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Naturalismo

Contexto Social

● Ampliação do saber científico;


● Estabelecimento da burguesia;
● 2° Revolução Industrial;
● Cientificismo (Darwinismo; positivismo; determinismo);
● Transformações socioeconômicas;
● Avanços Políticos (Democracia, liberalismo e
socialismo).
Considerações Iniciais

● Surgimento na França, século XIX, com a publicação do


Germinal de Émile Zola
● Objetivo Pioneiro: buscava retratar a vida e a história com
veracidade, imparcialidade e pautados na ciência;
● Missão de transformar a literatura em ciência;
● Romancista científico.
Émile Zola (1840-1902)

Escritor e jornalista francês, o criador do romance


"experimental" que desejava que sua obra modificasse
a sociedade.

Zola foi o fundador e o principal autor do naturalismo


literário, que levou a discrição realista ao extremo,
principalmente na denúncia das condições de trabalho
da classe operária no século XIX.
FONTE: https://www.ebiografia.com/
Germinal (1885)
O livro gira em torno da vida de Etienne, um jovem
francês que andava sem destino pelas estradas do
interior da França após perder seu emprego e
flertar com a miséria e a fome. Ao se aproximar de
Montsou, uma das mais famosas minas de carvão
daquela região, Etienne decide procurar emprego.
A primeira impressão de Etienne foi um misto de
temor e fascínio. Já tinha ouvido histórias sobre as
minas de carvão, mas foi somente ao ver aqueles
homens e mulheres esquálidos descendo por um
buraco que mais parecia a boca de um monstro,
tragando as almas daqueles que desciam, que
Etienne sentiu um arrepio que mudaria para
sempre sua vida.
“Estavam nus, não tinham mais nada a vender a não ser a pele, tão
carcomida, tão estragada, que ninguém daria um centavo por ela. Por
isso nem se davam o trabalho de procurar, sabiam que não havia
mais nada, que era o fim de tudo, que não deviam esperar nem uma
vela, nem um pedaço de carvão, nem uma batata. Aguardavam
apenas a morte; a única pena que sentiam era pelas crianças.”

“Etienne, no entanto, estava muito animado. Uma predisposição para


a revolta o impelia à luta do trabalho contra o capital, uma primeira
ilusão, que era produto da ignorância. Não havia nisso um esforço
maravilhoso, uma campanha onde a justiça ia enfim triunfar? O fim
das fronteiras, os trabalhadores do mundo inteiro levantando-se,
unindo-se.” Germinal, Émile Zola.
Naturalismo no
Brasil
Início em 1881, com a publicação de O Mulato, de Aluísio de
Azevedo.
Contexto Histórico
● Período de transformações sociais;
● Crescimento do capitalismo;
● Aumento da mão de obra - Revolução Industrial;
● Abolição da escravatura (1888);
● Proclamação da república (1889).
Características
● Linguagem coloquial;
● Retrato objetivo da sociedade;
● Presença das tendências científicas;
● Foco na classe marginalizada;
● Denuncia as mazelas sociais;
● Patologias psíquicas e físicas;
● Determinismo;
● Intenção de causar desconforto - Grotesco;
● Descrição dos personagens e dos espaços;
● Animalização do ser humano - Zoomorfização.
Aluísio de Azevedo (1857-1913)
Escritor brasileiro. "O Mulato" foi o romance que iniciou o
Movimento Naturalista no Brasil. Foi também
caricaturista, jornalista e diplomata. É membro fundador
da cadeira n.º 4 da Academia Brasileira de Letras.

Crítico impiedoso da sociedade brasileira e de suas


instituições, o romancista abandonou as tendências
românticas em que se formara, e influenciado por Eça de
Queirós e Émile Zola, tornou-se o criador do naturalismo
no Brasil.
FONTE: https://www.ebiografia.com/
o mulato (1881)
O mulato apresenta uma história de um amor
impossível entre um mulato chamado Raimundo
(filho bastardo de um comerciante português com
uma escrava negra) com a sua prima, a moça branca
Ana Rosa.

Apesar de os dois serem profundamente


apaixonados, a sociedade, racista, os impede de
ficarem juntos. A própria família se opõe ao projeto
dos dois apaixonados por Raimundo ser filho de uma
escrava (Domingas).
“Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo acabado de
brasileiro, se não foram os grandes olhos azuis, que puxara do pai.
Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos; tez morena e
amulatada, mas fina; dentes claros que reluziam sob a negrura do
bigode; estatura alta e elegante; pescoço largo, nariz direito e
fronte espaçosa. A parte mais característica de sua fisionomia eram
os olhos grandes, ramalhudos, cheios de sombras azuis; pestanas
eriçadas e negras, pálpebras de um roxo vaporoso e úmido; as
sobrancelhas muito desenhadas no rosto, como a nanquim, faziam
sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar da barba raspada,
lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre
papel de arroz.”
O Mulato de Aluísio Azevedo
“Mas que culpa tinha ele em não ser branco e não ter nascido
livre?... Não lhe permitiam casar com uma branca? De
acordo! Vá que tivessem razão! Mas por que insultá-lo e
persegui-lo? Ah! amaldiçoada fosse aquela raça de
contrabandistas que introduziu o africano no Brasil! Maldita!
Mil vezes maldita! Com ele quantos desgraçados não sofriam
o mesmo desespero e a mesma humilhação sem remédio?”

