Marlise Dall’Agnol_

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
NÍVEL MESTRADO

MARLISE DALL’ AGNOL

O ESFORÇO EM INOVAÇÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O AMBIENTE


COMPETITIVO: Um estudo das empresas listadas na B3

Porto Alegre
2020
MARLISE DALL’ AGNOL

O ESFORÇO EM INOVAÇÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O AMBIENTE


COMPETITIVO: Um estudo das empresas listadas na B3

Dissertação apresentada como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre
em Ciências Contábeis, pelo Programa de
Pós-Graduação em Ciências Contábeis
da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
- UNISINOS

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl

Porto Alegre
2020
D144e Dall’Agnol, Marlise.
O esforço em inovação e sua associação com o
ambiente competitivo : um estudo das empresas
listadas na B3 / Marlise Dall’Agnol. – 2020.
89 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do


Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em
Ciências Contábeis, 2020.
“Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl”.

1. Inovação. 2. Ambiente competitivo. 3.


Concentração de mercado. 4. Volatilidade das ações.
5. Vantagem competitiva. I. Título.
CDU 657

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Bibliotecário: Flávio Nunes – CRB 10/1298)
MARLISE DALL’ AGNOL

O ESFORÇO EM INOVAÇÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O AMBIENTE


COMPETITIVO: Um estudo das empresas listadas na B3

Dissertação apresentada como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre
em Ciências Contábeis, pelo Programa de
Pós-Graduação em Ciências Contábeis
da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
– UNISINOS

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl

Aprovado em: ____ de ________ ______.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Dra. Janaina Ruffoni – PPG ECONOMIA UNISINOS

Prof. Dr. Clóvis Antônio Kronbauer – UNISINOS

Prof. Dr. André Luis Korzenowski – UNISINOS


AGRADECIMENTOS À CAPES

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de
Financiamento 001.
Dedico este trabalho aos meus amados filhos, Nicole e
Gabriel, para que sirva de exemplo e incentivo para que
trilhem seus próprios caminhos na área do conhecimento.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Renato e Marli, pelas oportunidades de educação e


pelos valores a mim ensinados. Ao meu marido André, companheiro de todas as
horas, sempre disposto a me apoiar nos momentos difíceis. Aos meus filhos, Nicole
e Gabriel, pela compreensão de não me fazer presente em alguns momentos e por
muitas vezes me incentivaram mesmo sem perceber, sentando-se ao meu lado para
que juntos fizéssemos nossas respectivas “lições de casa”. Aos demais familiares e
amigos que sempre me apoiaram e acreditaram em mim meu muito obrigado.
Agradeço aos colegas do mestrado e doutorado, em especial aos amigos
Leonardo Moraes Chamun e Sandra Belloli pelo companheirismo, apoio e incentivo
nestes dois anos. Aos colegas do grupo de pesquisa Contest meu agradecimento
pelas oportunidades de compartilhar, além de conhecimento, nossos anseios,
inseguranças e alegrias.
Aos professores da banca, Prof. Dr. Clóvis Antônio Kronbauer, Prof. Dr. André
Luis Korzenowski e Profª. Dra. Janaina Ruffoni, agradeço as valiosas contribuições
dadas na banca de qualificação, as quais foram fundamentais para a realização
deste trabalho. Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação de
Ciências Contábeis da Unisinos meu agradecimento pelos conselhos e
ensinamentos. Meu agradecimento à Unisinos e aos seus funcionários, em especial
a Carolina Mentz, pelo acolhimento e disponibilidade em ajudar.
Minha eterna admiração e gratidão ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Alberto
Diehl, pela sabedoria e por todas as oportunidades de aprendizado que me foram
dadas ao longo dos dois anos de mestrado. Grata pelo incentivo, disposição e
paciência na condução desta pesquisa, e por ter me mostrado que, mesmo
passando por momentos difíceis, com persistência, tudo é possível. Muito obrigada!
“Conhecimento não é aquilo que você sabe, mas
o que você faz com aquilo que você sabe.”
Aldous Huxley
RESUMO

A inovação é considerada uma fonte essencial de crescimento e de ganhos


de produtividade para as empresas, além de promover benefícios para toda a
economia. As empresas, para garantir vantagem competitiva, devem adequar suas
estratégias ao seu ambiente competitivo, empregando esforços em inovação para
assegurar sua participação no mercado e a sustentabilidade no longo prazo. Neste
contexto, este estudo tem como objetivo analisar a associação entre o esforço em
inovação e o ambiente competitivo concorrencial das empresas dos setores da
indústria brasileira de capital aberto. Para a realização da pesquisa os dados foram
coletados nas Notas Explicativas e na Economática® para uma amostra de 96
empresas, compreendendo o período de 2010 a 2018. A metodologia adotada foi a
regressão para dados em painel com efeitos aleatórios por meio da utilização do
software estatístico Stata®. O resultado do modelo de pesquisa sugere que
empresas que atuam em mercados mais competitivos investem mais em inovação,
corroborando as premissas de Schumpeter (1934) sobre o processo de destruição
criativa. Para a variável volatilidade das ações, o modelo sugere um maior
investimento em inovação por parte das empresas que aceitam o grau de risco em
relação às oscilações de suas cotações de mercado. Ao observar os determinantes
internos é possível identificar que empresas maiores investem mais em inovação,
potencialmente em decorrência das vantagens estruturais e de mercado que
possuem. Por outro lado, os resultados também sugerem que empresas que
apresentam maior rentabilidade e maior nível de endividamento (curto e longo prazo)
apresentam menos esforços em inovação, podendo estar relacionado às incertezas
e aos riscos associados, que acabam por desestimular o emprego de novos
recursos, sejam eles próprios ou de terceiros, em tais investimentos. Desta forma, o
presente trabalho contribui para a literatura ao trazer novas evidências da influência
da dinâmica do mercado e dos determinantes internos sobre a decisão das
empresas em aplicar seus recursos em esforços em inovação.

Palavras-chave: Inovação. Ambiente competitivo. Concentração de mercado.


Volatilidade das ações. Vantagem competitiva.
ABSTRACT

Innovation is considered an essential source of growth and productivity gains


for companies, in addition to promoting benefits for the entire economy. Companies,
to guarantee competitive advantage, must adapt their strategies to their competitive
environment, employing efforts in innovation to ensure their market share and long-
term sustainability. In this context, this study aims to analyze the association between
the innovation effort and the competitive environment, this restricted to competition,
of companies in the sectors of publicly traded Brazilian industry. To carry out the
research data collection was performed in the Financial Statements and
Economática® for a sample of 96 companies, covering the period from 2010 to 2018.
The methodology adopted was the regression for panel data with random effects
using statistical software Stata®. The result of the research model suggests that
companies operating in more competitive markets invest more in innovation,
corroborating Schumpeter's (1934) assumptions about the process of creative
destruction. For the stock volatility variable, the model suggests more significant
investment in innovation by companies that accept the degree of risk concerning
fluctuations in their stock market prices. By observing the internal determinants, it is
possible to identify that larger companies invest more in innovation, potentially due to
the structural and market advantages they have. On the other hand, the results also
suggest that companies that present higher profitability and a higher level of
indebtedness (short and long term) have fewer efforts in innovation, which may be
related to the uncertainties and associated risks, which end up discouraging the use
of new resources, either own or from third parties, in such investments. Thus, the
present work contributes to the literature by bringing new evidence of the influence of
market dynamics and internal determinants on the decision of companies to invest
their resources in innovation efforts.

Keywords: Innovation. Competitive environment. Market concentration. Stock


volatility. Competitive advantage.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Indicadores empresariais de inovação tecnológica ................................... 47

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação dos setores industriais por Intensidade Tecnológica ........ 20


Quadro 2 – Classificação setorial conforme taxonomia de Pavitt (1984) .................. 22
Quadro 3 – Estudos empíricos relacionados ............................................................. 35

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Perfil dos investimentos em inovação no Brasil ...................................... 25


Tabela 2 – Composição da amostra da pesquisa ..................................................... 46
Tabela 3 – Distribuição das empresas por setor da B3 (2018).................................. 58
Tabela 4 – Estatística descritiva do modelo da pesquisa .......................................... 59
Tabela 5 – Concentração de mercado e número de empresas por ano e por setor da
B3 .............................................................................................................................. 62
Tabela 6 – Análise de correlação de Pearson ........................................................... 65
Tabela 7 – Modelo de regressão dados em painel.................................................... 66
LISTA DE SIGLAS

AMEX American Stock Exchange


B3 Brasil, Bolsa, Balcão
BM Book-to-market
CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
DOJ Departamento de Justiça dos Estados Unidos
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
DFPs Demonstrações Financeiras Padronizadas
HHI Índice de Herfindahl-Hirschman
NASDAQ National Association of Securities Dealers Automated Quotations
NYSE The New York Stock Exchange
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PINTEC Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica
NEs Notas Explicativas
RAs Relatórios de Administração
ROA Retorno sobre o Ativo
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .................. 13
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 15
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................................ 16
1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................. 18
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 19
2.1 INOVAÇÃO......................................................................................................... 19
2.1.1 Conceito e tipologias .................................................................................... 19
2.1.2 Padrões setoriais de inovação da indústria brasileira............................... 23
2.1.3 Evidenciação e Tratamento contábil dos esforços em inovação ............. 26
2.2 AMBIENTE COMPETITIVO................................................................................ 27
2.2.1 Estrutura de mercado ................................................................................... 27
2.2.2 Mercado de ações ......................................................................................... 29
2.3 INOVAÇÃO, ESTRATÉGIA E VANTAGEM COMPETITIVA .............................. 31
2.4 ESTUDOS EMPÍRICOS RELACIONADOS ........................................................ 35
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 45
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................... 45
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................... 45
3.3 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS ............................................................................ 47
3.3.1 Variável Esforço para Inovação ................................................................... 47
3.3.2 Variável Concentração de Mercado ............................................................. 50
3.3.3 Variável Volatilidade das Ações .................................................................. 52
3.3.4 Demais variáveis do modelo ........................................................................ 53
3.4 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS .......................................................... 54
3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ............................................................................... 55
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 58
4.1 ANÁLISE DESCRITIVA ...................................................................................... 58
4.1.1 Caracterização da Amostra .......................................................................... 58
4.1.2 Estatística descritiva das variáveis do modelo .......................................... 59
4.1.3 Análise do esforço para inovação ............................................................... 60
4.1.4 Análise da concentração de mercado ......................................................... 61
4.2 ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE O ESFORÇO EM INOVAÇÃO E O
AMBIENTE COMPETITIVO ...................................................................................... 64
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 72
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 75
APÊNDICE A - EFEITOS FIXOS VS. EFEITOS ALEATÓRIOS.............................. 85
APÊNDICE B - TESTE DE AUTOCORRELAÇÃO .................................................. 86
APÊNDICE C - TESTE DE HETEROCEDASTICIDADE ......................................... 87
APÊNDICE D - TESTE DE NORMALIDADE DOS RESÍDUOS .............................. 88
13

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Para um país se tornar mais inovador e competitivo, não basta apenas


produzir conhecimento, é preciso que este seja transformado em inovações,
oriundas da introdução de novos produtos e novos processos produtivos por parte
das empresas. (NEGRI, 2018). No caso do Brasil, segundo a autora, apesar dos
recentes avanços na produção científica e tecnológica ainda é necessário evoluir
para que o país chegue um pouco mais próximo dos países desenvolvidos.
Resende, Strube e Zeidan (2014) indicam que, para os países em
desenvolvimento, preencher a lacuna tecnológica é fundamental para o crescimento
a longo prazo, pois existe uma clara correlação entre inovação e desenvolvimento.
Nesse sentido, segundo Melo et al. (2017), somente o aprimoramento das
capacidades produtivas e tecnológicas das indústrias podem elevar a capacidade do
país em se tornar mais competitivo. Do ponto de vista das indústrias, Negri (2018)
afirma que é a competição real ou potencial que induz à inovação, considerando que
as empresas inovam para conquistar novos consumidores ou para evitar perdê-los
para seus concorrentes no mercado ou, ainda, para vender seus produtos com uma
margem de lucro maior sem ter que dividir sua base de clientes com outras
empresas. Nesse contexto, a inovação é considerada uma das principais
ferramentas de competição das empresas. (NEGRI, 2018).
Kon (1994) pondera que as empresas, para promover o crescimento
econômico e garantir sua competitividade, precisam adequar suas estratégias ao
seu ambiente de negócio. A autora indica ainda que um dos determinantes
estruturais mais relevantes na competição é a concentração industrial. De acordo
com Porter (1990) as características de cada indústria bem como seu ambiente
competitivo influenciarão no desenvolvimento de suas estratégias. Ainda, segundo o
autor, as empresas atingem vantagem competitiva através de atos de inovação.
Para o mesmo autor, as empresas de sucesso tendem a desenvolver um viés de
previsibilidade e estabilidade, trabalhando na defesa de sua posição no mercado.
Caso contrário, se a inovação cessa, podem se tornar estagnadas e como
consequência ter o seu lugar tomado por outras. Nessa perspectiva, os
14

determinantes da vantagem competitiva das nações e indústrias, os quais permitem


que muitas empresas sejam capazes de perseguir a inovação de forma consistente,
têm sua origem em quatro atributos: condições dos fatores como mão de obra
qualificada e infraestrutura, condições da demanda, presença de indústrias
relacionadas e de apoio, e, por fim, estratégia estrutura e rivalidade. (PORTER,
1990).
Nesse mesmo contexto, Silva e Avellar (2016), ao abordarem os fatores
determinantes da inovação das empresas nacionais brasileiras, apontam que estes
estão relacionados a fatores externos e internos à organização. Os fatores externos
dizem respeito à estrutura de mercado e às características setoriais e nacionais,
enquanto os fatores internos abrangem os elementos da firma, no que se refere à
estratégia, capacitação e aprendizagem. Segundo os autores, os determinantes
externos da inovação são importantes para estabelecer os padrões do processo
inovativo de uma firma, pois levam em consideração o seu ambiente competitivo.
Doukas e Switzer (1992) avaliaram a relação entre concentração de mercado,
gastos com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e o mercado de ações norte
americano. Nesse estudo, observaram que para as empresas de setores da
indústria caracterizadas pela alta (baixa) concentração de mercado, o anúncio de
aumento de gastos com P&D resulta em impacto positivo (negativo) e significativo
no preço das ações ordinárias da empresa.
Hou e Robinson (2006), ao avaliarem empresas americanas listadas na NYSE,
AMEX e NASDAQ, analisaram que os baixos retornos das ações em indústrias
concentradas têm como uma das possíveis causas a sua menor exposição ao risco
em consequência do seu menor engajamento em inovação. Por outro lado,
empresas em indústrias menos concentradas têm retornos maiores porque se
engajam mais em atividades inovativas e, portanto, têm uma expectativa de taxas de
crescimento mais altas.
Hungarato e Teixeira (2012) estudaram a relação entre os gastos com P&D e o
preço das ações no mercado de capital brasileiro, constatando que essa relação não
é estatisticamente significante para o preço das ações das empresas estudadas.
Por outro lado, Figari et al. (2016) ao verificarem o quanto o índice book to market
(índice que determina a diferença entre o valor de mercado e o valor contábil da
empresa) poderia ser explicado pelos investimentos em P&D, comprovaram a
15

contribuição significativa destes investimentos para explicar a valorização das


empresas pelo mercado.
Estudos como os de Hungarato e Sanchez (2006), Alves et al. (2011), Silva et
al. (2015), Oliveira et al. (2019), entre outros, também exploraram a temática da
relação entre a inovação e o ambiente competitivo para mercados de capital aberto.
No entanto, estes estudos apresentaram resultados distintos, ora identificando uma
relação positiva entre as variáveis, ora uma relação insignificante. Além disso, os
estudos, em sua grande maioria, abordam esta associação sob uma perspectiva
exógena à empresa, ou seja, buscando responder de que forma o mercado
acionário gera retornos anormais decorrentes dos investimentos em inovação.
Ademais não foi identificado nenhum trabalho na literatura nacional que abordasse a
associação da concentração de mercado e inovação sob a ótica da estratégia
competitiva das empresas, servindo assim de estímulo para prosseguir com
pesquisas sobre o tema.
Nesse contexto, o presente estudo busca responder o seguinte
questionamento: qual a associação entre o esforço em inovação e o ambiente
competitivo nos setores da indústria brasileira de capital aberto?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar a associação entre o esforço em inovação e o ambiente competitivo


concorrencial dos setores da indústria brasileira de capital aberto.

1.2.2 Objetivos Específicos

Para obtenção da resposta perante a questão abordada, são tidos como


objetivos específicos:
a) identificar os esforços em inovação dos setores selecionados;
b) avaliar a concentração de mercado desses setores;
16

c) analisar a associação entre o esforço em inovação com a concentração


de mercado e volatilidade das ações (variáveis do ambiente
competitivo).

