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SÓCRATES E PLATÃO

Profª´Bárbara Freitas
RELEMBRANDO
Da metade do século V. até o final do século IV Atenas é o centro da cultura Grega. Nessa
época, artista, filósofos, mercadores e sofistas vindos de toda a Grécia se deslocaram para
a polis de Atenas . Os sofistas eram educadores profissionais que instruíam jovens na arte
da retórica (oratória),- ensinando exercícios de eloquência, - por meio de pagamentos.
Além da retórica, esses sofistas ficaram conhecidos por defender teses relativistas sobre o
conhecimento - Fase antropológica.

Platão se oporá a esses professores de retórica pela falta de comprometimento com a


verdade em suas investigações e por cobrarem pelos seus ensinamentos. Segundo Platão,
a sabedoria é algo que deve ser compartilhada gratuitamente entre as pessoas amigas e
amadas. Um filósofo é um amigo do saber.
SÓCRATES
Sócrates nasceu por volta de 470 (469) a. C em Atenas. Filho de um
escultor e de uma parteira, Sócrates foi educado como todo jovem
ateniense, estudando música, gramática, matemática e preparação militar.
Sócrates luta na guerra contra os espartanos e tebanos - Guerra do
Peloponeso, por volta de 431 a.C.

Sócrates não deixou nenhum texto escrito. Sabemos sobre ele


principalmente por meio de Platão, um de seus estudantes.
Além disso, outros autores relataram sobre Sócrates: Xenofonte (430 a.C-
354 a.C) e Aristóteles (384 a.C-322 a.C).
SÓCRATES
Segundo o relato, Sócrates ouviu falar que da sacerdotisa do Oráculo de
Delfos, a Pitonisa, que ele era o homem mais sábio. Intrigado por essa
afirmação, Sócrates buscou entender o significado disso. Ele então
empreendeu uma investigação para testar a veracidade da declaração do
oráculo.
Ao conversar com diferentes pessoas consideradas sábias em Atenas,
Sócrates percebeu que muitos deles alegavam saber muito, mas na verdade
não possuíam um entendimento profundo sobre os assuntos que discutiam.
Enquanto questionava essas pessoas, ele percebeu que sua própria
sabedoria estava na consciência de sua ignorância. Ele não pretendia afirmar
que não possuía conhecimento algum, mas sim reconhecer que havia
limitações em seu conhecimento e que sempre havia mais a aprender.
Com direção do mestre italiano Roberto Rossellini (Roma,
Cidade Aberta), esta superprodução européia é a cinebiografia
de Sócrates (470 - 333 a.C.), um dos maiores filósofos da
Humanidade. Rossellini mostra o final da vida de Sócrates, em
especial seu julgamento e sua condenação à morte, com
destaque para os célebres diálogos socráticos: "Apologia",
discurso de defesa do filósofo; "Críton", em que um dos seus
discípulos tenta convencê-lo a fugir da prisão; e "Fédon", com
seus últimos ensinamentos antes de tomar a cicuta.
MÉTODO SOCRÁTICO
O método de Sócrates envolvia uma série de perguntas e respostas destinadas a estimular
o pensamento crítico, promover o autodescobrimento e alcançar um entendimento mais
profundo sobre conceitos e ideias.

