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PROFESSORES,

PROFESSORAS
E LIDERANÇAS
INDÍGENAS

ARTE
indígena
de pernambuco:
DA NATUREZA SAGRADA ÀS PEÇAS
DA NOSSA CULTURA MATERIAL
PROFESSORES,
PROFESSORAS
E LIDERANÇAS
INDÍGENAS

ARTE
indígena
em pernambuco:
DA NATUREZA SAGRADA ÀS PEÇAS
DA NOSSA CULTURA MATERIAL
sumário

A ARTE INDÍGENA EM PERNAMBUCO.............................................5

1. ESCOLA INDÍGENA: UM LUGAR DE ARTE, CRIATIVIDADE


E FORTALECIMENTO DAS NOSSAS TRADIÇÕES...........................9

2. ESSE LIVRO É UM OLHAR PARA NOSSA ARTE MATERIAL...15

3. NOSSA ARTE CONTA A HISTÓRIA DOS NOSSOS


TERRITÓRIOS...........................................................................................19

4. A ARTE É RESILIÊNCIA, MOVIMENTO E CRIATIVIDADE....27

5. A NATUREZA SAGRADA FORNECE A MATÉRIA PRIMA.......35

5.1. Feitos com SEMENTE....................................................................37


5.2. Feitos com PENA............................................................................42
5.3. Feitos com FRUTO.........................................................................44
5.4. Feitos com PALHA E CIPÓ..........................................................52
5.5. Feitos com FIBRA...........................................................................68
5.6. Feitos com MADEIRA...................................................................84
5.7. Feitos com BARRO...................................................................... 100

ISBN 978-65-89234-42-5

13/05/2024 10:23
4 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

APRESENTAÇÃO

A arte
indígena em
Pernambuco
A arte é uma das formas de expressão da nossa
ciência! Ela carrega os conhecimentos tradicionais,
que são passados de uma geração para a outra, e os
ensinamentos do nosso universo sagrado.
6 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 7

A
nossa arte é uma forma de expressar nossa visão de mundo! Uma
forma de demonstrar sentimentos, pensamentos e conhecimen-
tos. É um modo de fazer e apresentar a nossa cultura. Ela fortale-
ce a nossa identidade no presente e nos afirma como povo.
Nossa arte traz as marcas dos nossos antepassados; da resistência dos
nossos povos ao processo colonial; e da influência das diversas culturas
que foram se estabelecendo em nossos territórios e seus arredores ao lon-
go desses mais de 500 anos, tal como a população negra e camponesa.
A nossa arte é muito bonita e está presente em vários momentos da
nossa vida. São vários os lugares ocupados pela arte indígena nos nos-
sos povos. No cotidiano e em momentos de festas e rituais. Nos objetos
que portamos e em cada um desses momentos. Dentro de casa são pa-
nelas e pratos de barro, esteiras, abanos, cestos. É também um colar, um
brinco ou uma pulseira que usamos para afirmar nossa identidade, ou
que comercializamos como uma fonte de renda. Nas festas e cerimônias
rituais ela é a música, é canto e som, é toré, coco e é cafurna. É também
instrumento musical, é maracá, apito, membi. Ela é a batida dos pés.
São os ornamentos que usamos no corpo para o ritual sagrado.
Ela está presente no nosso dia a dia e nos momentos de celebração,
de luta e de religião. Ela é vida! Ela é viva!
As obras de arte que fazemos tem muitos significados técnicos, es-
téticos, simbólicos, morais, pois são formas materiais que expressam
o que sentimos e vivemos no mundo. Nossa arte é nossa história. Nos
aponta um caminho para o amanhã nos ligando com o passado.

Como dizemos no movimento indígena:


o futuro é ancestral!
ENCONTRO DE PROFESSORES/AS INDÍGENAS DE ARTE
PARA A PRODUÇÃO DO LIVRO
8 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

CAPÍTULO 1

Escola
indígena:
um lugar de arte,
criatividade
e fortalecimento
das nossas tradições
Este livro é fruto de longos e vários anos de debate do
movimento de Educação Escolar Indígena no estado
de Pernambuco. Quando nos perguntamos sobre
qual educação escolar queremos para as crianças,
adolescentes, jovens e adultos dos nossos povos.
10 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 11

dos povos indígenas, entre os quais as imagens, a música ou a dança cons-

O
direito a uma escola própria, específica, diferenciada e intercul- tituem, em inúmeros casos, os principais meios de expressão e comunica-
tural é uma conquista do movimento indígena, desde a Cons- ção de idéias e conhecimentos.”3
tituição Federal de 1988. O Conselho Nacional de Educação
(CNE) evidencia isso quando afirma que um dos objetivos da Educação Também fomos ouvir as pessoas mais velhas das nossas comuni-
Escolar Indígena é “proporcionar aos indígenas, suas comunidades e dades. As palavras delas nos fizeram entender que a arte indígena é
povos a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas um elemento importante de nossa identidade. Portanto, a escola, que
identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências”1. tem como função social valorizar os conhecimentos de nossos povos
Estamos de acordo com a Resolução nº 5 que afirma: e fortalecer nossas identidades, precisa incluir as artes indígenas como
componente curricular obrigatório e lutar para que seja reconhecido
“Os currículos devem ser ancorados em materiais didáticos específicos, pelo Estado. A arte é tão importante quanto os demais componentes
escritos na língua portuguesa, nas línguas indígenas e bilíngues, que refli- curriculares lecionados. Nos encontros definimos o conteúdo, o tempo,
tam a perspectiva intercultural da educação diferenciada, elaborados pe- o espaço, os procedimentos e quem deveria passar estes conhecimentos
los professores indígenas e seus estudantes e publicados pelos respectivos para crianças e jovens nas nossas escolas.
sistemas de ensino.”2 A grande maioria das pessoas que lecionam a disciplina de arte
indígena detém os conhecimentos tradicionais, sem necessariamen-
Começamos a discutir o papel da arte nas nossas escolas na metade te possuir uma formação escolarizada, porque a sabedoria do artista
dos anos 2000, poucos anos depois da criação da Comissão de Profes- vem da Natureza Sagrada. Desse modo, os/as artistas ou professores/
sores/as Indígenas de Pernambuco - COPIPE (1999) e, portanto, com o as de arte indígena precisam ser valorizados como pessoas que detém
movimento de Educação Escolar Indígena estava fortalecido e atuante. os saberes tradicionais.
O entendimento dos/as professores/as e lideranças de que a arte Como afirma o Documento final da I Conferência Nacional de
desenvolvida nas aldeias deveria ser ensinada nas escolas, nos fez de- Educação Escolar Indígenas:
senvolver uma série de reuniões e encontros com artistas de cada povo
para discutir como transformar esses conhecimentos que circulavam “A participação dos sábios indígenas nas escolas, independente de escola-
na comunidade em assunto de sala de aula. ridade, deve ser reconhecida como professor por notório saber para for-
Nesse processo estudamos o Referencial Curricular da Escolas In- talecer valores e conhecimentos imemoriais e tradicionais, conforme as
dígenas (RCNEI) que diz: propostas curriculares das escolas, garantindo recursos necessários para
sua atuação docente, quando for solicitada.”4
“A arte está estreitamente ligada à vida de todos os povos, especialmente

3 BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial Curricular Nacional para


1 BRASIL, CONSELHO NACIONAL DE EDUCACÃO. Resolução CNE/CEB nº 5,
as Escolas Indígenas Brasília: MEC, 1998, p. 292.
de 22 de junho de 2012 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
Indígena na Educação Básica. Brasilia-DF, 2012. (Art. 3º). 4 BRASIL. Documento Final. I Conferência Nacional de Educação Escolar Indí-
gena. Luziânia/Go, 16 a 20/11/2009, p. 6.
2 BRASIL/CNE. Resolução nº 5, Art. 15, § 5º.
12 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 13
14 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

