ArteIndigenaPE_WEB (4)
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PROFESSORAS
E LIDERANÇAS
INDÍGENAS
ARTE
indígena
de pernambuco:
DA NATUREZA SAGRADA ÀS PEÇAS
DA NOSSA CULTURA MATERIAL
PROFESSORES,
PROFESSORAS
E LIDERANÇAS
INDÍGENAS
ARTE
indígena
em pernambuco:
DA NATUREZA SAGRADA ÀS PEÇAS
DA NOSSA CULTURA MATERIAL
sumário
ISBN 978-65-89234-42-5
13/05/2024 10:23
4 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO
APRESENTAÇÃO
A arte
indígena em
Pernambuco
A arte é uma das formas de expressão da nossa
ciência! Ela carrega os conhecimentos tradicionais,
que são passados de uma geração para a outra, e os
ensinamentos do nosso universo sagrado.
6 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 7
A
nossa arte é uma forma de expressar nossa visão de mundo! Uma
forma de demonstrar sentimentos, pensamentos e conhecimen-
tos. É um modo de fazer e apresentar a nossa cultura. Ela fortale-
ce a nossa identidade no presente e nos afirma como povo.
Nossa arte traz as marcas dos nossos antepassados; da resistência dos
nossos povos ao processo colonial; e da influência das diversas culturas
que foram se estabelecendo em nossos territórios e seus arredores ao lon-
go desses mais de 500 anos, tal como a população negra e camponesa.
A nossa arte é muito bonita e está presente em vários momentos da
nossa vida. São vários os lugares ocupados pela arte indígena nos nos-
sos povos. No cotidiano e em momentos de festas e rituais. Nos objetos
que portamos e em cada um desses momentos. Dentro de casa são pa-
nelas e pratos de barro, esteiras, abanos, cestos. É também um colar, um
brinco ou uma pulseira que usamos para afirmar nossa identidade, ou
que comercializamos como uma fonte de renda. Nas festas e cerimônias
rituais ela é a música, é canto e som, é toré, coco e é cafurna. É também
instrumento musical, é maracá, apito, membi. Ela é a batida dos pés.
São os ornamentos que usamos no corpo para o ritual sagrado.
Ela está presente no nosso dia a dia e nos momentos de celebração,
de luta e de religião. Ela é vida! Ela é viva!
As obras de arte que fazemos tem muitos significados técnicos, es-
téticos, simbólicos, morais, pois são formas materiais que expressam
o que sentimos e vivemos no mundo. Nossa arte é nossa história. Nos
aponta um caminho para o amanhã nos ligando com o passado.
CAPÍTULO 1
Escola
indígena:
um lugar de arte,
criatividade
e fortalecimento
das nossas tradições
Este livro é fruto de longos e vários anos de debate do
movimento de Educação Escolar Indígena no estado
de Pernambuco. Quando nos perguntamos sobre
qual educação escolar queremos para as crianças,
adolescentes, jovens e adultos dos nossos povos.
10 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 11
O
direito a uma escola própria, específica, diferenciada e intercul- tituem, em inúmeros casos, os principais meios de expressão e comunica-
tural é uma conquista do movimento indígena, desde a Cons- ção de idéias e conhecimentos.”3
tituição Federal de 1988. O Conselho Nacional de Educação
(CNE) evidencia isso quando afirma que um dos objetivos da Educação Também fomos ouvir as pessoas mais velhas das nossas comuni-
Escolar Indígena é “proporcionar aos indígenas, suas comunidades e dades. As palavras delas nos fizeram entender que a arte indígena é
povos a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas um elemento importante de nossa identidade. Portanto, a escola, que
identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências”1. tem como função social valorizar os conhecimentos de nossos povos
Estamos de acordo com a Resolução nº 5 que afirma: e fortalecer nossas identidades, precisa incluir as artes indígenas como
componente curricular obrigatório e lutar para que seja reconhecido
“Os currículos devem ser ancorados em materiais didáticos específicos, pelo Estado. A arte é tão importante quanto os demais componentes
escritos na língua portuguesa, nas línguas indígenas e bilíngues, que refli- curriculares lecionados. Nos encontros definimos o conteúdo, o tempo,
tam a perspectiva intercultural da educação diferenciada, elaborados pe- o espaço, os procedimentos e quem deveria passar estes conhecimentos
los professores indígenas e seus estudantes e publicados pelos respectivos para crianças e jovens nas nossas escolas.
