Patrística

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Filosofia Patrística

Patrística

Esse é o nome dado à filosofia cristã dos três


primeiros séculos, elaborada pelos Pais ou Padres
da Igreja, os primeiros teóricos - daí "Patrística" —
e consiste na elaboração doutrinal das verdades
de fé do cristianismo e na sua defesa contra os
ataques dos pagãos e contra todos que eram contra,
os hereges.
A patrística resultou do esforço feito pelos dois
apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros
Padres da Igreja para conciliar a nova religião – o
Cristianismo - com o pensamento filosófico dos
gregos e romanos, pois somente com tal conciliação
seria possível convencer os pagãos da nova verdade e
convertê-los a ela.
A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa
religiosa da evangelização e à defesa da religião
cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia
dos antigos.
Foram os pais da Igreja responsáveis por
confirmar e defender a fé católica, a liturgia, a
disciplina, criar os costumes e decidir os rumos da Igreja
cristã, ao longo dos primórdios do cristianismo.
Basicamente, Patrística é a filosofia responsável
pela elucidação progressiva dos dogmas cristãos e pelo
que se chama hoje de tradição católica.
A Patrística divide-se em patrística grega
(ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina
(ligada à Igreja de Roma).
Os principais pensadores da Patrística Grega são:
Justino de Roma (século II), considerado como o primeiro
filósofo cristão, por afirmar que o cristianismo era a
verdadeira filosofia; Clemente de Alexandria e Orígenes
(séculos II-III), os três capadócios: Gregório de Nissa,
Basílio de Cesárea e Gregório Nazianzo (século IV);
Máximo, o Confessor (séculos VI-VII); e João
Damasceno (século VIII).
Os principais pensadores da Patrística Latina são:
Minúcio Felix (séculos II-III), Tertuliano (séculos II-III),
Ambrósio (século IV), bispo de Milão; Jerônimo (séculos
IV-V); Santo Agostinho (séculos IV-V); e Boécio (séculos
IV-V).
A patrística foi obrigada a introduzir ideias
desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a
ideia de criação do mundo, de pecado original, de Deus
como trindade una, de encarnação e morte de Deus, de
juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos
mortos, etc.
Precisou também explicar como o mal pode
existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que
é pura perfeição e bondade.
Introduziu, sobretudo com Santo Agostinho e
Boécio, a ideia de “homem interior”, isto é, da
consciência moral e do livre-arbítrio, pelo qual o
homem se torna responsável pela existência do mal no
mundo.
Para impor as ideias cristãs, os Padres da Igreja
as transformaram em verdades reveladas por Deus
(através da Bíblia e dos santos) que, por serem
decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e
inquestionáveis.
Com isso, surge uma distinção, desconhecida
pelos antigos, entre verdades reveladas ou da fé e
verdades da razão ou humanas, isto é, entre verdades
sobrenaturais e verdades naturais, as primeiras
introduzindo a noção de conhecimento recebido por
uma graça divina, superior ao simples conhecimento
racional.
O grande tema de toda a Filosofia Patrística é o da
possibilidade de conciliar razão e fé, e, a esse respeito,
havia três posições principais:

1. Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé


superior à razão (diziam eles: “Creio porque absurdo ”);
2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas
subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio para
compreender”);
3. Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis,
mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo
próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a
razão se refere a tudo o que concerne à vida temporal dos
homens no mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação
da alma e à vida eterna futura).
Outra característica do período patrístico é
a influência de Platão, pensador grego amplamente
estudado, traduzido e difundido entre aqueles que
recorriam à Filosofia grega.
O pensamento platônico difundido para os
patrísticos adveio do chamado neoplatonismo, corrente
filosófica que estudou, classificou e formulou teorias
filosóficas próprias a partir dos escritos deixados por
Platão.
Os principais expoentes do neoplatonismo são
Plotino (século III d.C.) e Porfírio (discípulo de Plotino,
que reformulou partes do pensamento neoplatonista e
introduziu novas questões, como a questão dos
universais).
O neoplatonismo tomou certo destaque em
relação ao aristotelismo durante a Patrística,
principalmente por conta da maior proximidade das
obras de Platão com o pensamento cristão.
Indiscutivelmente, o maior expoente da Patrística
foi Agostinho de Hipona, bispo, escritor, teólogo,
filósofo, Padre latino e Doutor da Igreja Católica.
Importância da Patrística

A importância da Patrística reside, principalmente,


no fato de que ela produziu grande parte do pensamento
que daria origem a todo um sistema teológico cristão.
Ao tecer uma análise criteriosa das bases do
pensamento cristão, de seus dogmas e de uma certa
concepção teológica, podemos encontrar traços platônicos
e elementos da Filosofia Grega.
Foi no período patrístico que surgiu a maior parte
doutrinária do pensamento cristão, pois os padres que
foram "pais" da Igreja católica tiveram a missão de
formular o princípio de todo o pensamento cristão que
daria origem ao que conhecemos hoje como Igreja Católica
Apostólica Romana.
Bibliografia

ABAGNNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires.


Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna; 2003.

CHAUÍ, Marilena, Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.

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2004.

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