CAPÍTULO 2

um olhar
para nossa
arte material
Essa publicação que chega agora para vocês foi
elaborada por nós, educadoras e educadores de arte
indígena, realizada junto com nossas lideranças,
anciãos/as, artistas e uma equipe parceira. Ela é
resultado de anos de reflexão e uma ampla pesquisa
que contou com encontros e oficinas para sistematizar
os conhecimentos dos povos indígenas em Pernambuco
e nossas diversas formas de arte.
16 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

V
ocês vão encontrar aqui muitas reflexões das nossas comunida-
des sobre aspectos territoriais, históricos, culturais e artísticos
que constituem os nossos povos. Este livro é, portanto, a sistema-
tização desse processo. Os textos que o compõem são de autoria cole-
tiva, alguns deles escritos ao longo dos anos em nossas comunidades e
outros durante as oficinas do projeto “Arte Indígena em Pernambuco”,
incentivado pelo Funcultura, que subsidiou a organização deste livro.
O livro vem composto de textos que sintetizam as nossas concep-
ções em torno do tema, trechos com reflexões por povo e também fotos
dos objetos que buscam aproximar você que está lendo de tudo que
estamos contando.
Apenas um livro é muito pouco para caber toda nossa arte e co-
nhecimentos. Aqui apresentamos apenas um recorte: nossa arte ma-
terial. Nessa perspectiva, esperamos que ele seja o pontapé inicial,
um incentivo para a troca de saberes entre os povos indígenas de nos-
so estado. Desejamos que ele nos encoraje para produção de novos
materiais sobre as demais formas de arte e que outras obras possam
também mostrar o movimento e a criatividade que nossos/as artistas
guardam para o futuro.
Nosso interesse é que ele seja utilizado nas salas de aula das escolas
indígenas em nossos povos, mas que ele também possa sair das aldeias e
alcançar o mundo que nos rodeia, criando mais uma ponte entre os ter-
ritórios ancestrais e o mundo lá fora. Uma fonte de conhecimento para
que Pernambuco e o Brasil (re)conheçam a diversidade que compõem
a sua população.
18 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

CAPÍTULO 3

nossa arte conta

A história
dos nossos
territórios
Nossa arte tem um vínculo direto com nossos
territórios, nossa história e nossa forma de ser no
mundo. Ela conta, de uma certa maneira, uma
história. A história dos conhecimentos dos nossos
antepassados de transformar o que era encontrado
nas caatingas, nas matas úmidas e nos rios em objetos
para o uso cotidiano, festivo e sagrado.
20 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 21

U
ma ciência que trabalha com matérias-primas que vêm da ter-
A produção das Artes Pankará é influenciada
ra, das plantas e dos animais da Caatinga, que é o bioma onde
estão nossos territórios e do qual somos parte. Como estamos
pela especificidade geográfica do território,
em territórios que têm condições ambientais semelhantes, muitas ve- que varia de acordo com as atividades
zes usamos os mesmos materiais e confeccionamos o mesmo tipo de culturais e a existência da matéria-prima
peça. Por vezes, a depender do povo, elas têm igual uso e nome, outras por cada região. Nós dividimos o território
vezes, são chamadas de formas diferentes. Também é frequente que a Pankará em três regiões, são elas: Sertão -
mesma matéria-prima seja nomeada com pequenas variações ou de
maneira distinta, como o caroá, caruá ou croá, o mesmo acontece com
nas áreas baixas ou pé de serra; Agreste - nas
ouricuri, oricuri ou licuri. encostas e subidas das serras; e Chapada - que
Mas, não é porque estamos no mesmo bioma que produzimos as fica no topo da serra.
mesmas formas de arte. Vocês verão ao longo deste livro que há uma
grande diversidade de um povo para outro, que tem a ver com aspectos Por exemplo: a Chapada possui uma
da história, dos rituais, das nossas cosmologias, etc.
diversidade de matérias-primas que são
Também temos variações de paisagens que fazem com que tenha-
mos condições ambientais distintas. Essa diversidade faz com que haja
extraídas de fruteiras. Na região do Agreste
variação no aparecimento das espécies vegetais, de acordo com as con- encontra-se cipó e palha - principalmente
dições, e também nos dizem de diferentes momentos de coleta das ma- do catolezeiro, onde se encontra a maior
térias-primas. São áreas de maior altitude e umidade, como as regiões vegetação dessa palmeira. Já no Sertão, a
de brejo; outras áreas de encosta de serras; ou ainda aquelas nas mar- matéria-prima mais encontrada é o caroá,
gens dos rios; e ainda aquelas planas e secas.
dessa forma é onde se há a maior produção
das artes confeccionadas com sua fibra.
Para que aconteça uma maior produção
e circulação das artes há a troca de
matéria-prima entre seus produtores.

(PANKARÁ, SERRA DO ARAPUÁ)


22 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 23

Quando falamos sobre arte indígena e suas


matérias-primas, estamos falando também
da relação com a Mãe Terra e a gestão das
terras indígenas.

Precisamos cuidar da natureza e do planeta


terra, estamos sofrendo com o tempo
do aquecimento global. Ele se junta
COITÉ E SEMENTE com todo o desmatamento de todo o tempo
MILAGRE OU
LÁGRIMAS DE MARIA
de colonização.

Como viveríamos se não tivéssemos


Outro elemento importante para a produção das nossas artes é a nossas plantas? A jurema, o caroá/croá, o
condição jurídica da terra. Tem aqueles povos que têm o território re- ouricurizeiro, com todos eles fazemos arte.
gularizado, e por isso tem o acesso livre aos materiais ali disponíveis. Então, como tirar e não replantar?
Também há aqueles povos que o direito à terra não esta garantido e, por
isso, têm maior dificuldade de acessar aos recursos naturais, que mui-
tas vezes estão nas mãos dos invasores de nosso território. Há também (ENTRE DE SERRAS PANKARARU)
aqueles casos em que as plantas e os animais não são mais encontrados
dentro do território, ou estão em extinção em função da invasão e da
exploração colonial sem respeito à nossa natureza.

É por isso que para nós, falar de arte indígena,


é falar também de cuidar da Mãe Terra.
24 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 25

Localização das Terras


Indígenas em Pernambuco
Atikum
Pankará Xukuru
Pipipã
SALGUEIRO POÇÃO
CARNAUBEIRA
DA PENHA Kambiwá Kapinawá
CABROBÓ
PESQUEIRA

OROCÓ
BELÉM DO
SÃO FRANCISCO FLORESTA
IBIMIRIM
BUíQUE VENTUROSA
Truká ITACURUBA
TUPANATINGA PEDRA
Tuxi INAJÁ
Pankará
PETROLÂNDIA
Tuxá ÁGUAS
TACARATU Tuxá BELAS
Pankararu
Entre Serras
Pankararu JATOBÁ
Pankaiwká Fulni-ô

N
26 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

CAPÍTULO 4

resiliência,
movimento e
criatividade
Nossos antepassados foram perseguidos, foram vítimas
de violência e de preconceitos, exatamente porque
carregavam consigo essa forma de ser e estar no mundo.
É comum escutar, das nossas mais velhas e mais velhos,
que tinham que esconder essa forma de se expressar
para estarem seguros. Também é comum escutar que
a confecção de utensílios - para a venda nas feiras das
cidades vizinhas, por exemplo -, foi para algumas
famílias a única forma de sustento em períodos em que
as condições de vida nas aldeias eram mais difíceis.
28 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 29

A
INSTRUMENTO DE FERRO UTILIZADO
NA CONFECÇÃO DO MARACÁ luta pelos nossos territórios, pelos nossos direitos e a valorização
da nossa identidade fez com que muita coisa mudasse e ao longo
do tempo essa tradição foi se transformando. Nesse caminho, nos-
sos/as anciãos e anciãs e nossos/as artistas, foram agregando às suas téc-
nicas e materiais aqueles conhecimentos que encontraram no caminhar.
Por exemplo, usamos instrumentos para a coleta: faca; facão; enxada; pá;
balde; bacia etc. Outros para a confecção: furadeira; brocas; bico de sol-
da; pistola de cola quente; cola de silicone; isqueiro; fogo; ralador; pedra
e tesoura. Além deles, usamos materiais sintéticos para montar o objeto
como barbantes, cordão de nylon, linha encerada, linha zero, elástico, mi-
çangas. Estes materiais são comprados em mercados da região, já outros
materiais vêm mais de longe. Utilizamos estes materiais novos não ape-
nas para facilitar nossas vidas, mas também para poder dar continuidade
às nossas práticas e conhecimentos tradicionais junto aos mais jovens.