sistemas de ensino.”2 A grande maioria das pessoas que lecionam a disciplina de arte
indígena detém os conhecimentos tradicionais, sem necessariamen-
Começamos a discutir o papel da arte nas nossas escolas na metade te possuir uma formação escolarizada, porque a sabedoria do artista
dos anos 2000, poucos anos depois da criação da Comissão de Profes- vem da Natureza Sagrada. Desse modo, os/as artistas ou professores/
sores/as Indígenas de Pernambuco - COPIPE (1999) e, portanto, com o as de arte indígena precisam ser valorizados como pessoas que detém
movimento de Educação Escolar Indígena estava fortalecido e atuante. os saberes tradicionais.
O entendimento dos/as professores/as e lideranças de que a arte Como afirma o Documento final da I Conferência Nacional de
desenvolvida nas aldeias deveria ser ensinada nas escolas, nos fez de- Educação Escolar Indígenas:
senvolver uma série de reuniões e encontros com artistas de cada povo
para discutir como transformar esses conhecimentos que circulavam “A participação dos sábios indígenas nas escolas, independente de escola-
na comunidade em assunto de sala de aula. ridade, deve ser reconhecida como professor por notório saber para for-
Nesse processo estudamos o Referencial Curricular da Escolas In- talecer valores e conhecimentos imemoriais e tradicionais, conforme as
dígenas (RCNEI) que diz: propostas curriculares das escolas, garantindo recursos necessários para
sua atuação docente, quando for solicitada.”4
“A arte está estreitamente ligada à vida de todos os povos, especialmente
CAPÍTULO 2
um olhar
para nossa
arte material
Essa publicação que chega agora para vocês foi
elaborada por nós, educadoras e educadores de arte
indígena, realizada junto com nossas lideranças,
anciãos/as, artistas e uma equipe parceira. Ela é
resultado de anos de reflexão e uma ampla pesquisa
que contou com encontros e oficinas para sistematizar
os conhecimentos dos povos indígenas em Pernambuco
e nossas diversas formas de arte.
16 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO
V
ocês vão encontrar aqui muitas reflexões das nossas comunida-
des sobre aspectos territoriais, históricos, culturais e artísticos
que constituem os nossos povos. Este livro é, portanto, a sistema-
tização desse processo. Os textos que o compõem são de autoria cole-
tiva, alguns deles escritos ao longo dos anos em nossas comunidades e
outros durante as oficinas do projeto “Arte Indígena em Pernambuco”,
incentivado pelo Funcultura, que subsidiou a organização deste livro.
O livro vem composto de textos que sintetizam as nossas concep-
ções em torno do tema, trechos com reflexões por povo e também fotos
dos objetos que buscam aproximar você que está lendo de tudo que
estamos contando.
Apenas um livro é muito pouco para caber toda nossa arte e co-
nhecimentos. Aqui apresentamos apenas um recorte: nossa arte ma-
terial. Nessa perspectiva, esperamos que ele seja o pontapé inicial,
um incentivo para a troca de saberes entre os povos indígenas de nos-
so estado. Desejamos que ele nos encoraje para produção de novos
materiais sobre as demais formas de arte e que outras obras possam
também mostrar o movimento e a criatividade que nossos/as artistas
guardam para o futuro.
Nosso interesse é que ele seja utilizado nas salas de aula das escolas
indígenas em nossos povos, mas que ele também possa sair das aldeias e
alcançar o mundo que nos rodeia, criando mais uma ponte entre os ter-
ritórios ancestrais e o mundo lá fora. Uma fonte de conhecimento para
que Pernambuco e o Brasil (re)conheçam a diversidade que compõem
a sua população.
18 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO
CAPÍTULO 3
A história
dos nossos
territórios
Nossa arte tem um vínculo direto com nossos
territórios, nossa história e nossa forma de ser no
mundo. Ela conta, de uma certa maneira, uma
história. A história dos conhecimentos dos nossos
antepassados de transformar o que era encontrado
nas caatingas, nas matas úmidas e nos rios em objetos
para o uso cotidiano, festivo e sagrado.
