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Staphylococcus

1. Introdução ao Gênero Staphylococcus


O gênero Staphylococcus compreende um grupo de cocos Gram-positivos amplamente distribuídos no meio ambiente e no
corpo humano. Eles são organizados em “cachos de uva” e possuem enorme relevância clínica e epidemiológica, devido à
sua capacidade de causar infecções diversas e desenvolver resistência antimicrobiana.

Características Gerais:
• Gram-positivos: Estrutura de parede celular rica em peptideoglicano, conferindo resistência osmótica.
• Forma e organização: Cocos agrupados em grumos (únicos nesse padrão).
• Imóveis: Ausência de flagelos.
• Anaeróbios facultativos: Adaptam-se a ambientes com ou sem oxigênio.
• Catalase-positivos: Produzem catalase para neutralizar radicais livres de oxigênio, protegendo-se do ataque
imunológico.

2. Classificação Taxonômica e Revisão Molecular


Originalmente alocado na família Micrococcaceae, o gênero Staphylococcus foi posteriormente reclassificado na família
Staphylococcaceae com base em estudos moleculares, como análises de RNA ribossômico 16S, perfis de ácidos graxos e
composição da parede celular.
• Outros gêneros importantes da família Micrococcaceae (antiga classificação):
• Micrococcus sp. (microbiota transitória da pele).
• Stomatococcus sp. e Planococcus sp.

A evolução taxonômica demonstra como a biologia molecular modernizou o entendimento das relações filogenéticas entre
bactérias.

3. Principais Espécies e Patologias

a. Staphylococcus aureus

Espécie mais clinicamente significativa, coloniza pele, mucosas e glândulas de mamíferos. Presente em cerca de 20-35% das
pessoas saudáveis, principalmente na pele e na orofaringe.

Fatores de Virulência de S. aureus


1. Componentes de superfície:
• Cápsula: Dificulta fagocitose.
• Proteína A: Liga-se à porção Fc dos anticorpos IgG, prevenindo a opsonização.
• Adesinas: Facilitam adesão às células hospedeiras, essencial para início da infecção.
• Parede celular (ácido teicóico e peptideoglicano): Conferem aderência e resistência mecânica.

2. Enzimas:
• Catalase: Neutraliza radicais livres, protegendo contra a ação de macrófagos.
• Coagulase: Coagula o plasma, protegendo a bactéria do sistema imune.
• Hialuronidase e DNAse: Facilitam a invasão tecidual.
• Beta-lactamases: Conferem resistência a antibióticos beta-lactâmicos.

3. Toxinas:
• Esfoliatinas (ETA, ETB): Causam síndrome da pele escaldada em crianças.
• Enterotoxinas: Associadas à intoxicação alimentar (náuseas, vômitos, diarreia).
• TSST-1: Causa síndrome do choque tóxico através de uma ativação exacerbada de linfócitos T e liberação de
citocinas (tempestade de citocinas).

Patologias Associadas
1. Infecções Cutâneas e Subcutâneas:
• Foliculite: Inflamação superficial do folículo piloso.
• Furúnculo: Infecção profunda do folículo, glândula sebácea e tecido adjacente.
• Celulite: Inflamação abaixo da derme, com risco de complicações sistêmicas.
2. Infecções Sistêmicas:
• Endocardite: Pode ser aguda ou subaguda, com evolução rápida e risco de complicações como insuficiência
cardíaca congestiva.
• Pneumonias nosocomiais: Associadas à ventilação mecânica.
• Osteomielite: Reabsorção óssea com dor local e febre.