A ideia é “utilizar o que há de mais moderno para


fortalecer o que há de mais ancestral”1.

Além disso, foram agregadas às matérias-primas nativas outras fontes


vegetais e animais introduzidas ao longo de séculos, mas que hoje são muito
comuns nos nossos territórios, como o coqueiro de praia. Também apren-
demos muitas coisas com os nossos parentes, aqueles mais de perto e outros
mais de longe. Nós trocamos experiências nos encontros de professores/as
de arte e encontrões da Comissão de Professores/as Indígenas de Pernambu-
co (Copipe), mas também quando participamos de mobilizações regionais
e nacionais do movimento indígena na luta pela garantia de nossos direitos.
Na troca com outros povos indígenas nos movimentos nacionais e regionais
aprendemos e trocamos materiais, conhecimentos e técnicas, foi assim que
se tornou uma tradição, entre nós, portar grandes cocares de penas colori-
das, comuns de povos que habitam biomas onde existem pássaros de longas
penas, de diferentes cores, que não é o caso do Semiárido Brasileiro.

1 Expressão muito utilizada pelo coletivo de jovens Ororubá Filmes do povo Xukuru.
30 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 31

Houve uma época em que a confecção dos


utensílios do cotidiano era praticamente o único
meio de subsistência das famílias Fulni-ô. Então,
às vezes, é uma temática que remete a um tempo
PEÇAS DE MADEIRA COM FUROS DE FURADEIRA
de muito sofrimento enfrentado por nosso povo.
Isso deixa marcas. Por algum tempo, alguns
Fulni-ô pararam de realizar essa atividade,
buscando outros meios de subsistência.

(FULNI-Ô)

FACA PARA ESCULPIR MADEIRA


32 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 33

Hoje nossa arte é usada nas casas, roças, festas e rituais, no nos-
so território e fora dele quando vamos nas cidades para afirmar nossa
identidade, ou para fazer mobilizações políticas e reivindicar nossos
direitos. Ela também é vendida nesses eventos, em grandes feiras e ex-
posições, e até mesmo pelas redes sociais. Assim, conseguimos alcançar
outras pessoas, difundindo nossas culturas e nossa realidade indígena.
Pensar em arte hoje é falar em um processo de
identidade ancestral. Em muitos momentos da
nossa história tivemos que abdicar de usar nossas
artes. Isso era imposto pelos brancos aos nossos
antepassados. E isso deixa marcas.

Nos dias atuais a arte é ensinada desde cedo,


aprendemos a arte na escola. Isso só é possível
pois hoje temos uma educação específica e
diferenciada. Desde cedo nossas crianças
aprendem o cuidado que temos que ter com nossa
Mãe Terra, aprendem a retirar dela apenas o que
precisamos, assim elas entendem que somos parte
dessa terra, que devemos cuidar dela com todo
amor e carinho.

(XUKURU DE CIMBRES)
34 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

CAPÍTULO 5

A Natureza
Sagrada
fornece a
matéria prima
É a natureza sagrada que nos fornece a matéria-prima,
respeitamos seus tempos e nos relacionamos como
partes de um mesmo ambiente.
36 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 37

N
osso tempo segue o calendário da natureza e socioeconômico de
cada povo. Há o tempo das safras, da preparação do solo para o 5.1 feitos com SEMENTE
plantio, das colheitas, dos rituais, dos festejos de padroeiros, e o
tempo da retirada das matérias-primas. Há também o tempo de pre- A semente é o começo de tudo. É dela que brota nosso alimento. É dela
paração para as feiras e exposições e eventos do movimento indígena. que vem a vida. Usamos sementes de diferentes tipos de plantas, dos
Com a permissão dos Encantados coletamos plantas das quais apro- frutos e vagens de árvores, de arbustos, de plantas nativas ou não.
veitamos sementes, frutos, fibras, palhas, cipós, madeiras; outras ve-
zes são utilizadas matérias de origem animal como penas, ossos, cou- AS SEMENTES MAIS COLETADAS SÃO:
ro, cera de abelha; por fim, mesmo o solo é utilizado, dele é possível Lágrimas de Maria, sabonete, leocema, gergelim brabo, verdejante,
aproveitar o barro. meru, palmeira, turquia, mulungu, jatobá, mucunã, pau brasil, catolé,
mari, carcarazeiro, calumbi, palmeira.

COM ESTAS CONFECCIONAMOS:


A consciência do ser mente em corpo casa de O principal uso das sementes é a produção de adornos para o dia-a-dia
espírito leva ao exercício da nossa encantaria. e os rituais. Para a confecção deles é comum juntar outros materiais,
como penas, pedaços de bambu, e ainda materiais sintéticos como fios e
miçangas. São: colares; brincos; pulseiras e tornozeleiras. Também adi-
Lutamos pela garantia dos direitos de defesa e de
cionamos as sementes aos adereços de cabeça. Além disso, colocamos
exercer devidos cuidados à Mãe Terra. elas no interior do maracá para dar o som do seu chacoalhar.
Em topografia sagrada seguimos trilhas, em plano
de vida, pelos rastros das sementes ancestrais.

Somos o Povo Semente!


Aferimos a nossa condição humano-natureza em
ajuste a ecologia dos encantados e apresentamos
a arte local de encantamentos como fidelidade ao
mundo velho.

(IRAN XUKURU)

SABONETE MATA-PASTO (ESQ.) E LEUCENA (DIR.)


ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 39

MILAGRE OU LÁGRIMAS DE MARIA MUCUNÃ OU OLHO DE BOI

SABONETE E FALSO PAU BRASIL AÇAÍ E SABONETE

MATA-PASTO MATA-PASTO E SABONETE


40 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 41

SEMENTE E TAQUARA SEMENTE, MIÇANGA E OSSO


A taquara, também conhecida como bambu, é uma planta nativa, geral-
mente encontrada nas grotas e em cima das serras.

OSSO DE GADO

SABONETE, JATOBÁ E PEÇAS MERU E PEÇAS DE TAQUARA SEMENTE E OSSO MIÇANGA


DE TAQUARA
42 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 43

5.2 feitos com pena

ADEREÇOS COM PENA


44 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 45

nossos cantos e nossas linhas de Toré. Ele chama os Encantados, cha-


5.3 feitos com FRUTo ma as pessoas para se reunir no terreiro e dar início ao ritual. O ba-
(CABAÇA, COITÉ E COCO) lançar do maracá reúne a comunidade, os presentes e os antepassados,
também chama para os movimentos e para os enfrentamentos na luta
Outra matéria-prima muito utilizada são os frutos das plantas que for- por direitos.
necem cascos duros em forma de cuia: o coité; a cabaça - também co-
nhecida como come-verde ou maxixe do pará; e o coco-verde. Apesar
dos três terem usos e formatos bem parecidos eles vêm de pés bem dife-
rentes. O primeiro dá em árvore; o segundo de uma planta que enrama,
e o terceiro vem do coqueiro.