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), através da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC) de 2014,
apontam que as empresas investiram, entre 2012 e 2014, R$ 81,5 milhões em
atividades inovativas, representando 2,54% da receita líquida total de vendas.
(IBGE, 2016).
Para a indústria especificamente, essa relação foi de 2,12%, representando o
menor patamar histórico já registrado pela pesquisa. Nas empresas de serviços,
essa relação passou de 4,96% do faturamento, em 2011, para 7,81%, em 2014.
Segundo o IBGE (2016), esse acréscimo foi fortemente influenciado pelos serviços
de telecomunicações, cujo valor subiu de 3,66%, em 2011, para 9,99%, em 2014.
Nas empresas de eletricidade e gás, por sua vez, essa relação passou de 1,28% do
total de sua receita, em 2011, para 0,57%, em 2014.
A pesquisa de 2014 revelou ainda que a melhoria na qualidade de bens e
serviços foi o principal impacto das inovações observado nos serviços selecionados,
assim como para as empresas de eletricidade e gás. Na indústria, em contrapartida,
o principal impacto esteve relacionado à capacidade de manutenção da participação
da empresa no mercado. Nesse sentido, Negri e Lemos (2011) salientam que a
inovação tecnológica de uma empresa é especialmente influenciada pelo ambiente
tecnológico na qual ela está inserida, apontando que os regimes tecnológicos das
empresas afetam a estrutura setorial de concorrência, como o grau de concentração
e poder de monopólio.
Nesse contexto, Silva e Suzigan (2014), ao estudarem os padrões setoriais de
inovação da indústria de transformação brasileira, reforçam a ideia de que a
realidade concorrencial molda a estratégia competitiva das empresas. Para os
autores, devem-se levar em consideração as peculiaridades estruturais da indústria,
particularmente naquelas caracterizadas pela conjugação de concentração
econômica e elevado número de empresas, pois nestes casos um pequeno número
17

de firmas é que determina o desempenho econômico e tecnológico do setor. Por


outro lado, os autores afirmam que este comportamento é diluído quando o perfil
setorial é construído a partir de uma grande quantidade de empresas de baixa
relevância econômica.
Diante o exposto, e dada a relevância do tema inovação para a indústria e
economia brasileira em geral, o presente trabalho tem como objetivo contribuir com
meio acadêmico ao procurar averiguar de que forma o esforço em inovação é
associado ao grau de concentração de mercado das empresas de capital aberto dos
diferentes setores da economia, e da mesma forma como o mercado acionário está
associado a este esforço.
A pesquisa procurou se diferenciar sob dois aspectos em relação aos estudos
relacionados identificados no processo de revisão de literatura:
(i) Buscou analisar a ótica das decisões das empresas no que tange ao seu
posicionamento quanto aos investimentos em esforços inovativos e
como estes estão associados ao seu ambiente competitivo. Grande
parte dos estudos anteriores focaram na perspectiva externa à empresa
através da análise da percepção dos stakeholders (potencial valorização
da empresa pelo mercado de ações) decorrentes destes esforços;
(ii) Além disso, este estudo teve como inovação a utilização de uma proxy
alternativa para a variável de esforço em inovação, que não as despesas
em P&D como comumente utilizado por estudos anteriores, o que
acabava por limitar o número de empresas analisadas visto a não
obrigatoriedade da divulgação destas informações, conforme já
apontado no estudo de Figari et al. (2016). A construção da proxy, até
então não abordada pelos estudos empíricos relacionados, se
fundamentou na idade média dos ativos tangíveis e intangíveis, e teve
como suporte principal as características dos esforços inovativos das
indústrias brasileiras apontadas pelas últimas edições da PINTEC, que
indicaram a relevância de tais investimentos no contexto brasileiro de
inovação.
Sob a perspectiva gerencial a pesquisa buscou reforçar a relevância para as
empresas em focar no esforço em inovação observando o seu ambiente de atuação,
seja como forma de manter ou aumentar sua participação no mercado, e,
18

principalmente, como um importante auxílio para garantir sua sustentabilidade no


longo prazo.

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Ao analisar a associação entre o esforço em inovação e a concentração de


mercado, o estudo não tem como foco principal discutir os fundamentos da
Economia Industrial, nem discutir sobre a dinâmica do mercado de capitais ao
utilizar a variável volatilidade das ações.
Porter (2004) identifica cinco forças que dirigem a concorrência na indústria,
sendo elas: os entrantes potenciais, os compradores, os substitutos, os
fornecedores e os concorrentes na própria indústria. Nesse sentido, outro ponto a
ser destacado é o ambiente competitivo, pois além de estar restrito à concorrência,
foi caracterizado somente pela concentração de mercado e volatilidade das ações,
não sendo, portanto, analisados os outros fatores como aqueles definidos por Porter
(2004).
Da mesma forma, quanto aos fatores internos que interferem nas decisões de
investimento em inovação da empresa, foram considerados aqueles principalmente
relacionadas à sua estrutura em termos de tamanho e sua situação financeira como
rentabilidade, endividamento, etc. Nesse contexto, não serão avaliadas outras
questões que poderiam afetar esta decisão, como aquelas relacionadas à qualidade
dos recursos humanos e outras estratégias de negócios como internacionalização e
diferenciação conforme apontadas no estudo de Lai, Lin e Lin (2015).
Este trabalho está vinculado ao grupo de pesquisa Contest liderado pelo
orientador Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl na Linha de Pesquisa de Controle de
Gestão do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade do
Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).
19

2 REVISÃO DA LITERATURA

O presente capítulo apresenta a revisão da literatura e está dividida em quatro


tópicos. O primeiro apresenta os principais conceitos sobre inovação. No segundo
são expostos os conceitos de concentração de mercado e mercado de ações, estes
caracterizando o ambiente competitivo. O terceiro tópico aborda a interação da
inovação com a estratégia e vantagem competitiva. Por fim, o quarto tópico lista
alguns estudos empíricos, nacionais e internacionais, relacionados ao tema da
pesquisa.

2.1 INOVAÇÃO

2.1.1 Conceito e tipologias

O economista Schumpeter (1928) foi um dos pioneiros ao considerar as


inovações tecnológicas como um dos principais condutores do desenvolvimento
econômico. Este processo dinâmico e evolutivo, no qual as antigas tecnologias são
substituídas pelas novas, foi denominado por ele como “destruição criativa”.
Segundo Schumpeter (1934), a inovação é uma forma de destruição criativa mais
provável de ocorrer em indústrias competitivas ou às margens de indústrias
estabelecidas.
Nesse sentido, Kon (1994) salienta que o caráter evolutivo do processo
capitalista abordado por Schumpeter (1928) resulta em alterações na vida
econômica e traz como consequência constantes transformações industriais. Para
Porter (1989), a transformação tecnológica é um dos principais condutores da
concorrência, pois desempenha um papel fundamental na mudança estrutural da
indústria, assim como na criação de novas indústrias. Ainda, conforme o autor, as
empresas se envolvem em inúmeros tipos de tecnologia e qualquer uma delas pode
ter impacto significativo na vantagem competitiva de uma empresa ou na estrutura
industrial.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
(2005) define a inovação através de 4 tipologias: (i) a implementação de um produto
(bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado; (ii) um novo processo; (iii)
20

um novo método de marketing; (iv) um novo método organizacional nas práticas de


negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.
Da mesma forma, Tidd, Bessant e Pavitt (2008) propõem quatro tipos de
inovação: (1) de produto, caracterizada por mudanças nos produtos/serviços
oferecidos pela empresa; (2) de processo: definidos pelas mudanças na forma em
que os produtos/serviços são criados e entregues; (3) de posição: mudança no
contexto onde são introduzidos os produtos e serviços; e (4) inovação de paradigma
que se caracterizam pelas mudanças nos modelos adjacentes que orientam o que a
empresa faz.
As empresas que fazem uso intensivo de tecnologia inovam mais, conquistam
novos mercados, usam os recursos disponíveis de forma mais produtiva e
geralmente oferecem remuneração mais alta para as pessoas que empregam.
Dessa forma, as indústrias de alta tecnologia são as que mais se expandem no
comércio internacional e seu dinamismo ajuda a melhorar o desempenho em outros
setores (spillover). (HATZICHRONOGLOU, 1997).

Quadro 1 – Classificação dos setores industriais por Intensidade Tecnológica


Intensidade Setores
Tecnológica
Alta Aeronáutica e aeroespacial; Farmacêutica, Máquinas de escritório e informática,
Equipamentos de rádio; TV e comunicação e Instrumentos médicos de precisão
e óticos.
Média-alta Máquinas e equipamentos elétricos; Veículos automotores, reboques e semi-
reboques; Produtos químicos (exceto farmacêuticos); Equipamentos ferroviários
e de transporte; Máquinas e equipamentos.
Média-baixa Construção e reparação de navios e barcos; Produtos de borracha e plásticos;
Coque, produtos petrolíferos refinados e combustível nuclear; Outros produtos
minerais não metálicos; Metais básicos e produtos de metal.
Baixa Produtos manufaturados e reciclados; Madeira, Celulose, papel e produtos de
papel, impressão, publicação; Alimentos, bebidas e tabaco; Têxteis, couro e
calçado.
Fonte: elaborado pela autora com base na classificação da OCDE (2011).

Conforme indica Hatzichronoglou (1997), para analisar o impacto da


tecnologia no desempenho industrial, é importante identificar as indústrias e os
21

produtos mais intensivos em tecnologia, por meio de critérios que permitam a


construção de classificações especiais internacionalmente harmonizadas. Nesse
sentido, a OCDE (2011) propõe uma classificação de intensidade tecnológica
distribuída em quatro grupos industriais: alta, média-alta, média baixa e baixa
tecnologia, conforme demonstrado no Quadro 1.
Guerrieri (1991), no entanto, faz algumas críticas a essa forma de
classificação tecnológica, não somente por utilizar indicadores tecnológicos segundo
ele com sentidos ambíguos, mas, mais importante, por ignorarem as diferenças
proeminentes a respeito dos mecanismos de introdução e difusão da tecnologia
entre os vários setores industriais. Para o autor, a tecnologia pode ser definida, em
termos gerais, como o estoque de conhecimento (técnicos e gerenciais) acumulado
pelas empresas e que viabiliza a introdução de novos produtos e novos processos.
Esse processo de acumulação tecnológica e os resultados decorrentes dele não
ocorrem de forma igual para todas as empresas e setores em decorrência das
diferentes oportunidades, fontes e condições de apropriação de tecnologias.
Ressalta outra particularidade a respeito dos diferentes pesos que a inovação
assume ao afetar a rentabilidade e a competitividade dos setores. (GUERRIERI,
1991).
Nesse contexto, segundo Guerrieri (1991), a forma mais adequada de
classificar os setores quanto às suas diferenças nas oportunidades e nos
mecanismos de apropriação das inovações tecnológicas é com base na taxonomia
proposta por Pavitt (1984), que divide as indústrias em quatro grupos principais
orientadas pelas suas principais características, conforme descritas no Quadro 2.
Guerreri (1991) declara, no entanto, que a classificação dos setores
industriais na forma mais ampla também possui suas limitações, estas decorrentes
principalmente da heterogeneidade dos produtos incluídos em cada grupo de
indústria. Apesar disso, afirma que ela tem seus méritos ao enfatizar dois aspectos
relevantes na mudança tecnológica e nas atividades de inovação. O primeiro ponto
destacado pelo autor é o fato de indicar que as capacidades tecnológicas das
empresas e países não estão somente vinculadas aos gastos com P&D e geração
de patentes, pois as tipologias das atividades inovadoras possuem características
específicas da indústria e da empresa. O segundo aspecto diz respeito às ligações
entre as diferentes indústrias e sua complexa interdependência tecnológica,
22

mostrando-se de grande relevância porque afetam a competitividade do sistema de


manufatura como um todo.

Quadro 2 – Classificação setorial conforme taxonomia de Pavitt (1984)


Grupo Setores Principais características
Dominada por Setores tradicionais como as • Empresas geralmente pequenas.
fornecedores indústrias têxteis, madeira, • P&D interno e capacidades de
papel, gráficas e engenharia limitadas.
publicações, de confecções, • As inovações vêm em geral de
calçados, construção, dentre fornecedores de máquinas e
outras. equipamentos e insumos.
• Trajetória tecnológica é definida em
termos de redução dos custos.
• As inovações de processo se
sobressaem mais que as de produto.

Produção Principais setores: produtos • Inclui grandes indústrias típicas


intensiva: alimentícios. fabricação de oligopolistas.
economia de metais, construção naval, • Alta intensidade de capital, grandes
escala veículos a motor, vidro e economias de escala e aprendizado.
cimento. • Alta complexidade técnica ou gerencial.
• Significativa engenharia de produção
interna.

Produção Principais setores: indústrias • Caracteriza-se por uma alta diversificação


intensiva: mecânicas, de maquinaria e de oferta, altas economias de escopo.
fornecedores instrumentos. • Empresas relativamente médias para
especializados pequenas empresas.
• Notável capacidade de inovação de
produtos que entra na maioria dos
setores de escala intensiva e grupos
dominados por fornecedores de insumos
de capital.

Baseados na Dentre os principais • Caracteriza-se por atividades inovativas


ciência representantes dessa vinculadas diretamente a elevados gastos
categoria, estão as indústrias de P&D.
química, farmacêutica e de • As inovações de produto geram efeitos
microeletrônica. de transbordamento em todo o sistema
econômico.
• Grande número de outros setores
depende deles como fonte de capital ou
insumos intermediários.

Fonte: elaborado pela autora com base em Guerrieri (1991).

Para Carmona et al. (2014), as decisões relacionadas a projetos de inovação


devem levar em conta a gestão de riscos de forma que, numa situação de
volatilidade, seja possível proteger os ativos e o fluxo de caixa da empresa. Desse
modo, a natureza e o caráter do ambiente de negócios criam fontes essenciais de
23

risco em uma organização. Para os autores, a essência da gestão dos projetos de


inovação consiste em auxiliar na redução ou na mitigação de eventuais incertezas
deste processo, visando, assim, proteger o retorno esperado pelos seus investidores
e pelas próprias empresas.
Neste mesmo contexto, Pereira e Bánkuti (2016) definem que diferentes
estratégias são requeridas para responder às características e à estrutura de
mercado das diferentes indústrias. Concluem que as empresas devem buscar
entender as características de cada indústria e consequentemente, seu ambiente
competitivo, pois são considerados elementos essenciais para o desenvolvimento de
suas estratégias.

2.1.2 Padrões setoriais de inovação da indústria brasileira

Campos e Ruiz (2009) salientam que países e indústrias apresentam


diferentes formas de consolidar os resultados da mudança tecnológica, não sendo
aconselhável concentrar toda a análise dos resultados inovativos em um único
indicador, como patentes por exemplo. Para estudarem os padrões setoriais de
inovação na indústria brasileira consideraram seis variáveis: inovação em produto,
em processo, radical, incremental, firmas patenteadoras e altamente inovadoras. Os
autores utilizaram os microdados da PINTEC de 2000, e constataram que o quadro
brasileiro, apesar de suas especificidades, de um modo geral se encaixa na
taxonomia de Pavitt (1984).
Para Goedhuys e Veugelers (2012), os processos de inovação subjacentes
ao progresso tecnológico nos países em desenvolvimento têm características muito
diferentes das dos países desenvolvidos. A inovação nesses países ocorre
principalmente através da absorção, adaptação e domínio de tecnologias já
desenvolvidas em outros países, muitas vezes originadas no exterior, em vez da
invenção de novas tecnologias. Os autores observaram que, como em muitos países
em desenvolvimento, no Brasil, as estratégias de inovação envolvem principalmente
a aquisição de tecnologia, adquirindo know-how incorporado em máquinas e
equipamentos exclusivamente ou em combinação com o desenvolvimento interno.
Nesse mesmo sentido, Silva (2009) indica que o processo de inovação
tecnológica da indústria brasileira é percebido como voltado à chamada inovação de
24

processo, ou seja, à adoção de novos métodos de produção a fim de aumentar a


eficiência produtiva ou viabilizar a fabricação de novos produtos. Nesse contexto, o
esforço inovativo das indústrias brasileiras estaria mais dirigido à absorção de
conhecimento gerado externamente através da aquisição de máquinas
equipamentos, ao invés do conhecimento gerado internamente via P&D. (SILVA,
2009).
Alves, Gomes e Cavalcanti (2014) avaliaram a importância da formação bruta
de capital físico sobre as inovações tecnológicas das firmas, constatando que para
as empresas localizadas em países em desenvolvimento a aquisição de uma nova
máquina pode significar a introdução de um novo produto ou um novo processo na
empresa. No mesmo estudo, observaram os impactos das decisões empresariais
quanto à intensidade de investimento em máquinas e equipamentos, à inovação
tecnológica e os impactos na produtividade. No que tange à inovação, os resultados
demonstraram a existência de efeitos positivos advindos da decisão de investir em
máquinas e equipamentos tanto para inovação tecnológica de produtos quanto
processos.
Dessa forma, a decisão de investir em máquinas e equipamentos, apesar de
possuir maior impacto sobre a probabilidade da empresa realizar inovação de um
processo, também apresenta impacto significativo sobre a probabilidade da empresa
introduzir um novo produto no mercado. Assim, a compra de novas máquinas e
equipamentos se relaciona à decisão empresarial de obter a mais avançada
tecnologia disponível no mercado e desencadeia processos de aprendizagem
responsáveis pela elevação do nível tecnológico da economia. (ALVES; GOMES;
CAVALCANTI, 2014).
A aquisição de um ativo imobilizado, como máquinas e equipamentos, pode,
entretanto, não estar atrelada propriamente à inovação. Nesse sentido, Lyra e
Olinquevitch (2007) informam que a decisão das empresas em investir em ativo
imobilizado pode ter como determinantes a necessidade de substituição de
equipamentos, visando conservar a capacidade produtiva, a aquisição de
equipamentos para expansão ou a modernização enfocada na melhoria da
capacidade.
Frank et al. (2016), com base nos dados das últimas três edições (2005, 2008
e 2011) da PINTEC, buscaram identificar como os setores da indústria brasileira
25

investem nas várias atividades de inovação e constataram que os investimentos em


inovação têm sido preponderantemente em atividades internas de P&D e aquisição
de máquinas e equipamentos, conforme os dados apresentados na Tabela 1.
Segundo os autores, apesar do observado crescimento das atividades internas de
P&D ao longo do tempo, a aquisição de máquinas e equipamentos é ainda
considerada a principal categoria de investimento em termos de atividades
inovadoras no Brasil, sendo reconhecida como o esforço em inovação mais
importante.

