Dating by Numbers 2 - Two Wedding Crashers

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A Série
Sinopse
Eu não sei mais o que é amor.
Bem, isso não é totalmente verdade, mas vou lhe contar um
segredinho: perdi a faísca.
Você sabe de que tipo de faísca estou falando?
Onde você sente aquele frio na barriga por causa de duas
mãos colidindo inocentemente. Ou recuperar o fôlego quando
conhece alguém atraente. Sim, essa faísca.
Exceto que não sinto esse sentimento há muito tempo; não há
mais nada dentro de mim.
Normalmente, isso não seria um problema, mas sou uma
escritora com um prazo muito apertado, e meu editor está na minha
cola por uma história romântica de amor do tipo Nicholas Sparks.
Sem pressão, certo?
É assim que me encontro voando pelo país para invadir um
casamento em nome da pesquisa, vestido e salto alto enfiados em
minha pequena mala.
Deve ser a pesquisa de livro mais fácil de todos os tempos.
Beber um pouco de champanhe grátis, desfrutar do amor de dois
estranhos e explorar meu lado romântico. Isso vai ser moleza. Sou
uma profissional. Posso lidar com isso.
Até que por engano acabei no quarto de hotel errado, nua
como no dia em que nasci, com o ser humano mais sexy que já
conheci me encarando, perguntando o que estou fazendo tomando
banho em seu banheiro. Não acho que chamar isso de pesquisa vai
me tirar desse apuro.
Mas será uma história e tanto...
PRÓLOGO
BECK
— Cara, você tem que vir. Será a festa do século. — Chris
toma um gole de cerveja e olha para pista de dança, os
cotovelos apoiados no bar atrás dele.
Trago minha água aos lábios antes de dizer:
— Isso é ótimo e tudo, mas não fui convidado.
— Você não precisa de um convite.
— Chris. — Dou a ele um olhar aguçado. — É um
casamento. Não é como uma festa de aniversário ou de
empresa que possa me safar ao ir, mas um casamento tem
arranjos de assentos e convites reais.
— Semântica. Apenas fique no bar o tempo todo e pegue
os pratos das pessoas quando não estiverem olhando. Inferno,
acho que é um buffet, então você pode pegar um prato e comer
no banheiro.
— Por mais que devorar uma refeição de casamento ao
lado de um mictório seja atraente, acho que vou passar.
A música muda de uma salsa acelerada para uma
melodia lenta e sedutora. Casais na pista de dança
imediatamente acompanham a música, seus movimentos sem
pressa e fluidos. Inferno, o que eu não daria para estar na pista
de dança. Um homem, dançar sozinho com uma música sexy
parece um pouco estranho, então me mantenho firmemente
plantado ao lado do meu bom amigo Chris, que trabalha nos
bastidores do Going in Blind. Ele foi quem criou meu perfil seis
meses atrás, quem continua me incentivando a tentar
novamente. Mas depois da noite em que encontrei Noely no
restaurante, pouco antes de ela sair atrás de outra pessoa, foi
ladeira abaixo dali. A garota com quem saí num encontro
naquela noite era… blá. Personalidade zero. Ela tentou me
impressionar com seus modos de mostrar o decote, que
funcionou, eu gostei porque sou homem.
Mas não havia nada lá... nem faísca, nem vontade de leva-
la na minha moto, então disse boa noite e segui meu caminho.
Eu não estava pronto. Noely estava certa. Eu ainda tinha
coisas para resolver. Noely era tão absolutamente linda, então
minha atração física por ela fazia todo sentido. Ela era calorosa
e engraçada, e gostaria de ter estado pronto em alguns
aspectos. Mas entendo agora. Entendo o que ela quis dizer
sobre conexão emocional. Ela certamente estabeleceu a
referência. Fisicamente, é claro. Mas ela se tornou minha
amiga e eu sabia que realmente queria isso.
Desde então, passo um tempo aprendendo a ser solteiro
e, embora tenha sido bom para mim, me concentrar nas coisas
que mais importam, apoiando e construindo minhas
instituições de caridade, sinto que estou perdendo alguma
coisa.
E acho que sei o que é.
Você consegue adivinhar?
Sexo.
Foda-se, sinto falta de sexo. A última vez que tive algo
remotamente próximo de sexo foi com Noely. Tenho certeza de
que minhas bolas estão virando pó agora; um movimento
errado e eles vão evaporar no ar para sempre.
Por que não estou transando por Malibu, você pergunta?
Porque ninguém chamou minha atenção. Não houve interesse
do meu lado, o que é loucura, já que estou com muito tesão.
Sinto que meu pênis vai cair.
— Apenas pense sobre isso, cara. Você precisa de férias.
O casamento é em Florida Keys, neste resort chique, com vista
para o oceano. Você pode entrar de penetra no casamento,
comer no mictório, dançar e fazer sexo louco e sem
compromisso com uma das damas de honra. Há pelo menos
três que são solteiras.
Sexo sem compromisso, hein...
— Entrar de penetra no casamento de alguém? Você fala
sério?
— Muito sério. — Ele toma outro gole de sua bebida. —
Justine e eu reservamos dois quartos, caso decidamos levar as
crianças, mas se você for, faremos um fim de semana apenas
para os pais e deixaremos as crianças na casa da minha mãe.
Virando-se para mim, parecendo desesperadamente
triste, ele diz:
— Por favor, cara. Por favor, aceite ir a este casamento.
Por favor, tome esse quarto extra para que eu possa fazer sexo
selvagem na ilha com minha esposa. Faça-me esse favor e
conceda-me esse desejo.
— Você não encontra outra pessoa para ocupar o quarto?
— Não, eu tentei. E você conhece Justine. Ela não vai
perder o dinheiro do quarto. Então, agora, estamos levando as
crianças.
Passo a mão pelo cabelo, inseguro. Isso é loucura. Eu não
sou Vince Vaughn ou Owen Wilson, preparado e pronto com
um maldito lema de irmãos de como ser penetra em um
casamento. Mas, umas mini férias parecem boas. E
honestamente, Chris esteve aí por mim durante os tempos
difíceis. Ele e Justine também merecem esse tempo longe
também.
— Quando?
— Cara! — Chris me puxa para um abraço e depois
segura meus ombros enquanto olha para mim. — Eu nem
posso te dizer o quanto estou animado.
— Eu preciso dos detalhes primeiro.
Com um sorriso inteligente, Chris bebe sua cerveja e diz:
— Oh, você está vindo, porra. É um acordo fechado.
Infelizmente acho que sim. Eu acho que a atração final foi
ouvir duas palavras foder e gozar. Sim, eu entendi mal.
Cuidado, casal desavisado. Estou prestes a invadir seu
casamento.
PARTE UM
O ENCONTRO “NÃO TÃO” BONITO
CAPÍTULO UM
RYLEE
— Eu não sei mais o que é amor.
Me jogo sobre o sofá duro-como-uma-tábua de Victoria e
passo meu braço sobre os olhos.
— Sem sapatos no meu sofá, por favor. Quantas vezes
tenho que lembrá-la ? — Victoria, uma das minhas melhores
amigas, bufa, enquanto coloca uma bandeja de chá na mesa
de café na minha frente.
— Não é hora de porcelana fina e delicados sanduíches!
— Me viro no sofá e levanto minha cabeça. Enfiando meu dedo
no sofá com força, eu digo: — Este é o momento da vodka! Este
é o momento em que abrimos a garrafa cara que você tem e
fazemos todas as doses. Não, sem doses. Apenas me ligue num
funil e comece a derramar direto pela minha goela. — Abro a
boca, inclino a cabeça para trás e aponto na garganta.
Victoria senta em frente a mim e começa a fazer uma
xícara de chá, usando pinças minúsculas para pegar os cubos
de açúcar.
— Um cubo ou dois?
— Você não me ouviu? Vodka, Victoria. Eu preciso de
toda a vodka.
— Embriaguez não é uma solução para o seu problema,
Rylee. — Ela coloca dois cubos na xícara e depois derrama chá
por cima, é sempre servido dessa maneira. Ela diz que quanto
menos respingos, melhor. Estende a xícara para mim e espera
que a pegue.
— O álcool não resolverá meu problema, mas pelo menos
ficarei menos estressada.
— Até você começar a sujar todo meu banheiro com o
jantar da noite passada. — Victoria balança a cabeça, o nariz
levantado no ar. — Eu me recuso a fazer parte de sua
devassidão bêbada mais uma vez.
Relutantemente, pego o chá e me endireito, mantendo
meus sapatos longe do tecido aveludado de 50 anos. — Eu
vomitei uma vez em sua casa e você vai jogar isso contra mim?
— Vomitar é uma palavra tão vil. — Ela balança a cabeça,
um desgosto absoluto na boca por me repetir. — E não é só
por ter ficado doente na minha casa, mas foi antes disso,
quando você estava dançando em minhas anáguas sem
permissão.
Você pode dizer que Victoria está presa no século XIX?
Minha querida amiga é uma escritora, assim como eu, mas,
em vez de escrever sexo atrevido dê-para-mim-papai-do-pau-
grande, ela encanta os leitores com memórias históricas de não
ficção. Eu li alguns, conversei sobre detalhes e pesquisas, essa
garota é bem preparada. Mas depois de cada livro que leio,
sempre pergunto: onde está o sexo, onde está o romance? Eu
sei, eu sei, nem todo livro é sobre amor, mas Benjamin
Franklin definitivamente meteu o pau dele por aí, isso não é
segredo, portanto, não faria mal escrever algumas boas
transas bifocais à moda antiga. Estou certa?
É só a minha opinião.
Victoria pensa o contrário.
— Bem, se você não fosse tão avarenta com suas
anáguas, talvez eu não tivesse que dançar nelas sem a sua
permissão. — Tomando um gole do meu chá, continuo: — Isso
não vem ao caso. Precisamos focar no problema real aqui.
A porta da frente de Victoria se abre e Zoey, a terceira
perna do nosso tripé, entra parecendo um furacão usando seus
óculos de sol de grife, o cabelo um desastre completo e
carregando duas sacolas em cada braço. — Estou aqui. Estou
aqui e trouxe todas as coisas. — Ela bate a porta com o pé e
bate no sofá ao meu lado, suas sacolas caindo pelo chão.
— Tenho bebida, molho de cebola, batatas fritas Lays,
tortinhas e notas de post-it em uma variedade de cores. — Ela
esfrega as mãos e olha entre Victoria e eu. — Vamos tramar,
senhoras?
— Fiz canapés, — aponta Victoria. — Pepino e atum, por
isso não precisamos dessas tortinhas para micro-ondas.
— Sempre há uma necessidade de uma tortinha,
especialmente quando nossa amiga está sem ideias.
Zoey tira os óculos escuros do rosto e se vira para mim,
o rosto severo e muito sério.
— Quão ruim é isso? Estamos falando sobre uma curta
parada na estrada ou estamos falando... — ela engole em seco,
— o grande BE?
Lábios pressionados juntos, olhos fechados, soltei um
longo suspiro. — Total e completo BE.
A sala para, o ar ao nosso redor pesado quando Zoey mal
sussurra: — Bloqueio de escritor.
A palavra paira entre nós, o peso tão incrivelmente
agourento que nenhuma de nós realmente sabe como
responder.
Zoey, ou Z. Platt, é uma autora para crianças. Ela tem
uma série muito popular sobre Dilly, o Dinossauro, e os
problemas que ele cria. Ela publica com a Penguin e produz
cinco livros por ano, sendo mãe do ano para seus seis filhos -
sim, seis - e antes que você pergunte, ela faz as ilustrações
também. Eles são tão além de fofos. Então, em poucas
palavras, ela é muito talentosa.
Sendo Victoria e Zoey os duas autoras, elas entendem.
Elas entendem o peso das minhas palavras. Eles já estiveram
lá antes e, quando isso acontece, nos reunimos. Apesar dos
nossos diferentes gêneros de escrita, sempre nos reunimos.
Victoria olha seus sanduíches, o rosto se contorcendo de
preocupação.
— Não tenho certeza se sanduíches de pepino no pão de
centeio vão ajudar nessa situação.
— Eu te disse! — Coloco meu corpo de volta no sofá,
tomando cuidado para não derramar meu chá delicioso.
— Gente, eu não tenho ideia do que vou fazer. Minha
editora precisa de oitenta mil palavras minhas em quatro
semanas e não tenho nada, literalmente, nada. Sem ideias,
sem personagens, sem enredo, nem mesmo uma ideia de uma
cena de sexo quente.
Victoria e Zoey ofegam.
— Eu sei, como disse, não sei mais o que é amor! — Eu
jogo minha mão que não está segurando chá pelo sofá.
— Nós podemos consertar isso; está no papo. —
Acenando ao chá e os sanduíches, Zoey diz: — Vic, tire essa
merda da mesa, aqueça as tortinhas e traga alguns copos de
doses. Temos alguns planos para fazer.

