Analise Estratigrafica Da Bacia Do Araripe Nordest

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Análise estratigráfica da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil

Article in Revista Brasileira de Geociencias · September 1992


DOI: 10.25249/0375-7536.1992289300

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Revistt Brasileira de Geociências 22(3):289-300, setembro de 1992

ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DA BACIA DO ARARIPE, NORDESTE DO BRASIL

MARIO L. ASSINE*

ABSTRACT STRATIGRAHUC ANALYSIS OF ARARIPE BASIN, NORTHEASTERN BRAZIL. The


Araripe Basin comprises four main stratigraphic sequences separated by unconformities: 1. a Paleozoic sequence
composed of the Cariri Formation; 2. a Juro-Neocomian sequence composed of the Brejo Santo Formation, Missão
Velha Formation (redefined) and Abaiara Formation; 3. an Aptian-Albian sequence composed of the Barbalna
Formation and Santana Formation; and 4. an Albian-Cenomanian sequence composed of the Exu Formation. The Juro-
Neocomian sequence is characterized by horsts and grabens displayed in two sub-basins: Cariri and Serrolândia sub-
basins. The Aptian-Cenomanian is characterized by sub-horizontal bedding and localized brittle deformation. The
events of sedimentation, erosion, and deformation proposed for the sequences above, integrate the Phanerozoic
evolution in Northeastern Brazil. The Paleozoic deposits which have, in attempt, been classified as Upper Ordovician/
Lower Silurian, have also been interpreted as an extension of the cratonic Parnaiba Basin. The Juro-Neoconian
sequence is ú» sedimentary response to the mechanical subsidence brought about by the Gondwana rifting processes.
The Barbalha and Santana formations comprise a transgressive-regressive cycle characterized by short-lived sea
ingression which has deposited an exuberant fossiliferous carbonate concretions level and extensive gypsum beds. The
presence of alluvial deposits of Exu Formation, deposited contemporaneously to a global eustatic sea level rising,
suggests an epeirogenic uplift early in the Albian-Cenomanian time.

Keywords: Stratigraphy, Araripe Basin, Northeastern Brazil.

RESUMO A Bacia do Araripe é constituída por quatro seqüências estratigráficas, histórica e geneticamente distintas,
limitadas por discordâncias. As quatro seqüências correspondem a quatro embaciamentos distintos, dos quais somente
uma fração da cobertura original está preservada, não havendo porções marginais e depocentros definidos. Os eventos
de sedimentação, erosão e deformação não constituem fatos isolados, integrando-se no contexto evolutivo do fanero-
zóico nordestino. A seqüência paleozóica, constituída unicamente pela Formação Cariri e tentativamente posicionada
no Ordoviciano Superior/Siluriano Inferior, integrava um extenso trato com mergulho deposicional para noroeste,
testemunhando uma maior extensão oriental da Bacia do Pamaíba no Paleozóico inferior. A seqüência juroneocomia-
na, composta pelas formações Brejo Santo, Missão Veiha e Abaiara, foi a resposta sedimentar à subsidência mecânica
decorrente dos processos de rifteamento do Gonduana. Seus sedimentos apresentam-se espacialmente em horstes e
grábens, dispostos em duas sub-bacias: Cariri e Serrolândia. A seqüência aptiano-albiana, constituída pelas Formações
Barbalha e Santana, compreende um ciclo transgress!vo-regressivo com ingressão marinha de curta duração, à qual se
associa exuberante nível de concreções carbonáticas fossilíferas e extensas jazidas de gipsita. Ainda em condições
eustáticas positivas a nível global, foram depositados os sedimentos aluviais da seqüência albiano-cenomaniana
(Formação Exu), indicando uma reativação tectônica com soerguimento epirogênico da região já no Albiano
Médio/Superior.

Palavras-chaves: Estratigrafia, Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil.

INTRODUÇÃO A Bacia do Araripe é a mais extensa das bacia, o que levou seis empresas nacionais a assinarem con-
bacias interiores do Nordeste do Brasil (Fig. 1). Sua área de tratos com a PETROBRÁS, para exploração de petróleo com
ocorrência não se limita à Chapada do Araripe, estendendo-se cláusula de risco. Dentre os trabalhos desenvolvidos, merecem
também pelo Vale do Cariri, num total de aproximadamente destaque o mapeamento geológico da bacia na escala
9.000 km2. 1:100.000, o levantamento de 250 km de linhas sísmicas de
O trabalho pioneiro sobre sua geologia é o de Small (1913), reflexão e a perfuração de um poço profundo (2-AP-l-CE,
que subdividiu o registro sedimentar em quatro unidades (con- Araripe Estratigráfico nº 1), que permitiram estimar uma
glomerado basal, arenito inferior, calcário Santana e arenito espessura sedimentar da ordem de 1700 m.
superior). Estudos sistemáticos foram realizados somente a O acervo destas novas informações e de novos dados obtidos
partir da década de 60, um período de profícuos trabalhos, em campanhas de campo subseqüentes propiciaram o desen-
como os desenvolvidos por professores e alunos da Universi- volvimento da dissertação de mestrado "Sedimentação e Tec-
dade Federal de Pernambuco, de que resultaram publicações tônica da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil", apresentada
como as de Beurlen (1962, 1963). Este autor redefiniu as pelo autor em 1990 à UNESP - Campus de Rio Claro. Este
unidades estabelecidas por Small, denominando-as de forma- trabalho é uma síntese dos resultados alcançados, enriquecida
ções Cariri, Missão Velha, Santana e Exu, para as quais esti- com as proposições apresentadas por Ponte & Appi (1990).
mou uma espessura sedimentar total de cerca de 850 m.
Dentre as unidades litoestratigráficas da bacia, a Formação SEQUÊNCIAS ESTRATIGRÁFICAS A análise estra-
Santana é estratigraficamente a mais complexa e também a tigráfica realizada, centrada na identificação dos eventos geoló-
mais estudada, não só pelas extensas jazidas de gipsita, mas gicos maiores, reconhecíveis ao longo de toda a bacia, eviden-
principalmente por se constituir no principal jazigo brasileiro, ciou que os sedimentos preservados na Bacia do Araripe não
famoso em todo mundo sobretudo pela rica paleoicniofauna testemunham embaciamentos completos, com porções margi-
preservada em concreções carbonáticas. nais e depocentros definidos. Constituem o registro fragmen-
Rand & Manso (1984), com base em dados gravimétricos, tário de quatro bacias histórica e geneticamente distintas,
calcularam espessuras sedimentares totais da ordem de 2.400 m, separadas no tempo e parcialmente superpostas no espaço,
despertando interesse quanto às potencialidades petrolíferas da materializadas por quatro seqüências estratigráficas limitadas