Tabela 1 – Perfil dos investimentos em inovação no Brasil


Tipos de Esforços em inovação (em %) 2003-2005 2006-2008 2009-2011 2012-2014
Atividades internas de P&D 25 % 28% 31% 30%
Aquisição externa de P&D 3% 4% 7% 11%
Aquisição externa de conhecimento 5% 3% 4% 3%
Aquisição de software 4% 4% 4% 3%
Aquisição de máquinas e equipamentos 43% 45% 42% 41%
Treinamento 2% 2% 1% 1%
Atividade de comercialização e
7% 6% 5% 5%
lançamento de novos produtos
Projetos industriais e outras preparações 11% 8% 6% 6%
técnicas
Fonte: elaborada pela autora com base em Frank et al. (2016) e IBGE (2014).

De um modo geral o estudo de Frank et al. (2016), ao investigar a dinâmica


da inovação no Brasil, considerada uma das maiores economias emergentes,
sugere que os setores industriais brasileiros tendem a escolher entre duas
estratégias de inovação distintas. A primeira estratégia estaria mais voltada para a
inovação orientada ao mercado, sendo baseada em investimentos internos e
externos em P&D e esforços relacionados ao lançamento e comercialização de
novos produtos. Por outro lado, a outra estratégia seria baseada na obtenção de
tecnologia através da aquisição de máquinas e equipamentos. Os autores apontam
as dificuldades encontradas pelas empresas brasileiras frente às significativas
barreiras ao desenvolvimento e implementação de estratégias de inovação efetivas,
as quais estão por vezes relacionadas a um sistema nacional de inovação
considerado ainda imaturo.
26

Independentemente da estratégia de inovação adotada, Vicenti, Gomes e


Machado (2013), ao estudarem o nível de evidenciação das inovações nos relatórios
da administração feitas por empresas do setor econômico de alimentos listadas na
B3, analisam a relevância da divulgação das inovações implementadas pelas
empresas como importante mecanismo de comunicação entre os gestores, os
acionistas e com o mercado de um modo geral.

2.1.3 Evidenciação e Tratamento contábil dos esforços em inovação

Vicenti, Gomes e Machado (2013) informam que no Brasil o registo de ativos


intangíveis no Balanço Patrimonial das organizações se legalizou por meio da Lei nº
11.638/2007, porém de forma compulsória. De acordo com a referida Lei e o Comitê
de Pronunciamentos Contábeis 04 (CPC 04), os gastos com pesquisa devem ser
registrados como despesas quando incorridos. (BRASIL, 2007). (CPC, 2010). Os
gastos com desenvolvimento, por sua vez, poderão ser registrados como ativo
quando houver evidências suficientes de que serão gerados benefícios futuros, caso
contrário, deverão também ser reconhecidos como despesa quando incorridos.
Segundo Silva e Reis (2012), existe um dualismo na classificação dos gastos em
P&D entre ativo ou despesa, pois envolve certo grau de julgamento dos profissionais
envolvidos. Nesse sentido, além do reconhecimento contábil dos ativos intangíveis é
importante serem divulgados pelas empresas nas suas Notas Explicativas (NEs).
Colauto et al. (2009) observam que a divulgação das informações contábeis
tem como principal objetivo apoiar os usuários internos e externos na tomada de
decisão. Para os autores, as empresas podem adotar diferentes formas de
evidenciação, porém devem se atentar à quantidade e qualidade de tais informações
de forma que atendam às necessidades dos seus usuários.
Silva e Reis (2012) analisaram os Relatórios de Administração (RAs) de 114
empresas brasileiras de capital aberto para o ano de 2011 e constataram que o nível
de divulgação (disclosure) de informações sobre inovação no Brasil, especificamente
os gastos de P&D, ainda é muito baixo. Esse nível de divulgação abaixo do
esperado pode estar relacionado ao fato do processo de inovação ter caráter
estratégico, fazendo com que as empresas sintam a necessidade de mantê-las em
sigilo, de forma a evitar que os concorrentes tenham acesso a estas informações.
27

Colauto et al. (2009) definem os ativos intangíveis como ativos provenientes


do conhecimento da organização. Conforme os autores, o conhecimento tecnológico
tem papel de destaque, pois ocupa um posto central no cenário econômico. Para os
autores os ativos intangíveis podem gerar diferenciação e promover disparidade dos
lucros e dos valores econômicos das empresas e consequentemente ser fonte de
vantagem competitiva.

2.2 AMBIENTE COMPETITIVO

2.2.1 Estrutura de mercado

A empresa ou firma consiste em uma unidade primária de ação, dentro da


qual se organizam os recursos com o fim de produção, em busca da maximização
dos seus resultados. (KON, 1994). Possas et al. (2001) ponderam que na
concorrência schumpeteriana a empresa é a unidade de análise, pois é considerada
uma unidade de decisão e apropriação de ganhos. Por outro lado, descrevem o
mercado como seu locus, sendo este definido como o principal espaço de interação
competitiva entre as empresas em sua rivalidade e orientação estratégica. Também
descrevem a concorrência schumpeteriana como uma busca permanente de
diferenciação por parte dos agentes, por meio de estratégias deliberadas, com o
objetivo de obter vantagens competitivas que proporcionem lucros de monopólio,
ainda que estes ocorram de forma temporária. Desse modo, a concorrência ocorre
em muitas dimensões, tanto em nível mais tradicional de preços quanto pela
diferenciação de produto, a qual se dá especialmente através de inovações
envolvendo toda e qualquer criação de novos espaços econômicos.
Para a corrente de teoria econômica contemporânea neoschumpeteriana, a
empresa se apresenta como um agente que acumula capacidades organizacionais.
(KUPFER; HASENCLEVER, 2002). Conforme os autores, tomando como base o
trabalho seminal desta corrente de Nelson e Winter (1982), as empresas se
comportam de acordo com rotinas que caracterizam seu conhecimento, incluindo
produção, transmissão e interpretação das informações captadas do ambiente
externo e geradas no seu interior. Em relação à indústria, esta é definida pelo grupo
de empresas voltadas para a produção de mercadorias que são substitutas próximas
28

entre si e que são fornecidas a um mesmo mercado. (KUPFER; HASENCLEVER,


2002).
De acordo com Possas et al. (2001), embasados pelos trabalhos de Nelson e
Winter (1982) e Dosi (1984), a abordagem evolucionária neoschumpeteriana tem
como eixos teóricos: a diversidade comportamental entre os agentes, gerada
endogenamente por um processo de busca de oportunidades de inovação; e a
seleção de empresas, estratégias e/ou tecnologias a partir de uma dinâmica
baseada na competição (estrutura de mercado) e a mudança contínua.
A estrutura de mercado é decorrente do número e da distribuição de
empresas em um mercado. (BESANKO et al., 2018). O mercado pode ser
classificado como concentrado, quando há poucos fornecedores, ou não
concentrado. Kupfer e Hasenclever (2002) ressaltam que a concentração é
determinada por indicadores “sintéticos” da concorrência, cujo resultado confere às
empresas um determinado “poder de mercado”, o qual assume forma aparente no
seu market share. Segundo os autores, o índice de concentração deve levar em
conta não somente o nível das parcelas de mercado individuais, como também a
sua distribuição que poderá ser mais ou menos desigual. Uma maior concentração
industrial implica maior desigualdade na repartição do mercado entre as empresas,
isto não significa que o inverso seja verdadeiro, isto é, que maior desigualdade
implica maior concentração. (KUPFER; HASENCLEVER, 2002). Os autores
enfatizam, portanto, que os conceitos, apesar de próximos, não são equivalentes, ou
seja, a concentração de mercado e o grau de concorrência não devem ser
entendidos necessariamente como sinônimos.
A alta concentração na indústria usualmente resulta numa conduta
interdependente das empresas em relação a preços e produção, observando-se
como consequência desfavorável a falta de competição entre elas. (KON,1994). Na
visão da autora, a falta de competição afeta a eficiência interna das empresas
podendo ocorrer nesta situação uma falta de estímulo para a inovação e para a
melhoria dos processos de produção e dos produtos, bem como ter implicações na
sua eficiência organizacional e gerencial. Nesse mesmo sentido, porém na
percepção de Besanko et al. (2018), a estrutura de mercado interfere
profundamente na gestão e no desempenho financeiro da empresa.
29

Escrihuela-Villar (2008) constatou que empresas maiores, em termos de


participação no mercado, investem proporcionalmente mais em inovação do que as
empresas menores, confirmando assim a hipótese schumpeteriana da relação
positiva entre inovação e concentração. Conforme o autor, estas empresas investem
mais em inovação com a intenção de reduzir a concorrência e aumentar ainda mais
sua participação de mercado.
Doukas e Switzer (1992) indicam a tendência do investidor em interpretar os
gastos em P&D como boas notícias quando é operada em mercados altamente
concentrados, mas, por outro lado, pode ser percebido como má notícia quando a
empresa anunciante está operando em uma indústria caracterizada por baixa
concentração de mercado. Já Gu (2016), ao analisar o efeito conjunto da
concorrência de mercado e os investimentos em P&D sobre o retorno das ações,
constatou que as empresas intensivas em P&D tendem a ser mais arriscadas e a
obter retornos mais altos do que as empresas menos intensivas em P&D,
particularmente em setores competitivos. Além disso, empresas em setores
competitivos obtêm retornos mais altos do que empresas em setores concentrados,
especialmente entre empresas intensivas em P&D. Portanto, para o autor, a
competição e o investimento em P&D tem um forte efeito interativo e positivo no
mercado de ações.

2.2.2 Mercado de ações

Para Hou e Robinson (2006) existe um número potencial de razões pelas


quais a estrutura de mercado pode afetar o retorno das ações. De acordo com os
autores, as empresas tomam decisões operacionais que podem afetar o risco do seu
fluxo de caixa. Essas decisões surgem de um equilíbrio no mercado e,
potencialmente, refletem as interações estratégicas entre os participantes deste
mercado. Assim, sendo a inovação associada a um fator de risco, as indústrias mais
concentradas têm retornos médios mais baixos, visto que as empresas destes
setores se engajam menos em inovação. Por fim, Hou e Robinson (2006) concluem
que a estrutura do mercado ou afeta diretamente o risco ou está de alguma forma
correlacionada com as percepções dos investidores quanto aos retornos esperados.
30

Figari et al. (2016) avaliaram a relação entre os gastos com P&D e o índice
book-to-market (BM) de 42 empresas brasileiras de capital aberto para o ano de
2010-2014, evidenciando que os gastos com P&D, juntamente com variáveis de
controle como tamanho da empresa e rentabilidade, contribuíram de maneira
significativa para explicar o índice BM. O estudo demonstrou a importância dos
investimentos em inovação na explicação do acréscimo do valor econômico das
empresas.
Alves et al. (2011) analisaram a relevância dos gastos de P&D para o
mercado de capitais das empresas do setor de distribuição de energia elétrica no
período de 2002 a 2009, não encontrando relevância da informação dos gastos com
P&D para o mercado de capitais. Segundo os autores, o resultado encontrado pode
estar intrinsicamente relacionado com o setor escolhido dado o ambiente regulador
do mesmo em relação aos gastos com P&D.
A temática inovação e as particularidades do setor elétrico também foram
abordadas por Zorzo et al. (2017), pois ao verificarem a correlação entre o foco na
inovação e a eficiência econômica relativa, concluíram que existem baixas
correlações entre estas duas variáveis. Os autores alertam que as políticas públicas
de inovação neste setor não estão afetando a qualidade da energia distribuída ou a
eficiência das empresas, indicando que os investimentos em P&D são realizados
apenas por obediência à legislação.
Sood e Tellis (2009) apontam o retorno anormal do mercado de ações à
inovação como um dos melhores meios de avaliar as verdadeiras recompensas
decorrentes deste processo. Conforme os autores, a inovação é, provavelmente,
uma das mais importantes forças de fomento para o crescimento dos novos
produtos, criação de novos mercados, transformação das indústrias e para promover
a competitividade global nas nações.
Nesse contexto, desde o conceito de Schumpeter (1934) sobre “destruição
criativa”, a inovação tem sido reconhecida como uma das estratégias competitivas
mais efetivas nos mercados de negócios, sendo considerada uma estratégia vital
não apenas para construir vantagem competitiva, mas também para sustentá-la.
(PRAJOGO, 2016).
31

2.3 INOVAÇÃO, ESTRATÉGIA E VANTAGEM COMPETITIVA

Uma estratégia nada mais é do que um compromisso com um conjunto de


políticas ou comportamentos coerentes, que se reforçam mutuamente, visando
atingir uma meta competitiva específica. (PISANO, 2015). A essência da formulação
de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia ao seu meio ambiente.
(PORTER, 2004). Para o autor, o grau de concorrência em uma indústria depende
de cinco forças competitivas, que por sua vez determinam a sua rentabilidade:
entrantes potenciais, compradores, substitutos, fornecedores e os concorrentes na
indústria. Dessa forma, a essência da estratégia está em pesquisar e analisar em
profundidade cada uma destas forças, observando os pontos fortes e fracos bem
como as oportunidades e ameaças. (PORTER, 2004).
Porter (2004) avalia o processo evolutivo nas indústrias como decorrente da
dinâmica deste ambiente, porque algumas forças que estão em movimento criam
incentivos ou pressões para a mudança. Nesse sentido uma fonte principal de
mudança estrutural na indústria é a inovação, podendo esta ser advinda de
produtos, marketing e processos. Assim, cabe à empresa definir sua estratégia de
posicionamento frente aos concorrentes de forma a obter vantagem competitiva.
(PORTER, 2004).
Para Possas et al. (2001), as condições ambientais (estruturas de mercado)
são decisivas e, juntamente com a interação das estratégias competitivas das
empresas, geram uma dinâmica industrial em termos de tecnologias utilizadas
(produtos e processos), market share, rentabilidade, crescimento etc., as quais vão
se modificando ao longo do tempo. Portanto, as estruturas de mercado tanto podem
condicionar, em maior ou menor grau, as estratégias competitivas empresariais,
como podem ser modificadas por estas quando da ocorrência de inovações radicais
que possam afetar o funcionamento de vários mercados. (POSSAS et al., 2001).
Segundo Galende e La Fuente (2003), muitos fatores determinam a
intensidade da atividade inovadora ou como o processo inovador ocorre dentro da
empresa. Para os autores, este processo não é decorrente apenas de fatores
externos, como os setoriais e de incentivo público, mas também seus recursos
internos como os recursos físico, financeiro, humano e organizacional. Em linha
com esse pensamento, Lai, Lin e Lin (2015) indicam os recursos financeiros,
32

