Metodologias Educacionais Aplicadas à Temática Água e Sustentabilidade

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Metodologias Educacionais

Aplicadas à Temática Água


e Sustentabilidade

Educação e Docência
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Conteudista/s
Gérsica Moraes Nogueira da Silva

Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1: Abordagem da Temática Água em um Cenário Global e sua Aplicação
no Uso Sustentável................................................................................................... 6
Unidade 1: Água no Contexto Global...................................................................... 6
1.1 Breve Contextualização da Problemática da Água ................................................ 7
1.2 Geopolítica da Água .............................................................................................. 10
1.3 Crise Hídrica Global ................................................................................................. 12
Referências ............................................................................................................. 15

Unidade 2: Águas do Brasil .................................................................................. 16


2.1 Águas do Brasil e os Diferentes Contextos Regionais ....................................... 16
2.2 Relação Campo e Cidade na Disponibilidade Hídrica ........................................ 21
Referências ...................................................................................................................... 25

Unidade 3: Água e Sustentabilidade .................................................................... 27


3.1 Bases Conceituais e Gestão das Águas Brasileiras ....................................... 27
3.2 Educação na Temática Água e Sustentabilidade .................................................. 32
Referências ............................................................................................................. 35

Módulo 2: Fundamentos das Metodologias Educacionais para a Formação em


Sustentabilidade .................................................................................................... 37
Unidade 1: Fundamentos das Metodologias Inspiradoras Associadas a Teorias
do Conhecimento ................................................................................................... 37
1.1 Teorias Pedagógicas Aplicadas à Temática Água .............................................. 38
1.1.1 Teoria da Complexidade .................................................................................... 38
1.1.2 Teoria da Autopoiesis ......................................................................................... 40
1.1.3 Teoria da Transdisciplinaridade ..................................................................... 41
Referências ............................................................................................................. 44

Unidade 2: Pedagogia Interativa Transdisciplinar ............................................. 45


2.1 Pedagogia Interativa Transdisciplinar ......................................................... 45
2.2 Processos de Aprendizagem Aplicados para a Formação em Sustentabilidade ..48
Referências ............................................................................................................. 51

3
Módulo 3: Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental ................. 52
na Escola ................................................................................................................. 52
Unidade 1: Alfabetização Ecológica ..................................................................... 52
1.1 Alfabetização Ecológica ............................................................................................ 52
1.2 Educação Ambiental e o Contexto do Nexo Água-Energia-Alimento ............. 56
Referências ............................................................................................................. 62

Unidade 2: Sustentabilidade Ambiental na Escola............................................. 63


2.1 Escola Sustentável: Estrutura Básica e sua Concepção ....................................... 63
2.1.1 Pilares para a Sustentabilidade Escolar ............................................................. 64
2.1.2 Diretrizes da Escola Sustentável .......................................................................... 66
2.1.3. Caminhos para uma Escola Sustentável ........................................................... 66
Referências ............................................................................................................. 69

Módulo 4: Água como Matriz Ecopedagógica e Aplicações Educacionais........ 70


Unidade 1: Água como Matriz Ecopedagógica .................................................... 70
1.1 Abordagens de Pesquisa-ação................................................................................. 70
1.2 Repercussão da Aprendizagem nas Comunidades ............................................ 73
Referências ............................................................................................................. 76

Unidade 2: Aplicações Educacionais Inspiradoras ............................................. 77


2.1 Casos de Aplicação Educacional na Temática Água e Sustentabilidade .......... 77
Referências ............................................................................................................. 83

Módulo 5: Educação para o Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030 .84


Unidade 1: Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável ....................... 84
1.1 As Dimensões do Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030 ........... 84
1.2 ODS na Escola e nos Espaços Não Formais de Educação ............................... 87
Referências ............................................................................................................. 92

Unidade 2: O Papel do Protagonismo na Educação para a Sustentabilidade .93


2.1 Práticas Extramuros ao Ambiente Educacional para a Sustentabilidade ......... 93
2.2 Gestão Participativa dos Recursos Hídricos .......................................................... 95
Referências ........................................................................................................... 100

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Apresentação e Boas-vindas

Este curso tem como propósito apresentar metodologias educacionais e abordagens


pedagógicas concebidas para tratar a temática água e sustentabilidade no ensino
formal e não formal. O curso foi pensado e organizado em 5 módulos, desse modo,
você poderá conhecer melhor as bases teóricas e o compartilhamento de casos a
fim de aplicar na educação para a sustentabilidade em diferentes contextos das
águas do Brasil.

Como objetivo final dos estudos, você estará apto a diferenciar metodologias
educacionais que favoreçam o planejamento e a prática pedagógica para tratativa
da temática água e sustentabilidade.

Mas, antes de continuar, assista ao vídeo de apresentação do curso:

Videoaula: Apresentação e Boas-vindas

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Módulo

1
Abordagem da Temática Água
em um Cenário Global e sua
Aplicação no Uso Sustentável
Neste módulo você será contextualizado sobre as pautas mais delicadas, em escala
global, que envolvem as problemáticas ambientais, sociais, econômicas e geopolíticas
atreladas aos recursos hídricos. A ideia é estimular você a refletir sobre esses eixos
temáticos por meio de uma visão crítica a respeito dos diversos aspectos e questões
que envolvem a “água no mundo atual”.

Você, como educador, vai enriquecer a sua abordagem pedagógica trabalhando com
esta temática ligada ao desenvolvimento sustentável, em qualquer nível escolar.
Afinal, no mundo globalizado em que vivemos, não é possível se aprofundar nesses
assuntos (água e sustentabilidade) desconsiderando a dinâmica global.

Unidade 1: Água no Contexto Global


Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de listar aspectos relacionados à crise hídrica
global e os conflitos que envolvem a água.

Por meio de um panorama, você vai acompanhar a importância da água para a


evolução da vida na Terra; também verá a influência dos recursos hídricos para
a distribuição dos seres humanos no planeta. Além disso, ficará por dentro das
principais problemáticas no mundo atual.

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1.1 Breve Contextualização da Problemática da Água

“Não se sabe o valor da água, até a fonte secar.”

Provérbio chinês.

Você sabia que não se tem conhecimento de um ser vivo que não dependa da
água para sobreviver? Por essa razão, a água tem moldado o curso da evolução
da vida no planeta Terra. As grandes florestas surgem em zonas com abundância
hídrica, populações inteiras de diversas espécies de animais migram em busca de
mananciais. Não foi diferente com as primeiras civilizações, pois se desenvolveram
às margens de rios, lagos e mares.

Além de ser fonte para o desenvolvimento, a água tem sido o pivô de disputas
territoriais ao longo da evolução humana no planeta. Diante da diversidade em
recursos que nos proporciona, sabemos da preciosidade que significa a água.
Entretanto, ao passo que o homem tem ciência do valor inestimável deste recurso
natural, parece ignorar o risco da sua falta.

Mas, afinal, a água é um recurso finito ou não?

Sabemos que, naturalmente, o ciclo da água (ciclo


hidrológico) se renova constantemente. Falar
isso é até meio redundante, pois o termo ‘ciclo’ já
indica algo que não tem fim. Mas, alguns fatores
puseram “o risco da falta d’água” à luz do debate
mundial. Podemos pontuar aqui três aspectos
primordiais:

Fonte: Freepik (2023).

• distribuição irregular da população pelo planeta,

• alta densidade demográfica em regiões específicas e

• demanda intensa por recursos hídricos.

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A Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico, a ANA, preparou um vídeo bem
didático. Caso você não se lembre das etapas do ciclo da água e a importância da
sua ocorrência, assista a seguir:

O Ciclo da Água (Ciclo Hidrológico)

Fonte: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (2019).

Somados aos aspectos já mencionados, as mudanças climáticas colocam em risco


populações de todos os continentes, especialmente as mais vulneráveis. Por essas
razões, ainda que o ciclo hidrológico se renove constantemente, a água apta ao
uso humano está cada vez menos disponível!

Na contramão, o consumo médio de água por setores da sociedade que estão fora
da zona de risco tem aumentado nos últimos tempos. Na figura a seguir, você pode
observar o aumento do consumo de água por setor no Brasil, com projeção até o ano
de 2030. O consumo da água no Brasil aumentou em todos os setores da sociedade.

Evolução do consumo de água no Brasil, por setor entre os anos de 1931 e 2030.
Fonte: Redação Ciclo Vivo (2019).

1 Faixa “Irrigação”
Destaca o uso da água para a irrigação, que corresponde a quase metade de
toda a demanda por esse recurso no Brasil, com projeção de aumento do
consumo para acima de 1.300 m³/s em 2030.

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2 Faixa “Urbana”
As cidades assumem a vice-liderança no consumo da água no país (533 m³/s
até 2030). Mas boa parte da produção do campo e da indústria atende às
necessidades urbanas, ou seja, as cidades, indiretamente, acabam demandando
por uma quantidade de água bastante superior do que se apresenta no
infográfico.

Por razões como essa, dois dos conceitos mais debatidos, quando se refere ao
consumo da água, são o de Pegada Hídrica e Água Virtual.

Pegada Hídrica
Refere-se à quantidade de água potável para a produção de alimentos ou
outros bens (Kablin, 2011).

Água Virtual
Diz respeito, basicamente, à água contida, ou “incorporada”, a um bem desde
o início do seu processo de produção, e que na maioria das vezes não é
facilmente observada ou mensurada.

Por vezes, estes dois conceitos se confundem, mas o ponto crucial é a


desproporcionalidade entre o consumo d’água por uma parcela da população do
planeta, enquanto a outra parte sofre com a falta de acesso a esse recurso.

Você sabia que é possível calcular a pegada hídrica de uma pessoa,


através da avaliação de seus hábitos do cotidiano? Que tal fazer
um teste da sua pegada hídrica? Clique aqui.

E aí o que você achou? Ficou surpreso(a) com o resultado?


Que tal utilizar essa ferramenta como atividade pedagógica com
seus alunos?

Refletindo sobre o quanto dispomos de recursos de forma não equitativa, o relatório


publicado em 2019 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em
conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que:

uma a cada três pessoas no mundo não tem acesso à água potável.

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Isso significa que, até 2019, 2,2 bilhões de pessoas não tinham acesso à água tratada
(Unicef, 2019).

Diante de tudo isso é contraditório perceber que, embora o ciclo hidrológico seja
incessante, e enquanto a média do consumo global de água tem aumentado,
existem bilhões de pessoas que não tem acesso pleno a esse recurso. Entretanto, é
preciso ter em mente que existem alguns fatores que levam a essa carência, podem
ser naturais, econômicos e políticos ou até mesmo uma associação entre esses três.

Em outras palavras, a distribuição populacional no planeta de forma irregular está


atrelada à disposição heterogênea dos recursos naturais, o que tende a levar à sua
demanda excessiva.

Considerando o que foi abordado, vamos refletir um pouco mais


sobre a água virtual, ou seja, aquela que não vemos ao longo dos
processos produtivos.

Para saber mais, clique aqui.

1.2 Geopolítica da Água

A água pertence a quem?

É com esse questionamento que iniciamos nossa reflexão sobre a Geopolítica da


Água. Seguindo uma das lógicas básicas da economia de mercado, quanto maior a
demanda maior o valor de um bem ou serviço.

Partindo desse pressuposto, você viu até aqui que, tanto o consumo d’água tem
aumentado, quanto a procura pelos recursos hídricos. Dessa forma, em um mundo
globalizado de economia capitalista, além de um valor inestimável para a vida, a
água representa grande fonte de economia e poder para quem a possui.

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Mas o que significa de fato ter posse das
fontes hídricas?

Não é de hoje que os seres humanos disputam


entre si o acesso à água. Entretanto, com o
crescimento da população, os territórios foram
se tornando cada vez mais consolidados, e
com eles, a posse de fontes hídricas. Disputas
por recursos naturais de grande valor como
estes impulsionaram embates entre grupos
promovendo reconfigurações territoriais. Com o
tempo, as relações humanas foram se tornando
Fonte: Freepik (2023).
cada vez mais complexas, assim como os conflitos
pelos recursos naturais.

Por razões como essas, é que existe uma série de dispositivos legais que envolvem
a gestão e o uso dos recursos hídricos. Mesmo assim, os conflitos ainda existem.
Quando expandimos nosso olhar para todo o globo, percebemos que as relações
diplomáticas, a sobrevivência de populações e a biodiversidade do planeta estão
em jogo.

Um exemplo geopolítico que chama a atenção do mundo no último século e que


envolve a disputa por recursos hídricos é o Oriente Médio. Pois é uma região
marcada por uma histórica instabilidade política e palco de disputas pelo petróleo.

Fonte: Freepik (2023).

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11
Tão visado quanto o petróleo são os mananciais desta região, já que entre os quinze
países de todo o planeta que sofrem com a escassez hídrica, dez se encontram no
Oriente Médio.

Em realidade, conflitos por acesso aos recursos hídricos ocorrem em todos os


continentes, em que as consequências cruéis são sofridas por comunidades em
situação de vulnerabilidade.

É possível um país inteiro ficar sem água potável? Assista a esta


matéria produzida pela BBC News sobre a crise hídrica na região
do Oriente Médio. Clique aqui.

Fonte: Freepik (2023).

Como alinhar o uso sustentável da água em um mundo onde pessoas morrem em


decorrência do acesso precário a esse recurso e dos conflitos gerados pela disputa
por esse bem?

Tudo isso liga um sinal de alerta no mundo, em que as autoridades precisam agir com
urgência para evitar uma crise hídrica global, tema do próximo tópico.

1.3 Crise Hídrica Global

Falar que a água pode acabar pode parecer um exagero, mas essa é uma realidade
que assombra, especialmente, populações em estado de vulnerabilidade social.

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Durante a abertura da Conferência da ONU sobre a água, o secretário-geral da ONU,
António Guterres, disse que a água do planeta vai se esgotar em razão do:

“consumo excessivo vampírico e do uso insustentável”

(Nações Unidas Brasil, 2023).

Ele ressalta que o ciclo da água foi modificado devido às alterações que a humanidade
provocou nos ecossistemas e lençóis freáticos. Guterres (Nações Unidas Brasil,
2023) ainda reitera que o uso sustentável da água deve estar associado ao combate
às mudanças climáticas. “Dois lados de uma mesma moeda”, afirma.

De acordo com o relatório apresentado pela Unesco (ONU News, 2023)

1 2

Situação da escassez hídrica no mundo. Fonte: ONU News (2023).

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1 46% da população mundial não tem acesso a serviços de saneamento, o que
corresponde a 3,6 bilhões de pessoas. Dentre as consequências desastrosas
apresentadas por esses números estão a morte de crianças por causas que
poderiam ser evitadas.

2 O relatório também revela que 26% dos habitantes de todo o planeta, o


equivalente a 2 bilhões de pessoas, não têm acesso à água potável.

3 O relatório ainda alerta para a projeção do aumento significativo de pessoas


que sofrerão com a escassez hídrica até 2050, em um número que deve ficar
entre 1,7 e 2,4 bilhões.

A poluição causada aos corpos d’água pelo lançamento de efluentes e falta de


saneamento básico pode ser revertida considerando a mudança de postura dessas
ações e a resiliência dos ecossistemas aquáticos. Temos exemplos no planeta de
alguns canais hídricos urbanos que antes eram considerados mortos, e hoje têm de
volta a sua biodiversidade.

Para saber mais detalhes sobre as informações apresentadas


pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura da
Conferência da ONU sobre a Água, clique aqui.