3. Doenças Toxigênicas:
• Síndrome da Pele Escaldada: Dermatite esfoliativa causada por toxinas esfoliativas.
• Síndrome do Choque Tóxico: Choque séptico associado à produção de superantígenos.

b. Staphylococcus epidermidis
• Infecções associadas a dispositivos médicos: Cateteres, válvulas protéticas e próteses articulares.
• Fator de virulência chave: Formação de biofilme, que dificulta a ação de antibióticos e células imunológicas.
• Patologias típicas: Endocardites, bacteremias, osteomielites pós-cirúrgicas.

c. Staphylococcus saprophyticus
• Epidemiologia: Segunda maior causa de infecção urinária em mulheres sexualmente ativas.
• Fatores de virulência:
• Adesinas para fixação às células uroepiteliais.
• Produção de urease, que degrada ureia na urina, alterando o ambiente local.
• Patologias: Cistites e pielonefrites, raramente associadas a outras infecções.

4. Resistência Antimicrobiana
• MRSA (Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus):
• Resistência aos beta-lactâmicos devido à produção de beta-lactamases.
• VRSA (Vancomycin-Resistant Staphylococcus aureus):
• Resistência à vancomicina por alterações na síntese de parede celular.

5. Diagnóstico Laboratorial
• Gram: Identificação inicial de cocos gram-positivos em grumos.
• Catalase: Teste diferencial para Staphylococcus (catalase-positivos) e Streptococcus (catalase-negativos).
• Coagulase: Determina a presença de S. aureus (coagulase-positiva).
• Ágar Manitol: Diferencia espécies fermentadoras.

Streptococcus e Enterococcus

A família Streptococcaceae compreende gêneros como Streptococcus e Enterococcus, ambos de grande relevância clínica
devido às infecções que causam em humanos. Abaixo, estão os detalhes aprofundados sobre as principais características,
classificação, fatores de virulência e doenças associadas.

Características Gerais dos Estreptococos

1. Morfologia e Crescimento:
• Cocos Gram-positivos, dispostos em pares ou cadeias.
• Anaeróbios facultativos, crescem em condições aeróbicas ou anaeróbicas.
• Fastidiosos, necessitando meios enriquecidos (ex.: ágar sangue de carneiro).
2. Estrutura Celular:
• Parede celular espessa, composta por peptideoglicano.
• Presença de ácido teicóico e lipoteicóico, importantes na adesão e na virulência.
3. Teste de Catalase:
• Catalase negativa, distinguindo-os dos estafilococos (catalase positivos).
4. Metabolismo:
• Homofermentativos, produzem ácido lático como principal subproduto.
Classificações dos Estreptococos

1. Classificação Hemolítica (Shottmuller, 1903)


Baseada no tipo de hemólise em ágar sangue:
• Beta-hemólise: Hemólise completa; colônias cercadas por clareiras transparentes (S. pyogenes, S. agalactiae).
• Alfa-hemólise: Hemólise parcial; halo esverdeado ao redor das colônias (S. pneumoniae).
• Gama-hemólise: Ausência de hemólise; colônias sem alterações visíveis no ágar (Enterococcus spp.).

2. Classificação de Lancefield (1933)


Baseada no carboidrato C da parede celular:
• Grupo A: S. pyogenes.
• Grupo B: S. agalactiae.
• Grupo D: Enterococcus spp. e Streptococcus bovis.

3. Classificação Bioquímica
• Provas específicas como CAMP, PYR, e bile esculina ajudam a identificar espécies específicas.

Espécies Principais e Doenças Associadas

1. Streptococcus pyogenes (Grupo A)

Características
• Causa infecções supurativas e não supurativas.
• Beta-hemolítico. hemolise completa
a

• Principais fatores de virulência:


• Proteína M: Antifagocitária, adere à fibronectina e é ligada à febre reumática.
• Exotoxinas Pirogênicas (SpeA, SpeB, SpeC): Superantígenos que causam febre, choque tóxico e E
escarlatina.
• Estreptolisinas O e S: Causam destruição celular e hemólise.
• Enzimas: Hialuronidase, estreptoquinase e DNases.

