Caracterizaçãoavaliaçãoqualidade_Cantinho_2017
Caracterizaçãoavaliaçãoqualidade_Cantinho_2017
Caracterizaçãoavaliaçãoqualidade_Cantinho_2017
2017
Natal – RN
Klégea Maria Câncio Ramos Cantinho
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Profa. Dra. Eliane Marinho-Soriano
Orientadora – PRODEMA/DDMA-UFRN
______________________________________________
Prof. Dr. André Luis Calado Araújo
IFRN
_______________________________________________
Profa. Dra. Marcella Araújo do Amaral Carneiro
UNIFACEX
______________________________________________
_______________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Ricardo de Oliveira
Plano Ambiental Planejamento e Estudos Ambientais LTDA
APRESENTAÇÃO
Estuaries and coastal zones are dynamic systems of great environmental, economic and social
importance. All over the world these areas are becoming increasingly impacted because of the
anthropogenic activities caused by rapid economic growth and urbanization. This research was
carried out in the Tubarão estuary, which is located in the northern coast of Rio Grande do
Norte, Brazil. The estuary area is part of the Ponta do Tubarão Sustainable Development
Reserve (RDSEPT). In the surroundings of this conservation unit, several economic activities
are developed, such as fishing, agriculture, aquaculture, saline and oil industry, besides
ecological tourism. Considering the ecological, economic and social importance of this
ecosystem, a study was run to characterize and evaluate the environmental quality of the
Tubarão estuary through analysis of nutrients (N and P) and heavy metals in water, sediment
and seaweeds (Gracilariopsis and Hypnea). The research carried out for this purpose is
composed of three chapters: (1) in the first chapter the dynamic of nutrients was investigated to
understand the biogeochemical processes and to identify possible anthropogenic impacts in this
tropical ecosystem; (2) the second chapter of the thesis analyzes and points out which
compartments (water, sediment and seaweeds) that hold the largest concentration of heavy
metals and finally the third chapter (3) which examines the RDSEPT extractivists’
environmental perception and aims to measure the population's understanding of reserve
environmental issues. The results obtained in the different chapters provide important
information on the state of environment of the Tubarão estuary and may contribute to the
reserve management.
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................ 27
Tabela 1. Características físico-químicas da água do estuário do Rio Tubarão, Macau, Rio Grande do
Norte. ................................................................................................................................................. 35
Tabela 2. Variação dos valores médios ± desvio padrão (mínimo–máximo) da razão N:P entre as
estações na coluna de água, no sedimento e nos tecidos das macroalgas H. musciformis e Gr.
tenuifrons. .......................................................................................................................................... 40
Tabela 3. Coeficientes de correlação linear de Pearson entre os parâmetros ecológicos, sedimento e
porcentagens de N e P nas algas Gracilariopsis tenuifrons e Hypnea musciformis. ......................... 41
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................ 51
Tabela 1. Características físico-químicas da água do estuário do Rio Tubarão, Macau, Rio Grande do
Norte. ................................................................................................................................................. 57
Tabela 2. Valores das concentrações médias (mg/L) dos metais pesados na coluna de água do estuário
Ponta do Tubarão e valores limites para o CONAMA e a USEPA. .................................................. 59
Tabela 5. Concentração média (mg/kg) de metais pesados registrados no sedimento do estuário Ponta
do Tubarão comparada a estudos realizados no Brasil e em outras partes do mundo. ...................... 65
CAPÍTULO 3 ............................................................................................................................ 73
Tabela 1. Perfil dos entrevistados em percentual e números absolutos. Macau, RN (2012) ............. 76
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO GERAL
(WANG; LI, 2010). Além disso, o compartimento sedimentar pode fornecer registros dos
processos históricos ocorrentes no ambiente aquático.
partes do mundo (PHILLIPS; RAINBOW, 1994; ONSANIT et al., 2010). Dentre esses
organismos se destacam as macroalgas, foco de vários estudos sobre contaminação de metais.
Uma das principais consequências dos impactos promovidos pela ação antrópica é a
transformação e destruição dos ambientes naturais (MORSELLO, 2001). No entanto, para que
sejam realizadas ações de proteção ambiental é fundamental identificar a percepção dos
residentes locais sobre o meio ambiente. O conhecimento das necessidades, expectativas,
satisfações e condutas de uma determinada população permite compreender, como os diferentes
grupos sociais interagem com a natureza. Além disso, conhecer a percepção dos indivíduos
sobre a importância dos ecossistemas, pode propiciar um direcionamento das atividades
educativas (PEREIRA et al., 2006), além de servir como instrumento de apoio na gestão e
formulação de políticas públicas ambientais (RODRIGUES et al., 2012).
Na costa do Rio Grande do Norte, estudos revelam que as zonas costeiras estão sob
crescente pressão de poluição industrial e urbanização (RAMOS E SILVA et al., 2010). Essas
pressões representam uma ameaça potencial para o ambiente aquático, para a economia e o
17
bem-estar humano. No litoral setentrional do Rio Grande do Norte encontra-se o estuário Ponta
do Tubarão. Este estuário faz parte da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do
Tubarão (RDSEPT). A RDSEPT foi a primeira Unidade de Conservação criada em 2003 no
Estado, por reinvindicação da sociedade civil organizada que vive nessa área. Essa solicitação
da comunidade tinha como objetivo proteger os recursos naturais da área, garantir o uso e
espaço e dos recursos naturais e assegurar as atividades tradicionais da população residente na
reserva (IDEMA, 2017).
Figura 1. Caracterização geoambiental e uso do solo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do
Tubarão, RN – Brasil.
20
Para esse estudo foram definidas seis estações de coleta abrangendo toda a extensão
do estuário Ponta do Tubarão. Em cada estação, pontos de coleta foram georrefenciados com o
auxílio de um aparelho de GPS (Global Position System). A localização e distribuição desses
pontos obedeceram aos seguintes critérios: geomorfologia do local, dinâmica das marés e
presença/ausência de sítios urbanos. Das seis estações selecionadas, cinco foram posicionadas
no próprio estuário Ponta do Tubarão e outra na área estritamente marinha (Quadro 1).
22
Quadro 1. Localização dos pontos de coleta (coordenadas) no estuário Ponta do Tubarão (Diogo
Lopes, RN), Brasil.
Estações Localização (latitude/longitude)
E1 5°4’58,01’’S – 36°24’58”,82 W
E2 5°4’44,4’’S – 36°26’32”,03 W
E3 5°4’27,54’’S – 36°28’4,45” W
E4 5°4’6,91”S – 36°27’50,56”W
E5 5°3’57,89”S – 36°30’44,45” W
E6 5°3’51,14’’S – 36°30’40,00” W
3. METODOLOGIA GERAL
As coletas foram realizadas no período seco (janeiro 2013) em seis estações predefinidas
ao longo do estuário Ponta do Tubarão (Figura 2). Os pontos de amostragem obedeceram a um
gradiente crescente de salinidade, do mar até a porção interior do estuário.
Para as análises dos metais pesados (água, sedimento e macroalgas), foi utilizado o
método de abertura de amostras 3050B e para digestão a 3051, ambos da Agência de Proteção
Ambiental Americana – EPA (Enviromental Protection Agency) (USEPA, 2017). Os elementos
traços, chumbo (Pb), níquel (Ni), zinco (Zn), cobre (Cu), cádmio (Cd) e crómio (Cr) das
amostras, foram lidos pela técnica da espectrometria de absorção atômica com chama (F-AAS)
pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). Para o
nitrogênio, o peso seco foi de 100 mg e para o fósforo 20 mg.
