Plano de Mudanças Climáticas - Rio Branco
Plano de Mudanças Climáticas - Rio Branco
Plano de Mudanças Climáticas - Rio Branco
Dezembro, 2020
Rio Branco, Acre
EXPEDIENTE
Secretária de Planejamento
Maria Janete Sousa dos Santos
Secretária Adjunta de Planejamento
Silvia Helena Costa Brilhante
Assessora Técnica
Adriana Valente de Oliveira
Assessor Técnico
Josué da Silva Santos
AUTORES
Eugênio Pantoja
Diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
Gabriela Savian
Diretora Adjunta de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
Raissa Guerra
Pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
Werlesson Nascimento
Estudante de Agronomia UFOPA/Bolsista PIBIC/Embrapa Amazônia Oriental/NAPT-MA
sumário
Apresentação.........................................................................................................................................................5
1. Introdução....................................................................................................................................................6
a. As mudanças climáticas e seus impactos...................................................................................................6
b. Contexto da Contribuição Nacional Determinada
(NDC, do inglês Nationally Determined Contribution) brasileira no Acordo de Paris..............................7
c. Políticas/Planos Nacional e Estadual..........................................................................................................8
d. O plano municipal e os objetivos de desenvolvimento sustentável.......................................................11
2. Concepção do Plano.................................................................................................................................13
3. Perfil das emissões do município de Rio Branco..................................................................................16
a. Caracterização do município de Rio Branco.............................................................................................16
b. Setores inventariados................................................................................................................................19
I. Energia........................................................................................................................................................19
II. Transporte..................................................................................................................................................19
III. Uso do solo.................................................................................................................................................19
IV. Resíduos Sólidos........................................................................................................................................19
c. Perfil das emissões....................................................................................................................................20
4. Cenário de emissões até 2040.................................................................................................................25
5. As vulnerabilidades às mudanças climáticas do Município................................................................27
a. Secas...........................................................................................................................................................27
b. Inundações.................................................................................................................................................29
c. Queimadas.................................................................................................................................................32
6. Desafios e Oportunidades decorrentes da mudança do clima no município de Rio Branco..........37
7. Princípios e Diretrizes..............................................................................................................................39
8. Objetivos do Plano...................................................................................................................................40
8.1 Objetivo geral.............................................................................................................................................40
9. Eixos Estratégicos Setoriais e Objetivos Específicos...........................................................................41
10. Marco Temporal........................................................................................................................................42
11. Descrição dos Eixos Estratégicos Setoriais, Objetivos, Ações Estratégicas, Metas, Impacto
e Líder Setorial.........................................................................................................................................43
11.1. Eixo Estratégico Setorial: Uso do solo urbano..........................................................................................44
11.2. Eixo Estratégico Setorial: Uso do solo rural..............................................................................................45
11.3. Eixo Estratégico Setorial: Mobilidade urbana...........................................................................................45
11.4. Eixo Estratégico Setorial: Saneamento.....................................................................................................46
11.5. Eixo Estratégico Setorial: Energias Alternativas/Renováveis..................................................................47
11.6. Eixo Estratégico Setorial: Comunicação e monitoramento do PMAMC de Rio Branco...........................47
12. Arranjo Institucional e Estratégia de Implementação do PMAMC de Rio Branco............................48
12.1. Instância Política e de Coordenação.........................................................................................................48
12.2. Instância Executiva....................................................................................................................................49
12.3. Instância de Acompanhamento e Transparência.....................................................................................49
13. Monitoramento e Avaliação do PMAMC de Rio Branco........................................................................50
13.1 Monitoramento do Espaço Territorial.......................................................................................................50
14. Fontes de Financiamento do PMAMC de Rio Branco............................................................................51
15. Considerações Finais...............................................................................................................................52
Bibliografia consultada.......................................................................................................................................54
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apresentação
A atual gestão municipal vem envidando esforços no sentido de incluir Rio Branco no marco regulatório
da agenda climática, construindo o arcabouço legal e administrativo; e planejamento estratégico das
políticas públicas locais voltadas para o enfrentamento das Mudanças Climáticas.
O desafio de estruturar a política local para o enfrentamento às mudanças climáticas passa pela
necessidade de conhecer as fontes de emissões dos gases de efeito estufa (GEE) na matriz de
desenvolvimento local. Elaborar o Inventário de Gases de Efeito Estufa (IGEE) foi o primeiro passo
dado pela gestão. Em 2019, Rio Branco elaborou, em parceria com a Embrapa Acre, o 1º Inventário das
emissões de GEE do Município, período 2012–2016, permitindo que fossem conhecidos os setores que
mais contribuem com essas emissões.
As alterações do clima pedem novas formas de agir e planejar e consistem em um dos grandes desafios
da atualidade. Ao mesmo tempo, também podem trazer oportunidades para a nossa região que, se bem
pensadas, trabalhadas e executadas, resultarão em melhorias na infraestrutura, serviços básicos, saúde,
áreas verdes e qualidade de vida da população de Rio Branco.
Dessa forma, o segundo passo dado, foi a elaboração do Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às
Mudanças do Clima (PMMC) de Rio Branco, com este instrumento promove-se o planejamento integrado
de diversos setores – como saneamento, infraestrutura, mobilidade, energia, saúde, uso e ocupação do
solo, qualidade ambiental e educação – essenciais para enfrentar as mudanças climáticas.
O PMMC foi elaborado em parceria com o Instituto de Pesquisa AmbientaI da Amazônia (IPAM), a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da iniciativa Governos Locais Pela Sustentabilidade
para América do Sul (ICLEI), ouvindo vários segmentos da sociedade e norteará o município de
Rio Branco na definição de políticas e projetos voltados à mitigação e adaptação às mudanças
climáticas. Este Plano reúne as ações prioritárias a serem implementadas, para o enfrentamento dos
desafios prementes, constituindo-se em um pacto de esperança e compromisso com os moradores de
Rio Branco.
SOCORRO NERI
Prefeita de Rio Branco
1. Introdução
a. As mudanças climáticas e seus impactos
Estima-se que as atividades humanas tenham causado de CO2 eq/ano, sendo 65% devido as emissões de CO2
cerca de 1,0°C de aquecimento global acima dos níveis pelos combustíveis fósseis e processos industriais, 11%
pré-industriais, com uma variação provável de 0,8°C a devido as emissões de CO2 pela mudança do uso da
1,2°C. É provável que o aquecimento global atinja 1,5°C terra e florestas, que está associado principalmente ao
entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar no ritmo desmatamento (IPCC, 2014).
atual (IPCC, 2018).
Analisando-se a evolução das emissões totais em termos
O Painel Intergovernamental de Mudança Climática da de CO2e para o período de 2014 (AMARAL et al., 2019)
ONU (IPCC, 2014; IPCC, 2018) apresenta ainda outras em relação aos anos de 2010 (COSTA et al., 2012), de
conclusões importantes: 2012 (COSTA e AMARAL, 2014) e de 2014 (AMARAL et al.,
2019) verifica-se que em 2012 houve redução de 52%
• O aumento da temperatura global nas áreas em relação a 2010. Em 2014, houve aumento de 101%
continentais é mais alto do que o aumento da nas emissões totais de CO2e em relação a 2012. Mesmo
temperatura média na Terra (enquanto nosso planeta assim, as emissões totais em 2014 foram 4% menores do
está cerca de 1°C mais quente, nos continentes onde que em 2010.
os humanos vivem o aumento já atingiu de 1,4°C
a 1,5°C); No perfil das emissões totais do Estado do Acre para o
ano base 2014 (AMARAL et al., 2019), o setor de Mudança
• É inviável a meta de não passar dos 1,5ºC sem forte no Uso da Terra e Floresta foi responsável por 80,3% das
sequestro de carbono (uma tarefa importante que emissões; seguido da Agropecuária, que respondeu por
envolve as florestas tropicais, como a Amazônia); 15,6% das emissões. Os demais setores permanecem
pouco expressivos no balanço das emissões totais
• As mudanças climáticas estão afetando eventos de GEE, porém com tendência de crescimento como
meteorológicos extremos (aumentando a intensidade decorrência do crescimento populacional, da crescente
e quantidade dos mesmos); urbanização e do aumento da importância dos setores
secundário e terciário na economia do Estado.
• Se o desmatamento na Amazônia atingir 40% da
floresta, chega-se a um ponto irreversível (tanto A escala mais relevante de análise das mudanças
para barrar o aquecimento global quanto para a climáticas é supostamente global, mas, sem dúvida,
sobrevivência do ciclo da floresta como é hoje); as ações antrópicas ocorrem em escala local e suas
consequências ultrapassam as fronteiras dos municípios,
• A mudança climática já está prejudicando a produção estados e nações e afetam mais diretamente a vida de
agrícola (no Brasil, o aquecimento pode reduzir indivíduos em algumas regiões que em outras em todo
as safras de milho em 5,5% a cada grau Celsius de o planeta. Atualmente, as regiões mais diretamente
aquecimento; nos EUA, esse percentual pode chegar afetadas não são necessariamente aquelas que mais
a 10,3%); contribuíram – por ter atividade industrial em menor
escala – para o problema: "os pobres e mais vulneráveis
As emissões antrópicas mundiais de Gases de Efeito serão os mais atingidos" pela alteração climática (WORLD
Estufa (GEEs) em 2010 atingiram o valor de 49±4,5 Gt BANK, 2012).