***

Eu preciso de um tema. Não posso escrever sobre os


irmãos Wright.
— Por que não? Eles são atraentes à sua maneira. —
Victoria vira a garrafa de vodka, derramando mais doses. Isso
seria a quinta rodada.
— Atraente à sua maneira, o que isso significa?
Victoria encolhe os ombros. — Bigodes.
— Bigodes NÃO são material de namorado de livro. Os
bigodes pertencem ao chefe assustador com o qual a heroína
tem de lidar, ou ao velho avô sábio que diz ao herói para seguir
seu coração e pegar a garota, não o cara que deveria enfiar seu
pau duro no canal mais apertado que ele já experimentou.
Você consegue imaginar como seria um bigode em alguém de
trinta anos? — Balanço a cabeça, visualizando na minha
cabeça. — Lá está ela, a heroína, deitada na cama,
completamente nua, pernas abertas, seios ondulantes,
mamilos duros, esperando o homem com o qual sonha para
finalmente tomá-la contra a cabeceira da cama e, entra Zane,
ou Blaine, ou Blake, como você quiser chamá-lo, ostentando
uma mecha de cabelo acima do lábio superior e nada mais,
parecendo o epítome de uma estrela pornô dos anos 80.
Alguém de trinta anos na sociedade de hoje com um bigode
dizendo: “Vou comer sua boceta com tanta força que você vai
gozar por toda a minha língua” não me parece muito sexy. Isso
expressa... predador sexual. — Trinta anos e bigodes, só não,
mesmo que seu nome seja Zac Efron. NÃO. Barbeie, cara.
Raspe-o.
— Os bigodes são dignos, — diz Victoria.
— Para homens mais velhos.
Victoria bufa sua desaprovação.
— Que tal deixarmos de falar sobre os pelos faciais por
enquanto, apresentar isso e voltar mais tarde e pensar em uma
trama real. — Zoey segura uma caneta na mão e uma pilha de
Post-it, pronta para anotar nossas ideias. A única coisa que
escrevemos e colamos na parede é uma Nota Post-it que diz:
“Sexo”. Sim, já que é um romance, é óbvio, mas nos fez sentir
bem ao colocar uma coisa na parede.
— Que tal um romance de meio-irmão? Meu amigo estava
adorando um outro dia, — diz Zoey, parecendo animada com
sua contribuição.
— Já fiz um. Lembra-se de Tag e Brittany?
— Oh, sim, Tag fodeu Brittany com tanta força naquele
tronco no acampamento. Aquilo foi quente.
— Que tal bibliotecária? — Victoria pergunta, fazendo
uma boa sugestão.
— Sim, uma bibliotecária, — Zoey aplaude e pega um
copo. — Para bibliotecárias, aquelas cadelas inteligentes e seus
livros. Que deus as abençoe. — Conversando com sua dose no
copo, ela diz: — E um brinde a isso.
Aderindo agora, Victoria acrescenta: — Sim, ela pode ser
uma bibliotecária que se apaixona por um vendedor ambulante
que chega à cidade por capricho vendendo instrumentos
musicais.
— Devo chamá-lo de Professor Hill? — Eu brinco.
Balançando a cabeça vigorosamente, Zoey diz: — Oh,
ótimo nome. Sexy. Professor Hill, coma-me sobre esses livros.
Goze nas minhas páginas, professor Hill. Quero ser fodida por
palavras, nessas páginas com tinta. Posso ver isso tão
vividamente. — Os olhos de Zoey parecem selvagens enquanto
ela lambe os lábios.
— Zoey. — Interrompo suas fantasias para dar as más
notícias. — Victoria acabou de descrever a trama de Vendedor
de Ilusões.
— Que... — Zoey joga os braços no ar por pura frustração.
— Victoria, pelo amor de Deus, é a terceira vez esta noite. Pelo
amor de Deus, use sua imaginação.
Victoria encolhe os ombros e toma uma dose, só seu
segundo. — Escrevo não-ficção, então me processe.
— Primeiro foi E o Vento Levou, depois foi Casablanca,
agora Vendedor de Ilusões. — Zoey aponta o dedo para
Victoria. — Estou decepcionada com você.
— Não é culpa dela. Não briguem, — aceno meus braços,
como se estivesse terminando uma briga. Suspirando, me
inclino para trás e levo minha dose para a boca, onde lambo a
vodka, como se fosse um gato lambendo leite. — Isso é inútil,
— eu digo sobre minhas lambidas. — Estou seca, uma vagina
murcha com zero ideias.
— Não, não, não, não diga isso. Vamos repassar os
enredos novamente — Zoey diz, batendo na minha perna. —
Algo pode brilhar.
— Já passamos por eles cinco vezes. Não há nada.
— Cidade pequena, ah, irmã mais nova do irmão, colegas
de quarto, meu chefe é papai do meu bebê.
Balanço a cabeça, mesmo que meu chefe seja papai do
meu bebê faça alguma coisa pela minha imaginação, mas tão
rapidamente quanto a ideia começa, ela fracassa.
Emborcando a dose, coloco-o na mesa de café e abaixo a
cabeça. — Isso não tem sentido. Eu deveria apenas enviar um
e-mail para minha editora agora e dizer a que não há como
cumprir meu contrato.
— Não. — Zoey dá um tapa no sofá, o que desperta
Victoria, os olhos afiados do abuso aos seus preciosos móveis.
— Não estamos desistindo, e o que você precisa é uma
atualização do que é o amor.
— Se você me disser que devo criar uma conta do Tinder,
vou te dar um soco.
— Eu nunca sugeriria isso.
— Você sugeriu na semana passada quando disse que eu
estava me tornando eremita.
— Bem, pelo amor de Deus, Rylee. É verão e você está
usando lenços dentro de casa com meias nas mãos. Uma
pequena ação do Tinder não mataria você.
Em minha defesa, gosto de frio em minha casa, além de
usar meias nas mãos é bom, especialmente quando estou
esfoliando e fazendo um condicionamento profundo nas mãos.
Meus dedos são os que fazem dinheiro. Tenho que tratá-los
com respeito, garantir que estejam bem lubrificados e prontos
para digitar todas as palavras. Agora, se apenas o meu cérebro
o colocasse em alta velocidade.
— Eu não estou fazendo Tinder. — Sou firme. Tinder não
é a solução.
— Bom, porque essa não foi a minha ideia. — Zoey morde
uma tortinha quente e fala com a boca cheia. — O que você
precisa é estar em um ambiente de amor onde você possa
sentir romance. Eu conheço você, Rylee, e no minuto em que
entra em uma nova situação, começa a observar tudo, desde a
maneira como um homem pressiona casualmente a mão na
parte inferior das costas da garota com o olhar que uma
mulher lhe dá homem quando estão jantando, um olhar cheio
de promessas.
Ela está certa. Sou um observadora, praticamente voyeur
às vezes, mas é para o bem dos livros. É o que digo a mim
mesma quando tenho meus binóculos apoiados no meu rosto,
observando meus vizinhos da minha janela.
— Ok, então, qual é a sua sugestão?
Zoey endireita-se, travessura nos olhos. Isso vai ser bom.
— Semana que vem, Art e eu vamos a Key West para um
casamento. Minha prima vai se casar com o namorado da
faculdade. Eles são o casal mais doce que você já conheceu.
Tiffany e Del, sério, o amor deles é tão fofo. E acho que você
deveria ser penetra.
— Oh, isso é muito impróprio, — diz Victoria, curvando
os lábios ante a ideia.
— Sim, realmente não gosto disso. Eu não os conheço,
então isso seria estranho.
— É por isso que é chamado de penetrar um casamento.
Não lhe disse para pedir um convite.
— Ehh, ainda é não por mim. — Cruzo os braços e penso
sobre a ideia.
— Pense nisso. — Quando Zoey entra nesse modo, não
há como impedi-la . — Você voa para Key West por alguns dias,
amortiza a viagem como despesa de negócios e aproveita o sol
enquanto absorve o romance. E quem sabe, talvez uma
pequena mudança de cenário e estar na presença do amor
verdadeiro a ajudem a criar a história mais épica de todos os
tempos.
— É uma ideia, — diz Victoria, — mas invadir o
casamento de alguém é rude.
— O casamento é na Hemingway House, — acrescenta
Zoey, uma mão no quadril e um olhar de arrogância no rosto.
E..... ela acaba por jogar uma bomba em Victoria. —
Earnest... Hemingway? — Há uma agitação em sua voz.
Zoey assente, bajulação evidente nela. — O primeiro e
único.
— Como o lugar onde ele escreveu seus romances? — Eu
pergunto, me sentindo um pouco mais intrigada.
— Sim. Então pense sobre isso. Casamento, romance,
praias, torta de limão e o fantasma de Ernest pairando sobre
você, sussurrando em seu ouvido todas as ideias que seu
pequeno coração pode desejar. Não consigo pensar em um
lugar mais perfeito para recuperar seu ritmo de escrita. Você
pode?
Odeio que ela tenha tornado quase impossível para eu
dizer não a essa ideia. Não sou de invadir o casamento de
alguém, nem um, já que é um dia especial cheio de familiares
e amigos próximos, mas... vibrações de romance e Hemingway.
Quero dizer... que autor de romance diria não a isso?
— Só vou se Victoria for, — eu deixo escapar.
— Por que você está me arrastando nisso?
— Dois segundos atrás, você estava só salivando com a
ideia de estar na casa de Ernest Hemingway.
— Sim, estava porque esse seria um lugar incrível para
não apenas visitar, mas também para me casar. — Ela tira um
pedaço de algodão das calças. — Mas isso não significa que
estou prestes a invadir o dia mais importante da vida de
alguém. Vou passar.
— Ridículo, — Zoey murmura enquanto se levanta e
caminha em direção ao banheiro.
Victoria continua a tirar fiapos da calça, a gola alta um
pouco apertada demais no pescoço agora.
— Victoria...
— Eu não vou.
— Vamos lá. Eu preciso disso.
— Então vá sozinha. Não preciso ir com você. Você é
crescida.
Suspirando, eu digo: — Você e eu sabemos que se for com
Zoey e Art, eles vão acabar fazendo coisas de casais, como
sempre fazem, me deixando para trás. Preciso de uma parceira
no crime, alguém para me ajudar a encarar as pessoas.
— Por mais atraente que pareça, vou passar.
— Victoriaaaaaaa, — eu lamento, tentando pensar... aha!
Peguei. — Se você for comigo a este casamento, irei com você
àquele baile histórico que você queria no final do mês.
Levantando uma sobrancelha em minha direção, Victoria
pergunta: — Você irá ao Baile Anual de Solstício de Verão da
Liga Histórica?
— Sim.
— E você usará um vestido tradicional dos anos 1800.
— Uma espécie de réplica. — Engulo em seco, começando
a perceber o que estou me enfiando.
— Você vai usar um vestido tradicional dos anos 1800
com mangas bufantes e tudo mais?
Maldita seja, mangas bufantes.
Sorrindo à força, concordo. — Sim. Traga os bufantes.
— Bem. — Victoria inclina o queixo para o lado. — Eu irei
ao seu casamento, mas passearei pela Casa Hemingway por
conta própria. Não preciso que você me apresse. E preciso do
meu próprio quarto, pois me recuso a compartilhar com você.
— Porque zombo da sua máquina de som?
— Sim, prefiro dormir em paz do que ouvir seus gemidos
sobre minha máquina a noite toda.
Tantas piadas, tantas coisas sexuais.
— Não queria dividir um quarto com você de qualquer
maneira, — respondo apenas para salvar a cara. Não se pode
deixar Victoria pensar que ela detém todas as cartas deste
acordo, mesmo que tenha.
— Claro que não. — Victoria começa a juntar os pratos e
os copos quando Zoey entra batendo palmas.
— Vocês resolveram isso?
— Nós vamos, — respondo, a esperança florescendo
dentro de mim, a esperança de que uma possível ideia de livro
finalmente venha à mente.
— Vocês estão indo? — A voz de Zoey fica mais alta.
Igualo seu entusiasmo, realmente começando a me sentir
animada com a minha decisão. De pé e jogando meus braços
no ar, comemoro um pouco alto demais: — Estamos indo de
penetras em um casamento!
CAPÍTULO DOIS
BECK
Gostaria de beber alguma coisa antes de decolarmos,
senhor?
— Oh, não precisa, obrigado.
Nunca me senti tão deslocado em toda a minha vida.
Chris e Justine fizeram o upgrade do nosso voo para a primeira
classe, apesar de eu ter dito várias vezes para não fazer, mas
não queriam que eu ficasse na parte de trás quando eles
estavam “embebedando-se com os yuppies”. Suas palavras,
não minhas.
Meu telefone vibra no meu bolso. Estive esperando essa
ligação e atendi no primeiro toque.
— Ei, Cal.
— Beck, como você está?
— Bom, muito bom, — respondo, observando os
passageiros a bordo do avião. Uma mãe e seu bebê estão
sentados na minha frente, ao lado de uma garota que está
enterrada em seu computador. Espero que ela tenha fones de
ouvido com cancelamento de ruído nessa bolsa enorme e
acolchoada dela.
— Fico feliz em ouvir isso. O que está rolando?
Cal Pipkin, sim, esse é o nome dele, me liga todas as
quartas-feiras por volta das dez horas dele nos últimos oito
anos. Passei a gostar bastante do tom áspero e sem sentido
dele. No começo, tinha me aterrorizado, mas agora me deixa à
vontade.
— Na verdade, acabei de embarcar em um avião para Key
West.
— Key West, não é? Procurando um pouco de descanso?
— Sim, algo assim. — Não havia necessidade de entrar
em detalhes com Cal.
— Você vai sozinho? — Eu sei o que ele está falando. Ele
geralmente pergunta à queima-roupa, mas agora, fica dando
voltas, me testando.
— Chris e sua esposa estão indo comigo. Vamos a um
casamento e depois nos divertiremos na praia.
— Chris é um bom homem. — Um bom homem que me
mantém na linha. Não tenho dúvidas de que Cal está feliz com
essas informações.
— Ele é.
— Será servido álcool no casamento?
Mordendo a parte interna da minha bochecha, aceno com
a cabeça, mesmo que ele não possa me ver. — Bar aberto,
senhor. — Respondo, tornando-me formal com meu padrinho.
Cal é um veterano que passou seus dias aposentados
treinando e apadrinhando não apenas militares aposentados,
mas também civis que são alcoólatras. Oito anos atrás, minha
vida mudou. Felizmente, conheci Cal, a voz forte da razão me
levando adiante.
— Como você se sente sobre isso?
— Bem. Firme. É raro quando quero outra coisa que não
água.
— É bom ouvir isso. — Ele leva um momento e depois diz:
— Estou orgulhoso de você, Beck. Sua confiança, sabendo que
existe um bar aberto no casamento, é louvável. Mantenha-se
forte. Não tenho dúvidas de que você vai se sair bem.
— Obrigado… — Eu digo desconfortavelmente.
— De nada. Vou deixar você ir, porque tenho certeza que
você precisará desligar o telefone em breve. Não tenha medo de
ligar se precisar de mim, principalmente se a tentação o
encontrar.
— Eu vou. Tenha um bom dia, Cal.
Tentação. Engraçado, ele não me encontra há mais de
oito anos. Os desejos diminuíram no minuto em que descobri
o que fiz, quem quebrei e quem destruí. A perspectiva atinge
você bem no estômago quando você vira o mundo de outro
humano de cabeça para baixo, e foda-se isso me atingiu com
força.
Desligo e olho para o meu telefone por alguns segundos,
respirando fundo e diminuindo a velocidade do meu coração
acelerado. Dê-se um tempo, Beck. Eu entendo a natureza dos
meus erros. Estou em processo de recuperação. Estou disposto
a fazer as pazes com aqueles que prejudiquei. Aceitei minhas
decisões passadas e a quem elas afetaram. E como costumo
fazer quando desligo o telefone com Cal, levo um segundo para
me lembrar do garotinho que assombra meus sonhos.
— Era Cal? — Chris pergunta, inclinando-se sobre o
corredor, conversando entre os passageiros que entram.
— Sim, apenas fazendo a verificação semanal.
— Ele deve ter um alarme no telefone para lembrá-lo de
ligar para você porque, sinceramente, não sei como ele se
lembra. Mal consigo me lembrar de vestir as crianças de
manhã. Se dependesse de mim, eles iriam para a escola de
pijama.
— É por isso que você não está no comando. — Diz
Justine sobre os ombros de Chris. Ficando séria, Justine
pergunta: — Como Cal está?
— Bem. — Eu aceno com a cabeça. — Apenas uma
verificação rápida. Nunca perde um.
— Ele perguntou sobre o casamento?
Uma senhora carregando um cachorro minúsculo em
uma caixa de cães fica entre nós, então espero responder até
que ela passe, seu cachorro me olhando através da rede, seus
dentes rosnando. Escute, cara, não sou eu quem te colocou
nessa porcaria.
— Ele perguntou. Ele confia em mim. Alguns anos atrás,
ele não teria desligado o telefone facilmente. — Cal estava
relaxado enquanto conversávamos e saber que ele também
acredita em mim é tudo que preciso.
— Ele não tem motivos para se preocupar. — Justine
deixa por isso, conhecendo meu passado e onde estou agora,
como mudei drasticamente.
Há um barulho alto em um teclado na frente de Justine
e Chris. Olho pelo assento e vejo uma mulher debruçada sobre
o computador, pressionando rapidamente a tecla delete no
documento Word, murmurando algo para si mesma. Uma a
uma, suas palavras desaparecem da tela branca em seu
laptop, seguida por um longo suspiro e uma mão na testa.
Ela parece tão irritada, então estou feliz por não estar na
posição dela. No que diabos ela está fazendo, ou tentando fazer
pelo que me importa.
Recostando no meu assento almofadado, tento relaxar
quando a garota agora leva o telefone ao ouvido e começa a
falar rapidamente, alto o suficiente para que possa ouvi-la .
— Você deveria ter pago mais para sentar ao meu lado.
Eu teria pago extra. Preciso de você. Não tenho ideias. — Ela
faz uma pausa. — Você é tão mesquinha, Victoria.
Pausa.
— Não, apenas apaguei tudo. Era pura merda. Não era
nem um pouco fascinante. O que? — Ela suspira.
— Minha primeira frase? Por que isso importa? — Mais
suspiros.
— Foi... Olhe a sola do meu sapato.
Pausa.
— Sim, sei que essa é uma primeira frase terrível. É com
isso que estou lidando, Victoria. Queria que você estivesse
aqui. Eu preciso do seu colo.
Hein?
— Você pode estar no telefone agora, Victoria. A porta da
cabine não foi fechada. Só me dá... não seja tão antiquada.
Você pode estar no telefone. Cristo! Apenas me dê uma frase,
qualquer frase. Olá? Olá? — Suspirando de mais frustração,
ela coloca o telefone no colo e começa a digitar novamente.
Ok, sei que não deveria estar olhando, inferno, nem
deveria ter ouvido essa conversa, mas agora me sinto preso. O
que ela está tentando escrever e por que ela precisa do colo de
Victoria? E se Victoria é tão antiquada, não parece provável
que ela empreste seu colo para começar. Victoria é sua
amante? E que tipo de primeira frase é “Olhe a sola do meu
sapato” ? Essa não parece ser uma ótima primeira frase para
nada.
Precisando saber mais sobre essa garota e sua situação
bastante cômica, estudo o computador na frente dela do outro
lado do corredor. Sim, sou essa pessoa agora e nem me
importo.
Ela digita uma frase e a apaga rapidamente. Curioso, eu
começo a ler junto com ela digitando.
Você acabou de entrar aqui nu?
Apaga
Cobras, existem cobras na minha cama!
Apaga.
Ei, marinheiros. Isso é uma boia na sua calça?
Apaga.
Acabei de fazer torta de damasco. Entre e dê uma
mordida…
Apaga.
Gatos. Gatos. Gatos. Cão. Odeio minha vida, esse bebê
cheira a bosta, e se a mulher ao meu lado me cutucar mais uma
vez, eu poderia usar meu computador como um jacaré e morder
o peito dela.
Apaga
Eu bufo para mim mesmo, meio que gostando do senso
de humor dessa garota e também um pouco confuso com os
gatos, gatos, gatos e a parte do cão dessa frase, mesmo que
fosse divertido. Pelo jeito, essa garota vai ter um voo longo e
infernal.