E para saber mais sobre os dados apresentados pelo relatório da


Unesco apresentado na conferência, clique aqui.

Que práticas sustentáveis foram essas que trouxeram rios urbanos de volta à vida?
Um exemplo pode ser conhecido em Seul, na Coréia do Sul.

Para conhecer este exemplo da Coreia do Sul, clique aqui.

Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!

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Referências
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS RECURSOS HÍDRICOS. Calculadora da Pegada Hídrica,
[s.l.], 2020. Disponível em: https://ech2o.aprh.pt/peghidrica/pt/. Acesso em: 31 out. 2023.

CARTILHA Planeta Água - água virtual. [S.l: s.n.], 2015. 1 vídeo (1 minuto e
37 segundos). Publicado pelo canal Wilivro. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=MoVRmwEsdmE. Acesso em: 31 out. 2023.

CIDADE SUSTENTÁVEL. A revitalização de um rio de Seul. Fundação Verde. [S.l.], 2015.


Disponível em: https://fundacaoverde.org.br/pages/cidadesustentavel/2015/04/09/
a-revitalizacao-de-um-rio-de-seul/. Acesso em: 31 out. 2023.

COMO um país inteiro corre o risco de ficar sem água potável. [S.l.: s.n.], 2019. 1
vídeo (2 minutos e 46 segundos). Publicado pelo canal BBC News Brasil. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=S9lb2pqBSkk. Acesso em: 31 out. 2023.

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

KLABIN, I. A urgência do presente: biografia da crise ambiental. [S.l.]: Elsevier Brasil, 2011.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Consumo vampírico está esgotando a água no mundo, afirma
secretário-geral da ONU. Nações Unidas Brasil, [s.l.], 2023. Disponível em: https://brasil.
un.org/pt-br/224386-consumo-vamp%C3%ADrico-est%C3%A1-esgotando-%C3%A1gua-
no-mundo-afirma-secret%C3%A1rio-geral-da-onu. Acesso em: 30 out. 2023.

O CICLO da Água (Ciclo Hidrológico). [S.l.: s.n.], 2014. 1 vídeo (3 minutos).


Publicado pelo canal anagovbr. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=vW5-xrV3Bq4. Acesso em: 30 out. 2023.

ONU News. 46% da população global vive sem acesso a saneamento


básico. ONU News, [s.l.], 2023. Disponível em: https://news.un.org/
pt/story/2023/03/1811712. Acesso em: 30 out. 2023.

REDAÇÃO CICLOVIVO. Estudo prevê aumento de 24% do consumo de água


até 2030. CicloVivo, [s.l.], 2019. Disponível em: https://ciclovivo.com.br/planeta/
meio-ambiente/estudo-aumento-consumo-agua/. Acesso em: 30 out. 2023.

UNICEF. 1 em cada 3 pessoas no mundo não tem acesso a água potável, dizem
o UNICEF e a OMS. Unicef, [s.l.], 2019. Disponível em: https://www.unicef.
org/brazil/comunicados-de-imprensa/1-em-cada-3-pessoas-no-mundo-nao-
tem-acesso-agua-potavel-dizem-unicef-oms. Acesso em: 30 out. 2023.

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Unidade 2: Águas do Brasil

Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de classificar os diferentes contextos das
Águas no território brasileiro.

Nesta unidade, você vai saber mais sobre a disponibilidade hídrica, considerando
sua variação em diferentes contextos regionais e a conexão dessas diferenças
com fatores geográficos, pedológicos, paisagens diversas e biomas, levando em
consideração a vasta extensão do território nacional.

É fundamental que o educador, ao abordar a temática da água em seu contexto


específico, possa explorar exemplos locais, tornando o processo de aprendizagem
mais eficaz ao utilizar casos práticos e realistas. Ao mesmo tempo, é importante que
o educador também consiga conectar a questão ampla e complexa dos recursos
hídricos com a diversidade de realidades que existem nas regiões do Brasil.

2.1 Águas do Brasil e os Diferentes Contextos Regionais

O Brasil é o país mais extenso situado na zona intertropical, cinturão mais cálido e úmido
do planeta. Essa condição nos coloca no topo do ranking mundial em disponibilidade
de recursos hídricos, com cerca de 12% de toda a água doce do planeta.

Cataratas de Foz do Iguaçu.


Fonte: Freepik (2023).

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16
Entretanto, isso não significa que temos água em abundância e, tampouco, que estamos
longe de um cenário de crise hídrica. Parece contraditório, não? Mas isso se deve ao fato
de não haver uma distribuição espacial plena das fontes hídricas em nosso país.

Para compreender a distribuição irregular das reservas de água no nosso território,


considere primeiro que temos:

• pluralidade de climas;

• ecossistemas;

• relevos;

• solos; e

• redes hidrográficas.

Essa diversidade natural nos oferece riquezas, mas também nos coloca diante
de desafios. Um deles diz respeito ao acesso aos recursos hídricos. Sendo
assim, a heterogeneidade físico-natural ao longo do território nacional guiou os
diferentes processos de regionalização que foram realizados no país. Uma dessas
regionalizações foi proposta pelo geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber (2003), por ele
denominada de Domínios Morfoclimáticos do Brasil.

Fonte: Freepik (2023) Fonte: Freepik (2023)

Domínios morfoclimáticos são re- Esses atributos são resultado da inte-


giões geográficas propostas por Aziz ração complexa entre fatores climáti-
Ab’Saber (2003) que reúnem em si cos, geológicos e biológicos ao longo
áreas com características climáticas, de períodos geológicos consideráveis.
geomorfológicas e ecossistêmicas
semelhantes.

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Os domínios morfoclimáticos são utilizados para classificar e entender a diversidade
das paisagens naturais em uma determinada área. Essa classificação é útil para a
análise de processos ecológicos, planejamento ambiental e conservação, uma vez
que diferentes domínios morfoclimáticos possuem diferentes potenciais e limitações
para o uso humano e para a preservação da biodiversidade.

Para ter uma ideia:

4
1 2
3

1 Na região da Amazônia se encontra 4 A população do sertão nordestino


cerca de 65% de toda reserva hídrica lida com problemas relativos à seca
do nosso país (Castro, 2022). que, em certos períodos, se impõe
de maneira severa. Por isso, esse
2 Em um cenário discrepante, se cenário se coloca como o desafio
enquadra a região Nordeste no socioambiental diante da sociedade
semiárido brasileiro, que contém e gestores públicos em esfera
3% da reserva hídrica do Brasil (ASA, municipal, estadual e federal.
2019).

3 O domínio das caatingas ocupa cerca


de 12% do território nacional, estende-
se por 9 unidades federativas e abriga
mais de 27 milhões de habitantes, o
que configura essa porção do Brasil
como uma das zonas semiáridas mais
habitadas do mundo (Brasil, 2023).

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Entretanto, a escassez hídrica também prejudica habitantes de outras regiões do
Brasil. Em tempos de ocorrência de El Niño Oscilação Sul (ENOS), por exemplo,
estiagens prolongadas afetam a dinâmica socioeconômica de boa parte do país,
prejudicando as nossas lavouras e a produção de energia elétrica.

O El Niño é um fenômeno climático natural que ocorre no Oceano


Pacífico equatorial. Consiste no aquecimento anormal das águas
oceânicas superficiais na região central e leste do Pacífico tropical.
Esse aquecimento é capaz de causar impactos significativos nos
padrões climáticos globais.

Durante a ocorrência do El Niño, as mudanças nos padrões de temperatura da


superfície do mar podem influenciar as correntes oceânicas e a circulação
geral da atmosfera em várias partes do mundo. Isso pode resultar em condições
climáticas anômalas, como aumento das chuvas em algumas regiões e secas em
outras, bem como alterações nos padrões de temperatura do ar próximo à superfície.

Em tempos de El Niño, a porção central do Brasil passa por períodos prolongados


de estiagem ou baixos índices de chuva, bem como aumento das médias de
temperatura e diminuição significativa da umidade relativa do ar.

Acesse o link “Entenda o que é El Niño” e conheça como acontece


o fenômeno do El Niño, bem como, da La Ninã, entenda as
consequências da alternância entre eles, clique aqui.

Em épocas de estiagem prolongadas, parte da Amazônia, Cerrado e do Pantanal


enfrentam secas severas. Além dos prejuízos socioeconômicos para a população,
o número de incêndios florestais aumenta significativamente, impactando a
biodiversidade e o próprio ciclo hidrológico. Dessa forma, nos deparamos com
uma situação dicotômica em que o mito da abundância não se sustenta diante de
problemas presentes em contextos regionais distintos.

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Seca na região de Tocantins.
Fonte: Freepik (2023).

A interligação entre os períodos de chuva é essencial para o reabastecimento dos


reservatórios com finalidades múltiplas, incluindo:

• fornecimento de água para abastecimento da população;

• diversas atividades econômicas produtivas;

• geração de energia elétrica;

• navegação;

• pesca artesanal, entre outras atividades.

Esses usos múltiplos influenciam para que a pressão sobre os recursos hídricos
seja intensificada, especialmente quando levamos em consideração a dinâmica
econômica e a densidade demográfica do Brasil.

Para saber mais sobre os usos múltiplos da água assista o vídeo


produzido pela ANA, clique aqui.

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Quando observamos o que os modelos apontam para nós, em um cenário de
mudanças climáticas, o futuro se torna ainda mais desafiador considerando os
eventos extremos, seja de estiagem, ou de elevada precipitação. Os debates são
essenciais no desenvolvimento de mecanismos de ação e dispositivos legais que
aprimorem a gestão da água, e a mitigação de riscos e desastres associados às
mudanças climáticas.

Antes de continuar, que tal ouvir um Podcast com especialista da área sobre Águas
do Brasil em diferentes contextos regionais?

Podcast: Águas do Brasil em Diferentes Contextos Regionais

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) preparou uma matéria bem interessante


sobre os contextos regionais da água no Brasil, intitulada “Onde estão as águas do
Brasil?”. Esse material levanta, de forma sintetizada, as potencialidades, problemas
e desafios de cada região do país em relação aos recursos hídricos. Além disso, é
apresentado um mapa interativo com as regiões hidrográficas, que leva o leitor a
conhecer um pouco de cada uma das principais bacias brasileiras.

Acesse e conheça esse belíssimo trabalho! Clique aqui.

2.2 Relação Campo e Cidade na Disponibilidade Hídrica

No contexto da disponibilidade hídrica em diferentes regiões, outras escalas


influenciam um território, como as regiões de desenvolvimento, as bacias hidrográficas
e os limites territoriais dos estados e municípios. Em todas essas escalas tem um
contexto importante a ser discutido, que é a relação campo e cidade.

Essa relação apresenta diferentes perspectivas, que partem do desenvolvimento


da infraestrutura à oferta e demanda hídrica para a população, até mesmo a
gestão integrada dos recursos hídricos, que influenciam no acesso à água, tanto em
quantidade quanto em qualidade.

Os aspectos de quantidade e qualidade sofrem interferência direta e indireta dos


múltiplos usuários, e o manejo dos recursos hídricos em diferentes atividades tem
relação com impactos ambientais significativos para os dois ambientes: campo e cidade.

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Fonte: Freepik (2023).

Na atualidade, a dicotomia da relação campo e cidade tem grande importância


no desenvolvimento da população, uma vez que reflete em questões ambientais,
sociais e econômicas, que permeiam a gestão dos recursos naturais e, em especial,
a gestão das águas.

Perceba que o crescimento contínuo da população urbana e, consequentemente, o


adensamento dos aglomerados urbanos contribuem para substituição dos ambientes
naturais por superfícies construídas, impactando diretamente nos recursos naturais
e, por sua vez, nos serviços ecossistêmicos prestados pela natureza.

É assim que começa, nas cidades, um processo de redução do potencial natural e


ampliação de impactos negativos, que vão desde:

• a degradação e impermeabilização de solo;

• disposição de resíduos e efluentes em grande escala;

• a supressão de vegetação, entre outros.

Nas últimas décadas, observou-se mudanças expressivas no desenho das cidades,


impulsionadas pelo significativo número de pessoas vivendo em áreas urbanas,
que representa atualmente 55% da população mundial (ONU-Habitat, 2022).
Esse aumento direciona o olhar para a importância de garantir os serviços básicos e
recursos essenciais para o desenvolvimento da população.

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O Relatório Mundial das Cidades, publicado em 2022 pelo ONU-
Habitat, aponta que a população mundial será 68% urbana até
2050. Quer ler? Clique aqui.

É importante lembrar que as áreas naturais, em maior parte representadas pelo


campo, são responsáveis por proporcionar a produção base dos recursos para a vida
das pessoas. As áreas produtivas de alimentos, as áreas preservadas e conservação
da biodiversidade, os trechos das bacias hidrográficas, no que tange os reservatórios
para usos múltiplos, as nascentes e os importantes aquíferos, são fornecedores de
matéria-prima, como os alimentos, a água e a energia.

Por outro lado, considerando o contexto das grandes cidades, os núcleos urbanos
contribuem de forma clara, partindo de um olhar generalista, na disposição de
produtos industrializados, serviços, investimentos e tecnologia.

Principais fluxos de troca entre o campo e a cidade.


Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

Por meio de programas de incentivo ao produtor rural, como o Programa Produtor


de Água, usuários do campo podem ser beneficiados em contribuição ao bom
manejo dos recursos hídricos.

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É importante ter em mente a relevância desses atores, para
que sua atividade contribua de forma positiva, neste caso,
para o reabastecimento dos centros urbanos, mas também
não promova impactos ambientais e a contaminação de corpos
d’água superficiais e subterrâneas.

Refletir sobre a importância do campo para a cidade, e a dependência de recursos


para a cidade e seu reabastecimento, bem como a promoção da demanda para
o campo, é um equilíbrio dinâmico relevante. Entretanto, o intenso deslocamento
da população, para os centros urbanos e seu crescimento, demandam atenção e
alternativas de políticas públicas para valorização do homem e da mulher do campo.

Para conhecer mais sobre essa relação Campo e Cidade, e a


contribuição do Programa Produtor de Água da ANA, clique aqui.

O programa foi criado tendo como base o conceito de PSA – Pagamento por Serviços
Ambientais. Nesse programa, os atores que contribuem com a conservação e seus
efeitos positivos dos recursos naturais, podem ser remunerados, estimulando:

• investimentos em estruturas que reduzam impactos ambientais e no


cuidado com as águas;

• reuso, armazenamento, tratamento de efluentes;

• recuperação e proteção de nascentes;

• reflorestamentos; e

• manutenção de reservas florestais.

Nesta relação entre população, produtor e instituições reguladoras, vemos que


o papel da gestão responsável no planejamento urbano e territorial das cidades,
quando este é responsivo, antecipa e atende de forma eficaz à demanda de expansão
da cidade para um futuro sustentável, principalmente, em países de baixa renda.

Por isso, a compreensão da população desse papel da política pública e dos atores
sociais no desempenho do continuum urbano-rural é uma conquista para o futuro
sustentável (ONU-Habitat, 2022).

Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!

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24
Referências

ARTICULAÇÃO no Semiárido Brasileiro (ASA). Acesso à água para


populações do semiárido brasileiro: Propostas da sociedade civil. [S.l.]:
Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), 2019. Disponível em: https://
www.asabrasil.org.br/images/UserFiles/File/Acesso_a_agua_para_
populacoes_do_Semiarido_brasileiro.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS RECURSOS HÍDRICOS. Calculadora


da Pegada Hídrica, [s.l.], 2020. Disponível em: https://ech2o.
aprh.pt/peghidrica/pt/. Acesso em: 31 out. 2023.