Doenças Causadas
1. Infecções Supurativas:
• Faringoamigdalite: Placas esbranquiçadas e adenomegalias cervicais.
• Impetigo: Infecção superficial da epiderme.
• Erisipela: Infecção de tecidos moles com bordas bem delimitadas.
• Fasciíte necrosante: Infecção grave que destrói músculos e tecidos fasciais.
2. Complicações Não Supurativas:
• Febre Reumática: Doença autoimune com lesão cardíaca, articular e vascular.
• Glomerulonefrite Aguda: Deposição de imunocomplexos nos glomérulos renais.

2. Streptococcus agalactiae (Grupo B)

Características
• Beta-hemolítico.
• Coloniza trato genitourinário feminino.
• Fatores de virulência:
• Cápsula polissacarídica: Antifagocitária.
• Fator CAMP: Amplifica hemólise em associação com S. aureus.

Doenças Causadas
1. Infecções Neonatais:
• Doença de início precoce: Sepse, pneumonia e meningite nos primeiros 7 dias de vida.
• Doença de início tardio: Infecções até 3 meses após o nascimento, com artrite séptica e osteomielite.
2. Infecções em Adultos:
• Gestantes: Infecções do trato urinário, endometrite e amnionites.

• Puérperas: Infecções da cavidade uterina, sepse puerperal.

• População Geral: Pneumonias, bacteremias e infecções de pele.


3. Streptococcus pneumoniae (Pneumococo)

Características
• Alfa-hemolítico. hemolíse parcial
a

• Não tipável pela classificação de Lancefield.a baseado no caloideato

• Principais fatores de virulência:


• Cápsula polissacarídica: Previne fagocitose; mais de 90 sorotipos.
• Pneumolisina: Tóxica para células epiteliais e fagocíticas, promove inflamação.
• Protease de IgA: Facilita colonização em vias aéreas superiores.
• Neuraminidase: Exposição de receptores celulares.

Doenças Causadas
1. Infecções Respiratórias:
• Pneumonia lobar adquirida na comunidade.
• Otite média aguda: Comum em crianças.
• Sinusite bacteriana: Geralmente secundária a infecção viral.
2. Doenças Invasivas:
• Meningite: Alta mortalidade em crianças e idosos.
• Bacteremia: Associada a pneumonia e meningite.

Fatores Predisponentes
• Asplenia, imunodeficiências, diabetes, cirrose e insuficiência renal crônica.

Enterococcus spp.

Características Ausência de hemoise

• Gama-hemolíticos na maioria dos casos, mas podem apresentar alfa ou beta-hemólise.


• Resistentes a altas concentrações de sais biliares e NaCl (6,5%).
• Principais espécies:
• E. faecalis: Mais comum; menor resistência antimicrobiana.
• E. faecium: Maior tendência a resistência, especialmente à vancomicina (VRE).
antibiótico
Fatores de Virulência
1. Adesão:
• Substância de agregação: Facilita troca genética.
• Proteínas de ligação ao colágeno e adesinas específicas.
2. Fatores Secretados:
• Citolisina: Exotoxina com ação hemolítica e bactericida contra outras bactérias.
• Hialuronidase: Degrada tecido conjuntivo.
• Gelatinase: Degrada colágeno e elastina.

Doenças Causadas
• Infecções oportunistas, principalmente em pacientes hospitalizados:
• ITUs, bacteremias, endocardites e infecções intra-abdominais.
• Infecções por VRE: Associadas a alta morbidade e opções terapêuticas limitadas.
muito antibiotico

Diagnóstico Laboratorial
1. Coleta de Material Clínico: Swab de garganta (faringoamigdalite) ou amostras de sangue, LCR e urina.
2. Identificação Inicial:
• Coloração de Gram: Cocos Gram-positivos em pares ou cadeias.
• Ágar sangue de carneiro: Identificação do tipo de hemólise.
• Teste de catalase: Negativo para estreptococos.
3. Testes Específicos:
• Prova CAMP: Positiva para S. agalactiae.
• Teste PYR: Positivo para S. pyogenes e enterococos.
• Bile esculina e NaCl 6,5%: Positivos para enterococos.
Tratamento e Prevenção
Tratamento
1. Estreptococos:
• Penicilinas e cefalosporinas são de escolha.
• Macrolídeos para pacientes alérgicos à penicilina.
• Casos graves (ex.: fasciíte necrosante): Associação com clindamicina.

