dis_APLICABILIDADE DO USO DE VEÍCULO SAÉREOS NÃO TRIPULADOS NO MONITORAMENTO E GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTUDO DE CASO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM_2018
dis_APLICABILIDADE DO USO DE VEÍCULO SAÉREOS NÃO TRIPULADOS NO MONITORAMENTO E GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTUDO DE CASO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM_2018
dis_APLICABILIDADE DO USO DE VEÍCULO SAÉREOS NÃO TRIPULADOS NO MONITORAMENTO E GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTUDO DE CASO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM_2018
Porto Alegre
2018
DIEGO COELHO SILVA DE CAMARGO
Banca Examinadora
Prof. Dr. Laurindo Antônio Guasselli Dep. Geografia (UFRGS)
Profa. Dra. Andrea Lopes Iescheck Dep. Geodésia (UFRGS)
Prof. Dr. Leonardo Cardoso Renner Dep. Geodésia (UFRGS)
Porto Alegre
2018
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Miriam Regina Bernardes Coelho Silva e Tamay Caetê Daitx de
Camargo pelo apoio em minhas decisões.
Aos meus irmãos Bruno Coelho Silva de Camargo e Mariana Coelho Silva de
Camargo pelos incentivos finais na conclusão desta etapa.
À Natália Rohenkohl do Canto. Aquela que com carinho e dedicação me incentivou
nas horas mais complicadas dessa etapa, sempre doando uma parte de si para o meu bem
estar. Deixo aqui também o meu desejo de que ela sempre consiga se cercar de coisas boas, e
nunca pensar duas vezes em buscar tudo aquilo que merece. Certamente a pessoa mais
inteligente e dedicada que conheço.
―Uma melodia é como ver alguém pela primeira vez. A atração física. Sexo. Mas então à
medida que você vai conhecendo a pessoa, isso é a letra. A história deles. Quem eles são no
interior. É a combinação dos dois que torna isso em algo mágico, a magia da canção.‖
RESUMO
A Estação Ecológica do Taim, localizada no extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil, é uma
área reconhecida mundialmente por ser importante para conservação, abrigando ambientes
sensíveis e diversas espécies ameaçadas. Sendo uma área grande, diversa, e impactada por
diferentes usos, as atividades de gestão no Taim se tornaram complexas, indicando a
necessidade de novas ferramentas de monitoramento. O estudo em questão visou analisar a
aplicabilidade de diferentes modelos de veículos aéreos não tripulados, como subsídio à
obtenção de dados espaciais para áreas de interesse de gestão da ESEC do Taim. As áreas
prioritárias para o monitoramento foram delimitadas a partir de reuniões com gestores e
pesquisadores, e através de referências bibliográficas. Foram delimitadas 8 áreas com
interesses diversos para a gestão do Taim: focos de incêndio; atividades de caça e pesca;
atropelamento de fauna; localização de espécies; recuperação natural; reconhecimento. As
principais características das plataformas analisadas foram a autonomia, raio de operação, e a
compatibilidade com câmeras capazes de atender as necessidades das demandas identificadas,
em termos de resolução espectral e espacial. Foi utilizado o software Mission Planner para a
construção de testes de voo, e o ArcGis 10,3 para o cruzamento de informações espaciais
necessárias para a definição dos equipamentos capazes de operar. Os modelos que se
mostraram aplicáveis foram o Echar 20 C, o Batmap 2, e o Phantom 4. Foi construída uma
relação das atribuições dos modelos propostos com as demandas por área, considerando
questões de logística de campo, restrições legais, e custos. O Echar 20 C, e o Batmap 2 foram
definidos para o mapeamento de áreas maiores, ou em áreas menores com necessidades de
altíssima resolução espacial, e qualidade posicional sem a necessidade de pontos de controle
em campo. Já o Phantom 4 Pro definido para as demandas onde o produto não ocorre em
forma de fotografias aéreas, mas sim visualização em tempo real da superfície terrestre. Foi
considerado então um subsídio importante na detecção de focos de incêndio e infratores, que
pode auxiliar a brigada de incêndios atuante no controle de queimadas. O estudo em questão
se mostrou eficiente na busca pela introdução de tecnologia de VANT ao processo de gestão
da ESEC DO TAIM, que vem se desenvolvendo para atingir um patamar de excelência no
armazenamento, e distribuição de dados espaciais para os diversos atores envolvidos no
processo de manutenção dos recursos naturais importantes para o meio ambiente.
HA High Accuracy
UC Unidade de Conservação
ZA Zona de Amortecimento
LISTA DE FIGURAS:
Figura 1: Localização da área de estudo (baseada na proposta de ampliação da área legal da
ESEC do Taim discutida pelo grupo de trabalho GT-TAIM, e os diversos atores envolvidos
no processo de expansão da área legal). Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim. ................ 20
Figura 2: Comparação entre os limites legais dos decretos de 1978 (81.603) e 1986 (92.963).
Infere a supressão de área imposta pela medida. Fonte: Adaptado de Schreiner (2012); MMA
(2013). Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim. ................................................................... 24
Figura 3: Proposta de delimitação da Zona de Amortecimento da ESEC DO TAIM. Fonte:
Adaptado de Schreiner 2012; MMA 2013. Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim. ........... 26
Figura 4: Cisne do pescoço preto (Cygnus melancoryphus), uma das espécies mais visadas
atualmente para projetos de gestão no Taim. Fonte: Natureza Brasileira. ............................... 29
Figura 5: Capivara no Taim (Hydrochoerus hydrochaeris). Uma das espécies mais visadas em
estudos de análise populacional, e estudos de impacto da BR-471 sobre a fauna protegida do
Taim. Fonte: Adilson Troca. .................................................................................................... 29
Figura 6: Seções da BR - 471 que percorrem áreas de importância para a gestão da ESEC do
Taim. A seção C – D representa a extensão da BR – 471 mais associada ao monitoramento de
atropelamento de fauna. Fonte de dados espaciais: WEBGIS – Taim; Openlayer; FEPAM. .. 31
Figura 7: Zoneamento proposto por Eichenberger (2015), para propostas de mitigação e
gestão da ESEC do Taim. As Zonas de Recuperação, Primitiva, e de Uso conflitante são
utilizadas para a delimitação de áreas relacionadas às principais atividades nas será analisada
a aplicabilidade de VANT. Adaptado de Eichenberger (2015). Fonte de dados espaciais:
WebGis Taim............................................................................................................................ 35
Figura 8: Fluxograma com resumo das regras dispostas na ICA 100-40 (DECEA), para o
acesso ao espaço aéreo. FONTE: Extraído de ICA 100 – 40, DECEA, 2017.......................... 44
Figura 9: Modelos de VANT. Distinção entre asa fixa, e asa rotativa multirotor. Fonte:
Extraído de Andrade, 2013. ...................................................................................................... 48
Figura 10: Modelos de VANT desenvolvidos por empresas internacionais. ―A‖ ilustra o
modelo Phantom 3 Professional, desenvolvido pela empresa DJI, ―B‖ S900 também da
empresa DJI, ―C‖ representa o modelo Aibotix X6 da empresa Aibotix, e ―D‖ o modelo Disco
FPV da empresa Parrot. Fonte: Dji, Parrot, e Aibotix. ............................................................. 51
Figura 11: Visualização da câmera do Parrot Disco em operação. Pode ser observada no
aplicativo de smartphone, ou mesmo a partir do óculos de FPV. Fonte: ................................. 55
Figura 12: Modelos de VANT comercializados pela empresa XMOBOTS. ―E‖ ilustra o
modelo ECHAR 20C, ―F‖ o modelo ARATOR 5A, ―G‖ o modelo Nauru 500B. Fonte:
Xmobots. .................................................................................................................................. 57
Figura 13: Batmap: VANT desenvolvido pela empresa Nuvem UAV. Fonte: Extraído de
Nuvem UAV. ............................................................................................................................ 64
Figura 14: Fluxograma das principais atividades envolvidas na metodologia. ........................ 72
Figura 15: Monitoramento de fauna realizado na rodovia BR - 471. Fonte de dados espaciais:
WebGIS Taim; Open Layer. ..................................................................................................... 74
Figura 16: Pontos de Localização das bases do ICMbio utilizadas para fiscalização,
monitoramento, e abrigo para estações meteorológicas. Fonte de dados espaiciais: WebGis
Taim; FEPAM. ......................................................................................................................... 75
Figura 17: Mapeamento das Infrações de caça e pesca ilegal que ocorrem nos limites da ESEC
do Taim, e seu entorno. Fonte de dados espacias: WebGis - Taim. ......................................... 76
Figura 18: Áreas de extensão do impacto das grandes queimadas que ocorreram no Taim.
