Agnata
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META
A presente aula tem como meta iniciar os estudos com os Chordata, evidenciando as características
mais relevantes e a diversidade dos grupos.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
discernir as características que elevam os animais a Chordata e caracterizar os grupos iniciais
reconhecendo seus principais representantes e os atributos mais representativos dos grupos.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento básico de Anatomia Comparada de Cordados e conteúdo anterior desta disciplina.
Cordados II
INTRODUÇÃO
Em todo o mundo, o número de peixes supera todos os outros vertebrados
que se conhecem, tanto em número de indivíduos quanto em número de espé-
cies. Com isso, estes animais podem ser encontrados em praticamente todos
os ambientes aquáticos que imaginarmos: altitudes superiores a 5200 m, altas
profundidades oceânicas (abaixo 7000 m), ambientes de alta concentração salina,
cavernas, lençol freático, corpos d´água com temperaturas extremas (+44ºC
e -2ºC). A maioria encontra-se em mares e oceanos. Outra parte se distribui
entre rios, riachos e lagos, restando uma pequena porção para as espécies que
apresentam comportamento migratório entre água doce e salgada.
O ambiente aquático apresenta uma grande variação em praticamente
todos os seus parâmetros. O volume de água é dependente do período de
chuvas, como também das marés. A luminosidade varia conforme a pro-
fundidade, o que é facilmente perceptível ao mergulharmos uma estrutura
e afundá-la na água. Veremos que, à medida que a estrutura vai alcan-
çando maiores profundidades, você deixa de enxergá-la. No caso marinho,
podemos dividir a coluna d´água em cinco regiões:
- Epipelágica: região superficial (0-200 m) que recebe a maior incidência de
raios solares, sendo nela registrada a maior taxa de fotossíntese;
- Mesopelágica: região que varia de 200 a 1000 m, onde há luminosidade,
mas não ocorre fotossíntese;
- Batipelágica: região onde não há luminosidade entre 1000 e 4000 m de
profundidade;
- Abissal: região entre 4000 e 6000 m de profundidades sem luminosidade
- Hadal: região onde estão localizadas as fossas oceânicas, com profundi-
dades superiores a 6000 m.
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Esquema mostrando o processo migratório durante a reprodução de uma espécie de água doce.
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Esquema mostrando a migração entre água doce e água salgada das espécies diádromas.
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SUBFILO CRANIATA
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SUPERCLASSE MYXINOMORPHI[
Myxinomorphii é único táxon de Craniata, e excluído de Vertebrata
pela ausência de elementos vertebrais. Seus representantes são conhecidos
popularmente como feiticeiras, sendo sua ocorrência registrada em diversos
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Espécime de feiticeira.
Desenho esquemático mostrando o posicionamento dos poros das glândulas mucosas e o muco
secretado após estímulo.
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SUPERCLASSE PETROMYZONTOMORPHI
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Exemplar de lampréia.
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Detalhe da boca de uma lampreia (A) e salmão sendo parasitado por lampreias (B).
Para estas lampréias adultas que ficam fixadas às suas presas em grande
parte do tempo a respiração poderia ser um problema, pois no fluxo
contínuo a água entra pela boca e banha as brânquias. Como a boca está
fixada no hospedeiro elas se utilizam da ventilação intermitente, de modo
que a água entra e sai pelos poros branquiais. Uma estrutura chamada véu,
na cavidade oral, permite que a água não saia do tubo respiratório e fique
apenas banhando a região branquial.
As lampréias são animais dióicos, ou seja, apresentam sexos separados.
Neste caso teremos indivíduos fêmeas e machos. Os indivíduos adultos mi-
gram até as porções mais altas de riachos, onde a correnteza é moderada. O
macho e a fêmea se juntam e constroem um ninho no substrato de cascalho,
movimentando o corpo continuamente. Depois de finalizado o ninho, os
gametas são liberados e a fertilização ocorre externamente.
O seu desenvolvimento é distinto de outras espécies, pois suas larvas
depois de duas semanas de embriogênese saem dos ovos e têm um padrão
totalmente diferente dos pais. Estas larvas são chamadas de amocetes. Eles
procuram lugares mais calmos para se refugiar e cavam tocas no lodo ou
areia. O desenvolvimento é bem demorado, podendo ficar de três a quinze
anos apenas nesta fase, alimentando-se do material em suspensão por filt-
ração. O tamanho neste período é de aproximadamente 10 cm.
Passada esta longa fase de desenvolvimento, o juvenil emerge das tocas
e procura algum animal para se alimentar. Assim que atinge a maturidade,
ele procura sítios favoráveis à reprodução para iniciar o ciclo novamente.
