TCC_Miguel_Prototipagem de Destilador a Vapor_Rev2
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Pelotas
2024
CIP — CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
Agradeço aos meus pais, tios e avós pela rede de apoio que oportunizou o meu ingresso na
vida estudantil, ainda na infância, em uma sociedade onde nem todos têm acesso a esse direito
fundamental.
À minha namorada, Marieli Cruz, expresso minha profunda gratidão por todo o apoio, carinho e
incentivo ao longo deste desafiador processo. Sua dedicação foi essencial para que eu pudesse
seguir em frente, mesmo nos momentos mais difíceis.
Aos laboratoristas da UCPel, sou grato pelo apoio técnico e logístico indispensáveis à realização
dos inúmeros ensaios práticos, que foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Everton Granemann, pela orientação sempre cuidadosa e
pela motivação desde as primeiras etapas do curso. Seu dom para o ensino, aliado a um trato
humanizado e dedicado com seus alunos, foi fundamental para minha formação.
Aos colegas do curso de Engenharia Elétrica, minha sincera gratidão pela parceria construída ao
longo dessa jornada. Juntos, enquanto trabalhadores estudantes, superamos as dificuldades de
uma rotina árdua, onde o esforço redobrado e o apoio mútuo foram cruciais para enfrentarmos
cada obstáculo e seguirmos em frente.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo desenvolver um protótipo de destilador a vapor para o reapro-
veitamento de rejeitos provenientes de sistemas hospitalares de filtragem por osmose reversa.
A caracterização das águas residuárias foi realizada por meio de análises de sólidos totais dis-
solvidos (STD) e fluorescência de raios X (FRX), com comparação a águas de abastecimento
comum, águas minerais de duas marcas distintas e água purificada por osmose reversa. Os
resultados demonstraram que a água de rejeito apresentou concentrações minerais significati-
vamente superiores. O óxido de cálcio (CaO), indicador de dureza, registrou valores de 10,16
mg/L na água de rejeito, 9,81 mg/L na água de abastecimento e 1,24 mg/L na água purificada.
A análise de STD revelou que, em 500 mL, os sólidos dissolvidos foram de 63 mg e 55 mg
para as águas minerais (marcas A e B), 21 mg para a água de abastecimento e 94 mg para a
água de rejeito. Em contraste, a água purificada apresentou apenas 16 mg em 3.350 mL. Os
minerais predominantes em todas as amostras foram cloro, óxido de cálcio e dióxido de silício.
Estes resultados, direcionaram a pesquisa para o desenvolvimento de um destilador a vapor, cujo
objetivo é eliminar esses minerais que podem promover corrosão e incrustações nos sistemas
hidráulicos. O protótipo utiliza vapor como fonte de energia para aquecer e evaporar a água
de rejeito. Seu desempenho foi avaliado experimentalmente por meio de medições de pressão,
temperatura e volume, cujos dados, associados a tabelas termodinâmicas, permitiram calcular
o rendimento energético via análise de exergia. Os resultados obtidos indicam o potencial do
sistema para ser aprimorado e futuramente aplicado em autoclaves hospitalares, utilizando o
calor residual do vapor ejetado durante e após os ciclos para tratar e reutilizar a água residuária,
contribuindo para a sustentabilidade no ambiente hospitalar.
ABSTRACT
This study aims to develop a steam distiller prototype for the reuse of waste generated by reverse
osmosis filtration systems in hospitals. The characterization of wastewater was performed through
analyses of total dissolved solids (TDS) and X-ray fluorescence (XRF), with comparisons to
common tap water, bottled mineral water from two different brands, and water purified by
reverse osmosis. The results showed that the wastewater presented significantly higher mineral
concentrations. Calcium oxide (CaO), an indicator of water hardness, recorded values of 10.16
mg/L in the wastewater, 9.81 mg/L in tap water, and 1.24 mg/L in purified water. The TDS
analysis revealed that, in 500 mL, the dissolved solids were 63 mg and 55 mg for the bottled
mineral waters (brands A and B), 21 mg for tap water, and 94 mg for the wastewater. In contrast,
purified water showed only 16 mg in 3,350 mL. The predominant minerals in all samples were
chlorine, calcium oxide, and silicon dioxide.
