Microbio(1) 3

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LUÍSA AKL URANKAR 1

➢ Bactérias móveis Gram negativas


➢ Três gêneros importantes do ponto de
vista epidemiológico: Borrelia,
Leptospira e Treponema
➢ Treponema pallidum: causadora da
sífilis
➢ Classificação das espiroquetas – Ordem: Spirochaetales
Família Spirochaetaceae
▪ Gêneros
→ Spirochaeta
→ Cristispira
→ Serpulina
→ Treponema
→ Borrelia
Família Leptospiraceae
▪ Gêneros
→ Leptonema
→ Turneria
→ Leptospira
➢ Características gerais da ordem Spirochaetales
Microrganismos finos e flexíveis
Forma espiralada – nessa espiral que esses microrganismos possuem existe um flagelo que confere
locomoção (não é um flagelo livre, é um flagelo que está preso na estrutura da bactéria – filamento
axial)
Móveis – filamento axial (é o que permite que a bactéria contraia e faça o seu movimento em saca-
rolha, o que ajuda esse microrganismo a penetrar na região, por exemplo, do trato genital)
Gram negativos
Aeróbios, anaeróbios facultativos, microaerófilos ou anaeróbios
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➢ Gênero Treponema – espécies patogênicas para o homem


Treponema pallidum pallidum
Treponema pallidum pertenue
Treponema pallidum endemicum
Treponema carateum
➢ Etiopatogenia
A penetração do treponema é realizada por pequenas abrasões decorrentes da relação sexual –
infecção sexualmente transmissível. Ao penetrar nessa lesão, temos uma reação imunológica local e
a lesão típica que acontece na contaminação (que é o cancro duro) acontece pela resposta
imunológica à penetração do parasita
O treponema atinge o sistema linfático regional e, por disseminação hematogênica, outras partes do
corpo
A resposta da defesa local resulta em erosão e exulceração no ponto de inoculação – formação de
úlceras no ponto da inoculação. São lesões que não doem, são lesões secas e recebem a denominação
de “cancro duro”
➢ Transmissão
Via sexual (sífilis adquirida)
▪ Forma mais comum de contaminação e transmissão da sífilis
Verticalmente (sífilis congênita)
▪ Transplacentária
▪ A transmissão e a contaminação da criança em relação à sífilis vertical podem acontecer em
qualquer momento da gestação – acontece principalmente quando a gestante está nas fases
de sífilis primária e secundária
▪ A contaminação da criança no momento do parto, nos órgãos genitais da mãe, é um processo
mais difícil de contaminação
Contato com as lesões contagiantes (cancro duro e lesões secundárias) pelos órgãos genitais
▪ Responsável por 95% dos casos de sífilis
Via indireta (objetos contaminados, tatuagem) e por transfusão sanguínea
▪ Mais raras
▪ A transfusão sanguínea não fornece a lesão característica do local da contaminação da sífilis
que acontece no trato genital – por isso a literatura usa o termo para esse tipo de
contaminação como “sífilis decapitada”. Na transfusão sanguínea a bactéria irá ganhar a
corrente sanguínea, não penetra causando lesão e nem causando a lesão típica da sífilis que
é o cancro duro
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➢ Epidemiologia
No período de 2010 a junho de 2019 foram notificados no Sinan um total de 650.258 casos de sífilis
adquirida
➢ Sífilis primária
Lesão característica: protossifiloma ou cancro duro
Localiza-se na maioria dos casos (95%) na genitália ou adjacências – também pode ocorrer na mucosa
oral
Úlcera redonda, indolor, superfície limpa, firme à palpação, recoberto por material seroso, base lisa e
amarelada
Cancro duro surge no local da inoculação em média três semanas após a infecção
▪ Pápula de cor rósea
▪ Evolui para um vermelho mais intenso
▪ Exulceração
➢ Sífilis secundária
Se desenvolve de 2 a 6 semanas após o cancro primário – vai depender das características do
indivíduo, aspectos imunológicos de cada um, estado nutricional, etc
Condiloma lato ou plano
Máculas eritematosas, pápulas, pústulas (sifílides)
Alopécia areata – queda de cabelo
Áreas cutâneas despigmentadas
(leucoderma sifilítico)
Testes treponêmicos específicos e
inespecíficos positivos)
➢ Sífilis latente
Não existe sinal externo de infecção – fase
assintomática
Testes sorológicos positivos
30% dos casos – cura espontânea (vai
variar com as características imunológicas
de cada um)
30% dos casos – sífilis persiste latente
40% dos casos evolui (após alguns anos) para terciária
➢ Sífilis terciária
Os pacientes nessa fase desenvolvem lesões localizadas envolvendo pele e mucosas, sistema
cardiovascular e nervoso, desenvolvendo a neurossífilis, que tem como sintomas a demência,
alterações de comportamento, agressividade, etc
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▪ Formação de granulomas destrutivos (gomas) e ausência quase total de treponemas quando


se investiga no tecido
As lesões são solitárias ou em pequeno número, assimétricas, endurecidas com pouca inflamação,
bordas bem marcadas, policíclicas ou formando segmentos de círculos destrutivas
Sistema cardiovascular
▪ Mais comum é a aortite (70%), principalmente aorta ascendente, e na maioria dos casos é
assintomática
▪ As principais complicações da aortite são o aneurisma, a insuficiência da válvula aórtica e a
estenose do óstio da coronária
Lesões oftalmológicas
▪ Atrofia do nervo óptico e alterações pupilares
Neurossífilis
▪ Alterações comportamentais: inclusive quadros de paranoia

➢ Sífilis Congênita
Resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum
A transmissão vertical pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio clínico da doença materna
Taxas de transmissão vertical do T. pallidum
▪ Em mulheres não tratadas é de 70 a 100%, nas fases primária e secundária da doença
▪ Fases tardias (latente tardia e terciária) – 30%
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Há possibilidade de transmissão direta por meio do contato da criança pelo canal de parto, se houver
lesões genitais maternas
Durante o aleitamento, ocorrerá apenas se houver lesão mamária por sífilis
Ocorre aborto espontâneo, natimorto ou perinatal em aproximadamente 40% das crianças infectadas
a partir de mães não-tratadas
Acreditava-se que a infecção do feto a partir da mãe com sífilis não ocorresse antes do 4º mês de
gestação, entretanto, já se constatou a presença de T. pallidum em fetos, já a partir de 9 semanas
de gestação
Dois estágios
▪ Precoce (diagnosticada até 2 anos de vida)
→ Prematuridade
→ Baixo peso ao nascimento
→ Hepatomegalia com ou sem esplenomegalia
→ Lesões cutâneas (pênfigo palmo-plantar)
→ Periostite ou osteíte ou osteocondrite (com alterações características ao estudo
radiológico)
→ Pseudoparalisia dos membros
→ Sofrimento respiratório com ou sem pneumonia
→ Rinite sero-sanguinolenta
→ Icterícia – aumento da bilirrubina por acometimento hepático
→ Anemia e linfadenopatia generalizada
→ Petéquias, púrpura, fenda labial, síndrome nefrótica, hidropsia, edema, convulsão e
meningite
→ Entre as alterações laboratoriais incluem-se
o Anemia
o Trombocitopenia – queda de plaquetas
o Leucocitose (pode ocorrer reação leucemóide, linfocitose e monocitose) ou
leucopenia
▪ Tardia (após esse período)
→ As principais características dessa síndrome incluem
o Tíbia em “Lâmina de Sabre”
o Articulações de Clutton – é uma artrite por mecanismo de hipersensibilidade
(quadros autoimunes – mecanismos de hipersensibilidade a partir de
autoimunidade, formados por reação imunológica à presença das
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espiroquetas), que em geral acomete os joelhos bilateralmente. Dói pouco


mas resulta em edema articular
o Fronte “olímpica”
o Nariz “em sela”
o Dentes incisivos medianos superiores deformados (dentes de Hutchinson)
o Molares em “amora” – também chamados de “molares de Mulberry”,
possuem uma superfície oclusal constituída por múltiplos e pequenos
tubérculos com cúspides pouco desenvolvidas e indistinguíveis, dando ao
dente um aspecto de amora. É provocado pela hipoplasia do esmalte
o Rágades periorais
o Mandíbula curta
o Arco palatino elevado
o Ceratite intersticial
o Surdez neurológica
o Dificuldade no aprendizado
o Catarata congênita
Outras situações
▪ Óbito fetal (natimorto) por sífilis
→ Define-se natimorto por sífilis todo feto morto, após 22 semanas de gestação ou
com peso igual ou maior a 500 gramas, cuja mãe portadora de sífilis não foi tratada
ou foi inadequadamente tratada
▪ Aborto por sífilis
→ Define-se aborto por sífilis toda perda gestacional, ocorrida antes de 22 semanas de
gestação ou com peso menor a 500 gramas, cuja mãe é portadora de sífilis e não
foi tratada ou foi inadequadamente tratada
➢ Diagnóstico
Clínico
Demonstração do T. pallidum na lesão – coletar material da lesão do paciente
▪ Fracamente coradas por Gram
▪ Bactérias extremamente delgadas – largura
inferior ao poder de resolução do
microscópio óptico comum
→ Microscopia de campo escuro
o Ajusta o condensador
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o Campo escuro e vemos o realce da espiroqueta


o Pesquisa indicada na fase da sífilis primária
→ Impregnação pela prata
(Fontana-Tribondeau)
o Não é coloração
o A prata aumenta
a espessura da
célula bacteriana
o Aumento da
capacidade
de enxergar
a espiroqueta
→ Imunoflorescência
o Direta
o Indireta
Sorológico
▪ Testes não-treponêmicos: VDRL e RPR com a cardiolipina – não pesquisam diretamente a
espiroqueta
→ VDRL: Veneral Disease Research Laboratory – no reagente vem as micropartículas
de colesterol e o antígeno (cardiolipina)
o A bactéria, o T. pallidum, tem na sua parede celular fosfolípides de estrutura
semelhante à cardiolipina
o Quem tem sífilis produz anticorpos contra esses fosfolípides, que são
chamados reaginas (anticorpos)
o Então, se o indivíduo possui contato com a estrutura da parede da bactéria,
ele produz esses anticorpos que são as reaginas. Então, coletamos o sangue
do paciente, separamos o soro e em uma placa de leitura VDRL você pinga
o reagente e o soro do paciente. Se o paciente tiver anticorpos, ao
observamos em microscópio vamos ver a formação de um floculado
(imunocomplexo)
o As partículas de colesterol estão presente no reagente para aumentar e
amplificar a formação desse floculado
o Não é específico – outras doenças levam à produção desses anticorpos
(reaginas)
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o Falamos muito a favor de sífilis quando esses anticorpos são produzidos em


um título, em uma concentração, acima de 1 para 16 em termos de diluição
do soro do paciente com soro fisiológico
▪ Testes treponêmicos: FTA – ABS, TPHA e TPI – pesquisam diretamente a espiroqueta
→ TPI – prova de imobilização dos treponemas
o Padrão ouro (Nelson e Meyer – 1949)
o Execução dispendiosa e trabalhosa levou-a a permanecer restrita à área
acadêmica
o Necessários treponemas vivos (inoculações em testículos de coelhos – cepa
de Nichols, 1917)
o Os treponemas vivos assim obtidos serão imobilizados pela presença de
anticorpos imobilizantes no soro
❖ Se 50% ou mais deles são imobilizados – resultado é positivo
(doença)
❖ Se menos de 20% são imobilizados – resultado é negativo
❖ Apresenta alta sensibilidade e especificidade (99%)
❖ Falso negativo – presença de antibióticos no soro que foi coletado
do paciente

→ FTA-ABS: imunoflorescência indireta


o É o mais sensível dos 3 em
todas as fases da sífilis
→ TPHA: hemaglutinação para T. pallidum

Recomenda-se na fase primária a pesquisa da


espiroqueta em microscopia de campo escuro –
coletar material da lesão e pesquisar a
espiroqueta nesse material – isso nos fornece
quase 100% de sensibilidade

→ TPHA
o Reação de aglutinação de eritrócitos sensibilizados com Ag do T. pallidum –
soro Ac anti-T. pallidum
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o Em hemácias de aves prendemos o antígeno da bactéria. Quando eu faço


isso, eu digo que sensibilizei a hemácia. Coleto o sangue do paciente e coloco
uma gota dessas hemácias em uma plaquinha e adiciono o soro com os
anticorpos do paciente
o Se ocorrer ligação antígeno-anticorpo ocorre aglutinação
o Se o paciente não tiver anticorpos contra o treponema, os anticorpos não
se ligarão nas hemácias e as hemácias, por gravidade, irão para o fundo da
plaquinha
o Então, após adicionar hemácia sensibilizada e o soro do paciente, depois de
40 minutos, se não formar o botão de hemácias no fundo, significa que as
hemácias foram aglutinadas – sendo o resultado para anticorpos positivos

➢ Teste rápido Sífilis


Pesquisa de anticorpos
▪ Ao colocar a gota de sangue do paciente, o
sangue por dentro da plaquinha irá se
movimentar em direção aos anticorpos do
ouro coloidal. Esses anticorpos de ouro
coloidal vão se prender aos anticorpos
humanos, e vão junto seguir em direção ao
antígeno (com o nosso sangue, com o
nosso anticorpo). Se eu tiver anticorpos
contra os antígenos da sífilis, o meu
anticorpo contra o antígeno da sífilis vai
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agarrar no antígeno da sífilis e, pelo próprio movimento, tem um segundo anticorpo na placa
contra anticorpo do ouro coloidal. Esse segundo anticorpo é o anticorpo onde eu vou ler com
controle
▪ O primeiro risco é o teste e o segundo risco é o controle mostrando que o anticorpo com
o ouro coloidal está funcionando, está conseguindo corar a plaquinha
▪ Controle: ouro coloidal sozinho preso pelo anticorpo que está na placa
▪ Teste: onde está o antígeno onde o anticorpo se prendeu