Na qual:
n - amostra calculada
N - população
Z - variável normal padronizada associada ao nível de significância
p - verdadeira probabilidade do evento
e - erro amostral
O tratamento dos dados se deu a partir da interpretação dos questionários, analisando
e caracterizando a percepção através da familiaridade com o tema meio ambiente e a concepção
de degradação do meio (WHYTE, 1978; BARDIN, 2009).
Para análise dos resultados foi empregada análise descritiva dos dados baseada na
média e desvio padrão das triplicatas amostrais nos diferentes pontos de coleta. Para testar a
normalidade e a homocedasticidade dos dados, o Teste de Shapiro-Wilk e Levene foi aplicado.
26
CAPÍTULO 1
Resumo
O estuário Ponta do Tubarão está situado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta
do Tubarão (RDSPT), nordeste do Brasil. Na região onde se encontra a reserva são
desenvolvidas diversas atividades econômicas como pesca, agricultura, aquicultura, extração
de petróleo e turismo ecológico. Esse estudo teve como objetivo investigar a variação dos
nutrientes na coluna da água, sedimento e tecidos das macroalgas Gracilariopsis tenuifrons e
Hypnea musciformis para identificar possíveis impactos antropogênicos nesse ecossistema
tropical. O material para o estudo foi coletado em seis estações de coleta, distribuído no Rio
Tubarão. O estuário mostrou variações na concentração de nutrientes. Nas estações com maior
influência marinha foi observada uma predominância do NO3-, enquanto que na porção mais
interior do estuário o NH4+ predominou. O NH4+ foi o principal elemento na composição do
NID. A concentração do PO4-3 apresentou valores muito baixos em todas as estações
amostradas. O modelo inverso foi registrado para o teor de fósforo no sedimento. A estação
localizada na área urbana apresentou os maiores níveis de fósforo, indicando que essa área do
estuário é a mais vulnerável aos processos de eutrofização. As macroalgas (Gr. tenuifrons e H.
musciformis) mostraram que quando a fonte de nutrientes na coluna da água é baixa, ambas as
espécies armazenam nutrientes providos do sedimento. Esse estudo mostrou que a boa parte da
concentração de nutrientes registrada no estuário Ponta do Tubarão, é produzida no próprio
sistema e que a outra parcela é gerada por fontes antropogênicas, como esgotos lançados
diretamente no ecossistema e resíduos de processamento de pescado.
28
The Ponta do Tubarão estuary is located in the Ponta do Tubarão Sustainable Development
Reserve (RDSEPT), northeast of Brazil. In the region where the reserve is situated several
economic activities are developed such as fishing, agriculture, aquaculture, extraction of
petroleum and ecological tourism. The nutrient dynamics was investigated to understand the
biogeochemical processes and to identify possible anthropogenic impacts in this tropical
ecosystem. The estuary showed variations in nutrient concentration. In the sites with the
greatest marine influence, a predominance of NO3- was observed, whereas in the inner part of
the estuary NH4+ predominated. NH4+ was the main element in the NID composition. The
concentration of PO4-3 presented very low values in all the stations sampled. The inverse model
was recorded for the phosphorus content in the sediment. The site located in the urban area
presented the highest levels of phosphorus, indicating that this area of the estuary is the most
vulnerable to eutrophication processes. The seaweeds (Gracilariopsis tenuifrons and Hypnea
musciformis) showed that when the nutrient source in the water column is low, both species
store sediment nutrients. This study showed that the greatest part of nutrient concentration
registered in the Ponta do Tubarão estuary is produced in the own system and the other part is
generated by anthropogenic sources as sewages discharged directly in the ecosystem and
residues of fish processing.
Introdução
Regiões costeiras e estuarinas são áreas importantes sob o ponto de vista biológico e
socioeconômico e são consideradas também um dos mais valiosos e vulneráveis habitats da
terra. Esses sistemas que fazem interface entre o continente e o mar são muito sensíveis às
mudanças naturais ambientais e atividades humanas, incluindo o uso da terra, mudanças
geomorfológicas e desflorestamento (Li et al. 2014). Nas últimas décadas, o rápido crescimento
populacional tem favorecido diversas fontes de nutrientes, tais como, efluentes da aquicultura,
agricultura e esgotos domésticos, as quais têm aumentado consideravelmente a entrada de
nutrientes para os estuários e áreas costeiras (Wu and Chen 2013).
O rápido enriquecimento das águas costeiras por nutrientes tem levado à perda da qualidade
ambiental, especialmente aquelas próximas de áreas urbanas, as quais são mais afetadas pelo
fenômeno da eutrofização. O aumento excessivo de nutrientes tem degradado a qualidade da
água resultando em condições indesejáveis para a estrutura e função do ecossistema,
envolvendo perda da diversidade de espécies (Cardoso et al. 2004). A capacidade dos estuários
em receber, acumular, assimilar e dispersar contaminantes de fontes naturais e antropogênicas
é bem conhecido (Silva et al. 2015). Entretanto, sua capacidade de purificação é limitada e
quando extrapolada, pode comprometer a qualidade da água e do sedimento do ecossistema
(Tappin et al. 2002).
O sedimento constitui um compartimento importante para a avaliação do tipo e intensidade
de impacto a que os ecossistemas são submetidos. Eles realizam trocas com a coluna da água e
servem de reservatórios de nutrientes. A retenção ou liberação depende de fatores ambientais,
incluindo pH, potencial redox, oxigênio dissolvido, etc. (Resmi et al. 2016). As características
dos diferentes compostos armazenados no sedimento também têm sido utilizadas para uma
melhor compreensão de diversos processos, tais como, produtividade de águas superficiais,
aporte de sedimento de diferentes origens e índices de sedimentação (Bhadha et al. 2007). Em
alguns estuários, a reciclagem de nutrientes retidos no sedimento contribui para a
disponibilidade de nutriente a um grau igual ou maior do que as entradas alóctones (Cowan et
al. 1996). Mudanças no suprimento de nutrientes para os produtores primários a partir de fontes
da coluna da água e sedimento têm sido observadas em muitos sistemas (Trimmer et al. 2000).
O monitoramento dos nutrientes da coluna da água e do sedimento é o método tradicional
usado para indicar o grau de enriquecimento dos ecossistemas aquáticos. No entanto, a análise
do conteúdo de nitrogênio e fósforo nos tecidos algais pode ser utilizada também como uma
ferramenta para indicar o enriquecimento do sistema por nutrientes (Lourenço et al. 2005). As
macroalgas são componentes importantes no ciclo de nutrientes nos ecossistemas costeiros.
30
Elas são capazes de absorver nutrientes, tais como nitrogênio e fósforo e disponibilizá-los para
organismos de outros níveis tróficos, fornecendo um link essencial na transferência de
nutrientes para o sistema. Em geral, as macroalgas retiram seus nutrientes da coluna da água,
no entanto, a literatura afirma que os sedimentos estuarinos podem ser também uma fonte de
nutrientes para esses organismos (Grenz et al. 2000; Kamer at al. 2004).
