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Saúde coletiva

1. Atenção primária à Saúde


APS é o primeiro nível de assistência dentro do sistema de saúde, caracterizando-se
pela longitudinalidade e integralidade nas ações, acrescida da coordenação da
assistência, da atenção
centrada na pessoa e na família, da orientação comunitária das ações e da existência
de recursos humanos com atitude cultural voltada para a APS.
APS tem como objetivo garantir cobertura e acesso a cuidados de saúde abrangentes
e aceitáveis
pela população, enfatizando a atenção clínica, a prevenção de doenças e a promoção
da saúde. Contudo, a APS vai além por assegurar o cuidado no primeiro atendimento,
tendo as famílias e comunidades como sua base de organização, assim como recursos
humanos e tecnológicos adequados e sustentáveis,

Princípios da APS
1. Acesso (primeiro contato): implica acessibilidade e utilização dos serviços
pelas pessoas para cada problema novo ou para cada novo episódio do
problema já existente.

2. Longitudinalidade: é a existência de uma fonte continuada de atenção,


assim como sua utilização ao longo do tempo. Além disso, a ligação entre a
população e sua fonte de atenção deve refletir-se em relações interpessoais
intensas que expressem a identificação mútua entre as pessoas atendidas e
os profissionais de saúde.

3. Integralidade: a atenção primária deve organizar-se de tal forma que o cidadão


tenha todos os serviços de saúde necessários, identificando e proporcionando
os serviços preventivos, bem como serviços que possibilitem o diagnóstico e
o tratamento das doenças, estabelecendo também a forma adequada para a
resolução de problemas, sejam orgânicos, funcionais ou sociais.

4. Coordenação: o serviço de APS deve ser capaz de integrar todo o cuidado


que o cidadão recebe nos diferentes níveis do sistema de saúde.

5. Atenção centrada na família (orientação familiar): é o conhecimento dos


fatores familiares relacionados à origem e ao cuidado das doenças.

6. Orientação comunitária: é o conhecimento, por parte do provedor da atenção,


das necessidades da comunidade por meio de dados epidemiológicos e do
contato direto com a comunidade; envolve também o planejamento e a
avaliação conjunta dos serviços.

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7. Competência cultural: é a adaptação e capacidade do provedor do cuidado
(profissional de saúde) em facilitar a relação com a população que apresenta
características culturais especiais

É consenso mundial que os Sistemas Nacionais de Saúde devem ser baseados


numa APS forte e resolutiva;

A APS é estruturante para a organização e sustentabilidade do sistema de saúde


ao alcançar resultados com equidade;

A APS deve garantir o acesso universal e em tempo oportuno às pessoas,


ofertando o mais amplo e possível escopo de ações visando à atenção integral,
com responsabilização por coordenar o cuidado dos pacientes em sua trajetória
clínica por meio de uma relação contínua e de confiança.

Evidências mostram que sistemas de saúde com forte base na APS conseguem
melhores resultados de saúde para a população, com mais equidade e melhor
sustentabilidade

CaSAPS
A Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde (CaSAPS) é um documento que
visa nortear as ações de saúde na APS brasileira com forte reconhecimento da clínica
multiprofissional. É um documento orientador para todos os serviços de APS no Brasil.
O gestor municipal poderá adequar (acrescentando, retirando ou reformulando) itens
na Carteira de Serviços, de acordo com as necessidades e condições locais, e adaptar
a oferta nacional para a realidade do município.

Coesão social
Dois marcadores: quanto confia em desconhecido e quanto está disposto a ser
solidário.

Do ponto de vista sociológico, a coesão pode ser definida como o grau de consenso
dos membros de um grupo social sobre a percepção de pertencer a um projeto
ou situação comum.