AB’SABER, A. N. Os Domínios de Natureza no Brasil: potencialidades


paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003;

BRASIL. Instituto Nacional do Semiárido (INSA). O Semiárido Brasileiro.


Instituto Nacional do Semiárido (INSA), Brasília, DF, [S.d.]. Disponível em:
https://www.gov.br/insa/pt-br/semiarido-brasileiro. Acesso em: 1 nov. 2023.

CASTRO, César Nunes de. Água, Problemas Complexos e o


Plano Nacional de Segurança Hídrica. Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada. Ipea: Rio de Janeiro, 2002.

ENTENDA o que é El Niño. [S.l.: s.n.], 2019. 1 vídeo (4 minutos).


Publicado pelo canal Nexo Jornal. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=_SaNsxrkieI. Acesso em: 1 nov. 2023.

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

JADE, L. Onde está a água no Brasil? Empresa Brasil de Comunicação


(EBC). Brasília, DF, 2018. Disponível em: https://www.ebc.com.br/
especiais-agua/agua-no-brasil/. Acesso em: 1 nov. 2023.

ONU-Habitat. World Cities Report 2022: Envisaging the future of cities.


Nairóbi: ONU-Habitat, 2022. Disponível em: https://unhabitat.org/sites/
default/files/2022/06/wcr_2022.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

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PROGRAMA Produtor de Água. [S.l.: s.n.], 2014. 1 vídeo (4 minutos e
25 segundos). Publicado pelo canal anagovbr. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=ATy335tjlIM. Acesso em: 1 nov. 2023.

USOS Múltiplos da Água. [S.l.: s.n.], 2017. 1 vídeo (3 minutos e 41


segundos). Publicado pelo canal anagovbr. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=FdL2yQoroag. Acesso em: 1 nov. 2023.

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26
Unidade 3: Água e Sustentabilidade

Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de reconhecer a importância da água e da


educação no desenvolvimento de sociedades mais sustentáveis.

3.1 Bases Conceituais e Gestão das Águas Brasileiras

O conceito base que assegura a água como bem de valor para todos os setores da
sociedade, refere-se à sua concepção como recurso hídrico. É comum aplicarmos o
termo recurso hídrico em todos os assuntos relativos à água. Seu uso recorrente,
pode fazer com que não nos atenhamos ao seu significado real.

Podemos entender Recursos Hídricos como:

a quantidade de água superficial ou subterrânea apta


para o consumo, cujo gerenciamento deve ocorrer
de forma integrada e descentralizada, atentando-
se às potencialidades e limitações físico-naturais da
localidade (Brasil, 1976).

A gestão dos recursos hídricos também deve considerar as características sociais,


econômicas e culturais da região.

Para que o gerenciamento ocorra de forma integrada e descentralizada, isto é, que


envolva diferentes esferas sociais, é preciso que haja o entendimento mútuo sobre
os elementos e processos relativos à água. Isso ressalta a importância da base
conceitual, que sustenta não apenas os dispositivos legais direcionados à gestão
e uso da água, como também a criação de planos de manejo e gerenciamento.

A Lei das Águas (Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997) foi criada para viabilizar a
instituição da Política Nacional de Recursos Hídricos e a criação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), entre outras atribuições.

A Lei das Águas determina que a Política Nacional de Recursos Hídricos deve ter
como base os seguintes fundamentos:

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I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo
humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Em razão da água, além de elemento vital, ser um bem, dotado de valor econômico,
como explicita o fundamento II da Lei das Águas, é imperativo que o seu manejo e
gerenciamento sejam eficazes em múltiplas escalas. Por essa razão se criou o Singreh,
você já ouviu falar? É a estrutura de governança instituída no Brasil para a gestão
dos recursos hídricos. Trata-se de um conjunto de órgãos, entidades, incluindo a
ANA, e instrumentos que tem como objetivo principal a gestão dos recursos hídricos
no país de forma integrada e descentralizada.

Lembrando que a gestão deve estar centrada nas diretrizes estabelecidas pelo Plano
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).

Veja a definição do Singreh e de seus entes, clicando aqui.

Se você quiser ler a Lei das Águas, clique aqui.

O PNRH consiste em um instrumento que estabelece, além das diretrizes, metas e


ações para a gestão dos recursos hídricos. Embora tenha alcance nacional, o plano
é implementado em níveis estadual e municipal, com foco especial na gestão a nível
de bacia hidrográfica, considerada como a unidade territorial para implementação
da Política Nacional de Recursos Hídricos.

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28
A ANA define bacia hidrográfica como “espaço geográfico
delimitado pelo respectivo divisor de águas cujo escoamento
superficial converge para seu interior sendo captado pela rede
de drenagem que lhe concerne” (ANA, 2015).

A rede de drenagem culmina no fluxo principal da bacia, que geralmente é o rio que a
nomeia. Dessa forma, qualquer distúrbio que ocorra em qualquer parte da bacia, trará
impactos no seu corpo hídrico principal. Isso evidencia que a dinâmica natural na bacia
hidrográfica ocorre de forma sistêmica, em que todos os elementos estão interligados.

Fonte: Freepik (2023).

Muitas vezes os limites da bacia hidrográfica ultrapassam os limites estaduais e/


ou municipais. Isso significa que uma unidade ambiental pode estar inserida em
territórios diferentes, ou seja, jurisdições distintas.

E como contornar esse problema? Como estratégia, criou-se o Comitê de Bacia


Hidrográfica (CBH). De acordo com o Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH, 2000), o Comitê de Bacia Hidrográfica consiste no

“órgão colegiado formado por representantes


do poder público, usuários e sociedade civil com
atribuições normativas, deliberativas e consultivas
a serem exercidas na bacia hidrográfica de sua
jurisdição” (CNRH, 2000).

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Resumindo, o CBH:

• toma decisões e estabelece diretrizes para o gerenciamento dos


recursos hídricos direcionadas à sua bacia de atuação;

• é formado por representantes de diferentes setores da sociedade, ou seja,


cidadãos comuns, poder público, organizações, agências, entre outros;

• é fundamental para a gestão integrada e descentralizada dos recursos


hídricos do Brasil;

• promove a participação da sociedade na tomada de decisões.

Para além de administrar os recursos hídricos, a gestão da bacia hidrográfica gera


informações que contribuem para enriquecer o amplo banco de dados nacional.
Esse banco de dados abriga um acervo valioso de informações que se transformam
em conhecimento, os quais auxiliam a gestão, estudos e monitoramento das águas
brasileiras.

É por meio desse conjunto de informações que se elaboram os Relatórios de


Conjuntura dos Recursos Hídricos do Brasil da ANA (disponível aqui).

Para saber ainda mais sobre o detalhes sobre o Conjuntura


assista o vídeo “Relatório Conjuntura e o Plano Nacional de
Recursos Hídricos”, clique aqui.

Como você já deve ter notado, o material produzido pela ANA apresenta uma
linguagem fácil de ser concebida, o que promove o seu uso no contexto pedagógico.

Por falar nisso, observe como a ANA explica o que significa


enquadramento dos corpos de água em classes segundo
o seu uso. Assista ao vídeo “Planos de Recursos Hídricos e o
Enquadramento de Corpos d´Água”. Clique aqui.

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A gestão eficiente dos recursos hídricos depende do engajamento do poder público
junto a todos os setores da sociedade. Porém, existem hábitos e soluções simples
que estão mais acessíveis a nós do que imaginamos. Por exemplo, como podemos
garantir a proteção das nossas reservas? Nesse caso, o uso sustentável precisa
ocorrer em escalas diferentes. Acompanhe:

Proteção e preservação dos biomas Tratamento dos efluentes


e ecossistemas aquáticos. domésticos e industriais.

Investimento em pesquisas científicas e


tecnologias que promovam o uso eficiente Promoção e proteção de áreas
da água e seu reaproveitamento. verdes nas cidades.

Envolvimento da comunidade e
investimento em educação ambiental.

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Bom, chegou o momento de você assistir à videoaula sobre as bases conceituais da
temática água, aproveite!

Videoaula: Bases Conceituais para o Ensino em Água

Agora que você já assistiu à videoaula sobre as bases conceituais para o ensino
em água, vale a pena conhecer o portal do Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos (SNIRH).

O Portal do SNIRH disponibiliza interativamente informações


sobre águas no Brasil. Ideal para saber mais sobre nossos recursos
hídricos, assim como explorá-lo em ambiente educacional. Clique
aqui.

3.2 Educação na Temática Água e Sustentabilidade

No contexto educacional é importante estimular uma reflexão sobre a integração


destes diferentes fatores no desenvolvimento das populações, e no processo de
aprendizagem para a formação cidadã se faz necessária uma abordagem crítica
para consolidar hábitos sustentáveis alinhados com a atuação social condizente à
sustentabilidade.

Fonte: Freepik (2023).

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Estar em sala de aula, diante de um público de diferentes níveis de escolaridade ou
faixa etária, é uma missão desafiadora para o educador. Quando abraçamos uma
tarefa de conscientização, a nossa missão fica ainda mais difícil, pois mexe com
costumes, hábitos, e até mesmo ideologias e aspectos culturais consolidados.

Por essa razão, a educação ambiental é um pacote recheado de


desafios que se apresentam de acordo com os diferentes contextos
sociais, principalmente, porque precisamos demonstrar na
prática que as ações funcionam e que não se trata apenas de
teoria.

No desafio de promover a educação ambiental, e fazer esta ponte com a temática


água, que integra tantos aspectos e setores de desenvolvimento da sociedade, a
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) tem sido uma instituição de
grande contribuição, por meio de programas de capacitação e educação, trazendo o
papel do educador como basilar nas ações de transformação.

Conheça um pouco mais sobre a atuação da ANA, sua importância


e as oportunidades de realização de cursos gratuitos, disponíveis
em: Cursos e capacitação — Agência Nacional de Águas e
Saneamento Básico (ANA). Clique aqui.

Como exemplo dessa atuação da ANA, por meio de um convênio com o Programa de
Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais (Profciamb),
foram desenvolvidas diversas ações, desde realização de cursos EaD, produção de
materiais educacionais, realização de workshops, apoio ao desenvolvimento de
pesquisas, com a formação, desde 2016, de centenas de Mestres que atuam na
Educação Básica de todas as regiões do Brasil, entre outras.

Um dos muitos produtos dessa parceria que vale compartilhar é a recente publicação
da série Guias Educacionais, em 4 (quatro) volumes destinados ao Ensino da
Temática água e sustentabilidade, sendo eles:

1 Água e Sustentabilidade: Bases Conceituais para o Ensino das Ciências


Ambientais;

2 Água e Sustentabilidade: Educação Infantil e Ensino Fundamental;

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3 Água e Sustentabilidade: Ensino Médio;

4 Água e Sustentabilidade: Espaços Não Formais de Educação.

Alguns aspectos importantes da construção dos Guias Educacionais precisam ser


conhecidos pelos educadores com destaque, como:

• concepção considerando embasamento teórico, importante para o


alinhamento de conhecimento dos educadores de diferentes áreas;

• recomendações práticas pedagógicas aos professores no trato da


acessibilidade e inclusão;

• relação de cada atividade/abordagem didática com a Agenda 2030; e

• indicação em cada atividade/abordagem didática às respectivas


habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Caso você queira conhecer mais sobre os Guias Educacionais


que abordam casos aplicados à educação na temática água e
sustentabilidade, clique aqui.

A partir dessas proposições, outra ótima fonte de consulta é o Acervo Educacional


sobre Água, e diversos outros conteúdos relacionados com a ANA. Venha
conhecer vídeos, apostilas, jogos e muito mais que permitirão conhecer melhor
como a Agência funciona. Acesse: Repositório ANA: Soluções Educacionais da
Agência Nacional de Águas - ANA

Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus
conhecimentos. Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente
virtual. Bons estudos!

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34
Referências

ANA. Agência Nacional de Águas. Cursos e capacitação, Brasília,


DF, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/programas-
e-projetos/cursos-e-capacitacao. Acesso em: 1 nov. 2023.

ANA. Agência Nacional de Águas. Portaria nº 149, de 26 de março de


2015. Lista de termos para o thesaurus de recursos hídricos da Agência
Nacional de Águas. Brasília, DF: Agência Nacional de Águas, 2015. Disponível
em: https://cbhparanaiba.org.br/uploads/documentos/dicionario_ana/
dicionario_recursos_hidricos_ana.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

ANA. Agência Nacional de Águas. Sistema Nacional de Informações sobre


Recursos Hídricos, Brasília, DF, [S.d.]. Disponível em: https://www.gov.br/
ana/pt-br/assuntos/gestao-das-aguas/politica-nacional-de-recursos-hidricos/
sistema-de-informacoes-sobre-recursos-hidricos. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRASIL. Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Resolução nº 5, de


10 de abril de 2000. Deliberações. Brasília, DF: Conselho Nacional de Recursos
Hídricos (CNRH), 2000. Disponível em: https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/
legislacao/resolucoes/resolucao-cnrh-005-2000.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRASIL. Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE).


Glossário de termos hidrológicos. Brasília, DF: DNAEE, 1976.

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de


Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e
altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou
a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Brasília, DF: Presidência da
República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.
htm#:~:text=L9433&text=LEI%20N%C2%BA%209.433%2C%20DE%208%20
DE%20JANEIRO%20DE%201997.&text=Institui%20a%20Pol%C3%ADtica%20
Nacional%20de,Federal%2C%20e%20altera%20o%20art. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Agência Nacional


de Águas e Saneamento Básico. Educação e capacitação para a regulação
e gestão das águas e saneamento. Disponível em: https://capacitacao.
ana.gov.br/servicos/trilhas-de-aprendizagem. Acesso em: nov. 2023.

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

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35
PLANOS de Recursos Hídricos e o Enquadramento de Corpos d´Água. [S.l.: s.n.],
2014. 1 vídeo (5 minutos). Publicado pelo canal anagovbr. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=f2Yj9NYID9w&t=155s. Acesso em: 1 nov. 2023.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM REDE NACIONAL PARA ENSINO


DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS (PROFICIAMB). Coleção Proficiamb,
[s.l.], [2016]. Disponível em: http://www.profciamb.eesc.usp.br/
programa/colecao-profciamb. Acesso em: 1 nov. 2023.

RELATÓRIO Conjuntura e o Plano Nacional de Recursos Hídricos. [S.l.: s.n.], 2021.


1 vídeo (2 minutos). Publicado pelo canal anagovbr. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=o3xFp5mNAFc&t=31s. Acesso em: 1 nov. 2023.

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36
Módulo

2
Fundamentos das Metodologias
Educacionais para a Formação
em Sustentabilidade
O presente módulo está distribuído em 2 (duas) unidades, nas quais você terá
contato com aspectos teóricos essenciais para o desenvolvimento de metodologias
educacionais, nas quais, quando relacionadas à temática água e sustentabilidade,
poderão contribuir para a sensibilização ambiental e consequentemente a formação
do sujeito, a construção de ideologias e em mudanças de comportamento.

Unidade 1: Fundamentos das Metodologias Inspiradoras


Associadas a Teorias do Conhecimento

Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de diferenciar teorias pedagógicas


fundamentais para a transformação em direção a sociedades humanas mais sustentáveis.