2. Enterococos:
• Infecções por cepas sensíveis: Ampicilina + aminoglicosídeos.
• VRE: Linezolida e tigeciclina são opções.

Prevenção
1. Vacinas:
• Pneumocócica conjugada: Previne doenças invasivas por S. pneumoniae.
2. Profilaxia Neonatal:
• Quimioprofilaxia com penicilina em gestantes colonizadas por S. agalactiae.
3. Controle de Infecção Hospitalar:
• Isolamento de pacientes com VRE.
• Uso racional de antibióticos.

Spirochaetales
Espiroquetas (Ordem Spirochaetales)
As espiroquetas são bactérias de extrema importância médica, caracterizadas por sua morfologia espiralada,
mobilidade única e capacidade de causar infecções significativas no ser humano.

Classificação Taxonômica
A ordem Spirochaetales é dividida em duas principais famílias:
1. Família Spirochaetaceae:
• Gêneros: Treponema, Borrelia, Cristispira, Serpulina.
2. Família Leptospiraceae:
• Gêneros: Leptospira, Leptonema, Turneria.

Características Gerais das Espiroquetas


• Morfologia:
• Bactérias finas, flexíveis, com formato espiralado.
• Gram-negativas, mas com membrana externa distinta, contendo flagelos internos chamados filamentos axiais.
• Filamento Axial: Envolto pela bainha externa da bactéria, confere mobilidade característica em forma de saca-rolha,
permitindo penetração tecidual eficiente.
• Locomoção: A contração e relaxamento do filamento axial permitem movimentos helicoidais, importantes para
atravessar mucosas e invadir tecidos profundos.
• Metabolismo: Variável entre gêneros: aeróbios, microaerófilos ou anaeróbios facultativos.
• Habitat: Hospedeiros humanos e animais; algumas espécies são parasitas obrigatórias.

Principais Gêneros e Espécies Patogênicas

1. Treponema
Espécies:
• Treponema pallidum subsp. pallidum: Causa a sífilis.
• Treponema pallidum subsp. pertenue: Causa o pian (doença tropical).
• Treponema pallidum subsp. endemicum: Associado ao bejel (sífilis endêmica).
• Treponema carateum: Agente da pinta.

Características Clínicas (Sífilis):


• Penetração: A bactéria entra por abrasões na pele ou mucosas durante o contato sexual.
• Disseminação: Após invadir o tecido, atinge o sistema linfático e dissemina-se via hematogênica.
• Reação Imunológica: A resposta local resulta em lesão característica (cancro duro) no ponto de inoculação.
• Estágios da Sífilis:
1. Primária:
• Cancro duro: Úlcera indolor, seca, com base lisa e bordas bem delimitadas.
• Surgimento: 3 semanas após a infecção.

2. Secundária:
• Lesões cutâneas disseminadas (condilomas planos).
• Outras manifestações: Alopécia areata, leucoderma sifilítico, pápulas e máculas.
• Testes sorológicos (treponêmicos e não treponêmicos) positivos.

3. Latente:
• Fase assintomática, com testes sorológicos positivos.
• Em 30% dos casos, ocorre cura espontânea.

4. Terciária:
• Neurossífilis (demência, alterações comportamentais, paranoia).
• Gomas destrutivas: Lesões granulomatosas com pouca inflamação.
• Complicações cardiovasculares (aortite, aneurismas).
• Sífilis Congênita:
• Transmissão vertical pode ocorrer em qualquer fase gestacional.

