[224]-PERFIL+EPIDEMIOLÓGICO+DE+PACIENTES+COM+TRAUMATISMO+CRANIOENCEFÁLICO+NO+BRASIL+DE+2020+A+2023

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Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE

doi.org/10.51891/rease.v9i8.11132

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM TRAUMATISMO


CRANIOENCEFÁLICO NO BRASIL DE 2020 A 2023

EPIDEMIOLOGY OF TRAUMATIC BRAIN INJURY IN BRAZIL FROM 2020 TO 2023

Bruna Eduarda Leão1


Eduardo Miguel Prata Madureira2

RESUMO: O traumatismo cranioencefálico (TCE) caracteriza-se por ser uma lesão no


cérebro causada por forças físicas externas. No Brasil, estima-se que mais de um milhão de
pessoas viva com sequelas neurológicas irreversíveis decorrentes do TCE. Esse trauma
envolve mecanismos complexos e causa reações diferentes que variam conforme a origem
do mesmo. Trata-se de um problema de saúde pública com elevados impactos
socioeconômicos, já que os custos médicos para seu tratamento são altíssimos. Diante disso,
objetiva-se, com este trabalho, por meio da análise de dados do Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), determinar o perfil epidemiológico
dos pacientes diagnosticados com traumatismo cranioencefálico, buscando informações
para o desenvolvimento de estratégias para prevenção e controle de gastos dessa patologia. 2826

Palavras-chave: Epidemiologia. TCE. Traumatismo cranioencefálico.

ABSTRACT: Traumatic Brain Injury (TBI) is characterized by damage to the brain caused
by external physical forces. In Brazil, it is estimated that more than one million people live
with irreversible neurological consequences due to TBI. This trauma involves complex
mechanisms and elicits different responses depending on its origin. It is a public health
problem with a high socioeconomic impact, since the medical costs of its treatment are
extremely high. The objective of this study is to determine the epidemiological profile of
patients diagnosed with TBI, through the analysis of data from the Department of
Information Technology of the Sistema Único de Saúde (DATASUS), in order to obtain
information for the development of strategies to prevent and control the costs of this
pathology.

Keywords: Epidemiology. TBI. Traumatic brain injury.

1Acadêmica de Medicina, Centro Universitário Assis Gurgacz.


2Orientador do curso de Medicina, Centro Universitário Assis Gurgacz, Mestre em Desenvolvimento
Regional e Agronegócios pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE, Professor do Centro
Universitário FAG.

Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.9.n.08. ago. 2023.
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1 INTRODUÇÃO

O traumatismo cranioencefálico (TCE) é uma lesão no cérebro, não de natureza


degenerativa ou congênita, mas causada por uma força física externa que acarreta
comprometimento funcional ou dano anatômico do couro cabeludo, do encéfalo, dos vasos
sanguíneos ou das meninges (TAVARES et al., 2013). Esse tipo de lesão é decorrente,
geralmente, de acidentes de trânsito ou agressões físicas com perfuração (SANTOS et al.,
2019).
Trata-se de um problema de saúde pública com elevados impactos socioeconômicos,
já que o TCE, além de exigir gastos médicos expressivos com tratamentos neurocirurgicos
e admissões em unidades de terapia intensiva (UTI), é a principal causa de mortalidade
entre adultos e jovens no Brasil (OLIVEIRA et al., 2012).
No Brasil, o TCE representa a terceira causa de morte e configurar-se como um
inquestionável desafio aos gestores de políticas públicas, uma vez que atinge, sobretudo, a
camada jovem e produtiva da sociedade. De acordo com o Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde (DATASUS) TabWin3, no país, em 2011, foram realizadas
aproximadamente 550 mil internações devido ao TCE com 13 mil óbitos (BRASIL, 2015).
Em geral, os homens são cerca de três vezes mais propensos que as mulheres a 2827
sofrerem TCE (LANGLOIS; RUTLAND-BROWN; WALD, 2006). A faixa de idade mais
comumente comprometida é de 15 a 24 anos, com picos secundários de 0 a 4 anos, e depois
dos 65 anos de idade (GLAUDENCIO; LEÃO, 2013).
Os acidentes de trânsito são as causas mais comuns de TCE, especialmente em
adolescentes e adultos jovens. Em algumas localidades geográficas, os TCEs causados por
armas de fogo são mais prevalentes do que os acidentes de automóveis (GLAUDENCIO;
LEÃO, 2013).
Os mecanismos que envolvem o TCE são complexos e têm reações diferentes, que
variam conforme a etiologia do trauma, contudo, em sua maioria, provocam alterações
celulares e moleculares, além de edema cerebral e hipertensão intracraniana, devido a um
desequilíbrio na circulação sanguínea cerebral (SANTOS, N. B. et al., 2019).
Do ponto de vista didático, as lesões encefálicas são classificadas em primárias e
secundárias (SANTOS, M. F. et al., 2019). As primárias são aquelas que ocorrem
imediatamente após o momento do trauma, estando relacionadas diretamente à força