20 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 21
U
ma ciência que trabalha com matérias-primas que vêm da ter-
A produção das Artes Pankará é influenciada
ra, das plantas e dos animais da Caatinga, que é o bioma onde
estão nossos territórios e do qual somos parte. Como estamos
pela especificidade geográfica do território,
em territórios que têm condições ambientais semelhantes, muitas ve- que varia de acordo com as atividades
zes usamos os mesmos materiais e confeccionamos o mesmo tipo de culturais e a existência da matéria-prima
peça. Por vezes, a depender do povo, elas têm igual uso e nome, outras por cada região. Nós dividimos o território
vezes, são chamadas de formas diferentes. Também é frequente que a Pankará em três regiões, são elas: Sertão -
mesma matéria-prima seja nomeada com pequenas variações ou de
maneira distinta, como o caroá, caruá ou croá, o mesmo acontece com
nas áreas baixas ou pé de serra; Agreste - nas
ouricuri, oricuri ou licuri. encostas e subidas das serras; e Chapada - que
Mas, não é porque estamos no mesmo bioma que produzimos as fica no topo da serra.
mesmas formas de arte. Vocês verão ao longo deste livro que há uma
grande diversidade de um povo para outro, que tem a ver com aspectos Por exemplo: a Chapada possui uma
da história, dos rituais, das nossas cosmologias, etc.
diversidade de matérias-primas que são
Também temos variações de paisagens que fazem com que tenha-
mos condições ambientais distintas. Essa diversidade faz com que haja
extraídas de fruteiras. Na região do Agreste
variação no aparecimento das espécies vegetais, de acordo com as con- encontra-se cipó e palha - principalmente
dições, e também nos dizem de diferentes momentos de coleta das ma- do catolezeiro, onde se encontra a maior
térias-primas. São áreas de maior altitude e umidade, como as regiões vegetação dessa palmeira. Já no Sertão, a
de brejo; outras áreas de encosta de serras; ou ainda aquelas nas mar- matéria-prima mais encontrada é o caroá,
gens dos rios; e ainda aquelas planas e secas.
dessa forma é onde se há a maior produção
das artes confeccionadas com sua fibra.
Para que aconteça uma maior produção
e circulação das artes há a troca de
matéria-prima entre seus produtores.
OROCÓ
BELÉM DO
SÃO FRANCISCO FLORESTA
IBIMIRIM
BUíQUE VENTUROSA
Truká ITACURUBA
TUPANATINGA PEDRA
Tuxi INAJÁ
Pankará
PETROLÂNDIA
Tuxá ÁGUAS
TACARATU Tuxá BELAS
Pankararu
Entre Serras
Pankararu JATOBÁ
Pankaiwká Fulni-ô
N
26 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO
CAPÍTULO 4
resiliência,
movimento e
criatividade
Nossos antepassados foram perseguidos, foram vítimas
de violência e de preconceitos, exatamente porque
carregavam consigo essa forma de ser e estar no mundo.
É comum escutar, das nossas mais velhas e mais velhos,
que tinham que esconder essa forma de se expressar
para estarem seguros. Também é comum escutar que
a confecção de utensílios - para a venda nas feiras das
cidades vizinhas, por exemplo -, foi para algumas
famílias a única forma de sustento em períodos em que
as condições de vida nas aldeias eram mais difíceis.
28 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 29
A
INSTRUMENTO DE FERRO UTILIZADO
NA CONFECÇÃO DO MARACÁ luta pelos nossos territórios, pelos nossos direitos e a valorização
da nossa identidade fez com que muita coisa mudasse e ao longo
do tempo essa tradição foi se transformando. Nesse caminho, nos-
sos/as anciãos e anciãs e nossos/as artistas, foram agregando às suas téc-
nicas e materiais aqueles conhecimentos que encontraram no caminhar.
Por exemplo, usamos instrumentos para a coleta: faca; facão; enxada; pá;
balde; bacia etc. Outros para a confecção: furadeira; brocas; bico de sol-
da; pistola de cola quente; cola de silicone; isqueiro; fogo; ralador; pedra
e tesoura. Além deles, usamos materiais sintéticos para montar o objeto
como barbantes, cordão de nylon, linha encerada, linha zero, elástico, mi-
çangas. Estes materiais são comprados em mercados da região, já outros
materiais vêm mais de longe. Utilizamos estes materiais novos não ape-
nas para facilitar nossas vidas, mas também para poder dar continuidade
às nossas práticas e conhecimentos tradicionais junto aos mais jovens.
