Microbio(1) 3
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Microbio(1) 3
➢ Epidemiologia
No período de 2010 a junho de 2019 foram notificados no Sinan um total de 650.258 casos de sífilis
adquirida
➢ Sífilis primária
Lesão característica: protossifiloma ou cancro duro
Localiza-se na maioria dos casos (95%) na genitália ou adjacências – também pode ocorrer na mucosa
oral
Úlcera redonda, indolor, superfície limpa, firme à palpação, recoberto por material seroso, base lisa e
amarelada
Cancro duro surge no local da inoculação em média três semanas após a infecção
▪ Pápula de cor rósea
▪ Evolui para um vermelho mais intenso
▪ Exulceração
➢ Sífilis secundária
Se desenvolve de 2 a 6 semanas após o cancro primário – vai depender das características do
indivíduo, aspectos imunológicos de cada um, estado nutricional, etc
Condiloma lato ou plano
Máculas eritematosas, pápulas, pústulas (sifílides)
Alopécia areata – queda de cabelo
Áreas cutâneas despigmentadas
(leucoderma sifilítico)
Testes treponêmicos específicos e
inespecíficos positivos)
➢ Sífilis latente
Não existe sinal externo de infecção – fase
assintomática
Testes sorológicos positivos
30% dos casos – cura espontânea (vai
variar com as características imunológicas
de cada um)
30% dos casos – sífilis persiste latente
40% dos casos evolui (após alguns anos) para terciária
➢ Sífilis terciária
Os pacientes nessa fase desenvolvem lesões localizadas envolvendo pele e mucosas, sistema
cardiovascular e nervoso, desenvolvendo a neurossífilis, que tem como sintomas a demência,
alterações de comportamento, agressividade, etc
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➢ Sífilis Congênita
Resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum
A transmissão vertical pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio clínico da doença materna
Taxas de transmissão vertical do T. pallidum
▪ Em mulheres não tratadas é de 70 a 100%, nas fases primária e secundária da doença
▪ Fases tardias (latente tardia e terciária) – 30%
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Há possibilidade de transmissão direta por meio do contato da criança pelo canal de parto, se houver
lesões genitais maternas
Durante o aleitamento, ocorrerá apenas se houver lesão mamária por sífilis
Ocorre aborto espontâneo, natimorto ou perinatal em aproximadamente 40% das crianças infectadas
a partir de mães não-tratadas
Acreditava-se que a infecção do feto a partir da mãe com sífilis não ocorresse antes do 4º mês de
gestação, entretanto, já se constatou a presença de T. pallidum em fetos, já a partir de 9 semanas
de gestação
Dois estágios
▪ Precoce (diagnosticada até 2 anos de vida)
→ Prematuridade
→ Baixo peso ao nascimento
→ Hepatomegalia com ou sem esplenomegalia
→ Lesões cutâneas (pênfigo palmo-plantar)
→ Periostite ou osteíte ou osteocondrite (com alterações características ao estudo
radiológico)
→ Pseudoparalisia dos membros
→ Sofrimento respiratório com ou sem pneumonia
→ Rinite sero-sanguinolenta
→ Icterícia – aumento da bilirrubina por acometimento hepático
→ Anemia e linfadenopatia generalizada
→ Petéquias, púrpura, fenda labial, síndrome nefrótica, hidropsia, edema, convulsão e
meningite
→ Entre as alterações laboratoriais incluem-se
o Anemia
o Trombocitopenia – queda de plaquetas
o Leucocitose (pode ocorrer reação leucemóide, linfocitose e monocitose) ou
leucopenia
▪ Tardia (após esse período)
→ As principais características dessa síndrome incluem
o Tíbia em “Lâmina de Sabre”
o Articulações de Clutton – é uma artrite por mecanismo de hipersensibilidade
(quadros autoimunes – mecanismos de hipersensibilidade a partir de
autoimunidade, formados por reação imunológica à presença das
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→ TPHA
o Reação de aglutinação de eritrócitos sensibilizados com Ag do T. pallidum –
soro Ac anti-T. pallidum
LUÍSA AKL URANKAR 9
agarrar no antígeno da sífilis e, pelo próprio movimento, tem um segundo anticorpo na placa
contra anticorpo do ouro coloidal. Esse segundo anticorpo é o anticorpo onde eu vou ler com
controle
▪ O primeiro risco é o teste e o segundo risco é o controle mostrando que o anticorpo com
o ouro coloidal está funcionando, está conseguindo corar a plaquinha
▪ Controle: ouro coloidal sozinho preso pelo anticorpo que está na placa
▪ Teste: onde está o antígeno onde o anticorpo se prendeu
➢ Tratamento
Penicilina é o antibiótico de escolha, tetraciclina, eritromicina, cloranfenicol ou cefalosporina
➢ Controle
Prática de sexo seguro
Tratamento do parceiro sexual
Redução do número de parceiros
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Parte 1
➢ Na família das enterobactérias encontramos importantes agentes causadores de infecção humana
➢ A bactéria mais isolada de espécimes diagnósticos humanos pertence à essa família, que no caso é a E. coli
➢ Enterobacteriaceae
Mais de 46 gêneros, centenas de
espécies e subespécies e milhares
de sorotipos
Taxonomia e classificação se
baseiam em propriedades
bioquímicas, estruturas antigênicas
(antígenos vão desencadear
produção de anticorpos) e sequenciamento genético (por biologia molecular)
É importante identificar e classificar para que possamos reconhecer um eventual patógeno de
interesse clínico humano ou animal
Família composta por bactérias gram negativas de estrutura bacilar
➢ Sorologia – Estudo das reações antígeno-
anticorpos (estuda a composição antigênica dessas
bactérias)
Sorotipos: diferentes linhagens de um
patógeno distinguidas pelos diferentes
anticorpos que eles induzem no
hospedeiro, ou com os quais reagem in
vitro
Sorogrupos: quando há antígenos iguais
em diferentes sorotipos estes podem ser
agrupados e denominados como “sorogrupo”
As enterobactérias podem apresentar cápsula (que é uma importante estrutura de virulência –
antígenos capsulares são os chamados antígenos K)
Existem os antígenos que estão na parede celular, os antígenos O ou somáticos
Existem os antígenos que estão localizados no flagelo da bactéria – antígenos flagelares ou antígenos
H
LUÍSA AKL URANKAR 2
A mesma espécie pode apresentar bactérias com antígenos diferentes: pode ter uma E. coli com um
determinado antígeno somático e uma outra E coli que tem um outro antígeno – essas diferenças
antigênicas caracterizam os sorotipos
Variação de fase antigênica
Antígenos capsulares K e flagelares H estão sob controle genético do microrganismo e podem
ser expressos alternadamente (variação de fase)
Isto protege a bactéria da morte mediada pelo anticorpo
As vezes, de acordo com a fase e do ciclo de divisão da bactéria, ela pode expressar um
determinado antígeno e deixar de expressar esse determinado antígeno – essa variação de
expressão antigênica dificulta muito a nossa imunidade adquirida por parte dos anticorpos (que
são glicoproteínas e são a forma mais eficiente de se combater um parasita extracelular que
o nosso sistema imune desenvolveu)
Quando a bactéria possui essa variação antigênica ela dificulta a ligação dos anticorpos nos
antígenos da bactéria e a sua opsonização
Então, essa variação de fase antigênica pode ser considerada como mecanismo de escape
da bactéria no nosso sistema imunológico
➢ Características
Microrganismos ubíquos encontrados no
solo, água, vegetação e na microbiota
intestinal
Causam 30 a 35% de todos os casos
de sepse e 70% das ITU (infecções de
trato urinário)
Em infecções urinárias destaca-se a E.
