Plano de Mudanças Climáticas - Rio Branco

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PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE


Assis Lima

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO


E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO
CLIMA DE RIO BRANCO

Dezembro, 2020
Rio Branco, Acre
EXPEDIENTE

Prefeita do município de Rio Branco


Socorro Neri
Secretário Municipal de Meio Ambiente
Aberson Carvalho de Sousa
Chefe da Divisão de Gestão Ambiental
Dalva Araújo Martins

Secretária de Planejamento
Maria Janete Sousa dos Santos
Secretária Adjunta de Planejamento
Silvia Helena Costa Brilhante
Assessora Técnica
Adriana Valente de Oliveira
Assessor Técnico
Josué da Silva Santos
AUTORES

Eufran Ferreira do Amaral


Pesquisador da Embrapa Acre

Eugênio Pantoja
Diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

Gabriela Savian
Diretora Adjunta de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

Idésio Luiz Franke


Pesquisador da Embrapa Acre

Jarlene Gomes de Lima Viana


Pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

José Reinaldo da S. C. de Moraes


Estudante de doutorado em Agronomia (Produção Vegetal) de UNESP de Jaboticabal, São Paulo

Lucieta Guerreiro Martorano


Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental/NAPT MA, Santarém, Pará

Maria Lucimar Sousa


Diretora Adjunta de Desenvolvimento Territorial do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

Raissa Guerra
Pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

Silvia Helena Costa Brilhante


Secretária Adjunta de Planejamento da Prefeitura de Rio Branco

Werlesson Nascimento
Estudante de Agronomia UFOPA/Bolsista PIBIC/Embrapa Amazônia Oriental/NAPT-MA
sumário
Apresentação.........................................................................................................................................................5
1. Introdução....................................................................................................................................................6
a. As mudanças climáticas e seus impactos...................................................................................................6
b. Contexto da Contribuição Nacional Determinada
(NDC, do inglês Nationally Determined Contribution) brasileira no Acordo de Paris..............................7
c. Políticas/Planos Nacional e Estadual..........................................................................................................8
d. O plano municipal e os objetivos de desenvolvimento sustentável.......................................................11
2. Concepção do Plano.................................................................................................................................13
3. Perfil das emissões do município de Rio Branco..................................................................................16
a. Caracterização do município de Rio Branco.............................................................................................16
b. Setores inventariados................................................................................................................................19
I. Energia........................................................................................................................................................19
II. Transporte..................................................................................................................................................19
III. Uso do solo.................................................................................................................................................19
IV. Resíduos Sólidos........................................................................................................................................19
c. Perfil das emissões....................................................................................................................................20
4. Cenário de emissões até 2040.................................................................................................................25
5. As vulnerabilidades às mudanças climáticas do Município................................................................27
a. Secas...........................................................................................................................................................27
b. Inundações.................................................................................................................................................29
c. Queimadas.................................................................................................................................................32
6. Desafios e Oportunidades decorrentes da mudança do clima no município de Rio Branco..........37
7. Princípios e Diretrizes..............................................................................................................................39
8. Objetivos do Plano...................................................................................................................................40
8.1 Objetivo geral.............................................................................................................................................40
9. Eixos Estratégicos Setoriais e Objetivos Específicos...........................................................................41
10. Marco Temporal........................................................................................................................................42
11. Descrição dos Eixos Estratégicos Setoriais, Objetivos, Ações Estratégicas, Metas, Impacto
e Líder Setorial.........................................................................................................................................43
11.1. Eixo Estratégico Setorial: Uso do solo urbano..........................................................................................44
11.2. Eixo Estratégico Setorial: Uso do solo rural..............................................................................................45
11.3. Eixo Estratégico Setorial: Mobilidade urbana...........................................................................................45
11.4. Eixo Estratégico Setorial: Saneamento.....................................................................................................46
11.5. Eixo Estratégico Setorial: Energias Alternativas/Renováveis..................................................................47
11.6. Eixo Estratégico Setorial: Comunicação e monitoramento do PMAMC de Rio Branco...........................47
12. Arranjo Institucional e Estratégia de Implementação do PMAMC de Rio Branco............................48
12.1. Instância Política e de Coordenação.........................................................................................................48
12.2. Instância Executiva....................................................................................................................................49
12.3. Instância de Acompanhamento e Transparência.....................................................................................49
13. Monitoramento e Avaliação do PMAMC de Rio Branco........................................................................50
13.1 Monitoramento do Espaço Territorial.......................................................................................................50
14. Fontes de Financiamento do PMAMC de Rio Branco............................................................................51
15. Considerações Finais...............................................................................................................................52
Bibliografia consultada.......................................................................................................................................54
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apresentação
A atual gestão municipal vem envidando esforços no sentido de incluir Rio Branco no marco regulatório
da agenda climática, construindo o arcabouço legal e administrativo; e planejamento estratégico das
políticas públicas locais voltadas para o enfrentamento das Mudanças Climáticas.

A política climática de um município deve abranger as diversas áreas da administração municipal,


buscar sólidas parcerias com as demais esferas de governo, com instituições de pesquisa, em especial,
e com a sociedade civil, além de trazer inovações para os setores de agricultura, pecuária, gestão de
resíduos sólidos, mobilidade urbana, infraestrutura e energia, entre outros setores, visando sempre a
sustentabilidade e qualidade de vida da população.

O desafio de estruturar a política local para o enfrentamento às mudanças climáticas passa pela
necessidade de conhecer as fontes de emissões dos gases de efeito estufa (GEE) na matriz de
desenvolvimento local. Elaborar o Inventário de Gases de Efeito Estufa (IGEE) foi o primeiro passo
dado pela gestão. Em 2019, Rio Branco elaborou, em parceria com a Embrapa Acre, o 1º Inventário das
emissões de GEE do Município, período 2012–2016, permitindo que fossem conhecidos os setores que
mais contribuem com essas emissões.

As alterações do clima pedem novas formas de agir e planejar e consistem em um dos grandes desafios
da atualidade. Ao mesmo tempo, também podem trazer oportunidades para a nossa região que, se bem
pensadas, trabalhadas e executadas, resultarão em melhorias na infraestrutura, serviços básicos, saúde,
áreas verdes e qualidade de vida da população de Rio Branco.

O IGEE é um instrumento de extrema importância para subsidiar o planejamento das ações de


enfrentamento às mudanças climáticas, proporcionando melhor entendimento das tendências de
emissões, apoiando a proposição de medidas para os setores com mais potencial de custo benefício
para a redução das emissões.

Dessa forma, o segundo passo dado, foi a elaboração do Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às
Mudanças do Clima (PMMC) de Rio Branco, com este instrumento promove-se o planejamento integrado
de diversos setores – como saneamento, infraestrutura, mobilidade, energia, saúde, uso e ocupação do
solo, qualidade ambiental e educação – essenciais para enfrentar as mudanças climáticas.

O PMMC foi elaborado em parceria com o Instituto de Pesquisa AmbientaI da Amazônia (IPAM), a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da iniciativa Governos Locais Pela Sustentabilidade
para América do Sul (ICLEI), ouvindo vários segmentos da sociedade e norteará o município de
Rio Branco na definição de políticas e projetos voltados à mitigação e adaptação às mudanças
climáticas. Este Plano reúne as ações prioritárias a serem implementadas, para o enfrentamento dos
desafios prementes, constituindo-se em um pacto de esperança e compromisso com os moradores de
Rio Branco.

SOCORRO NERI
Prefeita de Rio Branco

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 5


Plano Municipal de Mitigação e Adaptação
às Mudanças do Clima de Rio Branco

1. Introdução
a. As mudanças climáticas e seus impactos

Estima-se que as atividades humanas tenham causado de CO2 eq/ano, sendo 65% devido as emissões de CO2
cerca de 1,0°C de aquecimento global acima dos níveis pelos combustíveis fósseis e processos industriais, 11%
pré-industriais, com uma variação provável de 0,8°C a devido as emissões de CO2 pela mudança do uso da
1,2°C. É provável que o aquecimento global atinja 1,5°C terra e florestas, que está associado principalmente ao
entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar no ritmo desmatamento (IPCC, 2014).
atual (IPCC, 2018).
Analisando-se a evolução das emissões totais em termos
O Painel Intergovernamental de Mudança Climática da de CO2e para o período de 2014 (AMARAL et al., 2019)
ONU (IPCC, 2014; IPCC, 2018) apresenta ainda outras em relação aos anos de 2010 (COSTA et al., 2012), de
conclusões importantes: 2012 (COSTA e AMARAL, 2014) e de 2014 (AMARAL et al.,
2019) verifica-se que em 2012 houve redução de 52%
• O aumento da temperatura global nas áreas em relação a 2010. Em 2014, houve aumento de 101%
continentais é mais alto do que o aumento da nas emissões totais de CO2e em relação a 2012. Mesmo
temperatura média na Terra (enquanto nosso planeta assim, as emissões totais em 2014 foram 4% menores do
está cerca de 1°C mais quente, nos continentes onde que em 2010.
os humanos vivem o aumento já atingiu de 1,4°C
a 1,5°C); No perfil das emissões totais do Estado do Acre para o
ano base 2014 (AMARAL et al., 2019), o setor de Mudança
• É inviável a meta de não passar dos 1,5ºC sem forte no Uso da Terra e Floresta foi responsável por 80,3% das
sequestro de carbono (uma tarefa importante que emissões; seguido da Agropecuária, que respondeu por
envolve as florestas tropicais, como a Amazônia); 15,6% das emissões. Os demais setores permanecem
pouco expressivos no balanço das emissões totais
• As mudanças climáticas estão afetando eventos de GEE, porém com tendência de crescimento como
meteorológicos extremos (aumentando a intensidade decorrência do crescimento populacional, da crescente
e quantidade dos mesmos); urbanização e do aumento da importância dos setores
secundário e terciário na economia do Estado.
• Se o desmatamento na Amazônia atingir 40% da
floresta, chega-se a um ponto irreversível (tanto A escala mais relevante de análise das mudanças
para barrar o aquecimento global quanto para a climáticas é supostamente global, mas, sem dúvida,
sobrevivência do ciclo da floresta como é hoje); as ações antrópicas ocorrem em escala local e suas
consequências ultrapassam as fronteiras dos municípios,
• A mudança climática já está prejudicando a produção estados e nações e afetam mais diretamente a vida de
agrícola (no Brasil, o aquecimento pode reduzir indivíduos em algumas regiões que em outras em todo
as safras de milho em 5,5% a cada grau Celsius de o planeta. Atualmente, as regiões mais diretamente
aquecimento; nos EUA, esse percentual pode chegar afetadas não são necessariamente aquelas que mais
a 10,3%); contribuíram – por ter atividade industrial em menor
escala – para o problema: "os pobres e mais vulneráveis
As emissões antrópicas mundiais de Gases de Efeito serão os mais atingidos" pela alteração climática (WORLD
Estufa (GEEs) em 2010 atingiram o valor de 49±4,5 Gt BANK, 2012).

6
b. Contexto da Contribuição Nacional Determinada (NDC, do inglês
Nationally Determined Contribution) brasileira no Acordo de Paris

A 21ª Conferência do Clima (COP 21) realizada em próximos anos para enfrentar as mudanças climáticas.
Paris em dezembro de 2015 foi o local da negociação
do compromisso histórico em que 197 países e blocos As principais medidas da NDC brasileira até 2030 são as
supranacionais se organizaram para a manutenção da seguintes:
temperatura média global em menos de 2ºC até o fim
deste século, com esforços para limitá-lo a um aumento • Aumentar a participação de biocombustíveis, na
de até 1,5oC. Este acordo pelo clima ficou conhecido matriz energética brasileira, para cerca de 18%,
como Acordo de Paris. expandindo o uso do etanol e do biodiesel;

Os principais pontos do Acordo de Paris para o Clima são: • Alcançar participação de cerca de 45% de energias
renováveis na composição da matriz energética.
• Manter o aumento da temperatura da Terra bem Essa meta inclui: expansão de fontes renováveis
abaixo de 2ºC até 2100 em relação à época anterior no uso doméstico (além da hídrica e não fóssil) de
à Revolução Industrial, com esforços para limitá-lo a 28% a 33% na matriz como um todo; aumento de
apenas 1,5ºC; renováveis (além da hídrica) no fornecimento de
eletricidade para ao menos 23% do total; e alcance
• Diminuir a emissão de gases de efeito estufa das de 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico;
atividades humanas ao mesmo nível que árvores, solo
e oceanos são capazes de absorvê-los naturalmente, • Fortalecer o cumprimento do Novo Código Florestal
entre 2050 e 2100; (Lei nº 12.651/2012) (BRASIL, 2012) sobre proteção
à vegetação nativa, em todas as esferas de governo,
• Incidir sobre todos os países signatários e ter sido inclusive a municipal;
firmado com base nas contribuições nacionalmente
determinadas, apresentadas individualmente pelas • Acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia e
nações; compensar as emissões de Gases de Efeito Estufa
(GEE) do desmatamento legal;
• Reconhecer que governos locais e subnacionais
são participantes essenciais para acelerar ações • Restaurar e recuperar florestas, em um total de 12
transformadoras no ambiente urbano; milhões de hectares, para múltiplos usos;

