dis_APLICABILIDADE DO USO DE VEÍCULO SAÉREOS NÃO TRIPULADOS NO MONITORAMENTO E GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTUDO DE CASO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM_2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SENSORIAMENTO REMOTO

DIEGO COELHO SILVA DE CAMARGO

APLICABILIDADE DO USO DE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS


NO MONITORAMENTO E GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO:
ESTUDO DE CASO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM – RS

Porto Alegre
2018
DIEGO COELHO SILVA DE CAMARGO

APLICABILIDADE DO USO DE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS


NO MONITORAMENTO E GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO:
ESTUDO DE CASO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM – RS

Dissertação apresentada ao programa de Pós-


Graduação em Sensoriamento Remoto, da UFRGS,
como requisito para a obtenção do título de mestre em
Sensoriamento Remoto, sob orientação da Profª Drª
Tatiana Silva da Silva

Banca Examinadora
Prof. Dr. Laurindo Antônio Guasselli Dep. Geografia (UFRGS)
Profa. Dra. Andrea Lopes Iescheck Dep. Geodésia (UFRGS)
Prof. Dr. Leonardo Cardoso Renner Dep. Geodésia (UFRGS)

Porto Alegre
2018
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Miriam Regina Bernardes Coelho Silva e Tamay Caetê Daitx de
Camargo pelo apoio em minhas decisões.
Aos meus irmãos Bruno Coelho Silva de Camargo e Mariana Coelho Silva de
Camargo pelos incentivos finais na conclusão desta etapa.
À Natália Rohenkohl do Canto. Aquela que com carinho e dedicação me incentivou
nas horas mais complicadas dessa etapa, sempre doando uma parte de si para o meu bem
estar. Deixo aqui também o meu desejo de que ela sempre consiga se cercar de coisas boas, e
nunca pensar duas vezes em buscar tudo aquilo que merece. Certamente a pessoa mais
inteligente e dedicada que conheço.

―Caminhar… Ver outras coisas… Isso tudo acaba destravando a mente...‖

―Uma melodia é como ver alguém pela primeira vez. A atração física. Sexo. Mas então à
medida que você vai conhecendo a pessoa, isso é a letra. A história deles. Quem eles são no
interior. É a combinação dos dois que torna isso em algo mágico, a magia da canção.‖
RESUMO
A Estação Ecológica do Taim, localizada no extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil, é uma
área reconhecida mundialmente por ser importante para conservação, abrigando ambientes
sensíveis e diversas espécies ameaçadas. Sendo uma área grande, diversa, e impactada por
diferentes usos, as atividades de gestão no Taim se tornaram complexas, indicando a
necessidade de novas ferramentas de monitoramento. O estudo em questão visou analisar a
aplicabilidade de diferentes modelos de veículos aéreos não tripulados, como subsídio à
obtenção de dados espaciais para áreas de interesse de gestão da ESEC do Taim. As áreas
prioritárias para o monitoramento foram delimitadas a partir de reuniões com gestores e
pesquisadores, e através de referências bibliográficas. Foram delimitadas 8 áreas com
interesses diversos para a gestão do Taim: focos de incêndio; atividades de caça e pesca;
atropelamento de fauna; localização de espécies; recuperação natural; reconhecimento. As
principais características das plataformas analisadas foram a autonomia, raio de operação, e a
compatibilidade com câmeras capazes de atender as necessidades das demandas identificadas,
em termos de resolução espectral e espacial. Foi utilizado o software Mission Planner para a
construção de testes de voo, e o ArcGis 10,3 para o cruzamento de informações espaciais
necessárias para a definição dos equipamentos capazes de operar. Os modelos que se
mostraram aplicáveis foram o Echar 20 C, o Batmap 2, e o Phantom 4. Foi construída uma
relação das atribuições dos modelos propostos com as demandas por área, considerando
questões de logística de campo, restrições legais, e custos. O Echar 20 C, e o Batmap 2 foram
definidos para o mapeamento de áreas maiores, ou em áreas menores com necessidades de
altíssima resolução espacial, e qualidade posicional sem a necessidade de pontos de controle
em campo. Já o Phantom 4 Pro definido para as demandas onde o produto não ocorre em
forma de fotografias aéreas, mas sim visualização em tempo real da superfície terrestre. Foi
considerado então um subsídio importante na detecção de focos de incêndio e infratores, que
pode auxiliar a brigada de incêndios atuante no controle de queimadas. O estudo em questão
se mostrou eficiente na busca pela introdução de tecnologia de VANT ao processo de gestão
da ESEC DO TAIM, que vem se desenvolvendo para atingir um patamar de excelência no
armazenamento, e distribuição de dados espaciais para os diversos atores envolvidos no
processo de manutenção dos recursos naturais importantes para o meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Sensoriamento remoto; VANT; Gestão; Taim.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14
2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 17
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 17
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO. ........................................................... 18
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. .................................................................................. 21
4.1 ABORDAGENS SOBRE A ESEC DO TAIM: IMPORTÂNCIA,
BIODIVERSIDADE E EXPANSÃO DO LIMITE LEGAL ESTABELECIDO. ............... 21
4.1.1 Aspectos da Legislação Ambiental Aplicadas à ESEC do Taim........................ 21
4.1.2 Histórico da expansão da área legal da ESEC do Taim. .................................... 23
4.1.3 Histórico da Biodiversidade da ESEC DO TAIM. ............................................. 26
4.1.4 Pressões aos ecossistemas protegidos pela unidade de conservação, e principais
estudos para a mitigação dos impactos ............................................................................. 29
4.2 ABORDAGENS SOBRE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS:
CARACTERÍSTICAS, HISTÓRICO, LEIS E APLICAÇÕES. .......................................... 36
4.2.1 Histórico, classificação, e inserção dos Veículos Aéreos Não tripulados como
ferramenta para obtenção de dados espaciais ................................................................... 36
4.2.2 Características e aplicações dos veículos aéreos não tripulados ........................ 38
4.2.3 Aspectos da Legislação para a utilização de VANT no espaço aéreo brasileiro 41
4.2.4 Modelos de Veículos Aéreos Não tripulados, e suas aplicações. ....................... 47
4.2.5 VANT aplicados na gestão de unidades de conservação ................................... 66
5. METODOLOGIA ............................................................................................................. 68
5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE A UTILIZAÇÃO DE VANT E SEUS
COMPONENTES................................................................................................................. 68
5.2 REUNIÃO DE TRABALHO COM PESQUISADORES E GESTORES PARA
IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DE GESTÃO DA ESEC DO TAIM
69
5.3 RECONHECIMENTO E LOGÍSTICA DE CAMPO ............................................... 69
5.4 DESENVOLVIMENTO DE BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS. ................................................................................................................. 70
5.5 AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE DIFERENTES EQUIPAMENTOS
E SUA APLICABILIDADE EM RELAÇÃO ÀS DEMANDAS DE PESQUISADORES E
GESTORES .......................................................................................................................... 70
5.6 PROPOSTA DE AÇÃO BASEADO NA UTILIZAÇÃO DE VANT, COMERCIAL
OU NÃO, PARA SUBSIDIAR AÇÕES DE GESTÃO NA ESEC DO TAIM. .................. 71
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES. ................................................................................... 73
6.1 PRINCIPAIS DEMANDAS DE GESTÃO IDENTIFICADAS PARA POSSÍVEL
UTILIZAÇÃO DE RPAS..................................................................................................... 73
6.2 ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA MONITORAMENTO, MAPEAMENTO, E
FISCALIZAÇÃO A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DE VANT. ........................................... 78
6.2.1 Monitoramento de espécies protegidas, e reconhecimento de áreas importantes
da ESEC do Taim. ............................................................................................................ 78
6.2.2 Monitoramento de Focos de incêndios e áreas de recuperação natural .............. 79
6.2.3 Monitoramento de Atropelamento de Fauna. ..................................................... 81
6.2.4 Fiscalização de infrações: caça, e pesca ilegal. .................................................. 82
6.3 APLICABILIDADES DO USO DE DIFERENTES MODELOS DE VANT
FRENTE ÀS DEMANDAS DE GESTÃO DA ESEC DO TAIM ....................................... 83
6.3.1 Aplicabilidade de VANT para reconhecimento de áreas importantes para a
Unidade de Conservação: Área de interesse para análise da aplicabilidade de VANT
número 1. .......................................................................................................................... 83
6.3.2 Aplicabilidade de VANT para monitoramento e localização de espécies
protegidas e de interesse para a gestão: Área de interesse para análise da aplicabilidade
de VANT número 2 e 3. ................................................................................................... 88
6.3.3 Aplicabilidade de VANT para a Localização de focos na ESEC do Taim: Área
de interesse para análise da aplicabilidade de VANT número 4. ..................................... 94
6.3.4 Aplicabilidade de VANT para monitoramento da recuperação natural: Área de
interesse para análise da aplicabilidade de VANT número 5. .......................................... 97
6.3.5 Aplicabilidade de VANT para monitoramento de atropelamento de fauna: Área
de interesse para análise da aplicabilidade de VANT número 6. ................................... 103
6.3.6 Aplicabilidade de VANT para monitoramento e fiscalização de infrações de
caça e pesca: Área de interesse para análise da aplicabilidade de VANT números 7 e 8.
104
6.4 PROPOSTA DE PLATAFORMAS QUE PODEM SUBSIDIAR AÇÕES DE
GESTÃO ............................................................................................................................ 109
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 117
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................................................... 119
LISTA DE ANEXOS ............................................................................................................. 126
ANEXO A: Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial (RBAC-E nº 94), sub parte
E 94.3. ................................................................................................................................. 126
ANEXO B: Figura das áreas de interesse delimitas ........................................................... 128
ANEXO C: Delimitação da Faixa de Segurança de Aeródromos para Voos com RPAs. . 129
ANEXO D: Órgãos Regionais do DECEA. Fonte: Extraído de ICA 100-40 (2016)......... 130
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:
AIC Circular de Informação Aeronáutica

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

APSC Advanced Photo System Type - C

BRLOS Operação Além da Linha de Visada Rádio

ATM Gerenciamento do Tráfego Aéreo

BVLOS Operação Além da Linha de Visada Visual

CCD Charged-Couple Device

CMA Certificado Médico Aeronáutico

COI Controle de Orientação Inteligente

DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte

DNOS Departamento Nacional de Obras e Saneamento

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ESEC Estação Ecológica

FPV First Person View

GDT Geometric Dimensional and Tolerance

GLONASS Sistema Global de Navegação por Satélites Russo

GNSS Sistema Global de Navegação por Satélite

GPS Sistema Global de Navegação por Satélite Americano

GSD Ground Sample Distance

HA High Accuracy

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais

ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IFR Regra de Voos por Instrumentos

MDD Model driven development

MDT Modelo Digital do Terreno

MMA Ministério do Meio Ambiente


NDVI Índice de Vegetação por Diferença Normalizada
NIR Near Infrared (Infravermelho Próximo)
NEMA Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental

NOTAM Notice to Airmen

OACI Organização Internacional de Aviação Civil

PMD Peso Máximo de Decolagem

RAB Registro Aeronáutico Brasileiro

RLOS Operação em Linha de Visada Rádio

RBAC Regulamento Brasileiro de Aviação Civil

RPA Aeronave Remotamente Pilotada

RPAS Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotadas

RTOS Sistema de Operação em Tempo Real

SARPAS Sistema de Autorização de Acesso ao Espaço Aereo RPAS

SIG Sistema de Informações Geográficas

SISCEAB Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

SISANT Sistema de Aeronaves não Tripuladas

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC Unidade de Conservação

VANT Veículos Aéreos Não Tripulados

VLOS Operação em Linha de Visada Visual

ZA Zona de Amortecimento
LISTA DE FIGURAS:
Figura 1: Localização da área de estudo (baseada na proposta de ampliação da área legal da
ESEC do Taim discutida pelo grupo de trabalho GT-TAIM, e os diversos atores envolvidos
no processo de expansão da área legal). Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim. ................ 20
Figura 2: Comparação entre os limites legais dos decretos de 1978 (81.603) e 1986 (92.963).
Infere a supressão de área imposta pela medida. Fonte: Adaptado de Schreiner (2012); MMA
(2013). Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim. ................................................................... 24
Figura 3: Proposta de delimitação da Zona de Amortecimento da ESEC DO TAIM. Fonte:
Adaptado de Schreiner 2012; MMA 2013. Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim. ........... 26
Figura 4: Cisne do pescoço preto (Cygnus melancoryphus), uma das espécies mais visadas
atualmente para projetos de gestão no Taim. Fonte: Natureza Brasileira. ............................... 29
Figura 5: Capivara no Taim (Hydrochoerus hydrochaeris). Uma das espécies mais visadas em
estudos de análise populacional, e estudos de impacto da BR-471 sobre a fauna protegida do
Taim. Fonte: Adilson Troca. .................................................................................................... 29
Figura 6: Seções da BR - 471 que percorrem áreas de importância para a gestão da ESEC do
Taim. A seção C – D representa a extensão da BR – 471 mais associada ao monitoramento de
atropelamento de fauna. Fonte de dados espaciais: WEBGIS – Taim; Openlayer; FEPAM. .. 31
Figura 7: Zoneamento proposto por Eichenberger (2015), para propostas de mitigação e
gestão da ESEC do Taim. As Zonas de Recuperação, Primitiva, e de Uso conflitante são
utilizadas para a delimitação de áreas relacionadas às principais atividades nas será analisada
a aplicabilidade de VANT. Adaptado de Eichenberger (2015). Fonte de dados espaciais:
WebGis Taim............................................................................................................................ 35
Figura 8: Fluxograma com resumo das regras dispostas na ICA 100-40 (DECEA), para o
acesso ao espaço aéreo. FONTE: Extraído de ICA 100 – 40, DECEA, 2017.......................... 44
Figura 9: Modelos de VANT. Distinção entre asa fixa, e asa rotativa multirotor. Fonte:
Extraído de Andrade, 2013. ...................................................................................................... 48
Figura 10: Modelos de VANT desenvolvidos por empresas internacionais. ―A‖ ilustra o
modelo Phantom 3 Professional, desenvolvido pela empresa DJI, ―B‖ S900 também da
empresa DJI, ―C‖ representa o modelo Aibotix X6 da empresa Aibotix, e ―D‖ o modelo Disco
FPV da empresa Parrot. Fonte: Dji, Parrot, e Aibotix. ............................................................. 51
Figura 11: Visualização da câmera do Parrot Disco em operação. Pode ser observada no
aplicativo de smartphone, ou mesmo a partir do óculos de FPV. Fonte: ................................. 55
Figura 12: Modelos de VANT comercializados pela empresa XMOBOTS. ―E‖ ilustra o
modelo ECHAR 20C, ―F‖ o modelo ARATOR 5A, ―G‖ o modelo Nauru 500B. Fonte:
Xmobots. .................................................................................................................................. 57
Figura 13: Batmap: VANT desenvolvido pela empresa Nuvem UAV. Fonte: Extraído de
Nuvem UAV. ............................................................................................................................ 64
Figura 14: Fluxograma das principais atividades envolvidas na metodologia. ........................ 72
Figura 15: Monitoramento de fauna realizado na rodovia BR - 471. Fonte de dados espaciais:
WebGIS Taim; Open Layer. ..................................................................................................... 74
Figura 16: Pontos de Localização das bases do ICMbio utilizadas para fiscalização,
monitoramento, e abrigo para estações meteorológicas. Fonte de dados espaiciais: WebGis
Taim; FEPAM. ......................................................................................................................... 75
Figura 17: Mapeamento das Infrações de caça e pesca ilegal que ocorrem nos limites da ESEC
do Taim, e seu entorno. Fonte de dados espacias: WebGis - Taim. ......................................... 76
Figura 18: Áreas de extensão do impacto das grandes queimadas que ocorreram no Taim.
Adaptado de Eichenberger (2015). Fonte de dados espaciais: WebGis – Taim. ..................... 77
Figura 19: Áreas de interesse para a análise da aplicabilidade de RPAS, voltadas ao
monitoramento de espécies, e localização de áreas importantes para a conservação. Fonte de
dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC). .................................................................. 79
Figura 20: Área de interesse para a análise de aplicabilidade de VANT para a Localização de
Focos de Incêndio. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC). .................... 80
Figura 21: Área de interesse para a análise de aplicabilidade de VANT para o Monitoramento
da Recuperação Natural da Paisagem. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da
ESEC). ...................................................................................................................................... 81
Figura 22: Área de Interesse para Análise da Aplicabilidade de VANT para subsídio ao
monitoramento de atropelamento de fauna. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite
da ESEC); Open Layers. ........................................................................................................... 82
Figura 23: Área de Interesse para Análise da Aplicabilidade de VANT para subsídio ao
monitoramento de Infrações. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC). .... 83
Figura 24: Área de Cobertura obtida por realização de voo com Phantom 3. .......................... 84
Figura 25: Comparação de Alcance dos Equipamentos analisados para aplicabilidade na área
de interesse 1, a partir da base Estrada Cinza (4). O Arator 5A com 10 km de alcance, O
Echar 20 C e o Nauru 500 B com no mínimo 20 km de alcance (pode ir até 30 km
dependendo das condições). ..................................................................................................... 86
Figura 26: Exemplo de teste de plano de voo realizado com o auxílio do software Mission
planner (representa o teste, considerando a área de interesse 1 inteira para uma altura de 600
m, no quadro 10). ...................................................................................................................... 87
Figura 27: Plano de voo considerando 1/4 da área de interesse, para o quadrante mais distante
do ponto de pouso e decolagem. ............................................................................................... 88
Figura 28: Análise espacial do alcance do equipamento considerado para aplicabilidade nas
áreas 2 e 3, de interesse ao monitoramento e localização de espécies protegidas, ilustrando o
mínimo alcance da RPA de 20 km. .......................................................................................... 90
Figura 29: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 3,
localizada na outra extremidade do limite da ESEC do Taim. As informações estimadas para a
operação estão dispostas no quadro 11. .................................................................................... 91
Figura 30: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 2,
localizada além do limite da ESEC do Taim, mais próxima à base sede. As informações
estimadas para a operação estão dispostas no quadro 12. ........................................................ 92
Figura 31: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Batmap na área 3, com a
câmera FLIR VUE PRO, para 120 m de altura. As informações estimadas para a operação
estão dispostos no quadro 13. ................................................................................................... 94
Figura 32: Alcance do Parrot Disco FPV para análise de aplicabilidade para subsídio a
localização de focos de incêndio na área de interesse 4. .......................................................... 95
Figura 33: Alcance do Phantom 4 para análise de aplicabilidade para subsídio a localização de
focos de incêndio na área de interesse 4. .................................................................................. 97
Figura 34: Alcance do Batmap 2 para análise de aplicabilidade para subsídio de estudos de
recuperação natural da área impactada por incêndios, na área 5. ............................................. 99
Figura 35: Segmentação da área 5 para possibilitar o recobrimento pela plataforma Batmap 2.
O segmento 1 foi utilizado para a realização dos testes de voo. ............................................ 100
Figura 36: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Batmap 2 na área 5
(segmento 1), localizada dentro do limite da ESEC do Taim. As informações estimadas para a
operação estão dispostas no quadro 14. .................................................................................. 101
Figura 37: Alcance do Phantom 4 para análise de aplicabilidade para subsídio a busca de
pescadores ilegais na área 7. Nota-se a limitação do equipamento. ....................................... 105
Figura 38: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 8, mais
próxima à base Estrada Cinza. As informações estimadas para a operação estão dispostas no
quadro 15. ............................................................................................................................... 107
Figura 39: Demonstra a limitação do Batmap 2 pela capacidade do raio de operação de 10km,
considerando o lançamento a partir da base 4. Seria necessária a realização do mapeamento
por dois pontos de pouso e decolagem distintos. ................................................................... 108
LISTA DE QUADROS:
Quadro 1: Critérios de inclusão e exclusão de áreas da nova poligonais da unidade. Fonte:
Extraído de MMA, 2013........................................................................................................... 24
Quadro 2: Critérios e regras para o desenvolvimento da zona de amortecimento da ESEC DO
TAIM: Fonte: adaptado de Schreiner 2012; MMA 2013. ........................................................ 25
Quadro 3: Caracterização das zonas propostas por Eichenberger (2015), que delimitam áreas
para a possível utilização de VANT como subsídio à gestão do Taim. Fonte: Adaptado de
Eichenberger (2015). ................................................................................................................ 34
Quadro 4: Resumo de regras para acesso ao espaço aéreo brasileiro. Fonte: Extraído de ICA
100 - 40, DECEA, 2017 ........................................................................................................... 45
Quadro 5: Distinção de classes pelo peso dos equipamentos, dispostas na RAB. Fonte:
Adaptado de ANAC. ................................................................................................................ 46
Quadro 6: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT (Adaptado de
MEDEIROS, 2007) .................................................................................................................. 49
Quadro 7: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT (Adaptado de
MEDEIROS, 2007) .................................................................................................................. 49
Quadro 8: Especificações técnicas do Batmap. Comparação dos modelos comercializados.
Fonte: Adaptado de Nuvem UAV. ........................................................................................... 64
Quadro 9: Comparação das principais especificações dos modelos discutidos como possível
utilização para subsídio de dados espaciais na ESEC do Taim. A coluna de custos é estima em
dólares americanos. .................................................................................................................. 65
Quadro 10: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para
área de interesse 1, a partir da base Estrada Cinza (4). ............................................................ 88
Quadro 11: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para a
área de interesse 3, a partir da base Estrada Cinza. Foram utilizadas as especificações técnicas
da aeronave, bem como da câmera Sony A7R de 36 Mpixels disponível no software Mission
Planner. ..................................................................................................................................... 90
Quadro 12: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para a
área de interesse 2, a partir da base Estrada Cinza. Foram utilizadas as especificações técnicas
da aeronave, bem como da câmera Sony A7R de 36 Mpixels disponível no software Mission
Planner. ..................................................................................................................................... 92
Quadro 13: Resultados para o teste de voo realizado com Batmap para mapeamento da área 3,
com a utilização de câmera termal, e também a câmera RGB Sony a6000. ............................ 93
Quadro 14: Resultados obtidos para os testes de voo utilizando as especificações de câmeras
compatíveis com o modelo Batmap 2, na área 5. ................................................................... 100
Quadro 15: Comparação dos resultados de testes de voo realizados para a área de interesse 8
para dois equipamentos distintos. O Echar 20 C com a utilização da câmera Sony A7R RGB,
e o Batmap 2 com a câmera Sony a6000 RGB. ..................................................................... 107
Quadro 16: Considerações da aplicabilidade do ECHAR 20 C na ESEC do Taim. .............. 111
Quadro 17: Considerações da aplicabilidade do Batmap 2 na ESEC do Taim. ..................... 113
Quadro 18: Considerações da aplicabilidade do Phantom 4 na ESEC do Taim. ................... 115
Quadro 19: Comparação de custos de equipamentos para diferentes configurações. Valores
indicados em dólares americanos. .......................................................................................... 116
14

1. INTRODUÇÃO

A Estação Ecológica do Taim (ESEC do Taim) é reconhecida mundialmente como


uma importante área de conservação, em função da presença de grandes áreas de banhados,
campos de dunas e matas. A reserva abriga uma diversidade de espécies de flora e fauna, das
quais muitas são endêmicas e presentes na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção.
Segundo Primack (2001), a consolidação e proteção de comunidades estabelecidas em seu
ambiente natural é a forma mais eficaz de preservação desse ecossistema.
Não só a grande diversidade biológica, mas a importância dessa unidade de
conservação aflora também a partir dos serviços ecossistêmicos que provém para as áreas
adjacentes ocasionando um equilíbrio ecológico para a região. Podem ser destacados: o
controle de poluição e enchentes; a conservação da biodiversidade; a geração de solo; a
produção vegetal; a estocagem de água e nutrientes (NEMA, 2008).
Em decorrência das particularidades apresentas sobre a ESEC do Taim, a reserva é
uma unidade de conservação (UC) já consolidada há mais de 29 anos. Faz parte do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e está entre as mais importantes áreas úmidas
do mundo, tendo sido incluída na Convenção Ramsar (Convenção sobre as Zonas Húmidas de
Importância Internacional) recentemente. Mesmo partindo dessas premissas, ainda carece do
desenvolvimento do seu Plano de Manejo (e delimitação de zonas de amortecimento), que no
Brasil é o principal instrumento de gestão de unidades de conservação.
Recentemente, a ESEC do Taim passou por um processo de expansão de sua área legal
e delimitação de zonas de amortecimento (ZAs), seguindo o estabelecido no artigo 25° da Lei
n° 9.985/2000 que dá como obrigatória a existência de uma ZA no entorno de Unidades de
Conservação. O mesmo artigo define o órgão gestor da unidade, o ICMBio, como o
responsável por definir os limites das ZAs bem como o seu plano de manejo.
Devido à falta de critérios estabelecidos para a delimitação destas zonas e à
diversidade de atividades existentes no entorno, os processos de criação de ZAs ainda são
muito complicados e demorados. Na ESEC do Taim, a criação das ZAs iniciou em 2010
quando as primeiras reuniões ocorreram para a formação de um grupo de trabalho (GT-Taim)
que reunisse todos os atores interessados. Este grupo foi composto por gestores da unidade
(ICMBio), pesquisadores, representantes do poder público municipal (de Santa Vitória do
Palmar e Rio Grande), agricultores, pecuaristas, silvicultores e pescadores artesanais. A
diversidade de atores, e os conflitos de interesse resultantes deixaram o processo
extremamente oneroso.
15

Toda a inserção de novas áreas protegidas no cenário nacional é complexa, devido ao


conflito de uso e ocupação que tende a ocorrer relacionado à diversidade de atores envolvidos
num processo dessa magnitude. Entretanto, para D’amico (2013) é crucial a participação de
todos os setores, sejam as comunidades locais, ou grupos interessados no manejo e utilização
de recursos da unidade.
Para auxiliar no processo de planejamento ambiental e de tomada de decisão,
subsidiando ações de plano de manejo, zoneamento ambiental e diagnóstico ambiental, o
geoprocessamento e o sensoriamento remoto tem um papel essencial na obtenção e
integralização de dados espaciais (RAMOS et al., 2007). A visualização e o manuseio da
informação de forma espacializada facilita o diálogo entre os distintos atores envolvidos em
projetos de planejamento.
Entretanto, ainda existe uma carência de instrumentos de gestão, bem como de
tecnologias que preencham lacunas de conhecimento ainda existentes. Alguns parâmetros são
desconhecidos, pois o monitoramento in situ muitas vezes é inviável/ou de alto custo,
enquanto outros são restritos a porções específicas, em geral, em áreas de mais fácil acesso.
Assim, tecnologias que forneçam dados sobre aspectos ainda não conhecidos do
funcionamento do sistema ambiental do Taim e sua biodiversidade, além do monitoramento e
detecção de incêndios e infrações é demanda latente dos gestores, pesquisadores do GT-Taim
como um todo.
Diversos estudos sobre a construção de veículos aéreos não tripulados (VANT) e suas
aplicações para monitoramento e subsídio de dados espaciais da superfície terrestre vem
sendo desenvolvidos. O interesse por essa nova abordagem de monitoramento da superfície
terrestre é decorrência do baixo custo associado a essa tecnologia, da carência do
sensoriamento remoto orbital em termos de resolução temporal e resolução espacial, e dos
elevados custos envolvidos em trabalhos de campo em áreas de difícil acesso.
(LONGHITANO, 2010)
Mesmo que alguns trabalhos já tenham sido desenvolvidos na área de aplicabilidade
de VANT para monitoramento de biodiversidade e gestão de áreas de conservação, essa
tecnologia e suas aplicações ainda são muito recentes, de forma que existe a necessidade de
novos estudos. Em relação às aplicações de VANT na área limite da ESEC do Taim e seu
entorno, ainda não existem trabalhos desenvolvidos. Assim, é necessário um estudo prévio
que considere as características das tecnologias existentes, bem como características
ambientais.
16

Dessa forma, espera-se que a utilização de VANT possa suprir as lacunas de


informação ainda existentes, a fim de alimentar de forma apropriada os sistemas em SIG que
constituem as ferramentas de comunicação e gestão necessárias para subsidiar um processo
participativo de estabelecimento das zonas de amortecimento e do plano de manejo, além de
auxiliar os gestores da ESEC do Taim na sua administração interna.
17

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do presente estudo é avaliar a utilização de modelos de veículos


aéreos não tripulados, e seu enquadramento no auxílio ao monitoramento e gestão da Estação
Ecológica do Taim - RS.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar as principais demandas de monitoramento na ESEC do Taim, e selecionar


aquelas onde pode ser enquadrada a utilização de VANT;

- Identificar áreas prioritárias para a utilização de VANT para subsídio à gestão do Taim com
a utilização de dados espaciais preexistentes, e auxílio de ferramentas de geoprocessamento;

- Avaliar a aplicabilidade de VANT para as demandas e áreas identificadas através de estudos


já realizados, e da capacidade de diferentes equipamentos;

- Propor o uso de VANT para suprir as demandas atuais na gestão e subsidiar a elaboração do
plano de manejo da ESEC do Taim.
18

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.

