades indemonstráveis, evidentes e causais como axiomas
(verdades sem necessidade de demonstração, como por exemplo, “todo homem é mortal”), postulados (do que se
vale uma ciência para iniciar o estudo de seus objetos [princípios]) e definições.
■ Dedução — raciocínio que parte de uma ou mais premissas gerais para se chegar a uma particular (do geral para o
particular, do micro para o macro).
■ Indução — raciocínio cujas premissas têm caráter menos geral que a conclusão (do micro para o macro).
■ Paradoxo — dupla indicação entre uma proposição e sua negação, o que caracteriza uma contradição insolúvel
(“sinuca de bico”).
■ Hipótese — proposição que se admite de modo provisório como princípio do qual se pode deduzir um conjunto
dado de proposições, o que necessita de comprovação.
■ Tese — proposição que se expõe para, em caso de impugnação, ser defendida (ponto de vista defendido pelo
autor).
■ Teoria — conjunto de conhecimentos não ingênuos (crítico/científico) que apresenta graus diversos de
sistematização e credibilidade e que se propõe a explicar, elucidar, interpretar ou unificar um dado domínio de
fenômenos ou de acontecimentos que se oferecem à atividade prática.
Este capítulo apresentou algumas noções de linguagem aplicada à construção do texto científico. Reconhecemos
que os dados aqui apresentados ainda estariam em débito se pretendêssemos assessorar o processo de composição do
texto, desde o esboço de suas primeiras ideias, da articulação de seu enredo, do delineamento da problemática, da
formulação dos argumentos até o seu fechamento. Contudo seguir esses passos, mesmo que brevemente, constituiria
um desvio do propósito anunciado no início desse tópico. Assim, para um maior aprofundamento desses pontos,
bem como da própria gramática da língua portuguesa, sugerimos alguns dos bons títulos presentes em nossas
referências bibliográficas.
4 Recomendamos, para aprofundamentos, os livros Comunicação em prosa moderna, de Othon M. Garcia (2002), e Moderna gramática portuguesa, de
Evanildo Bechara (2001).
5 Referências para o devido aprofundamento podem ser encontradas em nossa bibliografia.
6 Confira nota 4, neste trabalho.
CAPÍTULO 4
A normatização
Resta-nos um único e simples método para alcançar os nossos intentos: levar os homens aos próprios fatos particulares e às suas séries e
ordens, a fim de que eles, por si mesmos, sintam-se obrigados a renunciar às suas noções e comecem a habituar-se ao trato direto das
coisas.
Bacon
Os objetivos da ABNT
A ABNT tem como objetivo fixar as normas nas condições exigíveis para redação e apresentação de qualquer tipo
de texto.
7 Trata-se de uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização — Único — através da Resolução no 07 do
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), de 24 de agosto de 1992. É membro fundador da International
Organization for Standardization (ISO), da Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas (Copant) e da Associação Mercosul de Normalização (AMN).
8 Como indicação de leitura complementar, sugerimos a observação da informação e documentação — referências, elaboração, resumo, citações, sumário e
apresentação de trabalhos acadêmicos, respectivamente: (Ago. 2002/NBR 6023) (Dez. 2003/NBR 6028) (Ago. 2002/NBR10520) (Jun. 2003/NBR 6027)
(Dez. 2005/NBR 14724).
CAPÍTULO 5
Formatação
Entende-se por formatação a ação de dar forma. No nosso caso, a um trabalho acadêmico, um projeto. Entretanto
tudo possui forma. Lançar letras aleatoriamente sobre uma folha de papel já faz com que o escrito, mesmo caótico,
já possua uma entre muitas formas. Justamente por observar a multiplicidade de um trabalho acadêmico amparado
pela metodologia é que ele deve possuir um formato padronizado por normas, almejando a boa ordenação e a clareza
dos conteúdos ali contidos.
Não existe conteúdo sem forma. E, em se tratando de um trabalho acadêmico, a forma é uniformizada por padrões
normativos dados pela metodologia. No Brasil, há uma instituição incumbida de estabelecer estas normas, como
veremos a seguir.