➢ Tratamento
Penicilina é o antibiótico de escolha, tetraciclina, eritromicina, cloranfenicol ou cefalosporina
➢ Controle
Prática de sexo seguro
Tratamento do parceiro sexual
Redução do número de parceiros
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Parte 1
➢ Na família das enterobactérias encontramos importantes agentes causadores de infecção humana
➢ A bactéria mais isolada de espécimes diagnósticos humanos pertence à essa família, que no caso é a E. coli
➢ Enterobacteriaceae
Mais de 46 gêneros, centenas de
espécies e subespécies e milhares
de sorotipos
Taxonomia e classificação se
baseiam em propriedades
bioquímicas, estruturas antigênicas
(antígenos vão desencadear
produção de anticorpos) e sequenciamento genético (por biologia molecular)
É importante identificar e classificar para que possamos reconhecer um eventual patógeno de
interesse clínico humano ou animal
Família composta por bactérias gram negativas de estrutura bacilar
➢ Sorologia – Estudo das reações antígeno-
anticorpos (estuda a composição antigênica dessas
bactérias)
Sorotipos: diferentes linhagens de um
patógeno distinguidas pelos diferentes
anticorpos que eles induzem no
hospedeiro, ou com os quais reagem in
vitro
Sorogrupos: quando há antígenos iguais
em diferentes sorotipos estes podem ser
agrupados e denominados como “sorogrupo”
As enterobactérias podem apresentar cápsula (que é uma importante estrutura de virulência –
antígenos capsulares são os chamados antígenos K)
Existem os antígenos que estão na parede celular, os antígenos O ou somáticos
Existem os antígenos que estão localizados no flagelo da bactéria – antígenos flagelares ou antígenos
H
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A mesma espécie pode apresentar bactérias com antígenos diferentes: pode ter uma E. coli com um
determinado antígeno somático e uma outra E coli que tem um outro antígeno – essas diferenças
antigênicas caracterizam os sorotipos
Variação de fase antigênica
 Antígenos capsulares K e flagelares H estão sob controle genético do microrganismo e podem
ser expressos alternadamente (variação de fase)
 Isto protege a bactéria da morte mediada pelo anticorpo
 As vezes, de acordo com a fase e do ciclo de divisão da bactéria, ela pode expressar um
determinado antígeno e deixar de expressar esse determinado antígeno – essa variação de
expressão antigênica dificulta muito a nossa imunidade adquirida por parte dos anticorpos (que
são glicoproteínas e são a forma mais eficiente de se combater um parasita extracelular que
o nosso sistema imune desenvolveu)
 Quando a bactéria possui essa variação antigênica ela dificulta a ligação dos anticorpos nos
antígenos da bactéria e a sua opsonização
 Então, essa variação de fase antigênica pode ser considerada como mecanismo de escape
da bactéria no nosso sistema imunológico
➢ Características
Microrganismos ubíquos encontrados no
solo, água, vegetação e na microbiota
intestinal
Causam 30 a 35% de todos os casos
de sepse e 70% das ITU (infecções de
trato urinário)
Em infecções urinárias destaca-se a E.
coli

E. coli e K. pneumoniae dependendo da cepa podem


se comportar como oportunistas
Patógenos oportunistas vão causar doenças em
determinadas condições, em alguns hospedeiros imuno-
suscetíveis, imunocomprometidos, imunodebilitados, etc
Bastonentes gram negativos não formadores de
esporos
Flagelo para locomoção, cápsula e fímbrias (depende
da espécie)
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Anaeróbios facultativos
Crescem em ágar-sangue – sendo que alguns mostrarão capacidade hemolítica nesse meio de cultura
No caso específico de infecção urinária e de infecções do trato gastrointestinal as fímbrias são muito
importantes, pois para a bactéria vencer o peristaltismo intestinal e se fixar no intestino ela precisa de
fímbrias. Para vencer o próprio trânsito urinário no trato urinário a bactéria também precisa de fímbrias
para se aderir com o objetivo de causar infecção

Estrutura da parede Gram negativa: peptideoglicano fino, existe espaço periplásmico abaixo do
peptideoglicano e acima dele também, possui uma camada (membrana externa) que não existe na
parede gram positiva
A parede Gram negativa possui menos resistência osmótica, mas é bem mais complexa pela presença
da membrana externa
Na membrana externa da parede Gram negativa temos a presença do LPS (endotoxina bacteriana)
Presença de endotoxina
bacteriana na membrana externa
da parede Gram negativa –
lipopolissacáride (LPS)
LPS é termoestável e é o
principal antígeno da parede
celular
No LPS temos uma região onde
estão os antígenos O, temos um
polissacarídio central e a parte
lipídica (lipídio A)
A endotoxina (LPS) só se apresenta na parede Gram negativa
Alguns representantes dessa família também são capazes de produzir exotoxinas (varia com o gênero)
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Exotoxina poderá ser produzida pelas bactérias e aí poderá modificar o funcionamento de uma célula
ou pode levar à morte da célula do hospedeiro, inibindo síntese proteica, por exemplo
 Depende da estrutura da toxina produzida
Estrutura do LPS
 Lipídeo A é o que confere a característica de endotoxina

 O lipídeo A possui grande capacidade de ativar células do sistema imune, como os macrófagos,
e levar à produção de grande quantidade de citocinas pró-inflamatórias (fator de necrose
tumoral, IL-1, IL-6, quimiocinas, etc)
 Então, se tivermos uma infecção em que tivermos uma grande liberação de endotoxina (e
ela é liberada durante a multiplicação do bacilo Gram negativo ou após a morte do bacilo
Gram negativo), essa grande quantidade de LPS será proporcional à ativação da atividade
imunológica – você pode ter produção de citocinas de forma exacerbada levando a uma
resposta imune intensa e podendo levar o indivíduo ao que chamamos de choque séptico
 Na imagem abaixo temos um macrófago fagocitando um representante da família das
enterobactérias (gram negativas). Reconheceu pelos PAMPs (LPS é um PAMPs). O macrófago
reconhece através dos receptores de reconhecimento padrão (RRP), fagocitam, matam o
microrganismo, iniciam o processo de apresentação de antígeno para o linfócito T, mas esse
macrófago também iniciará produção de citocinas que irão agir, por exemplo, no hipotálamo
(desencadeando febre e outros mecanismos pró-inflamatórios)
 Quanto mais citocinas produzidas, maior será a repercussão clínica desse processo imune
 Se você produzir uma quantidade exacerbada de citocinas e aí quanto mais endotoxinas
bacterianas tiver, maior é essa possibilidade; você pode ter as consequências clínicas do
excesso de citocinas pró-inflamatórias, como o que acontece no choque séptico
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 No choque séptico é preciso cuidar do paciente em relação ao processo infeccioso e às


consequências da exacerbação de citocinas pró-inflamatórias

➢ Patogenicidade
Virulência – característica multifatorial (possuir uma estrutura de virulência não significa que a bactéria
vai necessariamente causar doença. Muitas vezes temos que ter fatores de virulência combinados
para conseguir invadir, desencadear um processo infeccioso e levar à doença. Esses genes que
conferem esses fatores de virulência muitas vezes estão no material genético plasmidial ou no
cromossomo de uma bactéria)
 Genes de virulência – contidos em ilhas de patogenicidade no cromossomo bacteriano (PAIs
– Pathogenicity Islands) ou em material
genético extra-cromossômico
(plasmídios)
 As ilhas de patogenicidade
são regiões do DNA que possuem
genes, muitas vezes próximos entre si,
todos ligados a estruturas de virulência
 Esses genes que estão nas
ilhas de patogenicidade podem, por
exemplo, conferir à bactéria
capacidade de produzir uma toxina que causa diarreia, fornecer à bactéria os sideróforos para
a captação de ferro (bactéria precisa de ferro para seu metabolismo), fímbrias para aderência,
antígenos capsulares (cápsula dificulta fagocitose e ligação do sistema complemento),
citotoxinas que inibem a síntese proteica e ocasionam morte celular, antígenos O na parede
celular para inibir a fagocitose, antígenos H pois o flagelo confere a algumas bactérias motilidade
e isso dificulta também a fagocitose e permite que a bactéria se desloque até um local mais
favorável
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 Características gerais de fatores de virulência: esses fatores podem vir de genes que estão
em conjunto no DNA do cromossomo da bactéria ou no plasmídeo (que é DNA fora do
cromossomo, que as bactérias muitas vezes trocam entre si)
▪ Esses genes que conferem essas estruturas de virulência estão, muita vezes, nas
ilhas de patogenicidade que essas
bactérias possuem
➢ Características bioquímicas da família Enterobacteriaceae
Fermentação da glicose
Citocromo oxidase negativa – não produzem a
enzima citocromo oxidase
Redução de nitrato a nitrito
Crescimento em meio MacConkey – esse meio
inibe gram positivos, possui sais biliares que não
permitem o crescimento de bactérias gram positivas.
Nos fornece uma prova, que é a prova da lactose,
pois ele possui lactose como fonte de carboidrato.
Além disso, quando a bactéria cresce no MacConkey e muda a cor dele para rosa, ele te diz que a
espécie que cresceu ali é lactose positiva
Então, o meio de MacConkey já nos direciona um pouco ao diagnóstico

Para bacilos gram-negativos a primeira coisa que fazemos é a prova de fermentação da glicose
 Fermentação da glicose: se ela se mostrar positiva, com oxidase negativa, estamos diante da
família das enterobactérias
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 Fermentação da glicose: se ela se mostrar positiva e se for oxidase positiva, estamos diante
de outros gêneros
 Fermentação da glicose: se ela se mostrar negativa e se for oxidase positiva, teremos vários
gêneros, sendo o mais importante o Pseudomonas spp. (Pseudomonas aeruginosa é o não
fermentador oxidase positiva de maior importância clínica)
 Fermentação da glicose: se ela se mostrar negativa e for oxidase negativa, teremos também
vários gêneros, sendo o mais importante o Acinetobacter spp (é o segundo não fermentador
mais importante em termos clínicos)
Abaixo temos os principais gêneros de enterobactérias de importância clínica

➢ Gênero: Escherichia sp
Espécies
 E. coli – é a mais importante de acordo com o aspecto clínico
 E. hermanii
 E. fergusonii
 E. vulneris
 E. blattae
 E. albertii
 E. adecarboxylata
 E. marmotae
➢ E. coli – Theodor Von Escherich (1885)
São 200 sorotipos
É uma bactéria da microbiota gastrointestinal
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Patogenicidade de E. coli se manifesta por um mecanismo multifatorial e complexo que envolve vários
fatores de virulência, que variam de acordo com o sorotipo – diferentes fisiopatologias e diferentes
sintomatologias
Dentre esses fatores, o potencial patogênico de algumas cepas se deve a ganhos genéticos ocorridos
durante o processo evolutivo da espécie, devido à aquisição de genes de virulência, por meio de
mutações ou transferência horizontal de material genético
Patotipos
 Diferenças em capacidades patogênicas
 Temos E. coli capazes de causar infecções fora do ambiente intestinal, como a UPEC, NMEC
e SePEC
 Temos E. coli capazes de causar infecções no trato gastrointestinal, como a EPEC (a EPEC
possui importância epidemiológica apenas em crianças), ETEC (responsável pela diarreia dos
viajantes), EHEC (muito relacionada com a ingestão de carne crua contaminada), EIEC, EAEC
e DAEC
 EAEC e DAEC são menos importantes e são aqueles que menos conhecemos os
mecanismos de patogenicidade

Estruturas de virulência
 Plasmídeos que podem ser trocados
 Vem de vírus bacteriófago – troca de informação genética via vírus bacteriófago
 Esses fatores de virulência podem ser transferidos e trocados entre bactérias diretamente ou
via vírus ou capta do ambiente de uma bactéria que morreu e a bactéria vai assim adquirindo
e reforçando seu mecanismo de patogenicidade
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➢ E. coli UPEC
UPEC – E. coli uropatogênica
Apesar de existirem estirpes UPEC no trato intestinal humano, essas são distintas da maioria das
estirpes de E. coli comensais, uma vez que possuem
fatores específicos que permitem o sucesso da sua
transição no trato intestinal para o trato urinário
PAIs codificam adesinas, sistemas de secreção
bacteriana, toxinas, proteases, lipases, antígenos e
sistemas de captação de ferro envolvidos na infecção
urinária
Sorotipos patogênicos para as vias urinárias –
antígenos somáticos existentes O1, O2, O4, O6, O7,
O75 e O150
A segunda maior causa de infecção urinária
comunitária são os estafilococos coagulase negativos
(Staphylococcus saprophyticus)
Mecanismos de patogenicidade de E. coli uropatogênica (UPEC)
 Fímbrias ou adesinas
▪ Promovem a colonização e formação de um biofilme bacteriano (confere às colônias
de bactérias uma resistência à desidratação, oxidação e maior tolerância a
detergentes e antibióticos)
▪ São responsáveis pela adesão da bactéria ao epitélio vesical
▪ No trato urogenital temos um fator que já dificulta infecção urinária, que é o próprio
fluxo da urina. O fluxo urinário lava o trato urogenital.
Com isso, a E. coli tem que aderir às células do trato
urinário e, então, sua capacidade de adesão é
essencial
▪ Existem em bactérias gram negativas as
fímbrias ou pilus sexual, que é uma fímbria modificada
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que se presta para a troca de informação genética – a informação genética para


que uma bactéria faça pilus sexual está no plasmídeo sexual ou plasmídeo F
▪ Facilitam a transmissão de informação genética a outras bactérias (plasmídeos)
▪ Troca de informação genética via fímbria só ocorre em bactérias gram negativas
▪ O plasmídeo, antes de ser transferido via pilus, ele é duplicado – a bactéria doadora
do plasmídeo não fica sem o plasmídeo (duplicação semi-conservativa)
▪ Outros plasmídeos, além do plasmídeo sexual, podem ser transferidos, como a troca
de plasmídeos que conferem resistência a antibióticos
▪ A troca de informação genética via pilus sexual é a conjugação
▪ As fímbrias, além dessa importância na fixação, para aquelas bactérias que possuem
o plasmídeo F, são vias de transferência de material genético
 Antígeno capsular “K”
▪ Confere resistência à fagocitose e está associado à capacidade de causar pielonefrite
▪ A presença da cápsula é muito importante devido a infecção urinária alta. Em geral,
os processos infecciosos começam no trato urogenital baixo (cistites) e, em geral, a
infecção é ascendente, podendo causar pielonefrite
▪ A cápsula é importante pois no processo infeccioso no trato urinário alto dificulta a
ação dos macrófagos, dificulta a fagocitose e eliminação dessas bactérias
▪ A partir da pielonefrite o paciente pode fazer bacteremia e sepse
▪ Homens podem ter prostatites também
 Endotoxinas bacterianas
▪ Produção de endotoxinas bacterianas favorece a ascensão bacteriana, paralisando a
musculatura lisa uretral e bloqueando o seu peristaltismo – além do fluxo urinário, o
peristaltismo uretral ajuda a eliminar bactérias que estejam ascendendo nas vias
urinárias
▪ Importância no que tange
à resistência da parede
celular e em relação à
resposta imunológica
 Flagelo ou antígeno “H”
▪ Responsável pela
motilidade e quimiotaxia da
bactéria
▪ Quando a bactéria possui flagelo e é capaz de se mover, capaz de se movimentar,
isso dá a ela um ganho metabólico em relação a quem não tem
LUÍSA AKL URANKAR 3