COM ESTAS CONFECCIONAMOS:


O maracá é um símbolo de luta e resistência dos povos indígenas em
Pernambuco e no Brasil. Acompanhado do seu chacoalhar, entoamos

DETALHE DO TRANÇADO DE PALHA NO CABO DO MARACÁ MARACÁ FEITO DE CABAÇA


46 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 47
48 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 49

O maracá é um instrumento bastante Depois são colocadas as sementes naturais


valorizado, uma arte passada de geração em seu interior para formar o som.
para geração. Ele vem sendo utilizado
em nossas tradições religiosas e também Para o maracá ficar completo também
nas apresentações. Ele cura e faz a precisamos adicionar o seu cabo. No nosso
limpeza espiritual. caso usamos a madeira da caraibeira, que
está presente em nosso território. Ela é
Em nossa aldeia usamos o coco para utilizada tanto para fazer o cabo do maracá
confeccioná-lo. O coco, conhecido como quanto para fazer os nossos kuaqui1.
coco da praia, está presente nos quintais
das casas da aldeia. Primeiramente nós A retirada da madeira é feita sob orientação
bebemos sua água, em seguida, quando ele dos nossos Encantados que mostram qual
está totalmente seco começamos a limpeza, o lado certo para fazer a retirada. Após
interna e externa. a escolha da madeira, no momento da
retirada, levamos em consideração o galho
com espessura de acordo com o tamanho
do maracá. Dando continuidade com a
limpeza retirando a casca da mesma e
dando acabamento com lixa.

(TUXÁ)

1 Tipo de cachimbo.

MARACÁ FEITO DE COITÉ MARACÁ FEITO DE COCO


50 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

Com o mesmo material do maracá são confeccionados uma série de


utensílios que são usados, desde o tempo dos/as mais velhos/as, para
armazenar água, servir de prato etc. Com o tempo sua frequência no
âmbito doméstico diminuiu. Mas ela continua sendo muito usada, para,
por exemplo, servir a jurema sagrada nos rituais. Entre os Truká, por
exemplo, é chamada de coiteba e é usada para servir o Anjucá, uma
bebida sagrada.

UTENSÍLIOS DE CASCO DE COCO


52 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 53

5.4 Feitos com PALHA E CIPÓ


Em nossos territórios temos palmeiras nativas que, por muito tempo, for-
neceram a palha que era a matéria principal para tapar os telhados e as
paredes das casas de moradia e/ou as casas de roça. É também dela que
alguns povos constroem espaços sagrados como a Oca e o Gentio.

CONFECÇÃO DE ESTEIRA
54 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 55

GENTIO

AS PLANTAS QUE NOS FORNECEM PALHA E CIPÓ SÃO:


No caso da palha, ela é retirada do ouricuri e do catolezeiro, duas pal-
meiras nativas da caatinga. Além disso, também é aproveitada a palha
da espiga do milho.
O cipó é um tipo de planta trepadeira que enrama em outras ár-
vores. Para utilizá-lo, trançamos para que daí sejam confeccionados os
objetos; há tipos diferentes, como o cipó caititu e o cipó cabo de facão.

COM CIPÓ E PALHA FAZEMOS:


Delas fazemos utilitários do cotidiano, tais como: cestos; bolsas; abanos;
esteiras e outros utensílios de decoração. Muitos deles são fundamentais
para a vida na roça e na vida doméstica, ou ainda para decoração.
TRANÇANDO A PALHA
56 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

OBJETOS DO COTIDIANO COM CIpÓ

CAÇUÁ
É feito do cipó caititu e do cipó cabo de facão. Essa matéria-prima é en-
contrada nas regiões da Chapada e é resistente à seca. O mesmo é muito
usado principalmente pelos agricultores para ser utilizados nos animais
para carregar tudo que é produzido na agricultura.

URUPEMBA
É um utensílio doméstico de muita utilidade para as atividades cotidia-
nas. É utilizada para peneirar massa de mandioca, goma, milho e para
sacudir legumes. Além disso, ela também é usada no preparo da jure-
ma, utilizada como ciência nos rituais. Ela é feita do rego da palha do
catolezeiro e suas laterais são feitas do cipó vegetal nativo do território.

CESTOS E OBJETOS FEITOS COM CIPÓ


58 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 59

OBJETOS DO COTIDIANO COM palha

ABANO

TAPETE DE PALHA DE CATOLÉ AIÓ DE PALHA DE MILHO


60 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 61

peças rituais com palha


Além desses objetos usados no cotidiano, também existem aqueles que
são usados como parte da indumentária em rituais e nas mobilizações,
por exemplo, o chapéu Kapinawá, a barretina que é usada por Xukuru,
Fulni-ô e Pankararu, o cocar e as vestimentas feitas com palha de milho.

BARRETINA
A barretina (Kreagugo) é tradicionalmente usada pelo Xukuru do Oro-
rubá, sendo um elemento fortalecedor da identidade religiosa, étnica e
cultural do povo. Ela tem diversas simbologias, havendo algumas va-
riações em sua confecção, podendo ter o acréscimo das “vassourinhas”.
Também pode-se adicionar tranças de bico e principalmente durante os
rituais são enfeitadas com flores.
VASSOURA Ela é confeccionada a partir das palhas do catolezeiro, palmeira nativa
da Caatinga. Há várias formas e técnicas que são utilizadas para retirada
das folhas desta palmeira, além da permissão que deverá haver de acordo
com a religião Xukuru do Ororubá. Pode-se fazer a barretina com talo ou
sem talo, com a palha do olho e com a palha seca. Cada uma tem seu deta-
lhe e sua peculiaridade. As palhas são trançadas com um trançado específi-
co da barretina e é composta somente da palha do catolezeiro.

BARRETINA COM VASSOURINHA BARRETINA COM PENAS


62 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 63

CONFECÇÃO DA BARRETINA E MINIATURA DO ADEREÇO ADEREÇO DE CABEÇA FEITO COM PALHA DE CATOLÉ OU COQUEIRO
64 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

Após secar completamente cortamos as


palhas, como se fosse fazer pamonha, bem no
talo da espiga para aproveitar o máximo do
tamanho da palha. Separamos as melhores
para que possamos usar nos cocares e as
outras para fazer outras peças de nossas
roupas.

Após separadas, começamos a colar as palhas


com cola branca, bem dobradinhas já na
largura que queremos o cocar. Em seguida é
o momento da amarração do ponto do cocar
com cordão de algodão. Após o cocar tá todo
amarrado, ponto a ponto, fazemos o corte das
Temos como pilar fundamental da nossa arte palhas no tamanho desejado e aparando as
as palhas de milho, uma das matérias-primas pontas da palha no formato arredondado.
para a confecção do nosso “Tacó que é a nossa
roupa de palha tradicional. Por fim, furamos as sementes de olho
de pombo e fazemos o costurado com linha
Para fazer o cocar de palha primeiro fazemos encerada e em cada palha costuramos
a escolha das melhores e maiores espigas de uma semente.
milho e colocamos elas para secar ao sol por
aproximadamente 30 dias, sem desempalhar. (XUKURU DE CIMBRES)
66 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 67

O chapéu de palha furadinho é confeccionado


com palha do coqueiro ouricuri, o mesmo
representa o símbolo do povo Kapinawá. Para
produzí-lo é preciso coletar a palha na mata, no
tempo de lua escura. Em seguida ela é colocada
para secar durante cinco dias.