3 Disponível em: www.datasus.gov.br.

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mecânica que atua no momento do impacto inicial. As secundárias, por sua vez, são lesões
resultantes dos fatores metabólicos e infecciosos que ocorrem em resposta à lesão primária
(ANDRADE et al., 2009).
O TCE também pode ser classificado em três níveis de gravidade: leve, moderado ou
grave. O método mais utilizado determinar a gravidade do trauma é por meio da avaliação
do nível de consciência do paciente, realizada com a Escala de Coma de Glasgow (ECG)
(SILVA et al., 2018) Esse método avalia três parâmetros: a abertura ocular, a melhor resposta
verbal e a melhor resposta motora, sendo que a pontuação da abertura ocular varia de
espontânea (4 pontos) até ausente (1 ponto). A resposta motora varia de situações em que o
indivíduo obedece aos comandos (6 pontos) até os casos em que a resposta motora é ausente
(1 ponto). A resposta verbal é separada em cinco situações, variando de casos em que a
conversa é orientada (5 pontos) até casos em que a resposta verbal é ausente (1 ponto). Todos
os parâmetros contêm níveis intermediários. Dessa forma, o total da pontuação varia de 3 a
15 pontos, sendo que de 14 a 15 pontos o trauma é considerado leve; de 9 a 13 moderado e de 3
a 8 grave (SANTOS et al., 2016).
Os pacientes que sobrevivem aos TCEs graves muitas vezes permanecem com
sequelas cognitivas e funcionais que inviabilizam o retorno às atividades laborais por anos.
2828
No Brasil, em 2017, foi estimado que mais de um milhão de pessoas vivia com sequelas
neurológicas decorrentes de TCE (HAMMOND et al., 2019).
Todavia, tanto no Brasil quanto em outros países há uma falta de dados na literatura
com relação à epidemiologia do TCE grave. Dados epidemiológicos precisos podem ajudar
na formulação de políticas públicas e em estratégias para reduzir a incidência de TCE, bem
como melhorar os desfechos de pacientes com TCE grave (DEWAN et al., 2018). Diante
desse contexto, o objetivo deste estudo é analisar o perfil epidemiológico de pacientes
com traumatismo cranioencefálico no Brasil.

2 METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa descritiva baseada na análise de dados do DATASUS. O estudo


epidemiológico mais atual foi realizado no mês de agosto de 2023 e consistiu na pesquisa
específica do código de Classificação Internacional de Doenças (CID) 10 S06, que identifica
casos de traumatismo intracraniano. Durante a pesquisa, foram coletados dados relativos à
prevalência de TCE no Brasil, abrangendo o período de 2020 a 2023. A população-alvo desse
estudo compreende os indivíduos que sofreram TCE e foram admitidos para tratamento na

