Petição Inicial

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

__ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA


DE MANAUS-AM.

MARIO JAIME RODRIGUES DE MELO, brasileiro, casado, Servidor público,


portador do RG nº 10519 SSP/AM, inscrito no CPF sob o nº 344.734.592-68,
residente e domiciliado na Rua Edgar Quinet, nº86, Cidade Nova – CEP:
69.090-745, Manaus-AM, por seu advogado que esta subscreve, conforme
procuração em anexo, com escritório profissional descrito em nota de
rodapé, onde recebe intimações e demais atos processuais, vem a presença
de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, XXXV, da Constituição
da República Federativa do Brasil, ajuizar a presente AÇÃO DE COBRANÇA
– ADICIONAL DE TEMPO DE SERVIÇO COM BASE NO SOLDO
PERCEBIDO em face do ESTADO DO AMAZONAS, o qual é vinculado à
pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no CNPJ nº
04.312.369/0001-90, representado neste ato pela PROCURADORIA GERAL
DO ESTADO, com sede na Rua Emílio Moreira, número 1308 - Bairro Praça
14 de Janeiro, CEP 69020-040, Manaus, Amazonas, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

1. PRELIMINARMENTE:
1.1. DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA
JUSTIÇA:

A parte Requerente não possui condições de arcar com as custas


processuais, sem comprometer o seu orçamento familiar.
Conforme inteligência do art. 98 CPC (Lei nº 13.105/2015), define-se
o necessitado, para fins legais, aquele cuja situação econômica não lhe
permita pagar custas do processo e os honorários de advogado.

Desse modo, em consonância com atual legislação, na qual


assegura que a parte gozará dos benefícios da assistência judiciária,
mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em
condições de pagar às custas do processo e os honorários advocatícios, tem
por ser pessoa natural essa respectiva presunção, conforme se depreende
do art. 99, parágrafo 3º, CPC/2015:

“Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode


ser formulado na petição inicial, na contestação,
na petição para ingresso de terceiro no processo
ou em recurso.

§ 3º. Presume-se verdadeira a alegação de


insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural.”

Diante disso, requer a concessão do benefício da Justiça Gratuita,


em todos os seus termos, a fim que seja isento de qualquer ônus decorrente
do presente feito, conforme prova declaração de hipossuficiência,
contracheques e Declaração de Imposto de Renda em anexo.

2. DOS FATOS:

O requerente é Subtenente (QPPM) da Ativa da Polícia Militar do


Amazonas, tendo ingressado na Corporação na data 01/03/1992. Em razão
disso, adquiriu o direito líquido e certo a receber vantagem pessoal
denominada adicional por tempo de serviço (ATS) no percentual de 5%
(cinco por cento) calculado sobre seu soldo.
Farta e robusta é a fundamentação jurídica da presente ação, entre
elas, pareceres da própria Administração, Súmula do Tribunal de Contas,
certidão emitida pela Polícia Militar e até mesmo decisões do Plenário do
TJAM. Vejamos, inicialmente, o posicionamento consolidado do Tribunal de
Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) a respeito do tema por meio de
sua súmula n° 26, conforme demonstro:

“O ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO,


INCORPORADO AOS PROVENTOS DOS MILITARES,
DEVE SER CALCULADO COM BASE NO SOLDO
ATUAL, ANTE A AUSÊNCIA DE LEI FORMAL
EXPRESSA DETERMINANDO O CONGELAMENTO DO
VALOR DA REFERIDA GRATIFICAÇÃO”.

Conjugado à sumula citada, a Procuradoria do Estado do Amazonas,


emitiu no dia 19/10/2017 o parecer 37/2017-PPM/PGE-AM (anexo),
modificando seu entendimento anterior, e afirmando que o adicional por
tempo de serviço deve ser calculado com base no soldo do policial militar.
Abaixo, apresento a conclusão do referido parecer:
Ocorre, Nobre Julgador, em que pese o reconhecimento do Tribunal
de Contas e da própria Procuradoria Estadual, a Administração se esquivou
do dever legal de cumprir o regular pagamento mensal do adicional devido
a parte requerente com base no soldo percebido.

3. DO DIREITO:
3.1. DA ATUALIZAÇÃO DO ATS DOS MILITARES COM BASE NO
SOLDO PERCEBIDO:

O direito aqui pleiteado decorre do artigo 20 da lei 1.502/81,


consoante reproduzo:

Art. 20 - Ao completar cada quinquênio de tempo


de serviço, o policial-militar percebe a
Gratificação de Tempo de Serviço, cujo valor é o
número de cotas de 5% (cinco por cento) do soldo
do seu posto ou graduação, até o limite de sete
quotas.

Em que pese a extinção de tal direito pela lei n° 2.531/99, o ATS


dos militares deve ser atualizado com base no soldo percebido,
porque, diverso do que foi feito com outras categorias (art. 4°, da lei n°
2.871/04 – SEDUC, art. 32, da lei n°3.469/2009 – SUSAM, art. 4°, da lei n°
2.875/2004 : art. 3°, parágrafo 6º, da lei n. 3.510/2010 –demais categorias)
até a presente data não foi editado dispositivo legal, congelando-o, ou seja,
a lei n. 2.531/99 apenas proibiu a aquisição pelos militares estaduais de
novos quinquênios até que, eventualmente, seja publicada lei, congelando o
valor.