coli
Anaeróbios facultativos
Crescem em ágar-sangue – sendo que alguns mostrarão capacidade hemolítica nesse meio de cultura
No caso específico de infecção urinária e de infecções do trato gastrointestinal as fímbrias são muito
importantes, pois para a bactéria vencer o peristaltismo intestinal e se fixar no intestino ela precisa de
fímbrias. Para vencer o próprio trânsito urinário no trato urinário a bactéria também precisa de fímbrias
para se aderir com o objetivo de causar infecção
Estrutura da parede Gram negativa: peptideoglicano fino, existe espaço periplásmico abaixo do
peptideoglicano e acima dele também, possui uma camada (membrana externa) que não existe na
parede gram positiva
A parede Gram negativa possui menos resistência osmótica, mas é bem mais complexa pela presença
da membrana externa
Na membrana externa da parede Gram negativa temos a presença do LPS (endotoxina bacteriana)
Presença de endotoxina
bacteriana na membrana externa
da parede Gram negativa –
lipopolissacáride (LPS)
LPS é termoestável e é o
principal antígeno da parede
celular
No LPS temos uma região onde
estão os antígenos O, temos um
polissacarídio central e a parte
lipídica (lipídio A)
A endotoxina (LPS) só se apresenta na parede Gram negativa
Alguns representantes dessa família também são capazes de produzir exotoxinas (varia com o gênero)
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Exotoxina poderá ser produzida pelas bactérias e aí poderá modificar o funcionamento de uma célula
ou pode levar à morte da célula do hospedeiro, inibindo síntese proteica, por exemplo
Depende da estrutura da toxina produzida
Estrutura do LPS
Lipídeo A é o que confere a característica de endotoxina
O lipídeo A possui grande capacidade de ativar células do sistema imune, como os macrófagos,
e levar à produção de grande quantidade de citocinas pró-inflamatórias (fator de necrose
tumoral, IL-1, IL-6, quimiocinas, etc)
Então, se tivermos uma infecção em que tivermos uma grande liberação de endotoxina (e
ela é liberada durante a multiplicação do bacilo Gram negativo ou após a morte do bacilo
Gram negativo), essa grande quantidade de LPS será proporcional à ativação da atividade
imunológica – você pode ter produção de citocinas de forma exacerbada levando a uma
resposta imune intensa e podendo levar o indivíduo ao que chamamos de choque séptico
Na imagem abaixo temos um macrófago fagocitando um representante da família das
enterobactérias (gram negativas). Reconheceu pelos PAMPs (LPS é um PAMPs). O macrófago
reconhece através dos receptores de reconhecimento padrão (RRP), fagocitam, matam o
microrganismo, iniciam o processo de apresentação de antígeno para o linfócito T, mas esse
macrófago também iniciará produção de citocinas que irão agir, por exemplo, no hipotálamo
(desencadeando febre e outros mecanismos pró-inflamatórios)
Quanto mais citocinas produzidas, maior será a repercussão clínica desse processo imune
Se você produzir uma quantidade exacerbada de citocinas e aí quanto mais endotoxinas
bacterianas tiver, maior é essa possibilidade; você pode ter as consequências clínicas do
excesso de citocinas pró-inflamatórias, como o que acontece no choque séptico
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➢ Patogenicidade
Virulência – característica multifatorial (possuir uma estrutura de virulência não significa que a bactéria
vai necessariamente causar doença. Muitas vezes temos que ter fatores de virulência combinados
para conseguir invadir, desencadear um processo infeccioso e levar à doença. Esses genes que
conferem esses fatores de virulência muitas vezes estão no material genético plasmidial ou no
cromossomo de uma bactéria)
Genes de virulência – contidos em ilhas de patogenicidade no cromossomo bacteriano (PAIs
– Pathogenicity Islands) ou em material
genético extra-cromossômico
(plasmídios)
As ilhas de patogenicidade
são regiões do DNA que possuem
genes, muitas vezes próximos entre si,
todos ligados a estruturas de virulência
Esses genes que estão nas
ilhas de patogenicidade podem, por
exemplo, conferir à bactéria
capacidade de produzir uma toxina que causa diarreia, fornecer à bactéria os sideróforos para
a captação de ferro (bactéria precisa de ferro para seu metabolismo), fímbrias para aderência,
antígenos capsulares (cápsula dificulta fagocitose e ligação do sistema complemento),
citotoxinas que inibem a síntese proteica e ocasionam morte celular, antígenos O na parede
celular para inibir a fagocitose, antígenos H pois o flagelo confere a algumas bactérias motilidade
e isso dificulta também a fagocitose e permite que a bactéria se desloque até um local mais
favorável
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Características gerais de fatores de virulência: esses fatores podem vir de genes que estão
em conjunto no DNA do cromossomo da bactéria ou no plasmídeo (que é DNA fora do
cromossomo, que as bactérias muitas vezes trocam entre si)
▪ Esses genes que conferem essas estruturas de virulência estão, muita vezes, nas
ilhas de patogenicidade que essas
bactérias possuem
➢ Características bioquímicas da família Enterobacteriaceae
Fermentação da glicose
Citocromo oxidase negativa – não produzem a
enzima citocromo oxidase
Redução de nitrato a nitrito
Crescimento em meio MacConkey – esse meio
inibe gram positivos, possui sais biliares que não
permitem o crescimento de bactérias gram positivas.
Nos fornece uma prova, que é a prova da lactose,
pois ele possui lactose como fonte de carboidrato.
