[Artigo] Aprendizagem entre pares
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RESUMO
Este trabalho apresenta uma discussão sobre o método do peer instruction ou instrução entre pares, enquanto
metodologia ativa. Desde a origem do método no início da década de 1990 até a atualidade, esta metodologia
vem sendo empregada com sucesso em várias instituições de ensino, especialmente, em cursos superiores,
bem como em escolas de educação básica. Este artigo tem por objetivo discutir brevemente sobre o uso do
método de ensino criado por Eric Mazur que percebeu a necessidade de trazer melhores resultados para suas
aulas através da participação ativa de seus alunos. Para tanto, fez-se uso da pesquisa bibliográfica como
metodologia de trabalho, uma vez que o campo de reflexão que ora se apresenta é fruto das leituras e
contribuições de diversos teóricos que tratam do tema em questão, ou seja, as metodologias ativas e dentre
elas, o peer instruction. Ao final da elaboração deste texto, pôde- se concluir através das leituras e estudos que
o método peer instruction pode ser facilmente aplicado em diferentes ambientes de aprendizagem seja para
aulas presenciais ou online e sem grandes custos, pois não necessita de recursos tecnológicos para ser
executado.
1
A partir de agora será adotada a sigla PI para tratar de Peer Instruction.
Desta forma, as metodologias ativas são atividades que promovem a participação, a autonomia
e o desenvolvimento de habilidades além da simples assimilação de informações. Essas metodologias
destacam-se pela mudança do papel tradicional do professor, que deixa de ser apenas o transmissor de
conhecimento para se tornar um facilitador do aprendizado. A ideia é que o estudante se torne o centro
da aprendizagem e responsável direto pela construção do conhecimento.
Neste contexto é oportuno destacar a trajetória da metodologia ativa desenvolvida por Eric
Mazur em criar o foi iniciada em Harvard, em 1991. Sua criação foi marcada pela insatisfação
com o modelo tradicionalmente adotado pelas instituições de ensino. Ao se deparar com o desinteresse
e a passividade dos alunos em suas aulas de física, Mazur percebeu que aulas meramente expositivas
não promoviam a aprendizagem significativa, levando-o a questionar a efetividade do modelo
tradicional adotado por ele e outros professores desde sempre (Madeira, 2017, n.p).
Motivado pelo desejo de transformação na forma de ensinar, Mazur mergulhou em pesquisas
sobre aprendizagem ativa em busca de alternativas que colocassem os alunos no centro do processo.
Desta forma, a metodologia criada pelo autor tem por objetivo “envolver os alunos em atividades
cooperativas de discussão de conteúdos para efetivar a aprendizagem” (Ferreira & Moreira, 2017, p.4)
Assim, a troca de ideias promove o aprendizado colaborativo, a construção de conhecimentos e a
identificação de dúvidas entre os estudantes. Neste sentido, o próprio Eric Mazur e Catherine Crouch
destacam que o método do PI consegue envolver praticamente toda a turma e não apenas aqueles
alunos mais motivados e aplicados que normalmente se destacam nas aulas de ensino tradicional
(Crouch & Mazur, 2001, p. 970).
Sem dúvida, com uma maior participação dos alunos nas aulas os professores não se limitam a
apenas transmitir informações, mas concentram esforços em otimizar os conteúdos a serem trabalhados
sem a necessidade de detalhar, mas em “apresentar de forma curta os pontos chaves do conteúdo”
(Ferreira & Moreira, 2017, p.4). Araújo e Mazur corroboram com a discussão ao afirmar que
Em vez de usar o tempo em classe para transmitir em detalhe as informações presentes nos
livros-texto, nesse método, as aulas são divididas em pequenas séries de apresentações orais
por parte do professor, focadas nos conceitos principais a serem trabalhados, seguidas pela
apresentação de questões conceituais para os alunos responderem primeiro individualmente e
então discutirem com os colegas (Araújo & Mazur, 2013, p. 367).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia ativa Peer Instruction oferece uma abordagem eficaz para fomentar a
participação ativa dos alunos e aprimorar a compreensão dos conceitos. Ao incentivar a colaboração
entre os estudantes e a discussão de ideias, o PI não só estimula o pensamento crítico, mas também
cria um ambiente de aprendizagem engajador. Essa metodologia pode ser facilmente implementada
tanto em salas de aula físicas quanto virtuais, aproveitando as ferramentas tecnológicas disponíveis
para facilitar a interação entre os alunos. Sua flexibilidade e adaptabilidade a diferentes contextos
educacionais a tornam uma estratégia valiosa para promover uma educação mais dinâmica e centrada
no aluno.
Portanto, o PI se destaca entre as metodologias ativas ao permitir que os estudantes assumam
um papel mais ativo em seu próprio aprendizado, ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades
interpessoais e colaborativas essenciais. Sua aplicabilidade em diferentes ambientes, sejam eles
virtuais ou presenciais, amplia de forma significativa a dinâmica da sala de aula e promove uma
educação mais participativa e eficaz. Em um cenário educacional em constante evolução, o Peer
Instruction ganha destaque por oferecer aos estudantes a oportunidade de aprender de forma coletiva
e cooperativa, superando barreiras frequentes na relação tradicional entre professor e aluno.
Assim, o Peer Instruction destaca-se como uma estratégia promissora para cultivar um
ambiente de aprendizagem mais interativo e significativo, adaptável com sucesso tanto para aulas
presenciais quanto online.
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