• Levantar ao menos US$ 100 bilhões anuais de países • Aumentar o manejo adequado de florestas nativas;
desenvolvidos até 2020 para financiar a mitigação e a
adaptação às mudanças climáticas. • Fortalecer o Plano de Agricultura de Baixa Emissão
de Carbono (Plano ABC), incluindo a restauração
No ano seguinte, em 12 de setembro de 2016, o Brasil adicional de 15 milhões de hectares de pastagens
ratificou o Acordo. O acordo entrou em vigor em 4 de degradadas e o incremento de 5 milhões de hectares
novembro de 2016, a partir do momento que pelo menos de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta
55 países, que somassem 55% das emissões globais, (iLPF);
concluíssem o processo de ratificação. As contribuições
nacionais formam um dos pilares fundamentais do • Promover tecnologias limpas, eficiência energética
Acordo. As 197 partes que elaboraram o tratado deverão e infraestrutura de baixa emissão de carbono na
cumprir suas respectivas NDCs e prestar contas dos indústria;
resultados alcançados, ao menos de cinco em cinco anos.
• Melhorar a eficiência e a infraestrutura no transporte
O Brasil apresentou seus compromissos em setembro de público em áreas urbanas.
2015, quando ainda eram intenções. A meta de redução
de emissões é de 37% até 2025, visando atingir 43% até A estratégia nacional é ambiciosa e estabelece ações de
2030, tendo 2005 como ano-base de cálculo. O processo curto, médio e longo prazo, estimulando os governos
de ratificação transformou os compromissos em lei, e locais (incluindo as prefeituras municipais) a iniciarem
eles instruem as políticas públicas que o país adotará nos suas estratégias.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 7


c. Políticas/Planos Nacional e Estadual

A maior parte da legislação ambiental brasileira tem ambientais, como sendo aquele que provê o pagamento
natureza repressiva, privilegiando o comando e controle dos serviços ambientais; e b) recebedor do pagamento
ao invés de regular atividades e incentivos positivos para pelos serviços ambientais, como aquele que restabelece,
produção sustentável e valoração do meio ambiente recupera, mantém ou melhora os ecossistemas podendo
(ALTMANN, 2008). Ainda assim, nosso ordenamento perceber o Pagamento por Serviços Ambientais.
jurídico é reconhecidamente avançado no que se refere
à proteção e regulação da conservação e usos dos A Amazônia brasileira apresenta um grande potencial
recursos naturais. de oferta de serviços ambientais relacionados à
biodiversidade e retenção de carbono em florestas. O
Antes da promulgação da Constituição Federal de valor destes serviços ambientais providos pela floresta
1988, em seu Art. 225; que consagra o direito ao meio é consideravelmente alto, tendo em vista os grandes
ambiente ecologicamente equilibrado, como um bem riscos ambientais associados à sua perda. Por exemplo,
de uso comum do Povo; e da Constituição do Estado a floresta amazônica contém em quantidade de carbono
do Acre que também incorpora o tema ambiental; a armazenado, o equivalente a uma década e meia de
Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei n. emissões antropogênicas globais e, portanto, apresenta
6.938/81; já se apresentava na vanguarda no que tange um papel fundamental na regularização do clima global
à promoção do uso adequado dos recursos naturais, (Wunde et al., 2008).
especialmente em se tratando da institucionalização de
instrumentos inovadores de gestão ambiental. No caso do Acre, há décadas o Estado se apresenta
como pioneiro na formulação e execução de políticas
Em seu art. 4º, inciso VII, a Lei nº 6.938/81, estabelece que públicas socioambientais. Desde a década de 1970 -
o usuário de recursos ambientais com fins econômicos quando a introdução de nova forma de uso da terra e
deve pagar pela sua utilização. Dessa forma, os custos a intensificação da agricultura e da pecuária gerou um
serão direcionados apenas aos que se utilizam de forte processo de reação dos grupos sociais existentes
recursos naturais com finalidade econômica, isentando, nas florestas acreanas – buscou-se construir alternativas
assim, o Poder Público e a sociedade em geral. Ressalta- viáveis para o que se convencionou a chamar,
se que a exigência de um pagamento não é uma sanção, posteriormente, como desenvolvimento sustentável
mas sim a valorização do bem jurídico em questão, (SISA-Acre, 2010).
que pertence a todos os cidadãos. Consagrasse assim,
o Princípio do Poluidor Pagador ou Usuário Pagador. Assim, ao longo destes anos, o Acre criou importante
Neste caso, quem recebe pelo uso dos recursos naturais políticas públicas socioambientais legalmente
é o poder público. constituídas. No que se refere à valorização da floresta em
pé e, em certo grau, de alguma relação ao Pagamento por
No que se refere ao meio ambiente e seus recursos Serviços Ambientais, destacam-se a "Lei Chico Mendes",
naturais como um bem a ser valorado, preservado, Lei nº 1.277 de 03 de janeiro de 1999 e suas modificações,
conservado e utilizado de forma sustentável, o princípio que já estabelece o pagamento por serviços ambientais
do Poluidor Pagador vem se desdobrando no Princípio aos extrativistas por meio de subsídio no valor da
do Provedor-Recebedor. O Projeto de Lei que Institui a borracha e produtos florestais extrativistas.
Política Nacional dos Serviços Ambientais e o Programa
Federal de Pagamento por Serviços Ambientais vem a A instituição da Lei Estadual nº 1.426 de 27 de dezembro
consagrar este princípio como fundamento principal de 2001 que trata sobre a preservação e conservação
para o Pagamento por Serviços Ambientais (PROJETO das florestas do Estado, institui o Sistema Estadual de
DE LEI FEDERAL, 2008). Áreas Naturais Protegidas, cria o Conselho Florestal
Estadual e o Fundo Estadual de Florestas e, estabelece
Neste Projeto de Lei, estabelece-se ainda pagamento por a possibilidade de se utilizar o Fundo Florestal para
serviços ambientais como uma retribuição, monetária Pagamento por Serviços Ambientais.
ou não, às atividades humanas de restabelecimento,
recuperação, manutenção e melhoria dos ecossistemas A institucionalização do ZEE-AC, fase II, pela Lei nº 1.904
que geram serviços ambientais. Outros dois conceitos de 05 de junho de 2007 que permitiu a implementação
importantes são estabelecidos: a) pagador de serviços da Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal, e

8
a regularização do Passivo Florestal, por meio do Decreto especiais, bem como a emissão e registro dos serviços e
Estadual nº 3.416 de 12 de setembro de 2008 (ACRE, 2009). produtos ecossistêmicos. Tem por competência, ainda,
o controle e o monitoramento da redução de emissões
A criação do Programa Estadual de Certificação de de gases de efeito estufa, dos planos e projetos dos
Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre, programas e o cumprimento de suas metas e de seus
instituído pela Lei Estadual nº 2.025 de 20 de outubro objetivos. É previsto ainda um sistema de verificação,
de 2008, que também institui um bônus, ou seja, um de registro e de monitoramento dos produtos e serviços
recurso financeiro como pagamento anual por serviços ecossistêmicos - a exemplo da redução de emissões de
ambientais e incentivo para a adoção de práticas carbono por desmatamento e degradação florestal - de
produtivas sustentáveis. tal forma que se viabilize a necessária transparência,
credibilidade, rastreabilidade e não duplicidade,
Considerando este arcabouço jurídico, a estrutura essenciais para um reconhecimento amplo e a
organizacional, o amadurecimento político-social e a legitimidade de qualquer modelo de incentivo a serviços
mudança no paradigma de desenvolvimento que agora ambientais (SISA-Acre, 2010).
passa a privilegiar e valorizar a floresta em pé, criou-se
um ambiente favorável para se implantar uma política No que se refere ao controle social e para promover
sólida e estruturada relacionada aos Pagamentos por maior legitimidade ao Sistema e garantir a preservação
Serviços Ambientais. do interesse público, a Lei nº 2.308/2010 instituiu a
Comissão Estadual de Validação e Acompanhamento
Neste contexto foi instituído, por meio da Lei nº do SISA visando garantir o comprometimento e o
2.308/2010, o Sistema de Incentivos a Serviços Ambien- alinhamento das normas, subprogramas e projetos com
tais do Acre–SISA, um conjunto de princípios, diretrizes, os verdadeiros interesses públicos. Esta Comissão tem
instituições e instrumentos capazes de proporcionar como competências analisar e aprovar propostas de
uma adequada estrutura para o desenvolvimento de um normatização dos programas apresentadas pelo IMC e,
inovador setor econômico do Século XXI: a valorização em conjunto com ele, definir os requisitos mínimos para
econômica da preservação do meio ambiente por meio homologação de auditorias do Sistema. A Comissão,
do incentivo a serviços ecossistêmicos. O SISA inclui a ainda, analisa os resultados de auditoria independente e
possibilidade de incentivos a serviços ambientais nas recomenda ajustes para o permanente aperfeiçoamento
suas mais diversas formas: carbono florestal nas verten- do Sistema, garantindo, assim, a transparência e o
tes de redução de emissões de gases de efeito estufa por controle social dos programas, subprogramas, planos
desmatamento evitado (REDD) ou por reflorestamento de ação e projetos especiais a ele vinculados. Dentro
(modelo consagrado no protocolo de Quioto), recursos deste escopo, foi criada também uma ouvidoria geral
hídricos, beleza cênica, regulação do clima, conservação do Sistema, constituído por um ouvidor e vinculado
do solo, dentre outros. à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, tendo por
atribuições receber sugestões, reclamações, denúncias e
Um dos grandes desafios do SISA foi o estabelecimento propostas de qualquer cidadão ou entidade em relação
de um arranjo institucional capaz de atender a ao Sistema.
complexidade do tema, especialmente considerando a
mediação pública; o investimento privado, a participação Objetivando obter opiniões sobre assuntos estratégicos
e controle social. para o Programa, como questões técnicas, jurídicas e
metodológicas relativas ao SISA, trazendo ao Programa
Em relação à mediação pública do SISA, foi criado o conhecimento científico como elemento crítico para
Instituto de Regulação, Controle e Registro, que passou efetividade das atividades do Estado no âmbito nacional
a ser denominado de Instituto de Mudanças Climáticas e internacional; foi criado também o Comitê Científico,
e Regulação de Serviços Ambientais - IMC, por força da que se trata de um órgão consultivo vinculado ao
Lei Complementar estadual nº 222 de 11 de fevereiro Instituto de Regulação, Controle e Registro, com uma
de 2011, com competência para estabelecer as normas composição heterogênea formada por pesquisadores de
complementares do SISA, aprovar e homologar as renome nacional e internacional de diversas áreas das
metodologias de projetos, efetuar o pré-registro e o ciências humanas e sociais, exatas e biológicas, dentre
registro dos subprogramas, planos de ação e projetos outras, convidados pelo poder público estadual.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 9


Com vistas a dialogar e interagir com o mercado, fomentar Para a efetivação dos Programas, a Lei nº 2.308/2010,
e desenvolver projetos de serviços ambientais, instituiu- em seu Art. 35, prevê a realização de levantamentos
se a Companhia de Desenvolvimento de Serviços organizados e manutenção de registros dos serviços
Ambientais, com natureza jurídica de economia mista e produtos ecossistêmicos, bem como a necessidade
em forma de sociedade anônima, antes denominada de inventariá-los em relatórios específicos de
de Agência. A Companhia visa ainda estabelecer acordo com metodologias reconhecidas nacional e
e desenvolver estratégias voltadas à captação de internacionalmente. No que se refere ao Programa ISA
recursos financeiros e investimentos nos programas, Carbono, o inventário estadual de emissões e remoções
subprogramas e projetos, buscando investidores de carbono equivalente, torna-se fundamental para
privados para tornarem-se sócios do processo. Podendo garantir a efetiva implementação do Programa e se
captar recursos financeiros de fontes públicas, privadas instituir o marco referencial sobre estas emissões ou
ou multilaterais, criando planos de ação e projetos para remissões de carbono.
este fim. Além disso, tem atribuições executivas em
relação aos programas, subprogramas, planos de ação e
projetos do Sistema, podendo, para isso, gerir e alienar,
na medida de suas competências, os ativos e créditos
resultantes dos serviços e produtos ecossistêmicos
oriundos das atividades que desenvolve.

Dentre os diversos serviços ambientais amparados pelo


SISA, destaca-se a estruturação do Programa ISA Carbono,
vinculado ao sequestro, à conservação do estoque e à
diminuição do fluxo de carbono por meio da Redução
das Emissões por Desmatamento e Degradação – REDD.
As iniciativas já existentes de planejamento de um
programa de REDD, voltadas para incentivos econômicos
aos provedores dos serviços de REDD e ao fomento de
atividades sustentáveis possuem diretrizes traçadas
pelo Plano de Prevenção e Combate do Desmatamento
do Acre – PPCD/Acre, objetiva, assim, alcançar esse
mercado de carbono, eventuais investimentos privados e
fundos públicos nacionais e internacionais. Conforme se
observa em âmbito internacional, o REDD baseia-se em
pagamento de fluxo de floresta, ou seja, na verificação
da efetiva redução de emissão de gases de efeito estufa.
Desta forma o Programa ISA Carbono do Estado do Acre,
tem por objetivo geral promover a redução progressiva,
consistente e permanente das emissões de gases de
efeito estufa oriundas de desmatamento e degradação
florestal, com vistas ao alcance da meta voluntária
definida no âmbito do PPCD (SISA-Acre, 2010).

10
d. O plano municipal e os objetivos de desenvolvimento sustentável

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) • Ampliar fontes de financiamento e otimizar recursos; e


são um conjunto de objetivos resultado de um acúmulo
de experiências, debates e negociações globais iniciados • Estabelecer parcerias multissetoriais (FNP, 2018).
em 2013. Passou a ser uma agenda mundial adotada
durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvol- Para visibilizar os ODS na gestão municipal, a Prefeitura,
vimento Sustentável em setembro de 2015, é composta em 2019, fez a revisão do seu Plano Plurianual (PPA)
por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. 2018-2021 (Lei Complementar nº 77 de 12 de dezembro
de 2019) e passou a adotar os indicadores ODS, além de
Nesta agenda constam as áreas de erradicação da pobreza, identificar a quais ODS suas ações programadas estão
segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igual- associadas.
dade de gênero, combate à discriminação racial, redução
das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões O Planejamento Estratégico da Prefeitura conta com
sustentáveis de produção e de consumo, mudança do cli- cinco Eixos de Atuação:
ma, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos
oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento eco-

1
nômico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre Infraestrutura, Mobilidade Urbana e
outros desafios enfrentados por inúmeras nações. Sustentabilidade;

São divididos em quatro dimensões principais:


social, ambiental, econômica e institucional, com a
finalidade de eliminar a pobreza até 2030 e estimular 2 Cidadania e Desenvolvimento Social;
universalmente a prosperidade econômica sustentável,

3
o desenvolvimento e a inclusão social, a governança
democrática e a proteção ambiental. Rio Branco Plena de Direitos;

A Prefeitura de Rio Branco adotou os ODS em seus


instrumentos de gestão por corroborar com tal Agenda,
que se trata de um plano de ação para as pessoas,
4 Rio Branco Empreendedora; e

para o planeta, para as parcerias, para a paz e para a


prosperidade. Propõem medidas vanguardistas que se
fazem necessárias para direcionar o mundo para um
5 Gestão Transparente e Participativa.

caminho sustentável e resiliente e que dialogam com


ações nos âmbitos regional e local. Trata-se de uma agen- Os Eixos de Atuação estão organizados em 20 progra-
da universal que busca concretizar os direitos humanos mas, que contam com 213 ações. O exercício feito pelo
de todos e alcançar a igualdade de gênero e o empode- Município foi o de identificar como estas ações contri-
ramento das mulheres, direitos integrados e indivisíveis, buirão com as metas ODS, e consequentemente com a
que equilibram as três dimensões do desenvolvimento Agenda 2030.
sustentável: a econômica, a social e a ambiental.
As 213 ações contidas no PPA 2018-2021 do município de
A adoção dos ODS permite à Prefeitura: Rio Branco estão relacionadas diretamente com todos
ODS, com exceção do ODS 14: Vida Debaixo Dágua, pois
• Revisar e aprimorar metas e indicadores dos seus refere-se à conservação e uso sustentável dos oceanos,
instrumentos de planejamento municipais; dos mares e dos recursos marinhos, que não se aplica.

• Melhorar os dados municipais; Das ações previstas no PPA, a maior parte tem relação,
nesta ordem, com os seguintes ODS:
• Aumentar a eficiência da administração pública;
• ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis;
• Apresentar soluções duradouras e resultados de médio
e longo prazo; • ODS 16: Paz, Justiça e Instituições Fortes,

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 11


• ODS 10: Redução das Desigualdades; O Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às
Mudanças do Clima surge como uma ferramenta de
• ODS 3: Boa Saúde e Bem-estar; e orientação multidisciplinar e multisetorial com o intuito
de criar políticas públicas, estratégias e programas
• ODS 4: Educação de Qualidade. integrados de mitigação e adaptação que sejam
eficazes e de longo alcance no Município. Rio Branco,
Dentre os indicadores escolhidos para acompanhar os como a quase totalidade dos municípios brasileiros,
resultados do PPA 2018-2021, a Prefeitura optou por não está totalmente preparado para a mudança do
utilizar os recomendados pelos ODS, o PPA 2018-2021 clima, apresenta lacunas em questões de governança,
adotou 39 indicadores, destes, 34 estão na lista de informação e infraestrutura. É imperativo, portanto,
indicadores recomendados pela Agenda 2030. promover tal redução de vulnerabilidades à mudança do
clima e ter um planejamento de gestão de risco para o
Os desafios de implementação e localização dos futuro, e é o que este Plano pretende fazer.
ODS em nível municipal ainda são muitos, dentre
eles, destacamos: atualização dos dados disponíveis; As ações aqui previstas devem desempenhar um papel
engajamento de todos os setores do poder público; central na construção de um mundo melhor no âmbito
conhecimento da população sobre a Agenda 2030, dos ODS, e embora tenha relação com vários ODS, tem
sobre os ODS e de sua importância para o Município; e relação direta com o ODS número 13 (ação contra a
ainda, sua importância para a estruturação das peças mudança global do clima) (ONU-Brasil, 2019). O grau de
de planejamento, levando em consideração as metas ali efetividade deste Plano estará sujeito, a marcos políticos,
estabelecidas. normativos e institucionais.