These results guided the research toward the development of a steam distiller designed to
eliminate minerals that could cause corrosion and scaling in hydraulic systems. The prototype
uses steam as an energy source to heat and evaporate the wastewater. Its performance was
experimentally evaluated through measurements of pressure, temperature, and volume, with data
analyzed using thermodynamic tables to calculate energy efficiency via exergy analysis. The
results indicate the system’s potential for further refinement and future application in hospital
autoclaves, utilizing residual steam heat released during and after sterilization cycles to treat and
reuse wastewater, contributing to sustainability in hospital environments.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11
1.1 Motivação.......................................................................................................................... 12
1.2 Objetivo Geral .................................................................................................................. 13
1.3 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 13
1.4 Principais Contribuições ................................................................................................. 13
1.5 Estrutura do Trabalho..................................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 15
2.1 Central de Materiais Esterilizados ................................................................................. 15
2.2 Sistema de Osmose Reversa ............................................................................................ 16
2.3 Termodinâmica Aplicada ao Processo de Esterilização ............................................... 19
2.4 Eficiência Energética no Setor Hospitalar..................................................................... 23
2.5 Classes de Reuso da Água ............................................................................................... 25
2.6 Análise de Sólidos Dissolvidos ........................................................................................ 27
2.7 Técnica de Fluorescência por Raios-X ........................................................................... 28
3 TRABALHOS RELACIONADOS ..................................................................................... 31
4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 33
4.1 Descrição do Problema .................................................................................................... 33
4.2 Caracterização da Água de Rejeito do Sistema de Osmose Reversa .......................... 33
4.3 Desenvolvimento de Protótipo para o Reaproveitamento de Águas Residuárias ...... 36
5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 40
5.1 Análise da Exergia do Protótipo ..................................................................................... 40
5.1.1 Dados do Sistema............................................................................................................ 40
5.1.2 Uso da Tabela Termodinâmica........................................................................................ 41
5.1.3 Cálculo da Exergia Associada ao Protótipo.................................................................... 43
5.2 Eficiência de Vaporização do Rejeito ............................................................................. 44
5.3 Resultados da Caracterização da Água de Rejeito ....................................................... 45
6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 49
6.1 PERSPECTIVAS FUTURAS.......................................................................................... 50
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 51
11
1 INTRODUÇÃO
Diante das intensas crises climáticas observadas de forma cada vez mais recorrente, se
faz necessário repensar o consumo de energia elétrica e recursos naturais, visando a atenuação,
ainda enquanto medida complementar, destes efeitos indesejáveis (BERMAN, 2008).
Ainda que a atenção da comunidade científica esteja bastante voltada para a transição
energética a partir da implementação de fontes alternativas, a mitigação dos desperdícios pode
ser considerada uma estratégia eficiente, na medida em que oferece soluções mais rápidas aos
problemas observados nos diferentes setores da sociedade (SANTOS; ALMEIDA, 2022).
No setor hospitalar, conforme constatado em (SANTOS; ALMEIDA, 2022), a maior
parte do consumo de energia elétrica ocorre nos sistemas de climatização, iluminação e equipa-
mentos. Esses grupos representam as maiores oportunidades para o desenvolvimento de soluções
sustentáveis, a serem implementadas nos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), com
foco na otimização do uso de recursos naturais e na redução do consumo de eletricidade.
Sob a ótica da otimização, associada ao consumo de recursos por equipamentos, as
centrais de materiais esterilizados apresentam grandes possibilidades, principalmente através das
autoclaves à vapor (LARANJEIRA et al., 2017), pois são consideradas, dentre os equipamentos
médicos, um dos que apresenta maior consumo energético (JEMMAD; HMIDAT; ABDALLAH,
2021). Sendo amplamente utilizado, o vapor saturado, despende um elevado consumo destes
recursos, apesar de ainda ser considerado bastante atrativo devido à baixa complexidade em
relação à outras técnicas (KOLLU; KUMAR; GAUTAM, 2022).
A esterilização de instrumentais, insumos e acessórios é uma das atividades responsáveis
por grande parte do consumo de água e energia elétrica, sendo a autoclave à vapor, um dos
principais equipamentos da Central de Materiais Esterilizados (CME) para o reprocessamento
destes materiais e, para isso, se utiliza de um elevado consumo de energia elétrica e água,
requisitos básicos para a produção de vapor e de vácuo e, consequentemente, parâmetros
fundamentais para o seu funcionamento (KOLLU; KUMAR; GAUTAM, 2022).
A água utilizada no processo de produção de vapor deve possuir características que mini-
mizem danos às estruturas da autoclave, como corrosão e incrustações. Para isso, é necessário o
tratamento prévio da água por meio do sistema de osmose reversa. No entanto, esse processo
gera um desperdício significativo, que pode alcançar até 90% do volume de água purificada
produzido.
Com base nesta constatação, este trabalho tem como objetivo estudar uma aplicação para
solucuinar, simultaneamente, o problema da desperdício de água pelo sistema de osmose reversa
12
1.1 Motivação
Os eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes, demandam um esforço co-
letivo focado na racionalização do consumo de recursos naturais e energia elétrica, a fim de
mitigar os impactos dessas ocorrências (BERMAN, 2008). Nesse cenário, o setor hospitalar se
apresenta como um campo promissor para estudos sobre a reutilização de águas residuárias, par-
ticularmente as geradas pelos sistemas de osmose reversa, onde o volume de água desperdiçado
pode equivaler ao volume processado (LARANJEIRA et al., 2017). Outro ponto relevante é o
reaproveitamento do calor dissipado pelas autoclaves ao final dos ciclos de esterilização, uma
prática que pode contribuir significativamente para a eficiência energética.
A Lei nº 14.904, sancionada em junho de 2024, reforça a importância de soluções que
promovam maior eficiência nos processos, ao definir diretrizes nacionais para a adaptação às
mudanças climáticas e o cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris (Brasil,
2024). A produção de água potável e purificada por osmose reversa, assim como a geração
de vapor para esterilização, consomem quantidades expressivas de energia elétrica. Portanto,
integrar esses processos de modo a otimizar o consumo energético traz benefícios econômicos e
ambientais.
