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TCC_Miguel_Prototipagem de Destilador a Vapor_Rev2

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MIGUEL MARTINS KUHN

Prototipagem de Destilador a Vapor para


Reuso de Águas Residuárias de Osmose
Reversa em Autoclaves

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel
em Engenharia Elétrica

Orientador: Prof. Dr. Everton Granemann Souza


Co-orientador: Prof. Dr. Cesar Aguzzoli

Pelotas
2024
CIP — CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

Kuhn, Miguel Martins


Prototipagem de Destilador a Vapor para Reuso de Águas
Residuárias de Osmose Reversa em Autoclaves / Miguel Martins
Kuhn. – Pelotas: 2024.
54 f.: il.
TCC (graduação) – Universidade Católica de Pelotas. 2024.
Orientador: Everton Granemann Souza; Co-orientador: Cesar
Aguzzoli.
1. Impactos Ambientais, Esterilização, Osmose Reversa, STD,
FRX. I. Souza, Everton Granemann. II. Aguzzoli, Cesar. III. Tí-
tulo.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS


Reitor: Prof. José Carlos Pereira Bachettini Júnior
Pró-Reitora-Acadêmica: Profa. Moema Nudimelon Chatkin
Coordenador de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu: Prof. Ricardo Tavares Pinheiro
Diretora do Centro de Ciências Sociais e Tecnológicas: Profa. Ana Cláudia Vinholes Siqueira
Lucas
Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica: Prof. Leandro Zafalon Pieper
“Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente,
permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros.”
— PAULO F REIRE
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, tios e avós pela rede de apoio que oportunizou o meu ingresso na
vida estudantil, ainda na infância, em uma sociedade onde nem todos têm acesso a esse direito
fundamental.
À minha namorada, Marieli Cruz, expresso minha profunda gratidão por todo o apoio, carinho e
incentivo ao longo deste desafiador processo. Sua dedicação foi essencial para que eu pudesse
seguir em frente, mesmo nos momentos mais difíceis.
Aos laboratoristas da UCPel, sou grato pelo apoio técnico e logístico indispensáveis à realização
dos inúmeros ensaios práticos, que foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Everton Granemann, pela orientação sempre cuidadosa e
pela motivação desde as primeiras etapas do curso. Seu dom para o ensino, aliado a um trato
humanizado e dedicado com seus alunos, foi fundamental para minha formação.
Aos colegas do curso de Engenharia Elétrica, minha sincera gratidão pela parceria construída ao
longo dessa jornada. Juntos, enquanto trabalhadores estudantes, superamos as dificuldades de
uma rotina árdua, onde o esforço redobrado e o apoio mútuo foram cruciais para enfrentarmos
cada obstáculo e seguirmos em frente.
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo desenvolver um protótipo de destilador a vapor para o reapro-
veitamento de rejeitos provenientes de sistemas hospitalares de filtragem por osmose reversa.
A caracterização das águas residuárias foi realizada por meio de análises de sólidos totais dis-
solvidos (STD) e fluorescência de raios X (FRX), com comparação a águas de abastecimento
comum, águas minerais de duas marcas distintas e água purificada por osmose reversa. Os
resultados demonstraram que a água de rejeito apresentou concentrações minerais significati-
vamente superiores. O óxido de cálcio (CaO), indicador de dureza, registrou valores de 10,16
mg/L na água de rejeito, 9,81 mg/L na água de abastecimento e 1,24 mg/L na água purificada.
A análise de STD revelou que, em 500 mL, os sólidos dissolvidos foram de 63 mg e 55 mg
para as águas minerais (marcas A e B), 21 mg para a água de abastecimento e 94 mg para a
água de rejeito. Em contraste, a água purificada apresentou apenas 16 mg em 3.350 mL. Os
minerais predominantes em todas as amostras foram cloro, óxido de cálcio e dióxido de silício.
Estes resultados, direcionaram a pesquisa para o desenvolvimento de um destilador a vapor, cujo
objetivo é eliminar esses minerais que podem promover corrosão e incrustações nos sistemas
hidráulicos. O protótipo utiliza vapor como fonte de energia para aquecer e evaporar a água
de rejeito. Seu desempenho foi avaliado experimentalmente por meio de medições de pressão,
temperatura e volume, cujos dados, associados a tabelas termodinâmicas, permitiram calcular
o rendimento energético via análise de exergia. Os resultados obtidos indicam o potencial do
sistema para ser aprimorado e futuramente aplicado em autoclaves hospitalares, utilizando o
calor residual do vapor ejetado durante e após os ciclos para tratar e reutilizar a água residuária,
contribuindo para a sustentabilidade no ambiente hospitalar.

Palavras-chave: Impactos Ambientais, Esterilização, Osmose Reversa, STD, FRX.


Prototyping of a Steam Distiller for the Reuse of Reverse Osmosis Wastewater in
Autoclaves

ABSTRACT

This study aims to develop a steam distiller prototype for the reuse of waste generated by reverse
osmosis filtration systems in hospitals. The characterization of wastewater was performed through
analyses of total dissolved solids (TDS) and X-ray fluorescence (XRF), with comparisons to
common tap water, bottled mineral water from two different brands, and water purified by
reverse osmosis. The results showed that the wastewater presented significantly higher mineral
concentrations. Calcium oxide (CaO), an indicator of water hardness, recorded values of 10.16
mg/L in the wastewater, 9.81 mg/L in tap water, and 1.24 mg/L in purified water. The TDS
analysis revealed that, in 500 mL, the dissolved solids were 63 mg and 55 mg for the bottled
mineral waters (brands A and B), 21 mg for tap water, and 94 mg for the wastewater. In contrast,
purified water showed only 16 mg in 3,350 mL. The predominant minerals in all samples were
chlorine, calcium oxide, and silicon dioxide.
These results guided the research toward the development of a steam distiller designed to
eliminate minerals that could cause corrosion and scaling in hydraulic systems. The prototype
uses steam as an energy source to heat and evaporate the wastewater. Its performance was
experimentally evaluated through measurements of pressure, temperature, and volume, with data
analyzed using thermodynamic tables to calculate energy efficiency via exergy analysis. The
results indicate the system’s potential for further refinement and future application in hospital
autoclaves, utilizing residual steam heat released during and after sterilization cycles to treat and
reuse wastewater, contributing to sustainability in hospital environments.

Keywords: Environmental Impacts, Sterilization, Reverse Osmosis, TDS, XRF.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CME Central de Materiais Esterilizados

FRX Fluorescência de Raios-X

EAS Estabelecimento Assistencial de Saúde

STD Sólidos Totais Dissolvidos

STF Sólidos Totais Fixos

STV Sólidos Totais Voláteis


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Autoclave a vapor modelo horizontal de barreira................................................... 15


Figura 2.2 Sistema de osmose reversa hospitalar..................................................................... 17
Figura 2.3 Esquema dos fluxos de água através da membrana de osmose reversa.................. 18
Figura 2.4 Representação esquemática de uma autoclave horizontal a vapor.......................... 20
Figura 2.5 Representação gráfica do ciclo de esterilização em uma autoclave horizontal. ..... 20
Figura 2.6 Tabela termodinâmica do vapor de água saturado.................................................. 22
Figura 2.7 Mapa de indicadores sobre água potável. ............................................................... 23
Figura 2.8 Mapa de indicadores sobre tratamento de esgoto. .................................................. 24
Figura 2.9 Espectro dos sólidos dissolvidos em água mineral................................................. 29
Figura 4.1 A) Estufa; B) Dessecador; C) Forno Mufla; D) Balança Analítica; E) Pipeta
Volumétrica ........................................................................................................................ 35
Figura 4.2 A) Extração; B) STD; C) STF; D) Amostras catalogadas...................................... 36
Figura 4.3 Representação esquemática do sistema de reaproveitamento................................. 37
Figura 4.4 Protótipo inicial. ..................................................................................................... 38
Figura 4.5 Protótipo ajustado. .................................................................................................. 39
Figura 5.1 Tabela termodinâmica com destaque para os dados utilizados. ............................. 41
Figura 5.2 Água de rejeito adicionada à parte superior do trocador de calor........................... 44
Figura 5.3 Manômetro indicando a pressão máxima do gerador de vapor. ............................. 45
Figura 5.4 Análise de STD sobre as águas minerais e purificadas .......................................... 46
Figura 5.5 Análise de STD sobre as águas de abastecimento comum e rejeito e STF sobre
o rejeito. ............................................................................................................................. 46
Figura 5.6 Análise gráfica comparativa entre as amostras de abastecimento comum, rejeito
e purificada......................................................................................................................... 47
LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 Propriedades termodinâmicas do protótipo. ........................................................... 40


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11
1.1 Motivação.......................................................................................................................... 12
1.2 Objetivo Geral .................................................................................................................. 13
1.3 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 13
1.4 Principais Contribuições ................................................................................................. 13
1.5 Estrutura do Trabalho..................................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 15
2.1 Central de Materiais Esterilizados ................................................................................. 15
2.2 Sistema de Osmose Reversa ............................................................................................ 16
2.3 Termodinâmica Aplicada ao Processo de Esterilização ............................................... 19
2.4 Eficiência Energética no Setor Hospitalar..................................................................... 23
2.5 Classes de Reuso da Água ............................................................................................... 25
2.6 Análise de Sólidos Dissolvidos ........................................................................................ 27
2.7 Técnica de Fluorescência por Raios-X ........................................................................... 28
3 TRABALHOS RELACIONADOS ..................................................................................... 31
4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 33
4.1 Descrição do Problema .................................................................................................... 33
4.2 Caracterização da Água de Rejeito do Sistema de Osmose Reversa .......................... 33
4.3 Desenvolvimento de Protótipo para o Reaproveitamento de Águas Residuárias ...... 36
5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 40
5.1 Análise da Exergia do Protótipo ..................................................................................... 40
5.1.1 Dados do Sistema............................................................................................................ 40
5.1.2 Uso da Tabela Termodinâmica........................................................................................ 41
5.1.3 Cálculo da Exergia Associada ao Protótipo.................................................................... 43
5.2 Eficiência de Vaporização do Rejeito ............................................................................. 44
5.3 Resultados da Caracterização da Água de Rejeito ....................................................... 45
6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 49
6.1 PERSPECTIVAS FUTURAS.......................................................................................... 50
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 51
11