6
b. Contexto da Contribuição Nacional Determinada (NDC, do inglês
Nationally Determined Contribution) brasileira no Acordo de Paris
A 21ª Conferência do Clima (COP 21) realizada em próximos anos para enfrentar as mudanças climáticas.
Paris em dezembro de 2015 foi o local da negociação
do compromisso histórico em que 197 países e blocos As principais medidas da NDC brasileira até 2030 são as
supranacionais se organizaram para a manutenção da seguintes:
temperatura média global em menos de 2ºC até o fim
deste século, com esforços para limitá-lo a um aumento • Aumentar a participação de biocombustíveis, na
de até 1,5oC. Este acordo pelo clima ficou conhecido matriz energética brasileira, para cerca de 18%,
como Acordo de Paris. expandindo o uso do etanol e do biodiesel;
Os principais pontos do Acordo de Paris para o Clima são: • Alcançar participação de cerca de 45% de energias
renováveis na composição da matriz energética.
• Manter o aumento da temperatura da Terra bem Essa meta inclui: expansão de fontes renováveis
abaixo de 2ºC até 2100 em relação à época anterior no uso doméstico (além da hídrica e não fóssil) de
à Revolução Industrial, com esforços para limitá-lo a 28% a 33% na matriz como um todo; aumento de
apenas 1,5ºC; renováveis (além da hídrica) no fornecimento de
eletricidade para ao menos 23% do total; e alcance
• Diminuir a emissão de gases de efeito estufa das de 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico;
atividades humanas ao mesmo nível que árvores, solo
e oceanos são capazes de absorvê-los naturalmente, • Fortalecer o cumprimento do Novo Código Florestal
entre 2050 e 2100; (Lei nº 12.651/2012) (BRASIL, 2012) sobre proteção
à vegetação nativa, em todas as esferas de governo,
• Incidir sobre todos os países signatários e ter sido inclusive a municipal;
firmado com base nas contribuições nacionalmente
determinadas, apresentadas individualmente pelas • Acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia e
nações; compensar as emissões de Gases de Efeito Estufa
(GEE) do desmatamento legal;
• Reconhecer que governos locais e subnacionais
são participantes essenciais para acelerar ações • Restaurar e recuperar florestas, em um total de 12
transformadoras no ambiente urbano; milhões de hectares, para múltiplos usos;
• Levantar ao menos US$ 100 bilhões anuais de países • Aumentar o manejo adequado de florestas nativas;
desenvolvidos até 2020 para financiar a mitigação e a
adaptação às mudanças climáticas. • Fortalecer o Plano de Agricultura de Baixa Emissão
de Carbono (Plano ABC), incluindo a restauração
No ano seguinte, em 12 de setembro de 2016, o Brasil adicional de 15 milhões de hectares de pastagens
ratificou o Acordo. O acordo entrou em vigor em 4 de degradadas e o incremento de 5 milhões de hectares
novembro de 2016, a partir do momento que pelo menos de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta
55 países, que somassem 55% das emissões globais, (iLPF);
concluíssem o processo de ratificação. As contribuições
nacionais formam um dos pilares fundamentais do • Promover tecnologias limpas, eficiência energética
Acordo. As 197 partes que elaboraram o tratado deverão e infraestrutura de baixa emissão de carbono na
cumprir suas respectivas NDCs e prestar contas dos indústria;
resultados alcançados, ao menos de cinco em cinco anos.
• Melhorar a eficiência e a infraestrutura no transporte
O Brasil apresentou seus compromissos em setembro de público em áreas urbanas.
2015, quando ainda eram intenções. A meta de redução
de emissões é de 37% até 2025, visando atingir 43% até A estratégia nacional é ambiciosa e estabelece ações de
2030, tendo 2005 como ano-base de cálculo. O processo curto, médio e longo prazo, estimulando os governos
de ratificação transformou os compromissos em lei, e locais (incluindo as prefeituras municipais) a iniciarem
eles instruem as políticas públicas que o país adotará nos suas estratégias.
A maior parte da legislação ambiental brasileira tem ambientais, como sendo aquele que provê o pagamento
natureza repressiva, privilegiando o comando e controle dos serviços ambientais; e b) recebedor do pagamento
ao invés de regular atividades e incentivos positivos para pelos serviços ambientais, como aquele que restabelece,
produção sustentável e valoração do meio ambiente recupera, mantém ou melhora os ecossistemas podendo
(ALTMANN, 2008). Ainda assim, nosso ordenamento perceber o Pagamento por Serviços Ambientais.
jurídico é reconhecidamente avançado no que se refere
à proteção e regulação da conservação e usos dos A Amazônia brasileira apresenta um grande potencial
recursos naturais. de oferta de serviços ambientais relacionados à
biodiversidade e retenção de carbono em florestas. O
Antes da promulgação da Constituição Federal de valor destes serviços ambientais providos pela floresta
1988, em seu Art. 225; que consagra o direito ao meio é consideravelmente alto, tendo em vista os grandes
ambiente ecologicamente equilibrado, como um bem riscos ambientais associados à sua perda. Por exemplo,
de uso comum do Povo; e da Constituição do Estado a floresta amazônica contém em quantidade de carbono
do Acre que também incorpora o tema ambiental; a armazenado, o equivalente a uma década e meia de
Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei n. emissões antropogênicas globais e, portanto, apresenta
6.938/81; já se apresentava na vanguarda no que tange um papel fundamental na regularização do clima global
à promoção do uso adequado dos recursos naturais, (Wunde et al., 2008).
especialmente em se tratando da institucionalização de
instrumentos inovadores de gestão ambiental. No caso do Acre, há décadas o Estado se apresenta
como pioneiro na formulação e execução de políticas
Em seu art. 4º, inciso VII, a Lei nº 6.938/81, estabelece que públicas socioambientais. Desde a década de 1970 -
o usuário de recursos ambientais com fins econômicos quando a introdução de nova forma de uso da terra e
deve pagar pela sua utilização. Dessa forma, os custos a intensificação da agricultura e da pecuária gerou um
serão direcionados apenas aos que se utilizam de forte processo de reação dos grupos sociais existentes
recursos naturais com finalidade econômica, isentando, nas florestas acreanas – buscou-se construir alternativas
assim, o Poder Público e a sociedade em geral. Ressalta- viáveis para o que se convencionou a chamar,
se que a exigência de um pagamento não é uma sanção, posteriormente, como desenvolvimento sustentável
mas sim a valorização do bem jurídico em questão, (SISA-Acre, 2010).
que pertence a todos os cidadãos. Consagrasse assim,
o Princípio do Poluidor Pagador ou Usuário Pagador. Assim, ao longo destes anos, o Acre criou importante
Neste caso, quem recebe pelo uso dos recursos naturais políticas públicas socioambientais legalmente
é o poder público. constituídas. No que se refere à valorização da floresta em
pé e, em certo grau, de alguma relação ao Pagamento por
No que se refere ao meio ambiente e seus recursos Serviços Ambientais, destacam-se a "Lei Chico Mendes",
naturais como um bem a ser valorado, preservado, Lei nº 1.277 de 03 de janeiro de 1999 e suas modificações,
conservado e utilizado de forma sustentável, o princípio que já estabelece o pagamento por serviços ambientais
do Poluidor Pagador vem se desdobrando no Princípio aos extrativistas por meio de subsídio no valor da
do Provedor-Recebedor. O Projeto de Lei que Institui a borracha e produtos florestais extrativistas.
Política Nacional dos Serviços Ambientais e o Programa
Federal de Pagamento por Serviços Ambientais vem a A instituição da Lei Estadual nº 1.426 de 27 de dezembro
consagrar este princípio como fundamento principal de 2001 que trata sobre a preservação e conservação
para o Pagamento por Serviços Ambientais (PROJETO das florestas do Estado, institui o Sistema Estadual de
DE LEI FEDERAL, 2008). Áreas Naturais Protegidas, cria o Conselho Florestal
Estadual e o Fundo Estadual de Florestas e, estabelece
Neste Projeto de Lei, estabelece-se ainda pagamento por a possibilidade de se utilizar o Fundo Florestal para
serviços ambientais como uma retribuição, monetária Pagamento por Serviços Ambientais.