 Lipopolissacarídeos ou antígenos “O”


▪ Estão presentes na membrana externa da bactéria Gram-negativa
▪ Resistência osmótica
 Hemolisinas
▪ Proteínas citotóxicas
responsáveis pela lise de
glóbulos vermelhos – pois a
bactéria quer o ferro
▪ Em estirpes uropatogênicas
estão em genes nos
cromossomos e nos
plasmídeos
 Sideróforos (proteínas aerobactina e enterobactina)
▪ Nome dado ao sistema de captação de ferro (sideróforo) usado por membros da
família Enterobacteriaceae para se suprirem desse
elemento
▪ O ferro é importante no crescimento e
divisão bacteriana
▪ E. coli utiliza o ferro para o transporte de
oxigênio, síntese de DNA, transporte de elétrons
e metabolismo de peróxidos
▪ O ferro é importante co-fator para algumas
enzimas
▪ A segunda maior causa de anemia que nós
temos é anemia de doença crônica, que ocorre
em indivíduos com infecções crônicas e processos inflamatórios de uma forma geral
▪ Por que desenvolvemos anemia em um processo inflamatório crônico? O nosso
organismo tenta justamente indisponibilizar o ferro para que o microrganismo possa
usá-lo em seu metabolismo. Então, quando produzimos citocinas durante um processo
inflamatório, o ferro que está sendo transportado no nosso sangue por uma proteína
de transporte (o ferro nunca fica sozinho no nosso organismo, ele está sempre sendo
transportado por uma proteína de transporte). As citocinas e o processo inflamatório
estimulam a retenção do ferro nas proteínas de armazenamento, que são a
hemossiderina e a ferritina. O processo inflamatório, então, diminui a disponibilidade do
ferro mantendo esse ferro retido nas proteínas de armazenamento, e isso disponibiliza
LUÍSA AKL URANKAR 5

➢ Infecções intestinais

➢ EPEC (E. coli enteropatogênica)


Aderência levará a formação do pedestal de destruição das microvilosidades do intestino
Infecção ocorre pela via fecal-oral
Doença pediátrica (0 meses a 1 ano)
Infecção nosocomial
Tempo de incubação: 1 a 2 dias
Diarreia que pode persistir por vários dias
Sintomas: diarreia aquosa, cólica, náusea, vômito e febre baixa
Ocasionalmente são encontrados leucócitos nas fezes
Mecanismos de patogenicidade
 EPEC expressa um outro grupo de fatores de virulência que participa na patogênese da lesão
A/E
▪ Plasmídeo pEAF (enteropathogenic E. coli adhesion)
✓ Fatores codificados por genes cromossômicos localizados na região LEE
(locus of enterocyte effacement)
✓ Onde estão as informações genéticas para que essa
bactéria inicie a sua adesão na célula intestinal
✓ Ilha de patogenicidade numa região cromossômica
chamada LEE
✓ Possui mecanismos de patogenicidade nos quais
recebe genes de virulência plasmidiais e cromossômicos
✓ Essa ilha de patogenicidade no cromossomo são
vários genes que codificam várias estruturas de virulência
LUÍSA AKL URANKAR 6

✓ Biópsias do intestino de pacientes infectados com EPEC mostraram que as


bactérias aderem à superfície do epitélio intestinal, na forma de microcolônias
localizadas
→ Localized adhesion – L/A
→ Essa adesão localizada desencadeia na célula infectada lesões típicas
denominadas attaching and effacing (A/E)
→ Essas lesões caracterizam-se por gerar, na face apical da célula,
destruição das microvilosidades do enterócito e formação do
pedestal – esse pedestal simboliza a bactéria mudando a arquitetura
da célula para que ela possa se alojar sobre a célula do intestino
→ A formação do pedestal leva a mecanismos de lesão da mucosa do
intestino em geral
→ Modelos in vitro com células epiteliais revelaram adesão da bactéria
em três estágios
• Contato inicial EPEC/célula:
❖ Mediado por pili formadores de feixes tipo IV
(bundle forming pili – BFP) – agregação, pili
formadores de agregação
 EPEC vai expressar seus fatores de
virulência no intestino por causa das
características do ambiente interno da
mucosa do intestino – temperatura, pH
(estimula a bactéria a expressar seus
fatores de virulência)
 Os genes que codificam BFP – plasmídeo
denominado pEAF (EPEC-adherence fator)
 Assim que a EPEC adere à superfície da
célula epitelial, formam-se colônias de
bactérias que a seguir se dispersam
 A medida que esse processo acontece (de
adesão, formação de colônia e dispersão)
os BFP passam por profundas modificações
estruturais
 Promove a agregação das bactérias entre
si e organiza microcolônias sobre a célula
LUÍSA AKL URANKAR 7

epitelial (surgem pilus bundles com 40 nm


de diâmetro)
 Pilus bundles – vão agregar ainda mais as
bactérias entre si, organizando
microcolônias sobre a célula epitelial
 A seguir, os pilus bundles de BFP
espessam-se, alongam-se e seus diâmetros
podem aumentar até 100nm, formando uma
rede frouxa tridimensional – essa rede
frouxa tridimensional com esses pilus
modificados e maiores permite com que a
bactéria se enganche no intestino
 BFP promove, portanto, a formação e a
dispersão das colônias de EPEC sobre a
célula alvo
 EPEC expressa um outro grupo de fatores de virulência que participa na patogênese da lesão
A/E
▪ Fatores codificados por genes cromossômicos localizados na região LEE (locus of
enterocyte effacement)
✓ LEE – genes que codificam proteínas que se distribuem em seis categorias
principais
→ Reguladores transcricionais
→ Proteínas do Sistema de Secreção do Tipo III (SSTT)
– conjunto Esp (EspA, EspB, EspD, EspF)
→ Translocadores
→ Chaperonas moleculares – chaperonas são proteínas
muito importantes pois evitam erros de estrutura proteica.
Atuam organizando a estrutura tridimensional das proteínas
→ Proteínas efetoras secretadas, incluindo o receptor
translocado de intimina (Tir – translocated intimin receptor)
→ Intimina – proteína que se expressa na superfície da
EPEC
→ Canal transportador (SSTT) é um organela de 0,7
micrômetros de comprimento organizado pela associação
de moléculas de EspA
LUÍSA AKL URANKAR 8

→ Ao lado vemos o esquema do sistema de secreção tipo III em


operação
→ As proteínas translocadoras formam poro na célula alvo e as efetoras
são translocadas para o citoplasma
→ Então, vemos que é como se fosse uma agulha o que a bactéria
faz, fura a membrana citoplasmática da nossa célula, e pelo canal
entra substâncias no nosso citoplasma, no citoplasma do nosso
enterócito
→ O canal transportador transfere moléculas efetoras Tir, EspB e EpsD
produzidas pela bactéria, para a superfície da célula hospedeira
→ Tir funciona como receptor para intimina
→ EspB e EspD formam poros através dos quais outras presumíveis
moléculas efetoras seriam introduzidas no interior da célula
→ Tir funciona como receptor para intimina
→ EspB e EspD formam poros através dos quais outras presumíveis
moléculas efetoras seriam introduzidas no interior da célula
→ Na imagem vemos a Tir sendo transportada de dentro da bactéria
pelo sistema de secreção tipo III, aí essa proteína, esse
receptor translocado da intimina vai para a membrana do
nosso enterócito (a intimina da EPEC vai se ligar nesse
receptor translocado) e aí a bactéria se fixa na nossa célula
intestinal, permitindo ancoragem da EPEC na superfície da
célula hospedeira
→ Interação intimina-Tir permite a ancoragem da EPEC
na superfície da célula hospedeira e inicia processos de
sinalização celular e reorganiza os componentes do
citoesqueleto para formar o pedestal, que é necessário para
a EPEC se fixe na mucosa do intestino
→ Essa reorganização do citoesqueleto para formar o
pedestal leva a lesões da mucosa do intestino e que vai
ocasionar a fisiopatologia da doença nas crianças
→ Formação do pedestal:
• Interação intimina/Tir induz processos de sinalização da
célula hospedeira
❖ Ativação da fosfolipase C
LUÍSA AKL URANKAR 9

❖ Efluxo de Inositol trifosfato (IP3)


❖ Liberação de Ca++
❖ Reorganiza o citoesqueleto através do
recrutamento de moléculas de actina, alfa-actina,
talina e ezrina
LUÍSA AKL URANKAR 1

Parte 3 – E. coli
➢ E. coli enterotoxigênica (ETEC) – diarreia do viajante
Adere a enterócitos do intestino delgado e não invade a mucosa – se não invade a mucosa, não
teremos processo inflamatório de
destruição de mucosa
O mecanismo dessa bactéria é aderir
à mucosa do intestino e liberar toxinas
Essas toxinas vão modificar o
funcionamento do enterócito, o que
vai ocasionar perda de água e
eletrólitos para a luz do intestino
Não há apresentação de febre pois não há dano da mucosa intestinal e não existe processo
inflamatório
Induz diarreia aquosa
 pENT – enterotoxin-encoding plasmids
Maior incidência durante o verão
Dose infectante alta – é necessária a ingestão de uma quantidade muito grande de células bacterianas
viáveis na água ou no alimento contaminado para que alguns consigam atravessar a barreira gástrica
(acidez do estômago é uma barreira efetiva contra eventuais patógenos)
Infecção ocorre por ingestão de água ou alimentos contaminados
Produz enterotoxinas termolábeis/termoestáveis
Não há leucócitos fecais presentes
Não há aumento de sangue nas fezes
Sintomas: cólica abdominal, náusea, vômito, diarreia
Incidência moderada no Brasil
Ocorre geralmente em crianças
Tempo de incubação: 1 a 2 dias
Diarreia secretória que persiste por 3 a 4 dias
Mecanismos de patogenicidade
 Fímbrias
▪ Reconhecem receptores na superfície de células da mucosa intestinal
LUÍSA AKL URANKAR 2

▪ Antígeno de fator de colonização (CFA)


▪ Responsáveis pela adesão bacteriana e colonização do tecido
 Toxinas
▪ Secreção das enterotoxinas termo-lábeis – LTI e LTII
▪ Imunogênicas (desencadeiam resposta imune com produção de anticorpos) e
relacionada com a toxina colérica
▪ Diarreia aquosa
▪ Liga-se a receptores presentes na superfície dos
enterócitos (GM1)
▪ Subunidade A (catalítica) penetra na célula e induz
secreção de fluidos
▪ Possui 5 subunidades B e no centro há a subunidade
A
▪ A subunidade A é dividida em A1 e A2
▪ A toxina liga no receptor do enterócito (o GM1), e
endocitada. A partir do endossomo a fração A dessa
toxina se separa da fração B no retículo endoplasmático
e vai interferir no funcionamento de uma enzima Adenil-
ciclase, estimulando-a
▪ Ao estimular Adenil-ciclase vamos ter um aumento da conversão do
ATP em cAMP e esse acúmulo de cAMP faz com que a célula perca seu
equilíbrio metabólico e fisiológico e perca água e eletrólitos para a luz do
intestino dando as fezes a característica de diarreia
▪ Então, a parte da toxina que tem função é a subunidade A
▪ A subunidade B só serve para a toxina conseguir se ligar e entrar na
nossa célula
▪ As toxinas termo-estáveis são STa e STb. Não é imunogênica e
mantém a estrutura 3D quando aquecidos a mais de 100ºC. Os peptídeos
ativam guanilil ciclase aumentando os níveis de GMP cíclico que levam à perda
de eletrólitos e H2O. Essas toxinas agem ativando a guanilil ciclase que vai
converter GTP em cGMP e isso interfere na fisiologia celular, levando célula a
perder água e eletrólitos para a luz intestinal
➢ STEC – E. coli produtora de toxina Shiga
Escherichia coli produtora de toxina Shiga
Recebe a informação genética para produzir essa toxina via vírus bacteriófago (transdução)
Toxina de Shiga – principal fator de virulência
LUÍSA AKL URANKAR 4