• Fase precoce (até 2 anos): Lesões cutâneas (pênfigo palmo-plantar), icterícia, anemia, linfadenopatia, hepatomegalia,
rinite serossanguinolenta.
• Fase tardia: Deformidades ósseas (tíbia em lâmina de sabre), dentes de Hutchinson, ceratite intersticial e surdez
neurossensorial.
• Diagnóstico:
• Microscopia de Campo Escuro: Indicado na fase primária para detecção direta do T. pallidum.
• Testes Sorológicos:
• Não-treponêmicos (VDRL, RPR): Avaliam anticorpos contra fosfolipídios.
• Treponêmicos (FTA-ABS, TPHA): Detectam anticorpos específicos contra o Treponema.

2. Borrelia
• Espécies Patogênicas:
• Borrelia burgdorferi: Causa da doença de Lyme.
• Borrelia recurrentis: Associada à febre recorrente epidêmica.
• Características Clínicas (Doença de Lyme):
• Transmitida por carrapatos do gênero Ixodes.
• Lesão inicial: Eritema migratório (mancha cutânea característica).
• Estágios tardios: Artrite, manifestações neurológicas (neuroborreliose) e cardite.

3. Leptospira
• Espécies Patogênicas:
• Leptospira interrogans: Agente da leptospirose.
• Características Clínicas:
• Transmissão: Exposição à urina de animais infectados, principalmente em áreas alagadas.
• Manifestações: Febre, icterícia (doença de Weil), insuficiência renal aguda, hemorragias.

Diagnóstico das Espiroquetas


1. Microscopia:
• Campo escuro para detecção direta (T. pallidum).
• Impregnação por prata para evidenciar espiroquetas em tecidos.
2. Sorologia:
• Testes específicos (ex.: FTA-ABS para sífilis).
• Testes inespecíficos (ex.: VDRL).
3. Cultura:
• Cultivo difícil, geralmente restrito a laboratórios especializados.
Enterobacteriaceae
As enterobactérias são uma família de bacilos Gram-negativos, amplamente distribuídas no ambiente e na microbiota
intestinal de humanos e animais. Elas desempenham um papel crucial tanto em infecções oportunistas quanto em doenças
gastrointestinais e sistêmicas.

1. Características Gerais
• Morfologia:
• Bacilos não esporulados, com ou sem mobilidade.
• Estrutura de parede Gram-negativa: Peptídeoglicano fino e presença de membrana externa.
• Habitat: Ubíquas, encontradas em solo, água e microbiota do trato gastrointestinal.

Estruturas Características:
• Parede Celular: Possui lipopolissacarídeo (LPS), composto por:
1. Lipídeo A: Componente endotóxico que ativa macrófagos e promove liberação de citocinas inflamatórias (IL-1, TNF-α).
2. Polissacarídeo Central: Estrutura de suporte.
3. Antígeno O: Porção imunogênica do LPS.
• Antígenos:
• O (somático): Relacionado à parede celular.
• H (flagelar): Associado à motilidade bacteriana.
• K (capsular): Presente em algumas espécies, protege contra fagocitose.
• Fímbrias (Pili): Facilitam adesão às células hospedeiras e colonização.
• Capsula: Confere proteção contra o sistema imunológico.
• Metabolismo:
• Anaeróbios facultativos, com capacidade de fermentação de glicose e outros carboidratos.
• Reduzem nitrato a nitrito, característica frequentemente usada no diagnóstico laboratorial.

2. Fatores de Virulência
As enterobactérias possuem um arsenal de fatores de virulência que variam entre as espécies e os patotipos.

1. LPS (Endotoxina):
• Ativa macrófagos e células do sistema imunológico.
• Induz liberação de citocinas pró-inflamatórias em grandes quantidades, levando a quadros graves como choque
séptico.
2. Adesinas e Fímbrias:
• Facilitam a fixação ao epitélio do trato urinário e gastrointestinal, superando barreiras mecânicas como peristaltismo.
3. Exotoxinas:
• Enterotoxinas: Estimulam secreção de água e eletrólitos, causando diarreia.
• Citotoxinas: Causam lesão celular direta (ex.: toxina Shiga).
4. Sideróforos:
• Sistemas de captação de ferro, como aerobactina e enterobactina, que aumentam a sobrevivência da bactéria em
ambientes pobres em ferro.
5. Ilhas de Patogenicidade (PAIs):
• Regiões do genoma que codificam genes de virulência, incluindo toxinas, sistemas de secreção e resistência
antimicrobiana.
6. Flagelos:
• Promovem motilidade e permitem deslocamento em busca de nutrientes ou locais mais favoráveis para infecção.