A ESEC do Taim é uma unidade de conservação federal, criada através do decreto no


92.963, de 21 de julho de 1986. Abrange a área dos municípios de Santa Vitória do Palmar e
Rio Grande, localizados na porção sul da planície costeira do Rio Grande do Sul. Compreende
uma área de 31.800 ha, delimitada ao leste pela Lagoa Mirim e a BR 471, a oeste pelo Oceano
Atlântico, e ao sul pela Lagoa da Mangueira (Figura 1).
É formada por grandes extensões de banhados, onde, desde a década de 60 já existia
interesses voltados para a irrigação dessas áreas alagadas em função das atividades agrícolas.
Em 1960, diversos estudos foram desenvolvidos nesse sentido, a partir de demandas propostas
pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), denominado de "Estudo de
Viabilidade Técnico Econômica de Transformação em Irrigação da Região do Taim". Apesar
dos grandes investimentos nas pesquisas de viabilidade, a ideia foi abandonada, em função de
análises propostas por Martinelli (1996), onde foi identificada a possibilidade de subsidência
de camada turfosa e acidificação do solo, além de salinização do solo e outros impactos
relevantes.
As áreas do entorno da ESEC do Taim abrangem uma grande diversidade de usos, não
só como áreas agrícolas com enfoque maior para a rizicultura, mas também a exploração de
silvicultura. Ocorre também a presença de áreas utilizadas para a pecuária, pesca artesanal, e
áreas urbanizadas (SCHREINER, 2012).
Os distintos usos podem gerar uma grande diversidade de impactos sobre as áreas nos
limites estipulados para a ESEC do Taim. As grandes áreas de cultivos de arroz presentes no
entorno da reserva, apesar de ser uma atividade economicamente importante para a região,
inferem uma forte pressão sobre os banhados do Taim e as lagoas adjacentes. O sistema é
inundado através de canais de irrigação que transportam água, principalmente das lagoas
Mangueira e Mirim, assim como de corpos de água pequenos (MARTINELLI, 1996).
Os impactos causados pela construção da BR - 471 podem ser associados com a
intensificação da atividade de agricultura na região, que influenciou no aumento da área
plantada, e os níveis de produtividade por hectare. A presença da via também afeta
diretamente as populações de espécies da fauna que compõe a biodiversidade da ESEC do
Taim. Mesmo com a construção de túneis para a passagem de fauna - implantados desde 1998
pelo DNIT, em parceria com o IBAMA e ICMBio – o telamento das margens da rodovia, e a
sinalização para motoristas, ainda ocorre atropelamentos de capivaras frequentes
(NAUDERER, 2014).
19

Entre os impactos causados pela pecuária, o pisoteio e o pastoreio podem prejudicar os


processos naturais de regeneração de espécies vegetais e a dinâmica do ecossistema, assim
como acarretar a compactação do solo. A retirada de vegetação de dunas pode gerar a
migração desses campos que podem vir a causar processos de sedimentação de pequenos
corpos hídricos (SCHREINER, 2012).
Segundo Schreiner (2012), outro uso que ocorre na área da ESEC do Taim e seu
entorno é relacionado à caça e a pesca ilegal. A atividade pesqueira das lagoas do extremo sul
do Rio Grande do Sul ainda é importante para a subsistência de diversas famílias que habitam
as áreas adjacentes dos banhados do Taim. Nessa região, as lagoas mais afetadas são a
Mangueira e a Mirim, principalmente por grupos de pescadores que se aglomeram em
comunidades na área da Capilha. Essa atividade, quando realizada de forma ilícita pode
ocasionar a redução das populações pesqueiras (SCHREINER, 2012).
20

Figura 1: Localização da área de estudo (baseada na proposta de ampliação da área legal da ESEC do
Taim discutida pelo grupo de trabalho GT-TAIM, e os diversos atores envolvidos no processo de expansão
da área legal). Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim.
21

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

4.1 ABORDAGENS SOBRE A ESEC DO TAIM: IMPORTÂNCIA,


BIODIVERSIDADE E EXPANSÃO DO LIMITE LEGAL ESTABELECIDO.

4.1.1 Aspectos da Legislação Ambiental Aplicadas à ESEC do Taim

Diversos são os dispositivos legais voltados para as políticas de proteção ambiental. A


Política Nacional do Meio Ambiente, disposta pela Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981,
estabelece todas as diretrizes, competências, e diversos conceitos relacionados aos aspectos
ambientais, e tem como objetivo: ―a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida
humana‖.
Os aspectos relacionados à criação, delimitação, e alteração das Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental, são dispostas na Lei nº 6.902/ 1981, a qual em seu artigo 1º
define as estações ecológicas como ―áreas representativas de ecossistemas brasileiros,
destinadas à realização de pesquisas básicas e aplicadas de Ecologia, à proteção do ambiente
natural, e ao desenvolvimento da educação conservacionista‖. No seu artigo segundo, aborda
as competências para a criação de Áreas de Proteção Ambiental e Estações Ecológicas,
inferindo o direito da União, Estados, e Municípios para esta finalidade, desde que o referido
ocorra em terras de seus domínios, junto com o apontamento do limite geográfico e a
indicação do órgão competente para tal atribuição. O art. 7º desse dispositivo legal infere
aspectos essenciais para a pesquisa em questão, que serão abordados no decorrer no estudo:
“Art . 7º – As Estações Ecológicas não poderão ser reduzidas nem
utilizadas para fins diversos daqueles para os quais foram criadas.
§ 1º – Na área reservada às Estações Ecológicas será proibido:
a) presença de rebanho de animais domésticos de propriedade
particular;
b) exploração de recursos naturais, exceto para fins experimentais, que
não importem em prejuízo para a manutenção da biota nativa,
ressalvado o disposto no § 2º do art. 1º;
c) porte e uso de armas de qualquer tipo;
d) porte e uso de instrumentos de corte de árvores;
22

e) porte e uso de redes de apanha de animais e outros artefatos de


captura.”.

A legislação ambiental no Brasil é muito abrangente, de forma que serão mais


abordadas aquelas consideradas diretamente relacionadas ao tema em questão. Para fins de
conhecimento, se segue outra gama de leis envoltas no processo de normatização de aspectos
ambientais no Brasil: Lei 7.661/1988 (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro), Lei
7.735/1989 (criação do IBAMA), Lei 7.797/1989 (cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente),
Decreto 99.274/1990 (regulamenta a Lei 6.902/1981) e Lei 10.650/2003 (disposições sobre o
Sisnama – Sistema Nacional do Meio Ambiente). (Lopes et al., 2013)
Em fundamentação com o estudo em questão, uma das leis mais importantes nesse
sentido, que reflete os dispositivos legais associados à unidade de conservação, é a Lei
9.985/2000, a qual institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). As
unidades de conservação podem ser enquadradas em duas classes (Art 7º, incisos I, e II):
Unidades de proteção Integral; Unidades de Uso Sustentável. O artigo 2º, inciso I, da referida
lei, infere o conceito de unidade de conservação: ―espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos,
sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção‖. O
grupo de unidades de proteção integral, a qual é enquadrada a área do Taim, é dividido em
distintas categorias, segundo o Art. 8º:
“Art. 8º. O grupo das Unidades de Proteção Integral é
composto pelas seguintes categorias de unidade de
conservação:
I – Estação Ecológica;
II – Reserva Biológica;
III – Parque Nacional;
IV – Monumento Natural;
V – Refúgio de Vida Silvestre.”

Segundo Lopes et al. (2013), a legislação ambiental e a jurisprudência não tem sido
suficientes para que a ESEC do Taim cumpra o seu papel como unidade de conservação. A
partir de observações em campo, os autores identificaram diversos descumprimentos das
legislações ambientais como: o atropelamento de animais protegidos pela ESEC; a morte de
23

indivíduos de avifauna; a ploriferação de espécies exóticas de vegetação, como Pinus;


diversos crimes ambientais praticados na área, como a pesca; a propensão a incêndios. Outro
fator ressaltado por Lopes et al. (2013) como descumprimento da legislação ambiental é a
presença de bovinos, porém essa prática já foi eliminada dos limites da ESEC do Taim pelo
processo de regularização fundiária. Dessa forma, consideram que a legislação por si só não
garante os aspectos regidos por elas. É necessária uma maior capacidade de gestão dessa área,
quando relacionado às pressões ambientais impostas por diferentes atores.

4.1.2 Histórico da expansão da área legal da ESEC do Taim.

A importância ecológica do Taim fez com que em 1978, a partir do decreto 81.603 do
Presidente da República, fosse instaurada uma área de 33.815 hectares como de utilidade
pública, para fins de proteção de áreas úmidas da planície costeira do extremo sul do Rio
Grande do Sul. (MMA, 2013). Essa área representava a totalidade do banhado do Taim,
segmentos de área de restinga e dunas costeiras, campos alagáveis, praias e parcelas de mata
nativa.
Através de um processo de desapropriação, 21 mil hectares voltaram a ser destinado à
união. Assim, em 21 de julho de 1986, a reserva do Taim foi decretada oficialmente como
uma Unidade de Conservação Federal (Decreto nº 92.963/86), porém com área reduzida em
relação à primeira poligonal, excluindo importantes parcelas do ecossistema a ser preservado
(Figura 2).
24

Figura 2: Comparação entre os limites legais dos decretos de 1978 (81.603) e 1986 (92.963). Infere a
supressão de área imposta pela medida. Fonte: Adaptado de Schreiner (2012); MMA (2013). Fonte de
dados espaciais: WebGIS Taim.

Nesse contexto, a área da ESEC do Taim passou por um processo de expansão da sua
área legal, concomitantemente com a proposta de criação da zona de amortecimento, de forma
que a efetiva proteção dos ecossistemas pudesse ser alcançada. Isso veio sendo conduzido
pelo Conselho Consultivo da ESEC do Taim desde 2008. A partir de estudos fundiários foi
apresentada uma proposta de ampliação em relação ao limite de 1986, a qual é representada
nessa pesquisa como área de estudo (Figura 1). A proposta de ampliação foi amplamente
discutida entre os atores envolvidos e interessados no processo de expansão, e os critérios que
deveriam ser empregados foram definidos, e são apresentados no quadro 1.

Quadro 1: Critérios de inclusão e exclusão de áreas da nova poligonais da unidade. Fonte: Extraído de
MMA, 2013.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Restaurar área próxima da poligonal do Excluir, sempre que plausível, as propriedades
Decreto de 1978; menores de 200 hectares;
Incluir áreas mais contínuas para facilitar Excluir, sempre que possível, áreas com
gestão, Incluir áreas mantendo um corpo campos produtivos;
único da unidade;
Incluir banhados, matas e lâmina da água; Excluir, sempre que possível, áreas de
bebedouros para animais domésticos;
Incluir banhados contínuos; Não priorizar áreas externas a poligonal do
25

Decreto de 1978;
Incluir áreas contíguas ao canal que liga o Excluir margem do oceano;
banhado do Taim a lagoa Mirim;
Incluir área da lagoa Mirim na saída do Excluir a BR 471;
canal de ligação fora da poligonal;
Definir limites em marcos e acidentes Excluir, sempre que possível, florestas
naturais existentes; plantadas;
Incluir áreas cujo proprietário desejar, sempre que haja relevância ambiental;
Incluir o canal ao lado da rodovia;
Incluir a totalidade das grandes propriedades quando segmentadas.

A utilização dos critérios possibilitou a construção de distintos cenários para a


ampliação da ESEC do Taim, em conformidade com a necessidade de maior abrangência da
área conservada, concomitante com a manutenção dos aspectos socioeconômicos envolvidos
no processo. Isso favoreceu o diálogo entre os atores envolvidos. Foi considerada também a
inserção da ilha de Taquari, localizada na lagoa Mangueira (pode ser observada na figura 3),
como área a fazer parte dos limites atuais da ESEC do Taim. Os limites da ilha de Taquari não
foram considerados na análise de aplicabilidade de VANT no estudo em questão.
Com a definição da nova área legal, o foco do grupo de trabalho foi direcionado para a
delimitação de um zoneamento que restringisse os usos no entorno da área a ser conservada.
Foi iniciado o processo de discussão da proposta de zona de amortecimento. Schreiner (2012),
a partir do trabalho "Proposta de cenários para a delimitação da zona de amortecimento e
impactos na estação ecológica do Taim", que subsidiou os primeiros encontros do grupo de
trabalho pela perspectiva de zoneamento baseado nos seguintes aspectos: geologia; ecologia
de paisagem; usos do entorno, e baseado na legislação.
O quadro 2 indica as considerações utilizadas para a delimitação da zona de
amortecimento. O resultado de diversas discussões entre os atores envolvidos no processo foi
o estabelecimento da proposta de área delimitada como zona de amortecimento da ESEC do
Taim (Figura 3).

Quadro 2: Critérios e regras para o desenvolvimento da zona de amortecimento da ESEC DO TAIM:


Fonte: adaptado de Schreiner 2012; MMA 2013.

ÁREAS ESTABELECIDO
Necessidade de controle face ao risco de
Maciços de Pinnus
dispersão
Delimitação através de marcos em campo
Região do corpo principal da ESEC
(estradas)
Interface com o oceano como limite
Na região oceânica (abrange toda porção da praia e exclui
porções oceânicas)
26

Espelho d'água das lagoas Mangueira, Flores e Limite da ZA restrita as porções lestes das
Caiubá lagoas
Incluídos seus pontais e reentrâncias devido
Na Lagoa Mangueira
á importância ecológica
A ZA abrange no mínimo 100 metros acima
Na Lagoa das Flores e Caiubá da borda e 100 metros para dentro do corpo
d'água
Uso compartilhado da água e manutenção do volume Gestão compartilhada de todos os usuários
Na ilha de Taquari Mantidos 10 km de distância

Figura 3: Proposta de delimitação da Zona de Amortecimento da ESEC DO TAIM. Fonte: Adaptado de


Schreiner 2012; MMA 2013. Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim.

4.1.3 Histórico da Biodiversidade da ESEC DO TAIM.

A presença de espécies ameaçadas e endêmicas faz com que a ESEC do Taim seja
considerada uma zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Em relação à fauna e
flora que enrique a área da reserva, diversos autores vem desenvolvendo estudos de
composição, abundância e diversidade de espécies (GAYER et al., 1988; MAHLER et al.,
1996; GARCIAS, BAGER, 2009).
São mais de 220 espécies de aves, em parte aves migratórias do hemisfério norte, e
outras que habitam o ambiente durante todo o ciclo sazonal, como o cisne-do-pescoço-preto
27

(FIGURA 4), atualmente uma espécie muito visada por pesquisadores. (MAHLER et al.,
1996). A reserva também é zona de reduto de répteis e anfíbios. São conhecidas 21 espécies
de répteis (GOMES; KRAUSE, 1982), dentre as quais 6 se encontram na lista de espécies
ameaçadas (Liolaenus occipitalis, Caretta caretta, Lepidochelys oliveacea, Eretmochelys
imbricata, Chelonia mydas e Dermochelys coriácea), e 18 espécies de anfíbios (GAYER et
al., 1988). Em relação à estudos de ictiofauna, poucos trabalhos foram desenvolvidos para
maior entendimento da presença e abundância de peixes. Correa et al. (2011) registrou cerca
de 63 espécies de peixes, das quais duas espécies de rivulídeos são presentes na lista de
espécies ameaçadas.
Outra carência de informação que envolve os gestores e pesquisadores é relacionada
aos mamíferos. Não existe estudos quantitativos ou lista de espécies da mastofauna para a
área da reserva em sua totalidade. Acredita-se que possam ocorrer em torno de 40 espécies
distribuídas sobre os limites da ESEC do Taim.
Alguns estudos referentes a esse grupo já foram desenvolvidos, todavia, direcionados
para áreas acessíveis (alguns ambientes) da área de estudo. Sponchiato et al. (2011)
identificou a estrutura das comunidades de pequenos mamíferos em áreas menos remotas da
reserva do Taim, e enfatizou que a complexidade de um ambiente pode aumentar a
possibilidade de nichos ecológicos e a diversidade de espécies, evidenciando a lacuna de
informação acerca do tema que pode ocorrer devido à dificuldade, em determinados locais, do
desenvolvimento do trabalho de campo. Dentre as espécies de mamíferos já registrados,
algumas se encontram na lista de ameaçadas: o Tuco-tuco-das dunas, e o Rato-do-mato
(Ctenomys flamarioni e Wilfredomys oenax, respectivamente).
Em estudos de monitoramento de atropelamento de fauna, atrelados aos impactos
associados à presença da BR – 471 que cruza a ESEC do Taim durante cerca de 17 km, a
capivara (Hydrochoerus hydrochaeris, que pode ser observada na figura 5) é uma das
espécies mais focadas para gestão. A capivara é um animal que vive em bandos, de
aproximadamente 2 a 40 indivíduos, que encontram na reserva do Taim um ecossistema que
favorece o seu desenvolvimento (habitats de matas ciliares a savanas sazonalmente
inundáveis, manguezais, e banhados), pois compreendem componentes como corpos d’água –
pastagens (é um animal herbívoro), e matas para a proteção de predadores (GARCIAS,
BAGER, 2009).
Garcias, Bager (2009) desenvolveram um estudo da estrutura populacional de
capivaras na ESEC do Taim, tendo construído um censo populacional em um transecto de
4000 metros de comprimento às margens da Lagoa Mangueira, sendo 2000 metros para
28

dentro dos limites da ESEC do Taim, e 2000 metros no entorno. Em cada segmento de 500
metros, foi realizada uma distribuição espacial das capivaras através de observações a olho nu
com binóculos, e sempre que possível vínculo características posicionais aos indivíduos com
o uso de GPS. Garcias, Bager (2009) constatou que a população de capivaras das ESEC do
Taim tende a aumentar, principalmente pela ausência de predadores, e que futuros trabalhos
devem analisar as características espaço-temporais da distribuição das populações de
capivaras.
Em relação à flora que compõe o mosaico ambiental da ESEC do Taim, já foram
registradas mais de 200 espécies. A cobertura vegetal, em geral, é caracterizada pela presença
de espécies herbáceas, que formam uma das classes predominantes no ambiente em questão: o
campo. O banhado do Taim é composto, segundo Motta el al. (2001), por 49 espécies de
macrófitas emergentes e flutuantes. Dentre as flutuantes, podem ser destacadas as espécies:
Salvinia herzogii, Azolla caroliniana, Lemna valdiviana, Pistia stratiotes, Wolffiella oblonga,
Altermanthera philoxeroides, Spirodela intermédia e Limnobium laevigatum. Já nas
emergentes: Scirpus californicus, Zizaniopsis bonariensis e Scirpus giganteus.
Algumas espécies que compõe a flora também podem ser encontradas em lista de
ameaçadas, como identificado no diagnóstico de flora. Nesse estudo, as principais espécies
são: Rollinia marítima, Butia capitata, Ephedra twediana, Myrcianthes cisplatensis,
Acanthosyris spinescens, Iodina rhombifolia e Bumelia obtusifolia. (FERRER; SALAZAR,
2004).
Em áreas adjacentes ao banhado, mais próximas do oceano, que passaram a fazer parte
do limite da ESEC do Taim mais recentemente, é encontrada vegetação de restinga, que varia
de tipos herbáceos até arbustivos e arbóreos. Segundo Schafer et al. (2009), a vegetação de
restinga é bastante complexa. Gradientes de salinidade e umidade são os parâmetros
responsáveis pela seleção e distribuição das espécies, como observado para a vegetação de
dunas embrionárias. Particularmente para a área de estudo, a vegetação da restinga e os
processos que ocorrem ainda são pouco conhecidos pelos gestores e pesquisadores, em função
da incorporação recente dessa área aos limites oficiais, da dificuldade de acesso, e da
possibilidade de delimitação de zonas intangíveis.
29

Figura 4: Cisne do pescoço preto (Cygnus melancoryphus), uma das espécies mais visadas atualmente para
projetos de gestão no Taim. Fonte: Natureza Brasileira.

Figura 5: Capivara no Taim (Hydrochoerus hydrochaeris). Uma das espécies mais visadas em estudos de
análise populacional, e estudos de impacto da BR-471 sobre a fauna protegida do Taim. Fonte: Adilson
Troca.

4.1.4 Pressões aos ecossistemas protegidos pela unidade de conservação, e principais


estudos para a mitigação dos impactos

Para a avaliação da aplicabilidade de VANT para o subsídio de problemas de gestão


da unidade de conservação é necessário o entendimento dos principais problemas observados
na ESEC do Taim, bem como as possíveis soluções para essas demandas. Esse conhecimento
permite identificar as possibilidades de inserção de produtos de fotogrametria geradas por
VANT para o preenchimento de lacunas de informação nos diversos estudos propostos por
30

pesquisadores e gestores. As ameaças aos ecossistemas, e propostas de mitigação, já foram


identificadas por Eichenberger (2015).
Eichenberger (2015) identificou 11 principais ameaças aos ecossistemas protegidos da
ESEC do Taim (das quais serão abordadas nesse estudo somente aquelas que em hipótese
podem ser em parte supridas pela utilização de VANT), bem como os principais estudos que
devem ser desenvolvidos a fim de mitigar os possíveis impactos causados.
A primeira ameaça abordada por Eichenberger (2015) é a presença da rodovia BR-471
em secção com os ecossistemas e banhados existentes na área. Como a estrada separa duas
seções do banhado do Taim (Figura 6), a passagem de fauna silvestre de um lado a outro é
constante. Mesmo com os esforços para a mitigação desses impactos causados sobre a fauna,
pela parceria entre o DNIT e o ICMbio, sabe-se que a estrada é responsável pelo elevado
número de atropelamentos de espécies silvestres protegidas pela unidade de conservação, e
elevado risco de acidentes.
As propostas de mitigação para a problemática são relacionadas principalmente com
questões estruturais como o aumento e remodelamento das passagens de fauna, a instalação e
reparo de telas que limitam a área da ESEC e a estrada, o aumento de sistemas de fiscalização
de velocidade, e o monitoramento de incêndios e produtos perigosos dispersos na rodovia.
Para analisar a eficácia do novo sistema de passagem de fauna, ou mesmo a necessidade real
da construção desse plano, é necessária a confirmação da significância do impacto. Segundo
Lauxen (2012), para isso é importante a detecção da presença da espécie alvo, e estimativas
da abundância da ocorrência.
31

Figura 6: Seções da BR - 471 que percorrem áreas de importância para a gestão da ESEC do Taim. A
seção C – D representa a extensão da BR – 471 mais associada ao monitoramento de atropelamento de
fauna. Fonte de dados espaciais: WEBGIS – Taim; Openlayer; FEPAM.