Além disso, quando a bactéria cresce no MacConkey e muda a cor dele para rosa, ele te diz que a
espécie que cresceu ali é lactose positiva
Então, o meio de MacConkey já nos direciona um pouco ao diagnóstico
Para bacilos gram-negativos a primeira coisa que fazemos é a prova de fermentação da glicose
Fermentação da glicose: se ela se mostrar positiva, com oxidase negativa, estamos diante da
família das enterobactérias
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Fermentação da glicose: se ela se mostrar positiva e se for oxidase positiva, estamos diante
de outros gêneros
Fermentação da glicose: se ela se mostrar negativa e se for oxidase positiva, teremos vários
gêneros, sendo o mais importante o Pseudomonas spp. (Pseudomonas aeruginosa é o não
fermentador oxidase positiva de maior importância clínica)
Fermentação da glicose: se ela se mostrar negativa e for oxidase negativa, teremos também
vários gêneros, sendo o mais importante o Acinetobacter spp (é o segundo não fermentador
mais importante em termos clínicos)
Abaixo temos os principais gêneros de enterobactérias de importância clínica
➢ Gênero: Escherichia sp
Espécies
E. coli – é a mais importante de acordo com o aspecto clínico
E. hermanii
E. fergusonii
E. vulneris
E. blattae
E. albertii
E. adecarboxylata
E. marmotae
➢ E. coli – Theodor Von Escherich (1885)
São 200 sorotipos
É uma bactéria da microbiota gastrointestinal
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Patogenicidade de E. coli se manifesta por um mecanismo multifatorial e complexo que envolve vários
fatores de virulência, que variam de acordo com o sorotipo – diferentes fisiopatologias e diferentes
sintomatologias
Dentre esses fatores, o potencial patogênico de algumas cepas se deve a ganhos genéticos ocorridos
durante o processo evolutivo da espécie, devido à aquisição de genes de virulência, por meio de
mutações ou transferência horizontal de material genético
Patotipos
Diferenças em capacidades patogênicas
Temos E. coli capazes de causar infecções fora do ambiente intestinal, como a UPEC, NMEC
e SePEC
Temos E. coli capazes de causar infecções no trato gastrointestinal, como a EPEC (a EPEC
possui importância epidemiológica apenas em crianças), ETEC (responsável pela diarreia dos
viajantes), EHEC (muito relacionada com a ingestão de carne crua contaminada), EIEC, EAEC
e DAEC
EAEC e DAEC são menos importantes e são aqueles que menos conhecemos os
mecanismos de patogenicidade
Estruturas de virulência
Plasmídeos que podem ser trocados
Vem de vírus bacteriófago – troca de informação genética via vírus bacteriófago
Esses fatores de virulência podem ser transferidos e trocados entre bactérias diretamente ou
via vírus ou capta do ambiente de uma bactéria que morreu e a bactéria vai assim adquirindo
e reforçando seu mecanismo de patogenicidade
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➢ E. coli UPEC
UPEC – E. coli uropatogênica
Apesar de existirem estirpes UPEC no trato intestinal humano, essas são distintas da maioria das
estirpes de E. coli comensais, uma vez que possuem
fatores específicos que permitem o sucesso da sua
transição no trato intestinal para o trato urinário
PAIs codificam adesinas, sistemas de secreção
bacteriana, toxinas, proteases, lipases, antígenos e
sistemas de captação de ferro envolvidos na infecção
urinária
Sorotipos patogênicos para as vias urinárias –
antígenos somáticos existentes O1, O2, O4, O6, O7,
O75 e O150
A segunda maior causa de infecção urinária
comunitária são os estafilococos coagulase negativos
(Staphylococcus saprophyticus)
Mecanismos de patogenicidade de E. coli uropatogênica (UPEC)
Fímbrias ou adesinas
▪ Promovem a colonização e formação de um biofilme bacteriano (confere às colônias
de bactérias uma resistência à desidratação, oxidação e maior tolerância a
detergentes e antibióticos)
▪ São responsáveis pela adesão da bactéria ao epitélio vesical
▪ No trato urogenital temos um fator que já dificulta infecção urinária, que é o próprio
fluxo da urina. O fluxo urinário lava o trato urogenital.
Com isso, a E. coli tem que aderir às células do trato
urinário e, então, sua capacidade de adesão é
essencial
▪ Existem em bactérias gram negativas as
fímbrias ou pilus sexual, que é uma fímbria modificada
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➢ Infecções intestinais
Parte 3 – E. coli
➢ E. coli enterotoxigênica (ETEC) – diarreia do viajante
Adere a enterócitos do intestino delgado e não invade a mucosa – se não invade a mucosa, não
teremos processo inflamatório de
destruição de mucosa
O mecanismo dessa bactéria é aderir
à mucosa do intestino e liberar toxinas
Essas toxinas vão modificar o
funcionamento do enterócito, o que
vai ocasionar perda de água e
eletrólitos para a luz do intestino
Não há apresentação de febre pois não há dano da mucosa intestinal e não existe processo
inflamatório
Induz diarreia aquosa
pENT – enterotoxin-encoding plasmids
Maior incidência durante o verão
Dose infectante alta – é necessária a ingestão de uma quantidade muito grande de células bacterianas
viáveis na água ou no alimento contaminado para que alguns consigam atravessar a barreira gástrica
(acidez do estômago é uma barreira efetiva contra eventuais patógenos)
Infecção ocorre por ingestão de água ou alimentos contaminados
Produz enterotoxinas termolábeis/termoestáveis
Não há leucócitos fecais presentes
Não há aumento de sangue nas fezes
Sintomas: cólica abdominal, náusea, vômito, diarreia
Incidência moderada no Brasil
Ocorre geralmente em crianças
Tempo de incubação: 1 a 2 dias
Diarreia secretória que persiste por 3 a 4 dias
Mecanismos de patogenicidade
Fímbrias
▪ Reconhecem receptores na superfície de células da mucosa intestinal
LUÍSA AKL URANKAR 2
Algumas hemácias se chocam nos trombos e são fragmentadas – tem-se a lesão mecânica
da hemácia, pois ela se choca no trombo e arrebenta
Se chegar um paciente para você e você suspeitar que esse paciente esteja apresentando
