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Contexto pré ditadura (ChatGPT)

O contexto histórico da educação brasileira antes e durante a ditadura militar


(1964-1985) revela o embate entre propostas educacionais progressistas e a
imposição de um modelo autoritário. Antes de 1964, o Brasil vivia um momento de
expansão da educação pública, com iniciativas como o Plano Nacional de Educação
(1962) e movimentos que defendiam a educação como ferramenta de
transformação social. Educadores como Anísio Teixeira e Paulo Freire promoviam
uma visão de ensino crítica e emancipadora, que incentivava o pensamento
reflexivo e o engajamento dos cidadãos nas questões sociais e políticas. Esse
período foi marcado por uma forte demanda popular por acesso à educação de
qualidade, visando a inclusão social e a erradicação do analfabetismo.
Com o golpe militar de 1964, o governo militar adotou uma postura repressiva em
relação à educação, instituindo uma política de controle ideológico e censura sobre
o conteúdo pedagógico e afastando educadores considerados subversivos, como
Paulo Freire, que foi exilado. As reformas educacionais dos militares tinham como
objetivo moldar um sistema educacional voltado para o desenvolvimento econômico
e a manutenção do regime, limitando a formação crítica dos alunos. A Lei
5.692/1971 foi um marco dessa transformação, ao obrigar o ensino
profissionalizante no segundo grau, direcionando os jovens para uma formação
técnica e prática, em detrimento da formação humanista e crítica.
O ensino superior também sofreu grandes mudanças: houve um aumento
expressivo no número de universidades, mas o governo militar impôs um rígido
controle sobre elas. Movimentos estudantis, que historicamente promoviam o
debate político e social, foram violentamente reprimidos. Essa repressão gerou
movimentos de resistência de professores, estudantes e intelectuais, que exigiam
maior autonomia universitária e liberdade de ensino.
As consequências dessa fase autoritária no sistema educacional brasileiro foram
significativas e duradouras. A priorização de um ensino tecnicista e acrítico limitou a
capacidade do sistema educacional de formar cidadãos reflexivos e críticos, e o
modelo centralizador e repressivo deixou lacunas na formação pedagógica e na
qualidade da educação, efeitos que perduraram mesmo após o fim da ditadura em
1985.
Resumo do texto 1: página 95 a 105

O desenvolvimento da educação brasileira entre 1945 e 2000 é marcado por uma


relação complexa entre transformações sociais e políticas, intensificada pelo papel
do Estado, autoritário e elitista, e pela pressão popular por mais acesso à educação.
A partir de 1930, com o crescimento da urbanização e industrialização, houve um
aumento da demanda por educação, refletido nas reformas educacionais realizadas
em momentos-chave.

Durante o "milagre econômico" (1968-1973), sob o regime militar, houve uma


expansão da educação fundamental, ainda que essa ampliação tenha ocorrido sem
uma base pedagógica forte, resultando em uma educação pública voltada para a
quantidade, mas deficiente na qualidade dos conteúdos oferecidos, principalmente
para as classes populares. A Lei nº 5.692/71, que instituiu o ensino obrigatório de
oito anos, foi promulgada no auge da repressão, mas atendeu à demanda histórica
das classes populares por mais acesso à educação, mesmo que seu caráter
tecnicista refletisse uma adaptação às necessidades do mercado de trabalho, e não
a uma formação integral.

As disputas ideológicas sobre o papel do ensino público e privado marcam a


educação desde o período do nacional-populismo (1945-1964), que resultou na
primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB) em 1961. Essa lei refletia, de um lado, a
defesa da escola pública, laica e universal, liderada por figuras como Florestan
Fernandes e Anísio Teixeira, e, de outro, a pressão de setores conservadores, como
a Igreja Católica e a União Democrática Nacional (UDN), que defendiam o
financiamento público para escolas particulares. Mesmo após a aprovação da LDB,
críticas continuaram, apontando que a lei não conseguia atender às demandas por
uma educação pública de qualidade.

Paulo Freire emergiu como um crítico importante dessa educação excludente,


criando seu método de alfabetização de adultos nos círculos de cultura popular, que
promoviam uma educação crítica e conscientizadora, abordando temas próximos da
realidade dos educandos. Ele argumentava que a educação deveria promover a
consciência crítica e emancipatória, possibilitando aos cidadãos serem agentes de
sua própria história, um conceito que influenciaria fortemente a educação brasileira.