O Mulato de Aluísio Azevedo


“(...) viúva, brasileira rica, de muita religião e escrúpulos de
sangue, e para quem um escravo não era um homem, e o fato
de não ser branco constituía só por si um crime. Foi uma fera!
A suas mãos, ou por ordem dela, vários escravos sucumbiram
ao relho, ao tronco, à fome, à sede, e ao ferro em brasas. Mas
nunca deixou de ser devota, cheia de superstições; tinha uma
capela na fazenda, onde a escravatura, todas as noites, com
as mãos inchadas dos bolos, ou as costas lanhadas pelo
chicote, entoava suplicas à Virgem Santíssima, mãe dos
infelizes.”
O Mulato de Aluísio Azevedo
o cortiço (1890)
Pobreza, corrupção, injustiça, traição. Todos esses
elementos integram O cortiço, principal obra do
Naturalismo brasileiro. Aluísio Azevedo escreve um
romance que denuncia as mazelas sociais enfrentadas
pelos moradores de um cortiço e pelas pessoas ligadas
a ele no Rio de Janeiro durante o século XIX. João
Romão, Bertoleza, Pombinha, Rita Baiana, Piedade,
Jerônimo…ninguém escapa da análise impiedosa do
narrador. Um romance que convida o leitor a analisar
por meio da observação crítica do cotidiano das
personagens a animalização do ser humano, questão
que se mostra, mais do que nunca, atual.
“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de
portas e janelas alinhadas.Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete
horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da
última guitarra da noite antecedente,
dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra
alheia.”

“Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de
machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que
escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender
as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço,
que elas despiam suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se
preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As
portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem
tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças e as saias; as crianças
não se davam o trabalho de lá ir, despachavam-se li mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás
da estalagem ou no recanto das hortas.”
“E devorava-a de beijos violentos, repetidos, quentes, que sufocavam a menina,
enchendo-a de espanto e de um instintivo temor, cuja origem a pobrezinha, na sua
simplicidade, não podia saber qual era. (…) Leonie fingia prestar-lhe atenção e nada
mais fazia do que afagar-lhe a cintura, as coxas e o colo. Depois, como que
distraidamente, começou a desabotoar-lhe o corpinho do vestido.”

“Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e


bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa
sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já
correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda,
como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma pé
e nunca se encontra fundo. Rita […] tinha o mágico segredo daqueles movimentos de
cobra amaldiçoada; aqueles requebros que não podiam ser sem o cheiro que a
mulata soltava de si e sem aquela voz doce, quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga
e suplicante.”
“Bertoleza representava agora ao lado de João Romão o papel tríplice de
caixeiro, de criada e de amante. Mourejava a valer, mas de cara alegre; às quatro
da madrugada estava já na faina de todos os dias, aviando o café para os
fregueses e depois preparando o almoço para os trabalhadores de uma pedreira
que havia para além de um grande capinzal aos fundos da venda. Varria a casa,
cozinhava, vendia ao balcão na taverna, quando o amigo andava ocupado lá por
fora; fazia a sua quitanda durante o dia no intervalo de outros serviços, e à noite
passava-se para a porta da venda, e, defronte de um fogareiro de barro, fritava
fígado e frigia sardinhas, que Romão ia pela manhã, em mangas de camisa, de
tamancos e sem meias, comprar à praia do Peixe. E o demônio da mulher ainda
encontrava tempo para lavar e consertar, além da sua, a roupa do seu homem,
que esta, valha a verdade, não era tanta e nunca passava em todo o mês de
alguns pares de calças de zuarte e outras tantas camisas de riscado.”
Adolfo Caminha (1867-1897)
Um dos principais representantes do naturalismo no Brasil. Sua obra, densa,
trágica e pouco apreciada na época, é repleta de descrições de perversões e
crimes.

Dedicou-se ao funcionalismo público e à literatura. Em 1893 publicou "A


Normalista", romance em que relata a história chocante de um incesto, em que
Maria do Carmo, a normalista, é seduzida por João da Mata, seu padrinho. Em
seguida, faz uma viagem para os Estados Unidos e das observações da viagem,
escreveu "No País dos Ianques" (1894).