No mundo globalizado, onde o conhecimento se transforma constantemente, um


grande desafio para os atores envolvidos no processo de aprendizagem consiste em
formar cidadãos com pensamento crítico. Isto posto, ao pensar em metodologias de
ensino que envolvam o tema sustentabilidade, é importante munir-se de teorias
que dão base para a compreensão de processos éticos.

Por esse motivo, você vai conhecer agora algumas teorias que servem como base
para compreender o processo de aprendizagem em relação à complexidade do
ambiente, com um foco na perspectiva da sustentabilidade.

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1.1 Teorias Pedagógicas Aplicadas à Temática Água

Quando consideramos metodologias educacionais inspiradoras, contemplamos não


apenas as teorias que as fundamentam, mas também a ética que as impulsiona.
Algumas teorias estão na fronteira do conhecimento, contribuindo para novas
formas de pensamento e percepção do mundo. Esse é o ponto de partida para as
mudanças de atitudes e a efetiva transformação em direção a sociedades humanas
mais sustentáveis.

Por isso, de forma a contribuir nessa construção, algumas reflexões são importantes
como:

Que referenciais éticos são necessários para entender os impactos


da insustentabilidade do modo de vida humano no planeta?

Como as nossas ações têm potencializado as consequências


desse desequilíbrio?

Conheça agora algumas teorias que podem auxiliar na reflexão destes


questionamentos.

1.1.1 Teoria da Complexidade

Edgar Morin (2000) apresenta a teoria da complexidade como caminhos para o


desenvolvimento do pensamento complexo. Esse pensamento está estruturado
em sete princípios guias para pensar a complexidade.

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Teoria da complexidade.
Fonte: CEPED/UFSC (2023).

Pensar nessa perspectiva de complexidade é olhar um objeto como um sistema,


a partir de diferentes miradas, perspectivas, dimensões. A partir disso, como
contribuir para a formação do pensamento complexo em nós e na formação de
nossos estudantes?

Praticar uma pedagogia capaz de motivar interações, valorizar


singularidades, reconhecer a interconectividade e construir
conhecimentos com diversidade.

Leia entrevista com Edgar Morin. Clique aqui.

Você também pode se aprofundar um pouco mais na Teoria da


Complexidade, assista ao vídeo “Teoria da Complexidade - Visão
Geral”, clique aqui.

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1.1.2 Teoria da Autopoiesis

A teoria da Autopoiesis, ou Autopoiese, desenvolvida por Humberto Maturana,


descreve sistemas vivos que funcionam de forma autossustentável, gerando
estados de Autopoiese, caracterizados pela auto-organização, autodeterminação e
autocriação.

É a composição de duas palavras de origem grega: "auto" (para si


mesmo) e "poiesis" (criação).

Essa autonomia dos sistemas vivos é relativa, porque ela se transforma a partir das
interações com o ambiente, assim como transforma o ambiente a partir dessas
interações, recursivamente. Para Maturana (1997), as aprendizagens são essas
interações geradoras de mudanças e transformações no sistema.

Nos processos de aprendizagem, a Autopoiesis auxilia na compreensão de que cada


indivíduo tem a sua ontologia, a sua história e seus saberes inerentes ao tempo,
ao local e à cultura a que pertence. Esse reconhecimento dos saberes de cada
indivíduo como legítimos no processo pedagógico é o ponto de partida para a
valorização de sua subjetividade.

Fonte: Freepik (2023).

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Em sua Biologia do Conhecimento, Maturana (1997) ressalta as emoções como
condição necessária à cognição, afirmando que “só aprende quem se emociona”.
Dessa forma, as metodologias que você está acompanhando neste curso têm na
emoção, e no afeto, seu fundamento maior.

Pense no seguinte: como agregar a autopoiesis no processo pedagógico?

Valorizando as emoções nos processos de sensibilização,


inspiração e motivação como ponto de partida na dinâmica da
aprendizagem.

É reconhecer que a aprendizagem resulta da interação entre as pessoas, com seus


saberes e conhecimentos, transformando em intercâmbio e construção de novos
conhecimentos.

Quer saber sobre a autopoiesis? Então leia a matéria da BBC News


Brasil intitulada “Autopoiesis: a teoria sobre a vida desenvolvida
por cientista chileno” (2019), clique aqui.

1.1.3 Teoria da Transdisciplinaridade

Para começar, é interessante que você compreenda a relação entre:


disciplinaridade, multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade. Vamos lá?

Daniel Silva (2000) apresenta uma sistematização para esses conceitos, veja a seguir:

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Dimensões disciplinares.
Fonte: CEPED/UFSC (2023).

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A transdisciplinaridade, como você pode observar, requer a construção de um
espaço de diálogo e intercâmbio entre saberes: científicos, filosóficos, tradicionais e
populares. Desse diálogo surge uma construção coletiva de um conhecimento novo,
que inclua os universos de conhecimento daqueles que participam.

As dimensões disciplinares não se superam, invalidam, nem excluem umas às outras.


A ideia não é desfazer a disciplinaridade para alcançar a transdisciplinaridade. Cada
uma delas possui sua função e importância.

É importante que haja a disciplinaridade, para haver


transdisciplinaridade. Então, valorizar cada pessoa a partir de
sua história, cultura e identidade no compartilhamento de seus
saberes no processo pedagógico.

Transdisciplinaridade, como o prefixo “trans” indica, diz respeito àquilo que está
ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de
qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente para o qual
um dos imperativos é a unidade do conhecimento (Nicolescu, 1999).

Basarab Nicolescu (1999) em seu “Manifesto da Transdisciplinaridade”, apresenta


uma estrutura para a melhor compreensão dessa teoria, onde segundo ele:

A Transdisciplinaridade requer o desenvolvimento


do pensamento complexo, capaz de perceber a
complexidade multidimensional do mundo. Cada
pessoa vê o mundo com o conhecimento que tem.
Quanto maior o conhecimento, mais se consegue
perceber o mundo com todas as suas especificidades.

Percebeu como trabalhar a educação com a transdisciplinaridade requer a inclusão


dos múltiplos saberes e o exercício do pensamento complexo nos processos
pedagógicos? Ser transdisciplinar requer abertura para a diversidade, rigor ético
e científico no diálogo e na construção pedagógica. Significa, por fim, exercer a
compreensão no diálogo e na construção do conhecimento.

Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!

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43
Referências

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

FRONTEIRAS DO PENSAMENTO. Edgar Morin: é preciso educar os


educadores. Fronteiras do pensamento, [s.l.], 2017. Disponível
em: https://www.fronteiras.com/leia/exibir/entrevista-edgar-morin-
e-preciso-educar-os-educadores. Acesso em: 1 nov. 2023.

MORIN, E. Os setes saberes necessários à educação


do futuro. São Paulo: Cortez, UNESCO, 2000.

MATURANA, H. et al. (Orgs.). A Ontologia da Realidade.


Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997.

MATURANA, H; NISIS, R. S. Formação Humana e


Capacitação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

NICOLESCU, B. O manifesto da transdisciplinaridade. São Paulo: TRIOM, 1999.

PAIS, A. Autopoiesis: a teoria sobre a vida desenvolvida por cientista


chileno. BBC News Brasil, [s.l.], 2019. Disponível em: https://www.
bbc.com/portuguese/geral-47464093. Acesso em: 1 nov. 2023.

SILVA, D. J. O Paradigma Transdisciplinar: uma perspectiva


metodológica para a pesquisa ambiental. In: PHILIPPI Jr., Arlindo (Org.).
Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus, 2000.

TEORIA da Complexidade - Visão Geral. [S.l.: s.n.], 2018. 1 vídeo (11


minutos). Publicado pelo canal Emergir Co. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=iTe8h0wsujg. Acesso em: 1 nov. 2023.

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44
Unidade 2: Pedagogia Interativa Transdisciplinar

Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de recordar processos educacionais de


aprendizagem que integrem a transdisciplinaridade para a formação em sustentabilidade.

2.1 Pedagogia Interativa Transdisciplinar

A Pedagogia Interativa Transdisciplinar se apresenta como oportunidade para


orientar processos pedagógicos de aprendizagem que incluam a diversidade de
saberes e experiências. Dessa forma, busca-se valorizar os contextos ambientais,
sociais, culturais, econômicos e políticos. Com isso, promove-se a construção do
conhecimento a partir das emoções, percepções e visões de mundo dos envolvidos,
tendo o conhecimento científico como referência de rigor da relação ensino e
aprendizagem.

Fonte: Freepik (2023).

O conceito de Interação vem da teoria da Autopoiesis, que parte da compreensão


de que as transformações e os processos de aprendizagem ocorrem a partir das
interações entre os sistemas vivos e o ambiente com o qual eles convivem, se
relacionam e promovem seus intercâmbios.

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45
Então, na interação entre um sistema vivo e seu meio,
embora o que aconteça no sistema esteja determinado
por sua estrutura, e o que aconteça no meio esteja
determinado pela estrutura do meio, é a coincidência
desses dois fatores que seleciona que mudanças de
estado ocorrerão (Maturana, 1997).

Em “Água, Compartilhamento e Cultura de Paz” (2020) você encontra um conjunto


de artigos, entre os quais o artigo “Participação social na gestão da água – uma
perspectiva transdisciplinar”, no qual a autora Roseane Palavizini apresenta os
passos da Pedagogia Interativa Transdisciplinar.

Acesse o livro:

Água, Compartilhamento e Cultura de Paz

A Pedagogia Interativa Transdisciplinar é apresentada por Palavizini (2021), em


sete momentos, com destaque para orientações pedagógicas a seguir:

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Pedagogia Interativa Transdisciplinar.
Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

Agora que você conheceu algumas orientações pedagógicas, assista à videoaula


sobre os quatro pilares da educação da Unesco, elaborados em 1999 pelo
professor político e econômico francês, Jacques Delors, que regem a educação e
determinam o que não pode faltar numa sala de aula:

Videoaula: Pilares da Educação

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2.2 Processos de Aprendizagem Aplicados para a Formação em
Sustentabilidade

No processo de aprendizagem é importante reconhecer que cada pessoa traz


consigo sua bagagem histórica, cultural e ambiental, que faz parte da sua forma de
conhecer, aprender, pensar e atuar.

Quando ouvimos uma pessoa falar a partir do seu saber e experiência e respeitamos
seu conhecimento, reconhecemos sua legitimidade no mundo.

A valorização desse saber implica o fortalecimento da sua


identidade. Essa estrutura compõe os primeiros alicerces para o
aprendizado.

A interação prevê relações mútuas, de intercâmbio de saberes e experiências,


possibilitando as transformações entre as pessoas, ampliando seus conhecimentos
e ressignificando sua experiência no mundo. Afinal, diferente dos recursos finitos –
como a água, que ao ser consumida, sem limite, torna-se escassa, o conhecimento é
infinito, e quanto maior a interação e o intercâmbio, mais ideias e mais conhecimentos
passam a habitar aqueles que interagem no processo de aprendizagem.

Fonte: Freepik (2023).

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48
Além dos fundamentos da Interação e da Transdisciplinaridade, outros dois são
essenciais na concepção da pedagogia, sendo elas as Emoções e o Amor.

A Autopoiesis traz uma outra referência de grande importância para os processos


educativos – a valorização das emoções no processo cognitivo.

Maturana (1998) revela que são as emoções que movem o que é vivo e que promovem
o ponto de partida do processo de aprendizagem. Ressalta ainda a função do amor
como emoção responsável pelo reconhecimento e respeito do outro como legítimo
outro na convivência.

O amor é a emoção que constitui o domínio de ações


em que nossas interações recorrentes com o outro
fazem do outro um legítimo outro na convivência
(Maturana, 1997).

A partir desse conceito de amor, Daniel Silva (1998) propôs a Pedagogia do Amor,
que favorece a construção participativa de conceitos, em quatro momentos.

1• Valorização da subjetividade dos participantes, perguntando para


cada pessoa sua visão sobre uma determinada palavra.

2• Interação entre os participantes, promovendo a intersubjetividade.

3• Conhecimento científico sobre o conceito, agregando a objetividade.

4• Construção coletiva de um novo conceito a partir das subjetividades,


interagindo com a objetividade.

Ao construir uma proposta ou projeto de educação ambiental deve-se ter como


objetivo promover a reflexão dos alunos, se o público principal for escolar, e
até mesmo a população, para uma compreensão fundamental dos problemas
existentes, considerando os pontos críticos da presença humana no ambiente,
e a responsabilidade individual no planeta.

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Desenvolve-se assim, as competências e valores que conduzirão o pensar sobre
outras perspectivas as próprias atitudes e consequências para o com meio ambiente,
se colocando como integrante deste e demandante dos recursos disponíveis.

A Educação Ambiental é de muita importância, pois além de


conscientizar as pessoas faz com estas executem projetos, ideias,
opiniões e trabalhos relacionados a sustentabilidade e também a
preservação ambiental (Jacobi, 2005).

É nesse raciocínio que o processo de aprendizagem deve seguir, considerando a


bagagem individual de cada pessoa, na construção de um todo, no qual pessoas,
animais, vegetais, recursos minerais e outros elementos essenciais à vida, estão
interligados, e são fatores limitantes da vida para todos os componentes da natureza,
principalmente a água.

Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos.
Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos!

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50
Referências

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

JACOBI, P. R. Educação ambiental: o desafio da construção de um


pensamento crítico, complexo e reflexivo. Revista Educação e
Pesquisa – USP, São Paulo, v.31, n.2, p. 233-250, 2005.

MORIN, E. Os setes saberes necessários à educação


do futuro. São Paulo: Cortez, UNESCO, 2000.

MORIN, E; MOIGNE, J. A inteligência da complexidade.


São Paulo: Peiropolis, 2000.

MATURANA, H. et al. (Orgs.). A Ontologia da Realidade.


Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997.

MATURANA, H. Emoções e Linguagem na Educação e


na Política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

PALAVIZINI, R. Participação Social na Gestão da Água: Uma Perspectiva


Transdisciplinar. In: CATALÃO, V.; RIBEIRO, S. (Orgs.). Água,
Compartilhamento e Cultura de Paz. Brasília: CIRAT, 2021. Disponível em:
https://ondasbrasil.org/wp-content/uploads/2021/06/Livro-%C3%81gua-
Compartilhamento-e-Cultura-de-Paz.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

SILVA, D. Uma abordagem cognitiva ao planejamento estratégico do


desenvolvimento sustentável. 1998. 240f. Tese (Doutorado Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis, 1998.

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51
Módulo

3
Trilhas e Caminhos para a
Sustentabilidade Ambiental
na Escola
Você vai perceber que este Módulo está pautado na ampliação do conhecimento
sobre uma educação baseada na sustentabilidade, tendo a Escola como ambiente
de transformação e construção da alfabetização ecológica.

As unidades apresentadas neste módulo têm como objetivos reconhecer conceitos


e questões estratégicas desse processo, assim como, diferenciar pilares para a
sustentabilidade e a concepção da escola sustentável. Procure observar, nesse
processo, que o educador pode e deve não apenas entender-se como condutor
de mudança para os seus alunos em sala de aula, mas também como articulador e
indutor de uma construção coletiva para a sustentabilidade no ambiente escolar.

Unidade 1: Alfabetização Ecológica


Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de reconhecer conceitos e questões estratégicas
acerca da alfabetização ecológica.