A segunda ameaça mais citada pelos pesquisadores entrevistados na análise proposta


por Eichenberger (2015) é relacionada ao florestamento de espécies exóticas. A presença de
grandes áreas de silvicultura próximas ao limite da ESEC do Taim, associado às condições de
fortes ventos no litoral do Rio Grande do Sul, favorecem a dispersão de sementes. A
plantação de Pinus spp. no entorno da ESEC do Taim é uma atividade regulamentada, visto
que o plantio dessas áreas ocorreu antes do Zoneamento Ambiental da Silvicultura do RS.
Dessa forma, segundo o autor, deve ser controlado o aumento das áreas de Pinus spp., mesmo
em decorrência de processos naturais. Para isso, são necessárias medidas de monitoramento
de erradicação de talhões das áreas próximas às áreas de preservação permanente como as
margens da Lagoa Mangueira, e da unidade de conservação.
A quarta ameaça é a presença de gado dentro dos limites da ESEC do Taim. A
presença desses animais nos limites da unidade de conservação pode gerar uma grande
diversidade de impactos negativos para as espécies silvestres importantes para a manutenção
do ecossistema natural da região. Os principais riscos propostos por Eichenberger (2015) é a
disseminação de zoonoses, o pisoteio de áreas de ninhais, a facilitação da dispersão de
32

espécies de pastagens invasoras como o capim-annoni, pisoteio em APP, contaminação de


áreas de campo nativo por antibióticos, que podem influenciar negativamente as populações
de invertebrados. Segundo os pesquisadores entrevistados, as principais propostas para a
mitigação do impacto da atividade de pecuária sobre a UC é a necessidade de regulamentação
fundiária da unidade (permitindo a retirada de gado da área do Taim), monitoramento e
manutenção das cercas que limitam a unidade das propriedades vizinhas, bem como o
mapeamento de áreas de importância ecológica como áreas de ninhadas. Atualmente, após a
regulamentação fundiária, a presença de bovinos deixou de ser uma ameaça para a gestão da
ESEC do Taim.
A quinta ameaça elencada se refere à utilização de agrotóxicos no plantio de arroz nas
áreas de cultivo próximas a ESEC do Taim. Diversos estudos tem abordado essa prática com
um potencial negativo para diversas espécies que habitam a unidade de conservação. Segundo
Oliveira (2014) existe a ocorrência de alterações celulares em aves amostradas no Taim
(Cygnus melanocoryphus) que podem ser causadas pelo excesso de agrotóxicos nas
riziculturas da região. As principais medidas de mitigação é a instalação de programas de
controle de poluentes na Estação Ecológica, e a possível restrição da aplicação de agrotóxicos
feita por aeronaves nas áreas próximas do Taim. As formas de aplicação de agrotóxicos em
plantios de arroz não é escopo direto da gestão da ESEC do Taim, porém, atualmente existem
formas de aplicação de agrotóxicos mais inteligente através da utilização de VANT
associados à agricultura de precisão.
A sexta ameaça elencada pelos pesquisadores entrevistados por Eichenberger (2015) é
a caça e pesca ilegal que ocorrem com frequência nas propriedades da unidade de
conservação e seu entorno. Essa prática vem sendo um problema constante para os gestores
do Taim, e uma das propostas de mitigação é a aquisição de novos equipamentos, o
estabelecimento de programas de fiscalização ambiental, e a possível construção de um local
de monitoramento de tráfego de carga ilegal na BR 471. Uma das formas já utilizada de
combate à pesca ilegal na região é a utilização de helicópteros da marinha brasileira.
A sétima ameaça é relacionada à incêndios. Historicamente a ESEC do Taim já sofreu
incêndios de grandes proporções. O maior ocorreu no ano de 2013, quando o fogo atingiu
uma grande área (5,6 mil hectares), ao longo de 200 horas de atividade. Esse mecanismo já
ocasionou um alto investimento do governo federal, que em 2014 beirava os 10 milhões de
reais, muito em função do custo com o aluguel de aviões. A unidade de conservação é dotada
de brigada de incêndio que realiza o monitoramento e combate de incêndios, que ocorrem
principalmente no período de estiagem do verão. Segundo pesquisadores, são processos de
33

difícil controle em banhados, e podem provocar perdas acentuadas na biodiversidade


protegida, principalmente quando ocorre em períodos de reprodução de espécies. Para o
combate aos incêndios foi proposta a construção de programa de monitoramento de focos de
incêndios, a partir da aquisição de equipamentos, bem como campanhas de conscientização da
população em relação aos riscos do fogo para a região. (EICHENBERGER, 2015).
Baseando-se nas ameaças potenciais discutidas (algumas não foram comentadas em
maior importância para o estudo em questão, por serem muito semelhantes, ou
hipoteticamente não apresentarem a necessidade de utilização de produtos gerados pela
utilização de VANT), os pesquisadores entrevistados por Eichenberger (2015) propuseram
diversos estudos a serem desenvolvidos prioritariamente para a gestão da unidade de
conservação do Taim, para subsidiar o ordenamento territorial dessa área. Serão listados
aqueles dos quais, hipoteticamente, a utilização de levantamentos aéreos com a utilização de
veículos aéreos não tripulados possa prover subsídio de informação:
 Prospecção e registro de espécies ameaçadas;

 Monitoramento e controle de invasão de espécies exóticas;

 Monitoramento e controle de impactos das estradas;

 Monitoramento e controle de pesca;

 Estudos de sucessão vegetal em áreas de campo que deixaram de ser


pastoreadas; Estudo da dispersão de exóticas invasoras e prejuízos à
biodiversidade;

 Estudos voltados à dinâmica populacional de capivaras e jacarés;

 Estudos relacionados a estimar riqueza e abundância de espécies nativas;

 Identificação de áreas e condições propensas à incêndios;

 Pesquisas voltadas a estimar a conectividade entre os ambientes, influências


externas sobre a Unidade, deslocamento de animais na unidade e entorno
(corredores de fauna);

 Pesquisas com as capivaras para a determinação do status populacional, taxas


de extração natural, artificial, recrutamento e incorporação da população;

 Pesquisas com o cisne do pescoço preto. Fauna carismática para subsidiar um


projeto de conservação da espécie, difundindo a importância da área para a
obtenção de recursos em outros programas da unidade;

 Manejo de espécies nativas;


34

 Pesquisas sobre novas ocorrências de espécies.

Eichenberger (2015) elaborou um zoneamento para a Estação Ecológica do Taim a


partir de critérios ambientais e usos do entorno, inferindo diferentes medidas de manejo. O
quadro 3 exemplifica as recomendações, e a figura 7 ilustra as diferentes classes de
zoneamento. Para as zonas, foram recomendadas medidas de manejo e mitigação, as quais são
relacionadas com as atividades de gestão da ESEC do Taim, descritas no presente estudo pela
possível inserção da tecnologia de veículos aéreos não tripulados.

Quadro 3: Caracterização das zonas propostas por Eichenberger (2015), que delimitam áreas para a
possível utilização de VANT como subsídio à gestão do Taim. Fonte: Adaptado de Eichenberger (2015).
Enquadramento Critérios Medidas de Manejo

Zona de uso conflitante Área de influência da BR – 471, Monitoramento, e necessária


e LT 525 Kv na UC mitigação dos impactos.
Regularização das atividades:
regularização fundiária para
retirada de atividade pecuária
de dentro da UC; Medidas
legais ao controle e utilização
Área de influência de lavouras,
de agroquímicos; medidas
Silvicultura e Pecuária, a serem
Zona de recuperação legais em relação a atividades
restauradas, ou em recuperação
de silvicultura, controle e
natural, atingidas por
erradicação de espécies
queimadas.
exóticas; monitoramento de
recuperação natural das áreas
atingidas por incêndios, e
medida de controle a novos
incêndios.
Áreas de mínima intervenção na
Preservação e proteção dos
unidade: áreas de banhados não
ambientes naturais, e realização
atingidas por incêndios; pontais
Zona primitiva de pesquisas científicas com o
às margens da Lagoa
objetivo de delimitar, e
Mangueira e a ilha Lacustre do
identificar as áreas intangíveis
Taquari na Lagoa Mirim, dunas
da unidade de conservação.
interiores; entre outros.
Medidas legais necessárias para
Zona de amortecimento Área da ZA indica na proposta minimizar os impactos
de ampliação negativos da atividade que
ocorrem no entorno da UC.
Áreas a serem manejadas para
manter as características
ambientais mais próximas
possíveis das originais e cujas
Zona de uso intensivo intervenções sejam de menor Implantação efetiva de unidades
impacto possível. São educativas
destinadas a realização de
atividades educativas na
unidade: centro interpretativo, e
museu próximo a sede.
35

Representam as bases destinas


as atividades de administração e
manutenção de equipamentos
na Sede da Unidade, vigilância Manutenção e reforma de
Zona de Uso Especial e fiscalização nas bases da estruturas, aquisição de
Costeira e Santa Marta, para equipamentos, capacitação e
habitação de servidores na base contratação de servidores.
Nicola e Sede, e base PrevFogo
para a prevenção de incêndios,
próxima a sede administrativa.

Figura 7: Zoneamento proposto por Eichenberger (2015), para propostas de mitigação e gestão da ESEC
do Taim. As Zonas de Recuperação, Primitiva, e de Uso conflitante são utilizadas para a delimitação de
áreas relacionadas às principais atividades nas será analisada a aplicabilidade de VANT. Adaptado de
Eichenberger (2015). Fonte de dados espaciais: WebGis Taim.
36

4.2 ABORDAGENS SOBRE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS:


CARACTERÍSTICAS, HISTÓRICO, LEIS E APLICAÇÕES.

4.2.1 Histórico, classificação, e inserção dos Veículos Aéreos Não tripulados como
ferramenta para obtenção de dados espaciais

Para facilitar o entendimento da proposta, e das terminologias empregadas no decorrer


do estudo, é importante abordar as nomenclaturas utilizadas para os ―drones‖, ou as aeronaves
remotamente pilotadas, de maneira adequada. Diversas são as definições usadas nesse meio
como: drones, RPA, RPAS, VANT, aeromodelo.
O termo ―drone‖ foi originado nos Estados Unidos para a caracterização de qualquer
objeto voador não tripulado, desconsiderando a aplicação de qualquer propósito (militar,
recreativo, civil, etc). Um termo extremamente abrangente e genérico nos Estados Unidos,
mas que no Brasil é comumente associado às plataformas menores com aplicação de lazer e
filmagens aéreas. Como não há uma definição formal para essa nomenclatura, a Agência
Nacional de Aviação Civil brasileira (ANAC) faz uma distinção desse termo em outros dois
mais específicos, os quais são mais comumente utilizados em documentos oficiais:
aeromodelo, toda aeronave remotamente pilotada com finalidades de recreação; aeronave
remotamente pilotada (RPA), quando apresenta uma aplicação não recreativa, como
comercial, corporativa, ou experimental, e que seja controlada a partir de uma estação de
pilotagem remota. (UE, BRASIL, 2016)
VANT (veículo aéreo não tripulado) é a terminologia oficial adotada pelos órgãos
reguladores brasileiros para definir as aeronaves remotamente pilotadas, ou seja, atuar sem a
presença do piloto a bordo, com a necessidade de caráter não recreativo e possuir carga útil
embarcada. Os VANT são distintos em duas principais classes: RPA (Remoted-Piloted
Aircraft, ou aeronave remotamente pilotada), na qual o piloto da aeronave a controla através
de uma estação de controle em terra, associada a alguma interface (computador, simulador,
etc); ou Aeronave autônoma, a qual depois de programada – não é possível a realização da
alteração do plano de voo previamente definido.
Existe também o termo RPAS (Remotely Piloted Aircraft Systems), o qual é vinculado
a um sistema de RPA. É utilizado quando se discute todo o contexto de uma RPA: todos os
componentes utilizados para a realização do voo de uma RPA (estação de pilotagem, link de
comandos, equipamentos de apoio, entre outros). No presente estudo, serão utilizados os
37

termos VANT, RPA, e RPAS, como sinônimos, desconsiderando a possibilidade da


nomenclatura VANT estar atrelado com a utilização de aeronaves autônomas.
Assim como qualquer nova tecnologia desenvolvida, que acabam por ser empregada
em atividades civis, a utilização de VANT surgiu inicialmente para atribuições militares. A
primeira aparição histórica de VANT ocorreu em atividade do exército austríaco, em 22 de
agosto de 1849, quando esse utilizou cerca de 200 balões para o transporte de bombas a serem
lançadas sobre Veneza (ALVES NETO, 2008).
Até então, a tecnologia era somente empregada em atividades militares por causa do
alto custo associado a esse tipo de equipamento. Outro exemplo histórico foi o êxito que os
alemães obtiveram no lançamento de bombas voadoras V1, durante a Segunda Guerra
Mundial, sem colocar em risco a vida dos seus pilotos. (UE, BRASIL, 2016).
No Brasil, o emprego dessa tecnologia começou a ser ativada em 1982 em um projeto
de associação do Centro Técnico Aeroespacial, e a Companhia Brasileira de Tratores, no qual
um veículo aéreo não tripulado a jato foi desenvolvido. O projeto não teve muito êxito, porém
foi o primeiro passo para que diversos outros órgãos e indústrias passassem a demonstrar
interesse por tais equipamentos. Essa ascensão foi muito influenciada, a seguir, pelo interesse
primordial da marinha, do exército, e aeronáutica do Brasil, onde os VANT basicamente
ainda serviam apenas como alvo em práticas de combates aéreos, ou mesmo para treinamento
de tiros de unidades antiaéreas.
O conceito da construção de VANT para atividades diversas, sempre teve um enfoque
militar. Mais recentemente, com o avanço das tecnologias de processamento de dados e a
miniaturização dos componentes eletrônicos, as aplicações para veículos aéreos não tripulados
passaram a ser mais difundidas, assumindo papel importante – ainda que incipiente - nos
meios científicos. Exemplo disso é a obtenção de fotografias aéreas para estudos em diversas
áreas de conhecimento (LONGHITANO, 2010). Demanda que sempre foi suprida pela
utilização de produtos de sensores orbitais ou levantamentos fotogramétricos a bordo de
aeronaves tripuladas, passou a ter a concorrência da obtenção de informação controlada
remotamente. Isso indica vantagens dos produtos desenvolvidos a partir da utilização de
VANT, frente aos dados de sensores orbitais e aerofotogrametria.
Em termos de orçamento, os custos envolvidos com o levantamento por VANT pode
ser muito mais vantajoso quando comparado com projetos que utilizam fotografias obtidas
com aeronaves pilotadas (custos do piloto, combustível, custo de infraestrutura aeroportuária,
tripulação, a câmera fotogramétrica de grande porte pode custar mais de um milhão de reais,
entre outros). Por outro lado, a qualidade dos produtos gerados pelo levantamento com RPA
38

ainda pode levar alguns anos para se equiparar com a fotogrametria convencional. Alguns
problemas não mais enfrentados pela fotogrametria convencional como distorções e baixa
resolução radiométrica ainda são alguns dos fatores limitantes da utilização de RPA. Existe a
tendência de que a miniaturização dos sistemas embarcados em RPA possa disponibilizar
produtos de tamanha qualidade tal qual a fotogrametria convencional a medida que for se
desenvolvendo.
Quando comparado com as imagens orbitais, as fotografias aéreas geradas por VANT
implicam em algumas vantagens: os sensores orbitais imageadores comerciais em
funcionamento apresentam a capacidade máxima de atingir resolução espacial (tamanho do
pixel) de 30 cm (World View III), enquanto já tem se obtido em produtos de veículos aéreos
capacidade de atingir pixels de 1 cm.
A obtenção de uma série temporal completa para monitoramento, com a utilização de
imagens orbitais, sempre é uma dificuldade para os pesquisadores de diversas áreas. A
presença de nuvens impossibilita a utilização das imagens de sensores de plataformas orbitais,
e ao considerar o tempo de revisita de determinados satélites, pode ser inviável estudos onde o
fenômeno a ser monitorado apresente um tempo de duração curto. A utilização de veículos
aéreos não tripulados pode suprir essa lacuna, visto que o levantamento em campo pode ser
desenvolvido de forma direcionada ao evento a ser monitorado (antes, durante, e após).
Uma desvantagem relacionada às fotografias geradas por VANT, contrapondo às
imagens orbitais, é relacionada ao processamento para a geração de produtos. O
processamento de fotografias aéreas para determinadas áreas pode exigir grande capacidade
computacional, enquanto para imagens orbitais a necessidade é reduzida.

4.2.2 Características e aplicações dos veículos aéreos não tripulados

Rodrigues et al. (2015) atribuem algumas aplicações para VANT, caracterizando-os


nos campos civil e militar. A aplicação de pulverizadores, o monitoramento de situações de
catástrofes, atividades de aerolevantamentos, inspeção de dutos e linhas de transmissão,
controle e monitoramento de tráfego, segurança pública, tomadas aéreas, são aplicações do
campo civil. Já no meio militar, as aplicações são voltadas para o reconhecimento, apoio de
campo, espionagem, avanços bélicos, entre outras.
Os VANT sofreram diversas evoluções nas últimas décadas, impactando num aumento
das capacidades de suas principais características: autonomia; robustez; alcance; velocidade;
entre outras. Essas particularidades refletem a aplicabilidade na qual o equipamento pode ser
exposto, ou seja, cada vez mais tem se descoberto soluções a partir da utilização de VANT.
39

Nesse contexto, Disperati (1991), infere algumas importantes avaliações prévias para que se
obtenha êxito em levantamentos fotogramétricos: o conhecimento da área de estudo, para fins
de planejamento dos voos; o conhecimento das características do sensor e da plataforma; e o
conhecimento das necessidades da qualidade dos produtos a serem gerados a partir das
fotografias aéreas.
A seleção da plataforma (asa fixa ou rotativa) varia de acordo com as necessidades do
produto. Influencia diretamente nas capacidades do VANT, pois caracteriza a robustez do
equipamento, determinando a carga útil que pode ser carregada, a velocidade, e, portanto sua
potencialidade de recobrimento.
A autonomia de voo influencia o alcance da aeronave e a sua capacidade de
recobrimento. É um atributo que depende diretamente das baterias inseridas na carga útil,
assim como o próprio peso dos equipamentos, a capacidade dos motores, e a aerodinâmica do
modelo utilizado. Em razão da autonomia, Longhitano (2010) infere a importância do
conhecimento e logística de campo para fins de obtenção de êxito nos levantamentos com
VANT. O ponto de pouso e decolagem deve ser analisado previamente, e se localizar o mais
próximo da área a ser estudada.
A altura de voo é uma das características preponderantes de análise prévia para
levantamentos. É vinculada ao tamanho máximo da área a ser estuda, mas também do
tamanho do sensor (distância focal da câmera) e sua relação com o tamanho do pixel
necessário para a obtenção de resultados a partir dos produtos gerados (LONGHITANO,
2010) demonstra uma equação para estimativa de área de recobrimento de imagem obtida por
aerofotogrametria:

Ac = (Av / Df x Ls) x (Av / Df x Cs),


Em que:
Ac = Área coberta
Av = Altura do Voo em relação ao solo
Df = Distância focal
Ls = Largura do sensor
Cs = Comprimento do sensor

As diferentes características das plataformas e sensores que vão a bordo influenciam


diretamente na capacidade de se obter determinado produto. Assim, é necessário analisar
previamente, e de forma conjunta, as distintas variáveis que influenciam no sucesso de
40

planejamento e execução de voos com a utilização de VANT. Para ter um planejamento de


voo adequado é preciso entender alguns aspectos importantes, e resolver questões
previamente à execução: o GSD (Ground Sample Distance) necessário para a obtenção de
dados a partir da fotografia aérea; a distância focal (tamanho) da lente utilizada; a resolução
radiométrica; a altura de voo adequada às necessidades do produto (definida a partir das
variáveis GSD requisitado, e tamanho da lente utilizada); a área de estudo, e a relação dessa
dimensão com a autonomia da plataforma a ser utilizada (JENSEN, 2009).
O GSD, ou tamanho do pixel representado no terreno, é atribuído à resolução espacial
de uma imagem, ou fotografia, obtida por sensoriamento remoto. Representa o tamanho
mínimo dos objetos que podem ser identificados no produto gerado. Para a estimativa do GSD
obtido é utilizada a fórmula a seguir:

B = (b x hg) / f,
Em que:
B = GSD obtido
b = Tamanho físico do Pixel no CCD
hg = Altura de voo
f = Distância focal da lente utilizada

A resolução radiométrica do sensor que vai abordo da plataforma é um fator


importante a ser considerado para a obtenção de produtos em sensoriamento remoto.
Relacionado com a capacidade dos sensores em distinguir pequenas variações de energia
captadas, armazenando a informação obtida em distintos tons de cinza (número de bits)
distribuídos pelos pixels da imagem. Existe a relação do maior número de bits com a maior
capacidade de distinção dos alvos a partir das imagens obtidas.
A capacidade em termos de resolução radiométrica é muito variável ao considerar a
utilização de VANT para mapeamento da superfície terrestre, devido à grande quantidade de
câmeras utilizadas atualmente para este fim, apesar de ainda não se equiparar com a
fotogrametria convencional. Em relação ao sensoriamento remoto orbital, cada vez mais os
sensores a bordo dos satélites vão sendo melhorados para a aquisição de imagens orbitais com
a maior capacidade em termos de resolução radiométrica. Um exemplo que pode ser
comentado é a evolução da resolução radiométrica de 8 bits oferecida nas imagens Landsat 5
para os produtos da Landsat 8 que apresentam 16 bits. As imagens Rapideye apresentam 12
bits por pixel, assim como as imagens Sentinel-2.
41

Com o avanço da tecnologia aplicada aos VANT, os softwares de planejamento


apresentaram maior sofisticação para essas análises de forma automática. Atualmente os
softwares, sejam os comerciais (desenvolvidos especificamente para determinados
equipamentos), ou mesmo os não comerciais (como o software livre Mission Planner, muito
utilizado por desenvolvedores de plataformas), permitem a estimativa de dados importantes
ao planejamento do voo como, por exemplo: tempo de voo estimado; distância total
percorrida pelo equipamento; GSD obtido; área total a ser mapeada; número de fotografias
que serão obtidas (depende da sobreposição requisitada, e altura de voo); entre outros.
Para a obtenção das estimativas do voo é necessária a inserção de algumas variáveis
como a velocidade de cruzeiro, especificações da câmera utilizada, a altura do voo, e a área a
ser mapeada. Assim é possível previamente avaliar se o produto a ser obtido será adequado às
necessidades do usuário, ou se o equipamento utilizado terá capacidade para realizar o
levantamento proposto.

4.2.3 Aspectos da Legislação para a utilização de VANT no espaço aéreo brasileiro

A popularização da tecnologia dos VANT, pela facilidade de operação e redução de


custos de equipamentos civis de pequeno porte, passou a ser um problema importante para a
segurança das atividades aeronáuticas. O avanço da tecnologia em termos de autonomia, e
alcance do sinal, gerou a preocupação dos órgãos competentes em relação às possibilidades de
impactos entre VANT e aeronaves tripuladas.
Junior (2017) criou uma relação dos impactos causados por drones de distintos
tamanhos com as turbinas de aeronaves, comparando os resultados com aves de diferentes
portes. A partir disso, estabeleceu formas de mitigação da presença de VANT no entorno de
áreas de risco de colisão, como aeródromos.
A restrição, ou regulamentação do uso de VANT, passou a ter um caráter mais urgente
pelos órgãos competentes. Até pouco tempo, as regras para solicitação do espaço aéreo
brasileiro para a operação de com esses equipamentos não eram dispostas numa
regulamentação específica. A circular de informações Aeronáuticas (AIC, 2009) tinha a
finalidade de elencar as informações necessárias para a utilização de VANT no espaço aéreo
brasileiro, funcionando de maneira provisória (LONGHITANO, 2010). Era determinada na
referida lei a exigência de uma autorização NOTAM (um documento que tem por finalidade
informar previamente dados importantes para a segurança e eficiência da navegação aérea), a
qual era emitida pelos órgãos de aviação civil e militar. A emissão do NOTAM, segundo a
42

AIC 29/09, só poderia ser efetivado a partir de uma análise de cada caso de solicitação de
voos, e apresentava algumas restrições expostas no seu item 3.4:
―Considerando as reais, e futuras necessidades do uso do Espaço
Aéreo Brasileiro por VANT e o fato da OACI não ter publicado
legislação que aborde o emprego desses aparelhos em espaço
aéreo compartilhado, as necessidades de voo de VANT serão
analisadas caso a caso, em função das particularidades do pedido
e levando em conta todos os aspectos concernentes à segurança
dos usuários do SISCEAB, entre eles:
A) a operação de qualquer tipo de VANT não deverá aumentar o
risco para pessoas e propriedades (no ar ou no solo);
B) a garantia de, pelo menos, o mesmo padrão de segurança
exigido para as aeronaves tripuladas.
C) a proibição do voo sobre cidades, povoados, lugares
habitados ou sobre grupos de pessoas ao ar livre.
D) os VANT deverão se adequar às regras e sistemas exigentes,
e não a ATM se ajustar às necessidades e equipamentos em
operação;
E) o voo somente poderá ocorrer em área restrita (espaço aéreo
segregado), definida por NOTAM e em condições visuais.
Cabe ressaltar o impedimento para a autorização de voo de
VANT, em espaço aéreo compartilhado com aeronaves
tripuladas.‖

A AIC 29/09 foi revogada pela AIC 21/10 (em 23/10/2010), expedido pelo DECEA e
intitulada de ―veículos aéreos não tripulados‖, sendo uma de suas alterações a inclusão da
possibilidade de emissão de ―certificado de voo experimental‖, visto o crescimento do setor
que já ocorria na época. Muitos pesquisadores, fabricantes, e diversas instituições interessadas
já trabalhavam no desenvolvimento de novas tecnologias para os VANT, pelo aumento da
demanda dos produtos, e o grande avanço tecnológico e miniaturização dos componentes
eletrônicos. A AIC 21/10 ficou em vigor até 02 de dezembro de 2015, quando foi revogado
pelo ato Parte nº 11/DNOR7 (projeto de lei 2.200), de 01 de dezembro de 2015. A
importância dada pelo poder público para a questão evidenciava a pressão dos diversos
segmentos interessados, inclusive os cidadãos comuns (pois a utilização de aeromodelos, voos
com a finalidade de lazer, passou a crescer rapidamente).
A legislação brasileira, no que se refere à utilização de aeronaves não tripuladas de uso
civil então, foi sendo constantemente atualizada, passando por um grande processo de
normatização, para fins de promoção do desenvolvimento sustentável e seguro para o setor,
baseadas em algumas restrições operacionais, principalmente relacionadas à áreas próximas
de terceiros. As regulamentações propostas atualmente, não são exclusivas da Agência
Nacional de Aviação Civil (ANAC) através do RBAC - E nº 94, mas também depende de
43

outras instituições de administração pública como a ANATEL, e o Departamento de Controle


do Espaço Aéreo (DECEA), vinculado ao Ministério da Defesa - responsável pelo
desenvolvimento da ICA 100-40, que a partir de diversas reuniões e audiências públicas
chegaram num consenso sobre as regras para a utilização de RPAs.
O Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial (RBAC-E nº 94), de competência
da ANAC, o qual complementa alguns normativos de outros órgãos (DECEA, e ANATEL),
foi aprovado em 2 de maio de 2017, e dispões de requisitos gerais para a utilização de
aeronaves não tripuladas de uso civil: regras de voo; registro de marca; requisitos para o
piloto; certificados; registro de manutenção; entre outros aspectos.
Para o melhor entendimento dessa regulação e sua relação com a utilização de VANT
no monitoramento e mapeamento da ESEC do Taim, serão abordadas algumas definições
competentes ao tema em questão segundo a ANAC, dispostas na subparte (E 94.3), que
podem ser observadas na íntegra no anexo A: A área distante de terceiros estipula
basicamente um limite mínimo de 30 metros para a operação das Aeronaves não tripuladas.
O critério de distância mínima de terceiros (não anuentes) é disposto pela a ANAC,
mas o acesso ao espaço aéreo é de competência do DECEA, que pode até estabelecer limites
mais rígidos para a segurança da operação. As principais regulamentações regidas pelo
Departamento de Controle do Espaço Aéreo estão disponíveis na ICA100 - 40. A portaria
DECEA nº 282/DGCEA, de 2 de fevereiro de 2017 aborda os "Sistemas de Aeronaves
Remotamente Pilotadas e o Acesso ao Espaço Aéreo Brasileiro", a partir de uma reedição da
ICA 100-40. Um dos principais aspectos da ICA 100 - 40, em relação ao estudo proposto, é a
discussão frente aos processos burocráticos da solicitação de operação com RPAs (que,
segundo o próprio DECEA, é toda aeronave que pilotada por uma estação de pilotagem
remota).
Atualmente, com a reedição da ICA100 - 40, o regramento para voos com RPAs
passou a ser mais rígido, em função de princípios semelhantes aos propostos pela ANAC: à
integração desses equipamentos ao espaço aéreo, mantendo os níveis de segurança
compatíveis com essa atividade. A figura 8 ilustra o processo de solicitação do espaço aéreo
para a operação de VANT, a partir do portal SARPAS, de incumbência do DECEA.
44

Figura 8: Fluxograma com resumo das regras dispostas na ICA 100-40 (DECEA), para o acesso ao espaço
aéreo. FONTE: Extraído de ICA 100 – 40, DECEA, 2017.
45

Quadro 4: Resumo de regras para acesso ao espaço aéreo brasileiro. Fonte: Extraído de ICA 100 - 40,
DECEA, 2017

Um dos principais aspectos do quadro 4 é a relação das regras para acesso do espaço
aéreo com o peso máximo de decolagem (PMD) das RPAs a serem utilizadas na operação. O
PMD influencia diretamente as regras instauradas, a partir de uma classificação proposta pela
ANAC: Classe 1, PMD acima de 150 kg; classe 2, entre 25 e 150 kg; e classe 3, abaixo de 25
kg. Cada classe apresenta exigências de aeronavegabilidade distintas, o que pode influenciar a
viabilidade de operações dentro da ESEC do Taim, e a seleção de equipamentos mais
aplicáveis para as demandas necessárias.
Os equipamentos de grande porte (classe 1) necessitam passar por um processo de
certificação mais complexo, similar aos exigidos para aeronaves tripuladas. Devem ser
registrados no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) e identificados a partir da sua matrícula
e marca de nacionalidade. Para a classe 2 é estabelecido os requisitos técnicos que devem ser
considerados pelos fabricantes de VANT, além de determinar que a aprovação de um projeto
46

pode ocorrer somente uma vez. Também deve ser registrado no Registro Aeronáutico
Brasileiro. Para a classe 3, na qual as RPAs apresentam PMD menor que 25 Kg, as restrições
impostas pelos órgãos competentes são menos onerosas, e associadas também a altura de voo,
tipo de operação, e distância de aeródromos: os voos realizados acima de 120 m de altura
deverão ter seus projetos autorizados, a partir da emissão do NOTAM que pode levar até 18
dias. Caso seja respeitado o limite de 120 m, e o operador do voo mantenha contato visual
com o equipamento durante toda a operação (VLOS), não será necessária a emissão do
NOTAM, somente o cadastramento do equipamento no sistema de aeronaves não tripuladas
da ANAC (SISANT). As RPAs que apresentam PMD inferior a 250 g não precisam ser
cadastradas.
O operador dos equipamentos, de acordo com o tipo de RPA, deverá apresentar
diversas licenças e certificados. No caso de RPAs com menos de 250 gramas, o operador já é
considerado licenciado sem a necessidade de documentação emitida pela ANAC
(considerando um teto de operação de 120 m). Para os pilotos com equipamentos de classe 3,
que necessitem voar acima dos 120 m, e os que utilizam RPAs das classes 2 e 1, é obrigatória
licença e habilitação emitida pela Agência Nacional de Aviação Civil. A ANAC também
infere que os pilotos com equipamentos das classes 1 e 2 deverão apresentar o Certificado
Médico Aeronáutico (CMA) emitido pela ANAC ou mesmo pelo DECEA. O quadro 4 infere
as regulamentações propostas pela ANAC para a utilização de RPAs.