Interação entre intimina e Tir como ocorre


com as EPEC
LEE – locus of enterocyte effacement
Sorotipo O157:H7 – protótipo de EHEC
Além de receber via vírus bacteriófago o gene
para produzir a toxina de Shiga, essa bactéria
possui também a ilha de patogenicidade LEE
Possui mecanismo de patogenicidade da EPEC
e ainda recebeu a capacidade de produzir a
toxina de Shiga via vírus bacteriófago
É como se fosse a junção da EPEC com a
STEC
Então, a EHEC é um sorotipo de STEC capaz
de produzir a lesão attaching-effacing da EPEC
Capaz de formar pedestal
Produz a toxina de Shiga que inibe a síntese proteica e leva à morte celular
Mais patogênica
Muito ligada à contaminação de
carne bovina mal passada em hambúrguer
nos EUA (“síndrome do hambúrguer”)
Destrói as microvilosidades do
intestino
Colite hemorrágica
Está ligada ao processo da síndrome
hemolítica-urêmica
Não há febre
Natureza das fezes – sanguinolenta com baixa quantidade de leucócitos
Por que essa bactéria causadora de infecção intestinal desencadeia um processo de síndrome
hemolítica-urêmica (SHU)? A EHEC adere à mucosa do intestino, libera a toxina de Shiga, a toxina
interfere na síntese proteica dos enterócitos, pode cair no sangue (tanto por via interna da célula
quanto por entre as vilosidades). Ao cair no sangue, essa toxina vai se ligar aos receptores das células
endoteliais, induzindo a morte dessas células por inibição da síntese proteica. Se a célula endotelial
morreu, a circulação sanguínea e o choque das plaquetas e das hemácias, tecido morto não possui
capacidade de reparo. Assim, começa o desgaste endotelial e expõe o subendotélio, ativando plaquetas
(agregação plaquetária e formação de microtrombos com coagulação e formação de fibrina)
 Hemácias se prendem nesses agregados de fibrina
LUÍSA AKL URANKAR 5

 Algumas hemácias se chocam nos trombos e são fragmentadas – tem-se a lesão mecânica
da hemácia, pois ela se choca no trombo e arrebenta
 Se chegar um paciente para você e você suspeitar que esse paciente esteja apresentando
um quadro de algum processo trombótico e você solicitar o hemograma desse paciente e
no hemograma vier esquizócitos, esses esquizócitos são provavelmente fruto do choque das
hemácias nos trombos que estão sendo formados
 IRA – insuficiência renal aguda, leva a um acúmulo de substâncias nitrogenadas no sangue

➢ E. coli enteroinvasora (EIEC)


Transmissão de pessoa a pessoa ou por ingestão de água ou alimentos contaminados (contaminação
fecal-oral)
Geralmente associada com surtos e epidemias
Invasiva: processo inflamatório
Invade os enterócitos
Mais na região do intestino grosso
Necrose, ulceração, processo
inflamatório
Grande número de leucócitos fecais nas
fezes, presença de sangue nas fezes
Mecanismo de patogenicidade
semelhante à Shigella sp
 Genes plasmídeo IpaH
 Black holes – deleção de genes que são prejudiciais a mecanismos de virulência
▪ Genes que a bactéria “desativa” pois são genes que atrapalhariam seus mecanismos
de patogenicidade
LUÍSA AKL URANKAR 6

▪ Além da bactéria receber genes com mecanismos de patogenicidade ela também


pode ter a necessidade de desativar genes que atrapalhariam seus mecanismos de
virulência

 Adere nas células, sofre processo de


endocitose, destrói endossomo, se libertou do
endossomo, se multiplica dentro da célula. Não
possui flagelo e, então, faz uma modificação
estrutural da célula hospedeira,
desencadeando a produção de
microfilamentos de actina que vão impulsioná-
la a penetrar na célula vizinha
 Invade células intestinais provocando lesão,
necrose e um processo de disenteria com
febre, aumento de leucócitos fecais e sangue
➢ E. coli enteroagregativa (EAEC)
Causam diarreia aquosa persistente (mais de 14 dias em
animais e humanos)
Esta bactéria estimula a secreção mucoide e se liga a
ela, formando um biofilme, causando assim uma colonização
persistente e diarreia
Estimula o enterócito a secretar muco e utiliza esse muco para
formar o seu biofilme
Não causa processo inflamatório
Produz toxinas
 Toxina termolábil não hemolítica
LUÍSA AKL URANKAR 7

 Toxina termoestável (citotoxina) enteroagregativa – codificada pelo plasmídeo EAST1


 Algumas cepas produzem uma toxina do tipo shigatoxina
 Toxina EAST1 – aumento de GMP cíclico intracelular
▪ Aggregative adherence fimbriae (AAF)
➢ E. coli que adere difusamente (DAEC)
Termo utilizado para se referir a qualquer E. coli que se adere
às células HEp-2 e He-Laque e que não forme microcolônias
típicas de EPEC
Potencialmente causadora de diarreia
Pouco se sabe sobre sua patogênese
LUÍSA AKL URANKAR 1

➢ Na atualidade, o gênero está constituído de duas espécies geneticamente distintas


S. enterica (subdividida em 6 subespécies)
S. bongori
➢ As subespécies de Salmonella enterica são divididas em mais de 2000 sorotipos (são aproximadamente 2400
sorotipos)
➢ Sorotipos ou sorovares não são
mais considerados espécies
➢ Então, concluímos que temos
duas espécies diferentes de
Salmonella sp, sendo que a
Salmonella enterica possui 6
subespécies
➢ Sorovares da subespécie enterica devem ser designados pelas seguintes opções
Salmonella enterica subespécie enterica sorovar Typhimurium
Salmonella sorovar Typhimurium
Salmonella Typhimurium
➢ Em resumo, na nomenclatura atual, os sorovares:
Typhimurium
E entre outros – não indicam uma
Agona espécie
Enteritidis
➢ Sorovar não deve ser escrito em itálico ou sublinhado
➢ O habitat natural das salmonelas pode ser dividido em três categorias, com base na especificidade do hospedeiro
e padrão clínico por ele determinado
Altamente adaptadas ao homem – agentes da febre entérica (febres tifoide e paratifoide)
 Salmonella Typhi – febre tifoide
 Salmonella Paratyphi A, B e C – febre paratifoide
 Faz bacteremia podendo evoluir para sepse
 Ambas conseguem invadir a mucosa do intestino
 Consegue isolar melhor a Salmonella Typhi a partir de hemoculturas do paciente do que
propriamente da cultura das fezes do paciente
Altamente adaptada aos animais – responsáveis pelo paratifo dos animais
 Salmonella Dublin (bovinos)
 S. Choleraesuis
LUÍSA AKL URANKAR 2

 S. Typhisuis (suínos)
 S. Abortusequi (equinos)
 S. Pullorum
 S. Gallinarum (aves)
 Alguns sorovares (S. Dublin e S. Choleraesuis) altamente adaptados aos animais podem
acometer seres humanos e determinado um quadro septicêmico – jovens, pacientes com
doenças crônicas, idosos e imunocomprometidos
Atingem homens e animais
 Salmonelas zoonóticas
 Quadro de gastroenterite (enterocolite) ou por doenças de transmissão alimentar
 Sua distribuição é mundial, sendo os alimentos os principais veículos de sua transmissão
 São responsáveis por significantes índices de morbidade e mortalidade
 Pequenos e grandes surtos – consumo de alimentos de origem animal, como ovos, aves,
carnes e produtos lácteos
➢ Zoonose mais difundida do mundo
➢ Controle representa um desafio para a saúde pública
➢ Emergência de novos sorovares e a reemergência de outros em determinadas áreas, tanto nos países
emergentes quanto nos industrializados
➢ O fator epidemiológico mais destacado nos animais é o estado de portador
➢ Principal via de transmissão – cadeia alimentar
➢ Aves – transmissão vertical ou horizontal
➢ Ovos sem cocção, ovos sem cozimento adequado – transmissão transovariana – disseminação para homem
(tortas, maionese, omelete)
➢ Principais sorovares – S. Enteritidis, S. Heidelberg, S. Agona e S. Virchow
➢ Transmissão horizontal – envolve todos os sorovares
➢ Pode ocorrer pelo meio ambiente, em que roedores assumem o papel de portadores assintomáticos, por
longos períodos (mais que 10 meses), disseminando tais microrganismos entre diferentes áreas
➢ Outra via, a qual ainda é objeto de especulação, está representada pelas rações
➢ Os produtos agrícolas não processados, como hortaliças e frutas, e os alimentos de origem animal, como
carnes cruas, leite e ovos, são veículos frequentes de salmonelas
➢ A contaminação de origem fecal é geralmente a fonte para os produtos agrícolas, pela exposição à água
contaminada
➢ Os animais ocupam o ponto central na epidemiologia das salmonelas entéricas, representando uma fonte de
infecção de grande importância sanitária, porém de difícil controle
LUÍSA AKL URANKAR 3

➢ Com exceção dos poucos sorovares adaptados à espécie humana, não há dúvida de que o homem contrai a
infecção, cuja manifestação clínica é gastrentérica, usualmente resultante do consumo de alimentos de origem
animal
➢ Então, as principais fontes de
contaminação para que
tenhamos uma Salmonelose é a
partir da contaminação das
salmonelas zoonóticas
➢ A resistência aos antimicrobianos se deve muito ao uso de antibióticos em ração para evitar a contaminação
de animais
➢ Fatores de virulência
Sua virulência é multifatorial
Incluem
 Mobilidade – presença de flagelos de locomoção
 Habilidade de penetrar e replicar nas células epiteliais
 Resistência à ação do complemento – resistência à ativação do sistema complemento
 Produção de entero, cito e endotoxinas, sendo desconhecido o exato papel de cada um para
a manifestação da doença
 Em alguns sorovares, a virulência é mediada por um plasmídeo, que contém os genes spvR
ABCD (S. Dublin, S. Gallinarum e S. Choleraesuis)

 Como são invasivas (o sorotipo é invasivo) temos a localização fora do intestino, ocasionando
ostemielite, hepatite, artrite
 Os microrganismos penetram por via oral, invadem a mucosa intestinal, disseminam para a
submucosa e provocam enterocolite aguda
 Normalmente o quadro diarreico é moderado, sem presença de sangue
LUÍSA AKL URANKAR 4

 Em alguns quadros clínicos pode ocorrer tenesmo (paciente sente vontade de defecar mas
não consegue) e sangue nas fezes
➢ Síndromes clínicas
As infecções clínicas humanas determinadas por Salmonella spp apresentam quatro síndromes clínicas
distintas
 Gastroenterite
 Febre entérica – com bacteremia
 Septicemia com ou sem infecções localizadas – ossos, pulmões, SNC
 Portador assintomático
Entre a totalidade de sorovares, Salmonella Enteritidis e S. Typhimurium são os sorovares de maior
prevalência em casos de septicemia e infecções localizadas – maior capacidade de invadir, causar
sepse e localizar-se em outros tecidos desencadeando infecções que agravam o quadro do paciente
Infecções gastrointestinais
 Pode variar com fezes diarreicas de características aquosas a fezes consistentes com sangue
e muco
 O quadro regride, usualmente, de três a quatro dias
 Pode ocorrer febre alta (39ºC) em cerca de 50% dos casos, normalmente de curta duração
(dois dias)
 Cólicas abdominais leves a intensas (invasão de linfonodos – linfadenite mesentérica)
 Desenvolvimento de síndrome do cólon irritado – SCI (diarreia branda persistente seguida de
quadro agudo de gastroenterite)
 Em pacientes portadores de SCI, há persistência como portador assintomático em 31% após
cinco anos
 O estágio de portador persiste por até nove semanas em 90% dos adultos, sendo, em
crianças menores de 5 anos, inferior a sete semanas
 Normas de educação e higiene no manuseio de alimentos representam os principais aspectos
para minimizar o risco de transmissão alimentar
Infecções em outros sítios
 Entre as complicações da gastroenterite
▪ Rabdomiólise
▪ Osteomielite e lesões endovasculares (7% a 10% dos pacientes maiores que 50 anos)
▪ Apendicite
▪ Peritonite
▪ Colecistite
▪ Pericardite
▪ Pleuropneumonia
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▪ Insuficiência renal
▪ Bacteremia – frequência mais elevada no sexo masculino (1% a 4% dos pacientes
imunodeprimidos). Risco de desenvolvimento de bacteremia em HIV é de 20 a 100
vezes maior do que na população normal
▪ Febre entérica é usualmente determinada por: S. Typhi, S. Paratyphi A e C e S. Sendai.
Pode ser também determinada por outros sorovares
Infecções do Sistema Nervoso Central
 Meningites
 Abcessos
 Empiema subdural
 A presença de diarreia e de outros sintomas gastroentéricos são apontados em 50% dos
casos
 A maior prevalência dessas infecções ocorre entre pacientes de longo período de
hospitalização, drenagem cirúrgica e terapia antimicrobiana prolongada – antibiótico acaba
selecionando bactérias resistentes e começam a ter capacidade de invadir já que elas não
estão sendo delimitadas pela microbiota normal do paciente
 Sorovares de maior prevalência em bacteremia e SNC – S. Typhimurium e S. Enteritidis
As infecções variam de bacteriúria a comprometimento de articulações (mais comuns), ossos e tecidos
e endocardites (menos de 1% dos casos). Podem ocorrer no baço e no trato genital, assim como em
complicações pulmonares
Então, a partir do trato gastrointestinal a salmonela invade e dependendo das condições do indivíduo
e do sorotipo pode desencadear um processo infeccioso secundário em outros tecidos
LUÍSA AKL URANKAR 1

➢ As bactérias desse gênero foram isoladas pela primeira vez em 1896, no Japão, enquanto o Dr. Kyoshi Shiga
estudava pacientes com disenteria
➢ Existem 4 espécies/sorogrupos classificadas de acordo com características bioquímicas/sorológicas
Shigella dysenteriae – forma mais
grave da disenteria bacilar (produz
shiga toxina)
Shigella flexneri – Shigelose em
países subdesenvolvidos
Shigella boydii – menor frequência
entre todos os 4 sorogrupos
Shigella sonnei – Shigelose em
países desenvolvidos
➢ Lembrando que dentro dos sorogrupos nós teremos ainda os sorotipos
➢ Classificação de sorogrupos
Baseada na combinação de um antígeno determinante presente na cadeia polissacarídica O,
componente do lipopolissacarídeo (LPS) presente na membrana externa da parede celular
As características sorológicas são de reação antígeno-anticorpo. Pesquisa-se antígenos na superfície
da bactéria – LPS fornece esses antígenos para que seja
possível diferenciar os grupos de Shigella
O LPS (endotoxina bacteriana) aparece em bactérias gram
negativas
O LPS de uma bactéria consiste de três regiões
 Lipídio A
 Núcleo de açúcares (interno)
 Repetidas subunidades do antígeno O – parte antigênica, ou seja, é a parte do LPS que leva
à produção dos anticorpos
 Na Shigella sp
▪ A subunidade do antígeno O é a triramnose
(rha)-N-acetil-glicosamina (N-ag)
LUÍSA AKL URANKAR 2