Adaptado de Eichenberger (2015). Fonte de dados espaciais: WebGis – Taim. ..................... 77
Figura 19: Áreas de interesse para a análise da aplicabilidade de RPAS, voltadas ao
monitoramento de espécies, e localização de áreas importantes para a conservação. Fonte de
dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC). .................................................................. 79
Figura 20: Área de interesse para a análise de aplicabilidade de VANT para a Localização de
Focos de Incêndio. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC). .................... 80
Figura 21: Área de interesse para a análise de aplicabilidade de VANT para o Monitoramento
da Recuperação Natural da Paisagem. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da
ESEC). ...................................................................................................................................... 81
Figura 22: Área de Interesse para Análise da Aplicabilidade de VANT para subsídio ao
monitoramento de atropelamento de fauna. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite
da ESEC); Open Layers. ........................................................................................................... 82
Figura 23: Área de Interesse para Análise da Aplicabilidade de VANT para subsídio ao
monitoramento de Infrações. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC). .... 83
Figura 24: Área de Cobertura obtida por realização de voo com Phantom 3. .......................... 84
Figura 25: Comparação de Alcance dos Equipamentos analisados para aplicabilidade na área
de interesse 1, a partir da base Estrada Cinza (4). O Arator 5A com 10 km de alcance, O
Echar 20 C e o Nauru 500 B com no mínimo 20 km de alcance (pode ir até 30 km
dependendo das condições). ..................................................................................................... 86
Figura 26: Exemplo de teste de plano de voo realizado com o auxílio do software Mission
planner (representa o teste, considerando a área de interesse 1 inteira para uma altura de 600
m, no quadro 10). ...................................................................................................................... 87
Figura 27: Plano de voo considerando 1/4 da área de interesse, para o quadrante mais distante
do ponto de pouso e decolagem. ............................................................................................... 88
Figura 28: Análise espacial do alcance do equipamento considerado para aplicabilidade nas
áreas 2 e 3, de interesse ao monitoramento e localização de espécies protegidas, ilustrando o
mínimo alcance da RPA de 20 km. .......................................................................................... 90
Figura 29: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 3,
localizada na outra extremidade do limite da ESEC do Taim. As informações estimadas para a
operação estão dispostas no quadro 11. .................................................................................... 91
Figura 30: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 2,
localizada além do limite da ESEC do Taim, mais próxima à base sede. As informações
estimadas para a operação estão dispostas no quadro 12. ........................................................ 92
Figura 31: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Batmap na área 3, com a
câmera FLIR VUE PRO, para 120 m de altura. As informações estimadas para a operação
estão dispostos no quadro 13. ................................................................................................... 94
Figura 32: Alcance do Parrot Disco FPV para análise de aplicabilidade para subsídio a
localização de focos de incêndio na área de interesse 4. .......................................................... 95
Figura 33: Alcance do Phantom 4 para análise de aplicabilidade para subsídio a localização de
focos de incêndio na área de interesse 4. .................................................................................. 97
Figura 34: Alcance do Batmap 2 para análise de aplicabilidade para subsídio de estudos de
recuperação natural da área impactada por incêndios, na área 5. ............................................. 99
Figura 35: Segmentação da área 5 para possibilitar o recobrimento pela plataforma Batmap 2.
O segmento 1 foi utilizado para a realização dos testes de voo. ............................................ 100
Figura 36: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Batmap 2 na área 5
(segmento 1), localizada dentro do limite da ESEC do Taim. As informações estimadas para a
operação estão dispostas no quadro 14. .................................................................................. 101
Figura 37: Alcance do Phantom 4 para análise de aplicabilidade para subsídio a busca de
pescadores ilegais na área 7. Nota-se a limitação do equipamento. ....................................... 105
Figura 38: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 8, mais
próxima à base Estrada Cinza. As informações estimadas para a operação estão dispostas no
quadro 15. ............................................................................................................................... 107
Figura 39: Demonstra a limitação do Batmap 2 pela capacidade do raio de operação de 10km,
considerando o lançamento a partir da base 4. Seria necessária a realização do mapeamento
por dois pontos de pouso e decolagem distintos. ................................................................... 108
LISTA DE QUADROS:
Quadro 1: Critérios de inclusão e exclusão de áreas da nova poligonais da unidade. Fonte:
Extraído de MMA, 2013........................................................................................................... 24
Quadro 2: Critérios e regras para o desenvolvimento da zona de amortecimento da ESEC DO
TAIM: Fonte: adaptado de Schreiner 2012; MMA 2013. ........................................................ 25
Quadro 3: Caracterização das zonas propostas por Eichenberger (2015), que delimitam áreas
para a possível utilização de VANT como subsídio à gestão do Taim. Fonte: Adaptado de
Eichenberger (2015). ................................................................................................................ 34
Quadro 4: Resumo de regras para acesso ao espaço aéreo brasileiro. Fonte: Extraído de ICA
100 - 40, DECEA, 2017 ........................................................................................................... 45
Quadro 5: Distinção de classes pelo peso dos equipamentos, dispostas na RAB. Fonte:
Adaptado de ANAC. ................................................................................................................ 46
Quadro 6: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT (Adaptado de
MEDEIROS, 2007) .................................................................................................................. 49
Quadro 7: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT (Adaptado de
MEDEIROS, 2007) .................................................................................................................. 49
Quadro 8: Especificações técnicas do Batmap. Comparação dos modelos comercializados.
Fonte: Adaptado de Nuvem UAV. ........................................................................................... 64
Quadro 9: Comparação das principais especificações dos modelos discutidos como possível
utilização para subsídio de dados espaciais na ESEC do Taim. A coluna de custos é estima em
dólares americanos. .................................................................................................................. 65
Quadro 10: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para
área de interesse 1, a partir da base Estrada Cinza (4). ............................................................ 88
Quadro 11: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para a
área de interesse 3, a partir da base Estrada Cinza. Foram utilizadas as especificações técnicas
da aeronave, bem como da câmera Sony A7R de 36 Mpixels disponível no software Mission
Planner. ..................................................................................................................................... 90
Quadro 12: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para a
área de interesse 2, a partir da base Estrada Cinza. Foram utilizadas as especificações técnicas
da aeronave, bem como da câmera Sony A7R de 36 Mpixels disponível no software Mission
Planner. ..................................................................................................................................... 92
Quadro 13: Resultados para o teste de voo realizado com Batmap para mapeamento da área 3,
com a utilização de câmera termal, e também a câmera RGB Sony a6000. ............................ 93
Quadro 14: Resultados obtidos para os testes de voo utilizando as especificações de câmeras
compatíveis com o modelo Batmap 2, na área 5. ................................................................... 100
Quadro 15: Comparação dos resultados de testes de voo realizados para a área de interesse 8
para dois equipamentos distintos. O Echar 20 C com a utilização da câmera Sony A7R RGB,
e o Batmap 2 com a câmera Sony a6000 RGB. ..................................................................... 107
Quadro 16: Considerações da aplicabilidade do ECHAR 20 C na ESEC do Taim. .............. 111
Quadro 17: Considerações da aplicabilidade do Batmap 2 na ESEC do Taim. ..................... 113
Quadro 18: Considerações da aplicabilidade do Phantom 4 na ESEC do Taim. ................... 115
Quadro 19: Comparação de custos de equipamentos para diferentes configurações. Valores
indicados em dólares americanos. .......................................................................................... 116
14
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
- Identificar áreas prioritárias para a utilização de VANT para subsídio à gestão do Taim com
a utilização de dados espaciais preexistentes, e auxílio de ferramentas de geoprocessamento;
- Propor o uso de VANT para suprir as demandas atuais na gestão e subsidiar a elaboração do
plano de manejo da ESEC do Taim.
18
Figura 1: Localização da área de estudo (baseada na proposta de ampliação da área legal da ESEC do
Taim discutida pelo grupo de trabalho GT-TAIM, e os diversos atores envolvidos no processo de expansão
da área legal). Fonte de dados espaciais: WebGIS Taim.
21
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.
Segundo Lopes et al. (2013), a legislação ambiental e a jurisprudência não tem sido
suficientes para que a ESEC do Taim cumpra o seu papel como unidade de conservação. A
partir de observações em campo, os autores identificaram diversos descumprimentos das
legislações ambientais como: o atropelamento de animais protegidos pela ESEC; a morte de
23
A importância ecológica do Taim fez com que em 1978, a partir do decreto 81.603 do
Presidente da República, fosse instaurada uma área de 33.815 hectares como de utilidade
pública, para fins de proteção de áreas úmidas da planície costeira do extremo sul do Rio
Grande do Sul. (MMA, 2013). Essa área representava a totalidade do banhado do Taim,
segmentos de área de restinga e dunas costeiras, campos alagáveis, praias e parcelas de mata
nativa.
Através de um processo de desapropriação, 21 mil hectares voltaram a ser destinado à
união. Assim, em 21 de julho de 1986, a reserva do Taim foi decretada oficialmente como
uma Unidade de Conservação Federal (Decreto nº 92.963/86), porém com área reduzida em
relação à primeira poligonal, excluindo importantes parcelas do ecossistema a ser preservado
(Figura 2).
24
Figura 2: Comparação entre os limites legais dos decretos de 1978 (81.603) e 1986 (92.963). Infere a
supressão de área imposta pela medida. Fonte: Adaptado de Schreiner (2012); MMA (2013). Fonte de
dados espaciais: WebGIS Taim.
Nesse contexto, a área da ESEC do Taim passou por um processo de expansão da sua
área legal, concomitantemente com a proposta de criação da zona de amortecimento, de forma
que a efetiva proteção dos ecossistemas pudesse ser alcançada. Isso veio sendo conduzido
pelo Conselho Consultivo da ESEC do Taim desde 2008. A partir de estudos fundiários foi
apresentada uma proposta de ampliação em relação ao limite de 1986, a qual é representada
nessa pesquisa como área de estudo (Figura 1). A proposta de ampliação foi amplamente
discutida entre os atores envolvidos e interessados no processo de expansão, e os critérios que
deveriam ser empregados foram definidos, e são apresentados no quadro 1.
Quadro 1: Critérios de inclusão e exclusão de áreas da nova poligonais da unidade. Fonte: Extraído de
MMA, 2013.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Restaurar área próxima da poligonal do Excluir, sempre que plausível, as propriedades
Decreto de 1978; menores de 200 hectares;
Incluir áreas mais contínuas para facilitar Excluir, sempre que possível, áreas com
gestão, Incluir áreas mantendo um corpo campos produtivos;
único da unidade;
Incluir banhados, matas e lâmina da água; Excluir, sempre que possível, áreas de
bebedouros para animais domésticos;
Incluir banhados contínuos; Não priorizar áreas externas a poligonal do
25
Decreto de 1978;
Incluir áreas contíguas ao canal que liga o Excluir margem do oceano;
banhado do Taim a lagoa Mirim;
Incluir área da lagoa Mirim na saída do Excluir a BR 471;
canal de ligação fora da poligonal;
Definir limites em marcos e acidentes Excluir, sempre que possível, florestas
naturais existentes; plantadas;
Incluir áreas cujo proprietário desejar, sempre que haja relevância ambiental;
Incluir o canal ao lado da rodovia;
Incluir a totalidade das grandes propriedades quando segmentadas.
