6778NM - THEORIES AND PRACTICES OF ACTIVE LEARNING _Ione Marcia da Silva_ 04-22-2023 (1)
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RESUMO
Adotar estratégias mais dinâmicas e participativas na sala de aula é uma preocupação no cenário
educacional atual. Isso se deve a diversas características, como o perfil diferenciado dos alunos,
as demandas do mercado e a necessidade de desenvolver competências necessárias aos
indivíduos no século XXI. Este trabalho tem como objetivo caracterizar e refletir sobre a
metodologia de ensino conhecida como sala de aula invertida, ou flipped classroom, que tem
se destacado nos últimos anos como uma inovação no processo de ensino e aprendizagem. A
sala de aula invertida propõe uma mudança na ordem tradicional do ensino, na qual os alunos
estudam o conteúdo em casa e, em sala de aula, participam de atividades práticas e discussões
em grupo, promovendo maior interação e participação ativa dos alunos no processo educativo.
No entanto, a implementação da sala de aula invertida pode apresentar desafios para os
docentes, como a necessidade de preparação de conteúdo diferenciado e a gestão do tempo em
sala de aula. Analisamos também as características essenciais aos professores para desenvolvê-
1
Graduação. Especialização. Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University.
[email protected].
la, como flexibilidade, criatividade e habilidades de gestão de grupo para garantir o sucesso da
prática. Nesse contexto, este artigo tem como objetivo apresentar os principais achados da
revisão bibliográfica sobre a sala de aula invertida, incluindo a abordagem de algumas críticas
e limitações encontradas na literatura em relação à eficácia da sala de aula invertida como um
método de ensino. Espera-se, assim, contribuir para a discussão sobre o uso dessa metodologia
no contexto educacional.
ABSTRACT
Adopting more dynamic and participatory strategies in the classroom is a concern in the current
educational scenario. This is due to several characteristics, such as the different profile of
students, market demands and the need to develop the skills needed by individuals in the 21st
century. This work aims to characterize and reflect on the teaching methodology known as
flipped classroom, which has stood out in recent years as an innovation in the teaching and
learning process. The flipped classroom proposes a change in the traditional teaching order, in
which students study the content at home and, in the classroom, participate in practical activities
and group discussions, promoting greater interaction and active participation of students in the
educational process. However, the implementation of the flipped classroom can present
challenges for teachers, such as the need to prepare differentiated content and time management
in the classroom. We also analyzed the essential characteristics for teachers to develop it, such
as flexibility, creativity and group management skills to guarantee the success of the practice.
In this context, this article aims to present the main findings of the literature review on the
flipped classroom, including the approach to some criticisms and limitations found in the
literature regarding the effectiveness of the flipped classroom as a teaching method. It is
expected, therefore, to contribute to the discussion about the use of this methodology in the
educational context.
1 - Introdução
aula invertida (ou Flipped classromm), a fim de caracterizá-la, refletir sobre os desafios
As metodologias ativas são um conjunto de técnicas pedagógicas que têm como objetivo
tradicional abordagem centrada no professor e não no aluno, pois segundo Barbosa, Barcelos e
Batista “a aula não é só o que acontece no espaço físico de uma sala, é um contato vivo com o
mundo e, nesse contexto, as mídias digitais são importantes, pois ampliam as possibilidades de
Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom), entre outras. Conforme mencionado por Bottentuit
aprendizagem, como falar, escrever, ouvir, esquematizar e ensinar os colegas, eles atingem um
aprendizagem, não são exclusivas de uma época específica e têm raízes históricas e culturais
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em diversas áreas do conhecimento. Além disso, nem todas as metodologias ativas são baseadas
em tecnologia, podendo ser aplicadas tanto em ambientes online quanto presenciais, levando
metodologias podem ser realizadas sem o uso de tecnologia, enquanto outras podem utilizar
aula invertida.
literatura relacionada à temática abordada. Para tanto, foram utilizados, artigos acadêmicos
as técnicas de ensino tradicionais para permitir que os alunos sejam agentes ativos em seu
introdução de inovações na sala de aula se apresenta como uma mudança relevante e vital no
Ademais, o uso da tecnologia pode proporcionar aos alunos oportunidades significativas para a
dedicando o tempo em sala de aula para aprofundar seus conhecimentos, discutir dúvidas,
aprendizagem antes da aula, o que lhes permite se preparar para o conteúdo e ter uma
compreensão inicial do assunto. Isso possibilita que o tempo em sala de aula seja dedicado a
A Sala de Aula Invertida é constituída, basicamente, por duas componentes: uma que
requer interação humana (atividades em sala de aula), ou seja, a ação; e outra que é
desenvolvida por meio do uso das tecnologias digitais, como vídeoaulas (atividades fora
da sala de aula). Desse modo, as teorias de aprendizagem centradas no aluno fornecem
a base filosófica para o desenvolvimento dessas atividades. Ignorar este fato e
conceituar a Sala de Aula Invertida com base apenas na presença (ou ausência) de
computador ou tecnologias, constitui-se em um grande erro. (Pavanelo & Lima, 2017,
p.742)
A SAI tem como base teórica a perspectiva construtivista da aprendizagem, que destaca
modelo de ensino híbrido, que combina o ensino presencial com o ensino online, possibilitando
aprendizagem.