Quadro 5: Distinção de classes pelo peso dos equipamentos, dispostas na RAB. Fonte: Adaptado de
ANAC.
Exigências de
Classe Peso Máximo de Decolagem
Aeronavegabilidade
- Processo de certificação
similar ao de aeronaves
tripuladas

Classe 1 Acima de 150 kg - Devem ser registrados em


RAB e identificados com suas
marcas de matrícula
- O regulamento estabelece que
requisitos técnicos devam ser
observados pelo fabricante, e é
Classe 2 Entre 25 e 150 kg
necessários registro no RAB.

- Caso opere em BVLOS ou


acima de 120 m, a autorização
deverá partir da ANAC, e
precisam ser registrados.

-Caso opere em VLOS, e


47

Classe 3 A baixo de 25 kg respeitando teto de 120 m, não


precisarão de projeto
autorizado, mas devem ser
cadastrados no SISANT.

- Equipamentos com até 250 g


não precisam ser cadastrados

4.2.4 Modelos de Veículos Aéreos Não tripulados, e suas aplicações.

Existe uma grande diversidade de modelos de VANT, com as mais distintas


aplicações. Segundo Jorge et al. (EMBRAPA, 2014), os equipamentos podem ser
diferenciados por sua capacidade em altura e alcance, ou por serem dispostos com asa fixa, ou
rotativa. Quanto ao alcance e altitude, os VANT podem ser denominados: de mão, quando
apresentam a capacidade de atingir altitudes não superiores a 600 m, e alcance de até 2000
metros; Curto alcance, para 1500 metros de altitude, e 10000 m de alcance; OTAN, 3000 m de
altitude, e até 50 km de alcance; Tático, 5500 m de altitude, e alcance de 160 km; MALE
(Média altitude, e alcance longo) – na qual se enquadram os equipamentos que até 9000 m de
altitude, e alcance de até 200 km; HALE (Alcance longo, e altitudes elevadas), acima de 9200
m, e alcance indefinido; Hipersônico, para altitudes de 15200 m, e alcance de 200 km; entre
outros como o Orbital, e o CIS (Considera equipamentos utilizados para transporte lua-terra).
Os VANT podem ser distintos em asa fixa, ou asa rotativa (o qual pode ser multirotor,
ou em formato de helicóptero convencional) (FIGURA 9). Isso representa uma grande
diferença para as capacidades dos equipamentos. Os VANT multirotor apresentam uma
instrumentação e sistema de controle que possibilita voos com elevada estabilidade, além de
componentes eletrônicos que permitem a inclusão de grande diversidade de sensores a bordo.
Além disso, apresenta tamanho compacto, facilidade de operação (necessidades técnicas
reduzidas, ou seja, tempo de treinamento operacional reduzido), custo operacional reduzido,
facilidade de transporte. Por essas características, Embrapa (2014) considera esse tipo de
veículo aéreo não tripulado para aplicações com pouco tempo de duração, pouca ou nenhuma
infraestrutura de terra, distâncias e áreas de cobertura de pequeno a médio porte, necessidade
de acessar pontos de difícil acesso, facilidade de transporte, entre outros.
48

Figura 9: Modelos de VANT. Distinção entre asa fixa, e asa rotativa multirotor. Fonte: Extraído de
Andrade, 2013.

Os VANT de asa rotativa multirotor apresentam diversas vantagens tecnológicas que


podem favorecer a sua utilização em contrapartida a outros modelos: a capacidade de
estabilização num determinado local, a partir do acionamento das hélices; o pouso e
decolagem são verticais, ou seja, não dependem de grande espaço para essa ação (fator
preponderante para a utilização de outros modelos como os asa fixa), podem ser lançados em
espaços restritos; possibilita a utilização de câmeras especiais como as que obtém dados do
comprimento de onda do infravermelho termal, ou mesmo de alta resolução; é extremamente
flexível, portanto customizável para diferentes aplicações; baixo peso da plataforma; é mais
estável para fatores como a condição de ventos; entre outros. (EMBRAPA, 2014 Por outro
lado, apresenta como principais desvantagens a autonomia de voo (em geral a bateria desse
tipo de equipamento não dura mais que 30 minutos), e a capacidade de carga também são
reduzidas em função da sua pouca robustez.
Medeiros (2007) faz a comparação entre diferentes modelos de VANT, considerando
aspectos como a condição de campo (as dificuldades encontradas para o manejo do
equipamento, áreas de pouso e decolagem), custo do equipamento, capacidade frente à fatores
climáticos, facilidade no transporte do equipamento, e estabilidade de voo. Essa
caracterização pode influenciar diretamente a escolha por um determinado modelo de VANT
para ser utilizado para a área da ESEC do Taim, considerando as dificuldades de localização
de áreas adequadas para pouso e decolagem, ou mesmo a característica predominante de
49

ventos na região. Os quadros 6 e 7, demonstram os aspectos propostos por Medeiros (2007)


para a comparação de diferentes equipamentos.

Quadro 6: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT (Adaptado de MEDEIROS, 2007)

Veículos Aéreos não Tripulados (VANT)


Helicóptero Multirotor
Tipo/ Aspectos Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens
Pouso e Pousa e decola Pousa e decola
- -
Decolagem em qualquer lugar em qualquer lugar
Rota determinada, Rota determinada,
Trajetória e pairar em local - e pairar em local -
específico específico
Condições Maior tolerância Maior tolerância
- -
climáticas para ventos para ventos
Baixo custo de
Alto custo de
aquisição e médio
Custos - aquisição e -
custo de
manutenção
manutenção
Transporte Fácil Transporte - Fácil transporte -
Carga Média capacidade - - Pouca capacidade
Possível
Difícil instalação
Segurança Opção de autogiro instalação de -
de paraquedas
paraquedas

Quadro 7: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT (Adaptado de MEDEIROS, 2007)

Veículos Aéreos não Tripulados (VANT)


Avião (Asa Fixa) Dirigível
Tipo/ Aspectos Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens
Possibilidade de Necessidade de
Pouso e Em qualquer local Necessita de área
Catapulta para área para pouso e
Decolagem decola para pouso
decolagem decolagem
Depende de Depende de
Realizar rotas
Trajetória condições de - condições de
longas
vento para rota vento para rota
Condições Maior tolerância Baixa tolerância a
- -
climáticas para ventos fracos ventos
Alto custo de
Relativamente
Custos - - aquisição e
Baixos
manutenção
Pode ser
Difícil de
desmontado
Transporte - - transportar
facilitando
(volume de gás)
transporte
Não suporta carga
Carga Boa capacidade - -
considerável
50

Fácil instalação
de paraquedas e
Segurança - - -
dispositivos de
segurança

A relação de vantagens e desvantagens demonstrada por Medeiros (2007) infere a


tendência de desenvolvimento e evolução que vem ocorrendo em determinados tipos de
equipamentos, onde se vê uma preferência para estudos com os VANT de asa fixa (aviões), e
asa rotativa multirotor. Os dirigíveis se mostram uma tecnologia que passa a ser menos
utilizada, permanecendo apenas como os primórdios da utilização de VANT para diferentes
fins. Os VANT do tipo helicóptero ainda são comumente utilizados para aquisição de dados
remotos, e frequentemente empregados para o desenvolvimento de novas tecnologias, porém
o custo elevado aos poucos passa a limitar o interesse por esse tipo de plataforma.
No Brasil, já existe uma grande quantidade de modelos de diferentes plataformas
sendo comercializados, e cada vez mais desenvolvidos por empresas competentes, institutos
de pesquisa, e órgãos governamentais. Por outro lado, diversos equipamentos são importados
à medida que as soluções para determinada aplicação não são encontradas no mercado
brasileiro. As figuras 11 e 13 demonstram equipamentos desenvolvidos por empresas
internacionais, e nacionais, respectivamente – os quais serão considerados nesse estudo como
possíveis VANT para o subsídio à gestão da Estação Ecológica do Taim.
Os equipamentos internacionais são: S900 e Phantom (desenvolvidos pela empresa
DJI), o Aibotix X6 (desenvolvido pela empresa alemã Aibotix), e o Parrot Disco FPV
(desenvolvido pela empresa Parrot). Já os nacionais são representados pela empresa Xmobots,
que comercializa três modelos distintos de VANT de asa fixa (Arator, Echar, e Nauru). Será
considerado também o Batmap 2.
A empresa DJI é uma corporação chinesa que iniciou suas atividades em Shenzhen na
China. Desde 2006 vem influenciando o mercado de VANT com diversos equipamentos, dos
simples aos mais robustos.
51

Figura 10: Modelos de VANT desenvolvidos por empresas internacionais. “A” ilustra o modelo Phantom
3 Professional, desenvolvido pela empresa DJI, “B” S900 também da empresa DJI, “C” representa o
modelo Aibotix X6 da empresa Aibotix, e “D” o modelo Disco FPV da empresa Parrot. Fonte: Dji, Parrot,
e Aibotix.

Um dos VANT mais conhecidos da DJI é o Phantom (figura 10 caracteriza um dos


modelos lançados para esse equipamento). É um modelo quadricóptero de pequeno porte, que
foi o primeiro da DJI fabricado especificamente para os consumidores, e foi lançado em 2013.
É um multirotor que qualquer usuário poderia obter, e utilizando alguns documentos
disponíveis pela própria DJI, apresentava uma operação extremamente simples. Por outro
lado, o principal problema encontrado pelos usuários do Phantom 1 foi a autonomia das
baterias. A duração do voo era extremamente limitada, aproximadamente 10 minutos, o que
foi um fator preponderante para que a DJI ainda não atingisse uma fatia tão grande do
mercado de drones até aquele momento (DJI; Drone Central, 2017).
Algumas atualizações desenvolvidas e aplicadas na continuação da tecnologia
Phantom 2 foram importantes para que a DJI se tornasse mundialmente conhecida, e atingisse
grande popularidade no mercado: foi melhorada ainda mais a facilidade de operação, a partir
da inclusão do controle de orientação inteligente (COI); a autonomia das baterias foi
expandida para aproximadamente 20 minutos; foram adicionados recursos de segurança dos
quais o drone retornasse automaticamente para local de decolagem, relacionado ao tempo de
duração das baterias. Esses fatores alçaram o phantom 2 à alcunha de o drone mais famoso do
52

mundo. Posteriormente ao Phantom 2, ainda foram lançados o Phantom 3 (Professional, ou


Advanced), e o Phantom 4, que é o modelo mais atual disponibilizado no mercado. A
principal distinção entre os modelos Professional, e Advanced, basicamente é a maior
capacidade de filmagens de melhor qualidade (4K) na versão Professional.
As especificações técnicas do Phantom 4 Professional , obtidas junto ao fabricante,
são listadas a seguir, considerando algumas distinções entre os diferentes modelos:

 Autonomia nominal: 30 minutos, para o Phantom 3 é de 25 min, Phantom 2 20


minutos, e Phantom 1 10 minutos;

 Velocidade de cruzeiro: 72 km/h no modo S, 58 km/h no modo A, 50 km/h no modo


P;

 Velocidade máxima de subida: 21 km/h no modo S, e 18 km/h no modo P;

 Velocidade máxima de descida: 14 km/h no modo S, e 11 km/h no modo P;

 Resistência ao vento: 36 km/ h, recomendações do fabricante;

 Teto operacional: 6000 m acima do nível do mar;

 Peso máximo de decolagem: 1,3 kg aproximadamente;

 Tamanho: Pequeno porte;

 Tipo de pouso/decolagem: Vertical;

 Alcance lateral da transmissão de vídeo: 7 km;

 Câmeras utilizadas: Câmera DJI de 20 Mpixels do sensor CMOS. É possível utilizar


óculos FPV da Google para visualização do terreno em tempo real.

 GNSS: GPS, e Glonass.

A utilização desse tipo de equipamento como subsídio ao monitoramento e


fiscalização do Taim tende a ser para uma demanda muito específica, visto a pouca
capacidade de área mapeada para um único voo, relacionada à baixa autonomia das baterias.
Por outro lado, a facilidade no transporte, operação, e custo baixo, podem vir a serem fatores
interessantes ao analisar a possibilidade de utilização.
53

Outro modelo representado pela empresa DJI como possibilidade de utilização para
gestão do Taim é o S900 (figura 10). O S900 é um hexacóptero desenvolvido com material de
fibra de carbono, possibilitando maior resistência, e menor peso. É um equipamento de fácil
transporte, apesar de apresentar um porte maior que o Phantom, pois é totalmente dobrável.
As especificações técnicas do S900 o caracterizam como uma plataforma estável, porém, sua
autonomia é bem reduzida, aproximadamente 18 minutos de duração de voo (considerando
um dia com pouco vento, com um PMD de 6,8 kg). Devido a sua maior robustez, essa
plataforma é capaz de decolar com PMD de até 8,2 kg, o que permite que apresente uma
grande capacidade de instalação de diversos tipos de câmeras e sensores.
O terceiro modelo de VANT de empresas internacionais é o Aibotix X6 (figura 10),
desenvolvido pela empresa Aibotix Gmbh. A empresa foi criada no ano de 2010, em Kassel
(Alemanha). Em 2011 foi lançado o X6 Aibot, que se inseriu no mercado, inicialmente, em
função da sua capacidade de pouso e decolagem vertical muito simples, e autônoma
(necessidade de uma área menor que 3 metros de diâmetro, o que permite ser utilizado em
quase todos os ambientes). O equipamento revestido de fibra de carbono é utilizado
principalmente para inspeções industriais, e mapeamento aéreo, mas desde então o modelo foi
sendo atualizado, e inferindo novas aplicações.
Com o Aibot X6 é possível planejar a área a ser mapeada previamente (com a
utilização de software de plano de voo desenvolvido pela empresa, o Aibotix Aiproflight),
obter fotografias de altíssima resolução já georreferenciadas, que geralmente são aplicadas
para agriculturas de precisão e silvicultura, análise de imagens térmicas, cálculos de volumes,
Inspeção de turbinas eólicas, torres de transmissão, entre outros. Segundo informações do
fabricante, segue as especificações técnicas do equipamento:

 Área mapeada em 20 min: 5 hectares;

 Comprimento, largura, altura: 1,05 x 1,05 x 0, 45 m;

 Autonomia nominal: 20 minutos;

 Velocidade de cruzeiro: 40 km/h;

 Velocidade máxima de subida: 28 km/h

 Resistência ao vento: Não abordado


54

 Teto operacional: 3000 m acima do nível do mar;

 Peso máximo de decolagem: 4,6 a 6 kg aproximadamente;

 Tamanho: Médio porte;

 Tipo de pouso/decolagem: Vertical;

 Alcance lateral do transmissor: até 1000 metros

 Câmeras utilizadas padrão: Sony ILCE-6000, Sony ILCE-7R, Workswell WIRIS


640, Parrot Sequoia, Headwall Nano-Hyperspec. Pode transportar uma variedade de
sensores padrão para capturar imagens, dados térmicos e IR, informações multi-hiper-
espectrais;

 GNSS: GPS, e Glonass.

A última plataforma a ser aborda é o Parrot Disco FPV desenvolvido pela empresa
Parrot. Foi fundada em 1994 por Henry Seydoux, em Paris na França, tendo comercializado
uma grande diversidade de dispositivos sem fios, principalmente para uso doméstico frente ao
elevado avanço de empresas de telefonia. Como um programa de diversificação, e atenta à
mercados em expansão, a empresa passou a tentar se inserir no mercado de drones em 2010, e
desde então lançou diversos modelos como: Bepop 2 power; Bepop 2; Mambo FPV; Parrot
Disco; além de mini drones como o Mambo, e o Swing. O modelo a ser abordado é o Parrot
Disco, única plataforma de asa fixa lançada pela empresa Parrot.
O modelo Parrot Disco é uma plataforma de asa fixa de pouca robustez (leve), porém
pode atingir velocidades elevadas (aproximadamente 80 km/h), com uma autonomia de
baterias de cerca de 45 minutos. Foi desenvolvido basicamente para usuários com interesse de
visualização da paisagem, que através da câmera podem observar o terreno (a partir de visada
oblíqua, ou a nadir), ou mesmo o horizonte (através da movimentação da câmera para visada
horizontal). A transmissão do vídeo ocorre em tempo real através do aplicativo FreeFlight Pro
(aplicativo de smartphone gratuito, que permite o compartilhamento de fotos e vídeos aéreos,
além da possibilidade de planejamento de voo autônomo e determinação de área a ser
sobrevoada previamente) e uma conexão Wifi otimizada a partir do Parro SkyControler 2 (2
joysticks para pilotagem muito precisa).
55

A estabilidade da plataforma é garantida através do mecanismo de anti-stall


(estabilidade nas mudanças de direção). Ele vem com duas baterias na embalagem, o que
possibilita 90 minutos de voo com apenas uma imersão a campo. A figura 11 ilustra o layout
do software de navegação do Parrot Disco.

Figura 11: Visualização da câmera do Parrot Disco em operação. Pode ser observada no aplicativo de
smartphone, ou mesmo a partir do óculos de FPV. Fonte:

O modelo Parrot Disco apresenta duas variações: a Adventure; e a FPV. Além da mais
básica que corresponde somente a plataforma, enquanto as linhas Adventure e FPV incluem
adicionais como o Parrot Cockpitglasses (FPV), e mochila para facilitar o transporte do
equipamento para o campo. As especificações técnicas do Parrot Disco, segundo dados do
fornecedor, e alguns usuários que compartilham informações por vídeos e blogs:
 Dimensões: 1150 mm x 580 mm x 120 mm

 Peso: 750 gramas;

 Vídeo e imagem: Câmera full HD de 1080 p;

 Tipo de pouso/decolagem: Autônomos. O lançamento é feito com a mão, e o pouso é


sem paraquedas (necessário terreno adequado para esse fim);

 Velocidade de cruzeiro: até 80 km/h;

 Sistema de navegação inercial: Giroscópio de 3 eixos, acelerômetro de 3 eixos,


magnetômetro de 3 eixos;
56

 Transmissão de dados: realizado via Wifi, ou através de redes de ponto de acesso, ou


Wifi tipo AC (2 antenas bi band, 2, 4, e 5 Ghz – com alcance de 2000m do Parrot
Skycontroler 2);

 Autonomia de voo: Baterias duram 45 minutos;

 Parrot Skycontroler2: 2 joysticks com duração de bateria de 240 minutos, e antenas


Wifi MIMO;

 Alcance lateral: 2000 metros

A plataforma de asa fixa da Parrot pode vir a ser útil para determinadas demandas de
fiscalização e monitoramento da ESEC do Taim, em virtude da capacidade de observação do
terreno, transporte para o campo muito facilitado pela utilização da mochila (e peso leve),
facilidade de operação (decolagem, voo, e pouso autônomos), além do compartilhamento em
tempo real dos dados obtidos. Apesar da não descrição nas especificações técnicas da
resistência ao vento (fator importante para a região de estudo), esse possivelmente não seria
um problema tão importante, visto que o intuito de utilização do equipamento não seria o
mapeamento.
No mercado de drones, já existem várias empresas brasileiras que trabalham no
desenvolvimento de equipamentos e novas tecnologias. Pode ser citada a Skydrones, a
Xmobots, a Nuvem UAV, BRVANT, Brasil Aircrafts, Santos Lab, Sensormap, FT sistemas
SA, Avibras, Avionics Services, AGX Tecnologia LTDA, ou mesmo universidades brasileiras
que vem desenvolvendo equipamentos não comerciais, como por exemplo: ITA (Instituto
Tecnológico de Aeronáutica), que desenvolveu um equipamento com autonomia de 3 horas
para monitoramento de linhas de transmissão; UFSC (Universidade Federal de Santa
Catarina), que atua mais no desenvolvimento de algoritmos; entre outras.
A Skydrones disponibiliza no mercado equipamentos muito voltados basicamente para
a agricultura de precisão, como por exemplo, o Pelicano, um multirotor de grande porte (5 m
de largura) utilizado como pulverizadores em locais específicos, evitando o desperdício de
material, e contaminação por agrotóxicos de regiões vizinhas (como pode ocorrer quando da
utilização de aviões). Existem outros 2 modelos multirrotores comercializados pela empresa, e
um de asa fixa: Strix AG; Strix E; Zangão (asa fixa).
Os equipamentos atualmente disponibilizados pela empresa XMOBOTS são
ilustrados na figura 12 (Echar, Arator, Nauru), que constantemente são desenvolvidos e
57

atualizados, na busca pela maior eficácia no desenvolvimento de soluções. (XMOBOTS,


2017)

Figura 12: Modelos de VANT comercializados pela empresa XMOBOTS. “E” ilustra o modelo ECHAR
20C, “F” o modelo ARATOR 5A, “G” o modelo Nauru 500B. Fonte: Xmobots.

O Arator 5A (Correspondente à letra ―E‖ na figura 12) é o equipamento de menor


porte dentre os comercializados pela XMOBOTS, porém apresenta toda a estrutura
tecnológica desenvolvida e aplicada nos outros (Echar e Nauru). Essa estrutura é caracterizada
pelo casco fortificado com Kevlar - o qual apresenta resistência considerável para impactos
envolvidos em operações com RPAs, paraquedas de emergência para pouso, Autopiloto
XMobots de quarta geração com 1 GHz de processamento que roda RTOS QNX com
software desenvolvido utilizando o MDD (Model driven development) – o mesmo utilizado
por grandes empresas como a Embraer, Boeing, e Airbus, além do Xplanner software de
planejamento criado especificamente para os modelos da XMobots, que auxilia no
planejamento, execução, e pós processamento de voos (apresenta o layout, e as
funcionalidades muito semelhantes ao Missionplanner, software livre utilizado para os
mesmos fins, porém para modelos não comerciais).
Além das principais funcionalidades já consolidadas nos equipamentos das XMobots,
o Arator 5A apresenta algumas particularidades interessantes: o pouso de paraquedas ocorre
no extradorso, dificultando possíveis danos à lente da câmera muito comum em pousos de
barriga; apresenta um sistema de voo enxuto, o Arator, o GDT, e notebooks conectados via
58

Wifi; o lançamento é feito pela mão do operador, ou seja, não há a necessidade de estruturas
de catapulta ou elásticos – o que facilita o transporte do equipamento, e reduz o tempo de
operação; é possível operar com câmeras APS - C de 24 Mpixels, fato incomum para
equipamentos dessa robustez. Existem distintas atualizações do ARATOR 5A, que
possibilitam diversas outras funcionalidades: Arator 5A EL, representa a versão de entrada do
Arator, que é facilmente atualizável para as versões posteriores, vêm com uma câmera Canon
EPLH160 de 20 MPixels e sensor CCD 1/2 e 3; Arator 5A HD, utilizado principalmente para
a necessidade de alta qualidade na geração de modelos digitais do terreno (MDT), pois a
câmera a bordo passa a ser Sony Alfa5100 de 24Mpixels com sensores CMOS APS-C; Arator
5A HA, o qual recebe a tecnologia High Acuracy, que permite a geração de modelos 3D com
precisão de até 2 cm – eximindo a necessidade de inserção de pontos de controle em campo;
Arator 5A xMx, representa um avanço no mapeamento com o Arator a partir da inserção de
sensores oblíquos, possibilitando uma aumento na área mapeada, o qual pode ser incorporado
ao sistema HA.
As especificações técnicas do Arator, obtidas junto ao fabricante, são listadas a seguir,
considerando algumas distinções entre os diferentes modelos (quando há):

 Área mapeada máxima: 1100 hectares, considerando condições de voo ótimas (voo
nivelado, sem vento, com 15 ºC), GSD de 10 cm, 60 % de sobreposição lateral);

 Área mapeada nominal: 780 hectares, considerando voo em condições reais para o
Brasil (voo realizado a 1300 m acima do nível do mar, 30 ºC, vento médio de 18
km/h), GSD de 10 cm, 60 % sobreposição lateral;

 Área mapeada por dia: 4.680 hectares, obtidos a partir da realização de testes;

 Área mapeada nominal a 400 pés (120 m) acima do nível do solo: 260 hectares;

 Resolução espacial a 400 pés (120 m) acima do solo: 3 cm/pixel;

 Autonomia máxima: 60 min em condições ótimas;

 Autonomia nominal: 45 min em condições reais para o Brasil;

 Velocidade de cruzeiro: 58 km/h;


59

 Resistência ao vento: até 45 km/h o fabricante garante a qualidade do levantamento;

 Teto operacional: 3000 m acima do nível do mar;

 Peso máximo de decolagem: 3,3 kg;

 Envergadura: 1,2 m;

 Tipo de decolagem: Acionamento automático do motor por lançamento manual;

 Tipo de pouso: Realizado por paraquedas, no ponto de controle denominado para o


pouso, no momento em que o equipamento atinge determinada altura.