Visando o envolvimento das várias secretarias municipais Este Plano Municipal ressalta, portanto, a importância
e ainda o engajamento da sociedade na implementação de elencar esforços voltados para o desenvolvimento da
e alcance da Agenda 2030, a Prefeitura publicou o Decre- resiliência e da capacidade de adaptação do Município
to nº 1.217 de 11 de dezembro de 2018 que criou a Co- às consequências das mudanças do clima.
missão Municipal para os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável no Município de Rio Branco, com a compe-
tência de:

I internalizar, difundir e dar transparência ao processo


de implementação da Agenda 2030 no município de
Rio Branco;

II identificar, sistematizar e divulgar boas práticas e


iniciativas que colaborem para o alcance dos ODS;

III propor estratégias, instrumentos e ações para


implementação dos ODS;

IV promover a articulação com órgãos privados e


entidades públicas de todas as esferas para a
disseminação e a implementação dos ODS;

V acompanhar e monitorar o desenvolvimento dos


ODS e elaborar relatórios periódicos.

12
2. Concepção
do Plano

O município de Rio Branco aderiu ao Compacto de (ICLEI), Cities Climate Leadership Group (C40) e Cidades
Prefeitos em abril de 2016. O Compacto de Prefeitos e Governos Locais Unidos (CGLU) é apoiado pelo
se traduz numa iniciativa histórica, lançada na Cúpula enviado especial para cidades e mudanças climáticas
Climática das Nações Unidas, em setembro de 2014. do secretário-geral da ONU, Michael Bloomberg, e pela
O Compacto de Prefeitos consiste em uma resposta ONU Habitat.
das cidades ao chamado do então secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, Para estarem em conformidade com as exigências do
por ações de todos os atores envolvidos para manter Compacto, as cidades signatárias comprometem-se a
o aumento médio das temperaturas globais abaixo de desenvolver, em até três anos, os seguintes passos para
2ºCaté o fim deste século. Liderado pelas Redes Globais mitigação e adaptação:
de Cidades: Governos Locais pela Sustentabilidade

MITIGAÇÃO ADAPTAÇÃO

Em até um ano após o compromisso, a cidade deve Em até dois anos após o compromisso, a cidade precisa
elaborar seu inventário de emissões de GEE no padrão identificar os perigos climáticos a que está suscetível.
GPC. A localidade deve registrar suas emissões no A cidade deve incluir essas ameaças no Registro
Registro Climático Carbonn1. Climático Carbonn.

Dois anos após o compromisso, a cidade tem de Em até dois anos, o município deve realizar sua análise
aprimorar seu inventário de GEE, bem como definir de vulnerabilidades às mudanças climáticas
uma meta de redução de emissões de GEE. e novamente relatar suas ações.

Em três anos, a localidade precisa publicar um Em três anos, a cidade obriga-se a publicar um
plano de ação climática para alcançar plano de ação climático para aumentar sua r
sua meta de redução. esiliência às mudanças climáticas.

1 | O Registro Climático carbonn® (cCR) é a principal plataforma mundial de relatoria de dados climáticos para aumentar a transparência, responsabilidade e credibilidade da ação
climática de governos locais e subnacionais. É designada como o repositório central de informações do Compacto de Prefeitos. Website: carbonn.org/

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 13


O Compacto de Prefeitos conecta as cidades A metodologia principal para a elaboração do plano
comprometidas a um poderoso movimento global, que de ação foi a GreenClimateCities (GCC), concebida pelo
já reúne mais de 600 cidades por todo o mundo, cujas ICLEI foi aplicada e testada pelo Projeto Urban LEDS
populações somadas representam mais de 6,5% da em oito municípios brasileiros (Belo Horizonte, Betim,
população mundial. Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro
e Sorocaba).
Tendo em vista as metas voluntárias que o Compacto
de Prefeitos demanda associadas ao processo de A metodologia GCC define nove passos, divididos em
mobilização de construção da agenda Rio Branco, a três fases, que instruem cidades a desenvolver estruturas
prefeitura de Rio Branco mobilizou as Secretarias da técnicas e institucionais para o estabelecimento de uma
Casa Civil, de Planejamento, de Meio Ambiente e de estratégia de ação climática (Figura 1) (Tabela 1).
Agricultura Familiar e Desenvolvimento Econômico para
coordenarem o processo de construção deste Plano.

Desenvolvimento
e Financiamento
Desenvolvimento Implementação
da Estratégia e Monitoramento

Definição da Integração e
Linha de Base II. Colaboração

Agir

I. III.
Revisão e
Pesquisa e Analisar Acelerar Aprimoramento
Avaliação

Comprometimento Divulgação de
e Mobilização Agenda e
Inspiração

Figura 1. Metodologia GreenClimateCities (GCC)

Fonte: ICLEI – Governos Locais Pela Sustentabilidade para América do Sul

14
FASE PASSO DESCRIÇÃO

Para iniciar a elaboração de uma estratégia de desenvolvimento urbano de baixo


Passo 1: carbono e resiliente, é essencial que seja firmado um compromisso oficial e público da
Comprometimento administração municipal, a fim de reconhecer a relevância da agenda do clima, bem
e mobilização como de promover o engajamento de secretarias, departamentos públicos e outros
setores importantes da sociedade local (ONGs, iniciativa privada, universidades etc.)

Esse é o momento de obter um panorama da situação atual do município, identificar os


principais desafios e oportunidades e avaliar o que a cidade tem de políticas, programas,
Passo 2: projetos e recursos que influenciam, ou têm potencial de influenciar, o planejamento
I. Pesquisa e municipal com vistas a promover o desenvolvimento de baixo carbono e resiliente à
avaliação mudança do clima. Realiza-se agora uma avaliação interna das fraquezas e fortalezas do
Analisar
município, considerando questões sociais, econômicas, ambientais e políticas, além de
uma avaliação externa, das oportunidades e obstáculos.

Passo 3: Dois importantes levantamentos devem servir como base para o planejamento:
1) O inventário de emissões de GEE, com identificação dos principais setores e fontes de
Linha de base:
emissão, assim como a análise de trajetória, caso nada seja feito em direção a um desen-
inventário de
volvimento urbano de baixo carbono (cenário “business as usual”, BAU). Depois, são iden-
emissões de tificados áreas e setores com mais potencial de custo-benefício para a mitigação de GEE.
GEE e análise de 2) A análise da vulnerabilidade, que avalia o grau de suscetibilidade e a capacidade de um
vulnerabilidade sistema em lidar com situações adversas de mudança do clima.

Deve-se esboçar a estratégia de desenvolvimento urbano de baixo carbono e resiliente,


Passo 4: no formato de uma lei municipal, a ser aprovada pela Câmara, com a indicação de
diretrizes para incorporação pelos setores de atividades municipais e seus planejamentos
Desenvolvimento estratégicos, sendo o principal deles o Plano Diretor. É também o momento de elaborar
da estratégia um plano de ação para a estratégia. O município deverá verificar em qual desses
instrumentos, lei ou plano, constarão as metas de redução de emissões de GEE.

II. O momento agora é o de detalhar a estratégia com mais profundidade, avaliar sua eficácia
Agir Passo 5: e viabilidades técnica e financeira. Com isso, já é possível testar e demonstrar a capacida-
Detalhamento e de adaptativa e de redução de emissões de GEE das novas ações. Ao mesmo tempo, os
financiamento resultados iniciais ajudam a promover maior engajamento e a executar mais medidas. Os
projetos com financiamento assegurado também já poderão ser postos em prática.

Passo 6: A execução será feita em parceria com organizações selecionadas, e cada projeto será
Implementação e monitorado e avaliado, com mensuração, reporte e verificação, para atender às condições
monitoramento dos financiadores, ou para documentação de maneira voluntária.

É hora de integrar política e infraestrutura urbanas para além da jurisdição municipal, por
Passo 7: meio da colaboração com outras cidades, de forma a melhorar a qualidade e a execução
dos programas. Estabelecendo políticas consistentes e articulando uma rede de parceiros
Integração e estratégicos, existe a possibilidade de ampliar canais de acesso a recursos. Consiste
colaboração ainda no momento de realçar a cooperação entre diferentes níveis de governo e ampliar
parcerias com outras cidades pelo mundo.

III. Passo 8: É o período para avaliar a execução da estratégia, de modo a garantir que a cidade continue
no caminho certo. As lições aprendidas e o conhecimento acumulado serão essenciais
Acelerar Revisão e para a repetição do processo e a integração da estratégia com o planejamento municipal.
aprimoramento Os projetos e programas com resultados positivos podem ser replicados e ampliados.

Passo 9: Essa fase finaliza o processo de formulação da estratégia e incentiva a preparação para
os próximos passos. O êxito do município, suas práticas bem-sucedidas e o engajamento
Divulgação
em esforços colaborativos podem ser relatados para o mundo todo. A cidade está apta a
da agenda e participar de premiações, e as lideranças têm a possibilidade de pedir apoio financeiro
inspiração e de recursos humanos e técnicos a instituições financeiras e a parceiros internacionais.

Tabela 1. Detalhamento da Metodologia GreenClimateCities (GCC)

A elaboração do Plano Clima usou como pressuposto a estruturar os eixos e definir as diretrizes e objetivos
metodologia GCC, porem inseriu na fase II a metodologia estratégicos que guiarão o contexto urbano e rural do
do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia para município pelos próximos anos.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 15


3. Perfil das emissões do
município de Rio Branco
a. Caracterização do município de Rio Branco

O município de Rio Branco é a capital do Estado do Acre e O município possui uma área de 883.552 ha, represen-
está localizado no oeste da Amazônia brasileira e ao Leste tando 5,4% do território acreano. Rio Branco está loca-
do Estado. O município integra a Regional Administrativa lizado em uma área de integração entre o Brasil, a Bo-
do Baixo Acre e faz limites ao norte com o município de lívia e o Peru, o que torna esta região estratégica para a
Bujari; ao sul com os municípios de Xapuri, Capixaba e integração regional e nacional pela BR-317, permitindo
Plácido de Castro; a leste com Senador Guiomard; a a implantação e a expansão de atividades econômicas.
oeste com Sena Madureira; e a noroeste com Porto Acre É cortado pelas rodovias estaduais AC – 090, AC – 040 e
(Figura 2). AC – 010 e pelas rodovias federais BR 317 e BR 364 (Figura
3). A BR 364 é uma rodovia que dá acesso à cidade de Por-
to Velho (RO) e ao centro centro-sul do país (ACRE, 2010).

74°0'0"W 72°0'0"W 70°0'0"W 68°0'0"W

A
Amm aa zz oo nn aa ss
MÂNCIO LIMA
!
. . RODRIGUES ALVES
!
CRUZEIRO DO SUL
.
!
8°0'0"S
8°0'0"S

5
TARAUACÁFEIJÓ
!
. .
!
PORTO WALTER
!
.

MANOEL URBANO
!
.
MARECHAL THAUMATURGO
!
. SENA MADUREIRA
!
.
JORDÃO
!
.
SANTA ROSA DO PURUS
!
.
PORTO ACRE
.
!
BUJARI
R
R oo nn dd ôô nn ii aa
!
.
RRIO
i o BRANCO
R i o B r a n cc o
Bran o
10°0'0"S

_
^
10°0'0"S

ACRELÂNDIA
SENADOR GUIOMARD
.
!

Legenda
.
!
PLÁCIDO DE CASTRO
!
.
P
PEER
RUU CAPIXABA
.
! Cidades .
!
XAPURI .
!

_
^ Capital Estadual .
!
ASSIS BRASIL
BRASILÉIA
!EPITACIOLÂNDIA
.
Limite Estadual
B
BOO LL ÍÍ V
V II A
A
Limite Municipal ESCALA:
km
Rio Branco 0 30 60 120 180 240
74°0'0"W 72°0'0"W 70°0'0"W 68°0'0"W

Figura 2. Localização do município de Rio Branco, no estado do Acre.

Elaboração: IPAM

16
69°0'0"W 68°30'0"W 68°0'0"W 67°30'0"W

Legenda

_ Rio Branco
^

BR
36
4
P
P oo rr tt oo A
A cc rr ee

10
Ramais
9°40'0"S

9°40'0"S
B
B uu jj aa rr ii
Rodovia Federal
Rodovia Estadual

10

BR 317
Limite Municipal

_
^

5
S
S ee nn aa M
M aa dd uu rr ee ii aa
10°0'0"S

90

10°0'0"S
BR 364
R
R ii o
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B rr aa n
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o 7
31
BR

1
S
S ee nn aa dd oo rr G
G ii oo m
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400
40
10°20'0"S

10°20'0"S
40

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X aa pp uu rr ii P
P ll áá cc ii dd oo dd ee C
C aa ss tt rr oo

BR
C
C aa pp ii xx aa bb aa

31
B
B rr aa ss ii ll éé ii aa

7
10°40'0"S

403

10°40'0"S
BR
31
7
ESCALA:
48

km
5

0 5 10 20 30 40
69°0'0"W 68°30'0"W 68°0'0"W 67°30'0"W

Figura 3. Rede viária do município de Rio Branco, no Estado do Acre.