***

Por favor coloque suas bandejas travadas, bem como seus


assentos na posição vertical. Gladys estará por perto para
coletar o lixo antes de nossa descida final a Key West. Obrigado
por voar conosco e esperamos que vocês se divirtam sob o sol.
Chris balança meu ombro com um pouco de entusiasmo.
— Quase lá, amigo. Sinto o cheiro dos jet skis.
— Eu posso provar os anéis de abacaxi que você vai comer
nos meus mamilos. — Justine acena para a frente, bebendo o
resto do vinho direto da garrafa. — Férias, aqui vamos nós.
Acho que é assim que é passar férias com pais ficando
selvagens: abacaxis e mamilos. E ainda não estamos fora do
avião.
— Vou comer esses anéis de abacaxi com tanta força.
Pressionando os lábios, eu murmuro. — Animado por
compartilhar uma parede com vocês dois.
— Cara, nós vamos bater a noite toda. Prepare-se.
— Muita batida! — Justine segue, me dando um polegar
para cima exagerado.
Maravilhoso. Exatamente o que preciso, ouvir meu
melhor amigo e sua esposa fazendo sexo, especialmente
quando estou com tesão pra caralho.
Mais barulho vem na minha frente. Tem sido assim
durante todo o voo, digitando e, em seguida, apagando
agressivamente. Combine isso com os gritos do bebê e o choro
incessante, este foi um voo mágico. Mas não posso reclamar.
A senhora na minha frente, a que está tentando acalmar seu
bebê, teve pior. Não consigo imaginar o que ela deve estar
sentindo agora. Esgotada.
A garota de cabelos pretos amarrado no mais bagunçado
dos coques no topo da cabeça, mechas de cabelo se espalhando
pela cabeça, fecha o computador com força e arranca os fones
de ouvido. Bufando, ela enfia tudo na mochila e depois se
recosta e cruza os braços sobre o peito apenas para olhar pela
janela.
Quero dar um tapinha no ombro dela e dizer que as coisas
poderiam ser piores, mas saber que um estranho ouviu sua
conversa não vai adiantar, fico quieto, tentando lê-la um
pouco melhor. Não sei por que estou tão interessado nela, em
todos os seus movimentos, mas acho que nunca vi alguém tão
expressivo externamente com seu descontentamento na vida.
É como se pensasse que estava em sua própria pequena bolha,
e ninguém pode ver o que está fazendo.
— Primeiramente, quando pousar, me traga um pedaço
de torta de limão. Não quero mais nada, só quero uma torta na
minha cara.
— Quero experimentar todas as tortas de limão de todos
os locais e decidir qual é o melhor! — Diz Justine. — Acho que
devemos pegar um Uber e dirigir para todos os locais de torta,
um de cada vez, pegando fatias.
— Ou podemos alugar um desses carrinhos de golfe e
dirigir por conta própria. — Chris fica muito empolgado com
essa ideia. — Pú-pú no nosso maldito carrinho de golfe pelas
tortas.
— Pú-pú pelas tortas. — Os dois se cumprimentam. Eu
mencionei que Chris bebeu também?
— Que tal vocês dois fazerem check-in nos nossos
quartos primeiro e fazer os pús pelas tortas depois de uma
soneca e muito consumo de água? — Eu dou a eles um olhar
perspicaz que os endireita.
Chris, parecendo um pouco envergonhado, diz: — Boa
ideia, água, soneca e tortas.
Com essa nova ideia, Justine o cumprimenta mais uma
vez.
— Água, soneca e tortas!
O avião desce gradualmente, turbulência deslocando a
cabine para frente e para trás, para cima e para baixo, de todas
as maneiras que você puder pensar. O bebê na frente de
Justine está gritando, sua mãe fazendo sons constantemente,
me fazendo sentir vontade de estender a mão e dar uma folga
para ela. Felizmente, ninguém fica irritado na primeira classe.
Incluindo a garota com as primeiras frases estranhas, a
maioria é mais compreensiva do que qualquer coisa.
— Posso pegar alguma coisa para você? — ela pergunta,
gritando por causa dos gritos. — Quer que eu pegue uma
mamadeira para você?
A mãe se vira para ela, com lágrimas nos olhos. — Você
se importaria de segurá-la por um segundo enquanto vasculho
minha bolsa?
— Nem um pouco. — Diz a garota, parecendo um pouco
apreensiva a princípio.
A mãe entrega a bebê que grita e a menina, sem saber
como segurá-lo adequadamente, estende os braços estendidos
à sua frente, a bebê pega sob as axilas, gritando. É estranho
assistir. A garota também tenta fazer sons, enfia o joelho
embaixo da bunda da bebê e a balança levemente. Com
certeza, a bebê se acalma, o choro cessa.
Olho em volta e o alívio está escrito em todos os
passageiros da primeira classe. Quero dar à garota um
cumprimento. Ela pode não ser boa em escrever as primeiras
frases para Deus sabe o quê, mas com certeza pode acalmar...
Blehhhhh.
Oh inferno.
Sem pensar duas vezes, cubro o nariz com a camisa... sou
rapidamente seguido por outros passageiros... enquanto
assisto o líquido cor de laranja escorrer lentamente pelo rosto
e pescoço da garota. É quase como se a pele dela começasse a
escorrer um grosso líquido laranja.
— Oh merda, oh merda, oh merda! — A menina diz,
segurando a bebê o mais longe possível agora. E, claro, há um
sorriso feliz no rosto da bebê.
— Oh não, ela devia ter gazes na barriguinha. Você a fez
arrotar. — A mãe pega a bebê e fala no ouvido. — Pobre
querida.
A garota fica lá, os braços estendidos, congelada no lugar,
laranja ainda escorrendo pelo rosto e pescoço. Oh merda está
certo. Sorrio para mim mesmo, uma risada saindo que escondo
para mim.
Com cuidado, a garota se levanta do assento apenas para
uma comissária de bordo repreendê-la .
— Senhora, você terá que se sentar, estamos prestes a
pousar.
— Mas tenho vômito em mim.
— Sinto muito, mas o sinal de apertar o cinto de
segurança está aceso.
— Mas... vômito.
— Senhora, por favor, sente-se. Use um lenço?
Dedos se contorcendo, veias saindo do pescoço, ela se
senta e olha para a mãe que está segurando alguns lenços para
ela. — Desculpe por isso, mas ei, pelo menos ela parou de
chorar.
Secamente, a garota responde: — Que bom que pude
ajudar.
Não sei como fiz, mas consigo segurar o bufo tão perto de
escapar. O tom dela. Sua forma congelada. Ah Merda. Não ria
Mas então olho para ela novamente, e tudo o que consigo
pensar é, pobre querida.
CAPÍTULO TRÊS
RYLEE
— Já poderia ter caminhado até o hotel. Onde diabos está
Zoey? — Eu fervo, tentando não me concentrar no vômito seco
incrustado no meu pescoço, ou como a umidade e o sol criaram
um ciclo vicioso de vômito líquido e secante na minha pele.
Dizer que minhas “férias” começaram com o pé errado é
um completo e total eufemismo.
— Ela disse que estava secando quando você mandou
uma mensagem para ela. — Victoria diz antes de morder uma
maçã.
— Você pode se sentar, por favor, seu ritmo está me
dando ansiedade.
— Estou te dando ansiedade? — Entro direto no espaço
de Victoria e aponto para o meu pescoço, mostrando as veias
destacadas em laranja. — Eu fiquei vomitada pelo que só posso
descrever como o próprio bebê de Satanás e não consegui lavar
completamente do meu corpo. Durante a última meia hora,
andei por aí cheirando como uma lata de lixo, ainda não
consegui escrever uma frase maldita para este livro e fui
revistada dos meus seios até a minha vagina por uma mulher
bastante desagradável da segurança. Estou a dois segundos de
me jogar na frente de um daqueles aviões a hélice para acabar
com minha maldita miséria. Por isso, peço desculpas se não
quero ouvir sobre sua ansiedade com o meu ritmo.
Bí, bí.
Fazendo uma curva, Zoey estaciona em um carrinho de
golfe ensopado enfeitado com franjas.
Oh pelo amor de Deus.
— Entrem, senhoras sexies. — Ela buzina novamente. —
Isso foi emprestado do hotel. Chega a quarenta quilômetros por
hora, então é melhor vocês apertarem os cintos. — Olhando
mais de perto, Zoey me dá um olhar de nojo. — Que diabos
está no seu pescoço?
— Ela foi vomitada. — Diz Victoria, jogando o resto de
maçã na lata de lixo. — Não lhe pergunte sobre isso ou ela fará
outro discurso.
— E... você está nojenta. — Zoey aponta para mim e
aponta para a parte de trás do carrinho de golfe. — Você tem o
banco da sogra lá atrás. Vamos precisar que você se sente a
favor do vento.
— Não há cinto de segurança! — Eu reclamo quando me
sento.
— Então certifique-se de segurar firme, porque é uma
viagem esburacada e não solte sua bagagem. Maridão está no
quarto do hotel, nu e esperando por mim. Esposinha quer o
pau, então ela vai andar muito rápido.
— Por que não vamos pegar um Uber, então? — Eu
pergunto, rezando para não cair na parte de trás dessa coisa
enquanto Zoey coloca em alta velocidade e sai em uma estrada
principal. Oh inferno, vou morrer... com vômito laranja no meu
pescoço.
— Não sou um anfitriã ruim. Convidei vocês aqui, então
o mínimo que posso fazer é buscá-las. Sinceramente, Rylee.
Dã, esse senso comum.
Do banco da frente, posso ouvir vagamente Victoria
contar o voo, refletindo sobre sua recente leitura sobre Amelia
Earhart e as suspeitas de que ela não morreu em um acidente
de avião, mas foi capturada por nativos da ilha. Semi fascinada
na conversa, mas amarga com o meu voo, me desligo delas e
seguro o carrinho e a minha bagagem enquanto vamos ao
longo da costa de Key West, passando por palmeiras, pelicanos
mergulhadores e galos quaisquer ao lado do acostamento.
Estranho.
Respirando fundo, absorvo o ar salgado do mar e sinto o
sol brilhando na minha pele exposta. Supõe-se que seja uma
aventura, um momento para relaxar, uma oportunidade de
acender o bicho da escrita, pôr fogo nesse pequeno filho da
puta.
Em vez de me concentrar no mal, como a falta de
segurança inadequada ou a combinação regurgitada de manga
e pêssego estampada no meu pescoço, preciso seguir em frente
nessa próxima semana aqui. Isto vai ser divertido… tem que
ser.
Não demorou muito para Zoey nos deixar no saguão do
hotel, onde ela estaciona o carrinho de golfe, dá gorjeta ao
carregador e nos leva até o check-in. — Fiz reservas para nós
na Martinis, na Duvall Street. Temos cerca de vinte minutos
antes de precisarmos sair. — Ela olha meu pescoço. —
Certifique-se de se lavar e não se atrase. Encontro no café da
praia em vinte.
Preciso de toda minha energia para não surrar seu peito
ante esse comentário. Não, eu planejava ir jantar com vômito
no meu pescoço.
Contando até dez, lembro-me da minha iniciativa de ser
positiva.
Só para constar, antes de você dizer: “Odeio essa garota”,
quero que você saiba que geralmente sou muito extrovertida e
divertida. Adoro fazer as pessoas rirem, principalmente com a
minha escrita, mas estou passando por um momento difícil.
Não conseguir escrever, ter que ficar na frente das minhas
amigas autoras e dizer que tenho bloqueio de escritor, diabos,
não foi fácil. E esta viagem não foi a mais fácil de todas, por
isso, perdoe-me e às minhas explosões loucas.
Victoria e eu passamos pelo check-in. Estamos
hospedadas no Southernmost Resort, localizado próximo ao
ponto mais ao sul dos Estados Unidos. Fica em uma bela praia
e tem os mais incríveis quartos com vista para o mar e
varandas, pelo qual eu escolhi, naturalmente. Para fins de
escrita. Eu posso ver agora: minhas pernas erguidas,
computador no meu colo, ondas batendo abaixo de mim, céu
puro e o lugar perfeito para escrever.
Victoria, por outro lado, escolheu um quarto com vista
para o jardim e pediu um lugar perto dos galos, o que lhe
garantiu um lugar no nível do solo. Ela é uma garota estranha,
aquela lá.
— Aqui está sua chave, senhorita Ryan. Gostaria de ajuda
com sua bagagem
— Não preciso, mas você poderia me indicar a direção
certa?
— Sim, senhora. — A garota da recepção coloca um mapa
na minha frente e começa a me indicar para onde ir com um
lápis. — Infelizmente, é uma curta caminhada daqui, mas a
vista valerá a pena.
Ela não estava brincando. Demora um pouco dos meus
vinte minutos previstos para chegar ao meu quarto, que fica
do outro lado do resort, mas ao lado do oceano. O oceano azul-
cristalino brilha abaixo de mim, e se não tivesse tanto medo de
Zoey e de suas repercussões por estar atrasada, aproveitaria o
tempo para apreciar a Mãe Natureza. Em vez disso, corro para
o meu quarto, jogo minha mala na cama, abro e pego meus
produtos de higiene pessoal.
Não demorando mais um segundo, tiro a roupa, deixando
minhas roupas nojentas do avião no chão e praticamente pulo
para o chuveiro, onde paro no meio do passo.
No box do chuveiro, há uma navalha preta, acompanhada
de creme de barbear. Isso é estranho. Isso é cortesia do hotel?
Este lugar é chique, mas não tão chique. Girando nos
calcanhares, viro em direção à pia atrás de mim e vejo uma
escova de dentes branca e verde, um tubo de creme dental e a
colônia masculina. Merda, virando-me para o quarto, meus
olhos percorrem freneticamente o espaço, vendo uma mala
preta no canto.
Merda, merda, merda.
Nua, cubro meus seios com o braço e abro a porta do
armário apenas para ficar cara a cara com algumas camisas
penduradas.
Sim… Estou no quarto de outra maldita pessoa.
E a quem quer que pertença este quarto é a pessoa mais
arrumada de todos os tempos, porque quem honestamente
alinha a escova de dentes e o creme dental perfeitamente no
balcão?
Alcançando o telefone, ligo para a recepção.
— Senhor Wilder, como podemos ajudá-lo? — Ah, sim,
totalmente não no quarto correto.
— Ah, sim, oi, aqui é Rylee Ryan. Acabei de fazer o check-
in. Recebi a chave do quarto 625 e parece estar ocupado.
— Oh, querida, deixe-me verificar. — Há uma pausa no
telefone e a senhora entra na linha novamente. — Sinto
muitíssimo, senhorita Ryan. Temos você no quarto 626. Deseja
vir aqui e pegar uma nova chave?
Ela está brincando? A caminhada que levou para chegar
aqui consumiu bastante do meu tempo. Não posso tomar
banho se tiver que voltar correndo para o saguão, pegar uma
chave e voltar correndo até aqui.
— Você se importaria de trazê-la para o quarto 625? Eu
tenho planos para o jantar e preciso me trocar.
— Ah, claro. Vou enviar alguém com uma chave
imediatamente.
— Obrigada.
Eu ando nua, olhando minhas roupas nojentas no chão
e no chuveiro no outro cômodo. Torcendo meu lábio para o
lado, tento decidir o que fazer. Eu posso ser super rápida, tipo
muito rápida para cacete. Só preciso esfregar o vômito e vestir
um vestido, simples. Dois minutos no máximo. A água nem
precisa estar quente. Vou escrever uma nota educada para o
Sr. Wilder, quem quer que seja, deixar cinco dólares para ele
como um gesto gentil e sair em silêncio. Não há problema com
isso. Certo?
Certo.
Ligando o chuveiro, entro antes que a água possa
esquentar e sibilar da temperatura gelada. Encharco sabão por
todas as mãos e esfrego meu pescoço e corpo vigorosamente
primeiro, o qual normalmente lavaria meu cabelo primeiro
mas… vômito. Quando estou satisfeita com a quantidade de
lavagem, lavo o cabelo, condiciono em um minuto, passo mais
um sabonete por todo o corpo antes de enxaguar e desligar o
chuveiro. Dois minutos.
Caso o Sr. Wilder esteja sentado do lado de fora do
banheiro, espio minha cabeça para fora da porta, a toalha
enrolada em meu corpo e grito:
— Alô?
Quando não há resposta, verifico se a barra está limpa,
depois vou até minha mala e encontro um vestido de verão
preto simples. Sem me incomodar em procurar roupas íntimas
ou sutiã, eu realmente não preciso de um com os meus jeitosos
tamanho M, estendo meu vestido e me seco.
Espero que o Sr. Wilder não se importe de usar uma de
suas toalhas ou seu quarto para esse assunto. Ele
provavelmente é um cara velho em férias de golfe. Espero não
lhe dar um ataque cardíaco.
Coloco minha toalha sobre a cama e passo as mãos pelos
meus cabelos pretos naturalmente ondulados. Isso terá que
servir. Pegando minha toalha mais uma vez, enrolo o cabelo,
tentando absorver toda a água no momento em que a porta do
hotel se abre, a luz bombando, uma silhueta alta e escura
sombreada no batente da porta.
Eu paro, congelada da ponta dos dedos dos pés até a mão,
esfregando uma toalha no meu cabelo.
Panturrilhas e pernas tonificados são cobertos por calção
preto, liso nas coxas, uma protuberância proeminente. Cintura
estreita, onde seus shorts de praia montam baixo nos quadris,
uma camisa preta dançando em seu peito largo, mangas
apertadas presas nos bíceps e um decote em V que fornece
uma visão de quão longe o bronzeado se estende. De cabeça
baixa, olhos fixos em seu telefone na frente dele, ele não
percebe a garota nua parada no meio do quarto de hotel. Ele
enfia o cartão no bolso de trás e ergue os olhos, assustado.
Eu grito.
Ele resmunga algo ininteligível quando aponto o óbvio.
— Ahhh, meus peitos estão pelados! — Pode ser um
pouco preocupante que eu considere meus peitos as únicas
coisas peladas neste momento.
O mais rápido possível, cubro meu corpo, a toalha
fazendo uma tentativa pobre de esconder minhas partes
femininas.
O homem se afasta, cobrindo os olhos com o braço
enquanto murmura: — Oh, merda.
— Que diabos você pensa que está fazendo? — Eu
pergunto, lutando com a minha toalha. Sei muito bem que o
homem à minha frente deve ser o Sr. Wilder, e este é, de fato,
o quarto dele, e sou eu quem está se intrometendo, mas ainda
sinto a necessidade de atribuir a culpa a ele por me encontrar
nua.
— Preciso dos meus óculos de sol! — diz ele, sua voz
aterrorizada, mas também profunda e estrondosa. — Que
diabos você está fazendo aqui?
Ainda tentando me cobrir, luto para pegar meu vestido e
voltar para o banheiro.
— Lavando meu pescoço! — Eu respondo nervosamente,
os seios balançando com os meus movimentos erráticos.
Olhos ainda cobertos, ele fica de costas para mim, mas se
endireita. — Lavando seu pescoço? Esse código é para algum
tipo de coisa estranha em Key West?
Volto ao banheiro e faço uma tentativa rápida de colocar
meu vestido sobre minha cabeça e endireitá-lo para que tudo
fique encoberto. Com os cabelos ainda úmidos, assim como o