1 INTRODUÇÃO

Diante das intensas crises climáticas observadas de forma cada vez mais recorrente, se
faz necessário repensar o consumo de energia elétrica e recursos naturais, visando a atenuação,
ainda enquanto medida complementar, destes efeitos indesejáveis (BERMAN, 2008).
Ainda que a atenção da comunidade científica esteja bastante voltada para a transição
energética a partir da implementação de fontes alternativas, a mitigação dos desperdícios pode
ser considerada uma estratégia eficiente, na medida em que oferece soluções mais rápidas aos
problemas observados nos diferentes setores da sociedade (SANTOS; ALMEIDA, 2022).
No setor hospitalar, conforme constatado em (SANTOS; ALMEIDA, 2022), a maior
parte do consumo de energia elétrica ocorre nos sistemas de climatização, iluminação e equipa-
mentos. Esses grupos representam as maiores oportunidades para o desenvolvimento de soluções
sustentáveis, a serem implementadas nos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), com
foco na otimização do uso de recursos naturais e na redução do consumo de eletricidade.
Sob a ótica da otimização, associada ao consumo de recursos por equipamentos, as
centrais de materiais esterilizados apresentam grandes possibilidades, principalmente através das
autoclaves à vapor (LARANJEIRA et al., 2017), pois são consideradas, dentre os equipamentos
médicos, um dos que apresenta maior consumo energético (JEMMAD; HMIDAT; ABDALLAH,
2021). Sendo amplamente utilizado, o vapor saturado, despende um elevado consumo destes
recursos, apesar de ainda ser considerado bastante atrativo devido à baixa complexidade em
relação à outras técnicas (KOLLU; KUMAR; GAUTAM, 2022).
A esterilização de instrumentais, insumos e acessórios é uma das atividades responsáveis
por grande parte do consumo de água e energia elétrica, sendo a autoclave à vapor, um dos
principais equipamentos da Central de Materiais Esterilizados (CME) para o reprocessamento
destes materiais e, para isso, se utiliza de um elevado consumo de energia elétrica e água,
requisitos básicos para a produção de vapor e de vácuo e, consequentemente, parâmetros
fundamentais para o seu funcionamento (KOLLU; KUMAR; GAUTAM, 2022).
A água utilizada no processo de produção de vapor deve possuir características que mini-
mizem danos às estruturas da autoclave, como corrosão e incrustações. Para isso, é necessário o
tratamento prévio da água por meio do sistema de osmose reversa. No entanto, esse processo
gera um desperdício significativo, que pode alcançar até 90% do volume de água purificada
produzido.
Com base nesta constatação, este trabalho tem como objetivo estudar uma aplicação para
solucuinar, simultaneamente, o problema da desperdício de água pelo sistema de osmose reversa
12

e o problema do desperdício energético através da descarga do vapor residual pelas autoclaves.


Utilizando a técnica de fluorescência de raios-X (FRX), pretende-se identificar as características
físico-químicas da água de rejeito, possibilitando a proposição de métodos e alternativas para
seu reaproveitamento.

1.1 Motivação

Os eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes, demandam um esforço co-
letivo focado na racionalização do consumo de recursos naturais e energia elétrica, a fim de
mitigar os impactos dessas ocorrências (BERMAN, 2008). Nesse cenário, o setor hospitalar se
apresenta como um campo promissor para estudos sobre a reutilização de águas residuárias, par-
ticularmente as geradas pelos sistemas de osmose reversa, onde o volume de água desperdiçado
pode equivaler ao volume processado (LARANJEIRA et al., 2017). Outro ponto relevante é o
reaproveitamento do calor dissipado pelas autoclaves ao final dos ciclos de esterilização, uma
prática que pode contribuir significativamente para a eficiência energética.
A Lei nº 14.904, sancionada em junho de 2024, reforça a importância de soluções que
promovam maior eficiência nos processos, ao definir diretrizes nacionais para a adaptação às
mudanças climáticas e o cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris (Brasil,
2024). A produção de água potável e purificada por osmose reversa, assim como a geração
de vapor para esterilização, consomem quantidades expressivas de energia elétrica. Portanto,
integrar esses processos de modo a otimizar o consumo energético traz benefícios econômicos e
ambientais.
Motivado pela perspectiva de produzir soluções técnicas sustentáveis, esse trabalho
apresenta o desenvolvimento do um protótipo de destilador, projetado com base em análises
físico-químicas das águas de rejeito. O objetivo principal é viabilizar o reaproveitamento efici-
ente desses recursos, contribuindo para a redução de desperdícios e a mitigação dos impactos
ambientais. Essa abordagem integra a reutilização de águas residuárias e o aproveitamento ener-
gético, alinhando-se às diretrizes legais e às metas de sustentabilidade estabelecidas, promovendo
benefícios tanto ambientais quanto econômicos no setor hospitalar.
13

1.2 Objetivo Geral

Trazer uma solução técnica e sustentável que viabilize a redução do desperdício de água
pelos sistemas de filtragem por osmose reversa nos estabelecimentos assistenciais de saúde,
utilizados para abastecer máquinas da central de esterilização, como autoclaves a vapor.

1.3 Objetivos Específicos

Este trabalho tem por objetivo a análise das características fisico-químicas e a proposição
de soluções para o reaproveitamento da água de rejeito proveniente dos sistemas de filtragem por
osmose reversa em aplicações hospitalares, de acordo com as seguintes ideias:

• Estudar as características físico-químicas, através das técnicas de análise de sólidos totais


dissolvidos (STD) e de fluorescência de Raios-X (FRX), da água de rejeito proventiente
dos sistemas hospitalares de filtragem por osmose reversa;
• Desenvolver um protótipo para a reciclagem da água residuária pelo método de destilação,
utilizando a energia térmica do vapor.
• Avaliar o rendimento do protótipo através do volume evaporado;
• Calcular o desempenho do dispositivo por meio do parâmetro termodinâmico exergia;
• Avaliar a viabilidade de desenvolvimento do protótipo para a implementações futuras em
autoclaves a vapor.

1.4 Principais Contribuições

Considerando as preocupações crescentes com relação à racionalização do consumo de


recursos naturais, o levantamento de informações científicas que indiquem alternativas para a
solução desta questão no contexto hospitalar pode fundamentar a aplicação de recursos gerenciais
ou tecnológicos relevantes. Este trabalho contribui ao caracterizar a água de rejeito e investigar
possibilidades de reuso com base nos dados quantitativos e qualitativos obtidos.
As informações obtidas sobre as características físico-químicas da água residuária, pro-
porcionaram o subsídio metodológico para o desenvolvimento de um projeto de reaproveitamento,
utilizando o calor do vapor como principal fonte de energia.
Ensaios práticos foram conduzidos para avaliar o potencial energético do vapor aplicado
14

a um trocador de calor na vaporização da água de rejeito. O vapor foi gerado em uma panela
de pressão, aquecida por chama na base inferior, e, após atingir a pressão máxima, direcionado
para um trocador de calor. Este foi composto por uma panela de banho-maria adaptada, onde o
vapor aquecido no compartimento inferior promoveu a vaporização da água de rejeito depositada
no compartimento superior. Durante os testes, foram monitorados parâmetros-chave, como
a pressão do gerador de vapor e do trocador de calor, utilizando manômetros analógicos, e
as temperaturas das estruturas, registradas com sensores eletrônicos DS18B20 conectados à
plataforma Arduino. O volume evaporado da água de rejeito foi medido ao final do processo
com uma proveta graduada, considerando a diferença entre os volumes inicial e final. Os
resultados obtidos oferecem não apenas dados relevantes para a viabilidade do projeto, mas
também perspectivas para aprimoramentos futuros, com o objetivo de adaptar e aplicar o sistema
em um ambiente hospitalar real, contribuindo para a sustentabilidade e eficiência operacional.

1.5 Estrutura do Trabalho

O capítulo 2 traz a abordagem teórica sobre o setor hospitalar com breve descrição
da central de materiais esterilizados, ao mesmo tempo em que é feita uma análise sobre o
funcionamento das autoclaves a vapor e dos sistemas de osmose reversa, considerando as
questões de rendimento. São apresentadas também as definições acerca dos métodos utilizados
na pesquisa, como o FRX e a análise de STD.
No capítulo 3 é abordado o problema de pesquisa, as técnicas utilizados para o levan-
tamento de informações e a proposta de solução, através de um protótipo, desenvolvido para
simular a recuperação do calor residual das autoclaves, proveniente do vapor ejetado, para o
tratamento da água de rejeito do sistema de osmose reversa. Aqui são apresentados os materiais
e métodos utilizados durante o estudo, assim como os resultados esperados e as dificuldades
encontradas.
O capítulo 4 traz os resultados obtidos a partir dos ensaios termodinâmicos com o
protótipo desenvolvido, além dos dados acerca da caracterização da água de rejeito. Nesta seção,
também é apresentado o desenvolvimento matemático que avalia a exergia associada ao vapor
ajetado. Além disso, são apresentados os dados quantitativos da água de rejeito, estabelecendo
um comparativo com outros tipos de água.
O capítulo 6 revela a conclusão do trabalho bem como suas perspectivas futuras de
utilização e aplicação.
15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Central de Materiais Esterilizados

A Central de Materiais Esterilizados (CME) é uma unidade de apoio técnico essencial nos
estabelecimentos de saúde, sendo obrigatória conforme determina a Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária (ANVISA) através da norma RDC 307/2002. Esse setor é responsável por fornecer
instrumentos e insumos cirúrgicos estéreis para as unidades de atendimento, especialmente para
o centro cirúrgico (ANVISA, 2012).
Por envolver a desinfecção e o reprocessamento de materiais críticos, os processos de
esterilização na CME são conduzidos de modo a expor esses materiais a condições específicas de
temperatura, pressão e tempo, eliminando quaisquer microorganismos. Esses processos exigem
alto consumo de energia e água, pois, em sua maioria, dependem da produção de vapor ou água
aquecida para o funcionamento.
O principal equipamento utilizado na CME para a esterilização dos materiais é a autoclave
a vapor, sendo o modelo horizontal de barreira, apresentado na figura 2.1, um dos mais comuns.

Figura 2.1: Autoclave a vapor modelo horizontal de barreira.