■ Sumário (obrigatório)
Textual ■ Título
■ Tema
■ Problema
■ Objetivo(s)
■ Hipótese(s)
■ Introdução (apresentação)
■ Justificativa teórica
■ Metodologia
■ Plano de estudos
■ Cronograma
Pós-textual ■ Referências
■ Anexos
Elementos pré-textuais
Os elementos pré-textuais são os que antecedem o texto com informações que contribuirão na identificação e
utilização do trabalho. A seguir apresentam-se alguns desses elementos.
A capa
Elemento obrigatório para proteção externa do trabalho e sobre o qual se imprimem as informações indispensáveis à
sua identificação. Na capa estão contidos: nome da instituição (opcional), nome do autor, título, e subtítulo, se
houver, local e ano da entrega. A figura 4 apresenta o modelo.
Figura 4
Modelo de capa
NOME DA INSTITUIÇÃO
(Distância de oito toques)
TÍTULO DO TRABALHO:
SUBTÍTULO (OPCIONAL)
Obs.: no subtítulo, se houver, deve ser
evidenciada a sua
subordinação ao título principal,
precedido
de dois-pontos)
(Distância de 22 toques)
LOCAL
ANO
Obs.: A representação acima é de uma folha de papel que não possui margem. (no toques = tecla “Enter” do computador).
A folha de rosto
É elemento obrigatório para a identificação do trabalho. Deve conter:
■ nome do autor — responsável intelectual pelo trabalho;
■ título principal do trabalho — deve ser claro e preciso, indicando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e a
recuperação da informação;
■ subtítulo — se houver, nele deve ser evidenciada a sua subordinação ao título principal, precedido de dois-pontos
(:);
■ natureza (tese, dissertação e outros) e objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e outros); nome da
instituição a que é submetido; área de concentração;
■ nome do orientador e, se houver, do coorientador;
■ local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
■ ano de depósito (entrega).
As informações sobre natureza e objetivo do trabalho devem ser apresentadas alinhadas e justificadas a partir do
centro da folha (recuo esquerdo de 6 cm), com espaçamento simples, como mostrado a seguir. Os demais elementos
devem ser centralizados na folha.
Essa folha, embora considerada a primeira página do trabalho, não recebe numeração.
Figura 5
Modelo de folha de rosto
NOME DA INSTITUIÇÃO
TÍTULO DO TRABALHO:
SUBTÍTULO (OPCIONAL)
Obs.: no subtítulo, se houver, deve ser
evidenciada a sua
subordinação ao título principal,
precedido de dois-pontos)
(Distância de quatro toques)
Trabalho de
conclusão de curso
apresentado à (nome
da instituição) como
requisito parcial
para a obtenção do
grau de bacharel ou
licenciado em
..................
(Distância de quatro toques)
ORIENTADOR: Prof. (titulação e nome
completo)
(Distância de 15 toques)
Local
ANO
Obs.: A representação acima é de uma folha de papel que não possui margem.
O sumário
Obrigatório e último elemento pré-textual, consiste na enumeração das principais divisões, seções e outras partes do
trabalho, na mesma ordem e grafia em que a matéria se sucede, acompanhado do respectivo número da página.
Havendo mais de um volume, em cada um deve constar o sumário completo do trabalho. Seu lugar é logo após o
resumo. Conforme a figura 6, o título é centralizado e são enumerados os títulos (em caixa-alta e negrito), seguidos
dos subtítulos, e ambos seguidos das numerações das primeiras páginas. Conforme a NBR 6027, a subordinação dos
itens do sumário deve ser destacada pela apresentação tipográfica utilizada no texto; os elementos pré-textuais não
devem estar contidos no sumário.
Uma linha pontilhada deve ser usada para ligar o nome do capítulo à página correspondente.