▪ Essa parte selecionada do antígeno O na foto acima e demonstrada


com as subunidades são a composição do antígeno O no caso das shigellas
▪ Na imagem ao lado temos a demonstração da triramnose (rha)-N-
acetil-glicosamina (N-ag)
▪ Tetrassacarídeo modificado pela ação de glicose e/ou acetato,
dependendo do sorotipo
▪ A glicose está ali
levando a uma
modificação da cadeia,
subdividindo a Shigella sp nos
sorotipos
A glicosilação altera a conformação do LPS,
tornando a bactéria mais protegida contra a
resposta inflamatória do hospedeiro (resposta imune) e facilitando a exposição da estrutura que a
Shigella sp utiliza para invadir as células
 O aparato de secreção do tipo 3 (T3SS) – estrutura de virulência que permite que essa
bactéria invada as células do trato intestinal e, por isso que essa bactéria causa disenteria
 A glicosilação do LPS promove
▪ Invasão bacteriana às células do trato intestinal
▪ Evasão do sistema imunológico
 A glicosilação e a modificação do LPS é um fato que pode ter contribuído para o surgimento
da variedade de sorotipos de Shigella sp
Shigella dysenteriae – 15 sorotipos
Shigella flexneri – 14 sorotipos
Shigella boydii – 20 sorotipos
Shigella sonnei – 1 sorotipo
Os sorotipos são identificados com base em variações do antígeno O (componente do LPS)
Shigella sp é encontrada apenas no TGI humano
Portadores de cepas patogênicas podem excretar esses patógenos até duas semanas após a infecção
Transmissão fecal-oral
A dose infectante é muito baixa. Dose infectante é a quantidade de bactéria que você tem que ingerir
no alimento ou na água contaminada para você desenvolver a infecção
Disseminação ocorre sempre a partir de reservatórios humanos (literatura inglesa – 5 f’s)
 Food – comida
 Fingers – dedos
 Feces – fezes
LUÍSA AKL URANKAR 3

 Flies or fomites – moscas


Em contraste com Salmonella sp, que normalmente contamina humanos a partir de animais infectados
➢ Epidemiologia
Dose infectante baixa (10 a 100 bacilos)
Maior incidência em
crianças entre 1 e 10 anos
Em adultos a infecção é
geralmente limitada
S. flexneri, S. sonnei e S.
dysenteriae tipo 1 – são os principais agentes da Shigelose
S. boydii – não é relatada com frequência e restringe-se ao subcontinente africano
S. dysenteriae tipo 1 é mais comum no sul da Ásia e no sul do Saara, sendo produtora da citotoxina
denominada shiga – apresenta quadros mais graves devido à toxina
S. sonnei – países industrializados
S. flexneri – regiões menos desenvolvidas
➢ Características gerais
Não possui cápsula
Não possui flagelo
Possui fímbrias – fixação
Endotoxina (LPS) e presença de genes de adesão, invasão e multiplicação intracelular
➢ Patogênese
Apresenta certo tropismo pelo tecido do cólon
Genes de virulência necessários para sua patogênese são transcritos em resposta a sinais térmicos
(temperatura), osmóticos (pressão osmótica do lúmen do intestino) e de pH que são característicos
do intestino humano
Variações clínicas
▪ Diarreia aquosa leve, que dura cerca de 5 a 7 dias
▪ Nos casos de diarreia aquosa causada por Shigella sp, observa-se a atuação de enterotoxinas
no jejuno
▪ Já a diarreia mucossanguinolenta é resultante da capacidade do microrganismo de invadir e
se multiplicar no epitélio do cólon e reto, provocando uma resposta inflamatória importante
▪ Abcessos e ulcerações na mucosa, caracterizado por cólicas abdominais, anorexia, vômitos,
febre (invasão – processo inflamatório) e fezes mucossanguinolentas contendo eritrócitos e
PMN em abundância
➢ Fisiopatologia
Para atravessar a camada epitelial
LUÍSA AKL URANKAR 4

 Transcitose através das células M (membranous epithelial cells)


 Na imagem vemos a Shigella sp no TGI, no passo 1 ela invade, faz a transcitose através das
células M (são células epiteliais membranosas que estão no intestino)
 Células M são células epiteliais especializadas que possuem a função de retirar amostras de
partículas do lúmen intestinal e entregá-las ao tecido linfoide subjacente
 As células M atuam como sentinelas da luz do intestino. Então, ela capturou a Shigella sp, fez
endocitose e entrega a bactérias aos macrófagos
 Após a transcitose, a Shigella sp enfrenta os macrófagos residentes no TGI e essa bactéria
consegue escapar do endossomo e induzir rapidamente a morte do macrófago por apoptose
 O macrófago que foi ativado faz com que haja liberação de citocinas pró-inflamatórias, como
IL-1beta e IL-18
 Dentro do macrófago a Shigella sp escapou do endossomo e ela está passando para a célula
vizinha, ela consegue migrar para a célula vizinha
 Com a morte do macrófago, a Shigella sp escapa do fagossomo e inicia a invasão das células
epiteliais pelo lado basolateral da célula
 Como a bactéria não sai do ambiente intracelular, ela não se expõe aos nossos mecanismos
imunológicos
 Movimentação dentro do citoplasma – ela induz polimerização de uma cauda de actina (pois
ela não possui flagelo) – propulsiona a bactéria em direção à célula vizinha e assim ela
consegue invadir célula por célula, se multiplicando
 Assim que o ciclo se completa, inicia-se outro ciclo, com a invasão de uma nova célula

O mediador intracelular Nod-1 (RRP que está dentro das nossas células, não está exposto do lado de
fora – muito usado para reconhecer parasita intracelular) detecta a presença dos peptideoglicanos
bacterianos – desencadeia processos de recrutamento de PMN para o sítio da infecção – os PNM
LUÍSA AKL URANKAR 5

destroem a integridade da camada epitelial – mais bactérias entram na submucosa sem a necessidade
de passar pelas células M
 Para entrar na submucosa não precisa mais da célula M – o fato do PMN ser atraído e levar
a um processo inflamatório na mucosa do intestino favorece a penetração da bactéria
A severa destruição da camada epitelial do intestino leva à deficiência de absorção de água, nutrientes
e solutos
Características patológicas da Shigelose – diarreia aquosa com aparecimento de sangue e muco nas
fezes
Ao usar a motilidade baseada em actina a bactéria induz protrusões que invadem as células vizinhas
Depois da lise da protrusão e membrana celular, Shigella sp reinicia o seu ciclo intercelular
Sem passos extracelulares – proteção da resposta imune
➢ S. dysenteriae
Única entre as espécies de Shigella sp a sintetizar uma poderosa citotoxina chamada toxina de Shiga
(Stx)
Esta toxina pertence a uma família de citotoxinas
Stx1
Stx2 com suas variantes (Stx2c, Stx2d, Stx2e e Stx2f) – são antigenicamente distintas e são
sintetizadas também pela E. coli produtora de Stx (STEC)
Evidências clínicas, epidemiológicas e experimentais de que ocorra a transmissão horizontal do gene
Stx por transdução (passagem de uma informação genética via vírus bacteriófago) entre Shigella sp,
STEC e outras Enterobacteriaceae
A toxina de Shiga fica no espaço periplasmático – liberada para o meio extracelular quando estas
morrem
Toxina de Shiga se liga a receptores glicolipídicos na superfície da célula – internalizada – inibe a
síntese proteica
Infecções com bactérias produtoras de Stx – SHU
A toxina de Shiga leva à lesão do epitélio do vaso sanguíneo, as células epiteliais do vaso sanguíneo
morrem, há exposição do subendotélio, que leva à ativação das plaquetas e das vias de coagulação e
aí o paciente vai apresentar a síndrome hemolítica urêmica (SHU)
SHU tríade: anemia hemolítica microangiopática (destruição de hemácias – choque das hemácias nos
microcoágulos), trombocitopenia (consumo de plaquetas), falência renal (quando os microtrombos são
formados nas vênulas renais e nas arteríolas renais)
LUÍSA AKL URANKAR 1

➢ ITU – infecção do trato urinário


Condição em que ocorre a multiplicação de um microrganismo e a invasão de mucosa (ou tecido
profundo) em algum segmento do trato urinário
Pode ser sintomática ou assintomática
Podemos ter microrganismos que se desenvolvem no trato urinário de forma assintomática ou
sintomática
Bacteriúria assintomática
 Presença assintomática de bactéria
 Cateter vesical é um procedimento invasivo que aumenta chance de infecções
 Contexto assintomático: sem dor, sem febre, sem nada
 É importante identificar o microrganismo presente
 Testar antibióticos – fazer o teste de sensibilidade a antibióticos
 De acordo com as condições do paciente, com as características do paciente, e de acordo
com o microrganismo isolado há a possibilidade de fazer a antibioticoterapia para eliminar a
colonização que pode ocasionar um processo sintomático
LUÍSA AKL URANKAR 2

 A cultura de urina é quantitativa – essa quantificação é fundamental em associação com


outros testes laboratoriais e para que com os aspectos clínicos do paciente eu possa entender
como é e a possibilidade de infecção urinária naquele paciente
 Nas culturas quantitativas usamos as “alças calibradas”. No caso da urina, a alça calibrada muito
utilizada é a alça calibrada de 1 microlitro. 1 microlitro corresponde a 0,001 mL
ITU baixa – cistite
 Apresenta-se habitualmente com disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor
suprapúbica
 A febre nas infecções baixas não é um sintoma usual
ITU alta – pielonefrite
 Se inicia habitualmente com quadro de cistite, sendo frequentemente acompanhada de febre
elevada, geralmente superior a 38ºC
 Febre, calafrios e dor lombar formam a tríade de sintomas característicos da pielonefrite,
estando presentes na maioria dos casos
 No caso dos homens, a partir da infecção urinária pode haver a evolução para prostatites
Geralmente a infecção urinária é ascendente – começa com uma cistite (e as maiores causadoras de
infecção urinária são bactérias do trato urogenital e então temos essas bactérias como as principais
causadoras de cistite). Na comunidade, enfatizamos que a E. coli é a maior causadora de infecções
urinárias
➢ Epidemiologia (ITU)
Ocorre em todas as idades
Primeiro ano de vida – predomina no sexo masculino (alterações anatômicas congênitas)
Após 1 ano, durante toda a infância, as meninas são afetadas 10 a 20 vezes mais do que os meninos
Na vida adulta, ainda há predominância de ocorrência em mulheres
Picos de maior acometimento relacionados à atividade sexual (18 a 24 anos) – atividade sexual como
fator predisponente para infecção urinária feminina, isso se deve à anatomia do trato genital feminin
e pela uretra mais curta (comunicação maior entre o ambiente da região perianal e o ambiente do
trato urogenital)
A E. coli corresponde a aproximadamente 80% das infecções urinárias comunitárias
A partir dos 60 anos, ocorre aumento da incidência em homens associado à hipertrofia prostática
Estima-se que 50 a 60% das mulheres apresentarão pelo menos um episódio de infecção urinária
durante a vida e, em ¼ destas, haverá recorrência da infecção
A cistite aguda, em mulheres, é uma condição benigna a priori – que se for diagnosticada e tratada
corretamente não trará nenhuma consequência mais grave. Nesse caso, será necessária a
antibioticoterapia mas não deve ocorrer consequências de maior gravidade
LUÍSA AKL URANKAR 3

➢ Classificação da ITU
As Infecções do Trato Urinário (ITU) são classificadas como hospitalares e comunitárias
 Hospitalar – se desenvolve 48h após a internação
Classificação anatômica
 Baixa: invasão superficial de mucosas, como cistite e uretrite
 Alta: invasão tecidual (parênquima), como pielonefrite e prostatite
Alterações estruturais ou funcionais do trato urinário
 Não complicada (trato urinário normal) – anatomicamente não há alterações no trato urinário
 Complicada (algum tipo de alteração estrutural ou funcional do trato urinário, incluindo gravidez,
obstrução, instrumentação ou sonda urinária) – acontecem em ambientes hospitalares
Recorrência da infecção
 Episódio único – em torno de 50% das mulheres terão pelo menos um episódio de ITU
durante a vida
 Recidiva: persistência da infecção pelo mesmo agente, surgindo sintomas em até três semanas
do término do tratamento (acontece principalmente quando a antibioticoterapia não é bem
feita, por exemplo o paciente interrompe o uso do antibiótico antes da hora correta)
 Reinfecção: novo episódio por outro agente ou outra cepa do mesmo germe, apresentando
sintomas após três semanas do término do tratamento

➢ Aspectos clínicos
Cistite
 Os pacientes com infecção urinária baixa, em geral, apresentam os sinais e os sintomas a
seguir
→ Dor, desconforto ou ardência para urinar (disúria)
→ Polaciúria – mecanismo de resposta do tecido aos agentes infecciosos
→ Urgência miccional
LUÍSA AKL URANKAR 4