Após o fim da ditadura militar em 1985, houve tentativas de reformar o sistema


educacional para atender melhor às necessidades de uma sociedade mais
democrática e complexa. Na década de 1990, políticas neoliberais influenciadas por
instituições como o Banco Mundial e o FMI promoveram reformas visando eficiência
e gestão escolar, mas as críticas persistiram, destacando a falta de equidade e o
déficit histórico de qualidade da educação pública no Brasil.
Essa trajetória mostra que, enquanto o Brasil se modernizava em termos de
estrutura e acesso, os desafios qualitativos e as disparidades de classe e região
permaneceram.

Texto 2: continuação página 95 a 105

O texto analisa a educação pública no Brasil, destacando os impactos do golpe


militar de 1964 e as subsequentes políticas educacionais. A partir do golpe, houve
uma aliança entre o empresariado e o regime militar que, embora não tenha
mudado a essência do capitalismo brasileiro, levou à rejeição de políticas
nacional-populistas. Essas políticas buscavam ampliar liberdades e integrar as
classes populares, mas a repressão estabelecida pelo regime militar promoveu um
estado de vigilância e cerceamento das liberdades, afetando também o sistema
educacional. Durante esse período, a educação tornou-se um instrumento de
eficiência produtiva, mas os resultados foram preocupantes, como altos índices de
analfabetismo e a precarização do trabalho docente. O movimento estudantil, por
sua vez, se radicalizou em busca de uma educação mais democrática.

Em 2000, o cenário educacional era alarmante, com mais de 30 milhões de alunos


matriculados no ensino fundamental público, dos quais três milhões eram
reprovados. A qualidade do ensino era considerada miserável, com o desempenho
em disciplinas essenciais como português e matemática indicando uma "formação
intelectual indigente". Apesar da promulgação da Constituição de 1988, o Brasil não
conseguiu resolver a questão da escola pública para todos, e a exclusão das
classes populares se manifestava não mais pela ausência de acesso à escola, mas
pela falta de aprendizado efetivo. As reformas e políticas educacionais da década
de 1990, impulsionadas por uma nova conjuntura internacional após o colapso do
"socialismo real", tornaram o Brasil dependente das agências multilaterais, como o
FMI e a OMC. Essa dependência limitou a autonomia do país na formulação de
políticas educacionais, priorizando a regularização do fluxo escolar em vez da
qualidade do ensino.

O texto conclui que as políticas adotadas durante a década de 1990, condicionadas


pelo financiamento internacional, resultaram em uma educação pública que não
garantiu a aprendizagem necessária para os alunos. Apesar das avaliações
institucionais, muitos estudantes que concluíam a 8ª série do ensino fundamental
não dominavam a língua portuguesa, evidenciando a ineficácia do sistema
educacional e a necessidade de uma reforma que priorizasse a qualidade do ensino
em vez da mera formalidade da escolarização.
Texto Militarização da Sociedade

O texto aborda a intervenção das Forças Armadas no Brasil em 1964, motivada por
uma crise de governabilidade que impedia o capitalismo de se desenvolver
plenamente. O golpe militar interrompeu projetos nacionalistas e impôs um modelo
autoritário, excluindo setores populares e de esquerda da participação social. Sob
forte controle, o regime priorizou o crescimento econômico por meio de
modernização tecnológica e baixos investimentos em áreas sociais como educação
e saúde. Esse modelo foi legitimado pela Doutrina de Segurança Nacional, que
alinhava os interesses das elites à ideia de progresso nacional.

No plano político, o governo extinguiu partidos e criou a ARENA e o MDB, com o


Executivo governando por meio de decretos e leis repressivas, culminando na
Constituição de 1967, que consolidou o regime ditatorial. A intervenção estatal
impulsionou a economia, iniciando o "milagre brasileiro" (1968-1973), período de
crescimento sustentado pelo controle total do mercado de trabalho e pela repressão
aos movimentos sociais. Programas como o PAEG, PED e PDDES visavam à
modernização, mas pouco atenderam às necessidades básicas da população.