Elaboração: IPAM

Rio Branco abriga 46,2% da população acreana e é o observadas nos meses de dezembro e janeiro. Os meses
município mais populoso do Acre, com uma população mais quentes são agosto e setembro (32ºC), enquanto
de 413.418 pessoas (Projeção IBGE, 2019), e densidade a menor temperatura do ar mensal (22,6ºC) ocorre em
demográfica de 46,8 hab./km². A população do junho (ACRE, 2018).
Município apresentou um crescimento de 32,8% entre
os Censos Demográficos de 2000 e 2010, passando de O total anual médio das chuvas (P) no município de Rio
253.059 para 336.038 habitantes. Essa taxa foi superior Branco é de 1.747 mm, sendo em torno de 9% menor que
àquela registrada no Estado, que ficou em 31,6% (Acre, a média anual das chuvas no estado do Acre (1.919 mm).
2017). A taxa de urbanização é de 91,8% (Acre, 2017) e As chuvas médias mensais de Rio Branco apresentam
a zona rural é habitada por apenas 33.900 pessoas que variação sazonal, com os maiores totais (> 210 mm) nos
representam a maior população rural dos municípios do meses de inverno amazônico (dezembro a fevereiro)
Estado do Acre. e transição com outono (março). Durante o verão
amazônico (junho a agosto), se observaram os menores
O clima do Município é classificado como (Köppen), totais mensais (< 60 mm) (ACRE, 2018).
equatorial quente e úmido com temperatura média
anual variando entre 25,2ºC, com máxima em torno de Rio Branco é banhado pela bacia do rio Acre que
32ºC, estações seca e úmida, bem definidas. As maiores dentro do território acreano ocupa uma área de
temperaturas mensais (> 26,5ºC) ocorrem entre setembro 27.263 km². O rio Acre é o principal rio que corta o Município,
e março. As menores temperaturas do ar (< 23ºC) são com muitos bancos de areia e que corre no sentido

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 17


Shutterstock
Sudeste-Nordeste. O principal tributário do rio Acre é A participação dos setores da Indústria e da Agropecuária
o Riozinho do Rôla, com uma extensão estimada em representam apenas 9% e 2% respectivamente. Cabe
7.606 km², sendo de grande importância para o ressaltar que embora o setor agropecuário contribua
abastecimento de água da Capital. Cabe destacar ainda com pouco mais de 2% do PIB municipal, é em Rio
a importância dos igarapés São Francisco, Judia e Branco que está concentrado o maior efetivo de
Redenção (ACRE, 2010). rebanho bovino do Estado. No ano de 2017 o rebanho
do Município era de 290.253 cabeças que representam
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) 13,6% do total de bovinos do Estado, que totalizava
de Rio Branco subiu significativamente de 0,485 (baixo), 2.139.795 (IBGE, 2018).
em 1991 para 0,727 (médio), em 2010. A análise dos
seus três componentes, o IDH-R (renda): 0,729, IDH-L No mesmo período o PIB per capta municipal teve um
(longevidade): 0,798 e IDH-E (educação): 0,661, mostram crescimento de 39%, passando de R$ 15.265,00 em 2010
índices médios, com um desempenho mais baixo na área para R$ 21.259,00 em 2017. Vale salientar que outros
de educação. Embora a área de educação neste indicador indicadores complementares são necessários para
apresente um desempenho mais baixo para aquele avaliar a efetiva diminuição da pobreza e desigualdade
período, outro indicador, o Índice de Desenvolvimento social no Município. O valor do PIB per capita do
da Educação Básica (Ideb) em 2019, alcança 6,7 em Rio Município em 2017 foi superior ao PIB per capita do
Branco (Inep, 2020), colocando o município em segundo estado do Acre (R$ 17.202,00), o que vem confirmar que
lugar entre as capitais do país. a capital do Estado contribui de forma significativa para
o desenvolvimento econômico do mesmo (ACRE, 2018).
No período de 2010 a 2017, o PIB de Rio Branco
cresceu 59%, passando de R$ 5.125.851 milhões para
R$ 8.151.494 milhões. A estrutura econômica municipal
tem participação expressiva dos setores de Serviços,
que responde por 46,8%, e Administração Pública, 29%.

18
b. Setores inventariados

Costa et al. (2019) realizaram o primeiro inventário de decréscimo em 2014. A emissão oriunda do diesel foi
gases de efeito estufa do município de Rio Branco que decrescente entre 2012 e 2016, com o valor de 2016
englobou uma série histórica de 2012 a 2016 e considerou (150.524 t CO2e) representando praticamente a metade
os seguintes setores: do valor em 2012 (346.216 t CO2e).
1) energia;
2) transporte; No período 2012–2016 as fontes gasolina C (49,8%)
3) uso da terra, tendo a agropecuária foco para a e diesel (49,7%) representaram 99,5% das emissões,
pecuária bovina, bubalina, caprina e ovina e mudança no enquanto a fonte etanol representou 0,5%.
uso da terra e florestas com foco para o desmatamento; e
4) tratamento e disposição de resíduos sólidos.
III. Uso do solo
Os setores mensurados por Costa et al. (2019) são
relatados a seguir:
O setor de uso do solo foi responsável pela emissão
total de 7.420.075 toneladas de CO2e na série 2012–2016.
I. Energia A dinâmica temporal das emissões foi relativamente
semelhante entre desmatamento e ruminantes. A
emissão oriunda da mudança de uso da terra foi
O setor de energia foi responsável pela emissão total de crescente entre 2012 e 2016. A emissão oriunda dos
447.052 toneladas de CO2e na série 2012–2016. A dinâmica ruminantes foi crescente de 2012 até 2015 e decrescente
temporal das emissões foi crescente de 2012 a 2014, desse ano para 2016.
relativamente estável entre 2014 e 2015 e decrescente
desse ano para 2016, mas sempre com emissão maior No período 2012–2016 as fontes de desmatamento e
nas fontes residencial/comercial/institucional em ruminantes representaram 44% e 56%, respectivamente,
relação às fontes industriais/não especificadas. do total das emissões no setor de uso do solo.

No período 2012–2016 as fontes residenciais (entre 45%


e 46%) e comercial/institucional (entre 44% e 45%)
representaram de 90% a 91% das emissões, enquanto
IV. Resíduos Sólidos
as fontes industriais (entre 4% e 5%) e não especificada
(5%) representaram de 9% a 10% das emissões.
O setor de resíduos sólidos foi responsável pela
emissão total de 73.034 toneladas de CO2e na série
2012–2016. A dinâmica temporal das emissões para as
II. Transporte fontes regulares, resíduos de serviço de saúde (RSS) e
diversos foi crescente entre 2012 e 2015. Para brook's2a
emissão foi decrescente entre 2012 e 2016. Para todas
O setor de transporte foi responsável pela emissão total as fontes houve decréscimo na emissão de CO2e de
de 2.027.502 toneladas de CO2e na série 2012–2016. A 2015 para 2016.
dinâmica temporal das emissões não foi semelhante
entre tipos de combustíveis que lhes deram origem. No período 2012–2016 as fontes regulares representaram
A emissão oriunda da gasolina C foi crescente de 2012 85,8% das emissões de CO2e. Por sua vez, juntas as fontes
a 2015 e decrescente desse ano para 2016. A emissão brook's, resíduos de serviço de saúde (RSS) e diversos
oriunda do etanol foi crescente entre 2012 e 2016, com representaram 14,2% das emissões.

2 | Resíduos indiferenciados de origem comercial, coletados diariamente pela prefeitura/empresa contratada, tendo como destino final a disposição em aterro sanitário.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 19


c. Perfil das emissões

O inventário considerou as emissões totais do município


de Rio Branco que foram estratificadas a partir da
distribuição da população, origem das emissões e perfil
da frota de veículos.

Analisando-se as emissões anuais verifica-se que o


desmatamento e o rebanho bovino representam mais de
50% das emissões totais do Município (Figura 4), variando
de 69,3% (2012) até 81% (2016), com uma tendência de
crescimento anual no período, fruto dos incrementos
anuais do desmatamento de floresta primária e do
aumento do rebanho bovino. Neste período a média de
participação do setor de uso da terra foi de 74,6%±4,33, o
que evidencia a importância desta fonte de emissão que
tem origem no meio rural de Rio Branco.

2.500.000
78.706

2.000.000 118.626 1.902.408


117.548
53.004
1.507.418 1.482.548
1.341.295 79.168
1.500.000
1.186.406
t CO2e

1.000.000

500.000
527.010
369.313 398.900 377.481 354.798

14.233 14.146 15.245 15.413 13.997


0
2012 2013 2014 2015 2016

Anos Resíduos
Transporte
Uso da Terra
Energia

Figura 4. Evolução das emissões de gases de efeito estufa do município de Rio Branco no período de 2012 a 2016.
Fonte: Costa et al. (2019)

20
O segundo setor de maior importância é o setor de das emissões deste setor foram originadas do meio rural.
transporte que variou sua participação no período O setor de resíduos contribui apenas com 0,7%%±0,09
de 15,1% (2016) a 27,2% (2012), com uma média de com uma tendência de pequena redução no período.
20,6%±4,51 e uma tendência de redução no período, Para este setor se considerou que todas as emissões
fruto da renovação e melhoria da eficiência da frota. foram oriundas do meio urbano.
Considerando o tipo de veículo e o seu perfil, para este
Plano, foi estimado que 13,2% das emissões foram A evolução das emissões no meio rural e urbano do
oriundas no meio rural. Município (Figura 5) enfatiza a importância de ações
específicas para a cidade de Rio Branco e para a sua
O terceiro setor que mais contribui com as emissões é área rural para se ter uma efetiva redução das emissões
o setor de energia que variou sua contribuição de 2,7% no futuro. As emissões do meio rural corresponderam,
(2012) a 5,9% (2015), com uma tendência de crescimento em média, a 77,2% das emissões totais do Município,
no período. A média da contribuição do setor de energia em função das emissões do desmatamento e aquelas
com as emissões de gases de efeito estufa de Rio Branco relacionadas à pecuária. A contribuição do meio rural
foi de 4,5%±1,43, com uma tendência de incremento variou de 73,1% (2012) até 83,2% (2016). Na Cidade, as
no período, em função do aumento populacional emissões representam, em média, 22,8% das emissões
e uma flutuação cíclica em função das condições totais, sendo que ocorreu uma variação de 26,9% (2012)
socioeconômicas do Município. Em relação à distribuição para 16,8% (2016), em função da redução das emissões
populacional, para este plano, se considerou que 8,2% dos setores de transporte e de energia.

2.500.000

2.000.000 394.228

470.411 450.997
520.345
1.500.000
407.401
t CO2e

1.000.000

500.000
1.415.197
1.241.632 1.569.778 1.541.993 1.955.681

0
2012 2013 2014 2015 2016

Anos Emissões Rurais


Emissões Urbanas

Figura 5. Evolução das emissões de gases de efeito estufa dos meios rural e urbano do município de Rio Branco no período de
2012 a 2016.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 21


Na cidade de Rio Branco o setor que mais contribuiu, no O segundo setor que mais emitiu no período de 2012 a
período de 2012 a 2016, com as emissões (Figura 6) foi o 2016 foi o setor de energia sendo responsável por 18%
setor de transporte (79% das emissões) que se assemelha das emissões totais da cidade de Rio Branco. Estes dados
a outras cidades brasileiras como Ribeirão Pires/SP (75% se assemelham a outras cidades brasileiras como Recife/
das emissões da Cidade são do setor transporte) e Belo PE (15% das emissões da Cidade são do setor energia) e
Horizonte/MG (71% das emissões da Cidade são do setor Belo Horizonte/MG (18% das emissões da Cidade são do
transporte). setor energia).

O terceiro setor da cidade de Rio Branco é o setor de


Resíduos Sólidos, responsável por 3% das emissões.
Valores apresentados são inferiores aos de outras cidades
brasileiras como Recife/PE (19% das emissões da Cidade
3% são oriundas do setor resíduos), Belo Horizonte/MG (11%
18%
das emissões da Cidade são oriundas do setor resíduos)
e Ribeirão Pires/PE (13% das emissões da Cidade são
oriundas do setor resíduos).

No meio rural o perfil das emissões muda radicalmente,


com 96% sendo originadas do setor de uso da terra (Fi-
gura 7), o que ressalta a importância da redução do des-
79% matamento e aumento da eficiência da cadeia produtiva
da pecuária. O setor de transporte é responsável por 3%
das emissões e o setor de energia por 1% das emissões
da zona rural de Rio Branco.
Resíduos
Transporte
Uso da Terra
Energia
1%
3%
Figura 6. Perfil médio das emissões de
gases de efeito estufa na cidade de
Rio Branco no período de 2012 a 2016.

96%

Resíduos
Transporte
Uso da Terra
Energia

Figura 7. Perfil médio das emissões de gases de


efeito estufa no meio rural do município de
Rio Branco no período de 2012 a 2016.

22
As emissões per capita de uma cidade permitem a
comparação com outras, de forma mais eficiente, uma
vez que relaciona a população atual com as emissões
totais da cidade. Analisando o perfil das emissões
de 11 cidades brasileiras verifica-se que há grande
variabilidade das emissões por setor e das emissões per
capita que variou de 1,2 (Porto Velho/RO) a 11,5 (Vitória/
ES). Para Porto Velho a principal fonte de emissão na
Cidade é o setor de transporte, porém evidencia-se
as emissões pelo setor de uso da terra que atinge 16
milhões de t CO2e. Em Vitória, o setor que mais contribui
é o de transporte e há uma grande contribuição do setor
de energia (Tabela 2).

Emissões
Emissões por setor (t CO2e)
Totais Cidade Emissões
Cidade População
per capita Energia
t CO2e Transporte Resíduos Uso da terra
Estacionária

Porto Velho 594.451,0 494.013 1,2 88.972,0 429.755,0 75.724,0 16.259.681,0

Recife 2.335.842,0 1.625.583 1,4 685.477,0 1.077.627,0 572.738,0 0,0

Salvador 4.697.868,0 2.902.927 1,6 670.129,0 303.731,0 3.724.008,0 0,0

Belo Horizonte 4.494.882,8 2.513.451 1,8 869.947,5 2.612.481,1 1.012.454,2 0,0

Curitiba 3.143.231,0 1.751.907 1,8 515.007,0 2.564.825,0 63.399,0 2.153,0

Niterói 1.729.602,2 497.883 3,5 520.462,0 674.509,8 534.630,5 0,0

Florianópolis 2.080.502,0 550.000 3,8 277.996,0 1.718.842,0 83.664,0 334.505,0

Extrema 132.635,0 33.729 3,9 49.683,7 60.910,6 22.040,8 0,0

Rio de Janeiro 28.191.486,0 6.498.837 4,3 13.985.754,0 7.102.866,0 7.102.866,0 8.586,0

Betim 1.763.018,0 378.089 4,7 381.302,0 1.168.203,0 213.513,0 0,0

Vitória 4.142.515,1 359.555 11,5 1.154.450,3 2.452.796,0 535.268,9 700.781,1

Tabela 2. Perfil das emissões de algumas cidades brasileiras no ano base 2017.

Fonte: Organizado a partir da base de dados CDP (http://data.cdp.net).

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 23


Analisando a evolução das emissões per capita do
município de Rio Branco (que variou no período de 1,5
a 1,0), verifica-se que há uma tendência de redução das
emissões na Cidade (Figura 8), em função da redução
das emissões, principalmente, do setor de transporte.
No meio rural a emissão per capita variou de 4,4 (2012)
para 5,6 (2016), indicando uma tendência de acréscimo
em função do aumento da taxa de desmatamento anual.

6 5,6

5 4,7 4,5
4,4
3,8
4
t CO2 per capita

2 1,5 1,3
1,1 1,2 1,0
1

0
2012 2013 2014 2015 2016

Anos
Emissões Rurais
Emissões Urbanas

Figura 8. Emissões per capita no município de Rio Branco no período de 2012 a 2016.