Estuários tropicais são considerados zonas geoquimicamente mais ativas do que os estuários
de zonas temperadas e são mais facilmente afetados pela carga de nutrientes de fontes
antropogênicas (Smith et al. 2012). Sob o efeito combinado das atividades humanas e eventos
naturais, os ecossistemas das regiões tropicais são mais vulneráveis a esses efeitos, os quais
podem acelerar sua deterioração. As atividades antropogênicas mais comuns afetando os
ecossistemas estuarinos do Rio Grande do Norte são: agricultura, aquicultura, esgotos
domésticos e indústria salineira (Ramos e Silva et al. 2010).
O estuário Ponta do Tubarão está localizado no litoral norte do Rio Grande do Norte, na
planície estuarina de Diogo Lopes tendo como canal principal o canal de maré Tubarão. Este
estuário está localizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão
(RDSEPT), nordeste do Brasil. Além do ambiente terrestre (dunas, restinga e caatinga), a
reserva compreende uma porção marinha, um braço de mar, popularmente chamado de rio
Tubarão (Cunha 2006). A RDSEPT possui 12.946,03 ha (5º2’S e 5º16’S de latitude e 36º23’W
e 36º32’W de longitude), sendo que 650 hectares são representados por floresta de mangue que
margeiam o estuário Ponta do Tubarão. A área onde está inserida a reserva apresenta grande
importância econômica para o estado do Rio Grande do Norte. Nela se desenvolve a indústria
petrolífera, indústria salineira, carcinicultura, pesca e o turismo comunitário (Vital et al. 2008).
Na porção estuarina da Reserva, encontram-se bosques de mangues onde diversas atividades
de pesca são desenvolvidas (peixes, crustáceos, algas e moluscos) e de onde boa parte da
comunidade tira o seu sustento.
A qualidade ambiental do estuário Ponta do Tubarão é vital para a manutenção do
ecossistema local e do sustento das famílias que vivem na região, logo, investigar as mudanças
ambientais e propor medidas mitigadoras para a região é necessário para o desenvolvimento
econômico sustentável da reserva. O presente estudo teve como objetivo, caracterizar a variação
espacial dos nutrientes na coluna da água, sedimentos e macroalgas (Gracilariopsis tenuifrons
e Hypnea musciformis) e investigar a relação desses nutrientes entre a coluna da água,
sedimento e macroalgas.
31
Metodologia
Área de Estudo
A área de estudo está localizada em uma região de clima semiárido, sendo caracterizada por
temperaturas elevadas ao longo do ano (média de 27,8 °C) e pequena amplitude térmica (3,6
°C), grande incidência de energia solar (média de 2600 horas/ano e 7,22 horas diárias) e alta
taxa de evaporação (média de 2,600 mm/ano) ocasionada por altas temperaturas, escassez de
chuvas e ventos constantes. O clima da região é marcado por duas estações: a estação seca com
período mais longo (7-8 meses) e uma estação chuvosa (precipitação pluviométrica média de
53 mm) com período pluvial curto, no início do ano, de até quatro meses.
A rede hidrográfica é constituída basicamente por rios de pequeno porte e vazão reduzida.
Os rios que se encontram mais próximos do local de estudo são intermitentes e, em geral, são
responsáveis pelo abastecimento dos lençóis freáticos e pequenas lagoas (parte aflorante do
lençol freático) não atingindo diretamente o oceano ou o rio. Considerando a ausência de rios
que desaguam diretamente na área, o corpo d’água formado entre o sistema de ilhas barreiras e
o continente se constitui na realidade em um braço de mar. O sedimento do fundo do braço de
mar é essencialmente composto por silte, enquanto nos canais ocorre a presença de sedimentos
mais grossos (Vital et al. 2008).
O estuário é sujeito à ação das marés (semi-diurnas) com amplitude que varia de 3,3 a 0,9
metros (Ramos e Silva et al. 2010). O estuário Ponta do Tubarão estende-se por cerca de 12 km
de extensão com floresta de mangues em suas margens (Lacungularia racemosa, Rhizophora
mangle, Avicennia sp., Canocarpus eretus). A profundidade varia desde áreas rasas intertidais
até 7 metros nos canais principais (Vital et al. 2008). A área do estuário Ponta do Tubarão faz
parte de uma Unidade de Conservação (Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do
Tubarão) e faz parte do grupo de Unidades de uso sustentável que tem como objetivo a
compatibilidade entre a conservação e o manejo no uso da natureza.
Geologicamente a RDSEPT encontra-se inserida na Bacia Potiguar. Esta bacia tem
importância econômica para a região por ser uma grande produtora de petróleo. Além disso, no
entorno da reserva, são desenvolvidas diversas atividades econômicas como a indústria
salineira, aquicultura, pesca e turismo comunitário (Vital et al. 2008). Estas atividades embora
tenham grande importância econômica para a região, elas contribuem também para a
degradação ambiental.
32
Estações selecionadas
Para esse estudo foram selecionadas seis (6) estações, cujas posições foram georeferenciadas
com auxílio de GPS. A estação um (E1) foi posicionada na área estritamente marinha; a estação
2 (E2) na foz do estuário; a estação três (E3) na entrada de um canal de ligação com o mar; a
estação quatro (E4) na área urbana, local de ancoragem de barcos; a estação cinco (E5) na
entrada de uma gamboa; e a estação seis (E6) na parte mais interior do estuário (Fig. 1).
Figura 1. Local de estudo e localização das estações de coletas (Diogo Lopes, RN).
Análises estatísticas
A descrição dos dados foi baseada nos valores médios e de desvio padrão das amostras
analisadas. O nível de significância utilizado para todos os testes estatísticos foi de 95% (α =
0,05). Para verificar se os dados apresentavam normalidade e homocedasticidade, os testes de
Shapiro-Wilk e Levene foram aplicados. A ANOVA One-Way de medidas repetidas foi
utilizada para verificar se houve diferenças significativas entre as estações de coleta para as
variáveis salinidade, temperatura, pH, oxigênio dissolvido, nutrientes (NH4+, NO3-, NO2-, NID,
PO4-3) e razão N:P na coluna de água; N, P e razão N:P do sedimento; e nos tecidos algais N e
P da H. musciformis e G. tenuifrons. Quando as diferenças foram confirmadas, o teste de Tukey
foi aplicado. A correlação de Pearson foi utilizada para determinar se existe correlação entre as
variáveis analisadas e determinados. Para todas as análises estatísticas, foi utilizado o programa
Action (EQUIPE ESTATCAMP, 2017).
34
Resultados
Variáveis ambientais
Os valores de salinidade ao longo do estuário variaram de 37,34 (E1) com maior influência
marinha a 46,07 (E6) na porção interior do estuário (Tabela 1), sendo observadas diferenças
significativas entre as estações (ANOVA, p < 0,001). Este padrão de salinidade ocorre devido
ao grande fluxo de entrada de água oceânica, ausência de água fluvial e baixa precipitação na
região. Além disso, as altas temperaturas características da região maximizam a evaporação e
a salinização da porção interi9or do estuário. A temperatura da água variou de 27 °C a 33 °C
ao longo dos pontos amostrados. Diferenças significativas entre as estações foram verificadas
(ANOVA, p < 0,001). O menor valor de temperatura foi registrado na porção com total
influência marinha (E1), enquanto o maior valor foi registrado na porção mais interior do
estuário (E6). A E6 é caracterizada por baixa profundidade e fundo lamoso que fica descoberto
na maré baixa, sendo mais susceptível à aumentos de temperatura. O pH variou de 7,39-7,90
(ANOVA, p < 0,001). Foram registradas diferenças significativas entre as estações (ANOVA,
p < 0,001). Os níveis de oxigênio dissolvido foram bastante elevados em todas as estações (7,16
– 4,22 mg/L). A média da concentração do oxigênio dissolvido foi de 5,29 ± 0,10 mg/L, sendo
os menores valores registrados na E2 (4,19) e E4 (4,20) e os maiores na E3 (7,15) e E5 (7,19).