ÁREAS ESTABELECIDO
Necessidade de controle face ao risco de
Maciços de Pinnus
dispersão
Delimitação através de marcos em campo
Região do corpo principal da ESEC
(estradas)
Interface com o oceano como limite
Na região oceânica (abrange toda porção da praia e exclui
porções oceânicas)
26
Espelho d'água das lagoas Mangueira, Flores e Limite da ZA restrita as porções lestes das
Caiubá lagoas
Incluídos seus pontais e reentrâncias devido
Na Lagoa Mangueira
á importância ecológica
A ZA abrange no mínimo 100 metros acima
Na Lagoa das Flores e Caiubá da borda e 100 metros para dentro do corpo
d'água
Uso compartilhado da água e manutenção do volume Gestão compartilhada de todos os usuários
Na ilha de Taquari Mantidos 10 km de distância
A presença de espécies ameaçadas e endêmicas faz com que a ESEC do Taim seja
considerada uma zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Em relação à fauna e
flora que enrique a área da reserva, diversos autores vem desenvolvendo estudos de
composição, abundância e diversidade de espécies (GAYER et al., 1988; MAHLER et al.,
1996; GARCIAS, BAGER, 2009).
São mais de 220 espécies de aves, em parte aves migratórias do hemisfério norte, e
outras que habitam o ambiente durante todo o ciclo sazonal, como o cisne-do-pescoço-preto
27
(FIGURA 4), atualmente uma espécie muito visada por pesquisadores. (MAHLER et al.,
1996). A reserva também é zona de reduto de répteis e anfíbios. São conhecidas 21 espécies
de répteis (GOMES; KRAUSE, 1982), dentre as quais 6 se encontram na lista de espécies
ameaçadas (Liolaenus occipitalis, Caretta caretta, Lepidochelys oliveacea, Eretmochelys
imbricata, Chelonia mydas e Dermochelys coriácea), e 18 espécies de anfíbios (GAYER et
al., 1988). Em relação à estudos de ictiofauna, poucos trabalhos foram desenvolvidos para
maior entendimento da presença e abundância de peixes. Correa et al. (2011) registrou cerca
de 63 espécies de peixes, das quais duas espécies de rivulídeos são presentes na lista de
espécies ameaçadas.
Outra carência de informação que envolve os gestores e pesquisadores é relacionada
aos mamíferos. Não existe estudos quantitativos ou lista de espécies da mastofauna para a
área da reserva em sua totalidade. Acredita-se que possam ocorrer em torno de 40 espécies
distribuídas sobre os limites da ESEC do Taim.
Alguns estudos referentes a esse grupo já foram desenvolvidos, todavia, direcionados
para áreas acessíveis (alguns ambientes) da área de estudo. Sponchiato et al. (2011)
identificou a estrutura das comunidades de pequenos mamíferos em áreas menos remotas da
reserva do Taim, e enfatizou que a complexidade de um ambiente pode aumentar a
possibilidade de nichos ecológicos e a diversidade de espécies, evidenciando a lacuna de
informação acerca do tema que pode ocorrer devido à dificuldade, em determinados locais, do
desenvolvimento do trabalho de campo. Dentre as espécies de mamíferos já registrados,
algumas se encontram na lista de ameaçadas: o Tuco-tuco-das dunas, e o Rato-do-mato
(Ctenomys flamarioni e Wilfredomys oenax, respectivamente).
Em estudos de monitoramento de atropelamento de fauna, atrelados aos impactos
associados à presença da BR – 471 que cruza a ESEC do Taim durante cerca de 17 km, a
capivara (Hydrochoerus hydrochaeris, que pode ser observada na figura 5) é uma das
espécies mais focadas para gestão. A capivara é um animal que vive em bandos, de
aproximadamente 2 a 40 indivíduos, que encontram na reserva do Taim um ecossistema que
favorece o seu desenvolvimento (habitats de matas ciliares a savanas sazonalmente
inundáveis, manguezais, e banhados), pois compreendem componentes como corpos d’água –
pastagens (é um animal herbívoro), e matas para a proteção de predadores (GARCIAS,
BAGER, 2009).
Garcias, Bager (2009) desenvolveram um estudo da estrutura populacional de
capivaras na ESEC do Taim, tendo construído um censo populacional em um transecto de
4000 metros de comprimento às margens da Lagoa Mangueira, sendo 2000 metros para
28
dentro dos limites da ESEC do Taim, e 2000 metros no entorno. Em cada segmento de 500
metros, foi realizada uma distribuição espacial das capivaras através de observações a olho nu
com binóculos, e sempre que possível vínculo características posicionais aos indivíduos com
o uso de GPS. Garcias, Bager (2009) constatou que a população de capivaras das ESEC do
Taim tende a aumentar, principalmente pela ausência de predadores, e que futuros trabalhos
devem analisar as características espaço-temporais da distribuição das populações de
capivaras.
Em relação à flora que compõe o mosaico ambiental da ESEC do Taim, já foram
registradas mais de 200 espécies. A cobertura vegetal, em geral, é caracterizada pela presença
de espécies herbáceas, que formam uma das classes predominantes no ambiente em questão: o
campo. O banhado do Taim é composto, segundo Motta el al. (2001), por 49 espécies de
macrófitas emergentes e flutuantes. Dentre as flutuantes, podem ser destacadas as espécies:
Salvinia herzogii, Azolla caroliniana, Lemna valdiviana, Pistia stratiotes, Wolffiella oblonga,
Altermanthera philoxeroides, Spirodela intermédia e Limnobium laevigatum. Já nas
emergentes: Scirpus californicus, Zizaniopsis bonariensis e Scirpus giganteus.
Algumas espécies que compõe a flora também podem ser encontradas em lista de
ameaçadas, como identificado no diagnóstico de flora. Nesse estudo, as principais espécies
são: Rollinia marítima, Butia capitata, Ephedra twediana, Myrcianthes cisplatensis,
Acanthosyris spinescens, Iodina rhombifolia e Bumelia obtusifolia. (FERRER; SALAZAR,
2004).
Em áreas adjacentes ao banhado, mais próximas do oceano, que passaram a fazer parte
do limite da ESEC do Taim mais recentemente, é encontrada vegetação de restinga, que varia
de tipos herbáceos até arbustivos e arbóreos. Segundo Schafer et al. (2009), a vegetação de
restinga é bastante complexa. Gradientes de salinidade e umidade são os parâmetros
responsáveis pela seleção e distribuição das espécies, como observado para a vegetação de
dunas embrionárias. Particularmente para a área de estudo, a vegetação da restinga e os
processos que ocorrem ainda são pouco conhecidos pelos gestores e pesquisadores, em função
da incorporação recente dessa área aos limites oficiais, da dificuldade de acesso, e da
possibilidade de delimitação de zonas intangíveis.
29
Figura 4: Cisne do pescoço preto (Cygnus melancoryphus), uma das espécies mais visadas atualmente para
projetos de gestão no Taim. Fonte: Natureza Brasileira.
Figura 5: Capivara no Taim (Hydrochoerus hydrochaeris). Uma das espécies mais visadas em estudos de
análise populacional, e estudos de impacto da BR-471 sobre a fauna protegida do Taim. Fonte: Adilson
Troca.
Figura 6: Seções da BR - 471 que percorrem áreas de importância para a gestão da ESEC do Taim. A
seção C – D representa a extensão da BR – 471 mais associada ao monitoramento de atropelamento de
fauna. Fonte de dados espaciais: WEBGIS – Taim; Openlayer; FEPAM.
Quadro 3: Caracterização das zonas propostas por Eichenberger (2015), que delimitam áreas para a
possível utilização de VANT como subsídio à gestão do Taim. Fonte: Adaptado de Eichenberger (2015).
Enquadramento Critérios Medidas de Manejo
Figura 7: Zoneamento proposto por Eichenberger (2015), para propostas de mitigação e gestão da ESEC
do Taim. As Zonas de Recuperação, Primitiva, e de Uso conflitante são utilizadas para a delimitação de
áreas relacionadas às principais atividades nas será analisada a aplicabilidade de VANT. Adaptado de
Eichenberger (2015). Fonte de dados espaciais: WebGis Taim.
36
4.2.1 Histórico, classificação, e inserção dos Veículos Aéreos Não tripulados como
ferramenta para obtenção de dados espaciais
ainda pode levar alguns anos para se equiparar com a fotogrametria convencional. Alguns
problemas não mais enfrentados pela fotogrametria convencional como distorções e baixa
resolução radiométrica ainda são alguns dos fatores limitantes da utilização de RPA. Existe a
tendência de que a miniaturização dos sistemas embarcados em RPA possa disponibilizar
produtos de tamanha qualidade tal qual a fotogrametria convencional a medida que for se
desenvolvendo.
Quando comparado com as imagens orbitais, as fotografias aéreas geradas por VANT
implicam em algumas vantagens: os sensores orbitais imageadores comerciais em
funcionamento apresentam a capacidade máxima de atingir resolução espacial (tamanho do
pixel) de 30 cm (World View III), enquanto já tem se obtido em produtos de veículos aéreos
capacidade de atingir pixels de 1 cm.
A obtenção de uma série temporal completa para monitoramento, com a utilização de
imagens orbitais, sempre é uma dificuldade para os pesquisadores de diversas áreas. A
presença de nuvens impossibilita a utilização das imagens de sensores de plataformas orbitais,
e ao considerar o tempo de revisita de determinados satélites, pode ser inviável estudos onde o
fenômeno a ser monitorado apresente um tempo de duração curto. A utilização de veículos
aéreos não tripulados pode suprir essa lacuna, visto que o levantamento em campo pode ser
desenvolvido de forma direcionada ao evento a ser monitorado (antes, durante, e após).
Uma desvantagem relacionada às fotografias geradas por VANT, contrapondo às
imagens orbitais, é relacionada ao processamento para a geração de produtos. O
processamento de fotografias aéreas para determinadas áreas pode exigir grande capacidade
computacional, enquanto para imagens orbitais a necessidade é reduzida.
Nesse contexto, Disperati (1991), infere algumas importantes avaliações prévias para que se
obtenha êxito em levantamentos fotogramétricos: o conhecimento da área de estudo, para fins
de planejamento dos voos; o conhecimento das características do sensor e da plataforma; e o
conhecimento das necessidades da qualidade dos produtos a serem gerados a partir das
fotografias aéreas.