1.1 Alfabetização Ecológica

A Alfabetização Ecológica, também conhecida como Ecoalfabetização, foi proposta


por Fritjof Capra em seu livro “A Teia da Vida”. Nele, Capra ressalta a compreensão
de que a natureza sustenta a teia da vida e, portanto, é preciso compreender como
se dá essa sustentação e aprender com a lógica ecológica dos ecossistemas. É nesse
pensamento do autor que será consolidado o entendimento do conhecimento para
a educação baseada na sustentabilidade.

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A educação para uma vida sustentável estimula tanto
o entendimento intelectual da ecologia como cria
vínculos emocionais com a natureza.
(Capra, 2006, p.15).

Capra (2006) fala da linguagem da natureza e dos princípios da sustentabilidade,


apresentando seis mudanças de ponto de vista necessários ao desenvolvimento da
forma de pensar “contextual” ou sistêmica:

Das partes para o todo


Os sistemas vivos são totalidades integradas cujas propriedades não podem
ser reduzidas às suas partes menores.

Dos objetos para as relações


Um ecossistema não é a reunião de espécies, mas uma comunidade. [...] Na
prática, as organizações formadas de acordo com esse princípio ecológico
têm mais probabilidade do que as outras de estabelecer processos baseados
no relacionamento, como a cooperação e a tomada de decisão por consenso.

Do conhecimento objetivo para o conhecimento contextual


A mudança de foco das partes para o todo implica uma mudança do
pensamento analítico para o pensamento contextual.

Da quantidade para a qualidade


Nem todas as relações e contextos podem ser colocados numa escala ou
medidos com uma régua.

Da estrutura para o processo


Os sistemas se desenvolvem e evoluem. Dessa forma as estruturas vivas estão
sempre em movimento, ligadas à renovação, mudança e transformação.

Dos conteúdos para os padrões


Os mapas das relações revelam configurações que se repetem, formando
padrões. Os sistemas de vida são estudados a partir de seus padrões.

Em relação às implicações para a educação, a Ecoalfabetização valoriza a linguagem


de padrões a partir da valorização das diversas linguagens artísticas nos

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processos de aprendizagem (artes visuais, dramáticas, musicais, poesia e literatura).
Assim, também propõe o pensamento sistêmico como oportunidade para integrar
disciplinas acadêmicas.

Fonte: Freepik (2023).

A Ecopedagogia aborda também a relação da pessoa com o lugar onde ela vive e
as tradições culturais das quais ela faz parte. Nessa perspectiva são destacadas as
pedagogias que valorizam a bacia hidrográfica, os biomas, os ecossistemas e
demais especificidades que conformam e fortalecem a identidade e o pertencimento
da pessoa com o seu território.

Com um olhar pedagógico, diversos autores abordam aspectos relevantes para a


construção da alfabetização ecológica, e um deles pode ser melhor representativo
ou complementar em cada indivíduo, grupo de alunos, comunidade escolar, até
mesmo contexto local onde o espaço educacional está incorporado.

Veja, a seguir, alguns olhares diferentes nos processos educacionais, de acordo com
diversos autores.

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Pedagogia Indígena Representante: Malcolm Margolin

Ressalta um olhar sobre as técnicas tradicionais de educação dos índios californianos. Ele aborda
o significado do canto, a ideia de centro do mundo, a construção de uma casa redonda, a lenda
do pombo selvagem. Essa visão é inspiradora para motivar as crianças, adolescentes e adultos
sobre a importância do conhecimento tradicional, que vai além dos meios formais, valorizando a
vivência, a experiência e a inspiração de todos, com suas culturas.

Lugar e pedagogia Representante: David W. Or

Diferencia o conceito de habitante – como aquele que conhece seu lugar; do residente – que
possui relações mais superficiais com o lugar onde vive. Essa perspectiva motiva a valorização
de afetos com o território, ampliando o sentimento de amor a partir do conhecimento deste
território.

Para preservar é preciso amar. Para amar é preciso conhecer.

Educação ambiental e artística Representante: Pamela Michael

Avalia despertar o amor das crianças pelo planeta Terra. Por meio de poemas, a autora
promove a reflexão sobre a água, sobre a espécie humana, sobre o ciclo ecológico e suas redes,
demonstrando a importância da arte nos processos pedagógicos.

Integrar a arte nos processos pedagógicos, como literatura, poesia, músicas, etc. é
aproximar as crianças, adolescentes e adultos, da questão ambiental, a partir da
ludicidade, da alegria e do diálogo entre culturas.

Mapear a sua própria biorregião Representante: Peter Berg

Procedimento metodológico tem como ponto de partida o seu lugar, ou o lugar onde você mora,
ou o lugar onde se situa a escola, e incorporar os elementos ambientais relacionados, como os
cursos d’água, rios, lagoas, cachoeiras, manguezais, locais de matas e florestas, áreas protegidas
e/ou unidades de conservação.

Que tal exercitar essa ideia com seus alunos?


Essa pode ser uma atividade inspiradora para realizar na escola. Oriente-os a fazer um desenho
de montanhas ou elementos geográficos que demarcam a bacia hidrográfica em que seu
espaço escolar ou comunidade está inserido, incluindo espécies vegetais e animais nativos. Após
mapear o ambiente natural, oriente a identificação da presença humana: locais de interesse
histórico e cultural, locais de comunidades e suas especificidades, locais onde são destinados os
resíduos, estações de tratamento de água e esgotamento sanitário, e tudo que ilustre a vida e a
relação das pessoas, com os ecossistemas em sua biorregião.

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Liderança e a comunidade de Representantes: Zenobia Barlow, Sara Marcelino e Michael
aprendizes Stone

Ressaltam os desafios para essa construção da escola como uma comunidade de aprendizes,
refletindo desafios e estratégias. Um ponto de partida é reconhecer que a escola não está
fechada em si mesma. Ela é parte da comunidade. Ela é construída a partir das pessoas que nela
atuam: estudantes, professores, gestores, funcionários e famílias.

Como você observou, a Alfabetização Ecológica reúne um conjunto de fundamentos


teóricos e práticos que podem ser apreendidos a partir de várias abordagens
relacionadas à valorização da relação do ser humano com a natureza que ele
integra, fortalecendo afetos, conhecimentos e o sentimento de identidade e
pertencimento ao seu território e ambiente.

Para auxiliar e inspirar sua prática


docente, no livro “Ecoalfabetização:
Estudos e práticas em educação
ambiental voltadas ao espaço escolar”
(2019), o autor José Pedro relata suas
experiências e reflete sobre as práticas
realizadas na escola.

Fonte: Freepik (2023).

Para ler o material de José Pedro, clique aqui.

1.2 Educação Ambiental e o Contexto do Nexo Água-Energia-Alimento

Considere, neste momento, as diversas metodologias educacionais que incorporam


a temática da água como fio condutor da construção do pensamento crítico da
sustentabilidade, e os elementos que contribuem para que você possa trabalhar as
questões de complexidade, transdisciplinaridade, auto-organização, embasadas
nas teorias pedagógicas:

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• a percepção da educação ambiental como processo de integração
das questões ambientais, sociais e econômicas;

• o envolvimento das políticas públicas e articulação de atores sociais


em ferramentas e instrumentos de governança.

Os desafios observados na construção da Educação Ambiental (em não ser apenas


constituída de ações pontuais em datas da agenda ambiental, ou mesmo eventos
que simbolizam a relação homem-natureza) vêm sendo incorporados em muitas
experiências e práticas educacionais que consolidam o conceito mais amplo de
Educação para a Sustentabilidade.

Pensando nessas realizações do cotidiano, reflita sobre o papel do educador e das


instituições de promoção da educação ambiental:

Você realiza com seus alunos atividades especiais


em datas comemorativas da agenda ambiental?

O dia 22 de março, onde é comemorado o Dia


Mundial da Água, é diferente em seu contexto
educacional?

Essas atividades são integradas com a escola?

Que tal incorporar essas atividades de forma


rotineira por meio de sequência didática, projetos
Fonte: Freepik (2023). ou eletivas? Acha possível?

Compartilhar metodologias educacionais, sequências didáticas, projetos


interinstitucionais, atividades práticas e de fácil execução, tem essa função de
inspirar e atingir a integração em diversidade cultural e histórica, em diferentes
contextos regionais e até mesmo estaduais.

Tais contextos ultrapassam uma simples receita e exigem também um pensamento


crítico e capacitação do educador e dos espaços educacionais, (formais ou não)
nessa responsabilidade de transformação.

Considere, então, que o desenvolvimento sustentável ​​é a grande preocupação


do setor agropecuário no consumo de água, onde o cerne da discussão é a
interconexão do Nexo água, energia e alimento.

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Fonte: Freepik (2023).

Esta relação dá-se, principalmente, pela agricultura, em função da produção de


alimentos para o mundo, que é o maior setor consumidor de recursos de água
doce do mundo e a água é utilizada para produzir a maior parte das formas de
energia.

A demanda por todos os três (água, energia e alimento) está aumentando


rapidamente. Para resistir às pressões atuais e futuras, os governos devem
assegurar uma gestão integrada e sustentável da água, dos alimentos e da energia
para equilibrar as necessidades das pessoas, da natureza e da economia.

Dados apontados por organizações internacionais que avaliam o Nexo, como a


Organização das Nações Unidas (ONU) Água e a Organização das Nações Unidas
para Agricultura e Alimentação (FAO), reforçam o grande desafio na Gestão de
Recursos Hídricos.

Ações integradas são demandadas para mitigar a pressão sobre os recursos hídricos,
e a relação com a demanda pelos múltiplos usuários e futuros efeitos adversos, em
decorrência das mudanças climáticas. Observe na imagem a seguir:

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Água, alimentos e energia – ONU-Água (2023).
Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

Anualmente, a ANA publica dados detalhados que servem


como uma valiosa fonte de pesquisa para educadores e alunos
interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre os
recursos hídricos do país. Ao acessar o portal da ANA (disponível
aqui) é possível encontrar dados atualizados no tocando às
disponibilidades e usos das águas no contexto brasileiro.

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Considerando a integração do Nexo e a contextualização de seu debate, é importante
refletir sobre esses aspectos no processo educacional, integrando atividades práticas
e projetos que conectem instituições de ensino e os diversos atores sociais envolvidos
na tomada de decisão, principalmente, para que tenhamos alternativas e resoluções
integradas e que contemplem a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

De uma forma ilustrativa, você pode visualizar um esquema, desenvolvido por Hoff
(2011), que apresenta uma reflexão sobre o Nexo, centrado no abastecimento de
água, energia e alimentos, todos ligados aos recursos hídricos disponíveis e sofrendo
a interferência das tendências globais, incluindo a urbanização, o crescimento
populacional e as mudanças climáticas.

Por meio de recursos financeiros, governança e inovações, o objetivo é promover a


água, energia e segurança alimentar para todos, incorporando o crescimento equitativo
e sustentável, em um ambiente flexível e produtivo. Veja o infográfico a seguir:

O nexo água-energia-alimento segundo a Conferência de Bonn (2011).


Fonte: Hoff (2011). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

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A abordagem do Nexo água, energia e alimento representa parte da complexidade
inerente à compreensão do que realmente significa sustentabilidade, além daquela
implícita nas iniciativas para encontrar maneiras de produzir, consumir e viver de
forma sustentável.

Ao destacar essas dependências mútuas e as intrincadas consequências das decisões


relativas às formas de produzir e consumir esses elementos, essa abordagem pode
criar uma referência robusta para a educação e a gestão (Balestieri et al., 2022).

Chegou o momento de assistir à videoaula que traz mais uma reflexão sobre o Nexo
água, energia e alimento. Acompanhe!

Videoaula: Nexo Água-energia-alimentos

Aproveite para conhecer mais sobre alguns projetos educacionais


que integram o Nexo Água, Energia e Alimento. Acesse o vídeo: “A
USP na Comunidade Vídeo Relatório”, clique aqui.

Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!

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Referências

BALESTIERI, J. A. P. et al. Youth knowledge and perceptions about the water-energy-


food nexus: challenges and learning gained from interdisciplinary research on
education for sustainability. In: MOREIRA, F. et al. (Orgs.). The Water-energy-food
Nexus: What The Brazilian Research Has To Say. São Paulo: Faculdade de Saúde
Pública da USP, 2022. p. 129-143. Disponível em: https://www.livrosabertos.sibi.
usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/view/817/727/2680. Acesso em: 1 nov. 2023.

CAPRA, F. Alfabetização Ecológica: A educação das crianças


para um mundo sustentável. São Paulo: Ed. Cultrix, 2006.

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

HOFF, H. Understanding the Nexus. Background Paper for the


Bonn 2011 Conference: The Water, Energy and Food Security
Nexus. Estocolmo: Stockholm Environment Institute, 2011.

NASCIMENTO, J. P. T. do. Ecoalfabetização: estudos e práticas em


educação ambiental voltadas ao espaço escolar. Pilar: Edição do
autor, 2019. Disponível em: https://www.profbio.ufmg.br/wp-content/
uploads/2021/01/TCM_jose_Pedro.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

PROFCIAMB. A USP na Comunidade Vídeo Relatório. [S.l.: s.n.],


2023. 1 vídeo (8 minutos). Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=6HBcE0h0CPw. Acesso em: 1 nov. 2023.

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Unidade 2: Sustentabilidade Ambiental na Escola
Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de diferenciar pilares para a sustentabilidade
escolar e a ideia de Escola Sustentável.

2.1 Escola Sustentável: Estrutura Básica e sua Concepção

A concepção preliminar de Escola Sustentável tem origem na publicação do Ministério


da Educação intitulada Vamos cuidar do Brasil com escolas sustentáveis: educando-nos
para pensar e agir em tempos de mudanças socioambientais globais (Brasil, 2012).

Esse documento é bem enfático em afirmar que o professor é a pessoa-chave na


animação do processo de transformação. Possibilitando orientações para inserir as
temáticas em suas aulas, buscando ligações entre as diferentes disciplinas.

Queremos que o exercício coletivo de pensar novos


hábitos e culturas na escola inspire a gestão escolar a
modificar práticas enraizadas. Esse movimento criativo
auxiliará a comunidade escolar a buscar soluções
para modificar os espaços construídos e revisitar os
currículos, tornando-os coerentes com as premissas
da sustentabilidade socioambiental (MEC, 2012).

Mas, afinal, o que é uma escola sustentável?

Trata-se de um local onde se desenvolvem processos educativos permanentes e


continuados, capazes de sensibilizar o indivíduo e a coletividade para a construção
de conhecimentos, valores, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
construção de uma sociedade de direitos, ambientalmente justa e sustentável.

Uma escola sustentável é também uma escola inclusiva, que


respeita os direitos humanos e a qualidade de vida e que valoriza
a diversidade.

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De forma complementar ao abordado pelo MEC, o conceito de Escola Sustentável
apresentado está fundamentado no Guia Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade
Ambiental das Escolas do Distrito Federal, produzido pela Agência Reguladora de Águas,
Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), em parceria com a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em diálogo com
diferentes especialistas e instituições.

Conheça a experiência dos desafios na concepção da Escola


Sustentável, no Guia Trilhas e Caminhos. Clique aqui.

2.1.1 Pilares para a Sustentabilidade Escolar

O conceito da Escola Sustentável propõe quatro pilares: a gestão democrática para


a sustentabilidade, o espaço físico/ambiente escolar, o currículo/pedagogia e a
governança para um território sustentável. Na figura abaixo você observa como
esses pilares estão conectados e em seguida a integração dos aspectos necessários
para a consolidação da Escola Sustentável.