Diferenças significativas entre a concentração de oxigênio dissolvido nas estações foram
constatadas (ANOVA, p < 0,001). Na Tabela 1 estão sumarizados os valores dos parâmetros
ambientais mensurados durante o estudo.
35
A concentração do NH4 variou de 31,16 ± 9,76 µmol/L a 13,99 ± 3,45 µmol/L (Fig. 2A). As
mais altas concentrações desse nutriente foram registradas na secção mais interior do estuário
(E6) e as mais baixas na área mais próxima do mar (E2). Diferenças significativas foram
observadas nas concentrações desse nutriente entre as estações (ANOVA, p = 0,003). Os
valores da concentração do NO2 para a maioria das estações foram bastante similares (0,04 –
0,07 µmol/L), exceto para a E4 que apresentou valores bastante inferiores aos encontrados para
as demais (0,01 ± 0,00 µmol/L) (Fig. 2B). Gerando diferenças significativas nas concentrações
desse nutriente entre as estações (ANOVA, p < 0,001).
Diferentemente do NH4, o NO3 mostrou as mais altas concentrações na estação localizada
no mar (E1) com valor de 2,64 ± 0,16 µmol/L. Nas estações subsequentes foi observada uma
diminuição gradual desse nutriente na água (Fig. 2C), com um pequeno aumento do NO3 na
E6. Diferenças significativas foram constatadas para esse nutriente entre as estações (ANOVA,
p < 0,001). O NID mostrou um modelo similar ao NH4 para todas as estações com os valores
mais altos registrados na E6 e mais baixos na E2 (Fig. 2D). Neste estudo, o NH4 foi o principal
elemento na composição do NID (94%). Foram constatadas diferenças significativas do NID
entre as estações (ANOVA, p = 0,003).
36
Figura 2. Variação dos valores médios ± desvio padrão da concentração de NH4+ (A), NO2- (B),
NO3- (C) e NID (D) na coluna de água entre as estações. Diferentes letras indicam diferenças
significativas.
A concentração do PO4 na água variou entre 0,42 ± 0,01 e 0,22 ± 0,05 µmol/L, sendo
observada diferenças significativas entre as estações (ANOVA, p < 0,001). Os maiores valores
foram registrados na E3 e o menor na E4 (Fig. 3). Todas as estações apresentaram níveis de
PO4 baixos, os quais não ultrapassaram 0,44 µmol/L.
Figura 3. Variação dos valores médios ± desvio padrão da concentração de PO4-3 na coluna de
água entre as estações. Diferentes letras indicam diferenças significativas.
37
O conteúdo de nitrogênio nos tecidos mostrou uma ampla variação entre as espécies
estudadas. Em H. musciformis, o conteúdo de nitrogênio foi bem inferior ao encontrado em Gr.
tenuifrons (Fig. 6). O maior valor foi registrado na E1 (0,59 ± 0,13) e o menor na E6 (0,04 ±
0,01 %dw-1). Diferenças significativas foram verificadas para esta espécie entre os pontos
analisados (ANOVA, p < 0,001). Em Gr. tenuifrons, o nitrogênio nos tecidos algais esteve
relacionado com a disponibilidade do NID na coluna da água. Os níveis mais altos foram
detectados na E1, quando os níveis de nitrogênio nos tecidos atingiram 2,28 ± 0,34 % por peso
seco (Fig. 6). Não foram observadas diferenças significativas no conteúdo de nitrogênio
tecidual entre as estações amostradas (ANOVA, p = 0,067). O conteúdo de fósforo variou de
0,83 ± 0,01 % dw-1 (E1) a 0,69 ± 0,10 % dw-1 (E6) por peso seco (Fig. 7). Diferenças
significativas foram observadas entre as estações (ANOVA, p = 0,042). O conteúdo de fósforo
em H. musciformis manteve-se relativamente constantes nas estações estudadas (Fig. 7). Os
maiores valores foram registrados na E6 (0,84 ± 0,01 % dw-1) e o menor na E1 (0,77 ± 0,13 %
dw-1). Não foram constatadas diferenças significativas entre as estações (ANOVA, p = 0,368).
39
Figura 6. Variação dos valores médios ± desvio padrão da concentração de nitrogênio nos
tecidos das macroalgas Hypnea musciformis e Gracilariopsis tenuifrons entre as estações.
Letras maiúsculas e minúsculas indicam diferenças significativas.
Figura 7. Variação dos valores médios ± desvio padrão da concentração de fósforo nos tecidos
das macroalgas Hypnea musciformis e Gracilariopsis tenuifrons entre as estações. Diferentes
Letras maiúsculas e minúsculas indicam diferenças significativas.
Razão N:P
A média da razão N:P na coluna de água foi 82,3 ± 29,0, o que demonstra que há uma grande
disponibilidade de nitrogênio em relação ao fósforo (Tabela 2). Por outro lado, no sedimento
(0,53 ± 0,38), ocorre o inverso, há uma concentração de fósforo mais elevada do que de
nitrogênio. Em H. musciformis, a concentração de fósforo tecidual também foi maior do que a
de nitrogênio (0,25 ± 0,35), enquanto que, Gr. tenuifrons, o nitrogênio predominava sobre o
fósforo (2,78 ± 0,31).
40
Tabela 2. Variação dos valores médios ± desvio padrão (mínimo–máximo) da razão N:P entre
as estações na coluna de água, no sedimento e nos tecidos das macroalgas H. musciformis e Gr.
tenuifrons.
E1 E2 E3 E4 E5 E6
113,79 ± 19,45
70,26 ± 14,82 40,62 ± 0,06 61,93 ± 12,32 100,74 ± 8,78 106,47 ± 0,80
Água (100,04–127,54)
(59,78–80,73) (40,58–40,67) (53,21–70,64) (94,54–106,95) (105,90–107,04)
0,24 ± 0,01 0,29 ± 0,003 0,38 ± 0,07 (0,33– 1,15 ± 0,03 0,86 ± 0,26 0,24 ± 0,03
Sedimento (0,244–0,237) (0,28–0,29) 0,43) (1,13–1,18) (0,67–1,05) (0,22–0,26)
0,78 ± 0,30 (0,57– 0,14 ± 0,03 0,03 ± 0,02 (0,02– 0,05 ± 0,01
Hypnea ------ ------
0,99) (0,12–0,15) 0,05) (0,04–0,05)
Análise de Correlação
Tabela 3. Coeficientes de correlação linear de Pearson entre os parâmetros ecológicos, sedimento e porcentagens de N e P nas algas Gracilariopsis
tenuifrons e Hypnea musciformis.