* Departamento de Geologia, Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19011, CEP 81531-970, Curitiba, PR, Brasil
290 Revista Brasileira de Geociências, Volume 22,1992

Figura 1 - Mapa da região Nordeste do Brasil, mostrando a localização da Bacia do Araripe


Figure l - Map of Northeastern Brazil showing the location of the Araripe Basin

inteiramente por discordancies, hierarquicamente correspon- mente numa bacia que ainda carece de mapeamentos geológicos
dentes aos sintemas de Chang (1975). básicos, procurou-se discutir conjuntamente sua litoestratigrafia.
São discutidas, a seguir, cada uma das quatro seqüências Também, porque as diferentes colunas estratigráficas propostas
identificadas, buscando-se caracterizar a arquitetura deposicional para a bacia (Fig. 2) evidenciam a não-concordância dos diversos
da bacia. Ao mesmo tempo, como a nomenclatura estratigráfica autores no que concerne à divisão, nomenclatura, idade e relações
é necessária à comunicação e cartografia geológicas, especial- de contato entre as diversas unidades estratigráficas.
Revista Brasileira de Geociências, Volume 22, 1992 291

Figura 2 - Quadro comparativo das colunas litoestratigráficas propostas para a Bacia do Araripe (modificado de Lima 1979)
Figure 2 - Comparative table of different lithostratigraphic columns proposed for the Araripe Basin (modified after Lima 1979)

As relações espaço-temporais entre as unidades identifi- ção litoestratigráfica de Caputo & Crowell (1985), estão preser-
cadas estão sintetizadas na coluna estratigráfica proposta para vados na Bacia do Araripe sedimentos correlates à Formação
a bacia (Fig. 3). Ipu, base do Grupo Serra Grande da Bacia do Parnaíba. Tal
formação ocorre estratigraficamente abaixo da Formação Tian-
Seqüência Paleozóica Composta unicamente pela For- guá daquela bacia, considerada de idade eo-siluriana por Ca-
mação Cariri, aflora na porção leste da bacia definindo os rozzi et al. (1975) e por Caputo & Uma (1984).
contornos do Vale do Cariri (Fig. 4). Não se restringe, porém, a Caputo & Lima (1984) relataram a ocorrência de diamic-
ele, ocorrendo para além de seus limites em áreas isoladas de titos dentro da Formação Ipu na área da Serra Vermelha
variadas dimensões. Sua espessura é reduzida, talvez nunca (Piauí), e no contato com a Formação Tianguá no poço 2-CI-1 -
ultrapassando uma centena de metros. Na parte oeste da bacia MA (Cocalinho Estratigráfico n8 1). Neste contexto, a amar-
não aflora, ocorrendo apenas em subsuperfície, como na sub- ração à glaciação neo-ordoviciana/eo-siluriana, um evento
bacia de Serrolândia onde foi perfurado o 2-AP-l-CE (Fig. 5), reconhecível em todo o Gonduana e fartamente registrada na
que atravessou 46 m de sedimentos desta seqüência. África e América do Sul (Berry & Boucot 1972, Hambrey &
Harland 1981), permite um posicionamento cronoestratigráfico
FORMAÇÃO CARIRI Constitui-se quase que exclusiva- tentativo no Ordoviciano Superior/Siluriano Inferior. Idade
mente de arenitos, onde descontínuos níveis decimétricos de siluriana inferior é também admitida por Ghignone (1979)
siltitos brancos com tonalidades arroxeadas completam o qua- para os sedimentos Serra Grande/Tacaratu, aflorantes no Esta-
dro de uma unidade litologicamente monótona. Na parte infe- do da Bahia. Os sedimentos da Bacia do Araripe teriam sido
rior predominam arenitos feldspáticos, freqüentemente verda- depositados antes mesmo do ciclo glacial, possivelmente em
deiros arcósios. São brancos com tons róseos, têm granulo- condições climáticas quentes e secas, como sugere a presença
metria média a muito grossa, muitas vezes conglomerática, de palygorskita.
com grãos angulares a subangulares. Níveis de conglomerados Tais correlações e suposições ainda carecem de dados mais
ocorrem, sendo mais comuns na base onde incluem fragmentos conclusivos, de forma que litoestratigraficamente é recomendá-
líticos do embasamento e feldspatos bem preservados. Em vel a utilização de uma denominação oriunda da geografia
direção ao topo, os arenitos feldspáticos gradam para arenitos local, que não precise ser alterada quando diferentes correla-
quartzosos branco-acinzentados de granulometria média a ções são aventadas. Dentre as várias denominações que têm
grossa, com seixos de quartzo dispersos ou acompanhando os sido utilizadas, é sugerida a manutenção da denominação
planos de estratifícação, quando por vezes formam níveis Formação Cariri (Beurlen 1962), tendo em vista sua prioridade
delgados de conglomerados quartzosos. Característica diag- e utilização mais freqüente na literatura geológica.
nostica destes arenitos é a ocorrência disseminada de minerais
esverdeados, identificados por Feitosa (1987) como palygorski- ANÁLISE SEQÜENCIAL Sentidos de fluxo sedimentar,
ta (argilomineral flbroso). deduzidos a partir do mergulho das camadas frontais dos
As estratificações são geralmente cruzadas de médio porte, estratos cruzados, indicam paleocorrentes unimodais para nor-
tabulares planares e secundariamente acanaladas, em sets com te-noroeste, notavelmente constantes ao longo da bacia, evi-
espessuras decimétricas a métricas. São interpretadas como denciando que a geometria das áreas, onde os sedimentos es-
originadas em sistemas fluviais entrelaçados (braided), com tão preservados, não tem relação alguma com a geometria da
escassez acentuada da fração pelítica de planície de inundação. bacia deposicional.
Como os sedimentos são essencialmente siliciclásticos, até o A similaridade com as paleocorrentes do Grupo Serra Gran-
momento sem registro de fósseis, a tentativa de posicionamento de da Bacia do Parnaíba (Bigarella 1973) permite interpretar
cronoestratigráfico tem necessariamente que basear-se em tratos deposicionais contíguos, possivelmente com continui-
comparações com as bacias vizinhas. Admitindo-se a correla- dade física à época da sedimentação. Nesta linha de raciocínio,
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Figura 3 - Coluna estratigráfica da Bacia do Araripe (e = espessura em metros; C - concreções carbonáticas fossilíferas)
Figure 3 - Stratigraphic chart of Araripe Basin (e=thickness in meters; C=fossiliferous carbonate concretions)