24
4. Cenário de
emissões até 2040

O Cenário de Referência foi elaborado até o ano 2040 Os dados da evolução do desmatamento de Rio Branco
para os setores de Transportes, Energia Estacionária, consideraram as taxas de crescimento da série histórica
Resíduos e Uso da Terra. O crescimento populacional e de 1988 a 2018 realizada pela Unidade Central de
o crescimento econômico se constituem nos principais Geoprocessamento do Estado do Acre. Pelas projeções, o
vetores do aumento das emissões de GEE. Os dados da desmatamento total foi estimado em 465.661,4 hectares
evolução da população total do município de Rio Branco no ano 2040, o que representa um crescimento de 54,3%
consideraram as taxas de crescimento atuais do IBGE. entre 2019 e 2040, o que representaria 52,7% do território
Pelas projeções, a população total de Rio Branco pode municipal alterado com usos diversos no ano de 2040.
ser estimada em 572.008 habitantes no ano 2040, o que
representa um crescimento de 40,4% entre 2019 e 2040. Os resultados consolidados do Cenário de Referência
Desta forma, considera-se que a quantidade de efluentes 2040 podem ser visualizados na Figura 9, representando
gerados acompanha esse crescimento demográfico e foi a evolução das emissões até o ano 2040 na ausência
calculado como consequência. As emissões relacionadas de ações de mitigação. Nessa situação, as emissões
à geração de resíduos sólidos foram estimadas pela de GEE do município de Rio Branco crescerão 55% em
metodologia adotada no Inventário de Gases de Efeito comparação ao ano base de 2016, passando de 2,3
Estufa (IGEE). milhões de tCO2e para 3,6 milhões de tCO2e em 2040.
Se considerarmos apenas as emissões da Cidade, o
O crescimento econômico do município de Rio Branco incremento é de 31%, passando de 0,4 milhão de tCO2e
foi estimado com base na série histórica do IBGE e nos para 0,6 milhão de tCO2e. Para o meio rural, o impacto é
cenários nacionais elaborados em 2015 pela Empresa maior com as emissões evoluindo de 1,9 milhão de tCO2e
de Pesquisa Energética (EPE). Foram utilizadas taxas de para 3,0 milhões de tCO2e, contribuindo com 600% de
-0,1% para os anos 2018, 2019 e 2020. E para o período incremento das emissões no período. Estes diferenciais
de 2021-2030 e 2031-2040 foram utilizados 0,91% e 1,4 % evidenciam a necessidade de ações diferenciadas para o
a.a. que correspondem a 70% do crescimento projetado meio rural e o meio urbano.
para o Brasil. Estes valores foram utilizados para projetar
o crescimento dos setores de transporte e de energia.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 25


4.0000.000 4.0000.000

3.500.000 3.500.000

3.000.000 3.000.000

2.500.000 2.500.000
Emissões (t CO2e)

2.000.000 2.000.000

1.500.000 1.500.000

1.000.000 1.000.000

500.000 500.000

0 0
2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040
Anos

Resíduos Uso da Terra Tendência


Transporte Energia Linha de Base

Figura 9. Cenário de referência das emissões por setor no município de Rio Branco até o ano 2040.

As estimativas de emissões sem ações de mitigação por gasolina e diesel no transporte terrestre apresentam
setor são apresentadas na Figura 10. As fontes de maior o maior impacto, seguidos pelo consumo de energia e
relevância são destacadas: o desmatamento e o uso de geração de resíduos, que tem o menor impacto.

Energia

Uso da terra
2040
2030
transporte
2020
2016

Resíduos

0 500.000 1.000.000 1500.000 2.000.000 2.500.000 3.000.000 3.500.000

Emissões (t CO2e)

Figura 10. Evolução das emissões por setor no município de Rio Branco até o ano 2040.

26
5. As vulnerabilidades
às mudanças climáticas
do Município
a. Secas e duração da severidade da seca em sistemas de
produção como é o caso da agricultura os períodos de
seca podem comprometer a economia de um local e até
Em planos de mitigação sob condições adversas e até de uma região, em decorrência de períodos de déficits
em cenários de mudanças climáticas (IPCC, 2014), as hídricos. O SPI aponta condições de normalidade e anos
análises de severidade de seca visam subsidiar a tomada de seca extrema, como estudos realizados em regiões no
de decisão, bem como reduzir efeitos danosos devido território brasileiro (Blain et al., 2010, Guedes et al., 2012).
aos eventos de seca em um determinado local ou região. No estado do Acre, são identificadas três tipologias
O diagnóstico do início, duração, intensidade e extensão climáticas com base no método de Köppen adaptado
da seca apresenta-se como estratégia de planejamento por Martorano et al. (1993), ou seja, nas áreas mais a
socioeconômico para mitigar impactos decorrentes de sudoeste do Estado, regidas pelo Af3, no mês menos
adversidades climáticas como em períodos ou anos chuvoso os valores são superiores a 60 mm e, nas áreas
considerados secos com base em modelos matemáticos sob condição de Am3 e Am4 há ocorrência de meses
(Thon, 1958) que possuem limitações pois dependem com chuva abaixo de 60 mm, condicionando o Acre
das variáveis de entrada nos modelos (Alley, 1984). a contabilizar valores anuais variando entre 1.500,0 a
2.500,0 mm. Como o município de Rio Branco encontra-
As estimativas de índices de seca visam apontar, por se regido pela tipologia Am4 é evidente que os meses
exemplo, as variações nas condições de tempo e com chuvas abaixo de 60 mm merecem as maiores
clima de uma região, a partir de dados meteorológicos atenções quanto a condição dos estoques de água no
monitorados como a precipitação pluvial, a temperatura solo, em áreas cultivadas.
do ar e outras variáveis. Entre os oito índices de seca
mais utilizados para medir a severidade da seca, fez- De acordo com Martorano et al. (2017), mesmo que
se uma análise utilizando o Índice de Precipitação climaticamente uma área apresente chuvas mensais
Padronizado (SPI) e o Índice de Anomalia de Precipitação sempre superiores a 60 mm podem ocorrer anos com
para identificar a variabilidade, usando limiares que vão anomalias capazes de mudar o padrão de pluviosidade,
desde a normalidade até diferentes níveis de severidade inclusive os períodos de redução das chuvas condicio-
de seca. Dependendo da disponibilidade de dados esses nam essas áreas a condições de déficits hídricos no solo,
índices são calculados para categorizar e identificar, comprometendo o rendimento das culturas, redução no
principalmente os extremos climáticos, a partir de dados nível dos cursos hídricos, isolamento de comunidades
monitorados em estações meteorológicas podendo, rurais, entre outras. Na Figura 11 nota-se que de maio a
inclusive avaliar diferentes escalas associadas às outubro, climaticamente, o município de Rio Branco vi-
adversidades climáticas (Ullah et al., 2018). vencia áreas com deficiência hídrica no solo para uma
capacidade de água disponível (CAD) igual a 100 mm,
O Índice de Precipitação Padronizado (SPI) é o mais demandando atenções em anos com anomalias, no re-
utilizado no globo terrestre por demandar apenas da gime pluvial. Os resultados do balanço hídrico com base
variável chuva nas estimativas para estabelecimento do em dados de precipitação pluvial mensal (mm), tempe-
índice de seca de um local. Dependendo da magnitude ratura do ar, média, máxima e mínima (ºC) mensal, a par-

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 27


tir das normais climatológicas (1961 a 1990), disponível
em BRASIL-INMET (2009), evidenciaram que no período
entre final de novembro a início do mês de maio, os ex-
cedentes hídricos condicionam os estoques de água no
solo superando a capacidade de campo (CC). No período
entre final de maio e início do mês de novembro ocorrem
déficits hídricos que tendem a se aproximar do ponto de
murcha permanente (PMP) no mês de agosto quando os
valores totalizam em média 80 mm de escassez de água
no solo em Rio Branco (Figura 11).

170
EXC
DEF
Excedentes e Déficits

120
Hídricos (mm)

70

20

-30 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

-80 Meses

Figura 11. Meses com excedentes e déficits hídricos no município de Rio Branco, no estado do Acre, Amazônia

Também para subsidiar o planejamento municipal com disponíveis em grid (Xavier et al., 2016), seguindo os
base na variabilidade anual de chuva contabilizado pressupostos de Moraes et al. (2020). Observa-se que
anualmente fez-se uma análise de anomalias usando cerca de 70% das anomalias no município de Rio Branco
a série histórica homogênea referente ao período analisadas com base nos dados observados na estação
entre 1993 a 2016 (Figura 12), disponibilizada pelo meteorológica do INMET estão aderentes às estimativas
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), bem como dos valores em grid, reforçando a aplicabilidade e
as estimativas nesse período com base nos valores contribuição científica dos estudos de Xavier et al (2016).

Anomalia Positiva (Grid_Xavier et al., 2016) Anomalia Negativa (Grid_Xavier et al., 2016)
Anomalia Positiva (Dados INMET) Anomalia Negativa (Dados INMET)
8
R2 = 0.69
6
precipitação pluvial

4
Animalias na

2
0
-2
-4
-6
-8
1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

Anos analisados

Figura 12. Anos com anomalias positivas e negativas no município de Rio Branco, Amazônia

28
Nota-se que o ritmo pluvial é praticamente coincidente e sados choveu em média 1.998,1 mm. O ano de 2011 foi o
que, a partir de 2003 os valores estimados ficaram mais menos chuvoso, com totais de 1.619,4 mm e mais pluvio-
próximos aos dados observados. É possível identificar sos foi em 2012, contabilizando-se 2.689,4 mm. Anos com
que os anos com anomalias negativas passaram a ser mais eventos extremos estão associados aos efeitos de eventos
recorrentes a partir de 2000, com expressiva anomalia em grande escala, como em anos de El Niña ou anos de
negativa em 2016. As anomalias positivas evidenciam El Niño (Marengo et al., 2010. Marengo; Espinoza, 2016).
anos com maior oferta de chuva e as negativas são fortes
indicadores de redução das chuvas em Rio Branco, Nesse contexto, os meses contendo as cores verde e
sendo esse índice de anomalia um excelente índice para azul indicam que as anomalias apontaram condições
subsidiar o planejamento socioeconômico municipal. de alta pluviosidade, branco dentro da normalidade
e amarelo, laranja e vermelho indicando meses secos
Também, o uso da base em grid (Xavier et al, 2016) apre- no município de Rio Branco. As informações apresen-
senta-se como uma estratégia metodológica de planeja- tadas na Figura 13 visam subsidiar o planejamento ao
mento regional, suprindo a baixa densidade de estações longo do ano com base nas condições de tempo e cli-
de monitoramento agrometeorológico na Amazônia. In- ma, inclusive para fundamentar as discussões quan-
forma-se que a média de chuva nos 10 anos mais pluvio- to às flutuações climáticas e possíveis cenários de
sos totalizou 2.070,6 mm e nos 10 anos menos chuvosos, mudanças do clima apontados em modelos globais.
a média foi de 1.694,6 mm. Nos 26 anos de dados anali-

12
11 2
10
9 1
8
7
Meses

0
6
5
4 -1
3
2 -2
1
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
0213
2015

Anos

Figura 13. Índice de chuva normalizada (SPI) em Rio Branco, Acre, Amazônia.

b. Inundações

A ocorrência de enchentes e inundações está


intimamente ligada à densidade ocupacional de uma
determinada região vulnerável. O processo desordenado
de ocupação do solo no município de Rio Branco, sem
planejamento adequado ou de respeito ao Plano Diretor
Municipal acabou por tornar essas áreas como sendo de
alto risco de inundação e de enchentes.

Grande parte das áreas inundáveis do município de


Rio Branco está localizada na planície de inundação do
rio Acre. Quando ocorre o transbordamento do curso
d'água, cujo volume de vazão excede a capacidade da
calha principal e finaliza por atingir, de forma efetiva, as

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 29


habitações ali instaladas. Dependendo da magnitude Desde o início dos registros do nível do rio Acre, no ano
e intensidade das chuvas, chegam a afetar, também, de 1971, o estado do Acre vivenciou grandes cheias, en-
as edificações localizadas em áreas próximas, por volvendo principalmente a bacia do rio Acre, onde se lo-
intermédio de redes de drenagem (o que ocorre em caliza Rio Branco, uma das cidades mais atingidas pelas
grandes enchentes). enchentes. Dentre as enchentes de grande vulto no Esta-
do que ocasionaram prejuízos de ordem ambiental, eco-
O rio Acre e vários igarapés cortam o município de Rio nômica e social, destacam-se as que ocorreram nos anos
Branco em toda sua extensão, tanto na zona urbana de 1972, 1974, 1978, 1982, 1984, 1986, 1988, 1991, 1997,
quanto na zona rural. Na zona urbana, em consequência 1999, 2006, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015.
de um acentuado volume de ocupação, os danos se
traduzem com maior intensidade, atingindo uma parcela Os municípios são responsáveis pela primeira resposta
significativa da população que habita o Município. aos desastres. Nos últimos 47 anos, a cidade de Rio Bran-
co foi atingida por várias enchentes/inundações. Alguns
As áreas sujeitas às inundações, bem como os riscos desses eventos apresentaram-se de forma incipiente,
associados a este tipo desastre é de conhecimento da outros, foram registrados como enchentes históricas.
população e também do poder público. Contudo, por No município de Rio Branco merecem ser destacadas as
essas áreas já serem ocupadas, pouco pode ser feito enchentes ocorridas nos anos de 1988, 1997, 2006, 2009,
em curto prazo. Com efeito, nas áreas não ocupadas, o 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015, neste ano, o rio Acre
planejamento do uso do solo, associado a uma intensa atingiu a marca histórica de 18,40m e seu nível chegou a
fiscalização, são importantes mecanismos para o estar mais de 4 metros acima da cota de inundação do
controle e redução dos prejuízos econômicos e danos Município, ocasionando impactos significativos no que
ambientais gerados pelas enchentes. diz respeito aos danos (humanos, materiais e ambien-
tais) e prejuízos (econômicos e sociais).
É importante ressaltar que os habitantes das áreas de
risco de enchentes e inundações integram uma parcela Atendendo ao que está preconizado na Política Nacional
da população com um nível de renda baixo. Esse é um de Proteção e Defesa Civil (Lei nº 12.608/2012), a Prefeitu-
dos motivos mais fortes da permanência dessas pessoas ra de Rio Branco, por meio da Coordenadoria Municipal
nessas áreas, uma vez que o poder aquisitivo não de Defesa Civil, elabora anualmente o Plano de Contin-
proporciona condições das mesmas residirem em locais gência Operacional de Enchente, aplicando a doutrina
regularizados do ponto de vista fundiário. de proteção e defesa civil, no âmbito do município de
Rio Branco, quando da ocorrência de desastres naturais
O estado do Acre está localizado em uma região que não na modalidade de enchentes/inundações.
apresenta grande susceptibilidade à ocorrência de de-
sastres naturais. Os desastres naturais que ocorrem são O Plano de Contingência apresenta análises
causados pelo incremento das precipitações hídricas, quantitativas que demonstram o cenário das enchentes/
gerando as inundações; e os incêndios florestais, que são inundações, bem como a magnitude e o grau de impacto
recorrentes. Ambos, ocorrem com magnitude e frequên- dos eventos classificando-os a partir de algumas
cia, exigindo do poder público, ações imediatas e efetivas, variáveis de referência: o nível do rio Acre, tempo (dias)
pois acarretam a quebra da normalidade, em nível social de permanência acima da cota de alerta, número de
e econômico, necessitando assim de um somatório dos atingidos, número de desabrigados, custos despendidos
esforços dos vários segmentos governamentais, não go- para as ações de resposta (socorro e assistência),
vernamentais e sociedade civil organizada, na busca de danos (humanos, materiais e ambientais) e prejuízos
atenuar os prejuízos decorrentes do acontecimento dos (econômicos e sociais).
desastres e das vulnerabilidades da região afetada.
Com base nos dados do nível do rio Acre em Rio Branco,
No município de Rio Branco, a cota de alerta do rio Acre disponibilizados pela Agência Nacional de Águas (ANA)
é de 13,50m e a cota de transbordamento de 14,00m. e Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil
A primeira é definida como a cota que sinaliza a iminência do Acre (CEPDEC/AC), foram realizadas pesquisas no
do transbordamento. Já a segunda, traduz-se pela período compreendido entre 1971 a 2019 (Tabela 3), com
concretização do transbordamento do Rio Acre de seu o objetivo de quantificar a ocorrência das enchentes,
leito normal, isto é, a calha principal. A partir dos 14,00m, bem como qualificar esses eventos, de acordo com a sua
as residências construídas nas áreas de riscos começam magnitude (nível máximo atingido em cada ano), para
a ser afetadas pelas águas. embasar as ações e metas para compor o plano.