tangíveis e intangíveis das empresas, como potenciais fatores determinantes


internos para direcionar as estratégias de investimento em P&D.
Gomes e Kruglianskas (2009), ao estudarem a influência do tamanho das
empresas industriais brasileiras no processo de gestão de fontes externas de
informação tecnológica, concluíram que as empresas de maior porte utilizam de
forma mais efetiva estas práticas, além de apresentarem desempenho inovador
superior. Atribuem este resultado às vantagens estruturais e de mercado que estas
empresas possuem, conferindo vantagens competitivas importantes na realização
das atividades de inovação. Da mesma forma, Almendra et al. (2017), ao analisar os
investimentos em inovação nas indústrias listadas na B3, observaram que quanto
maior é o porte da empresa mais ela investe em P&D, denotando assim uma relação
positiva entre investimento em inovação e tamanho da empresa.
Conforme Shefer e Frenkel (2005), o investimento em P&D pode ser afetado
pelo tamanho da empresa de diferentes maneiras, sendo as grandes empresas as
mais propensas a garantir o financiamento necessário para investir em P&D em
larga escala. Para os autores, a relação entre o tamanho da empresa e os
investimentos em P&D é, no entanto, particularmente interessante, pois apesar de
acreditar-se amplamente que uma grande proporção de gastos de P&D seja
realizada por grandes empresas, nos últimos anos é possível notar um grande
número de pequenas empresas envolvidas em atividades inovadoras.
Nesse contexto, Galende e La Fuente (2003) declaram a existência de
argumentos que apoiam as duas perspectivas sobre a relação entre tamanho e
investimentos em inovação: de um lado empresas maiores que tem melhores
economias, menor risco, maior mercado, melhores possibilidades de apropriação; e,
por outro lado, as empresas menores com maior flexibilidade, melhor comunicação,
maiores possibilidades de especialização, além de estratégia e controles informais.
Os autores apontam ainda outro fator , juntamente com o tamanho da empresa,
considerado como determinante para a decisão sobre o investimento em inovação,
sendo este relacionado ao nível de endividamento, aos custos e aos riscos
associados, que podem desestimular tais investimentos.
O’ Brien (2003) corrobora a ideia de que a estrutura de capital não pode ser
tratada como exógena ou irrelevante para a estratégia de uma empresa, tão pouco
deve ser ignorada como base para a concorrência dentro da indústria. Uma estrutura
33

de capital inadequada pode prejudicar a eficácia da estratégia, dificultando a


capacidade de uma empresa em competir, além de trazer consequências
significativas no seu desempenho. (O’BRIEN, 2003). Almendra et al. (2017)
averiguaram que, em média, os endividamentos (curto prazo, longo prazo e total)
das empresas brasileiras não inovadoras são superiores aos das empresas
inovadoras, denotando assim a existência de uma relação inversa entre
investimentos em inovação e endividamento.
De acordo com Coad e Rao (2010), o financiamento de P&D é caracterizado
por várias dificuldades particulares como: (i) o tempo de retorno dos fundos
investidos é marcado por incertezas quanto ao nível de retorno e à duração do
período de retorno; (ii) devido à natureza intangível de P&D os projetos não podem
ser garantidos; e (iii) os problemas de assimetria da informação podem surgir se o
investidor tiver dificuldade em distinguir os bons projetos dos ruins, ou mesmo se a
empresa tiver receio de divulgar informações detalhadas sobre seus projetos de
P&D. Os autores buscaram analisar as relações entre variáveis de crescimento das
empresas (nível de emprego, vendas e rentabilidade) e os investimento em P&D e
observaram que o crescimento das vendas e o crescimento do número de empregos
estão fortemente associados ao crescimento subsequente das despesas de P&D. O
crescimento dos lucros, entretanto, tem uma associação mais fraca com as
mudanças subsequentes em P&D. A evidência apresentada não é consistente com
a hipótese de que os lucros das empresas, uma vez obtidos, sejam reinvestidos em
P&D.
Coad e Rao (2010) argumentam que as empresas modernas fazem escolhas
estratégicas sobre investimentos em P&D, na esperança de obter vantagem
competitiva em períodos subsequentes. Brito, Brito e Morganti (2009) analisaram a
relação entre a inovação e o desempenho de empresas brasileiras do setor químico,
usando dados da PINTEC, e os resultados mostraram não haver relação significativa
entre os indicadores de inovação e métricas de lucratividade.
Lai, Lin e Lin (2015) ao investigarem os fatores que afetam as decisões de
investimento para empresas de países com Taiwan, Japão e Coréia, não
confirmaram integralmente a hipótese de que maior receita ou lucratividade levará a
um aumento nas atividades de investimento em P&D. Essa relação se confirmou
somente para as empresas de Taiwan. Os autores atrelam estes resultados a
34

diferenças culturais que podem afetar nas decisões e nos pontos de vista sobre as
atividades de investimento em P&D.
Diante o exposto, Pisano (2015) enfatiza a importância das empresas
articularem estratégias que alinhem seus esforços inovativos com as suas
estratégias de negócios. Além disso, a capacidade das empresas em inovar
depende de um sistema de inovação adequado, ou seja, um conjunto coerente de
processos e estruturas interdependentes que orienta como a empresa procura por
novos problemas e soluções, sintetiza ideias em um conceito de negócio e projetos
de produtos e seleciona quais projetos serão financiados.
O processo de desenvolvimento de uma estratégia de inovação deve começar
com um claro entendimento e articulação de objetivos específicos relacionados a
ajudar a empresa a obter uma vantagem competitiva sustentável. (PISANO, 2015).
Um bom exemplo de como a boa conexão entre estratégia de negócio e inovação
pode conduzir uma liderança de inovação a longo prazo, segundo Pisano (2015), é
encontrada na Corning, um fabricante americano líder de componentes especiais
usados em displays eletrônicos, sistemas de telecomunicações, produtos ambientais
e instrumentos de ciências da vida, a qual há mais de 160 anos vem repetidamente
transformando seu negócio e crescendo em novos mercados através de inovações
revolucionárias.
Samson e Gloet (2014) realizaram um estudo de caso comparativo de seis
indústrias australianas, de diferentes tamanhos, tipo de propriedade e setor
industrial, com o objetivo de identificar atributos comuns à inovação sistemática e
sustentada destas organizações. Nesse estudo, fatores relacionados à liderança que
impulsionam e apoiam a inovação estavam presentes em todas as organizações
estudadas e a cultura orientada para a inovação contribuiu para os resultados
positivos nos negócios. Portanto, a inovação era considerada como umas das
prioridades estratégicas destas organizações e, quando mensurada
adequadamente, contribuía para que ocorresse de forma sistemática e sustentada.
Os autores observaram ainda que práticas eficazes auxiliavam no gerenciamento de
risco associado à inovação.
O caso da empresa Nespresso, estudada por Brem, Maier e Wimschneider
(2016), comprova o êxito na aplicação completa de uma estratégia bem definida,
mostrando sob quais circunstâncias a inovação pode servir como fonte de vantagem
35

competitiva. Nesse contexto, o sucesso se deu principalmente pela mudança na


imagem do produto (cápsulas) e pelo processo de produção de café expresso
através de máquinas que eram novidade na época de seu lançamento no mercado.
Essas mudanças permitiram o alcance de uma posição única no mercado pela
empresa, como uma marca de estilo de vida de luxo que nenhuma outra marca de
café havia alcançado antes. (BREM; MAIER; WIMSCHNEIDER, 2016).

2.4 ESTUDOS EMPÍRICOS RELACIONADOS

Na literatura foram identificados alguns estudos nacionais e internacionais


que, de forma semelhante ao proposto neste trabalho, buscaram analisar as
relações entre o esforço em inovação e o ambiente competitivo (concentração de
mercado e/ou volatilidade das ações), conforme demonstrados no Quadro 3.

Quadro 3 – Estudos empíricos relacionados


(continua)

Artigo Objetivo Metodologia Resultados


Chan, Estudar a reação do Regressão transversal Resultados sugerem um
Martin e mercado em relação aos olhar dos investidores
Kensinger anúncios do aumento de Variável dependente: para além do impacto de
(1990) gastos em P&D para retornos anormais curto prazo dos principais
empresas listadas na cumulativos das ações. investimentos estratégicos
NYSE e AMEX. ao avaliar as ações de
Variáveis independentes: uma empresa. Empresas
(1) intensidade dos gastos de alta tecnologia que
de P&D da empresa em anunciam gastos em P&D
relação à indústria ; (2) acima da média do setor
variável dummy para tendem a ter maior
classificação tecnológica aumento nos preços de
das empresas; (3) suas ações, o mesmo não
intensidade de gastos com ocorrendo para empresas
P&D multiplicado pela de baixa tecnologia que
classificação tecnológica; apresentam efeito neutro
(4) anúncio de aumento ou negativo.
dos gastos com P&D para
o próximo ano; (5), anúncio
de aumento dos gastos
com P&D para o próximo
ano ao quadrado
(potencializar o valor do
anúncio de gastos em
P&D), (6) taxa de
concentração em relação a
indústria (% market share);
(7) dummy dominância de
mercado.
36

(continuação)
Artigo Objetivo Metodologia Resultados
Doukas e Investigar a avaliação do Regressão transversal Empresas em setores
Switzer mercado de ações em caracterizados por alta
(1992) relação aos planos de Variável dependente: (baixa) concentração de
despesas de P&D das Retornos anormais das mercado, os anúncios de
empresas norte- ações aumentos em despesas
americanas planejadas de P&D estão
Variáveis independentes: associados a retornos
(1) anúncios de gastos significativos positivos
com P&D; (2) (negativos) das ações.
concentração de mercado.

Lee e Shim Investigar o impacto dos Regressão múltipla Os resultados indicam uma
(1995) gastos em P&D no relação positiva entre os
desempenho e na Variável dependente: gastos em P&D e o
competitividade das crescimento do mercado crescimento do mercado
empresas nos setores de em vendas de uma empresa, sendo
alta tecnologia dos EUA e esta relação constante
do Japão. Variáveis independentes: apenas no Japão.
(1) intensidade em
publicidade; (2) tamanho
da empresa; (3)
intensidade de capital; (4)
utilização do capital; (5)
exportações; (6)
intensidade de P&D; (7)
alavancagem da dívida; (8)
produtividade do trabalho.

Chan, Investigar para empresas Regressão transversal Evidências não sustentam


Lakonishok americanas listadas na uma ligação direta entre os
e NYSE, NASDAQ e AMEX, Variável dependente: gastos em P&D e os
Sougiannis se os preços das ações volatilidade das ações. retornos futuros das ações.
(2001) valorizam totalmente os
ativos intangíveis ,mais Variáveis independentes:
especificamente P&D. (1) tamanho da empresa
(2) idade da empresa; (3)
gastos em P&D em relação
às vendas: (4) dummy para
classificação da indústria.
37

(continuação)
Artigo Objetivo Metodologia Resultados
Galende e Investigar os fatores Regressão Múltipla Ao avaliar os fatores
La Fuente determinantes das internos da empresa que
(2003) atividades inovadoras de Variáveis dependentes: são potencialmente
152 empresas espanholas. P&D e investimentos determinantes do processo
em outras atividades inovador confirmou as
técnicas inovadoras. hipóteses de que fatores
como tamanho,
Variáveis independentes: endividamento, recursos
tamanho, endividamento, comerciais, recursos
recursos humanos, organizacionais e
recursos comerciais, internacionalização
recursos organizacionais; impactam neste processo.
diversificação e
internacionalização.

Hou e Os autores testam a Regressão transversal Indústrias nas quais o risco


Robinson hipótese de que as de inovação é maior
(2006) barreiras à entrada em Variável dependente: devem gerar retornos
indústrias americanas retorno das ações. esperados mais altos. As
altamente concentradas ou empresas em setores
isolam as empresas do Variáveis independentes: competitivos obtêm
risco não diversificável, ou (1) tamanho da empresa; retornos de ações mais
as firmas em indústrias (2) book-to-market; (3) altos, mesmo depois de
altamente concentradas momentum; (4) beta; (5) controlar as variáveis que
são menos arriscadas alavancagem; (6) afetam os retornos médios,
porque se envolvem em concentração de mercado como tamanho, valor de
menos inovação e, (HHI); (7) concentração de mercado e momentum.
portanto, geram retornos mercado x book-to-market.
esperados menores.

Hungaratto Identificar a relevância dos Estatística descritiva com Para as empresas de alta
e Sanchez gastos em P&D no preço análise gráfica. tecnologia foi identificada
(2006) das ações das empresas Regressão linear em uma variação positiva,
brasileiras (alta e baixa painéis. estatisticamente
tecnologia) com ações na significante, no período de
BOVESPA. Variáveis dependentes: 30 a 60 dias após a
retorno anormal das ações divulgação dos gastos em
e retorno anormal P&D. Por outro lado, para
acumulado. as empresas de baixa
tecnologia, foi identificada
Varável independente: uma variação negativa nos
gastos em P&D. retornos anormais
acumulados, no
período de 30 dias antes
da divulgação dos gastos
com P&D, sendo esta
variação associada ao
conservadorismo do
investidor brasileiro, que
antecipa as más notícias
divulgadas.
38

(continuação)
Artigo Objetivo Metodologia Resultados
Azevedo e Estimar a relação dos Regressão linear múltipla Os resultados obtidos
Gutierrez gastos com P&D no com pooled. indicam uma relação
(2009) crescimento de longo positiva entre gastos com
prazo das empresas Variável dependente: taxa P&D e o crescimento de
listadas na Bolsa de de crescimento a longo longo prazo das empresas.
Valores de Nova Iorque prazo.
(NYSE).
Variáveis independentes:
(1) tamanho da empresa;
(2) endividamento; (3)
Price-to-book; (4)
crescimento dos gastos
com P&D.

Sood e Ao analisar empresas Métodos multivariados. O retorno total do mercado


Tellis americanas tem como para um projeto de
(2009) objetivo defender o Variável dependente: inovação é mais do que 13
argumento de que a Retorno anormal das vezes maior que um
verdadeira apreciação de ações acumulado. evento de inovação médio.
inovação pelo mercado Dos três conjuntos de
pode ser estimada pela Variáveis independentes: atividades de inovação
avaliação do retorno total. (1) anúncios de alianças; (iniciação,
Desta forma, devem-se (2) anúncios de desenvolvimento e
levar em consideração financiamento; (3) comercialização), os
todos os conjuntos de anúncios de expansão; (4) retornos às atividades de
atividades relacionadas a Anúncios de protótipos; (5) desenvolvimento são os
este processo (iniciação, Anúncios de patentes; (6) mais altos entre as
desenvolvimento e Pré-anúncios; (7) Anúncios categorias e os retornos da
comercialização) e não de lançamento de novos comercialização são os
somente os eventos produtos; (8) Anúncios de mais baixos.
relacionados a cada uma prêmios; (9) Frequência de
das atividades de forma anúncio; (10) Tamanho da
isolada. empresa; (11)
Produtividade de pesquisa
da empresa; (11) idade da
tecnologia.

Nguyen, Investigar se o mercado de Regressão transversal. Não foram encontradas


Nivoix e ações japonês subestima o evidências que as
Noma valor das empresas que Variável dependente: empresas japonesas
(2010) apresentam gastos retorno da ação. intensivas em P&D sejam
intensivos em P&D, subvalorizadas no
considerando a dificuldade Variáveis independentes: mercado.
na mensuração dos (1) despesas P&D dividida
benefícios a longo prazo pelas vendas; (2) beta
bem como as distorções no (risco sistemático); (3)
processo de valor de mercado da
contabilização. empresa; (4) book-to-
market.
39

(continuação)
Artigo Objetivo Metodologia Resultados
Alves et al. Analisar a relevância dos Regressões lineares Os resultados mostram
(2011) gastos com P&D para o simples e múltiplas. que a informação de
mercado de capitais das gastos com P&D é
empresas brasileiras do Variável dependente: valor relevante para o mercado
setor de distribuição de de mercado. de capitais somente
energia elétrica. quando analisada
Variáveis independentes: isoladamente, porém
(1) Gastos com P&D; (2) quando esta informação é
Lucro Líquido; (3) regredida tendo como
Patrimônio Líquido (Lucro variáveis de controle o
Líquido e Patrimônio Lucro Líquido e o
Líquido consideradas Patrimônio Líquido, a
isoladamente ou variável P&D não se
combinadas). mostra significativa.