Nas espécies que não são parasitas, os amocetes sofrem metamorfose e
imediatamente após abandonar a galeria eles se reproduzem. O interessante
nestes animais é que após a reprodução eles morrem.
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OS AGNATHA FÓSSEIS
Dentre os grupos fósseis encontrados em Agnatha, os Conodonta são
talvez os mais intrigantes. Pelo seu reduzido tamanho (40 mm), durante
muito tempo foram considerados como partes de diferentes organis-
mos, como fragmentos de algas, vestígios de plantas vasculares, dentes
de peixes, mandíbulas de quetognatos, maxila de anelídeos, rádulas de
gastrópodes e restos de artrópodes. Os Conodonta apresentam pequenas
estruturas de apatita semelhante a espinhos ou pentes, sendo sua estru-
tura histologicamente semelhante à dentina e ao esmalte. Embora alguns
pesquisadores os tenham relacionado a peixes primitivos, somente no
início dos anos 1990, com a descoberta de partes moles fossilizadas, foi
possível identificá-los corretamente.
Acredita-se que estes animais apresentavam notocorda, crânio, miômeros
em “V” e olhos bem desenvolvidos, em função de músculos oculares asso-
ciados que permitiriam a sua movimentação. Em relação à respiração, pelo
seu diminuto tamanho, acredita-se que as brânquias seriam desnecessárias.
Neste caso as trocas de gases seriam realizadas através da superfície do corpo.
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CONCLUSÃO
Os peixes inauguram uma nova fase no ambiente aquático. Inicialmente
surgem os peixes sem mandíbula, denominados de Agnatha. Eles passam a
dominar um ambiente antes ocupado pelos ancestrais filtradores. Distintos
padrões morfológicos, novos modos de alimentação e ocupação do ambiente
permitiram a conquista e o domínio do ambiente aquático. A presença de
estruturas vertebrais surge em um segundo momento e, a partir daí, ela é
compartilhada com os representantes mais derivados dentro de Agnatha e
com os demais Gnathostomata.
RESUMO
Nesta aula iniciamos o estudo dos Craniata representados pelos peixes, que
formam o maior grupo de vertebrados. Os peixes sem mandíbula constituem
o grupo parafilético Agnatha, representado pelas superclasses Myxinomorphi,
Petromyzontomorphi, Conodonta, Pteraspidomorphi, Anaspida, Thelodonti e
Osteostracomorphi, sendo apenas os dois primeiros com representantes vivos
atualmente. Dentre os grupos fósseis, os Conodonta são os mais singulares. Só
recentemente esses diminutos peixes apresentaram indícios de partes moles do
corpo e tiveram outros registros somados, uma vez que eram erroneamente
identificados como partes de algas e de outros animais. Os demais grupos fósseis
foram reunidos em um agrupamento parafilético chamado Ostracodermata,
caracterizado pela presença de uma armadura formada por ossos dérmicos. No
processo evolutivo alguns perderam essa proteção e passaram a apresentar uma
maior mobilidade. Posteriormente surgem os primeiros Craniata, representados
pelos Myxinomorphii e conhecidos popularmente como feiticeiras. O corpo
atenuado com células produtoras de muco confere a eles uma importante pro-
teção contra predação. Com os Petromyzontomorphi surgem pela primeira vez
estruturas vertebrais. Neste grupo aparecem os arcuálios, que representam es-
truturas vertebrais homólogas aos arcos neurais dos vertebrados mandibulados.
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ATIVIDADES
1. Para praticar os conhecimentos acerca dos formatos do corpo de peixes,
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busque na internet fotos de peixes e descreva o padrão corporal de cada
um deles, acompanhado de um desenho esquemático;
2. Monte um quadro comparativo com as principais características das
feiticeiras e das lampréias, tanto em relação à morfologia quanto à ecologia;
3. Comente sobre o fato de todo Craniata ser Vertebrata, mas nem todo
Vertebrata ser Craniata.
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula daremos início ao estudo dos Gnathostomata.
AUTOAVALIAÇÃO
Só prossiga após realmente ter entendido todos os conceitos abordados
nesta aula.
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REFERÊNCIAS
HELFMAN, G.S.; COLLETTE, B.B.; FACEY. D.E. & BOWEN, B.W. The
diversity of fishes: Biology, evolution, and Ecology. 2 ed. Massachussetts,
Willey- Blackwell. 2009.
HICKMAN, C.P.; ROBERTS, L.S. & LARSON, A. Princípios integrados
de zoologia. 11 ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 2009
NELSON, J.S. Fishes of the world. 4 ed. New Jersey, John Willey & Sons.
2006
POUGH, F. H.; JANIS, C. M. & HEISER, J. B. A vida dos vertebrados. 4
ed. São Paulo Atheneu Editora São Paulo Ltda. 2008.
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