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rede de saúde pública hospitalar. Esses casos foram meticulosamente documentados e


registrados por meio do sistema eletrônico mantido pelo DATASUS.
Os dados utilizados para caracterizar o perfil epidemiológico dos pacientes foram
estes: pacientes de ambos os sexos, na faixa etária de menores de 1 ano a maiores de 80 anos
que tenham sido diagnosticados com TCE em todas as regiões do Brasil entre janeiro de
2020 a janeiro de 2023, atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e registrados no banco
de dados do DATASUS. Também foram incluídos neste estudo os dados referentes ao
número de internações, a taxa de mortalidade e os gastos totais relativos aos internamentos
incluindo a faixa etária e sexo em cada uma das variáveis.
Essas informações foram reunidas em planilha eletrônica do Microsoft Office Excel®
(versão 2010), e a análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva simples.
Os resultados foram expostos em tabelas contendo números absolutos e percentuais.
Esta investigação não foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, pois, de acordo
com o Conselho Nacional de Saúde, por meio da Resolução n° 510, de 7 de abril de 2016, fica
dispensada essa submissão em casos de análises feitas a partir de banco de dados secundários
e de livre acesso.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 2829

Os dados obtidos neste estudo referem-se aos atendimentos de TCE realizados pelo
SUS. Foram incluídas na análise informações referentes às internações, à taxa de
mortalidade, às despesas associadas às internações, bem como os dados epidemiológicos
pertinentes ao perfil dos pacientes, considerando aspectos como gênero e faixa etária, com
um recorte temporal de janeiro de 2020 a janeiro de 2023.
O escopo central foi assimilar e descrever os padrões epidemiológicos relacionados
aos atendimentos de TCE pelo SUS, fornecendo informações valiosas para a área da saúde
pública e contribuindo para o aprimoramento das políticas e estratégias de cuidados a
pacientes com traumatismo cranioencefálico.
Com base nos dados disponibilizados pelo DATASUS, no período selecionado,
foram verificadas 241.836 internações devido ao TCE, das quais 182.748 foram
exclusivamente do sexo masculino, o equivalente a 75,57% do total de casos. Conforme
exposto na Tabela 1, foram analisados os dados de internação em decorrência do sexo e idade,
podendo concluir-se quanto ao perfil epidemiológico dos pacientes com TCE. A faixa etária
predominante foi de 20 a 29 anos, com um total de 36.053 internações no período, o que

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corresponde a 14,91%; na sequência, dos 30 a 39 anos com 32.904 (13,61% do total) e da dos 40
a 49 anos com 31.789 responsável ( 13,14% das internações totais).
Tabela 1. Internações por Traumatismo Intracraniano de janeiro de 2020 a janeiro de 2023 no SUS abordando
faixa etária e sexo
FAIXA ETÁRIA MASCULINO FEMININO TOTAL
Menor 1 ano 3359 2611 5970
1 a 4 anos 6132 4427 10559
5 a 9 anos 4916 2883 7799
10 a 14 anos 4364 1796 6160
15 a 19 anos 10445 3009 13454
20 a 29 anos 29736 6317 36053
30 a 39 anos 27402 5502 32904
40 a 49 anos 26480 5309 31789
50 a 59 anos 24645 5278 29923
60 a 69 anos 20389 5932 26321
70 a 79 anos 14805 7403 22208
80 anos e mais 10075 8621 18696
Total 182.748 59.088 241.836

Fonte: Elaborada pelos autores com base em Brasil (2023).