1. Ironia: Sócrates começa fazendo perguntas aparentemente simples e diretas sobre um


determinado conceito ou ideia. Ele finge não saber muito sobre o assunto, o que
muitas vezes leva a pessoa com quem está dialogando a explicar sua visão inicial.
2. Maiêutica: Sócrates então continua fazendo perguntas mais detalhadas e específicas
para explorar as ideias da outra pessoa em maior profundidade. Ele busca extrair as
crenças inrraizadas e os pressupostos que a pessoa está usando para embasar suas
opiniões. Maiêutica significa arte do parto- Sócrates fazia um parto de ideias em seus
interlocutores.
MÉTODO SOCRÁTICO
3. Contradição: À medida que a conversa avança, Sócrates muitas vezes revela
contradições ou inconsistências nas respostas da outra pessoa. Isso pode levar a
pessoa a reconsiderar suas opiniões iniciais e a reconhecer a complexidade do tema
em discussão.
4. Autoconhecimento: O objetivo final do método socrático é ajudar a pessoa a
chegar a um entendimento mais profundo e bem fundamentado do assunto em
questão. Ao questionar suas próprias crenças e examinar as inconsistências, a pessoa
pode chegar a um grau de autoconhecimento mais elevado.
5. Busca pela verdade: O método socrático não visa fornecer respostas
definitivas, mas sim incentivar a busca contínua pela verdade e pelo conhecimento.
SÓCRATES: BUSCA PELA VIRTUDE
Ele acreditava que a busca pela virtude, ou excelência moral, era essencial para viver uma
vida significativa e bem-sucedida. Sócrates rejeitava a ideia de que a virtude era inata ou
baseada em rituais religiosos; em vez disso, ele defendia que a virtude poderia ser
alcançada através da reflexão e do autoexame.
Sócrates acreditava que ninguém faz o mal deliberadamente, mas sim devido à ignorância
sobre o que é verdadeiramente bom. Ele argumentava que a virtude era o conhecimento, e
que compreender o que é moralmente certo levaria inevitavelmente a ações virtuosas. Seu
lema "Conhece-te a ti mesmo (gnōthi seauton) e conhecerás os deuses e o universo"
(inscrito na entrada do templo de Delfos), ressaltava a importância da introspecção e do
autoconhecimento para orientar o comportamento ético.
CONDENAÇÃO E MORTE DE SÓCARTES
Sócrates foi acusado de corromper a juventude e de introduzir novas divindades, visto
como um desrespeito às tradições religiosas da cidade.
Em 399 a.C., Sócrates foi levado a julgamento perante um tribunal de cidadãos
atenienses.
Durante o julgamento, ele defendeu sua filosofia e sua crença na busca pelo
conhecimento e pela virtude.
Sócrates foi considerado culpado por uma maioria estreita de votos e teve a
oportunidade de sugerir uma alternativa à pena de morte.
Em vez de sugerir um exílio ou pagamento de multa, Sócrates recusou-se a abandonar
suas crenças.
O tribunal decidiu que a pena de morte seria por meio da cicuta- veneno letal.
Pintura de Jacques-Louis David (1787)
PLATÃO - UM POUCO SOBRE SUA VIDA
Platão nasceu em Atenas, por volta de 427/428 a.C., em uma família
aristocrática.
Seu nome verdadeiro era Aristocles, mas ele recebeu o apelido "Platão"
devido ao seu físico robusto ou ao formato amplo de sua testa.
Platão foi aluno de Sócrates e após a sua execução em 399 a.C., ficou
profundamente afetado. Platão transformou Sócrates no personagem
central da maioria de seus diálogos.
Platão viajou para o Egito e a Itália, onde entrou em contato com diversas
correntes filosóficas e culturas.
Em 387 a.C., Platão fundou a Academia em Atenas, uma escola filosófica
renomada, que se tornou um centro de aprendizado por séculos. Na
academia ele ensinou filosofia, matemática, política e outras disciplinas
A FILOSOFIA DE PLATÃO: CRÍTICA A TRADIÇÃO HOMÉRICA

Platão criticava a forma como os deuses eram retratados nos poemas homéricos.
Ele acreditava que as histórias sobre os deuses frequentemente apresentavam
comportamentos imorais, como engano e disputas mesquinhas.

Essas representações podiam influenciar negativamente a moralidade e os valores


dos cidadãos, levando-os a aceitar ou até mesmo admirar comportamentos que
não eram virtuosos.
Platão via a tradição homérica como parte fundamental da educação grega,
moldando os valores e atitudes dos jovens. Ele estava preocupado com o fato de
que os jovens pudessem ser influenciados por histórias que não promoviam a
virtude e a justiça.
A FILOSOFIA DE PLATÃO: MUNDO DAS IDEIAS

Na República, Platão elabora uma de suas mais famosas teorias: o mundo das
ideias. Ela aborda a natureza da realidade, propondo a existência de dois mundos
interconectados: o mundo sensível, que percebemos pelos sentidos, e o mundo
das Ideias (ou Formas), que é o reino das realidades eternas e imutáveis.
As Ideias (ou Formas) são essências universais que representam a verdadeira
natureza de cada coisa existente no mundo sensível. Elas são imutáveis, perfeitas
e eternas.
Exemplo: a ideia (essência) de Bem, de Belo e de Justiça.
Para Platão, o mundo sensível é uma mera cópia ou reflexo imperfeito do mundo
das Ideias. Os objetos e eventos no mundo sensível são apenas manifestações
efêmeras das Ideias que existem no mundo das realidades eternas.
A FILOSOFIA DE PLATÃO: MUNDO DAS IDEIAS