meu corpo, saio para o quarto e limpo a garganta, o vestido
grudado na pele úmida. — Não, não é código para nada. Eu
realmente tinha que lavar meu pescoço.
— E você escolheu meu quarto para fazer isso, porque...
Abaixando-me, enfio minhas roupas sujas na minha
bolsa e fecho, dando ao Sr. Wilder o aviso de que estou vestida.
Pelo menos ele é um cavalheiro...
Quando ele se vira, ele me olha de cima a baixo, seu olhar
curioso e aquecido quando vê o quão duro meus mamilos estão
do banho frio… e o inesperado showzinho.
— Não escolhi seu quarto para tomar banho. — Movo
minha mala para o chão e puxo a alça. — O hotel me deu a
chave deste quarto por engano e, como tinha vômito no
pescoço do avião... longa história... decidi tomar um banho
rápido enquanto esperava pelo meu quarto. Peço desculpas por
ocupar seu espaço, mas acho que estamos pulando um detalhe
importante aqui. — Eu coloco minha mão no meu quadril. —
Você me viu nua.
— Não, eu não vi. — Ele retruca rapidamente, apesar do
sorriso lento que se espalha por seu rosto.
Estou chamando de mentira.— Você certamente viu
meus peitos.
— Realmente não vi. Seu grito me assustou. Não tive
tempo suficiente para ver nada antes de você se esconder.
Olhando para ele com desconfiança, pergunto: — Você
jura que não viu nada?
— Juro.
—Hmm… Ok, porque sendo vizinhos de quarto e tudo
mais, seria extremamente estranho se você me visse nua.
— Ainda bem que não vi então. — Ele balança nos
calcanhares, as mãos nos bolsos, sem saber o que fazer.
Finalmente, ele estende a mão para a mesa ao lado dele e
segura seu Ray Ban preto. — Só precisava dos meus óculos de
sol.
— Só precisava lavar o vômito… — acrescento, sem saber
mais o que dizer.
Ele concorda. — Está bem então. — Ele aponta para a
porta atrás dele. — Eu vou então.
— Eu também. — Saímos juntos no momento em que um
atendente de hotel caminha pelo corredor externo do hotel. —
Obrigada pelo banho.
— Sim, a qualquer momento. — Ele sorri para mim,
dando uma conferida mais uma vez.
Aponto meu dedo para ele. — Jure que você não viu nada.
Ele levanta as mãos em defesa. — Juro. Não tenho ideia
de como são seus seios nus.
— Bem, graças a Deus. — Embora, olhando para esse
cara, talvez não me importasse se ele visse minhas partes
nuas...
CAPÍTULO QUATRO
BECK
Que fique registrado, certamente vi seus peitos.
Porra, eu os vi.
Uma olhada inteira de seios lindos. Eram pequenos,
redondos, alegres, com mamilos rosados firmes. Diabos. Duas
horas depois e ainda estou pensando neles.
Sem mencionar que a garota com quem estão ligados é a
mesma garota que estava sentada na diagonal na minha frente
no avião. Quais são as chances? Quando fui pegar meus óculos
de sol em meu quarto recém desembalado, do jeito que eu
gosto, nunca esperava encontrar uma mulher nua, mas estaria
mentindo se dissesse que não gostei. Só queria que não fosse
nas circunstâncias mais embaraçosas. Eu adoraria perguntar
qual era o nome dela, perguntar a qual era o problema e as
crises com a primeira frase ou até perguntar como estava indo
o seu dia desde o show de vômito.
Pelo que parece, não estava bom.
— Tem certeza de que não quer ir conosco? — Chris
pergunta, com o braço apoiado em Justine.
Balanço a cabeça. — Não quero, cara. Vocês vão se
divertir pegando tortas. Apenas tenham cuidado, ok?
— Nós vamos. Você conhece o caminho de volta para o
hotel?
— É direto descendo Duvall e virar à esquerda. Eu sei.
Sério, vocês dois vão se divertir. — Eu dou um soco no Chris.
— Noite dos pais.
— Wooo! — Justine aplaude, seu braço voando para o
céu.
Cumprimento com um toca-aqui e desejo-lhes uma boa
noite. São quase oito horas e muito cedo para ir para a cama,
mas tenho um bom livro de mistério chamando meu nome e
uma varanda esperando para sentar. Parece uma noite perfeita
para mim.
Vou até o resort e atravesso uma das áreas da piscina. O
resort possui três piscinas, mas essa é a maior com seus lados
em cascata, peixes de cimento jorrando água no ar e bar da
piscina. As luzes são fracas, a água da piscina reflete um brilho
azul-petróleo e uma música fraca toca ao fundo. Todos devem
estar fora para jantar ou nos bares, o que não é o meu cenário.
Fechando o portão atrás de mim, aceno para o barman
enquanto caminho através da área da piscina, apenas para ver
uma mulher sentada no final do bar sozinha, agitando
casualmente uma bebida, pernas cruzadas, longos cabelos
ondulados cor de ébano, caindo deliciosamente por cima do
ombro.
Eu conheço esse cabelo.
Conheço aqueles ombros leves, a pele macia e recém
banhada.
Parando no caminho para o meu quarto, também
reconheço aqueles seios perfeitos, pequenos, mas também
cheios. Antes que possa me parar, estou caminhando em
direção a ela, um pouco de entusiasmo em meus passos e uma
necessidade de saber mais sobre ela.
— Posso pegar alguma coisa para você? — O barman
pergunta enquanto me aproximo.
— Água está ótimo. — Minha resposta chama a atenção
da mulher quando me sento ao lado dela. Virando na direção
dela, estendo minha mão. — Acho que não nos conhecemos
formalmente. Eu sou Beck.
Ela olha minha mão e depois me olha de cima a baixo,
com um brilho de conhecimento nos olhos.
Suspirando, ela murmura: — Não viu meus peitos, o
caralho. — Ela balança a cabeça e depois pega minha mão. —
Rylee, prazer em conhecê-lo. — Ela toma um gole de sua
bebida e olha para a água que o barman coloca na minha
frente. — Não bebe muito?
— Na verdade não.
— Nem eu. — Ela bebe o resto de sua bebida e se encolhe.
— Mas depois de hoje, tenho certeza de que devo receber uma
caneca inteira de vodka.
— Dia difícil, hein?
— Você poderia dizer isso. — Ela gira os cubos de gelo em
sua bebida com o canudo.
— Eu estava lá, sabia? Vi o inferno que você viveu… —
digo, como se fosse o Dia da Perdição. — Eu quase poderia ter
previsto o que aconteceu com você, e se pudesse ter parado,
teria. Mas aquele bebê foi muito rápido no gatilho e não pude
bloquear a vomitação de laranja.
Mais animada, ela me olha bem nos olhos. — Você estava
lá?
Eu concordo. — Vi tudo acontecer. Testemunha número
um, bem aqui. — Aponto para mim mesmo. — Não havia nada
que você pudesse ter feito. Aquele bebê te regou. Você se
sacrificou pela equipe da primeira classe e arrancou um
arrotou daquele bebê.
— Você estava lá. — Ela pressiona a mão no meu
antebraço. — Você testemunhou as balas de manga e pêssegos
sendo atiradas em mim.
— Ainda posso ver isso em minha mente em câmera lenta.
—Balanço a cabeça. — É uma lástima. Aquele moletom ficará
manchado pelos próximos anos.
Ela concorda, brincando com o meu humor. — Era um
bom moletom, tão quente, tão fibroso.
Eu bato no balcão e depois jogo o punho para o céu.
— Maldito seja, vômito, maldito seja. — Com decepção
pesando em minha voz, acrescento: — Outra peça inocente de
roupa volta ao pó. Quando isso vai acabar?
— É uma onda de crimes sem fim. — A mão dela aperta
meu braço.
— Que porra de lástima. — Suspiro e levanto minha água
para Rylee. — Ao seu moletom, ele pode ser conhecido como
infinitamente confortável e prático.
— Ao meu moletom. — Tocamos os copos e tomo um gole
da minha água enquanto ela coloca um cubo de gelo na boca.
Suspirando, ela diz: — Acho que devo fazer um enterro
para ele.
Eu pondero essa ideia por um segundo e depois sugiro:
— Um enterro no mar.
Como se estivesse pensando a mesma coisa, ela
responde: — Não consigo imaginar me despedir de outra
maneira.
Bebo o resto da minha água, engolindo com um palpite.
Coloco o copo no balcão na minha frente e digo: — Ok, vamos
fazer isso.
Apanhada de surpresa, Rylee se endireita. — Você fala
sério? Você quer enterrar meu moletom?
— Diga você. Você realmente acha que pode remover
aquela mancha? Aquele vômito era neon. Mas se você tem
confiança em suas habilidades para remover manchas, por
favor, encharque bem essa coisa e reze para os céus que possa
torná-la menos laranja neon, e dar vida a esses fios bem
merecidos.
Ela morde o lábio inferior e diz: — Você me julgaria se eu
admitisse que minhas habilidades domésticas são menos que
estelares?
Eu me inclino para frente. — Você me julgaria se eu
dissesse que deixo minhas roupas rosa de vez em quando?
Rindo, ela balança a cabeça. — Não, não julgaria você
nem um pouco.
— Bom! — Eu bato palmas. — Então estamos fazendo
isso? Um enterro no mar?
— Acho que estamos. — Ela joga algumas notas no bar e
desce do banquinho. Faço o mesmo e percebo pela primeira
vez o quanto sou mais alto. Me analisando, ela diz desconfiada:
— Você não é um psicopata que vai me jogar no oceano junto
com meu moletom, não é?
Brincando, eu adiciono minha própria pergunta. — E
você não seria uma amante assassina tentando me atrair com
o seu acidente com o moletom, só para me apunhalar pelas
costas com um abridor de garrafas que você transformou
numa faca?
Ela estreita os olhos. — Isso é muito específico. É como
se você tivesse abafado desse jeito para matar alguém em sua
mente por muito tempo.
— Você não respondeu minha pergunta.
— Você não respondeu a minha. — Ela responde, a
cabeça inclinada para cima.
Eu acho que poderia ter encontrado meu par. Insolente,
eu gostei.
— Se eu fosse um assassino psicopata, você não acha que
teria te atacado enquanto estivesse nua, ou pelo menos
esperaria do lado de fora da sua porta e assim que saísse para
te capturar e te levaria ao meu covil assustador?
— Isso não é nada reconfortante. — Suas mãos estão em
seus quadris agora.
Revirando os olhos, eu digo: — Eu não sou um assassino
psicopata.
— Prove!
Ok, assim é fácil. Como alguém prova que não é um
assassino psicopata?
Procurando ideias, finalmente pego meu telefone e ligo
para Chris, que atende após o primeiro toque. Coloco o telefone
no viva-voz para que Rylee ouça a conversa inteira.
— Woooooo, cara, você está perdendo. Estamos pegando
todas as tortas. Tortas do caralho para dias.
Rylee levanta uma sobrancelha para mim. — Chris...
— Torta de limão com coco na minha boca, bem na porra
da minha boca. Eu sou dono dessa cadela.
— Chris...
— Beckkkkkk, você está perdendo! — Justine lamenta ao
telefone. — Não se preocupe. Mesmo que seja a noite dos pais,
ainda vamos levar um pedaço para você, porque afinal somos
pais e, no mínimo, pais são fodidos atenciosos.
— Os fodidos mais atenciosas de sempre! — Acrescenta
Chris.
Rylee cobre a boca. Ela mal está contendo o riso, e estou
gostando do senso de humor dela.
Eles estão chapados, com açúcar. Não seria a primeira
vez. É isso que eles fazem quando estão livres dos filhos. Eles
comem tanto açúcar quanto podem. Eles não deixam que seus
filhos comam, o que apenas os priva. Portanto, sempre que não
estão com filhos, eles se empanturram e abusam muito.
Eles vão se arrepender de manhã. Como sempre.
— Estou feliz por vocês, adocem isso. Bem rápido, você
pode dizer a essa garota que conheci que não sou um assassino
psicopata?
— Você conheceu uma garota? — Justine grita
emocionadamente.
— Cara, ela é gostosa? — Chris pergunta, fazendo Rylee
corar.
Mantendo meus olhos fixos nela, eu digo: — Super
gostosa, e ela está no viva-voz. Se você puder dar a ela o sinal
de que sou um cara legal, isso seria incrível.
— Pesquise-o! — Justine fala. — Beck Wilder, é tudo o
que você precisa digitar.
Eu reviro meus olhos. Oh, ótimo.
— Sim, e ignore o corte de cabelo dele. É recente, então
não deixe o corte curto te enganar. Ele tem mechas atraentes
quando deixa crescer.
— Tão atraentes! — Justine comenta. — Não te conheço,
senhora, mas vou lhe dizer agora, você seria estúpida em não
conhecer esse homem. Confie em mim! — E com isso, eles
desligam, fazendo meu telefone ficar preto.
No mundo deles, é como largar o microfone. Ridículo.
— Bem, acho que preciso pesquisar você. — Pelo jeito que
ela está mordiscando o lado do lábio, ela está curiosa.
Eu me inclino contra um pilar ao lado do bar e cruzo os
braços sobre o peito. — Eu vou esperar.
Dando-me um olhar desconfiado, ela tira o telefone do
bolso do vestido e digita na tela. Dou-lhe alguns minutos,
deixo-a ler até que ela guarde seu telefone e imite minha
posição. — Você gosta de filantropia, não é?
— Não me cansa de ajudar os outros, especialmente as
famílias carentes.
— Posso entender isso. Você levantou mais de quinze mil
dólares para famílias que precisavam de ajuda durante o Natal.
— É uma paixão. — Dou de ombros para o meu sucesso,
mesmo que esteja muito orgulhoso disso. Qualquer coisa para
ajudar, qualquer coisa para aliviar a dor no peito que carrego
diariamente.
— Essa é uma paixão sexy. — Ela admite sem tropeçar
em suas palavras. Ela é confiante, eu gosto disso.
— E quanto a você? Você pode claramente dizer que não
sou um psicopata, apesar do corte de cabelo recente.
— Sim, sobre isso. O que fez você cortar tudo?
Esfrego a cabeça, sentindo os fios curtos esbarrarem nos
meus dedos. — Queria uma mudança, estava indo para o clima
quente, então cortei.
Seus olhos caem sobre o meu corte de cabelo,
observando, absorvendo. — Eu gosto. Você tem um formato de
cabeça bonita.
Rindo, eu digo: — Não consigo ouvir esse elogio o
suficiente. Agora pare de evitar a pergunta; você vai me
esfaquear ou o quê?
— Eu não vou te esfaquear.
— Sim, — assinto para ela, — prove.
Revirando os olhos, um sorriso tremendo nos lábios, ela
pega o telefone e coloca no viva-voz, deixando-o tocar alto.
Imitando o chamado-ao-amigo, eu gosto.
— O que? — Uma voz feminina grogue responde.
Ligeiramente encolhida, Rylee diz: — Victoria, ah, ei,
desculpe incomodá-la, mas você pode, por favor, dizer a um
cara que conheci que não vou matá-lo .
Resmungando, a garota com quem Rylee falou no avião
mexe no telefone e depois diz: — Caro senhor, fique o mais
longe possível da fera que está diante de você. Ela vai te
esfaquear se você olhar para ela errado, e é conhecida por
incomodar as amigas quando elas estão tentando dormir. Ela
pode ser bonita, mas é uma interesseira, perseguidora
certificada e não mostra nenhuma preocupação em roubar sua
carteira e deixá-lo chapado e seco. Meu conselho é que fuja e
rápido. — E então ela desliga o telefone.
Antes que uma Rylee furiosa possa responder, jogo minha
cabeça para trás e rio, uma boa gargalhada, o tipo de
gargalhada que não dava há um tempo.
— Bem, isso não foi como planejado.
— Sim, sua amiga não pintou você nas cores mais
bonitas. Na verdade, estou um pouco mais nervoso por estar
perto de você. Uma perseguidora certificada? Não tenho
certeza se estou pronto para ter uma namorada morando
comigo, alguém que aparentemente gosta de roubar carteiras
e incomodar amigos enquanto dormem. Essa é uma merda
sem consideração aqui. — Felizmente, o humor na minha voz
faz Rylee sorrir.
Tão bonita.
— Victoria é super irritadiça. Deixe-me tentar uma amiga
diferente. Espere, por favor. — Ela levanta o dedo e digita no
telefone. Toca duas vezes.
— Graças a Deus, estava prestes a ligar para você. Qual
é a posição sexual sobre a qual você escreveu em seu último
livro, aquela em que o cara está cortando as pernas…
Rylee desliga, o rosto vermelho brilhante enquanto ela
coloca o telefone de volta no bolso do vestido.
— Ah... número errado.
— De jeito nenhum! — Alcanço o bolso dela e tiro o
telefone. Felizmente, a tela de bloqueio ainda não apareceu
quando chamo o histórico de chamadas. O último número diz
Zoey melhor Amiga de Sempre. Voltando o telefone para ela,
digo: — Duvidoso que fosse um número errado. — Entrego de
volta o telefone. — Você é uma autora?
Cedendo com um suspiro, ela diz: — Eu sou, e se você
perguntar se escrevo pornô vou chutar você precisamente nas
bolas. Como unha do pé para estragar.
Porra, ela é engraçada.
— Calma com o atrevimento, senhora. Eu não estava
prestes a perguntar sobre pornô. Eita. — Olho em volta e
depois me inclino: — Então... você escreve pornô?
Sua cabeça cai para trás e ela revira os olhos, com força.
— Não! Escrevo romance. Há uma enorme diferença. Sim,
escrevo cenas de sexo como minha amiga Zoey tão
maravilhosamente revelou, mas se você tirar o sexo dos meus
livros, ainda há uma história engraçada, romântica e
espirituosa para ser lida.
— Existem histórias na pornografia.
Ela aponta o dedo para mim. — Não, não há. O chefe que
fode a secretária até ela colocar mais toner na copiadora não é
uma história.
Eu rio. — Poderia ser.
— Não é. — Ela cruza os braços e desvia o olhar.
— Ok, então me diga seu nome de autora. Você me
pesquisou, então tenho que pesquisar você também.
Ela me olha desconfiada. Acho que está realmente
pensando se deve ou não mostrar todas as suas cartas comigo.
Felizmente, eu ganho porque ela diz: — Meu nome de autora é
meu nome verdadeiro, Rylee Ryan.
Digito o nome dela no mecanismo de busca do meu
telefone. A primeira coisa a aparecer nos meus resultados é o
site dela. Clico no link e instantaneamente vejo uma foto dela,
sentada de pernas cruzadas em um sofá roxo brilhante, livros
de cada lado dela e um sorriso gigante no rosto. Viro o telefone
em sua direção. — Todos esses livros são seus?
Ela assente, um rubor manchando suas bochechas. —
Eu escrevo rápido.
— Eu posso ver isso. Nossa! — Clico no link dos livros
dela e pego todos os homens sem camisa nas capas. — Vou
adivinhar e supor que você gosta de abdomens.
— Amo-os e peitorais. Sério, não há nada mais sexy do
que um homem com peitoral firme e forte. — Ela coloca as
mãos em concha como se tivesse um desse par de “peito firme
e forte” nas palmas das mãos.
Eu levanto uma sobrancelha para ela. — Isso está certo?
— Ela lambe os lábios e assente, me fazendo rir. Verifico o resto
do site e depois coloco o telefone no bolso. — Tudo parece
normal, então, se você tentar me esfaquear, eu posso agir com
você como Kathy Bates em Misery1.