os sedimentos preservados na Bacia do Araripe seriam testemu- ao Alagoas inferior, a julgar pela não constatação de taxa destes
nhos residuais da grande sinéclise do Pamaíba, que no Paleo- andares. Pela existência desta discordância, que é de caráter
zóico Inferior estendia-se muito além de seu atual limite orien- regional, os sedimentos aptianos do topo da Formação não
tal, corroborando a reconstrução paleogeológica aventada por pertencem à seqüência juro-neocomiana, constituindo uma
Ghignone (1972). unidade litoestratigráfica distinta.
A Formação Missão Velha teve assim que ser redefinida.
Seqüência Juro-Neocomiana Esta seqüência foi a Uma opção natural seria elevar o termo à categoria de grupo,
resposta sedimentar à subsidência mecânica, no interior da mas o mesmo é de tal forma associado na literatura geológica
Região Nordeste do Brasil, induzida pela transmissão no inte- com os arenitos portadores de madeira silicificada do Andar
rior da placa dos esforços decorrentes dos processos de riftea- Dom João (Brito 1987), que permaneceu restrito a eles (Ponte
mento do Gonduana. & Appi 1990, Assine 1990). Para a seção pelítica basal, a
Seus sedimentos afloram extensivamente na porção leste da denominação Formação Brejo Santo (conforme Gaspary &
bacia, ao longo do Vale do Cariri, numa sub-bacia estruturada Anjos 1964), emprestada da geografia local, é a mais apropria-
por falhas predominantemente distensionais, de direções nor- da. Para os sedimentos neocomianos foi proposta uma nova
deste e leste-oeste, que definem um arcabouço em horstes e unidade, batizada de Formação Abaiara (Ponte & Appi 1990,
grábens (Fig. 4). Também ocorrem na porção oeste da bacia, Assine 1990).
porém apenas em sub-superfície na sub-bacia de Serrolândia, Ponte & Appi (1990) propuseram também que se designasse
onde foi perfurado o poço 2-AP-l-CE. de Grupo Vale do Cariri ao conjunto destas três formações.
Os sedimentos em questão foram incluídos por Beurlen Todavia, como a denominação Cariri (conforme Beurlen 1962)
(1962) na Formação Missão Velha, que Braun (1966) cor- tem sido utilizada para designar os sedimentos paleozóicos, a
relacionou com o Grupo Brotas da Bacia do Recôncavo. Ghig- proposição introduz uma duplicidade de significados, sendo
none et al (1986) verificaram que a seção sedimentar da preferível uma outra denominação. Propõe-se, aqui, denominá-
Formação Missão Velha é muito mais espessa que os cerca de lo de Grupo Juazeiro do Norte, já que este município localiza-
300 m admitidos por estes autores, englobando também sedi- se na área em que a seqüência apresenta sua maior espessura.
mentos neocomianos. Não foram, entretanto, confirmadas as
presenças dos andares Buracica e Jiquiá, fato já destacado por FORMAÇÃO BREJO SANTO Constituindo a unidade ba-
Ponte & Appi (1990). sal da seqüência, é composta por folhelhos e argilitos verme-
Além disso, têm sido considerados como pertencentes à lhos, sílticos, calcíferos, localmente listrados ou manchados de
Formação Missão Velha, arenitos de idade aptíana superior verde claro, entre os quais ocorrem entremeadas camadas
(Moraes et al. 1976, Lima & Perinotto 1984), superpostos em decimétricas a métricas de arenitos finos a médios, e delgadas
discordância angular por sobre o restante da formação. Tal lâminas de calcário argiloso, rico em ostracodes, às vezes
discordância envolve uma lacuna no registro sedimentar cor- formando bancos decimétricos de puro ostracodito. Os próprios
respondente ao intervalo de tempo de no mínimo do Buracica pelitos são freqüentemente ricos em carapaças destes crus-
Figura 4 - Mapa geológico da Bacia do Ararípe. Na seção A-D pode ser observado o padrão estrutural em horstes e grábens das seqüências paleozóica e juro-neocomiana, e a
disposição suborizontal das seqüências aptiano-albiana e albiano-cenomaniana
Figure 4 - Geologic map of Araripe Basin. In the section A-D the horst and graben structural pattern affecting Paleozoic and Juro-Neocomian sequences may be observed, as well as the sub-horizontal display of Aptian-Albian and
Albian-Cenomanian sequences
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táceos, o que os toma comumente calcíferos, achando-se pre-