Fonte: (Strattner, 2024)

Sua estrutura inclui uma câmara interna, onde os materiais são expostos às condições
termodinâmicas necessárias, e uma câmara externa, que envolve a interna e recebe vapor para
transferir calor e elevar sua temperatura. A autoclave possui um gerador de vapor elétrico
conectado a um sistema de abastecimento de água purificada e utiliza válvulas solenóides para o
controle da saída de vapor. A bomba de vácuo é um componente essencial, sendo comumente
16

encontrada no modelo conhecido como selo de água, que consome entre 150 L e 600 L de
água por ciclo, dependendo do modelo da autoclave. A função dessa bomba é remover o ar e
a umidade da câmara interna, garantindo a efetividade da esterilização (LARANJEIRA et al.,
2017).
O funcionamento da autoclave a vapor ocorre em três etapas principais: acondiciona-
mento, exposição e secagem. No acondicionamento, a câmara interna é submetida a pulsos
de vapor e vácuo para remover o ar e a umidade residual, permitindo a completa penetração
do vapor nos materiais a serem esterilizados. Na fase de exposição, o vapor é admitido nas
câmaras interna e externa até que a pressão e temperatura necessárias sejam alcançadas, de
modo a eliminar microrganismos e esporos bacterianos após um tempo determinado. Na fase de
secagem, a câmara interna recebe pulsos de vácuo para eliminar a umidade residual, enquanto
a câmara externa recebe vapor para conduzir calor e manter a temperatura. Esse processo visa
impedir a presença de umidade nos materiais, evitando a proliferação de microorganismos e
permitindo o armazenamento seguro dos itens após a esterilização (RODRIGUES, 2010).
Como setor crítico para o controle de infecções hospitalares, a CME deve seguir uma série
de diretrizes estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), incluindo a
norma RDC 15, que regulamenta o processamento de produtos para a saúde (ANVISA, 2012). A
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) também estabelece requisitos de qualidade
nos processos de esterilização, como a norma NBR ISO 17665-1, que aborda a validação dos
ciclos, o uso de indicadores químicos, físicos e biológicos, o processamento específico para cada
tipo de material e o registro rastreável dos processos para garantir a consistência e a conformidade
(ABNT, 2010).
A CME é fundamental para a segurança dos pacientes e para o funcionamento dos
estabelecimentos de saúde. A tecnologia é essencial para aumentar a agilidade e eficácia dos
processos e pode, gradativamente, contribuir com melhorias que tornem o fluxo de trabalho mais
eficiente. Além disso, considerando o elevado consumo de água e energia elétrica neste setor
e as preocupações ambientais crescentes, surgem oportunidades para desenvolver abordagens
sustentáveis, baseadas em soluções técnicas, que tornem os processos da CME mais eficientes
tanto do ponto de vista ambiental quanto estratégico para o ambiente hospitalar.

2.2 Sistema de Osmose Reversa

A água que abastece alguns dos equipamentos da CME precisa apresentar caracterís-
ticas físico-químicas específicas para garantir processos eficazes, preservar a integridade dos
17

materiais e prolongar a vida útil das máquinas. A principal característica necessária é a baixa
condutividade elétrica, indicando uma quantidade muito baixa de minerais dissolvidos, o que
pode ser alcançado por meio de filtração com sistema de osmose reversa (ABNT, 2010). Um
exemplo de equipamento responsável por este tratamento pode ser visualizado através do modelo
apresentado na figura 2.2.

Figura 2.2: Sistema de osmose reversa hospitalar.


Fonte: (VEXER, 2024)

A presença de elementos como o cloro (Cl) pode reduzir a resistência à corrosão de


instrumentais cirúrgicos e das estruturas da autoclave, enquanto íons metálicos podem causar
manchas. Além disso, o cálcio (Ca), o enxofre (S) e o silício (Si) promovem a formação de
incrustações (DEODATO; ALMEIDA, 2023). Esses problemas podem ser prevenidos ou, ao
menos, mitigados pelo processo de purificação da água.
18

Assim como o processo de difusão, onde uma solução menos concentrada tende natural-
mente a se mover em direção a uma região de maior concentração, na osmose, o deslocamento
ocorre de da mesma maneira, porém, através de uma membrana semipermeável. Já na osmose
reversa, ocorre o contrário: a solução mais concentrada é forçada a atravessar a membrana
em direção à solução menos concentrada, o que promove a retenção de sólidos dissolvidos na
membrana. Por ser um processo artificial, é necessário consumo de energia para gerar a pressão
osmótica, que força a passagem da água pela membrana, retendo a maior parte dos minerais e
materiais orgânicos dissolvidos (SOARES et al., 2006).
Os parâmetros físico-químicos da água purificada por osmose reversa devem atender às
normas, como a NBR ISO 17665-1/EN 285, que estabelece os limites máximos de contaminantes
para a água utilizada em autoclaves a vapor (ABNT, 2010). Para atingir esses padrões, o
sistema de osmose reversa inclui etapas de pré-filtração, utilizando filtros abrandadores, de
carvão ativado, mecânicos e deionizadores. Os filtros abrandadores removem os carbonatos de
cálcio e magnésio, controlando a dureza da água e evitando deposição nas membranas; os filtros
de carvão ativado absorvem cloretos e substâncias orgânicas; os filtros mecânicos removem
partículas maiores em suspensão; e os filtros deionizadores, compostos por resinas, retiram os
sais minerais (DEODATO; ALMEIDA, 2023).
Apesar de eficaz para fornecer água com alta pureza, o sistema apresenta um problema
econômico e ambiental devido ao grande volume de água desperdiçada, o que pode ser compre-
endido visualmente através da figura 2.3.

Figura 2.3: Esquema dos fluxos de água através da membrana de osmose reversa.
Fonte: Adaptado de (SRBIJA, 2024)
19

Embora remova entre 90% e 99% das partículas, íons, matéria orgânica e microrganismos,
o processo gera um rejeito de 60% a 90% do volume de água purificada (LARANJEIRA et al.,
2017). Portanto, apesar de atingir o objetivo de fornecer água adequada à CME, a eficiência
desse sistema deve ser discutida para buscar soluções que tornem o processo mais sustentável,
reduzindo o desperdício e melhorando sua eficiência ambiental e econômica.

2.3 Termodinâmica Aplicada ao Processo de Esterilização

Por se tratar de uma técnica que promove a exposição dos materiais cirúrgicos à condições
que inviabilizam a existência de quaisquer microrganismos, a esterilização a vapor, através
das autoclaves, demanda um controle rigoroso de parâmetros termodinâmicos, como pressão,
temperatura e tempo, para que a efetividade do processo seja assegurada (COSTA; SANTOS;
DANTAS, 2018).
O ciclo de esterilização das autoclaves utiliza a técnica do vapor saturado, através da qual
a energia térmica é transferida do vapor para os materiais por condução, por este motivo, após o
contato com os materiais o vapor perde energia, condensa, e precisa ser removido da câmara
interna. Para isso ocorrer, o acionamento da bomba de vácuo se faz necessário, criando uma
pressão negativa que “succiona” toda a condensação proveniente do vapor (LARANJEIRA et al.,
2017).
Durante a fase de exposição, momento do ciclo onde ocorre a manutenção da temperatura
em um patamar elevado para a inativação dos microrganismos, ocorre a transferência de calor
para a câmara interna por condução, após a injeção de vapor na câmara externa (TORTORA;
FUNKE; CASE, 2017), conforme pode ser observado na figura 2.4, onde a visualização estrutural
esquemática pode contribuir com o entendimento.
Os parâmetros termodinâmicos variam de acordo com o ciclo de autoclavagem a ser
executado. Os mais comuns utilizam temperaturas de 121 °C e 134 °C na fase de exposição
(TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). A representação gráfica desses ciclos pode ser observada
através da figura 2.5, onde são abordados os parâmetros de temperatura e pressão em função
do tempo. Além disso, as quatro principais etapas do ciclo podem ser visualizadas: o acon-
dicionamento, onde ocorre a remoção do ar da câmara interna através dos pulsos de vácuo; a
esterilização, onde ocorre a manutenção da pressão e da temperatura no patamar mais elevado
por um período determinado de tempo; a secagem, onde ocorre um pulso prolongado de vácuo
para a remoção do vapor residual e da condensação; e por fim, a aeração, onde a pressão da
câmara é estabilizada com a pressão atmosférica.
20

Figura 2.4: Representação esquemática de uma autoclave horizontal a vapor.


Fonte: (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017)

Figura 2.5: Representação gráfica do ciclo de esterilização em uma autoclave horizontal.


Fonte: Adaptado de (HOSPITAL, 2024)
21

Utilizando o conceito de exergia, pode ser avaliada a eficiência energética das autoclaves
a vapor, por meio do cálculo que relaciona o vapor injetado na máquina e o que é ejetado,
considerando ainda as perdas térmicas das superfícies externas. O termo exergia se refere
a uma parcela da energia que tem potencial para a realização de trabalho útil, levando em
consideração as condições termodinâmicas do ambiente do processo em questão, podendo
portanto, caracterizar a qualidade dessa energia (SILVA, 2018).
O cálculo para a avaliação da exergia associada ao vapor injetado e ao vapor ejetado da
autoclave, de acordo com (SAHIN et al., 2022), pode ser realizado através das equações 2.1 e
2.2, respectivamente:

ExIN = ṁVAPOR [(hIN − h0 ) − T0 (sIN − s0 )] (2.1)

ExOUT = ṁVAPOR [(hOUT − h0 ) − T0 (sOUT − s0 )] (2.2)

Onde os parâmetros presentes nas equações representam as seguintes grandezas:

• ExIN – Exergia do vapor injetado (kW);


• ExOUT – Exergia do vapor ejetado (kW);
• ṁVAPOR – Vazão mássica do vapor (kg/s);
• hIN – Entalpia específica do vapor (kJ/kg);
• hOUT – Entalpia específica do vapor ejetado (kJ/kg);
• h0 – Entalpia específica do vapor em condições ambientais (kJ/kg);
• T0 – Temperatura ambiente (°C);
• sIN – Entropia específica do vapor injetado (kJ/kg.K);
• sOUT – Entropia específica do vapor ejetado (kJ/kg.K);
• s0 – Entropia específica do vapor em condições ambientais (kJ/kg.K);

A determinação de cada uma das variáveis apresentadas nas equações pode ocorrer
através de medições experimentais, cálculos ou utilização de tabelas termodinâmicas. A entalpia
específica (h), que representa a energia total do vapor, considerando a soma entre a energia interna
e a energia devido à pressão a qual é submetido, e a entropia específica (s), fator que estabelece o
grau de desordem no estado do fluido (irreversibilidade), podem ser obtidas diretamente através
das tabelas termodinâmicas de vapor saturado, que relacionam as variáveis em função da pressão
e temperatura do fluido. No caso da vazão mássica (ṁVAPOR ), pode ser realizada a medição da
vazão do vapor utilizando instrumentos específicos, como o medidor Coriolis ou tubos venturi,
22

por exemplo. Nesse caso, é determinada a massa de vapor que atravessa a seção transversal da
tubulação por unidade de tempo (SMITH et al., 2018).
Ferramentas como o livro de química do National Institute of Standards and Technology
do departamento comercial dos Estados Unidos podem contribuir com a obtenção das variáveis
para o cálcuo do balanço exergético, através de tabelas termodinâmicas como a apresentada
na figura 2.6, onde é possível associar os valores de entalpia e entropia do vapor saturado, por
exemplo, aos valores de temperatura e pressão aos quais o fluído é submetido (STANDARDS;
TECHNOLOGY, 2024), além disso, proporcionam uma base referencial para a determinação de
outras propriedades termodinâmicas cruciais, como a densidade e a energia interna do vapor.
O livro Fundamentals of Engineering Thermodynamics de Michael J. Moran e Howard
N. Shapiro (MORAN; SHAPIRO, 2014) também contribui com o fornecimento de tabelas
termodinâmicas para o vapor saturado. Além disso, com uma abordagem voltada para aplicações
de engenharia, o material fornece o referencial teórico sobre as equações necessárias para o
cálculo da exergia, considerando diferentes condições e aplicações.

