cana melhoramento

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Métodos de melhoramento na Cana-de-açucar

A cana-de-açúcar é uma gramínea semiperene, pertencente ao gênero Saccharum, própria de


climas tropicais e subtropicais. Ainda é muito discutido o centro de origem da cana-de-açúcar,
porém, considera-se que ela seja nativa das ilhas do Arquipélago da Polinésia. O início da
cultura no Brasil coincide com os primórdios da colonização portuguesa. O Brasil é o maior
produtor de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) do mundo, sendo um produto de suma
importância econômica e social no pais, é cultivada principalmente como matéria prima para a
produção de açúcar e álcool.

A cana-de-açúcar é uma planta de reprodução cruzada alógama, cultivava-se principalmente a


espécie Saccharum officinarum (L.), no entanto esta cultivar é susceptível a doenças e sofre
dificuldades de adaptação ecológica. Sendo assim para permitir a expansão da cultura pelo
planeta os programas de melhoramento genético desenvolve híbridos interespecíficos,
resistentes e melhores adaptados às diversas condições ambientais. (MATSUOKA, 1999).

1. Principais espécies

As espécies de cana-de açúcar são classificadas da seguinte maneira, (CASTRO,2001;


MATSUOKA,1999):

Saccharum officinarum L.: esta espécie é um complexo poliploide, cujo centro de diversidade
é a Nova Guiné, seu centro de origem é desconhecido. Constitui-se a espécie-base dos
programas de melhoramento devido suas características como:

 colmos suculentos,
 bom teor de sacarose,
 boa pureza do caldo e teor de fibras adequado para moagem.
 São exigentes em clima e solo e muito sensíveis a doenças, como o mosaico.

Saccharum spontaneum L.: São plantas selvagens de colmos curtos e finos, fibrosos,
praticamente sem açúcar e de menor porte. Possuem sistema radicular bem desenvolvido e
vegetam bem, repercutindo em adaptação a condições adversas de solo e clima, além de possuir
resistência ao vírus do mosaico. Não possuem valor industrial.

Saccharum robustum: Admite-se que evoluiu a partir da S. officinarum, por meio de seleção
humanas, a procura de tipos mais macios e ricos em caldo açucarado. Apresentam porte alto,
são muito fibrosas e muito pobre em sacarose, também são tolerantes à umidade e susceptíveis
ao mosaico.

Saccharum sinensis: Também conhecida como cana flecha, devido possuírem um sistema
radicular bem desenvolvido. Adaptáveis em solos pobres e secos. Apresentam colmos finos e
compridos com internódios longos e fibrosos.

Saccharum edule: esta espécie é considerada atualmente um produto da introgressão


de S.officinarum ou S. robustum com gênero, sendo uma serie poliploide. Possuem
inflorescência desenvolvida, porém, com flores não fecundadas propícias e utilizadas na
alimentação humana.

2. Anatomia e fisiologia da parte reprodutiva


2..1 Anatomia da parte reprodutiva

Flor

A cana-de-açúcar apresenta flor hermafrodita e em sua base um ovário em forma ovalada. O


órgão masculino é constituído por três estames formados por filamentos adelgados e brancos
que sustentam as anteras de coloração amarela ou roxa.

Inflorescência

A florescência da planta aparece em forma de panicular (guino) que se desenvolve a partir do


último entre-nó. A forma da mesma é característica de cada variedade, pelo qual serve também
para sua identificação. Sobre as espigas se desenvolve flores, as quais podem produzir sementes
férteis, o que permite a obtenção de novas variedades ou híbridos através dos trabalhos
genéticos que tem sido desenvolvido nas estações experimentais.

Fruto

O fruto é seco do tipo cariopse e com semente de endosperma abundante.

2.2. Fisiologia da parte reprodutiva

O florescimento da cana-de-açúcar representa a possibilidade da reprodução sexuada, desejável


em programas de melhoramento genético, mas que deve ser evitado em cultivos comerciais
plantando variedades que não floresçam ou que não o façam com facilidade. O local escolhido
para execução dos cruzamentos deve levar em consideração os fatores que favoreçam o
aparecimento de pendões florais dos progenitores a serem utilizados nos programas de
melhoramento e produção de pólen fértil. O florescimento máximo acontece com temperaturas
diurnas variando entre 29 e 32˚C e noturnas variando entre 20 e 25˚C. O florescimento acontece
em maior proporção em altitudes sul compreendidas de 5 e 15°.

3. Melhoramento Genético

O melhoramento genético da cana de açúcar vem buscando o desenvolvimento de variedades


que apresentem maior resistência ao calor; a seca; ao acamamento e florescimento; resistência a
pragas e doenças. Buscam características quantitativa tais como: teor de sacarose, diâmetro e
número de colmos, teor de fibras, precocidade. O grande desafio é que a cana-de-açúcar
apresenta um genoma complexo, que varia de cultivar para cultivar, pois se trata de um genoma
híbrido e poliploide. Os centros de melhoramento genético brasileiros, responsáveis por grandes
avanços na produtividade da cana, possuem grande responsabilidade sobre a capacidade de
adaptação da cultura, propiciando um aumento considerável na adaptabilidade e
consequentemente na sua produção.

3.1 Programas de Melhoramento

3.1.1 Controle de doenças da cana-de-açúcar

Em função de algumas características de produção da cana-de-açúcar: cultura semiperene, ciclo


anual e propagação vegetativa, o controle de doenças é realizado basicamente com a seleção de
variedades resistente nos programas de melhoramento. Atualmente existem em nosso país
quatro instituições trabalhando no melhoramento genético da cana-de-açúcar:

• Centro de Tecnologia Canavieira (CTC);

• Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (RIDESA);

• Instituto Agronômico de Campinas (IAC);

• Canavialis.