No processo de confecção do chapéu, a palha é


separada do talo obtendo duas fibras, essas duas
fibras e o talo, são enrolados um envolto no outro,
e assim obtém-se um modelo de ponto, e desse
mesmo modelo de ponto tece mais vários pontos
até dar forma ao chapéu de palha furadinho.

O chapéu de palha furadinho é usado nos


momentos de luta do povo, em apresentações, e
também no dia a dia por algumas lideranças, o
mesmo também é comercializado dentro do povo.

(KAPINAWÁ)
68 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

5.5 Feitos com FIBRA


O caroá representa um símbolo muito
Não podemos esquecer de citar o caroá, chamado pelo mais velho de caroá, importante na resistência e fortalecimento da
que é uma planta nativa resistente à falta de água, encontrada nas aldeias identidade étnica e cultural Atikum, sendo
que ficam localizadas no Sertão. A planta serve de matéria-prima na con-
um elemento fundamental na caracterização
fecção de objetos de arte e utensílios utilizados no dia a dia e nos rituais
Atikum e de outros povo do Sertão. do povo, das artes e das nossas vestes
sagradas. Esta planta tem um valor
simbólico para o povo Atikum e nós vivemos
respeitando a tradição a partir da sua
preservação. Como diz nossa anciã Djane2:

“Nós não podemos de forma nenhuma


adentrar na mata sem pedir permissão à mãe
CAROÁ NA MATA
Tamainha, que ela coordena a mata, estamos
abaixo de Deus. Nós não podemos entrar
na mata de qualquer forma, para tirar uma
madeira dessa, se for de qualquer maneira, por
exemplo, dá o cupim ou racha, logo se acaba.
Isso não é interessante para nós. Nesse contexto,
nós temos que saber o segredo da lua, que é o
FOLHA DO CAROÁ
segundo planeta que Tupã criou para iluminar
o povo a noite. Nossos produtos não fazemos e
COMO É PREPARADA A FIBRA DE CAROÁ?
O preparo da fibra de caroá para produção das artes tem duas formas. garantimos, o índio tem que ter esse potencial,
Na primeira, você colhe, depois retira a fibra da casca, bate, lava, espre- esse conhecimento, essa informação para
me e põe pra secar. A segunda é colocar a fibra “descangotada”1 durante passar pra quem está adquirindo sua arte”.
oito dias na água, depois retira, lava e espreme. 2

1 Descangotada ou escangotada, quando a fibra já está pronta para usos. (ATIKUM)


2 Djane Alves Bezerra, 61 anos, artesão do povo Atikum, Aldeia Paula, Salgueiro.
70 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 71

COM ESTAS FIBRAS FAZEMOS


O caroá é uma planta que tem ciência. A depender do povo, ele tam-
bém é conhecido como croá ou caruá. Com ele confeccionamos grande
parte das vestimentas que são utilizadas nos rituais sagrados dos povos
indígenas em Pernambuco. São peças que utilizamos em várias partes
do corpo. Pode ser um cocar, uma saiota, uma bolsa. Para colocar na ca-
beça, por exemplo, os Truká fazem o pujá, os Pipipã a tiara e os Pankará
e Atikum fazem o cocar. Já entre os Kambiwá e Pankararu, Entre Serras
e Pankaiwká, há uma veste chamada de praiá, que cobre desde a cabeça
até os pés. Para a feitura das peças coletamos as folhas das quais são
aproveitadas as fibras, que são utilizadas justapostas umas às outras, ou
transformadas em cordas e trançadas.

SECAGEM DO CAROÁ

FIBRA DE CAROÁ CORDA FEITA COM FIBRA


72 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 73

COCAR EM CAROÁ
74 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 75

AIÓ
É um tipo de bolsa muito usada nos rituais nos nossos cotidianos ou
mesmo para vender. A depender do povo ele tem um nome diferente.
No ritual é usado para guardar e transportar nosso maracá e o nos-
so cachimbo, e as ervas, para qualquer lugar.
Ele é feito da fibra do caroá, e para confeccioná-lo seguimos as téc-
nicas que nos dão pontos diversos.

Diferentes pontos do aió:

BORNÁ, UMA BOLSA QUADRANGULAR QUE, ASSIM COMO O AIÓ, É


BASTANTE UTILIZADA NO COTIDIANO E EM RITUAIS
76 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 77

PUJÁ

Com Pujá, cobrimos nossas cabeças, para proteger


os nossos pensamentos e os nossos entendimentos.
Ele é confeccionado da fibra do caroá, uma planta
sagrada e que tem sua força própria.
É um objeto usado em nossos rituais e nos
movimentos indígenas.

Na confecção utilizamos a técnica do trançado e


o usamos na cor da fibra natural, mas tem alguns
que gostam de colorí-lo com tingimentos vegetais.
Tem famílias na aldeia que confeccionam e
utilizam o Pujá como era antigamente: deixando
as fibras longas na parte de trás, cobrindo o
pescoço e indo até as costas. Já outras famílias
preferem sem as fibras longas, encerrando o
trançado na circunferência da cabeça.

Há também aqueles que são acompanhados de


penas. Ele não pode ser adotado por qualquer
pessoa, quando você vê uma pessoa mais velha
dar um Pujá à outra, é que ela identificou naquela
pessoa um guardião dos saberes cósmicos e sagrados.

(TRUKÁ DE OROCÓ)

MODELOS DE PUJÁ
78 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 79

TONÃ SAIOTA
O tonã é uma vestimenta específica dos caciques Truká, ele é uma arma- É feita da fibra de caroá e é confeccionada a partir de uma corda se-
dura poderosa, por isso é bem guardado e usado em momentos especiais, guindo a técnica da tecelagem. É usada em muitos povos indígenas,
ele é uma junção do pujá com a cataioba formando esse escudo protetor cada povo pode se diferenciar na forma de fazê-la. Ela pode também
do corpo chamado Tonã, ele é feito utilizando a fibra do caroá. ganhar nomes específicos, entre os Truká, por exemplo, ela é chamada
de cataioba.
80 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 81

CONFECÇÃO DA SAIOTA
82 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 83

TIARA E PENÃO

O penão vem dos nossos antepassados e é usado


em nosso ritual sagrado O Aricuri, ou ainda no
toré, jurema ou outro evento que venhamos a
participar. Ele é um símbolo de identificação e
proteção. É um objeto que não confeccionamos
para venda aos não índios.

Na construção do nosso penão utilizamos dois


tipos de matéria prima, o croá e a pena da karué.
A base do penão é como a confecção da tiara, feita
de croá. Primeiro extrai o croá da terra, em seguida,
lava em água limpa para tirar o sumo do croá e
puxa para amolecer a fibra. Então fazemos a trança
e batemos em um cepo de madeira até chegar ao
ponto de colocar o croá batido exposto ao sol para
secar por um dia ou dois, depende do tempo.

Por fim, se confecciona 12 cordas e as trança


em pontos até a medida desejada. Para a coleta
da pena da karué usamos nossos costumes
e conhecimento de caça deixado pelos
nossos ancestrais.

(PIPIPÃ DE KAMBIXURU)
PENÃO E TIARA
84 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 85

5.6 feitos com MADEIRA


Por fim, o último elemento das plantas que também é utilizado por nós
é a madeira, aproveitamos tanto os troncos e galhos, quanto as raízes.

OS TIPOS QUE MAIS UTILIZAMOS SÃO:


Imburana/umburana, taboca, angico, jurema, candinheiro e maria preta.