A educação refletiu esse contexto, com ênfase em planejamento técnico, mas sem
atacar problemas como o analfabetismo, que aumentou em números absolutos.
Campanhas educacionais eram fragmentadas e insuficientes. O governo priorizou o
ensino técnico e superior, voltado para a formação de quadros de apoio ao projeto
desenvolvimentista, ignorando a qualidade e a democratização do ensino básico.
Parcerias, como os acordos MEC-USAID, reforçaram a privatização e a adequação
da educação aos interesses econômicos, com cursos orientados para o mercado. A
política educacional do período focou na formação de uma elite tecnoburocrática,
distanciando-se do ideal de educação universal e reforçando desigualdades.

Texto “Educação, desenvolvimento econômico e segurança nacional”

Esse trecho destaca as reformas educacionais no Brasil durante a ditadura militar,


focando nas leis nº 5.540/68 e nº 5.692/71, que moldaram o ensino superior e o
ensino de 1º e 2º graus em um contexto de repressão e alinhamento com o
capitalismo. Com a militarização nas universidades e repressão ao movimento
estudantil, o governo procurou, através da "tecnicização" e "expansão controlada",
desmobilizar a juventude politicamente, direcionando-a para o mercado de trabalho.

Além disso, o governo promoveu o extensionismo, com projetos como o CRUTAC e


o Projeto Rondon, para redirecionar o ativismo estudantil para atividades sem teor
crítico, enquanto os programas de alfabetização foram neutralizados, substituindo o
método de Paulo Freire por iniciativas controladas, como a Cruzada ABC. O foco do
Estado em reformas "racionalizadoras" e em uma educação voltada para o mercado
teve o efeito de limitar a coesão política entre estudantes e professores, e o
financiamento público para a educação foi drasticamente reduzido.

O autor sugere que a política educacional estava atrelada ao desenvolvimento


econômico do regime militar, que priorizava o ensino superior, promovia o
empresariamento educacional e excluía amplos setores da população do acesso à
educação, fortalecendo a estrutura repressiva e centralizadora do Estado.

Resumo do texto Pedagogia do Oprimido

O trecho descreve criticamente a "concepção bancária" da educação, onde o


educador assume o papel de detentor exclusivo do saber, e os alunos são vistos
como recipientes passivos a serem preenchidos com informações. Segundo essa
visão, o educador narra o conteúdo de forma estática, alienada da realidade
concreta dos estudantes, tratando-os como “vasilhas” a serem “enchidas” com
dados memorizáveis, desconectados de uma compreensão crítica ou reflexiva. Esse
modelo representa uma abordagem mecanicista e autoritária da educação, em que
o professor detém o monopólio do conhecimento e se coloca como sujeito da ação
educativa, enquanto os alunos são objetificados e desprovidos de protagonismo.

A metáfora “bancária” aponta que essa educação se assemelha a um ato de


depósito: o professor deposita conhecimento, e os alunos o armazenam, repetindo-o
sem compreendê-lo profundamente. Esse processo perpetua uma relação de poder
onde o professor é o "sábio" e o aluno o "ignorante", reforçando uma ideologia de
opressão que aliena os educandos, reduzindo-os à passividade e impedindo que
desenvolvam uma visão crítica sobre o mundo e seu papel transformador na
sociedade.

O texto também destaca que essa forma de educação serve aos interesses dos
opressores, pois, ao focar na adaptação e aceitação passiva do educando ao
mundo tal como ele é, ela limita seu potencial criativo e crítico. Nesse sistema, o
verdadeiro objetivo dos opressores não é transformar as condições de vida dos
oprimidos, mas sim reforçar sua adaptação a elas, assegurando que permaneçam
subjugados e alienados.

Como alternativa, o autor propõe uma educação humanizadora e libertadora, que


abandona a ideia de “depósitos” e incentiva o diálogo entre educador e educandos.
Nesse modelo, ambos se reconhecem como sujeitos do processo educativo e
contribuem juntos para a construção do conhecimento, promovendo uma relação de
companheirismo, autonomia e liberdade, essencial para o desenvolvimento da
consciência crítica dos educandos e a superação das estruturas de opressão.
1. Qual a relação entre educação e desenvolvimento econômico no contexto
da ditadura militar?

Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a educação foi direcionada para


atender as necessidades do desenvolvimento econômico do país, especialmente
em termos de mão de obra. O regime visava uma educação técnica e
profissionalizante que pudesse formar trabalhadores qualificados para atender às
demandas das indústrias e setores econômicos em crescimento. Essa orientação
alinhava-se com uma visão pragmática da educação, em que o desenvolvimento
econômico e a produtividade eram priorizados sobre a formação crítica e cidadã.
Assim, a educação foi usada como um meio de controle social, onde o
desenvolvimento econômico era visto como prioridade, mas sem promover uma
educação que incentivasse a participação política ou o pensamento crítico, que
eram considerados perigosos para o regime.

2. Explique o método de alfabetização de adultos proposto por Paulo Freire.


Por que esse método foi abandonado durante a ditadura militar, bem como a
obra do autor foi censurada?

Paulo Freire desenvolveu um método de alfabetização de adultos centrado na


conscientização crítica dos educandos. Sua metodologia partia das experiências de
vida dos próprios alunos e buscava conectar a alfabetização com a compreensão e
transformação da realidade social. Freire propunha que o processo educativo fosse
dialógico e envolvesse os alunos como participantes ativos. Esse método, baseado
na educação libertadora, não visava apenas a alfabetização, mas também o
desenvolvimento de uma consciência crítica sobre a opressão e a desigualdade.
Durante a ditadura militar, o método de Freire foi abandonado e sua obra censurada
porque suas ideias desafiavam a estrutura autoritária e antidemocrática do regime.
A ditadura temia que o ensino crítico proposto por Freire estimulasse o
questionamento e a organização política dos educandos, ameaçando o controle
exercido pelo governo. A visão educacional do regime priorizava uma formação
acrítica e tecnicista, compatível com os interesses dos grupos dominantes e a
ordem econômica estabelecida, excluindo qualquer abordagem que incentivasse a
autonomia ou o engajamento político.

3. Explique o que foi a reforma universitária de 1968. Qual a sua relação com a
perseguição às atividades de professores e estudantes na época?

A reforma universitária de 1968, implementada durante o regime militar, reestruturou


o sistema de ensino superior no Brasil. Inspirada no modelo norte-americano, a
reforma buscava modernizar as universidades e aumentar a eficiência e a
produtividade acadêmica. Entre suas principais mudanças estavam a criação dos
departamentos, o estabelecimento de cursos de curta duração (como licenciaturas
curtas) e a organização curricular mais voltada para o mercado.
No entanto, a reforma universitária também estava associada ao controle político e
à repressão nas instituições de ensino superior. Em paralelo à reforma, o regime
militar intensificou a perseguição contra professores e estudantes considerados
"subversivos", ou seja, aqueles que expressavam oposição ao governo ou
participavam de movimentos estudantis. Muitas universidades se tornaram alvos de
vigilância e censura, e professores e estudantes foram demitidos, presos ou
exilados por suas atividades e posicionamentos políticos. Assim, a reforma, ao
mesmo tempo em que buscava reorganizar o ensino superior, também reforçou o
controle sobre o ambiente universitário e restringiu a liberdade acadêmica e política.

4. Quais foram as principais mudanças propostas pela reforma do ensino do


1º e do 2º grau de 1971? Qual a sua relação com a Agência Norte-Americana
para o Desenvolvimento Internacional (USAID)?

A reforma do ensino de 1º e 2º graus de 1971, oficializada pela Lei 5.692, trouxe


mudanças significativas no sistema de educação básica. Essa reforma introduziu o
ensino profissionalizante, especialmente no ensino de 2º grau (atual ensino médio),
visando adequar a formação dos jovens às necessidades do mercado de trabalho.
Outra mudança foi a criação de um currículo único nacional, voltado mais para o
treinamento técnico do que para o desenvolvimento crítico dos alunos. Esse modelo
promovia uma educação que priorizava a formação de trabalhadores técnicos e
limitava a abordagem de conteúdos que pudessem estimular a reflexão política e
social.
A reforma teve influência direta da Agência Norte-Americana para o
Desenvolvimento Internacional (USAID), que apoiou a ditadura militar no
financiamento e elaboração de políticas educacionais. O objetivo da USAID,
alinhado com a política externa dos Estados Unidos durante a Guerra Fria, era
formar uma força de trabalho técnica que atendesse aos interesses econômicos e
evitasse movimentos ideológicos contrários ao regime militar e aos interesses
norte-americanos. Assim, a reforma contribuiu para uma educação mais técnica e
acrítica, servindo tanto aos interesses do governo militar quanto aos interesses
geopolíticos dos EUA.

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