Aula 7 - 2022_10_05
Aula 7 - 2022_10_05
Aula 7 - 2022_10_05
Conteúdo de hoje:
4. Funções de proteção
4.1 Introdução
4.2 Deteção de nível
a) Sobrecorrente
b) Sobretensão e subtensão
4.3 Comparação de ângulo
4.4 Diferencial
4.5 Impedância (ou admitância)
4.1 Introdução
c) Diferencial: "calcula" o somatório de correntes que entram na zona primária (deve ser nulo) e atua
quando percebe o defeito (ANSI 87)
d) Impedância (ou admitância): consiste no cálculo da impedância (ou admitância) vista do ponto de
instalação dos transformadores de instrumentação
4.2) Detecção de nível
A detecção de nível é o princípio de atuação mais simples. A função é de apenas uma grandeza e atua quando
essa grandeza ultrapassa um valor pré-fixado (função do tipo "sobre") ou cai abaixo de um valor pré-fixado
(função do tipo "sub").
a) Sobrecorrente: foi a primeira função de proteção desenvolvida e, inicialmente, era desempenhada por fusí-
veis (a inteligência que detecta o curto-circuito se confunde com o equipamento que o isola). O fusível
apresenta um tempo de atuação inversamente proporcional à magnitude da corrente que o atravessa e
possui as seguintes desvantagens:
Para minimizar esses problemas foram desenvolvidos os primeiros relés eletromecânicos de proteção de
sobrecorrente (instantânea e temporizada) que são independentes do dispositivo primário de manobra
dos equipamentos primários. Isso proporcionou:
- Espaço para a criação de outras soluções ("The art and science of power system protection")
- Permitiu manobras monopolares (aumenta a chance de manutenção da estabilidade)
As principais funções de sobrecorrente são:
a.1) Sobrecorrente instantânea - SEM ATRASO INTENCIONAL (ANSI 50): essa função atua quando percebe a
sobrecorrente, sem impor qualquer atraso ao contato de fechamento do disjuntor
a.2) Sobrecorrente temporizada (ANSI 51): há duas formas de se fazer a sobrecorrente temporizada. A primeira
consiste na curva "tempo de atuação vs. corrente" em que aumento de corrente leva a redução do tem-
po de atuação (jargão é sobrecorrente de tempo inverso). A curva pode ser dada por funções padroni-
zadas (ANSI ou IEC) e também por funções definidas pelos fabricantes. A segunda consiste na atuação
temporizada por tempo definido a partir de um patamar de corrente.
Obs.: a função de sobrecorrente de sequência negativa pode ser utilizada em linhas de transmissão (com o auxí-
lio da função direcional) para aumentar a sensibilidade dos sistemas de proteção, porque quando essas linhas
não são transpostas a mútua de sequência zero pode dessensibilizar a função de sobrecorrente de fase.
b) Subtensão e sobretensão
Em condições normais de operação, os níveis de tensão devem permanecer em patamares bem definidos (p.
ex. na distribuição eles devem ficar entre 93% e 105% - NR414 da ANEEL). Isso significa que tensões fora desses
patamares podem indicar situações anormais de operação.
- subtensões: normalmente relacionadas com curtos-circuitos (mas também com manobras). A função de
proteção contra subtensões é a ANSI 27
4.3 Função direcional (comparação de fase)
a) Introdução
É uma função de proteção que compara o ângulo entre duas grandezas alternadas.
a) Introdução
É uma proteção unitária por natureza, porque protege apenas o elemento dentro da sua zona primária. Essa
função NÃO provê retaguarda para qualquer outra. Essa função é uma das mais precisas, seletivas e eficientes
para a proteção dos equipamentos primários e nesse tipo de proteção a posição dos TCs define com precisão
a zona de proteção primária (por isso ela é denominada unitária). O número ANSI é 87.
Falhas de segurança:
Ocorrem quando eventos externos produzem leituras distintas nos TCs que circunscrevem a zona
primária. Essas leituras podem ser decorrentes de:
- Saturação de um dos TCs para eventos externos (a saturação normalmente ocorre em apenas
um dos TCs)
- Inrush de transformadores, ou carga fria (tipicamente são fenômenos que envolvem compo-
nentes harmônicas que não a fundamental)
- Corrente capacitiva nas LTs (em especial nas linhas longas e de alta ou extra-alta tensão)
Falhas de operação:
Ocorrem normalmente quando a falta é do tipo "alta impedância" porque essas faltas usualmente
resultam em correntes de falta pequenas e portanto, pequenas correntes de operação.
c) Implementação como função percentual
Para mitigar os erros decorrentes de saturação de TC, corrente de magnetização (inrush e carga fria), correntes de
deslocamento em LTs (correntes capacitivas), etc, a função ANSI 87 é implementada como uma função diferencial
percentual.