ou não, às atividades humanas de restabelecimento,
recuperação, manutenção e melhoria dos ecossistemas A institucionalização do ZEE-AC, fase II, pela Lei nº 1.904
que geram serviços ambientais. Outros dois conceitos de 05 de junho de 2007 que permitiu a implementação
importantes são estabelecidos: a) pagador de serviços da Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal, e
8
a regularização do Passivo Florestal, por meio do Decreto especiais, bem como a emissão e registro dos serviços e
Estadual nº 3.416 de 12 de setembro de 2008 (ACRE, 2009). produtos ecossistêmicos. Tem por competência, ainda,
o controle e o monitoramento da redução de emissões
A criação do Programa Estadual de Certificação de de gases de efeito estufa, dos planos e projetos dos
Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre, programas e o cumprimento de suas metas e de seus
instituído pela Lei Estadual nº 2.025 de 20 de outubro objetivos. É previsto ainda um sistema de verificação,
de 2008, que também institui um bônus, ou seja, um de registro e de monitoramento dos produtos e serviços
recurso financeiro como pagamento anual por serviços ecossistêmicos - a exemplo da redução de emissões de
ambientais e incentivo para a adoção de práticas carbono por desmatamento e degradação florestal - de
produtivas sustentáveis. tal forma que se viabilize a necessária transparência,
credibilidade, rastreabilidade e não duplicidade,
Considerando este arcabouço jurídico, a estrutura essenciais para um reconhecimento amplo e a
organizacional, o amadurecimento político-social e a legitimidade de qualquer modelo de incentivo a serviços
mudança no paradigma de desenvolvimento que agora ambientais (SISA-Acre, 2010).
passa a privilegiar e valorizar a floresta em pé, criou-se
um ambiente favorável para se implantar uma política No que se refere ao controle social e para promover
sólida e estruturada relacionada aos Pagamentos por maior legitimidade ao Sistema e garantir a preservação
Serviços Ambientais. do interesse público, a Lei nº 2.308/2010 instituiu a
Comissão Estadual de Validação e Acompanhamento
Neste contexto foi instituído, por meio da Lei nº do SISA visando garantir o comprometimento e o
2.308/2010, o Sistema de Incentivos a Serviços Ambien- alinhamento das normas, subprogramas e projetos com
tais do Acre–SISA, um conjunto de princípios, diretrizes, os verdadeiros interesses públicos. Esta Comissão tem
instituições e instrumentos capazes de proporcionar como competências analisar e aprovar propostas de
uma adequada estrutura para o desenvolvimento de um normatização dos programas apresentadas pelo IMC e,
inovador setor econômico do Século XXI: a valorização em conjunto com ele, definir os requisitos mínimos para
econômica da preservação do meio ambiente por meio homologação de auditorias do Sistema. A Comissão,
do incentivo a serviços ecossistêmicos. O SISA inclui a ainda, analisa os resultados de auditoria independente e
possibilidade de incentivos a serviços ambientais nas recomenda ajustes para o permanente aperfeiçoamento
suas mais diversas formas: carbono florestal nas verten- do Sistema, garantindo, assim, a transparência e o
tes de redução de emissões de gases de efeito estufa por controle social dos programas, subprogramas, planos
desmatamento evitado (REDD) ou por reflorestamento de ação e projetos especiais a ele vinculados. Dentro
(modelo consagrado no protocolo de Quioto), recursos deste escopo, foi criada também uma ouvidoria geral
hídricos, beleza cênica, regulação do clima, conservação do Sistema, constituído por um ouvidor e vinculado
do solo, dentre outros. à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, tendo por
atribuições receber sugestões, reclamações, denúncias e
Um dos grandes desafios do SISA foi o estabelecimento propostas de qualquer cidadão ou entidade em relação
de um arranjo institucional capaz de atender a ao Sistema.
complexidade do tema, especialmente considerando a
mediação pública; o investimento privado, a participação Objetivando obter opiniões sobre assuntos estratégicos
e controle social. para o Programa, como questões técnicas, jurídicas e
metodológicas relativas ao SISA, trazendo ao Programa
Em relação à mediação pública do SISA, foi criado o conhecimento científico como elemento crítico para
Instituto de Regulação, Controle e Registro, que passou efetividade das atividades do Estado no âmbito nacional
a ser denominado de Instituto de Mudanças Climáticas e internacional; foi criado também o Comitê Científico,
e Regulação de Serviços Ambientais - IMC, por força da que se trata de um órgão consultivo vinculado ao
Lei Complementar estadual nº 222 de 11 de fevereiro Instituto de Regulação, Controle e Registro, com uma
de 2011, com competência para estabelecer as normas composição heterogênea formada por pesquisadores de
complementares do SISA, aprovar e homologar as renome nacional e internacional de diversas áreas das
metodologias de projetos, efetuar o pré-registro e o ciências humanas e sociais, exatas e biológicas, dentre
registro dos subprogramas, planos de ação e projetos outras, convidados pelo poder público estadual.
10
d. O plano municipal e os objetivos de desenvolvimento sustentável
1
nômico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre Infraestrutura, Mobilidade Urbana e
outros desafios enfrentados por inúmeras nações. Sustentabilidade;
3
o desenvolvimento e a inclusão social, a governança
democrática e a proteção ambiental. Rio Branco Plena de Direitos;
• Melhorar os dados municipais; Das ações previstas no PPA, a maior parte tem relação,
nesta ordem, com os seguintes ODS:
• Aumentar a eficiência da administração pública;
• ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis;
• Apresentar soluções duradouras e resultados de médio
e longo prazo; • ODS 16: Paz, Justiça e Instituições Fortes,
Visando o envolvimento das várias secretarias municipais Este Plano Municipal ressalta, portanto, a importância
e ainda o engajamento da sociedade na implementação de elencar esforços voltados para o desenvolvimento da
e alcance da Agenda 2030, a Prefeitura publicou o Decre- resiliência e da capacidade de adaptação do Município
to nº 1.217 de 11 de dezembro de 2018 que criou a Co- às consequências das mudanças do clima.
missão Municipal para os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável no Município de Rio Branco, com a compe-
tência de:
12
2. Concepção
do Plano
O município de Rio Branco aderiu ao Compacto de (ICLEI), Cities Climate Leadership Group (C40) e Cidades
Prefeitos em abril de 2016. O Compacto de Prefeitos e Governos Locais Unidos (CGLU) é apoiado pelo
se traduz numa iniciativa histórica, lançada na Cúpula enviado especial para cidades e mudanças climáticas
Climática das Nações Unidas, em setembro de 2014. do secretário-geral da ONU, Michael Bloomberg, e pela
O Compacto de Prefeitos consiste em uma resposta ONU Habitat.
das cidades ao chamado do então secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, Para estarem em conformidade com as exigências do
por ações de todos os atores envolvidos para manter Compacto, as cidades signatárias comprometem-se a
o aumento médio das temperaturas globais abaixo de desenvolver, em até três anos, os seguintes passos para
2ºCaté o fim deste século. Liderado pelas Redes Globais mitigação e adaptação:
de Cidades: Governos Locais pela Sustentabilidade
MITIGAÇÃO ADAPTAÇÃO
Em até um ano após o compromisso, a cidade deve Em até dois anos após o compromisso, a cidade precisa
elaborar seu inventário de emissões de GEE no padrão identificar os perigos climáticos a que está suscetível.
GPC. A localidade deve registrar suas emissões no A cidade deve incluir essas ameaças no Registro
Registro Climático Carbonn1. Climático Carbonn.
Dois anos após o compromisso, a cidade tem de Em até dois anos, o município deve realizar sua análise
aprimorar seu inventário de GEE, bem como definir de vulnerabilidades às mudanças climáticas
uma meta de redução de emissões de GEE. e novamente relatar suas ações.
Em três anos, a localidade precisa publicar um Em três anos, a cidade obriga-se a publicar um
plano de ação climática para alcançar plano de ação climático para aumentar sua r
sua meta de redução. esiliência às mudanças climáticas.
1 | O Registro Climático carbonn® (cCR) é a principal plataforma mundial de relatoria de dados climáticos para aumentar a transparência, responsabilidade e credibilidade da ação
climática de governos locais e subnacionais. É designada como o repositório central de informações do Compacto de Prefeitos. Website: carbonn.org/
Desenvolvimento
e Financiamento
Desenvolvimento Implementação
da Estratégia e Monitoramento
Definição da Integração e
Linha de Base II. Colaboração
Agir
I. III.
Revisão e
Pesquisa e Analisar Acelerar Aprimoramento
Avaliação
Comprometimento Divulgação de
e Mobilização Agenda e
Inspiração
14
FASE PASSO DESCRIÇÃO
Passo 3: Dois importantes levantamentos devem servir como base para o planejamento:
1) O inventário de emissões de GEE, com identificação dos principais setores e fontes de
Linha de base:
emissão, assim como a análise de trajetória, caso nada seja feito em direção a um desen-
inventário de
volvimento urbano de baixo carbono (cenário “business as usual”, BAU). Depois, são iden-
emissões de tificados áreas e setores com mais potencial de custo-benefício para a mitigação de GEE.
GEE e análise de 2) A análise da vulnerabilidade, que avalia o grau de suscetibilidade e a capacidade de um
vulnerabilidade sistema em lidar com situações adversas de mudança do clima.
II. O momento agora é o de detalhar a estratégia com mais profundidade, avaliar sua eficácia
Agir Passo 5: e viabilidades técnica e financeira. Com isso, já é possível testar e demonstrar a capacida-
Detalhamento e de adaptativa e de redução de emissões de GEE das novas ações. Ao mesmo tempo, os
financiamento resultados iniciais ajudam a promover maior engajamento e a executar mais medidas. Os
projetos com financiamento assegurado também já poderão ser postos em prática.
Passo 6: A execução será feita em parceria com organizações selecionadas, e cada projeto será
Implementação e monitorado e avaliado, com mensuração, reporte e verificação, para atender às condições
monitoramento dos financiadores, ou para documentação de maneira voluntária.