1Kathy Bates em Misery é uma fã fanática que acaba torturando a vida do escritor
Sheldon até ele reescrever um livro.
— Eu acho que posso acabar com você.
— Você pode tentar, Atrevida, pode muito bem tentar.
CAPÍTULO CINCO
RYLEE
Estou em um píer, à noite, o oceano ondulando embaixo
de mim, ao lado de um homem sexy. Risque isso. Um homem
extremamente sexy sobre o qual praticamente não sei nada, e
estamos nos despedindo de um moletom incrustado de
mangas e pêssegos regurgitados. Quando me inscrevi para
essa pequena escapada, nunca imaginei meu primeiro dia
desse jeito.
— Ele foi bom enquanto durou, não foi? — Beck pergunta,
olhando para o oceano onde as cinzas do meu moletom agora
descansam.
— Ele forneceu tanto calor.
Chegando mais perto de mim, a colônia amadeirada de
Beck se mistura com a brisa do oceano e envia um arrepio na
minha espinha. Ele passa o braço em volta do meu ombro, me
puxando para perto.
— Uma cerimônia tão bonita. Você a fez bem.
— Não poderia ter feito isso sem você. — Brinco, me
sentindo um pouco estranha agora que dissemos adeus ao
meu moletom.
Ele suspira e se vira em direção a uma pequena parte do
resort ao lado da água, onde tem areia, cadeiras de jardim e
redes para um ambiente muito parecido com resort. — Quer
se juntar a mim na rede?
— Parece um pouco travesso.
Ele me aperta por um segundo antes de soltar seu aperto
no meu ombro. — Eu prometo manter minhas mãos para mim.
— Por que acho que posso me arrepender disso?
Ele me guia pelo cais de bronzeamento até a caixa de
areia, a mão na minha parte inferior das costas, sua forte
presença me fazendo sentir reconfortada, como se estivesse em
boas mãos.
Quem é esse cara e de onde ele veio? E por que é solteiro?
É como se eu pegasse um herói de um dos meus livros e
o colocasse nesse cenário pitoresco.
Ele é tudo sobre o que escreveria sobre um dos meus
personagens masculinos... salvo o cabelo curto. Eu sempre fui
fã de um corte de cabelo estilizado em um homem, então o
tosado é diferente. Sexy de certa forma. Deixando os cabelos,
ele tem tudo: os olhos penetrantes, as brincadeiras
espirituosas, a personalidade descontraída e viciante, e ele é
todo musculoso, pelo menos pelo que posso dizer. Além disso,
ele tem essa qualidade rebelde, sombria e sensual de uma
maneira que me deixa curiosa para descobrir sua história.
— Não me lembro da última vez que estive em uma
rede.— Diz Beck, mantendo-a parada para que eu pudesse
sentar.
Saltei dentro, não sendo nem um pouco modesta, porque,
francamente, qual é o objetivo? Beck já viu tudo neste
momento, não importa o quanto ele queira negar. Embora, pelo
menos, coloquei calcinha antes de ir jantar.
— Eu tinha uma no meu quintal quando criança. Passei
horas lendo nele.
Beck se junta a mim, um pouco desajeitadamente, o que
me faz rir. Uma vez que ele se endireita, ele solta um suspiro
reprimido e seus ombros relaxam visivelmente ao meu lado.
— Montar numa rede pode dar muito errado. Quero
dizer, eu poderia ter virado você dessa maldita coisa e te
enviado diretamente para a areia abaixo de nós.
— Fico feliz que você foi capaz de montar um pouco
graciosamente… — paro e sugestivamente mexo as
sobrancelhas — Porque comer areia não parece muito
apetitoso no momento.
Ele sorri maliciosamente. — Alguma vez pareceu?
— Talvez. — Eu sorrio e depois olho para as estrelas
brilhantes acima de nós. — O que o traz a Key West, Beck?
Sinto que essa é uma pergunta que deveria ter feito há
um tempo, mas com toda a exposição nua do quarto de hotel...
sobre a qual ainda não falei para minhas amigas, e o enterro
do moletom, não tivemos a chance real de conhecer um ao
outro. Não que eu esteja reclamando demais. O que sei sobre
Beck até agora é que ele é um cavalheiro e gosta de se divertir,
mesmo que isso signifique queimar um moletom e jogá-lo ao
mar.
Não há muitas pessoas que conheço que ficariam ali, mão
no coração, falando sobre os grandes feitos de um moletom
enquanto choravam de mentira.
O canto dos meus lábios se levanta apenas da imagem de
Beck enxugando “lágrimas” de seus olhos com as costas do
dedo indicador.
— Você quer a verdade ou quer uma mentira fabricada
que fará com que você se apaixone loucamente por mim?
Rindo, eu respondo: — Ambos.
— Justo. — Beck empurra o pé contra a areia abaixo de
nós, enviando a rede em um balanço relaxante. — Quer a
verdade ou a mentira primeiro?
— Hmm, que tal eu adivinhar qual é qual.
— Ah, as coisas estão prestes a ficar emocionantes. — Ele
ri e esfrega as mãos. — Ok, razão número um.
Ele limpa a garganta. — Estou participando de um
casamento no próximo fim de semana, um casamento para o
qual não fui convidado, mas meu amigo me implorou para
participar porque queria foder a esposa sem filhos por perto.
Não faz sentido, mas ei, eu sou um bom amigo, então aqui
estou eu.
Errr, isso é estranhamente familiar. Engulo a seco um
pouco mais forte do que o esperado. De jeito nenhum ele está
de penetra um casamento como eu. Isso é apenas algo que um
autor desesperado faz para encontrar sinais de amor
novamente.
— Ok, razão número dois. Minha irmã vai se casar neste
fim de semana e eu vou entregá-la . Nosso pai faleceu há
alguns anos de um ataque cardíaco e, embora estivéssemos
afastados por dois anos, ela pediu se eu faria parte do
casamento dela. Então aqui estou.
Silenciosamente ele nos balança, minha mente girando
com o que poderia ser a verdade. Ambas as histórias foram
contadas sem esforço, então ele é realmente um bom mentiroso
ou algum tipo de vigarista. Eu deveria estar com medo. Deveria
ir para o meu quarto agora, desejando a Beck uma boa noite,
mas não vou, porque estou intrigada com este homem. Por trás
da boa aparência e inteligência, há algo sob a superfície, algo
sombrio que torna compreensível a idade em seu olhar
envelhecido.
Por causa disso, vou com a opção número dois. Parece o
mais plausível, porque quem realmente invade casamentos?
Somente mulheres enlouquecidas com a tendência de se
sentar em um arbusto com um bloco de notas e caneta e tomar
notas enquanto encaram os casais e ouvem suas conversas.
Pesquisa e tudo mais, tem um preço alto, como galhos
com pontas afiadas.
— Hmm, eu vou apostar na razão número dois.
Ele assente e diz: — Sabia que você ia dizer isso, mas
você, lindinha, está errada. Eu nem tenho irmã.
Atordoada, me levanto o melhor que posso sobre o fio
trançado frouxos da rede e o encaro. — Você está aqui para
invadir o casamento de alguém?
Ele estremece. — Ah, sim, mais ou menos.
— Inacreditável. — Balanço a cabeça em descrença e
deito-me.
— Agora, antes que você me julgue e me dê um sermão
sobre confirmação de presença
— Eu não estou te julgando. — Viro-me para Beck, a rede
dificultando um pouco a mudança. — Sou só um pouco...
surpresa.
— Não pretendo comer nada. — Ele morde o lábio inferior.
— Isso é mentira. Planejo comer muito, mas ei, vou levar a
festa para a pista de dança. No mínimo estou dando a eles o
presente da dança, então você não precisa ficar com raiva de
mim por isso.
— Eu não estou com raiva. — Eu rio, ainda surpresa. —
Estou apenas tentando entender isso. — Olhando-o bem nos
olhos, digo: — Também estou aqui de penetra em um
casamento.
Isso faz com que Beck se endireite, seu peito musculoso
esticando o tecido de sua camisa. Ele me estuda atentamente,
seus olhos voltando para frente e para trás até que ele
finalmente pergunta: — Você está falando sério? Você está
realmente invadindo um casamento?
Eu pressiono meus lábios e assinto.
Uma risada aguda escapa de Beck quando ele se deita na
rede e envia nosso balanço para um movimento mais frenético.
— Vou assumir, dada a nossa sorte de vômito de bebê,
encontros nus…
— Sabia que você viu meus peitos.
— Eu não vi... ah, inferno, qual é o objetivo? Eu vi
totalmente seus peitos e foda-se, mulher, eles são gostosos.
Eu coro... horrivelmente, meu rosto esquenta junto com
todas as veias do meu corpo.
— Mas, como estava dizendo, com a nossa sorte, vamos
ao mesmo casamento.
Limpando a garganta, tentando passar pela parte em que
Beck só fez meus mamilos endurecerem e saltarem como
termômetros de peru, eu disse fracamente: — Sim, seria nossa
sorte.
— Deixe-me adivinhar, o casamento é no sábado na The
Hemingway House.
E vem outra onda de calor para eclipsar meu corpo. — O
primeiro e único.
Ele assente e fica em silêncio por um segundo antes de
dizer: — Então o que você está me dizendo é que eu tenho um
encontro para o casamento no sábado à noite.
Não esperava que dissesse isso, dou uma gargalhada e
por algum motivo digo: — Usarei azul-petróleo, caso você
queira combinar e tirar algumas fotos. Você sabe, podemos
muito bem fazer a coisa toda de casal, certo?
Isso gera uma gargalhada profunda, baixa e estridente de
Beck. — Graças a Deus embalei calças cinza com uma camisa
branca. Não haverá nenhum tipo de desarmonia nessas fotos
de casal.
— Não, nem um pouco.
Ainda balançando, eu digo: — Isso é estranho.
— Não, é apropriado. Você tem que viver a vida ao
máximo, Rylee, porque você nunca sabe quando ela será tirada
de você. — Endireitando-se, sua declaração me confunde, ele
estende a mão e acena com a cabeça em direção ao prédio. —
Vamos, vou levá-la de volta para o seu quarto.
Permito que ele me ajude a levantar. Eu estou lá, sendo
dominada por esse estranho, esse mistério de homem, meu
aparente encontro de casamento para o sábado, e mesmo que
ele queira me levar até o meu quarto, não estou totalmente
pronta para que esta noite termine.
Com um ritmo lento e descontraído, caminhamos lado a
lado, o oceano rolando na costa à nossa direita, preenchendo
o silêncio. — Alguma coisa turística planejada enquanto você
está aqui? — Eu pergunto, me sentindo meio idiota pela
questão, sem saber como preencher o silêncio.
— Nada planejado. Apenas meio que improvisando. — Por
que isso não me surpreende? Beck parece o cara que na
quarta-feira larga tudo e voa para o Taiti porque quer,
portanto, estar de penetra em um casamento. Pelo menos eu
tenho uma razão um tanto sólida para estar aqui. Você sabe,
reacendendo meu cérebro romântico e tudo.
— Eu também. Se Victoria não quiser me abrir com suas
garras gigantescas pré-históricas amanhã, eu poderia tentar
convencê-la a ir passear comigo.
— Sim? Indo visitar a ilha? Você sabe que são apenas dois
por quatro, certo?
Minhas sobrancelhas franzem. — O que você quer dizer
com dois por quatro?
Paramos em frente aos nossos quartos, as portas a
poucos metros de distância. Mãos nos bolsos, parecendo sexy
com a boca curvada para o lado, e o corte de cabelo curto
enfatizando seus adoráveis olhos cor de avelã, ele diz: — A ilha
tem apenas três quilômetros de largura por quatro quilômetros
de comprimento. É incrivelmente pequeno, então acho que seu
passeio durará apenas algumas horas, no máximo.
— Hã. — Eu pondero sobre isso. — Isso mostra quanta
pesquisa eu fiz antes de vir aqui.
Rindo, ele responde: — Um pouco mal preparada, mas
não há nada como uma boa aventura que faça meu sangue
rugir. Estou com você, Rylee. Não fiz pesquisa antes de pegar
um avião até aqui.
Eu rio. Estou aprendendo que Beck é o Sr. Improviso. Por
que passar horas na frente de um computador planejando sua
viagem?
Dando de ombros, ele continua: — Quem sabe, talvez nos
encontremos amanhã. — Com isso, ele aperta meu queixo com
o dedo e diz: — Tenha uma boa noite.
Tirando um cartão-chave do bolso de trás, ele entra no
quarto, o punho levantado para o céu gritando: — Vida longa
ao seu moletom!
A declaração sobre meu moletom queimado me faz bufar
deselegantemente, mas antes que ele possa ver o ranho
escorrer sem atrativos do meu nariz, sua porta se fecha.
Graças a Deus pelas dobradiças de fechamento rápido.
Limpo o nariz, tiro meu cartão-chave do sutiã do meu
vestido e entro no meu quarto.
Que estranho. Este homem aleatório, que não apenas
testemunhou o vômito apocalíptico no avião, mas também me
encontrou enquanto eu estava nua em seu quarto, que então
compartilhou um estranho enterro de moletom, agora está
descansando a cabeça a poucos metros da minha. É estranho,
quase como se o Cupido estivesse balançando a bunda nua no
ar, rindo e atirando dardos em minha direção.
Aquele maldito querubim risonho.
Aceno meu dedo para o céu. — Boa tentativa, cara.
Adivinha quem não está interessada? Eu vim aqui para
testemunhar o amor, não mergulhar profundamente na
emoção eu mesma.
CAPÍTULO SEIS
RYLEE
— Acha que tem protetor solar suficiente?
A humana coberta de pasta ao meu lado olha feio por
baixo de seus óculos escuros e chapéu de sol, bem como uma
polegada de protetor solar que ainda não foi esfregada em seu
corpo. É como se ela estivesse mergulhada em sete camadas
de protetor.
— Quero que você saiba que o câncer de pele não é
brincadeira. É uma coisa séria.
— Bem ciente, é por isso que estou usando protetor solar,
mas não há problema em mostrar um pouco de pele.
— Melhor prevenir do que remediar. — Ela tampa o frasco
e coloca dentro da bolsa Vera Bradley rosa e verde ao lado dela.
— Doce de caramelo? — Ela oferece, o barulho dos invólucros
se misturando com as ondas do mar quebrando a alguns
metros de distância, bem como os sons divertidos das crianças
ao nosso redor.
— Não quero. Obrigada. — Bebo metade da minha garrafa
de água e deixo o sol me aquecer até o meu âmago. — Meu
corpo não está acostumado a esse tipo de calor. — Sinto-me
suando em áreas que desconhecia ter glândulas sudoríparas.
— Sim, muito longe do Maine, com certeza. Mas o sol é
lindo, não é? — Victoria estica os braços brancos como lírios e
tenta absorver os raios... o que é impossível com a quantidade
de creme que cobre sua pele. — Então, sobre o que era o
telefonema da noite passada? Você interrompeu um sonho
muito intrigante meu.
— Desculpa. — Eu me encolho, sabendo o quanto
Victoria depende de seus sonhos para escrever. Ela sempre me
diz que suas melhores ideias vêm enquanto ela dorme. — Eu
conheci esse cara ontem…
— Já estamos vasculhando as ruas, não é? — Há uma
dica leve e divertida na voz de Vitória.
— Ha, não, acredite, conhecer esse cara foi por acaso.
— Ah, aí estão vocês duas! — A voz de Zoey nos assusta.
— Eu mandei mensagem para vocês. O marido foi em uma
pesca matinal, e eu acabei de sair da cama procurando café.
— Ela toma um gole gigante de um Frappuccino na mão. —
Ah, isso é bom. Sobre o que estamos conversando? — Ela joga
uma bolsa de praia gigante ao meu lado e puxa uma
espreguiçadeira pela areia para se sentar perto da minha.
Mantendo os olhos fechados, a aba do chapéu cobrindo o
rosto, Victoria diz: — Rylee estava me contando sobre um
homem que está vendo.
— Como é? — Zoey estica o pescoço para o lado como se
fosse elástico.
— Eu não estou vendo ele. Jesus, Victoria. Nós apenas
saímos...
— Por que você parou assim? Vocês fizeram sexo ontem
à noite?
— Acho que fizeram. Ela me ligou por uma
recomendação. Eu disse ao cara para fugir por sua vida.
Zoey aperta o peito e ri muito alto. — Você não disse.
— Infelizmente ela disse! — Murmuro, puxando minhas
pernas no meu peito.
Mais risadas, de ambas agora. Você pode ouvir meu
suspiro pesado?
— Oh, isso é ótimo. Então, o que aconteceu depois que
você não recebeu uma recomendação? — Zoey faz uma pausa
e depois bate no meu braço. — Ei, por que você não me ligou?
Eu não sou boa o suficiente para sex-comendação?
— Eu tentei! Você atendeu o telefone perguntando sobre
tesoura com Art.
Zoey assente, o canto de seus lábios se vira de acordo. —
É assustador o quão preciso isso é. Ok, então eu estava hiper
focada no meu próprio prazer. O que aconteceu depois que
Victoria bloqueou o pau?
Sentando um pouco mais ereta e cruzando as pernas,
digo: — Para constar, eu não estava procurando por uma sex-
comendação. Só estava tentando provar que não sou uma
psicopata.
— Homem inteligente. — Zoey assente e toma um gole de
sua bebida.
— Bem, você sabe que depois que ele me viu vomitada, e
depois de toda a coisa nua, ele veio até mim...
— Espere! — Zoey e Victoria se endireitam e se inclinam
para olhar para mim. — Que coisa nua?
— Realmente não quero falar nisso. Digamos que houve
uma confusão com quartos de hotel, e eu queria tirar o cheiro
de vômito de mim.
— Estou tão confusa agora… — Diz Victoria. — Pensei
que não houve sexo.
— Não houve. Nós não fizemos sexo, nem sequer nos
beijamos. Ele só me viu nua.
— Falando sobre mim? — Uma voz profunda tira nossos
olhos uma das outras na direção do homem que está na nossa
frente, vestindo shorts pretos baixos e nada além de um longo
colar em volta do pescoço, feito de couro e uma pequena chave
de ouro. Sua pele bronzeada brilha sob o sol, os contornos de
todos e cada um de seus músculos se flexionando firmemente
a cada movimento. Seu sorriso se estende por seu rosto, seus
olhos estão cheios de intrigas e seu cabelo implora para que eu
passe minha mão pelos fios curtos.
Virando-se para mim, com o polegar apontado para Beck,
Zoey pergunta: — É para esse o cara que você queria que eu
fizesse uma sex-comendação?
Quer uma maneira infalível de me fazer corar? Essa, essa
bem aqui fará isso.
Minhas bochechas esquentam, meus ouvidos ardem de
vergonha.
— Sex-comendação, hein? — Beck coça o lado da
mandíbula, seus olhos fixos nos meus. — Eu não sabia que
era para isso que estávamos chamando amigos.
— Não foi. Não houve sexo envolvido. Nenhum. — Eu
posso sentir minha testa suar. Maldito sol. — Apenas para
garantir que não íamos nos matar, é tudo. Sexo está fora da
mesa. Não haverá sexo.
— Não? Que pena! — Beck sorri e depois se inclina para
apertar as mãos de Zoey e Victoria. — Senhoras, prazer em
conhecê-las, sou Beck.
Zoey e Victoria se apresentam, suas bocas abertas como
peixes fora d'água, enquanto olham para o monte de músculos
à sua frente. Inferno, eu não as culpo.
— Beck, uau, até o seu nome é quente. — Zoey me cutuca
no lado com o cotovelo. — Você deve usar esse nome em um
de seus romances.
— Concordo. — Beck mexe as sobrancelhas. — Talvez ele
pudesse convencer a heroína a passear com ele no livro.
— Ooo, é uma boa ideia. — Zoey pega minha bolsa e
coloca no meu colo. — Rylee estava saindo para visitar a ilha.
— Não, não estava.
— Sim, ela estava! — Victoria diz. Traidora. — Ela quer
alugar uma Vespa. Ela tentou me fazer entrar em uma, mas
eu recusei. Você parece um cavalheiro que sabe lidar com esse
tipo de maquinário. Por que você não vai com ela?
— Bela ideia. Grande, na verdade! — Acrescenta Zoey, e
depois de vasculhar sua bolsa, levanta uma nota de cinco
dólares no céu e acena. — Sorvete é por minha conta!
Eu olho para a nota, odiando minhas amigas agora. —
Vamos precisar de mais de cinco dólares.
— Aqui! — Victoria joga vinte para mim. — Divirtam-se.
— Veja, tudo arranjado. Apenas enfie essas notas no seu
sutiã, com sua licença e divirta-se. — Zoey começa a me
empurrar para fora da borda da minha cadeira. — Vá. Vá ver
a paisagem com o bonitão. Nos agradeça depois.
— Você sabe que ele está de pé bem aqui… — digo
entredentes em total vergonha.
— Oh, não se importe comigo. — Beck balança nos
calcanhares e cruza os braços sobre o peito. — Estou aqui
apenas pelo sorvete de graça e pela ótima companhia.
— Como você pode recusar sorvete grátis? — Zoey agora
balança as duas notas na minha frente, com um olhar astuto
na cara.
Suspirando, pego o dinheiro dela, enfio no meu sutiã
junto com meu telefone, chave do quarto e identificação e me
levanto da minha espreguiçadeira. Aponto para Victoria e digo:
— Você está responsável pela minha bolsa. — Voltando-me
para Beck, digo: — Você está encarregado de alugar a Vespa,
vamos lá!
Eu o agarro pela mão e o puxo em direção à Duval Street.
Felizmente, estou usando uma pequena canga preta
sobre meu biquíni branco, porque dirigir por aí com nada além
de roupa de banho não está na minha lista de tarefas de hoje.
Embora pareça estar na de Beck.
— Sabe, você não precisa correr. Podemos caminhar sem
pressa.
Percebendo meus passos gigantes e muito estranhos nos
impulsionando para frente em um ritmo alarmante, eu
desacelero e me endireito. — Eh, desculpe. Só queria sair dali
antes que as duas dissessem mais alguma coisa embaraçosa.
Beck me cutuca com o ombro. — Oh, vamos lá, elas não
foram tão ruins. Eu gostei delas.
— Sim, porque elas praticamente me empurraram para
seus braços.
— Nos meus braços? Eu teria lembrado disso. — Seu
sorriso é diabólico e estou muito ciente de como essa pequena
inclinação de seus lábios me afeta.
— Não seja brega.
— Não é brega quando é a verdade.
Me cutucando novamente, ele diz: — E o que há com essa
máscara de difícil que você está usando? Eu te pego falando
sobre a nossa noite e agora você está agindo como se não
quisesse nada comigo? Essa não é a verdade, certo?
Cara, ele é franco? Acho que nunca um homem falou
comigo assim antes. Depois de uma olhada em Beck, eu
deveria saber que ele seria diferente do que estou acostumada.
Soltando um longo suspiro, viro-me para ele, paro na
calçada e digo: — Essa não é a verdade. Estou apenas... ciente
da nossa situação, e isso me deixa nervosa.
— Ciente da nossa situação. O que isso significa? — Ele
dá um passo à frente, fechando uma imensa quantidade de
distância entre nós.
— Você sabe. — Faço um gesto entre nós, meus nervos
pulando. — Essa, ah, atração.
— O que tem isso? — Ele coloca a mão no meu quadril e,
real, minha boca fica seca.
É apenas uma mão no meu quadril. Não é como se ele
enfiasse a mão nas costas do meu maiô e começasse a
massagear minha bunda. Não, é uma mão no quadril, mas com
a maneira como ele me aperta com tanta força e seu olhar
inabalável, ele faz meu corpo formigar, antecipando muito
mais.
Querendo ser honesta, já que ele chega ao ponto, digo: —
Não estou procurando nada sério, ou começar algo com
alguém. Estou aqui para escrever, para estar imersa no amor
e depois seguir meu caminho alegre. Isso é tudo.
Um sorriso maior divide seus lábios. — Parece um bom
plano, mas vejo alguns buracos que gostaria de preencher.
— Beck...
Ele coloca o dedo sobre os meus lábios, me calando antes
que eu possa protestar. — Escute, Rylee. Eu não vim aqui para
me apaixonar. Vim me divertir e viver o momento. Acho você
sexy pra caramba, interessante, e alguém com quem quero
passar algum tempo na ilha. Também não estou procurando
nada sério, mas, para o inferno se não vou levá-la como
encontro no casamento e passar algum tempo com você antes.
Eu bufo, assim como ontem à noite e rapidamente cubro
meu nariz. Quão grosseiramente pouco atraente. Quando olho
para Beck, ele não parece pensar assim pelo olhar ardente em
seus olhos.
— Você quer passar algum tempo com seu encontro do
casamento, hein?
Ele concorda. — Você entendeu, Atrevida.
Eu pressiono meus lábios, tentando refletir sobre isso. —
Nada sério. Apenas diversão?
— Viver o momento é como gosto de chamar. Dizendo
sim, ao invés de não.
Eu posso pular a bordo com isso. Pode ser bom para mim,
na verdade, sair da minha caixinha que gosto de me enterrar
e experimentar a vida sem nada me segurando.
Parece quase... libertador.
Antes que o lado preocupado do meu cérebro comece, eu
digo: — Adoraria viver o momento com você. Mas sem
compromisso, certo?
— Nenhum. Apenas as lembranças de dois penetras de
casamentos e os restos de um bronzeado da ilha.
É a minha vez de sorrir. — Então o que estamos
esperando? É hora de ver o que é essa ilha de duas por quatro.
Beck liga minha mão à dele. — Essa é a garota que eu
estava procurando.