A seleção da plataforma (asa fixa ou rotativa) varia de acordo com as necessidades do
produto. Influencia diretamente nas capacidades do VANT, pois caracteriza a robustez do
equipamento, determinando a carga útil que pode ser carregada, a velocidade, e, portanto sua
potencialidade de recobrimento.
A autonomia de voo influencia o alcance da aeronave e a sua capacidade de
recobrimento. É um atributo que depende diretamente das baterias inseridas na carga útil,
assim como o próprio peso dos equipamentos, a capacidade dos motores, e a aerodinâmica do
modelo utilizado. Em razão da autonomia, Longhitano (2010) infere a importância do
conhecimento e logística de campo para fins de obtenção de êxito nos levantamentos com
VANT. O ponto de pouso e decolagem deve ser analisado previamente, e se localizar o mais
próximo da área a ser estudada.
A altura de voo é uma das características preponderantes de análise prévia para
levantamentos. É vinculada ao tamanho máximo da área a ser estuda, mas também do
tamanho do sensor (distância focal da câmera) e sua relação com o tamanho do pixel
necessário para a obtenção de resultados a partir dos produtos gerados (LONGHITANO,
2010) demonstra uma equação para estimativa de área de recobrimento de imagem obtida por
aerofotogrametria:
B = (b x hg) / f,
Em que:
B = GSD obtido
b = Tamanho físico do Pixel no CCD
hg = Altura de voo
f = Distância focal da lente utilizada
AIC 29/09, só poderia ser efetivado a partir de uma análise de cada caso de solicitação de
voos, e apresentava algumas restrições expostas no seu item 3.4:
―Considerando as reais, e futuras necessidades do uso do Espaço
Aéreo Brasileiro por VANT e o fato da OACI não ter publicado
legislação que aborde o emprego desses aparelhos em espaço
aéreo compartilhado, as necessidades de voo de VANT serão
analisadas caso a caso, em função das particularidades do pedido
e levando em conta todos os aspectos concernentes à segurança
dos usuários do SISCEAB, entre eles:
A) a operação de qualquer tipo de VANT não deverá aumentar o
risco para pessoas e propriedades (no ar ou no solo);
B) a garantia de, pelo menos, o mesmo padrão de segurança
exigido para as aeronaves tripuladas.
C) a proibição do voo sobre cidades, povoados, lugares
habitados ou sobre grupos de pessoas ao ar livre.
D) os VANT deverão se adequar às regras e sistemas exigentes,
e não a ATM se ajustar às necessidades e equipamentos em
operação;
E) o voo somente poderá ocorrer em área restrita (espaço aéreo
segregado), definida por NOTAM e em condições visuais.
Cabe ressaltar o impedimento para a autorização de voo de
VANT, em espaço aéreo compartilhado com aeronaves
tripuladas.‖
A AIC 29/09 foi revogada pela AIC 21/10 (em 23/10/2010), expedido pelo DECEA e
intitulada de ―veículos aéreos não tripulados‖, sendo uma de suas alterações a inclusão da
possibilidade de emissão de ―certificado de voo experimental‖, visto o crescimento do setor
que já ocorria na época. Muitos pesquisadores, fabricantes, e diversas instituições interessadas
já trabalhavam no desenvolvimento de novas tecnologias para os VANT, pelo aumento da
demanda dos produtos, e o grande avanço tecnológico e miniaturização dos componentes
eletrônicos. A AIC 21/10 ficou em vigor até 02 de dezembro de 2015, quando foi revogado
pelo ato Parte nº 11/DNOR7 (projeto de lei 2.200), de 01 de dezembro de 2015. A
importância dada pelo poder público para a questão evidenciava a pressão dos diversos
segmentos interessados, inclusive os cidadãos comuns (pois a utilização de aeromodelos, voos
com a finalidade de lazer, passou a crescer rapidamente).
A legislação brasileira, no que se refere à utilização de aeronaves não tripuladas de uso
civil então, foi sendo constantemente atualizada, passando por um grande processo de
normatização, para fins de promoção do desenvolvimento sustentável e seguro para o setor,
baseadas em algumas restrições operacionais, principalmente relacionadas à áreas próximas
de terceiros. As regulamentações propostas atualmente, não são exclusivas da Agência
Nacional de Aviação Civil (ANAC) através do RBAC - E nº 94, mas também depende de
43
Figura 8: Fluxograma com resumo das regras dispostas na ICA 100-40 (DECEA), para o acesso ao espaço
aéreo. FONTE: Extraído de ICA 100 – 40, DECEA, 2017.
45
Quadro 4: Resumo de regras para acesso ao espaço aéreo brasileiro. Fonte: Extraído de ICA 100 - 40,
DECEA, 2017
Um dos principais aspectos do quadro 4 é a relação das regras para acesso do espaço
aéreo com o peso máximo de decolagem (PMD) das RPAs a serem utilizadas na operação. O
PMD influencia diretamente as regras instauradas, a partir de uma classificação proposta pela
ANAC: Classe 1, PMD acima de 150 kg; classe 2, entre 25 e 150 kg; e classe 3, abaixo de 25
kg. Cada classe apresenta exigências de aeronavegabilidade distintas, o que pode influenciar a
viabilidade de operações dentro da ESEC do Taim, e a seleção de equipamentos mais
aplicáveis para as demandas necessárias.
Os equipamentos de grande porte (classe 1) necessitam passar por um processo de
certificação mais complexo, similar aos exigidos para aeronaves tripuladas. Devem ser
registrados no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) e identificados a partir da sua matrícula
e marca de nacionalidade. Para a classe 2 é estabelecido os requisitos técnicos que devem ser
considerados pelos fabricantes de VANT, além de determinar que a aprovação de um projeto
46
pode ocorrer somente uma vez. Também deve ser registrado no Registro Aeronáutico
Brasileiro. Para a classe 3, na qual as RPAs apresentam PMD menor que 25 Kg, as restrições
impostas pelos órgãos competentes são menos onerosas, e associadas também a altura de voo,
tipo de operação, e distância de aeródromos: os voos realizados acima de 120 m de altura
deverão ter seus projetos autorizados, a partir da emissão do NOTAM que pode levar até 18
dias. Caso seja respeitado o limite de 120 m, e o operador do voo mantenha contato visual
com o equipamento durante toda a operação (VLOS), não será necessária a emissão do
NOTAM, somente o cadastramento do equipamento no sistema de aeronaves não tripuladas
da ANAC (SISANT). As RPAs que apresentam PMD inferior a 250 g não precisam ser
cadastradas.
O operador dos equipamentos, de acordo com o tipo de RPA, deverá apresentar
diversas licenças e certificados. No caso de RPAs com menos de 250 gramas, o operador já é
considerado licenciado sem a necessidade de documentação emitida pela ANAC
(considerando um teto de operação de 120 m). Para os pilotos com equipamentos de classe 3,
que necessitem voar acima dos 120 m, e os que utilizam RPAs das classes 2 e 1, é obrigatória
licença e habilitação emitida pela Agência Nacional de Aviação Civil. A ANAC também
infere que os pilotos com equipamentos das classes 1 e 2 deverão apresentar o Certificado
Médico Aeronáutico (CMA) emitido pela ANAC ou mesmo pelo DECEA. O quadro 4 infere
as regulamentações propostas pela ANAC para a utilização de RPAs.
Quadro 5: Distinção de classes pelo peso dos equipamentos, dispostas na RAB. Fonte: Adaptado de
ANAC.
Exigências de
Classe Peso Máximo de Decolagem
Aeronavegabilidade
- Processo de certificação
similar ao de aeronaves
tripuladas
Figura 9: Modelos de VANT. Distinção entre asa fixa, e asa rotativa multirotor. Fonte: Extraído de
Andrade, 2013.
Quadro 6: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT (Adaptado de MEDEIROS, 2007)
Quadro 7: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT (Adaptado de MEDEIROS, 2007)
Fácil instalação
de paraquedas e
Segurança - - -
dispositivos de
segurança
Figura 10: Modelos de VANT desenvolvidos por empresas internacionais. “A” ilustra o modelo Phantom
3 Professional, desenvolvido pela empresa DJI, “B” S900 também da empresa DJI, “C” representa o
modelo Aibotix X6 da empresa Aibotix, e “D” o modelo Disco FPV da empresa Parrot. Fonte: Dji, Parrot,
e Aibotix.
Outro modelo representado pela empresa DJI como possibilidade de utilização para
gestão do Taim é o S900 (figura 10). O S900 é um hexacóptero desenvolvido com material de
fibra de carbono, possibilitando maior resistência, e menor peso. É um equipamento de fácil
transporte, apesar de apresentar um porte maior que o Phantom, pois é totalmente dobrável.
As especificações técnicas do S900 o caracterizam como uma plataforma estável, porém, sua
autonomia é bem reduzida, aproximadamente 18 minutos de duração de voo (considerando
um dia com pouco vento, com um PMD de 6,8 kg). Devido a sua maior robustez, essa
plataforma é capaz de decolar com PMD de até 8,2 kg, o que permite que apresente uma
grande capacidade de instalação de diversos tipos de câmeras e sensores.
O terceiro modelo de VANT de empresas internacionais é o Aibotix X6 (figura 10),
desenvolvido pela empresa Aibotix Gmbh. A empresa foi criada no ano de 2010, em Kassel
(Alemanha). Em 2011 foi lançado o X6 Aibot, que se inseriu no mercado, inicialmente, em
função da sua capacidade de pouso e decolagem vertical muito simples, e autônoma
(necessidade de uma área menor que 3 metros de diâmetro, o que permite ser utilizado em
quase todos os ambientes). O equipamento revestido de fibra de carbono é utilizado
principalmente para inspeções industriais, e mapeamento aéreo, mas desde então o modelo foi
sendo atualizado, e inferindo novas aplicações.