→ Ausência de corrimento vaginal – isso faz diferenciarmos as ITU das IST


→ Dor suprapúbica
→ Hematúria macroscópica (30% dos casos)
→ Urina fétida
 O diagnóstico diferencial de cistite inclui doenças sexualmente transmissíveis ou vulvovaginite
em mulheres com corrimento vaginal
➢ Testes solicitados
BUNC (bacterioscopia de urina não centrifugada), Urocultura e TSA (teste de sensibilidade aos
antimicrobianos)
 BUNC: urina vai para o laboratório e a partir disso é feita a Coloração de Gram da urina e são
observados no microscópio quais as possibilidades de um agente infeccioso. Vai sair
imediatamente, pois a urina chega no laboratório e em 20 minutos há a possibilidade de
liberação de resultado da bacterioscopia
 Urocultura: é feita e após 24 horas há como informar se a urocultura foi positiva ou não
 Vai precisar de mais 24 horas para identificar e para fazer o TSA (antibiograma)
EAS: elementos anormais e sedimento urinário – se essa paciente não está disponível mais a primeira
urina da manhã e, geralmente em urgências hospitalares o paciente já urinou, o EAS estará um pouco
prejudicado. O ideal para o EAS é que seja a primeira urina da manhã pela retenção que a urina fica
na bexiga. Mas, mesmo que não seja a primeira urina da manhã, temos que fazer o EAS pois a
suspeita aqui é de infecção urinária e eu consigo avaliar no número do EAS os piócitos, que são
leucócitos em degeneração na urina (estarão aumentados em processos infecciosos e inflamatórios
do trato genitourinário). Para fazer o EAS, para fins de diagnóstico infeccioso e inflamatório eu preciso
apenas de 2h-4h de retenção de urina na bexiga (as vezes isso é difícil por conta da urgência miccional,
da periodicidade da urina). A urgência miccional é um mecanismo de defesa do tecido em relação à
colonização bacteriana, pois lava o trato genitourinário
Piúria
Hematúria
➢ Coleta adequada da urina
Amostra isolada
 Primeira micção da manhã
 Randômica (2 a 4 horas de retenção
vesical)
 Orientação: jato médio, pós assepsia
LUÍSA AKL URANKAR 5

 A urina deve ser levada para o laboratório em até 2 horas à temperatura ambiente a abrigo
da luz
 A urina se contamina com a microbiota no trato genital, na uretra distal
 Quando se suspeita de cistite e pielonefrite vamos querer jato médio de urina
 Quando há suspeita de uretrite, vai ser orientado ao paciente a coletar o primeiro jato de
urina
LUÍSA AKL URANKAR 6

Em criança recém-nascida ou em criança muito


pequena poderemos ter que usar os “sacos coletores
de urina”, que são anatomicamente ajustados para o
sexo masculino e para o sexo feminino
Na criança, antes de colocarmos o saco coletor,
precisamos fazer a antissepsia no trato genital. O coletor
de urina adere na pele e, então, você vai colocar o
trato genital da criança dentro do saco (colado na região
pélvica da criança). Depois que é feita a antissepsia do
trato genital, o saco coletor é colocado na criança e
ficará por meia hora e, se depois de 30 min a criança
não urinar, o saco coletor deve ser removido e a
antissepsia deve ser feita novamente e outro saco deve
ser colocado
Cateter de Foley não pode ser utilizado – tirar isso do
trato urinário do paciente e mandar esse cateter para
o laboratório não é aceito como espécime diagnóstico
LUÍSA AKL URANKAR 7

 Transporte da urina
→ Até 2 horas a temperatura ambiente (abrigo da luz)
→ Principais alterações se a urina não chegar em até 2h
▪ Degeneração de células e cilindros – presença de cilindros na urina pode
indicar proteinúria e lesão grave glomerular
▪ Consumo de glicose – o normal é não eliminar glicose na urina
▪ Elevação de pH – pelo metabolismo de bactérias na urina, o que alcaliniza o
pH da urina, pois essas bactérias degradam ureia e produzem amônia
▪ Positivação do nitrito – nitrito é um importante indicador de processos de
infecção urinária
▪ Redução de corpos cetônicos – corpos cetônicos podem estar presentes na
urina em grandes concentrações na cetoacidose diabética, por exemplo
▪ Aumento de bactérias
▪ Turbidez
▪ Degradação de bilirrubina e urobilinogênio – luz degrada bilirrubina e
urobilinogênio que são avaliados na tira, na reação química do EAS
 Conservação
→ Refrigeração por até 24 horas para cultura
▪ EAS – discutível
▪ Elevação de densidade
▪ Alteração em testes físico-químicos após 24 horas
▪ Formação de precipitados amorfos – dificulta a visualização do sedimento
urinário no microscópio
▪ Outras alterações dependem do pH e densidade da urina
 Análise – EAS
→ Exame físico-químico
→ Exame microscópico
→ Muito barato e simples no sentido de estrutura
→ Começa pela análise da cor e do aspecto da urina
▪ Todo laboratório deve padronizar os termos a que se refere à cor normal
da urina
▪ Amarelo citrino – cor normal
▪ Urina vermelha – resultado de hemoglobinúria ou hematúria
▪ Urina demonstrando aumento de bilirrubina – colúria (bilirrubina que sai na
urina é a bilirrubina direta)
LUÍSA AKL URANKAR 8

▪ Urina pode ser límpida ou turva – temos que buscar a padronização da


análise
▪ Leitura das tiras
❖ Vai introduzir a tira reagente na urina, bater a tira para eliminar o
excesso de urina e vai ler os campos de reação química de urina
na ordem. O campo da glicose, por exemplo, deve-se ler com 30
segundos após o contato da urina com a tira. O campo de leucócitos
você deve ler com 2 minutos (é o último a ser lido). Leucócito avalia
a presença do piócito na urina
❖ A tira fornece o pH e o pH da urina é o resultado do nosso
equilíbrio ácido-básico (os rins atuam de forma metabólica
controlando o pH do nosso sangue, que varia de 7,35 a 7,45 e para
que esse pH seja mantido ligeiramente alcalino nessa faixa restrita há
atividade de vários sistemas tampão no nosso organismo – atividades
pulmonares e atividade renal/metabólica). pH da urina é resultado do
nosso metabolismo e do que o nosso metabolismo faz para manter
o pH sanguíneo nessa faixa extremamente regulada
❖ O pH da urina vai ser mais ácido ou mais alcalino e sofre também
influência da alimentação
❖ Como referência é colocado um pH ácido
de 5,5 – 7,0 o pH da urina – se você tem uma
refeição mais proteica ou calórica você terá uma
acidez um pouco maior
❖ Se o pH da urina for acima de 8,5 você deve
rejeitar a urina – um pH assim mostra que a urina
não foi transportada de forma adequada, ou seja,
houve provavelmente proliferação bacteriana na
urina, bactérias metabolizaram a ureia e geraram amônia – deve ser
solicitada uma nova coleta para o paciente
 Testes – proteínas
→ Princípio: erro proteico dos indicadores. Mudança de coloração do indicador na
presença ou ausência de proteínas, com pH constante
→ Interferentes: compostos de amônia. Detergentes
→ Valor de referência: até 150 mg/24h
LUÍSA AKL URANKAR 9

→ Nossos glomérulos filtram tudo que tem menos de 70 quilodalton de peso – água,
por exemplo. Mas, existe a reabsorção renal, que ocorre nos túbulos proximais, ao
longo do túbulo proximal, do túbulo distal, do ducto coletor, etc. A urina é um processo
final de filtração, é um processo final da reabsorção tubular (que é a volta das
substâncias de túbulos para o sangue) e de secreção tubular (passagem de
substâncias do sangue para dentro dos túbulos)
→ Normalmente proteínas não estão presentes na urina – você pode ter traços de
proteína na urina, que no caso seria albumina
→ No volume final de urina, você pode ter até 150 mg de proteína
→ Proteinúria: pode ser indicador de lesão glomerular
→ As maiores causas de lesão glomerular são diabetes e hipertensão. Em pacientes
reconhecidamente hipertensos e reconhecidamente diabéticos, vamos usar a proteína
na urina para monitorar o dano renal, uma vez que para esses pacientes pequenos
aumentos de proteína na urina podem ser sugestivos de dano renal precoce. Por
isso, recomenda-se que pacientes diabéticos e hipertensos realizem a
microalbuminúria, que é a dosagem de albumina na urina (sem ser pelo método da
tira, que é um método pouco sensível) pelo método de microalbuminúria que detecta
pequenas concentrações, pequenos aumentos de proteína na urina, o que é muito
importante para diabéticos e hipertensos

 Testes – glicose
→ Princípio: Glicose-oxidase
→ Interferentes: ácido ascórbico, aspirina, L-dopa
→ Valor de referência: ausente
→ A glicose começa a aparecer na urina quando a glicose no sangue ultrapassa o limiar
renal, que é a concentração de uma substância no sangue que é filtrada nos rins e
completamente reabsorvida
→ Quando a glicose no sangue (glicemia) for até 180 mg/dL não costumamos apresentar
glicose na urina
→ Glicemia acima de 180 mg/dL indica o início de glicosúria
→ Aparecimento de glicose na urina pode significar diabetes, mas também pode
aparecer se houver lesão glomerular e o rim perder a capacidade de reabsorção
→ Lesão tubular
LUÍSA AKL URANKAR 10

→ Defeitos de reabsorção tubular


→ Lesão de SNC

 Testes – cetonas
→ Princípio: Reação com nitroprussiato de sódio
→ Interferentes: fenilcetonas, L-dopa, derivados de fenolftaleína, medicamentos com
grupos sulfidrila (ex: captopril)
→ Valor de referência: ausente
→ Corpos cetônicos em altas concentrações na urina podem indicar crises de
cetoacidose diabética, mas em indivíduos que estão fazendo dieta alimentar para
perda de peso também há liberação de corpos cetônicos na urina (lipídio como fonte
de energia)
→ Significado clínico: cetoacidose diabética, jejum prolongado, dietas

 Testes – hemoglobina
→ Princípio: Catalização da oxidação do indicador pelo peróxido de hidrogênio
→ Interferentes: mioglobina, peroxidase bacteriana (E. coli), nitrito, agentes oxidantes e
hemólise in vitro
→ Valor de referência: ausente
→ Reação positiva da hemoglobina na urina pode indicar hemoglobinúria, pode indicar
também que o paciente está fazendo hemólise intravascular e a hemoglobina está
saindo na urina, além de poder indicar hematúria (saída de hemácias na urina)
 Testes – bilirrubina
→ Princípio: Diazo reação
→ Interferentes: ácido ascórbico, cor da urina (medicamentos)
→ Valor de referência: ausente
→ Apesar da BD ser solúvel em água e poder ser filtrada, pelo ciclo da bilirrubina
podemos inferir que ela não deve aparecer normalmente na urina
→ BD na urina vai ocasionar colúria – alteração de cor, aspecto acastanhado, cor de
coca-cola
LUÍSA AKL URANKAR 11

→ Por causa da bilirrubina, toda urina para EAS deve ser levada para o laboratório
protegida da luz, pois a luz degrada a bilirrubina
→ Significado clínico: icterícias hepato-celulares, icterícias obstrutivas

 Testes – urobilinogênio
→ Princípio: Reação com sal estável de diazônio. Reação de Ehrlich
→ Interferentes: porfobilinogênio (Ehrlich), urinas pigmentadas, exposição à luz, altas
concentrações de nitrito
→ Valor de referência: até 1,0 mg/dL
→ Significado clínico: lesão hepática e hemólise

 Testes – nitrito
→ Princípio: Reação de Griess
→ Interferentes: proliferação bacteriana in vitro, pouca estase vesical, ácido ascórbico,
pequena concentração de nitrato na urina
→ Valor de referência: negativo
→ O nitrato presente na urina é reduzido a nitrito pelas bactérias
→ Nitrito positivo fala a favor de microrganismos redutores de nitrato a nitrito, que são
as maiores causas de ITU (famílias das enterobactérias, onde se encontra a E. coli,
por exemplo)
→ Significado clínico: infecções urinárias por bactérias que reduzem nitrato a nitrito

 Testes – leucócitos
→ Princípio: Atividade da leucócito esterase dos granulócitos
→ Interferentes: ácido ascórbico, proteinúria elevada, agentes oxidantes
→ Valor de referência: negativo
→ A tira reage com a enzima dos leucócitos
LUÍSA AKL URANKAR 12

→ Não dá para ter uma reação positiva assim para os leucócitos e olhar sem ver os
piócitos na lâmina. Se der positivo na tira, eu tenho que ver leucócito na lâmina
aumentado
→ Quanto maior a reação na tira, mais leucócitos eu tenho que ver na lâmina
→ Significado clínico: infecções urinárias e processos inflamatórios

A presença dos leucócitos na tira e dos


piócitos no sedimento urinário possui
uma sensibilidade muito grande para
ajudar no diagnóstico da infecção urinária
Quanto maior a sensibilidade, menor a
chance de falso negativo – a leitura de
piócitos na tira é importante no
momento em que se busca o
diagnóstico da ITU rapidamente

Ao lado vemos os resultados laboratoriais da


paciente do caso clínico citado anteriormente
Até 10 piócitos por campo: normal
Método padrão-ouro para densidade de urina é
utilizar o refratômetro (mas as tiras de urina
trazem um campo para leitura de densidade)
LUÍSA AKL URANKAR 13

➢ Microbiologia
BUNC
Urocultura
TSA

A partir da urina temos que fazer a homogenização da urina. Utiliza-se alça


calibrada ou de 1 microlitro. Semeia no meio de rotina para a cultura de urina,
que é o meio CLED, que é eletrólito deficiente para que as colônias de
proteus não formem um véu, para que façam colônias individuais para poder
interpretar o tipo de crescimento. Se a bactéria que crescer for um bacilo
gram negativo, já há a prova da lactose para a identificação desses
microrganismos. Então, eu faço a cultura em CLED e faço a lâmina para a
coloração de Gram. A placa vai para a estufa em 24h para depois analisarmos
o crescimento e as contagens

Na bacterioscopia de urina, a visualização de bacilos


gram positivos indica que aquilo é microbiota do
trato genital, que podem ser os lactobacilos (que
são importantes protetores da mucosa,
principalmente no trato genital feminino)
Então, a princípio, se eles não estiverem tão
proliferados como estamos vendo na foto, eles são
considerados microbiota de proteção
As maiores causas de infecção urinária são os
bacilos gram negativos