sentes formas típicas do Andar Dom João, como Bisulcocypris
pricei P & S e Darwinula oblonga ROEMER, anteriormen-
te constatadas por Braun (1966). Também comuns na associa-
ção são os restos de vertebrados, especialmente peixes, ainda
não estudados.
Tais sedimentos são litológica e cronoestratigraficamente
correlatos aos das Formações Aliança da Bacia do Recôncavo-
Tucano e Bananeiras da Bacia de Sergipe-Alagoas. Sua espes-
sura sedimentar total é da ordem de 450 m. Como não existem
exposições contínuas na área aflorante, a seção-tipo indicada é
a do intervalo 1.023 a 1.452 m do poço 2-AP-l-CE (Fig. 5).
O registro de formas exclusivamente não-marinhas indica
sedimentação continental, em depressões amplas e rasas, onde
se desenvolveram sistemas aluviais/lacustres caracterizados
por condições oxidantes, ambientes propícios à formação de
camadas vermelhas (red beds).
FORMAÇÃO MISSÃO VELHA A Formação Missão Velha
passa a comportar única e exclusivamente os arenitos com
troncos silicificados, imediatamente sobrejacentes aos folhe-
lhos da Formação Brejo Santo. O contato entre as duas unida-
des é concordante, materializado por uma passagem gradual de
fácies pelíticas avermelhadas para fácies psamíticas sobrepos-
tas, que apresentam pouca variação granulométrica na vertical.
Esta afirmação é exemplificada pelo padrão em caixa observa-
do no intervalo 837 a 1.023 m do 2-AP-l-CE (Fig. 5), a seção-
tipo da unidade. Sua espessura é de cerca de 200 m, sendo
constante ao longo da bacia.
Esta homogeneidade litológica é também observada na área
de afloramento ao longo do Vale do Cariri, onde a unidade é
caracterizada por arenitos quartzosos, ligeiramente feldspáticos
e/ou caolínicos, às vezes conglomeráticos, portadores de abun-
dantes troncos e fragmentos de madeira silicificada, atribuídos
à conífera Dadoxilon benderi, mas ainda não descritos (Brito
1987). Os arenitos apresentam-se em sets comumente decimé-
tricos, com estratificação cruzada predominantemente cunei-
forme planar ou acanalada. Aos arenitos intercalam-se níveis
descontínuos, decimétricos a métricos, de siltitos arroxeados.
O perfil estratigráfico vertical, mostrando granocrescência
ascendente gradual dos pelitos avermelhados da Formação
Brejo Santo para os arenitos da Formação Missão Velha,
permite interpretar um empilhamento sedimentar progradante,
onde lagos rasos e/ou planícies aluviais distais úmidas foram
colmatadas por sistemas fluviais, através de rios entrelaçados
de pequeno a médio porte, mas de alta energia a julgar pelas
litologias e dimensões dos sets.
Regionalmente, são os sedimentos em questão correlatos
aos das Formações Sergi da Bacia do Recôncavo-Tucano e
Serraria da Bacia de Sergipe-Alagoas.
FORMAÇÃO ABAIARA No empilhamento estratigráfico
vertical sobrepõe-se uma sucessão que apresenta maior varia-
ção faciológica lateral e vertical, distinguindo-se claramente
dos sedimentos sotopostos, o que permitiu que fosse carac-
terizada como uma nova unidade litoestratigráfica. Na área de
afloramento no Vale do Cariri, predominam, na base, folhelhos
sílticos e siltitos vermelhos e verdes-claros, com intercalações
lateralmente descontínuas de camadas decimétricas de arenitos
finos e lâminas de carbonates argilosos. Para o topo, interestra-
tificadas com folhelhos sílticos esverdeados, ocorrem lentes
métricas de arenitos quartzosos finos a muito grossos, com
níveis conglomeráticos, onde também se encontram fragmen-
tos de madeira silicificada.
Compõe o quadro final arenitos finos a médios, subarredon-
Figura 5 - Perfil estratigráfico vertical do poço 2-AP-1-CE dados, em sets decimétricos a métricos, com estratificação
(GDA = granodecrescência ascendente; GCA - granocres- cruzada tabular tangencial na base, sendo comuns estruturas
cência ascendente) convolutas formadas por deformação penecontemporânea.
Figure 5 - Vertical stratígraphic profile of the 2-AP-l-CE well (GDA = fining
Nestes arenitos, intercalam-se alguns poucos níveis decimé-
upward; GCA = coarsening upward) tricos a métricos de folhelhos papiráceos, freqüentemente fos-
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silíferos, com escamas de peixes, mas sobretudo portadores de cia mergulho deposicional para sul, integrando uma paleodre-
ostracodes, em geral muito recristalizados. nagem continental que fluía em direção à Bacia do Recôncavo-
A presença de ostracodes como Cypridea sellata VIANA e Tucano. Não existem dados que permitam concluir que consti-
Cypridea candeiensis KRO permitiu posicionar cronoestrati- tuíam tratos deposicionais contínuos, todavia, a extensão origi-
graficamente a unidade no Andar Rio da Serra (biozonas RT- nal da seqüência era muito maior do que as áreas onde hoje os
002 e RT-003 de Viana et al. 1971). A constatação de outras sedimentos estão preservados, havendo testemunhos residuais
espécies, como Cypridea vulgaris, é sugestiva de continuidade em pequenas bacias adjacentes à do Araripe, como as de Barro,
da sedimentação até o Andar Aratu. Cedro e Mirandiba.
Como seção-tipo da Formação Abaiara, propõe-se a que é Seus limites atuais são, na maioria das vezes, definidos por
observada na estrada de acesso a Abaiara, a partir da rodovia falhas. Não foram constatadas evidências de tectônica sinde-
que liga Juazeiro do Norte à rodovia BR-116 (Fig. 6). No poço posicional, tais como estruturas sindeformacionais ou fanglo-
2-AP-l-CE, a espessura da unidade é de apenas 115 m, sendo merados associados aos blocos baixos das falhas limítrofes. Por
os sedimentos caracterizados litologicamente por intercalações isso, a estruturação dos sedimentos desta seqüência, também
de folhelhos cinza-escuros e arenitos médios a grossos. Espes- observada na seqüência paleozóica, é interpretada como pro-
suras maiores são inferidas entre Crato e Juazeiro do Norte, a duto de eventos de tectônica deformadora, atuante no intervalo
partir de dados sísmicos. Neocomiano superior/Barremiano.
Seqüência Aptiano-Albiana Esta seqüência, consti-
tuída pelas Formações Barbalha e Santana, ocorre em quase
toda a extensão da Chapada do Araripe e, descontinuamente,
ao longo do Vale do Carüi Distingue-se estrutural e estratigra-
ficamente das duas seqüências sotopostas, sobre as quais assen-
ta-se em discordância angular. Na porção ocidental da bacia, é
comum repousar diretamente sobre o embasamento pré-cam-
briano/eopaleozóico.
FORMAÇÃO BARBALHA Unidade basal, é constituída
predominantemente de fácies arenosas com intercalações de
lamitos avermelhados e amarelados, e de níveis delgados de
conglomerados. Os arenitos são finos a médios, subarredon-
dados a subangulares, em geral bastante friáveis, argilosos e
micáceos, às vezes seixosos e/ou portadores de feldspatos
caulinizados e bolas de argila. A estratificacão é cruzada, de
médio a pequeno porte, tabular planar ou tangencial na base,