Sharma Através da análise de Estatísticas descritivas; Em consonância com Hou


(2011) empresas listadas na Correlação de Pearson; e Robinson (2006), o autor
NYSE, AMEX e NASDAQ Regressões. constatou que, ajustando
fornecer evidências diretas os fatores mercado,
de que a estrutura do Variável dependente: tamanho, book-to-market e
mercado de produtos afeta retorno anormal das ações momentum, as empresas
os retornos das ações, não em setores mais
apenas através da Variáveis independentes: concentrados obtêm
concentração da indústria, (1) concentração de retornos mais baixos. Os
como encontrada em Hou mercado em três resultados fornecem
e Robinson (2006), mas dimensões (HHI, evidências diretas de que
também com base na substituibilidade do produto a estrutura do mercado de
substituibilidade de e tamanho do mercado); produtos afeta os retornos
produtos das empresas e (2) vendas; (3) tamanho da das ações não apenas por
no tamanho do mercado da empresa (valor de meio da concentração da
indústria. mercado); (4) ativos totais; indústria, mas também por
(5) lucro antes dos juros; meio da substituibilidade
(6) dividendos divididos de produtos das empresas
pelo valor contábil da e do tamanho do mercado
empresa; (7) Despesas de da indústria.
P&D em relação ao Ativo
Total; (8) alavancagem; (9)
valor de mercado da
empresa em relação ao
valor contábil; (10) beta.
40

(continuação)
Artigo Objetivo Metodologia Resultados
Hungarato Identificar a relação entre Regressão linear múltipla Identificou-se que os gastos
e Teixeira os gastos em Pesquisa e em pooled. em P&D não são
(2012) Desenvolvimento (P&D) estatisticamente
com o preço das ações Variável dependente: significantes para o preço
das empresas brasileiras Preço das ações das ações das empresas
registradas na Bovespa estudadas.
dando continuidade aos Variáveis independentes:
estudos de Lopes (2001) e (1) Lucro líquido por ação
Rezende (2005) sobre menos despesa P&D por
value-relevance da ação; (2) PL por ação
informação contábil no menos P&D por ação; (3)
Brasil. valor do P&D ativo por
ação; (4) valor de P&D
despesa por ação; (5)
Variável dummy para
classificação tecnológica
das empresas.

Sobrinho Investigar a relação Regressões robustas com Os resultados de um modo


et al. existente entre o ambiente erros clusterizados por geral indicam que para a
(2014) competitivo, no qual a setor e ano. amostra analisada a
firma encontra-se inserida, estrutura de mercado (nível
e a persistência dos lucros Variável dependente: de competição) altera a
e seus componentes (em Retorno das ações relevância do fluxo de caixa
accruals e em fluxo de e em setores mais
caixa), na obtenção dos Variáveis independentes: concentrados (menos
lucros e retornos das ajustes regime de competitivos) os lucros e
firmas brasileiras em competência; lucro menos retornos são superiores.
períodos seguintes. accruals; quociente entre
valor de mercado e
patrimônio líquido;
tamanho da empresa;
concentração de mercado
(HHI).

Gallagher, Examinar a concentração Regressão transversal. Concluíram que as


Ignatieva de mercado e os retornos empresas dominantes que
e das ações de empresas Variável dependente: operam em indústrias
Mcculloch australianas negociadas Retorno da ação concentradas na Austrália
(2015) na Australian Securities são capazes de gerar
Exchange. Variáveis independentes: retornos acionários maiores
(1) concentração de e ajustáveis ao risco.
mercado; (2) tamanho da
empresa; (3) índice book-
to-market; (4)
alavancagem; (5) beta; (6)
momentum.
41

(continuação)
Artigo Objetivo Metodologia Resultados
Lai, Lin e Investigar os fatores de Análise de regressão Os resultados da pesquisa
Lin (2015) decisão relacionados às logística. indicam que os três países
atividades de investimento são semelhantes em termos
em P&D de empresas Variável dependente: de tendências econômicas,
situadas em Taiwan, investimentos em P&D desenvolvimento
Japão e Coréia. tecnológico e estrutura da
Variáveis independentes: indústria. No entanto,
autonomia financeira; devido a diferenças no
rentabilidade; tamanho; contexto cultural e no
estrutura de capital; espírito nacional, existem
goodwill e patentes; algumas diferenças nas
recursos humanos; decisões e pontos de vista
recursos de negócios sobre as atividades de
investimento em P&D.

Silva et al. Avaliar se as empresas Regressão transversal. Os resultados indicam uma


(2015) com maior intensidade de forte associação entre a
P&D têm melhor Variável dependente: intensidade de P&D e o
desempenho futuro e se retorno mensal da ação desempenho futuro, mesmo
esse desempenho é menos CDI (certificado de após o controle de outras
precificado pelo mercado Depósito Bancário variáveis que afetam o
de capitais brasileiro. utilizado como proxy para desempenho futuro. No
taxa livre de risco). entanto, após o controle das
características da empresa
Variáveis independentes: e dos fatores de risco, a
(1) intensidade de intensidade inovadora não
inovação: medido pelo foi significativa na previsão
investimento em P&D de retornos futuros. Em
dividido pelo valor de geral, os resultados
mercado ou investimento sugerem que a intensidade
em P&D dividido pelas de P&D não é útil para a
vendas; (2) valor de avaliação de empresas no
mercado; (3) book-to- Brasil.
market; (4) momentum
(retorno cumulativo
durante os seis meses
anteriores ao mês atual.
42

(continuação)
Artigo Objetivo Metodologia Resultados
Figari et Verificar o quanto da Regressão linear múltipla Constatou-se que a variável
al. (2016) diferença entre o valor com corte transversal para inovação, medida pelo
contábil e o valor de o ano de 2014. somatório de gastos com
mercado das empresas pesquisa, obtido através
brasileiras, medida pelo Variável dependente: das NEs divulgadas no site
índice book-to-market Índice Book-to- market. da B3, e dividida pelo ativo
(BM), pode ser explicado total nos anos de 2010 a
pelos gastos com pesquisa Variáveis independentes: 2014, contribuiu de maneira
não ativados pela (1) Inovação (Gastos significativa para explicar o
contabilidade. P&D); (2) tamanho da índice BM das 42 empresas
empresa; (3) estágio do analisadas.
ciclo de vida; (4)
rentabilidade; (5)
endividamento; (6)
investimento em Ativo
Fixo; (7) Capital de Giro
Líquido.

Gu (2016) Estudar o efeito conjunto Modelo de quatro fatores Resultados indicam que a
da competição de mercado de Carhart (1997). relação positiva entre P&D e
e dos investimentos em Modelo de fator-q de Hou, retorno existe apenas em
P&D de empresas listadas Xue e Zhang (2015). setores competitivos e que
na NYSE, NASDAQ e Modelo de cinco fatores de a relação entre competição
AMEX, sobre o retorno das Fama e French (2015). e retorno existe apenas
ações. entre empresas intensivas
Variável dependente: em P&D. O estudo ainda
excesso mensal de retorno sugere que a concorrência
da carteira tem um impacto significativo
nos perfis de risco e retorno
Variáveis independentes: das firmas intensivas em
(1) valor retorno de P&D e, portanto, conduz
mercado ponderado independentemente uma
menos a taxa livre de parcela significativa do
risco; (2) fator tamanho; prêmio atrelado aos
(3) fator book-to-market; investimentos em P&D.
(4) fator momentum; (5)
fator investimento; (6) fator
rentabilidade.
43

(conclusão)
Artigo Objetivo Metodologia Resultados
Santos, Identificar quais variáveis Teste de Mann-Whitney Os resultados
Calíope e definem a inovação nas para verificar a diferença demonstraram que:(i) a
Silva Filho empresas brasileiras de de médias de dois grupos inovação em P&D
(2016) capital aberto à luz da (exploration vs. (exploration) é mais
teoria contingencial. exploitation). difundida, porém recebe
menos investimentos que os
Variáveis dependentes: (1) ativos intangíveis em
P&D (exploration) ;(2) inovação (exploitation); (ii) a
Ativos intangíveis de média de investimento em
inovação (exploitation) P&D é superior em
empresas maiores,
Variáveis independentes: reguladas e
Tamanho da empresa; internacionalizadas; (iii) a
idade; endividamento; média de investimento em
desempenho; governança Ativos Intangíveis é superior
corporativa, regulação nas empresas
setorial; internacionalizadas.
internacionalização.

Mazali Replicar o estudo de Hou Dados em painel com Encontraram poucas


(2017) e Robinson (2006) para o efeitos fixos. evidências da existência de
mercado de capitais uma relação entre a
brasileiro com o objetivo Variável dependente: concentração da indústria e
de analisar a relação entre Retorno das ações o retorno das ações. No
o retorno das ações e a entanto, encontraram
concentração de mercado. Variáveis independentes: evidências da existência de
(1) concentração de efeitos de inovação e poder
mercado (HHI); (2) de mercado.
tamanho da empresa; (3)
book to market; (4)
momentum; (5) beta; (6)
alavancagem.

Fonte: elaborado pela autora.

Os estudos relacionados foram identificados através da busca nas bases de


dados EBSCOhost®, Capes, Scopus, Web of Science, Research Papers in
Economics (RePEc) e no Google acadêmico sem delimitação de data, sendo
selecionados conforme relevância para esta pesquisa.
Os resultados encontrados nos estudos selecionados apontam para a
existência de divergências quanto aos impactos dos investimentos em P&D no
mercado de ações, assim como de que forma a concentração de mercado influencia
na intensidade destes investimentos. O mesmo ocorre para os estudos que
avaliaram o impacto dos fatores internos à organização, podendo estas divergências
serem decorrentes das diferentes metodologias aplicadas, da amostra utilizada, bem
como das peculiaridades de cada mercado estudado. Nesse sentido, o presente
44

estudo busca colaborar com os estudos já realizados, dada a relevância da inovação


para as empresas e países, trazendo novas evidências sobre a temática, obtidos a
partir dos procedimentos metodológicos descritos a seguir.
45

3 METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentados a classificação da pesquisa; os critérios de


definição da população e amostra; os procedimentos metodológicos aplicados ao
estudo, abordando a definição das variáveis, os instrumentos de coleta, tratamento e
análise de dados; e, por fim, as limitações do método.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa, quanto à sua natureza, é classificada como aplicada, pois visa
identificar se os esforços inovativos das empresas de capital aberto, decorrente das
suas decisões de investimento em tais atividades, estão associados ao seu
ambiente competitivo, caracterizado pela concentração de mercado e a volatilidade
das ações. Gil (2018) define a pesquisa aplicada como aquela voltada à aquisição
de conhecimentos com vistas à aplicação numa situação específica.
Quanto ao seu objetivo, é classificada como descritiva, uma vez que buscou
relatar a existência de associação entre as variáveis e como elas são influenciadas
pelos fatores internos da organização. Gil (2018) conceitua as pesquisas descritivas
como aquelas que têm a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis
ou de descobrir a existência de associações entre elas.
Em relação à abordagem do problema, esse estudo é classificado como
quantitativo, visto que foram utilizados métodos estatísticos para tratamento dos
dados. A técnica utilizada para a coleta das informações foi o levantamento de
dados secundários disponíveis nas Demonstrações Financeiras Padronizadas
(DFPs,) mais especificamente nas NEs disponíveis ao público no site da B3, bem
como daqueles dados disponíveis no site da Economática®.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população da pesquisa compreende as 349 empresas de capital aberto


listadas na B3, ativas em 31 de dezembro de 2018. Para a realização do estudo foi
feito o recorte para a indústria sendo desconsideradas as empresas pertencentes
aos setores financeiro e de utilidade pública, bem como outras empresas de serviços
46

e comércio pertencentes aos demais setores da B3. A definição pela indústria é


decorrente da sua importância econômica para desenvolvimento do país. Ainda, em
linha com o objetivo desta pesquisa, a PINTEC de 2014 revelou que nos últimos
anos o principal impacto das inovações das empresas industriais está relacionado à
capacidade de manutenção da sua participação no mercado, ao contrário das
empresas de serviços, que estão mais focadas nas questões de qualidade. Foram
também desconsideradas as empresas holdings (participações) por se tratarem de
entidades que tem por objetivo administrar um grupo de empresas, sendo cotistas
das mesmas e, portanto não atuando de forma direta no setor produtivo industrial.
Por fim, foram excluídas as empresas com dados não disponíveis, conforme
mostrado na Tabela 2.

Tabela 2 – Composição da amostra da pesquisa


Descrição Quantidade
Companhias abertas listadas na B3 em 31 de dezembro de 2018 349
(-) Companhias pertencentes aos setores financeiros e de utilidade pública 126
(-) Companhias pertencentes aos setores de serviço e comércio 100
(-) Companhias holdings (participações) 11
(-) Companhias com dados não disponíveis 16
Companhias que compõe a amostra da pesquisa 96
Fonte: elaborada pela autora.

Para a realização da pesquisa foram utilizados os dados contidos nas DFPs,


obtidas diretamente no site da B3, para os períodos de 2010 a 2018. Para a variável
esforço para inovação, os dados referentes aos ativos tangíveis e intangíveis foram
coletados nas respectivas NEs. Considerando que o estudo visa analisar a
associação dos esforços em inovação e o ambiente competitivo e estando estas
variáveis relacionadas às decisões estratégicas, optou-se por adotar um período de
análise de nove anos, de forma a avaliar o comportamento das empresas ao longo
do tempo.
O ano de 2010 foi adotado como o marco inicial em decorrência da adoção
integral das Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil, conforme estipulado
pela Lei 11.638 de 2007, evitando, assim, quaisquer prejuízos às análises
decorrentes de mudanças de práticas contábeis.
47

3.3 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

As variáveis definidas para a pesquisa são as de esforço para inovação,


concentração de mercado e volatilidade das ações, visto que o trabalho objetiva
averiguar a existência de associação entre estas variáveis.

3.3.1 Variável Esforço para Inovação

Sbragia, Kruglianskas e Camargos (1998), mediante a análise das


informações da base de dados da Associação Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), propõem um modelo
simplificado para retratar o comportamento inovador das empresas através de
indicadores associados, tanto em nível de input, quanto de output, conforme
demonstrado na Figura 1. De acordo com os autores, os indicadores podem ser
estratificados de diversas maneiras, tais como setor industrial o qual as empresas
pertencem, porte, origem de capital, entre outros.

Figura 1 - Indicadores empresariais de inovação tecnológica


INPUT OUTPUT

Despesas Operacionais Empresa Projetos Finalizados (5 anos)


Em P&D
EM Serviços Tecnológicos
Em Aquisição de Tecnologia - Setor Industrial Patentes (10 anos)
Em Engenharia Nao-rotineira Requeridas
Concedidas
Investimentos de Capital
Em Ativos Fixos - Tamanho
Em Ativos Intagíveis Receita de Venda de Tecnologia

Configuração Organizacional
Orientada a P&D&E - Origem do Capital

Recursos Humanos em P&D&E Faturamento gerado por novos


Nível Superior produtos (5 anos)
Nível Médio - Outras estratificações
Nível Administrativo

Área Física Ocupada por Economia de custos nos processos


Laboratórios produtivos (5 anos)
Fonte: Sbragia, Kruglianskas e Camargos (1998, p. 23).
48

Conforme discutido na revisão de literatura, estudos como de Goedhuys e


Veugelers (2012) e Frank et al. (2016) indicam que, para países em
desenvolvimento como é o caso do Brasil, a adoção de novas tecnologias está
fortemente atrelada às inovações incorporadas quando da aquisição de novas
máquinas e equipamentos, sendo este investimento apontado como o principal e o
mais importante esforço inovativo para as indústrias brasileiras nos últimos anos.
Nesse contexto, Erumban e Timmer (2012) destacam o que intitulam de o
“lado obscuro” da destruição criativa, introduzida por Schumpeter em 1934, pois,
segundo os autores, causa efeitos no capital físico e humano das empresas,
fazendo com que estes percam parte ou todo seu valor. Complementam apontando
que uma das formas de destruição de capital ocorre quando os ativos são
aposentados bem antes do final de sua vida útil. Assim, de uma maneira geral, uma
taxa mais alta de mudança tecnológica fará com que o capital físico e humano se
torne obsoleto mais rapidamente.
Os resultados do estudo de Erumban e Timmer (2012) sugerem que a
inovação de processos dentro de uma empresa desempenha um papel importante
em sua decisão de descartar suas máquinas, enquanto a decisão de descartar
computadores está mais relacionada à inovação de produtos. Em ambos os casos,
a idade média do ativo é um dos principais determinantes nesta decisão. Nesse
sentido, a idade do ativo pode ser considerada como um indicador de desgaste
físico, de mudança tecnológica e de obsolescência, juntamente com a perda de
eficiência.
De acordo com Brigham, Gapenksi e Ehrhardt (2001), os fundos gerados
através da depreciação mostram que as empresas estão tendo seus ativos fixos
desgastados e obsoletos pelo uso. Dessa forma, a empresa que se apresenta em
atividade operacional contínua deve reinvestir alguns ou todos os fundos gerados
pela depreciação em novos ativos fixos.
Moura, Mecking e Scarping (2013) ao estudarem a relação existente entre
competitividade de mercado, proporções de ativos intangíveis e eficiência na
combinação dos ativos fixos constataram que empresas que atuam em ambientes
mais competitivos (fator contingencial) possuem maiores proporções de ativos
intangíveis e melhores combinações de investimentos em imobilizados relacionados
com seus intangíveis.
49

Teh, Kayo e Kimura (2008) indicam os ativos intangíveis como sendo


importantes fontes de vantagem competitiva, pois têm exercido um papel cada vez
mais importante na criação de valor das empresas. Avaliam que os ativos intangíveis
de inovação (marcas, patentes, P&D, melhorias na eficiência dos processos etc.)
podem proteger das ameaças de atuais ou novos concorrentes e possibilitar a
manutenção e expansão no mercado de atuação.
Nesse contexto, considerando que os investimentos em ativos (tangíveis e
intangíveis) representam potencialmente os esforços das empresas na busca pela
inovação, para o presente estudo foi utilizada como proxy a variável denominada
esforço para inovação (INOV), sendo obtida por meio do cálculo da idade média dos
ativos tangíveis (imobilizado) e intangíveis, medida a partir da fórmula abaixo
(Equação 1).