30
SEM EN-CHENTE PEQUENA MÉDIA GRANDE
CLASSIFICAÇÃO EXTRAOR-DINÁRIA
(nível 13,49 ≤ (nível 14,00 (nível 15,00 (Nível 16,00 ≤
(PARÂMETRO) (Nível ≥ 17,00m)
13,99m) ≤14,99m) ≤15,99m) 16,99m)

QUANTIDADE 12 14 10 9 4

1980, 1983, 1987, 1973, 1975, 1981,


1976, 1977, 1982,
1992, 1998, 2000, 1985, 1989, 1990, 1971, 1972, 1974,
ANOS 1986, 1991, 1995, 1988, 1987,
2003, 2007, 2008, 1993, 1994, 1996, 1978, 1979, 1984,
1999, 2009, 2010, 2012, 2015
2016, 2017, 2019 2001, 2002, 2004, 2006, 2011, 2014
2013
2005, 2018

Tabela 3. Ocorrência das enchentes/inundações no município de Rio Branco e classificação em cada ano, entre os anos 1971
a 2019.

Nos últimos 49 anos, apenas em 12 (doze) anos não


ocorreram enchentes, representando 24,5% do período 24,5%
analisado; em 75,5% deste intervalo de tempo (37 anos), Sem enchentes
ocorreram enchentes pequenas, médias, grandes ou
extraordinárias (Figura 14).

Conforme os parâmetros utilizados, o período sem en-


chente totalizou 24,5% (12 anos), pequenas enchentes
28,6% (14 anos), médias enchentes 20,4% (10 anos),
grandes enchentes 18,4% (9 anos) e enchentes extraordi-
nárias 8,2% (4 anos) (Figura 15). Ao longo de 49 anos de 75,5%
série histórica, as enchentes extraordinárias ocorreram Com enchentes
em apenas quatro anos (1988, 1997, 2012 e 2015).

Figura 14. Ocorrências de Enchentes


em Rio Branco no período de 1971 a 2019

OCORRÊNCIA DE ENCHENTES EM RIO BRANCO - MAGNITUDE

14
14 12
12 10 Sem enchente
10
9 Pequena enchente
Médida enchente
8
Grande enchente
6 4 Enchente extraordinária
4
2
0

Figura 15. Ocorrências de Enchentes em Rio Branco - Magnitude (1971 a 2019)

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 31


As observações mostraram que não existe um padrão c. Queimadas
para a ocorrência ou não de enchente, independente da
magnitude. A sequência, como também os intervalos dos
eventos são bastantes aleatórios. Os eventos ocorreram O Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento,
de forma sequencial ou não, bem como intervalados ou Queimadas e Incêndios Florestais - PPCDQ do Município
não, sem seguir um comportamento bem definido. Os de Rio Branco é um instrumento estratégico que se integra
resultados obtidos quebram uma cultura popular local as iniciativas na esfera nacional e estadual de diminuição
de que as enchentes históricas (neste caso enchentes gradativa e substancial das taxas de desmatamento e
grandes e extraordinárias) ocorrem em intervalos de 9 queimadas na Amazônia.
(nove) anos.
O Plano apresenta as informações sobre a variação dos
A séria histórica do nível do Rio Acre em Rio Branco no dados de focos de calor e queimadas no Município, a
período de 1971 a 2019, registra os momentos em que partir desses dados o território foi assim classificado:
o rio Acre permaneceu acima da cota de alerta. Foram áreas com probabilidades altas podem ser observadas
registrados um total de 734 dias acima da cota de alerta em todo território, as áreas com probabilidade muito
(13,50m). Apesar de as chuvas iniciarem com maior alta estão representadas com maior intensidade ao
intensidade no mês novembro, não se detectou nenhum norte, a sudoeste e a noroeste do Município onde estão
nível acima da cota de alerta para este mês. As pesquisas localizados os projetos de assentamento e pequenas,
evidenciaram que, a partir do mês de dezembro o nível médias e grandes propriedade rurais. Já as áreas de
do rio Acre pode apresentar cotas acima dos 13,50m e risco extremo podem ser observadas a sudoeste e a
esta situação estende-se até o mês de maio. noroeste onde estão as vias vicinais. Portanto, os riscos
de incêndios estão sempre associados as áreas próximas
Os meses em que as enchentes acontecem com maior às rodovias AC-40, AC-90, BRs 364 e 317, bem como as
frequência, são os meses de fevereiro e março (72,9%), vias vicinais ao longo dos principais ramais e pequenos
contudo já ocorreram enchentes médias e grandes no fragmentos florestais (Figura 16).
mês de abril, como nos anos de 2009 e 2011.

Figura 16. Mapa de risco de incêndio no município.


Fonte: PPCDQM Rio Branco. Adaptado de INPE, 2014.

32
As mudanças climáticas, eventos extremos, secas inten- como perda de safras agrícolas e prejuízos ao rebanho
sas e outros desequilíbrios ecossistêmicos influenciam pecuário, além de proporcionar condições ambientes
diretamente na ocorrência e na intensidade de queima- ideais para a propagação do fogo acidental ou crimino-
das e incêndios florestais. so, gerando os incêndios florestais. Estes eventos condu-
zem aos estados de emergência, calamidade pública e
A ocorrência de eventos críticos – riscos e ameaças – desastres, segundo as definições da Secretaria Nacional
de natureza climatológica está relacionada às secas e de Defesa Civil, com graves perdas sociais, econômicas
estiagens, assim como com enchentes, inundações e e ambientais. A prevenção destes eventos depende da
alagamentos. Modelos de circulação atmosférica têm existência de um sistema de informação, que possa eli-
mostrado que a Amazônia poderá sofrer mudanças minar ou minimizar a necessidade de ações de controle
significativas nas próximas décadas em termos de e combate. Estes sistemas de prevenção estão a cargo
temperatura, especialmente na época seca (junho- das Comissões e Comitês de Defesa Civil, no plano na-
julho-agosto) (Figura 17). cional, estadual e municipal (BROWN, 2001).

A produtividade das terras agrícolas, pastagens e flo- Análise comparativa de áreas queimadas no período
restas, e a disponibilidade de água potável sofrerão im- de 2019 e 2020 para os municípios do Acre (SILVA,
pactos extremos, mas geralmente gradativos (BROWN, 2020) mostra que o município de Rio Branco teve um
2001). As estiagens e secas, em função de sua extensão aumento de 57% das área queimadas de julho até 07/
e período de duração, são fontes de diversos problemas novembro/2020.

Sena Madureira 46%


Feijó 36%
Rio Branco 57%
Tarauacá 50%
Brasileia 40%
Manoel Urbano 55%
Xapuri 160%
Cruzeiro do Sul 46%
Bajari 15%
Capixaba 137%
Porto Acre 16%
Acrelândia 6%
Epitaciolândia 315%
Assis Brasil 2%
Rodrigues Alves 65%
Senador Guimard 34%
Plácido de Castro 3%
Mâncio Lima 89% 2019
Santa Rosa do Purus 4% 2020
Jordão 15%
Porto Walter 25%
Marechal Thaumaturgo 26%
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000

Cicatrizes de queimadas 2020 (ha)

% Indicam a variação de aumento entre os anos 2020 e 2019 das áreas das cicatrizes de queimadas nos municípios
% Indicam a variação de redução entre os anos 2020 e 2019 das áreas das cicatrizes de queimadas nos municípios

Figura 17. Análise comparativa de áreas queimadas nos anos de 2019 e 2020 para os municípios do Acre.

Fonte: LabGAMA-Projeto AcreQueimadas, 2020

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 33


A produtividade das terras agrícolas, pastagens e Análise comparativa de áreas queimadas no período
florestas, e a disponibilidade de água potável sofrerão de 2019 e 2020 para os municípios do Acre (SILVA,
impactos extremos, mas geralmente gradativos (BROWN, 2020) mostra que o município de Rio Branco teve um
2001). As estiagens e secas, em função de sua extensão aumento de 57% das áreas queimadas de julho até 07/
e período de duração, são fontes de diversos problemas novembro/2020.
como perda de safras agrícolas e prejuízos ao rebanho
pecuário, além de proporcionar condições ambientes O aumento das queimadas no município de Rio Branco,
ideais para a propagação do fogo acidental ou criminoso, também causa grande impacto na qualidade do ar.
gerando os incêndios florestais. Estes eventos conduzem Através da rede de sensores de qualidade do ar no Acre,
aos estados de emergência, calamidade pública e contabilizamos o número de dias com a qualidade do
desastres, segundo as definições da Secretaria Nacional ar fora da recomendação da Organização Mundial da
de Defesa Civil, com graves perdas sociais, econômicas Saúde (OMS). Até 07/novembro/2020 o município de
e ambientais. A prevenção destes eventos depende Rio Branco, permaneceu com mais de 20 dias onde a
da existência de um sistema de informação, que possa concentração de material particulado (PM 2.5) ficou
eliminar ou minimizar a necessidade de ações de acima do recomendado pela OMS (25 ug/m3) (Figura 18).
controle e combate. Estes sistemas de prevenção estão a
cargo das Comissões e Comitês de Defesa Civil, no plano
nacional, estadual e municipal (BROWN, 2001).

2019 2020
30 Brasileia 54
18 Capixaba 52
24 Plácido de Castro 50
21 Xapuri 49
21 Manoel Urbano 46
24 Rio Branco 46
16 Senador Guimard 46
32 Assis Brasil 45
24 Acrelândia 43
26 Santa Rosa do Purus 43
32 Sena Madureira 42
28 Epitaciolândia 40
28 Porto Acre 35
3 Tarauacá 32
25 Bajari 29
3 Mâncio Lima 17
8 Marechal Thaumaturgo 17
3 Cruzeiro do Sul 8
0 Rodrigues Alves 8
13 Feijó 7
11 Jordão 7
1 Porto Walter 6

Número de dias fora da recomendação da OMS até 07/novembro

Figura 18. Resultados – Qualidade do ar – Municípios do Acre, até novembro/2020.

Fonte: http://acrequalidadedoar.info Dados brutos ajustado pela equação do LRAPA

34
O PPCDQ do município de Rio Branco, mostra também
as áreas críticas para desmatamento, queimadas e in-
cêndios florestais. As três áreas, que juntas representam
50% do território do Município, concentram 94% da área
desmatada e 82% dos focos de calor, o que demostra,
desde 2000, uma alta taxa de desmatamento e queima-
das que estarão distribuídas de noroeste a sudeste do
Município (Figuras 19).

Figura 19. Áreas críticas para desmatamento, queimadas e incêndios florestais.

Fonte: ZEE, 2007. PPCDQ Rio Branco 2014.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 35


Shutterstock

As áreas críticas 01 e 02 estão localizadas no eixo que A área crítica 03 é composta pelas unidades de conserva-
vai de leste a oeste do Município, margeando o Riozinho ção APAs do São Francisco, Lago do Amapá e Raimundo
do Rôla e o rio Acre. Suas formas de acesso são pelas Irineu Serra a noroeste e por alguns pontos dentro da Re-
BRs 364 e 317, Rodovias AC 090, AC 010 e AC 040. A sex Chico Mendes ao sul do Município. Esta área ocupa
área crítica 01 ocupa 182.817 ha do Município, ou seja, 26.860 ha do Município, o que representa 3% de todo o
21%, e é representada pelas categorias fundiárias das território. Tem 73% de área desmatada, representando
áreas particulares, discriminadas e arrecadadas. Têm 9% de todo desmatamento do Município e 5% dos focos
59% de área desmatada, o que representa 64% de todo de calor ocorridos desde o ano 2000.
desmatamento do Município.

A área crítica 02 ocupa 59.739 ha do Município, ou seja,


7% do território. Têm 68% de área desmatada, o que
corresponde a 21% de todo desmatamento do Município.
Esta área inclui 15 projetos de assentamento e sete polos
agroflorestais. Já as áreas críticas 01 e 02 ocupam juntas,
uma área de grande densidade populacional, fatores
como a situação fundiária, acessibilidade e a grande
concentração de população são os principais indutores
de desmatamento, queimadas e incêndios florestais
nestas áreas.

36
6. Desafios e Oportunidades
decorrentes da mudança do clima
no município de Rio Branco

Na aplicação da metodologia de análise SWOT, foram


identificados fatores internos e externos de fraquezas,
fortalezas, oportunidades e ameaças que influenciam a
política municipal de clima, dos quais se destacam:

Matriz SWOT

FORTALEZAS OPORTUNIDADES

• Plano Diretor em período de atualização • Atualização e aprimoramento do plano diretor


• PPCDQ municipal elaborado • Aumento da fiscalização do cumprimento do plano
• Zonenamento Econômico, Ambiental e diretor
Sociocultural de Rio Branco elaborado • Maior divulgação das normas do plano diretor
• Plano de resíduos sólidos elaborado • Alternativas para uma economia de baixo carbono
Ambiente Interno

• Plano de contingência para enchentes atualizado • Intensificação da bioeconomia


anualmente
• Crescimento vertical da Cidade
• Parcerias institucionais fortes
• Ordenamento dos espaços vazios privados/públicos
• Engajamento social efetivo
• Educação para a mudança cultural
• Ações integradas com outros setores e esferas para
a bacia do Rio Acre • Agricultura orgânica não faz queimada – priorizar esta
prática
• Vontade política da gestão municipal
• Consolidação das áreas protegidas já existentes com
• Ampla legislação reflorestamento ao longo dos rios
• Existência 4 UCs no território do Município • Destinação de novas áreas protegidas (Riozinho do
• Integra o Bioma Amazônia Rola)
• Grandes avanços em infraestrutura • Estabelecer um plano municipal de recursos hídricos
• Infraestrutura político-administrativa e capital • Implantação do Comitê de bacias
humano existentes • Arborização das vias públicas

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 37


Matriz SWOT

FRAQUEZAS AMEAÇAS

• Ocupação desordenada do território • Mudança climática global


• Devastação concentrada nos eixos das rodovias e • Ausência do Estado
ramais secundários
• Desmatamento Regional / Amazônia
• Expansão acelerada da malha urbana, inclusive com
impacto direto sobre as 3 unidades de conservação • Perda de governança legítima
no perímetro urbano • Aumento das temperaturas
• Ocupação em áreas susceptíveis a inundações • Depredação do bem público
sazonais
• Alta demanda de regularização fundiária
• Desmatamento crescente das matas ciliares
Ambiente Interno

• Florestas mais suscetíveis ao fogo


• Barramento dos igarapés
• Desbarrancamento dos rios
• Impactos das queimadas com aumento de doenças
respiratórias no período seco
• Falta de água para abastecimento urbano
• Água de má qualidade
• Riozinho do Rola ameaçado (Abastece 80% do
município)

• Aquífero Rio Branco desprotegido


• Destinação inapropriada do lixo
• Ausência de plano de saneamento
• Impermeabilização do solo
• Construções inadequadas ao aumento das
temperaturas
• Falta de arborização das ruas causa aumento das
temperaturas

A análise e avaliação estratégica do ambiente interno e


externo do município de Rio Branco acerca da mudança
climática, proporcionou subsídios importantes para
a definição dos componentes do plano que são:
Princípios, Diretrizes, Objetivos Geral e Específicos, Eixos
Estratégicos Setoriais, Ações Estratégicas, Resultados,
Metas e Impacto, bem como o detalhamento desses
componentes, conforme apresentados a seguir.