Motivado pela perspectiva de produzir soluções técnicas sustentáveis, esse trabalho
apresenta o desenvolvimento do um protótipo de destilador, projetado com base em análises
físico-químicas das águas de rejeito. O objetivo principal é viabilizar o reaproveitamento efici-
ente desses recursos, contribuindo para a redução de desperdícios e a mitigação dos impactos
ambientais. Essa abordagem integra a reutilização de águas residuárias e o aproveitamento ener-
gético, alinhando-se às diretrizes legais e às metas de sustentabilidade estabelecidas, promovendo
benefícios tanto ambientais quanto econômicos no setor hospitalar.
13
Trazer uma solução técnica e sustentável que viabilize a redução do desperdício de água
pelos sistemas de filtragem por osmose reversa nos estabelecimentos assistenciais de saúde,
utilizados para abastecer máquinas da central de esterilização, como autoclaves a vapor.
Este trabalho tem por objetivo a análise das características fisico-químicas e a proposição
de soluções para o reaproveitamento da água de rejeito proveniente dos sistemas de filtragem por
osmose reversa em aplicações hospitalares, de acordo com as seguintes ideias:
a um trocador de calor na vaporização da água de rejeito. O vapor foi gerado em uma panela
de pressão, aquecida por chama na base inferior, e, após atingir a pressão máxima, direcionado
para um trocador de calor. Este foi composto por uma panela de banho-maria adaptada, onde o
vapor aquecido no compartimento inferior promoveu a vaporização da água de rejeito depositada
no compartimento superior. Durante os testes, foram monitorados parâmetros-chave, como
a pressão do gerador de vapor e do trocador de calor, utilizando manômetros analógicos, e
as temperaturas das estruturas, registradas com sensores eletrônicos DS18B20 conectados à
plataforma Arduino. O volume evaporado da água de rejeito foi medido ao final do processo
com uma proveta graduada, considerando a diferença entre os volumes inicial e final. Os
resultados obtidos oferecem não apenas dados relevantes para a viabilidade do projeto, mas
também perspectivas para aprimoramentos futuros, com o objetivo de adaptar e aplicar o sistema
em um ambiente hospitalar real, contribuindo para a sustentabilidade e eficiência operacional.
O capítulo 2 traz a abordagem teórica sobre o setor hospitalar com breve descrição
da central de materiais esterilizados, ao mesmo tempo em que é feita uma análise sobre o
funcionamento das autoclaves a vapor e dos sistemas de osmose reversa, considerando as
questões de rendimento. São apresentadas também as definições acerca dos métodos utilizados
na pesquisa, como o FRX e a análise de STD.
No capítulo 3 é abordado o problema de pesquisa, as técnicas utilizados para o levan-
tamento de informações e a proposta de solução, através de um protótipo, desenvolvido para
simular a recuperação do calor residual das autoclaves, proveniente do vapor ejetado, para o
tratamento da água de rejeito do sistema de osmose reversa. Aqui são apresentados os materiais
e métodos utilizados durante o estudo, assim como os resultados esperados e as dificuldades
encontradas.
O capítulo 4 traz os resultados obtidos a partir dos ensaios termodinâmicos com o
protótipo desenvolvido, além dos dados acerca da caracterização da água de rejeito. Nesta seção,
também é apresentado o desenvolvimento matemático que avalia a exergia associada ao vapor
ajetado. Além disso, são apresentados os dados quantitativos da água de rejeito, estabelecendo
um comparativo com outros tipos de água.
O capítulo 6 revela a conclusão do trabalho bem como suas perspectivas futuras de
utilização e aplicação.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Central de Materiais Esterilizados (CME) é uma unidade de apoio técnico essencial nos
estabelecimentos de saúde, sendo obrigatória conforme determina a Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária (ANVISA) através da norma RDC 307/2002. Esse setor é responsável por fornecer
instrumentos e insumos cirúrgicos estéreis para as unidades de atendimento, especialmente para
o centro cirúrgico (ANVISA, 2012).
Por envolver a desinfecção e o reprocessamento de materiais críticos, os processos de
esterilização na CME são conduzidos de modo a expor esses materiais a condições específicas de
temperatura, pressão e tempo, eliminando quaisquer microorganismos. Esses processos exigem
alto consumo de energia e água, pois, em sua maioria, dependem da produção de vapor ou água
aquecida para o funcionamento.
O principal equipamento utilizado na CME para a esterilização dos materiais é a autoclave
a vapor, sendo o modelo horizontal de barreira, apresentado na figura 2.1, um dos mais comuns.
Sua estrutura inclui uma câmara interna, onde os materiais são expostos às condições
termodinâmicas necessárias, e uma câmara externa, que envolve a interna e recebe vapor para
transferir calor e elevar sua temperatura. A autoclave possui um gerador de vapor elétrico
conectado a um sistema de abastecimento de água purificada e utiliza válvulas solenóides para o
controle da saída de vapor. A bomba de vácuo é um componente essencial, sendo comumente
16
encontrada no modelo conhecido como selo de água, que consome entre 150 L e 600 L de
água por ciclo, dependendo do modelo da autoclave. A função dessa bomba é remover o ar e
a umidade da câmara interna, garantindo a efetividade da esterilização (LARANJEIRA et al.,
2017).