Com o Aibot X6 é possível planejar a área a ser mapeada previamente (com a
utilização de software de plano de voo desenvolvido pela empresa, o Aibotix Aiproflight),
obter fotografias de altíssima resolução já georreferenciadas, que geralmente são aplicadas
para agriculturas de precisão e silvicultura, análise de imagens térmicas, cálculos de volumes,
Inspeção de turbinas eólicas, torres de transmissão, entre outros. Segundo informações do
fabricante, segue as especificações técnicas do equipamento:
A última plataforma a ser aborda é o Parrot Disco FPV desenvolvido pela empresa
Parrot. Foi fundada em 1994 por Henry Seydoux, em Paris na França, tendo comercializado
uma grande diversidade de dispositivos sem fios, principalmente para uso doméstico frente ao
elevado avanço de empresas de telefonia. Como um programa de diversificação, e atenta à
mercados em expansão, a empresa passou a tentar se inserir no mercado de drones em 2010, e
desde então lançou diversos modelos como: Bepop 2 power; Bepop 2; Mambo FPV; Parrot
Disco; além de mini drones como o Mambo, e o Swing. O modelo a ser abordado é o Parrot
Disco, única plataforma de asa fixa lançada pela empresa Parrot.
O modelo Parrot Disco é uma plataforma de asa fixa de pouca robustez (leve), porém
pode atingir velocidades elevadas (aproximadamente 80 km/h), com uma autonomia de
baterias de cerca de 45 minutos. Foi desenvolvido basicamente para usuários com interesse de
visualização da paisagem, que através da câmera podem observar o terreno (a partir de visada
oblíqua, ou a nadir), ou mesmo o horizonte (através da movimentação da câmera para visada
horizontal). A transmissão do vídeo ocorre em tempo real através do aplicativo FreeFlight Pro
(aplicativo de smartphone gratuito, que permite o compartilhamento de fotos e vídeos aéreos,
além da possibilidade de planejamento de voo autônomo e determinação de área a ser
sobrevoada previamente) e uma conexão Wifi otimizada a partir do Parro SkyControler 2 (2
joysticks para pilotagem muito precisa).
55
Figura 11: Visualização da câmera do Parrot Disco em operação. Pode ser observada no aplicativo de
smartphone, ou mesmo a partir do óculos de FPV. Fonte:
O modelo Parrot Disco apresenta duas variações: a Adventure; e a FPV. Além da mais
básica que corresponde somente a plataforma, enquanto as linhas Adventure e FPV incluem
adicionais como o Parrot Cockpitglasses (FPV), e mochila para facilitar o transporte do
equipamento para o campo. As especificações técnicas do Parrot Disco, segundo dados do
fornecedor, e alguns usuários que compartilham informações por vídeos e blogs:
Dimensões: 1150 mm x 580 mm x 120 mm
A plataforma de asa fixa da Parrot pode vir a ser útil para determinadas demandas de
fiscalização e monitoramento da ESEC do Taim, em virtude da capacidade de observação do
terreno, transporte para o campo muito facilitado pela utilização da mochila (e peso leve),
facilidade de operação (decolagem, voo, e pouso autônomos), além do compartilhamento em
tempo real dos dados obtidos. Apesar da não descrição nas especificações técnicas da
resistência ao vento (fator importante para a região de estudo), esse possivelmente não seria
um problema tão importante, visto que o intuito de utilização do equipamento não seria o
mapeamento.
No mercado de drones, já existem várias empresas brasileiras que trabalham no
desenvolvimento de equipamentos e novas tecnologias. Pode ser citada a Skydrones, a
Xmobots, a Nuvem UAV, BRVANT, Brasil Aircrafts, Santos Lab, Sensormap, FT sistemas
SA, Avibras, Avionics Services, AGX Tecnologia LTDA, ou mesmo universidades brasileiras
que vem desenvolvendo equipamentos não comerciais, como por exemplo: ITA (Instituto
Tecnológico de Aeronáutica), que desenvolveu um equipamento com autonomia de 3 horas
para monitoramento de linhas de transmissão; UFSC (Universidade Federal de Santa
Catarina), que atua mais no desenvolvimento de algoritmos; entre outras.
A Skydrones disponibiliza no mercado equipamentos muito voltados basicamente para
a agricultura de precisão, como por exemplo, o Pelicano, um multirotor de grande porte (5 m
de largura) utilizado como pulverizadores em locais específicos, evitando o desperdício de
material, e contaminação por agrotóxicos de regiões vizinhas (como pode ocorrer quando da
utilização de aviões). Existem outros 2 modelos multirrotores comercializados pela empresa, e
um de asa fixa: Strix AG; Strix E; Zangão (asa fixa).
Os equipamentos atualmente disponibilizados pela empresa XMOBOTS são
ilustrados na figura 12 (Echar, Arator, Nauru), que constantemente são desenvolvidos e
57
Figura 12: Modelos de VANT comercializados pela empresa XMOBOTS. “E” ilustra o modelo ECHAR
20C, “F” o modelo ARATOR 5A, “G” o modelo Nauru 500B. Fonte: Xmobots.
Wifi; o lançamento é feito pela mão do operador, ou seja, não há a necessidade de estruturas
de catapulta ou elásticos – o que facilita o transporte do equipamento, e reduz o tempo de
operação; é possível operar com câmeras APS - C de 24 Mpixels, fato incomum para
equipamentos dessa robustez. Existem distintas atualizações do ARATOR 5A, que
possibilitam diversas outras funcionalidades: Arator 5A EL, representa a versão de entrada do
Arator, que é facilmente atualizável para as versões posteriores, vêm com uma câmera Canon
EPLH160 de 20 MPixels e sensor CCD 1/2 e 3; Arator 5A HD, utilizado principalmente para
a necessidade de alta qualidade na geração de modelos digitais do terreno (MDT), pois a
câmera a bordo passa a ser Sony Alfa5100 de 24Mpixels com sensores CMOS APS-C; Arator
5A HA, o qual recebe a tecnologia High Acuracy, que permite a geração de modelos 3D com
precisão de até 2 cm – eximindo a necessidade de inserção de pontos de controle em campo;
Arator 5A xMx, representa um avanço no mapeamento com o Arator a partir da inserção de
sensores oblíquos, possibilitando uma aumento na área mapeada, o qual pode ser incorporado
ao sistema HA.
As especificações técnicas do Arator, obtidas junto ao fabricante, são listadas a seguir,
considerando algumas distinções entre os diferentes modelos (quando há):
Área mapeada máxima: 1100 hectares, considerando condições de voo ótimas (voo
nivelado, sem vento, com 15 ºC), GSD de 10 cm, 60 % de sobreposição lateral);
Área mapeada nominal: 780 hectares, considerando voo em condições reais para o
Brasil (voo realizado a 1300 m acima do nível do mar, 30 ºC, vento médio de 18
km/h), GSD de 10 cm, 60 % sobreposição lateral;
Área mapeada por dia: 4.680 hectares, obtidos a partir da realização de testes;
Área mapeada nominal a 400 pés (120 m) acima do nível do solo: 260 hectares;
Envergadura: 1,2 m;
GNSS: GPS, e Glonass L1, e Glonass L2 (no caso de utilização do sistema HA).
O modelo Arator 5A possivelmente pode vir a ser aplicável para subsidiar ações de
gestão na ESEC do Taim, muito em função da sua razoável capacidade de mapeamento de
áreas relativamente grandes (autonomia razoável, principalmente quando comparado com
modelos multirrotores). Outro fator que tende a ser positivo para esse equipamento é a
facilidade de transporte (não tão robusto, e ausência de catapulta). Por outro lado, podem
ocorrer fatores limitantes como as condições climáticas da região a ser monitorada, ou mesmo
para demandas que necessitem mapeamentos de áreas muito extensas, e distantes do ponto de
pouso e decolagem.
O segundo modelo apresentado pela Xmobots a ser discutido como possível utilização
para o subsídio à gestão da ESEC do Taim é o Echar. Atualmente se encontra no modelo
Echar 20C (figura 12), é um equipamento um pouco mais robusto quando comparado com o
Arator (considerado pela própria empresa como médio porte, enquanto o Arator de pequeno
porte, porém é também enquadrado na categoria de mini-drone).
Segundo Xmobots (2017), o Echar 20C foi considerado o mini-drone com a maior
capacidade de mapeamento do mundo pela Shepard Annual Handbook, ISSUE 23,
considerando critério de mapeamento por voo, o que torna esse equipamento interessante para
60
demandas de mapeamento de áreas grandes. Tal como o Arator, apresenta uma estrutura
resistente a impactos (Kevlar), e o mesmo sistema desenvolvido pela empresa. Por outro lado,
o Echar apresenta a possibilidade de inserção de câmera Full Frame de 36 Megapixels, além
da RGB APSC de 24 Megapixels (ou mesmo APSC Nir), e um sistema de decolagem que
necessita da utilização de catapulta, devido ao peso mais elevado. O Echar 20C é
disponibilizado a partir de três modelos distintos: Echar 20C EL, que caracteriza o modelo de
entrada com possibilidade para a atualização para os mais avançados; Echar 20C Agro; Echar
20C HA, funciona com a inclusão do sistema HA desenvolvido pela Xmobots.
O Echar Agro permite a obtenção de fotografias aéreas de altíssima resolução espacial
para bandas R, G, B, e infravermelho próximo em um único voo, o que é possibilitado pela
inserção de duas câmeras simultâneas ao equipamento (Sony 5100 de 24MPixels com sensor
APSC RGB, Sony 5100 de 24MPixels com sensor APSC GNir. Com essa composição de
bandas é possível construção de índices físicos como o NDVI (índice de vegetação por
diferença normalizada), que possibilita diferentes estudos de mudanças sazonais no
desenvolvimento e na atividade da vegetação podem ser monitoradas como o vigor
vegetativo, a biomassa, avaliações fitossanitárias, stress hídrico, ou mesmo a detecção de
invasoras. (JENSEN, 2009).
As especificações técnicas do Echar, obtidas junto ao fabricante, são listadas a seguir,
considerando algumas distinções entre os diferentes modelos (quando há):
Envergadura: 2,13 m;
Autonomia máxima: 10 h;
Autonomia nominal: 7 h;
Envergadura: 3,5 m
benefício pode não ser tão vantajoso caso as demandas de gestão da ESEC do Taim ocorram
de maneira mais localizada (em áreas menores dentro dos limites da ESEC).