Temp pH O.D. Sal NH4 NO3 NO2 NID PO4 NSED PSED NHYP PHYP N:P HYP
Sal 0,86** 0,99***
NH4 0,87** 0,71* 0,70*
NO3 -0,69* -0,79*
NO2 0,88** 0,98*** 0,96*** 0,72*
NID 0,82** 0,69* 0,68* 0,99*** 0,67*
PO4
N:P AG 0,76* 0,85** 0,87** 0,83** 0,76* 0,86** -0,73*
NSED -0,89** -0,83** -0,80* 0,89** -0,91**
PSED -0,78* -0,70* 0,97*** -0,73* 0,95***
N:P SED 0,79*
NHYP -0,82** -0,69* -0,70* 0,96*** -0,81** 0,97*** 0,98***
PHYP 0,71* 0,68*
N:P HYP -0,82* -0,69* -0,68* 0,95*** -0,80* 0,96*** 0,97*** 0,99*** -0,71*
NGRA -0,79* -0,71* 0,77* -0,67* 0,83** 0,83** 0,86** -0,88** 0,90**
PGRA -0,71* -0,76* -0,73* -0,74* -0,85** -0,69* 0,76* 0,74* 0,73*
N:P GRA
Legenda: Temp: Temperatura; O.D.: Oxigênio Dissolvido; NH4: Amônio; NO3: Nitrato; NO2: Nitrito; NID: Nitrogênio Inorgânico Dissolvido; PO4: Fosfato; N:P AG: razão N:P da
água; NSED: Nitrogênio do Sedimento; PSED: Fósforo do Sedimento; N:P SED: razão N:P do Sedimento; NHYP: Nitrogênio tecidual da H. musciformis; PHYP: Fósforo tecidual
da H. musciformis; N:P HYP: razão N:P tecidual da H. musciformis; NGRA: Nitrogênio tecidual da Gr. tenuifrons ; PGRA: Fósforo tecidual da Gr. tenuifrons ; N:P GRA: razão
N:P tecidual da Gr. tenuifrons
* P menor do que 0,05 e maior do que 0,01
** P menor do que 0,01 e maior do que 0,001
*** P menor do que 0,001
42
Discussão
para a coluna da água. Esse mecanismo de retenção de fósforo no sedimento tem sido
descrito por vários autores para estuários brasileiros (Pereira-Filho et al. 2001; Vidal and
Becker 2006).
A concentração de nitrogênio e fósforo no sedimento na E4 não apresentou o
mesmo padrão de distribuição observado para os nutrientes dissolvidos na água. A E4
apresentou o maior acúmulo desses nutrientes no sedimento, enquanto os valores para o
NID e PO4-3 na coluna da água eram consideravelmente mais baixos (Fig. 4 e 5). Essa
grande diferença nos níveis de nutrientes entre coluna da água e o compartimento
sedimentar pode ser explicado, em parte, pelo efeito de diluição ocasionado pela preamar
no ato da coleta das amostras de água nessa estação. O teor de nitrogênio e fósforo no
sedimento variaram de 0,16 a 3,59 mg/g para o nitrogênio e de 0,30 a 3,11 mg/g para o
fósforo respectivamente. Esses valores são similares aos encontrado por Nair et al. (1984)
e Mathews and Chandramohanakumar (2003) em estuários na Índia.
A concentração do nitrogênio e fósforo no sedimento na E4 apresentou uma ordem
de grandeza de 12 e 462 vezes maior do que o registrado na coluna da água,
respectivamente. Este considerável aumento indica a ocorrência de fontes antrópicas para
esta área do estuário. Com efeito, nessa estação foi constatado o lançamento de esgotos
domésticos e é também local de descarte de resíduos de processamento de pescado. A
grande discrepância entre os teores de nutrientes da E4 com as demais estações evidencia
que esta é a região do estuário mais vulnerável em relação aos processos de eutrofização.
De modo geral, o alto teor de fósforo registrado no sedimento em todas as estações,
exceção a E4, indicou uma razão N:P menor que 16, o que caracteriza uma limitação em
nitrogênio.
Estudos têm demonstrado que a disponibilidade de nutrientes tem um efeito
importante na produção primária e que a utilização das diferentes formas de nitrogênio
pelas macroalgas é especifico a espécie (Vonk et al. 2008). Em relação ao conteúdo de
nitrogênio nas algas, os resultados mostraram uma forte correlação entre a disponibilidade
de nitrato na água e o conteúdo de nitrogênio nos tecidos de H. musciformis (r = 0,96; p
<0,001) e Gr. tenuifrons (r = 0,77; p < 0,05). O conteúdo de N em Gracilariopsis se
manteve em níveis relativamente altos em todas as estações amostradas, sugerindo que
esta espécie absorve simultaneamente NO3- (E1) e NH4+ (E3 e E6). O maior conteúdo de
N em Hypnea observado na E1 (> concentração de NO3- dissolvido na água) sugere que
essa espécie é mais eficiente para a assimilação de NO3-. O conteúdo de nitrogênio em
Hypnea mostrou um padrão similar ao de Gr. tenuifrons, no entanto, os níveis de
nitrogênio nos tecidos eram muito baixos. A baixa concentração de NO3- na água (E3 e
45
E6) pode ser uma explicação plausível para isso, considerando que pode ocorrer limitação
quando o nutriente se encontra abaixo de uma concentração limiar para uma determinada
espécie (North et al. 2007; Fan et al. 2014). Com efeito, nesse estudo alguns valores
obtidos para Hypnea foram ainda menores do que a concentração limite de subsistência
(concentração mínima de nutrientes que permite o metabolismo sem crescimento)
encontrado para Rhodophyceae (Lourenço et al. 2006).
Os valores de fósforo nos tecidos das duas algas se encontram dentro da variação
para espécies tropicais (Lourenço et al., 2006), mesmo os níveis de fósforo dissolvido na
coluna da água fossem considerados relativamente baixos. No entanto, concentração
baixa de nutrientes na água não necessariamente indica limitação de nutrientes. Isto
porque as macroalgas usam mecanismos para estocar nutrientes (na forma de pigmentos
e aminoácidos) em excesso e utilizá-los depois quando o suprimento externo está
reduzido (Lobban and Harrison 1997). A média do fósforo registrado para as duas
espécies nesse estudo (> 0,7%) não é considerada um nível baixo, e se encontra acima de
alguns valores encontrados para algas coletadas no Rio de Janeiro, na lagoa hipersalina
de Araruama (Lourenço et al. 2005) e Baía da Guanabara (Nascimento et al. 2014).
Embora os níveis de fósforo dissolvido na coluna da água fossem baixos, para justificar
o acúmulo de fósforo nos tecidos, temos que considerar que as algas são encontradas
acima do sedimento, e que podem absorver rapidamente o fósforo quando este é liberado
do sedimento para a coluna da água. Essas constatações são confirmadas pelas correlações
positivas encontradas entre o conteúdo de nitrogênio nos tecidos algais e o teor de
nitrogênio no sedimento. Com efeito, vários estudos têm mostrado que sedimentos
estuarinos podem também ser uma fonte significante de nutrientes para as macroalgas
(Kamer et al. 2004).
Conclusão
Os resultados obtidos nesse estudo mostram que a forte influência marinha atuou de
maneira preponderante sobre os parâmetros ambientais. Este estuário apresentou valores
de salinidade e temperatura mais elevados na porção interior do estuário, indicando a
influência da evaporação e da marê sobre esses dois parâmetros. Em relação aos
nutrientes, observa-se que na coluna da água, o nitrogênio estava presente em maior
concentração, indicando uma limitação em fósforo. O inverso foi observado para o
compartimento do sedimento.
46
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51
CAPÍTULO 2
Resumo
Este estudo teve como objetivo investigar o estado atual da concentração de metais
pesados da água, sedimento e macroalgas (Gracilariopsis tenuifrons e Hypnea
musciformis), em uma escala espacial no estuário Ponta do Tubarão, nordeste do Brasil.