➢ Interpretação cultura
Para interpretarmos uma cultura de urina temos que levar em consideração os aspectos clínicos do
paciente, a contagem e o tipo de agente isolado, a técnica de coleta e a morfologia de colônias
LUÍSA AKL URANKAR 14

Morfologia de colônias observa-se principalmente no aspecto de contaminação – um crescimento em


placa de aspectos de colônias misturados provavelmente indica
contaminação de coleta (se crescer 3 tipos de colônias
diferentes a indicação é de rejeição da urina e solicitar uma
nova amostra de coleta)
➢ Punção supra-púbica (método de coleta)
Qualquer crescimento bacteriano em coleta de punção supra-
púbica deve ser valorizada (cuidado com Gram positivos de
pele)
Elimina a contaminação do trato genital
LUÍSA AKL URANKAR 1

➢ ITU
Condição em que ocorre a multiplicação de um microrganismo e a invasão de mucosa (ou tecido
profundo) em algum segmento do trato urinário
Pode ser sintomática ou assintomática
➢ Bacteriúria assintomática
Homens sem uso de cateter vesical – corresponde ao isolamento bacteriano quantitativo de uma
única amostra de urina, colhida de forma
adequada, com contagem maior igual a 105
UFC/mL, num contexto assintomático
Homens com cateter vesical – isolamento de
uma única amostra com valores maior igual a
102 UFC/mL define bacteriúria assintomática
Para mulheres, são necessárias duas amostras
de urinas com isolamento bacteriano maior
igual a 105 UFC/mL
Tratar com antibióticos ou não irá depender
da situação, da interpretação clínica, das
normas de conduta para aquele paciente
naquela situação
➢ Cistite – ITU baixa
Apresenta-se habitualmente com disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor suprapúbica
A febre nas infecções baixas não é um sintoma usual
➢ Pielonefrite – ITU alta
Se inicia habitualmente com quadro de cistite, sendo frequentemente acompanhada de febre elevada,
geralmente superior a 38ºC
Febre, calafrios e dor lombar formam a tríade de sintomas característicos da pielonefrite, estando
presentes na maioria dos casos
➢ Coleta adequada
Amostra isolada
 Primeira micção da manhã
 Randômica (2 a 4 horas de retenção vesical)
LUÍSA AKL URANKAR 2

 Orientação
→ Jato médio
→ Pós assepsia
Primeiro jato – identificação de uretrites
➢ ITU – Etiologias bacterianas

➢ Interpretação da cultura
Quantitativa (espécime diagnóstico passivo de contaminação no trato urogenital) e interpretativa
 Aspectos clínicos
 Contagem (alça calibrada) e tipo de agente isolado
 Técnica de coleta
 Morfologia de colônias
 Na punção supra-púbica a interpretação é diferente

Alça calibrada de 10 microlitros – 0,01 mL


(corrigindo)
Ao usar a alça calibrada, a unidade de quantificação
da cultura é UFC/mL
LUÍSA AKL URANKAR 3

➢ Punção supra-púbica
Qualquer crescimento bacteriano em coleta de punção supra-púbica deve ser valorizada
Cuidado com Gram positivos da pele
Na punção supra-púbica, na emissão espontânea e na sonda, os estudos realizados por diversos
autores indicam que a contagem de bactérias em uma urina recém-coletada, a partir de paciente
infectado, deve determinar a presença de mais do que 100.000 (105) UFC/mL de urina. É relatado que
95% dos casos de pielonefrite apresentam contagens dessa ordem
➢ Emissão espontânea e sonda
Contaminantes mais comuns isolados não passam a contagem de 10.000 bactérias/mL de urina
Quantificações menores que 10.000 UFC/mL podem representar processos infecciosos
S. saprophyticus é frequentemente associado a processos infecciosos urinários acompanhados de baixa
quantificação
➢ BGN lactose positiva e negativa
Prova da lactose no CLED é lida para BGN
BGN lactose positivo: amarelo
BGN lactose positivo: placa é acidificada pela bactéria, que metabolizou a lactose e produziu ácido

➢ Proteus sp
CLED – Cystine Lactose Electrolyte Deficient Agar Bromothymol
Swarming em ágar sangue (espraiamento) – não cresce formando UFC
CLED deficiente em eletrólitos para contagem de UFC/mL
Colônias lactose negativas falam a favor do Proteus sp
Para que o Proteus sp cresça formando UFC o meio CLED é eletrólito deficiente
LUÍSA AKL URANKAR 1

➢ Introdução
Nós temos antibióticos que agem na parede celular das bactérias
Nós temos antibióticos que interferem na síntese proteica em diferentes etapas (ex: DNA girase –
abre o DNA para a síntese do RNAm)
Nós temos antibióticos que agem na fração de maior peso molecular do ribossomo
Nós temos antibióticos que agem na porção menor do ribossomo
Nós temos antibióticos antimetabólicos
São diversos grupos de antibióticos com diferentes mecanismos de ação que nós utilizamos para
tratar infecções – devemos utilizá-los de forma racional para que minimizemos a evolução das
resistências bacterianas em relação a essas terapias

➢ Beta Lactâmicos
Agem em parede celular bacteriana
Carbapenêmicos – atuam em bactérias com
perfis de resistência maior
Anel beta lactâmico é fundamental para que
esses antibióticos tenham os seus efeitos
preservados – muitas bactérias utilizam
como estratégias de resistência a quebra
desse anel
A quebra do anel tira a atividade do
antimicrobiano
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Bactérias produzem enzimas denominadas beta lactamases para quebrar o anel – há as beta
lactamases de espectro ampliado, que são responsáveis por quebrar e hidrolisar o anel beta lactâmico
de diferentes classes como penicilina e cefalosporina
➢ Finalidade do laboratório de Microbiologia Clínica
Tem como objetivo fornecer informações sobre a presença ou ausência de microrganismos
relacionados a processos infecciosos
Deve também realizar os respectivos testes de sensibilidade aos antimicrobianos (é fundamental a
liberação do perfil de resistência dos microrganismos que foram identificados)
➢ Antibiograma
Avalia o padrão de sensibilidade da bactéria frente a concentrações pré-estabelecidas de antibióticos,
correlacionadas com níveis séricos, após doses usuais, em pacientes em condições de normalidade
No antibiograma expomos a bactéria ao antibiótico em condições normais, em concentrações que o
antibiótico atinge à nível sérico
➢ TSA
Fundamental para orientação terapêutica
Permite monitorar a evolução de resistências e direcionar as estratégias na terapêutica empírica – a
terapia empírica é aquela baseada na literatura e na experiência (evolui justamente pelo conhecimento
que temos de resultados dos testes de sensibilidade quando isolamos o microrganismo e o identificamos
a partir de um processo infeccioso)
Os antimicrobianos devem ser testados em função da espécie bacteriana e do sítio de infecção
considerando-se resistências naturais e adquiridas (que podem surgir a partir do contato com o
microrganismo com os antibióticos)
A atividade dos antimicrobianos no teste é determinada segundo condições artificiais
Reflete duas variáveis: a droga e a bactéria
Não considera outros aspectos (idade, local da infecção, função renal, função hepática, etc) – isso
justifica pois in vitro esperamos um bom resultado com a antibioticoterapia e in vivo o paciente não
evolui bem
Metodologia padronizada e referenciada
TSA – padronização do método
 Orientações e as recomendações de como devem ser realizadas as metodologias são
publicadas e atualizadas por comitês que representam organizações especializadas na
padronização do antibiograma
▪ CLSI – Clinical and Laboratory Standards Institute – USA
▪ EUCAST – European Commitee on Antimicrobial Susceptibility Testing
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TSA – critérios interpretativos


 Os critérios interpretativos padronizados pelos comitês são formulados a partir de
▪ Resultados de estudos microbiológicos
▪ Estudos de farmacocinética/farmacodinâmica clínicos para os antibióticos que são
avaliados
 Dados obtidos antes da aprovação para comercialização do antibiótico pelos órgãos
reguladores
 Sensível (S)
▪ Há uma alta probabilidade de sucesso terapêutico utilizando o regime de dosagem
padrão do agente
▪ CLSI, EUCAST, BrCAST
▪ Uma bactéria sensível a um determinado antibiótico significa que há uma alta
probabilidade de sucesso terapêutico – se o paciente ingerir pelo tempo determinado,
na concentração determinada, a possibilidade de sucesso terapêutico é grande
 Resistentes (R)
▪ Há alta probabilidade de falha terapêutica mesmo quando há aumento da exposição
▪ CLSI/EUCAST/BrCAST
▪ “Exposição é uma função de como o modo de administração, dose, intervalo entre
as doses, tempo de infusão assim como a distribuição, metabolismo e excreção do
antimicrobiano influenciam o microrganismo no local de infecção” (EUCAST/BrCAST,
2019)
▪ Resistente significa que mesmo tendo a possibilidade de aumentar a dose, de diminuir
o tempo de infusão, a chance de falha é enorme
 Sensível (S): aumentando exposição (I)
▪ Há uma alta probabilidade de sucesso terapêutico devido ao aumento da exposição
ajustando dose, o regime de dosagem ou sua concentração no local de infecção
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▪ EUCAST/BrCAST
▪ Isso corresponde mais ou menos ao intermediário, que é um conceito do CLSI
 Intermediário (I)
▪ Atividade associada a efeito terapêutico incerto, menor do que para isolados sensíveis,
correspondente à eficácia clínica em sítios nos quais o antimicrobiano é
fisiologicamente concentrado ou quando utilizada dosagem maior do que a habitua
▪ CLSI
▪ Existe a possibilidade de fracasso terapêutico mesmo se você puder aumentar a
exposição, mas é possível também que o tratamento funcione
 Sensível dose dependente (SDD)
▪ Sensibilidade dependente da dose utilizada no tratamento. Para atingir níveis
clinicamente eficazes, é necessário usar doses mais altas e/ou mais frequentes,
resultado em maior exposição ao antimicrobiano
▪ CLSI
TSA
 Metodologias
▪ Avaliação qualitativa
→ Disco difusão em ágar (Kirby e Bauer)
→ Informa se a bactéria é sensível, se é resistente, se é sensível com aumento
de exposição, etc
▪ Avaliação quantitativa
→ Teste epsilométrico ou gradiente de concentração em fita
o EtestR
o M.I.C. EvaluatorR
o LiofilchemR MIC Test Strip
→ Nos informa a concentração inibitória mínima do antibiótico, que é a
quantidade mínima necessária para que o antibiótico atinja a nível sérico para
exercer sua função, no caso a sua função terapêutica
▪ Avaliação semi-quantitativa
→ Diluição em caldo
→ Diluição em ágar
➢ Método qualitativo
Difusão em ágar – Kirby e Bauer (1966)
 Utilizado rotineiramente
 Fácil execução
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 Flexibilidade na escolha dos antibióticos


 Reprodutibilidade nos resultados
 Padronização dos resultados
▪ Fatores de padronização
→ Composição e o pH do meio de cultivo
→ Densidade do inóculo – quantidade de bactérias testada no método
→ Tempo, temperatura (35ºC) e atmosfera de incubação (aerobiose)
→ Velocidade de crescimento dos organismos em teste (bactérias devem ter
crescimento rápido)
→ Estabilidade dos antimicrobianos (ermos de estocagem)
 Baixo custo
 Meio de cultura
▪ O meio de cultivo, sem enriquecimento, deve sustentar o bom crescimento dos
organismos em teste
▪ Não deve possuir substâncias que antagônicas aos antibióticos testados (meio de
cultura não deve interferir na relação antibiótico-bactéria)
▪ Deve ser resistente a mudanças de pH durante o período de incubação (o meio
deve ter um sistema de tamponamento para manter esse pH na faixa de 7,2 a 7,4
pelo menos durante o período de incubação)
▪ Deve permitir o acréscimo de sangue quando o organismo em teste exigir
▪ Meio não deve conter carboidratos fermentáveis – evitar acidificação (a fermentação
produz ácidos que tentam e conseguem jogar o pH para baixo)
▪ Deve-se ter um sistema de tamponamento que vai resistir ao crescimento das
bactérias (as bactérias vão excretar substâncias na placa) e o pH deve-se manter
entre 7,2 e 7,4 durante o período de incubação
▪ O pH do meio deve manter-se entre 7,2 e 7,4
▪ O meio Mueller – Hinton é recomendado para rotina de difusão em ágar por diversos
autores
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 Densidade do inóculo
▪ Preferencialmente suspensão direta
em salina – apropriado para todos os
microrganismos
▪ É a quantidade de bactérias que eu
vou utilizar para fazer o TSA
▪ Escala de Mcfarland
→ Escala de turvação
→ É uma escala de uma série de tubos de um menos turvo para um mais
turvo
→ É uma escala química e que, dentro desses
tubos, existe um tubo 0,5 na escala de turvação que
corresponde à quantidade de bactéria que eu preciso
(1,5 X 108 UFC/mL)
→ Conferir a densidade óptica da suspensão
em um espectrofotômetro com trajeto de luz de 1 cm
em cubetas apropriadas
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→ Absorbância em 625 nm → Faixa de 0,08 a 0,13


→ Distribuir as suspensões em tubos de mesmo tamanho do que aqueles para
testar o inóculo.
→ Vedar os tubos
→ Armazenar padrões vedados no escuro, em T ambiente
→ Agitar os padrões vigorosamente antes do uso
→ Conferir absorbância após 6 meses de armazenamento
▪ Método de cultura em caldo para obtenção do inóculo
→ Utilizado para culturas com mais de 24 horas de crescimento
→ Bactérias isoladas em meios seletivos
→ Colônias difíceis de suspender em salina
→ Tocar 3 ou 4 colônias e inocular em 3 a 4 ml de caldo TSB ou caldo Mueller-
Hinton (Não usar BHI)
→ Incubar a 35ºC + 2oC até escala 0,5 Mc (2 a 6 horas)
 Estocagem de discos