Figura 6
Modelo de sumário
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
............................................8
1.1 TEMA
1.2 DELIMITAÇÃO TEMÁTICA
1.3 PROBLEMA
1.4 OBJETIVO
1.5 JUSTIFICATIVA
1.6 METODOLOGIA
2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
.......9
2.1 NOVAS
TECNOLOGIAS................12
2.2
INTERNET/INTRANET..................14
2.3 BIBLIOTECA
VIRTUAL................17
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
..............20
REFERÊNCIAS
...........................................21
GLOSSÁRIO
................................................23
APÊNDICE
...................................................25
ANEXOS
ANEXO A Página da
Internet.........................26
ANEXO B Página da
Biblioteca.....................27
Obs.: A representação acima é de uma folha de papel que não possui margem.
Elementos textuais
São constituídos das seguintes partes fundamentais: tema, problema, título, introdução (apresentação),
problematização ou referencial teórico (revisão bibliográfica), justificativa teórica, objetivos, hipótese(s),
metodologia e plano de estudos ou cronograma.
Elementos pós-textuais
Os elementos pós-textuais complementam o trabalho.
Anexo
Elemento opcional, consiste em um texto ou documento não elaborado pelo autor que serve de fundamentação,
comprovação e ilustração. Os anexos são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos
respectivos títulos. Utilizam-se letras maiúsculas dobradas na identificação dos anexos quando esgotadas as 23 letras
do alfabeto (ABNT, NBR 14724, 2005).
Glossário
Obrigatório, equivale a uma lista em ordem alfabética de palavras ou expressões técnicas de uso restrito ou de
sentido obscuro utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições.
Referências
Também elemento obrigatório, é um conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um documento,
permitindo sua identificação individual (ABNT, NBR 6023, 2002).
Formato do trabalho
O papel a ser utilizado é o de formato A4 (21 cm x 29,7 cm), de cor branca, e o texto deverá ser digitado ou
datilografado na cor preta, com exceção das ilustrações, no anverso das folhas.
Recomendam-se para digitação a utilização de fonte tamanho 12 para o texto e tamanho menor para as citações de
mais de três linhas, notas de rodapé, paginação e legendas das ilustrações e tabelas. Quanto às fontes utilizadas,
embora as normas da ABNT não as prescrevam, são usuais a Arial ou Times New Roman. No caso de textos com
citações de mais de três linhas, deve-se observar o recuo de 4 cm da margem esquerda. Para textos digitados
observa-se apenas o recuo. A primeira linha é especial e por 1 cm, 1,25 cm ou 1,5 cm.
As margens deverão obedecer ao seguinte modelo (figura 7):
■ 3 cm na esquerda
■ 2 cm na direita
■ 3 cm na parte superior
■ 2 cm na parte inferior
Figura 7
Modelo para as margens
Obs.: A representação acima é de uma folha de papel que não possui margem.
Espacejamento
Segundo a ABNT (NBR 14724, 2005), todo o texto deve ser digitado ou datilografado com espaço 1,5 (um e meio).
As citações de mais de três linhas, as notas, as referências, as legendas de ilustrações e tabelas, a ficha
catalográfica, a natureza do trabalho, o objetivo, o nome da instituição a que é submetida e a área de concentração
devem ser digitados ou datilografados em espaço simples. As referências, ao final do trabalho, devem ser separadas
entre si por dois espaços simples.
Os títulos das subseções devem ser separados do texto que os precede ou que os sucede por dois espaços de 1,5
cm.
Nas folhas de rosto e de aprovação, a natureza do trabalho, o objetivo, o nome da instituição a que é submetida e a
área de concentração devem ser alinhados do meio da mancha para a margem direita.
As notas devem ser datilografadas ou digitadas dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço
simples de entrelinhas e por filete de 3 cm a partir da margem esquerda.
Indicativos de seção
O indicativo numérico de uma seção precede seu título, alinhado à esquerda, separado por um espaço de caracter. Os
títulos sem indicativo numérico são o sumário, as referências e o(s) anexo(s).
Paginação
Todas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente, mas não numeradas. A
numeração é colocada a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito
da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2 cm da borda direita da folha.