***

— Tá brincando né? — Beck me encara com descrença


nos olhos.
— Muito sério.
Puxando-me para longe do balcão, dos olhares
indiscretos do funcionário da locadora, ele diz: — Não estamos
compartilhando uma Vespa e, se o fizéssemos, você com
certeza não seria a motorista.
Mão no meu quadril, eu respondo: — E por que diabos
não?
— Ah, tantas razões.
— Nomeie-as. — Eu o desafio.
— Bem… Primeiro eu tenho mais experiência. Possuo e
dirijo uma motocicleta.
Claro. Eu poderia ter adivinhado isso facilmente pela
maneira como Beck se comporta.
— Além disso, sou muito maior que você. Maior na frente
para amortecer qualquer golpe que possamos ter.
— Isso é uma mentira. De jeito nenhum isso é um motivo.
— Bem, é na minha cabeça.
Eu posso dizer que ele não vai voltar atrás, mas que pena,
sou tão teimosa.
— Estou dirigindo.
— Tudo bem, então teremos duas Vespas.
— Não. — Balanço a cabeça. — Então não poderemos
conversar um com o outro. Além disso, é um desperdício.
Poderíamos facilmente pegar os dois lugares e pagar menos
também.
— Você não está dirigindo.
— Estou dirigindo.
— Não, você não vai! — Ele combina as mãos nos quadris
com as minhas.
— Sim, vou!
Stewart, o homem encarregado dos aluguéis limpa a
garganta, chamando nossa atenção. — Posso fazer uma
sugestão, já que parece que vocês dois estão tendo dificuldade
para decidir quem vai dirigir?
Um estranho. Hmm, ele pode ser parcial. — Sim, Stewart,
teremos o maior prazer em ouvir sua sugestão. — Eu me viro
para ele, interessado em resolver esta pequena disputa.
Alcançando o bolso, ele tira uma moeda e diz: — Joguem
uma moeda para decidir.
Dã, isso foi fácil.
— Ideia brilhante. — Pego a moeda de Stewart e a seguro.
— Você gostaria de escolher Beck, ou devo?
— Não estamos jogando uma moeda para decidir. — Beck
joga sua identificação no balcão e diz: — Estou dirigindo!
Stewart, o homem lindamente cabeludo dá uma olhada
na identificação à sua frente e depois cruza os braços sobre o
peito. — Acredito que a senhora quer jogar uma moeda.
— Sim, Beck, a senhora quer jogar uma moeda. —
Permaneço ali, com minha canga preta, pelo menos oito
centímetros mais baixa que Beck, com o peito inflado e
querendo briga.
De olho em mim, Beck pergunta: — Você não vai recuar,
vai?
— Não.
— Mas você pode nos matar.
Eu dou de ombros. — O que aconteceu com viver o
momento? Aqui está o seu momento, Beck, jogue uma moeda
e decida seu destino.
Suspirando pesadamente e passando a mão pelos fios
curtos, Beck diz: — Vou escolher no ar.
Eufórica, jogo a moeda e Beck grita: — Cara! — Pego a
moeda e a jogo na parte de trás da minha outra mão. Beck,
Stewart e eu nos inclinamos para frente, olhos focados sobre o
destino do sorteio.
Com um toque de talento, levanto minha mão e revelo a
moeda.
— É coroa! — Declara Stewart com muita empolgação por
ser uma terceira parte desse pequeno desacordo. — Ela está
dirigindo, cara. Vou pegar sua identificação, Rylee.
Sentindo que ganhei na loteria, entrego minha identidade
e me inclino no balcão enquanto sorrio brilhantemente para
Beck, que parece estar… Sim, rangendo os dentes. Ele não está
feliz e, por algum motivo, realmente gosto de ver isso.
Batendo em sua bochecha, eu digo: — Apenas pense
dessa maneira. Você pode me segurar. Agora, isso é algo para
se esperar.
Curvando-se para mim, Beck sussurra no meu ouvido. —
Droga, sim, e se minhas mãos acidentalmente esfregarem
contra esses seus peitos doces, que assim seja.
Solto um suspiro e fico com rosto vermelho-beterraba.
Maldito seja!