Figura 2.6: Tabela termodinâmica do vapor de água saturado.


Fonte: (STANDARDS; TECHNOLOGY, 2024)

Dados experimentais levantados por (SAHIN et al., 2022), indicam que o vapor injetado
no processo de esterilização da autoclave pode ter sua temperatura variando entre 130 °C e
137 °C, enquanto o ejetado durante, e após o processo, pode variar entre 95 °C e 102 °C.
Essa energia térmica descarregada junto do vapor ejetado somado às perdas de calor devido ao
aquecimento das superfícies externas da autoclave, pode representar uma perda energética de
10%. Portanto, torna-se evidente a necessidade de estudos que visem mitigar o desperdício de
energia, aumentando a eficiência da máquina e garantindo a sua efetividade.
23

2.4 Eficiência Energética no Setor Hospitalar

A exploração dos recursos naturais para a produção de energia foi um fator determinante
no desenvolvimento tecnológico ao longo da história da humanidade. Entretanto, o século
XXI trouxe, de maneira mais globalizada, discussões e preocupações acerca dos impactos
ambientais inerentes a essa exploração, evidenciados por eventos climáticos extremos como
secas e inundações. Nesse contexto, a eficiência energética surge como uma estratégia essencial
para promover o uso sustentável dos recursos, conciliando produtividade econômica e efetividade
técnica com a redução de danos ambientais (SANTIAGO, 2020). Nesse sentido, a eficiência
energética representa as estratégias que viabilizam as ações e tecnologias que permitam, além
da produtividade econômica, a redução dos impactos ambientais através do uso sustentável dos
recursos energéticos (MME, 2024).
O consumo irracional de água pode representar, além de uma contribuição para o agrava-
mento dos impactos ambientais, elevados custos energéticos e financeiros. No Brasil, segundo
dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades,
o custo operacional médio, em termos energéticos, para a disponibilização de água potável é de
0,67 kWh/m3 , com uma tarifa média de 5,09 R$/m3 , conforme ilustrado na Figura 2.7.

Figura 2.7: Mapa de indicadores sobre água potável.


Fonte: Adaptado de (CIDADES, 2024)
24

De forma similar, o tratamento de esgoto apresenta um custo energético médio de


0,29 kWh/m3 , com uma tarifa média de 4,56 R$/m3 , conforme ilustrado na Figura 2.8. Ou seja,
os custos operacionais aumentam proporcionalmente ao desperdício de água.

Figura 2.8: Mapa de indicadores sobre tratamento de esgoto.


Fonte: Adaptado de (CIDADES, 2024)

No setor hospitalar, que está entre os dez maiores consumidores de água no meio urbano,
esse impacto é ainda mais relevante. Estima-se que os hospitais sejam responsáveis por 10%
do consumo total de energia elétrica no meio comercial (DURANTE; STIZ; MOREIRA, 2024).
Nesse cenário, as autoclaves a vapor destacam-se como equipamentos de alto consumo de água
e energia, essenciais para a esterilização, mas que geram grandes volumes de rejeito de água
tratada por osmose reversa (SANTOS; ALMEIDA, 2022).
Apesar do benefício técnico e econômico que agregam às instituições hospitalares,
as centrais de materiais esterilizados, incluindo as autoclaves a vapor, representam um dos
maiores desafios de sustentabilidade das unidades assistenciais de saúde (SANTOS; ALMEIDA,
2022). Por isso, otimizar seu uso e implementar estratégias de eficiência energética são medidas
fundamentais para reduzir os desperdícios e os custos, sem comprometer a qualidade dos
processos de esterilização.
25

2.5 Classes de Reuso da Água

A literatura sobre classes de reuso da água no setor hospitalar revela uma evolução
significativa nas estratégias e abordagens voltadas para a sustentabilidade e eficiência hídrica,
especialmente em cenários urbanos e durante períodos de crise hídrica. O reuso da água se
consolida como uma prática essencial para mitigar os impactos ambientais e reduzir o consumo
de recursos naturais, enfrentando desafios técnicos e sociais.
O trabalho de (NAROTH, 2016) foi pioneiro ao destacar a recuperação de água como uma
alternativa viável, mesmo em áreas urbanas. A pesquisa enfatiza a necessidade de tratamentos
adequados para atingir padrões de qualidade e superar desafios como a aceitação pública e as
limitações tecnológicas. Esse estudo contextualiza a reutilização de água como uma resposta
estratégica à escassez, especialmente em regiões afetadas pela seca.
Em 2018, (VOULVOULIS, 2018) ampliou a perspectiva, introduzindo o conceito de
economia circular como um paradigma para superar os obstáculos associados ao reuso da
água. Essa abordagem holística e interdisciplinar promove a integração do reuso dentro de
estratégias de gestão hídrica mais amplas, destacando o potencial de soluções sustentáveis e
economicamente viáveis.
O trabalho (PAN et al., 2019) abordou a relação entre o reuso da água e a saúde pública,
destacando a necessidade de sistemas de tratamento avançados para garantir a segurança da
população. O estudo criticou a falta de avaliações abrangentes nas pesquisas anteriores, que
muitas vezes focaram apenas nos impactos ambientais, e propôs uma análise sistemática de
alternativas de reuso.
No mesmo ano, (LANDA-CANSIGNO et al., 2019) enfatizaram a importância do reuso
descentralizado e centralizado, explorando águas cinzas e recuperadas como fontes alternativas
essenciais para o desenvolvimento urbano e a economia circular. A pesquisa sublinhou a
necessidade de regulamentações rigorosas para assegurar a qualidade da água reutilizada, fator
crucial para sua aceitação e segurança.
O artigo (YANG et al., 2020) destaca o papel de processos baseados em membranas no
tratamento de águas residuais municipais, apontando o reuso como uma solução promissora
para atender às crescentes demandas por água. Embora os benefícios ambientais sejam claros,
os autores alertaram sobre os desafios relacionados à saúde pública e segurança hídrica, que
demandam atenção contínua.
Os autores de (FICO et al., 2022) abordaram a reutilização de água no contexto industrial,
com foco na bacia do rio Paraíba do Sul, no Brasil. O estudo reforçou a reutilização como um
26

pilar da economia circular, destacando avanços tecnológicos em processos de tratamento que


possibilitam a remoção eficiente de poluentes e a reutilização para múltiplas finalidades.
O artigo técnico "Reaproveitamento do concentrado gerado por sistema de tratamento de
água por osmose reversa em uma clínica de hemodiálise"(FARIA et al., 2023) descreve um estudo
realizado em uma clínica de hemodiálise, visando avaliar a viabilidade quantitativa e qualitativa
do reuso do concentrado gerado pelo processo de osmose reversa utilizado para o tratamento da
água. O foco do estudo está na análise de diversos parâmetros da água, como amônia, cloreto,
cloro livre, dureza total, ferro total, fluoreto, nitratos, nitritos, sulfatos, sólidos totais dissolvidos
e coliformes totais. Esses parâmetros foram avaliados para verificar a conformidade da água com
as quatro classes de reuso de água estabelecidas pela ABNT NBR 13969/97 (ABNT, 1997).
As quatro classes de reuso definidas pela ABNT são essenciais para classificar a água
reutilizada com base na sua qualidade e no tipo de uso a que se destina. A Classe 1 refere-
se à água potável, ou seja, aquela que pode ser consumida diretamente, e deve atender aos
mais rigorosos padrões de qualidade para garantir a segurança da saúde humana. A Classe
2 é destinada à água reutilizada em processos industriais que não envolvem contato direto
com alimentos ou produtos consumíveis, mas que, mesmo assim, devem garantir parâmetros
adequados para não comprometer os processos industriais. A Classe 3 envolve o reuso de água
para atividades agrícolas, como irrigação, sendo necessário que a água não contenha substâncias
tóxicas em concentrações prejudiciais ao solo e às plantas. Por fim, a Classe 4 refere-se ao uso
de água para limpeza e higienização, como a lavagem de ruas e calçadas, desde que a água não
represente risco à saúde pública ou ao meio ambiente (ABNT, 1997).
No estudo realizado, o concentrado gerado pelo sistema de osmose reversa foi submetido
a análises rigorosas para avaliar se atendia aos critérios estabelecidos para cada uma dessas
classes. Os resultados obtidos indicaram que o concentrado se mostrou adequado para reuso em
todas as quatro classes, com exceção do parâmetro fluoreto, que atingiu o limite estabelecido para
a água potável, exigindo uma atenção especial para esse aspecto. Em termos de aproveitamento,
observou-se que a clínica conseguiu reutilizar cerca de 23% do volume gerado pelo concentrado,
o que representa um avanço significativo em termos de economia de recursos e sustentabilidade
no ambiente hospitalar.
A análise revela que o reuso da água, especialmente em ambientes hospitalares como
clínicas de hemodiálise, pode ser uma estratégia eficiente para reduzir o desperdício de água
e minimizar os impactos ambientais. Entretanto, é crucial que os sistemas de tratamento e
monitoramento da qualidade da água sejam cuidadosamente planejados e executados para garantir
que os parâmetros de qualidade sejam mantidos dentro dos padrões exigidos, especialmente
27

para usos mais críticos, como o consumo humano. Esse estudo reforça a importância de adotar
práticas de economia circular na gestão de recursos hídricos, não apenas em nível industrial,
mas também no setor da saúde, contribuindo para a preservação dos recursos naturais e para a
redução dos custos operacionais (FARIA et al., 2023).
Em síntese, esses estudos oferecem uma visão abrangente sobre as oportunidades e os
desafios do reuso da água, particularmente no setor hospitalar. A implementação dessas práticas
exige tecnologias avançadas, regulamentações robustas e um esforço conjunto para integrar
sustentabilidade e eficiência hídrica nos processos operacionais. Essa abordagem é essencial
para enfrentar os desafios ambientais e garantir a segurança hídrica em longo prazo.