1 Expressão muito utilizada pelo coletivo de jovens Ororubá Filmes do povo Xukuru.
30 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 31
(FULNI-Ô)
Hoje nossa arte é usada nas casas, roças, festas e rituais, no nos-
so território e fora dele quando vamos nas cidades para afirmar nossa
identidade, ou para fazer mobilizações políticas e reivindicar nossos
direitos. Ela também é vendida nesses eventos, em grandes feiras e ex-
posições, e até mesmo pelas redes sociais. Assim, conseguimos alcançar
outras pessoas, difundindo nossas culturas e nossa realidade indígena.
Pensar em arte hoje é falar em um processo de
identidade ancestral. Em muitos momentos da
nossa história tivemos que abdicar de usar nossas
artes. Isso era imposto pelos brancos aos nossos
antepassados. E isso deixa marcas.
(XUKURU DE CIMBRES)
34 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO
CAPÍTULO 5
A Natureza
Sagrada
fornece a
matéria prima
É a natureza sagrada que nos fornece a matéria-prima,
respeitamos seus tempos e nos relacionamos como
partes de um mesmo ambiente.
36 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 37
N
osso tempo segue o calendário da natureza e socioeconômico de
cada povo. Há o tempo das safras, da preparação do solo para o 5.1 feitos com SEMENTE
plantio, das colheitas, dos rituais, dos festejos de padroeiros, e o
tempo da retirada das matérias-primas. Há também o tempo de pre- A semente é o começo de tudo. É dela que brota nosso alimento. É dela
paração para as feiras e exposições e eventos do movimento indígena. que vem a vida. Usamos sementes de diferentes tipos de plantas, dos
Com a permissão dos Encantados coletamos plantas das quais apro- frutos e vagens de árvores, de arbustos, de plantas nativas ou não.
veitamos sementes, frutos, fibras, palhas, cipós, madeiras; outras ve-
zes são utilizadas matérias de origem animal como penas, ossos, cou- AS SEMENTES MAIS COLETADAS SÃO:
ro, cera de abelha; por fim, mesmo o solo é utilizado, dele é possível Lágrimas de Maria, sabonete, leocema, gergelim brabo, verdejante,
aproveitar o barro. meru, palmeira, turquia, mulungu, jatobá, mucunã, pau brasil, catolé,
mari, carcarazeiro, calumbi, palmeira.
(IRAN XUKURU)
OSSO DE GADO
(TUXÁ)
1 Tipo de cachimbo.
CONFECÇÃO DE ESTEIRA
54 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 55
GENTIO
CAÇUÁ
É feito do cipó caititu e do cipó cabo de facão. Essa matéria-prima é en-
contrada nas regiões da Chapada e é resistente à seca. O mesmo é muito
usado principalmente pelos agricultores para ser utilizados nos animais
para carregar tudo que é produzido na agricultura.
URUPEMBA
É um utensílio doméstico de muita utilidade para as atividades cotidia-
nas. É utilizada para peneirar massa de mandioca, goma, milho e para
sacudir legumes. Além disso, ela também é usada no preparo da jure-
ma, utilizada como ciência nos rituais. Ela é feita do rego da palha do
catolezeiro e suas laterais são feitas do cipó vegetal nativo do território.
ABANO
BARRETINA
A barretina (Kreagugo) é tradicionalmente usada pelo Xukuru do Oro-
rubá, sendo um elemento fortalecedor da identidade religiosa, étnica e
cultural do povo. Ela tem diversas simbologias, havendo algumas va-
riações em sua confecção, podendo ter o acréscimo das “vassourinhas”.
Também pode-se adicionar tranças de bico e principalmente durante os
rituais são enfeitadas com flores.
VASSOURA Ela é confeccionada a partir das palhas do catolezeiro, palmeira nativa
da Caatinga. Há várias formas e técnicas que são utilizadas para retirada
das folhas desta palmeira, além da permissão que deverá haver de acordo
com a religião Xukuru do Ororubá. Pode-se fazer a barretina com talo ou
sem talo, com a palha do olho e com a palha seca. Cada uma tem seu deta-
lhe e sua peculiaridade. As palhas são trançadas com um trançado específi-
co da barretina e é composta somente da palha do catolezeiro.