comparecendo também feições sigmoidais.
Tais sedimentos apresentam-se em ciclos com granodecres-
cência ascendente que culminam em intervalos pelíticos, cuja
assinatura em perfil raios-gama pode ser observada no inter-
valo 480 a 722 m do poço 2-AP-l-CE (Fig. 5). São interpre-
tados como fluvio-lacustres, não só pelas litologias e estruturas
sedimentares, mas pela presença de fósseis continentais.
Nos afloramentos situados no sopé das escarpas da chapada,
voltadas para o Vale do Cariri, verifica-se quase que invariavel-
mente que um dos ciclos se encerra com um intervalo de
Figura 6 - Seção-tipo da Formação Abaiara; estrada de folhelhos pirobeturninosos pretos, ricos em laminações carbo-
acesso a Abaiara, a partir da rodovia que liga Juazeiro do náticas algálicas, coprólitos, ostracodes, restos de peixes (Das-
Norte à rodovia BR-116 tilbe elongatus) e fragmentos vegetais carbonizados. Sua idade
Figure 6 - Type-section of Abaiara Formation; access road to Abaiara, starting
é aptiana superior, obtida a partir da análise de palinomorfos
from the main road connecting Juazeiro do Norte to BR-116 highway
(Farina 1974, Lima & Perinotto 1984, Hashimoto et al. 1987).
Este intervalo, em meio ao qual se encontra uma cama-
da decimétrica de calcário com aspecto brechóide e minera-
Os sedimentos da Formação Abaiara são também de origem lizada em sulfetos, foi denominado "seqüência plumbífera-
continental, patenteando no andar Rio da Serra a permanência do Araripe", por Farina (1974) e "camadas Batateira" por
dos mesmos tratos deposicionais do Andar Dom João. Os Hashimoto et al. (1987).
folhelhos e siltitos de tonalidades avermelhadas presentes na As "camadas Batateira" representam o final de um evento
base do Andar Rio da Serra são interpretados como produto de de redução paulatina da energia do ambiente fluvial, constituin-
sistemas lacustres rasos/planícies aluviais, em direção ao topo do o primeiro registro de um amplo sistema lacustre na se-
sendo sucedidos por arenitos fluviais. Os folhelhos esverdeados qüência. Inicialmente restrito e caracterizado por águas rasas e
e os biosparitos (ostracodes), entremeados aos arenitos, são o pouco oxigenadas (Eh redutor), constituiu o ambiente propício
registro de lagos efêmeros adjacentes aos canais, originados à fixação de íons metálicos (Pb, Zn e Cu) sob a forma de
nas várzeas como conseqüência de inundações. Constituíam sulfetos, cuja precipitação foi favorecida pela alta porosidade
subambientes de baixa energia, onde os ostracodes se desen- das brechas carbonáticas.
volveram abundantemente. Os sedimentos em questão faziam parte do topo da Forma-
ção Missão Velha de Beurlen (1962). Como discutido anterior-
ANÁLISE SEQÜENCIAL A seqüência juro-neocomiana mente, devido existência de uma discordância de caráter regio-
patenteia sedimentação essencialmente continental, com recor- nal no seio daquela unidade, ficou caracterizada a existência de
rências de sistemas fluviais e lacustres de pequena profun- uma nova unidade. Já que a denominação Batateira, utilizada
didade. A polaridade sedimentar, deduzida a partir das fácies por Ponte & Appi (1990), havia sido anteriormente utilizada
fluviais, permaneceu aproximadamente constante, tendo a ba- por Hashimoto et al. (1987) para destacar o intervalo de
folhelhos pirobetuminosos e brechas carbonáticas, um marco
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estratigráfico de importância regional, é proposta a utilização conchostráceos, fragmentos vegetais lenhosos carbonizados,
da denominação Formação Barbalha (Assine 1990) para a além de pequenos peixes (Dastilbe elongatus) e insetos (Ma-
unidade, cuja seção-tipo (Rg. 7) pode ser observada no Rio besoone & Tinoco 1973, Martins 1990).
Batateiras, entre a cidade de Grato (CE) e as escarpas da Esta seção pelítico-carbonática, que caracteriza a parte infe-
Chapada do Araripe. rior da Formação Santana e que tem sido referida como
Membro Cratp (Beurlen 1962), atesta a ampliação dos sistemas
lacustres, indicando condições de baixa energia no ambiente
deposicional, com influxo terrígeno e turvação da água paulati-
namente decrescentes, sendo comum nos carbonates a presença
de filamentos algálicos.
Por sobre os calcários laminados, em associação com folhe-
lhos verdes e/ou pretos (pirobetuminosos), acham-se presentes
evaporitos. Estes apresentam pouca variabilidade química,
restringindo-se a sulfates de cálcio, principalmente sob a forma
de gipsita laminada primária com cristais colunares dispostos
em paliçadas (palisades). Esta laminação, interna às camadas
de gipsita, apresenta-se muitas vezes dobrada irregularmente,
formando feições semelhantes a domos. Petrograficamente, os
evaporitos foram analisados em detalhe por Silva (1983,1988),
que descreveu também ocorrências de pseudomorfos de gipsita
lenticular, anidrita laminada e nodular. Gipsita secundária é
representada pelas variedades alabastro, porfiroblástica (rose-
tas de gipsita incolor) e nodular. Variedades fibrosas constituem
a última geração, sendo produto de recristalização a partir
de soluções ricas em sulfato de cálcio, mobilizadas nos pro-
cessos de diagênese.
Com espessura máxima da ordem de 30 metros, as camadas
de gipsita são lenticulares e lateralmente contíguas a folhelhos
cinza-esverdeados, carbonates ou mesmo arenitos. Embora
bastante comuns na área de Santana do Cariri (CE), con-
centram-se sobretudo na porção oeste da bacia, de Ipubi a
Araripina (PE). Na região nordeste da Chapada, adjacente ao
Vale do Cariri, as lentes são ocasionais, correspondendo em
tempo a uma seção de folhelhos verdes com delgadas camadas
de arenitos finos e calcários laminados, onde Silva (1986a)
descreveu níveis de caliche.
A descontinuidade das camadas (lentes), a presença tão
somente de sulfates, a existência de folhelhos entremeados
portadores de conchostráceos, e a presença marcante de folhe-
lhos pirobetuminosos pretos ricos em ostrácodes não-marinhos
e fragmentos vegetais carbonizados, evidenciam anão existên-
Figura 7 - Seção-tipo da Formação Barbalha; Rio Batateiras, cia de uma bacia evaporítica marinha ampla e contínua. Tam-
oeste de Cràto (GDA = granodecrescência ascendente) pouco a bacia era exclusivamente continental, pois a associação
Figure 7 - Type-section of Barbalha Formation; Batateiras River, west Crato paleontológica inclui também formas marinhas nos estratos
(GDA = fining upward) associados (Lima 1978a).
Os evaporitos são interpretados como originados em am-
bientes costeiros (supramaré), sujeitos a variações relativas do
A não-caracterização anterior da discordância como tal é nível do mar, em condições de clima árido a semi-árido. As
conseqüência da similaridade litológica das litologias superpos- características mineralógicas, dimensões, natureza e geometria
tas. Entretanto, ainda que macroscopicamente semelhantes aos dos jazimentos indicam sistemas deposicionais similares aos