2.6 Análise de Sólidos Dissolvidos

A análise de sólidos dissolvidos (SD) é um tema de crescente relevância na avaliação


da qualidade da água, especialmente em contextos ambientais e de saúde pública. A literatura
existente explora diferentes aspectos dos sólidos totais dissolvidos (STD), sólidos totais voláteis
(STV) e sólidos totais fixos (STF), refletindo sobre suas implicações na ecologia aquática e na
saúde humana.
O trabalho (SUTHERLAND, 2006) inicia a discussão ao apresentar um método inovador
para a análise de sólidos suspensos totais (TSS) por meio de assinaturas espectrais. O estudo
destaca a importância da caracterização óptica dos sólidos suspensos em águas de superfície,
enfatizando que a capacidade preditiva das assinaturas espectrais pode levar a estimativas de
qualidade da água e à determinação de fontes de contaminação. A pesquisa foi baseada em
experimentos laboratoriais rigorosos, onde amostras de sólidos conhecidos foram misturadas com
água desionizada, simulando condições de escoamento de águas pluviais. Este trabalho representa
um avanço inicial na utilização de assinaturas de reflexão espectral como uma ferramenta para a
caracterização rápida e eficiente dos TSS, contribuindo para a avaliação da qualidade da água.
Avançando para 2013, (ODENHEIMER, 2013) discute a liberação de sólidos dissolvidos
totais (STD) a partir de sobrecargas em campos de carvão na região dos Apalaches. O estudo
enfatiza os efeitos da concentração de TDS na regulação osmótica de organismos aquáticos, que
são fundamentais para a saúde dos ecossistemas aquáticos. A pesquisa revela que tanto altas
quanto baixas concentrações de TDS podem ser prejudiciais, destacando a toxicidade do aumento
da salinidade. A utilização de espécies indicadoras, como os insetos aquáticos, é abordada como
uma metodologia eficaz para testar a toxicidade do STD, evidenciando a sensibilidade dessas
espécies à poluição e sua importância no ciclo de nutrientes.
28

Em (BEYENE, 2015) é analisada a qualidade da água potável em Dowhan, Tigrai, Etiópia,


com foco nos STD que podem ser tanto naturais quanto resultantes de atividades industriais. O
estudo ressalta a necessidade de monitoramento periódico dos STD, que incluem sais inorgânicos
e matéria orgânica, e discute como a presença de sólidos dissolvidos pode afetar o sabor da água
e causar problemas de corrosão em sistemas de distribuição. A pesquisa também menciona os
impactos negativos de altos níveis de STD, que podem levar ao acúmulo excessivo em tubulações
e aparelhos domésticos.
O livro técnico Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA,
2017) é uma das fontes mais amplamente reconhecidas e confiáveis na área de análise de
qualidade da água e esgoto. Este manual fornece métodos detalhados e padronizados para a
análise de uma ampla gama de parâmetros da água, incluindo sólidos dissolvidos, metais pesados,
microrganismos patogênicos e outros indicadores críticos da saúde ambiental e pública. A
importância deste livro reside em sua capacidade de fornecer protocolos consistentes e precisos
que são utilizados globalmente por profissionais de saúde pública, ambientalistas e engenheiros,
garantindo a confiabilidade e comparabilidade dos resultados de testes em diferentes contextos e
regiões. No caso específico da análise de sólidos dissolvidos, os métodos descritos no Standard
Methods são fundamentais para a determinação da qualidade da água potável e a gestão de
recursos hídricos, auxiliando na identificação de contaminação e no controle da poluição. A
abordagem rigorosa e amplamente aceita do livro é essencial para a implementação de práticas
sustentáveis no tratamento de água e efluentes, fornecendo as bases científicas necessárias para
tomar decisões informadas sobre a segurança e a adequação dos recursos hídricos.
Esses estudos oferecem uma base sólida para a compreensão dos sólidos dissolvidos
em diferentes contextos, abordando suas implicações na qualidade da água e na saúde dos
ecossistemas aquáticos. Através da análise crítica dos artigos, podemos observar a evolução
do conhecimento sobre a influência dos TDS na qualidade da água e a importância de métodos
eficazes para sua avaliação e monitoramento.

2.7 Técnica de Fluorescência por Raios-X

A análise por fluorescência de raios X (FRX) é frequentemente destacada como uma


técnica essencial para a caracterização elementar de materiais. Por exemplo, o espectro de
frequência apresentado na 2.9 ilustra os resultados obtidos em um estudo, evidenciando picos
específicos que indicam a presença de elementos característicos. Esses dados permitem uma
compreensão detalhada da composição química, sendo amplamente utilizados para identificar
29

minerais em amostras de água de rejeito e avaliar seu potencial para reutilização em diversos
contextos, incluindo o hospitalar.

Figura 2.9: Espectro dos sólidos dissolvidos em água mineral.

A evolução dessa técnica, ao longo dos anos, demonstrou avanços notáveis, embora ainda
existam desafios a serem superados, conforme evidenciado pelos estudos revisados.
O artigo de (T, 2018) apresenta um estudo sobre a otimização da técnica XRF para a
identificação de ligas metálicas em partículas de motores. O autor discute a evolução da técnica
e o estado da arte da fluorescência de raios X, destacando a comparação entre diferentes métodos
de microanálise, como SEM-EDS e micro-XRF. Essa análise não apenas ilustra a versatilidade
da XRF, mas também enfatiza a necessidade de melhorias contínuas para aumentar a precisão e
a aplicabilidade da técnica em contextos industriais.
Em continuidade, o trabalho (CRUJEIRA; TRANCOSO, 2018) explora as potencialida-
des da espectrometria de fluorescência de raios X na área da energia. Os autores ressaltam que a
técnica é não destrutiva e permite uma análise expedita de elementos com números atômicos
entre 9 e 92, apresentando um baixo risco de contaminação. O estudo menciona aplicações
práticas da XRF, como na análise de catalisadores para produção de hidrogênio e na determinação
do teor de enxofre em combustíveis líquidos. Essa pesquisa evidencia a relevância da XRF não
apenas para análises qualitativas, mas também para a conformidade com legislações que exigem
análises quantitativas, refletindo a crescente importância da técnica em setores energéticos.
30

Por fim, o artigo de (WäHLISCH et al., 2020) aborda a validação da excitação de


fluorescência secundária na análise quantitativa de filmes finos por XRF. Os autores discutem
os desafios da quantificação em amostras multielementares, especialmente devido ao efeito
da fluorescência secundária, que pode complicar a precisão dos resultados analíticos. Eles
apresentam um método de produção flexível de filmes finos, que contribui significativamente para
a fluorescência secundária, e validam a confiabilidade de um modelo físico para a fluorescência
secundária através de uma análise XRF sem referências. Essa pesquisa não apenas amplia o
entendimento sobre a complexidade da análise de filmes finos, mas também propõe soluções
inovadoras que podem melhorar a precisão dos resultados na prática analítica.
Esses artigos, em conjunto, oferecem uma visão abrangente sobre os avanços e desafios
enfrentados pela fluorescência por raios-X e suas diversas aplicações, ressaltando a evolução da
técnica e suas implicações no estudo de materiais e fenômenos complexos.
31

3 TRABALHOS RELACIONADOS

Diversos estudos foram realizados com o objetivo de melhorar a eficiência energética,


a qualidade da água e o desempenho de sistemas de esterilização hospitalar, principalmente
autoclaves e dispositivos de suporte ao processo. Esta seção apresenta uma análise de trabalhos
relacionados, com destaque para os principais avanços na área e sua relevância para o contexto
da pesquisa desenvolvida.
No estudo de (JEMMAD; HMIDAT; ABDALLAH, 2021), intitulado Energy Saving
Analysis of Medical Steam Sterilizer, foi proposta uma análise rigorosa sobre o consumo de
energia associados a equipamentos médicos esterilizadores. A pesquisa, realizada em Casablanca,
Marrocos, apresentou estratégias para a redução do consumo de energia com base na otimização
dos ciclos de esterilização e na melhoria de componentes críticos dos equipamentos. Além disso,
foi abordada a importância de adequações no controle de pressão e temperatura para maximizar
a eficiência operacional e reduzir desperdícios de energia durante o processo.
Outro trabalho relevante é o de (LARANJEIRA et al., 2017), publicado na Revista
SOBECC, editada pela Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação
Anestésica e Centro de Material e Esterilização, que focou nos aspectos fundamentais da
esterilização a vapor e nas técnicas para redução do consumo de água. Os autores exploraram
soluções práticas como a reutilização de água de resfriamento e a manutenção de autoclaves,
destacando o impacto positivo dessas medidas tanto no consumo hídrico quanto nos custos
operacionais. Esse estudo é particularmente relevante para centrais de materiais e esterilização
(CME), considerando a crescente demanda por práticas mais sustentáveis no setor hospitalar.
No artigo de (SAHIN et al., 2022), intitulado Autoclave Device Exergy and Energy
Analysis in Hospital Sterilization Units, os pesquisadores realizaram análises exergéticas e
energéticas de dispositivos de esterilização hospitalar. O trabalho foi publicado na revista
Thermal Science e apresentou um método detalhado para avaliar a eficiência energética de
autoclaves, destacando os principais pontos de perda de energia no sistema. O estudo também
propôs melhorias na recuperação de calor, contribuindo para a otimização do desempenho
energético em unidades hospitalares.
O trabalho de (DEODATO; ALMEIDA, 2023) investiga a qualidade da água utilizada
em centrais de materiais esterilizados, no artigo Water Quality of the Central of Sterilized
Material. A pesquisa, disponível pela plataforma da Fatec, destacou a importância de monitorar a
qualidade da água, especialmente no contexto do uso de sistemas de osmose reversa. Os autores
identificaram fatores críticos como a presença de minerais na água de rejeito e o impacto disso
32

na eficiência dos processos de esterilização. Além disso, apresentaram recomendações para


minimizar os efeitos negativos causados por águas de má qualidade.
Esses trabalhos forneceram uma base teórica e prática robusta para o desenvolvimento
do presente estudo, especialmente no que diz respeito à integração de soluções para redução
do desperdício de água e energia, bem como à análise da qualidade da água nos processos de
esterilização. As metodologias e resultados apresentados pelos autores ressaltam a importância
de estratégias inovadoras para otimizar a eficiência de sistemas hospitalares, com o intuíto de
reduzir seu impacto ambiental.
33

4 METODOLOGIA

4.1 Descrição do Problema

A purificação de água por sistemas de osmose reversa, para aplicações em centrais


hospitalares de esterilização, apresenta um desperdício significativo. De acordo com (LARAN-
JEIRA et al., 2017), estima-se que o volume de água rejeitada possa se aproximar de 90% da
quantidade de água purificada produzida. Paralelamente, o processo de esterilização a vapor em
autoclaves também gera desperdício de energia térmica, particularmente nas etapas dos ciclos
em que ocorre a descarga de vapor para o sistema de esgoto hospitalar. Por esta razão, torna-se
essencial investigar alternativas que promovam maior eficiência energética e hídrica nos setores
mencionados. As soluções devem atender às demandas econômicas das instituições de saúde,
alinhando-se às tendências globais de redução do consumo de recursos naturais e de energia
elétrica, contribuindo, assim, para a mitigação do aquecimento global.