 Alcance lateral da antena: 10 km, obtidos em condições de topografia plana, a 800 m


acima do nível do solo;

 Câmeras utilizadas: RGB CCD 1/2, 3 de 20 Megapixels, com resolução máxima de 3


cm/pixel; RGB CMOS APS de 24 Megapixels, com resolução máxima de 1,5 cm/
pixel;

 GNSS: GPS, e Glonass L1, e Glonass L2 (no caso de utilização do sistema HA).

O modelo Arator 5A possivelmente pode vir a ser aplicável para subsidiar ações de
gestão na ESEC do Taim, muito em função da sua razoável capacidade de mapeamento de
áreas relativamente grandes (autonomia razoável, principalmente quando comparado com
modelos multirrotores). Outro fator que tende a ser positivo para esse equipamento é a
facilidade de transporte (não tão robusto, e ausência de catapulta). Por outro lado, podem
ocorrer fatores limitantes como as condições climáticas da região a ser monitorada, ou mesmo
para demandas que necessitem mapeamentos de áreas muito extensas, e distantes do ponto de
pouso e decolagem.
O segundo modelo apresentado pela Xmobots a ser discutido como possível utilização
para o subsídio à gestão da ESEC do Taim é o Echar. Atualmente se encontra no modelo
Echar 20C (figura 12), é um equipamento um pouco mais robusto quando comparado com o
Arator (considerado pela própria empresa como médio porte, enquanto o Arator de pequeno
porte, porém é também enquadrado na categoria de mini-drone).
Segundo Xmobots (2017), o Echar 20C foi considerado o mini-drone com a maior
capacidade de mapeamento do mundo pela Shepard Annual Handbook, ISSUE 23,
considerando critério de mapeamento por voo, o que torna esse equipamento interessante para
60

demandas de mapeamento de áreas grandes. Tal como o Arator, apresenta uma estrutura
resistente a impactos (Kevlar), e o mesmo sistema desenvolvido pela empresa. Por outro lado,
o Echar apresenta a possibilidade de inserção de câmera Full Frame de 36 Megapixels, além
da RGB APSC de 24 Megapixels (ou mesmo APSC Nir), e um sistema de decolagem que
necessita da utilização de catapulta, devido ao peso mais elevado. O Echar 20C é
disponibilizado a partir de três modelos distintos: Echar 20C EL, que caracteriza o modelo de
entrada com possibilidade para a atualização para os mais avançados; Echar 20C Agro; Echar
20C HA, funciona com a inclusão do sistema HA desenvolvido pela Xmobots.
O Echar Agro permite a obtenção de fotografias aéreas de altíssima resolução espacial
para bandas R, G, B, e infravermelho próximo em um único voo, o que é possibilitado pela
inserção de duas câmeras simultâneas ao equipamento (Sony 5100 de 24MPixels com sensor
APSC RGB, Sony 5100 de 24MPixels com sensor APSC GNir. Com essa composição de
bandas é possível construção de índices físicos como o NDVI (índice de vegetação por
diferença normalizada), que possibilita diferentes estudos de mudanças sazonais no
desenvolvimento e na atividade da vegetação podem ser monitoradas como o vigor
vegetativo, a biomassa, avaliações fitossanitárias, stress hídrico, ou mesmo a detecção de
invasoras. (JENSEN, 2009).
As especificações técnicas do Echar, obtidas junto ao fabricante, são listadas a seguir,
considerando algumas distinções entre os diferentes modelos (quando há):

 Área mapeada máxima: 3.680 hectares, considerando condições de voo


ótimas tais quais aplicadas ao Arator, abordadas anteriormente;

 Área mapeada nominal: 2.550 hectares para voo em condições reais ao


Brasil;

 Área mapeada por dia: 10.200 hectares;

 Autonomia máxima: 2h 30 min;

 Autonomia nominal: 1h 56 min;

 Velocidade de cruzeiro: 75 km/h;

 Resistência ao vento: 60 km/h, que se refere à capacidade de manter o voo. A


garantia de qualidade do produto se mantém em 45 km/h, segundo o fabricante;
61

 Teto operacional: 3000 m acima do nível do mar;

 Peso máximo de decolagem (PMD): 7,5 kg;

 Envergadura: 2,13 m;

 Tipo de decolagem: Automática, com a utilização de catapulta;

 Tipo de pouso: Abertura de paraquedas automática tal como o Arator;

 Alcance: Antena de apontamento automático possibilita alcance de 36 km;

 Câmeras utilizadas: Câmera Sony 5100 de 24MPixels com sensor APSC


(Echar 20C EL), Câmera Sony 5100 de 24MPixels com sensor APSC +
Câmera Sony 5100 de 24MPixels com sensor APSC GNir (Echar 20C Agro),
ou Camera Sony Alfa7R de 36MPixels com sensor FULLFRAME RGB;

 Resolução máxima (GSD): 2,0 cm/pixel;

 GNSS: GPS, Glonass L1

O modelo Echar apresenta elevada autonomia (associada à sua capacidade de


velocidade de cruzeiro, possibilita o mapeamento de áreas grandes em um único voo, que
podem ocorrer para determinadas demandas da ESEC do Taim). Por outro lado, o transporte
do equipamento em áreas de difícil acesso pode ser oneroso, e tende a ocorrer a dificuldade de
locais adequados para pouso e decolagem. A sua maior robustez em relação ao Arator 5A
pode ser uma vantagem em função das condições de ventos na região do Taim.
Por fim, o terceiro modelo disponibilizado pela Xmobots é o Nauru, que se encontra
atualmente no modelo 500B (figura 12). Assim como os outros modelos da empresa, o Nauru
apresenta as mesmas condições estruturais e sistema de navegação. É caracterizado
principalmente pela sua capacidade de sobrevoar áreas muito grandes, o que faz com que seja
uma solução para o monitoramento de muitos hectares em um único voo, podendo ser lançado
de um local de decolagem distante da área de interesse.
Assim como o Echar e o Arator, o Nauru apresenta o seu modelo EL como sendo a
entrada, além de versões avançadas como o Agro e o HA. Outra diferença importante do
Nauru é a elevada robustez, que faz com que seja possível o acoplamento de sensores pesados
(até 9 kg), o que possibilita o desenvolvimento tecnológico para diferentes aplicações. As
especificações técnicas do VANT são dispostas a seguir:
62

 Área mapeada máxima: 29.400 hectares em condições ótimas;

 Área mapeada nominal: 20.100 hectares em condições reais;

 Área mapeada por dia: 20.100 hectares;

 Autonomia máxima: 10 h;

 Autonomia nominal: 7 h;

 Velocidade de cruzeiro: 108 km/h;

 Resistência ao vento: 60 km/h;

 Teto operacional: 3000 m acima do nível do mar;

 Peso máximo de decolagem (PMD): 25 kg;

 Envergadura: 3,5 m

 Tipo de decolagem: Automática com catapulta;

 Tipo de pouso: Automático com paraquedas;

 Alcance: Antena de apontamento automático possibilita alcance de 36 km;

 Câmeras disponíveis: Câmera Sony 5100 de 24MPixels com sensor APSC,


Câmera Sony 5100 de 24MPixels com sensor APSC GNir, ou Camera Sony
Alfa7R de 36MPixels com sensor FULLFRAME RGB

 GNSS: GPS, Glonass L1 e L2.

Ao considerar a expansão da ESEC do Taim, passando para um limite de


aproximadamente 32.000 hectares, é importante discutir a possibilidade de utilização de um
VANT com uma capacidade de mapeamento de grandes áreas. O Nauru 500B poderia
subsidiar dados espaciais para uma demanda de gestão que se distribuísse por toda área do
Taim, inclusive na condição de monitoramento com resolução temporal boa (visto a
possibilidade de mapeamento de toda a ESEC em poucos voos). Por outro lado, o custo
63

benefício pode não ser tão vantajoso caso as demandas de gestão da ESEC do Taim ocorram
de maneira mais localizada (em áreas menores dentro dos limites da ESEC).
Outra empresa brasileira que visa a construção de equipamentos de médio e pequeno
porte é a Nuvem UAV Indústria de aeronaves LTDA. Localizada no município de Presidente
Prudente (SP), foi fundada no ano de 2011 para a inserção de equipamentos aéreos de alta
performance no mercado de drones brasileiro. Um dos principais modelos desenvolvidos pela
empresa é o Batmap, fabricado totalmente no Brasil, e comercializado pela empresa Droneng
– Drones e Engenharia. Atualmente. O Batmap 2 (o Batmap se encontra na sua segunda
versão, a comparação dos modelos é disposta no quadro 7) é um equipamento de médio porte,
com boa autonomia, raio de operação (alcance) de 10 km, e velocidade de cruzeiro de até 45
km/h. As especificações técnicas do VANT são dispostas a seguir:

 Autonomia máxima: 2h e 30 minutos

 Velocidade de cruzeiro: 45 km/h;

 Teto operacional: 3000 m acima do nível do mar;

 Peso máximo de decolagem (PMD): 3,1 kg;

 Envergadura: 1,9 m;

 Tipo de decolagem: Automática com catapulta de pequeno porte;

 Tipo de pouso: Automático com paraquedas;

 Alcance: 10 km;

 Câmeras disponíveis: Compatível com Multiespectral Micasense Red Edge,


Multiespectral Parrot Sequoia, Hiperespectral Gamaia Oxy, Termal Flir Vue
PRO R, G – R – NIR Sony a6000.

 GNSS: GPS, L1. Correção PPK (Correção RTK Pós Processada).


64

Quadro 8: Especificações técnicas do Batmap. Comparação dos modelos comercializados. Fonte:


Adaptado de Nuvem UAV.
Batmap 1 Batmap 2
Autonomia 1 h 30 min 2 h 30 min
Pouso Barriga Paraquedas
Alcance 6 km 10 km
PMD 2,6 kg 3,5 kg
GSD (200 m) 4,9 cm 4,9 cm
Correção geométrica Não PPK Opcional

A figura 13 demonstra o equipamento. Não existe grande diferenciação do layout entre


os modelos Batmap 1, e Batmap 2. É um VANT de médio porte que pode ser utilizado para o
mapeamento de áreas importantes para subsidiar ações de gestão e monitoramento do Taim. O
quadro 9 contrapõe as principais especificações técnicas dos diferentes modelos apresentados
anteriormente.

Figura 13: Batmap: VANT desenvolvido pela empresa Nuvem UAV. Fonte: Extraído de Nuvem UAV.
65

Quadro 9: Comparação das principais especificações dos modelos discutidos como possível utilização para
subsídio de dados espaciais na ESEC do Taim. A coluna de custos é estima em dólares americanos.

Custo aprox.
Velocidade de
Alcance PMD Autonomia Teto da
Modelo cruzeiro
(km) (kg) (H: M: S) operacional configuração
(km/h)
básica (dólares)

Arator 5A 10 58 3,3 00:58:00 3000 19.500

Echar 20 C 20 a 30 75 7,5 01:56:00 3000 54.000

Nauru 36 108 25 07:00:00 3000 114.000

Batmap 2 10 45 3,1 02:30:00 3000 22.000

Parrot Disco 2 80 0,75 00:45:00 - 2.100

Dji Phantom
7 72 1,3 00:30:00 6000 1.800
4

Dji S900 - - 8,2 00:18:00 - 4.000

Aibot x6 - 40 6 00:20:00 3000 28.500


66

4.2.5 VANT aplicados na gestão de unidades de conservação

Diversos estudos vêm sendo desenvolvidos mundialmente sobre a utilização,


aplicação, e desenvolvimento de VANT. Koh et al. (2012) propuseram a construção de
"Drone para conservação", denominação dos próprios autores para um protótipo de VANT
autônomo de baixo custo elaborado para aplicações em áreas remotas de uma reserva de
remanescente de floresta tropical, que abrange um ecossistema sensível onde habitam diversas
espécies ameaçadas de extinção.
Inicialmente, os principais resultados obtidos por Koh et al. (2012) foram direcionados
para as limitações do modelo desenvolvido em função das características do protótipo
(principalmente em relação a sua autonomia), mas também inferiu algumas possíveis
aplicações para a tomada de decisão: monitoramento da biodiversidade (elefantes, tigres e
orangotangos); monitoramento de caça ilegal; monitoramento de extração vegetal;
monitoramento da expansão de áreas agrícolas sobre a floresta tropical remanescente.
Já Mettes et al. (2015), utilizando um aeromodelo adaptado em relação ao primeiro,
demonstraram na prática uma das aplicações propostas para o ―drone de conservação‖: o
monitoramento da distribuição e abundância de animais, a partir de um modelo computacional
que possibilitou a contagem automática das espécies analisadas. Foi possível através da
interação dos dados produzidos pelo VANT, com técnicas avançadas de reconhecimento de
padrões em imagens. Esse estudo se mostrou extremamente relevante, pois os custos relativos
ao monitoramento dessa espécie - a partir de trabalho de campo - envolviam o investimento
de aproximadamente 250.000 dólares para um período de 2 anos.
Atualmente, diversas demandas apresentadas pelos gestores do parque são supridas
com a utilização do equipamento proposto por Koh et al. (2012). Além do monitoramento da
biota, o VANT vem sendo aplicado para a fiscalização de caçadores ilegais, sendo a caça um
dos principais problemas observados na região. Os processos de planejamento de voo e
pilotagem são desenvolvidos pelos servidores da unidade de conservação, o que foi possível a
partir da aplicação de oficinas de ensino pelo autor do protótipo.
Diversos outros estudos sobre a utilização de VANT aplicados para a obtenção de
informações, que podem ser importante para a preservação de unidades de conservação, vêm
sendo desenvolvidos. Gonzales et al. (2016) utilizaram um modelo hexacóptero, levando a
bordo a câmera TAU 2 - 640, que obtém informação na faixa de comprimento de onda do
termal (7,5 – 13,5 μm). Gonzales et al. (2016) evidenciaram a possibilidade de monitoramento
de espécies invasoras sobre uma determinada região, inferindo algumas limitações da
67

aplicabilidade de RPAs no seu estudo: o processamento das imagens se mostrou


extremamente oneroso devido ao volume de informação obtida; a regulamentação do uso
ainda é muito incipiente; e a visão descrente do público sobre a tecnologia.
Outra aplicação para a tecnologia de VANT é o monitoramento de queimadas. Merino
et al. (2012) demonstram a utilização de câmera para obtenção de dados para as bandas do
infravermelho próximo, e visível, para a detecção automática de parâmetros relacionados à
propagação de fogo em florestas, que tem auxiliado o processo de gestão de queimadas.
Estudos e aplicações de VANT para o auxílio à gestão de unidades de conservação e
áreas protegidas no Brasil vêm sendo desenvolvidos de maneira ainda incipiente. São poucos
os casos nos quais efetivamente essa tecnologia foi inserida no processo gestão. Desde 2014
um VANT de médio porte (Nauru 500) foi doado para o ICMBio com o intuito de ser
empregado no processo de gestão do Parque Nacional do Pau-Brasil, localizado no município
de Porto Seguro, no estado da Bahia. O Parque Nacional do Pau Brasil (Parna do Pau Brasil
foi criado em 20 de abril de 1999 - tendo seu decreto de delimitação em 11 de junho de 2010 -
com o intuito de manutenção de remanescentes de Mata Atlântica, distribuídos por área de
aproximadamente 19.000 hectares (ICMBIO). Teve seu plano de manejo aprovado pela
portaria nº 43, de 9 de maio de 2016. O equipamento vem sendo utilizado pelos servidores do
parque para ações de fiscalização e monitoramento na unidade e sua zona de amortecimento, e
também para localização e focos de incêndios e queimadas.
Os trabalhos citados demonstram a grande quantidade de aplicações que são
desenvolvidas a partir de plataformas aéreas não comerciais ou mesmo comerciais,
exemplificando o avanço que a tecnologia vem sofrendo no decorrer dos anos. Os trabalhos
identificados solucionaram demandas semelhantes às que podem vir a serem encontradas no
processo de gestão da unidade de conservação do Taim.
68

5. METODOLOGIA

A metodologia aplicada no desenvolvimento do estudo considerou saídas de campo


para o entendimento da área de estudo, e a realização de reuniões com os servidores da ESEC
do Taim para o reconhecimento das dificuldades de gestão enfrentadas. Essa abordagem
prévia possibilitou a definição dos equipamentos a serem considerados no estudo, e de que
forma poderiam ser avaliados para a área em questão. A avaliação das capacidades das RPA
foi baseada em Longhitano (2015), porém foi introduzida nessa metodologia o subsídio da
utilização de softwares de sistema de informações geográficas (Arcgis 10.3) e planejamento
prévio de voos (Mission Planner) que se mostraram de grande valia para os resultados
obtidos, pois possibilitou analisar espacialmente algumas especificações dos VANT em
relação às áreas a serem monitoradas. A figura 14 ilustra a metodologia aplicada em formato
de fluxograma, para o melhor entendimento do processo de obtenção dos resultados.

5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE A UTILIZAÇÃO DE VANT E


SEUS COMPONENTES

Foi desenvolvida uma pesquisa documental a partir de referências prévias sobre as


diversas aplicações civis dos VANT relacionadas à gestão de unidades de conservação. Assim
como a busca pelo histórico de uma grande variedade de modelos de VANT comerciais e não
comerciais, as suas principais características, e os diversos produtos que foram desenvolvidos
a partir deles, possibilitando o conhecimento prévio sobre os principais requisitos a serem
analisados para a aquisição ou a construção de um equipamento frente a uma determinada
demanda de monitoramento da superfície terrestre.
Para a identificação das diversas demandas de dados espaciais que podem auxiliar um
processo de plano de manejo e gestão da ESEC do Taim foram analisados estudos pretéritos
desenvolvidos sobre outras UCs do Brasil, e a observação de informações que poderiam ser
preenchidas com a utilização de VANT. Isso pode vir a suprir possíveis lacunas na
identificação de demandas propostas por pesquisadores e gestores nas reuniões de trabalho.
69

5.2 REUNIÃO DE TRABALHO COM PESQUISADORES E GESTORES


PARA IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DE GESTÃO DA
ESEC DO TAIM

Foram realizadas reuniões de trabalho com pesquisadores e gestores que compõe o


grupo de trabalho GT-TAIM com o intuito de identificar as principais demandas de dados
espaciais que se apresentem como subsídios para as soluções de gestão dos principais
problemas da unidade. Além de reuniões e discussões com gestores e pesquisadores, as
principais atividades de gestão desenvolvidas na ESEC do Taim foram discutidas por
Eichenberger (2015). Dentre os estudos citados por esse autor, foram selecionados aqueles
considerados mais importantes no que tange às principais atividades de gestão da Unidade de
Conservação da ESEC do Taim, para fins de análise da aplicabilidade de VANT.
As principais questões abordadas foram relacionadas ao monitoramento de espécies
chave que compõe a biodiversidade do Taim, ao monitoramento de atividades irregulares e de
detecção de incidentes (como pesca ilegal), ao monitoramento de controle de incêndios (focos
de incêndios, e formas de controle da dispersão das chamas), e questões relacionadas ao
atropelamento de fauna no entorno da BR – 471.
Em relação ao monitoramento de espécies chave, foram abordadas as principais áreas
de distribuição de determinada espécie dentro, ou no entorno da ESEC do Taim; os custos
relativos ao monitoramento de campo, e de que forma a utilização de RPAs poderia suprir
algumas dificuldades em relação às áreas de difícil acesso. Foram discutidas também
propostas para a mitigação de atividades ilegais como pesca e caça, e de que forma a
utilização de RPAs poderia ser inserida nesse contexto.

5.3 RECONHECIMENTO E LOGÍSTICA DE CAMPO

Tendo em vista os resultados das reuniões com os pesquisadores e gestores, e o


entendimento das principais áreas a serem inicialmente analisadas em função da presença de
atividade ilegal ou a distribuição de espécies, foram realizadas saídas de campo com o intuito
de reconhecimento, possibilitando a construção de uma logística prévia para a utilização de
VANT sobre os limites legais da ESEC do Taim e seu entorno. Foram analisados os
principais acessos das áreas remotas importantes para gestão, possíveis pontos seguros de
pouso e decolagem dos equipamentos e a sua proximidade com as áreas de interesse, tal como
as dificuldades em razão de questões logísticas como o transporte dos equipamentos.
70

5.4 DESENVOLVIMENTO DE BASE DE DADOS EM SISTEMA DE


INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS.

Foi construída uma base de dados em SIG, para o cruzamento de informações


espaciais, e melhor entendimento do problema a ser enfrentado, principalmente no que se
refere às possíveis áreas (delimitação de áreas de interesse para a utilização de VANT),
considerando as limitações de equipamentos com baixa autonomia, ou pouco alcance – em
contrapartida com as demandas de gestão enfrentadas pelos gestores e fiscais da ESEC do
Taim. A base de dados, e as análises espaciais, foram construídas com a utilização do
software ArcGIS 10.3.
A base de informação foi preenchida com dados espaciais obtidos do WEBGIS
colaborativo do Taim, proposto por Brentano (2014), que foi desenvolvido para subsidiar
ações de gestão do grupo de trabalho GT – TAIM, e facilitar o acesso de informações pelos
atores envolvidos no processo de gestão da unidade de conservação. Através dessa plataforma
participativa foi possível a obtenção de dados espaciais com informações da gestão da
unidade, como por exemplo: focos de incêndio; localização de infrações (caça, e pesca ilegal);
locais das bases do ICMbio utilizadas para monitoramento e fiscalização; atropelamento de
fauna no entorno da BR – 471; bem como os limites políticos que foram atualizados no
processo de expansão da área legal da ESEC do Taim.

5.5 AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE DIFERENTES


EQUIPAMENTOS E SUA APLICABILIDADE EM RELAÇÃO ÀS
DEMANDAS DE PESQUISADORES E GESTORES

Para a avaliação da aplicabilidade dos VANT disponíveis para o suprimento das


demandas identificadas a partir das entrevistas realizadas com pesquisadores e gestores foi
utilizado um método baseado em Longhitano (2010). Consiste na identificação de parâmetros
e capacidades dos VANT, contrapondo com as necessidades instrumentais para a realização
de determinada aplicação. As capacidades de alguns equipamentos foram contrapostas com a
necessidade de dados espaciais das atividades de gestão identificadas, possibilitando a seleção
de alguns VANT que pudessem ser empregados em algum momento para subsidiar as ações
de gestão da unidade de conservação.
Para a determinação da capacidade de algumas plataformas, associadas às câmeras e
sensores compatíveis com sua operação, foram realizados planejamentos de voo com a
utilização do software livre Mission Planner. Isto possibilitou identificar as limitações de
71

algumas das plataformas frente às áreas de interesse encontradas, e abordar novas formas de
realização dos voos – como a identificação de diferentes pontos de pouso e decolagem.
Os modelos de VANT abordados no presente estudo foram selecionados a partir de
estudos prévios de aplicação, bem como a possibilidade real da utilização de alguns deles
devido à disponibilidade dos equipamentos em determinadas instituições próximas ao estudo
em questão: o Phantom, devido à aquisição feita pelo próprio LABMODEL do modelo
Phantom 3 Pro; o Echar, disponibilizado pelo CEPSRM (Centro Estadual de Pesquisas em
Sensoriamento Remoto e Meteorologia); O Aibot X6, de domínio do IFRS (Instituto Federal
do Rio Grande do Sul), Campus Rio Grande; o DJI S900, de domínio do Laboratório de
Gerenciamento Costeiro (LABGERCO); e o Parrot Disco FPV, o qual esta em processo de
aquisição analisada pelo LABMODEL. Posteriormente foi abordado outro modelo de VANT
nacional, o Batmap 2, visto a possibilidade de ser mais efetivo em determinadas demandas de
mapeamento.

5.6 PROPOSTA DE AÇÃO BASEADO NA UTILIZAÇÃO DE VANT,


COMERCIAL OU NÃO, PARA SUBSIDIAR AÇÕES DE GESTÃO NA ESEC
DO TAIM.

A partir de uma análise dos resultados obtidos no decorrer do projeto, foi desenvolvida
uma proposta de subsídio à gestão do Taim baseada na utilização de veículos aéreos não
tripulados na busca de suprir as principais demandas de atividades de monitoramento e
fiscalização. Foram elencados os equipamentos necessários para o atendimento de demandas
específicas do Taim identificadas no decorrer da proposta, em função de características como:
a logística de operação do modelo e os custos envolvidos no processo; as capacidades que
possibilitam o VANT ser aplicado em uma determinada proposta; a viabilidade legal da
utilização da RPA; as principais dificuldades envolvidas no processo; a possibilidade de
utilização da tecnologia pelos próprios servidores da unidade de conservação, em razão das
dificuldades de operação do equipamento; e outras fontes de dados, caso a utilização de um
VANT não seja o caminho mais adequado para o atendimento da demanda. Os resultados
foram discutidos com os pesquisadores e gestores envolvidos em projetos de gestão na ESEC
do Taim.
72

Figura 14: Fluxograma das principais atividades envolvidas na metodologia.


73

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES.

6.1 PRINCIPAIS DEMANDAS DE GESTÃO IDENTIFICADAS PARA


POSSÍVEL UTILIZAÇÃO DE RPAS.

As principais demandas intrínsecas à gestão do Taim, que foram consideradas uma


real possibilidade para a inserção de VANT são voltadas principalmente para o
monitoramento e fiscalização. Reuniões com pesquisadores, e gestores da ESEC do Taim,
possibilitaram a identificação de desafios atuais de gestão, no qual futuramente possa ocorrer
a inserção de RPAs:
 Prospecção e registro de espécies ameaçadas;

 Invasão de espécies exóticas;

 Impactos do atropelamento de fauna;

 Monitoramento e controle de pesca ilegal;

 Monitoramento e localização de focos de Incêndios;

 Mapeamento e reconhecimento de áreas importantes.