adicionais, enquanto o professor tem mais tempo para se concentrar em atividades que
e simulações. O uso de sala de aula invertida tem origem na década de 1990, quando os
professores de Química Jonathan Bergmann e Aaron Sams, da Woodland Park High School,
nos Estados Unidos, perceberam que muitos alunos perdiam aulas importantes por motivos
diversos. Diante desse cenário, eles começaram a gravar suas aulas e disponibilizá-las online
para que os estudantes pudessem assisti-las em casa, no seu próprio ritmo, e usar o tempo em
colaboração entre os alunos, bem como o aumento do tempo disponível para o professor
Atualmente, o método de sala de aula invertida tem sido objeto de estudos e aplicação
alunos. Os resultados observados indicam que tal abordagem pode trazer benefícios
até mesmo melhor desempenho em comparação com o ensino tradicional. Diversos estudos
sugerem que os alunos submetidos a esse método apresentaram melhor desempenho nas
avaliações, o que indica sua eficácia como alternativa para aprimorar o processo de
aprendizagem. Além disso, o método permite ao aluno aprender no próprio ritmo, aumenta o
engajamento dos alunos, motiva a aprendizagem e aprimora o nível das discussões em sala,
possibilitado pelas atividades realizadas antes das aulas, como leituras e vídeos.
baseia na busca e construção do conhecimento pelo próprio aluno, enfatizando a conexão entre
necessário considerar que essa abordagem pode não ser adequada para todos os contextos e
disciplinas, sendo importante avaliar se atende às demandas específicas do curso e dos alunos.
Com planejamento cuidadoso e adaptações adequadas, a Sala de Aula Invertida pode ser uma
habilidades essenciais para o século XXI. A metodologia foi aplicada com êxito em disciplinas
educacionais, como qualquer abordagem pedagógica, ela também possui suas críticas e
desafios. Neste sentido, Valério e Moreira (2018) apresentam uma reflexão sobre os aspectos
b) A técnica se baseia em práticas antigas e o uso da tecnologia não é suficiente para garantir a
originalidade da abordagem, sendo que as aulas expositivas ainda são prevalentes e que
c) A falta de familiarização dos professores com o referencial pedagógico que sustenta a SAI,
sendo essencial um entendimento mais profundo dos saberes pedagógicos necessários para
d) Há a carência de solidez, rigor e amplitude nos estudos sobre a SAI, restritos a contextos
educativos específicos e com vieses culturais que marcam a pesquisa sobre o tema, consistindo
coletados e analisados segundo abordagens quantitativas e poucas qualitativas, mas que ainda
e) Embora os resultados sejam promissores, sua adoção pode apresentar problemas, como o
f) É uma solução técnica para o problema de currículos excessivamente extensos, que não
foram planejados para o tempo de aula disponível, e que, em vez de repensar os currículos e o
g) O modelo inclui a adoção de uma educação híbrida e o uso de ferramentas digitais, havendo
da iniciativa privada, que produz a maior parte dos softwares, plataformas e repositórios de
conteúdo.
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desenvolvimento de estratégias para superá-los. Além disso, a reflexão crítica sobre a técnica
também pode ajudar a fortalecer seus pontos fortes e identificar maneiras de maximizar seus
benefícios.
educacional e pode ser causado por diversos fatores, entre eles a falta de conhecimento sobre a
de ensino, o que pode tornar a implementação da sala de aula invertida desafiadora, uma vez
que essa abordagem demanda uma mudança significativa na forma de planejar e conduzir as
aulas. Morais e Souza (2020) concluem que é indispensável para um professor possuir
conhecimento teórico sólido, pois isso permite que ele reflita sobre sua prática e intervenções
em sala de aula, a fim de modificar sua realidade como sujeito ativo do processo de ensino-
postura crítica em relação à sua própria prática e, assim, aprimore seu desempenho como
alunos.
didáticos é outro fator que pode ser um desafio para o professor, requerendo um grande esforço
por parte dos docentes. Preparar o antes, durante e o feedback da atividade demanda um esforço
professor.