Outra empresa brasileira que visa a construção de equipamentos de médio e pequeno
porte é a Nuvem UAV Indústria de aeronaves LTDA. Localizada no município de Presidente
Prudente (SP), foi fundada no ano de 2011 para a inserção de equipamentos aéreos de alta
performance no mercado de drones brasileiro. Um dos principais modelos desenvolvidos pela
empresa é o Batmap, fabricado totalmente no Brasil, e comercializado pela empresa Droneng
– Drones e Engenharia. Atualmente. O Batmap 2 (o Batmap se encontra na sua segunda
versão, a comparação dos modelos é disposta no quadro 7) é um equipamento de médio porte,
com boa autonomia, raio de operação (alcance) de 10 km, e velocidade de cruzeiro de até 45
km/h. As especificações técnicas do VANT são dispostas a seguir:
Envergadura: 1,9 m;
Alcance: 10 km;
Figura 13: Batmap: VANT desenvolvido pela empresa Nuvem UAV. Fonte: Extraído de Nuvem UAV.
65
Quadro 9: Comparação das principais especificações dos modelos discutidos como possível utilização para
subsídio de dados espaciais na ESEC do Taim. A coluna de custos é estima em dólares americanos.
Custo aprox.
Velocidade de
Alcance PMD Autonomia Teto da
Modelo cruzeiro
(km) (kg) (H: M: S) operacional configuração
(km/h)
básica (dólares)
Dji Phantom
7 72 1,3 00:30:00 6000 1.800
4
5. METODOLOGIA
algumas das plataformas frente às áreas de interesse encontradas, e abordar novas formas de
realização dos voos – como a identificação de diferentes pontos de pouso e decolagem.
Os modelos de VANT abordados no presente estudo foram selecionados a partir de
estudos prévios de aplicação, bem como a possibilidade real da utilização de alguns deles
devido à disponibilidade dos equipamentos em determinadas instituições próximas ao estudo
em questão: o Phantom, devido à aquisição feita pelo próprio LABMODEL do modelo
Phantom 3 Pro; o Echar, disponibilizado pelo CEPSRM (Centro Estadual de Pesquisas em
Sensoriamento Remoto e Meteorologia); O Aibot X6, de domínio do IFRS (Instituto Federal
do Rio Grande do Sul), Campus Rio Grande; o DJI S900, de domínio do Laboratório de
Gerenciamento Costeiro (LABGERCO); e o Parrot Disco FPV, o qual esta em processo de
aquisição analisada pelo LABMODEL. Posteriormente foi abordado outro modelo de VANT
nacional, o Batmap 2, visto a possibilidade de ser mais efetivo em determinadas demandas de
mapeamento.
A partir de uma análise dos resultados obtidos no decorrer do projeto, foi desenvolvida
uma proposta de subsídio à gestão do Taim baseada na utilização de veículos aéreos não
tripulados na busca de suprir as principais demandas de atividades de monitoramento e
fiscalização. Foram elencados os equipamentos necessários para o atendimento de demandas
específicas do Taim identificadas no decorrer da proposta, em função de características como:
a logística de operação do modelo e os custos envolvidos no processo; as capacidades que
possibilitam o VANT ser aplicado em uma determinada proposta; a viabilidade legal da
utilização da RPA; as principais dificuldades envolvidas no processo; a possibilidade de
utilização da tecnologia pelos próprios servidores da unidade de conservação, em razão das
dificuldades de operação do equipamento; e outras fontes de dados, caso a utilização de um
VANT não seja o caminho mais adequado para o atendimento da demanda. Os resultados
foram discutidos com os pesquisadores e gestores envolvidos em projetos de gestão na ESEC
do Taim.
72
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES.
Figura 15: Monitoramento de fauna realizado na rodovia BR - 471. Fonte de dados espaciais: WebGIS
Taim; Open Layer.
denúncias civis, ou mesmo por outros grupos de apoio à gestão do Taim - como a brigada de
incêndios – que mesmo sendo voltado particularmente para a localização de focos de
incêndio, auxilia nas atividades de fiscalização dentro da ESEC.
Figura 16: Pontos de Localização das bases do ICMbio utilizadas para fiscalização, monitoramento, e
abrigo para estações meteorológicas. Fonte de dados espaiciais: WebGis Taim; FEPAM.
Figura 17: Mapeamento das Infrações de caça e pesca ilegal que ocorrem nos limites da ESEC do Taim, e
seu entorno. Fonte de dados espacias: WebGis - Taim.
Figura 18: Áreas de extensão do impacto das grandes queimadas que ocorreram no Taim. Adaptado de
Eichenberger (2015). Fonte de dados espaciais: WebGis – Taim.
Estação Ecológica do Taim, essa passou a abranger áreas onde ocorreram poucas, ou
nenhuma intervenção humana. Essas áreas foram limitadas por Eichenberger (2015) como
Zonas primitivas. Um setor específico da classe ―Zona Primitiva‖ foi considerada pelos
gestores da ESEC do Taim como essencial para a possível delimitação de zona intangível da
Unidade de Conservação. Foi abordada que o conhecimento dessa área (ainda muito pouco
conhecida, com pouquíssima influência antrópica) pode subsidiar ações nesse sentido, de
maneira que a inserção da tecnologia de VANT pode ser de grande valia.
Figura 19: Áreas de interesse para a análise da aplicabilidade de RPAS, voltadas ao monitoramento de
espécies, e localização de áreas importantes para a conservação. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim
(Limite da ESEC).
de água aparente (GUASSELLI, 2005). A área corresponde a 7800 hectares, sendo a maior
parte caracterizada pelo Banhado do Taim.
Segundo a brigada de incêndios que atuam na localização e controle de focos de
incêndio na Estação Ecológica e seu entorno, essa área representa grande desafio, visto a
dificuldade de acesso em função de suas características. Corresponde a pior situação que pode
ser encontrada, pois a detecção do local inicialmente atingido pelo fogo é muito dificultada.
Logo o controle da ocorrência passa a ser complexo, e o fogo pode se alastrar rapidamente nas
macrófitas aquáticas que compõe o Banhado do Taim. As grandes extensões dos incêndios
ocorridos em 2008 e 2013 ocupam boa parte da área de interesse 4, de forma que evidencia a
importância em monitorar novos focos de incêndio nessa área. A grande extensão a ser
monitorada pode ser um desafio para a aplicação de VANT para esse fim. Pode ser necessária
uma plataforma com elevada capacidade de recobrimento, ou mesmo diferentes áreas de
pouso e decolagem.
Figura 20: Área de interesse para a análise de aplicabilidade de VANT para a Localização de Focos de
Incêndio. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC).
natural‖ abordada em Eichenberger (2015), e pode vir a subsidiar informações também para a
localização de focos de incêndios, já que em parte, são áreas sobrepostas. Assim como para a
área de interesse 4, a extensão a ser monitorada pode vir a ser um desafio. Por outro lado, a
área apresenta no seu limite leste, a presença de uma das bases do ICMbio (a base estrada
cinza), que é circundada por áreas de campo, e dunas, onde pode ser viável localizar pontos
seguros de pouso e decolagem para diferentes tipos de plataformas. O anexo B representa uma
figura com todas as áreas de interesse analisadas, associadas aos principais pontos de pouso e
decolagem (as bases do ICMbio na estação Ecológica do Taim).
Figura 21: Área de interesse para a análise de aplicabilidade de VANT para o Monitoramento da
Recuperação Natural da Paisagem. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC).
Um dos fatores limitantes para a utilização de RPA para auxílio dessa demanda dos
gestores da ESEC do Taim é o tamanho dos animais monitorados, e o próprio processo de
monitoramento como é feito atualmente (sem o recolhimento do indivíduo, o que pode
ocasionar a recontagem de animais). Além disso, a liberação de sobrevoos de RPA pelos
órgãos competentes pode ser dificultada pelo trânsito intenso de veículos na rodovia.
Figura 22: Área de Interesse para Análise da Aplicabilidade de VANT para subsídio ao monitoramento de
atropelamento de fauna. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC); Open Layers.
pelo corpo d’água da lagoa Mangueira que incide para dentro dos limites da Estação
Ecológica do Taim.
Figura 23: Área de Interesse para Análise da Aplicabilidade de VANT para subsídio ao monitoramento de
Infrações. Fonte de dados espaciais: WebGis Taim (Limite da ESEC).
Considerando as diferentes aplicações das áreas propostas para essa demanda, foi
necessário abordar diferentes modelos para avaliação de aplicabilidade. A área 1 (7750
hectares) requer um equipamento com maior autonomia, velocidade, elevado alcance (para
facilitar questões de logística pela dificuldade de localizar pontos adequados de pouso e
decolagem), alta estabilidade da plataforma em relação à condições climática (principalmente
ventos), possibilidade de utilização de sensores que atuem em diferentes faixas de
comprimento de ondas do espectro eletromagnético (RGB, NIR).
84
Figura 24: Área de Cobertura obtida por realização de voo com Phantom 3.
Outro modelo de veículo aéreo não tripulado que pode ser descartado para o
recobrimento da área de interesse 1 é o Parrot Disco. Mesmo sendo uma plataforma asa – fixa
com autonomia um pouco mais elevada (45 minutos), e maior velocidade de cruzeiro (80
km/h), é um equipamento mais utilizado para filmagens em tempo real (não atendendo a
necessidade da demanda para a área em questão), sendo indicado, possivelmente para outras
ações dentro da ESEC do Taim. Outro fator limitante do Parrot Disco para a área 1 é o
alcance de aproximadamente 2 km que o VANT tem em relação a controladora.
85
Figura 25: Comparação de Alcance dos Equipamentos analisados para aplicabilidade na área de interesse
1, a partir da base Estrada Cinza (4). O Arator 5A com 10 km de alcance, O Echar 20 C e o Nauru 500 B
com no mínimo 20 km de alcance (pode ir até 30 km dependendo das condições).
Figura 26: Exemplo de teste de plano de voo realizado com o auxílio do software Mission planner
(representa o teste, considerando a área de interesse 1 inteira para uma altura de 600 m, no quadro 10).