Atualmente o monitoramento de espécies ameaçadas, a prospecção e o registro de


novas espécies, e as dinâmicas de populações, se encontram distante das principais atividades
desenvolvidas internamente pelos funcionários da ESEC do Taim. Devido à falta de recursos
humanos, altos custos envolvidos por ser uma atividade totalmente desenvolvida in situ, ou
mesmo pela necessidade de conhecimentos técnicos específicos sobre diferentes espécies, os
gestores baseiam-se inteiramente na produção de trabalhos acadêmicos que são providos
principalmente pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), pela proximidade para a
área de estudo, mas também por diversas outras instituições de ensino como a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Assim, foram consideradas duas áreas distintas, uma
abordada em Garcias, Bager (2009) que delimitaram uma área para o monitoramento de
população capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), e outra foi proposta por pesquisadores da
Universidade Federal do Rio Grande, do laboratório de aves aquáticas e tartarugas marinhas,
com o intuito de localização de ninhais de Gaviões - Caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) a
partir de fotografias aéreas. A proposta visa auxiliar o monitoramento da espécie, visto as
dificuldades observadas para acessar a área em questão.
74

Os impactos do atropelamento de fauna são monitorados por equipes do ICMbio da


ESEC do Taim. A extensão de 17 quilômetros da BR – 471 que intersecciona o limite da
ESEC do Taim (disposta na Zona de Uso conflitante) é semanalmente percorrida por viatura
(Ilustrada na figura 6). São mapeadas as espécies atropeladas (capivara, serpentes, aves, entre
outros), e as informações espaciais são tabuladas para a posterior inserção desses dados em
sistema de informação geográfica para subsidiar ações de gestão e tomada de decisão (Figura
15). A variedade de tamanhos dos animais que são encontrados na estrada pode vir a ser uma
das dificuldades para inserção de produtos de levantamentos com VANT para essa finalidade,
bem como a superestimativa de contagem de atropelamento, visto que animais de grande
porte como é o caso da capivara pode demorar em se decompor, e não são recolhidos durante
as investidas à campo. Isso pode gerar a recontagem de animais em fotografias de diferentes
datas.

Figura 15: Monitoramento de fauna realizado na rodovia BR - 471. Fonte de dados espaciais: WebGIS
Taim; Open Layer.

A atividade de fiscalização de irregularidades e infrações, como a caça e pesca, é


desenvolvida basicamente a partir de monitoramento em campo (o que ocorre principalmente
pelas bases de apoio do ICMbio, as quais são utilizadas como locais de observação, figura
16), principalmente a Costeira e Santa Marta. Boa parte das ocorrências se dá em virtude de
75

denúncias civis, ou mesmo por outros grupos de apoio à gestão do Taim - como a brigada de
incêndios – que mesmo sendo voltado particularmente para a localização de focos de
incêndio, auxilia nas atividades de fiscalização dentro da ESEC.

Figura 16: Pontos de Localização das bases do ICMbio utilizadas para fiscalização, monitoramento, e
abrigo para estações meteorológicas. Fonte de dados espaiciais: WebGis Taim; FEPAM.

A distribuição de ocorrências de irregularidades já mapeadas pelos fiscais é


extremamente ampla (dados disponíveis no WebGis – Taim), o que pode vir a ser um grande
desafio para a utilização de VANT para esse fim. As infrações mapeadas pelos fiscais
dispõem de informações espaciais, bem como dados alfanuméricos (tipo de autuação, se
ocorreu uma apreensão, multa, etc), o instrumento apreendido, se o infrator se encontrava no
local, local da infração, data, entre outros. A figura 17 demonstra a localização de infrações
nos limites da ESEC do Taim, e mesmo em áreas do entorno.
A delimitação de área prioritária para a fiscalização de irregularidades pode ser feita a
partir desse histórico de infrações já mapeadas, e pela discussão realizada com os principais
atores envolvidos no processo. Atualmente a base de informações espaciais dispostas no
Webgis – Taim ainda é pouco abrangente e desatualizada. À medida que o abastecimento do
sistema de informações passar a ser uma das práticas da gestão do Taim, será possível a
identificação de novas áreas para voos com VANT.
76

Figura 17: Mapeamento das Infrações de caça e pesca ilegal que ocorrem nos limites da ESEC do Taim, e
seu entorno. Fonte de dados espacias: WebGis - Taim.

A atividade de controle e detecção de focos de incêndios é realizada pela Brigada de


incêndios, que fica localizada próxima à base sede (2). É caracterizada por um grupo de
aproximadamente 14 funcionários, que realizam atividades periódicas na área da ESEC, e seu
entorno.
A brigada de incêndios também atua quando chamada por civis que avistaram algum
foco, ou por auxílio de funcionários da fiscalização dispostos nas bases do ICMbio. Quando
uma ocorrência é detectada, basicamente dependem de viaturas, quadriciclos, e botes –
quando os focos ocorrem nas áreas mais centrais do banhado do Taim, sendo considerada
pelos próprios como a pior situação que podem encontrar, visto a grande dificuldade de
observação, e acesso a esses pontos.
Considerando a nova realidade limítrofe da Estação Ecológica do Taim, 32 mil
hectares aproximadamente, mais a área da zona de amortecimento já definida
(aproximadamente 95 mil hectares), nota-se a grande dificuldade esperada para a realização
do monitoramento de focos de incêndio para a gestão do Taim. Em determinados casos ocorre
a solicitação de apoio de aeronaves agrícolas das fazendas do entorno da ESEC. Segundo os
servidores da Brigada de Incêndios, a utilização de VANT seria de grande valia para a sua
77

operação, como auxílio na detecção de focos de incêndio, ou mesmo para um parâmetro


prévio da situação a ser encontrada no local – possibilitando estimar a necessidade de
equipamentos, pessoal, ou mesmo o acesso mais adequado à área afetada.
Para essa atividade, foi considerada a área caracterizada pela Zona de Recuperação
proposta por Eichenberger (2015) – que pode ser observada na figura 7 - abrange os limites
do banhado do Taim, considerado o maior risco de dispersão do fogo, devido à dificuldade de
acesso. A Figura 18 ilustra as grandes áreas de queimadas ocorridas no Taim, corroborando
com o maior interesse de visualização aérea na ―zona de recuperação‖.
São consideradas duas demandas distintas para a Zona de recuperação relacionada á
incêndios: o monitoramento da recuperação natural das áreas afetadas por queimadas (áreas
específicas da Zona de Recuperação), e medidas de controle de novas ocorrências
(Considerando toda a extensão da Zona de Recuperação, menos as áreas caracterizadas como
água no período de maior seca observado em imagens de satélite).

Figura 18: Áreas de extensão do impacto das grandes queimadas que ocorreram no Taim. Adaptado de
Eichenberger (2015). Fonte de dados espaciais: WebGis – Taim.

Outra demanda importante para as ações de gestão da ESEC do Taim é o mapeamento


de determinadas áreas essenciais para o ecossistema. Após o aumento dos limites políticos da
78

Estação Ecológica do Taim, essa passou a abranger áreas onde ocorreram poucas, ou
nenhuma intervenção humana. Essas áreas foram limitadas por Eichenberger (2015) como
Zonas primitivas. Um setor específico da classe ―Zona Primitiva‖ foi considerada pelos
gestores da ESEC do Taim como essencial para a possível delimitação de zona intangível da
Unidade de Conservação. Foi abordada que o conhecimento dessa área (ainda muito pouco
conhecida, com pouquíssima influência antrópica) pode subsidiar ações nesse sentido, de
maneira que a inserção da tecnologia de VANT pode ser de grande valia.

6.2 ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA MONITORAMENTO, MAPEAMENTO,


E FISCALIZAÇÃO A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DE VANT.

6.2.1 Monitoramento de espécies protegidas, e reconhecimento de áreas importantes da


ESEC do Taim.

A figura 19 evidencia os resultados obtidos para a delimitação das 3 primeiras áreas de


interesse para a análise da possibilidade de aplicação de VANT. As áreas 2 e 3, foram
limitadas para estudos de localização de ninhos de aves, e estudos de população de capivaras,
respectivamente. A área 1 para o reconhecimento de zonas essências para a manutenção do
ecossistema.
A área 1, representa 7750 hectares de faixa a ser mapeadas, e foi delimitada a partir da
Zona Primitiva proposta por Eichenberger (2015), mas considerando apenas áreas
representativas que foram incorporadas a ESEC do Taim mais recentemente, caracterizadas
por restingas, campos alagáveis, e dunas – na faixa limitada pelo banhado do Taim, e a praia.
Espera-se que a utilização de RPAs possa subsidiar informações necessárias para a
delimitação de Zonas Intangíveis na área 1, importante para as atividades de conservação. É
uma área de difícil acesso que pode representar grande dificuldade para a localização de áreas
propícias para pouso e decolagem de aeronaves, principalmente em períodos de elevada
precipitação na região.
A área 2, como abordado anteriormente, foi proposta por pesquisadores da
Universidade Federal do Rio Grande, do laboratório de aves aquáticas e tartarugas marinhas,
com o intuito de localização de ninhais de Gaviões - Caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) a
partir de fotografias aéreas. É uma faixa localizada fora dos limites atuais da ESEC do Taim,
que corresponde à aproximadamente 90 hectares. Área pequena, quando relacionada com as
outras demandas identificadas, e se localizada próxima à estrada BR – 471 (aproximadamente
400 metros de distância).
79

A área 3 corresponde a 370 hectares caracterizada pelo limite da lagoa Mangueira,


com grandes áreas de cultivo de arroz. Essa localidade foi utilizada como área para estudo de
estrutura populacional de capivaras na Estação Ecológica do Taim (GARCIAS, BAGER,
2009). Reflete parte da distribuição desses indivíduos no Taim, e mesmo as dimensões de
áreas utilizadas para esse tipo de análise. A área dista 3500 metros da BR – 471, e é situada
nos limites de propriedade particular voltada principalmente para rizicultura. Existe a
presença de estrada de acesso ao local, a qual apresenta algumas faixas de áreas de campo
aberto.

Figura 19: Áreas de interesse para a análise da aplicabilidade de RPAS, voltadas ao monitoramento de
espécies, e localização de áreas importantes para a conservação. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim
(Limite da ESEC).

6.2.2 Monitoramento de Focos de incêndios e áreas de recuperação natural

A figura 20 evidencia o resultado obtido para a delimitação da área de interesse 4. Os


limites da área correspondem a ―Zona de Recuperação‖ proposta por Eichenberger (2015),
considerando somente aquelas enquadradas nos terrenos oficiais da ESEC do Taim, excluindo
áreas do norte da ―Zona de Recuperação‖ que em geral são ocupadas por cobertura de lâmina
80

de água aparente (GUASSELLI, 2005). A área corresponde a 7800 hectares, sendo a maior
parte caracterizada pelo Banhado do Taim.
Segundo a brigada de incêndios que atuam na localização e controle de focos de
incêndio na Estação Ecológica e seu entorno, essa área representa grande desafio, visto a
dificuldade de acesso em função de suas características. Corresponde a pior situação que pode
ser encontrada, pois a detecção do local inicialmente atingido pelo fogo é muito dificultada.
Logo o controle da ocorrência passa a ser complexo, e o fogo pode se alastrar rapidamente nas
macrófitas aquáticas que compõe o Banhado do Taim. As grandes extensões dos incêndios
ocorridos em 2008 e 2013 ocupam boa parte da área de interesse 4, de forma que evidencia a
importância em monitorar novos focos de incêndio nessa área. A grande extensão a ser
monitorada pode ser um desafio para a aplicação de VANT para esse fim. Pode ser necessária
uma plataforma com elevada capacidade de recobrimento, ou mesmo diferentes áreas de
pouso e decolagem.

Figura 20: Área de interesse para a análise de aplicabilidade de VANT para a Localização de Focos de
Incêndio. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC).

A área de interesse 5, demonstrada na figura 21, corresponde aos limites do


alastramento do fogo durante os incêndios ocorridos em 2008, e 2013. Foram delimitadas
como áreas para a avaliação da aplicabilidade de VANT no monitoramento da ―recuperação
81

natural‖ abordada em Eichenberger (2015), e pode vir a subsidiar informações também para a
localização de focos de incêndios, já que em parte, são áreas sobrepostas. Assim como para a
área de interesse 4, a extensão a ser monitorada pode vir a ser um desafio. Por outro lado, a
área apresenta no seu limite leste, a presença de uma das bases do ICMbio (a base estrada
cinza), que é circundada por áreas de campo, e dunas, onde pode ser viável localizar pontos
seguros de pouso e decolagem para diferentes tipos de plataformas. O anexo B representa uma
figura com todas as áreas de interesse analisadas, associadas aos principais pontos de pouso e
decolagem (as bases do ICMbio na estação Ecológica do Taim).

Figura 21: Área de interesse para a análise de aplicabilidade de VANT para o Monitoramento da
Recuperação Natural da Paisagem. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC).

6.2.3 Monitoramento de Atropelamento de Fauna.

O resultado de área de interesse para a demanda de monitoramento de atropelamento


de fauna pode ser observado na figura 22. A área calculada para análise da aplicabilidade de
VANT é de aproximadamente 320 hectares, para uma extensão próxima de 17 km da estrada
BR – 471. É representada pela área de interesse de número 6, a qual foi delimitada pela
construção de um buffer de 100 m a partir da linha central da rodovia.
82

Um dos fatores limitantes para a utilização de RPA para auxílio dessa demanda dos
gestores da ESEC do Taim é o tamanho dos animais monitorados, e o próprio processo de
monitoramento como é feito atualmente (sem o recolhimento do indivíduo, o que pode
ocasionar a recontagem de animais). Além disso, a liberação de sobrevoos de RPA pelos
órgãos competentes pode ser dificultada pelo trânsito intenso de veículos na rodovia.

Figura 22: Área de Interesse para Análise da Aplicabilidade de VANT para subsídio ao monitoramento de
atropelamento de fauna. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC); Open Layers.

6.2.4 Fiscalização de infrações: caça, e pesca ilegal.

A figura 23 ilustra os resultados obtidos de áreas de interesse para aplicação de VANT


relacionados à fiscalização de infrações. A área 8 foi delimitada em reuniões com os gestores
da Estação Ecológica do Taim, por ser muito utilizada como principal acesso de caçadores.
Representa uma área de 1780 hectares próxima da base Estrada Cinza. Segundo os fiscais da
ESEC do Taim, nesse local é comum encontrar muitos caminhos, acessos abertos na
vegetação.
A área 7 foi delimitada pela concentração de pontos de localização de infrações dentro
da ESEC do Taim, dispostas no WebGIS Taim, indicando a área como local visado para
pescadores ilegais. Representa uma área de aproximadamente 2250 hectares caracterizados
83

pelo corpo d’água da lagoa Mangueira que incide para dentro dos limites da Estação
Ecológica do Taim.

Figura 23: Área de Interesse para Análise da Aplicabilidade de VANT para subsídio ao monitoramento de
Infrações. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC).

6.3 APLICABILIDADES DO USO DE DIFERENTES MODELOS DE VANT


FRENTE ÀS DEMANDAS DE GESTÃO DA ESEC DO TAIM

6.3.1 Aplicabilidade de VANT para reconhecimento de áreas importantes para a


Unidade de Conservação: Área de interesse para análise da aplicabilidade de VANT
número 1.

Considerando as diferentes aplicações das áreas propostas para essa demanda, foi
necessário abordar diferentes modelos para avaliação de aplicabilidade. A área 1 (7750
hectares) requer um equipamento com maior autonomia, velocidade, elevado alcance (para
facilitar questões de logística pela dificuldade de localizar pontos adequados de pouso e
decolagem), alta estabilidade da plataforma em relação à condições climática (principalmente
ventos), possibilidade de utilização de sensores que atuem em diferentes faixas de
comprimento de ondas do espectro eletromagnético (RGB, NIR).
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Ao analisar os modelos propostos inicialmente para a análise de aplicabilidade para


determinadas demandas de gestão do Taim (Echar, Nauru, Arator, Parrot Disco, Phantom 4,
Aibot X6, S900, e Batmap 2), é possível descartar a utilização dos multirotor (Phantom 4,
S900, Aibot X6), visto a pouca capacidade desse tipo de plataforma em termos de área
mapeada por voo. A figura 24 demonstra um teste realizado com a utilização do Phantom 3,
ilustrando a pouca efetividade desse tipo de plataforma no mapeamento de grandes áreas
(principalmente relacionada a baixa autonomia, que no caso do Phantom 3 foi de 18 minutos
para as condições climáticas locais).

Figura 24: Área de Cobertura obtida por realização de voo com Phantom 3.

Outro modelo de veículo aéreo não tripulado que pode ser descartado para o
recobrimento da área de interesse 1 é o Parrot Disco. Mesmo sendo uma plataforma asa – fixa
com autonomia um pouco mais elevada (45 minutos), e maior velocidade de cruzeiro (80
km/h), é um equipamento mais utilizado para filmagens em tempo real (não atendendo a
necessidade da demanda para a área em questão), sendo indicado, possivelmente para outras
ações dentro da ESEC do Taim. Outro fator limitante do Parrot Disco para a área 1 é o
alcance de aproximadamente 2 km que o VANT tem em relação a controladora.
85

Para fins de discussão da aplicabilidade dos modelos empregados para a área de


interesse número 1, restaram apenas os modelos da Xmobots (Arator 5A, Echar 20 C, e Nauru
500 B), e o Batmap 2 pela empresa NuvemUAV. Ambos apresentam maior alcance em
relação à base controladora quando comparado com os anteriores, boa capacidade de
recobrimento de área, maior acurácia sem a necessidade de pontos de controle em campo,
podem ser operados com câmeras que possibilitam maior resolução espectral (Azul, Verde,
Vermelho, Infravermelho próximo, e no caso do Batmap ainda a banda Rededge, e termal).
O Nauru 500 B é um equipamento voltado para aplicações em áreas maiores que a
área de interesse 1. Apresenta autonomia máxima de 10 horas, e a velocidade máxima de
cruzeiro extrapola os 100 km/h. Em termos de autonomia, estabilidade em condições de
vento, capacidade de mapeamento em um único voo, alcance de comunicação (mínimo 20
km) e mesmo a possibilidade de utilização de diferentes sensores, facilmente atenderia a
demanda discutida para a área de interesse 1. Por outro lado, em termos de custo/benefício
pode não vir a ser tão vantajoso quando comparado com os outros modelos da Xmobots,
nesse caso. Assim, o Nauru 500 B foi desconsiderado como equipamento a ser utilizado para
o atendimento da demanda na área 1, restando dentre os modelos propostos somente o Echar
20 C, o Arator 5A, e o Batmap2.
O Arator 5A é o equipamento de menor porte da Xmobots. Apresenta uma autonomia
de 45 a 60 minutos (dependendo das condições climáticas, e PMD). Com o alcance de 10 km,
e a autonomia igualmente menor quando comparado com os outros modelos da XMOBOTS,
pode vir a ter sua aplicação limitada para o mapeamento da área de interesse 1,
principalmente pela necessidade de localização de maior número de pontos de pouso e
decolagem dentro da área, que pode ser oneroso pelas dificuldades de acesso.
Ao analisar espacialmente o alcance do Arator 5A (10 km, igual ao do Batmap 2, logo
será um fator limitante para ambos), comparado com o do Echar 20C, e Nauru 500 B (no
mínimo 20 km, até 30 km ou mais), e considerando a base da Estrada Cinza (4) como local de
pouso e decolagem, nota-se a vantagem dos dois últimos em relação ao primeiro (FIGURA
25). Nem mesmo a utilização da Base Costeira (5) como ponto de pouso e decolagem
viabiliza a aplicabilidade do Arator 5A, ou Batmap 2, para essa aplicação.
86

Figura 25: Comparação de Alcance dos Equipamentos analisados para aplicabilidade na área de interesse
1, a partir da base Estrada Cinza (4). O Arator 5A com 10 km de alcance, O Echar 20 C e o Nauru 500 B
com no mínimo 20 km de alcance (pode ir até 30 km dependendo das condições).

O Echar 20 C, a partir da análise de características (alcance e custo benefício) em


relação à demanda proposta para a área 1, é o modelo mais adequado. Ainda é necessário
considerar questões de autonomia (possibilidade de recobrimento da área de interesse 1), e
capacidade da câmera em termos de resolução espacial, e espectral, para o atendimento da
proposta dos gestores e pesquisadores para o mapeamento dessa área.
A figura 26 demonstra um teste de plano de voo realizado no Software Mission
Planner (software de licença livre, muito semelhante ao disponibilizado pela Xmobots para
seus equipamentos, que possibilita o planejamento prévio de voo com RPA) para a área de
interesse 1, considerando parâmetros de voo dispostos pelo modelo Echar 20 C, tendo o local
de pouso e decolagem a base Estrada Cinza.
Os resultados de diversos testes para alturas de voo distintas são demonstrados no
quadro 10, indicando a possibilidade de utilização desse equipamento para o atendimento de
demandas como a construção de mapas de uso do solo para escala de 1:5000, ou mesmo para
reconhecimento da área em questão (muito primitiva). É importante observar a relação da
autonomia com o tempo de voo estimado pelo software.
87

Figura 26: Exemplo de teste de plano de voo realizado com o auxílio do software Mission planner
(representa o teste, considerando a área de interesse 1 inteira para uma altura de 600 m, no quadro 10).

Os resultados obtidos indicam a necessidade da realização de distintos planos de voo


para a área em questão, pois a autonomia da aeronave não permite que a área seja mapeada
em um único voo. Por outro lado, ao particionar a área de interesse 1 em quatro segmentos
distintos, seria possível a operação, pois o tempo de voo estimado para o mapeamento do
quarto quadrante da área 1 (caso essa fosse dividida em 4, para altura de 600m) seria menor
que a autonomia média da aeronave (Figura 27).
Uma vantagem do Echar 20 C é o alcance mínimo permitido pela tecnologia de
apontamento automático da antena (em azimute e elevação) de 20 km. Mesmo para um maior
número de voos para recobrir toda a área de interesse 1 (dependendo das necessidades dos
produtos em termos de resolução espacial, variando com a altura, ou distância focal da lente),
esses poderiam ser realizados utilizando somente a base do ICMbio Estrada Cinza como
ponto de pouso e decolagem da aeronave. Isso favorece a logística de campo.
Em caso de condições climáticas desfavoráveis, onde o alcance seja comprometido
(menor que os 20 km, garantidos pelo fabricante como mínimo alcance), é possível
transportar o equipamento para a base 5 (Base Costeira), garantindo uma operação com menor
distância do ponto de lançamento. Definido o equipamento mais adequado dentro dos
modelos analisados, é importante considerar as diferentes atualizações dele para atender em
definitivo a demanda proposta para a área 1.
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Quadro 10: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para área de
interesse 1, a partir da base Estrada Cinza (4).
Plano de voo considerando especificações do modelo Echar 20 C com a câmera Sony
A7R
Tempo de Autonomia
Distância Vel est
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est média
(km) (km/h)
(H:M:S) (H: M: S)
Área 1
290,89 65 600 10,47 05: 52: 04 01: 56: 00
inteira

Área 1
162,77 65 1200 20,94 03: 14: 40 01: 56: 00
inteira

Área 1
125,7 65 1720 30,01 02: 29: 47 01: 56: 00
inteira

Quadrante 4
75,96 65 600 10,47 01: 30: 40 01: 56: 00
da área 1

Figura 27: Plano de voo considerando 1/4 da área de interesse, para o quadrante mais distante do ponto
de pouso e decolagem.

6.3.2 Aplicabilidade de VANT para monitoramento e localização de espécies


protegidas e de interesse para a gestão: Área de interesse para análise da aplicabilidade
de VANT número 2 e 3.

Para as áreas 2 e 3, em função das menores dimensões (90 e 370 hectares,


respectivamente), não existe a necessidade de uma plataforma com autonomia tão elevada,
nem alcance tão distante quanto considerado para área 1. Por outro lado, a capacidade da
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câmera deve ser uma prioridade (tanto em termos de resolução espacial, quanto espectral – na
possibilidade de utilização da banda do termal), em função do interesse em localização de
espécies de pequeno e médio porte (o Gavião – Caramujeiro, e a capivara). Segundo Garcias,
Bager (2009), a tendência de futuros trabalhos voltados para o controle de capivaras na ESEC
do Taim devem ser aplicados para caracterização espaço-temporal da distribuição dos
indivíduos, mecanismo que pode ser suprido pela utilização dos VANT abordados.
Para a área 3 que caracteriza a dimensão de estudo de população de capivaras, é
possível a utilização de modelos de asa fixa, e mesmo de multirrotores discutidos no presente
estudo (se for considerado somente a capacidade de recobrimento da área), por que as áreas
de mapeamento são menores. Em termos de acurácia posicional dos produtos, e capacidade
espacial e espectral dos sensores, o Echar 20 C, e o Batmap 2 são mais adequados quando
comparados com os outros modelos.
É importante que a câmera utilizada possibilite a obtenção de imagens de altíssima
resolução (entre 2 e 10 cm/pixel), permitindo a identificação de indivíduos de interesse para a
gestão, tal como abordado em Koh et al. (2015) que utilizaram fotografias áreas de VANT
para a criação de ferramenta de localização automática de ninhos de orangotangos, para
estudos de densidade em Unidade de Conservação da Sumatra e Botelho (2014) - que utilizou
fotografias aéreas RGB (com resolução espacial de 10 cm/pixel) para o desenvolvimento
matemático de segmentação de imagens de altíssima resolução espacial para a detecção de
aves, com técnicas de segmentação baseada em redes complexas para a extração de
superpixel, este, segundo o autor, consiste no agrupamento de pixels – ou segmentação da
imagem.
A primeira possibilidade a ser considerada é a utilização Echar 20 C, pois mesmo
sendo mais apropriado para o mapeamento de áreas maiores (como utilizado para área de
interesse 1), o elevado alcance, e autonomia, permite que a operação seja realizada mesmo a
partir da Base Estrada Cinza (4) (para um levantamento da área de interesse 3 na outra
extremidade na Unidade de Conservação, sem a necessidade de transporte de equipamentos)
(FIGURA 28). A figura demonstra que o alcance de 20 km poderia ser um fator limitante. Ao
considerar esse raio de operação como o mínimo para o equipamento (de acordo com o
fabricante o alcance vai de 20 km até 30, ou mesmo 36, com a utilização da antena
direcional), o mapeamento das áreas pode ser realizado mesmo a partir da Base Estrada Cinza
(4) do ICMbio.
90

Figura 28: Análise espacial do alcance do equipamento considerado para aplicabilidade nas áreas 2 e 3, de
interesse ao monitoramento e localização de espécies protegidas, ilustrando o mínimo alcance da RPA de
20 km.

A figura 29 demonstra o resultado obtido para um plano de voo estimado para o


mapeamento da área 3, considerando o lançamento do Echar 20 C da Base do ICMbio 4. Os
parâmetros de voo considerados foram comparados com as capacidades da plataforma em
questão, com a utilização da Câmera Sony A7R de 36MPixels com sensor
FULLFRAME RGB. Os resultados obtidos são encontrados no quadro 11

Quadro 11: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para a área de
interesse 3, a partir da base Estrada Cinza. Foram utilizadas as especificações técnicas da aeronave, bem
como da câmera Sony A7R de 36 Mpixels disponível no software Mission Planner.

Plano de voo considerando especificações do modelo Echar 20 C

Tempo de Autonomia
Distância Vel est
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est média
(km) (km/h)
(H:M:S) (H: M: S)

Área 3 71,44 65 150 2,62 01:17:33 01: 56: 00


91

Figura 29: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 3, localizada na
outra extremidade do limite da ESEC do Taim. As informações estimadas para a operação estão dispostas
no quadro 11.