É hora de integrar política e infraestrutura urbanas para além da jurisdição municipal, por
Passo 7: meio da colaboração com outras cidades, de forma a melhorar a qualidade e a execução
dos programas. Estabelecendo políticas consistentes e articulando uma rede de parceiros
Integração e estratégicos, existe a possibilidade de ampliar canais de acesso a recursos. Consiste
colaboração ainda no momento de realçar a cooperação entre diferentes níveis de governo e ampliar
parcerias com outras cidades pelo mundo.
III. Passo 8: É o período para avaliar a execução da estratégia, de modo a garantir que a cidade continue
no caminho certo. As lições aprendidas e o conhecimento acumulado serão essenciais
Acelerar Revisão e para a repetição do processo e a integração da estratégia com o planejamento municipal.
aprimoramento Os projetos e programas com resultados positivos podem ser replicados e ampliados.
Passo 9: Essa fase finaliza o processo de formulação da estratégia e incentiva a preparação para
os próximos passos. O êxito do município, suas práticas bem-sucedidas e o engajamento
Divulgação
em esforços colaborativos podem ser relatados para o mundo todo. A cidade está apta a
da agenda e participar de premiações, e as lideranças têm a possibilidade de pedir apoio financeiro
inspiração e de recursos humanos e técnicos a instituições financeiras e a parceiros internacionais.
A elaboração do Plano Clima usou como pressuposto a estruturar os eixos e definir as diretrizes e objetivos
metodologia GCC, porem inseriu na fase II a metodologia estratégicos que guiarão o contexto urbano e rural do
do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia para município pelos próximos anos.
O município de Rio Branco é a capital do Estado do Acre e O município possui uma área de 883.552 ha, represen-
está localizado no oeste da Amazônia brasileira e ao Leste tando 5,4% do território acreano. Rio Branco está loca-
do Estado. O município integra a Regional Administrativa lizado em uma área de integração entre o Brasil, a Bo-
do Baixo Acre e faz limites ao norte com o município de lívia e o Peru, o que torna esta região estratégica para a
Bujari; ao sul com os municípios de Xapuri, Capixaba e integração regional e nacional pela BR-317, permitindo
Plácido de Castro; a leste com Senador Guiomard; a a implantação e a expansão de atividades econômicas.
oeste com Sena Madureira; e a noroeste com Porto Acre É cortado pelas rodovias estaduais AC – 090, AC – 040 e
(Figura 2). AC – 010 e pelas rodovias federais BR 317 e BR 364 (Figura
3). A BR 364 é uma rodovia que dá acesso à cidade de Por-
to Velho (RO) e ao centro centro-sul do país (ACRE, 2010).
A
Amm aa zz oo nn aa ss
MÂNCIO LIMA
!
. . RODRIGUES ALVES
!
CRUZEIRO DO SUL
.
!
8°0'0"S
8°0'0"S
5
TARAUACÁFEIJÓ
!
. .
!
PORTO WALTER
!
.
MANOEL URBANO
!
.
MARECHAL THAUMATURGO
!
. SENA MADUREIRA
!
.
JORDÃO
!
.
SANTA ROSA DO PURUS
!
.
PORTO ACRE
.
!
BUJARI
R
R oo nn dd ôô nn ii aa
!
.
RRIO
i o BRANCO
R i o B r a n cc o
Bran o
10°0'0"S
_
^
10°0'0"S
ACRELÂNDIA
SENADOR GUIOMARD
.
!
Legenda
.
!
PLÁCIDO DE CASTRO
!
.
P
PEER
RUU CAPIXABA
.
! Cidades .
!
XAPURI .
!
_
^ Capital Estadual .
!
ASSIS BRASIL
BRASILÉIA
!EPITACIOLÂNDIA
.
Limite Estadual
B
BOO LL ÍÍ V
V II A
A
Limite Municipal ESCALA:
km
Rio Branco 0 30 60 120 180 240
74°0'0"W 72°0'0"W 70°0'0"W 68°0'0"W
Elaboração: IPAM
16
69°0'0"W 68°30'0"W 68°0'0"W 67°30'0"W
Legenda
_ Rio Branco
^
BR
36
4
P
P oo rr tt oo A
A cc rr ee
10
Ramais
9°40'0"S
9°40'0"S
B
B uu jj aa rr ii
Rodovia Federal
Rodovia Estadual
10
BR 317
Limite Municipal
_
^
5
S
S ee nn aa M
M aa dd uu rr ee ii aa
10°0'0"S
90
10°0'0"S
BR 364
R
R ii o
o B
B rr aa n
n cc o
o 7
31
BR
1
S
S ee nn aa dd oo rr G
G ii oo m
m aa rr dd
400
40
10°20'0"S
10°20'0"S
40
X
X aa pp uu rr ii P
P ll áá cc ii dd oo dd ee C
C aa ss tt rr oo
BR
C
C aa pp ii xx aa bb aa
31
B
B rr aa ss ii ll éé ii aa
7
10°40'0"S
403
10°40'0"S
BR
31
7
ESCALA:
48
km
5
0 5 10 20 30 40
69°0'0"W 68°30'0"W 68°0'0"W 67°30'0"W
Elaboração: IPAM
Rio Branco abriga 46,2% da população acreana e é o observadas nos meses de dezembro e janeiro. Os meses
município mais populoso do Acre, com uma população mais quentes são agosto e setembro (32ºC), enquanto
de 413.418 pessoas (Projeção IBGE, 2019), e densidade a menor temperatura do ar mensal (22,6ºC) ocorre em
demográfica de 46,8 hab./km². A população do junho (ACRE, 2018).
Município apresentou um crescimento de 32,8% entre
os Censos Demográficos de 2000 e 2010, passando de O total anual médio das chuvas (P) no município de Rio
253.059 para 336.038 habitantes. Essa taxa foi superior Branco é de 1.747 mm, sendo em torno de 9% menor que
àquela registrada no Estado, que ficou em 31,6% (Acre, a média anual das chuvas no estado do Acre (1.919 mm).
2017). A taxa de urbanização é de 91,8% (Acre, 2017) e As chuvas médias mensais de Rio Branco apresentam
a zona rural é habitada por apenas 33.900 pessoas que variação sazonal, com os maiores totais (> 210 mm) nos
representam a maior população rural dos municípios do meses de inverno amazônico (dezembro a fevereiro)
Estado do Acre. e transição com outono (março). Durante o verão
amazônico (junho a agosto), se observaram os menores
O clima do Município é classificado como (Köppen), totais mensais (< 60 mm) (ACRE, 2018).
equatorial quente e úmido com temperatura média
anual variando entre 25,2ºC, com máxima em torno de Rio Branco é banhado pela bacia do rio Acre que
32ºC, estações seca e úmida, bem definidas. As maiores dentro do território acreano ocupa uma área de
temperaturas mensais (> 26,5ºC) ocorrem entre setembro 27.263 km². O rio Acre é o principal rio que corta o Município,
e março. As menores temperaturas do ar (< 23ºC) são com muitos bancos de areia e que corre no sentido
18
b. Setores inventariados
Costa et al. (2019) realizaram o primeiro inventário de decréscimo em 2014. A emissão oriunda do diesel foi
gases de efeito estufa do município de Rio Branco que decrescente entre 2012 e 2016, com o valor de 2016
englobou uma série histórica de 2012 a 2016 e considerou (150.524 t CO2e) representando praticamente a metade
os seguintes setores: do valor em 2012 (346.216 t CO2e).
1) energia;
2) transporte; No período 2012–2016 as fontes gasolina C (49,8%)
3) uso da terra, tendo a agropecuária foco para a e diesel (49,7%) representaram 99,5% das emissões,
pecuária bovina, bubalina, caprina e ovina e mudança no enquanto a fonte etanol representou 0,5%.
uso da terra e florestas com foco para o desmatamento; e
4) tratamento e disposição de resíduos sólidos.
III. Uso do solo
Os setores mensurados por Costa et al. (2019) são
relatados a seguir:
O setor de uso do solo foi responsável pela emissão
total de 7.420.075 toneladas de CO2e na série 2012–2016.
I. Energia A dinâmica temporal das emissões foi relativamente
semelhante entre desmatamento e ruminantes. A
emissão oriunda da mudança de uso da terra foi
O setor de energia foi responsável pela emissão total de crescente entre 2012 e 2016. A emissão oriunda dos
447.052 toneladas de CO2e na série 2012–2016. A dinâmica ruminantes foi crescente de 2012 até 2015 e decrescente
temporal das emissões foi crescente de 2012 a 2014, desse ano para 2016.
relativamente estável entre 2014 e 2015 e decrescente
desse ano para 2016, mas sempre com emissão maior No período 2012–2016 as fontes de desmatamento e
nas fontes residencial/comercial/institucional em ruminantes representaram 44% e 56%, respectivamente,
relação às fontes industriais/não especificadas. do total das emissões no setor de uso do solo.
2 | Resíduos indiferenciados de origem comercial, coletados diariamente pela prefeitura/empresa contratada, tendo como destino final a disposição em aterro sanitário.