Quadro 10: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para área de
interesse 1, a partir da base Estrada Cinza (4).
Plano de voo considerando especificações do modelo Echar 20 C com a câmera Sony
A7R
Tempo de Autonomia
Distância Vel est
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est média
(km) (km/h)
(H:M:S) (H: M: S)
Área 1
290,89 65 600 10,47 05: 52: 04 01: 56: 00
inteira
Área 1
162,77 65 1200 20,94 03: 14: 40 01: 56: 00
inteira
Área 1
125,7 65 1720 30,01 02: 29: 47 01: 56: 00
inteira
Quadrante 4
75,96 65 600 10,47 01: 30: 40 01: 56: 00
da área 1
Figura 27: Plano de voo considerando 1/4 da área de interesse, para o quadrante mais distante do ponto
de pouso e decolagem.
câmera deve ser uma prioridade (tanto em termos de resolução espacial, quanto espectral – na
possibilidade de utilização da banda do termal), em função do interesse em localização de
espécies de pequeno e médio porte (o Gavião – Caramujeiro, e a capivara). Segundo Garcias,
Bager (2009), a tendência de futuros trabalhos voltados para o controle de capivaras na ESEC
do Taim devem ser aplicados para caracterização espaço-temporal da distribuição dos
indivíduos, mecanismo que pode ser suprido pela utilização dos VANT abordados.
Para a área 3 que caracteriza a dimensão de estudo de população de capivaras, é
possível a utilização de modelos de asa fixa, e mesmo de multirrotores discutidos no presente
estudo (se for considerado somente a capacidade de recobrimento da área), por que as áreas
de mapeamento são menores. Em termos de acurácia posicional dos produtos, e capacidade
espacial e espectral dos sensores, o Echar 20 C, e o Batmap 2 são mais adequados quando
comparados com os outros modelos.
É importante que a câmera utilizada possibilite a obtenção de imagens de altíssima
resolução (entre 2 e 10 cm/pixel), permitindo a identificação de indivíduos de interesse para a
gestão, tal como abordado em Koh et al. (2015) que utilizaram fotografias áreas de VANT
para a criação de ferramenta de localização automática de ninhos de orangotangos, para
estudos de densidade em Unidade de Conservação da Sumatra e Botelho (2014) - que utilizou
fotografias aéreas RGB (com resolução espacial de 10 cm/pixel) para o desenvolvimento
matemático de segmentação de imagens de altíssima resolução espacial para a detecção de
aves, com técnicas de segmentação baseada em redes complexas para a extração de
superpixel, este, segundo o autor, consiste no agrupamento de pixels – ou segmentação da
imagem.
A primeira possibilidade a ser considerada é a utilização Echar 20 C, pois mesmo
sendo mais apropriado para o mapeamento de áreas maiores (como utilizado para área de
interesse 1), o elevado alcance, e autonomia, permite que a operação seja realizada mesmo a
partir da Base Estrada Cinza (4) (para um levantamento da área de interesse 3 na outra
extremidade na Unidade de Conservação, sem a necessidade de transporte de equipamentos)
(FIGURA 28). A figura demonstra que o alcance de 20 km poderia ser um fator limitante. Ao
considerar esse raio de operação como o mínimo para o equipamento (de acordo com o
fabricante o alcance vai de 20 km até 30, ou mesmo 36, com a utilização da antena
direcional), o mapeamento das áreas pode ser realizado mesmo a partir da Base Estrada Cinza
(4) do ICMbio.
90
Figura 28: Análise espacial do alcance do equipamento considerado para aplicabilidade nas áreas 2 e 3, de
interesse ao monitoramento e localização de espécies protegidas, ilustrando o mínimo alcance da RPA de
20 km.
Quadro 11: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para a área de
interesse 3, a partir da base Estrada Cinza. Foram utilizadas as especificações técnicas da aeronave, bem
como da câmera Sony A7R de 36 Mpixels disponível no software Mission Planner.
Tempo de Autonomia
Distância Vel est
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est média
(km) (km/h)
(H:M:S) (H: M: S)
Figura 29: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 3, localizada na
outra extremidade do limite da ESEC do Taim. As informações estimadas para a operação estão dispostas
no quadro 11.
Figura 30: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 2, localizada além
do limite da ESEC do Taim, mais próxima à base sede. As informações estimadas para a operação estão
dispostas no quadro 12.
Quadro 12: Resultados de Testes de Plano de voo realizado com o modelo Echar 20 C, para a área de
interesse 2, a partir da base Estrada Cinza. Foram utilizadas as especificações técnicas da aeronave, bem
como da câmera Sony A7R de 36 Mpixels disponível no software Mission Planner.
Tempo de Autonomia
Distância Vel est
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est média
(km) (km/h)
(H:M:S) (H: M: S)
porte (e mais barato) pode ser considerados para as áreas 2 e 3, como por exemplo, o Batmap
2. Esse equipamento apresenta uma autonomia de 2 horas e 30 minutos, um raio de operação
(alcance) de 10 km, e velocidade máxima de cruzeiro de 45 km/h, sendo indicado para áreas
menores que o Echar 20 C. Apresenta a vantagem de ser compatível com sensor do termal
(FLIR VUE PRO R), que pode ser útil para a localização de fauna. Gonzalez el al. (2016)
utilizaram uma câmera termal para a construção de um algoritmo para a detecção de animais
em fotografias aéreas. A figura 31 demonstra um teste realizado com o Batmap 2 para
mapeamento da área 3, considerando a utilização da câmera FLIR VUE PRO R640, com lente
de 19 mm, que obtém informação dos comprimentos de onda da banda do termal (7,5 – 13,5
μm). Pela necessidade de um produto de altíssima resolução espacial, e considerando o
alcance do Batmap limitado para o equipamento ser lançado da Base Estrada Cinza (4), tal
como poderia ser feito com o Echar 20 C, foi considerado o ponto de pouso e decolagem a
base Santa Marta (1). No quadro 12 pode ser observado os dados estimados de voo com o
Batmap 2, mas considerando somente a câmera Sony a6000 (RGB).
Quadro 13: Resultados para o teste de voo realizado com Batmap para mapeamento da área 3, com a
utilização de câmera termal, e também a câmera RGB Sony a6000.
Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap 2, com a câmera FLIR VUE PRO
R 640, com lente de 19 mm.
Tempo de
Distância Vel est Autonomia
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est
(km) (km/h) (H: M: S)
(H:M:S)
Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap 2, com a câmera Sony a6000, RGB.
Os modelos multirrotores abordados (Phantom 4, Dji S900, Aibotix X6) não serão
considerados para a proposta das áreas 2 e 3 (principalmente a área 2, Gaviões - Caramujeiro)
por que o ruído dos motores pode causar o afugentamento dos indivíduos a serem
monitorados.
Figura 31: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Batmap na área 3, com a câmera FLIR
VUE PRO, para 120 m de altura. As informações estimadas para a operação estão dispostos no quadro 13.
Dentre todas as áreas analisadas para a aplicabilidade de RPA como subsídio à gestão
da UC, a área 4 – delimitada visando principalmente a localização de novos focos de
incêndios no Taim – apresenta elevada necessidade de recobrimento (7800 hectares). Segundo
os agentes da brigada de incêndios, que atuam no combate aos focos de incêndio, a maior
vantagem da utilização de equipamentos aéreos seria relacionada à observação de áreas de
difícil acesso em tempo real, para auxiliar na construção de uma análise prévia à operação em
campo. Considerando o tempo gasto para chegar a determinado local, e a ausência de
informações da situação (planejamento da operação), a observação da superfície terrestre à
distância poderia ser de grande valia. Dessa forma, dentre os modelos de RPA abordados
foram destacados aqueles mais voltados para filmagens aéreas, em detrimento dos utilizados
para aerofotogrametria. Assim, essa análise foi limitada aos modelos Parrot Disco, e o
Phantom 4 da Dji.
95
Figura 32: Alcance do Parrot Disco FPV para análise de aplicabilidade para subsídio a localização de
focos de incêndio na área de interesse 4.
ser impactada por grandes queimadas. Em períodos de baixo nível da água no banhado do
Taim as macrófitas ficam expostas e suscetíveis aos incêndios.
Figura 33: Alcance do Phantom 4 para análise de aplicabilidade para subsídio a localização de focos de
incêndio na área de interesse 4.
aplicação de outros modelos de asa – fixa com câmeras com maior capacidade em resolução
espectral, que aquelas dispostas para inserção no Echar 20, mas que se assemelhem em termos
de robustez.
O Batmap 2 é um equipamento de asa fixa que apresenta raio de operação menor
quando comparado ao Echar 20 C (10 km). Por outro lado, a autonomia é mais elevada (2
horas e 30 minutos), e os sensores compatíveis recobrem uma faixa mais abrangente do
espectro eletromagnético (maior resolução espectral). O Batmap é compatível com os
sensores: Multiespectral Micasense RedEdge, que para uma mesma cena armazena
informações das bandas azul, verde, vermelho, NIR, e Red Edge; Multiespectral Parrot
SEQUOIA, bandas azul, verde, vermelho, e NIR; FLIR VUE PRO R, que armazena
informações do comprimento de onda do termal; e a Sony a6000 modificada, com bandas do
verde, vermelho e NIR (ou comum RGB).
Em estudos da recuperação natural da vegetação de macrófitas no banhado do Taim
atingido pelos grandes incêndios, através de fotografias aéreas, a banda RedEdge ou ―limite
vermelho‖ pode ser importante para os períodos de águas baixas que influenciam na dinâmica
da vegetação, que são condições ideias para a formação de focos de incêndios. A eficácia da
banda RedEdge na análise da resposta espectral de diferentes espécies de macrófitas foi
demonstrada por Aparício (2007). A posição do RedEdge é caracterizada pelo ponto de
inflexão máximo da curva do vermelho para o Infra Vermelho Próximo (JENSEN, 2009),
pode ser utilizado para diferenciar espécies de plantas, pois varia de acordo com a
concentração e o tipo de pigmento na folha (APARÍCIO, 2007). Em períodos de inundação
prolongados, condição desfavorável para a propagação de focos de incêndios em grandes
queimadas, foi constatada por Guasselli (2005) a eficácia da utilização do comprimento de
onda do infravermelho médio, devido à influência do nível da água nas curvas de assinatura
espectral.