Currículo e pedagogia para


sustentabilidade TEC
AL N OL
IGI T OG
D IA
ÃO SU
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UN

EN
M


CO

V
EL

Gestão democrá Espaço e ambi


tica para susten ente escolar
tabilidade sustentáveis

Governança para um
território sustentável

Conceito de Escola Sustentável - Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade


Ambiental das Escolas do Distrito Federal. Fonte: Adasa (2018).

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1 ESPAÇO E AMBIENTE ESCOLAR SUSTENTÁVEIS
Na Escola Sustentável, o espaço físico cuida e educa, a edificação e o entorno
arborizado são desenhados para proporcionar melhores condições de
aprendizagem e de convívio social. As edificações integram-se com a paisagem
natural e o patrimônio cultural locais, incorporando tecnologias e materiais
adaptados às características de cada região e de cada bioma (Brasil, 2012).
Cuidado em criar e manter ambientes saudáveis na escola contribuirá
para a saúde física e psíquica dos seus estudantes, professores, gestores e
funcionários.

2 GESTÃO DEMOCRÁTICA PARA A SUSTENTABILIDADE


Na escola sustentável, a gestão cuida e educa, pois encoraja o respeito à
diversidade, a mediação pelo diálogo, a democracia e a participação. Com
isso, o coletivo escolar constrói mecanismos mais eficazes para a tomada de
decisões. Em algumas escolas, esse processo se dá com o apoio da Comissão
de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (MEC, 2012). A Gestão
Democrática na Escola Sustentável é baseada no diálogo, na transparência e
no compartilhamento de responsabilidades.

3 CURRÍCULO E PEDAGOGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE


Na escola sustentável, o currículo cuida e educa, pois é orientado por um
projeto político-pedagógico que valoriza a diversidade e estabelece conexões
entre a sala de aula e os diversos saberes: os científicos, aqueles gerados no
cotidiano das comunidades e os que se originam de povos tradicionais. E,
sobretudo, incentiva a cidadania ambiental, estimulando a responsabilidade
e o engajamento individual e coletivo na transformação local e global (Brasil,
2012). O currículo na Escola Sustentável reflete os princípios, objetivos e
estratégias dos caminhos da sustentabilidade. Cada caminho possui seu
conjunto de conteúdos e estratégias para serem incorporados no Projeto
Político Pedagógico da Escola.

4 GOVERNANÇA PARA UM TERRITÓRIO SUSTENTÁVEL


Na escola sustentável, a governança forma o cidadão para ser e atuar como
gestor do seu território, conhecendo as políticas públicas e suas diferentes
atribuições, aplicadas à realidade onde a escola está inserida: planejamento e
gestão do uso e ocupação do solo, conservação da biodiversidade (unidades de
conservação), gestão das águas (bacias hidrográficas), saneamento, resíduos
sólidos e muitas outras, orientadas no projeto político-pedagógico da escola.
Incentiva a cidadania política e ambiental, e a responsabilidade individual e
coletiva na transformação local e global.

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2.1.2 Diretrizes da Escola Sustentável

O guia “Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental nas ​​Escolas do Distrito


Federal” reúne oito diretrizes para a Escola Sustentável. Conheça essas diretrizes
a seguir.

• Educação para a • Educação Científica;


Sustentabilidade na formação
de uma Cidadania Política, • Educação e Gestão Ambiental
Ambiental e Planetária/Global; Sustentável;

• Educação Ambiental na • Educação e Gestão Sustentável


Formação de uma Cultura de da Água; Educação e Gestão
Paz e Sustentabilidade; Sustentável dos Resíduos Sólidos;

• Educação na construção de • Educação e Gestão Sustentável


uma Escola Saudável; do Esgotamento Sanitário.

Fonte: Freepik (2023).

2.1.3. Caminhos para uma Escola Sustentável

A Escola Sustentável é proposta a partir de nove caminhos que podem ser


desenvolvidos na escola no formato da sua escolha. Os caminhos não configuram
uma ordem. A escola pode decidir desenvolver um ou mais caminhos, na ordem
que melhor lhe convier. Aos poucos a escola vai incluindo outros caminhos, até
alcançar a incorporação dos nove caminhos propostos. A escola pode, ainda, propor
outros caminhos por ela criados.

Conheça, então, os Caminhos da Escola Sustentável apresentados no Guia Trilhas


e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental das Escolas do Distrito Federal.

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66
Caminhos da Escola Sustentável.
Elaboração: CEPED/UFSC (2023)

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67
Você percebeu que os assuntos abordados em cada caminho convergem para a
ideia de sustentabilidade, e têm grande integração com a temática água, trazendo
o elemento como fio condutor em muitas questões da nossa sociedade, como as
mudanças climáticas, as fontes de energias renováveis, a gestão da água, bem como
dos seus efluentes, tratando o saneamento básico como um elemento importante.

Conheça uma experiência a mais de prática pedagógica aplicadas


para a sustentabilidade em espaço escolar, com incentivo da
Agenda 2030 da ONU. Assista ao vídeo Acesse: “Como começar a
incluir a sustentabilidade na escola”, clique aqui.

Que bom que você chegou até aqui! Agora é hora de você testar seus conhecimentos.
Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons
estudos!

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68
Referências

ADASA. Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental


nas Escolas do Distrito Federal – Escolas Sustentáveis. Brasília:
Adasa, 2018. Disponível em: http://www.adasanaescola.df.gov.br/
Documentos/Trilhas_Caminhos_Versao.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRASIL. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão.


Caderno Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis: educando-nos
para pensar e agir em tempos de mudanças socioambientais globais. Brasília,
DF: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão, 2012. Disponível em: https://www.adasanaescola.df.gov.
br/Documentos/Trilhas_Caminhos_Versao.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

COMO começar a incluir a sustentabilidade na escola. [S.l.: s.n.], 2016. 1


vídeo (3 minutos). Publicado pelo canal Canal IQX. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=al5RtYgoD_I. Acesso em: 1 nov. 2023.

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

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69
Módulo

4
Água como Matriz
Ecopedagógica e Aplicações
Educacionais
Neste módulo você vai poder ampliar seu conhecimento sobre abordagens
pedagógicas criativas, que relacionam sensibilidade e racionalidade no
desenvolvimento da temática Água em espaços educacionais e em projetos de
educação ambiental.

Unidade 1: Água como Matriz Ecopedagógica


Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de reconhecer abordagens inspiradoras para
a formação de cidadãos e sociedades sustentáveis.

1.1 Abordagens de Pesquisa-ação

A temática água apresenta um grande potencial na educação ambiental uma


vez que o elemento interage com diversas áreas e temas, refletindo também em
questões sociais e econômicas da sociedade. Como material base de conteúdo serão
abordados aspectos da experiência do Projeto Água como Matriz Ecopedagógica,
desenvolvido junto ao Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade.

A abordagem a seguir está baseada no conteúdo do livro “Água como Matriz


Ecopedagógica”, organizado pelas professoras Vera Lessa Catalão e Maria do
Socorro Rodrigues, que reúne experiências de pesquisa-ação em quinze artigos de
diferentes autores (Catalão; Rodrigues, 2006).

Relacionando as áreas de Educação Ambiental e Ecologia Humana, os artigos


apresentam ênfase na Ecopedagogia, como forma de ressignificação de valores,

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70
hábitos e atitudes cotidianas, em direção a uma gestão solidária e sustentável
da água. Embora as experiências descritas se localizem no Distrito Federal, o
aprendizado pode ser extrapolado para qualquer local.

Os objetivos orientadores do trabalho pedagógico são:

• Promover a troca – de conhecimentos, informações, práticas e


contextos – entre as escolas envolvidas no projeto.

• Buscar criar atividades coletivas entre as escolas que possam servir


ao trabalho docente cotidiano.

• Procurar reconhecer os conhecimentos locais e articulá-los aos


conhecimentos científicos.

• Promover, através da articulação dos conhecimentos, a criação de


vínculos de solidariedade e apoio entre a comunidade.

Se você ler, já no primeiro capítulo do livro Água como Matriz Ecopedagógica, você
encontrará a transversalidade como princípio pedagógico e a pesquisa-ação,
proposta por René Barbier (2002), como metodologia de formação.

A abordagem transversal e a escuta sensível são valorizadas


como atitudes epistemológicas, que devem estar presentes
nos fundamentos das metodologias e didáticas utilizadas nos
processos educativos.

A escuta sensível proposta por René Barbier (2002) como recurso metodológico é
essencial nesse processo, baseado na empatia e na aceitação do outro, capaz de
ouvi-lo de maneira respeitosa, sem julgamento, buscando a compreensão a partir
do seu contexto.

O pesquisador deve saber sentir o universo


afetivo, imaginário e cognitivo do outro para
poder compreender de dentro suas atitudes,
comportamentos e sistema de ideias, de valores, de
símbolos e de mitos (Barbier, 2002).

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71
Por fim, vem o método da Pesquisa-Ação. É importante compreender que ele foi
pensado para a atuação de um professor pesquisador, a partir de sua atuação em
quatro temáticas de desenvolvimento.

Identificação do problema e pactuação

Para iniciar um projeto com a escola ou com a


comunidade, é necessário promover a reflexão
sobre o tema, favorecendo a compreensão ampla e a
identificação dos problemas, ou questões estratégicas,
pelo grupo. A partir desse diagnóstico participativo,
o grupo proporá as ações que compreende como
necessárias à resolução das questões encontradas.

Planejamento e a realização espiral

Tratam de propor ações a partir do grupo, identificando


capacidades, habilidades e desenvolvendo o espírito
cooperativo e solidário. As pessoas propõem e se
disponibilizam no que consideram de maior afinidade
com as suas competências. Dessa forma, cada pessoa
ou grupo propõe e realiza ações do seu universo
de interesse, contribuindo com o objetivo maior do
projeto. A realização em espiral propõe um processo
de avaliação dinâmico e contínuo, que promove
a reflexão sobre as ações e os aprimoramentos
necessários ao alcance dos objetivos.

Técnicas e procedimentos

Para executar um projeto e seu conjunto de ações,


como monitorá-lo e avaliá-lo, para proceder os
aprimoramentos? É importante definir com o grupo as
técnicas e procedimentos para esse monitoramento
e controle. Desde medidas objetivas, quando
possível, até observações subjetivas. Para as medidas
objetivas, uma planilha de acompanhamento, com
definição das metas, pode atender plenamente.

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72
Análise, territorialização, avaliação dos resultados

Propõe o ciclo: ação, avaliação, reflexão e ação,


continuamente. Esse ciclo requer a realização
consciente e atenta das ações. Para que haja
avaliação e reflexão, o executor precisa conhecer
o problema, os objetivos e as soluções desejadas.
Só assim poderá refletir as ações implementadas
e aprimorá-las, continuamente. Por essa razão,
todos são planejadores e executores. Todos que
Fonte das imagens:
Freepik (2023). participam são tomadores de decisões e, por isso, são
corresponsáveis e solidários ao projeto e à missão.

Para conhecer mais sobre o projeto acesse: Água como Matriz


Ecopedagógica – CIRAT – Centro Internacional de Água e
Transdisciplinaridade se desejar desenvolver um projeto
ambiental com a escola e a comunidade. Clique aqui.

Independente dos projetos estabelecidos, ações pontuais e atividades educacionais


podem ser realizadas como oficinas e dinâmicas, contribuindo com diferentes
aspectos da formação cidadã e na discussão de temas relacionados à sustentabilidade,
e que promovam a prática, que você verá a seguir.

1.2 Repercussão da Aprendizagem nas Comunidades

O desenvolvimento da prática pedagógica na comunidade escolar ou mesmo em espaços


não formais de ensino devem ser aprofundados por meio de experiências que vão
contribuir na repercussão da aprendizagem. Podem ser utilizadas atividades diversas
para tratar a temática água e incorporar a sustentabilidade no contexto educacional.

Entre as atividades desenvolvidas pelo projeto estão:

• horta escolar; • replantio de mata ciliar;

• plantio de uma área no • viveiro para cultivo de mudas e


modelo agroflorestal; gramíneas;

• limpeza dos córregos e nascentes;

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73
• excursões educativas com • oOficinas de práticas sustentáveis
os alunos para unidades para a comunidade e para
de conservação, estações funcionários das escolas; e
de tratamento de água e
esgoto e projetos de manejo • cursos de Alfabetização Ecológica
ambiental e sustentabilidade; e viveiros escolares.

Além disso, oficinas diversas podem servir de inspiração para sua prática na escola, como:
oficina de papel, oficina alimentação viva, oficina ciranda multicolor, oficina pedagógica
de teatro e oficina de brinquedos populares. Essas e muitas outras atividades podem
ser utilizadas e adaptadas em projetos com as escolas e comunidades.

Crie as suas oficinas, a partir dos objetivos que você pretende


alcançar com a atividade.

A partir das concepções e abordagens apresentadas no livro Água como Matriz


Ecopedagógica, ressaltamos aqui os principais aspectos metodológicos observados.

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74
Principais aspectos metodológicos.
Elaborado por: CEPED/UFSC (2023).

Partindo dessas referências e de sua experiência, realize uma reflexão sobre


sua prática educativa e da sua escola. Identifique os aspectos convergentes e
divergentes. Liste ações para aprimorar. Crie atividades inspiradoras.

Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!

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75
Referências

BARBIER, R. A Pesquisa-Ação. Brasília: Ed. Plano, 2002.

BRASIL. Lei nº. 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação


ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1999. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 1 nov. 2023.

CATALÃO, V. L.; RODRIGUES, M. do S. (Orgs.). Água como Matriz


Ecopedagógica – um projeto a muitas mãos. Brasília: Edição limitada, 2006.

CENTRO INTERNACIONAL DE ÁGUA E TRANSDISCIPLINARIDADE (CIRAT).


Água como Matriz Ecopedagógica. Centro Internacional de Água
e Transdisciplinaridade, [S.l.], [S.d.]. Disponível em: http://cirat.org/
projetos/agua-como-matriz-ecopedagogica/. Acesso em: 1 nov. 2023.

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

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76
Unidade 2: Aplicações Educacionais Inspiradoras
Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de reconhecer as abordagens educacionais


criativas para proporcionar práticas educacionais.

2.1 Casos de Aplicação Educacional na Temática Água e


Sustentabilidade

Os Casos de aplicação educacional que você vai conhecer agora fazem parte da série
Guias Educacionais desenvolvida pelo Mestrado em Rede Nacional Profciamb
em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). São
indicadas duas atividades educacionais, sendo uma aplicada para o ensino formal
e outra para o ensino não formal.

Os Guias contemplam atividades educacionais desenvolvidas e aplicadas com


relação à temática água pelos discentes do programa ao longo do desenvolvimento
das dissertações e produtos educacionais.

Os guias possuem 88 capítulos com atividades/abordagens na temática água e 202


autores de diferentes instituições, como universidades, escolas, centros de ciências,
agências governamentais, empresas, entre outros e, como dito anteriormente, são
procedentes de todas as regiões brasileiras (Malheiros et al., 2023).

Todos os volumes dos Guias Educacionais estão disponíveis para


download, gratuitamente, para conhecê-los, clique aqui.

Para conhecer mais sobre a concepção dos Guias Educacionais, assista à videoaula
a seguir:

Videoaula: Apresentação dos Guias Educacionais

Que tal conhecer algumas dessas atividades? Veja a seguir duas atividades para os
diferentes contextos educacionais.