O funcionamento da autoclave a vapor ocorre em três etapas principais: acondiciona-
mento, exposição e secagem. No acondicionamento, a câmara interna é submetida a pulsos
de vapor e vácuo para remover o ar e a umidade residual, permitindo a completa penetração
do vapor nos materiais a serem esterilizados. Na fase de exposição, o vapor é admitido nas
câmaras interna e externa até que a pressão e temperatura necessárias sejam alcançadas, de
modo a eliminar microrganismos e esporos bacterianos após um tempo determinado. Na fase de
secagem, a câmara interna recebe pulsos de vácuo para eliminar a umidade residual, enquanto
a câmara externa recebe vapor para conduzir calor e manter a temperatura. Esse processo visa
impedir a presença de umidade nos materiais, evitando a proliferação de microorganismos e
permitindo o armazenamento seguro dos itens após a esterilização (RODRIGUES, 2010).
Como setor crítico para o controle de infecções hospitalares, a CME deve seguir uma série
de diretrizes estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), incluindo a
norma RDC 15, que regulamenta o processamento de produtos para a saúde (ANVISA, 2012). A
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) também estabelece requisitos de qualidade
nos processos de esterilização, como a norma NBR ISO 17665-1, que aborda a validação dos
ciclos, o uso de indicadores químicos, físicos e biológicos, o processamento específico para cada
tipo de material e o registro rastreável dos processos para garantir a consistência e a conformidade
(ABNT, 2010).
A CME é fundamental para a segurança dos pacientes e para o funcionamento dos
estabelecimentos de saúde. A tecnologia é essencial para aumentar a agilidade e eficácia dos
processos e pode, gradativamente, contribuir com melhorias que tornem o fluxo de trabalho mais
eficiente. Além disso, considerando o elevado consumo de água e energia elétrica neste setor
e as preocupações ambientais crescentes, surgem oportunidades para desenvolver abordagens
sustentáveis, baseadas em soluções técnicas, que tornem os processos da CME mais eficientes
tanto do ponto de vista ambiental quanto estratégico para o ambiente hospitalar.
A água que abastece alguns dos equipamentos da CME precisa apresentar caracterís-
ticas físico-químicas específicas para garantir processos eficazes, preservar a integridade dos
17
materiais e prolongar a vida útil das máquinas. A principal característica necessária é a baixa
condutividade elétrica, indicando uma quantidade muito baixa de minerais dissolvidos, o que
pode ser alcançado por meio de filtração com sistema de osmose reversa (ABNT, 2010). Um
exemplo de equipamento responsável por este tratamento pode ser visualizado através do modelo
apresentado na figura 2.2.
Assim como o processo de difusão, onde uma solução menos concentrada tende natural-
mente a se mover em direção a uma região de maior concentração, na osmose, o deslocamento
ocorre de da mesma maneira, porém, através de uma membrana semipermeável. Já na osmose
reversa, ocorre o contrário: a solução mais concentrada é forçada a atravessar a membrana
em direção à solução menos concentrada, o que promove a retenção de sólidos dissolvidos na
membrana. Por ser um processo artificial, é necessário consumo de energia para gerar a pressão
osmótica, que força a passagem da água pela membrana, retendo a maior parte dos minerais e
materiais orgânicos dissolvidos (SOARES et al., 2006).
Os parâmetros físico-químicos da água purificada por osmose reversa devem atender às
normas, como a NBR ISO 17665-1/EN 285, que estabelece os limites máximos de contaminantes
para a água utilizada em autoclaves a vapor (ABNT, 2010). Para atingir esses padrões, o
sistema de osmose reversa inclui etapas de pré-filtração, utilizando filtros abrandadores, de
carvão ativado, mecânicos e deionizadores. Os filtros abrandadores removem os carbonatos de
cálcio e magnésio, controlando a dureza da água e evitando deposição nas membranas; os filtros
de carvão ativado absorvem cloretos e substâncias orgânicas; os filtros mecânicos removem
partículas maiores em suspensão; e os filtros deionizadores, compostos por resinas, retiram os
sais minerais (DEODATO; ALMEIDA, 2023).
Apesar de eficaz para fornecer água com alta pureza, o sistema apresenta um problema
econômico e ambiental devido ao grande volume de água desperdiçada, o que pode ser compre-
endido visualmente através da figura 2.3.
Figura 2.3: Esquema dos fluxos de água através da membrana de osmose reversa.
Fonte: Adaptado de (SRBIJA, 2024)
19
Embora remova entre 90% e 99% das partículas, íons, matéria orgânica e microrganismos,
o processo gera um rejeito de 60% a 90% do volume de água purificada (LARANJEIRA et al.,
2017). Portanto, apesar de atingir o objetivo de fornecer água adequada à CME, a eficiência
desse sistema deve ser discutida para buscar soluções que tornem o processo mais sustentável,
reduzindo o desperdício e melhorando sua eficiência ambiental e econômica.
Por se tratar de uma técnica que promove a exposição dos materiais cirúrgicos à condições
que inviabilizam a existência de quaisquer microrganismos, a esterilização a vapor, através
das autoclaves, demanda um controle rigoroso de parâmetros termodinâmicos, como pressão,
temperatura e tempo, para que a efetividade do processo seja assegurada (COSTA; SANTOS;
DANTAS, 2018).
O ciclo de esterilização das autoclaves utiliza a técnica do vapor saturado, através da qual
a energia térmica é transferida do vapor para os materiais por condução, por este motivo, após o
contato com os materiais o vapor perde energia, condensa, e precisa ser removido da câmara
interna. Para isso ocorrer, o acionamento da bomba de vácuo se faz necessário, criando uma
pressão negativa que “succiona” toda a condensação proveniente do vapor (LARANJEIRA et al.,
2017).