2.500.000
78.706
1.000.000
500.000
527.010
369.313 398.900 377.481 354.798
Anos Resíduos
Transporte
Uso da Terra
Energia
Figura 4. Evolução das emissões de gases de efeito estufa do município de Rio Branco no período de 2012 a 2016.
Fonte: Costa et al. (2019)
20
O segundo setor de maior importância é o setor de das emissões deste setor foram originadas do meio rural.
transporte que variou sua participação no período O setor de resíduos contribui apenas com 0,7%%±0,09
de 15,1% (2016) a 27,2% (2012), com uma média de com uma tendência de pequena redução no período.
20,6%±4,51 e uma tendência de redução no período, Para este setor se considerou que todas as emissões
fruto da renovação e melhoria da eficiência da frota. foram oriundas do meio urbano.
Considerando o tipo de veículo e o seu perfil, para este
Plano, foi estimado que 13,2% das emissões foram A evolução das emissões no meio rural e urbano do
oriundas no meio rural. Município (Figura 5) enfatiza a importância de ações
específicas para a cidade de Rio Branco e para a sua
O terceiro setor que mais contribui com as emissões é área rural para se ter uma efetiva redução das emissões
o setor de energia que variou sua contribuição de 2,7% no futuro. As emissões do meio rural corresponderam,
(2012) a 5,9% (2015), com uma tendência de crescimento em média, a 77,2% das emissões totais do Município,
no período. A média da contribuição do setor de energia em função das emissões do desmatamento e aquelas
com as emissões de gases de efeito estufa de Rio Branco relacionadas à pecuária. A contribuição do meio rural
foi de 4,5%±1,43, com uma tendência de incremento variou de 73,1% (2012) até 83,2% (2016). Na Cidade, as
no período, em função do aumento populacional emissões representam, em média, 22,8% das emissões
e uma flutuação cíclica em função das condições totais, sendo que ocorreu uma variação de 26,9% (2012)
socioeconômicas do Município. Em relação à distribuição para 16,8% (2016), em função da redução das emissões
populacional, para este plano, se considerou que 8,2% dos setores de transporte e de energia.
2.500.000
2.000.000 394.228
470.411 450.997
520.345
1.500.000
407.401
t CO2e
1.000.000
500.000
1.415.197
1.241.632 1.569.778 1.541.993 1.955.681
0
2012 2013 2014 2015 2016
Figura 5. Evolução das emissões de gases de efeito estufa dos meios rural e urbano do município de Rio Branco no período de
2012 a 2016.
96%
Resíduos
Transporte
Uso da Terra
Energia
22
As emissões per capita de uma cidade permitem a
comparação com outras, de forma mais eficiente, uma
vez que relaciona a população atual com as emissões
totais da cidade. Analisando o perfil das emissões
de 11 cidades brasileiras verifica-se que há grande
variabilidade das emissões por setor e das emissões per
capita que variou de 1,2 (Porto Velho/RO) a 11,5 (Vitória/
ES). Para Porto Velho a principal fonte de emissão na
Cidade é o setor de transporte, porém evidencia-se
as emissões pelo setor de uso da terra que atinge 16
milhões de t CO2e. Em Vitória, o setor que mais contribui
é o de transporte e há uma grande contribuição do setor
de energia (Tabela 2).
Emissões
Emissões por setor (t CO2e)
Totais Cidade Emissões
Cidade População
per capita Energia
t CO2e Transporte Resíduos Uso da terra
Estacionária
Tabela 2. Perfil das emissões de algumas cidades brasileiras no ano base 2017.
6 5,6
5 4,7 4,5
4,4
3,8
4
t CO2 per capita
2 1,5 1,3
1,1 1,2 1,0
1
0
2012 2013 2014 2015 2016
Anos
Emissões Rurais
Emissões Urbanas
Figura 8. Emissões per capita no município de Rio Branco no período de 2012 a 2016.
24
4. Cenário de
emissões até 2040
O Cenário de Referência foi elaborado até o ano 2040 Os dados da evolução do desmatamento de Rio Branco
para os setores de Transportes, Energia Estacionária, consideraram as taxas de crescimento da série histórica
Resíduos e Uso da Terra. O crescimento populacional e de 1988 a 2018 realizada pela Unidade Central de
o crescimento econômico se constituem nos principais Geoprocessamento do Estado do Acre. Pelas projeções, o
vetores do aumento das emissões de GEE. Os dados da desmatamento total foi estimado em 465.661,4 hectares
evolução da população total do município de Rio Branco no ano 2040, o que representa um crescimento de 54,3%
consideraram as taxas de crescimento atuais do IBGE. entre 2019 e 2040, o que representaria 52,7% do território
Pelas projeções, a população total de Rio Branco pode municipal alterado com usos diversos no ano de 2040.
ser estimada em 572.008 habitantes no ano 2040, o que
representa um crescimento de 40,4% entre 2019 e 2040. Os resultados consolidados do Cenário de Referência
Desta forma, considera-se que a quantidade de efluentes 2040 podem ser visualizados na Figura 9, representando
gerados acompanha esse crescimento demográfico e foi a evolução das emissões até o ano 2040 na ausência
calculado como consequência. As emissões relacionadas de ações de mitigação. Nessa situação, as emissões
à geração de resíduos sólidos foram estimadas pela de GEE do município de Rio Branco crescerão 55% em
metodologia adotada no Inventário de Gases de Efeito comparação ao ano base de 2016, passando de 2,3
Estufa (IGEE). milhões de tCO2e para 3,6 milhões de tCO2e em 2040.
Se considerarmos apenas as emissões da Cidade, o
O crescimento econômico do município de Rio Branco incremento é de 31%, passando de 0,4 milhão de tCO2e
foi estimado com base na série histórica do IBGE e nos para 0,6 milhão de tCO2e. Para o meio rural, o impacto é
cenários nacionais elaborados em 2015 pela Empresa maior com as emissões evoluindo de 1,9 milhão de tCO2e
de Pesquisa Energética (EPE). Foram utilizadas taxas de para 3,0 milhões de tCO2e, contribuindo com 600% de
-0,1% para os anos 2018, 2019 e 2020. E para o período incremento das emissões no período. Estes diferenciais
de 2021-2030 e 2031-2040 foram utilizados 0,91% e 1,4 % evidenciam a necessidade de ações diferenciadas para o
a.a. que correspondem a 70% do crescimento projetado meio rural e o meio urbano.
para o Brasil. Estes valores foram utilizados para projetar
o crescimento dos setores de transporte e de energia.
3.500.000 3.500.000
3.000.000 3.000.000
2.500.000 2.500.000
Emissões (t CO2e)
2.000.000 2.000.000
1.500.000 1.500.000
1.000.000 1.000.000
500.000 500.000
0 0
2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040
Anos
Figura 9. Cenário de referência das emissões por setor no município de Rio Branco até o ano 2040.
As estimativas de emissões sem ações de mitigação por gasolina e diesel no transporte terrestre apresentam
setor são apresentadas na Figura 10. As fontes de maior o maior impacto, seguidos pelo consumo de energia e
relevância são destacadas: o desmatamento e o uso de geração de resíduos, que tem o menor impacto.
Energia
Uso da terra
2040
2030
transporte
2020
2016
Resíduos
Emissões (t CO2e)
Figura 10. Evolução das emissões por setor no município de Rio Branco até o ano 2040.
26
5. As vulnerabilidades
às mudanças climáticas
do Município
a. Secas e duração da severidade da seca em sistemas de
produção como é o caso da agricultura os períodos de
seca podem comprometer a economia de um local e até
Em planos de mitigação sob condições adversas e até de uma região, em decorrência de períodos de déficits
em cenários de mudanças climáticas (IPCC, 2014), as hídricos. O SPI aponta condições de normalidade e anos
análises de severidade de seca visam subsidiar a tomada de seca extrema, como estudos realizados em regiões no
de decisão, bem como reduzir efeitos danosos devido território brasileiro (Blain et al., 2010, Guedes et al., 2012).
aos eventos de seca em um determinado local ou região. No estado do Acre, são identificadas três tipologias
O diagnóstico do início, duração, intensidade e extensão climáticas com base no método de Köppen adaptado
da seca apresenta-se como estratégia de planejamento por Martorano et al. (1993), ou seja, nas áreas mais a
socioeconômico para mitigar impactos decorrentes de sudoeste do Estado, regidas pelo Af3, no mês menos
adversidades climáticas como em períodos ou anos chuvoso os valores são superiores a 60 mm e, nas áreas
considerados secos com base em modelos matemáticos sob condição de Am3 e Am4 há ocorrência de meses
(Thon, 1958) que possuem limitações pois dependem com chuva abaixo de 60 mm, condicionando o Acre
das variáveis de entrada nos modelos (Alley, 1984). a contabilizar valores anuais variando entre 1.500,0 a
2.500,0 mm. Como o município de Rio Branco encontra-
As estimativas de índices de seca visam apontar, por se regido pela tipologia Am4 é evidente que os meses
exemplo, as variações nas condições de tempo e com chuvas abaixo de 60 mm merecem as maiores
clima de uma região, a partir de dados meteorológicos atenções quanto a condição dos estoques de água no
monitorados como a precipitação pluvial, a temperatura solo, em áreas cultivadas.
