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Universidade de Brası́lia

Instituto de Fı́sica
Laboratório de Eletromagnetismo A
(IFD0026)

Medidas elétricas em circuitos de corrente alternada

Grupo: 07

Douglas Silva Costa Mat:14/0019197


Igor Mattos Stepanski Mat:20/0066943
Mateus Silva Nascimento Mat:20/0024833

Professora:
Nadia Maria de Liz Koche

24 de junho de 2024
Resumo
A corrente alternada (CA) é a mais eficiente para a transmissão de energia devido à redução de perdas
por aquecimento, facilidade de transformação de tensão, e eficiência em longas distâncias.
Neste relatório observaremos os circuitos de corrente alternada e as grandezas fasoriais associadas.
Medições da resistência oferecidas pelos componentes de um circuito RLC, ao trânsito de cargas elétricas
submetidos a campos elétricos variáveis, serão objetos de análise.

1 Introdução
As propriedades de circuitos de corrente alternada(CA) devido a variação da corrente apli-
cada no mesmo diferem do seu análogo com corrente contı́nua(CC). Essas diferenças se mani-
festam na dependência temporal das propriedades de um circuito, tal como tensão, corrente,
resistência e no surgimento de outras propriedades que não são vistas no análogo contı́nuo, tal
como as reatâncias.
As reatâncias, que são a indutiva e capacitiva, são medidas de oposição a passagem de
corrente alternada, funcionando de maneria semelhante a resistência em correntes contı́nuas, de
tal modo que a sua existência em circuitos CA reside justamente na dependência da frequência
CA de tal modo que não é manifestada tal propriedade em circuitos CC.
A oposição de cada componente é resumida em uma oposição total que abrange todo o
circuito denominada impedância, Z, que assume o papel geral de uma oposição a passagem de
corrente circuito e que toma a resistência e as reatâncias como uma soma quadrática devido a
natureza vetorial das reatâncias e a natureza complexa da própria impedância.

Z = R + iχ (1)
com χ = χL − χC , onde χL e χC são respectivamente a reatância indutiva e capacitiva. E
temos seu valor dado como

χL = ωL
1 (2)
χC =
ωC
q
Z = RT2 + χ2 (3)

RT = RR + RL (4)
onde RT é a resistência do circuito e engloba tanto a resistência do resistor como a resistência
do indutor.
A equação 1 dá importantes informações sobre como a corrente, e por conseguinte a tensão
varia em cada componente e no circuito como um todo, isto é, demonstra a fase da corrente e da
tensão através do diagrama de fasores que utiliza a forma polar de Z como está demonstrado na
figura 1, onde temos 6 retas. Cada uma das retas representa uma componente ou a resultante
de alguma operação entre elas. Antes de passar para a explicação das retas, é necessário expor
que o que define a orientação das retas no diagrama fasorial é a fase das correntes, de tal modo
que as reatâncias mesmo variando no tempo são grandezas escalares que não dependem de
direção.
A reta 1 representa a corrente e a tensão no indutor, a reta 2 representa a corrente e a
reatância efetiva, a reta 3 a corrente e a tensão no capacitor, a reta 4 a tensão no resistor,
a reta 5 a corrente no resistor que também representa a corrente como um todo e a reta 6
representa a tensão no circuito inteiro.
Um ponto a ser considerado é que a fase do indutor é de mais 90 graus em relação ao resistor
e no capacitor a fase é de menos 90 graus em relação ao resistor e por excelência as fases do
indutor e do capacitor são opostas uma em relação a outra.

1
Figura 1: Diagrama fasorial das tensões em um circuito RLC

de tal forma que a fase da corrente no circuito é,


 
χ
ϕ = arctan (5)
RT
onde a fase ϕ é a fase das correntes no indutor e no capacitor:
V
IL =sin(ωt − ϕ)
χL
(6)
V
IC = sin(ωt + ϕ)
χC
Conforme explicitado, o objetivo é obter as reatâncias, a impedância e a fase do circuito,
fazendo uso de circuitos RC, RL e RLC e verificar algumas implicações teóricas da teoria dos
circuitos CA.