Os resultados obtidos revelaram que existe uma notável diferença na concentração dos
metais entre os diferentes compartimentos estudados e entre as estações. A mais alta
concentração de metais na água e nas algas foi registrada para a Estação 1 (maior
influência marinha), enquanto que no sedimento, foi maior na Estação 4 (área urbana).
Nas macroalgas houve uma tendência de diminuição nas concentrações dos metais da E1
para a E6 (porção mais interior do estuário). O cobre, chumbo e o zinco foram os
elementos que apresentaram as maiores concentrações nos tecidos algais. Os metais
cádmio, cobre e chumbo nos tecidos de H. musciformis apresentaram correlação positiva
com esses mesmos elementos na coluna da água. Em G. tenuifrons também mostrou uma
significante correlação positiva do cobre e chumbo na água e nos tecidos da alga. Uma
correlação positiva também foi encontrada para os metais no tecido das espécies e o
registrado no sedimento. Os resultados desse estudo mostraram que a concentração dos
metais varia de acordo com a espécie algal e que ambas espécies acumulam quantidades
importantes de metais. Esta capacidade faz com que esses organismos sejam considerados
importantes bioindicadores e biomonitores de metais pesados.
Abstract
This study aimed to investigate the current state of heavy metal concentration of water,
sediments and seaweeds (Gracilariopsis tenuifrons and Hypnea musciformis) on a spatial
scale in the Ponta do Tubarão estuary, northeast of Brazil. The results obtained revealed
that there is a remarkable difference in the metal concentration among the different
compartments studied and among sites. The highest metal concentration in the water was
recorded for E1 (greatest marine influence), in the sediment at E4 (urban area) and
seaweeds at E1. In the seaweeds, there was a decreasing trend in the metal concentrations
from E1 to E6 (inner part of the estuary). Copper, lead, and zinc were the chemical
elements that showed the highest concentrations in the algal tissues. The metals cadmium,
copper and lead in the H. musciformis tissues showed a positive correlation with the same
elements in the water column. G. tenuifrons also showed a significant positive correlation
of copper and lead in water. A positive correlation was also found for both species and
sediment. The results of the study showed that the metal concentration varies according
to the seaweed species and that both species accumulate important metal concentrations.
This ability makes these organisms important as bioindicators and biomonitoring of
heavy metals.
Introdução
Metodologia
Área de estudo
A área de estudo está situada em uma região de clima semiárido, a qual apresenta duas
estações bem definidas: a estação seca (de 7 a 8 meses) e a chuvosa (de 4 a 5 meses). A
região é caracterizada por temperaturas elevadas, grande incidência solar, baixa
pluviosidade e alta taxa de evaporação.
A rede hidrográfica da área de estudo é composta basicamente por rios temporários de
pequeno porte, os quais são responsáveis pelo abastecimento dos lençóis freáticos e de
pequenas lagoas (parte aflorante do lençol freático). Devido à ausência de rios que
desaguem no estuário, o rio Tubarão é um estuário invertido. O sedimento do fundo do
estuário é constituído principalmente por silte, enquanto os sedimentos mais grossos estão
presentes nos canais (Vital et al. 2008).
O estuário Ponta do Tubarão está sujeito à ação das marés, com amplitude de 3,3 a 0,9
metros (Ramos e Silva et al. 2010). A profundidade é relativamente baixa, atingindo até
55
7 metros nos principais canais (Vital et al. 2008). Esse estuário estende-se por cerca de
12 km e abriga quatro espécies de mangue: Lacungularia racemosa, Rhizophora mangle,
Avicennia sp. e Canocarpus eretus (Vital et al. 2008). A área do estuário faz parte da
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão (RDSPT), unidade de uso
sustentável. Nessa unidade de conservação, a pesca, coleta de peixes, moluscos e
crustáceos são as principais atividades econômicas desenvolvidas pelos do entorno da
reserva (Dias et al. 2007). Nessa reserva, durante décadas as algas marinhas eram
coletadas, secadas e vendidas para a extração de ágar. Essa atividade por muito tempo foi
considerada como uma importante fonte de renda suplementar para a população local
(Marinho-Soriano, 2017).
Estações de Coleta
Para o presente estudo, seis (6) estações foram selecionadas de forma a contemplar
todo o gradiente existente no estuário. As posições das estações foram georeferenciados
e estão dispostas na Figura 1. A estação um (E1) foi posicionada na área estritamente
marinha; a estação 2 (E2) na foz do estuário; a estação três (E3) na entrada de um canal
de ligação com o mar; a estação quatro (E4) na área urbana, local de ancoragem de barcos;
a estação cinco (E5) na entrada de uma gamboa; e a estação seis (E6) na parte mais interior
do estuário.
Para analisar as concentrações dos metais pesados do estuário Ponta do Tubarão, tanto
na água quanto no sedimento e nas macroalgas foram utilizados os métodos 3050B, para
abertura de amostras e 3051, para digestão de amostra, ambos métodos da Agência de
Proteção Ambiental Americana - EPA (Enviromental Protection Agency) (USEPA,
2017). Os elementos traços, Cd (cádmio), Cu (cobre), Pb (chumbo), Cr (cromo) Ni
(níquel) e Zn (zinco), das amostras foram lidos pela técnica da espectrometria de absorção
atômica com chama (F-AAS) pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do
Norte (EMPARN) (EMBRAPA SOLOS, 1997).
57
Análises estatísticas
Resultados
Parâmetros ambientais
De forma geral, a E1, estação com maior influência marinha, foi a que apresentou as
maiores médias para todos os metais pesados analisados (Fig. 2). Houve uma tendência
de diminuição das concentrações dos metais em direção ao interior do estuário, E6. A
concentração do cádmio (Cd) manteve-se relativamente constante ao longo do estuário,
com média de 0,07 ± 0,01 mg/L. Assim como o Cd, o cobre (Cu) apresentou uma pequena
variação em sua concentração, com máximo de 0,08 mg/L na E1 e mínimo de 0,03 mg/L
na E4. O chumbo (Pb) foi o metal pesado com a maior concentração na coluna de água,
com média de 0,54 ± 0,09 mg/L. O maior valor foi constatado na E1 (0,75 mg/L) e o
menor na E4 (0,41 mg/L). O cromo (Cr) também exibiu uma leve flutuação em seus
valores entre as estações, com média de 0,08 ± 0,02 mg/L. A concentração de níquel (Ni)
foi a segunda mais elevada na coluna de água, com média de 0,28 ± 0,02 mg/L. A maior
concentração foi identificada na E1 (0,34 mg/L) e a menor na E4 (0,25 mg/L). Por fim, o
zinco (Zn) foi o elemento químico com menor concentração na coluna de água, com
média de 0,02 ± 0,01 mg/L. Diferenças significativas entre as estações foram observadas
para todos os metais (Kruskal-Wallis, p < 0,05).
Cd Cu Pb Cr Ni Zn
0,8 a
Concentração dos metais (mg/L)
0,6 b b
c c
d
0,4 a
a
b b b b a
0,2 aa a
ab c b b
a a a bb b b c b b
d cd
0,0
E1 E2 E3 E4 E5 E6
Estações
Figura 2. Variação dos valores médios ± desvio padrão das concentrações dos metais
pesados Cd (cádmio), Cu (cobre), Pb (chumbo), Cr (cromo) Ni (níquel) e Zn (zinco) na
coluna de água entre as estações. Diferentes letras indicam diferenças significativas.