4.2 Caracterização da Água de Rejeito do Sistema de Osmose Reversa

No setor hospitalar, o reuso da água de rejeito dos sistemas de osmose reversa pode
reduzir o desperdício de recursos hídricos, chegando a uma economia de até 6% no consumo
de água potável em algumas instalações de saúde. A caracterização do rejeito é crucial, pois o
reaproveitamento depende de suas propriedades físico-químicas (North West Dialysis Service,
204). Esta etapa do trabalho visa caracterizar o rejeito dos sistemas de purificação de água usados
em ambientes de saúde, com foco na Central de Materiais Esterilizados (CME), onde a água
purificada é essencial para processos de desinfecção e esterilização. Foram comparadas cinco
amostras de água: rejeito, água purificada, duas marcas de água mineral e água de abastecimento
comum. Determinou-se a massa de sólidos totais dissolvidos (STD) em cada amostra, e a
gravimetria por volatilização permitiu avaliar os sólidos totais voláteis (STV) e sólidos totais
fixos (STF) na água de rejeito. A análise das propriedades físico-químicas do rejeito oferece
subsídios para avaliar seu potencial de reaproveitamento.
A proposta desta abordagem consiste na obtenção de análises quantitativas e qualitativas
da água de rejeito proveniente dos sistemas hospitalares de osmose reversa, responsáveis pelo
abastecimento das centrais de materiais esterilizados (CME) em ambientes assistenciais de saúde
(EAS). Para isso, foi utilizado como referencial teórico o livro técnico Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater (APHA, 2017).
34

Inicialmente, foram coletadas amostras de água residuária, resultante da osmose reversa, e


de água purificada, usada na geração de vapor em autoclaves, conforme a RDC nº 15 da ANVISA
(ANVISA, 2012). Também foram coletadas amostras de água de abastecimento comum e de
duas marcas de água mineral.
A massa de sólidos totais dissolvidos (STD) foi determinada pela técnica de evaporação
e pesagem, usando 500 ml de cada amostra, exceto para a água purificada, que demandou 3350
ml devido à baixa concentração de sólidos. Na análise dos sólidos fixos (STF), utilizou-se o
método gravimétrico para a extração dos resíduos inorgânicos, após a evaporação de 1000 ml da
amostra de rejeito.
As amostras foram evaporadas em cadinhos cerâmicos aquecidos a 105°C por 24 horas
em uma estufa (Fabbe, modelo 119. São Paulo: FABBE Indústria e Comércio, [s.d.]). Após
evaporação, os cadinhos foram colocados no dessecador (Satelit, HS 320, Ribeirão Preto, Brasil,
[s.d.]) por 40 minutos e, em seguida, pesados em balança analítica (Quimis, BG-400, São Paulo,
Brasil, 2002) previamente tarada. Para determinar os sólidos fixos (STF), os cadinhos com
as amostras foram incinerados em forno mufla (Quimis, 318D24, São Paulo, Brasil, 2003) a
550°C por 1 hora, eliminando os sólidos voláteis (materiais orgânicos). Após resfriamento no
dessecador, o resíduo foi novamente pesado.
A massa de sólidos voláteis (STV) foi calculada pela diferença entre sólidos totais e fixos,
conforme a Equação 4.1:

mST V = mST D − mST F = 247 mg − 131 mg = 131 mg (4.1)

Com o intuito de atingir a exatidão e a reprodutibilidade dos ensaios, foi utilizada, para a
determinação dos volumes líquidos, uma pipeta volumétrica de 100 mL, dois traços, esgotamento
total, classe A (Satelit, HS 710, Ribeirão Preto, Brasil, [s.d.]), um instrumento de vidro calibrado,
projetado para medir e transferir volumes específicos de líquidos com precisão. Os equipamentos
utilizados nesta etapa do estudo podem ser visualizados através da figura 4.1

O trabalho de campo resultou em seis amostras: cinco referentes à determinação dos


sólidos dissolvidos totais, provenientes de amostras de água purificada, rejeito, abastecimento
comum e duas marcas de água mineral comercial; e uma referente à determinação dos sólidos
totais fixos do rejeito.
Depois de extraídos todos os resíduos sólidos das diferentes amostras de água, foi possível
estabelecer uma análise comparativa entre as massas e volumes, onde verificou-se que água de
35

Figura 4.1: A) Estufa; B) Dessecador; C) Forno Mufla; D) Balança Analítica; E) Pipeta


Volumétrica

abastecimento comum apresentou uma quantidade intermediária de sólidos dissolvidos, situando-


se entre o rejeito e a água ultrapura. As águas minerais, por sua vez, apresentaram valores de
sólidos totais ligeiramente superiores aos da água de abastecimento comum e inferiores aos da
água de rejeito. Observou-se também, diferenças sutis relacionadas à coloração e granulometria
das amostras sólidas.
Após a extração cuidadosa das amostras sólidas dos cadinhos, obtidas nos processos de
evaporação, as mesmas foram armazenadas separadamente em frascos Eppendorf e devidamente
catalogadas, conforme ilustrado na Figura 4.2.

Em seguida, essas amostras foram submetidas à análise por fluorescência de raios X


(FRX), utilizando o espectrômetro EDX-7000 (Shimadzu, Kyoto, Japão, [s.d.]). O equipamento
foi configurado para operar em atmosfera a vácuo, com colimador de 5 mm e suporte de amostra
Mylar, de acordo com as especificações técnicas do fabricante. Essa análise permitiu identifi-
car os elementos presentes nos resíduos sólidos e suas respectivas concentrações, fornecendo
informações fundamentais sobre a composição química do rejeito.
Os resultados obtidos pela análise FRX revelaram a presença de diversos compostos
nas amostras estudadas, destacando a eficiência do sistema de osmose reversa na remoção de
substâncias contaminantes. Além disso, a caracterização detalhada dos sólidos dissolvidos e fixos
36

Figura 4.2: A) Extração; B) STD; C) STF; D) Amostras catalogadas.

permitiu compreender melhor o impacto do rejeito no processo de purificação e sua relevância


para a prevenção de problemas, como corrosão e incrustações, em equipamentos e materiais
durante os processos de esterilização. Essas informações são essenciais para validar estratégias
de reutilização da água de rejeito e contribuir para a gestão sustentável de recursos hídricos no
ambiente hospitalar.

4.3 Desenvolvimento de Protótipo para o Reaproveitamento de Águas Residuárias

Com o objetivo de estudar o potencial de otimização dos recursos hídricos e energéticos


associados ao setor de esterilização hospitalar, desenvolveu-se um protótipo cuja estratégia baseia-
se na simulação do processo de destilação da água de rejeito, utilizando o calor proveniente
da descarga de autoclaves a vapor. Em um sistema real, tal implementação poderia viabilizar
a purificação da água de rejeito por meio de um trocador de calor, que captaria a energia
do vapor evacuado pela autoclave durante e após o ciclo de esterilização. Essa energia seria
utilizada para promover a evaporação da água de rejeito, gerando vapor que, em seguida, seria
conduzido a uma unidade condensadora para retornar ao estado líquido, isento de impurezas e
compostos prejudiciais aos equipamentos e instrumentais cirúrgicos. Tal processo possibilitaria
a reutilização da água no gerador de vapor da autoclave, contribuindo para a produção de vapor
nos ciclos subsequentes.
A Figura 4.3 apresenta um esquema com potencial para implementação em um sistema
real, representando duas câmaras concêntricas. A câmara externa recebe o vapor evacuado pela
autoclave, promovendo o aquecimento, por condução térmica, do rejeito injetado na câmara
interna. Para garantir a continuidade do processo de evaporação mesmo em períodos prolongados
37

sem a descarga de vapor da autoclave, foram representados resistores como fonte complementar
de calor. Essa solução, além de assegurar a vaporização contínua e o reaproveitamento da água de
rejeito, mostra-se eficiente do ponto de vista sustentável em hospitais que possuam microgeração
distribuída com fontes renováveis, como a solar. O vapor gerado pela evaporação do rejeito é
direcionado a um duto para condensação, armazenamento e posterior reutilização.

Figura 4.3: Representação esquemática do sistema de reaproveitamento.

O controle da injeção do vapor evacuado na câmara externa seria realizado por sensores
de pressão, enquanto o controle da injeção da água de rejeito na câmara interna seria definido
por sondas de nível. Essa abordagem impede que as válvulas de admissão permaneçam abertas
além dos limites de pressão e volume estabelecidos, preservando as condições estruturais do
dispositivo.
Para viabilizar o levantamento de dados e aproximar-se de um sistema real, foi imple-
mentado um protótipo utilizando, inicialmente, materiais de fácil acesso, como uma panela
de pressão, uma forma de pudim tipo banho-maria, mangueira de interconexão e uma válvula
manual de controle de vazão. A montagem do sistema, ilustrada na Figura 4.4, simula o vapor
ejetado pela autoclave através do vapor produzido pela panela de pressão.