Assim como para a área de interesse ao monitoramento de capivara, o modelo Echar


20 C pode ser utilizado para mapeamento da área de interesse 2, na busca pela localização de
ninhos de Gaviões – Caramujeiro, possibilitando menor intrusão do habitat natural.
Novamente é viável o lançamento da plataforma a partir do ponto de pouso e decolagem
localizado próximo a base Estrada Cinza (Figura 28).
As fotos aéreas obtidas por VANT para a possível localização de ninhos de aves
devem apresentar qualidades relacionadas ao tamanho do pixel da imagem (resolução
espacial), a resolução temporal (por que pode ser necessário diversas operações, associadas à
levantamentos de campo para validar a localização dos pontos de interesse), ou a
possibilidade de utilização de sensores que atuem na faixa de comprimento de ondas do
infravermelho termal. Para o modelo Echar 20 C, não está disponível sensor do termal, mas
sim a capacidade de obtenção de fotografia de até 2,09 cm/pixel para as bandas do visível.
Botelho (2014) utilizou fotografias aéreas RGB (com resolução espacial de 10 cm/pixel) para
o desenvolvimento matemático de segmentação de imagens para a detecção de aves.
A figura 30 infere o plano de voo realizado para estimar a aplicabilidade do Echar 20
C para o mapeamento da área de interesse 2. Os dados da operação podem ser observados no
quadro 12.
92

Figura 30: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 2, localizada além
do limite da ESEC do Taim, mais próxima à base sede. As informações estimadas para a operação estão
dispostas no quadro 12.

Quadro 12: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para a área de
interesse 2, a partir da base Estrada Cinza. Foram utilizadas as especificações técnicas da aeronave, bem
como da câmera Sony A7R de 36 Mpixels disponível no software Mission Planner.

Plano de voo considerando especificações do modelo Echar 20 C

Tempo de Autonomia
Distância Vel est
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est média
(km) (km/h)
(H:M:S) (H: M: S)

Área 2 15,63 65 120 2,09 44:30 01: 56: 00

O Echar 20 C é um equipamento de médio porte, o qual é lançado por catapulta


(estrutura de ferro, e borrachas). Evitar a necessidade de transporte do equipamento pode
facilitar a operação. Por outro lado, isso não é um fator limitante. O equipamento pode ser
deslocado para outros pontos de pouso e decolagem (outras bases, ou locais alternativos)
desde que seja respeitada a necessidade de área adequada para esse fim, como campos, ou
dunas. Para o lançamento do Echar também é preciso respeitar uma lista extensa de
procedimentos, de forma que pode ser necessário um piloto experiente. A lista contém a
montagem da catapulta e da aeronave, avaliação de condições climáticas, teste de conexão da
base de comando com o funcionamento do VANT, podendo levar de 40 a 90 minutos para a
sua aplicação por completo.
No caso da não de necessidade utilização do Echar 20 C, principalmente no que tange
a necessidade de mapeamento da área de interesse 1, outro modelo de asa – fixa de menor
93

porte (e mais barato) pode ser considerados para as áreas 2 e 3, como por exemplo, o Batmap
2. Esse equipamento apresenta uma autonomia de 2 horas e 30 minutos, um raio de operação
(alcance) de 10 km, e velocidade máxima de cruzeiro de 45 km/h, sendo indicado para áreas
menores que o Echar 20 C. Apresenta a vantagem de ser compatível com sensor do termal
(FLIR VUE PRO R), que pode ser útil para a localização de fauna. Gonzalez el al. (2016)
utilizaram uma câmera termal para a construção de um algoritmo para a detecção de animais
em fotografias aéreas. A figura 31 demonstra um teste realizado com o Batmap 2 para
mapeamento da área 3, considerando a utilização da câmera FLIR VUE PRO R640, com lente
de 19 mm, que obtém informação dos comprimentos de onda da banda do termal (7,5 – 13,5
μm). Pela necessidade de um produto de altíssima resolução espacial, e considerando o
alcance do Batmap limitado para o equipamento ser lançado da Base Estrada Cinza (4), tal
como poderia ser feito com o Echar 20 C, foi considerado o ponto de pouso e decolagem a
base Santa Marta (1). No quadro 12 pode ser observado os dados estimados de voo com o
Batmap 2, mas considerando somente a câmera Sony a6000 (RGB).

Quadro 13: Resultados para o teste de voo realizado com Batmap para mapeamento da área 3, com a
utilização de câmera termal, e também a câmera RGB Sony a6000.

Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap 2, com a câmera FLIR VUE PRO
R 640, com lente de 19 mm.
Tempo de
Distância Vel est Autonomia
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est
(km) (km/h) (H: M: S)
(H:M:S)

Área 3 141,5 40 120 10,74 04: 04: 39 02: 30: 00

Área 3 276,43 40 60 5,37 07: 59: 55 02: 30: 00

Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap 2, com a câmera Sony a6000, RGB.

Área 3 68,39 40 120 2,34 01: 58: 44 02: 30: 00

Área 3 27,6 40 300 5,85 00: 47: 55 02: 30: 00

Ao analisar os resultados obtidos (quadro 13), infere-se a necessidade de segmentação


da área em diferentes planos de voo, ao considerar a obtenção de produtos na banda do
termal. Estima-se 2 voos para obtenção de fotografias com pixel de aproximadamente 10 cm,
e 3 a 4 voos para 5 cm.
94

Os modelos multirrotores abordados (Phantom 4, Dji S900, Aibotix X6) não serão
considerados para a proposta das áreas 2 e 3 (principalmente a área 2, Gaviões - Caramujeiro)
por que o ruído dos motores pode causar o afugentamento dos indivíduos a serem
monitorados.

Figura 31: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Batmap na área 3, com a câmera FLIR
VUE PRO, para 120 m de altura. As informações estimadas para a operação estão dispostos no quadro 13.

6.3.3 Aplicabilidade de VANT para a Localização de focos na ESEC do Taim: Área de


interesse para análise da aplicabilidade de VANT número 4.

Dentre todas as áreas analisadas para a aplicabilidade de RPA como subsídio à gestão
da UC, a área 4 – delimitada visando principalmente a localização de novos focos de
incêndios no Taim – apresenta elevada necessidade de recobrimento (7800 hectares). Segundo
os agentes da brigada de incêndios, que atuam no combate aos focos de incêndio, a maior
vantagem da utilização de equipamentos aéreos seria relacionada à observação de áreas de
difícil acesso em tempo real, para auxiliar na construção de uma análise prévia à operação em
campo. Considerando o tempo gasto para chegar a determinado local, e a ausência de
informações da situação (planejamento da operação), a observação da superfície terrestre à
distância poderia ser de grande valia. Dessa forma, dentre os modelos de RPA abordados
foram destacados aqueles mais voltados para filmagens aéreas, em detrimento dos utilizados
para aerofotogrametria. Assim, essa análise foi limitada aos modelos Parrot Disco, e o
Phantom 4 da Dji.
95

O Parrot Disco é um modelo asa – fixa de pequeno porte. O transporte é fácil


(considerando a utilização de mochila específica), transmissão de vídeo em tempo real via
Wifi, com velocidade de cruzeiro de 80 km/h (maior ao ser comparado com o Phantom 4), e
autonomia de baterias de 45 minutos (Phantom 4 apresenta apenas 30 minutos). Por outro
lado, um fator limitante desse modelo para a utilização como subsídio a localização de focos
de incêndios na área 4 é o alcance do sinal entre a controladora e a aeronave (2 km). A figura
32 demonstra a ineficiência do Parrot Disco para o recobrimento da área de interesse em
decorrência do alcance restrito do sinal de Wifi de 2 km a partir do Skycontroler, mesmo ao
considerar pontos de pouso e decolagem alternativos observados em campo (propícios para as
necessidades de pouso do Parrot Disco).

Figura 32: Alcance do Parrot Disco FPV para análise de aplicabilidade para subsídio a localização de
focos de incêndio na área de interesse 4.

O Phantom 4, apesar da autonomia reduzida em relação ao Parrot Disco, apresenta um


alcance mais elevado, atingindo até 7 km dependendo de condições climáticas. Por causa
dessa característica, ainda pode ser considerado como possível modelo a ser utilizado como
subsídio a localização de focos de incêndio na área 4. Considerando a sua utilização, nesse
96

caso, apenas para visualização e observação da superfície para a localização de focos de


incêndio (pontos de fumaça), é viável sua utilização para o atendimento da demanda.
A figura 33 ilustra a capacidade de alcance do Phantom 4 em relação a área de
interesse 4, indicando nesse sentido a possibilidade de utilizá-lo em pontos estratégicos de
pouso e decolagem, considerando a capacidade de alcance. Outra vantagem da utilização
desse modelo pela brigada de incêndios é a grande facilidade de operação. Não existe a
necessidade de grande capacidade técnica para a manipulação do Phantom 4, facilitando a
inserção desse equipamento no processo de gestão da Estação Ecológica do Taim. Esse
modelo possibilita também a utilização de óculos FPV (Dji FPV Google).
A autonomia reduzida de 30 minutos (comum para equipamentos multirotor) pode ser
uma grande desvantagem, por que a operação de localização do foco de incêndio, definição da
intensidade (possibilidade de causar danos), e análise do entorno do ponto localizado para
planejamento de acesso à área, tende a dispender mais tempo que o disponível pelas baterias
do VANT. Nesse caso, pode haver a necessidade de abordar outros modelos comerciais de
VANT específicos para essa demanda, ou mesmo a possibilidade de desenvolvimento de
equipamento não comercial (nesse caso, seria necessário averiguar a documentação da
aeronave por questões legais).
Dentro das dificuldades apresentadas em função da dimensão da área e baixa
autonomia dos equipamentos discutidas para a demanda em questão, é importante abordar as
condições que ocorrem os focos de incêndios, para definir áreas prioritárias para
monitoramento dentro da área de interesse 4. A inserção de focos de incêndio sobre a
paisagem natural ocorre a partir de atividades antrópicas, e dependem de condições
ambientais para se propagarem em grandes queimadas. Considerando a facilidade de acesso à
área 4 a partir da estrada cinza, a qual atravessa uma grande área de silvicultura (considerada
por gestores como o local mais acessado por caçadores), é importante considerar o limite
nordeste da área 4 como prioridade para a localização de focos de incêndios.
Deve-se também intensificar os monitoramentos de focos de incêndios no período do
verão, quando ocorre os menores índices de precipitação, e o vento predominante de nordeste
pode favorecer a propagação de queimadas para o centro da área 4, caracterizada pela maior
dificuldade de acesso e consequentemente contenção das chamas. O hidroperíodo – ou as
variações do nível d’água que ocorrem em terras úmidas em função da topografia, do balanço
hídrico, e condições superficiais (GUASSELI, 2005) - deve também ser considerado no
processo de gestão de focos de incêndios, pois é diretamente relacionado com a área que pode
97

ser impactada por grandes queimadas. Em períodos de baixo nível da água no banhado do
Taim as macrófitas ficam expostas e suscetíveis aos incêndios.

Figura 33: Alcance do Phantom 4 para análise de aplicabilidade para subsídio a localização de focos de
incêndio na área de interesse 4.

6.3.4 Aplicabilidade de VANT para monitoramento da recuperação natural: Área de


interesse para análise da aplicabilidade de VANT número 5.

Para a área 5, como avaliação da aplicabilidade de VANT para o monitoramento da


recuperação natural das macrófitas atingidas pelos incêndios de grandes proporções em 2008
e 2013, é necessário um equipamento com capacidade de mapeamento de áreas média a
grandes. A área de interesse 5 representa 6450 hectares, assim é possível considerar o
ECHAR 20 C novamente como potencial equipamento a ser utilizado, principalmente pelo
maior alcance e autonomia. É importante considerar a utilização de diferentes sensores
compatíveis com o Echar para essa demanda. Ao considerar que os produtos obtidos para o
mapeamento das áreas de recuperação natural não necessitam de uma resolução espacial tão
elevada, outros tipos de câmeras podem ser utilizadas para o aerolevantamento, como por
exemplo, a Sony 5100 com lente APSC de 24MP RGB, NIR. É possível também abordar a
98

aplicação de outros modelos de asa – fixa com câmeras com maior capacidade em resolução
espectral, que aquelas dispostas para inserção no Echar 20, mas que se assemelhem em termos
de robustez.
O Batmap 2 é um equipamento de asa fixa que apresenta raio de operação menor
quando comparado ao Echar 20 C (10 km). Por outro lado, a autonomia é mais elevada (2
horas e 30 minutos), e os sensores compatíveis recobrem uma faixa mais abrangente do
espectro eletromagnético (maior resolução espectral). O Batmap é compatível com os
sensores: Multiespectral Micasense RedEdge, que para uma mesma cena armazena
informações das bandas azul, verde, vermelho, NIR, e Red Edge; Multiespectral Parrot
SEQUOIA, bandas azul, verde, vermelho, e NIR; FLIR VUE PRO R, que armazena
informações do comprimento de onda do termal; e a Sony a6000 modificada, com bandas do
verde, vermelho e NIR (ou comum RGB).
Em estudos da recuperação natural da vegetação de macrófitas no banhado do Taim
atingido pelos grandes incêndios, através de fotografias aéreas, a banda RedEdge ou ―limite
vermelho‖ pode ser importante para os períodos de águas baixas que influenciam na dinâmica
da vegetação, que são condições ideias para a formação de focos de incêndios. A eficácia da
banda RedEdge na análise da resposta espectral de diferentes espécies de macrófitas foi
demonstrada por Aparício (2007). A posição do RedEdge é caracterizada pelo ponto de
inflexão máximo da curva do vermelho para o Infra Vermelho Próximo (JENSEN, 2009),
pode ser utilizado para diferenciar espécies de plantas, pois varia de acordo com a
concentração e o tipo de pigmento na folha (APARÍCIO, 2007). Em períodos de inundação
prolongados, condição desfavorável para a propagação de focos de incêndios em grandes
queimadas, foi constatada por Guasselli (2005) a eficácia da utilização do comprimento de
onda do infravermelho médio, devido à influência do nível da água nas curvas de assinatura
espectral.
O menor alcance do Batmap 2 em relação ao Echar 20 C (10 km, e 20 km,
respectivamente) não é um fator limitante para o mapeamento da área 5, se for considerada a
base Estrada Cinza (4) como ponto de pouso e decolagem do equipamento. A figura 34
demonstra a possibilidade de utilização do Batmap 2 para a área de interesse 5, considerando
o seu raio de operação.
99

Figura 34: Alcance do Batmap 2 para análise de aplicabilidade para subsídio de estudos de recuperação
natural da área impactada por incêndios, na área 5.

Para analisar em termos de autonomia de voo foram realizados planos de voo para a
área em questão, considerando as especificações da câmera Micasense RedEdge disponível
para o Batmap 2. Foi considerada uma velocidade de cruzeiro de 40 km/h (menor que o limite
máximo de 45 km/h indicado pelo fornecedor). Devido à grande dimensão da área 5 e seus
limites curvilíneos foi necessário a segmentação em 3 áreas menores com polígonos mais
simples, facilitando o planejamento dos sobrevoos (figura 35). O quadro 14 demonstra os
resultados dos testes de voo realizados com a utilização do Batmap 2, tendo a bordo a câmera
Micasense RedEdge, e considerando o segmento 1 (é o que apresenta maior área entre os 3
segmentos propostos), e a câmera Parrot Sequoia. Nota – se a diferença entre as duas a partir
das características do produto obtido. Enquanto a RedEdge apresenta menor capacidade de
resolução espacial, a Parrot Sequoia não obtém informação para a banda RedEdge. A opção
por qual câmera deve ser utiliza é relacionada com a necessidade do produto final.
100

Figura 35: Segmentação da área 5 para possibilitar o recobrimento pela plataforma Batmap 2. O
segmento 1 foi utilizado para a realização dos testes de voo.

Quadro 14: Resultados obtidos para os testes de voo utilizando as especificações de câmeras compatíveis
com o modelo Batmap 2, na área 5.

Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap 2 para a câmera RedEdge.

Tempo de
Autonomia
Distância Vel est voo
Teste Altura (m) GSD (cm) máxima
(km) (km/h) estimado
(H: M: S)
(H:M:S)
Área 5 -
206 40 600 40,91 05: 24: 20 02: 30: 00
Segmento 1

Área 5 –
87,46 40 1500 102,27 02: 31: 50 02: 30: 00
Segmento 1

Área 5 –
45,09 40 3500 238,64 01: 08: 30 02: 30: 00
Segmento 1

Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap 2, para a câmera Parrot Sequoia.

Área 5 –
139,25 40 600 16,47 04: 02: 01 02: 30: 00
Segmento 1
101

Área 5 –
67,57 40 1500 41,18 01: 57: 20 02: 30: 00
Segmento 1

Área 5 –
38,10 40 3500 96,08 01: 06: 10 02: 30: 00
Segmento 1

A figura 36 ilustra o plano de voo obtido para o mapeamento do segmento 1 com a


utilização da câmera RedEdge, para um mapeamento realizado em altura de 1500 m, obtendo
um tamanho de pixel de aproximadamente 1 metro. Ao considerar o tempo de voo estimado
com a autonomia da aeronave, nota-se que pode ser um fator limitante para a realização do
sobrevoo nessas condições. Logo pode ser necessária uma nova segmentação da área 5 (com
maior número de polígonos) para que a autonomia de 2 horas e 30 minutos do Batmap 2 seja
suficiente para o recobrimento da área. Independente do número de segmentos, é viável a
utilização da Base Estrada Cinza como ponto de pouso e decolagem para toda área de
interesse 5.

Figura 36: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Batmap 2 na área 5 (segmento 1),
localizada dentro do limite da ESEC do Taim. As informações estimadas para a operação estão dispostas
no quadro 14.

Tanto o Batmap 2, quanto o Echar 20 C, são aplicáveis para o mapeamento da área de


interesse 5 como subsídio para estudos de recuperação natural. Um equipamento compatível
com maior número de sensores, aumentando sua capacidade de informação espectral, como o
Batmap 2, pode ser mais útil nesse caso.
102

É importante identificar a real necessidade da aquisição de um veículo aéreo não


tripulado para a obtenção de fotografias de altíssima resolução espacial, para a demanda em
questão. O mapeamento da recuperação de macrófitas emersas, ou mesmo a identificação de
diferentes espécies na área impactada pelas grandes queimadas, pode não necessitar de
produtos gerados a partir de fotografias aéreas de altíssima resolução. Guasselli (2005)
avaliou a dinâmica das macrófitas aquáticas do Banhado do Taim com a utilização de série
temporal de imagens de satélite das plataformas Landsat TM e Cbers.
Diversos estudos demonstram que as regiões espectrais do infravermelho (próximo,
médio, e termal) são as melhores na discriminação de áreas de queimadas. Pereira (1987)
demonstrou a existência de distintos fatores para a detecção de incêndios: a emissão de
substâncias em combustão; e as assinaturas espectrais dos distintos alvos presentes nas
imagens, como solo exposto, água, e vegetação. A partir disso, França (2004) analisou as
faixas espectrais do IVP e termal para a detecção de cicatrizes pós-queimada. Devido à
redução da reflectância da vegetação, na faixa do comprimento de ondas do IVP, após o
evento de queimada, concluiu que a banda do IVP favorece um contraste entre a vegetação
queimada e não queimada. No que tange o comprimento de onda do termal, França (2004)
indicou que o aumento da temperatura do solo após um evento de queimada ocasiona maior
índice de emissões – concluindo que uma banda do infravermelho termal (como por exemplo,
a banda 6 do Landsat TM) é propícia para o mapeamento de cicatrizes de queimadas.
Distintas são as opções de imagens de satélite que podem subsidiar informações para
o atendimento da demanda da área 5. As imagens obtidas pela plataforma Rapideye
apresentam resolução espacial (após a ortorretificação) de 5 metros. Em termos de resolução
espectral, apresentam as bandas azul, verde, vermelho, infravermelho próximo, e RedEdge
(caso necessário), em um tempo de revisita de 5,5 dias no nadir (vertical). É importante
avaliar uma comparação de custos entre a imagem Rapideye (considerando as condições
comerciais desse produto, como o pedido mínimo de 3500 km2, e 20 km de largura mínima,
sendo a área 5 inteira representada por menos que 100 km2), e a aquisição de um veículo
aéreo não tripulado.
Disponível desde 2015, as imagens Sentinel 2 podem ser uma boa opção. Apresenta
quatro bandas espectrais (Azul, verde, vermelho, IVP) para uma resolução espacial de 10
metros, além de quatro bandas no comprimento de onda do Red Edge – para 20 metros de
resolução espacial. A resolução radiométrica é de 12 bits por pixel, e a frequência de revisita é
de 5 dias. Ao considerar que os produtos não necessitam, nesse caso, de altíssima resolução
103

espacial, é possível elencar a utilização de imagens da plataforma Sentinel 2 para o


atendimento da demanda na área 5.
Ao considerar um plano de voo utilizando o Batmap com a câmera RedEdge, no topo
da operação do equipamento (3500 m), o GSD obtido foi de aproximadamente 2,3 metros.
Mesmo com a altíssima resolução temporal de produtos gerados por RPAs (dependendo de
condições climáticas, o operador lança o equipamento quando necessário), nesse caso, é
importante considerar a possibilidade de trabalhar com o sensoriamento remoto orbital, antes
da aquisição de um VANT somente para esse estudo.
A resolução temporal da plataforma utilizada (VANT, ou orbital) é importante, visto
que as cicatrizes de queimadas tem duração curta, principalmente em áreas de banhado onde a
recuperação é rápida. Deve ser um fator destacado na comparação entre as imagens de satélite
disponíveis, ou produtos obtidos a partir de VANT.

6.3.5 Aplicabilidade de VANT para monitoramento de atropelamento de fauna: Área


de interesse para análise da aplicabilidade de VANT número 6.

A área 6 foi elaborada para a avaliação da aplicabilidade de VANT no monitoramento


do atropelamento de fauna, tal como a prática vem sendo desenvolvida pela ESEC do Taim. A
área não apresenta grandes dimensões, mesmo sendo considerado um limite de 100 metros a
partir da linha central da rodovia BR – 471.
Mesmo a área apresentando uma dimensão de aproximadamente 320 hectares,
equipamentos com raios de operação menores que 17 km são limitados para a demanda em
questão, visto a extensão do trecho da BR – 471 que intersecciona os limites da ESEC do
Taim. Para recobrir toda a área em questão seria possível a utilização do ECHAR 20 C (raio
de operação de pelo menos 20 km), lançado a partir da Base Sede, dentre os equipamentos
discutidos.
A utilização de VANT para o monitoramento do atropelamento de fauna apresenta
fatores muito limitantes. O tamanho de animais monitorados inviabiliza o mapeamento por
fotografias aéreas, considerando o atual desenvolvimento da tecnologia (principalmente em
relação à espécies de serpentes), mesmo com a capacidade de obtenção de produto com pixel
de 2 cm - com a utilização de câmeras a bordo do Echar 20 C . A legislação para o uso de
RPAs para sobrevoo sobre uma estrada federal, mesmo para uma baixa densidade
populacional do entorno, pode dificultar a obtenção de licença para a realização da operação
(ICA100-40 infere a restrição de 30 m para pessoas não anuentes, logo voar sobre a estrada
BR-471 pode ser complexo). Por fim, o monitoramento do atropelamento ocorre via terrestre,
104

sem a retirada das carcaças, e de forma semanal. No caso de um monitoramento por


fotografias aéreas de VANT pode ocorrer a superestimava de espécies impactadas pela via.
Por essas razões, não será considerada a aplicação de VANT para o atendimento dessa
demanda especificamente.

6.3.6 Aplicabilidade de VANT para monitoramento e fiscalização de infrações de caça


e pesca: Área de interesse para análise da aplicabilidade de VANT números 7 e 8.

Para as áreas 7 e 8, é necessário a utilização de diferentes tipos de plataformas na


obtenção de produtos de aerolevantamentos. Para a primeira, deve-se considerar a utilização
de modelos para a realização de filmagens aéreas em tempo real, enquanto para a segunda,
uma aeronave (asa-fixa) de médio – até pequeno porte, com capacidade de geração de
produtos de altíssima resolução espacial, e correção geométrica acurada.
São considerados para as áreas em questão, o modelo Phantom 4 (o Parrot Disco não
foi abordado devido ao alcance reduzido de 2 km) como auxílio no monitoramento de
infrações de pesca ilegal na Lagoa Mangueira, e o Echar 20 C para o mapeamento de acessos
de caçadores aos limites da ESEC do Taim.
Ao considerar a logística de campo para a utilização do Phantom 4 nesse caso, nota-se
que o principal ponto de pouso e decolagem seria a Base de Santa Marta (base 1). O alcance
de 7 km pode ser um fator limitante para aplicação na localização de infratores na área de
interesse 7 (Figura 37). É necessária a definição de outro ponto de pouso e decolagem por
conta da distância da área de interesse para as bases do ICMbio, que é facilmente adaptável
pela facilidade de operar esse equipamento.
A grande facilidade de operação e controle do Phantom 4 permite que essa plataforma
seja lançada de qualquer ponto de pouso e decolagem. Operadores mais experientes podem
eximir a necessidade de pouso em solo (pouso manual), o que permite que em certos casos,
em condições climáticas adequadas, o equipamento possa ser lançado de um barco que
vasculhe a área em questão atrás de redes de pesca (em campo, a partir da localização de
boias), e na localização de infratores (pela observação aérea), auxiliando o processo de
fiscalização da área.
105

Figura 37: Alcance do Phantom 4 para análise de aplicabilidade para subsídio a busca de pescadores
ilegais na área 7. Nota-se a limitação do equipamento.