Durante a fase de exposição, momento do ciclo onde ocorre a manutenção da temperatura
em um patamar elevado para a inativação dos microrganismos, ocorre a transferência de calor
para a câmara interna por condução, após a injeção de vapor na câmara externa (TORTORA;
FUNKE; CASE, 2017), conforme pode ser observado na figura 2.4, onde a visualização estrutural
esquemática pode contribuir com o entendimento.
Os parâmetros termodinâmicos variam de acordo com o ciclo de autoclavagem a ser
executado. Os mais comuns utilizam temperaturas de 121 °C e 134 °C na fase de exposição
(TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). A representação gráfica desses ciclos pode ser observada
através da figura 2.5, onde são abordados os parâmetros de temperatura e pressão em função
do tempo. Além disso, as quatro principais etapas do ciclo podem ser visualizadas: o acon-
dicionamento, onde ocorre a remoção do ar da câmara interna através dos pulsos de vácuo; a
esterilização, onde ocorre a manutenção da pressão e da temperatura no patamar mais elevado
por um período determinado de tempo; a secagem, onde ocorre um pulso prolongado de vácuo
para a remoção do vapor residual e da condensação; e por fim, a aeração, onde a pressão da
câmara é estabilizada com a pressão atmosférica.
20
Utilizando o conceito de exergia, pode ser avaliada a eficiência energética das autoclaves
a vapor, por meio do cálculo que relaciona o vapor injetado na máquina e o que é ejetado,
considerando ainda as perdas térmicas das superfícies externas. O termo exergia se refere
a uma parcela da energia que tem potencial para a realização de trabalho útil, levando em
consideração as condições termodinâmicas do ambiente do processo em questão, podendo
portanto, caracterizar a qualidade dessa energia (SILVA, 2018).
O cálculo para a avaliação da exergia associada ao vapor injetado e ao vapor ejetado da
autoclave, de acordo com (SAHIN et al., 2022), pode ser realizado através das equações 2.1 e
2.2, respectivamente:
A determinação de cada uma das variáveis apresentadas nas equações pode ocorrer
através de medições experimentais, cálculos ou utilização de tabelas termodinâmicas. A entalpia
específica (h), que representa a energia total do vapor, considerando a soma entre a energia interna
e a energia devido à pressão a qual é submetido, e a entropia específica (s), fator que estabelece o
grau de desordem no estado do fluido (irreversibilidade), podem ser obtidas diretamente através
das tabelas termodinâmicas de vapor saturado, que relacionam as variáveis em função da pressão
e temperatura do fluido. No caso da vazão mássica (ṁVAPOR ), pode ser realizada a medição da
vazão do vapor utilizando instrumentos específicos, como o medidor Coriolis ou tubos venturi,
22
por exemplo. Nesse caso, é determinada a massa de vapor que atravessa a seção transversal da
tubulação por unidade de tempo (SMITH et al., 2018).
Ferramentas como o livro de química do National Institute of Standards and Technology
do departamento comercial dos Estados Unidos podem contribuir com a obtenção das variáveis
para o cálcuo do balanço exergético, através de tabelas termodinâmicas como a apresentada
na figura 2.6, onde é possível associar os valores de entalpia e entropia do vapor saturado, por
exemplo, aos valores de temperatura e pressão aos quais o fluído é submetido (STANDARDS;
TECHNOLOGY, 2024), além disso, proporcionam uma base referencial para a determinação de
outras propriedades termodinâmicas cruciais, como a densidade e a energia interna do vapor.
O livro Fundamentals of Engineering Thermodynamics de Michael J. Moran e Howard
N. Shapiro (MORAN; SHAPIRO, 2014) também contribui com o fornecimento de tabelas
termodinâmicas para o vapor saturado. Além disso, com uma abordagem voltada para aplicações
de engenharia, o material fornece o referencial teórico sobre as equações necessárias para o
cálculo da exergia, considerando diferentes condições e aplicações.
Dados experimentais levantados por (SAHIN et al., 2022), indicam que o vapor injetado
no processo de esterilização da autoclave pode ter sua temperatura variando entre 130 °C e
137 °C, enquanto o ejetado durante, e após o processo, pode variar entre 95 °C e 102 °C.
Essa energia térmica descarregada junto do vapor ejetado somado às perdas de calor devido ao
aquecimento das superfícies externas da autoclave, pode representar uma perda energética de
10%. Portanto, torna-se evidente a necessidade de estudos que visem mitigar o desperdício de
energia, aumentando a eficiência da máquina e garantindo a sua efetividade.
23
A exploração dos recursos naturais para a produção de energia foi um fator determinante
no desenvolvimento tecnológico ao longo da história da humanidade. Entretanto, o século
XXI trouxe, de maneira mais globalizada, discussões e preocupações acerca dos impactos
ambientais inerentes a essa exploração, evidenciados por eventos climáticos extremos como
secas e inundações. Nesse contexto, a eficiência energética surge como uma estratégia essencial
para promover o uso sustentável dos recursos, conciliando produtividade econômica e efetividade
técnica com a redução de danos ambientais (SANTIAGO, 2020). Nesse sentido, a eficiência
energética representa as estratégias que viabilizam as ações e tecnologias que permitam, além
da produtividade econômica, a redução dos impactos ambientais através do uso sustentável dos
recursos energéticos (MME, 2024).