CONFECÇÃO DA BARRETINA E MINIATURA DO ADEREÇO ADEREÇO DE CABEÇA FEITO COM PALHA DE CATOLÉ OU COQUEIRO
64 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO
(KAPINAWÁ)
68 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO
SECAGEM DO CAROÁ
COCAR EM CAROÁ
74 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 75
AIÓ
É um tipo de bolsa muito usada nos rituais nos nossos cotidianos ou
mesmo para vender. A depender do povo ele tem um nome diferente.
No ritual é usado para guardar e transportar nosso maracá e o nos-
so cachimbo, e as ervas, para qualquer lugar.
Ele é feito da fibra do caroá, e para confeccioná-lo seguimos as téc-
nicas que nos dão pontos diversos.
PUJÁ
(TRUKÁ DE OROCÓ)
MODELOS DE PUJÁ
78 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 79
TONÃ SAIOTA
O tonã é uma vestimenta específica dos caciques Truká, ele é uma arma- É feita da fibra de caroá e é confeccionada a partir de uma corda se-
dura poderosa, por isso é bem guardado e usado em momentos especiais, guindo a técnica da tecelagem. É usada em muitos povos indígenas,
ele é uma junção do pujá com a cataioba formando esse escudo protetor cada povo pode se diferenciar na forma de fazê-la. Ela pode também
do corpo chamado Tonã, ele é feito utilizando a fibra do caroá. ganhar nomes específicos, entre os Truká, por exemplo, ela é chamada
de cataioba.
80 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 81
CONFECÇÃO DA SAIOTA
82 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 83
TIARA E PENÃO
(PIPIPÃ DE KAMBIXURU)
PENÃO E TIARA
84 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 85
IMBURANA/UMBURANA
86 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 87
JUPAGO
É um instrumento que marca o ritmo, utilizado pelo Bacurau que, no
toré xukuru, é quem vai à frente e guia o traçado da dança. Ele é tradi-
cionalmente utilizado pelo povo Xukuru do Ororubá, sendo um ins-
trumento não só de defesa, mas também rítmico. É utilizado princi-
palmente para marcar o ritmo durante a dança que acompanha o som
do memby, é um instrumento exclusivamente masculino. Encontra-se
principalmente jupagos feitos de candinheiro, planta nativa da região,
famosa por ser uma madeira dura e resistente, além de ter uma batata
em sua base que é o esperado da forma do jupago, facilitando a sua con-
fecção, porém pode ser visto jupago de outras madeiras, como maria
preta, dentre outras.
BORDUNA
Geralmente são confeccionadas
por pessoas com habilidades es-
pecíficas do trabalho com ma-
deira. São esculpidas em detalhes
e alguns povos acrescentam à
borduna uma alça feita pelo en-
trelaçado de caroá, para permi-
tir pendurar no corpo e facilitar
seu transporte.
MEMBI
(XUKURU DO ORORUBÁ)
MEMBI EM PVC
92 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 93
ESCULTURA DO PRAIÁ
98 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 99
A maioria das peças que ilustram o livro foram registradas na oficina PEÇAS DE MADEIRA COM FUROS DE FURADEIRA E FACA PARA ESCULPIR
realizada junto aos professores e professoras de arte indígena em se- MADEIRA. KAMBIWÁ..................................................................................................... 30
COCAR DE PENAS. ATIKUM....................................................................................31-32
tembro de 2023, por Paula K. em um estúdio móvel. Na lista a seguir é
possível consultar qual o povo que confeccionou cada um dos objetos.
No caso de fotografias de outros acervos, essa informação será igual-
5. A NATUREZA SAGRADA FORNECE A MATÉRIA PRIMA.......35
mente indicada.