2 Metodologia
2.1 Materiais utilizados
• 1 gerador de sinal.
• 1 osciloscópio
• 1 multı́metro
• 1 capacitor de 0,498 µF.
• 1 resistor de 99,8 Ω.
• 1 indutor de 330 µH e 4,1 Ω.
• Protoboard e fios de ligação.

2.2 Montagem
O gerador de funções é utilizado aplicando uma tensão pico a pico de 10 V, entregando ao
sistema uma onda senoidal com frequência de 10 kHz.

2
O primeiro circuito considerado é o circuito RC, onde o osciloscópio é utilizado para a coleta
de dados da corrente no circuito e no indutor, a tensão em cada componente e a defasagem
do indutor em relação ao circuito. O canal 1 do osciloscópio é conectado ao resistor, e o canal
2 é conectado ao capacitor para as primeiras medidas e logo após conectado nos terminais do
circuito. Os dados necessários são obtidos com o auxı́lio dos cursores e da função measure do
osciloscópio.
O segundo circuito considerado é o circuito RL, onde medidas equivalentes ao circuito RC
são tomadas tomando o canal 1 no resistor e o canal 2 no indutor e nos terminais do circuito.
E por último o circuito RLC, onde as medidas coletadas correspondem ao circuito como um
todo, e o indutor e o capacitor em relação ao circuito e entre si, medida esta que é necessária
para verificar se a fase de um em relação ao outro corresponde de fato a uma quantidade de
um π.

3 Dados Experimentais e Análise


Vale notar que aqui não foi considerada a resistência própria do indutor, por simplicidade,
além do mais, por ele representar um valor menor que 5% da resistência utilizada, o erro
associado por essa simplificação também seria menor que 5%, que é perfeitamente aceitável
para os propósitos desse experimento.
Para propósitos de comparação os valores teóricos das associações RC, RL e RLC foram
calculadas e estão elencadas no inı́cio de cada subseção.

3.1 Circuito RC
Valores teóricos calculados para a associação resistor-capacitor, os dados estão elencados na
seguinte tabela.
I(mA) χC (Ω) Z(Ω) V VR VC ϕ (rad) ϕ (º) PmR (mW) Pm (mW)
47, 7 31,96 104, 69 5,01 4,76 1,52 0,32 17,75 113,7 113,8

Tabela 1: Tabela dos dados teóricos para a associação RC.

Realizando os processos descritos na montagem, sob uma tensão de 10V e uma frequência
de 10kHz, ou seja, frequência angular de 6, 28.104 rad/s obteve-se uma tensão de 6, 65V no
resistor (canal 1) e uma tensão de 2, 38V no capacitor (canal 2), de acordo com a figura 2.

Figura 2: Gráfico das tensões no resistor e no capacitor.

Associando os valores dos componentes utilizados e a lei de Ohm, a amplitude de corrente


no circuito é de I = 66, 63mA. Então, usando a relação 2 mostra-se que a reatância capacitiva

3
vale χC = 35, 72Ω, portanto, a impedância do sistema é igual a Z = 104, 69Ω, de acordo com
a equação 3.
Na figura 3, o osciloscópio mostra uma diferença entre os picos de VR e VC de 26µs, que se
traduz em uma diferença angular de 1,63 radianos, ou 93,56º.

Figura 3: Gráfico da diferença de fase entre o resistor e o capacitor.

I(mA) δI(mA) χC (Ω) δχC (Ω) Z(Ω) δZ(Ω) ϕ (rad) ϕ (º)


66, 63 0,07 35, 79 0,05 106, 21 0,08 1, 63 93, 56

Tabela 2: Tabela dos dados referentes ao resistor e ao capacitor medidos a partir dos gráficos do circuito RC.
As incertezas foram obtidas utilizando a propagação de erro.