 Inoculação nas placas


▪ Até 15 minutos após preparo do inóculo
▪ Inoculação homogênea
▪ Esperar diminuir a umidade antes da aplicação dos discos – não ultrapassar 15 minutos
à T ambiente
 Incubação
▪ Incubar as placas invertidas no máximo 15 minutos após colocar discos
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 Leitura
▪ Placas semeadas devem apresentar crescimento confluente
▪ O crescimento deve ser uniformemente distribuído na superfície do ágar
▪ Verificar se os diâmetros dos halos de inibição das cepas de controle de qualidade
estão dentro dos limites aceitáveis
 Controle de qualidade
▪ Fundamental no TSA
▪ Utiliza cepas ATCC (American Type Culture
Collection) – já sabemos o perfil bioquímico e
qual é o resultado dessas bactérias para todos
os antibióticos que são preconizados para a
infecção por essas bactérias. São cepas que
nos permitem testar os meios de cultura, os
métodos de identificação e o antibiograma

 Observações em relação à leitura


▪ Se não há halo – a bactéria é
resistente ao antibiótico
▪ Quando há halo – esse halo deve
ser medido, pois mesmo quando
presente pode não ter diâmetro o
suficiente para identificar que
aquela bactéria é sensível
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➢ Hemoculturas tendem a investigar as bacteremias e as endocardites


➢ Cateteres tentam esclarecer se as bacteremias são originadas a partir de cateteres intravasculares
➢ Bacteremia
Bacteremia: microrganismos (bactéria) viáveis na corrente sanguínea
Bacteremia primária: origem no próprio sistema circulatório
Bacteremia secundária: origem da infecção em outro sítio do organismo
Quanto à periodicidade da bacteremia, temos
 Bacteremia transitória
→ Rápida
→ Ocorre após manipulação de tecido ou abscessos, furúnculos ou procedimento
cirúrgico. Procedimentos dentários, endoscopia digestiva, cateterização, sonda uretral,
pneumonias, meningites, artrites sépticas, osteomielites
 Bacteremia intermitente
→ Variáveis de tempo com mesmo organismo
→ Abscessos pélvicos (liberação de microrganismos no sangue e interrupção),
hepáticos, prostáticos, outros
 Bacteremia contínua
→ Endocardite aguda e sub-aguda
→ Primeiras semanas da brucelose e febre tifóide
 Bacteremia escape
→ Definida como um episódio de bacteremia em paciente recebendo antibioticoterapia
supostamente adequada
→ Uso de antimicrobiano inadequado
→ Concentração sub-ótima de fármaco no sítio da infecção – antibiótico não está
conseguindo fazer a concentração adequada no tecido que ele deve atuar
→ Controle inadequado da fonte de infecção
→ Imunidade do hospedeiro – se o indivíduo não tiver um sistema imunológico atuante,
não vai adiantar
→ Frequente em infecções por estafilococos e bacilos Gram negativos resistentes
→ Episódios tardios são por drenagem inadequada ou em pacientes imunodeprimidos
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➢ Fontes mais comuns de infecção da corrente sanguínea


Dispositivos intravasculares (19%);
Trato genitourinário (17%);
Trato respiratório (12%);
Intestino e peritônio (5%);
Pele (5%);
Trato biliar (4%);
Abscesso intra-abdominal (3%);
Outros (8%);
Locais desconhecidos (27%)
➢ Principais etiologias
Vírus
 Cytomegalovirus
 HIV
 Vírus de hepatite A e B
Fungos
 Candida spp
 Criptococcus neoformans
 Fazem fungemias principalmente em imunodeprimidos
Bactérias: Elevado valor preditivo positivo:
 Gram positivos
→ Staphylococcus aureus;
→ Staphylococcus sp coagulase negativos;
→ Streptococcus pneumoniae;
→ Streptococcus viridans (20 - 40% das endocardites);
→ Enterococcus spp;
→ Listeria spp.
 Gram negativos
→ E. coli;
→ K. pneumoniae;
→ Salmonella spp;
→ Enterobacter spp;
→ Pseudomonas aeruginosa;
→ Pseudomonas sp;
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→ Neisseria meningitidis;
→ Haemophilus influenzae
 Bacteremia polimicrobiana é rara
→ Índice de positividade varia de 10 a 15%
→ Abaixo de 5% ou muito acima de 15% rever adequação de pedidos pelo serviço
➢ Indicações clínicas
Antes de antibioticoterapia (caso o paciente já esteja utilizando o antibiótico, utilizar frascos com
inibidores de antibióticos e fazer a hemocultura antes da próxima dose do antibiótico, por exemplo,
em um paciente que esteja fazendo o uso de 8 em 8 horas)
Pacientes com quadro sugestivo de infecção (sepse) e febre acima de 38ºC ou hipotermia (34ºC).
Leucocitose (> 12.000/mm3 com desvio à esquerda especialmente) – “desvio à esquerda” = quando
temos precursores imaturos de neutrófilos aparecendo no hemograma, mostra que a medula está
tentando compensar uma necessidade de células e, provavelmente, o paciente está em processo
infeccioso
Leucopenia (< 4.000/mm3);
Em crianças com queda de estado geral;
Em idosos com mialgia, sinais de AVC, mal estar
Choque, calafrios, rigor;
Infecções locais graves (meningite, endocardite, pneumonia, pielonefrite etc.);
Frequência cardíaca elevada;
Diminuição ou elevação da pressão sanguínea;
Frequência respiratória elevada
➢ Técnica de coleta
A desinfecção cuidadosa da pele é essencial para evitar a presença de organismos da microbiota que
podem confundir resultados – o que mais pode confundir resultado é quando isolamos na cultura de
sangue um Gram positivo (para antissepsia da pele utiliza-se, de rotina, álcool 70%)
Tintura de iodo (1 – 2%);
Clorexidina alcoólica (0,5 – 2%).
O tratamento deve também ser aplicado a rolha do frasco de cultura
Hora da coleta
 Precocemente ao início dos sintomas e antes da antibioticoterapia.
 Embora seja uma prática comum obter hemoculturas em intervalos de 30 a 60 minutos,
existem estudos mostrando que não há diferenças significativas quando as amostras são
coletadas simultaneamente ou em intervalos de tempo
 A coleta de amostras em intervalos de tempo está para situações específicas
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→ Necessidade de documentar bacteremia contínua – acontece muito nas endocardites


→ Em pacientes com suspeita de endocardite
→ Infecções associadas a dispositivos intravasculares
→ Atualmente, a recomendação do CLSI é obter as amostras simultaneamente (sem
intervalos de tempo) – em locais diferentes
 Normalmente o que se faz são 3 hemoculturas sem intervalos de tempo, mas é importante
que sejam coletadas de lugares diferentes do corpo – não pode tirar todo o volume de
sangue das 3 hemoculturas e injetar todos no frasco de uma vez só
 Cada amostra de hemocultura é uma espetada que o paciente vai levar
 Punções em locais diferentes se coletarmos a hemocultura todas de uma vez só
 Se a coleta for feita com intervalo, aí sim poderá coletar na mesma parte do corpo em que
foi feita a coleta anteriormente
Tipo de frasco a ser coletado
 Atualmente, a recomendação do CLSI é coletar o par de garrafas (frascos) aeróbio/anaeróbio
 Para laboratórios que optarem por colher apenas garrafas aeróbias, devem ser coletadas duas
garrafas aeróbias por amostra, para garantir o cultivo do volume de sangue adequado
Proporção sangue/meio de cultivo
 Proporção recomendada para sistemas convencionais é 1:5
a 1:10.
 Para sistemas automatizados há meios que aceitam volume
maior de sangue (proporção inferior a 1:5)
 No frasco há um meio de cultura líquido com
anticoagulante, pois o sangue não pode coagular
 O anticoagulante que temos no frasco é o polianetol
sulfonato sódico
 Esse anticoagulante também inibe a atividade do sistema
imunológico no frasco, por exemplo, inibe as proteínas do
complemento
 Cabe 5 mL de sangue no frasco –
quanto menor o volume de sangue,
menor a sensibilidade do método
Volume de sangue coletado em adultos
 Cada amostra de hemocultura –
punção – dois pares de frascos
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 Cada amostra de hemocultura coletaríamos 20 mL de sangue


Número de hemoculturas
 Isolamento em uma amostra (2 frascos por amostra) – 70%
 Isolamento em duas amostras (2 frascos por amostra) – 80% a 90%
 Isolamento em três amostras (2 frascos por amostra) – 96 a 98%
 Isolamento em 4 amostras (2 frascos por amostra) – acima de 99%
 Cada mililitro de sangue a mais coletado aumenta em média 3% a positividade
Volume de sangue coletado em crianças

➢ Condição clínica – protocolo


Bacteremia, fungemia, osteomielite, meningite, artrite, pneumonia, e pielonefrite (necessita de
antibioticoterapia urgente)
 Coletar 2 a 3 amostras de hemoculturas consecutivas, antes do início da terapia (40 a 60 mL
de volume total – 4 a 6 frascos por episódio infeccioso)
 Coletar sem intervalo, em locais diferentes
Febre de origem indeterminada (abscessos ocultos, febre tifoide, brucelose) e endocardite subaguda
 Coletar 2 a 3 amostras de hemoculturas consecutivas, de sítios anatômicos diferentes com
30 minutos a 1 hora de intervalo.
 Se forem negativas nas primeiras 24 a 48 horas, obter mais 2 hemoculturas consecutivas de
diferentes sítios de punção
Endocardites
 Coletar pelo menos 3 amostras consecutivas antes do início da antibioticoterapia
 Coletar as amostras sem necessidade de intervalo, intercalando os sítios da punção
Paciente em uso de terapia antimicrobiana
 Utilizar frasco com inibidores de antibióticos de preferência.
 Coletar antes da próxima dose do antibiótico sem necessidade de intervalo, intercalando os
sítios da punção
Bacteremia ou fungemia com hemoculturas negativas
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 Coletar 2 a 3 amostras com intervalos de um dia entre elas.


 Considerar métodos para isolamento de micobactérias, fungos dimórficos ou filamentosos e
microrganismos fastidiosos
➢ Transporte das amostras
Após a coleta, as amostras devem ser transportadas ao laboratório em, no máximo, duas horas
As garrafas de hemoculturas jamais devem ser refrigeradas ou congeladas
Transporte à temperatura ambiente
➢ Frascos convencionais
O anticoagulante de escolha é o polianetol sulfonato sódico (SPS) a 0,025 – 0,5%, adicionado ao meio
na proporção de 1:10
O SPS neutraliza propriedades bactericidas do sangue (efeitos anticomplementares e antifagocitários)

➢ Hemoculturas – automação
Vantagem em relação à rapidez dos resultados e diminuição do trabalho técnico
BacT/ALERT (bioMérieux)
 Frascos aeróbios e anaeróbios
 Volume
→ Adultos até 10 mL
→ Pediátrico até 5 mL
 Frascos com agitação constante
 Monitoramento contínuo: 10 minutos
 Quando o sangue com a bactéria é injetado dentro do frasco, a bactéria vai utilizando o meio
de cultura para o seu metabolismo, vai se multiplicando e produzindo CO2. Dentro do frasco
já há uma atmosfera, mas o aumento vai começar a mudar o pH do líquido de dentro do
frasco
 Quando começa a acidificar, o fundo do frasco começa a mudar de cor, de acordo com a
produção do CO2 pelo microrganismo
 Sensor colorimétrico para detecção da produção de CO2 pelo microrganismo
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 Incubação monitorada durante 5 dias é adequada


 Sem necessidade de incubação por maior tempo para fastidiosos do grupo HACEK (Gram
negativos):
→ Haemophylus sp;
→ Actinobacillus sp;
→ Cardiobacterium sp;
→ Eikenella sp;
→ Kingella sp
➢ Hemocultura específica
Leptospira sp
 Coletar na primeira semana da doença (50% positivos), paciente febril
 Coletar 5 mL de sangue total no mínimo com heparina ou oxalato de cálcio, encaminhar
refrigerado ao laboratório
 Meio de Fletcher (28 a 30ºC por até 6 semanas)
Micobactérias
 Frascos específicos
 Enviar o laboratório até 12 horas após coleta mantendo à temperatura ambiente
Brucella sp
 BGN causador da brucelose
 É bactéria de crescimento lento
 Método manual → Repiques iniciais 24 e 48 horas; posteriormente a cada 5 dias
 Incubar até 21 dias
 Método automatizado → Incubar até 10 dias
➢ Ponta de cateter
Pode ser a origem das bacteremias e fungemias
Cultura qualitativa tem pouco valor no auxílio diagnóstico de infecções por cateteres
Método quantitativo
Infecções relacionadas a cateteres
 Geralmente apresentam no seu local de inserção sinais inflamatórios, como eritema,
enduração, presença de pus, entre outros
 Em algumas situações, devido ao paciente estar apresentando febre com nenhum outro foco
infeccioso detectado, suspeita-se de possível infecção do cateter, o que indica sua remoção
para cultura
 Infecções em cateteres podem levar rapidamente à bacteremia e fungemia
 Material clínico: cateter central, periférico, arterial, Swan-Ganz (artéria pulmonar), Hickman
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Ponta de cateter vesical (Foley) não deve ser processada

Agentes mais comuns


 Bactérias
→ Staphylococcus sp coagulase negativo (SCN);
→ S. aureus;
→ Enterococcus spp;
→ Enterobactérias;
→ Pseudomonas aeruginosa e outros Gram negativos;
→ Corynebacterium spp;
→ Estreptococos;
→ Bacillus spp
 Fungos
→ Candida spp
→ Aspergillus spp
→ Fusarium spp
→ Malassezia furfur
Procedimento
 O pedaço de cateter deve ser rolado no meio de
cultura sólido
 O rolamento é fundamental para isolamento de
colônias
Interpretação
 Método de Maki
→ Semi-quantitativa
→ Maior igual a 15 UFC → cateter infectado.
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→ Menor igual a 15 UFC → cateter contaminado. Identificar apenas patógenos


importantes

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