Observar:
■ folhas pré-textuais são contadas, mas não numeradas;
■ folhas textuais são numeradas sequencialmente em algarismos arábicos localizados no lado direito da extremidade
superior da folha;
■ folhas pós-textuais são contadas, mas não numeradas, na mesma sequência do texto.
Recomenda-se o uso da numeração progressiva para as seções do texto.
Numeração progressiva
Para evidenciar a sistematização do conteúdo do trabalho, deve-se adotar a numeração progressiva para as seções do
texto. Os títulos das seções primárias, por serem as principais divisões de um texto, devem se iniciar em folha
distinta. Destacam-se, gradativamente, os títulos das seções, utilizando-se os recursos de negrito, itálico ou claro e
redondo, caixa-alta ou versal. Conforme a ABNT (NBR 6024), a apresentação no sumário segue padrão idêntico ao
do texto.
Assim:
1. SEÇÃO PRIMÁRIA
1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA
1.1.1 Seção terciária
1.1.1.1 Seção quaternária
1.1.1.1.1 Seção quinária
Um autor
GIL, Antonio de Lourenço. Segurança em informática. São Paulo: Atlas, 1994.
MACIEL, A. C. Planejamento de biblioteca: o diagnóstico. Niterói: EDUFF, 1993.
Observa-se também que o título e o subtítulo (se for o caso) devem ser reproduzidos como figuram no exemplo,
ou seja, separados por dois-pontos, o título em destaque e o subtítulo sem destaque. Porém, em títulos
demasiadamente longos, podem-se suprir as últimas palavras, desde que não seja alterado o sentido. A supressão
deve ser indicada por reticências.
Dois autores
GOMES, Josir Simeone; SALAS, Joan M. Amat. Controle de gestão: uma abordagem contextual e organizacional.
2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
Três autores
SOUZA, Donaldo Bello de; SANTANA, Marco Aurélio; DELUIZ, Neise. Trabalho e educação: centrais sindicais
e reestruturação produtiva no Brasil. Rio de Janeiro: Quartet, 1999.
Autor (entidade)
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DAS ALFÂNDEGAS. Glossário de termos aduaneiros internacionais. Tradução
Oswaldo da Costa e Silva. Brasília, DF: LGE, 1998.
BRASIL. Presidência da República. Comunidade solidária: três anos de trabalho. Brasília, DF: Imprensa Nacional,
1998.
Eventos no todo
Elementos essenciais: nome do evento, numeração (se houver), ano e local (cidade) de realização. Em seguida,
menciona-se o título do documento (anais, atas, ...) seguido dos dados de local de publicação, editora e data de
publicação.
SIMPÓSIO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO DO NORDESTE, 1., 1996, Fortaleza. Gestão
e participação. Fortaleza: ANPAE, 1996.
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, 46., 1994, Vitória.
Anais... Vitória: UFES, 1994.
CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2., 1997, Belo Horizonte. Educação, democracia e qualidade
social: consolidando um plano nacional de educação. Belo Horizonte: APUBH, 1997.
Referências legislativas
Elementos essenciais: jurisdição (ou cabeçalho da entidade, no caso de se tratar de normas), título, numeração, data
e dados da publicação. No caso de constituições e suas emendas, entre o nome da jurisdição e o título acrescenta-se
a palavra “Constituição” seguida do ano de promulgação entre parênteses.
BRASIL. Medida provisória no 2.052, de 26 de outubro de 2000. Dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, à
proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, à repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e à
transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 out. 2000. Seção 1-E, p. 87.
Enciclopédias
NOME DA ENCICLOPÉDIA. //Local: /Editor, /data. //total de volumes.
Obs.: / pula espaço.
ENCICLOPÉDIA Novo Século. Rio de Janeiro: Visor do Brasil, 2002. 12 vol.
Enciclopédias em CD-ROM
ENCICLOPÉDIA Barsa. São Paulo: Enciclopédia Britannica do Brasil, 1999. 1 CD-ROM.
Dicionário
MELHORAMENTOS. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 2004.
Notas
Entrevistas
POSSI, Zizi. Movida à paixão. São Paulo, 2001. Entrevista concedida a Lucy Dias em 10 set. 2001.