arenitos das formações Missão Velha e Abalara, a existência de das modernas salinas do sul da Austrália. Estas constituem
intercalações de folhelhos cinza-escuros a pretos e o caráter ambientes costeiros subaquosos, sem conexão com o mar, com
mais friável dos arenitos da Formação Barbalha, são critérios dimensões individuais da ordem de dezenas a centenas de
que permitem distinguir estes sedimentos daqueles. Critérios quilômetros quadrados, preenchidas por gipsita laminada com
estruturais constituem elementos adicionais na identificação da espessuras que ultrapassam uma dezena de metros (Warren &
Formação Barbalha, que pode ser reconhecida dentro do pró- Kendall 1985).
prio Vale do Cariri, onde ocorre sob a forma de tabuleiros A interação de processos subaquosos e subaéreos conduziu à
suborizontalizados recobrindo sedimentos juro-neocomianos, grande complexidade faciológica deste intervalo, caracterizado
estes na maioria das vezes também arenosos, mas freqüen- pela interdigitação de sedimentos portadores de fósseis de
temente estruturados tectonicamente em blocos basculados. origem continental e marinha (Lima 1978a). As variações
faciológicas, tanto de litofácies quanto de biofácies, podem ser
FORMAÇÃO SANTANA Culminando o último ciclo gra- observadas claramente nas diferentes minas de gipsita exis-
nodecrescente da Formação Barbalha, numa passagem gra- tentes na região. Próximo à Santana do Cariri (CE), por
dual, tem-se uma seção de folhelhos papiráceos calcíferos, exemplo, em duas minas não mais distantes que 500 m uma da
interestratificados com calcários micríticos laminados, forman- outra, encontram-se desde folhelhos pirobetuminosos pretos,
do extensos bancos com espessuras de até mais de duas dezenas portadores de peixes fósseis e outros produtos de derivação
de metros. Folhelhos pirobetuminosos com teores de até 25% orgânica descritos por Viana et al. (1989), e calcários lami-
de carbono orgânico total, e freqüentemente calcíferos devido a nados com madeiras carbonizadas, até arenitos lenticulares.
abundância de carapaças de ostrácodes, continuam presentes. Assentando-se diretamente sobre as camadas de gipsita, tais
O registro fossilífero é abundante, sendo também encontrados arenitos são conglomeráticos na base, apresentando nítido
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padrão de afinamento textural para o topo. São fácies de canais tural para o topo a partir dos arenitos continentais da base da
fluviais, indicativas de fluxos torrenciais episódicos em meio seqüência (Formação Barbalha), que, paulatinamente, apresen-
ao ambiente de aridez em que a precipitação dos evaporitos tam mais e mais intercalações de pelitos. A argilosidade conti-
tinha lugar. Acham-se presentes, também, lamitos verdes calcí- nua aumentando até uma superfície de máxima inundação
feros que apresentam fósseis não marinhos, como ostracodes de marinha (maximum marine-flooding surface), situada na pro-
água doce (Berthou et al. 1988). fundidade de 400 m do 2-AP-l-CE (Fig. 5). Tal superfície
Na parte oeste da bacia é comum a presença de folhelhos corresponde à máxima transgressão, momento em que o mar
calcíferos esverdeados ou avermelhados. Na mina de Lagoa de mais avançou continente adentro, atingindo áreas até então não
Dentro, em Araripina (PE), acima dos evaporitos, há uma abrangidas pela bacia, ocorrendo deposição de folhelhos direta-
sucessão de folhelhos, arenitos e carbonates com estruturas mente sobre o embasamento na porção oeste da bacia. A
sedimentares indicativas de retrabalhamento por ondas. superfície de máxima transgressão está situada aproxima-
Alguns metros acima do topo dos evaporitos ocorre o prin- damente ao nível dos folhelhos esverdeados portadores de
cipal jazigo paleontologia) do Araripe, constituído por abun- concreções carbonáticas fossilíferas, que registram eventos de
dantes concreções carbonáticas, freqüentemente fossilíferas, mortandade em massa.
que ocorrem em meio à fácies de folhelhos calcíferos esver- Em direção ao topo, a partir desse ponto, voltam a predo-
deados, ricos em ostracodes. Grande parte destas concreções minar condições continentais, dedutíveis pelo padrão de engro-
encerra peixes em seu interior, num total de 18 espécies, ssamento textural ascendente e pela presença de fósseis não-
compondo uma paleoictiofauna considerada marinha (Silva marinhos. Este padrão vertical, observado tanto em superfície
Santos & Valença 1968). Também são encontrados, entre quanto em subsuperfície, corresponde aproximadamente à evo-
outros vertebrados, dinossauros (Leonardi & Borgomanero lução paleoambiental anteriormente relatada por Beurlen
1981), tartarugas marinhas (Price 1973) e pterossauros (Price (1971) e Lima (1978a,c).
1971, Campos & Kellner 1985). A análise faciológica e seqüencial da Formação Santana
Petrograficamente, as concreções são constituídas por cal- indica, sob a ótica da ordem de grandeza da seqüência conside-
cário micrítico argiloso, finamente laminado, concordante com rada, que a sedimentação foi contínua, sem hiatos deposicionais
o acamamento dos folhelhos verdes nos quais estão alojadas, de grande expressão. As feições paleocársticas no topo dos
sendo marcante a presença de ostracodes articulados, cons- evaporitos e níveis de caliche descritos por Silva (1986a), não
tituindo comumente biomicritos cimentados por calcita espá- implicam necessariamente em discordância, podendo ser uma
tica. Segundo Martill (1988), as características da preservação simples feição resultante de exposições subaéreas com retra-
dos peixes nas concreções (pequenas escamas e barbatanas balhamento. Segundo Warren (1982), as modernas salinas
articuladas) indicam águas muito calmas, estando a causa da australianas, tornadas como modelo deposicional, são expostas
mortandade em massa destes organismos nectônicos associada subaereamente com muita freqüência, sendo comum a comple-
a uma mudança catastrófica da química (flutuação da salini- ta evaporação das águas nos verões.
dade) ou da temperatura nas águas superficiais. Sustenta esta interpretação o fato de não existirem evi-
A presença de moluscos tidos como marinhos (Beurlen dências palontológicas significativas de discordância, como
1963), dinoflagelados e foraminíferos (Lima 1978a, Arai & pode ser verificado pelos dados palinológicos apresentados por
Coimbra 1990), e principalmente equinóides (Beurlen 1966) Lima (1978a). Descontinuidades menores são comuns no re-
confirmam inquestionável ingressão marinha na área. A re- gistro sedimentar, e muitas outras existem dentro da própria
construção paleogeográfica à época desta ingressão ainda está Formação Santana. Diversas parasseqüências podem ser iden-
por ser feita, requerendo estudos estratigráficos e paleoeco- tificadas dentro da unidade, conseqüências de variações me-