um quadro de algum processo trombótico e você solicitar o hemograma desse paciente e
no hemograma vier esquizócitos, esses esquizócitos são provavelmente fruto do choque das
hemácias nos trombos que estão sendo formados
IRA – insuficiência renal aguda, leva a um acúmulo de substâncias nitrogenadas no sangue
S. Typhisuis (suínos)
S. Abortusequi (equinos)
S. Pullorum
S. Gallinarum (aves)
Alguns sorovares (S. Dublin e S. Choleraesuis) altamente adaptados aos animais podem
acometer seres humanos e determinado um quadro septicêmico – jovens, pacientes com
doenças crônicas, idosos e imunocomprometidos
Atingem homens e animais
Salmonelas zoonóticas
Quadro de gastroenterite (enterocolite) ou por doenças de transmissão alimentar
Sua distribuição é mundial, sendo os alimentos os principais veículos de sua transmissão
São responsáveis por significantes índices de morbidade e mortalidade
Pequenos e grandes surtos – consumo de alimentos de origem animal, como ovos, aves,
carnes e produtos lácteos
➢ Zoonose mais difundida do mundo
➢ Controle representa um desafio para a saúde pública
➢ Emergência de novos sorovares e a reemergência de outros em determinadas áreas, tanto nos países
emergentes quanto nos industrializados
➢ O fator epidemiológico mais destacado nos animais é o estado de portador
➢ Principal via de transmissão – cadeia alimentar
➢ Aves – transmissão vertical ou horizontal
➢ Ovos sem cocção, ovos sem cozimento adequado – transmissão transovariana – disseminação para homem
(tortas, maionese, omelete)
➢ Principais sorovares – S. Enteritidis, S. Heidelberg, S. Agona e S. Virchow
➢ Transmissão horizontal – envolve todos os sorovares
➢ Pode ocorrer pelo meio ambiente, em que roedores assumem o papel de portadores assintomáticos, por
longos períodos (mais que 10 meses), disseminando tais microrganismos entre diferentes áreas
➢ Outra via, a qual ainda é objeto de especulação, está representada pelas rações
➢ Os produtos agrícolas não processados, como hortaliças e frutas, e os alimentos de origem animal, como
carnes cruas, leite e ovos, são veículos frequentes de salmonelas
➢ A contaminação de origem fecal é geralmente a fonte para os produtos agrícolas, pela exposição à água
contaminada
➢ Os animais ocupam o ponto central na epidemiologia das salmonelas entéricas, representando uma fonte de
infecção de grande importância sanitária, porém de difícil controle
LUÍSA AKL URANKAR 3
➢ Com exceção dos poucos sorovares adaptados à espécie humana, não há dúvida de que o homem contrai a
infecção, cuja manifestação clínica é gastrentérica, usualmente resultante do consumo de alimentos de origem
animal
➢ Então, as principais fontes de
contaminação para que
tenhamos uma Salmonelose é a
partir da contaminação das
salmonelas zoonóticas
➢ A resistência aos antimicrobianos se deve muito ao uso de antibióticos em ração para evitar a contaminação
de animais
➢ Fatores de virulência
Sua virulência é multifatorial
Incluem
Mobilidade – presença de flagelos de locomoção
Habilidade de penetrar e replicar nas células epiteliais
Resistência à ação do complemento – resistência à ativação do sistema complemento
Produção de entero, cito e endotoxinas, sendo desconhecido o exato papel de cada um para
a manifestação da doença
Em alguns sorovares, a virulência é mediada por um plasmídeo, que contém os genes spvR
ABCD (S. Dublin, S. Gallinarum e S. Choleraesuis)
Como são invasivas (o sorotipo é invasivo) temos a localização fora do intestino, ocasionando
ostemielite, hepatite, artrite
Os microrganismos penetram por via oral, invadem a mucosa intestinal, disseminam para a
submucosa e provocam enterocolite aguda
Normalmente o quadro diarreico é moderado, sem presença de sangue
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Em alguns quadros clínicos pode ocorrer tenesmo (paciente sente vontade de defecar mas
não consegue) e sangue nas fezes
➢ Síndromes clínicas
As infecções clínicas humanas determinadas por Salmonella spp apresentam quatro síndromes clínicas
distintas
Gastroenterite
Febre entérica – com bacteremia
Septicemia com ou sem infecções localizadas – ossos, pulmões, SNC
Portador assintomático
Entre a totalidade de sorovares, Salmonella Enteritidis e S. Typhimurium são os sorovares de maior
prevalência em casos de septicemia e infecções localizadas – maior capacidade de invadir, causar
sepse e localizar-se em outros tecidos desencadeando infecções que agravam o quadro do paciente
Infecções gastrointestinais
Pode variar com fezes diarreicas de características aquosas a fezes consistentes com sangue
e muco
O quadro regride, usualmente, de três a quatro dias
Pode ocorrer febre alta (39ºC) em cerca de 50% dos casos, normalmente de curta duração
(dois dias)
Cólicas abdominais leves a intensas (invasão de linfonodos – linfadenite mesentérica)
Desenvolvimento de síndrome do cólon irritado – SCI (diarreia branda persistente seguida de
quadro agudo de gastroenterite)
Em pacientes portadores de SCI, há persistência como portador assintomático em 31% após
cinco anos
O estágio de portador persiste por até nove semanas em 90% dos adultos, sendo, em
crianças menores de 5 anos, inferior a sete semanas
Normas de educação e higiene no manuseio de alimentos representam os principais aspectos
para minimizar o risco de transmissão alimentar
Infecções em outros sítios
Entre as complicações da gastroenterite
▪ Rabdomiólise
▪ Osteomielite e lesões endovasculares (7% a 10% dos pacientes maiores que 50 anos)
▪ Apendicite
▪ Peritonite
▪ Colecistite
▪ Pericardite
▪ Pleuropneumonia
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▪ Insuficiência renal
▪ Bacteremia – frequência mais elevada no sexo masculino (1% a 4% dos pacientes
imunodeprimidos). Risco de desenvolvimento de bacteremia em HIV é de 20 a 100
vezes maior do que na população normal
▪ Febre entérica é usualmente determinada por: S. Typhi, S. Paratyphi A e C e S. Sendai.