Os valores médios dos metais pesados analisados na coluna de água do estuário Ponta
do Tubarão e os limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente
59
Tabela 2. Valores das concentrações médias (mg/L) dos metais pesados na coluna de água
do estuário Ponta do Tubarão e valores limites para o CONAMA e a USEPA.
Metais pesados Presente estudo CONAMA¹ USEPA²
A E4, local na área urbana e de ancoragem de barcos, e a E6, na parte mais interior do
estuário, de forma geral, foram as estações com a maior e menor concentração dos metais
pesados no sedimento, respectivamente (Fig. 3). O maior valor de Cd foi constatado na
E5 (0,78 mg/dm³), enquanto o menor na E6 (0,11 mg/dm³), com média de 0,36 ± 0,18
mg/dm³. O Cu, com média de 1,27 ± 2,51 mg/dm³, apresentou grande variação em sua
concentração, com máximo de 6,58 mg/dm³ na E4 e mínimo de 0,19 mg/dm³, na E6. O
Pb novamente foi o elemento com maior concentração média, com 3,76 ± 1,89 mg/dm³.
A maior concentração foi 7,65 mg/dm³ na E4 e a menor foi 2,58 mg/dm³ na E2. Houve
uma pequena flutuação nos valores de Cr, com média de 0,38 ± 0,08 mg/dm³ e máximo
de 0,60 mg/dm³ na E6 e mínimo de 0,21 mg/dm³ na E4. O Ni apresentou média de 1,25
± 0,29 mg/dm³ e não exibiu um padrão em sua concentração no estuário, com o maior
valor na E6 (1,87 mg/dm³) e menor na E3 (0,87 mg/dm³). Por último, o Zn foi o segundo
metal pesado com maior concentração no sedimento e maior variação (0,38 mg/dm³, na
E5 e 15,68 mg/dm³, na E4). A concentração média desse metal foi 3,39 ± 5,97 mg/dm³.
Houve diferenças significativas ao longo do estuário para todos os metais (Kruskal-
Wallis, p < 0,05).
60
Cd Cu Pb Cr Ni Zn
18,0
13,5
9,0 a
a
4,5 b e b ab c d a
a b
bc ab b ab c b b bc bcb a a
cd b bc a c bc ab c d c a bc
0,0
E1 E2 E3 E4 E5 E6
Estações
Figura 3. Variação dos valores médios ± desvio padrão das concentrações dos metais
pesados Cd (cádmio), Cu (cobre), Pb (chumbo), Cr (cromo) Ni (níquel) e Zn (zinco) no
sedimento entre as estações. Diferentes letras indicam diferenças significativas.
Tabela 3. Valores das concentrações médias dos metais pesados no sedimento do estuário
Ponta do Tubarão e valores limites para o CONAMA e a USEPA.
Metais pesados Presente estudo CONAMA¹ USEPA²
Houve uma tendência de diminuição nas concentrações da maioria dos metais pesados
da região de maior influência marinha (E1), à parte mais ao interior do estuário (E6), nos
tecidos da macroalga H. musciformis (Fig. 4). O Cd apresentou a menor variação (2,40
mg/kg.dw na E1 e 1,00 mg/kg na E3) comparada à dos outros metais e média de 1,74 ±
0,51 mg/kg.dw. O Cu foi o metal pesado com a maior variação (5,00 mg/kg.dw na E3 e
E6 e 34,00 mg/kg.dw na E1) e maior concentração (15,06 ± 13,38 mg/kg.dw). O Pb foi o
segundo elemento com maior concentração nos tecidos da macroalga H. musciformis,
com média de 14,20 ± 4,27 mg/kg.dw. O maior valor (19,00) foi identificado na E1 e o
menor (9,00) na E6, exibindo assim uma diminuição gradativa da área estritamente
marinha à região mais ao interior do estuário. O Cr apresentou a maior concentração na
E2 (13,40 mg/kg.dw) e menor na E6 (8,00 mg/kg.dw), com média de 11,16 ± 2,21
mg/kg.dw. O Ni exibiu a menor variação ao longo do estuário, com média de 9,79 ± 0,45
mg/kg.dw. O maior valor (10,50 mg/kg.dw) foi encontrado na E6 e o menor (9,00
mg/kg.dw) na E1 e E2. Assim como o Cr, o Zn apresentou o máximo na E2 (24,10
mg/kg.dw) e o mínimo na E6 (7,80 mg/kg.dw), com média de 14,13 ± 6,56 mg/kg.dw.
Diferenças significativas para todos os metais foram verificadas ao longo do estuário
(Kruskal-Wallis, p < 0,05).
62
Cd Cu Pb Cr Ni Zn
38,0
a
Figura 4. Variação dos valores médios ± desvio padrão das concentrações dos metais
pesados Cd (cádmio), Cu (cobre), Pb (chumbo), Cr (cromo) Ni (níquel) e Zn (zinco) no
tecido da macroalga Hypnea musciformis entre as estações. Diferentes letras indicam
diferenças significativas.
Cd Cu Pb Cr Ni Zn
38,0
19,0
b a b
a
9,5 a b a a
a b b
a b a c a c c
0,0
E1 E3 E6
Estações
Figura 5. Variação dos valores médios ± desvio padrão das concentrações dos metais
pesados Cd (cádmio), Cu (cobre), Pb (chumbo), Cr (cromo) Ni (níquel) e Zn (zinco) no
tecido algal de Gracilariopsis tenuifrons entre as estações. Diferentes letras indicam
diferenças significativas.
Análise de correlação
Discussão
Reitermajer et al. (2011) - Brasil --- 11,54 8,77 13,36 --- 1,14
Olivares-Rieumont et al. (2005) - Cuba 4,30 420,8 189,0 23,40 --- 708,8
Liu et al. (2009) - China 0,37 178,61 38,29 152,73 --- 25,66
igualmente no petróleo e seus subprodutos. Por outro lado, as tintas anti-fouling possuem
quantidades significativas de óxidos de cobre em sua composição (Valkirs et al. 2003).
Considerando que a E4 é local de ancoradouro de barcos, o aporte significativo de
chumbo e cobre nessa estação pode ser proveniente das tintas anti-incrustantes utilizadas
na pintura das embarcações e do derrame acidental de combustível no momento do
abastecimento. Assim como o chumbo e cobre, o zinco foi também encontrado em altas
concentrações. Essa presença marcante pode estar associada à grande quantidade de lama
(partículas finas) na E4 que aprisiona esse metal. Efluentes domésticos podem ser fontes
de chumbo e zinco para as águas receptoras (Novotny 1995).
O cobre, chumbo e zinco foram os metais dominantes nas duas macroalgas estudadas
(Fig. 4 e Fig. 5). A espécie H. musciformis acumulou uma concentração
significativamente maior desses elementos do que Gr. tenuifrons, sugerindo diferente
capacidade de acumulação entre espécies. Além disso, os metais cádmio, cromo e níquel
também estiveram presentes em maiores concentrações em H.musciformis. Esta diferença
pode estar associada a fatores fisiológicos intrínsecos a cada espécie. De acordo com a
literatura (Lobann and Harrison, 1997; Millward and Turner 2001), fatores fisiológicos
tais como, resposta fotossintética, taxa de crescimento, tipo de polissacarídeo e absorção
de nutrientes afeta a absorção dos diferentes metais.