As câmaras externa e interna do dispositivo foram representadas pelos compartimentos


inferior e superior da forma de pudim, respectivamente. Uma mangueira interliga a panela de
pressão ao compartimento inferior da forma de pudim, promovendo o aquecimento da água
de rejeito depositada no compartimento superior e sua subsequente evaporação. Uma válvula
manual controla a liberação do vapor, que ocorre quando a panela de pressão atinge um nível
energético adequado.
38

Figura 4.4: Protótipo inicial.

Para garantir a segurança do sistema, instalou-se uma válvula reguladora de pressão na


parte superior da forma de pudim. Além disso, para evitar o escape de vapor do compartimento
inferior, utilizou-se silicone de alta temperatura para vedação, complementado pela fixação dos
compartimentos por grampos de fecho rápido.
O sistema foi monitorado por sensores eletrônicos de temperatura do modelo DS18B20,
instalados para captar as curvas de aquecimento de diferentes componentes: gerador de vapor
(panela de pressão), trocador de calor (forma de pudim) e rejeito a ser vaporizado (depositado no
compartimento superior). Esses sensores foram integrados à plataforma Arduino, com comuni-
cação serial realizada por meio do aplicativo Serial USB Terminal, que gerou logs de dados em
formato .txt ao final do período de monitoramento. Os dados coletados foram organizados no
software Microsoft Excel e as curvas correspondentes foram plotadas no Microsoft Power BI.
A partir do funcionamento do protótipo, observou-se o rendimento associado ao pro-
cesso de vaporização do rejeito utilizando exclusivamente a troca térmica com o vapor ejetado.
Além disso, identificaram-se melhorias necessárias para aprimorar a coleta de dados e obter
informações mais robustas sobre o sistema.
Após alguns ensaios com o protótipo, verificou-se que a pressão de vapor não atingia os
níveis esperados. Esse problema foi inicialmente atribuído à complacência da mangueira flexível
utilizada para interconectar os dois sistemas — a panela de pressão, que atua como gerador de
vapor, e a forma de pudim tipo banho-maria, que desempenha a função de trocador de calor. A
39

deformação da mangueira sob pressão comprometia a transferência eficiente de energia térmica,


impactando negativamente o processo de vaporização do rejeito.
Para solucionar essa limitação, a mangueira flexível foi substituída por um duto rígido de
aço inoxidável com diâmetro de 1/4 de polegada, conforme ilustrado na Figura .

Figura 4.5: Protótipo ajustado.

Essa alteração garantiu maior resistência estrutural e eliminou os efeitos de complacência.


Além disso, foi instalada uma válvula de esfera com alavanca no sistema, permitindo um controle
mais preciso do fluxo de vapor e contribuindo para a eficiência geral do processo.
Adicionalmente, para monitorar os níveis de pressão atingidos no gerador de vapor,
instalou-se um manômetro na tampa da panela de pressão. Essa modificação possibilitou o
acompanhamento em tempo real da pressão gerada, permitindo ajustes e verificações durante os
ensaios experimentais e garantindo maior controle operacional do sistema.
Com essas modificações, o protótipo apresentou maior estabilidade, possibilitando uma
transferência térmica mais eficiente e contínua, garantindo a vaporização do rejeito mesmo em
condições críticas. Esses ajustes reforçam a viabilidade do protótipo como uma solução prática e
sustentável para o reaproveitamento da água de rejeito em contextos hospitalares.
40

5 RESULTADOS

5.1 Análise da Exergia do Protótipo

A exergia é definida como a máxima quantidade de trabalho útil que pode ser extraída
de um sistema ao interagir com o ambiente até atingir o equilíbrio termodinâmico (MORAN;
SHAPIRO, 2014). A equação (5.1) utilizada para calcular a exergia específica é dada por:

Ex = (h − h0 ) − T0 · (s − s0 ) (5.1)

onde:

• h e s: entalpia específica e entropia específica nas condições do sistema, respectivamente;


• h0 e s0 : entalpia específica e entropia específica no estado de referência (pressão e
temperatura ambiente);
• T0 : temperatura ambiente em Kelvin.

5.1.1 Dados do Sistema

Os dados utilizados para o cálculo são apresentados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1: Propriedades termodinâmicas do protótipo.


Propriedade Gerador de Vapor Trocador de Calor
Pressão (P ) 10 psi = 1, 7 bar 1 atm = 1, 013 bar
Temperatura (T ) 90◦ C = 363, 15 K 80◦ C = 353, 15 K
Entalpia (h) 2680, 72 kJ/kg 482, 30 kJ/kg
Entropia (s) 6, 9816 kJ/(kg · K) 1, 4602 kJ/(kg · K)
Estado de referência h0 = 104, 8 kJ/kg, s0 = 0, 367 kJ/(kg · K), T0 = 298.15 K

Os valores de temperatura e pressão foram obtidos diretamente das medições realizadas


durante os ensaios em laboratório. Os dados de entalpia e entropia, por sua vez, foram deter-
minados com base na tabela termodinâmica apresentada na obra Princípios de Termodinâmica
para Engenharia (MORAN; SHAPIRO, 2014), conforme ilustrado na Figura 5.1.

Para a leitura da tabela, foram considerados os valores de pressão como referências, tendo
em vista que as respostas dos sensores de temperatura poderiam apresentar diferenças de exatidão,
41

Figura 5.1: Tabela termodinâmica com destaque para os dados utilizados.


Fonte: Adaptado de (MORAN; SHAPIRO, 2014).

tendo em vista que foram posicionados no exterior das panelas. Entretanto, foi verificado que os
resultados obtidos nos ensaios, através dos manômetros, não constavam diretamente na coluna
de pressões. Desta forma, foram realizadas interpolações lineares, na tentativa de localizar os
valores intermediários que se aproximem das medições efetuadas, conforme desenvolvido na
sequência do trabalho.

5.1.2 Uso da Tabela Termodinâmica

A tabela termodinâmica utilizada apresenta valores de propriedades específicas, como


entalpia e entropia, para diferentes estados de saturação. Como a pressão do gerador de va-
por (P = 1,70 bar) não está explicitamente disponível na tabela, foi necessário realizar uma
interpolação linear entre os valores correspondentes a P = 1,60 bar e P = 1,80 bar.
Os dados extraídos para essas condições são apresentados nos itens abaixo, conside-
rando os subíndices f e g, associados às grandesas do trocador de calor e do gerador de vapor,
respectivamente:

• Para P = 1,60 bar:

• Temperatura de saturação: T = 110,98 ◦ C;


• Entalpia líquida: hf = 461,2 kJ/kg;
42

• Entalpia de vapor: hg = 2676,6 kJ/kg;


• Entropia Líquida: sf = 1, 3864 kJ/kg.K;
• Entropia de vapor: sg = 7, 0064 kJ/kg.K.

No estado de referência (T0 = 25 ◦ C e P0 = 1 atm):

• Entalpia líquida: h0 = 104, 8 kJ/kg;


• Entropia líquida: s0 = 0, 367 kJ/kg.K.

• Para P = 1,80 bar:

• Temperatura de saturação: T = 113,45 ◦ C;


• Entalpia líquida: hf = 474,7 kJ/kg;
• Entalpia de vapor: hg = 2678,8 kJ/kg;
• Entropia líquida: sf = 1, 4246 kJ/kg.K;
• Entropia de vapor: sg = 6, 9565 kJ/kg.K.

Interpolação Linear para 1.7 bar:


A interpolação é uma técnica utilizada para permitir a obtenção de um conjinto de dados
a partir de pontos conhecidos (LOBãO; SANCHES; FURLAN, 2017), para o caso em questão,
foi utilizada a fórmula apresentada na equação (5.2):

(1.7 − 1.5)
X1.7 = X1.5 + · (X2.0 − X1.5 ) (5.2)
(2.0 − 1.5)

• Para hf :

(1.7 − 1.5)
hf = 461.88 + · (504.71 − 461.88) = 482.30 kJ/kg
(2.0 − 1.5)

• Para sf :

(1.7 − 1.5)
sf = 1.3868 + · (1.5335 − 1.3868) = 1.4602 kJ/(kg.K)
(2.0 − 1.5)

• Para hg :

(1.7 − 1.5)
hg = 2675.30 + · (2684.93 − 2675.30) = 2680.72 kJ/kg
(2.0 − 1.5)
43

• Para sg :

(1.7 − 1.5)
sg = 7.0132 + · (6.9483 − 7.0132) = 6.9816 kJ/kg.K
(2.0 − 1.5)

5.1.3 Cálculo da Exergia Associada ao Protótipo

Com os valores obtidos, foi possível calcular a exergia para cada sistema. Para o gerador
de vapor, utilizamos a equação definida anteriormente:

Ex = (h − h0 ) − T0 · (s − s0 ) (5.3)

Substituindo os valores encontrados:

Exgerador = (2680, 72 − 104, 8) − 298, 15 · (6, 9816 − 0, 367)

Exgerador = 2575, 92 − 1972, 14 = 603, 78 kJ/kg

Para o trocador de calor, o cálculo seguiu a mesma metodologia:

Extrocador = (h − h0 ) − T0 · (s − s0 )

Substituindo os valores:

Extrocador = (482, 30 − 104, 8) − 298, 15 · (1, 4602 − 0, 367)

Extrocador = 377, 50 − 325, 93 = 51, 57 kJ/kg

Com base nos dados matemáticos, obtidos a partir das observações experimentais, as-
sociadas à utilização do referencial teórico termodinâmico, foi possível avaliar a contribuição
exergética de cada parte do sistema (gerador de vapor e trocador de calor), com isso é possível
avaliar os rendimentos e entender o potencial inerente ao vapor ejetado do gerador, situação que
simula, em pequena escala, o vapor evacuado das autoclaves a vapor de grande porte.
44

5.2 Eficiência de Vaporização do Rejeito

Durante os testes experimentais, foi também avaliado o rendimento do processo de


vaporização no trocador de calor. Inicialmente, 1000 ml de água de rejeito foram adicionados à
parte superior do trocador, conforme demonstrado na figura 5.2. Paralelamente, 2000 ml de água
purificada por osmose reversa foram adicionados ao gerador de vapor.

Figura 5.2: Água de rejeito adicionada à parte superior do trocador de calor.

O processo foi iniciado com o aquecimento do gerador de vapor, utilizando uma fonte de
chama na base inferior. Essa etapa foi monitorada para assegurar a uniformidade do aquecimento
e a estabilidade operacional do sistema. Após um período de aquecimento progressivo, o gerador
atingiu o valor máximo de pressão, conforme indicado no manômetro acoplado, apresentado
na Figura 5.3. Esse indicador foi fundamental para identificar o momento exato de abertura da
válvula, garantindo o funcionamento seguro e eficiente do sistema.