Pode ser também determinada por outros sorovares
Infecções do Sistema Nervoso Central
Meningites
Abcessos
Empiema subdural
A presença de diarreia e de outros sintomas gastroentéricos são apontados em 50% dos
casos
A maior prevalência dessas infecções ocorre entre pacientes de longo período de
hospitalização, drenagem cirúrgica e terapia antimicrobiana prolongada – antibiótico acaba
selecionando bactérias resistentes e começam a ter capacidade de invadir já que elas não
estão sendo delimitadas pela microbiota normal do paciente
Sorovares de maior prevalência em bacteremia e SNC – S. Typhimurium e S. Enteritidis
As infecções variam de bacteriúria a comprometimento de articulações (mais comuns), ossos e tecidos
e endocardites (menos de 1% dos casos). Podem ocorrer no baço e no trato genital, assim como em
complicações pulmonares
Então, a partir do trato gastrointestinal a salmonela invade e dependendo das condições do indivíduo
e do sorotipo pode desencadear um processo infeccioso secundário em outros tecidos
LUÍSA AKL URANKAR 1
➢ As bactérias desse gênero foram isoladas pela primeira vez em 1896, no Japão, enquanto o Dr. Kyoshi Shiga
estudava pacientes com disenteria
➢ Existem 4 espécies/sorogrupos classificadas de acordo com características bioquímicas/sorológicas
Shigella dysenteriae – forma mais
grave da disenteria bacilar (produz
shiga toxina)
Shigella flexneri – Shigelose em
países subdesenvolvidos
Shigella boydii – menor frequência
entre todos os 4 sorogrupos
Shigella sonnei – Shigelose em
países desenvolvidos
➢ Lembrando que dentro dos sorogrupos nós teremos ainda os sorotipos
➢ Classificação de sorogrupos
Baseada na combinação de um antígeno determinante presente na cadeia polissacarídica O,
componente do lipopolissacarídeo (LPS) presente na membrana externa da parede celular
As características sorológicas são de reação antígeno-anticorpo. Pesquisa-se antígenos na superfície
da bactéria – LPS fornece esses antígenos para que seja
possível diferenciar os grupos de Shigella
O LPS (endotoxina bacteriana) aparece em bactérias gram
negativas
O LPS de uma bactéria consiste de três regiões
Lipídio A
Núcleo de açúcares (interno)
Repetidas subunidades do antígeno O – parte antigênica, ou seja, é a parte do LPS que leva
à produção dos anticorpos
Na Shigella sp
▪ A subunidade do antígeno O é a triramnose
(rha)-N-acetil-glicosamina (N-ag)
LUÍSA AKL URANKAR 2
O mediador intracelular Nod-1 (RRP que está dentro das nossas células, não está exposto do lado de
fora – muito usado para reconhecer parasita intracelular) detecta a presença dos peptideoglicanos
bacterianos – desencadeia processos de recrutamento de PMN para o sítio da infecção – os PNM
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destroem a integridade da camada epitelial – mais bactérias entram na submucosa sem a necessidade
de passar pelas células M
Para entrar na submucosa não precisa mais da célula M – o fato do PMN ser atraído e levar
a um processo inflamatório na mucosa do intestino favorece a penetração da bactéria
A severa destruição da camada epitelial do intestino leva à deficiência de absorção de água, nutrientes
e solutos
Características patológicas da Shigelose – diarreia aquosa com aparecimento de sangue e muco nas
fezes
Ao usar a motilidade baseada em actina a bactéria induz protrusões que invadem as células vizinhas
Depois da lise da protrusão e membrana celular, Shigella sp reinicia o seu ciclo intercelular
Sem passos extracelulares – proteção da resposta imune
➢ S. dysenteriae
Única entre as espécies de Shigella sp a sintetizar uma poderosa citotoxina chamada toxina de Shiga
(Stx)
Esta toxina pertence a uma família de citotoxinas
Stx1
Stx2 com suas variantes (Stx2c, Stx2d, Stx2e e Stx2f) – são antigenicamente distintas e são
sintetizadas também pela E. coli produtora de Stx (STEC)
Evidências clínicas, epidemiológicas e experimentais de que ocorra a transmissão horizontal do gene
Stx por transdução (passagem de uma informação genética via vírus bacteriófago) entre Shigella sp,
STEC e outras Enterobacteriaceae
A toxina de Shiga fica no espaço periplasmático – liberada para o meio extracelular quando estas
morrem
Toxina de Shiga se liga a receptores glicolipídicos na superfície da célula – internalizada – inibe a
síntese proteica
Infecções com bactérias produtoras de Stx – SHU
A toxina de Shiga leva à lesão do epitélio do vaso sanguíneo, as células epiteliais do vaso sanguíneo
morrem, há exposição do subendotélio, que leva à ativação das plaquetas e das vias de coagulação e
aí o paciente vai apresentar a síndrome hemolítica urêmica (SHU)
SHU tríade: anemia hemolítica microangiopática (destruição de hemácias – choque das hemácias nos
microcoágulos), trombocitopenia (consumo de plaquetas), falência renal (quando os microtrombos são
formados nas vênulas renais e nas arteríolas renais)
LUÍSA AKL URANKAR 1
➢ Classificação da ITU
As Infecções do Trato Urinário (ITU) são classificadas como hospitalares e comunitárias
Hospitalar – se desenvolve 48h após a internação
Classificação anatômica
Baixa: invasão superficial de mucosas, como cistite e uretrite
Alta: invasão tecidual (parênquima), como pielonefrite e prostatite
Alterações estruturais ou funcionais do trato urinário
Não complicada (trato urinário normal) – anatomicamente não há alterações no trato urinário
Complicada (algum tipo de alteração estrutural ou funcional do trato urinário, incluindo gravidez,
obstrução, instrumentação ou sonda urinária) – acontecem em ambientes hospitalares
Recorrência da infecção
Episódio único – em torno de 50% das mulheres terão pelo menos um episódio de ITU
durante a vida
Recidiva: persistência da infecção pelo mesmo agente, surgindo sintomas em até três semanas
do término do tratamento (acontece principalmente quando a antibioticoterapia não é bem
feita, por exemplo o paciente interrompe o uso do antibiótico antes da hora correta)
Reinfecção: novo episódio por outro agente ou outra cepa do mesmo germe, apresentando
sintomas após três semanas do término do tratamento
➢ Aspectos clínicos
Cistite
Os pacientes com infecção urinária baixa, em geral, apresentam os sinais e os sintomas a
seguir
→ Dor, desconforto ou ardência para urinar (disúria)
→ Polaciúria – mecanismo de resposta do tecido aos agentes infecciosos
→ Urgência miccional
LUÍSA AKL URANKAR 4
A urina deve ser levada para o laboratório em até 2 horas à temperatura ambiente a abrigo
da luz
A urina se contamina com a microbiota no trato genital, na uretra distal