3. Gêneros e Espécies Importantes

a. Escherichia coli

• Patotipos Extraintestinais (ExPEC):


1. UPEC (uropatogênica):
• Principal agente de infecção urinária.
• Adesinas tipo 1 e fímbrias do tipo P permitem colonização do trato urinário.
• Produção de biofilmes aumenta resistência antimicrobiana.
2. NMEC (meningite neonatal):
• Relacionada a septicemia e meningite em recém-nascidos.
• Patotipos Intestinais:
1. EPEC (enteropatogênica):
• Causa diarreia infantil.
• Lesões attaching and effacing (A/E) resultam na destruição das microvilosidades.
2. ETEC (enterotoxigênica):
• Causa diarreia do viajante.
• Produz toxinas termoestáveis (ST) e termolábeis (LT).
3. EHEC (entero-hemorrágica):
• Associada à síndrome hemolítico-urêmica.
• Produz toxina Shiga, que inibe a síntese proteica, causando lesão vascular.
4. EIEC (enteroinvasiva):
• Causa disenteria similar à Shigella.
5. EAEC (enteroagregativa):
• Diarreia persistente por formação de biofilmes.

b. Salmonella spp.

• Classificação:
• Espécies: S. enterica (dividida em subespécies) e S. bongori.
• Sorovares zoonóticos: S. Enteritidis e S. Typhimurium.
• Sorovares adaptados ao homem: S. Typhi e S. Paratyphi.

• Doenças Associadas:
1. Febre Tifoide:
• Causada por S. Typhi e S. Paratyphi.
• Disseminação hematogênica, levando a bacteremia e complicações graves, como perfuração intestinal.
2. Gastroenterite:
• Sorovares zoonóticos; transmissão por alimentos contaminados (ovos, carne).
• Diarreia, febre e dor abdominal.
• Fatores de Virulência:
• Sistemas de secreção do tipo III (T3SS): Facilitam invasão tecidual.
• Endotoxinas e toxinas citotóxicas.

c. Shigella spp.
• Espécies Importantes:
• Shigella dysenteriae: Causa disenteria grave, associada à toxina Shiga.
• Shigella flexneri: Predominante em países em desenvolvimento.
• Shigella sonnei: Mais comum em países industrializados.
• Fatores de Virulência:
• Invasão de células M no cólon.
• Toxina Shiga: Inibe síntese proteica, causando morte celular.
• Sistema de secreção tipo III para injeção de proteínas efetoras.
• Doenças Associadas:
• Disenteria: Fezes mucossanguinolentas, cólicas abdominais e febre.

4. Diagnóstico
1. Testes Bioquímicos:
• Ágar MacConkey: Diferenciação de lactose-fermentadores (ex.: E. coli) de não-fermentadores (ex.: Salmonella,
Shigella).
• Teste de Oxidase: Enterobactérias são oxidase-negativas.
2. Coprocultura: Isolamento de E. coli, Salmonella e Shigella.
3. Sorologia: Identificação de antígenos O, H e K.
4. Testes Moleculares: PCR para genes específicos de virulência e resistência antimicrobiana.

5. Resistência Antimicrobiana
• Mecanismos:
• Produção de beta-lactamases (ESBL).
• Bombas de efluxo ativo.
• Modificação de alvos enzimáticos.
• Impacto Clínico:
• Infecções hospitalares por enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (CRE).
• Uso limitado de antimicrobianos de última linha, como polimixinas.

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