A sala de aula invertida representa uma mudança profunda na forma como o processo
informações e conteúdo aos alunos durante as aulas. Nesse cenário, os alunos são
Bispo Andrade et al. (2019) “alunos enfileirados, olhando todos numa única direção, pressupõe
que alguém estará detendo o conhecimento, situação que nos remete a figura docente como
alguém que mais que é a fonte da sabedoria, e os ouvintes são os receptáculos”. Na sala de aula
através de atividades práticas e colaborativas, se coloca mais voltado para o papel de facilitador
do aprendizado
dispositivos eletrônicos e acesso à internet, para que os alunos possam acessar os materiais
aprendizagem. Nem todos os professores sabem usar e/ou todas as instituições de ensino têm a
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infraestrutura necessária para suportar esse tipo de abordagem de ensino. Acrescentando a isso,
anteriormente à aula presencial, pois a falta desses recursos pode limitar o engajamento e
participação do aluno, afetando a eficácia da abordagem. Além disso, alguns alunos podem ter
invertida. O primeiro deles é em relação à avaliação dos alunos, uma vez que a metodologia
enfatiza a participação ativa em atividades práticas e colaborativas. Isso exige uma adaptação
da avaliação para essa nova abordagem pedagógica. O segundo desafio é a gestão do tempo,
tanto para os professores quanto para os alunos, para garantir que haja tempo suficiente para o
estudo prévio e que as atividades práticas em sala de aula sejam adequadamente planejadas e
infraestrutura tecnológica adequada, planejar atividades práticas em sala de aula que permitam
aos alunos aplicar o conhecimento adquirido, estimular a participação ativa dos alunos durante
as aulas, a avaliação contínua dos alunos baseada em critérios claros e objetivos e o docente
eficaz em diversos contextos educacionais, desde o ensino básico até o superior. Essa
que
específicas, uma vez que o sucesso da implementação da sala de aula invertida depende em
grande parte da habilidade do docente em lidar com desafios. Primeiramente, é necessário que
o docente no reconhecimento do seu papel, tenha uma postura mais flexível e adaptativa em
opiniões dos alunos, e estar disposto a ajustar a metodologia de ensino de acordo com as
necessidades individuais de cada um. Isso exige que o professor tenha um conhecimento sólido
sobre os conceitos que está ensinando, além de habilidades de comunicação claras e eficazes.
Além disso, o docente que aplica a sala de aula invertida precisa ter uma boa capacidade
de planejamento e organização. Ele precisa ser capaz de estruturar as atividades que os alunos
devem realizar em casa e em sala de aula de forma integrada e coerente. Isso exige que dele
necessidades e dificuldades dos alunos. Outra característica importante do docente que aplica a
SAI é a capacidade de avaliar e dar feedbacks construtivos aos alunos. Como os discentes têm
um papel mais ativo no processo de aprendizagem, é fundamental que o professor esteja atento
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às dificuldades e avanços de cada um, para que possa orientá-los de forma eficaz e ajustar a
metodologia de ensino quando necessário. Isso exige que o professor tenha habilidades de
observação e análise, além de uma postura mais colaborativa e empática em relação aos alunos.
Por fim, o professor que aplica a sala de aula invertida precisa ser um líder inspirador,
capaz de motivar e engajar os alunos no processo de aprendizagem. Isso exige que ele
demonstre entusiasmo pelo conhecimento e pela aprendizagem, e mostre aos alunos como o
aprendizado pode ser divertido e significativo. Essa postura inspiradora e motivadora pode
as dúvidas e opiniões dos alunos. Com essas características, ele será capaz de guiar os alunos
educativa. Assim, a sala de aula invertida pode ser uma alternativa eficiente para promover uma
4 - Considerações Finais
A sala de aula invertida é uma abordagem pedagógica que tem se mostrado produtiva
engajadora. O professor precisa estar disposto a ouvir os alunos e a incorporar suas opiniões e
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para todos.
para implementar a sala de aula invertida em suas práticas pedagógicas. Para tanto, é preciso
investir em formação continuada, oferecendo recursos e suporte para que os professores possam
desenvolver as habilidades necessárias para aplicar essa metodologia de ensino. Além disso, é
importante valorizar e reconhecer os esforços dos docentes que se dedicam a inovar em suas
Referências Bibliográficas
Barbosa, M. F., Barcelos, G. T., & Batista, S. C. F. (2015). Sala de aula invertida: caracterização
e reflexões. In Congresso de Tecnologia da Informação.
Bispo Andrade, L.G.S., Feitosa de Jesus, L.A., Ferrete, R.B., & Santos, R.M. (2019). A sala de
aula invertida como alternativa inovadora para a educação básica. Revista Eletrônica Sala de
Aula em Foco, 8(2), 4-22. ISSN 2316-7297.
Morais, A. P. M. de, & Souza, P. F. (2020). Formação docente continuada - Ensino híbrido e
sala de aula invertida como recurso metodológico para o aprimoramento do profissional de
educação. Revista Devir Educação, Edição Especial, 10-32. Lavras-MG.
Pavanelo, E., & Lima, R. (2017). Sala de Aula Invertida: a análise de uma experiência na
disciplina de Cálculo I. Bolema, 31(58), 739-759.
Valério, M., & Moreira, A. L. O. R. (2018). Sete críticas à sala de aula invertida. Revista
Contexto & Educação, 33(106), 215-230. ISSN 2179-1309.