ENTREVISTA GRAVADA
FLORESTAN, F. O conceito de natureza. Entrevistador: Heemann. São Paulo: USP, 1985. 1 fita cassete (30 min).
Palestras
LEONARDOS, Ana Cristina. Educação e novas tecnologias. 2001. Palestra realizada na Universidade Estácio de
Sá em 28 ago. 2001.
Anotações de aula
SILVA, José. Mecânica básica. 2001. 45 f. Notas de aula.
Trabalhos de alunos
COUTINHO, Vanessa Monteiro. História da 10a Conferência Nacional de Saúde. 2001. Trabalho de aluno.
CD
ANA Carolina. [Rio de Janeiro]: BMG, c2001. 1 CD (53 min).
Relatórios
AUTOR. //Título. //Local, /Editor. /data. Notas especiais.
Obs.: / pula espaço.
DELGADO, S. Relatório de pesca artesanal da Praia do Farol. Torres: Laboratório de Pesquisa Lagunar, 1999.
Nos relatórios institucionais a entrada é feita pelo nome da instituição, e não pelo executor do relatório:
INSTITUTO BRASILEIRO DO CAFÉ. Relatório 1999. Vitória, 1999. 20 p. Mimeografado.
Catálogos ou anais
AUTOR. Título. //Local, /ano. //No de páginas. //Indicação de catálogo.
Obs.: / pula espaço.
CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE. Anais da II Jornada Científica. Rio de Janeiro, 2005. 106p.
Material cartográfico
Inclui atlas, mapa, globo, fotografia aérea, entre outros. Quando necessário, as referências devem obedecer aos
padrões indicados para outros tipos de documentos.
AUTOR. //Título. //Edição. //Local, /Editor, /data. //Número de unidades físicas: indicação de cor; dimensões.
//Escala. //Notas.
Obs.: / pula espaço.
INSTITUTO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO (São Paulo, SP). Regiões de governo do estado de São Paulo.
São Paulo, 1994. Plano Cartográfico do Estado de São Paulo. Escala 1:2.000.
Trabalho acadêmico
ALVES, Maria Leila. O papel equalizador do regime de colaboração estado-município na política de
alfabetização. 1990. 283 f. Dissertação (Mestrado em Educação) — Universidade de Campinas, Campinas, 1990.
Disponível em: <http://www.inep.gov.br/cibec/bbe-online>. Acesso em: 28 set. 2001.
Lista de discussão
BIBIAMIGOS Discussion List. Lista de discussão sobre biblioteconomia e ciência da informação. Bibi Amigos
no Brasil. Disponível em:<[email protected]>. Acesso em: 21 ago. 2001.
Obs.: as mensagens que circulam por intermédio do correio eletrônico, conforme exemplo anterior, devem ser
referenciadas somente quando não se dispuser de nenhuma outra fonte que abordar o assunto em discussão, pois
mensagens trocadas por e-mail têm caráter informal, interpessoal e efêmero e desaparecem rapidamente, não sendo
recomendável seu uso como fonte científica ou técnica de pesquisa, conforme NBR 6023 (2002).
Abreviatura dos meses
Citações
As citações devem ser apresentadas conforme a ABNT NBR 10520 (2002).
Citação direta
A citação direta é a transcrição literal de um texto ou informação. Pode ser curta (até três linhas) ou longa (com mais
de três linhas).
Citação direta curta (até três linhas)
Começamos tomando como exemplo de citação direta curta:
■ Para uma melhor discussão sobre conhecimento, Barros diz que “o conhecimento e o conhecer se realizam no
vazio intelectual, teórico ou prático (...)” (1990, p. 13).
No próprio texto são colocados os seguintes elementos: autor, ano da obra e página, e a citação é feita no
parágrafo normal, entre aspas. Se o texto já contém aspas, elas serão substituídas por aspas simples.
Outros exemplos:
■ Barros (1990, p. 13), ao discutir sobre conhecimento, diz que “o conhecimento e o conhecer se realizam no vazio
intelectual, teórico e prático (...)”