COM ELAS FAZEMOS:


Os objetos produzidos com madeira tem usos bem diversos: tem aque-
les de utilidade doméstica e na roça como pratos, copos, pilão e a ga-
mela. Alguns vem desde o tempo dos antigos, nos fazem lembrar nossa
ancestralidade; outros, são utilizados para acompanhar o toré na batida
dos pés, na música e na defumação do ambiente.
CONFECÇÃO DA BORDUNA
Tem aqueles objetos que no tempo dos nossos antepassados eram
utilizados para a guerra, a caça e a pesca, e hoje continuam sendo por-
tados por nós como símbolos de nossa força e ancestralidade

IMBURANA/UMBURANA
86 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 87

JUPAGO
É um instrumento que marca o ritmo, utilizado pelo Bacurau que, no
toré xukuru, é quem vai à frente e guia o traçado da dança. Ele é tradi-
cionalmente utilizado pelo povo Xukuru do Ororubá, sendo um ins-
trumento não só de defesa, mas também rítmico. É utilizado princi-
palmente para marcar o ritmo durante a dança que acompanha o som
do memby, é um instrumento exclusivamente masculino. Encontra-se
principalmente jupagos feitos de candinheiro, planta nativa da região,
famosa por ser uma madeira dura e resistente, além de ter uma batata
em sua base que é o esperado da forma do jupago, facilitando a sua con-
fecção, porém pode ser visto jupago de outras madeiras, como maria
preta, dentre outras.

BORDUNA
Geralmente são confeccionadas
por pessoas com habilidades es-
pecíficas do trabalho com ma-
deira. São esculpidas em detalhes
e alguns povos acrescentam à
borduna uma alça feita pelo en-
trelaçado de caroá, para permi-
tir pendurar no corpo e facilitar
seu transporte.

JUPAGO, NA PARTE DA BASE DA MADEIRA É POSSÍVEL VER A BATATA


88 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 89

DETALHE DO ARCO E FLECHA


90 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 91

MEMBI

É um instrumento musical religioso cheio de


força e segredos utilizado pelo povo Xukuru. Ele
é de uso exclusivo para o homem, utilizado pelos
mestres do memby. Há ainda o mestre principal
que é responsável por tocar nos momentos cruciais
dos rituais. A presença do memby é fundamental
nas tradições do Povo.

Ele é tradicionalmente confeccionado com taboca,


mas atualmente é muito feito em cano de pvc,
em função da escassez da matéria original
no território.

Na embocadura é preenchido com a cera de


abelha e por vezes é enfeitado com cordas finas
feitas de fibras naturais.

(XUKURU DO ORORUBÁ)

MEMBI EM PVC
92 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 93

CACHIMBO, CAMPIÔ, GUIA, KUAKÍ,


XANDURÉ, XANDUCA
Tem também o cachimbo, que dependendo do povo tem nomes dife- mostram qual será retirada e utilizada para
rentes como: entre os Truká, quaquir/kuakí; campiô, entre os Panka- confeccionar o campiô. Após a escolha da
raru, Entre Serras e Pankaiwká; xanduré, entre os Xukuru; xanduka, madeira é retirado um galho com a espessura do
entre os Fulni-ô; e guia, entre os Atikum e Pankará. Ele é utilizado no formato do campiô, no máximo um metro.
ritual sagrado para defumar o ambiente, espantar os maus espíritos e
chamar os Encantos de Luz.
A madeira retirada é levada para o espaço onde
vai ser cortada em tamanhos iguais a um palmo
(aproximadamente vinte centímetros) ou mais,
A CONFECÇÃO DO CAMPIÔ dependendo de como vai ser a arte. Cada pedaço é
medido levando em consideração que serão retiradas
A vegetação Pankaiwka é diversificada, as cascas pela metade. Então dá-se início ao processo
tem várias espécies de plantas, desde as de raspagem para esculpir, até o formato do campiô.
rasteiras até as de grande porte. A natureza
nos permite que façamos uso do que ela O campiô tem vários usos. O pajé e os nossos
nos oferece respeitando-a, cuidando das mais velhos nos orientam quando é de uso
suas espécies para que possamos conhecer e externo ou interno da cultura Pankaiwká. Ele
experimentar as diversas experiências em é usado em momentos de rituais e também no
uso do que ela nos fornece. Somos partes dia-a-dia para fumar. É importante para a cura
dela, pertencentes à sua vegetação, e quando espiritual, defumações com ervas medicinais,
retiramos o que pertence a ela, buscamos sua como defumadores dos tonãs de caroá. São
permissão para entrar e retirar. também amuletos de proteção contra o mal
e de momentos de contato com o mundo
Aqui o angico é uma das plantas encontradas, espiritual. Com eles pedimos proteção aos
ela é usada tanto para a medicina nossos Encantados de Luz.
tradicional como para a arte. A coleta da
madeira é feita sob orientação dos guias, que (PANKAIWKÁ)
94 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 95

OUTRAS PEÇAS EM MADEIRA


Há também aqueles artistas que trabalham com o processo de esculpir
madeira e produzem objetos que versam sobre a cultura do nosso povo
e o ambiente em que vivemos.

MINIATURA DE PRAIÁ MINIATURA DO MARACÁ

CACHIMBO, CAMPIÔ, GUIA, XANDURÉ, XANDUCA CONFECÇÃO DA MINIATURA DE PRAIÁ


96 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 97

Para trabalhar o artesanato em madeira


tem todo um processo que vai desde a
coleta da matéria-prima na mata até a
confecção dos produtos finais. O trabalho
com a madeira no povo Kambiwá segue
as tradições dos nossos antepassados, só
que hoje em dia com técnicas diferentes e
produções mais diversificadas.

Atualmente nós trabalhamos com a madeira


da umburana. Abordamos temas inspirados
na cultura local e regional, que reverenciam
a fauna, a flora, a arte popular e também
temas específicos do nosso povo. Esse trabalho
é importante, tanto para geração de renda,
como para a valorização e o fortalecimento da
identidade étnica e cultural do povo.

Nas mãos dos artesãos Kambiwá a madeira


é transformada em obras de artes, utilitários
e figurativos que são comercializadas na
localidade, na região, em feiras de artesanato
e nos centros de artesanato de Pernambuco,
em Recife e Bezerros.
(KAMBIWÁ)

ESCULTURA DO PRAIÁ
98 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 99

5.7 Feitos com Barro


Até agora falamos daquelas artes que são produzidas a partir das plan-
tas. Neste novo tópico vamos falar de artefatos que são feitos a partir do
chão que a gente pisa, que vem da terra: o barro.
Nosso barro serve para fazer vários tipos de arte, desde a pintura
corporal, com o barro branco, até a modelagem de peças para utilidade
cotidiana e ritual, com o barro vermelho. Da retirada do barro em nos-
so território até a queima, seguimos conhecimentos e modos de fazer
que nos foram passados por nossos ancestrais e continuamos a trans-
mitir para os mais novos. Os tipos de barro, os modos de preparar o
barro, como modelar as peças e rituais para assamento são etapas que
envolvem muitas pessoas e tornam nossa arte no barro uma obra cole-
tiva que une nossos antepassados e as gerações de hoje.

COM ELES FAZEMOS


Com o barro produzimos objetos como: panela, pote, cuscuzeira, jar-
ra, jarro, quartinha, escultura, aribé e quaquir/kuakí.
Já com o barro branco também se faz a nossa pintura corporal, essa
é a prática originária Pankararu. Elas são realizadas nos dias de rituais
tradicionais. A pintura corporal é um símbolo importante nos rituais
tradicionais das corridas do imbu e do menino do rancho que aconte-
cem no povo Pankararu.