No ano seguinte provocou um grande escândalo, mas firmou sua reputação


literária ao escrever "Bom Crioulo", obra na qual aborda a questão do
homossexualismo entre os marinheiros Amaro e seu colega Aleixo.

FONTE: https://www.ebiografia.com/
A normalista (1893)
A Normalista, considerada obra “libidinosa”, quando
de seu lançamento, ajusta-se perfeitamente às
propostas do Determinismo. João da Mata desfruta
sexualmente de sua afilhada. Maria da Mata, moça
ingênua, de uma excepcional brandura de caráter,
educada em uma casa de caridade e depois
normalista. Pressionada pelo instinto sexual e por
circunstâncias superiores à sua vontade, Maria do
Carmo entrega-se ao padrinho, submetendo-se
totalmente à lascivia de João da Mata.
“— Cheguei um bocadinho tarde, não é assim, padrinho? perguntou cosendo-se ao amanuense, a
cabeça derreada para trás.
João olhou-a, olhou-a, hesitante, com um ar de extrema bonomia no rosto ainda há pouco
carrancudo.
Tinha acabado de ralhar pela demora da afilhada e agora achava-se sem ânimo para dizer uma
só palavra áspera à rapariga, cujo olhar fascina-va-o como um abismo. Ali estava ela a seus pés,
submissa e mais bela do que nunca, acariciando-lhe a barba, toda sua, como uma escrava.
— Sim, senhora, chegou um bocadinho tarde. Isto não são horas de uma moça estar pas seando...
Afetava um tom repreensivo e ao mesmo tempo paternal.
Quase dez horas! Não era bonito aquilo, tivesse mais juizinho. Enfim, por aquela vez, o dito por
não dito, mas por amor de Deus, não fizesse outra, senão, senão...
— Mas padrinho…
— Não tem padrinho, não tem nada. Pode ir ao Passeio, mas, por favor, não me volte a estas
horas...
E afagava os cabelos de Maria, passava-lhe a mão nas faces, atoleimado, imbecil como um velho
impotente, o olhar aceso através dos óculos escuros, a calva reluzente como uma grande bola de
bilhar.
A normalista de Adolfo Caminha
— Tu bebeste cerveja, aposto, tornou tomando entre as mãos a cabeça da rapariga e
cheirando-lhe a boca. Ora se tomou...
— Tomei, sim, padrinho, tomei um copo assim. E indicou o tamanho do copo. Mas não estou
tonta, não, padrinhozinho... Olhe, foi só um copo.
— E quem to pagou?
— Quem pagou?... Ora, quem pagou...
— Sim, quero saber quem te pagou a cerveja. Tu não levaste dinheiro...
— Quem pagou foi o Sr. José Pereira...
— Eu logo vi! Aposto em como o tal Sr. Zuza também entrou na festa.
Maria fez-se desentendida, e agarrando-se ao pescoço do amanuense, com um pulo, plantou-lhe
um beijo na testa.
João da Mata desequilibrou-se.
— Ora, ora, ora, esta menina!...
Não sabia o que fizesse. Ralhar? Não. Maria estava encantadora e pagava-lhe com beijos as
recriminações. Calar? Também não. A rapariga era capaz de reincidir na falta. O verdadeiro era
não falar mais no Zuza. E João da Mata rematou a conversa:
— Vá, minha filha, vá dormir, que você não está boa…”
A normalista de Adolfo Caminha
“Maria punha-o doido com os seus belos olhinhos cor de azeitona. A sua imaginação criava
planos fantásticos, inexeqüíveis, por meio dos quais ele pudesse iludir a afilhada, e, zás! tirar-lhe
o lírio branco da virgindade. Não queria precipitar-se com risco de um escândalo comprometedor,
isso não. Preferia insinuar-se pouco a pouco, devagar, no ânimo da pequena, sem a sobressaltar,
fazendo-lhe todas as vontades, de modo que, na ocasião oportuna, no momento preciso ela se
entregasse prontamente, sem resistência.
Com efeito, Maria agora, para não desagradar ao padrinho, obedecia-lhe cegamente, com a
resignação indolente, fria duma escrava. Que havia de fazer, ela uma pobre filha adotiva, se o
padrinho era quem lhe dava de comer e de vestir? Consentia, pudera não! sem a menor
resistência, que o amanuense afagasse-lhe o bico dos seios virgens e lhe passasse a mão pelas
coxas tenras e polpudas...
— Está fazendo cócega, padrinho, murmurava rindo, com um riso sem expressão, que lhe vinha
do fundo da alma de donzela.
— Sossega, tolinha, ralhava João.
E ela não tinha remédio senão ficar quieta, imóvel, com o olhar úmido no teto, abandonada às
carícias sensuais daquele homem repugnante que a perseguia como um animal no cio, mas que
afinal de contas era seu padrinho…” A normalista de Adolfo Caminha
o bom criolo (1895)
Amaro é um escravo foragido que, ingressando na
Marinha, vê realizar-se seu sonho de liberdade.
Graças ao biótipo sólido e sua quase inesgotável
força física, torna-se um marujo voluntarioso e
benevolente, recebendo o apelido de “Bom Crioulo”.
É nessa nova etapa da vida que conhece Aleixo.
Surge então uma história de desejo, frustração e
tragédia. A publicação causou polêmica ao mostrar
seus protagonistas — um negro e um branco — em
uma relação homossexual.
“Dias e dias correram. A bordo todos o estimavam como na fortaleza, e a primeira
vez que o viram nu, uma bela manhã, depois da baldeação, refestelando-se num
banho salgado — foi um clamor! Não havia osso naquele corpo de gigante: o
peito largo e rijo, os braços, o ventre, os quadris, as pernas, formavam um
conjunto respeitável de músculos, dando uma ideia de força física sobre-humana,
dominando a maruja, que sorria boquiaberta diante do negro. Desde então Bom
Crioulo passou a ser considerado um “homem perigoso”, exercendo uma
influência decisiva no espírito daquela gente, impondo-se incondicionalmente,
absolutamente, como o braço mais forte, o peito mais robusto de bordo. Os
grandes pesos era ele quem levantava, para tudo aí vinha Bom Crioulo com o
seu pulso de ferro, com a sua força de oitenta quilos, mostrar como se alava um
braço grande, como se abafava uma vela em temporal, como se trabalhava com
gosto! Entretanto, o seu nome ia ganhando fama em todos os navios. — Um
pedaço de bruto, aquele Bom Crioulo! diziam os marinheiros. — Um animal
inteiro é o que ele era! ”
O bom criolo de Adolfo Caminha
“Agora compreendia nitidamente que só no homem, no próprio homem,
ele podia encontrar aquilo que debalde procurara nas mulheres.