Quando se suspeita de cistite e pielonefrite vamos querer jato médio de urina
Quando há suspeita de uretrite, vai ser orientado ao paciente a coletar o primeiro jato de
urina
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Transporte da urina
→ Até 2 horas a temperatura ambiente (abrigo da luz)
→ Principais alterações se a urina não chegar em até 2h
▪ Degeneração de células e cilindros – presença de cilindros na urina pode
indicar proteinúria e lesão grave glomerular
▪ Consumo de glicose – o normal é não eliminar glicose na urina
▪ Elevação de pH – pelo metabolismo de bactérias na urina, o que alcaliniza o
pH da urina, pois essas bactérias degradam ureia e produzem amônia
▪ Positivação do nitrito – nitrito é um importante indicador de processos de
infecção urinária
▪ Redução de corpos cetônicos – corpos cetônicos podem estar presentes na
urina em grandes concentrações na cetoacidose diabética, por exemplo
▪ Aumento de bactérias
▪ Turbidez
▪ Degradação de bilirrubina e urobilinogênio – luz degrada bilirrubina e
urobilinogênio que são avaliados na tira, na reação química do EAS
Conservação
→ Refrigeração por até 24 horas para cultura
▪ EAS – discutível
▪ Elevação de densidade
▪ Alteração em testes físico-químicos após 24 horas
▪ Formação de precipitados amorfos – dificulta a visualização do sedimento
urinário no microscópio
▪ Outras alterações dependem do pH e densidade da urina
Análise – EAS
→ Exame físico-químico
→ Exame microscópico
→ Muito barato e simples no sentido de estrutura
→ Começa pela análise da cor e do aspecto da urina
▪ Todo laboratório deve padronizar os termos a que se refere à cor normal
da urina
▪ Amarelo citrino – cor normal
▪ Urina vermelha – resultado de hemoglobinúria ou hematúria
▪ Urina demonstrando aumento de bilirrubina – colúria (bilirrubina que sai na
urina é a bilirrubina direta)
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→ Nossos glomérulos filtram tudo que tem menos de 70 quilodalton de peso – água,
por exemplo. Mas, existe a reabsorção renal, que ocorre nos túbulos proximais, ao
longo do túbulo proximal, do túbulo distal, do ducto coletor, etc. A urina é um processo
final de filtração, é um processo final da reabsorção tubular (que é a volta das
substâncias de túbulos para o sangue) e de secreção tubular (passagem de
substâncias do sangue para dentro dos túbulos)
→ Normalmente proteínas não estão presentes na urina – você pode ter traços de
proteína na urina, que no caso seria albumina
→ No volume final de urina, você pode ter até 150 mg de proteína
→ Proteinúria: pode ser indicador de lesão glomerular
→ As maiores causas de lesão glomerular são diabetes e hipertensão. Em pacientes
reconhecidamente hipertensos e reconhecidamente diabéticos, vamos usar a proteína
na urina para monitorar o dano renal, uma vez que para esses pacientes pequenos
aumentos de proteína na urina podem ser sugestivos de dano renal precoce. Por
isso, recomenda-se que pacientes diabéticos e hipertensos realizem a
microalbuminúria, que é a dosagem de albumina na urina (sem ser pelo método da
tira, que é um método pouco sensível) pelo método de microalbuminúria que detecta
pequenas concentrações, pequenos aumentos de proteína na urina, o que é muito
importante para diabéticos e hipertensos
Testes – glicose
→ Princípio: Glicose-oxidase
→ Interferentes: ácido ascórbico, aspirina, L-dopa
→ Valor de referência: ausente
→ A glicose começa a aparecer na urina quando a glicose no sangue ultrapassa o limiar
renal, que é a concentração de uma substância no sangue que é filtrada nos rins e
completamente reabsorvida
→ Quando a glicose no sangue (glicemia) for até 180 mg/dL não costumamos apresentar
glicose na urina
→ Glicemia acima de 180 mg/dL indica o início de glicosúria
→ Aparecimento de glicose na urina pode significar diabetes, mas também pode
aparecer se houver lesão glomerular e o rim perder a capacidade de reabsorção
→ Lesão tubular
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Testes – cetonas
→ Princípio: Reação com nitroprussiato de sódio
→ Interferentes: fenilcetonas, L-dopa, derivados de fenolftaleína, medicamentos com
grupos sulfidrila (ex: captopril)
→ Valor de referência: ausente
→ Corpos cetônicos em altas concentrações na urina podem indicar crises de
cetoacidose diabética, mas em indivíduos que estão fazendo dieta alimentar para
perda de peso também há liberação de corpos cetônicos na urina (lipídio como fonte
de energia)
→ Significado clínico: cetoacidose diabética, jejum prolongado, dietas
Testes – hemoglobina
→ Princípio: Catalização da oxidação do indicador pelo peróxido de hidrogênio
→ Interferentes: mioglobina, peroxidase bacteriana (E. coli), nitrito, agentes oxidantes e
hemólise in vitro
→ Valor de referência: ausente
→ Reação positiva da hemoglobina na urina pode indicar hemoglobinúria, pode indicar
também que o paciente está fazendo hemólise intravascular e a hemoglobina está
saindo na urina, além de poder indicar hematúria (saída de hemácias na urina)
Testes – bilirrubina
→ Princípio: Diazo reação
→ Interferentes: ácido ascórbico, cor da urina (medicamentos)
→ Valor de referência: ausente
→ Apesar da BD ser solúvel em água e poder ser filtrada, pelo ciclo da bilirrubina
podemos inferir que ela não deve aparecer normalmente na urina
→ BD na urina vai ocasionar colúria – alteração de cor, aspecto acastanhado, cor de
coca-cola
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→ Por causa da bilirrubina, toda urina para EAS deve ser levada para o laboratório
protegida da luz, pois a luz degrada a bilirrubina
→ Significado clínico: icterícias hepato-celulares, icterícias obstrutivas
Testes – urobilinogênio
→ Princípio: Reação com sal estável de diazônio. Reação de Ehrlich
→ Interferentes: porfobilinogênio (Ehrlich), urinas pigmentadas, exposição à luz, altas
concentrações de nitrito
→ Valor de referência: até 1,0 mg/dL
→ Significado clínico: lesão hepática e hemólise
Testes – nitrito
→ Princípio: Reação de Griess
→ Interferentes: proliferação bacteriana in vitro, pouca estase vesical, ácido ascórbico,
pequena concentração de nitrato na urina
→ Valor de referência: negativo
→ O nitrato presente na urina é reduzido a nitrito pelas bactérias
→ Nitrito positivo fala a favor de microrganismos redutores de nitrato a nitrito, que são
as maiores causas de ITU (famílias das enterobactérias, onde se encontra a E. coli,
por exemplo)
→ Significado clínico: infecções urinárias por bactérias que reduzem nitrato a nitrito
Testes – leucócitos