Dentro do escopo da análise bibliográfica, os indivíduos mais suscetíveis ao TCE


compreendem, em sua maioria, os do sexo masculino (2,37:1), cuja prevalência acontece, 2830
principalmente, até os 40 anos (GAUDENCIO; LEÃO, 2013; MAGALHÃES et al., 2017).
Considerando os dados presentes na Tabela 1, e após análise desta pesquisa, é possível
afirmar que os resultados fundamentam essa conclusão.
Em um estudo de coorte com amostra comparativa de pacientes no período de 1992-
1996 e 2009-2013, na Espanha, foram analisados os dados de 220 pacientes. Os autores
observaram que a faixa etária mais acometida no segundo período foi acima dos 50 anos
(GINER et al., 2015). Os pesquisadores explicam esse resultado citando as transformações
culturais e o avanço dos programas de educação para motoristas na Espanha, o que resultou
na redução da frequência de acidentes de trânsito, os quais historicamente apresentam maior
ocorrência entre indivíduos do sexo masculino pertencentes à faixa etária mais jovem.
Atualmente, no país do estudo, a principal causa de TCE grave são as quedas acidentais
(GINER et al., 2015).
No contexto deste estudo, a análise de dados relacionada aos gastos por internação,
conforme visualiza-se na Tabela 2, evidencia um elevado gasto público em decorrência das
altas taxas de internações por TCE. Durante o período pesquisado, as despesas totais foram
de R$ 509.811.191,00. O gênero masculino gerou o maior gasto financeiro, em torno de R$

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413.170.779,07, o equivalente a 81,04% do total, e a faixa etária de 20 a 29 anos foi a responsável


pelo maior gasto, um total de R$ 77.380.681,98 ,cerca de 15,18% das despesas públicas
relacionadas ao TCE.
Tabela 2. Valor gasto nas internações por Traumatismo Intracraniano de janeiro de 2020 a janeiro de 2023 no
SUS abordando faixa etária e sexo

FAIXA ETÁRIA MASCULINO FEMININO TOTAL

Menor 1 ano R$2.752.892,83 R$1.962.675,93 R$4.715.568,76

1 a 4 anos R$4.707.698,96 R$3.418.593,82 R$8.126.292,78

5 a 9 anos R$4.818.525,34 R$2.835.160,03 R$7.653.685,37

10 a 14 anos R$5.795.469,71 R$ 2.387.376,83 R$8.182.846,54

15 a 19 anos R$21.970.789,66 R$4.803.303,41 R$26.774.093,07

20 a 29 anos R$66.932.052,91 R$10.448.629,07 R$77.380.681,98

30 a 39 anos R$ 62.605.073,92 R$8.885.118,52 R$71.490.192,44

40 a 49 anos R$63.601.432,62 R$9.560.102,88 R$73.161.535,50 2831

50 a 59 anos R$62.475.754,99 R$10.054.278,23 R$72.530.033,22

60 a 69 anos R$53.007.293,81 R$12.399.008,08 R$65.406.301,89

70 a 79 anos R$39.472.909,47 R$14.912.278,43 R$54.385.187,90

80 anos e mais R$25.030.884,85 R$14.973.886,70 R$40.004.771,55

Total R$413.170.779,07 R$96.640.411,93 R$509.811.191,00

Fonte: Elaborada pelos autores com base em Brasil (2023).

Ao longo do período investigado, foram documentados 23.411 casos de óbito,


observando-se uma predominância significativa no sexo masculino, com um total de 18.646
ocorrências (79,65%), enquanto no sexo feminino esse número foi de 4.765. A análise e a
distribuição desses óbitos foram sistematicamente examinadas e representadas
graficamente, conforme exemplificado no Gráfico 1, a seguir. A faixa etária com 80 anos ou
mais reflete 15,40% dos óbitos totais, seguido do intervalo etático de 70 a 79 anos, com 14%.