O BARRO COMO MATÉRIA-PRIMA


100 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 101

UTENSÍLIOS DO COTIDIANO FEITOS COM BARRO


102 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 103

PEÇAS DE BARRO PRODUZIDAS POR


ESTUDANTES INDÍGENAS
106 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 107

LEGENDAS E CRÉDITO DAS FOTOS POR PÁGINAS

A maioria das peças que ilustram o livro foram registradas na oficina PEÇAS DE MADEIRA COM FUROS DE FURADEIRA E FACA PARA ESCULPIR
realizada junto aos professores e professoras de arte indígena em se- MADEIRA. KAMBIWÁ..................................................................................................... 30
COCAR DE PENAS. ATIKUM....................................................................................31-32
tembro de 2023, por Paula K. em um estúdio móvel. Na lista a seguir é
possível consultar qual o povo que confeccionou cada um dos objetos.
No caso de fotografias de outros acervos, essa informação será igual-
5. A NATUREZA SAGRADA FORNECE A MATÉRIA PRIMA.......35
mente indicada.
5.1. FEITOS COM SEMENTE.......................................................................................... 37
SABONETE. TRUKÁ. MATA-PASTO (ESQ.) E LEUCENA (DIR.) .TRUKÁ.......... 37
A ARTE INDÍGENA EM PERNAMBUCO.............................................5 CONFECÇÃO DE COLAR. KAMBIWÁ........................................................................ 38
MILAGRE OU LÁGRIMAS DE MARIA. XUKURU DO ORORUBÁ....................... 39
ENCONTRO DE PROFESSORES/AS INDÍGENAS DE ARTE PARA A
PRODUÇÃO DO LIVRO, SETEMBRO DE 2023. (THIAGO MIGUEL DE MUCUNÃ OU OLHO DE BOI. PANKARÁ.................................................................. 39
OLIVEIRA AQUINO)...........................................................................................................6 SABONETE E FALSO PAU BRASIL. PIPIPÃ TERRA E ÁGUA................................. 39
AÇAÍ E SABONETE. ATIKUM........................................................................................ 39
MATA-PASTO. XUKURU DE CIMBRES....................................................................... 39
1. ESCOLA INDÍGENA: UM LUGAR DE ARTE, CRIATIVIDADE MATA-PASTO E SABONETE. XUKURU DE CIMBRES............................................ 39
E FORTALECIMENTO DAS NOSSAS TRADIÇÕES...........................9 CESTO COM PEÇAS DE TAQUARA. PANKARÁ....................................................... 40
SABONETE, JATOBÁ E PEÇAS DE TAQUARA. PANKARÁ.................................... 40
ESTUDANTES INDÍGENAS. TRUKÁ.......................................................................12-13
MERU E PEÇAS DE TAQUARA. XUKURU DO ORORUBÁ.................................... 40
OSSO DE GADO. PIPIPÃ TERRA E ÁGUA.................................................................. 41
2. ESSE LIVRO É UM OLHAR PARA NOSSA ARTE MATERIAL...15 SEMENTES E OSSO. XUKURU DE CIMBRES............................................................. 41
MIÇANGA. XUKURU DE CIMBRES............................................................................. 41
DETALHES DE TRAJES EM CAROÁ E COLAR EM SEMENTE. KAPINAWÁ.
(ELIZABETH LEAL).......................................................................................................... 17
5.2. FEITOS COM PENA.............................................................................................42
ADEREÇOS COM PENA. XUKURU DE CIMBRES.................................................... 42
3. NOSSA ARTE CONTA A HISTÓRIA DOS NOSSOS COCAR DE PENA. KAMBIWÁ....................................................................................... 43

TERRITÓRIOS...........................................................................................19
5.3. FEITOS COM FRUTO..........................................................................................44
COITÉ E SEMENTE MILAGRE OU LÁGRIMAS DE MARIA. KAMBIWÁ............ 22 DETALHE DO TRANÇADO DE PALHA NO CABO DO MARACÁ. XUKURU
DO ORORUBÁ................................................................................................................... 44
MARACÁ FEITO DE CABAÇA. PANKARÁ................................................................ 45
4. A ARTE É RESILIÊNCIA, MOVIMENTO E CRIATIVIDADE....27 CASCOS DE COCO E MARACÁS. PANKARÁ .....................................................46-47
INSTRUMENTO DE FERRO UTILIZADO NA CONFECÇÃO DO MARACÁ. MARACÁ FEITO DE COITÉ. PIPIPÃ TERRA E ÁGUA............................................. 48
KAPINAWÁ......................................................................................................................... 28 MARACÁ FEITO DE COCO. PIPIPÃ TERRA E ÁGUA............................................. 48
108 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 109

UTENSÍLIOS DE CASCO DE COCO. XUKURU DE CIMBRES............................... 50 AIÓ E SEUS DIFERENTES PONTOS. KAMBIWÁ, KAPINAWÁ,
PINTURA DO CASCO DE COCO. ATIKUM.............................................................. 50 PANKAIWKÁ E PIPIPÃ.................................................................................................... 74
BORNÁ, UMA BOLSA QUADRANGULAR QUE, ASSIM COMO O AIÓ, É
BASTANTE UTILIZADA NO COTIDIANO E EM RITUAIS. ATIKUM................. 75
5.4. FEITOS COM PALHA E CIPÓ.............................................................................52
MODELOS DE PUJÁ. TRUKÁ......................................................................................... 76
CONFECÇÃO DE ESTEIRA............................................................................................ 52
TONÃ. TRUKÁ................................................................................................................... 78
OCA COM TETO EM PALHA TRANÇADA. KAPINAWÁ. (LARA ERENDIRA
A. DE ANDRADE)............................................................................................................. 53 SAIOTA. PANKARÁ.......................................................................................................... 79
GENTIO. QUILOMBO INDÍGENA TIRIRICA DOS CRIOULOS. PANKARÁ. CONFECÇÃO DA SAIOTA. ATIKUM......................................................................80-81
(LARA ERENDIRA A. DE ANDRADE)......................................................................... 54 PENÃO E TIARA. PIPIPÃ DE KAMBIXURU............................................................... 83
TRANÇANDO A PALHA. KAPINAWÁ. (ELIZABETH LEAL)................................. 55
CESTOS E OBJETOS FEITOS COM CIPÓ. PANKARÁ.............................................. 56 5.6. FEITOS COM MADEIRA.....................................................................................84
ABANO. PANKARÁ.......................................................................................................... 58 IMBURANA/UMBURANA.............................................................................................. 84
TAPETE DE PALHA DE CATOLÉ. XUKURU DE CIMBRES. (LUCAS ALVES CONFECÇÃO DA BORDUNA. KAPINAWÁ............................................................... 85
CABRAL)............................................................................................................................. 58 BORDUNA. KAPINAWÁ.................................................................................................. 85
AIÓ DE PALHA DE MILHO. XUKURU DE CIMBRES. (LUCAS ALVES CABRAL)..... 59 BORDUNA. KAPINAWÁ.................................................................................................. 86
VASSOURA. PANKARÁ................................................................................................... 60 JUPAGO, NA PARTE DA BASE DA MADEIRA É POSSÍVEL VER A BATATA.
BARRETINA COM VASSOURINHA. XUKURU DO ORORUBÁ............................ 61 XUKURU DO ORORUBÁ................................................................................................ 87
BARRETINA COM PENAS. XUKURU DE CIMBRES................................................ 61 DETALHE DO ARCO E FLECHA. XUKURU DO ORORUBÁ............................88-89
CONFECÇÃO DA BARRETINA E MINIATURA DO ADEREÇO. XUKURU DE MEMBI EM PVC. XUKURU DE CIMBRES.................................................................. 91
COMBRES........................................................................................................................... 62 CACHIMBO, CAMPIÔ, GUIA, XANDURÉ, XANDUCA. ACIMA - PIPIPÁ
ADEREÇO DE CABEÇA FEITO COM PALHA DE CATOLÉ OU COQUEIRO. TERRA E ÁGUA E PANKARÁ; MEIO - TRUKÁ E PANKARÁ ; EMBAIXO -
ATIKUM.............................................................................................................................. 63 XUKURU DE CIMBRES................................................................................................... 96
COCAR DE PALHA DE MILHO. XUKURU DE CIMBRES. (LUCAS ALVES MINIATURA DE PRAIÁ. KAMBIWÁ............................................................................ 97
CABRAL)........................................................................................................................64-65 MINIATURA DO MARACÁ. KAPINAWÁ................................................................... 97
CHAPÉU DE PALHA. KAPINAWÁ................................................................................ 67 CONFECÇÃO DA MINIATURA DE PRAIÁ. KAMBIWÁ......................................... 97
ESCULTURA DO PRAIÁ. KAMBIWÁ........................................................................... 99
5.5. FEITOS COM FIBRA............................................................................................68
CAROÁ NA MATA............................................................................................................ 68 5.7. FEITOS COM BARRO..........................................................................................98
FOLHA DE CAROÁ........................................................................................................... 69 O BARRO COMO MATÉRIA PRIMA............................................................................ 98
SECAGEM DO CAROÁ. ENTRE SERRAS PANKARARU. (ANAI, MÃOS TRABALHANDO O BARRO.............................................................................. 99
“ETNOMAPEAMENTO DAS TERRAS INDÍGENAS ENTRE SERRAS E
UTENSÍLIOS DO COTIDIANO FEITOS COM BARRO. TRUKÁ.................. 102-103
PANKARARU”, 2016, P. 48).............................................................................................. 70
PEÇAS DE BARRO PRODUZIDAS POR ESTUDANTES INDÍGENAS.
FIBRA DE CAROÁ............................................................................................................. 70
PANKARÁ................................................................................................................. 104-105
CORDA FEITA COM FIBRA. PIPIPÃ DE TERRA E ÁGUA...................................... 70
SAIOTA. KAPINAWÁ. (ELIZABETH LEAL)................................................................ 71
COCAR EM CAROÁ. ATIKUM.................................................................................72-73
110 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO 111