→ Princípio: Atividade da leucócito esterase dos granulócitos
→ Interferentes: ácido ascórbico, proteinúria elevada, agentes oxidantes
→ Valor de referência: negativo
→ A tira reage com a enzima dos leucócitos
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→ Não dá para ter uma reação positiva assim para os leucócitos e olhar sem ver os
piócitos na lâmina. Se der positivo na tira, eu tenho que ver leucócito na lâmina
aumentado
→ Quanto maior a reação na tira, mais leucócitos eu tenho que ver na lâmina
→ Significado clínico: infecções urinárias e processos inflamatórios
➢ Microbiologia
BUNC
Urocultura
TSA
➢ Interpretação cultura
Para interpretarmos uma cultura de urina temos que levar em consideração os aspectos clínicos do
paciente, a contagem e o tipo de agente isolado, a técnica de coleta e a morfologia de colônias
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➢ ITU
Condição em que ocorre a multiplicação de um microrganismo e a invasão de mucosa (ou tecido
profundo) em algum segmento do trato urinário
Pode ser sintomática ou assintomática
➢ Bacteriúria assintomática
Homens sem uso de cateter vesical – corresponde ao isolamento bacteriano quantitativo de uma
única amostra de urina, colhida de forma
adequada, com contagem maior igual a 105
UFC/mL, num contexto assintomático
Homens com cateter vesical – isolamento de
uma única amostra com valores maior igual a
102 UFC/mL define bacteriúria assintomática
Para mulheres, são necessárias duas amostras
de urinas com isolamento bacteriano maior
igual a 105 UFC/mL
Tratar com antibióticos ou não irá depender
da situação, da interpretação clínica, das
normas de conduta para aquele paciente
naquela situação
➢ Cistite – ITU baixa
Apresenta-se habitualmente com disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor suprapúbica
A febre nas infecções baixas não é um sintoma usual
➢ Pielonefrite – ITU alta
Se inicia habitualmente com quadro de cistite, sendo frequentemente acompanhada de febre elevada,
geralmente superior a 38ºC
Febre, calafrios e dor lombar formam a tríade de sintomas característicos da pielonefrite, estando
presentes na maioria dos casos
➢ Coleta adequada
Amostra isolada
Primeira micção da manhã
Randômica (2 a 4 horas de retenção vesical)
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Orientação
→ Jato médio
→ Pós assepsia
Primeiro jato – identificação de uretrites
➢ ITU – Etiologias bacterianas
➢ Interpretação da cultura
Quantitativa (espécime diagnóstico passivo de contaminação no trato urogenital) e interpretativa
Aspectos clínicos
Contagem (alça calibrada) e tipo de agente isolado
Técnica de coleta
Morfologia de colônias
Na punção supra-púbica a interpretação é diferente
➢ Punção supra-púbica
Qualquer crescimento bacteriano em coleta de punção supra-púbica deve ser valorizada
Cuidado com Gram positivos da pele
Na punção supra-púbica, na emissão espontânea e na sonda, os estudos realizados por diversos
autores indicam que a contagem de bactérias em uma urina recém-coletada, a partir de paciente
infectado, deve determinar a presença de mais do que 100.000 (105) UFC/mL de urina. É relatado que
95% dos casos de pielonefrite apresentam contagens dessa ordem
➢ Emissão espontânea e sonda
Contaminantes mais comuns isolados não passam a contagem de 10.000 bactérias/mL de urina
Quantificações menores que 10.000 UFC/mL podem representar processos infecciosos
S. saprophyticus é frequentemente associado a processos infecciosos urinários acompanhados de baixa
quantificação
➢ BGN lactose positiva e negativa
Prova da lactose no CLED é lida para BGN
BGN lactose positivo: amarelo
BGN lactose positivo: placa é acidificada pela bactéria, que metabolizou a lactose e produziu ácido
➢ Proteus sp
CLED – Cystine Lactose Electrolyte Deficient Agar Bromothymol
Swarming em ágar sangue (espraiamento) – não cresce formando UFC
CLED deficiente em eletrólitos para contagem de UFC/mL
Colônias lactose negativas falam a favor do Proteus sp
Para que o Proteus sp cresça formando UFC o meio CLED é eletrólito deficiente
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➢ Introdução
Nós temos antibióticos que agem na parede celular das bactérias
Nós temos antibióticos que interferem na síntese proteica em diferentes etapas (ex: DNA girase –
abre o DNA para a síntese do RNAm)
Nós temos antibióticos que agem na fração de maior peso molecular do ribossomo
Nós temos antibióticos que agem na porção menor do ribossomo
Nós temos antibióticos antimetabólicos
São diversos grupos de antibióticos com diferentes mecanismos de ação que nós utilizamos para
tratar infecções – devemos utilizá-los de forma racional para que minimizemos a evolução das
resistências bacterianas em relação a essas terapias
➢ Beta Lactâmicos
Agem em parede celular bacteriana
Carbapenêmicos – atuam em bactérias com
perfis de resistência maior
Anel beta lactâmico é fundamental para que
esses antibióticos tenham os seus efeitos
preservados – muitas bactérias utilizam
como estratégias de resistência a quebra
desse anel
A quebra do anel tira a atividade do
antimicrobiano
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Bactérias produzem enzimas denominadas beta lactamases para quebrar o anel – há as beta
lactamases de espectro ampliado, que são responsáveis por quebrar e hidrolisar o anel beta lactâmico
de diferentes classes como penicilina e cefalosporina
➢ Finalidade do laboratório de Microbiologia Clínica
Tem como objetivo fornecer informações sobre a presença ou ausência de microrganismos
relacionados a processos infecciosos
Deve também realizar os respectivos testes de sensibilidade aos antimicrobianos (é fundamental a
liberação do perfil de resistência dos microrganismos que foram identificados)
➢ Antibiograma
Avalia o padrão de sensibilidade da bactéria frente a concentrações pré-estabelecidas de antibióticos,
correlacionadas com níveis séricos, após doses usuais, em pacientes em condições de normalidade
No antibiograma expomos a bactéria ao antibiótico em condições normais, em concentrações que o
antibiótico atinge à nível sérico
➢ TSA
Fundamental para orientação terapêutica
Permite monitorar a evolução de resistências e direcionar as estratégias na terapêutica empírica – a
terapia empírica é aquela baseada na literatura e na experiência (evolui justamente pelo conhecimento
que temos de resultados dos testes de sensibilidade quando isolamos o microrganismo e o identificamos
a partir de um processo infeccioso)
Os antimicrobianos devem ser testados em função da espécie bacteriana e do sítio de infecção