Essas instituições produzem anualmente cerca de 1.500.000 mudas, potenciais candidatas a


novas variedades ainda mais produtivas. Com uma maior oferta de variedades é possível
diversificar o plantio e melhorar a estratégia para o controle de doenças. Outra medida de
importância capital no controle de doenças da cana-de-açúcar é a produção de mudas sadias em
viveiros estrategicamente planejados e rotineiramente submetidos à prática do “roguing”
(prática de examinar cuidadosa e sistematicamente o campo de produção de sementes com o
objetivo de remover as plantas indesejáveis. É uma operação de fundamental importância para a
obtenção de sementes de elevado grau de pureza varietal, genética e física, pois prevê a
eliminação de todas as plantas contamináveis (atípicas).

3.2. Estratégias para obtenção de variedades resistentes

3.2.1 Busca de resistência nos genitores

Para executar um programa de melhoramento eficiente é necessário o prévio conhecimento da


reação às doenças dos genitores envolvidos nos cruzamentos para depois tentar transmiti-los à
progênie por meio de cruzamentos dirigidos. A progênie será tanto mais resistente quanto maior
for a resistência dos genitores. Vários trabalhos têm demonstrado que, para determinadas
doenças, os genes ligados à resistência possuem um coeficiente de herdabilidade (h 2). Por
exemplo, existe alta h2 para os genes de resistência ao mosaico e à ferrugem e baixa h 2 para os
genes de resistência ao raquitismo da soqueira.

A busca por genes de resistência pode ser feita em várias fontes, incluindo indivíduos selvagens
e representantes de outras espécies, contudo, é mais apropriado buscá-los em outras variedades
comerciais, incluindo as importadas de outros centros de pesquisa, que além da resistência
muito provavelmente possuam outros genes de interesse agroindustrial, uma vez que sofreram
um processo de seleção.

3.2.2. Avaliação da resistência dos clones

Durante o programa de melhoramento, os clones são testados, visando determinar a reação dos
mesmos às principais doenças: carvão, mosaico, escaldadura, ferrugem e raquitismo.

4. Métodos de melhoramento

A cana de açúcar apresenta dois tipos de reprodução: sexuada e assexuada. A reprodução


assexuada é a maneira comercial de multiplicá-la e a sexuada é a maneira utilizada em
programas de melhoramento. Existem alguns métodos que foram trabalhados anteriormente,
como a Linha Nobre, linhagem endogamica, auto fecundação e nobilização; atualmente outros
métodos vem sendo utilizados obtendo melhores resultados como poli cruzamento, mutação e
cultura de tecido.

Linha Nobre: Hoje em dia é utilizado apenas como preservação dos progenitores com grande
potencial de sacarose, com a finalidade de conservá-los em bancos de germoplasma para futuros
cruzamentos com variedades resistentes a pragas e doenças.

Linhagem endogamica: Através da fixação dos caracteres, consegue-se a uniformidade, um


objetivo sempre perseguido no melhoramento genético. É através de sucessivas reproduções
autogâmicas que se consegue, após 5-7 gerações, um elevado grau de homozigose, e com isso, a
fixação dos caracteres.

Nobilização: ocorrem cruzamentos interespecíficos , com cruzamentos sucessivos de


progenitores pré estabelecidos, tem como finalidade aumentar a eficiência da segregação e
recombinação genica.

Policruzamento: O método consiste em possibilitar o intercruzamento natural entre todos os


genótipos selecionados, os quais são arranjados em um campo isolado para que não ocorra
contaminações com pólen de plantas que não do campo de policruzamento. Com o possível
intercruzamento de todos os genótipos, aumentam se as chances de se obter novas combinações
gênicas e, consequentemente, as possibilidades de seleção de genótipos favoráveis, também
chamadas do policruzados.

Mutações: São mudanças na sequência dos nucleotídeos do material genético de um organismo.


No melhoramento a mutação é induzida. Estes processos provocam variabilidade genética, e por
isso, são utilizados para melhoramento de plantas de reprodução assexuada. O programa pode
ser direcionado para resistência à doenças ou aumento de produtividade. Para isso, utilizam-se
variedades comerciais normalmente cultivadas na região.

Cultura de tecidos: Este método vem sendo utilizada para seleção de plantas resistentes a
herbicidas onde suas moléculas são introduzidas no meio de cultura e posteriormente são
selecionados os mais resistentes.

Seleção recorrente intrapopulacional (SRI): tem sido aplicada ao melhoramento da cana-de-


açúcar. Onde os clones superiores gerados ao final do procedimento básico são intercruzados
(recombinação) para a geração das famílias híbridas de um novo ciclo seletivo. A seleção
recorrente permite o aumento gradativo da frequência dos alelos favoráveis por meio de ciclos
sucessivos de seleção e recombinação dos melhores indivíduos das melhores progênies. Isso é
relevante, dado que a maioria dos caracteres de importância agronômica da cana-de-açúcar é
controlada por vários genes. Portanto a probabilidade de um clone vir a possuir todos os alelos
favoráveis é muito baixa, logo surge a importância da recorrência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MATSUOKA, S.; GARCIA, A. A. F.; ARIZONO, H. Melhoramento da cana-de-açúcar. In:


BORÉM, A. (Ed.). Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa: Ed. da UFV, 2005. p. 205-
251.
BARBOSA, E.A. Avaliação fitotécnica de cinco variedades de cana-de-açúcar para o
município de Salinas - MG. Disponível em: <http://www.uesb.br/mestradoagronomia/banco-
de-dissertacoes/2005/edilene-alves-barbosa.pdf>. Acesso em: 02 out. 2015.

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