O consumo irracional de água pode representar, além de uma contribuição para o agrava-
mento dos impactos ambientais, elevados custos energéticos e financeiros. No Brasil, segundo
dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades,
o custo operacional médio, em termos energéticos, para a disponibilização de água potável é de
0,67 kWh/m3 , com uma tarifa média de 5,09 R$/m3 , conforme ilustrado na Figura 2.7.
No setor hospitalar, que está entre os dez maiores consumidores de água no meio urbano,
esse impacto é ainda mais relevante. Estima-se que os hospitais sejam responsáveis por 10%
do consumo total de energia elétrica no meio comercial (DURANTE; STIZ; MOREIRA, 2024).
Nesse cenário, as autoclaves a vapor destacam-se como equipamentos de alto consumo de água
e energia, essenciais para a esterilização, mas que geram grandes volumes de rejeito de água
tratada por osmose reversa (SANTOS; ALMEIDA, 2022).
Apesar do benefício técnico e econômico que agregam às instituições hospitalares,
as centrais de materiais esterilizados, incluindo as autoclaves a vapor, representam um dos
maiores desafios de sustentabilidade das unidades assistenciais de saúde (SANTOS; ALMEIDA,
2022). Por isso, otimizar seu uso e implementar estratégias de eficiência energética são medidas
fundamentais para reduzir os desperdícios e os custos, sem comprometer a qualidade dos
processos de esterilização.
25
A literatura sobre classes de reuso da água no setor hospitalar revela uma evolução
significativa nas estratégias e abordagens voltadas para a sustentabilidade e eficiência hídrica,
especialmente em cenários urbanos e durante períodos de crise hídrica. O reuso da água se
consolida como uma prática essencial para mitigar os impactos ambientais e reduzir o consumo
de recursos naturais, enfrentando desafios técnicos e sociais.
O trabalho de (NAROTH, 2016) foi pioneiro ao destacar a recuperação de água como uma
alternativa viável, mesmo em áreas urbanas. A pesquisa enfatiza a necessidade de tratamentos
adequados para atingir padrões de qualidade e superar desafios como a aceitação pública e as
limitações tecnológicas. Esse estudo contextualiza a reutilização de água como uma resposta
estratégica à escassez, especialmente em regiões afetadas pela seca.
Em 2018, (VOULVOULIS, 2018) ampliou a perspectiva, introduzindo o conceito de
economia circular como um paradigma para superar os obstáculos associados ao reuso da
água. Essa abordagem holística e interdisciplinar promove a integração do reuso dentro de
estratégias de gestão hídrica mais amplas, destacando o potencial de soluções sustentáveis e
economicamente viáveis.
O trabalho (PAN et al., 2019) abordou a relação entre o reuso da água e a saúde pública,
destacando a necessidade de sistemas de tratamento avançados para garantir a segurança da
população. O estudo criticou a falta de avaliações abrangentes nas pesquisas anteriores, que
muitas vezes focaram apenas nos impactos ambientais, e propôs uma análise sistemática de
alternativas de reuso.
No mesmo ano, (LANDA-CANSIGNO et al., 2019) enfatizaram a importância do reuso
descentralizado e centralizado, explorando águas cinzas e recuperadas como fontes alternativas
essenciais para o desenvolvimento urbano e a economia circular. A pesquisa sublinhou a
necessidade de regulamentações rigorosas para assegurar a qualidade da água reutilizada, fator
crucial para sua aceitação e segurança.
O artigo (YANG et al., 2020) destaca o papel de processos baseados em membranas no
tratamento de águas residuais municipais, apontando o reuso como uma solução promissora
para atender às crescentes demandas por água. Embora os benefícios ambientais sejam claros,
os autores alertaram sobre os desafios relacionados à saúde pública e segurança hídrica, que
demandam atenção contínua.
Os autores de (FICO et al., 2022) abordaram a reutilização de água no contexto industrial,
com foco na bacia do rio Paraíba do Sul, no Brasil. O estudo reforçou a reutilização como um
26
para usos mais críticos, como o consumo humano. Esse estudo reforça a importância de adotar
práticas de economia circular na gestão de recursos hídricos, não apenas em nível industrial,
mas também no setor da saúde, contribuindo para a preservação dos recursos naturais e para a
redução dos custos operacionais (FARIA et al., 2023).
Em síntese, esses estudos oferecem uma visão abrangente sobre as oportunidades e os
desafios do reuso da água, particularmente no setor hospitalar. A implementação dessas práticas
exige tecnologias avançadas, regulamentações robustas e um esforço conjunto para integrar
sustentabilidade e eficiência hídrica nos processos operacionais. Essa abordagem é essencial
para enfrentar os desafios ambientais e garantir a segurança hídrica em longo prazo.
minerais em amostras de água de rejeito e avaliar seu potencial para reutilização em diversos
contextos, incluindo o hospitalar.
A evolução dessa técnica, ao longo dos anos, demonstrou avanços notáveis, embora ainda
existam desafios a serem superados, conforme evidenciado pelos estudos revisados.