O menor alcance do Batmap 2 em relação ao Echar 20 C (10 km, e 20 km,
respectivamente) não é um fator limitante para o mapeamento da área 5, se for considerada a
base Estrada Cinza (4) como ponto de pouso e decolagem do equipamento. A figura 34
demonstra a possibilidade de utilização do Batmap 2 para a área de interesse 5, considerando
o seu raio de operação.
99
Figura 34: Alcance do Batmap 2 para análise de aplicabilidade para subsídio de estudos de recuperação
natural da área impactada por incêndios, na área 5.
Para analisar em termos de autonomia de voo foram realizados planos de voo para a
área em questão, considerando as especificações da câmera Micasense RedEdge disponível
para o Batmap 2. Foi considerada uma velocidade de cruzeiro de 40 km/h (menor que o limite
máximo de 45 km/h indicado pelo fornecedor). Devido à grande dimensão da área 5 e seus
limites curvilíneos foi necessário a segmentação em 3 áreas menores com polígonos mais
simples, facilitando o planejamento dos sobrevoos (figura 35). O quadro 14 demonstra os
resultados dos testes de voo realizados com a utilização do Batmap 2, tendo a bordo a câmera
Micasense RedEdge, e considerando o segmento 1 (é o que apresenta maior área entre os 3
segmentos propostos), e a câmera Parrot Sequoia. Nota – se a diferença entre as duas a partir
das características do produto obtido. Enquanto a RedEdge apresenta menor capacidade de
resolução espacial, a Parrot Sequoia não obtém informação para a banda RedEdge. A opção
por qual câmera deve ser utiliza é relacionada com a necessidade do produto final.
100
Figura 35: Segmentação da área 5 para possibilitar o recobrimento pela plataforma Batmap 2. O
segmento 1 foi utilizado para a realização dos testes de voo.
Quadro 14: Resultados obtidos para os testes de voo utilizando as especificações de câmeras compatíveis
com o modelo Batmap 2, na área 5.
Tempo de
Autonomia
Distância Vel est voo
Teste Altura (m) GSD (cm) máxima
(km) (km/h) estimado
(H: M: S)
(H:M:S)
Área 5 -
206 40 600 40,91 05: 24: 20 02: 30: 00
Segmento 1
Área 5 –
87,46 40 1500 102,27 02: 31: 50 02: 30: 00
Segmento 1
Área 5 –
45,09 40 3500 238,64 01: 08: 30 02: 30: 00
Segmento 1
Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap 2, para a câmera Parrot Sequoia.
Área 5 –
139,25 40 600 16,47 04: 02: 01 02: 30: 00
Segmento 1
101
Área 5 –
67,57 40 1500 41,18 01: 57: 20 02: 30: 00
Segmento 1
Área 5 –
38,10 40 3500 96,08 01: 06: 10 02: 30: 00
Segmento 1
Figura 36: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Batmap 2 na área 5 (segmento 1),
localizada dentro do limite da ESEC do Taim. As informações estimadas para a operação estão dispostas
no quadro 14.
Figura 37: Alcance do Phantom 4 para análise de aplicabilidade para subsídio a busca de pescadores
ilegais na área 7. Nota-se a limitação do equipamento.
visível (RGB) seriam suficientes para a obtenção de dados espaciais a partir de técnicas de
vetorização manual, e interpretação visual de imagens de altíssima resolução espacial
(JENSEN, 2009), prática já realizada para abastecimento de dados ao Webgis do Taim.
A figura 38 demonstra o resultado de plano de voo obtido com a utilização do Echar
20 C para mapeamento da área de interesse 8, a partir do ponto de pouso e decolagem base da
Estrada Cinza (4). Para garantir a eficácia da operação pode ser necessário dividir a área em 2
(provavelmente não mais que isso), pois foi considerado nos testes de voo a autonomia média
da aeronave (autonomia máxima seria de 2 horas e 30 minutos). Caso o GSD obtido para o
levantamento a 300 m de altura não contemple a necessidade para a obtenção dos dados
necessários, deverá ser requisitado o planejamento de 4 ou 5 voos distintos (em teto de
operação e 120 m, para 2,09 cm).
As principais informações estimadas para o plano de voo, utilizando as especificações
técnicas do equipamento, e as características da Câmera Sony A7R de 36 MPixels, com
sensor FULLFRAME RGB, são dispostas no quadro 15.
Outro modelo que pode ser considerado para o recobrimento da área em questão é o
Batmap 2. A realização de testes de voo com as mesmas condições, mas considerando a
câmera Sony a6000 RGB compatível com o Batmap 2 e as capacidades da plataforma,
indicam a necessidade de maior número de sobrevoos. Nesse caso, a velocidade de cruzeiro
limita o Batmap 2 em comparação com o Echar 20 C. Outro fator importante a ser discutido
para o mapeamento da área 8 é o raio de operação (alcance as aeronaves). Enquanto o Echar
20 C atinge de 20 a 30 km, o Batmap 2 não extrapola os 10 km. Dessa forma, para considerar
a utilização do Batmap 2 para essa área, também se faz necessário a definição de 2 pontos de
pouso e decolagem, que podem ser as bases Estrada Cinza (4), e as proximidades da base
Nicola (3), tal qual ilustrado na figura 39.
107
Quadro 15: Comparação dos resultados de testes de voo realizados para a área de interesse 8 para dois
equipamentos distintos. O Echar 20 C com a utilização da câmera Sony A7R RGB, e o Batmap 2 com a
câmera Sony a6000 RGB.
Tempo de Autonomia
Distância Velocidade
Teste Altura (m) GSD (cm) voo est média
(km) (km/h)
(H:M:S) (H: M: S)
Plano de voo considerando especificações do modelo Batmap2, com câmera Sony a6000
Figura 38: Plano de voo realizado para avaliar a aplicabilidade do Echar 20 C na área 8, mais próxima à
base Estrada Cinza. As informações estimadas para a operação estão dispostas no quadro 15.
108
Figura 39: Demonstra a limitação do Batmap 2 pela capacidade do raio de operação de 10km,
considerando o lançamento a partir da base 4. Seria necessária a realização do mapeamento por dois
pontos de pouso e decolagem distintos.
109
BVLOS
Monitoramen
to da
5 Não - - - -
Recuperação
natural
Monitoramen
to de
6 Não - - - -
Atropelamen
to de Fauna
Solicitação Necessário
Voos 3 Phantom 4
Fiscalização de NOTAM lançamento
preferenci com câmera DJI
7 de infrações - Sim por tipo de de ponto
almente de 20 MP + 3
Pesca operação alternativo
diários óculos FPV
BVLOS em campo
Fiscalização
8 de infrações - Não - - - -
caça
116
Quadro 19: Comparação de custos de equipamentos para diferentes configurações. Valores indicados em
dólares americanos.
Óculos FPV
Equipamento
para Baterias
+ câmera DJI
Phantom 4 utilização (3) extra (9) - 6.930
20 Mp (3)
350 170
1450
117
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRASIL: Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e da outras providências.
BRASIL: Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989. Cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente e
dá outras providências.
BRASIL: Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003. Dispõe sobre o acesso público aos dados e
informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama.
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20, 2011.
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Vision - ECCV 2014 Workshops. Springer. Vol. 8925. 255-270. Setembro, 2014.
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GASTON, K. J.; Unmanned Aerial Vehicles (UAVs) and Artificial Intelligence
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ICMBIO. Avião não Tripulado vigiará Parque do Pau-brasil. Disponível em: <
http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/3892-parque-na-bahia-usara-vant-
para-vigiar-area>. Acesso em: 10 de março de 2017.
KOH, L. P; WICH, S. A. Dawn of RPA ecology: low-cost autonomous aerial vehicles for
conservation. Tropical Conservation Science. Open Access Journal Vol. 5 (2), 121- 132,
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MAHLER , J. K. F.; KINDEL, A.; KINDEL, E. A. I. Lista comentada das espécies de aves
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Computer Vision—ECCV 2014 Workshops, Part I; Agapito, L., Bronstein, M.M., Rother, C.,
Eds.; Springer: Cham, Switzerland, 2015; pp. 255–270.
126
LISTA DE ANEXOS
9 - Operação em Linha de Visada Visual Estendida (Extended Visual Line of Sight – EVLOS
operation) significa a operação em VMC, na qual o piloto remoto, sem auxílio de lentes ou
outros equipamentos, não é capaz de manter o contato visual direto com a RPA, necessitando
dessa forma do auxílio de observadores de RPA para conduzir o voo com as
responsabilidades de manter as separações previstas com outras aeronaves, bem como de
evitar colisões com aeronaves e obstáculos, seguindo as mesmas regras de uma operação
VLOS.;
10 - operação remotamente pilotada significa a operação normal de uma aeronave não
tripulada durante a qual é possível a intervenção do piloto remoto em qualquer fase do voo,
sendo admitida a possibilidade de voo autônomo somente em casos de falha do enlace de
comando e controle, sendo obrigatória a presença constante do piloto remoto, mesmo no caso
da referida falha do enlace de comando e controle;
11 - Pessoa anuente significa uma pessoa cuja presença não é indispensável para que ocorra
uma operação de aeronave não tripulada bem sucedida, mas que por vontade própria e por sua
conta e risco concorde, expressamente, que uma aeronave não tripulada opere perto de sua
própria pessoa ou de seus tutelados legais sem observar os critérios das áreas distantes de
terceiros;
12 - Pessoa envolvida significa uma pessoa cuja presença é indispensável para que ocorra
uma operação de aeronave não tripulada bem sucedida;
13 - Piloto remoto é a pessoa que manipula os controles de voo de uma aeronave não
tripulada;
14 - Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (Remotely-Piloted Aircraft System – RPAS)
significa a RPA, sua(s) RPS, o enlace de pilotagem e qualquer outro componente, como
especificado no seu projeto."
128