Aliado aos fundamentos apresentados, reiteramos a súmula n° 26 do


TCE/AM e o Parecer ° 37/2017-PPM/PGE-AM (ambos anexos), os quais
reconhecem o direito líquido e certo do Impetrante em receber um
quinquênio (5%) calculado sobre seu soldo, senão vejamos!

SÚMULA 26 TECE/AM: “O ADICIONAL POR TEMPO


DE SERVIÇO, INCORPORADO AOS PROVENTOS
DOS MILITARES, DEVE SER CALCULADO COM BASE
NO SOLDO ATUAL, ANTE A AUSÊNCIA DE LEI
FORMAL EXPRESSA DETERMINANDO O
CONGELAMENTO DO VALOR DA REFERIDA
GRATIFICAÇÃO”.

PARECER ° 37/2017-PPM/PGE-AM:
3.2. DO PRECEDENTE DO PLENO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO AMAZONAS:

O Plenário deste Egrégio Tribunal, nos autos do Mandado de


Segurança 4003547- 65.2018.8.04.0000, de relatoria do Desembargador
Flavio Pascarelli, já se debruçou sobre o tema e decidiu de forma favorável
aos policiais militares que ali figuraram como Impetrantes, conforme
exponho:

3.3. DO QUANTUM:

A pretensão indenizatória que se busca com a presente ação é


pertinente aos últimos cinco anos, prazo prescricional aplicado em ações
contra a Fazenda Pública. Segue abaixo a planilha detalhada:
3.4. DA INVIABILIDADE DO USO DA LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL PARA NEGAR DIREITOS SUBJETIVOS
AOS SERVIDORES PÚBLICOS:

O Estado do Amazonas, rotineiramente nega diversos direitos dos


servidores públicos alegando a lei de responsabilidade fiscal como “escudo”
para tal arbitrariedade, contudo, de acordo com a jurisprudência dos
tribunais superiores tal argumentação não se sustenta, senão vejamos:

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR


PÚBLICO ESTADUAL. ATUALIZAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO.
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. INAPLICABILIDADE.
PRECEDENTES. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. SÚMULA Nº 284 DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

1. A Lei de Responsabilidade Fiscal, que


regulamentou o art. 169 da Constituição Federal
de 1988, ao fixar limites de despesas com pessoal
dos entes públicos, não pode servir de
fundamento para elidir o direito dos servidores
públicos de perceber vantagem já assegurada por
lei.

Precedentes . (...)

3. Recurso parcialmente conhecido e, nessa extensão,


desprovido." (REsp 726.772/PB, 5ª Turma, Rel. Min.
Laurita Vaz, DJe de 15/06/2009). (destaquei)

4. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS:

Em face ao exposto, requer a Vossa Excelência:

a) A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA, com


fundamento nos arts. 98 e 99, CPC (Lei nº 13.105/2015), em razão de não
ter condições de arcar com as despesas judiciais sem prejuízo da própria
subsistência, em caso de interposição de recurso inominado;
b) A CITAÇÃO DO ESTADO DO AMAZONAS, por intermédio de seus
representantes legais ou quem suas vezes fizer, para querendo, contestar a
presente ação, sob pena dos efeitos da revelia e confissão;

c) SEJA DISPENSADA A REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO, nos moldes do § 5º, do Art. 334, do Novo
Código de Processo Civil;

d) A PROCEDÊNCIA DA AÇÃO, no sentido de CONDENAR O ENTE


PÚBLICO A PAGAR A DIFERENÇA DO ADICIONAL POR TEMPO DE
SERVIÇO - ATS (RECEBIDO E DEVIDO) DE 5% CALCULADO SOBRE O
SOLDO PERCEBIDO REFERENTE AOS ULTIMOS 05 (CINCO) ANOS DE
DÉFICIT DE REAJUSTES (JULHO/2017 A JUNHO/2022), TOTALIZANDO
R$ 10.281,58 (dez mil, duzentos e oitenta e um reais e cinquenta e
oito centavos), com acréscimo de correção monetária e juros legais;

e) Por se tratar de matéria de direito, sem necessidade de produção de


outras provas, pugna pelo JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE, nos
termos do art. 355, I do NCPC;

f) A produção de todas as provas em direito admitidas e necessárias à


solução da lide, em especial as documentais que ora junta e por aquelas
que poderá juntar em momento oportuno.

O advogado que assina a presente ação, usando as prerrogativas


que lhe são conferidas por lei, declara a veracidade por semelhança aos
originais de todos os documentos anexos a presente petição inicial.

Dá-se a causa o valor de R$ 10.281,58 (dez mil, duzentos e


oitenta e um reais e cinquenta e oito centavos).

Termos em que, Pede Deferimento.


Manaus-AM, 11 de abril de 2024.

Ivan Gleidson Trindade de Souza Farias


OAB/AM 11.9011

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