lógicos detalhados. Uma interessante tentativa é a de Santos nores no nível relativo do mar ou de flutuação no afluxo
(1982), que atribuiu as variações lito e biofaciológicas à dinâ- sedimentar, mas uma análise seqüencial refinada ainda está
mica de planícies de maré carbonáticas. por ser feita. Estas flutuações são as responsáveis pela inter-
Para o topo, interdigitados aos sedimentos pelítico-carboná- digitação de fácies marinhas e não-marinhas (Lima 1978a),
ticos portadores de fósseis marinhos, paulatinamente voltam a comum em ambientes costeiros como os da Formação Santana,
ocorrer siltitos e arenitos com fósseis de água doce, como onde os efeitos da variação das marés eram sobremaneira
conchostráceos e moluscos (Beurlen 1971). acentuados (Santos 1982).
Geocronologicamente, a Formação Santana é posicionada Com base nestas considerações, não foi adotada a subdivisão
no Aptiano Superior/Albiano Inferior. Há, entretanto, divergên- de Silva (1986a,b), que subtraiu da Formação Santana sua
cias quanto à cronoestratigrafia. Com base em palinomorfos, metade inferior, sob a denominação Formação Araripina. Além
Regali (1989) considera os evaporitos de idade aptiana supe- disso, a denominação Formação Santana para todo o pacote
rior, enquanto Lima (1978a) atribui idade albiana inferior para está consagrada na literatura geológica internacional, e a sua
toda a formação. manutenção com esse significado é desejável.
A subdivisão interna da Formação Santana em membros A seqüência compreende, portanto, um ciclo transgressivo-
Crato, Ipubi e Romualdo (Beurlen 1971), não é inteiramente regressivo quase completo, com ingressão marinha de curta
factível, fato já destacado por Lima (1979), pois foi baseada em duração, cujo sentido é matéria de muitas controvérsias. A
critérios ambientais (bioestratigráficos ou paleoecológicos), e sedimentação original era muito mais extensa, sendo testemu-
não em bases litoestratigráficas. À exceção do Membro Crato, nho mais notável deste fato, a existência de sedimentos correla-
os membros superiores (Ipubi e Romualdo) constituem, mais tes na Serra Negra, Bacia de Tucano-Jatobá, alçados a cotas
apropriadamente, associações de biofácies, freqüentemente re- altimétricas similares às da Chapada do Araripe.
correntes no empilhamento sedimentar. Além disso, é comum Paleocorrentes fluviais medidas na Formação Barbalha, uni-
a utilização dos termos em desacordo com a proposta original dade basal e correlata à Formação Matizai da Bacia do Re-
de Beurlen (1971), tanto que Mabesoone & Tinoco (1973) côncavo-Tucano, revelaram paleofluxo para sudeste. Isto indica
colocam o nível de folhelhos com concreções carbonáticas que os eventos tectônicos do final do Cretáceo inferior não
fossilíferas dentro do Membro Romualdo, quando pela defini- alteraram significativamente a paleodrenagem continental da
ção pertenceriam ao Membro Ipubi. época, que, da região da Bacia do Araripe, fluía em direção à
Bacia do Recôncavo-Tucano e, possivelmente, Sergipe-Alagoas.
ANÁLISE SEQÜENCIAL Pela sucessão vertical de fácies
descrita, cujo formato em perfis pode ser visualizado nos Seqüência Alblano-Cenomaniana Os sedimentos
registros do poço 2-AP-l-CE (Fig. 5), verifica-se que o empi- desta seqüência pertencem a uma única unidade litoestratigrá-
lhamento estratigráfico mostra um marcante afinamento tex- fica, denominada Formação Exu (Beurlen 1962). Seu contato
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com a seqüência aptiano-albiana é de difícil observação no distributaries, que progressivamente se dissipariam nas por-
campo, conseqüência da presença constante de depósitos de ções distais, conseqüência de diminuição da declividade.
tálus nas escarpas da Chapada do Ararípe. Duas evidências,
entretanto, sustentam a interpretação de um contato discordante FORMAÇÃO EXU SUPERIOR Sobreposta às fácies hete-
entre as mesmas, ainda que de curta dura-ção. No registro rolíticas do membro inferior, a associação de fácies psamíticas
paleontológico, Lima (1978b) constatou falta de seção cor- da Formação Exu superior registra o recobrimento das planí-
respondente à parte do Albiano Inferior a médio, entre a cies aluviais argilosas, freqüentemente úmidas, por sedimentos
Formação Santana e o membro inferior da Formação Exu. tipicamente fluviais. Apresentando-se em ciclos com granode-
Estruturalmente, os sedimentos da Formação Santana apre- crescência ascendente, dados por níveis seixosos na base se-
sentam-se tectonicamente movimentados, embora localmente, guidos de arenitos grossos com estratifícação cruzada tabular a
como nas minas de Lagoa de Dentro e Rancharia, a sul de acanalada e dispostos em sets decimétricos a métricos, em meio
Araripina (PE), onde toda a formação apresenta-se basculada, aos quais ocorrem fácies lamíticas de planície de inundação, os
assim como o próprio embasamento, evidenciando uma tec- sedimentos em questão são interpretados como produtos de rios
tônica deformadora pós-sedimentar. De baixa intensidade, o meandrantes. No entanto, a pobreza em fácies de planície de
evento, que prolongou-se até a época de deposição dos sedi- inundação não coaduna com o modelo meandrante pelítico
mentos basais da Formação Exu, caracterizou-se pela reati- comumente descrito na literatura geológica. Enquadra-se me-
vação de linhas de fraqueza do embasamento pré-cambriano/ lhor no modelo meandrante psamítico apresentado por Fisher
eopaleozóico, sobretudo na porção oeste da bacia, onde se dá a & Brown (1972).
terminação do lineamento de Patos, com deflexão das estru- Na porção leste da bacia, as características litológicas e
turas para sudoeste. texturais dos arenitos, que apresentam, em geral, granulometria
De natureza essencialmente terrígena, a seqüência é pratica- média a grossa, muitas vezes conglomerática, e estratificações
mente afossilífera. Lima (1978a,b) é o único a datá-la (Albiano cruzadas tubulares e acanaladas, são compatíveis com o modelo
Médio) com base em palinomorfos, encontrados em sua porção fluvial entrelaçado.
basal. A idade obtida representa, entretanto, apenas o início da
sedimentação, não sendo disponíveis, até o presente, dados que ANÁLISE SEQÜENCIAL Na seqüência, o perfil vertical
permitam definir a idade dos estratos superiores. A julgar pelos denota granocrescência ascendente, refletindo o aumento da
sedimentos cronocorrelatos das bacias adjacentes, como os das energia de transporte, fenômeno que se repete também na
Formações Açu (Bacia Potiguar) e Itapecuru (Bacia do Parnaí- horizontal, com aumento da granulometria na direção leste,
ba), a sedimentação prolongou-se até o Cenomaniano. onde não mais estão presentes as fácies heterolíticas, numa
Mabesoone & Tinoco (1973) constataram que a Formação variação faciológica regional indicativa de área-fonte situada