Os metais são absorvidos passiva e ativamente pelas algas. Alguns metais, como, por
exemplo, o chumbo, pode ser adsorvido passivamente pelos polissacarídeos nas paredes
e matriz intercelular, enquanto outros metais (Zn, Cd) podem ser absorvidos ativamente.
Com efeito, algumas espécies podem produzir compostos extracelulares que facilitam a
ligação com certos metais. Estudos realizados com carragenófitas têm mostrado uma
efetiva ligação de metais pesados, tais como o chumbo e cádmio, através de um
mecanismo de trocas (Lobban and Harrison 1997). Nesse sentido, os diferentes resultados
têm demonstrado que a capacidade de ligação do metal está relacionada com a quantidade
de grupamento sulfato da carragenana (Estevez et al. 2002). Considerando que espécies
de Hypnea são produtoras de carragenana, que são polissacarídeos altamente sulfatados
e Gracilariopsis produtoras de ágar, isto talvez explique a maior concentração de metais
em H. musciformis em relação à Gr. tenuifrons nesse estudo.
Variações interespecíficas na acumulação de metais têm sido atribuídas também às
diferenças morfológicas. Nesse estudo, as duas espécies possuem morfologias distintas.
H. musciformis apresenta muitas ramificações de aspecto delicado, enquanto Gr.
tenuifrons apresenta morfologia cilíndrica e alongada. Stengel et al. (2004) mostraram
que algas filamentosas ramificadas concentram mais zinco em seus tecidos. Esses
67
Conclusão
A análise da distribuição de metais na água do estuário Ponta do Tubarão, mostrou que
embora a concentração de alguns metais se encontrasse em níveis mais altos do que os
valores apontados pelo CONAMA (Classe 1), eles estiveram bem abaixo dos níveis
reportados para locais não poluídos e com moderado e alto impacto antropogênico. A
estação que apresentou as maiores concentrações de metais pesados na água (E1) está
situada na área rasa da plataforma continental e adjacente a área de exploração de
petróleo. As menores concentrações dos metais foram registradas na porção mais interior
do estuário.
Em relação ao sedimento observa-se que, os valores de concentração de metais obtidos
nesse estudo eram inferiores aos níveis de referência do CONAMA e USEPA. Os maiores
valores de metais pesados foram registrados na E4, que está localizada em área urbana.
68
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73
CAPÍTULO 3
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
Na qual:
n = amostra calculada
N = população
Zα/2 = variável crítica que corresponde ao grau de confiança desejado
p = proporção populacional de indivíduos que pertence à categoria
q = proporção populacional de indivíduos que não pertence à categoria
E= erro amostral
O tratamento dos dados se deu a partir da interpretação dos questionários,
buscando analisar e caracterizar a percepção através da familiaridade com o tema
meio ambiente e a concepção de degradação do meio (WHYTE, 1978; BARDIN,
2009).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
R$556,00 a R$665,00. Este grupo em geral tem quatro membros familiares sob sua
responsabilidade e recebe auxilio do governo federal através do Programa Bolsa
Família e em média dois membros contribuíam para a renda familiar. Esse foi um perfil
bastante semelhante ao encontrado em outros trabalhos que tem como objeto de
estudo comunidades ribeirinhas (CARVALHO et al., 2012; FIGUEIREDO e MAROTI,
2011; PACHECO e SILVA, 2009).
De acordo com os dados, foram entrevistados 39 homens pescadores e 11
mulheres pescadoras, enquanto que apenas um homem marisqueiro foi entrevistado
e 21 mulheres marisqueiras. Portanto, os pescadores em sua maioria foram homens
e os catadores de mariscos foram mulheres, geralmente o marido é o pescador e a
esposa é marisqueira, inclusive foi observado que os filhos menores ajudam as mães
a catar mariscos e os maiores os pais a pescar. Essa relação do gênero com o tipo
de atividade extrativista estar enraizada culturalmente na região e é passada de
geração em geração.
Nesta pesquisa, não foram encontrados catadores de caranguejo, isso pode
ser explicado pelo fato da amostra ter sido aleatória e dependente do local de saída
dos barcos.
Para o estudo da percepção ambiental a primeira pergunta foi para
conceituarem, do ponto de vista individual, o que é o meio ambiente. A partir desse
ponto de partida foi possível dividir as respostas em quatro categorias:(1) conhece o
significado da palavra meio ambiente, mas não sabe expressar em palavras o conceito
(23,61%); (2) o meio ambiente é sinônimo de preservação (22,22%); (3) o meio
ambiente são todos os elementos do entorno, como a casa, os animais e as plantas
(43,06%), e (4) o meio ambiente é o trabalho de forma sustentável (11,11%).
Segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (306/2002), o
meio ambiente é:
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO
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305-314. 2010.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
bem abaixo dos níveis reportados na literatura para locais não poluídos. Os maiores
valores foram registrados na estação situada na área rasa da plataforma continental (E1)
e mais próxima da área de exploração de petróleo e os mais baixos na porção mais interior
do estuário. Em relação ao sedimento, os níveis de metais pesados foram mais baixos do
que aos níveis de referência do CONAMA e USEPA. Nesse compartimento, as maiores
concentrações de metais foram registradas na estação localizada em área urbana (E4).
Esta área é caracterizada por apresentar baixa hidrodinâmica e finos sedimentos. Além
disso, este local é utilizado como ancoradouro de barcos de pesca, local de lançamento
de águas residuais e descarga de rejeitos de processamento de pescado. A interação desses
fatores, provavelmente contribuiu para o aumento da concentração de metais nessa área.
As duas espécies de macroalgas mostraram uma excelente capacidade para
acumular metais em uma ordem de grandeza muito maior do que a água e o sedimento.
No entanto, H. musciformis concentrou mais metais pesados em seus tecidos do que Gr.
tenuifrons, sugerindo diferente capacidade de acumulação entre as macroalgas e que a
quantidade de grupamento sulfatos presentes em seus polissacarídeos, pode ter
provavelmente desempenhado um papel importante na absorção desses elementos. Vale
salientar, no entanto, que a habilidade das duas espécies em acumular metais pesados em
seus tecidos, reforça predições anteriores de que esses organismos podem ser
considerados excelentes bioindicadores e biomonitores para metais pesados.
Considerando que o excesso de nutrientes e metais pesados no ambiente
aquático, pode ameaçar a saúde da população, assim como de toda a biota, um estudo
sobre a percepção ambiental dos extrativistas da reserva sobre as questões ambientais foi
realizado. Com efeito, avaliar o modo como os indivíduos percebem e compreendem os
problemas ambientais torna-se de grande relevância para a conservação dos ambientes
naturais.
Nesse estudo, observou-se que, embora a comunidade esteja inserida dentro de
uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), alguns indivíduos, ainda têm
dificuldade em descrever os problemas ambientais que os acometem. No entanto, uma
parcela considerável dos moradores é consciente dos problemas ambientais e valorizam
os recursos existentes na área. Isto é refletido quando demonstram preocupação em
relação à poluição do rio, aumento do lixo nas vias públicas, o esgoto a céu aberto e a
diminuição do pescado. Além disso, eles são conscientes também que a degradação
ambiental poderá trazer prejuízos para suas atividades econômicas, como por exemplo, a
pesca e a colheita de mariscos. De maneira geral, a população tem o sentimento de
pertencimento ao local e de responsabilidade, em parte, da conservação da unidade.
87
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93
ANEXO
94