A autonomia de 30 minutos pode ser um fator limitante, ao considerar os


deslocamentos necessários para o recobrimento dessa área. Outro empecilho para a utilização
do Phantom 4 (e nesse caso, provavelmente para qualquer modelo a ser discutido) é a
necessidade de localização de redes de pesca na área analisada (que compõe a maioria dos
casos já mapeados pelos fiscais da ESEC do Taim, e disponibilizado como infrações no
WebGis do Taim, onde os infratores não são localizados). O procedimento de localização e
recolhimento de redes de pesca exigirá o contato direto dos agentes de fiscalização. Por outro
lado, certamente a dificuldade na busca dos infratores no ato da infração tende a ser diminuída
com o apoio aéreo de VANT, dependendo do número de imersões a ser realizada
(diariamente, semanalmente).
A área de interesse 8 (660 hectares) exibe uma necessidade discutida com os gestores
do Taim, que pode ser suprida com a utilização do Echar 20 C (localizado na base Estrada
Cinza, próxima da área de interesse): a obtenção de fotografias de altíssima resolução espacial
para o mapeamento de acessos de caçadores. Em comparação com aplicações para áreas
discutidas anteriormente, a área 8 apresenta uma demanda na qual as técnicas empregadas
para a obtenção de dados espaciais são mais simples. Fotografias áreas da região espectral do
106

visível (RGB) seriam suficientes para a obtenção de dados espaciais a partir de técnicas de
vetorização manual, e interpretação visual de imagens de altíssima resolução espacial
(JENSEN, 2009), prática já realizada para abastecimento de dados ao Webgis do Taim.
A figura 38 demonstra o resultado de plano de voo obtido com a utilização do Echar
20 C para mapeamento da área de interesse 8, a partir do ponto de pouso e decolagem base da
Estrada Cinza (4). Para garantir a eficácia da operação pode ser necessário dividir a área em 2
(provavelmente não mais que isso), pois foi considerado nos testes de voo a autonomia média
da aeronave (autonomia máxima seria de 2 horas e 30 minutos). Caso o GSD obtido para o
levantamento a 300 m de altura não contemple a necessidade para a obtenção dos dados
necessários, deverá ser requisitado o planejamento de 4 ou 5 voos distintos (em teto de
operação e 120 m, para 2,09 cm).
As principais informações estimadas para o plano de voo, utilizando as especificações
técnicas do equipamento, e as características da Câmera Sony A7R de 36 MPixels, com
sensor FULLFRAME RGB, são dispostas no quadro 15.
Outro modelo que pode ser considerado para o recobrimento da área em questão é o
Batmap 2. A realização de testes de voo com as mesmas condições, mas considerando a
câmera Sony a6000 RGB compatível com o Batmap 2 e as capacidades da plataforma,
indicam a necessidade de maior número de sobrevoos. Nesse caso, a velocidade de cruzeiro
limita o Batmap 2 em comparação com o Echar 20 C. Outro fator importante a ser discutido
para o mapeamento da área 8 é o raio de operação (alcance as aeronaves). Enquanto o Echar
20 C atinge de 20 a 30 km, o Batmap 2 não extrapola os 10 km. Dessa forma, para considerar
a utilização do Batmap 2 para essa área, também se faz necessário a definição de 2 pontos de
pouso e decolagem, que podem ser as bases Estrada Cinza (4), e as proximidades da base
Nicola (3), tal qual ilustrado na figura 39.
107

Quadro 15: Comparação dos resultados de testes de voo realizados para a área de interesse 8 para dois
equipamentos distintos. O Echar 20 C com a utilização da câmera Sony A7R RGB, e o Batmap 2 com a
câmera Sony a6000 RGB.

Plano de voo considerando especificações do modelo Echar 20 C

Tempo de Autonomia
Distância Velocidade
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est média
(km) (km/h)
(H:M:S) (H: M: S)

Área 8 124,4 65 300 5,23 02: 24: 15 01: 56: 00

Área 8 303 65 120 2,09 06: 02: 15 01: 56: 00

Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap2, com câmera Sony a6000

Área 8 144,94 40 300 5,85 04: 12: 38 02: 30: 00

Área 8 326,48 40 120 2,34 09: 33: 48 02: 30: 00

Figura 38: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 8, mais próxima à
base Estrada Cinza. As informações estimadas para a operação estão dispostas no quadro 15.
108

Figura 39: Demonstra a limitação do Batmap 2 pela capacidade do raio de operação de 10km,
considerando o lançamento a partir da base 4. Seria necessária a realização do mapeamento por dois
pontos de pouso e decolagem distintos.
109

6.4 PROPOSTA DE PLATAFORMAS QUE PODEM SUBSIDIAR AÇÕES


DE GESTÃO

As análises das capacidades dos modelos de RPAs, frente às necessidades de subsídio


de dados espaciais para áreas específicas dentro da ESEC do Taim possibilitaram a seleção
dos equipamentos mais adequados. Dentre os equipamentos inicialmente propostos (Arator
5A, Echar 20 C, Nauru, Parrot Disco, Dji S900, Dji Phantom 4, Batmap 2, e Aibotix X6)
somente os modelos Echar 20 C, Phantom 4 e Batmap 2 apresentaram capacidades para
subsidiar a obtenção de dados espaciais, para demandas específicas.
O quadro 16 demonstra uma relação das principais demandas de gestão considerando a
utilização do ECHAR 20 C para a obtenção de dados, indicando os principais aspectos, e
exigências que envolvem a realização dos voos necessários para o atendimento das demandas.
Uma das vantagens do Echar 20 C quando comparado com o Batmap 2 é que o raio de
operação do equipamento possibilita que o local de pouso e decolagem seja fixado na base
Estrada Cinza (5) para todas áreas de interesse. Com a utilização do Batmap seria necessário o
deslocamento do equipamento para diferentes bases para entrar no raio de operação de 10 km,
principalmente no que tange a área 5.
A aquisição de diferentes câmeras disponibilizadas para o Echar (além da Sony RGB
de 36 Mpixel, as câmeras APSC RGB, NIR de 24 Mpixel) pode vir a atender demandas para
as outras áreas de interesse a serem discutidas. É importante considerar também a aquisição
do modelo Echar 20 C HA (High Acuraccy), que possibilita dados geometricamente acurados,
eximindo a necessidade de utilização de pontos de controle em campo, o que seria complicado
devido à dificuldade de acesso à área de interesse.
Ao considerar a utilização do ECHAR 20 C para as demandas nas quais ele foi
considerado aplicável, é necessário atender as exigências legais para a solicitação dos voos.
Por ser um equipamento com PMD menor que 25 kg, o ECHAR 20 C será enquadrado na
categoria de classe 3, sendo considerado a altura do voo, e o tipo de operação como fatores
preponderantes para liberação pelos órgãos competentes. Em geral, para o mapeamento das
áreas propostas, o equipamento será lançado em alturas acima do limite de 120 m (tipo de
operação BVLOS), de forma que será necessária a solicitação do NOTAM para a realização
dos voos, tendo um prazo de análise de até 18 dias pelo órgão Regional do DECEA
competente, que no caso do Taim, é o CINDACTA II (Anexo D). Além disso, deve-se ter o
cadastro do equipamento no SARPAS, e as anuências da ANAC, e ANATEL (isso para todos
os VANT a serem utilizados), com registro, e identificação da matrícula – o que considerando
110

equipamentos comerciais é um processo facilitado. Com relação à distância mínima de


aeródromos, para nenhuma das áreas de interesse analisadas ocorre conflito com a faixa de 5
NM (Anexo C).
A operação com o ECHAR 20 C, dentre os equipamentos discutidos, não é a mais
simples de ser realizada. Além da montagem da aeronave, e da estrutura de lançamento
(catapulta de grande porte, se comparado com o modelo Batmap2), é necessária a realização
correta da checagem de uma lista extensa de procedimentos: montagem da catapulta e
aeronave; teste de conexões; avaliação de condições climáticas; entre outros. O procedimento
pode demorar de 40 a 90 minutos, dependendo da experiência do operador. Ao considerar a
utilização desse modelo para subsidiar ações de gestão na ESEC do Taim, seria interessante
considerar no máximo dois pilotos distintos, que seriam responsáveis pela realização de todos
os voos com o Echar 20 C.
Em relação ao investimento necessário para a aquisição do equipamento, bem como as
câmeras e sensores necessários para a realização das demandas identificadas, o Echar 20 C
não é o mais indicado como subsídio para ações de gestão no Taim (Quadro 19). O custo do
equipamento é diretamente relacionado com as capacidades discutidas no presente estudo,
principalmente em termos de raio de operação, e compatibilidade com câmeras e sensores de
grande porte.
111

Quadro 16: Considerações da aplicabilidade do ECHAR 20 C na ESEC do Taim.

Aplicabilidade do ECHAR 20 C para as demandas identificadas


Local de Número
Área de Aspectos Configuração
Demanda Aplicabilidade Pouso e de voos
Interesse legais ideal
Decolagem estimado
Mapeamento Echar HA com
Solicitação
e câmera Sony
de NOTAM
Reconhecim A7R de 36 MP
por voo
ento de área Base Estrada (RGB) +
1 Sim acima de 4a6
para a Cinza (4) Câmera
120 m, tipo
criação de multiespectral
de operação
zona de 24 MP
BVLOS
intangível (RGB,NIR)
Solicitação
de NOTAM
Mapeamento Echar HA com
por voo
e localização Base Estrada câmera Sony
2 Sim acima de 1
de ninhos de Cinza (4) A7R de 36 MP
120 m, tipo
aves (RGB)
de operação
BVLOS
Solicitação
de NOTAM
Echar HA com
por voo
Localização Base Estrada câmera Sony
3 Sim acima de 1
de capivaras Cinza (4) A7R de 36 MP
120 m, tipo
(RGB)
de operação
BVLOS
Localização
4 de Focos de Não analisado - - - -
Incêndios
Solicitação
de NOTAM Echar HA com
Monitorame
por voo câmera
nto da Base Estrada
5 Sim acima de 3a4 multiespectral
Recuperação Cinza (4)
120 m, tipo de 24 MP
natural
de operação (RGB,NIR)
BVLOS
Restringe o
voo por não
Monitorame
respeitar o
nto de
6 Não limite de 30 - - -
Atropelamen
m de
to de Fauna
pessoas não
anuentes
Fiscalização
7 de infrações Não analisado - - - -
- Pesca
Solicitação
de NOTAM Echar HA com
Fiscalização
por voo Base Estrada câmera Sony
8 de infrações Sim 1a3
acima de Cinza (4) A7R de 36 MP
- caça
120 m, (RGB)
BVLOS
112

O quadro 17 demonstra uma relação das principais demandas de gestão considerando a


utilização do Batmap 2 para a obtenção de dados, indicando os principais aspectos, e
exigências que envolvem a realização dos voos necessários para o atendimento das demandas.
Em comparação com o Echar 20 C, o Batmap 2 foi considerado não aplicável para a área de
interesse 1, visto o alcance de 10 km, pois mesmo definindo a Base Costeira, não foi
suficiente para atingir os extremos ao sul da área 1.
A aquisição de diferentes câmeras disponibilizadas para o Batmap 2 (Sony a6000
RGB, Parrot Sequoia RGB/NIR, Micasense RedEdge, e a FLIR VUE PRO R640) pode ser
importante para atender as diferentes demandas identificadas (São elencadas por demanda no
quadro 10). É importante considerar também a utilização da tecnologia de correção
geométrica PPK proposta pela empresa.
Ao considerar a utilização do Batmap 2 para as demandas nas quais ele foi
considerado aplicável, é necessário atender as exigências legais para a solicitação dos voos.
Assim como o Echar 20 C, o Batmap 2 se enquadra na categoria de classe 3 (PMD menor que
25 kg), seguindo as mesmas especificações legais discutidas anteriormente. Em geral, os
planos de voo testados com o Batmap 2 consideram alturas acima de 120 m, exigindo a
solicitação de NOTAM, pois o tipo de operação é considerada BVLOS. Em certos casos,
como para as áreas 2,e 3, é possível que sejam realizados voos abaixo de 120 m, porém a
operação ainda não se enquadra em tipo VLOS, pois não seria respeitado o raio de operação
máximo de 500 metros do operador.
Em termos de operação, o Batmap 2 é um pouco mais simplificado que o Echar 20 C.
Por ser lançado por catapulta de elástico, apresentando menor quantidade de material a ser
carregado em campo, e dificuldade de montagem de estrutura. Porém, ao considerar o Batmap
2 como modelo a ser utilizado para subsidiar ações de gestão no Taim, vale considerar no
máximo dois pilotos distintos, que seriam responsáveis pela realização de todos os voos.
Em relação ao investimento necessário para a aquisição do equipamento, bem como as
câmeras e sensores necessários para a realização das demandas identificadas, o Batmap 2 é
menos dispendioso que o Echar 20 C (Quadro 19). O custo vai variar de acordo com a
necessidade de utilização de diferentes sensores. O quadro 10 infere os principais sensores
identificados para diferentes demandas, refletindo a possibilidade de atuação para
mapeamento das diferentes áreas de interesse.
113

Quadro 17: Considerações da aplicabilidade do Batmap 2 na ESEC do Taim.

Aplicabilidade do BATMAP 2 para as demandas identificadas


Local de Número
Área de Aspectos Configuração
Demanda Aplicabilidade Pouso e de voos
Interesse legais ideal
Decolagem estimado
Mapeamento
e
Reconhecim
Não, alcance de
ento de área
1 10 km limita a - - - -
para a
operação
criação de
zona
intangível
Solicitação
de NOTAM
Mapeamento Base Sede
por voo Batmap 2 com
e localização (2), ou
2 Sim acima de 1 câmera Sony
de ninhos de proximidade
120 m, Tipo a6000 RGB
aves s
de Operação
BVLOS
Solicitação
1, ou 2 a
de NOTAM Batmap 2 com
3
por voo câmera Sony
Localização Base Santa dependen
3 Sim acima de a6000 RGB +
de capivaras Marta (1) do da
120 m, Tipo FLIR VUE PRO
câmera
de Operação R640, 19 mm
utilizada
BVLOS
Localização
4 de Focos de Não analisado - - - -
Incêndios
Solicitação
de NOTAM Batmap 2 com
Monitorame 1 a 5,
por voo câmera Parrot
nto da Base Estrada depende
5 Sim acima de Sequoia (RGB,
Recuperação Cinza (4) da câmera
120 m, Tipo NIR) + câmera
natural utilizada
de Operação RedEdge
BVLOS
Restringe o
voo por não
Monitorame
respeitar o
nto de
6 Não limite de 30 - - -
Atropelamen
m de
to de Fauna
pessoas não
anuentes
Fiscalização
7 de infrações Não analisado - - - -
- Pesca
Solicitação
Base Estrada 2a5
Fiscalização de NOTAM Batmap 2 com
Cinza (4), e depende
8 de infrações Sim por voo câmera Sony
Base Nicola da câmera
- caça acima de a6000 RGB
(3) utilizada
120 m,
114

BVLOS

O quadro 18 demonstra uma relação das principais demandas de gestão considerando a


utilização do Phantom 4 para a obtenção de dados, indicando os principais aspectos, e
exigências que envolvem a realização dos voos necessários para o atendimento das demandas.
Esse modelo foi considerado somente para a visualização da superfície terrestre em tempo
real, considerando a menor acurácia de dados geométricos dele em relação aos modelos de asa
fixa Echar 20 C e Batmap 2, e a capacidade de filmagens em todos os ângulos e com alta
qualidade. Assim foi considerado somente para as áreas 4 (localização de focos de incêndio) e
7 (localização de infratores).
Ao considerar a utilização do Phantom 4 para as demandas nas quais ele foi
considerado aplicável, é necessário atender as exigências legais para a solicitação dos voos.
Assim como para os outros dois modelos abordados anteriormente, o equipamento deve ser
cadastrado na ANAC, e a solicitação de voo no SARPAS (Solicitação de acesso de aeronaves
Remotamente Pilotadas), com informações do piloto e da aeronave. Como a intenção é a
visualização da superfície a partir da utilização de óculos FPV, o tipo de voo é considerado
BVLOS, exigindo a necessidade de solicitação de NOTAM.
Em relação ao investimento necessário para a aquisição dos equipamentos, bem como
as câmeras e sensores necessários para a realização das demandas identificadas, o Phantom 4
é menos dispendioso quando comparado com os anteriores. Por outro lado, para que a
utilização desse equipamento seja realmente efetiva para as demandas identificadas, é
necessário a aquisição de pelo menos 3 equipamentos.
A operação proposta requer o lançamento de 3 phantom 4 a partir de diferentes pontos
de pouso e decolagem, exigindo a necessidade de treinamento de três ou mais pilotos
dispostos para a realização dos voos. Uma vantagem desse modelo é que ele é facilmente
operado, e a facilidade de pouso e decolagem permite a maleabilidade de locais para o
lançamento do quadricóptero.
115

Quadro 18: Considerações da aplicabilidade do Phantom 4 na ESEC do Taim.

Aplicabilidade do P´HANTOM 4 para as demandas identificadas


Local de Número
Área de Aspectos Configuração
Demanda Aplicabilidade Pouso e de voos
Interesse legais ideal
Decolagem estimado
Mapeamento
e
Reconhecime
nto de área
1 Não - - - -
para a
criação de
zona
intangível
Mapeamento
e localização
2 Não - - - -
de ninhos de
aves
Localização
3 Não - - - -
de capivaras
Base Estrada
Cinza (4), Voos
Solicitação Base Nicola preferenci
3 Phantom 4
Localização de NOTAM (3), e Base almente
com câmera DJI
4 de Focos de Sim por tipo de Horto diários
de 20 MP + 3
Incêndios operação Florestal (6) partindo
óculos FPV
BVLOS concomitant dos 3
emente pontos

Monitoramen
to da
5 Não - - - -
Recuperação
natural

Monitoramen
to de
6 Não - - - -
Atropelamen
to de Fauna

Solicitação Necessário
Voos 3 Phantom 4
Fiscalização de NOTAM lançamento
preferenci com câmera DJI
7 de infrações - Sim por tipo de de ponto
almente de 20 MP + 3
Pesca operação alternativo
diários óculos FPV
BVLOS em campo

Fiscalização
8 de infrações - Não - - - -
caça
116

Quadro 19: Comparação de custos de equipamentos para diferentes configurações. Valores indicados em
dólares americanos.

Modelo Configuração Acessório 1 Acessório 2 Acessório 3 Custo estimado


total (dólar)

ECHAR 20 + Câmera Câmera Sony Sistema de


Câmera APSC APSC RGB, A7R 36 MP correção
Echar 20 C RGB 24 MP NIR 24 MP Full frame geométrica 78.300

55.000 2.900 5.800 14.600

Equipamento Câmera Câmera Câmera


+ Sony a 6000 Parrot Micasense FLIR VUE
Batmap 2 RGB Sequoia Rededge PRO R 640 34.000

21.000 3200 4.600 5200

Óculos FPV
Equipamento
para Baterias
+ câmera DJI
Phantom 4 utilização (3) extra (9) - 6.930
20 Mp (3)
350 170
1450
117

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reuniões realizadas com os gestores da ESEC do Taim e agentes da brigada de


incêndios, associados a referências pretéritas, propiciaram a identificação de áreas que
apresentam demandas por ferramentas de monitoramento. A dimensão dessas áreas, as
demandas de gestão identificadas, e os requisitos necessários para as fotografias aéreas,
possibilitaram a análise da capacidade de diferentes modelos de RPAs.
O reconhecimento de campo propiciou observar as grandes dificuldades para a
realização de operações com VANT. Permeou também o planejamento dos principais pontos
de pouso e decolagem a serem analisados, de forma que foram definidas algumas bases do
ICMBio no Taim como locais importantes para a operação.
A análise da aplicabilidade de VANT, a partir da avaliação de suas características em
relação às demandas identificadas, permitiu a definição de modelos capazes de subsidiarem
informações importantes para auxílio à gestão da Estação Ecológica do Taim. Os modelos são
o Echar 20 C, o Batmap 2, e o Phantom 4, considerando configurações mais avançadas que a
básica.
O Echar 20 C é uma plataforma de asa fixa aplicável para as áreas de interesse 1, 2, 3,
5, e 8 (Mapeamento e reconhecimento de áreas importantes, localização de ninhos de aves,
monitoramento de capivaras, monitoramento da recuperação vegetal, e mapeamento de
acessos de caçadores ilegais – respectivamente). Considerando a logística de campo, é o mais
propício, pela grande capacidade de alcance da plataforma. As dificuldades operacionais do
equipamento exigem treinamento
O Batmap 2 é uma possibilidade em contrapartida ao Echar 20 C. Apresenta
limitações, principalmente relacionado ao menor raio de operação. Por outro lado, a maior
diversidade de sensores compatíveis representa um importante fator. O Batmap 2 se mostrou
aplicável para as áreas de interesse 2, 3, 5, e 8. Devido a fatores como custo e maior facilidade
de operação, deve ser a prioridade de plataforma a ser inserida inicialmente como subsídio à
gestão da ESEC do Taim, mesmo com necessidade de maior número de pontos de pouso e
decolagem.
O Batmap 2 é o equipamento mais adequado para o monitoramento de recuperação
natural na área 5. Por outro lado, diversos estudos abordam o mapeamento de macrófitas
emersas utilizando imagens de satélite. As imagens Sentinel-2 podem suprir as necessidades
dessa demanda principalmente em termos de resolução espacial e espectral. A frequência do
monitoramento pode indicar a real necessidade de utilização de VANT para a área 5.
118

O Phantom 4 é um quadricóptero de pequeno porte que se mostrou apto para subsidiar


ações de fiscalização na área de interesse 7, a partir de filmagens em tempo real para
localização de boias de rede de pesca, e pescadores ilegais.. Também para a localização de
focos de incêndio na área 4, de forma que pode auxiliar o trabalho da brigada de incêndios.
Para a cobertura da área 4 com o Phantom 4 é necessária a aquisição de três plataformas para
serem lançadas concomitantemente. Outra possibilidade é priorizar a fiscalização em áreas de
fácil acesso de caçadores ilegais, onde tende a ocorrer a disseminação de novos focos de
incêndios. Deve-se considerar outros modelo com autonomia e alcance mais elevados para
facilitar a fiscalização de pesca ilegal e localização de focos de incêndios.
Nenhum dos modelos analisados no decorrer do estudo são capazes de atender a
demanda da área 6 (monitoramento do atropelamento de fauna). Como os voos seriam
realizados sobre a estrada BR – 471, questões legais podem dificultar a obtenção de licença
para voar sobre pessoas não anuentes. Devem ser também abordadas novas formas de
monitoramento do atropelamento de fauna para que a inserção de VANT ao processo seja
realmente aplicável. O tamanho de alguns dos indivíduos é um fator muito limitante para o
monitoramento com VANT.
O estudo questão se mostrou eficiente na busca pela introdução de tecnologia de
VANT ao processo de gestão da ESEC do Taim, que vem se desenvolvendo para atingir um
patamar de excelência no armazenamento, e distribuição de dados espaciais para os diversos
atores envolvidos no processo de manutenção dos recursos naturais importantes para o meio
ambiente. O processo de inserção da tecnologia de VANT na gestão da ESEC do Taim pode
ser oneroso inicialmente pela necessidade de capacitação de operadores, do compartilhamento
da informação, e da exigência computacional dos processamentos.
A utilização de ferramentas de geoprocessamento para o cruzamento de informações
espaciais serviu como contribuição científica no processo de avaliação das plataformas que
podem ser utilizadas para diferentes demandas, sendo essencial para obtenção dos resultados.
Deve-se considerar em trabalhos futuros a possibilidade de novos modelos, que estão
sempre sendo evoluídos, ou mesmo a inserção de plataformas não comerciais desenvolvidas
por diversos grupos, que a partir dos resultados obtidos nesse estudo podem construir uma
plataforma voltada para o atendimento das demandas analisadas especificamente para a ESEC
do Taim. Também deve ser abordada a utilização de diferentes sensores, e novas áreas
importantes para a manutenção dos recursos naturais do Taim.
119

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Naturais Renováveis e dá outras providências.
120

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dá outras providências.

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126

LISTA DE ANEXOS

ANEXO A: Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial (RBAC-E nº 94),


sub parte E 94.3.

1 - Aeromodelo significa toda aeronave não tripulada com finalidade de recreação;


2 - Aeronaves Remotamente Pilotadas (Remotely-Piloted Aircraft – RPA) significa a
aeronave não tripulada pilotada a partir de uma estação de pilotagem remota com finalidade
diversa de recreação;
3 - Área distante de terceiros significa área, determinada pelo operador, considerada a partir
de certa distância horizontal da aeronave não tripulada em operação, na qual pessoas não
envolvidas e não anuentes no solo não estão submetidas a risco inaceitável à segurança. Em
nenhuma hipótese a distância da aeronave não tripulada poderá ser inferior a 30 metros
horizontais de pessoas não envolvidas e não anuentes com a operação. O limite de 30 metros
não precisa ser observado caso haja uma barreira mecânica suficientemente forte para isolar e
proteger as pessoas não envolvidas e não anuentes na eventualidade de um acidente; Nota: O
limite de 30m, neste caso, é critério para a aplicação das regras da ANAC. O acesso ao espaço
aéreo é de competência do DECEA, o qual poderá estabelecer limites inferiores de maior
magnitude.
4 - Estação de Pilotagem Remota (Remote Pilot Station – RPS) significa o componente do
RPAS contendo os equipamentos necessários à pilotagem da RPA;
5 - Observador de RPA significa pessoa que, sem o auxílio de equipamentos ou lentes (exceto
as corretivas), auxilia o piloto remoto na condução segura do voo, mantendo contato visual
direto com a RPA;
6 - Operação Além da Linha de Visada Visual (Beyond Visual Line of Sight – BVLOS
operation) significa a operação que não atenda às condições VLOS ou EVLOS;
7 - operação autônoma significa a operação normal de uma aeronave não tripulada durante a
qual não é possível a intervenção do piloto remoto no voo ou parte dele;
8 - Operação em Linha de Visada Visual (Visual Line of Sight – VLOS operation) significa a
operação em condições meteorológicas visuais (VMC), na qual o piloto, sem o auxílio de
observadores de RPA, mantém o contato visual direto (sem auxílio de lentes ou outros
equipamentos) com a aeronave remotamente pilotada, de modo a conduzir o voo com as
responsabilidades de manter as separações previstas com outras aeronaves, bem como de
evitar colisões com aeronaves e obstáculos;
127

9 - Operação em Linha de Visada Visual Estendida (Extended Visual Line of Sight – EVLOS
operation) significa a operação em VMC, na qual o piloto remoto, sem auxílio de lentes ou
outros equipamentos, não é capaz de manter o contato visual direto com a RPA, necessitando
dessa forma do auxílio de observadores de RPA para conduzir o voo com as
responsabilidades de manter as separações previstas com outras aeronaves, bem como de
evitar colisões com aeronaves e obstáculos, seguindo as mesmas regras de uma operação
VLOS.;
10 - operação remotamente pilotada significa a operação normal de uma aeronave não
tripulada durante a qual é possível a intervenção do piloto remoto em qualquer fase do voo,
sendo admitida a possibilidade de voo autônomo somente em casos de falha do enlace de
comando e controle, sendo obrigatória a presença constante do piloto remoto, mesmo no caso
da referida falha do enlace de comando e controle;
11 - Pessoa anuente significa uma pessoa cuja presença não é indispensável para que ocorra
uma operação de aeronave não tripulada bem sucedida, mas que por vontade própria e por sua
conta e risco concorde, expressamente, que uma aeronave não tripulada opere perto de sua
própria pessoa ou de seus tutelados legais sem observar os critérios das áreas distantes de
terceiros;
12 - Pessoa envolvida significa uma pessoa cuja presença é indispensável para que ocorra
uma operação de aeronave não tripulada bem sucedida;
13 - Piloto remoto é a pessoa que manipula os controles de voo de uma aeronave não
tripulada;
14 - Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (Remotely-Piloted Aircraft System – RPAS)
significa a RPA, sua(s) RPS, o enlace de pilotagem e qualquer outro componente, como
especificado no seu projeto."
128

ANEXO B: Figura das áreas de interesse delimitas


129

ANEXO C: Delimitação da Faixa de Segurança de Aeródromos para Voos com


RPAs.
130

ANEXO D: Órgãos Regionais do DECEA. Fonte: Extraído de ICA 100-40 (2016).

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