Exu, na porção oeste da bacia, compõem-se de dois membros para além dos limites orientais da bacia. Corrobora esta inter-
com características litológicas diferentes, denominando-os in- pretação o padrão geral de paleocorrentes para oeste-sudoeste,
formalmente de membros inferior e superior. O contato entre deduzido a partir de medidas das camadas frontais dos arenitos
eles é marcado por brusca mudança litológica e, pelo menos do membro superior.
localmente, descontinuidades de natureza erosiva. A existência de contatos erosivos entre as duas unidades, sob
a forma de grandes canais, não necessariamente corresponde a
FORMAÇÃO EXU INFERIOR Restrita à porção oeste da hiato de tempo significativo que caracterize uma discordância
bacia, constitui-se de uma associação de fácies heterolíticas, bacinal. Tais feições podem ser resultado, não só de entalhe
caracterizada por grande diversidade de litótipos, recorrentes e provocado por mudanças no nível de base da drenagem fluvial
geneticamente relacionados. Ritmitos argilo-siltosos de colora- (processos alocíclicos), mas da migração lateral dos próprios
ções avermelhadas, arroxeadas e amareladas, com laminaçãp canais fluviais (processos autocíclicos), no processo de assorea-
plano-paralela, constituem a principal fácies presente. Disponi- mento fluvial das depressões onde ocorria a deposição das
bilidade de fração areia muito fina resulta em acamamento fácies heterolíticas.
lenticular (linsen) e ondulado (wavy), ou mesmo constitui níveis Enquanto a seqüência aptiano-albiana materializa um ciclo
de arenitos argilosos finos a muito finos, que se apresentam transgressivo-regressivo, reflexo de eventos eustáticos globais
em camadas centimétricas a decimétricas, com laminação de elevação do nível do mar no Cretáceo, os sedimentos flu-
cruzada cavalgante (climbing ripple cross-lamination). Quan- viais desta seqüência, depositados ainda em condições eus-
do sobrepõem litologias argilosas, geram estruturas de so- táticas positivas, evidenciam um soerguimento epirogênico
brecarga como pseudonódulos e almofadas e estruturas em da região já a partir do Albiano Médio/Superior. Isto causou
chama. Aos ritmitos associam-se, também, arenitos em que um rearranjo da paleodrenagem continental, que então passou
predominam as frações areia fina a média, dispostos em corpos a fluir para oeste, em direção à Bacia do Pamaíba, integrando
de geometria lenticular, com espessuras variando de alguns tratos deposicionais contíguos aos da Formação Itapecuru
centímetros a alguns metros. daquela bacia.
Uma característica marcante é a presença freqüente de trun-
camentos na estratifícação, constituindo diastemas angulares CONCLUSÕES O registro sedimentar da Bacia do Ara-
internos à unidade. São interpretados como gerados durante a ripe é caracterizado por quatro seqüências estratigráficas limi-
sedimentação, produto de tectônica sindeposicional. Em alguns tadas por discordâncias. As quatro seqüências denotam emba-
intervalos, os ritmitos podem apresentar-se com dobramentos ciamentos distintos, dos quais somente uma fração da cobertura
convolutos, por deformação penecontemporânea. Em outros, original está presente, não havendo porções marginais e depo-
apresentam-se rompidos formando brechas intraformacionais, centros definidos. Este registro fragmentário, no espaço e no
com contatos erosivos por sobre as litologias subjacentes. tempo, dificulta a compreensão da evolução geológica da bacia,
Os sedimentos da associação heterolítica são interpretados que no Fanerozóico integrou contextos geotectônicos e paleo-
como depositados em planícies distais de leques aluviais, geográficos diversos.
onde a área efetiva de sedimentação permaneceu freqüen- A seqüência paleozóica (Formação Cariri) constitui-se qua-
temente saturada de água, de forma que feições de exposição, se que exclusivamente de arenitos. Por serem afossilíferos,
tais como gretas de ressecação, não são comuns. Os ritmitos muitas são as dúvidas quanto à sua cronoestratigrafia. Tenta-
são interpretados como produto de fluxo laminar não confi- tivamente, foi atribuída uma idade siluro-ordoviciana, por
nado (sheetflood), com transporte predominantemente por correlação com os sedimentos da base do Grupo Serra Grande
suspensão nos períodos de aumento da descarga fluvial. da Bacia do Pamaíba, com os quais possivelmente tinham
Os arenitos lenticulares representariam fácies de canais continuidade física à época da sedimentação.
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A seqüência juro-neocomiana é constituída pelas Formações O brusco retomo às condições continentais reinantes dur-
Brejo Santo, Missão Velha e Abaiara. Para o conjunto das três, ante a sedimentação da seqüência albiano-cenomaniana, depo-
é proposta a denominação Grupo Juazeiro do Norte. Tais sitada ainda em condições eustáticas globais positivas,
unidades são a resposta sedimentar à subsidência mecânica evidência um soerguimentp epirogênico diferenciado da Re-
localizada, decorrente dos processos de rifteamento do Gon- gião Nordeste do Brasil, já a partir do Albiano Médio/Su-
duana. De natureza rúptil, a principal fase tectônica ocorreu do perior. Um basculamento para oeste, onde se situam as porções
Neocomiano Superior ao Barremiano, atuando principamente distais das planícies fluviais da Formação Exu, foi inferido a
como evento deformador, responsável pela disposição dos sedi- partir da distribuição espacial das fácies sedimentares e padrão
mentos juro-neocomianos em horstes e grábens. Este estilo geral de paleocorrentes.
tafrogênico, que envolveu também os sedimentos paleozóicos
subjacentes, foi responsável pela compartimentação em duas Agradecimentos O autor externa seus agradecimentos
sub-bacias: Cariri e Serrolândia. aos professores Dr. Ercílio Gama, pela orientação duran-te
A seqüência aptiano-albiana assenta-se sobre as duas infe- a realização do mestrado, Dr. Chang Hung Kiang, pelo apoio
riores em discordância angular. Iniciando-se com os arenitos em diferentes etapas do trabalho, e Dr. Setembri-
fluviais da Formação Barbalha, aos quais se sobrepõe a seção no Petri, pela leitura crítica do texto e sugestões apresentadas;
pelítico-evaporítico-carbonática da Formação Santana, cons- à estudante Maria Cristina de Souza (bolsista PET/CAPES)
titui um ciclo transgressi vo-regressi vo quase completo. A trans- pela edição do texto; ao desenhista Òto Laurentinon Rosa,
gressão marinha foi de curta duração e conseqüência dos pelas ilustrações; ao colega João Carlos ^Coimbra pelas
eventos eustáticos globais de elevação do nível do mar no análises paleontológicas e à PETROBRÁS pelo apoio
Cretáceo, cujo máximo somente foi atingido no Turoniano. financeiro.

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Revisão do autor em 19 de agosto 1992
Revisão aceita em 20 de agosto 1992

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