38
7. Princípios e Diretrizes

Em obediência e vinculação ao disposto na Política • Harmonização da proteção, conservação e uso sus-


Nacional de Mudança Climática, o Plano Municipal de tentável dos recursos naturais com o desenvolvimen-
Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima (PMAMC) to econômico sustentável e a qualidade de vida da
de Rio Branco, atenderá aos princípios da precaução, da população;
prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento
sustentável e o das responsabilidades comuns e, quanto • Promoção do intercâmbio e cooperação com todas
às medidas a serem adotadas na sua execução, será as esferas de governo, organismos internacionais,
considerado que: agências multilaterais, organizações da sociedade
civil, associações comunitárias, iniciativa privada,
I) todos têm o dever de atuar, em benefício das instituições de educação, institutos de pesquisa e
presentes e futuras gerações, para a redução dos outros atores imprescindíveis para a implementação
impactos decorrentes das interferências antrópicas do PMAMC de Rio Branco;
sobre o sistema climático;
• Estruturação e fortalecimento da atuação do Poder
II) serão tomadas medidas para prever, evitar ou Público Municipal na manutenção da integridade
minimizar as causas identificadas da mudança dos ecossistemas e dos serviços ambientais, assim
climática com origem antrópica no Município, sobre como para o bem-estar da população, valorizando
as quais haja razoável consenso por parte dos meios os agentes e as atividades responsáveis pela
científicos e técnicos ocupados no estudo dos conservação e melhoria dos serviços ambientais e
fenômenos envolvidos; ecossistêmicos no município de Rio Branco;

III) as medidas tomadas devem levar em consideração • Inclusão da variável temática do clima na elaboração,
os diferentes contextos socioeconômicos de sua execução e avaliação de planos, programas e projetos
aplicação, distribuir os ônus e encargos decorrentes públicos e privados que vierem a ser instituídos no
entre os setores econômicos e as populações e Município;
comunidades interessadas de modo equitativo
e equilibrado e sopesar as responsabilidades • Incentivo a inovação tecnológica, pesquisa e
individuais, quanto à origem das fontes emissoras e desenvolvimento para redução de emissões de gases
dos efeitos ocasionados sobre o clima; e, de efeito estufa relacionada às atividades setoriais
executadas e desenvolvidas no âmbito do Município.
IV) o desenvolvimento sustentável é a condição para
enfrentar as alterações climáticas e conciliar o • Atuação estritamente fundamentada na ciência, na
atendimento às necessidades comuns e particulares pesquisa e nas técnicas das áreas do conhecimento
das populações e comunidades que vivem no sobre mudança climática para a implementação do
Município. PMAMC de Rio Branco;

Como Diretrizes essenciais que também nortearão • Estímulo à participação pública e privada nas
a implementação do PMAMC de Rio Branco, serão discussões de relevância sobre o tema das mudanças
consideradas as seguintes: climáticas.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 39


8. Objetivos do Plano

O PMAMC de Rio Branco, se vincula à Política Nacional


sobre Mudança do Clima – PNMC criada pela Lei Federal
nº 12.187/2009, buscando, em âmbito municipal: 8.1 Objetivo geral
I) a compatibilização do desenvolvimento econômico- Considerando as premissas de vinculação do PMAMC de
social com a proteção do sistema climático; Rio Branco à Política Nacional de Mudança Climática,
ficou estabelecido como objetivo geral do Plano
II) a redução das emissões antrópicas de gases de efeito Municipal: criar e implementar políticas públicas e
estufa em relação às suas diferentes fontes; medidas estruturantes para a adaptação e mitigação
às mudanças climáticas, proporcionando melhoria da
III) o fortalecimento das remoções antrópicas por qualidade de vida para a população de Rio Branco.
sumidouros de gases de efeito estufa no território;

IV) a implementação de medidas para promover a


adaptação à mudança do clima, com a participação
e a colaboração dos agentes econômicos e sociais
interessados ou beneficiários, em particular aqueles
especialmente vulneráveis aos seus efeitos adversos;

V) a preservação, a conservação e a recuperação dos


recursos ambientais; e,

VI) a consolidação e a expansão das áreas legalmente


protegidas e o incentivo aos reflorestamentos e
à recomposição da cobertura vegetal em áreas
degradadas.

40
9. Eixos Estratégicos Setoriais
e Objetivos Específicos
A mudança do clima impacta, além do próprio meio
ambiente, diferentes setores do Município, da economia OBJETIVO ESPECÍFICO 1
e da população, assim como para o meio ambiente. Realizar planejamento, controle e gestão participativa do
O processo de construção do Plano permitiu uma desenvolvimento urbano, incentivando a implantação
análise estratégica sobre os riscos, ameaças, fortalezas de infraestrutura que promova adaptação às mudanças
e oportunidades para as adaptações e mitigações climáticas com estratégias de engajamento das
necessárias. A partir desta análise e da definição do organizações e comunidades locais impactadas pelas
objetivo geral, foram definidos seis eixos estratégicos mudanças climáticas.
setoriais, sendo eles:

OBJETIVO ESPECÍFICO 2
1 Uso do solo urbano;
Promover o manejo sustentável do uso do solo e da
água e garantir a manutenção e criação/ampliação do

2 Uso do solo rural;


suprimento de serviços ecossistêmicos.

3 Mobilidade urbana;
OBJETIVO ESPECÍFICO 3
Consolidar a estrutura e um ambiente de transporte
público e mobilidade eficientes que reduzam emissões
4 Saneamento;
e garanta bem-estar para a população.

5 Energias renováveis e alternativas;


OBJETIVO ESPECÍFICO 4
Fortalecer o Sistema Municipal de Saneamento Básico
Urbano, ampliando o atendimento para a Zona Rural e
6 Comunicação e monitoramento do PMAMC. garantir a disponibilidade hídrica por meio da proteção,
recuperação e fiscalização das APPs urbanas.

5
Para o alcance do objetivo geral do PMAMC de Rio
Branco, foram elaborados objetivos específicos por eixo OBJETIVO ESPECÍFICO
estratégico setorial, de acordo com as descrições que se Melhorar a eficiência e diversificar a matriz energética,
segue: com bases sustentáveis e fontes renováveis.

OBJETIVO ESPECÍFICO 6
Garantir o total alcance, performance, resultado e difusão
do Plano Municipal de Mudanças Climáticas.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 41


10. Marco Temporal

Para superar os desafios e potencializar as oportu-


nidades identificadas, o Plano Municipal de Mitigação
e Adaptação às Mudança do Clima de Rio Branco
compreende o ano de 2040 para alcançar 100% de seus
objetivos, resultados e impactos, conforme estratégia
estabelecida no arranjo de Implementação do Plano e
no Monitoramento e Avaliação.
Shutterstock

42
11. Descrição dos Eixos
Estratégicos Setoriais, Objetivos,
Ações Estratégicas, Metas,
Impacto e Líder Setorial

Para cada eixo setorial é apresentado uma descrição, B) AÇÕES ESTRATÉGICAS


assim como os objetivos, ações estratégicas, metas,
• Promoção da gestão permanente do Plano Diretor,
impactos e os respectivos líderes setoriais.
garantindo a ocupação adequada do solo;
• Estabelecimento de diretrizes e metas para o controle
da manutenção dos espaços vazios;
• Fortalecimento da fiscalização e do monitoramento
11.1. Eixo Estratégico no cumprimento da legislação urbana;

Setorial: Uso do solo urbano • Atualização do Plano Diretor para as novas realidades
climáticas, revendo o percentual reservado para área
permeável sobre terreno natural, visando a consti-
Este eixo requer uma atuação com enfoque multidisci-
tuição de zona de absorção de águas, a redução de
plinar na elaboração dos planos e outros instrumentos
zonas de calor, a qualidade de vida e a melhoria da
necessários para implementação de ações com inteli-
paisagem, entre outros aspectos;
gência territorial que garantam o uso mais adequado do
solo urbano. Uma das prioridades será o planejamento • Adoção de normas para que as novas construções e
territorial participativo. O incentivo a construção de in- a infraestrutura urbana do Município incorporem os
fraestrutura que contribua para adaptação às mudanças conceitos de sustentabilidade e adaptação às mu-
climáticas será outra prioridade a ser trabalhada no âm- danças climáticas, obedecendo critérios de eficiência
bito da execução do Plano. Em outra frente estruturante energética, sustentabilidade ambiental, qualidade e
serão trabalhadas estratégias de engajamento das orga- eficiência de materiais, conforme definição em regu-
nizações e comunidades locais relacionados às conse- lamentos específicos;
quências das mudanças. • Introdução dos conceitos de eficiência energética e
ampliação de áreas verdes nas edificações licencia-
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 1 das pelo Município;
• Realizar planejamento, controle e gestão partici- • Ampliação da infraestrutura verde do Município;
pativa do desenvolvimento urbano, incentivando a
• Elaboração do Plano Municipal de Arborização;
implantação de infraestrutura que promova adap-
tação às mudanças climáticas com estratégias de • Criação de incentivo fiscal para proprietários de imó-
engajamento das organizações e comunidades locais veis arborizados e compensação para proprietários
impactadas pelas mudanças climáticas. de imóveis que arborizam calçadas;

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 43


• Implementação da arborização urbana em áreas • Comunidade empoderada para tomada de decisões
públicas; na realização de ações de enfrentamento das mu-
danças climáticas e segurança da população.
• Inclusão do programa de educação ambiental para a
gestão da cidade na rede municipal de ensino;
• Realização periódica de atividades de educação E) LÍDERES SETORIAL
ambiental nas escolas com base no Plano Diretor; • Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMEIA
• Divulgação do Plano Diretor para conscientização e • Secretaria Municipal de Planejamento – SEPLAN
sensibilização da população;
• Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade
• Definição de estratégias regionalizadas de participa- Urbana – SEINFRA
ção das comunidades na busca e implementação
de ações para o enfrentamento das mudanças
climáticas;
• Implementação dos planos de contingência em nível
de comunidades para o enfrentamento dos riscos
11.2. Eixo Estratégico
climáticos;
Setorial: Uso do solo rural
• Criação e implementação um sistema de alerta
climático com disseminação local; Este eixo requer uma ação integrada de órgãos
municipais, estaduais e federais para promover o uso
• Incentivo à pesquisa visando a melhoria da produção
adequado do solo e da água garantindo benefícios
rural (ciência cidadã - produtor/pesquisador).
sociais, econômicos e ambientais e ainda criar/ampliar
e consolidar Áreas Protegidas públicas e privadas
C) RESULTADOS E METAS para garantir e/ou ampliar o suprimento de serviços
ecossistêmicos.
• 01 base de monitoramento do Plano Diretor estrutu-
rada;
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 2
• 70% da ocupação urbana de acordo com Plano Dire-
tor; • Promover o manejo sustentável do uso do solo e da
água e garantir a manutenção, criação/ampliação do
• 100% do Plano Diretor atualizado; suprimento de serviços ecossistêmicos.
• 100% das obras de infraestrutura e edificações da Ci-
dade, resilientes aos eventos extremos e mais susten- B) AÇÕES ESTRATÉGICAS
táveis; • Ampliação e fortalecimento da assistência técnica
• Ampliação de 40% do Índice de Área Verde (IAV) do e extensão rural a fim de implementar tecnologias
Município; adequadas ao uso e conservação do solo e água nas
propriedades rurais;
• 01 Plano Municipal de Arborização elaborado e im-
plementado; • Difusão e promoção da capacitação tecnológica para
a intensificação dos sistemas produtivos;
• 01 Programa de Educação Ambiental nas escolas
criado e implementado; • Ampliação do acesso ao crédito rural em linhas de
crédito específicas com critérios para a produção
• 01 Estratégia de Comunicação do Plano Diretor ela- sustentável;
borada e implementada;
• Atualização do PPCDQm e o monitoramento das suas
• 07 Planos de Contingência regionalizados elabora- atividades;
dos e implementados.
• Ações de conscientização e monitoramento para a re-
dução do desmatamento e queimadas na zona rural
D) IMPACTO PRETENDIDO e periurbana;
• Cidade ordenada, garantindo a redução dos gastos • Criação da Área de Proteção Ambiental do riozinho
públicos com saúde e limpeza pública corretiva; do Rola – Unidade de Conservação - e garantir a sua
consolidação;
• Conforto térmico e microclima adequado para o
bem-estar da população; • Intensificação da fiscalização e do monitoramento

44
no interior e entorno da APA Raimundo Irineu Serra, e ambiente de transporte e mobilidade eficientes para
promoção de ações de conscientização ambiental; reduzir emissões e garantir o bem-estar da população.
• Criação e implementação de Programa Municipal
de Recuperação de APPs Degradadas e manutenção A) OBJETIVO ESPECÍFICO 3
das matas ciliares em áreas prioritárias, de modo • Consolidar a estrutura e um ambiente de transporte
a assegurar produção de água e suprimentos ao público e mobilidade eficientes que reduzam emis-
município de Rio Branco; sões e garanta bem-estar para a população.
• Criação do programa de adoção de nascentes e APPs;
B) AÇÕES ESTRATÉGICAS
• Ações de distribuição de mudas e plantio de espécies
arbóreas nativas nas áreas prioritárias ao suprimento • Revisão integral do sistema viário com objetivo de
de água. melhorar a mobilidade urbana (anel viário; corredor
de ônibus; ampliação das vias coletoras, arteriais, de
trânsito rápido; e binários);
C) RESULTADOS E METAS
• Elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urba-
• Universalização da ATER no Município, atendendo
na;
amplamente os produtores rurais;
• Promoção do ordenamento de vias públicas;
• Redução em 40% no desmatamento e queimadas na
zona rural e periurbana de Rio Branco; • Criação e implantação de uma rede de Ruas Comple-
tas;
• Estruturação da Lei de Criação das novas UCs que se-
rão criadas; • Melhoria das condições das calçadas e vias públicas,
garantindo acessibilidade à população;
• APA Irineu Serra consolidada com Plano de Manejo
plenamente implementado; • Incremento das condições de mobilidade urbana
com efetividade (acesso, infraestrutura, integração);
• 100% das APPs recuperadas e conservadas, nas áreas
prioritárias ao suprimento de água para a população • Otimização do sistema de integração de transportes
de Rio Branco. coletivos;
• Fomento do transporte coletivo e do transporte ativo;
D) IMPACTO PRETENDIDO
• Promoção da educação de trânsito e mobilidade
• Produção rural maximizada a partir do uso otimizado para estimular um sistema mais humanizado e orga-
do solo e da água; nizado;
• Redução do desmatamento e degradação e das • Criação do sistema municipal de monitoramento da
emissões de gases de efeito estufa; qualidade do ar;
• Aumento do suprimento de serviços ambientais, • Criação do Programa de renovação da frota de veícu-
contribuindo para metas climáticas do Acre e do los de transporte público buscando a redução grada-
Brasil. tiva do uso de combustíveis fósseis;
• Promoção de campanhas de conscientização para
E) LÍDER SETORIAL incentivar o uso racional do automóvel e informar a
• Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMEIA população a respeito dos impactos locais e globais
no uso de veículos automotivos e do transporte indi-
• Secretaria Municipal de Agricultura Familiar e Desen- vidual;
volvimento Econômico – SAFRA
• Inclusão de critérios de sustentabilidade ambiental e
de estímulo à mitigação GEE na aquisição de veículos
da frota do Poder Público e na contratação de servi-
ços de transportes, estimulando o uso de tecnologias
11.3. Eixo Estratégico que utilizem combustíveis renováveis.