INOV = Depreciação acumulada + Amortização Acumulada (1)


(Custo imobilizado – Terrenos + Custo Intangível - Ágios)

Os valores referentes aos terrenos foram desconsiderados das bases do


custo histórico do imobilizado como forma de evitar distorções nos resultados, visto
que conforme definido pelo CPC 27, com algumas exceções, como as pedreiras e
os locais usados como aterro, os terrenos têm vida útil ilimitada e, portanto, não são
depreciados. (CPC, 2009).
Da mesma forma, os valores referentes a ágios foram excluídos da base do
ativo intangível dada sua natureza e por não estarem relacionados necessariamente
a ativos de inovação, como aqueles apontados por Teh, Kayo e Kimura (2008) como
marcas, patentes, P&D, softwares etc.
O objetivo do cálculo é identificar o grau de investimentos das empresas na sua
infraestrutura tecnológica através da determinação da idade média dos seus ativos.
Uma variação positiva no indicador, ou seja, um aumento na idade média dos ativos,
indicaria um menor grau de esforço para inovação. Em contrapartida, à medida que
ele diminui poderia ser considerado como um indicativo de que a empresa estaria
investindo mais na renovação dos seus ativos e, portanto, empenhando mais
esforços para inovar.
50

3.3.2 Variável Concentração de Mercado

De acordo com Kon (1994) a mensuração da concentração de mercado


fornece os elementos empíricos necessários para a avaliação da situação de
competição. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ, 2015),
o índice de Herfindahl-Hirschman (HHI), que leva em conta o tamanho relativo e a
distribuição das empresas em um mercado, é o índice comumente utilizado para
medir a concentração em mercados.
No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE, 2016)
define os graus de concentração de acordo com uma escala variável entre 0 e
10.000 pontos (base percentual), sendo o limite superior indicativo de monopólio, ou
seja, quando uma única empresa possui 100% do mercado. Conforme as diretrizes
do CADE (2016), os mercados são classificados como desconcentrados quando o
HHI é abaixo de 1.500 pontos, moderadamente concentrados quando o HHI fica
entre 1.500 e 2.500 pontos e altamente concentrados quando o HHI fica acima de
2.500 pontos.
O HHI é comumente utilizado pelo CADE para análises de atos de
concentração horizontal (fusões) e como estes atos afetam o poder de mercado das
empesas envolvidas. Kupfer e Hasenclever (2002) observaram o HHI como uma
função convexa das parcelas de mercado, na qual o efeito potencial de uma fusão
entre duas ou mais empresas, mantendo-se inalteradas a participação das demais,
sempre levará a um aumento na concentração medida pelo índice.
O HHI se aproxima de zero quando consiste em um grande número de
empresas de tamanho relativamente igual. (DOJ, 2015). Por outro lado, o HHI
aumenta à medida que o número de empresas no mercado diminui e a disparidade
de tamanho entre essas empresas aumenta. Besanko et al. (2018) indicam que as
empresas estão situadas num continuum de possibilidades, indo da competição
perfeita em um extremo ao monopólio. Nesse sentido sugerem faixas de índices de
Herfindahl baseadas na natureza da concorrência e na intensidade de concorrência
de preços: (i) concorrência perfeita: índice normalmente abaixo de 0,2; (ii) oligopólio:
índice entre 0,2 e 0,6; e (iii) monopólio: índice acima de 0,6. (BESANKO et al.,
2018).
51

Besanko et al. (2018) descrevem a concorrência perfeita como aquela


caracterizada por vários fornecedores ofertando um produto homogêneo, na qual os
consumidores são bem informados e prezam pelo preço destes produtos. Neste
cenário a concorrência pode ser atroz visto que nenhuma empresa por si só pode
influenciar o mercado.
Um mercado em que as atitudes de empresas individuais afetam
materialmente o mercado em geral é chamado de oligopólio. (BESANKO et al.,
2018). Neste mercado a concorrência pode ser feroz ou leve, dependendo da
rivalidade entre as empresas.
Por fim, os autores descrevem que uma empresa com o poder de monopólio
enfrenta pouca ou nenhuma concorrência no seu mercado de produto. Neste caso, a
concorrência tende a ser leve, salvo se a empresa monopolista seja ameaçada pela
entrada de novas empresas. (BESANKO et al, 2018).
Diante o exposto, para o presente estudo, o HHI foi utilizado como proxy para
o cálculo da variável concentração de mercado sendo este calculado considerando
os setores industriais definidos pela B3, sendo eles: bens industriais; consumo
cíclico; consumo não cíclico; materiais básicos; petróleo, gás e biocombustível;
saúde e tecnologia da informação.
De acordo com as informações da própria B3, a estrutura para a classificação
setorial é elaborada considerando-se, principalmente, os tipos e os usos dos
produtos ou serviços desenvolvidos pelas empresas. Esta classificação é revisada
periodicamente quando são analisados os produtos ou os serviços com maior
contribuição para a formação das receitas das companhias. Além disso, levam em
conta os seguintes aspectos, dentre outros: classificação permitindo uma visão
sobre as empresas que, embora possuam atividades diferentes, atuem em estágios
similares da cadeia produtiva ou tenham produtos e/ou serviços relacionados; e
classificação aproximando os critérios utilizados pelo mercado financeiro nacional e
internacional, permitindo comparabilidades.
O índice de concentração é calculado conforme a Equação (2):

HHI = (2)
52

onde, βi representa o percentual do ativo total da empresa, i em relação ao total da


amostra. Segundo Hou e Robinson (2006), este índice pode ser calculado tomando
como base a receita líquida, o ativo total ou o patrimônio líquido das empresas. Para
este estudo, a utilização do valor do Ativo Total foi escolhida, pois, conforme já
apontado por Almeida (2010) e Moura, Mecking e Scarpin (2013), o ativo total tem
menor oscilação no decorrer dos períodos quando comparado à receita líquida, por
exemplo.

3.3.3 Variável Volatilidade das Ações

Para Chan, Martin e Kesinger (1990), a resposta do preço das ações aos
investimentos em P&D tende a ser positiva para as indústrias de alta tecnologia a
exemplo de eletrônicos, produtos farmacêuticos e instrumentos científicos, mas
negativa para a indústria de baixa tecnologia como a do aço, refino de petróleo,
metais não ferrosos, entre outros.
Nesse mesmo sentido, Kayo et al. (2006) corroboram a ideia de que o valor
das ações de empresas tradicionalmente voltadas para as atividades de P&D são
bastante valorizadas pelo mercado. Os autores citam como exemplo a Pfizer,
empresa da indústria farmacêutica, quando ao final de 2001 apresentou seu valor de
mercado 13,7 vezes maior que o seu valor contábil. Assim, se por um lado o retorno
proporcionado pelas atividades de P&D pode ser significativo, por outro o risco
envolvido também é alto, visto que a teoria e a prática financeira preconizam que
quanto maior o risco maior deve ser o retorno potencial.
Para Malacrida e Yamamoto (2006), o investimento em ações envolve a
aceitação de certo grau de risco com relação às oscilações de suas cotações de
mercado. Dessa forma, o risco da empresa se refere àqueles associados à sua
própria atividade, às características do mercado em que ela opera e à capacidade
em liquidar seus compromissos financeiros assumidos.
No que tange o mercado de capitais, o índice da Bolsa de Valores de São
Paulo é o mais importante indicador de desempenho das cotações das ações
negociadas no mercado brasileiro. (ASSAF NETO, 2010). Conforme o autor, o índice
do mercado acionário é bastante útil ao refletir o comportamento dos investimentos
em ações e, em consequência, as tendências gerais da economia.
53

Tomando como base o estudo de Malacrida e Yamamoto (2006), será


definido como risco de mercado a volatilidade das ações dos diferentes setores, a
qual é determinada pelo desvio-padrão dos retornos das ações.

3.3.4 Demais variáveis do modelo

Através da análise dos estudos relacionados, por meio do levantamento das


variáveis dependentes e independentes bem como as técnicas utilizadas para o
tratamento estatístico dos dados, conforme demonstrados no Quadro 3 na revisão
de literatura, foram selecionadas as variáveis de controle consideradas relevantes
para a relação entre o esforço em inovação e o ambiente competitivo (concentração
de mercado e volatilidade das ações), segundo o modelo a seguir:

INOV i,t = β0 + β1 (CONC)i,t + β2 (VOL) i,t + β3 (TAM) i,t + β4 (RENT) i,t + β5


(ENDCP) i,t + β6 (ENDLP) i,t + ∑β (SETi) + ε i,t

onde,
INOV = esforço para inovação, conforme Equação (1);
CONC = concentração de mercado, conforme Equação (2);
VOL = volatilidade das ações, calculada através do desvio padrão do retorno
das ações;
TAM= tamanho das empresas, medido pelo logaritmo natural do Ativo Total;
RENT= rentabilidade das empresas, medido pelo Retorno sobre o Ativo
(ROA), obtido pela divisão do Lucro Líquido sobre o Ativo Total;
ENDCP = endividamento de curto prazo das empresas, medido pelo Passivo
Circulante dividido pelo Ativo Total;
ENDLP = endividamento de longo prazo das empresas, medido pelo Passivo
não Circulante dividido pelo Ativo Total;
SET = dummies que identificam o setor da companhia i, conforme
classificação da B3;
εi = erro residual do modelo de regressão.
54

3.4 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

A partir da identificação das empresas que compõem a população da


pesquisa foram baixadas do sítio da B3 as respectivas DFPs para os anos de 2010 a
2018. Os dados referentes à depreciação acumulada, amortização acumulada, custo
do imobilizado, terrenos, custo do intangível e ágios, necessários para o cálculo da
variável esforço para inovação, foram coletados manualmente nas NEs. Os dados
obtidos foram compilados em planilha Excel, na qual foi, então, calculado o índice
para cada empresa e cada ano.
Para as variáveis concentração de mercado, volatilidade das ações, tamanho,
rentabilidade, endividamento e setor da indústria os dados foram coletados do
sistema Economática®, sendo também compilados em planilha Excel para proceder
com seus respectivos cálculos. Por fim, foi gerado um banco de dados geral em
Excel contendo todas as variáveis, o qual foi posteriormente importado para o
software estatístico Stata®. Nesse software, foram executadas as etapas de
estatísticas descritivas, testes de correlação e cálculo do modelo de regressão.
A primeira etapa da análise dos dados consiste na estatística descritiva por
meio das medidas de tendência central (média e mediana) e desvio-padrão. A
segunda etapa consiste no teste de correlação de Pearson para identificar as
possíveis relações entre as variáveis do modelo.
Para analisar a associação entre o esforço para inovação (variável
dependente) e a variável concentração de mercado (independente), controlada pelo
efeito das variáveis volatilidade das ações, tamanho, rentabilidade, endividamento
de curto prazo, endividamento de longo prazo e setor da indústria, foi utilizado o
modelo de regressão para dados em painel com efeitos aleatórios.
Quando os dados de uma base variam entre os indivíduos e ao longo do
tempo, e o fenômeno principal sobre o qual há o interesse de estudo é representado
por uma variável dependente quantitativa, faz sentido a estimação de modelos
lineares de regressão para dados em painel. (FÁVERO, 2015). Segundo o autor,
considerando que a quantidade de dados obtidos para cada indivíduo não é mesma
para todos os anos, é denominado de dados em painel não balanceado. Uma vez
que a quantidade de indivíduos (empresas) é maior do que a quantidade de
períodos (anos) é denominado, de acordo com Fávero (2015), de painel curto.
55

Para toda verificação econométrica, deve-se considerar que as firmas


brasileiras possuem muitas características peculiares. Muitas dessas não são
observadas e podem variar entre as unidades num estudo cross-section. Ressalta-
se que os efeitos não observados podem ser modelados por meio dos efeitos fixos
ou aleatórios. Nesse sentido, foram rodados alguns testes para verificar qual modelo
seria o mais adequado, efeitos fixos ou efeitos aleatórios, bem como para verificar a
normalidade, a homocedasticidade e ausência de autocorrelação dos resíduos,
pressupostos estes que devem ser respeitados em modelos de regressão linear.
Os resultados do Teste de Hausman (prob>chi2=0.9678) indicam o modelo de
efeitos aleatórios como melhor que o modelo de efeitos fixos (Apêndice A). Além
disso, foram rodados o teste de Wooldridge (prob>F = 0.000) para verificação de
autocorrelação (Apêndice B), o teste de Breusch-Pagan (prob>chi2=0.000) para
verificação de heterocedasticidade (Apêndice C) e o teste de Jarque-Bera
(prob>chi2=0,011) para normalidade dos resíduos (Apêndice D). Conforme
observado, houve problemas nos testes de normalidade dos resíduos, de
homocedasticidade e de autocorrelação, o que já era esperado em virtude da
amostra restrita e da quantidade limitada de informações para constituição da
variável dependente. A solução para esta questão foi estimar o modelo utilizando
regressão ajustada por meio de estimadores da variância robustos à não-
normalidade, heterocedasticidade e autocorrelação (GLS – Generalized Least
Square), o qual não altera os coeficientes estimados, apenas os erros-padrão.

3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Uma das limitações do método diz respeito à seleção intencional e ao


tamanho da amostra, assim como o período utilizado, que não permitem a
generalização empírica dos resultados. A abrangência dessa pesquisa é limitada às
empresas de capital aberto pertencentes ao setor industrial, com ações negociadas
na B3, visto a maior facilidade de acesso aos dados. Nesse mesmo sentido, vale
ressaltar que nem todas as empresas divulgaram de forma integral os dados
necessários para o desenvolvimento do estudo, resultando na exclusão de algumas
empresas da amostra.
56

A utilização de dados secundários para definição de variáveis também traz


algumas restrições frente ao complexo fenômeno da inovação. Não é possível
capturar, por exemplo, nas Demonstrações Financeiras as diferentes variáveis em
nível de inputs e outputs como já relatados por Sbragia, Kruglianskas e Camargos
(1998). Dessa forma, a proxy utilizada para medir o esforço para inovação limitou-se
a identificar a dinâmica da renovação dos ativos tangíveis e intangíveis das
empresas, não permitindo capturar outras informações igualmente relevantes quanto
aos esforços inovativos das empresas, como as despesas em P&D, por exemplo, as
quais poderiam ser utilizadas de forma agregada e trazer contribuições significativas
para esta pesquisa. Da mesma forma, devido à utilização de dados secundários, do
ponto de vista de variáveis de controle, foi limitada às informações de cunho
financeiro.
Para o cálculo da concentração de mercado foi assumida, como no estudo de
Moura, Mecking e Scarpin (2013), a participação de cada empresa dentro do seu
setor de atuação no mercado de capitais, conforme classificação definida pela B3 e
não a concentração do mercado como um todo, visto que na prática existe uma
grande dificuldade de se obter as informações de todas as empresas que atuam em
cada um dos setores, conforme já destacado por Almeida (2010). A utilização da
classificação das empresas de acordo com a B3 (multisetorial) para efeitos do
cálculo do HHI também não permite comparações diretas à taxonomia de Pavitt
(1984).
Importante ressaltar que, de acordo com Kupfer e Hasenclever (2002), o HHI
muito embora seja comumente utilizado como um proxy para medir o grau de
competitividade e, consequentemente, auxiliar na identificação do quão significativo
é o poder de mercado dos diferentes setores da indústria, este apresenta suas
limitações ao não capturar aspectos como a facilidade de entrada em determinado
mercado, o fato do poder de mercado poder ser decorrente de custos reduzidos ou
qualidade superior ou, ainda, por ignorar os substitutos próximos comercializados
em outros mercados.
Por fim, a proposta de realização de uma pesquisa com o objetivo de analisar
a associação entre o esforço em inovação e o ambiente competitivo com enfoque
nos determinantes internos limitou as análises comparativas de forma mais direta,
pois a grande maioria dos estudos, identificados no processo de revisão de
57

literatura, estão mais direcionados para a área de Economia e/ou Finanças


(mercado de capitais).
58

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados dos procedimentos de


tratamento dos dados, começando pelas análises descritivas que contemplam a
caracterização da amostra, as estatísticas descritivas das variáveis do modelo, a
análise do esforço para inovação e análise da concentração de mercado.
Posteriormente, serão apresentadas as análises de associação das variáveis e as
discussões com o objetivo da pesquisa.