do ar e outras variáveis. Entre os oito índices de seca
mais utilizados para medir a severidade da seca, fez- De acordo com Martorano et al. (2017), mesmo que
se uma análise utilizando o Índice de Precipitação climaticamente uma área apresente chuvas mensais
Padronizado (SPI) e o Índice de Anomalia de Precipitação sempre superiores a 60 mm podem ocorrer anos com
para identificar a variabilidade, usando limiares que vão anomalias capazes de mudar o padrão de pluviosidade,
desde a normalidade até diferentes níveis de severidade inclusive os períodos de redução das chuvas condicio-
de seca. Dependendo da disponibilidade de dados esses nam essas áreas a condições de déficits hídricos no solo,
índices são calculados para categorizar e identificar, comprometendo o rendimento das culturas, redução no
principalmente os extremos climáticos, a partir de dados nível dos cursos hídricos, isolamento de comunidades
monitorados em estações meteorológicas podendo, rurais, entre outras. Na Figura 11 nota-se que de maio a
inclusive avaliar diferentes escalas associadas às outubro, climaticamente, o município de Rio Branco vi-
adversidades climáticas (Ullah et al., 2018). vencia áreas com deficiência hídrica no solo para uma
capacidade de água disponível (CAD) igual a 100 mm,
O Índice de Precipitação Padronizado (SPI) é o mais demandando atenções em anos com anomalias, no re-
utilizado no globo terrestre por demandar apenas da gime pluvial. Os resultados do balanço hídrico com base
variável chuva nas estimativas para estabelecimento do em dados de precipitação pluvial mensal (mm), tempe-
índice de seca de um local. Dependendo da magnitude ratura do ar, média, máxima e mínima (ºC) mensal, a par-
170
EXC
DEF
Excedentes e Déficits
120
Hídricos (mm)
70
20
-30 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
-80 Meses
Figura 11. Meses com excedentes e déficits hídricos no município de Rio Branco, no estado do Acre, Amazônia
Também para subsidiar o planejamento municipal com disponíveis em grid (Xavier et al., 2016), seguindo os
base na variabilidade anual de chuva contabilizado pressupostos de Moraes et al. (2020). Observa-se que
anualmente fez-se uma análise de anomalias usando cerca de 70% das anomalias no município de Rio Branco
a série histórica homogênea referente ao período analisadas com base nos dados observados na estação
entre 1993 a 2016 (Figura 12), disponibilizada pelo meteorológica do INMET estão aderentes às estimativas
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), bem como dos valores em grid, reforçando a aplicabilidade e
as estimativas nesse período com base nos valores contribuição científica dos estudos de Xavier et al (2016).
Anomalia Positiva (Grid_Xavier et al., 2016) Anomalia Negativa (Grid_Xavier et al., 2016)
Anomalia Positiva (Dados INMET) Anomalia Negativa (Dados INMET)
8
R2 = 0.69
6
precipitação pluvial
4
Animalias na
2
0
-2
-4
-6
-8
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Anos analisados
Figura 12. Anos com anomalias positivas e negativas no município de Rio Branco, Amazônia
28
Nota-se que o ritmo pluvial é praticamente coincidente e sados choveu em média 1.998,1 mm. O ano de 2011 foi o
que, a partir de 2003 os valores estimados ficaram mais menos chuvoso, com totais de 1.619,4 mm e mais pluvio-
próximos aos dados observados. É possível identificar sos foi em 2012, contabilizando-se 2.689,4 mm. Anos com
que os anos com anomalias negativas passaram a ser mais eventos extremos estão associados aos efeitos de eventos
recorrentes a partir de 2000, com expressiva anomalia em grande escala, como em anos de El Niña ou anos de
negativa em 2016. As anomalias positivas evidenciam El Niño (Marengo et al., 2010. Marengo; Espinoza, 2016).
anos com maior oferta de chuva e as negativas são fortes
indicadores de redução das chuvas em Rio Branco, Nesse contexto, os meses contendo as cores verde e
sendo esse índice de anomalia um excelente índice para azul indicam que as anomalias apontaram condições
subsidiar o planejamento socioeconômico municipal. de alta pluviosidade, branco dentro da normalidade
e amarelo, laranja e vermelho indicando meses secos
Também, o uso da base em grid (Xavier et al, 2016) apre- no município de Rio Branco. As informações apresen-
senta-se como uma estratégia metodológica de planeja- tadas na Figura 13 visam subsidiar o planejamento ao
mento regional, suprindo a baixa densidade de estações longo do ano com base nas condições de tempo e cli-
de monitoramento agrometeorológico na Amazônia. In- ma, inclusive para fundamentar as discussões quan-
forma-se que a média de chuva nos 10 anos mais pluvio- to às flutuações climáticas e possíveis cenários de
sos totalizou 2.070,6 mm e nos 10 anos menos chuvosos, mudanças do clima apontados em modelos globais.
a média foi de 1.694,6 mm. Nos 26 anos de dados anali-
12
11 2
10
9 1
8
7
Meses
0
6
5
4 -1
3
2 -2
1
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
0213
2015
Anos
Figura 13. Índice de chuva normalizada (SPI) em Rio Branco, Acre, Amazônia.
b. Inundações
30
SEM EN-CHENTE PEQUENA MÉDIA GRANDE
CLASSIFICAÇÃO EXTRAOR-DINÁRIA
(nível 13,49 ≤ (nível 14,00 (nível 15,00 (Nível 16,00 ≤
(PARÂMETRO) (Nível ≥ 17,00m)
13,99m) ≤14,99m) ≤15,99m) 16,99m)
QUANTIDADE 12 14 10 9 4
Tabela 3. Ocorrência das enchentes/inundações no município de Rio Branco e classificação em cada ano, entre os anos 1971
a 2019.
14
14 12
12 10 Sem enchente
10
9 Pequena enchente
Médida enchente
8
Grande enchente
6 4 Enchente extraordinária
4
2
0
32
As mudanças climáticas, eventos extremos, secas inten- como perda de safras agrícolas e prejuízos ao rebanho
sas e outros desequilíbrios ecossistêmicos influenciam pecuário, além de proporcionar condições ambientes
diretamente na ocorrência e na intensidade de queima- ideais para a propagação do fogo acidental ou crimino-
das e incêndios florestais. so, gerando os incêndios florestais. Estes eventos condu-
zem aos estados de emergência, calamidade pública e
A ocorrência de eventos críticos – riscos e ameaças – desastres, segundo as definições da Secretaria Nacional
de natureza climatológica está relacionada às secas e de Defesa Civil, com graves perdas sociais, econômicas
estiagens, assim como com enchentes, inundações e e ambientais. A prevenção destes eventos depende da
alagamentos. Modelos de circulação atmosférica têm existência de um sistema de informação, que possa eli-
mostrado que a Amazônia poderá sofrer mudanças minar ou minimizar a necessidade de ações de controle
significativas nas próximas décadas em termos de e combate. Estes sistemas de prevenção estão a cargo
temperatura, especialmente na época seca (junho- das Comissões e Comitês de Defesa Civil, no plano na-
julho-agosto) (Figura 17). cional, estadual e municipal (BROWN, 2001).
A produtividade das terras agrícolas, pastagens e flo- Análise comparativa de áreas queimadas no período
restas, e a disponibilidade de água potável sofrerão im- de 2019 e 2020 para os municípios do Acre (SILVA,
pactos extremos, mas geralmente gradativos (BROWN, 2020) mostra que o município de Rio Branco teve um
2001). As estiagens e secas, em função de sua extensão aumento de 57% das área queimadas de julho até 07/
e período de duração, são fontes de diversos problemas novembro/2020.
% Indicam a variação de aumento entre os anos 2020 e 2019 das áreas das cicatrizes de queimadas nos municípios
% Indicam a variação de redução entre os anos 2020 e 2019 das áreas das cicatrizes de queimadas nos municípios
Figura 17. Análise comparativa de áreas queimadas nos anos de 2019 e 2020 para os municípios do Acre.
2019 2020
30 Brasileia 54
18 Capixaba 52
24 Plácido de Castro 50
21 Xapuri 49
21 Manoel Urbano 46
24 Rio Branco 46
16 Senador Guimard 46
32 Assis Brasil 45
24 Acrelândia 43
26 Santa Rosa do Purus 43
32 Sena Madureira 42
28 Epitaciolândia 40
28 Porto Acre 35
3 Tarauacá 32
25 Bajari 29
3 Mâncio Lima 17
8 Marechal Thaumaturgo 17
3 Cruzeiro do Sul 8
0 Rodrigues Alves 8
13 Feijó 7
11 Jordão 7
1 Porto Walter 6
34
O PPCDQ do município de Rio Branco, mostra também
as áreas críticas para desmatamento, queimadas e in-
cêndios florestais. As três áreas, que juntas representam
50% do território do Município, concentram 94% da área
desmatada e 82% dos focos de calor, o que demostra,
desde 2000, uma alta taxa de desmatamento e queima-
das que estarão distribuídas de noroeste a sudeste do
Município (Figuras 19).