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Estratégia Saúde da Família
A estratégia consiste em uma equipe multiprofissional, a chamada Equipe de Saúde
da Família, que deve ser composta por, no mínimo, médico generalista ou especialista
em Saúde da Família ou médico de Família e Comunidade (Médico da ESF),
enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família (Enfermeiro da ESF),
auxiliar ou técnico de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde, podendo
acrescentar a esta composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais
de saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família,
auxiliar e/ou técnico em saúde bucal.
A atuação dessa equipe se dá em uma região geograficamente delimitada e deve
atender um número máximo de 4 mil habitantes/pacientes.
Foi criada em 1997, mas só em 2006 foi aprovada a Política Nacional de Atenção
Básica, que implementou a Saúde da Família como modelo preferencial de
reorganização da atenção primária no SUS. A saúde da família se desenvolveu
gradualmente desde então e é reconhecida como impulso principal para o avanço da
atenção primária no Brasil.

2. PTS
O Projeto Terapêutico Singular é um projeto dinâmico de mudança para uma um sujeito
ou uma família, que estabelece conjunto de propostas terapêuticas pensadas para a
promoção de saúde, formulado a partir de discussão com uma equipe multidisciplinar
com várias perspectivas e saberes sobre a situação e problemas propostos e sempre
envolvendo o sujeito ou família.

O PTS é um projeto dinâmico de mudança que envolve complexidades, deve ser


flexível e adaptável ao contexto de possibilidades e restrições dos sujeitos/famílias, da
situação e das políticas públicas de proteção social que envolve o viver das pessoas.

A proposta é de que sejam escolhidos usuários ou famílias em situações mais graves


ou difíceis, na opinião de alguns membros da equipe (qualquer membro da equipe).
Não parece necessário nem possível que o grande esforço de fazer um PTS seja
dirigido a todos os usuários
de uma equipe, exceto em hospitais e, eventualmente, centros de especialidade;

Devem ser levados em consideração os problemas/necessidades da família em seus


aspectos orgânicos, subjetivos e sociais, bem como suas dificuldades, expectativas e
potencialidades.

As propostas/opções terapêuticas devem ser discutidas com o usuário, pois em geral,


não se muda
algo para alguém, mas com esse alguém, ou seja com o sujeito/família
negociar/pactuar os
objetivos/metas do PTS, as mudanças esperadas e o modo de como implementar as
ações do projeto.
As tarefas/responsabilidades previstas nas ações do PTS devem envolver os vários
profissionais da

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equipe e, sempre que for necessário, incluir a articulação com profissionais de outros
serviços da saúde e de outros setores.

O membro da equipe que possui melhor vínculo com o usuário/família pode ser o
profissional de
referência para articular o andamento das ações e a gestão do PTS, geralmente é o
profissional que o usuário ou a família procuram quando estão com problemas.
É necessário reavaliar periodicamente o PTS para verificar se as ações estão sendo
implementadas, se os resultados esperados estão ocorrendo e redefinir as ações
sempre que preciso for.

Os quatro momentos do PTS

Diagnóstico/ identificação de problemas

Definição de metas
Divisão de responsabilidades

Reavaliação

Ferramentas de trabalho utilizadas pelas equipes de


saúde da família
Genograma ou heredograma familiar
O genograma foi desenvolvido na América do Norte, baseado no modelo do
heredograma, e mostra graficamente a estrutura e o padrão de repetição das relações
familiares. Suas características básicas são: identificar a estrutura familiar e seu padrão
de relação, mostran-
do as doenças que costumam ocorrer, a repetição dos padrões de relacionamento e os
conflitos que desembocam no processo de adoecer (Rakel, 1997; Moysés e col., 1999;
Moysés e Silveira Filho, 2002); também pode ser usado como fator educativo,
permitindo ao paciente e a sua família ter a noção das repetições dos processos que
vem ocorrendo e como estes se repetem.
O genograma é traçado a partir de símbolos gráficos, ao lado dos símbolos data de
nascimento, eventos importantes, patologias e nome dos pacientes. Pode ser colocado
no início do prontuário como sumário de problemas prévios, ações preventivas e
medicamentos em uso (Moysés e col., 1999).