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA

4.1.1 Caracterização da Amostra

A quantidade de empresas que compõem a amostra do estudo, considerando


o ano base de 2018, tem sua distribuição por setor de atuação na B3, conforme a
Tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição das empresas por setor da B3 (2018)


Nº de
Setor Subsetores %
empresas
Bens Industriais Máquinas e equipamentos; 22 22,92%
Construção e engenharia;
Material de transporte
Consumo Cíclico Tecidos; Vestuário e calçados; 22 22,92%
Viagens e lazer; Automóveis e
Motocicletas; Utilidades
domésticas
Materiais Básicos Químicos; Madeira e papel; 19 19,79%
Siderurgia e Metalurgia;
Embalagens; Mineração;
Químicos
Consumo não cíclico Bebidas; Produto de uso pessoal 17 17,70%
e limpeza; Agropecuária;
Alimentos processados
Petróleo, Gás e Biocombustível Petróleo, Gás e Biocombustível 6 6,25%
Saúde Equipamentos Medicamentos e 5 5,21%
outros produtos
Tecnologia da Informação Computadores e serviços; 5 5,21%
Programas e serviços
TOTAL 96 100%
Fonte: elaborada pela autora.
59

A distribuição do número de empresas por setor não ocorre de forma


homogênea, podendo estar atrelada à quantidade de subsetores alocados a cada
um deles, como indicado na Tabela 3. No entanto, esta distribuição se manteve
praticamente constante para todos os anos do estudo.

4.1.2 Estatística descritiva das variáveis do modelo

A estatística descritiva das variáveis do modelo é verificada na Tabela 4,


permitindo, desta forma, uma avaliação introdutória dos dados da pesquisa.

Tabela 4 – Estatística descritiva do modelo da pesquisa


Variável Mín Máx Média Mediana Desvio Padrão
INOV 0,01 1,00 0,46 0,46 0,18
CONC 0,07 0,87 0,25 0,22 0,18
VOL 16,95 305,22 49,32 39,11 31,35
TAM 8,49 20,61 14,25 13,89 1,99
RENT -226,13 221,77 -0,86 1,82 18,65
ENDCP 0,01 5,68 0,39 0,28 0,46
ENDLP 0,00 3,22 0,34 0,28 0,32
Fonte: elaborada pela autora.

Os extremos da variável esforço para inovação (INOV), observados pelo


mínimo e máximo, demonstram de um lado uma empresa que vem imobilizando
recursos na construção de uma fábrica para um novo produto (conforme descrito no
seu plano de negócios divulgado no Formulário de Referência), e por outro uma
empresa em situação de recuperação judicial, com indicadores financeiros
agravados nos últimos anos e que potencialmente não permitiram novos
investimentos. No entanto, é possível observar que esta variável, juntamente com a
concentração de mercado (CONC), apresentaram a menor dispersão dos dados em
torno da média. O mesmo não ocorreu com a variável volatilidade (VOL).
Com intuito de enriquecer as informações sobre as duas principais variáveis
do modelo, esforço para inovação e concentração de mercado, as duas próximas
subseções do trabalho exploraram os dados destas variáveis de uma forma um
60

pouco mais detalhada, buscando aprofundar as análises quanto ao comportamento


das mesmas.

4.1.3 Análise do esforço para inovação

Para a variável esforço para inovação, alguns setores, quando analisados de


forma isolada, se destacam quando comparados à média geral da amostra, ou seja,
empregaram mais esforços inovativos no período analisado, sendo eles: saúde,
consumo não cíclico e petróleo, gás e biocombustível, para os quais são trazidas
algumas considerações nesta seção.
A posição no ranking do setor da Saúde corrobora tanto a classificação da
OCDE (2011), que o enquadra como um setor de alta tecnologia, quanto à
taxonomia de Pavitt (1984), que o classifica como um setor baseado na ciência e
caracterizado pelos elevados investimentos em P&D. Nesse mesmo contexto,
Campos e Ruiz (2009), em seu estudo sobre os padrões setoriais de inovação na
indústria brasileira, o apontam como um dos setores mais intensivos no uso de
recursos e ao mesmo tempo mais propenso a possuir empresas com resultados
inovadores.
O setor de consumo não cíclico, por sua vez, sofreu grande influência das
empresas de alimentos processados, dados os índices de esforços identificados em
combinação com a sua representatividade na amostra, ou seja, aproximadamente
61%. Um estudo elaborado por Fornari, Gomes e Correa (2015), sobre o processo
de inovação da Indústria de Alimentos Processados (IAP), identificou que a indústria
alimentícia brasileira é classificada como voltada para as inovações em processo e
“redutora de custos”. Nesse contexto, o Brasil é apontado como um dos países que
menos pratica P&D neste setor, indicando a baixa taxa de inovação “para mercado”,
porém com percentual elevado na atividade de aquisição de máquinas e
equipamentos e softwares.
Ainda dentro do setor de consumo não cíclico, tem a empresa Natura,
considerada a maior fabricante de cosméticos da América Latina, e que se situa em
um setor caracterizado por uma necessidade contínua de lançamento de produtos,
investe cerca de 3% de sua receita líquida em P&D. (STAL, 2010).
61

Por fim, segundo Negri e Lemos (2011), o setor de refino de petróleo


apresenta grande destaque entre os setores domésticos com alta intensidade
tecnológica, com influência significativa da Petrobrás que exerce situação de
monopólio neste setor. De um modo geral, ressaltam que a intensidade tecnológica
das empresas brasileiras de derivados de petróleo é constatada pelos números
relativos à quantidade de empresas com P&D contínuo, P&D interno ou externo e
com departamento de P&D.

4.1.4 Análise da concentração de mercado

Conforme mencionado na seção 3.3.2, o índice de HHI foi definido como uma
proxy para a concentração de mercado e foi estimado considerando a participação
do Ativo Total de cada empresa sobre o Ativo Total do setor em que estas empresas
atuam, conforme classificação da B3.
Para Almeida (2010), a não utilização de empresas fora da listagem da B3
pode afetar a estimação do HHI, porém, como forma de minimizar esse viés, é
sugerido que o índice seja calculado considerando todas as empresas com
informações constantes ao longo dos anos, mesmo as que tenham fechado capital.
Seguindo esta linha, para efeitos do cálculo do HHI, foram consideradas todas as
empresas industriais que tiveram suas ações negociadas na B3 entre os anos de
2010 e 2018, incluindo aquelas cujos registros foram cancelados ao longo deste
período. O HHI dos setores para os períodos analisados são identificados na Tabela
5.
O setor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, conforme esperado, apresenta a
maior concentração de mercado entre os setores analisados, visto que opera em
uma situação de monopólio exercido pela Petrobrás. Para Trojbicz e Loureiro (2018),
apesar das regras criadas para abrir o setor à concorrência de empresas privadas
brasileiras e estrangeiras há mais de vinte anos e, a despeito de importantes
mudanças no setor no Brasil, o domínio econômico da Petrobrás permaneceu forte.
Nesse sentido, a transformação da Petrobrás em uma empresa de capital
misto, operando em regime competitivo, e a reestruturação organizacional de 1999
mostraram o processo de mudança incremental que teve um efeito aparentemente
paradoxal: em vez de enfraquecer a empresa, levou a Petrobrás a se tornar
62

econômica, financeira e institucionalmente mais robusta. Essas mudanças não


tiveram impacto sobre certos elementos da estrutura institucional, a exemplo do
domínio tecnológico da exploração em águas profundas e o conhecimento técnico
acumulado por sua equipe. (TROJBICZ; LOUREIRO, 2018).

Tabela 5 – Concentração de mercado e número de empresas por ano e por setor da B3


Setor 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Bens Industriais
Concentração de mercado 0,18 0,19 0,21 0,22 0,24 0,32 0,29 0,30 0,30
Número de empresas 22 22 22 22 23 23 24 23 23
Consumo Cíclico
Concentração de mercado 0,08 0,07 0,08 0,08 0,09 0,09 0,11 0,11 0,11
Número de empresas 33 34 34 34 33 33 30 30 30
Consumo não cíclico
Concentração de mercado 0,21 0,20 0,18 0,21 0,21 0,24 0,22 0,21 0,21
Número de empresas 18 18 19 18 19 19 20 20 20
Materiais Básicos
Concentração de mercado 0,22 0,24 0,24 0,25 0,26 0,28 0,27 0,27 0,26
Número de empresas 27 27 27 27 27 27 27 27 25
Petróleo, Gás e Biocombustível
Concentração de mercado 0,83 0,81 0,79 0,84 0,86 0,87 0,87 0,86 0,86
Número de empresas 9 9 9 10 10 10 10 10 9
Saúde
Concentração de mercado 0,75 0,80 0,69 0,49 0,32 0,30 0,23 0,25 0,32
Número de empresas 3 3 4 4 5 5 6 6 5
Tecnologia da Informação
Concentração de mercado 0,28 0,23 0,23 0,23 0,25 0,29 0,29 0,29 0,29
Número de empresas 4 6 7 7 8 8 8 8 8

Fonte: elaborada pela autora.

Em contrapartida, o setor de consumo cíclico, o qual inclui os subsetores


têxtil, vestuário e calçados, utilidades domésticas e automotivo, foi o setor que
apresentou o menor índice de concentração de mercado, ficando posicionado em
uma faixa de concorrência perfeita, denominada desta forma por Besanko et al.
(2018), ou podendo ser classificado como desconcentrado, conforme diretrizes do
CADE (2016).
63

Apesar da concentração de mercado deste setor ser impactada


significativamente, para o período analisado, pela participação da Whirlpool S.A
(utilidades domésticas) e pela Iochpe Maxion (automóveis e motocicletas), é
importante observar que o setor está em grande parte representado dentro da B3,
ou seja, em torno de 42% pelas empresas têxteis. Segundo Vieira, Lucato e Vanalle
(2014), a empresa têxtil brasileira vem enfrentando, além da competitividade interna,
uma forte concorrência de importações de baixo custo da China e de outros países
do Extremo Oriente.
Ao que se refere às empresas automotivas, de acordo com Negri e Lemos
(2011), é inegável a sua importância para a estrutura industrial brasileira, pois
representam cerca de 10% da indústria de transformação. Nos últimos anos, tem-
se notado um ganho de participação de mercado de novos entrantes e um aumento
de concorrência no setor, pois em 1996 as 4 maiores montadoras representavam
cerca de 99% do valor bruto de produção, sendo que 10 anos depois, ou seja, em
2005, as 4 maiores montadoras somavam 75% do valor da produção. (NEGRI;
LEMOS, 2011). As grandes montadoras atuantes no Brasil, entretanto, são
empresas que não negociam suas ações na B3, reportando suas Demonstrações
Financeiras para suas matrizes no exterior, as quais são consolidadas e divulgadas
em outras bolsas de valores. Nesse sentido, não compõem o índice de concentração
de mercado calculado para esta pesquisa que teve como base as empresas listadas
na B3.
Em relação aos setores de consumo não cíclico, materiais básicos, tecnologia
da informação e saúde, estes se posicionaram ao longo do tempo em uma
classificação intermediária de concentração de mercado, pois permaneceram na
faixa entre 0,2 e 0,6. Já os setores de bens industriais e saúde apresentaram
comportamentos distintos nos primeiros anos da análise, sendo o primeiro setor na
faixa da concorrência perfeita para os anos de 2010 e 2011 e o segundo na faixa de
monopólio entre os anos de 2010 e 2012.
Para o setor de consumo não cíclico que engloba os subsetores de bebidas,
produto de higiene pessoal e limpeza, agropecuária e alimentos processados, o
índice se manteve praticamente estável ao longo do tempo. O índice de
concentração de mercado sofre aqui grande influência de empresas como a Ambev
64

(bebidas), BRF e JBS (alimentos processados), representando em média 8%, 2% e


10% do índice respectivamente.
A concentração de mercado do setor de materiais básicos sofreu influência
significativa da empresa de mineração Vale S.A., a qual aumentou sua participação
na composição do índice em 22% entre o ano de 2010 e ano de 2018, enquanto as
demais empresas pertencentes ao setor, incluindo aquelas que cancelaram seus
registros, as que permaneceram ativas e as entrantes, mantiveram basicamente a
mesma representatividade em relação ao todo.
Para o setor de bens industriais, o aumento significativo do índice de
concentração de mercado, entre o ano de 2010 e o ano de 2018, deu-se
principalmente devido à Embraer, que elevou sua participação no cálculo do HHI de
0,12 em 2010 para 0,25 em 2018. Conforme Stal (2010), a Embraer é uma empresa
baseada em tecnologias avançadas, e atua em um setor extremamente competitivo
e dominado por países desenvolvidos. Nesse contexto, foi impulsionada por grandes
investimentos em educação e em P&D, permitindo a empresa se tornar uma das
maiores empresas aeroespaciais e líder mundial na fabricação de jatos comerciais
com até 120 assentos.
Já para o setor da Saúde, a variação significativa do índice ao longo dos anos
se deu em decorrência da entrada de dois novos players, um em 2014 e outro em
2016, e com a saída do mercado de capitais da empresa Cremer S.A. que até então
obtinha basicamente o monopólio do setor. Da mesma forma, no que tange às
empresas da Tecnologia da Informação, os índices de concentração levemente
menores entre 2011 e 2014 decorrem principalmente de uma empresa que teve seu
registro cancelado em 2018, porém exercia posição significativa durante os anos
citados.

4.2 ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE O ESFORÇO EM INOVAÇÃO E O


AMBIENTE COMPETITIVO

Para determinar os coeficientes de correlação das variáveis dependente e


independentes, foi rodado a análise de correlação de Pearson conforme
demonstrados na Tabela 6. O coeficiente de correlação de Pearson é uma medida
que indica a relação linear entre duas variáveis, podendo variar de -1 a 1 indicando,
65

portanto, a direção desta relação. (BELFIORE, 2015). Ainda, conforme a autora,


quanto mais próximo das extremidades mais forte será esta relação.

Tabela 6 – Análise de correlação de Pearson


INOV CONC VOL TAM RENT ENDCP ENDLP
INOV 1
CONC -0,138 1
VOL 0,183 0,082 1
TAM -0,373 0,224 -0,412 1
RENT -0,040 -0,232 -0,368 0,233 1
ENDCP 0,322 0,018 0,470 -0,349 -0,399 1
ENDLP 0,010 0,290 0,332 -0,101 -0,527 0,266 1
Fonte: elaborada pela autora.

Os resultados obtidos indicam uma correlação linear negativa (-0,138) entre


as principais variáveis do modelo, esforço para inovação (INOV) e concentração de
mercado (CONC), indicando que à medida que a idade média dos ativos aumenta, a
concentração de mercado diminui. Quanto às demais variáveis independentes, as
que possuem relações lineares mais expressivas, ou seja, acima de 0,3, com a
variável dependente INOV são as variáveis tamanho (TAM), com um coeficiente de
relação negativo de -0,373, sinalizando uma relação linear inversa entre idade média
dos ativos e tamanho da empresa e a variável endividamento de curto prazo
(ENDCP), com um coeficiente de relação linear positiva de 0,322, conforme
indicados na Tabela 6 (grifados em negrito). Assim, Hair et al. (2009) apontam que a
existência de correlação entre as variáveis não indica, entretanto, causalidade entre
elas.
A etapa seguinte constitui no cálculo do modelo de regressão para dados em
painel com efeitos aleatórios cujos resultados estão demonstrados na Tabela 7. O
cálculo da regressão tem por objetivo estudar o comportamento da variável
dependente (INOV) com base no comportamento das variáveis explicativas (CONC,
VOL, TAM, RENT, ENDCP, ENDLP, SET), ao longo do tempo (2010 a 2018). Foram
rodados dois modelos: o primeiro (1) não considerou as dummies dos setores,
resultando em um R-quadrado de 0,09; já o segundo (2) o qual as dummies dos
setores foram consideradas, resultou em uma melhora significativa no R-quadrado
66

que passou para 0,38. Nesse sentido, as discussões dos resultados apresentadas a
seguir serão baseadas no modelo (2).