■ Demo (1993) discute no seu livro Desafios modernos de educação a pesquisa como “(...) atitude do ‘apreender a
apreender’, e, como tal, faz parte de todo processo educativo e emancipatório”.
Ou:
■ A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com
objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação (LAKATOS e MARCONI, 1991, p. 80).9
Citação indireta
Paráfrase ou síntese: quando o autor do texto expressa com suas próprias palavras o conteúdo retirado de um outro
autor. Por exemplo: “Para Kerlinger (1980), a pesquisa metodológica é parte integrante e significativa de toda a
atividade científica. As pesquisas devem contribuir para a formação de uma consciência crítica ou um espírito
científico do pesquisador. O estudante, apoiando-se em observações, análises, deduções e em uma reflexão crítica,
vai, paulatinamente, formando o seu espírito científico crítico, o qual não é inato”.
Resumo ou condensação (extraído de várias páginas): não será necessária a indicação das páginas. Por exemplo:
“Quando uma pessoa utiliza o método científico, pode investigar ou estudar a natureza, está pensando
cientificamente (...) o método científico é a formulação de um problema ou pergunta. (KERLINGER, 1980, p. 21-
22)”.
Obs.: pode não indicar as páginas, mas o autor e ano, sim.
Grifo nosso
Quando se enfatizam trechos da citação usa-se a expressão “grifo nosso”. Por exemplo: “uma forma de
conhecimento que inclua, em qualquer forma ou medida (...)”. (ABBAGNANO apud DALAROSA, 1992, grifo
nosso).
Tradução em citação
Ela pode, em função do grau de relevância, ser colocada tanto no rodapé quanto logo após a citação na língua
original.
Ex.: “Arbeiten und nicht Verzweifeln.”
Provérbio alemão (autor...)
“Trabalha e não duvida”
Provérbio alemão (trad. pelo autor)
A tradução também poderá vir no rodapé.11
Notas de rodapé
As notas devem ser digitadas ou datilografadas dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço
simples de entrelinhas e por filete de 3 cm a partir da margem esquerda.
Indicações, observações ou adiantamentos ao texto feitos pelo autor, tradutor ou editor, podem também aparecer
na margem esquerda ou direita da mancha gráfica.
Seguem alguns exemplos:
■ “O primeiro passo a ser dado numa pesquisa científica (...) é a formulação clara de um problema. O seguinte é a
construção de hipóteses”;13
■ “É isto a humildade científica. Todos podem ensinar-nos alguma coisa. Ou talvez sejamos nós os esforçados
quando aprendemos algo de alguém não tão esforçado como nós”;14
■ “Talvez seja uma definição hipócrita, na medida em que acoberta muito orgulho, mas não é hora de colocarmos
problemas morais: orgulho ou humildade, pratiquem-na”.15
Jorge Luis Borges, em um brilhante ensaio intitulado “Kafka e seus precursores”, produz uma argumentação
sobre essa questão. Examinando uma série de textos de Zenon, Han Yu, Kierkegaard, Leon Bloy e Lord Dunsany, a
que ele denomina “precursores”, chega à seguinte conclusão: “Em cada um destes está a idiossincrasia de Kafka, em
grau maior ou menor, mas se Kafka não houvesse escrito, não a perceberíamos, vale dizer, não existiria”.16
Segundo Borges, “cada escritor cria seus precursores. Seu trabalho modifica nossa concepção do passado, como
há de modificar o futuro”.17
Por outro lado, dada a ausência de aprovação do Orçamento de 1994, até aquela data, e o não cumprimento dos
dispositivos constitucionais que unificaram os orçamentos da Seguridade Social, fica complicado atribuir ao setor de
saúde o papel exclusivo de bode expiatório dos gastos governamentais.18
Notas de referência indicam fontes consultadas ou remetem a outras partes da obra em que o assunto foi
abordado.
