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Cosnciência Negra

Políticas de Promoção da Equidade em Saúde


Por Roberta Helena Bueno
O que é a consciência negra?
A consciência negra é a reflexão sobre a história do povo negro no Brasil, a
valorização da cultura afrodescendente e a luta contra o racismo.

A data é comemorada em 20 de novembro, foi instituída pela Lei 12.519/2011 e


homenageia Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que foi
morto em 1695. A Lei nº 14.759/2023, passou a considerar a data como feriado
nacional.

A data é uma oportunidade para: Refletir sobre medidas para promover a


cidadania do povo negro, valorizar a cultura afrodescendente, seus valores,
lutas e ensinamentos, combater o racismo e colocar em evidência problemas
estruturais da sociedade interligados ao racismo
A URGÊNCIA DE UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA
A sociedade brasileira é um terreno fértil para o preconceito contra a população
negra. Embora seja um país miscigenado e a população negra conquistado
direitos, há uma gigantesca desigualdade racial, evidente na frieza das
estatísticas:

Os negros são vítimas em 75% das mortes em ações policiais;

Em média, os trabalhadores brancos ganhavam, em 2019, R$ 2.999,00 ante R$

1.693,00 de rendimento médio dos trabalhadores negros – segunda maior

diferença da série histórica do IBGE;

A cada 100 pessoas assinadas no Brasil, 78 são negras;

Os negros correspondem a 61,6% da população carcerária brasileira;


QUAL É A MINHA COR? A QUE EU DECLARO QUE É!
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pesquisou as cores mais
declaradas pela população e definiu um sistema de classificação com cinco
categorias: branca, preta, parda, amarela e indígena.

O Ministério da Saúde, por meio da sua Portaria nº 344/2017, adota o critério da


autodeclaração, ou seja, o próprio usuário define qual é a sua raça/cor.
Afinal, quais as cores dos brasileiros?
De acordo com o Censo do IBGE de 2022, a população brasileira é
composta por:

45,3% de pessoas que se declararam pardas;


43,5% de pessoas que se declararam brancas;
10,2% de pessoas que se declararam pretas;
0,8% de pessoas que se declararam indígenas;
0,4% de pessoas que se declararam amarelas;
E de São Sebastião da Bela Vista?
De acordo com o cadastro (Ephealth) da população de São Sebastião da
Bela Vista - MG, a população é composta por:

77% de pessoas que se declararam brancas (5.087);


16% de pessoas que se declararam parda (1.053);
7% de pessoas que se declararam pretas (457);

EPHEALTH. Dados extraídos dia 26 de novembro de 2024.


Declarar a sua raça/cor é importante para a construção de políticas públicas, pois permite
que os sistemas do SUS consolidem indicadores e atuem de forma a combater as
desigualdades, ao reconhecer as diferenças nas condições de vida e saúde das pessoas,
oferecendo atendimento com equidade, de acordo com necessidades de cada um.

O princípio da equidade se diferencia do princípio da igualdade, pois norteia as políticas


de saúde, reconhecendo as demandas de grupos específicos e atuando para reduzir o
impacto dos determinantes sociais, com um olhar para as singularidades de cada grupo.

IGUALDADE EQUIDADE
Por que falar sobre consciência negra na saúde?
Em 2009 o Brasil instituiu a política Nacional de Saúde Integral da População
Negra, um compromisso do Ministério da Saúde no combate às desigualdades
no SUS e na promoção da saúde da população negra, considerando que as
iniquidades em saúde são resultados de injustos processos socioeconômicos e
culturais, como o racismo – que corroboram com os processos de adoecimento
e mortalidade das populações negras.
Além da referida política, é possível identificar outros avanços nas ações voltadas à
saúde da população negra, com destaque para:

a) Plano Juventude Viva – ações de prevenção para reduzir a vulnerabilidade de jovens


negros a situações de violência física e simbólica.

b) Curso de ensino a distância sobre saúde da população negra promovido pelo MS e


Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), lançada em 2014.

c) Comitê Técnico de Saúde da População Negra – espaço consultivo de participação


social, com representantes, pesquisadores e movimentos negros.

d) Publicação da Portaria nº 344/2017, que padroniza e torna obrigatório o


preenchimento da raça/cor do paciente nos sistemas de informação do SUS;

e) O Dia da Consciência Negra (20/11) foi reconhecido como feriado nacional em 2024,
com a sanção da Lei 14.759/23 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
DOENÇAS MAIS COMUNS NA POPULAÇÃO NEGRA:
Anemia falciforme — Doença hereditária, decorrente de uma mutação genética ocorrida há
milhares de anos, no continente africano. A doença, que chegou ao Brasil pelo tráfico de
escravos, é causada por um gene recessivo, que pode ser encontrado em frequências que
variam de 2% a 6% na população brasileira em geral, e de 6% a 10% na população negra.

