8. Quem São os 144 mil
8. Quem São os 144 mil
8. Quem São os 144 mil
Muitas discussões acontecem com o propósito de saber quem são os 144 mil selados do
livro do Apocalipse. Existem várias interpretações, o que acaba se tornando um dos
temas preferidos nos debates escatológicos. Neste texto, conheceremos as principais
interpretações disponíveis sobre quem são os 144 mil, e qual delas é a mais coerente
com o texto bíblico.
A referência sobre os “144 mil selados” aparece pela primeira vez no capítulo 7 do livro
do Apocalipse. Nesse capítulo, João, teve a visão de quatro anjos, nos quatro cantos da
terra, retendo quatro ventos. Isso significa que um juízo universal estava para desabar,
de modo que ninguém seria capaz de escapar. Esse juízo, porém, foi impedido até que
os servos do Senhor fossem selados, e o número desses selados é de 144 mil.
E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou
com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o
mar, Dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos
selado nas suas testas os servos do nosso Deus. E ouvi o número dos selados, e eram
cento e quarenta e quatro mil selados, de todas as tribos dos filhos de Israel.
(Apocalipse 7:2-4)
Em seguida, João faz uma relação modificada das doze tribos de Israel, onde, de cada
uma, aparecem 12.000 selados. Digo “relação modificada”, porque as tribos de Efraim e
Dã foram omitidas, e no lugar foi citado Levi e José.
Segundo os Testemunhas de Jeová, uma seita herética, os 144 mil é uma espécie de elite
da Igreja, formada por homens e mulheres que foram ungidos por Deus para serem “reis
e sacerdotes” no reinado vindouro de Cristo, a qual, apenas estes irão morar no céu,
enquanto o restante das pessoas que terão parte na Igreja recebendo a vida eterna, viverá
nessa terra, sob o governo de Cristo. Para eles, essa contagem começou no dia do
Pentecostes.
Interpretação Pré-Milenista Dispensacionalista Clássica sobre os 144 mil
A resposta dessa pergunta vai depender da linha escatológica que cada um adota, por
isso sempre veremos uns defendendo uma coisa e outros outra coisa. Particularmente,
penso que a interpretação mais coerente com as Escrituras é a última interpretação. Os
144 mil representam a totalidade da Igreja de Cristo, o Israel espiritual que, aos olhos de
Deus, tem um número exato, mas aos olhos humanos é uma multidão incontável, são
como a areia do mar. Para mim, esse número não pode ser literal, porque isso ignoraria
o padrão literário do Apocalipse. Também não pode ser aplicado às tribos de Israel, pois
isso implicaria na distinção entre Igreja e Israel, e considero essa uma maneira
extremamente confusa e, a meu ver, bastante equivocada, de interpretar a Bíblia. Deus
não tem dois povos. Deus tem apenas um único povo, formado por judeus e gentios, a
Igreja, o verdadeiro Israel de Deus (Gl 6:16; Rm 9:6-8). Todos que são de Cristo são
descendentes de Abraão (Gl 3:29), ou seja, Abraão é o pai de todos os que creem em
Jesus, judeus ou não (Rm 4:11), já que segundo o apóstolo Paulo, os verdadeiros judeus
não são os descendentes físicos de Abraão, mas os descendentes espirituais (Rm
2:28,29). Logo, aquele que serve a Deus em espírito, e se gloria em Jesus Cristo, não
confiando na carne, é a verdadeira circuncisão (Fp.3:3). Também é importante
considerar que desde o cativeiro Assírio, dez, das doze tribos, se perderam, e as duas
últimas tribos do sul também se dispersaram após a queda de Jerusalém em 70 d.C.
Outro fator que complica a aplicação desse número às doze tribos é a ausência das
tribos de Dã e de Efraim, sem nenhuma explicação bíblica convincente para isso, ou
seja, entender que o Anticristo virá de uma dessas tribos, e por isso foram omitidas, é
muito mais uma alegoria do que uma hermenêutica sólida. Fato é que, essa ordem
trocada das tribos, não pode ser encontrada em nenhum outro lugar da Bíblia. Para
finalizar, o capítulo 14 do Apocalipse mostra claramente que os 144 mil foram
comprados de toda a terra, e não apenas dentre os judeus.