Ex.: Assim se expressa:
Mas é quando trata do bori, de “dar comida à cabeça”, que Julio Braga dá uma aula de ética antropológica, distinguindo perfeitamente a sua
condição de sacerdote — que também o é — portanto, com acesso aos segredos e fundamentos da religião, do seu papel de antropólogo. Faz uma
grande “malandragem”: elabora uma tipologia do bori, mas na descrição da cerimônia e de seus rituais deixa que “os outros falem”.19
Notas explicativas são comentários, esclarecimentos ou explanações que não podem ser incluídos no texto. O
exemplo que se segue faz uso de nosso rodapé para sua explicação: “O comportamento liminar correspondente à
adolescência vem-se constituindo numa das conquistas universais, como está, por exemplo, expresso no Estatuto da
Criança e do Adolescente”.20
A numeração das notas é única em todo o trabalho em algarismos arábicos.
As notas de rodapé devem ser separadas do texto por um traço que se inicia na margem e tem 4 cm.
Tabelas
Equações e fórmulas
Aparecem destacadas no texto, de modo a facilitar sua leitura. Na sequência normal do texto, é permitido o uso de
uma entrelinha maior que comporte seus elementos (expoentes, índices e outros). Quando destacadas do parágrafo,
são centralizadas e, se necessário, deve-se numerá-las. Quando fragmentadas em mais de uma linha por falta de
espaço, devem ser interrompidas antes do sinal de igualdade ou depois dos sinais de adição, subtração, multiplicação
e divisão.
Ilustrações
Figuras (quadros, lâminas, plantas, fotografias, gráficos, organogramas, fluxogramas, esquemas, desenhos e outros)
São elementos demonstrativos de síntese que constituem unidade autônoma e explicam ou complementam
visualmente o texto. Qualquer que seja seu tipo, sua identificação aparece na parte inferior precedida da palavra
“figura”, seguida de seu número de ordem de ocorrência no texto, em algarismo arábico, do respectivo título ou
legenda explicativa e da fonte, se necessário.
As legendas das ilustrações devem ser breves e claras, dispensando consulta ao texto. Devem ser inseridas o mais
próximo possível do trecho a que se referem.
Tabelas
Elementos demonstrativos de síntese, constituem unidade autônoma. As tabelas apresentam informações tratadas
estatisticamente. Em sua apresentação:
■ há numeração independente e consecutiva;
■ o título é colocado na parte superior precedido da palavra “tabela” e de seu número de ordem em algarismos
arábicos;
■ as fontes citadas, na construção de tabelas, e notas eventuais aparecem no rodapé após o fio de fechamento;
■ caso sejam utilizadas tabelas reproduzidas de outros documentos, a prévia autorização do autor se faz necessária,
não sendo mencionada na mesma;
■ devem ser inseridas o mais próximo possível do trecho a que se referem;
■ se a tabela não couber em uma folha, deve ser continuada na folha seguinte e, nesse caso, não é delimitada por
traço horizontal na parte inferior, sendo o título e o cabeçalho repetidos na folha seguinte;
■ nas tabelas utilizam-se fios horizontais e verticais para separar os títulos das colunas no cabeçalho e fechá-las na
parte inferior, evitando-se fios verticais para separar as colunas e fios horizontais para separar as linhas.
Em alguns casos, a exigência da aplicação rigorosa das normas da ABNT, a multiplicidade de informações e a
correta diagramação do texto ainda esbarram na dificuldade de alguns em manusear editores eletrônicos, fazendo
que a simples tarefa de formatação de um projeto se torne sofrível. Recomenda-se, assim, o condicionamento da
elaboração dos trabalhos acadêmicos sempre ao uso das normas da ABNT. O uso contínuo dessas indicações torna
sua aplicação cada vez mais hábil e aperfeiçoada, fazendo com que a norma deixe de ser grilhão para assumir seu
lugar de padrão.
9 De acordo com os exemplos, a data e a página podem ser colocadas no final da citação ou após o nome do autor.
10 Pode-se confirmar com Bachelard quando afirma que “a ciência não constitui um mundo a descrever. Ela constitui um minuto a construir” (1998, p.
136).