Uma característica "k" de 50% significa que uma corrente passante (de restrição) de 100 [A] requer uma cor-
rente de operação de 50 [A] para que o relé atue. Nos relés digitais (IEDs) existem funções com perfis variáveis
4.5) Função de distância
a) Introdução
A função de distância se baseia na impedância "vista" pelo IED, que é definida pelo ponto de instalação
dos transformadores de instrumentação. A impedância é calculada como a razão entre tensão e corrente fa-
soriais.
A função de distância (ANSI 21) pode ser usada para detcção de falhas em linhas de transmisão, subexcitação
de geradores síncronos, reatores (em especial em reatores com núcleo de ar), etc. A resposta dessa função
é analisada no plano complexo (comumente chamado de Plano R-X).
b) Função de distância em sistemas de transmissão mutuamente acoplados
Em sistemas trifásicos é mais coerente utilizar componentes simétricas porque os circuitos resultantes são inde-
pendentes entre si (são três circuitos monofásicos independentes).
Sendo assim, a função de distância calcula a impedância de sequência positiva do equipamento monitorado (p.
ex. linha de transmissão) tomando como dados de entrada as tensões de fase e de linha e as correntes de linha.
Ou seja, é possível calcular a impedância de sequência positiva por meio de seis elementos: três elementos de
terra e três elementos de fase.
Assim como a função diferencial, que apresenta erros sob condições especiais, a função de distância também
possui fontes de erro:
- Power swing (oscilação de potência provocada por mudanças topológicas no sistema elétrico) produz
variações de frequência que introduzem erros nos cálculos dos fasores
- Close-in faults (faltas próximas à barra do TP) que levam a tensão a zero e introduzem erros significa-
tivos no cálculo da impedância
- Resposta dinâmica dos TI (erros de transformação, saturação de TC, resposta do TPC)
- Rf introduz uma tensão no ponto de falta que pode ou não estar em fase com a corrente do terminal
onde a função é instalada
- Contribuição dos equivalentes de Thevenin nos terminais local e remoto
- Componente aperiódica nos sinais de corrente
5. Proteção de linhas de transmissão
5.1 Proteção de sobrecorrente
A proteção de sobrecorrente de tempo inverso possui curvas padronizadas:
A escolha do tipo de curva dentro da família leva em consideração a variação da corrente de curto-circuito ao
longo do caminho série a ser protegido. Quanto menor for essa variação, mais inversa tem que ser a curva
para se garantir a seletividade e a coordenação entre as proteções primárias e de retaguarda.
- Sobrecorrente instantânea:
Apenas a escolha da corrente de pickup (tipicamente em termos de valores
secundários do TC) para garantir coordenação e seletividade entre todos os
elementos que estão em série
- Escolha da curva (família e tipo), que deve ser igual para todos os equipamentos de modo a evitar falhas
de coordenação. O tipo de curva depende da impedância dos trechos que se pretende proteger, isto
é, impedâncias pequenas que implicam correntes de curto-circuito próximas em todas as barras
demandam tipos de curva mais inversos para garantir coordenação.
- Ajuste dos multiplicadores de tempo (MT) de cada função de sobrecorrente, de modo a garantir coorde-
nação. Para o ajuste da função mais a jusante, escolhe-se o menor MT possível e para as demais,
deve-se escolher um multiplicador de tempo que satisfação o critério de coordenação de tempo
para atuação das funções (principal e retaguarda remota)
Escolha da corrente de pickup:
- Sobrecorrente instantânea: nesse caso, a corrente de pickup deve ser ajustada para que nenhuma falta
na zona a jusante da zona primária sensibilize essa função. Isso porque não é possível obter seletivi-
dade temporal.
tipicamente produzida por um curto-
circuito trifásico na barra 20, com
impedância de fonte baixa
obs.: em sistemas onde há maior incerteza nos dados e/ou menor frequência de revisões,
pode-se optar por utilizar um FS maior do que 1,25.
- Sobrecorrente de tempo inverso: para se obter seletividade por meio de temporização é necessário
escolher uma corrente de pickup capaz de discernir a máxima corrente de carga da mínima corrente
de curto-circuito. Tipicamente:
Se não for possível satisfazer simultaneamente as duas condições, deve-se optar por uma situação onde há
mais falhas de segurança (Ipk mais próximo da corrente máxima de carga) ou mais falhas de operação (Ipk
mais próximo da mínima corrente de curto-cirtuito), em função do tipo de confiabilidade que se deseja
A coordenação da função de sobrecorrente temporizada fica:
No caso do ajuste da corrente de pickup para as unidades de neutro, toma-se o maior desequilíbrio como o li-
mite inferior do cálculo da corrente de pickup e a mínima corrente de curto-circuito para os curtos-circuitos
que envolvam a terra.