***

Você precisa aliviar no freio, senão vamos voar por cima


do guidão.
— É mais divertido assim. — Aperto os freios no sinal de
trânsito, puxando a Vespa para frente e fazendo Beck grunhir
atrás de mim.
— Mulher, por mais divertido que você ache que é bater
meu pau nas suas costas, teremos um problema sério se você
continuar fazendo isso.
Por cima do meu ombro, pergunto: — Ficando excitado,
Beck?
Seu queixo pulsa, as mãos nas coxas, a tensão no
pescoço evidente. — Não brinque comigo, Atrevida.
— Não é disso que se trata? Brincar? — A luz fica verde e
eu bato no acelerador, enviando-nos a uma velocidade de 24
km/h na estrada colorida da Duval Street, onde bandeiras
penduradas em prédios e palmeiras oferecem uma breve
sombra aos transeuntes.
Envolvendo seus braços em volta da minha cintura, seu
peito inteiro eclipsa minhas costas enquanto ele traz a cabeça
para a frente e fala no meu ouvido.
— Você vai ser uma provocação esse tempo todo?
Minha deusa interior sorri. — Conte com isso.
Sua risada ressoa nas minhas costas. — Justo, mas
esteja avisada, dois podem jogar nesse jogo.
— Estou ansiosa para isso.
Dirijo a Vespa pela estrada, o vento soprando pelo meu
cabelo, as mãos de Beck vagando do meu estômago para as
minhas coxas, dependendo de quão perto ele está encostado
em mim. Só posso imaginar como ele deve parecer para trás de
mim, um homem massivamente atraente e marcante me
segurando, seus braços flexionando sob o sol radiante. Pelos
olhares que recebemos dos turistas nas ruas, acho que ele
parece ridículo, ou as mulheres que têm a boca aberta quando
passamos são um pouco invejosas.
Diabos, eu não as culpo.
Acredite em mim quando digo isso, não pratico
“aventuras sem compromisso” com frequência, ou nunca, mas
há algo sobre Beck e seu lema de viver a vida que me faz jogar
a precaução ao vento e experimentar algo novo, algo louco fora
do padrão para mim, algo que sei que vai ficar comigo nos
próximos anos.
Então, por que diabos não apenas experimentamos ao
invés de nos preocuparmos?
Talvez isso acenda minha imaginação.
Talvez essa pequena pausa da realidade seja exatamente
o que eu preciso.
— Para onde vamos, rápido? — Beck agarra meus
quadris, tirando minha atenção de outro sinal vermelho.
— Ah, em linha reta?
— Reta? — Ele ri. — Bem, se você seguir direto, vai acabar
no oceano. Não sei você, mas afogar esse alugado não estava
na minha lista de coisas para fazer hoje.
Que espertinho. — Ok, então o que estava na sua lista?
— Vamos para a Praça Mallory. Está lá em cima, à
esquerda. — Ele me aponta com o dedo em direção a um
estacionamento.
Fazendo a curva, ressoo nossa Vespa no concreto
irregular da estrada e estaciono entre um Ford Mustang
conversível vermelho e um Hummer preto. Dou uma olhada no
nosso “carrão” e falo por cima do ombro com Beck. —
Parecemos um pouco ridículos agora.
— Levemente. Mas o que realmente vai nos causar
problemas é que as pessoas pensam que esse local está vazio
apenas para perceber que você estacionou esse duas rodas
quente aqui.
— Agh, odeio pessoas como nós.
— Sou parcial para estacionar o que você quiser, onde
quiser. — Beck pula da parte traseira da Vespa e estende a
mão para mim.
— Isso é porque você dirige uma motocicleta. Você é a
pessoa que todo mundo odeia.
Ele encolhe os ombros. — Não poderia me importar
menos com o que todos pensam. Além disso, estaciono na
parte de trás para evitar um chute na minha moto de
motoristas furiosos.
— Ah, inteligente. — Depois que Beck me ajuda sair, ele
paga pelo estacionamento e enfia o bilhete perto do
velocímetro.
— Vamos, Atrevida. — Atrevida. Não faço ideia por que
ele está me chamando assim, mas é meio fofo. Ele pega minha
mão na dele e me guia por uma casa de tijolos marcado como
banheiro que cheira a um lugar para descartar excrementos, e
por um caminho estreito onde encontramos um monte de
pequenos quiosques que vendem suas lembranças típicas da
ilha turística.
— Você é um tipo de garota de lembrança?
— Às vezes, depende da lembrança. Tem que ser bom,
algo que eu não conseguiria encontrar em nenhum outro lugar,
e não estou falando sobre a camisa ou caneca típica marcada
com local. Tem que ser super único.
— Algo excêntrico?
— Exatamente.
Beck para na frente de um quiosque cheio de
instrumentos musicais específicos da ilha, como bongôs,
maracas e aerofones. Não que um aerofone seja
necessariamente um instrumento insular, mas,
contrariamente à crença popular, não os vejo sendo vendidos
em todos os lugares. Beck pega um chocalho de chuva e vira
de cabeça para baixo para que o feijão comece a ricochetear
nos pinos dentro do tubo.
— Diga-me, que lembranças únicas você comprou antes?
Ok, vamos fazer uma pausa por um segundo. Você sabe
como eu disse que só compro uma lembrança se ela for super
única? Isso é verdade, mas o que deixei de fora é a enorme
coleção de uma certa lembrança que tenho em casa. E quando
digo uma coleção massiva, quero dizer uma boa estante cheia
de um item em particular que pareço encontrar em todos os
lugares que vou, ou que meus leitores compraram para mim.
Interessados? Querem saber o que é?
Você está pensando em colheres de prata, não é?
Pequenas colheres de prata rotuladas com cada local, certo?
Mesmo sendo fofos, não é isso.
Nem colheres, nem canecas, nem chaveiros ou ímãs. Não,
isso é único, uma descoberta especial que você só pode
localizar em uma loja peculiar.
E sempre há uma loja peculiar em uma cidade turística,
e você só precisa encontrá-la . É a loja que contém aquelas
bonecas que ganham vida à noite, mas também enfeites de
Natal, molho picante local, luvas de forno e... bonitões.
Sim, bonitões.
Como explico isso? São pequenas figuras de vidro ou de
plástico transformadas em algo especial como um ornamento,
ou um abridor de garrafas, de uma decoração de vidro de
vinho. Eles estão sempre sem camisa, bonitões e tão incríveis
que sempre que vejo um, os adiciono à minha coleção. É uma
compra imediata para mim.
O meu favorito dessas joias gloriosas é a minha coleção
de enfeites de tritões bonitões. Você pensaria, uau, não deve
haver muita variedade disso. Oh, caramba, você está errado.
Acho que nunca vou possuir todos eles e isso me deixa triste.
Eu quero todos os tritões bonitões. Isso é pedir muito?
Suspiro.
— Por que você está com esse sorrisinho? — Beck me
cutuca com seu chocalho.
— Oh, ah, apenas me divertindo, você sabe, fazendo
chuva. — Eu balanço um chocalho e coloco de volta na
bancada.
— Sim, isso não é verdade. Há uma lembrança que você
coleciona sobre a qual não me conta.
Esse homem é um leitor de mentes? Deus, ele é muito
perceptivo. Tenho a sensação de que não haverá muito que
possa passar por ele nos próximos dias. Nenhum dos meus ex-
namorados foi particularmente perspicaz, então para eles, eu
pareci ser um livro aberto. Eles não sabem que houve tanta
coisa que nunca me preocupei em compartilhar.
— Talvez… — Eu digo timidamente enquanto ando para
o próximo quiosque que tem esculturas em madeira. Pego uma
e admiro o artesanato.
— E você vai me dizer o que é essa lembrança?
— Não.
— Então como diabos eu devo ajudá-la a encontrar?
Eu me viro para ele, colocando a escultura de volta no
lugar. — Oh, Beck. Não procuro a lembrança, a lembrança me
encontra.
— Besteira, você está procurando agora, não é?
Sim.
— Não. Se minha lembrança especial estiver aqui, será
mágico se nos encontrarmos.
Beck balança a cabeça e me leva em direção a uma loja
de conchas. — Eu não acredito nisso nem um pouco. Você está
à espreita. Eu posso sentir isso. Você está pesquisando, mas o
que poderia ser?
— Você nunca vai adivinhar. Acredite em mim. Esta não
é uma lembrança típica.
— Você já deixou isso claro. Não se preocupe, minha
mente está focada em objetos únicos e criativos como esse. Ele
pega um boné com um helicóptero no topo. Colocando o
chapéu na cabeça, grande demais para o chapéu da criança,
ele gira o helicóptero e exala seu charme devastador. — Você
coleciona esses chapéus, não é? Você tem pelo menos
cinquenta deles que se alinham ao longo de um trecho do seu
corredor e tenta girá-lo s todos ao mesmo tempo.
Mãos nos quadris, eu inclino minha cabeça para o lado.
— Você realmente acha que tenho tempo para fazer uma coisa
dessas?
Sem desculpas, ele encolhe os ombros. — Ei, eu não sei
o que você faz com seu tempo vago.
Pego o chapéu da cabeça dele e o coloco de volta na caixa.
— Isso não.
— Tudo certo. — Pegando uma concha, ele a leva ao
ouvido e diz: — As conchas parecem muito básicas para serem
colecionadas. A menos que... — seus olhos brilhem com
humor, — você coleciona conchas em forma de pau. Esse é um
achado único e muito difícil. Isso leva à algumas
considerações.
Rindo, balanço minha cabeça. — Nenhuma coleção de
conchas em forma de pau, mas agora você me faz pensar que
eu provavelmente deveria começar a colecioná-las. — Eu
movimento minha cabeça. — Viu alguma?
— Ainda não, mas se vir, você pode apostar que serei o
primeiro a começar essa coleção para você.
— Ooo, não me excite, a decepção seria de partir o
coração.
Beck me estuda por um segundo, esfregando a mão
contra a leve barba no queixo. — Você sabe, pela sua excitação
por uma concha em forma de pênis, acho que sua pequena
lembrança tem algo a ver com uma lembrança adulta, alguma
coisa… sexy, talvez?
Não tem como ele descobrir, pelo menos espero que não.
Não dou nenhuma indicação se está certo ou não, em vez
disso viro as costas e pego uma concha preta e a examino.
— Ahá, estou certo, não estou?
— Não. — Eu tento esconder meu sorriso, mas é
impossível quando Beck está ao meu lado, brincando me
cutucando.
— Oh, estou tão certo. Ok, lembranças sexuais. Hmm,
onde encontramos lembranças sexuais?
— Você pode não dizer isso tão alto? — Puxo suas mãos
que estão esfregando quando ele olha em volta.
— O que? Você não quer que as pessoas saibam que está
procurando lembranças sexuais?
Sentindo meu rosto ficar vermelho, mais uma vez eu digo:
— Não estou procurando. Isso é algo que você inventou.
— De jeito nenhum. Você está procurando lembranças
sexuais. —Um funcionário passa por nós bem a tempo de Beck
chamar sua atenção. — Caro senhor, você se importaria de nos
ajudar?
— É claro, querido! — O homem responde com o sotaque
mais profundo de Nova York que já ouvi com uma pitada de
drag queen. E com a camisa e os saltos havaianos que ele está
usando, acho que estou certa. Ouvi que Key West é muito
amigável aos gay e tem alguns dos melhores shows de drag de
todos os tempos, e meu, parece que estavam certos. Estou
intrigada.
— Minha amiga aqui, a bonitinha, — o funcionário me
olha de cima a baixo e sorri, mãos entrelaçadas juntos no peito,
— está procurando uma lembrança sexual, você tem alguma?
O homem ri enquanto sinto uma forte vontade de me
enfiar na concha que seguro na palma da minha mão. Eu vou
matá-lo .
— Oh, querida, não vendemos preservativos aqui. Vá para
a conveniência na esquina.
Ao meu olhar muito vazio e confuso, ele acrescenta: —
Você não percebe que deveria ser a lembrança sexual dela?
O homem dá um tapinha nas costas de Beck e vai
embora, ou mais como desliza. Girando nos calcanhares, Beck
me encara e pergunta: — Sou sua lembrança sexual e nem sei?
Oh, meu Deus, você tem um cartão perfurado ou algo assim,
um formulário que tenho que preencher? Você vai tirar uma
foto minha com uma câmera Polaroid, pedir para assinar e
depois pendurar com suas outras lembranças sexuais? — Ele
aperta a mão no peito com nojo. — Estou apenas aqui para ser
seu… brinquedinho de foda?
Oh, pelo amor de Deus!
CAPÍTULO SETE
BECK
— Você não está falando sério?
— Por que diabos não? Ela é linda pra caralho. No minuto
em que a vi, sabia que tinha que tê-la. — Eu balanço meu item
recém-descoberto do meu dedo, amando cada centímetro dela.
— É uma tartaruga drag queen com glitter em todos os
lugares! — Rylee diz impassível.
— Sim, e ela é absolutamente linda. Olhe para seus peitos
de tartaruga e pérolas. Isso é elegante.
As sobrancelhas de Rylee se levantam. — Você acha isso
elegante? Eu posso estar um pouco aterrorizada. Que
tartaruga marinha tem seios, e muito menos lábios assim?
— O melhor tipo de tartarugas marinhas. — Pego o enfeite
no balcão e tiro minha carteira. Felizmente, a ilha está cheia
de turistas parcialmente vestidos ou me sentiria realmente
deslocado sem camisa. A vibe é bem relaxada aqui, e não vou
mentir, adoro o jeito que Rylee continua olhando furtivamente
para o meu peito nu. Ela está totalmente pensando em me
tornar sua lembrança sexual.
— Oh, você encontrou nosso enfeite mais popular, ela não
é linda?
— Você ouviu isso, Atrevida? — Dou uma cutucada em
Rylee, que está encostada no balcão do caixa com os braços
cruzados. — Enfeite mais popular.
— Eu a ouvi. Parece que você não é a única pessoa louca
aqui. — Ela murmura as palavras alto o suficiente para que
apenas eu as ouça.
Arrastando-a para o meu corpo, envolvo meu braço em
volta de sua cintura e a trago para perto do meu peito. Seu
perfume de lavanda, talvez xampu, se aproxima de mim,
envolvendo, apertando, engolindo. — Estamos na nossa lua de
mel. — Eu digo, esfregando meus dedos sobre sua pele macia.
— Estou comprando esse enfeite para que minha nova noiva
possa se lembrar dessa ocasião especial. E em todos os Natais
ela irá olhar para essa tartaruga marinha e lembrará do dia
que dissemos “sim”.
— Oh, que bela lembrança. Você encontrou uma boa
pessoa. — Diz a caixa enquanto ela embala Pérola, minha
tartaruga marinha. Sim, estou chamando-a de Pérola. Meu
instinto inicial foi chamá-la de Tartaruga Teta Mama, mas
Pérola tem a elegância e classe que ela merece.
— Eu digo isso a ela todos os dias. — Eu abraço Rylee e
beijo o topo de sua cabeça. Ela fica rígida, mas com um leve
beijo na cabeça, seu corpo se molda ao meu.
— Sem lembranças para a senhora?
— Não, nada para a minha garota. — Rylee envolve
delicadamente o braço em volta da minha cintura por um breve
momento, quase como se não tivesse certeza sobre seu toque.
— Ela me disse anteriormente que o sexo selvagem da lua de
mel que vamos ter será uma lembrança suficiente.
— Oh, céus. – A balconista se abana. — Bem, eu não a
culpo. — Ela pega meu cartão e passa. — Não sei por que vocês
estão em público agora. — Ela me devolve meu cartão e acena
para Rylee. — Com um homem assim, estaria na cama todas
as chances que tivesse.
Se ao menos eu pudesse ver o rosto vermelho queimado
de Rylee agora, isso tornaria esse momento muito melhor.
— Temos que sair para respirar em algum momento,
sabia? — Eu pisco para a balconista, que cora enquanto me
entrega minha Pérola embrulhada em uma sacola.
— Aproveite, vocês dois. E parabéns.
— Obrigado. — Aceno para a caixa e saio da loja, Rylee a
reboque.
Quando chegamos à rua, Rylee continua andando
quando eu meio que esperava que ela me confrontasse. Suas
perninhas a impulsionam para a frente, deixando-me atrás
dela. Correndo para o lado dela, pego a mão dela na minha e
digo: — Qual é a pressa?
— Eu quero torta. — Ela renuncia ao contato visual e
atravessa a rua, mal verificando o tráfego, e segue direto para
um pequeno prédio amarelo com uma placa que diz: A padaria
original de torta de limão.
Inferno, se ela quer torta, eu também. Depois de ouvir
Chris e Justine conversando esta manhã no café sobre a
compulsão por torta, estou desejando um pouco. E pelo que
me disseram, esta padaria tem a melhor torta de limão,
especialmente a de coco.
Meu paladar já está aguando.
Quando entramos, não é o tipo de padaria que estou
acostumado. Eu esperava um balcão de padaria com
guloseimas, mas em vez disso, está repleto de tudo com sabor
de limão, embalado e marcado para todos os turistas. Dou uma
olhada nas guloseimas, mas quando meus olhos ficam colados
nas tortas na parte de trás sob uma caixa de vidro, tenho um
raio de tração para as tortas, bem ao lado de Rylee, que já está
fazendo o pedido.
— Sim, uma fatia de cada uma, por favor.
— Oh, você está com fome, não é? — A senhora pergunta.
Rylee agarra meu braço e o coloca sobre seu ombro,
aconchegando-se mais perto. Sua bochecha esfrega no meu
peito, praticamente ronronando. O que ela está fazendo?
— Algo parecido. — Sorrindo para mim, ela se vira para a
senhora e diz: — Estamos na nossa lua de mel.
— Sério? Parabéns, isso é maravilhoso. Vocês estão se
divertindo em Key West?
— É lindo aqui… — Exclama Rylee. — Só gostaria que
passássemos mais tempo no quarto, se é que você me entende.
— Oh, menina. — A pobre senhora mais velha parece
chocada.
Rylee suspira pesadamente e depois dá um tapinha nos
meus abdominais.
— Ele pode ser uma coisa bonita de se olhar, mas está
tendo dificuldades para conseguir uma ereção. Daí todas as
tortas. Tipo para alimentar minhas tristezas. Casei com um
fracasso ao invés de um garanhão. Mas ei, tudo bem. É por
isso que eles fazem consolos. — Rylee pega a sacola da mulher
incrivelmente atordoada e liga sua mão à minha. — Vamos,
querido, talvez a descarga de açúcar ajude seu pequeno pênis
a ficar feliz.
Pequeno pênis?
Consolos?
Fracasso ao invés de um garanhão?
Em que diabos me meti com essa mulher?
Eu conheci meu par.
Atordoado, sigo uma Rylee muito feliz pela porta, evitando
as sobrancelhas levantadas de decepção de todas as mulheres
que passo.
Touché.
Touché do caralho.

***

— Onde você mora?


Levanto um copo de água aos meus lábios e aguardo sua
resposta, genuinamente interessado em sua resposta.
Ela morde uma batata frita coberta de ketchup e diz: —
Uma pequena cidade no Maine chamada Port Snow. É como
Key West, do jeito que ela atrai os turistas.
— Port Snow, parece um lugar mágico.
Ela assente. — É lindo, mas o inverno pode ser
implacável. Estamos na costa, então temos o chicote da brisa
fria do oceano e, se você não estiver usando o equipamento
adequado, poderá congelar seus mamilos imediatamente.
— Merda, não os mamilos. — Eu zombo, com horror,
trazendo minha mão ao peito.
Ela se inclina para frente, fritas na mão. — Sim, os
mamilos.
— Isso é fodido. — Ela ri e é tão intoxicante que eu posso
me ver ficando bêbado com esse som. Foi um dia incrível, sair
com Rylee, brincando com ela. Os olhares acalorados, os
pequenos toques, um levantando o outro. Porra, ela é divertida.
— Além dos mamilos congelando, você gosta de lá?
— Sim. É onde cresci. Todos estão nos assuntos um dos
outros, mas também nos preocupamos. Meus melhores amigos
moram lá e minha família também. Eles possuem uma galeria
de arte que surpreendentemente se sai muito bem. Os turistas
chegam durante o verão, pegam todas as fotos do farol e depois
partem, levando um pedacinho do Maine para casa.
— Isso é bem legal. De onde você tira as fotos? Alguém da
família é artista?
Ela balança a cabeça. — Minha mãe se interessa por
estética diferente, mas nunca quis vender nenhuma de suas
peças, porque não acha que elas sejam dignas de venda,
mesmo que imploremos para que pense diferente.
Encomendamos todas as peças de artistas locais e artistas de
todo o estado.
— Então, de onde veio a escrita?
Sorrindo, ela mergulha outra batata frita na tigela de
ketchup compartilhada que temos entre nós e a coloca na
boca. — Eu sempre gostei de contar histórias, mas quando fui
para uma aula de redação criativa na faculdade que o desejo
de contar histórias realmente me mordeu, e acho que
principalmente porque minha professora de redação criativa
disse que eu não era muito boa na narrativa.
— Ela disse isso? Cara… — Recosto-me na minha
cadeira. — Que puta.
— Nem me fale. Ela me deu um C na matéria. — Ela torce
o nariz, enrugando a pele e é fofo. Adorável. Sincero.
— E agora você é uma autora de sucesso. Bom trabalho
para esfregar na cara dela.
Rylee também se recosta na cadeira e cruza os braços
sobre o peito, amplificando os seios, mas em vez de encarar,
mantenho meus olhos fixos nos dela, apesar da forte tentação
de examiná-la . Ainda tenho que estar de perto de seus peitos
sensuais, mas se a oportunidade se apresentar, eu estarei lá.
— Eu gostaria. Não tenho ideia de onde ele está, ou então eu
enviaria a ela alguns livros assinados com uma cópia de cada
trabalho que ela me deu uma nota ruim.
— Você os guardou?
Ela assente com um sorrisinho. — Estão plastificados e
guardados em uma pasta.
— Você não os plastificou.
— Eu fiz! — Ela responde, quase parecendo tímida agora.
— Às vezes, você precisa se apegar às coisas que tentaram te
derrubar, porque é bom lembrar por que você terá sucesso.
Estudando-a, inclino a cabeça levemente para o lado,
tentando fazer uma boa leitura dessa mulher que quase parece
um sonho. Sexy, inteligente, atrevida pra caramba, com
inteligência suficiente para me manter alerta. Ela
possivelmente poderia ser boa demais para ser verdade.
Espere, ela é, porque ela vive no Maine. Eu moro na Califórnia,
e este é um caso sem compromisso.
Mas, ainda assim, posso dizer que ela será difícil de
deixar de lado no final disso.
— O que é esse olhar em seu rosto? — Ela pergunta,
apontando na minha direção.
Esfrego a mão na mandíbula, sentindo a barba áspera
nas pontas dos dedos. — Você é sexy.
— Oh… não era isso que achei que você estava pensando.
— Suas bochechas ficam com uma cor bastante carmesim. Eu
realmente gosto que, mesmo que ela possa se defender em uma
batalha de humor, ainda mostre momentos de inocência.
— E o que você achou que eu ia dizer?
— Eu não sei, não isso.
— Bom, é verdade. — Eu me inclino para frente, olhos
focados nos dela, amando o jeito que seus cílios se agitam a
cada olhar que ela me dá. — Uma coisa que você vai descobrir
sobre mim, Rylee, é que não minto. Eu digo o que está em
minha mente.
— É assim mesmo? — Seus dedos torcem e puxam o
guardanapo no colo.
Concordo, observando como os olhos dela brilham,
prontos para atacar com aquela boca atrevida dela.
— Então, como você me disse que não me viu nua
inicialmente, mas depois me contou de maneira diferente
depois? Hmm?
Maldito sorriso. Me faz querer levá-la de volta para o meu
quarto e tirar aos beijos do seu rosto até que ela esteja
gemendo meu nome, se contorcendo, implorando por mais.
— Estava poupando você da vergonha. Você claramente
não estava super animada por eu te ver nua.
— Ah, quem em sã consciência ficaria animada com um
estranho vendo-as nuas?
— Eu não poderia me importar menos com alguém me
vendo nu. Sabe, usar nada é como Deus pretendia. — Tomo
um gole da minha água. — Roupas são apenas acessórios. É o
que está sob nós... nossos verdadeiros eus, que importa.
Rylee revira os olhos para a minha filosofia brega. — Por
favor, você está dizendo isso porque é um Adonis por baixo da
roupa. Deixe-me adivinhar, você tem bolas sem pelos, um
pênis grande e coxas que podem esmagar uma noz.
Rindo, eu digo: — Eu não sei sobre a coisa das nozes, mas
as outras duas suposições estão certas. Gostaria de dar uma
olhada para ver se estou mentindo?
— Deus não. Isso é uma coisa tão homem de se dizer. —
Em uma voz profunda, ela me zomba: — Ei, garota que acho
atraente. Por que você não vem abaixar minhas calças e encarar
meu pênis e minhas bolas? Acho eles incríveis. — Bolas e pênis
não são tão bons de se olhar. Prefiro brincar com o cabelo da
orelha de um homem de oitenta anos do que examinar bolas e
pênis.
— Você não acha os genitais masculinos atraentes?
— Nem mesmo um pouco. Você tem um tubo de carne
logo acima de um saco de pele cheio de porcaria branca leitosa
que é menos do que agradável de ter na boca, pingando nas
pernas e na vagina.
Apanhado de surpresa por sua sinceridade, tomo um gole
da minha água, olhando-a por cima do meu copo. — Eu não
acho que é a genitália masculina que você acha repulsivo
— Eu nunca disse repulsivo. Só não é algo com que quero
ter um concurso de encarar, só isso.
— De qualquer maneira, — interrompo, — não acho que
a culpa seja do pau. Eu acho que são os homens com quem
você esteve, porque vou lhe dizer agora, quando meu gozo
estiver pingando na sua coxa, pela sua barriga ou na sua boca,
você vai adorar. — Inclinando-me para a frente, minha voz
baixa, eu digo: — E lembre-se, nunca minto.
Jogando algum dinheiro em cima da mesa, levanto-me do
meu lugar, pego nossas sacolas de compras e estendo a mão
para Rylee. Trêmula, ela pega e mais uma vez, subimos em
nossa jornada para o dia. Desta vez, porém, ela está sentada
atrás. Eu me recuso a andar no assento do carona novamente.
— O que você pensa que está fazendo?
— Fazendo uma jogada de alfa em você, e você vai me
deixar. Suba, Atrevida. É hora de te mostrar a ilha.
Com pouca hesitação, ela monta a moto e envolve os
braços em volta da minha cintura, seus dedos mal acariciando
meu abdômen. Porra, do jeito que eu gosto.