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Atividade 1 - Educação Infantil e Ensino Fundamental (Guia Volume II)

Esta atividade é realizada com base no Guia “Água e Sustentabilidade: Educação


Infantil e Ensino Fundamental” (Lourenço et al., 2023) e diz respeito ao capítulo
26, intitulado: “Go.Floresta – Formação do Conceito de Sucessão Ecológica através
da Relação Solo-Água-Planta”, cujos autores são: Eric Bernardino Gadelha Rocha,
Walma Nogueira Ramos Guimarães, Jarcilene Silva de Almeida.

Objetivo

Desenvolver o conceito de sucessão ecológica a partir do jogo Go.Floresta, usando a combinação


solo-água-planta como pilares dessa formação, simulando o desenvolvimento de uma
agrofloresta.

Dinâmica da Atividade

As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) são importantes recursos


para a prática docente e fazem a integração entre alunos e escolas, criando ambientes de
fortalecimento do engajamento estudantil, enquanto é desenvolvida uma cultura digital escolar,
ou uma Cibercultura Escolar com diferentes formas de abordagem.

Dentro da flexibilidade das TDICs, as mecânicas abordadas por McGonigal, a gamificação é muito
bem-vinda e tem uma grande importância como recurso motivador para os alunos, envolvendo
diretamente os estudantes de acordo com a teoria da aprendizagem móvel de Sharples, em
que a aprendizagem é construída usando múltiplos contextos entre pessoas e tecnologias.
Dessa forma, temos a produção de um game digital com mecânicas da gamificação que aborda
processos da sucessão ecológica, sob um design inspirado no mundialmente popular Minecraft
para formar conceitos científicos através da experiência.

Preparativos

Os estudantes serão convidados a baixar o game com antecedência em casa, assim, no dia
combinado pelo professor, todos levarão os smartphones com o jogo já instalado.

1º momento Ferramentas: smartphone e internet.

Kahoot: em sala, os estudantes irão responder a um quiz de perguntas criado no Kahoot© para
que se possa identificar seus conhecimentos prévios sobre a sucessão ecológica e conceitos
complementares. Para isso, faz-se uso do navegador de internet, de modo que não é necessária
a instalação prévia de um aplicativo. O professor deverá iniciar a partida clicando em “Jogar”
e posteriormente em “Assign Kahoot” (ou “Atribuir Kahoot”, de acordo com o idioma do seu
smartphone) e compartilhar o PIN de acesso às questões com sua turma. Apenas o professor
tutor terá acesso às respostas dos alunos, enquanto estes irão acompanhar o ranking de
pontuação. Todos devem iniciar a partida ao mesmo tempo, para que não haja vantagem de
ninguém. Ao finalizarem a atividade, o professor não deve corrigir as questões ainda, pois se
espera que os conceitos que contribuem para formar as respostas ainda serão formados ou
reforçados durante o jogo.

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78
2º momento Ferramentas: smartphone.

Go.Floresta: com o game Go.Floresta devidamente instalado nos smartphones, os alunos


devem jogar até que consigam plantar três árvores diferentes na sua agrofloresta, escolhendo
as espécies e distribuição do modo que preferirem. Durante esse processo, o professor deve
enfatizar a importância da água para as plantas e seu desenvolvimento; os estudantes também
devem atentar à necessidade de incidência solar e ao tipo de solo que é preciso para seu
desenvolvimento saudável.

Após serem plantadas espécies mais tolerantes, estas deixam o solo mais fértil, permitindo o
plantio de espécies mais exigentes, sendo o caso da maioria das árvores do jogo. Durante a
atividade, é fundamental que haja diálogo com os colegas de turma, identificando diferentes
possibilidades de usar o espaço usando a troca de sementes para povoar a agrofloresta em
ascensão.

3º momento Ferramentas: projetor e computador.

Vídeos complementares: para evidenciar a relação que há entre solo-água-planta, e como o


bom trabalho permite o desenvolvimento sustentável de um espaço junto a uma recuperação
ambiental, o professor deve apresentar para sua turma os vídeos “Programa Produtor de Água”
e “Agricultores Transformam Deserto em Floresta no Semiárido Brasileiro”, que mostra como a
floresta em pé contribui para a retenção de água e a restauração de nascentes de rios.

É sugerido que o professor tutor levante as seguintes questões após o vídeo:


• As florestas fazem parte do ciclo da água?
• Como seria possível plantar um rio?
• Onde essa intervenção seria mais importante entre os lugares que você conhece?

O professor deve se sentir confortável para realizar mais perguntas que estejam de acordo com
as realidades dos estudantes.

4º momento Ferramentas: papel madeira e diversos lápis.

HQ girante: para esse momento é interessante que haja um espaço amplo para produção, de
modo que os estudantes possam se acomodar sentados, formando grupos que contenham
entre quatro e seis estudantes. Deve ser utilizada a folha de papel madeira para a construção
da HQ com o eixo norteador “Florestas: onde os rios nascem”, de modo que possam ser trazidas
as experiências que foram vivenciadas no game Go.Floresta, interpretando a simulação do
reflorestamento de uma área degradada e as discussões que foram trazidas com os vídeos a
respeito da relação da água com as florestas.

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79
5º momento

Apresentações: com os estudantes distribuídos em círculo, cada grupo vai apresentar a história
que foi construída apresentada na forma de HQ, que posteriormente deve ficar exposta na sala
ou outro local adequado.

Observação: todos os momentos são avaliadores, embora culminem com uma apresentação. O
professor tutor também deve ter atenção ao engajamento e ações colaborativas dos alunos com
seus colegas durante as etapas da atividade

Para saber mais, acesse o Guia Educacional e a dissertação de


Rocha (2022). Clique aqui.

Go.Floresta (Instalador/Google Drive(

Atividade 2 - Espaços Não Formais de Educação (Guia Volume IV)

Esta segunda atividade consta no Guia “Água e Sustentabilidade: Espaços Não


Formais de Educação” (Borges et al., 2023) e consta no capítulo 13, intitulado “Gincana
Ambiental: o Lúdico como Ferramenta de Aprendizagem sobre a Problemática
Hídrica”, cujos autores são: Cícero de Jesus Ferreira de Macêdo, Karla T. Silva Ribeiro,
Sara Gurfinkel M. De Godoy.

Acompanhe como funciona a dinâmica da atividade:

Objetivo

Desenvolver práticas didático-pedagógicas interativas com o objetivo de promover o


aprendizado dos participantes sobre a importância de utilizar o recurso hídrico de forma
sustentável no ambiente escolar e familiar.

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80
Dinâmica da Atividade

Com o propósito de aperfeiçoar o conhecimento sobre a problemática que envolve o recurso


hídrico, o projeto proposto deve ser utilizado como estratégia educacional que utilize uma
metodologia composta por diferentes instrumentos de ensino: palestras sobre o tema,
construção de filtro caseiro, quiz e jogo de tabuleiro.

Essas etapas compõem a gincana repassada aos participantes para disseminar o conhecimento
sobre a problemática da água de forma lúdica e motivada.

O jogo de tabuleiro a ser desenvolvido nesta proposta tem como finalidade disseminar o
conhecimento de quais práticas são positivas ou negativas para o consumo do recurso hídrico
de forma sustentável.

Com as atividades, os participantes podem levantar ideias para solucionar os problemas


ambientais de uma forma didática e participativa. As regras e aplicações têm a finalidade de
apresentar práticas boas e ruins ao meio ambiente, dependendo das respectivas casas que o
jogador parar.

Por exemplo, uma carta pode ter o seguinte ensinamento:


“Começou bem! Colocou o vidro no coletor correto! Avance uma casa” ou “Lamentável! Espero
que a partir de hoje escove seus dentes com a torneira fechada! Perca 10 litros e fique uma
rodada sem jogar!”.

Assim, por meio do quiz, do jogo de tabuleiro e da criação de um filtro de água, os


ensinamentos sobre a questão hídrica podem ser abordados de forma mais interativa e
interessante, envolvendo os educandos na resolução dos problemas.

Ao final, a equipe que tiver os melhores desempenhos somando todas as atividades é


considerada a campeã da gincana e torna-se a equipe de tutoria ambiental para os próximos
participantes.

As atividades devem ser compostas por cinco módulos, sendo que o último utiliza uma
metodologia lúdica composta por três etapas. A partir do terceiro módulo os grupos de
participantes podem receber medalhas e pontuação, para incentivá-los a participar das
atividades.

1º momento

O educador-mediador deve apresentar palestras teóricas sobre a temática água.

2º Momento

O mediador deve aplicar questionários, para mensurar o conhecimento dos participantes.

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3º Momento

Aplicam-se as atividades da gincana, composta por três etapas (criação de filtro de água caseiro,
quiz, jogo de tabuleiro). A parte lúdica e prática da atividade (criação de filtro de água caseiro,
quiz e jogo de tabuleiro) é uma gincana denominada “Água – Problemas e Soluções!”.

Esta fase é integrada por três módulos, desenvolvidos com divisão dos participantes em equipes.

Para acessar mais informações acerca de cada módulo para


realização das atividades, acesse o Guia Educacional.

Para você conhecer mais algumas atividades educacionais, serão apresentados dois
novos casos: um para o ensino formal, e outro orientado à aplicação em espaços
não formais de ensino. Primeiro, assista à videoaula para a modalidade de ensino
formal. Acompanhe:

Videoaula: Caso Aplicado ao Ensino Formal

Agora assista à videoaula que apresenta o caso para espaços não formais de ensino:

Videoaula: Caso Aplicado ao Ensino Não Formal

O que acha de aplicar algum caso/atividade educacional apresentado ou dos guias


com seus alunos?

Acesse os guias educacionais de acordo com o seu público-alvo de atuação. Exercite


os conhecimentos adquiridos ao longo do curso para aprimorar a incorporação da
temática água e sustentabilidade no seu contexto educacional.

Que bom que você chegou até aqui! Agora é hora de você testar seus conhecimentos.
Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons
estudos!

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Referências

BORGES, A.; SILVA, G. M. N. da; LOURENCO, A. B.; DICTORO, V. P.; MALHEIROS, T. F.


(Org.). Água e sustentabilidade: espaços não formais de educação. São Paulo: Com-
Arte, 2023. Disponível em: profciamb.eesc.usp.br/wp-content/uploads/2023/03/
Agua-e-Sustentabilidade-Espacos-Nao-Formais-de-Educacao-VOL4.pdf. Acesso em:
1 nov. 2023.

LOURENCO, A. B.; DICTORO, V. P.; SILVA, G. M. N. da; BORGES, A.; MALHEIROS, T. F. (Org.).
Água e sustentabilidade: educação infantil e ensino fundamental. São Paulo: Com-
Arte, 2023. Disponível em: profciamb.eesc.usp.br/wp-content/uploads/2023/03/
Agua-e-Sustentabilidade-Educacao-Infantil-e-Ensino-Fundamental-VOL2.pdf.
Acesso em: 1 nov. 2023.

MALHEIROS, T. F.; LOURENCO, A. B.; SILVA, G. M. N. da; DICTORO, V. P.; BORGES,


A. (Org.). Água e sustentabilidade: bases conceituais para o ensino das Ciências
ambientais. São Paulo: Com-Arte, 2023. Disponível em: http://www.profciamb.eesc.
usp.br/wp-content/uploads/2023/03/Agua-e-Sustentabilidade-Bases-Conceituais-
para-o-Ensino-das-Ciencias-Ambientais_-Vol1.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

ROCHA, E. N. G. Go.Floresta: Game Educacional para Colheita Sustentável Dentro


de uma Agrofloresta. 2022. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais)
- Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2022. Disponível em: https://
repositorio.ufpe.br/handle/123456789/45667. Acesso em: 1 nov. 2023.

SILVA, G. M. N. da; LOURENCO, A. B.; DICTORO, V. P.; BORGES, A.; MALHEIROS,


T. F. (Org.). Água e sustentabilidade: ensino médio. São Paulo: Com-Arte, 2023.
Disponível em: profciamb.eesc.usp.br/wp-content/uploads/2023/03/Agua-e-
Sustentabilidade-Ensino-Medio-VOL3.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.

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83
Módulo

5
Educação para o
Desenvolvimento
Sustentável e a Agenda 2030
Você já ouviu falar na Agenda 2030? Trata-se de um documento criado
pela Organização das Nações Unidas (ONU) que aborda os 17 Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS), consiste num plano de ação para erradicar a
pobreza, proteger o planeta e garantir a sustentabilidade para todos.

Nesse cenário, a educação se apresenta como uma peça fundamental para o


cumprimento dos objetivos, já que é responsável pela formação, capacitação e
desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para a tomada de
decisões relacionadas ao meio ambiente, à justiça social e ao desenvolvimento
econômico.

Estudando essa temática, você poderá auxiliar os indivíduos na construção de um


futuro mais sustentável, equitativo e próspero para as gerações presentes e futuras!
Bons estudos!

Unidade 1: Agenda 2030 para o Desenvolvimento


Sustentável
Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de listar metas da Agenda 2030 relacionadas
ao ensino da temática água e sustentabilidade.

1.1 As Dimensões do Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030

O desenvolvimento sustentável pode ser definido como aquele que:

visa garantir a qualidade de vida das gerações atuais


e futuras, sem a degradação e/ou destruição do meio
ambiente (Bellen, 2010).

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84
Nos últimos anos, esse conceito tem evoluído, buscando englobar todas as questões
que relacionam o meio ambiente e o desenvolvimento humano, percebendo a
necessidade de uma abordagem interdisciplinar para os problemas globais, que
incorporam a visão ambiental, social, política e cultural.

Atualmente, o mundo enfrenta grandes desafios para traçar o caminho


desenvolvimento sustentável. Diante dessa problemática mundial, as Nações Unidas
(ONU) construíram a Agenda 2030, que versa sobre os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), composta por 17 objetivos e 169 metas para serem atingidas
até o ano de 2030 (ONU, 2015).

O documento consiste em um plano de ação com enfoque nos cinco P’s, que
representam as cinco esferas de maior importância para a humanidade e o planeta:
as pessoas, o planeta, a prosperidade, a paz e as parcerias. A Agenda aponta
a erradicação da pobreza como o maior desafio global, bem como um requisito
fundamental para o desenvolvimento sustentável. Compromete-se em “não
deixar ninguém para trás”, reconhecendo a dignidade do ser humano como algo
indispensável.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.


Fonte: ONU (2023).

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85
A Agenda 2030 aborda assuntos que demandam a participação de todos, o
governo, a sociedade civil e o setor privado. Entretanto, a abordagem integrada e
interdisciplinar dos ODS se configura como mais um desafio a ser cumprido pelas
cidades, no Brasil e no mundo. Assim, com o intuito de estimular e monitorar o
cumprimento dos ODS nos municípios, o Programa Cidades Sustentáveis (PCS)
lançou o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR).

O IDSC-BR visa orientar os gestores na definição de metas e


indicadores que facilitem o monitoramento dos ODS, além de
auxiliar na medição dos desempenhos das cidades e permitir
uma análise completa de cada ODS.

Agora perceba que interessante, o ODS 6 - Água Potável e Saneamento tem


como objetivo principal “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e
saneamento para todos”, visando uma atuação integrada da problemática da água
no Brasil e, ainda, considerando a transversalidade da água. Observe como o
ODS 6 está integrado aos demais objetivos:

ODS 2 ODS 3 ODS 7

Fome Zero e Saúde e Bem-Estar Energia Limpa


Agricultura Sustentável e Acessível,

ODS 13 ODS 14

Ação contra a Vida na Água


Mudança Global

De acordo com a ONU, o acesso à água potável e o saneamento básico se configuram


como um direito humano essencial, além de ser considerado um ponto central para
o desenvolvimento sustentável, implicando na saúde, alimentação e habitação da
população.