Com o valor máximo de pressão já estabelecido, foi realizada a abertura da válvula, que
permaneceu nesta posição por aproximadamente 1 hora, permidindo o deslocamento da massa
de vapor até o compartimento inferior do trocador de calor que, consequentemente, promoveu a
troca térmica com água de rejeito até que houvesse a sua vaporização.
Ao final do período observado, 450 ml de água de rejeito haviam sido vaporizados,
resultando em uma eficiência volumétrica de 45%. Esse rendimento é considerado satisfatório,
45

Figura 5.3: Manômetro indicando a pressão máxima do gerador de vapor.

dado que o sistema possui limitações estruturais, como deficiências na isolação térmica e perdas
de pressão devido a vazamentos de vapor no trocador de calor.

5.3 Resultados da Caracterização da Água de Rejeito

Após a extração dos resíduos sólidos das diferentes amostras de água, foi realizada uma
análise comparativa detalhada das massas e volumes dos sólidos dissolvidos. Como pode ser
observado nas figuras 5.4 e 5.5, os resultados indicaram que a água de abastecimento comum
apresentou uma quantidade intermediária de sólidos dissolvidos, situando-se entre os valores
observados para a água de rejeito e a água ultrapura. Por sua vez, as águas minerais mostraram
concentrações de sólidos totais ligeiramente superiores às da água de abastecimento comum,
porém ainda inferiores às encontradas na água de rejeito.

Além das diferenças quantitativas, também foram observadas variações sutis na coloração
e granulometria das amostras sólidas extraídas, sugerindo diferenças na composição mineral entre
os tipos de água analisados. A análise das massas de sólidos dissolvidos em relação aos volumes
de água permitiu um entendimento mais aprofundado sobre a distribuição desses componentes
em cada cenário. Esse tipo de avaliação quantitativa é fundamental para compreender as
46

Figura 5.4: Análise de STD sobre as águas minerais e purificadas

Figura 5.5: Análise de STD sobre as águas de abastecimento comum e rejeito e STF sobre o
rejeito.
47

características da água de rejeito dos sistemas de osmose reversa, que constitui o foco principal
deste estudo.
A análise quantitativa e qualitativa das amostras foi aprofundada utilizando a técnica de
FRX. Os dados obtidos revelaram diferenças significativas na composição química das amostras
de água purificada, água da torneira e água de rejeito, conforme detalhado na figura 5.6. A
água purificada apresentou a menor quantidade total de sólidos dissolvidos (16 mg/L), o que
reflete a eficácia do processo de osmose reversa na remoção de contaminantes. Os principais
elementos detectados foram o cloro (Cl), com 1,574 mg/L (32,96%), e a sílica (SiO2), com
1,248 mg/L (26,13%), seguidos de potássio (K2O) e óxido de cálcio (CaO). A presença desses
componentes em pequenas concentrações sugere que, mesmo após o tratamento, há resíduos
minerais remanescentes, os quais podem representar um risco à integridade dos equipamentos
sensíveis, caso a água seja reutilizada sem um tratamento adicional.

Figura 5.6: Análise gráfica comparativa entre as amostras de abastecimento comum, rejeito e
purificada

A água da torneira apresentou uma composição mais diversificada, com 21 mg/L de


sólidos dissolvidos. O óxido de cálcio (CaO) foi o elemento predominante, com 15,077 mg/L
(35,89%), seguido de cloro (Cl) e sílica (SiO2). A presença de magnésio (MgO) e potássio
(K2O) também foi significativa, indicando que os minerais comuns na água de abastecimento
48

podem contribuir para incrustações em sistemas de aquecimento ou esterilização, representando


um desafio adicional para a manutenção desses sistemas.
A água de rejeito, por sua vez, apresentou a maior concentração de sólidos dissolvidos
(47 mg/L), com destaque para o cloro (Cl) em 18,605 mg/L (39,58%) e o óxido de cálcio
(CaO) em 10,160 mg/L (21,61%). Esses níveis elevados confirmam o caráter concentrado dos
rejeitos gerados pela osmose reversa. Outros elementos presentes, como sílica (SiO2) e óxido de
magnésio (MgO), reforçam o potencial corrosivo da água de rejeito, evidenciando a necessidade
de um tratamento adequado antes de qualquer tentativa de reaproveitamento.
A elevada concentração de minerais na água de rejeito, como o cloro e o óxido de cálcio,
sugere riscos significativos à integridade de equipamentos e superfícies metálicas, caso essa
água seja reutilizada sem o tratamento necessário. No entanto, os dados também indicam que há
potencial para aproveitamento dos rejeitos, desde que sejam aplicadas tecnologias para a remoção
ou neutralização desses compostos, o que pode abrir novas possibilidades de uso sustentável da
água de rejeito.
A análise comparativa entre as três amostras evidencia a eficiência do sistema de osmose
reversa na purificação da água, além de demonstrar que a concentração de sólidos aumenta
de forma significativa nos rejeitos. Isso reforça a importância de se implementar soluções
sustentáveis, como destilação térmica ou outras técnicas de tratamento, para transformar a água
de rejeito em um recurso reutilizável.
Além disso, os dados obtidos oferecem uma base sólida para investigações futuras
voltadas à análise qualitativa das substâncias que compõem os resíduos, permitindo identificar
componentes químicos ou minerais responsáveis pelos efeitos observados, como incrustações
ou corrosão, e avaliar o potencial de reaproveitamento desses materiais. Tais análises podem
resultar em soluções para o tratamento e reaproveitamento de águas residuárias, com benefícios
tanto econômicos quanto ambientais.
Portanto, os resultados destacam o papel crucial da água de rejeito como uma fonte
potencialmente subutilizada em ambientes hospitalares, reforçando a necessidade de estratégias
para sua reutilização ou tratamento. Essas análises abrem caminho para novas abordagens
que não apenas visam reduzir o desperdício, mas também transformar as águas residuárias em
recursos reaproveitáveis. Nesse sentido, o trabalho contribui significativamente para fomentar
discussões sobre a sustentabilidade e a eficiência no uso de recursos hídricos em instituições de
saúde, propondo alternativas práticas e viáveis para a gestão de águas residuais.
49

6 CONCLUSÕES

O presente trabalho apresentou o desenvolvimento de um protótipo de destilador a vapor


destinado ao reaproveitamento de águas residuárias provenientes de sistemas hospitalares de os-
mose reversa, com ênfase na sustentabilidade e na otimização de recursos hídricos e energéticos.
A caracterização físico-química da água de rejeito revelou elevada concentração de minerais, evi-
denciando a necessidade de um tratamento prévio para viabilizar seu reaproveitamento de forma
segura e eficiente. Métodos analíticos, como sólidos totais dissolvidos (STD), sólidos totais fixos
(STF) e fluorescência de raios-X (FRX), possibilitaram uma avaliação detalhada, comparando os
resultados com amostras de água purificada, mineral e de abastecimento convencional.
O protótipo proposto simulou a utilização do calor residual de vapor ejetado por autocla-
ves hospitalares para a vaporização da água de rejeito. Ensaios experimentais demonstraram um
rendimento volumétrico de 45% em uma hora, com desempenho energético avaliado em 603,78
kJ/kg no gerador de vapor e 51,57 kJ/kg no trocador de calor. Alterações estruturais, como
a substituição de componentes por materiais mais robustos e o reposicionamento de sensores,
contribuíram para maior estabilidade operacional e precisão nos dados coletados.
Os resultados confirmam a viabilidade de implementar sistemas de destilação em am-
bientes hospitalares, aproveitando o calor residual como fonte de energia sustentável. Essa
abordagem não apenas minimiza o desperdício energético, mas também transforma resíduos em
recursos úteis, alinhando-se às demandas ambientais e econômicas do setor de saúde.
Entretanto, o estudo identificou a necessidade de aprimoramentos adicionais, como o
fortalecimento estrutural do protótipo, automação do controle do sistema e realização de testes
em condições reais de operação. A integração de fontes de energia renovável, como aquecedores
solares, e tecnologias complementares pode expandir o impacto e a aplicabilidade do projeto.
Por fim, este trabalho reforça a importância de soluções técnicas sustentáveis para a ges-
tão de recursos hídricos e energéticos no setor hospitalar. A análise detalhada da água de rejeito e
o desenvolvimento de um sistema funcional de reaproveitamento contribuem significativamente
para alinhar práticas hospitalares às exigências ambientais e econômicas, promovendo a preserva-
ção de recursos naturais. Esses resultados servem como base para futuras pesquisas e aplicações,
representando um avanço relevante na gestão sustentável de resíduos em instituições de saúde.
Recomenda-se aos leitores a consulta às obras de (MORAN; SHAPIRO, 2014), (SAHIN et
al., 2022) e (DEODATO; ALMEIDA, 2023) como referência para estudos complementares
relacionados ao tema desta pesquisa.
50

6.1 PERSPECTIVAS FUTURAS

A continuidade da pesquisa deve priorizar aprimoramentos estruturais no protótipo, com


especial atenção à vedação de pontos críticos, como a junção entre os compartimentos da panela
de pudim, para minimizar perdas de pressão. Recomenda-se a instalação de poços para os
sensores de temperatura, garantindo maior precisão nas medições, ao permitir um contato mais
próximo com o vapor. A utilização de manômetros específicos para aplicações com vapor
também é essencial, pois contribui para leituras mais exatas e maior durabilidade do sistema.
A implementação de isolamento térmico nas superfícies externas do protótipo deve
ser considerada, visando reduzir as perdas de calor para o ambiente. Como as estruturas do
sistema são predominantemente metálicas, materiais com alta condutividade térmica, essa medida
poderá aumentar a eficiência do processo de destilação. Além disso, é fundamental projetar e
implementar um sistema eficiente para capturar o vapor gerado, direcioná-lo a uma unidade de
condensação e, em seguida, armazená-lo de maneira adequada.
Com base em novos ensaios realizados em um sistema aprimorado, pode-se desenvolver
um projeto estrutural mais avançado, incorporando sensores, válvulas e atuadores específicos,
além de um sistema de controle automatizado. Esses avanços permitirão testar o protótipo em
autoclaves de grande porte, utilizando o calor proveniente da descarga de vapor das máquinas.
Dessa forma, será possível realizar o tratamento efetivo das águas residuárias, avaliar o desempe-
nho do sistema e, por fim, implementar a solução, contribuindo para a eficiência energética e
hídrica do setor hospitalar.
51

REFERÊNCIAS

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