EXPEDIENTE PROFESSORES/AS, LIDERANÇAS, ANCIÃOS E ANCIÃS


INDÍGENAS AUTORES DO LIVRO:
Coordenação
COPIPE - Comissão de Professores/as Indígenas de Pernambuco ATIKUM Maria justa Conceição da Silva Vieira
Eliene Amorim de Almeida - UniFAFIRE Adailton Honório Bezerra Maria Luciene da Silva
Lara Erendira Almeida de Andrade Diana Bezerra Honório Nilza Mária de Sá Lima
Genivaldo Espedito da Silva Patrícia Maria de Lima Silva
José Allan Pereira de Sá Vanessa Rodrigues Silva
Sistematização da pesquisa, organização e edição dos textos
Maria Minerva da Silva Weréia Ivan da Silva
Eliene Amorim de Almeida
Zilmara Bezerra de Sá Marcolino e Silva William Assis de Lima
Lara Erendira Almeida de Andrade Caciques, pajés, Coordenação
Manuela Schillaci Pedagógica e Coordenação Geral, KAPINAWÁ
detentores de saberes tradicionais Adailma Luzinete Beserra
Equipe técnica de pesquisa e revisão do texto Atikum e mais velhos/as. Adelma Barbosa de Souza Barros
Darllan Neves da Rocha Ailton do Nascimento Silva
FULNI-Ô Alberio Barros de Araujó
Manuela Schillaci
Expedito Lino Torres Arací Bezerra da Silva
Marcelo Fernando Cordeiro Quintas Edcarlos Bezerra Cavalcanti
Oficina com professores/as de arte indígena Milene Sarapó dos Santos Fábio de moura silva
Eliene Amorim de Almeida Paula Francisca de Souza Santos Heleno do Nascimento Silva
Francisca Bezerra da Silva José Cláudio Beserra da Silva
Manuela Schillaci KAMBIWÁ José Geraldo da Silva
Alberys Alberto da Silva Maria do Socorro Veríssimo
Paula K.
Célio Manoel da Silva Maria Edilma de Oliveira Ferreira
Domalson Manoel de Lima Messias Santiago
Projeto Gráfico e diagramação Edgar José Filho Milton José Beserra da Silva
Mirah Ateliê de Ideias (Paula K.) Edilson José da Silva Valdey Monteiro de Santana
Eduardo Arlindo de Morais
Produção executiva do projeto Francisca Bezerra da Silva PANKAIWKÁ
Clarice Hoffmann Gilvan Bezerra da Silva Agenor Coelho de Araújo
Jeffeson Everaldo da Silva Gerson João do Nascimento
Manuela Schillaci
José Gilberto da Silva Maria Francisca da Silva Araújo
Josué Pereira da Silva (Cacique) Marilda de Souza
Realização Kaline Cislene da Silva
COPIPE - Comissão de Professores/as Indígenas de Pernambuco Kelson Douglas da Silva Magalhães PANKARARU ENTRE SERRAS
Klebson José Alves Coletivo de Educação Pankararu Entre
Parceiras: Luciano Francisco da Silva Serras
Lucicleide da Silva
ANAÍ - Associação Nacional de Ação Indigenista
Manoel Bezerra da Silva PANKARÁ
UniFAFIRE - Centro Universitário Frassinetti do Recife
Maria Alice da Silva Ailton José do Nascimento
Rede DIALOG - Rede de Pesquisa e Conhecimentos relativos aos Povos Maria Aparecida da Silva Alexsandro Manoel da Silva Santos
Originários / Instituto Nacional de Pesquisas Científicas (Quebec/Canadá) Maria Cícera Da Silva Ana Cristina da Silva Pereira
112 ARTE INDÍGENA DE PERNAMBUCO

Auricarme Maria de Souza Jairo Gomes de Lima


Dalila de Souza Barros Wagney Siqueira Cabral
Dalverice de Jesus
Douglas Bandeira do Nascimento XUKURU DO ORORUBÁ
Edilene Maria da Silva Gonçalves Antônio Monteiro Leite (Sr. Medalha)
Fredson Frenando Barros de Souza Cecílio Santana Feitoza
Jenailson Espedito de Souza David Rian Araújo de Amorim
Joaquim Gonçalvez Lopes Eduardo Gonçalves de Oliveira
Manoel Caxiado (Pajé) João Miguel Francisco de Assis de Lima Feitoza
(Pajé) Geovane de Lima Feitoza
Ary Pereira Bastos (Cacique) Jeremias Leite de Moraes
Maria das Dores dos Santos (Cacica João Carlos da Silva Bezerra
Dorinha) José Anderson Marques da Silva
Maria Luciete Lopes José Barbosa dos Santos
Noêmia Lopes Freire José Givanildo Bezerra Silva
Rafael de Souza Santos José Robenilson Lopes Frazão
José Romero Lopes De Melo
PIPIPÃ DE KAMBIXURU José Silvanio Soares da Paz
Elizângela Rosendo José Weslei Rodrigues do Nascimento
Francisco Adriano da Silva Uelson Pereira da Silva
João Pedro da Cunha Wilton Lopes da Silva
José Antônio da Silva

PIPIPÃ TERRA E ÁGUA


João Pedro da Cunha
José Antonio da Silva

TRUKÁ OROCÓ E CABROBÓ


Ailson dos Santos
Daniela dos Santos Nascimento
Edilene Bezerra Pajéu
Edna Bezerra Pajéu
Kauanne Cabral
Mirian Vieira dos Santos
Ulisses Mendes da Silva

TUXÁ DE INAJÁ
Aline da Silva Pajeú
Edijane Celestina da Silva Pajeú
Sandra da Silva Pajeú Santos

XUKURU DE CIMBRES
Franklin Willians de Carvalho Cabral
Ivanildo Silva dos Santos
Realização

Incentivo

parceiros

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