Os objetos no mundo sensível participam das Ideias, o que significa que eles têm
sua existência e significado por causa das Ideias correspondentes no mundo das
Formas. Por exemplo, todas as cadeiras no mundo sensível são variações das
Ideias da "cadeira".
O conhecimento verdadeiro só pode ser alcançado por meio das Ideias. O
conhecimento adquirido pelos sentidos é apenas opinião, sujeito a enganos e
mudanças.
Os filósofos, de acordo com Platão, deveriam buscar o conhecimento das Ideias
por meio da razão e da contemplaç
PLATÃO: ALEGORIA DA CAVERNA
O mito (alegoria) da caverna ilustra a visão de Platão sobre a relação entre o mundo
das aparências sensíveis e o mundo das Ideias (ou Formas).
Platão descreve prisioneiros que estão acorrentados desde a infância no interior de
uma caverna escura, de costas para a entrada. Eles só podem ver as sombras das
coisas projetadas na parede da caverna, iluminadas por uma fogueira atrás deles.
Suponhamos que um dos prisioneiros seja libertado e forçado a sair da caverna em
direção ao mundo exterior. Inicialmente, ele seria cegado pela luz do sol, mas
gradualmente se acostumaria e começaria a perceber as coisas reais ao seu redor.
A saída da caverna representa a jornada da ignorância para o conhecimento
verdadeiro. O mundo exterior iluminado pelo sol representa o mundo das Ideias,
onde as realidades eternas e imutáveis residem.
A FILOSOFIA DE PLATÃO: CRÍTICA A DEMOCRACIA
Platão se decepcionou com a democracia ateniense após a condenação de Sócrates.
Ele formula várias críticas a ela em seu diálogo A República, segundo ele:
A democracia era um sistema que permitia mudanças frequentes de liderança e
políticas.
Não dava poder a especialistas ou filósofos qualificados. Ele acreditava que os
cidadãos comuns não tinham o conhecimento ou a capacidade para tomar
decisões políticas informadas, o que poderia levar a erros e más decisões.
Os políticos democráticos poderiam manipular as emoções das pessoas através da
retórica, levando a decisões precipitadas ou equivocadas
A FILOSOFIA DE PLATÃO: UTOPIA POLÍTICA
Platão em seu diálogo A República formula uma outra forma de governo e de
sociedade
Platão propõe a divisão da sociedade em três classes distintas: os governantes-
filósofos, os guerreiros-guardiões e os trabalhadores.
Os governantes-filósofos são os detentores do conhecimento e da sabedoria e
devem governar com base na razão. Com base na virtude, buscando o bem-estar
da sociedade como um todo, em vez de buscar seus próprios interesses.
Os guerreiros-guardiões comporiam a classe militar, responsável por proteger a
cidade contra ameaças externas. Eles seriam educados para serem corajosos e
virtuosos,
E os artesãos, trabalhadores em geral, como agricultores e comerciantes.
A FILOSOFIA DE PLATÃO: UTOPIA POLÍTICA
Nesse modelo de sociedade, as famílias tradicionais desapareceriam, pois a criança
seria educada pela pólis.

A educação desempenha um papel crucial na doutrina política de Platão. Os


cidadãos seriam educados de acordo com suas aptidões, mas os futuros
governantes seriam submetidos a um treinamento rigoroso e intensivo.

A justiça é central para a sociedade ideal de Platão. Cada indivíduo deve realizar
sua função designada, contribuindo para o bem-estar de toda a comunidade.A
harmonia da cidade surge quando todas as partes da sociedade desempenham seu
papel corretamente.
A FILOSOFIA DE PLATÃO: TRIPARTIDE DA ALMA
Platão divide a alma em três partes: razão, espírito e apetite.
Razão (intelectual):
A parte racional da alma é responsável pelo pensamento, razão e tomada de decisões.
É a parte que busca a verdade, busca o conhecimento e guia as outras partes.
Irascível (emoções):
A parte espiritual da alma lida com emoções, moralidade e motivações. É a fonte de
coragem, ira e desejo de reconhecimento social.
Apetitiva (Desejo):
A parte apetitiva da alma está relacionada aos desejos físicos e às necessidades
básicas, como fome e sede. É a parte que busca prazeres sensoriais e satisfação
material.
A FILOSOFIA DE PLATÃO: TRIPARTIDE DA ALMA

A harmonia entre as três partes da alma é essencial para a virtude e uma vida
bem-sucedida. A parte racional deve governar sobre as partes emocionais e
apetitiva para que a pessoa seja justa e virtuosa.

Analogia com a República:


A tripartição da alma também é relacionada à estrutura da sociedade ideal de
Platão na "República". Assim como a alma tem suas partes, a cidade ideal tem
suas classes: filósofos-governantes, guerreiros-guardiões e trabalhadores.
A vida sem ser examinada não vale a pena ser
vivida pelo homem ( ὁ ... ἀνεξέταστος βίος οὐ
βιωτὸς ἀνθρώπῳ).
Apologia de Sócrates, Platão (38a).

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