As áreas críticas 01 e 02 estão localizadas no eixo que A área crítica 03 é composta pelas unidades de conserva-
vai de leste a oeste do Município, margeando o Riozinho ção APAs do São Francisco, Lago do Amapá e Raimundo
do Rôla e o rio Acre. Suas formas de acesso são pelas Irineu Serra a noroeste e por alguns pontos dentro da Re-
BRs 364 e 317, Rodovias AC 090, AC 010 e AC 040. A sex Chico Mendes ao sul do Município. Esta área ocupa
área crítica 01 ocupa 182.817 ha do Município, ou seja, 26.860 ha do Município, o que representa 3% de todo o
21%, e é representada pelas categorias fundiárias das território. Tem 73% de área desmatada, representando
áreas particulares, discriminadas e arrecadadas. Têm 9% de todo desmatamento do Município e 5% dos focos
59% de área desmatada, o que representa 64% de todo de calor ocorridos desde o ano 2000.
desmatamento do Município.
36
6. Desafios e Oportunidades
decorrentes da mudança do clima
no município de Rio Branco
Matriz SWOT
FORTALEZAS OPORTUNIDADES
FRAQUEZAS AMEAÇAS
38
7. Princípios e Diretrizes
III) as medidas tomadas devem levar em consideração • Inclusão da variável temática do clima na elaboração,
os diferentes contextos socioeconômicos de sua execução e avaliação de planos, programas e projetos
aplicação, distribuir os ônus e encargos decorrentes públicos e privados que vierem a ser instituídos no
entre os setores econômicos e as populações e Município;
comunidades interessadas de modo equitativo
e equilibrado e sopesar as responsabilidades • Incentivo a inovação tecnológica, pesquisa e
individuais, quanto à origem das fontes emissoras e desenvolvimento para redução de emissões de gases
dos efeitos ocasionados sobre o clima; e, de efeito estufa relacionada às atividades setoriais
executadas e desenvolvidas no âmbito do Município.
IV) o desenvolvimento sustentável é a condição para
enfrentar as alterações climáticas e conciliar o • Atuação estritamente fundamentada na ciência, na
atendimento às necessidades comuns e particulares pesquisa e nas técnicas das áreas do conhecimento
das populações e comunidades que vivem no sobre mudança climática para a implementação do
Município. PMAMC de Rio Branco;
Como Diretrizes essenciais que também nortearão • Estímulo à participação pública e privada nas
a implementação do PMAMC de Rio Branco, serão discussões de relevância sobre o tema das mudanças
consideradas as seguintes: climáticas.
40
9. Eixos Estratégicos Setoriais
e Objetivos Específicos
A mudança do clima impacta, além do próprio meio
ambiente, diferentes setores do Município, da economia OBJETIVO ESPECÍFICO 1
e da população, assim como para o meio ambiente. Realizar planejamento, controle e gestão participativa do
O processo de construção do Plano permitiu uma desenvolvimento urbano, incentivando a implantação
análise estratégica sobre os riscos, ameaças, fortalezas de infraestrutura que promova adaptação às mudanças
e oportunidades para as adaptações e mitigações climáticas com estratégias de engajamento das
necessárias. A partir desta análise e da definição do organizações e comunidades locais impactadas pelas
objetivo geral, foram definidos seis eixos estratégicos mudanças climáticas.
setoriais, sendo eles:
OBJETIVO ESPECÍFICO 2
1 Uso do solo urbano;
Promover o manejo sustentável do uso do solo e da
água e garantir a manutenção e criação/ampliação do
3 Mobilidade urbana;
OBJETIVO ESPECÍFICO 3
Consolidar a estrutura e um ambiente de transporte
público e mobilidade eficientes que reduzam emissões
4 Saneamento;
e garanta bem-estar para a população.
5
Para o alcance do objetivo geral do PMAMC de Rio
Branco, foram elaborados objetivos específicos por eixo OBJETIVO ESPECÍFICO
estratégico setorial, de acordo com as descrições que se Melhorar a eficiência e diversificar a matriz energética,
segue: com bases sustentáveis e fontes renováveis.
OBJETIVO ESPECÍFICO 6
Garantir o total alcance, performance, resultado e difusão
do Plano Municipal de Mudanças Climáticas.
42
11. Descrição dos Eixos
Estratégicos Setoriais, Objetivos,
Ações Estratégicas, Metas,
Impacto e Líder Setorial
Setorial: Uso do solo urbano • Atualização do Plano Diretor para as novas realidades
climáticas, revendo o percentual reservado para área
permeável sobre terreno natural, visando a consti-
Este eixo requer uma atuação com enfoque multidisci-
tuição de zona de absorção de águas, a redução de
plinar na elaboração dos planos e outros instrumentos
zonas de calor, a qualidade de vida e a melhoria da
necessários para implementação de ações com inteli-
paisagem, entre outros aspectos;
gência territorial que garantam o uso mais adequado do
solo urbano. Uma das prioridades será o planejamento • Adoção de normas para que as novas construções e
territorial participativo. O incentivo a construção de in- a infraestrutura urbana do Município incorporem os
fraestrutura que contribua para adaptação às mudanças conceitos de sustentabilidade e adaptação às mu-
climáticas será outra prioridade a ser trabalhada no âm- danças climáticas, obedecendo critérios de eficiência
bito da execução do Plano. Em outra frente estruturante energética, sustentabilidade ambiental, qualidade e
serão trabalhadas estratégias de engajamento das orga- eficiência de materiais, conforme definição em regu-
nizações e comunidades locais relacionados às conse- lamentos específicos;
quências das mudanças. • Introdução dos conceitos de eficiência energética e
ampliação de áreas verdes nas edificações licencia-
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 1 das pelo Município;
• Realizar planejamento, controle e gestão partici- • Ampliação da infraestrutura verde do Município;
pativa do desenvolvimento urbano, incentivando a
• Elaboração do Plano Municipal de Arborização;
implantação de infraestrutura que promova adap-
tação às mudanças climáticas com estratégias de • Criação de incentivo fiscal para proprietários de imó-
engajamento das organizações e comunidades locais veis arborizados e compensação para proprietários
impactadas pelas mudanças climáticas. de imóveis que arborizam calçadas;
44
no interior e entorno da APA Raimundo Irineu Serra, e ambiente de transporte e mobilidade eficientes para
promoção de ações de conscientização ambiental; reduzir emissões e garantir o bem-estar da população.
• Criação e implementação de Programa Municipal
de Recuperação de APPs Degradadas e manutenção A) OBJETIVO ESPECÍFICO 3
das matas ciliares em áreas prioritárias, de modo • Consolidar a estrutura e um ambiente de transporte
a assegurar produção de água e suprimentos ao público e mobilidade eficientes que reduzam emis-
município de Rio Branco; sões e garanta bem-estar para a população.
• Criação do programa de adoção de nascentes e APPs;
B) AÇÕES ESTRATÉGICAS
• Ações de distribuição de mudas e plantio de espécies
arbóreas nativas nas áreas prioritárias ao suprimento • Revisão integral do sistema viário com objetivo de
de água. melhorar a mobilidade urbana (anel viário; corredor
de ônibus; ampliação das vias coletoras, arteriais, de
trânsito rápido; e binários);
C) RESULTADOS E METAS
• Elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urba-
• Universalização da ATER no Município, atendendo
na;
amplamente os produtores rurais;
• Promoção do ordenamento de vias públicas;
• Redução em 40% no desmatamento e queimadas na
zona rural e periurbana de Rio Branco; • Criação e implantação de uma rede de Ruas Comple-
tas;
• Estruturação da Lei de Criação das novas UCs que se-
rão criadas; • Melhoria das condições das calçadas e vias públicas,
garantindo acessibilidade à população;
• APA Irineu Serra consolidada com Plano de Manejo
plenamente implementado; • Incremento das condições de mobilidade urbana
com efetividade (acesso, infraestrutura, integração);
• 100% das APPs recuperadas e conservadas, nas áreas
prioritárias ao suprimento de água para a população • Otimização do sistema de integração de transportes
de Rio Branco. coletivos;
• Fomento do transporte coletivo e do transporte ativo;
D) IMPACTO PRETENDIDO
• Promoção da educação de trânsito e mobilidade
• Produção rural maximizada a partir do uso otimizado para estimular um sistema mais humanizado e orga-
do solo e da água; nizado;
• Redução do desmatamento e degradação e das • Criação do sistema municipal de monitoramento da
emissões de gases de efeito estufa; qualidade do ar;
• Aumento do suprimento de serviços ambientais, • Criação do Programa de renovação da frota de veícu-
contribuindo para metas climáticas do Acre e do los de transporte público buscando a redução grada-
Brasil. tiva do uso de combustíveis fósseis;
• Promoção de campanhas de conscientização para
E) LÍDER SETORIAL incentivar o uso racional do automóvel e informar a
• Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMEIA população a respeito dos impactos locais e globais
no uso de veículos automotivos e do transporte indi-
• Secretaria Municipal de Agricultura Familiar e Desen- vidual;
volvimento Econômico – SAFRA
• Inclusão de critérios de sustentabilidade ambiental e
de estímulo à mitigação GEE na aquisição de veículos
da frota do Poder Público e na contratação de servi-
ços de transportes, estimulando o uso de tecnologias
11.3. Eixo Estratégico que utilizem combustíveis renováveis.
C) RESULTADOS E METAS
• PMGIRS atualizado e implementado;
11.4. Eixo Estratégico • Elaboração de 01 Plano Municipal de Drenagem
Setorial: Saneamento Urbana;
• Elaboração de 01 Plano Municipal de Água e Esgoto;
Este eixo vai trabalhar ações contínuas no meio rural e • 01 Plano de Saneamento rural estabelecido;
na área urbana de forma a direcionar investimentos con-
sistentes para o saneamento e integrar ações de saúde • Estudo sobre uso e qualidade do Aquífero Rio Branco
pública e de produção de modo a se ter um ciclo eficien- atualizado;
te no sistema de saneamento com redução efetiva de • Proteção integral das APPs urbanas.
emissões e melhoria da qualidade de vida da população.