Setorial: Mobilidade urbana C) RESULTADOS E METAS


Este eixo requer inteligência territorial estratégia e uma • Ordenamento de 100% do sistema viário, transporte
visão de sustentabilidade espacial que constituam um público e mobilidade;

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 45


• 01 Plano Municipal de Mobilidade Urbana elaborado • Elaboração do Plano Municipal de Água e Esgoto
e implementado; com vistas a garantir a universalização dos serviços
com qualidade;
• 100% da população consciente das regras de trânsi-
to, melhorando a mobilidade urbana; • Realização de campanhas de esclarecimento sobre
causas, efeitos e formas das doenças relacionas às
• 01 sistema da qualidade do ar criado e implementa-
mudanças do clima;
do;
• Adoção de Estações de Tratamento de Esgoto Com-
• 100% da frota de veículos de transporte público reno-
pactas nas agrovilas;
vada e livre do uso de combustíveis fósseis.
• Adoção em unidades unifamiliares, em propriedades
D) IMPACTO PRETENDIDO rurais, biodigestores;

• Aumento da qualidade no transporte público e na • Realização de diagnóstico das sub-bacias hidrográ-


mobilidade urbana com redução de emissões. ficas dos municípios, com ênfase na qualidade da
água e uso da terra;

E) LÍDERES SETORIAL • Atualização do estudo sobre o aquífero Rio Branco


no que se refere ao potencial de uso e qualidade da
• Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade água;
Urbana – SEINFRA
• Implementação de um programa de proteção,
• Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMEIA recuperação e fiscalização das APPs urbanas.

C) RESULTADOS E METAS
• PMGIRS atualizado e implementado;
11.4. Eixo Estratégico • Elaboração de 01 Plano Municipal de Drenagem
Setorial: Saneamento Urbana;
• Elaboração de 01 Plano Municipal de Água e Esgoto;
Este eixo vai trabalhar ações contínuas no meio rural e • 01 Plano de Saneamento rural estabelecido;
na área urbana de forma a direcionar investimentos con-
sistentes para o saneamento e integrar ações de saúde • Estudo sobre uso e qualidade do Aquífero Rio Branco
pública e de produção de modo a se ter um ciclo eficien- atualizado;
te no sistema de saneamento com redução efetiva de • Proteção integral das APPs urbanas.
emissões e melhoria da qualidade de vida da população.
D) IMPACTO PRETENDIDO
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 4
• Redução no índice de doenças de veiculação hídrica;
• Fortalecer o Sistema Municipal de Saneamento Básico
Urbano, ampliando o atendimento para a Zona Rural • Aumento da qualidade de vida e das condições am-
e garantir a disponibilidade hídrica por meio da prote- bientais no meio rural;
ção, recuperação e fiscalização das APPs urbanas. • Garantia de recursos hídricos a médio e longo prazo
para suprimento à população de Rio Branco.
B) AÇÕES ESTRATÉGICAS
• Atualização e fortalecimento da implementação do
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Só- E) LÍDERES SETORIAL
lidos (PMGRIS); • Serviço de Água e Esgoto – SAERB
• Inserir no PMGRIS políticas referentes à proibição de • Secretaria Municipal de Planejamento – SEPLAN
uso de plásticos descartáveis;
• Elaboração do Plano Municipal de Drenagem Urbana
com ênfase para a revisão das taxas de permeabilida-
de do solo;

46
11.5. Eixo Estratégico 11.6. Eixo Estratégico
Setorial: Energias Setorial: Comunicação e
Alternativas/Renováveis monitoramento do PMAMC
Este eixo vai trabalhar de forma integrada para ampliar de Rio Branco
o uso de energia alternativa/renovável no meio rural
e urbano, de forma a melhorar a eficiência e reduzir as Este eixo vai trabalhar as ações de comunicação e de
emissões. monitoramento do plano de forma a manter um diálogo
constante com a sociedade, de modo a garantir a
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 5 execução integral do plano, através das ações sinérgicas
dos vários órgãos municipais envolvidos.
• Melhorar a eficiência e diversificar a matriz energéti-
ca, com bases sustentáveis e fontes renováveis.
A) OBJETIVO ESPECÍFICO 6
B) AÇÕES ESTRATÉGICAS • Garantir o total alcance, performance, resultado e di-
fusão do Plano Municipal de Mudanças Climáticas.
• Incentivo à adoção de energias sustentáveis através
de programa municipal de energias renováveis;
B) AÇÕES ESTRATÉGICAS
• Substituição da iluminação pública convencional por
• Elaboração da estratégia de comunicação do PMAMC;
lâmpadas LED e placas solares;
• Realização das ações para conscientização e sensi-
• Fomento ao uso de biodigestores e placas sola-
bilização da população ao tema de meio ambiente,
res para a geração de energia na zona rural, através
saúde e qualidade de vida;
de projetos acessíveis nas linhas de crédito para a
população rural; • Estabelecimento da governança para o acompanha-
mento da implementação do PMAMC;
C) RESULTADOS E METAS • Atualização do PMAMC conforme periodicidade acor-
• Criação e implementação de 01 Programa Municipal dada;
de Energia Renovável; • Criação de um sistema de acompanhamento e ava-
• Redução em 40% com os custos da iluminação públi- liação do PMAMC, com monitoramento de indicado-
ca; res de desempenho e de resultados, para avaliação
da implementação do PMAMC.
• Adoção de energias renováveis na zona urbana e ru-
ral por parte de, no mínimo, 20% da população.
C) RESULTADOS E METAS
D) IMPACTO PRETENDIDO • 50% população de Rio Branco envolvida, participan-
te e responsável pela implementação do PMAMC;
• Poder público e população utilizando energia
sustentáveis e renováveis com aumento de eficiência • 100% do PMAMC implementado e monitorado.
e redução dos custos e das emissões.
D) IMPACTO PRETENDIDO
E) LÍDERES SETORIAL • Garantia da qualidade de vida da população de Rio
• Secretaria Municipal de Planejamento – SEPLAN Branco, considerando as mudanças climáticas.

• Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade


Urbana – SEINFRA
E) LÍDERES SETORIAL
• Secretaria Municipal da Casa Civil/Diretoria de
Comunicação – SMCC/DICOM
• Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMEIA

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 47


12. Arranjo Institucional e
Estratégia de Implementação do
PMAMC de Rio Branco

O arranjo institucional de implementação do PMAMC


de Rio Branco proposto, se divide em três instâncias de
atuação: 12.1. Instância Política e de
Coordenação
1 Política e de Coordenação;
Instância Política e de Coordenação, como o próprio
nome infere, exercerá a coordenação política do PMAMC
2 Executiva e de Acompanhamento; e de Rio Branco, com a função de articular e viabilizar os
objetivos e interesses do Plano junto a todos os entes do
governo municipal, governo estadual e federal, iniciativa

3 Transparência.
privada, sociedade civil organizada, academia e outros,
para que zelem pela eficiência da execução do Plano e
visem assegurar a participação dos setores interessados.
Instância Política e de Coordenação será composta pelas
Esse formato de arranjo leva em consideração a
seguintes Órgãos:
natureza estratégica do Plano e a necessidade de
acompanhamento permanente de sua execução e
a) Gabinete da Prefeita;
avaliação da implementação, de modo a se estabelecer
um constante aperfeiçoamento técnico e executivo,
b) Secretaria Municipal de Planejamento – SEPLAN;
facilitar a tomada de decisão por parte da Prefeitura de
Rio Branco, assim como solução de eventuais conflitos e
c) Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMEIA.
problemas.
Os funcionamentos das instâncias e os fluxos decisórios
serão definidos pela Instância Política e de Coordenação.

48
12.2. Instância Executiva 12.3. Instância de
A Instância Executiva exercerá a função executiva, de Acompanhamento e
organização e orientação técnica cuja finalidade será
conceber, discutir e definir sobre a implementação do Transparência
Plano, seus objetivos e atividades. A Instância Executiva
será composta pelos líderes setoriais e pelos órgãos de A Instância de Acompanhamento e Transparência
execução. será composta por representantes do Mistério Público
Federal, Mistério Público Estadual, órgãos do poder
público federal, estadual, municipal, da iniciativa privada,
a) Líderes Setoriais: da academia e da sociedade civil, além de membros
Conselhos Municipais afins.
I. Secretaria Municipal de Planejamento –
SEPLAN; Cabe ressaltar a necessidade permanente de uma
II. Secretaria Municipal de Meio Ambiente – atuação sistêmica, integrada e organizada das várias
SEMEIA; instâncias de governança deste Plano para o atingimento
dos objetivos e impactos positivos em termos de
III. Secretaria Municipal de Agricultura Familiar implementação do PMAMC de Rio Branco.
e Desenvolvimento Econômico – SAFRA;
IV. Secretaria Municipal de Infraestrutura e
Mobilidade Urbana – SEINFRA.
V. Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco –
SAERB.

b) Órgãos de Execução
I. Secretaria Municipal de Zeladoria da Cidade –
SMZC;
II. Secretaria Municipal de Educação – SEME;
III. Secretaria Municipal de Gestão Administrativa
e Tecnologia da Informação – SEGATI
IV. Diretoria de Comunicação/Secretaria
Municipal da Casa Civil – DICOM/SMCC
V. Superintendência Municipal de Transportes e
Trânsito – RBTRANS;
VI. Empresa Municipal de Urbanização – EMURB;
VII. Coordenadoria Municipal de Defesa Civil –
COMDEC;
VIII. Parceiros da Sociedade Civil, Iniciativa Privada
e Instituições de pesquisa.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 49


13. Monitoramento e
Avaliação do PMAMC de
Rio Branco
A Prefeitura Municipal de Rio Branco adotará um Sistema O sistema de monitoramento e avaliação que for
de Monitoramento e Avaliação de resultados e impactos desenvolvido para este Plano deverá considerar e
do PMAMC de Rio Branco, com objetivo de produzir integrar os instrumentos de Planejamento Estratégicos
informações, relatórios de monitoramento, avaliação do Município, quais sejam: o Plano Plurianual, a Lei
e análise crítica da gestão e implementação do Plano, de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária
do alcance de seus objetivos e atividades, resultados e Anual e deverá integrar o módulo de Planejamento
impactos, com a finalidade de subsidiar a tomada decisão Estratégico do Webpúblico (Sistema que agrega em uma
da Prefeitura e aprimoramento de seu Arranjo Institucional única ferramenta tecnológica, várias áreas da gestão
e Estratégia de ImplementaçãoPMAMC, no que se refere municipal).
aos esforços necessários para implementação do Plano
e para o devido acompanhamento e controle social.

Considerando o Marco Temporal do PMAMC de Rio 13.1 Monitoramento do


Branco, de 20 anos, para acompanhar a performance
e efetividade dos resultados e impactos, além do Espaço Territorial
alcance das metas já estabelecidas, será elaborada,
pela Instância de Execução, uma ferramenta constituída O monitoramento do espaço territorial será realizado
por uma matriz de indicadores e metas intermediárias por um Núcleo de Geointeligência a ser constituído
plurianuais que serão agregadas para o cumprimento no âmbito da SEPLAN, o qual será alimentado pelos
das metas estratégicas até 2040. Ressaltando que deverá líderes setoriais e órgãos executores. Este Núcleo será
ser visibilizado neste Sistema de Monitoramento e responsável por estruturar um sistema informatizado
Avaliação, os resultados que contribuem para o alcance compatível com outros sistemas já em uso pela
das metas e objetivos de desenvolvimento sustentável, Prefeitura, a exemplo do SITGeo, deve possibilitar o
de forma a identificar a contribuição do município de Rio armazenamento, integração, gerenciamento, atualização
Branco com as metas nacional para os ODS, adotando permanente e disponibilização da base de dados e
sempre que possível, os 230 indicadores da Agenda 2030 mapas temáticos sobre o município de Rio Branco,
da ONU. integrado do Zoneamento Econômico, Ambiental, Social
e Cultural de Rio Branco-AC (ZEAS). O Núcleo realizará o
monitoramento permanente, por meio de observações
sistemáticas e cientificas, sobre o território do Município
visando antecipar, evitar ou mitigar riscos e impactos
climáticos no Município.

50
Fontes de Financiamento
do PMAMC de Rio Branco

a
A Prefeitura Municipal de Rio Branco envidará esforço
para mobilizar e captar recursos financeiros, se recursos orçamentários próprios;
organizará para criar instrumentos econômicos e outros
mecanismos para efetiva implementação do PMAMC
de Rio Branco. Os recursos para implementação deste
Plano poderão, dentre outros, advir das seguintes fontes b incentivos econômicos, fiscais,
administrativos e creditícios;
financeiras:

c fundos públicos nacionais e internacionais;

recursos provenientes de ajustes, contratos de


gestão e convênios celebrados com órgãos e
d entidades da administração pública federal ou
estadual;

recursos provenientes de acordos bilaterais ou


e multilaterais nacionais e internacionais sobre
o clima e desenvolvimento sustentável;

f doações realizadas por entidades nacionais e


internacionais, públicas ou privadas;

g investimentos privados; e

h empréstimos de instituições financeiras


nacionais e internacionais.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 51


15. Considerações Finais
e metas setoriais
O potencial de mitigação do Plano para os setores de
Energia, Transportes, Resíduos e Uso da terra pode ser
visualizado na Figura 20.

3.000.000 4.0000.000

3.500.000
2.500.000
3.000.000
2.000.000
2.500.000
Emissões (t CO2e)

1.500.000 2.000.000

1.500.000
1.000.000
1.000.000
500.000
500.000

0 0
2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040
Anos

Resíduos Uso da Terra Tendência


Transporte Energia Linha de Base

Figura 20. Potencial de redução das emissões com a implementação do Plano Clima no município de Rio Branco até o ano 2040.

52
METAS PARA 2040
Para o setor de Transporte, considerando o Cenário de
TRANSPORTE
Referência, se chegará a emitir 446.375 t CO2e em 2040.
Com a implantação das estratégias de baixo carbono,
essas emissões totalizariam 283.838 tCO2e em 2030, o
36%
que representa uma redução de 36% em relação ao
cenário de referência, o que se constitui na meta mínima
do setor de transporte, uma redução efetiva de 36%
das emissões setoriais.

As emissões do setor de Resíduos, no Cenário de


RESÍDUOS
Referência, totalizariam 21.234 t CO2e em 2040. Com a
implantação das estratégias de mitigação as emissões
seriam de 11.198 t CO2e, representando uma redução de
47%
47% em relação ao Cenário de Referência. Para o setor
de resíduos a meta mínima de redução será de 47%
até o ano de 2040 em relação ao cenário de referência.

Para o setor Uso da Terra o Cenário Referência estimou USO DA TERRA


que em 2040 as emissões atingiriam 3 milhões t CO2e
e com as estratégias de mitigação espera-se que as
emissões atinjam, no máximo, 1,5 milhão t CO2e que
50%
corresponde a uma redução efetiva de 50% em relação
ao cenário de referência. Para o setor de uso da terra
a meta mínima de redução será de 50% até o ano de
2040 em relação ao cenário de referência.

EMISSÕES DE GEE
20%
Considerando o cenário estimado das emissões,
a meta é que se tenha uma redução de 10% das
emissões de GEE no ano de 2030 e no ano de 2040
uma redução de 20% em relação àquelas emissões
do ano de 2016.

PLANO MUNICIPAL DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA DE RIO BRANCO 53


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