Os dados da tensão no resistor e no circuito como um todo também foram obtidos e são
equivalentes a VR = 6,49 V e VC = 6,81 V, que dão a corrente no circuito e a impedância
de maneira direta com a expressão V = ZI. A fase entre a corrente no circuito e a ddp nos
terminais corresponde a um ∆t = 3,6 µs. As potências médias consumidas por ciclo no resistor,
PmR , e no circuito, Pm , também são dispostas na tabela 3.
I(mA) δI(mA) Z(Ω) δZ(Ω) ϕ (rad) ϕ (º) PmR (mW) δPmR (mW) Pm (mW) δPm (mW)
65, 03 0,12 104, 69 0,08 0, 226 12, 96 211,02 0,13 215,78 0,05

Tabela 3: Tabela dos dados referentes ao resistor e ao circuito medidos a partir dos gráficos do circuito RC. As
incertezas foram obtidas utilizando a propagação de erro.

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3.2 Circuito RL
Os valores teóricos para a associação RL estão elencados na seguinte tabela.
I(mA) χL (Ω) Z(Ω) V VR VL ϕ (rad) ϕ (º) PmR (mW) Pm (mW)
47, 52 20,73 105, 22 4,99 4,89 1,02 0,2 11,73 120,04 119,8

Tabela 4: Tabela dos dados teóricos para a associação RL.

Realizando o mesmo procedimento do circuito RC, agora com um indutor ao invés do capaci-
tor, observa-se uma tensão de 6, 49V no resistor (canal 1) e uma tensão de 6, 97V nos terminais
da associação (canal 2) com uma fase de ∆t = 4,8 µs, como mostrado na figura 4.

Figura 4: Gráfico das tensões no resistor e no terminais da associação e a diferença de fase entre eles.

De forma análoga ao procedimento anterior, foram obtidos os dados contidos na tabela 5


para o circuito RL, que contém dados relacionados ao resistor e ao indutor.
I(mA) δI(mA) χL (Ω) δχL (Ω) Z(Ω) δZ(Ω) ϕ (rad) ϕ (º)
65, 8 0,4 22, 79 0,04 102, 37 0,06 1, 51 86, 4

Tabela 5: Tabela de dados referentes ao resistor e ao indutor medidos a partir dos gráficos do circuito RL. As
incertezas foram obtidas utilizando a propagação de erro.

Os valores obtidos para o resistor e a associação resistor-indutor estão dispostos na tabela


6. As potências médias consumidas por ciclo no resistor e no circuito também foram obtidos.
I(mA) δI(mA) Z(Ω) δZ(Ω) ϕ (rad) ϕ (º) PmR (mW) δPmR (mW) Pm (mW) δPm (mW)
65, 03 0,12 107, 18 0,08 0, 301 17, 28 216,2 0,3 237,8 0,5

Tabela 6: Tabela dos dados referentes ao resistor e ao circuito medidos a partir dos gráficos do circuito RC.

3.3 Circuito RLC


Os valores teóricos dados estão elencados na seguinte tabela.
I(mA) χL (Ω) χC (Ω) Z(Ω) V VR VL VC ϕ (rad) ϕ (º) PmR (mW) Pm (mW)
49, 7 20,73 31,96 104, 69 4,99 4,96 1,03 1,58 0,112 6,41 123,2 123,2

Tabela 7: Tabela dos dados teóricos para a associação RC.

Primeiramente, o capacitor (canal 1) está sob uma tensão de 2, 26V , o indutor (canal 2) sob
uma tensão de 1, 37V e esses estão fora de fase por um ângulo aproximado de 180o , com um
valor calculado utilizando ∆t = 4µs de 194, 4o , conforme explicitado na figura 5.

5
Figura 5: Gráfico das tensões no indutor e no capacitor.

Em seguida, o resistor (canal 1), está sob uma tensão de 6, 57V , o indutor (canal 2), sob
uma tensão de 1, 37V e esses estão fora de fase por um ângulo de 86, 4o , de acordo com a figura
6.

Figura 6: Gráfico das tensões no resistor e no indutor.

Por fim, o resistor (canal 1), está sob uma tensão de 6, 65V , o capacitor (canal 2), sob uma
tensão de 2, 26V e esses estão fora de fase por um ângulo de 100, 8o , como mostrado na figura
7.