Ciclo de vida das famílias


Esta ferramenta divide a história da família em estágios de desenvolvimento,
caracterizando papéis e tarefas específicas a cada um desses estágios
Assim como as pessoas, as famílias têm os seus ciclos, influenciando-se mutuamente
no viver do seu dia a dia. A compreensão desses ciclos e da maneira como eles
interferem no processo saúde-doença possibilita à equipe de saúde prever quando e
como as doenças podem ocorrer.

O modelo F.I.R.O. de avaliação da família

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As proposições do modelo F.I.R.O., quanto ao estudo das famílias, são aplicáveis em
quatro situações:

1. quando as interações na família podem ser categorizadas nas dimensões inclusão,


controle e intimidade, ou seja, a família pode ser estudada quanto às suas relações
de poder, comunicação e afeto;

2. quando a família sofre mudanças importantes, ouritos de passagem, tais como


descritos no ciclo de vida, e faz-se necessário criar novos padrões de inclusão,
controle e intimidade;

3. quando a inclusão, o controle e a intimidade constituem uma sequência inerente ao


desenvolvimento para o manejo de mudanças da família;

4. quando as três dimensões anteriores constituem uma sequência lógica de


prioridades para o tratamento: inclusão, controle e intimidade.

Modelo P.R.A.C.T.I.C.E. de avaliação da família


O esquema P.R.A.C.T.I.C.E. foi desenvolvido para o manejo das situações mais
difíceis.

1. Problema apresentado

2. Roles and structure

3. Afeto

4. Comunicação

5. Tempo no ciclo de vida

6. Ilness in family

7. Coping with stress

8. Environment

Visita domiciliar
A assistência prestada por meio da visita domiciliar (VD) constitui um instrumento de
atenção à saúde que possibilita, a partir do conhecimento da realidade do indivíduo e
sua família in loco, fortalecer os vínculos do paciente, da terapêutica e do profissional,
assim como atuar na promoção de saúde, prevenção, tratamento e reabilitação de
doenças e agravos.
VD possibilita a concretização da longitudinalidade, integralidade, acessibilidade e a
interação entre o profissional e o usuário/família.2
Para a ESF, a VD é uma tecnologia de interação no cuidado à saúde, sendo de
fundamental importância quando adotada pela equipe de saúde no conhecimento das
condições de vida e saúde das famílias sob sua responsabilidade. Estabelece o
rompimento do modelo hegemônico, centrado na doença, no qual predomina uma
postura profissional tecnocrática e de pouca interação com o usuário, voltando-se à
nova proposta de atendimento integral e humanizado do indivíduo inserido em seu
contexto familiar.5
Necessita ter objetivos claros, organização e planejamento prévios.

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A periodicidade de visitas domiciliares às famílias pela equipe de saúde também leva
em conta a classificação de risco familiar (Tabela 4.3).

3. Clínica ampliada
A clínica ampliada é uma das diretrizes que a Política Nacional de Humanização
propõe para qualificar o modo de se fazer saúde. Ampliar a clínica é aumentar a
autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade. É integrar a
equipe de trabalhadores da saúde de diferentes áreas na busca de um cuidado e
tratamento de acordo com cada caso, com a criação de vínculo com o usuário. A
vulnerabilidade e o risco do indivíduo são considerados e o diagnóstico é feito não só
pelo saber dos especialistas clínicos, mas também leva em conta a história de quem
está sendo cuidado.
Clínica ampliada é um modelo proposto para o atendimento em saúde em que há
desvio do foco de intervenção da doença para recolocá-lo no sujeito, levando em
consideração seu contexto social, história de vida, demandas e necessidades.

Diagnóstico da clínica amplia


É importante que o diagnóstico contemple não só a condição física, mas o contexto
emocional
e social do paciente.
Um diagnóstico mais abrangente ajuda a entender como a pessoa lida com sua saúde
>>> Contextualizar as propostas terapêuticas na vida do paciente >>> Aumentar a
eficácia do tratamento.

Negociação terapêutica
Perceber o outro como sujeito singular - com expectativas, desejos e valores diferentes
dos seus facilita a negociação das propostas terapêuticas e a busca pela participação e
autonomia do paciente.