considerando-se resistências naturais e adquiridas (que podem surgir a partir do contato com o
microrganismo com os antibióticos)
A atividade dos antimicrobianos no teste é determinada segundo condições artificiais
Reflete duas variáveis: a droga e a bactéria
Não considera outros aspectos (idade, local da infecção, função renal, função hepática, etc) – isso
justifica pois in vitro esperamos um bom resultado com a antibioticoterapia e in vivo o paciente não
evolui bem
Metodologia padronizada e referenciada
TSA – padronização do método
Orientações e as recomendações de como devem ser realizadas as metodologias são
publicadas e atualizadas por comitês que representam organizações especializadas na
padronização do antibiograma
▪ CLSI – Clinical and Laboratory Standards Institute – USA
▪ EUCAST – European Commitee on Antimicrobial Susceptibility Testing
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▪ EUCAST/BrCAST
▪ Isso corresponde mais ou menos ao intermediário, que é um conceito do CLSI
Intermediário (I)
▪ Atividade associada a efeito terapêutico incerto, menor do que para isolados sensíveis,
correspondente à eficácia clínica em sítios nos quais o antimicrobiano é
fisiologicamente concentrado ou quando utilizada dosagem maior do que a habitua
▪ CLSI
▪ Existe a possibilidade de fracasso terapêutico mesmo se você puder aumentar a
exposição, mas é possível também que o tratamento funcione
Sensível dose dependente (SDD)
▪ Sensibilidade dependente da dose utilizada no tratamento. Para atingir níveis
clinicamente eficazes, é necessário usar doses mais altas e/ou mais frequentes,
resultado em maior exposição ao antimicrobiano
▪ CLSI
TSA
Metodologias
▪ Avaliação qualitativa
→ Disco difusão em ágar (Kirby e Bauer)
→ Informa se a bactéria é sensível, se é resistente, se é sensível com aumento
de exposição, etc
▪ Avaliação quantitativa
→ Teste epsilométrico ou gradiente de concentração em fita
o EtestR
o M.I.C. EvaluatorR
o LiofilchemR MIC Test Strip
→ Nos informa a concentração inibitória mínima do antibiótico, que é a
quantidade mínima necessária para que o antibiótico atinja a nível sérico para
exercer sua função, no caso a sua função terapêutica
▪ Avaliação semi-quantitativa
→ Diluição em caldo
→ Diluição em ágar
➢ Método qualitativo
Difusão em ágar – Kirby e Bauer (1966)
Utilizado rotineiramente
Fácil execução
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Densidade do inóculo
▪ Preferencialmente suspensão direta
em salina – apropriado para todos os
microrganismos
▪ É a quantidade de bactérias que eu
vou utilizar para fazer o TSA
▪ Escala de Mcfarland
→ Escala de turvação
→ É uma escala de uma série de tubos de um menos turvo para um mais
turvo
→ É uma escala química e que, dentro desses
tubos, existe um tubo 0,5 na escala de turvação que
corresponde à quantidade de bactéria que eu preciso
(1,5 X 108 UFC/mL)
→ Conferir a densidade óptica da suspensão
em um espectrofotômetro com trajeto de luz de 1 cm
em cubetas apropriadas
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Leitura
▪ Placas semeadas devem apresentar crescimento confluente
▪ O crescimento deve ser uniformemente distribuído na superfície do ágar
▪ Verificar se os diâmetros dos halos de inibição das cepas de controle de qualidade
estão dentro dos limites aceitáveis
Controle de qualidade
▪ Fundamental no TSA
▪ Utiliza cepas ATCC (American Type Culture
Collection) – já sabemos o perfil bioquímico e
qual é o resultado dessas bactérias para todos
os antibióticos que são preconizados para a
infecção por essas bactérias. São cepas que
nos permitem testar os meios de cultura, os
métodos de identificação e o antibiograma
→ Neisseria meningitidis;
→ Haemophilus influenzae
Bacteremia polimicrobiana é rara
→ Índice de positividade varia de 10 a 15%
→ Abaixo de 5% ou muito acima de 15% rever adequação de pedidos pelo serviço
➢ Indicações clínicas
Antes de antibioticoterapia (caso o paciente já esteja utilizando o antibiótico, utilizar frascos com
inibidores de antibióticos e fazer a hemocultura antes da próxima dose do antibiótico, por exemplo,
em um paciente que esteja fazendo o uso de 8 em 8 horas)
Pacientes com quadro sugestivo de infecção (sepse) e febre acima de 38ºC ou hipotermia (34ºC).
Leucocitose (> 12.000/mm3 com desvio à esquerda especialmente) – “desvio à esquerda” = quando
temos precursores imaturos de neutrófilos aparecendo no hemograma, mostra que a medula está
tentando compensar uma necessidade de células e, provavelmente, o paciente está em processo
infeccioso
Leucopenia (< 4.000/mm3);
Em crianças com queda de estado geral;
Em idosos com mialgia, sinais de AVC, mal estar
Choque, calafrios, rigor;
Infecções locais graves (meningite, endocardite, pneumonia, pielonefrite etc.);
Frequência cardíaca elevada;
Diminuição ou elevação da pressão sanguínea;
Frequência respiratória elevada
➢ Técnica de coleta
A desinfecção cuidadosa da pele é essencial para evitar a presença de organismos da microbiota que
podem confundir resultados – o que mais pode confundir resultado é quando isolamos na cultura de
sangue um Gram positivo (para antissepsia da pele utiliza-se, de rotina, álcool 70%)
Tintura de iodo (1 – 2%);
Clorexidina alcoólica (0,5 – 2%).
O tratamento deve também ser aplicado a rolha do frasco de cultura
Hora da coleta
Precocemente ao início dos sintomas e antes da antibioticoterapia.
Embora seja uma prática comum obter hemoculturas em intervalos de 30 a 60 minutos,
existem estudos mostrando que não há diferenças significativas quando as amostras são
coletadas simultaneamente ou em intervalos de tempo
A coleta de amostras em intervalos de tempo está para situações específicas
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➢ Hemoculturas – automação
Vantagem em relação à rapidez dos resultados e diminuição do trabalho técnico
BacT/ALERT (bioMérieux)
Frascos aeróbios e anaeróbios
Volume
→ Adultos até 10 mL
→ Pediátrico até 5 mL
Frascos com agitação constante
Monitoramento contínuo: 10 minutos
Quando o sangue com a bactéria é injetado dentro do frasco, a bactéria vai utilizando o meio
de cultura para o seu metabolismo, vai se multiplicando e produzindo CO2. Dentro do frasco
já há uma atmosfera, mas o aumento vai começar a mudar o pH do líquido de dentro do
frasco
Quando começa a acidificar, o fundo do frasco começa a mudar de cor, de acordo com a
produção do CO2 pelo microrganismo
Sensor colorimétrico para detecção da produção de CO2 pelo microrganismo
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