O artigo de (T, 2018) apresenta um estudo sobre a otimização da técnica XRF para a
identificação de ligas metálicas em partículas de motores. O autor discute a evolução da técnica
e o estado da arte da fluorescência de raios X, destacando a comparação entre diferentes métodos
de microanálise, como SEM-EDS e micro-XRF. Essa análise não apenas ilustra a versatilidade
da XRF, mas também enfatiza a necessidade de melhorias contínuas para aumentar a precisão e
a aplicabilidade da técnica em contextos industriais.
Em continuidade, o trabalho (CRUJEIRA; TRANCOSO, 2018) explora as potencialida-
des da espectrometria de fluorescência de raios X na área da energia. Os autores ressaltam que a
técnica é não destrutiva e permite uma análise expedita de elementos com números atômicos
entre 9 e 92, apresentando um baixo risco de contaminação. O estudo menciona aplicações
práticas da XRF, como na análise de catalisadores para produção de hidrogênio e na determinação
do teor de enxofre em combustíveis líquidos. Essa pesquisa evidencia a relevância da XRF não
apenas para análises qualitativas, mas também para a conformidade com legislações que exigem
análises quantitativas, refletindo a crescente importância da técnica em setores energéticos.
30
3 TRABALHOS RELACIONADOS
4 METODOLOGIA
No setor hospitalar, o reuso da água de rejeito dos sistemas de osmose reversa pode
reduzir o desperdício de recursos hídricos, chegando a uma economia de até 6% no consumo
de água potável em algumas instalações de saúde. A caracterização do rejeito é crucial, pois o
reaproveitamento depende de suas propriedades físico-químicas (North West Dialysis Service,
204). Esta etapa do trabalho visa caracterizar o rejeito dos sistemas de purificação de água usados
em ambientes de saúde, com foco na Central de Materiais Esterilizados (CME), onde a água
purificada é essencial para processos de desinfecção e esterilização. Foram comparadas cinco
amostras de água: rejeito, água purificada, duas marcas de água mineral e água de abastecimento
comum. Determinou-se a massa de sólidos totais dissolvidos (STD) em cada amostra, e a
gravimetria por volatilização permitiu avaliar os sólidos totais voláteis (STV) e sólidos totais
fixos (STF) na água de rejeito. A análise das propriedades físico-químicas do rejeito oferece
subsídios para avaliar seu potencial de reaproveitamento.
A proposta desta abordagem consiste na obtenção de análises quantitativas e qualitativas
da água de rejeito proveniente dos sistemas hospitalares de osmose reversa, responsáveis pelo
abastecimento das centrais de materiais esterilizados (CME) em ambientes assistenciais de saúde
(EAS). Para isso, foi utilizado como referencial teórico o livro técnico Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater (APHA, 2017).
34
Com o intuito de atingir a exatidão e a reprodutibilidade dos ensaios, foi utilizada, para a
determinação dos volumes líquidos, uma pipeta volumétrica de 100 mL, dois traços, esgotamento
total, classe A (Satelit, HS 710, Ribeirão Preto, Brasil, [s.d.]), um instrumento de vidro calibrado,
projetado para medir e transferir volumes específicos de líquidos com precisão. Os equipamentos
utilizados nesta etapa do estudo podem ser visualizados através da figura 4.1
sem a descarga de vapor da autoclave, foram representados resistores como fonte complementar
de calor. Essa solução, além de assegurar a vaporização contínua e o reaproveitamento da água de
rejeito, mostra-se eficiente do ponto de vista sustentável em hospitais que possuam microgeração
distribuída com fontes renováveis, como a solar. O vapor gerado pela evaporação do rejeito é
direcionado a um duto para condensação, armazenamento e posterior reutilização.
O controle da injeção do vapor evacuado na câmara externa seria realizado por sensores
de pressão, enquanto o controle da injeção da água de rejeito na câmara interna seria definido
por sondas de nível. Essa abordagem impede que as válvulas de admissão permaneçam abertas
além dos limites de pressão e volume estabelecidos, preservando as condições estruturais do
dispositivo.
Para viabilizar o levantamento de dados e aproximar-se de um sistema real, foi imple-
mentado um protótipo utilizando, inicialmente, materiais de fácil acesso, como uma panela
de pressão, uma forma de pudim tipo banho-maria, mangueira de interconexão e uma válvula
manual de controle de vazão. A montagem do sistema, ilustrada na Figura 4.4, simula o vapor
ejetado pela autoclave através do vapor produzido pela panela de pressão.
5 RESULTADOS
A exergia é definida como a máxima quantidade de trabalho útil que pode ser extraída
de um sistema ao interagir com o ambiente até atingir o equilíbrio termodinâmico (MORAN;
SHAPIRO, 2014). A equação (5.1) utilizada para calcular a exergia específica é dada por:
Ex = (h − h0 ) − T0 · (s − s0 ) (5.1)
onde:
Para a leitura da tabela, foram considerados os valores de pressão como referências, tendo
em vista que as respostas dos sensores de temperatura poderiam apresentar diferenças de exatidão,
41
tendo em vista que foram posicionados no exterior das panelas. Entretanto, foi verificado que os
resultados obtidos nos ensaios, através dos manômetros, não constavam diretamente na coluna
de pressões. Desta forma, foram realizadas interpolações lineares, na tentativa de localizar os
valores intermediários que se aproximem das medições efetuadas, conforme desenvolvido na
sequência do trabalho.