Figura 7: Gráfico das tensões no resistor e no capacitor.

6
Assim, é possı́vel construir uma tabela, com os valores obtidos por meio dos gráficos. Como
houve uma pequena variação dos valores de potencial, tomou-se a média deles como sendo o
valor correto.
I(mA) δI(mA) χL (Ω) δχL (Ω) χC (Ω) δχC (Ω) Z(Ω) δZ(Ω) ϕ (rad) ϕ (º)
66, 10 0,14 20, 72 0,15 34, 19 0,04 100, 74 0,08 0, 115 6, 59

Tabela 8: Tabela dos dados para o resistor, indutor e capacitor medidos a partir dos gráficos do circuito RLC.
As incertezas foram obtidas pela propagação de erro.

A tabela 9 apresenta os dados obtidos no arranjo do canal 1 ligado ao resistor e o canal 2


ligado aos terminais da associação RLC.
I(mA) δI(mA) Z(Ω) δZ(Ω) ϕ (rad) ϕ (º) PmR (mW) δPmR (mW) Pm (mW) δPm (mW)
65, 83 0,08 104, 66 0,17 0, 075 4, 32 218,8 0,3 226,14 0,11

Tabela 9: Tabela dos dados referentes ao resistor e ao circuito medidos a partir dos gráficos do circuito RLC.
As incertezas foram obtidas pela propagação de erro.

3.4 Discussão
Os valores obtidos via a teoria, tem uma discrepância com os valores experimentais. Algumas
grandezas como a corrente diferem de maneira expressiva visto que via teoria a corrente não
passaria dos 50 mA e como verificado existe um erro percentual que varia em torno de 27% para
todos os circuitos considerados. Outras grandezas tal como a reatância indutiva e capacitiva
apresentam uma conformidade com a teoria mais satisfatória com erros percentuais variando
entre 0,05% a 11,9%.
A tensão no resistor é outro fator que apresenta uma diferença expressiva, visto que pela
teoria a componente teria uma amplitude de 5 V e como observado nos dados apresentados o
menor valor medido é de 6,49 V.
Em relação as fases apresentadas pelo indutor e capacitor em relação ao resistor, indutor
em relação ao capacitor e circuitos em relação ao resistor, e isto visto nas tensões que cada
componente recebe e nas correntes, não houveram grandes mudanças do que seria esperado
em relação as fases do indutor e do capacitor em relação ao resistor, porém ao considerar a
fase da corrente a da ddp nos terminais da associação é obtido uma variação menor, com erros
percentuais variando entre 3,9% e 47,3%.

4 Conclusões
Assim, vemos que para os fasores de tensão no capacitor e resistor o ângulo entre eles
correspondem a aproximadamente 90◦ , apresentando um valor muito próximo ao esperado pela
teoria. Já para o circuito RL, a reatância indutiva confirma a presença do indutor e sua
capacidade de armazenar energia reativa, ocasionando a defasagem de 17, 28◦ entre tensão e
corrente, que é a maior variação do valor esperado que seria de 11,73◦ . Os resultados indicam
que o circuito RL atenuam frequências altas e permitindo a passagem de frequências baixas
com menor perda.
Por fim, no circuito RLC, por análise visual no osciloscópio e quantitativa, os resultados
apresentam um excelente acordo entre o diagrama fasorial da Figura 1 e os dados obtidos.

Referências
[Intro] Halliday - Resnick, Fundamentos de Fı́sica - Volume 3. Eletromagnetismo

7
[] Roteiro do Experimento - Corrente Alternada. Aprender 3. Disponı́vel em:
https://aprender3.unb.br/mod/page/view.php?id=1216041
[] Planejamento do Experimento. Aprender 3. Disponı́vel em:
https://aprender3.unb.br/pluginfile.php/2907751/mod resource/content/1/Planejamento
circuito%20RLC.pdf
[] AULA 4 - Circuitos 2 - Engenharia. Disponı́vel em:
https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/index.php/AULA 4 - Circuitos 2 - Engenharia

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