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No que concerne à taxa de mortalidade, de acordo com o presente estudo, verificou-


se uma maior significância em homens, principalmente a partir da faixa etária dos 40 anos
e, especialmente, acima dos 60 anos de idade. Uma análise mais detalhada dos dados a
respeito da taxa de mortalidade encontra-se na Tabela 3.
De acordo com a literatura, a taxa de mortalidade no país em decorrência do TCE é
em média de 5 por 100.000 habitantes por ano (ALMEIDA et al., 2016), o que corresponde
em média a 12%; obtiveram-se amostras em que os números variaram entre 2% a 22,9%
(MELO; SILVA; MOREIRA, 2004; SANTOS et al., 2013). Nesta pesquisa, esse número
apresentou-se em 9,68%, consolidando os trabalhos já existentes sobre o tema.
Gráfico 1 - Óbitos por Traumatismo Intracraniano de janeiro de 2020 a janeiro de 2023 no SUS abordando faixa
etária e sexo

4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Menor 1 a 4 5a9 10 a 15 a 20 a 30 a 40 a 50 a 60 a 70 a 80 2832
1 ano anos anos 14 19 29 39 49 59 69 79 anos e
anos anos anos anos anos anos anos anos mais

MASCULINO FEMININO TOTAL

Fonte: Elaborada pelos autores com base em Brasil (2023).

Tabela 3. Taxa de mortalidade por Traumatismo Intracraniano de janeiro de 2020 a janeiro de 2023 no SUS
abordando faixa etária e sexo
FAIXA ETÁRIA MASCULINO FEMININO TOTAL
Menor 1 ano 1,28 1,42 1,34
1 a 4 anos 1,03 1,17 1,09
5 a 9 anos 1,14 1,08 1,12
10 a 14 anos 2,27 2,51 2,34
15 a 19 anos 7,27 4,42 6,63
20 a 29 anos 8,3 5,13 7,75
30 a 39 anos 8,62 5,51 8,1
40 a 49 anos 10,22 6,35 9,57
50 a 59 anos 11,57 7,6 10,87
60 a 69 anos 13,65 11,35 13,13
70 a 79 anos 15,88 12,51 14,76
80 anos e mais 20,86 17,43 19,28
Total 10,2 8,06 9,68

Fonte: Elaborada pelos autores com base em Brasil (2023).

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Embora a incidência de TCE tenha sido exaustivamente investigada em diversas


populações, a avaliação precisa de seu impacto genuíno revela-se uma tarefa complexa,
devido a uma série de fatores. Em primeiro lugar, as definições utilizadas em sistemas de
vigilância, que frequentemente se baseiam em códigos como o CID, apresentam variações
consideráveis. Alguns casos de TCE são catalogados de forma genérica como "lesões na
cabeça", enquanto outros como "lesões cirúrgicas". Essa heterogeneidade dificulta
substancialmente a obtenção da amostra verdadeira, podendo assim incluir falsos positivos
e excluir lesões potencialmente positivas (MOLLAYEVA; MOLLAYEVA;
COLANTONIO, 2018).
O estudo em questão também apresentou limitações decorrentes de sua metodologia,
em que a epidemiologia engloba a geração e a análise de dados secundários, as quais
conferem correlação direta aos resultados, mediante a adequada coleta e registro dos dados
no sistema do DATASUS.

CONCLUSÃO

O objetivo deste estudo foi determinar, por meio da análise de dados do DATASUS,
o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com TCE, buscando informações para 2833

o desenvolvimento de estratégias para prevenção e controle de gastos dessa patologia. Após


a realização desta investigação, julga-se que tal escopo foi atingido. Apesar das limitações,
foi possível extrair informações relevantes para pesquisas futuras e políticas de saúde e de
educação a fim de reduzir a morbimortalidade e os gastos decorrentes da patologia em
questão.
Sendo assim, conclui-se que os adultos jovens são os mais propensos ao quadro,
devido principalmente ao mecanismo de trauma do TCE e à imprudência dessa parcela da
população. Os homens são o sexo mais acometido, tanto na faixa etária mais jovem quanto
nos idosos.
Quanto à morbimortalidade, pode-se citar que os idosos têm a maior prevalência
devido às fragilidades físicas e comorbidades.
Em conclusão, ressalta-se a necessidade de mais estudos a respeito da temática, uma
vez que engloba desfechos negativos em uma grande parcela economicamente ativa da
população, o que conduz muitas vezes a um quadro de perdas funcionais e invalidez para o
resto da vida.

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