Dentre as metas do ODS 6, existem propostas referentes ao acesso à água e


saneamento para todos (metas 6.1 e 6.2), abordando questões sobre:

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86
• a qualidade da água (6.3); • proteção e restauração dos
ecossistemas (6.6);
• a eficiência do uso da água (6.4);
• ampliação da ajuda e
• implementação de uma gestão cooperação internacional (6.a);
integrada dos recursos hídricos
e cooperação transfronteiriça • além da participação social e
(6.5); de comunidades locais (6.b).

Conheça o painel interativo do ODS 6 na visão da ANA! Em 2019,


a ANA lançou a primeira edição do relatório “ODS 06 no Brasil:
Visão da ANA”. Em 2022, a segunda edição foi lançada. Clique
aqui.

1.2 ODS na Escola e nos Espaços Não Formais de Educação

A educação é um direito básico e um alicerce primordial para a execução dos


objetivos de desenvolvimento sustentável. Isso se deve ao fato de que os sistemas
educacionais devem promover competências que incitam as pessoas a refletirem
sobre as suas ações, e como elas podem impactar no âmbito social, cultural,
econômico e ambiental, em cenários atuais e futuros, seguindo uma perspectiva
local e global (Unesco, 2017).

Fonte: Freepik (2023)

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Você já reparou que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) orienta a reflexão
sobre a importância dos atores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem
frente às metas e indicadores propostos pela Agenda 2030?

O documento destaca que a educação deve oportunizar a pesquisa e o


desenvolvimento de novas tecnologias, estimulando ações que contribuam para
a transformação da sociedade, promovendo os direitos humanos e a consciência
socioambiental.

A Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), proposta pela Unesco,


reconhece a EDS como uma

educação holística e transformadora que aborda


conteúdos e resultados de aprendizagem, pedagogia
e ambiente de aprendizagem, criando contextos de
ensino e aprendizagem interativos e centrados no
educando.

A EDS orienta uma alteração nos focos de ensino, não se restringindo apenas a
conteúdos como a mudança do clima, a pobreza e o consumo sustentável. Ela propõe
uma pedagogia transformadora que vise a ação, autoaprendizagem, participação
e colaboração, além de uma inter e transdisciplinaridade, conectando a
aprendizagem formal e informal.

Conheça o Guia Educação para os Objetivos do Desenvolvimento


Sustentável: objetivos de aprendizagem. A Unesco nos convida
a aplicar novas abordagens de aprendizagem, oportunizando o
desenvolvimento de competências para cada ODS. Clique aqui.

À vista disso, é fundamental a inserção de novas formas de aprendizagem, incitando


no indivíduo um olhar transdisciplinar frente às diferentes realidades vivenciadas
nos espaços educacionais.

O aproveitamento dos espaços não formais de educação é favorável à aplicação


de metodologias ativas, visto que o corpo educacional dos municípios pode

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disseminar conhecimentos sobre o desenvolvimento sustentável. Isso serve como
um instrumento que estimula o sentimento de pertencimento do cidadão às causas
sociais e ambientais, ao envolver toda a comunidade escolar e a sociedade civil.

Os 7 princípios das metodologias ativas, segundo o Projeto SCALE-UP


(Student-Centered Active Learning Environment for Undergraduate Programs).
Fonte: Foco Escola (S.d.). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

Dentre as possibilidades de se trabalhar as metodologias ativas e os ODS em espaços


escolares, pode-se aplicar métodos de aprendizagem colaborativas, como:

• Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL - Problem-Based Learning); e

• Aprendizagem Baseada em Projetos (PjBL - Project-Based Learning).

Ambas as abordagens colocam os alunos no papel de protagonistas, incentivando-


os a investigar, analisar e resolver problemas, por meio de projetos tangíveis.
Cabe ao professor a apresentação do problema e, posteriormente, tornar-se um
facilitador dos processos de aprendizado, criando um ambiente propício para a
construção ativa do conhecimento.

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Fluxograma da Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL).
Fonte: Bratti (2023). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

Agora observe o infográfico sobre Aprendizagem baseada em Projetos:

Fluxograma da Aprendizagem Baseada em Projetos.


Fonte: Campos (2020). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

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Dessa forma, a aplicação dessas metodologias busca elucidar questões como:

• Quais as necessidades mais emergentes da minha comunidade, bairro


e/ou cidade?

• Como saber como e em que nível meu município atende os ODSs?

• Como faço para acompanhar o atendimento aos ODSs na gestão dos


recursos naturais da região onde vivo?

Uma ferramenta que pode ser aplicada nos espaços educacionais é o Índice de
Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR).

O IDSC-BR permite medir o desempenho das cidades, ademais possibilita análises


além dos limites municipais. Ele é composto por 100 indicadores, com pontuação
atribuída no intervalo entre 0 e 100. Além da pontuação e classificação de cada cidade,
o índice apresenta ainda os Painéis ODS, que fornecem o nível de desenvolvimento
dos municípios para cada um dos 17 ODS.

Que tal aplicarmos o IDSC-BR para nossa cidade? Será que ela está conseguindo
aplicar o ODS?

Saiba mais visitando o site do IDSC-BR, clique aqui.

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Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). ODS 06 no Brasil: Visão


da ANA. Brasília, DF: Agência Nacional de Águas. Disponível em:
https://app.powerbi.com/view.Acesso em: 1 nov. 2023.

BELLEN, H. M. As Dimensões do Desenvolvimento: um estudo exploratório


sob a perspectiva das ferramentas de avaliação. Revista de Ciências da
Administração, Santa Catarina, v. 12, n. 27, p. 143-168, ago. 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular:


Educação é a Base, Brasília, DF, [S.d.]. Disponível em: http://
basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRATTI, B. Aprendizagem Baseada em Problemas: o que é e quais são seus


benefícios. Desafios da Educação, [s.d.], 2023. Disponível em: https://
desafiosdaeducacao.com.br/aprendizagem-por-problema/. Acesso em: 1 nov. 2023.

CAMPOS, A. de. Aprendizagem Baseada em Projetos. Genially Education, [s.l.],


2020. Disponível em: https://view.genial.ly/5e7a6e5c9648d70e2ae08284/horizontal-
infographic-lists-aprendizagem-baseada-em-projetos. Acesso em: 1 nov. 2023.

FOCO ESCOLA. Desvendando as metodologias ativas de aprendizagem:


análise das principais estratégias e seus benefícios. Foco Escola, São
Paulo, [S.d.]. Disponível em: https://www.focoaprendizagem.com.br/blog/
article/desvendando-as-metodologias-ativas-de-aprendizagem-analise-
das-principais-estrategias-e-seus-beneficios. Acesso em: 1 nov. 2023.

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023.


Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

GT AGENDA 2030. ODS. GT Agenda 2030, [s.l.], [2015]. Disponível


em: https://gtagenda2030.org.br/ods/. Acesso em: 1 nov. 2023.

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS CIDADES – BRASIL. IDSC


– BR Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil. [S.l.], [S.d].
Disponível em: https://idsc.cidadessustentaveis.org.br/. Acesso em: 1 nov. 2023.

ONU. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável. 2023. Disponível: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso: nov. 2023.

UNESCO. Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:


objetivos de aprendizagem. Paris: Unesco, 2017. Disponível em: https://
unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000252197. Acesso em 1 nov. 2023.

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Unidade 2: O Papel do Protagonismo na Educação para a
Sustentabilidade
Objetivo de aprendizagem

Ao final da unidade, você deverá ser capaz de reconhecer o papel do protagonismo na


educação para a sustentabilidade.

2.1 Práticas Extramuros ao Ambiente Educacional para a


Sustentabilidade

A manutenção e garantia de um meio ambiente equilibrado e acessível para todos


os seres do planeta, assim como para as próximas gerações, é uma das premissas do
desenvolvimento sustentável. No Brasil, a Lei n° 9.795/1999 institui Política Nacional
de Educação Ambiental e estabelece a adoção de práticas educacionais com cunho
ambiental, para que o indivíduo construa valores sociais e conhecimentos voltados
à conservação e preservação dos ecossistemas.

Cria-se, portanto, a Educação Ambiental (EA), prevista pela legislação como um


direito de todos, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades da
educação.

Em concordância a isto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)


aponta que

a compreensão ambiental natural e social, do sistema


político, da tecnologia, das artes e dos valores em que
se fundamenta a sociedade [...]

Desse modo, constitui um dos objetivos fundamentais para a formação básica


do cidadão. A Educação Ambiental se firma, portanto, como a oportunidade de
promover práticas de intervenção no meio ambiente com enfoque em atividades
dentro e fora dos espaços educacionais voltadas à sustentabilidade ambiental.

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As Práticas Extramuros objetivam a educação para sustentabilidade com o
desenvolvimento de atividades fora dos espaços formais de educação. Essa prática
envolve:

• a conscientização acerca das questões ambientais;

• a promoção de comportamentos sustentáveis;

• a construção de uma sociedade mais responsável com o meio


ambiente;

• a segurança de uma melhor qualidade de vida às gerações atuais e


futuras.

Essas práticas podem ser realizadas nas mais diversas situações, acompanhe os
exemplos:

Em atividades práticas feitas em espaços abertos


como parques, florestas, praias, áreas de conservação.

Espaços como esses permitem a experimentação


dos alunos com os ecossistemas e a observação dos
impactos humanos no ambiente. Além disso, podem
ser trabalhados, de modo inter e transdisciplinar,
os seguintes temas:
biodiversidade, energia limpa, resíduos sólidos
e recursos hídricos.

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Numa esfera local, podem ser desenvolvidos
projetos de responsabilização ambiental, incluindo
atividades como plantio de árvores, campanhas
de conscientização, parcerias com órgãos e
instituições não governamentais, fomentando o
sentimento de pertencimento do ser ao território
no qual ele está inserido

Em espaços rurais, as atividades podem envolver


práticas de agricultura sustentável, conservação
e uso responsável dos recursos naturais.

Fonte das imagens:


Freepik (2023).

Experiências práticas podem ser transformadoras, já que podem conectar os alunos


com os desafios que envolvem o meio ambiente e a realidade, capacitando-os para
a tomada de decisões que visem a sustentabilidade.

Que tal aprender na prática um pouco mais sobre práticas Pedagógicas Extramuros?
Então assista a esta videoaula:

Videoaula: Práticas Pedagógicas Extramuros Refletindo na Gestão Participativa

2.2 Gestão Participativa dos Recursos Hídricos

A relação entre os recursos hídricos e a sustentabilidade é um tema indispensável


para a gestão e educação ambiental e o desenvolvimento sustentável. A água é um
recurso natural essencial para a vida humana, os ecossistemas e a economia. Desse
modo, a forma como a gestão dos recursos hídricos acontece desempenha um
papel fundamental na promoção da sustentabilidade.

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O acesso à água potável, em quantidade
e em qualidade, a redução da poluição
e uma gestão mais participativa da
água contemplam os ODS. No Brasil, a
problemática da água é abordada na Lei
n° 9.433/1997, conhecida como Lei das
Águas, que institui a Política Nacional dos
Recursos Hídricos (PNRH) e cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos
Fonte: Freepik (2023). Hídricos (Singreh).

Que tal aprender um pouco mais sobre a Lei das Águas? Assista ao
vídeo produzido pela Agência Nacional de Águas e Saneamento
Básico (ANA), clique aqui.

A Lei das Águas estabelece que a gestão dos recursos hídricos deve ocorrer de
forma descentralizada, com a participação do Poder Público, das comunidades e
dos usuários, proporcionando o uso múltiplo da água e integração com a gestão
ambiental. A gestão deve considerar ainda as especificidades de cada região do
País, tanto em aspectos naturais, como socioeconômicos e culturais.

Na PNRH, a bacia hidrográfica é considerada a unidade de


planejamento para a implementação da política nacional e para
atuação do Singreh.

Mas o que vem a ser o Singreh?


É a estrutura de governança da gestão dos recursos hídricos no Brasil. O sistema é
composto por órgãos colegiados que debatem e deliberam sobre a gestão da água,
e por órgãos administrativos, responsáveis pela implementação da PNRH, atuam na
esfera estadual ou federal, a depender do domínio dos corpos hídricos.

O Singreh é formado por:

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Composição do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Singreh).
Fonte: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

1 Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH)

2 Secretaria Nacional de Segurança Hídrica (SNSH) vinculada


ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)

3 Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)

4 Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERHs)

5 Órgãos gestores estaduais de recursos hídricos

6 Comitês de bacia hidrográfica (interestaduais e estaduais)

7 Agências de água (vinculadas aos comitês)

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A gestão participativa tem o seu enfoque na necessidade de envolver as comunidades
locais e as partes interessadas na tomada de decisões. Isso inclui moradores,
agricultores, povos indígenas, empresas e organizações da sociedade civil que
dependam direta ou indiretamente da água.

A participação ativa das pessoas possibilita


decisões mais democráticas e transparentes,
já que consultas públicas, reuniões e fóruns
são realizados, permitindo que as partes
interessadas expressem suas opiniões e
contribuam para as políticas e práticas
associadas aos recursos hídricos.

Fonte: Freepik (2023).

Os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) são definidos como um

fórum onde um grupo de pessoas se reúne para


discutir sobre um interesse comum – o uso da água
na bacia (ANA, 2011).

Diferentemente de outras formas de participação, os CBHs possuem atribuição


legal para deliberar sobre a gestão da água em conjunto com o poder público.
Uma das atribuições mais relevantes dos comitês é estabelecer um conjunto de
mecanismos e regras, decididas de forma coletiva, acerca dos diferentes interesses
e usos da água. Atualmente, no Brasil, existem 231 comitês de bacia, sendo dez
comitês interestaduais e 221 comitês estaduais.

Conheça um pouco mais sobre o que são os Comitês de Bacia


Hidrográfica e a sua importância na gestão participativa da água!
Clique aqui.

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A gestão participativa dos recursos hídricos tem um papel importante na promoção
do desenvolvimento sustentável. O envolvimento da comunidade nos processos
que compõem a gestão da água permite que as pessoas vivenciem os desafios
e as questões ambientais relacionadas à água na região em que estão inseridas.
Pode proporcionar ainda o desenvolvimento de habilidades e despertar um maior
interesse na proteção e conservação da água, inspirando um movimento de
conscientização em níveis pessoais, comunitários e políticos frente às problemáticas
associadas aos usos dos recursos hídricos.

Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos.
Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos!

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Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO (ANA). Comitê de bacia


hidrográfica: o que é e o que faz?. Brasília: SAG, 2011.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO (ANA). Conjuntura dos


Recursos Hídricos no Brasil 2021 - Relatório Pleno. Brasília, DF: Agência Nacional
de Águas e Saneamento Básico (ANA), 2021. Disponível em: https://relatorio-
conjuntura-ana-2021.webflow.io/apresentacao. Acesso em: 1 nov. 2023.

A LEI das Águas do Brasil. [S.l.: s.n.], 2014. 1 vídeo (3 minutos e 36 segundos).
Publicado pelo canal anagovbr. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=bH08pGb50-k. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases


da Educação Nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de


Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro
de 1989. Brasília, DF: Presidência da República, 1997. Disponível em: https://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRASIL. Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental,


institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília,
DF: Presidência da República, 1999.

FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em:


https://www.freepik.com/. Acesso em: 30 out. 2023.

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