Nunca se apercebera de semelhante anomalia, nunca em sua vida tivera


a lembrança de perscrutar suas tendências em matéria de sexualidade.
As mulheres o desarmavam para os combates do amor, é certo, mas
também não concebia, por forma alguma, esse comércio grosseiro entre
indivíduos do mesmo sexo; entretanto, quem diria!, o fato passava-se
agora consigo próprio, sem premeditação, inesperadamente. E o mais
interessante é que “aquilo” ameaçava ir longe, para mal de seus
pecados... Não havia jeito, senão ter paciência, uma vez que a “natureza”
impunha-lhe esse castigo…”
O bom criolo de Adolfo Caminha
Raul Pompéia (1863-1895)
Foi um escritor brasileiro. A publicação do romance “O
Ateneu” marcou seu nome entre os maiores romancistas
brasileiros, ao lado de Machado de Assis e Aluísio Azevedo.
O Ateneu é uma obra-prima do Realismo/Naturalismo no
Brasil.
O caráter inovador da obra de obra de Raul Pompéia, tanto
pela temática como pela técnica de composição impediu os
historiadores literários a uma precisa classificação quanto à
sua escola literária. Considerada ora como Realista, ora
como Naturalista, essas diferentes modalidades revelam o
valor máximo da arte de Raul Pompéia.
FONTE: https://www.ebiografia.com/
o ateneu (1888)
Nessa obra, o narrador-personagem Sérgio
conta, em caráter memorialístico, a sua
experiência como interno no Ateneu, um
colégio onde estudam os filhos da rica
burguesia carioca do século XIX. Nessa
instituição, o menino de 11 anos vai
aprender a viver em uma sociedade
corrupta, onde sobrevivem os mais fortes.
"Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta." Bastante
experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança
educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que
se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício
sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do
primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso.
Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma
incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe
a enfiada das decepções que nos ultrajam.

Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a
saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em
todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se
transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de
esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais
pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo — a paisagem é a mesma de cada lado
beirando a estrada da vida.
O Ateneu, Raul Pompéia.
Eu tinha onze anos.”
"“Aí vão as carinhas sonsas, generosa mocidade... Uns perversos! Têm mais
pecados na consciência que um confessor no ouvido; uma mentira em cada
dente, um vício em cada polegada de pele. [...]. São servis, traidores, brutais,
adulões. Vão juntos. Pensa-se que são amigos... Sócios de bandalheira! Fuja
deles, fuja deles. Cheiram a corrupção, empestam de longe. Corja de
hipócritas! Imorais! Cada dia de vida tem-lhes vergonha da véspera.”

“[...]; faça-se forte aqui, faça-se homem. Os fracos perdem-se. Os rapazes


tímidos, ingênuos, sem sangue, são brandamente impelidos para o sexo da
fraqueza”. "

O Ateneu, Raul Pompéia.

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