D) IMPACTO PRETENDIDO
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 4
• Redução no índice de doenças de veiculação hídrica;
• Fortalecer o Sistema Municipal de Saneamento Básico
Urbano, ampliando o atendimento para a Zona Rural • Aumento da qualidade de vida e das condições am-
e garantir a disponibilidade hídrica por meio da prote- bientais no meio rural;
ção, recuperação e fiscalização das APPs urbanas. • Garantia de recursos hídricos a médio e longo prazo
para suprimento à população de Rio Branco.
B) AÇÕES ESTRATÉGICAS
• Atualização e fortalecimento da implementação do
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Só- E) LÍDERES SETORIAL
lidos (PMGRIS); • Serviço de Água e Esgoto – SAERB
• Inserir no PMGRIS políticas referentes à proibição de • Secretaria Municipal de Planejamento – SEPLAN
uso de plásticos descartáveis;
• Elaboração do Plano Municipal de Drenagem Urbana
com ênfase para a revisão das taxas de permeabilida-
de do solo;
46
11.5. Eixo Estratégico 11.6. Eixo Estratégico
Setorial: Energias Setorial: Comunicação e
Alternativas/Renováveis monitoramento do PMAMC
Este eixo vai trabalhar de forma integrada para ampliar de Rio Branco
o uso de energia alternativa/renovável no meio rural
e urbano, de forma a melhorar a eficiência e reduzir as Este eixo vai trabalhar as ações de comunicação e de
emissões. monitoramento do plano de forma a manter um diálogo
constante com a sociedade, de modo a garantir a
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 5 execução integral do plano, através das ações sinérgicas
dos vários órgãos municipais envolvidos.
• Melhorar a eficiência e diversificar a matriz energéti-
ca, com bases sustentáveis e fontes renováveis.
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 6
B) AÇÕES ESTRATÉGICAS • Garantir o total alcance, performance, resultado e di-
fusão do Plano Municipal de Mudanças Climáticas.
• Incentivo à adoção de energias sustentáveis através
de programa municipal de energias renováveis;
B) AÇÕES ESTRATÉGICAS
• Substituição da iluminação pública convencional por
• Elaboração da estratégia de comunicação do PMAMC;
lâmpadas LED e placas solares;
• Realização das ações para conscientização e sensi-
• Fomento ao uso de biodigestores e placas sola-
bilização da população ao tema de meio ambiente,
res para a geração de energia na zona rural, através
saúde e qualidade de vida;
de projetos acessíveis nas linhas de crédito para a
população rural; • Estabelecimento da governança para o acompanha-
mento da implementação do PMAMC;
C) RESULTADOS E METAS • Atualização do PMAMC conforme periodicidade acor-
• Criação e implementação de 01 Programa Municipal dada;
de Energia Renovável; • Criação de um sistema de acompanhamento e ava-
• Redução em 40% com os custos da iluminação públi- liação do PMAMC, com monitoramento de indicado-
ca; res de desempenho e de resultados, para avaliação
da implementação do PMAMC.
• Adoção de energias renováveis na zona urbana e ru-
ral por parte de, no mínimo, 20% da população.
C) RESULTADOS E METAS
D) IMPACTO PRETENDIDO • 50% população de Rio Branco envolvida, participan-
te e responsável pela implementação do PMAMC;
• Poder público e população utilizando energia
sustentáveis e renováveis com aumento de eficiência • 100% do PMAMC implementado e monitorado.
e redução dos custos e das emissões.
D) IMPACTO PRETENDIDO
E) LÍDERES SETORIAL • Garantia da qualidade de vida da população de Rio
• Secretaria Municipal de Planejamento – SEPLAN Branco, considerando as mudanças climáticas.
3 Transparência.
privada, sociedade civil organizada, academia e outros,
para que zelem pela eficiência da execução do Plano e
visem assegurar a participação dos setores interessados.
Instância Política e de Coordenação será composta pelas
Esse formato de arranjo leva em consideração a
seguintes Órgãos:
natureza estratégica do Plano e a necessidade de
acompanhamento permanente de sua execução e
a) Gabinete da Prefeita;
avaliação da implementação, de modo a se estabelecer
um constante aperfeiçoamento técnico e executivo,
b) Secretaria Municipal de Planejamento – SEPLAN;
facilitar a tomada de decisão por parte da Prefeitura de
Rio Branco, assim como solução de eventuais conflitos e
c) Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMEIA.
problemas.
Os funcionamentos das instâncias e os fluxos decisórios
serão definidos pela Instância Política e de Coordenação.
48
12.2. Instância Executiva 12.3. Instância de
A Instância Executiva exercerá a função executiva, de Acompanhamento e
organização e orientação técnica cuja finalidade será
conceber, discutir e definir sobre a implementação do Transparência
Plano, seus objetivos e atividades. A Instância Executiva
será composta pelos líderes setoriais e pelos órgãos de A Instância de Acompanhamento e Transparência
execução. será composta por representantes do Mistério Público
Federal, Mistério Público Estadual, órgãos do poder
público federal, estadual, municipal, da iniciativa privada,
a) Líderes Setoriais: da academia e da sociedade civil, além de membros
Conselhos Municipais afins.
I. Secretaria Municipal de Planejamento –
SEPLAN; Cabe ressaltar a necessidade permanente de uma
II. Secretaria Municipal de Meio Ambiente – atuação sistêmica, integrada e organizada das várias
SEMEIA; instâncias de governança deste Plano para o atingimento
dos objetivos e impactos positivos em termos de
III. Secretaria Municipal de Agricultura Familiar implementação do PMAMC de Rio Branco.
e Desenvolvimento Econômico – SAFRA;
IV. Secretaria Municipal de Infraestrutura e
Mobilidade Urbana – SEINFRA.
V. Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco –
SAERB.
b) Órgãos de Execução
I. Secretaria Municipal de Zeladoria da Cidade –
SMZC;
II. Secretaria Municipal de Educação – SEME;
III. Secretaria Municipal de Gestão Administrativa
e Tecnologia da Informação – SEGATI
IV. Diretoria de Comunicação/Secretaria
Municipal da Casa Civil – DICOM/SMCC
V. Superintendência Municipal de Transportes e
Trânsito – RBTRANS;
VI. Empresa Municipal de Urbanização – EMURB;
VII. Coordenadoria Municipal de Defesa Civil –
COMDEC;
VIII. Parceiros da Sociedade Civil, Iniciativa Privada
e Instituições de pesquisa.
50
Fontes de Financiamento
do PMAMC de Rio Branco
a
A Prefeitura Municipal de Rio Branco envidará esforço
para mobilizar e captar recursos financeiros, se recursos orçamentários próprios;
organizará para criar instrumentos econômicos e outros
mecanismos para efetiva implementação do PMAMC
de Rio Branco. Os recursos para implementação deste
Plano poderão, dentre outros, advir das seguintes fontes b incentivos econômicos, fiscais,
administrativos e creditícios;
financeiras:
g investimentos privados; e
3.000.000 4.0000.000
3.500.000
2.500.000
3.000.000
2.000.000
2.500.000
Emissões (t CO2e)
1.500.000 2.000.000
1.500.000
1.000.000
1.000.000
500.000
500.000
0 0
2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040
Anos
Figura 20. Potencial de redução das emissões com a implementação do Plano Clima no município de Rio Branco até o ano 2040.
52
METAS PARA 2040
Para o setor de Transporte, considerando o Cenário de
TRANSPORTE
Referência, se chegará a emitir 446.375 t CO2e em 2040.
Com a implantação das estratégias de baixo carbono,
essas emissões totalizariam 283.838 tCO2e em 2030, o
36%
que representa uma redução de 36% em relação ao
cenário de referência, o que se constitui na meta mínima
do setor de transporte, uma redução efetiva de 36%
das emissões setoriais.
EMISSÕES DE GEE
20%
Considerando o cenário estimado das emissões,
a meta é que se tenha uma redução de 10% das
emissões de GEE no ano de 2030 e no ano de 2040
uma redução de 20% em relação àquelas emissões
do ano de 2016.
ACRE. Governo do Estado do Acre. Lei n. 1.904, de 5 de junho de 2007. CONSORCIO INTERMUNICIPAL DO GRANDE ABC. PLANO DE AÇÃO DE
Institui o Zoneamento Ecológico – Econômico do Estado do Acre – ENFRENTAMENTO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS DO GRANDE ABC. São
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