Tabela 7 – Modelo de regressão dados em painel


(1) (2)
Variáveis INOV INOV

CONC 0.300*** 1.356***


(3.91) (10.23)
VOL -0.000 -0.001***
(-1.41) (-3.30)
TAM -0.036*** -0.035***
(-4.79) (-5.20)
RENT 0.001*** 0.001***
(3.77) (4.20)
ENDCP 0.109*** 0.099***
(8.61) (8.37)
ENDLP 0.074*** 0.070***
(3.81) (3.91)
SETOR

Consumo Cíclico 0.272***


(6.42)
Consumo não Cíclico -0.047
(-1.10)
Materiais Básicos 0.012
(0.32)
Petróleo, gás e -0.836***
combustível
(-9.01)
Saúde -0.329***
(-4.33)
Tecnologia da Informação 0.019
(0.28)
Constante 0.850*** 0.606***
(7.68) (6.07)

Observações 582 582


R2 0,09 0,38
Período 2010-2018 2010-2018
Nota: ***, ** e * significância a 1%, 5% e 10%, respectivamente.
Fonte: elaborada pela autora.

A análise da Tabela 7 permite observar que a variável independente


concentração de mercado (CONC) apresenta relação estatisticamente positiva e
significativa (1,356), com nível de significância igual a 1%, com a variável
dependente esforço para inovação (INOV). Este resultado implica que à medida que
67

a concentração de mercado aumenta, é observado um aumento na idade média dos


ativos, denotando, portanto, um menor investimento em inovação.
A interpretação dos resultados sugere, portanto, que em mercados mais
competitivos, dentro dos setores da indústria de capital aberto listadas na B3, as
empresas estariam se engajando mais em inovação, corroborando a hipótese de
Schumpeter (1934) de que a inovação é uma forma de destruição criativa e está
mais propensa a ocorrer em mercados competitivos. Da mesma forma, se alinha
com os achados de Hou e Robinson (2006), os quais avaliaram a associação entre a
concentração de mercado e a intensidade dos investimentos em P&D no mercado
de capitais americano, constatando que os investimentos em P&D caem
consideravelmente conforme a concentração de mercado aumenta. Para os autores,
as indústrias concentradas têm como características: menor intensidade em P&D,
maiores margens unitárias, maior rentabilidade futura e a presença de barreiras de
entrada.
Em contrapartida, estudos como Gallagher, Ignatieva e Mcculloch (2015) e
Mazali (2017), ao replicarem o trabalho de Hou e Robinson (2006) para os mercados
de capitais australiano e brasileiro respectivamente, encontraram resultados
distintos, sugerindo que a maior parte do investimento em inovação é feita por
aquelas empresas que operam em setores concentrados, e que a relação positiva
entre o retorno das ações e a concentração da indústria estaria atrelada ao risco
associado à inovação.
No que tange ao resultado para o mercado de capitais brasileiro, uma das
possíveis causas da divergência em relação ao estudo de Mazali (2017) pode estar
atrelado às diferentes metodologias de pesquisa utilizadas. Desse modo, o proxy
para a variável inovação utilizado foi o CAPEX (Capital Expenditures). A amostra,
além de contemplar todos os setores da B3, incluindo o financeiro, serviço, comércio
e de utilidade pública, foi dividida entre empresas controladas e não controladas pelo
Estado, bem como os cálculos foram realizados utilizando a metodologia Fama –
MacBeth e a regressão com dados em painel com efeitos fixos, cabendo aqui
investigações futuras, não sendo, entretanto, objeto deste estudo.
Porter (1990) sugere que as empresas devem estar atentas à dinâmica do
mercado na formulação de suas estratégias competitivas, sendo o esforço em
inovação entendido como uma fonte de vantagem competitiva. Nesse sentido, um
68

contexto de maior competividade pode exigir um esforço maior por parte das
empresas que querem manter ou aumentar a sua participação no mercado. (NEGRI,
2018).
Já a variável volatilidade (VOL) apresentou uma relação negativa e
estatisticamente significante (-0,001) com a idade média dos ativos (INOV), ou seja,
à medida que há uma maior variação no preço das ações, a idade média dos ativos
diminui, denotando um maior investimento em inovação. Estudos como o de Chan,
Lakonishok e Sougiannis (2001) para o mercado de capitais da NYSE, AMEX e
NASDAQ, e o de Hungarato e Teixeira (2012) e de Silva et al. (2015) para o
mercado de capitais brasileiro sugerem que a intensidade dos gastos de P&D não
geram necessariamente retornos futuros e valorização por parte do mercado
acionário. Por outro lado, estudos como o de Hou e Robinson (2006) para o
mercado de capitais norte americano, e o de Figari et al. (2016) para o mercado de
capitais brasileiro, indicam que as empresas mais engajadas em inovação têm
retornos esperados mais altos, podendo este fato estar relacionado às possíveis
recompensas atreladas às incertezas e aos riscos associados aos investimentos em
P&D. Dentro dessa perspectiva, o resultado encontrado pode sugerir que, do ponto
de vista estratégico, a volatilidade das ações podem exercer influência no processo
de tomada de decisão. Esse processo tange, principalmente, os esforços em
inovação por parte das empresas mais propensas a aceitar os riscos do mercado,
buscando potencialmente obter recompensas futuras a partir de tais investimentos.
Para a variável tamanho (TAM) o modelo sugere uma relação negativa e
estatisticamente significativa (-0,035) com a idade média dos ativos (variável INOV),
indicando que à medida que o tamanho da empresa aumenta, a idade média dos
ativos diminui, denotando um maior investimento em inovação. Estes resultados
corroboram os achados de Gomes e Kruglianskas (2009) e Almendra et al. (2017),
cujas pesquisas encontraram relação positiva entre o investimento em inovação e o
tamanho da empresa, atribuindo esta relação às possíveis vantagens estruturais e
de mercado que estas empresas possuem. Este resultado pode também estar
atrelado ao fato das empresas de maior porte terem mais facilidade de conseguir
financiamento necessário para projetos de P&D em larga escala, como argumentado
por Shefer e Frenkel (2005).
69

A variável rentabilidade (RENT) apresentou relação positiva e


estatisticamente significativa (0,001) com a variável esforço para inovação (INOV),
assim, conforme a rentabilidade aumenta, há um aumento na idade média dos ativos
e, por consequência, um menor investimento em inovação. Entretanto, este
resultado diverge das análises realizadas por Coad e Rao (2010) que encontraram
uma relação positiva, porém fraca, de que empresas com maior rentabilidade
investem mais em inovação. Da mesma forma, os resultados do estudo de Brito,
Brito e Morganti (2009) indicaram uma relação não significativa entre as variáveis.
Apesar das divergências entre as pesquisas, Coad e Rao (2010) discutem alguns
argumentos que colaboram para uma possível explicação. Para os autores, existe
um cenário de incertezas inerentes ao processo de decisão de investir em inovação
no que tange às possibilidades de retorno, sua magnitude e o prazo em que
ocorrerá. Essas incertezas podem fazer com que as empresas decidam não
necessariamente reinvestir os lucros obtidos em atividades de P&D, por exemplo.
Em referência às variáveis relacionadas ao endividamento, tanto de curto
prazo (ENDCP), quanto de longo prazo (ENDLP), estas apresentaram relação
positiva e estatisticamente significativa com a variável dependente esforço para
inovação, 0,099 e 0,070 respectivamente. Essa relação aponta que quando o
endividamento aumenta, há um aumento na idade média dos ativos e, por
consequência, representa um menor investimento em inovação. Os resultados
corroboram os achados de Almendra et al. (2017), cujo estudo constatou a
existência de uma relação inversa entre investimentos em inovação e
endividamento.
Segundo Galende e La Fuente (2003), do ponto de vista teórico, quando se
trata de endividamento, a Teoria dos Custos de Transação e a Teoria da Agência
devem necessariamente ser levadas em consideração, porque ambas sustentam
que o endividamento pode desencorajar atividades inovadoras. A primeira teoria por
analisar a alta especificidade e intangibilidade dos investimentos tecnológicos que
aumenta os custos de transação e parece desaconselhar o endividamento. A
segunda teoria por mostrar que o alto risco dessas atividades e as assimetrias de
informações existentes podem causar problemas no financiamento das dívidas.
(GALENDE; LA FUENTE, 2003).
70

Em observação às colocações de Pisano (2015), este resultado pode estar


relacionado ao alinhamento dos esforços inovativos com as estratégias de negócio
da empresa, portanto, a existência de sistema de inovação coerente com seus
objetivos e que auxiliam na seleção de quais projetos serão financiados.
Por fim, as dummies de Setor (SET) trazem alguns insights interessantes à
discussão. Para realizar a interpretação de seus resultados, é importante ressaltar
que a soma de todas as dummies é igual a um (1). Dessa forma, os coeficientes
devem ser interpretados em comparação ao setor de referência, ou seja, aquele que
não aparece nos resultados da Tabela 7. No caso do presente estudo, o setor de
referência é o de bens industriais. Assim, conforme o exposto, pode-se inferir que o
fato de uma empresa pertencer ao setor de consumo cíclico impacta positivamente
na variável esforço para inovação (0,272), indicando um aumento na idade média
dos seus ativos e, consequentemente, um menor investimento em inovação, quando
comparado ao setor de bens industriais, sendo este efeito estatisticamente
significante.
Por outro lado pode-se também inferir que empresas que atuam nos setores
de petróleo, gás e biocombustível e saúde têm impacto negativo (-0,836 e -0,329
respectivamente) e estatisticamente significante em relação à variável esforço para
inovação. Nesse sentido, denota que as empresas nestes setores tem idade média
de seus ativos menor e investem mais em inovação quando comparadas ao setor
de bens industriais. Por conseguinte, a comparação em relação aos setores de
consumo não cíclico (-0,047), materiais básicos (0,012) e tecnologia da informação
(0,019) indicam resultados sem significância estatística.
Em resumo, o estudo sugere que um maior esforço para inovação, medido
pela idade média dos ativos, ocorre em maior grau em ambientes mais competitivos
e em mercados mais voláteis, da mesma forma que sua intensidade aumenta à
medida que o tamanho da empresa aumenta. Em contrapartida, os resultados
indicam que as empresas que apresentam maior rentabilidade e um maior
endividamento (curto e longo prazo) empenham menos esforços em inovação,
podendo esta situação estar atrelada às incertezas e riscos associados a estes
investimentos, fazendo com que as empresas optem por não reinvestir os recursos
gerados internamente, tão pouco captar novos recursos externos, de forma a não
comprometer sua situação financeira. Para Lyra e Olinquevitch (2007), quando se
71

trata de investimentos os gestores têm dificuldades em tomar decisões, pois


necessitam determinar se os rendimentos previstos de um projeto proposto são
suficientemente atraentes para que justifiquem arriscar fundos em tal projeto.
72

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inovação, segundo Porter (2004), pode ser considerada uma importante


ferramenta para obtenção de vantagem competitiva, sendo essencial para a
empresa avaliar seu ambiente competitivo no processo de formulação de suas
estratégias. Para o economista Schumpeter (1928), pioneiro ao abordar a inovação
como um dos principais propulsores do desenvolvimento econômico, este processo
que ocorre de forma dinâmica no mercado, no qual as antigas tecnologias são
substituídas pelas novas, é denominado como “destruição criativa”.
Nesse contexto, dada a importância da inovação tanto para as empresas
como para a economia de um modo geral, essa pesquisa analisou a associação
entre o esforço em inovação e o ambiente competitivo, este caracterizado pela
concentração de mercado e pela volatilidade das ações, nas empresas brasileiras de
capital aberto listadas na B3, no período de 2010 a 2018. Os dados foram coletados
nas DFPs e na Economática® e analisados por meio da aplicação de regressão para
dados em painel com efeitos aleatórios (GLS – Generalized Least Square). A
análise preliminar dos dados permitiu identificar que os setores como saúde,
consumo não cíclico, e petróleo, gás e biocombustível foram os que mais
empenharam esforços em inovação no período examinado pela pesquisa. Para a
concentração de mercado foi identificada uma posição de monopólio para a
Petrobrás dentro do setor de petróleo, gás e biocombustível, de concorrência
perfeita para o setor de consumo cíclico, e uma posição de concentração de
mercado intermediária para os demais setores analisados.
Os resultados encontrados na análise de associação, por meio do modelo de
regressão, indicaram uma relação estatisticamente significativa entre o esforço para
inovação e a concentração de mercado, corroborando a premissa de Schumpeter na
qual empresas atuantes em mercados mais competitivos estão mais propensas em
empenhar mais esforços em inovação. Da mesma forma, para a variável volatilidade
das ações esta relação se apresentou estatisticamente significante, sugerindo um
maior investimento em inovação por parte das empresas que aceitam o grau de
risco em relação às oscilações de suas cotações de mercado. Ainda, ao analisar os
determinantes internos que potencialmente influenciam na decisão em empregar
recursos nos esforços em inovação, conforme estudos como de Galende e La
73

Fuente (2003) e Lai, Lin e Lin (2015), foi possível identificar que empresas maiores
investem mais em inovação e, da mesma forma, empresas com maior rentabilidade
e maior nível de endividamento apresentaram uma relação inversa em relação aos
esforços em inovação.
De um modo geral, o poder explicativo do modelo de pesquisa, ao utilizar a
idade média dos ativos tangíveis e intangíveis como uma medida para a variável
esforço para inovação, sugere aderência às conclusões das últimas edições da
PINTEC. Nesse contexto, essas edições apontaram que, embora tenha havido um
aumento dos gastos em P&D por parte das empresas nos últimos anos, os
investimentos em máquinas e equipamentos ainda representam o maior esforço
inovativo no cenário industrial brasileiro. Conforme destacado pelo estudo de Frank
et al. (2016), as características da indústria brasileira podem estar atreladas a um
sistema nacional de inovação considerado imaturo. Não obstante, em linha com este
pensamento, podemos ter uma situação na qual as alocações de recursos em
atividades inovativas talvez ainda sejam mais percebidos como um custo do que um
investimento propriamente dito.
Uma das contribuições desta pesquisa para o meio acadêmico reside na
proposta de uma proxy alternativa para medir o esforço em inovação, sendo este
estimado através da idade média dos ativos tangíveis e intangíveis das empresas.
Além disso, ao contrário da maioria dos estudos identificados na revisão de
literatura, busca analisar a relação entre a concentração de mercado e o esforço em
inovação sob uma perspectiva endógena às empresas, trazendo algumas evidências
quanto aos determinantes internos que potencialmente impactam nesta relação.
Essas questões são reforçadas pelos apontamentos de Galende e La Fuente (2003)
quanto à importância de analisar não somente o contexto externo, mas também os
fatores internos e seus potenciais impactos no direcionamento das estratégias de
investimento em inovação. Nesse sentido, os resultados trazem contribuições à
medida que fornecem alguns indícios sobre a dinâmica do mercado e da
concorrência nos diferentes setores da B3, bem como as estratégias adotadas
quanto aos esforços em inovação das empresas. No entanto, é ressaltado que os
achados se referem à amostra da pesquisa e, portanto, não podem ser
generalizados empiricamente.
74

Algumas limitações podem ser listadas para este estudo, conforme


detalhadas no item 3.5. Primeiramente, no que se refere à proxy utilizada para medir
o esforço para inovação, esta é limitada à idade média dos ativos, não levando em
conta outras variáveis, como despesas de P&D reconhecidas diretamente no
resultado, por exemplo, que na maioria dos casos não são divulgadas pelas
empresas devido ao seu caráter não compulsório. Do mesmo modo, o cálculo da
concentração de mercado, medido pelo HHI, o qual leva em consideração somente
as empresas que atuam na B3, devido à dificuldade de obtenção das informações
necessárias para todas as empresas que atuam em cada um dos setores.
Como sugestões para pesquisas futuras o presente estudo pode ser
complementado buscando identificar outros fatores internos que podem influenciar
nas decisões de investimentos em inovação, tais como qualidade dos recursos
humanos, estratégias de negócios (internacionalização, diferenciação) entre outros
fatores, os quais poderiam ser obtidos por meio de questionário. Outra sugestão
seria a replicação do estudo para as empresas pertencentes a outros setores como
financeiro, utilidade pública, comércio e serviços. Ou, ainda, utilizar a estratégia
como uma variável moderadora para verificar se as empresas que se engajam
menos em inovação e tem maior rentabilidade não estariam mais focadas em
custos, por exemplo. Por fim, a utilização de outras metodologias também pode ser
considerada, como, por exemplo, a análise de conteúdo RAs para avaliar se existe
alguma associação entre a concentração de mercado e a divulgação das atividades
relativas ao processo de inovação no que se refere à inovação de produto, processo,
marketing e organizacional, conforme as características descritas pela OCDE.
75

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https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1809203917300657. Acesso em:
11 set. 2018.
85

APÊNDICE A - EFEITOS FIXOS VS. EFEITOS ALEATÓRIOS

Teste de Hausman
86

APÊNDICE B - TESTE DE AUTOCORRELAÇÃO

Teste de Wooldridge
87

APÊNDICE C - TESTE DE HETEROCEDASTICIDADE

Teste de Breusch-Pagan
88

APÊNDICE D - TESTE DE NORMALIDADE DOS RESÍDUOS

Teste de Jarque-Bera

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