5.1. FEITOS COM SEMENTE.......................................................................................... 37
SABONETE. TRUKÁ. MATA-PASTO (ESQ.) E LEUCENA (DIR.) .TRUKÁ.......... 37
A ARTE INDÍGENA EM PERNAMBUCO.............................................5 CONFECÇÃO DE COLAR. KAMBIWÁ........................................................................ 38
MILAGRE OU LÁGRIMAS DE MARIA. XUKURU DO ORORUBÁ....................... 39
ENCONTRO DE PROFESSORES/AS INDÍGENAS DE ARTE PARA A
PRODUÇÃO DO LIVRO, SETEMBRO DE 2023. (THIAGO MIGUEL DE MUCUNÃ OU OLHO DE BOI. PANKARÁ.................................................................. 39
OLIVEIRA AQUINO)...........................................................................................................6 SABONETE E FALSO PAU BRASIL. PIPIPÃ TERRA E ÁGUA................................. 39
AÇAÍ E SABONETE. ATIKUM........................................................................................ 39
MATA-PASTO. XUKURU DE CIMBRES....................................................................... 39
1. ESCOLA INDÍGENA: UM LUGAR DE ARTE, CRIATIVIDADE MATA-PASTO E SABONETE. XUKURU DE CIMBRES............................................ 39
E FORTALECIMENTO DAS NOSSAS TRADIÇÕES...........................9 CESTO COM PEÇAS DE TAQUARA. PANKARÁ....................................................... 40
SABONETE, JATOBÁ E PEÇAS DE TAQUARA. PANKARÁ.................................... 40
ESTUDANTES INDÍGENAS. TRUKÁ.......................................................................12-13
MERU E PEÇAS DE TAQUARA. XUKURU DO ORORUBÁ.................................... 40
OSSO DE GADO. PIPIPÃ TERRA E ÁGUA.................................................................. 41
2. ESSE LIVRO É UM OLHAR PARA NOSSA ARTE MATERIAL...15 SEMENTES E OSSO. XUKURU DE CIMBRES............................................................. 41
MIÇANGA. XUKURU DE CIMBRES............................................................................. 41
DETALHES DE TRAJES EM CAROÁ E COLAR EM SEMENTE. KAPINAWÁ.
(ELIZABETH LEAL).......................................................................................................... 17
5.2. FEITOS COM PENA.............................................................................................42
ADEREÇOS COM PENA. XUKURU DE CIMBRES.................................................... 42
3. NOSSA ARTE CONTA A HISTÓRIA DOS NOSSOS COCAR DE PENA. KAMBIWÁ....................................................................................... 43
TERRITÓRIOS...........................................................................................19
5.3. FEITOS COM FRUTO..........................................................................................44
COITÉ E SEMENTE MILAGRE OU LÁGRIMAS DE MARIA. KAMBIWÁ............ 22 DETALHE DO TRANÇADO DE PALHA NO CABO DO MARACÁ. XUKURU
DO ORORUBÁ................................................................................................................... 44
MARACÁ FEITO DE CABAÇA. PANKARÁ................................................................ 45
4. A ARTE É RESILIÊNCIA, MOVIMENTO E CRIATIVIDADE....27 CASCOS DE COCO E MARACÁS. PANKARÁ .....................................................46-47
INSTRUMENTO DE FERRO UTILIZADO NA CONFECÇÃO DO MARACÁ. MARACÁ FEITO DE COITÉ. PIPIPÃ TERRA E ÁGUA............................................. 48
KAPINAWÁ......................................................................................................................... 28 MARACÁ FEITO DE COCO. PIPIPÃ TERRA E ÁGUA............................................. 48
108 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 109
UTENSÍLIOS DE CASCO DE COCO. XUKURU DE CIMBRES............................... 50 AIÓ E SEUS DIFERENTES PONTOS. KAMBIWÁ, KAPINAWÁ,
PINTURA DO CASCO DE COCO. ATIKUM.............................................................. 50 PANKAIWKÁ E PIPIPÃ.................................................................................................... 74
BORNÁ, UMA BOLSA QUADRANGULAR QUE, ASSIM COMO O AIÓ, É
BASTANTE UTILIZADA NO COTIDIANO E EM RITUAIS. ATIKUM................. 75
5.4. FEITOS COM PALHA E CIPÓ.............................................................................52
MODELOS DE PUJÁ. TRUKÁ......................................................................................... 76
CONFECÇÃO DE ESTEIRA............................................................................................ 52
TONÃ. TRUKÁ................................................................................................................... 78
OCA COM TETO EM PALHA TRANÇADA. KAPINAWÁ. (LARA ERENDIRA
A. DE ANDRADE)............................................................................................................. 53 SAIOTA. PANKARÁ.......................................................................................................... 79
GENTIO. QUILOMBO INDÍGENA TIRIRICA DOS CRIOULOS. PANKARÁ. CONFECÇÃO DA SAIOTA. ATIKUM......................................................................80-81
(LARA ERENDIRA A. DE ANDRADE)......................................................................... 54 PENÃO E TIARA. PIPIPÃ DE KAMBIXURU............................................................... 83
TRANÇANDO A PALHA. KAPINAWÁ. (ELIZABETH LEAL)................................. 55
CESTOS E OBJETOS FEITOS COM CIPÓ. PANKARÁ.............................................. 56 5.6. FEITOS COM MADEIRA.....................................................................................84
ABANO. PANKARÁ.......................................................................................................... 58 IMBURANA/UMBURANA.............................................................................................. 84
TAPETE DE PALHA DE CATOLÉ. XUKURU DE CIMBRES. (LUCAS ALVES CONFECÇÃO DA BORDUNA. KAPINAWÁ............................................................... 85
CABRAL)............................................................................................................................. 58 BORDUNA. KAPINAWÁ.................................................................................................. 85
AIÓ DE PALHA DE MILHO. XUKURU DE CIMBRES. (LUCAS ALVES CABRAL)..... 59 BORDUNA. KAPINAWÁ.................................................................................................. 86
VASSOURA. PANKARÁ................................................................................................... 60 JUPAGO, NA PARTE DA BASE DA MADEIRA É POSSÍVEL VER A BATATA.