Apoio Matricial
suporte técnico de profissionais especializados à Equipe de Referência, para:

Discussões clínicas

Intervenções conjuntas com a equipe (consultas,


visitas domiciliares, grupos)

Assistência aos casos que demandam ações especializadas

O trabalho interdisciplinar da Equipe de Referência requer:


Espaços coletivos regulares (reunião de equipe e outros);

Poder de decisão (co-gestão) para organizar o processo de trabalho;

Análise e intervenção sobre os problemas cotidianos;

Discussão de casos e de outros temas de interesse e necessidade;

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Construção de grupalidade;

Abertura para lidar com as divergências e os conflitos.

Interseccionalidade

A intersetorialidade trata-se de mecanismos de gestão e integração de ações, saberes


e esforços de diferentes setores da política pública, com o objetivo de construir objetos
comuns de intervenção entre eles, para o enfrentamento mais articulado dos problemas
sociais.
Áreas, como Assistência Social, Educação e Saúde, possuem dados que se utilizados
de maneira integrada, e com ações pensadas em conjunto, farão com que os diferentes
setores que lidam com as vulnerabilidades e fragilidades multifacetadas – de natureza
e aspectos diversos – dos núcleos familiares, encontrem saídas e soluções coletivas a
partir destas ações intersetoriais.

.A intersetorialidade envolve a expectativa de maior capacidade de resolver situações,


de efetividade e de eficácia, pois, em todas as experiências reconhece-se claramente
que ela se constrói sobre a necessidade das pessoas e setores de enfrentar problemas
concretos. São
as questões concretas que mobilizam as pessoas; são elas que criam o espaço
possível de interação e de ação.
Ao acompanhar o usuário da política de Assistência Social a partir de uma perspectiva
intersetorial, a solução para superar suas vulnerabilidades será muito mais efetiva se
comparado ao trabalho conduzido por frentes isoladas.
Todo o processo, desde o atendimento até o monitoramento e a avaliação, se
executado através de uma articulação intersetorial, potencializa a rede de proteção
social, e garante o acesso aos serviços e programas ofertados pelo SUAS, bem como
facilita a articulação da Assistência Social para garantir o acesso aos demais serviços
públicos de direito do cidadão.

Conceitos que caíram em outras provas

Evento sentinela
Duas definições na internet, não sei qual queriam na prova:

Os eventos sentinelas são aqueles registros de casos de doenças que podem


gerar um alerta para o fato de outros acontecimentos estarem ocorrendo. Alguns
exemplos mais comuns são os casos de LER/DORT. Quando surge um
afastamento, normalmente outros aparecem.

Evento grave indesejável que ocorre em uma instituição hospitalar e resulta em


comprometimento do atendimento ao paciente internado ou ambulatorial ou a seus
acompanhantes, com ou sem sequelas. São eventos que por sua natureza podem

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comprometer a imagem do hospital ou sua credibilidade e por esta razão é
mandatório que o hospital faça comunicação por escrito imediatamente após o o
ocorrido. Indicam que há necessidade de melhoria do serviço de saúde. Ex.: roubo
de criança na maternidade, parto em banheiro, objeto em cavidade.

Condição traçadora
É uma atividade típica do sistema de saúde que possa ser utilizada como preditor
da qualidade da atenção.
Permite avaliar processo e resultado considerando a seleção e combinação de critérios
que atendam seis condições básicas:

Ter um efeito funcional definido

Ser de fácil diagnóstico

Apresentar altas taxas de prevalência

Ter uma história natural sensível à intervenção médica

Contar com conduta médica bem definida

Sofrer efeitos conhecidos de fatores não médicos

Ex.: vacina, aleitamento materno, avaliação de agravos cardiovasculares.

Internação
A internação hospitalar consiste no atendimento que exige a ocupação de leito
numerado em hospital ou clínica.

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Normalmente, os pacientes da internação hospitalar exigem supervisão 24 horas ou
diárias excedentes, pois eles precisam de cuidados constantes.

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