Diabetes mellitus (tipo II) — Se desenvolve na fase adulta e evolui causando danos em todo o
organismo. É a quarta causa de morte e a principal causa de cegueira adquirida no Brasil.
Essa doença atinge com mais frequência os homens negros (9% a mais que os homens
brancos) e as mulheres negras (em torno de 50% a mais do que as mulheres brancas).

Hipertensão arterial — A doença, que atinge 10% a 20% dos adultos, é a causa de 12% a 14% de
todos os óbitos no Brasil. Em geral, a hipertensão é mais alta entre os homens e tende ser mais
complicada em negros, de ambos os sexos.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2008, a
população negra representava 67% do público total atendido pelo SUS, e a branca
47,2%, distribuições que evidenciam que a população negra é, de fato, SUS-
dependente;

37,8% da população adulta preta ou parda avaliaram sua saúde como regular, ruim
ou muito ruim, contra 29,7% da população branca;

Pretos ou pardos estavam 73,5% mais expostos a viver em um domicílio com


condições precárias do que brancos (38,7% dos pretos ou pardos contra 22,3% dos
brancos);

Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos mostram que as mães


pardas e pretas são mais jovens e realizam menos consultas de pré-natal do que o
recomendado. Cerca de 60% das mortes maternas são de mulheres negras;
Os dados do SIM (2022), discutidos durante o evento para discutir as causas de
morte materna de mulheres negras, mostrou que a mortalidade materna é
duas vezes maior entre as mulheres pretas, pois ultrapassou 100,38 mortes
para cada 100 mil nascidos vivos. Entre as mulheres pardas, o índice ficou em
50,36 mortes e 46,56 entre mulheres brancas.

No caso da hipertensão arterial como causa de morte chega a ser três vezes
maior. É urgente reduzir essas iniquidades em relação às mulheres negras.
EXPRESSÕES RACISTAS PARA EXCLUIR DO VOCABULÁRIO:

“A COISA TÁ PRETA” “CRIADO-MUDO”

“MERCADO NEGRO” “SERVIÇO DE PRETO”

“NÃO SOU TUAS NEGAS” “INVEJA BRANCA”

“OVELHA NEGRA” “CABELO RUIM/ CABELO DE PRETO”


SE COMPROMETER COM A LUTA ANTIRRACISTA É:
É preciso estar sempre vigilante e adotar um olhar crítico sobre nós e nossas atitudes

CONSCIENTIZAR-SE DE SEUS PRIVIÉGIOS E EDUCAR SOBRE A LUTA ANTIRRACISTA


Para quem nunca sofreu com o racismo e vive uma vida privilegiada, é preciso atuar para
romper as desigualdades estruturais, aprender sobre o assunto e educar crianças antirracistas

LEGITIMAR PESSOAS NEGRAS E CAUSAS ANTIRRACISTAS


Muitas vezes reproduzimos o sistema de opressão sem nos dar conta disso. É preciso reconhecer que
a responsabilidade de romper com o racismo é de todos.

NÃO SE CALAR EM MOMENTOS DE INJUSTIÇA


O primeiro passo é reconhecer o racismo, sem medo de falar sobre o tema. Fingir que o
problema não existe, não vai fazer com que ele desapareça.

SABER O SEU LUGAR E MOMENTO DE FALA


No contexto do racismo, o lugar de fala é importante para reconhecer que as pessoas negras têm
voz ativa na sociedade e que é preciso denunciar o racismo, mas também é necessário que
pessoas brancas se posicionem.
CONTRIBUIÇÕES DA POPULAÇÃO NEGRA (AFRO) NO BRASIL:

Samba de roda;
Capoeira;
Máscaras, esculturas e pinturas;
Feijoada, Pimenta, vatapá, acarajé;
Pulseiras, brincos e colares grandes/ coloridos;
Penteados como rabo de cavalo e tranças;
Religiões do candomblé, Exú, Yemanjá, Ogun, Oxalá e outras;
PERSONALIDADES E CULTURAS DA POPULAÇÃO NEGRA NO MUNICÍPIO:
Tela do artista Prado Neto - Natural do município
Homenageado no congresso de AfroMineiridades.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Temático Saúde da


População Negra. Brasília, 2016. (Painel de Indicadores do SUS, v. 7, n. 10).

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO. Indicadores de Vigilância em Saúde, analisados segundo a variável


raça/cor. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, v. 46, n. 10, 2015.

FIOCRUZ. Oficina do MS debate morte materna de mulheres negras no SUS.


https://portal.fiocruz.br/noticia/oficina-do-ms-debate-morte-materna-de-mulheres-negras.

IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira.

Material produzido por Roberta Helena Bueno

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