11 Trabalha e não duvida (trad. do autor).
12 Comunicação pessoal em programa de televisão, sem registro ou informação verbal (entrevista).
13 GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
14 ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 12. ed. São Paulo: Perspectiva, 1995. p. 12.
15 Id.
16 BORGES, J. L. Obra completa. Buenos Aires: Emeci, 1974.
17 Id. ibid, p. 711.
18 Cf. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 3, 17 maio 1994.
19 BACEIAR, Jeferson. Prefácio. In: BRAGA, Julio. Fuxico de candomblé: estudos afro-brasileiros. Feira de Santana: UEFS, 1998. p. 10.
20 Se a tendência à universalização das representações sobre periodização dos ciclos de vida desrespeita a especificidade dos valores culturais de vários
grupos, ela é condição para a constituição de adesões e grupos de pressão integrados à moralização de tais formas de inserção de crianças e de jovens. (Essa
nota de rodapé é relativa ao exemplo de nota explicativa.)
Considerações finais
Tratamos da pesquisa, dos tipos de pesquisa, por que se pesquisa, para que serve e assim por diante. Apresentamos a
ciência como um conhecimento dotado de método e concepções epistemológicas. Explicou-se o projeto de pesquisa
como o que visa instrumentalizar o aluno para que possa desempenhar bem seu papel de estudante universitário,
seguindo as normas e os padrões de confecção e apresentação dos trabalhos, sem prescindir da qualidade de
reflexão: exigência básica para o ensino superior.
O desafio de muitos é colocar as ideias no papel com rigor de definições, fugindo das ambiguidades, utilizando-se
de procedimentos metodológicos. Lidamos, então, com as normas da ABNT, muito faladas mas pouco conhecidas
pela maioria dos estudantes e que, agora, como nos lembra Severino (1995:15), devem servir, na aprendizagem
universitária, como instrumento para atingir seu principal objetivo: “aprender a pensar”.
Após essas diretrizes, que visaram capacitar o pesquisador a produzir projetos de pesquisa acadêmica, é
necessário escrever. O projeto só toma corpo com sua redação. Nela será possível constatar que as ideias que
presumíamos organizadas em nossa mente não estão tão claras e distintas assim. A redação do projeto, isto é, o ato
de expressar por meio da escrita o que se projeta dissertativamente, oferece resistências específicas, não só no que se
refere ao uso da língua, mas também quanto à organização prescrita pelos métodos e técnicas que aprendemos. Ao
fixar os dados e informações de seu projeto na forma de texto, torna-se mais fácil avaliar os pontos que precisam ser
alterados, melhorados aqui e ali, reformulados de maneira mais objetiva, tarefa que pode obter melhores resultados
com o auxílio do orientador ou tutor.
Isso adianta a observação de que um projeto, por mais rigorosamente escrito e em acordo com as normas da
metodologia, não está pronto em sua primeira versão. Tal escrito, como todo escrito acadêmico, pode sempre ser
aperfeiçoado, seja por meio de revisões, de reestruturações, de uma melhor exposição dos itens ou reconstrução de
seus argumentos, por uma eficiente fundamentação ou, enfim, por uma linguagem mais clara e “cordial” com seu
leitor. Essa incompletude não deve, contudo, desmotivar o pesquisador, pois se trata de um fenômeno comum à
redação do texto, superado pela dedicação para o qual “trabalhe e não duvide” é crucial.
Escrever projetos antes de produzir um trabalho acadêmico é um hábito que se recomenda, mesmo quando não há
requisição institucional para isso. Observa-se, por exemplo, que, em um artigo científico, sua estrutura e coesão
tornam-se melhores quando anteriormente projetadas, pois o projeto impede que nos “percamos” em meio a nossos
argumentos. A elaboração de um projeto, ao contrário do que poderíamos pensar, constitui um recurso que nos
pouparia não só esforço, mas tempo, pois é preferível investir um pouco desses em tal documento (que permitirá a
elaboração segura de um texto de qualidade) a desperdiçá-los tendo escrito, no entusiasmo, algo que não se sustenta.
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