(1.7 − 1.5)
X1.7 = X1.5 + · (X2.0 − X1.5 ) (5.2)
(2.0 − 1.5)
• Para hf :
(1.7 − 1.5)
hf = 461.88 + · (504.71 − 461.88) = 482.30 kJ/kg
(2.0 − 1.5)
• Para sf :
(1.7 − 1.5)
sf = 1.3868 + · (1.5335 − 1.3868) = 1.4602 kJ/(kg.K)
(2.0 − 1.5)
• Para hg :
(1.7 − 1.5)
hg = 2675.30 + · (2684.93 − 2675.30) = 2680.72 kJ/kg
(2.0 − 1.5)
43
• Para sg :
(1.7 − 1.5)
sg = 7.0132 + · (6.9483 − 7.0132) = 6.9816 kJ/kg.K
(2.0 − 1.5)
Com os valores obtidos, foi possível calcular a exergia para cada sistema. Para o gerador
de vapor, utilizamos a equação definida anteriormente:
Ex = (h − h0 ) − T0 · (s − s0 ) (5.3)
Extrocador = (h − h0 ) − T0 · (s − s0 )
Substituindo os valores:
Com base nos dados matemáticos, obtidos a partir das observações experimentais, as-
sociadas à utilização do referencial teórico termodinâmico, foi possível avaliar a contribuição
exergética de cada parte do sistema (gerador de vapor e trocador de calor), com isso é possível
avaliar os rendimentos e entender o potencial inerente ao vapor ejetado do gerador, situação que
simula, em pequena escala, o vapor evacuado das autoclaves a vapor de grande porte.
44
O processo foi iniciado com o aquecimento do gerador de vapor, utilizando uma fonte de
chama na base inferior. Essa etapa foi monitorada para assegurar a uniformidade do aquecimento
e a estabilidade operacional do sistema. Após um período de aquecimento progressivo, o gerador
atingiu o valor máximo de pressão, conforme indicado no manômetro acoplado, apresentado
na Figura 5.3. Esse indicador foi fundamental para identificar o momento exato de abertura da
válvula, garantindo o funcionamento seguro e eficiente do sistema.
Com o valor máximo de pressão já estabelecido, foi realizada a abertura da válvula, que
permaneceu nesta posição por aproximadamente 1 hora, permidindo o deslocamento da massa
de vapor até o compartimento inferior do trocador de calor que, consequentemente, promoveu a
troca térmica com água de rejeito até que houvesse a sua vaporização.
Ao final do período observado, 450 ml de água de rejeito haviam sido vaporizados,
resultando em uma eficiência volumétrica de 45%. Esse rendimento é considerado satisfatório,
45
dado que o sistema possui limitações estruturais, como deficiências na isolação térmica e perdas
de pressão devido a vazamentos de vapor no trocador de calor.
Após a extração dos resíduos sólidos das diferentes amostras de água, foi realizada uma
análise comparativa detalhada das massas e volumes dos sólidos dissolvidos. Como pode ser
observado nas figuras 5.4 e 5.5, os resultados indicaram que a água de abastecimento comum
apresentou uma quantidade intermediária de sólidos dissolvidos, situando-se entre os valores
observados para a água de rejeito e a água ultrapura. Por sua vez, as águas minerais mostraram
concentrações de sólidos totais ligeiramente superiores às da água de abastecimento comum,
porém ainda inferiores às encontradas na água de rejeito.
Além das diferenças quantitativas, também foram observadas variações sutis na coloração
e granulometria das amostras sólidas extraídas, sugerindo diferenças na composição mineral entre
os tipos de água analisados. A análise das massas de sólidos dissolvidos em relação aos volumes
de água permitiu um entendimento mais aprofundado sobre a distribuição desses componentes
em cada cenário. Esse tipo de avaliação quantitativa é fundamental para compreender as
46
Figura 5.5: Análise de STD sobre as águas de abastecimento comum e rejeito e STF sobre o
rejeito.
47
características da água de rejeito dos sistemas de osmose reversa, que constitui o foco principal
deste estudo.
A análise quantitativa e qualitativa das amostras foi aprofundada utilizando a técnica de
FRX. Os dados obtidos revelaram diferenças significativas na composição química das amostras
de água purificada, água da torneira e água de rejeito, conforme detalhado na figura 5.6. A
água purificada apresentou a menor quantidade total de sólidos dissolvidos (16 mg/L), o que
reflete a eficácia do processo de osmose reversa na remoção de contaminantes. Os principais
elementos detectados foram o cloro (Cl), com 1,574 mg/L (32,96%), e a sílica (SiO2), com
1,248 mg/L (26,13%), seguidos de potássio (K2O) e óxido de cálcio (CaO). A presença desses
componentes em pequenas concentrações sugere que, mesmo após o tratamento, há resíduos
minerais remanescentes, os quais podem representar um risco à integridade dos equipamentos
sensíveis, caso a água seja reutilizada sem um tratamento adicional.
Figura 5.6: Análise gráfica comparativa entre as amostras de abastecimento comum, rejeito e
purificada
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ABNT. NBR ISO 17665-1: Esterilização de produtos para saúde - Vapor - Parte 1:
Requisitos para o desenvolvimento, validação e controle de rotina de um processo de
esterilização para dispositivos médicos. Rio de Janeiro, 2010. Versão corrigida.
APHA, A. P. H. A. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 23rd.
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<https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.904-de-28-de-junho-de-2024->.
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