BARRETINA COM VASSOURINHA. XUKURU DO ORORUBÁ............................ 61 XUKURU DO ORORUBÁ................................................................................................ 87
BARRETINA COM PENAS. XUKURU DE CIMBRES................................................ 61 DETALHE DO ARCO E FLECHA. XUKURU DO ORORUBÁ............................88-89
CONFECÇÃO DA BARRETINA E MINIATURA DO ADEREÇO. XUKURU DE MEMBI EM PVC. XUKURU DE CIMBRES.................................................................. 91
COMBRES........................................................................................................................... 62 CACHIMBO, CAMPIÔ, GUIA, XANDURÉ, XANDUCA. ACIMA - PIPIPÁ
ADEREÇO DE CABEÇA FEITO COM PALHA DE CATOLÉ OU COQUEIRO. TERRA E ÁGUA E PANKARÁ; MEIO - TRUKÁ E PANKARÁ ; EMBAIXO -
ATIKUM.............................................................................................................................. 63 XUKURU DE CIMBRES................................................................................................... 96
COCAR DE PALHA DE MILHO. XUKURU DE CIMBRES. (LUCAS ALVES MINIATURA DE PRAIÁ. KAMBIWÁ............................................................................ 97
CABRAL)........................................................................................................................64-65 MINIATURA DO MARACÁ. KAPINAWÁ................................................................... 97
CHAPÉU DE PALHA. KAPINAWÁ................................................................................ 67 CONFECÇÃO DA MINIATURA DE PRAIÁ. KAMBIWÁ......................................... 97
ESCULTURA DO PRAIÁ. KAMBIWÁ........................................................................... 99
5.5. FEITOS COM FIBRA............................................................................................68
CAROÁ NA MATA............................................................................................................ 68 5.7. FEITOS COM BARRO..........................................................................................98
FOLHA DE CAROÁ........................................................................................................... 69 O BARRO COMO MATÉRIA PRIMA............................................................................ 98
SECAGEM DO CAROÁ. ENTRE SERRAS PANKARARU. (ANAI, MÃOS TRABALHANDO O BARRO.............................................................................. 99
“ETNOMAPEAMENTO DAS TERRAS INDÍGENAS ENTRE SERRAS E
UTENSÍLIOS DO COTIDIANO FEITOS COM BARRO. TRUKÁ.................. 102-103
PANKARARU”, 2016, P. 48).............................................................................................. 70
PEÇAS DE BARRO PRODUZIDAS POR ESTUDANTES INDÍGENAS.
FIBRA DE CAROÁ............................................................................................................. 70
PANKARÁ................................................................................................................. 104-105
CORDA FEITA COM FIBRA. PIPIPÃ DE TERRA E ÁGUA...................................... 70
SAIOTA. KAPINAWÁ. (ELIZABETH LEAL)................................................................ 71
COCAR EM CAROÁ. ATIKUM.................................................................................72-73
110 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 111
TUXÁ DE INAJÁ
Aline da Silva Pajeú
Edijane Celestina da Silva Pajeú
Sandra da Silva Pajeú Santos
XUKURU DE CIMBRES
Franklin Willians de Carvalho Cabral
Ivanildo Silva dos Santos
Realização
Incentivo
parceiros