***

— Você está trapaceando!


— Eu não estou.
— Sim, está! — Ela me acusa, passando os dados antes
de terminar de inserir minha pontuação.
— Como diabos estou trapaceando?
Balançando os dados em suas mãos, ela me observa com
desconfiança. — No momento, não estou certa de como você
está trapaceando, mas vou descobrir. E quando descobrir,
ohhhh caaara, você estará com problemas. Eu vou te caçar,
Wilder.
— Não há como alguém trapacear no Yahtzee2. É tudo
sorte.
— Oh, sim? Então, por que você grita Yahtzee toda vez
que joga os dados? Os dados são controlados por voz? — Ela
joga os dados na mesa e grita Yahtzee a todo pulmão,
sacudindo os copos de água sobre a mesa. Quando os dados
param, eles revelam um monte de porcaria.
— Dane-se tudo para o inferno. — Ela joga os braços no
ar.
— Você não pode trapacear no Yahtzee.
— Claramente não posso, mas você pode. — Ela olha
embaixo da mesa. — O que você tem aí embaixo? Com o que
você está jogando? Você tem algum tipo de jogo de dados como
no filme Treze Homens e um Novo Segredo?
— Você está perdendo a calma, Atrevida.
— Como alguém pode ter cinco Yahtzees em um jogo?
Com o que você está jogando?

2 Yahtzee é um jogo clássico de dados jogado com 5 dados.


Levantando da cadeira, ela me empurra, então estou
recostado no meu lugar e levanta minhas mãos do colo. — O
que é esse pedaço de papel? Tem segredos de Yahtzee?
Jogo o pedaço de papel enrolado e a acerto entre os olhos.
Ela bufa quando digo: — É embalagem do canudo. Você pode
sossegar as mamas, sabe, sentar-se e terminar a sua vez?
Com os olhos em chamas, um franzido feroz na testa, ela
coloca a mão na mesa e se inclina para mim.
— O que você acabou de me dizer?
Rindo nervosamente, brinco com meu copo d'água e digo:
— Eu, ah, pedi que você refrescasse os peitos, sabe, ajustar
antes que eles se queimem.
Sua língua corre ao longo dos dentes enquanto ela se
endireita. Acho que não gosto do olhar selvagem em seus
olhos, como se ela pudesse facilmente tirar uma faca do bolso
de trás e me esfaquear na coxa com ela.
— Deixe-me ver se entendi. Você é quem está trapaceando
e ME diz para acalmar meus PEITOS? Isso mesmo, Beck? É
isso que estou ouvindo?
Uau, fale sobre má perdedora. Nota pessoal: não jogue
com Rylee, a menos que eu possa propositalmente perder.
— Bem, por um lado, sim, é isso que estou dizendo, e
dois, não estou trapaceando. — Me chame de idiota, mas não
sou de recuar diante de uma mulher com raiva. No mínimo,
gosto de pressioná-las ainda mais, porque foda-se se não é
divertido. Especialmente quando são gostosas como Rylee e
facilmente irritáveis.
— Beckford Wilder, não se atreva a mentir para mim.
Contendo a risada que quer surgir de mim, respondo: —
Meu nome é Beck, mas gosto de como você tentou acrescentar
um pouco de requinte. E sobre o que acabamos de falar? Eu
não minto. Não estou trapaceando.
— Sim, você está.
— Não, não estou.
— Sim!
Eu calmamente cruzo os braços sobre o colo. — Não.
— Agh, você é irritante.
— E você é péssima em Yahtzee.
Ooo, você acabou de ver aquela bola de fogo? Puta merda,
juro que um acabou de sair de seus olhos.
O vapor está subindo de todos os orifícios do corpo dela.
Pelo menos parece assim enquanto suas mãos flexionam ao
lado do corpo. Ela vai… me dar um soco?
— Está tudo bem aqui, senhorita? — A garçonete
pergunta, parecendo um pouco assustada.
Inferno, eu não a culpo. Estou a dois segundos de pular
atrás do bar e me esconder, porque estou nervoso que o peito
dela esteja prestes a pegar fogo.
Mamilos explodindo, protejam-se!
Virando a cabeça para o lado, Rylee aponta para mim e
diz: — Você cheira isso? Ele não para de peidar, e eu não
aguento mais um segundo disso.
O que ela disse?
A garçonete levanta o nariz, as narinas sugando o ar ao
nosso redor. Oh, pelo amor de Deus.
— Oh, sinto cheiro de algo.
Ok, para constar, não peidei. Eu não faria isso. Sou todo
homem, mas não sou idiota. Regra número um: não peide
quando estiver com uma mulher que você quer transar na
praia. É senso comum.
— Você não sente nada! — Eu zombo. — Rylee aqui não
gosta de como estou a derrotando no Yahtzee. Se alguém vai
se ofender, deveria ser eu pelas acusações de trapaça que ela
está jogando em minha direção. Eu sou um homem honesto,
um homem de integridade e nunca trairia quando se trata de
algo, especialmente um jogo de dados tão vivaz e emocionante.
Não, eu gosto de uma vitória verdadeira, honesta e
conquistada com muito esforço, algo de que posso me orgulhar
por muitos anos.
Tocando na mesa com o dedo indicador, continuo: —
Esse dia será marcado na memória como o dia em que marquei
mais de seiscentos pontos em Yahtzee, um dia de infâmia.
A garçonete e Rylee trocam olhares depois do meu
pequeno discurso apenas para serem seguidas por Rylee
revirando os olhos e dizendo: — Ninguém perguntou a você.
A garçonete se afasta e Rylee se retira para o lado da
mesa, mas não antes de eu agarrá-la pelo braço e puxá-la
para o meu colo. Um som de surpresa escapa daqueles lábios
deliciosos enquanto ela empurra mechas soltas de seus
cabelos sedosos para fora do rosto.
Incapaz de me controlar, passo a mão pelo braço dela, por
cima do ombro, até o pescoço, nossos olhos conectados o
tempo todo. — Você realmente acha que sou um trapaceiro?
Seus olhos procuram os meus, seu corpo encostado no
meu toque. — Um trapaceiro? — Ela a sacode gentilmente a
cabeça, tornando-se séria… — Eu não acho que você realmente
tem esse osso em seu corpo.
Segurando seu rosto, acaricio sua bochecha com o
polegar, uma, duas, três vezes. Seus olhos se fecham, seus
cílios longos e pretos, enrolados nas pontas. Quando se abrem,
encontro lindos olhos azuis, sinceridade ecoando através
deles. Há uma profundidade neles, um pouco cansada,
esperançosa...
Uma respiração trêmula escapa quando eu agarro seu
quadril, meus dedos, apenas as pontas, roçando suas costas.
Ela está sentada de lado no meu colo, uma das mãos
pressionando contra o meu peito e a outra serpenteando na
parte de trás do meu pescoço. Nossa energia leve e jovial se
transforma lentamente em algo mais sensual, mais sedutor.
Sua língua rosa espreita e molha os lábios. Um golpe,
depois dois. Brilhando sob o sol, rechonchuda e pronta para
mim. Tão tentadora.
Ela se inclina para frente, seu nariz a meros milímetros
do meu, sua respiração se misturando com a minha, seu corpo
zumbindo com antecipação. Levemente seus dedos brincam
com os fios curtos na parte de trás da minha cabeça, suas
unhas raspando contra a minha pele. É bom pra caralho.
Limpando minha garganta, lambo meus lábios também,
preparado para tomar o que quero, sua boca pressionada
contra a minha, minha língua deslizando pela dela.
Eu me inclino para a frente, nossas testas pressionadas
juntas, seus dedos cravando na minha pele, minha mão num
aperto de morte em seus quadris, não querendo que ela se
afaste um centímetro. Apenas um gosto rápido para me
segurar, algo para solidificar este dia, para acalmar a
inquietação agitando dentro de mim.
Apenas mais alguns centímetros.
Três.
Dois.
Minha pele inflama, minha barriga gela de antecipação,
meu coração dispara, fazendo minha pulsação disparar. Seu
perfume, sua pele macia, seu maldito peito arfante…
— Gostariam que reenchesse a água? — A garçonete
pergunta, matando o clima imediatamente quando Rylee é
tirada do momento. Ela pula do meu colo e fica de pé, mexendo
no short e ajeitando a roupa.
— Banheiro. Eu preciso usar o banheiro. — Ela aponta
em uma direção e a garçonete aponta em outra.
— Ao virar da esquina.
— Sim. Ok, vou fazer xixi. Tchau.
Ela sai correndo, andando o mais rápido que as
perninhas permitem. Expirando pesadamente, olho para a
garçonete, os ombros caídos. — Ótimo momento.
Ela estremece e levanta meu copo.
— Reencho?
Eu aceno minha mão para ela. — Certo. Me encha.

***
Aonde você pensa que está indo, Atrevida?
Ela faz uma pausa na porta e inocentemente baixa seu
cartão-chave.
— Ah, eu estava indo para a cama.
— São dez. Passe um pouco mais de tempo comigo.
Ela ri. — Passei quase o dia inteiro com você. — E, no
entanto, não parece nada disso. Eu quero mais tempo, quero
recriar o momento que tivemos com ela no meu colo, mas desta
vez sem uma garçonete traquina perguntando sobre reencher.
— Sim, e ainda sinto que não te conheço.
Eu aceno em direção à rede abaixo e digo: — Venha,
junte-se a mim.
Ela está hesitante, então acrescento: — Não haverá jogos,
nem peidos... mesmo que não tenha havido nenhum, e
prometo apenas segurar sua mão. Vamos lá, eu não vou
morder. Balance comigo.
Ela suspira. Sim, ela está cedendo ao meu charme. —
Sabe, é difícil dizer não a você.
— Bom. É assim que eu gosto. E lembre-se, queremos
dizer sim nesta viagem. Certo?
— Certo.
Ela pega minha mão e nos dirigimos para as escadas que
levam à rede em que passamos algum tempo na noite passada.
Mentalmente, marquei o espaço como “nosso lugar”. Sei lá,
mas ei, viva o momento...
— Aí está você, procuramos por você o dia todo.
Chris e Justine dão a volta no topo da escada, de mãos
dadas, e quando veem Rylee ao meu lado, sorrisos gigantes
iluminam seus rostos.
— Ah, e quem poderia ser? — Justine pergunta,
parecendo muito tonta. — É essa a garota que atestamos
ontem à noite?
Sabendo que isso vai levar a um interrogatório
embaraçoso, jogo a toalha. Neste ponto, não haverá como pará-
los.
— Chris, Justine, esta é Rylee, a garota com quem você
falou ontem à noite.
— Oooh! — Justine aplaude e pula no lugar. — Fizemos
um bom trabalho então, não fizemos? Ele é um cara legal.
Estávamos certos, não estávamos?
Rylee me dá um olhar lateral, um sorriso curvando seus
lábios. — Sim, ele é bom. Gosta de trapacear no Yahtzee, mas
ele tem que ter algum tipo de falha, certo?
— Eu não trapaceei! — respondo exasperado.
— Oh, querida, o homem tem muito mais falhas, apenas
espere. — Chris a segura no ombro. — Eu poderia mantê-la
acordada a noite toda, analisando a lista de falhas dele.
— Não é necessário, cara. Tenho certeza que ela vai
descobrir.
— Então isso é amor? — Justine olha para nós, com os
olhos lacrimejantes, mãos entrelaçadas agora, quase como se
estivesse rezando para que fizéssemos bebês bem na frente
dela. Ela obviamente bebeu demais novamente hoje. Férias
sem filhos.
— Querida, você não acha que é um pouco cedo?
— De jeito nenhum, ele se apaixonou por Christine em
um dia. — No momento em que as palavras saem dos lábios
de Justine, ela se encolhe. Eu nunca falo sobre Christine, meu
primeiro casamento e divórcio, porque é melhor para mim ficar
longe de lembranças voláteis que levam a lugares escuros.
De brincadeira, Rylee aperta minha mão e diz: — Oh, meu
Deus, quem é Christine? Esta é a minha competição?
Sóbrio pelo chute de volta à realidade, eu limpo minha
garganta. Porra. Não. — "Nem perto." — Olhando para o meu
relógio, eu digo: — Quer saber, está ficando meio tarde. Eu vou
checar a rede. — Solto a mão de Rylee, sem perder a confusão
em seus olhos.
Sei o que estou fazendo. Eu posso ver de longe como estou
me enrolando e me escondendo do mundo, da verdade da
minha vida. Mas me conheço bem o suficiente para saber que,
se for àquela rede com Rylee, ela perguntará sobre Christine e
não estou pronto para isso. Não tenho certeza se vou ter essa
conversa com Rylee. É uma aventura, uma curta diversão em
nossas vidas, não adianta arrastá-la para o meu passado.
Meu passado sórdido que me manterá acordado a noite
toda.
— Você tem certeza? — Rylee pergunta, preocupada.
— Sim. Meio que atingi um impasse. — Olho
particularmente para Chris e Justine. Parece que ela está
prestes a chorar. Quando fazemos contato visual, ela
murmura: — Sinto muito.
Dou-lhe um assentimento de entendimento e um aceno
curto. — Vejo vocês de manhã.
Voltando-me para Rylee, digo: — Tenha uma boa noite.
Obrigado por hoje.
Sem outra palavra, entro no meu quarto de hotel e caio
na minha cama, meu olhar lançado para o teto, forçando meus
olhos a permanecerem abertos, a focar na textura da tinta, na
cor das lâminas presas ao teto ventilador.
Se fechar os olhos, vou ver tudo. Verei os carros
despedaçados, o asfalto pintado de vermelho, os airbags
acionados e danificados e a forma inanimada no banco do
motorista.
O carro que eu bati.
Eu não posso
Não consigo fechar os olhos.
Sirenes soam a distância.
Eu ouço o triturar dos dentes da vida.
O grito dos socorristas para afastar os espectadores.
Minha respiração acelera, e fica mais difícil quando meu
corpo começa a tremer involuntariamente.
Porra.
Minha boca fica seca. O cheiro de álcool me atinge,
mesmo sabendo que não há nenhum no meu quarto. Minhas
mãos ficam úmidas e um suor frio brota ao longo da minha
pele. Estou à deriva e rápido. Não querendo ir para o espaço
que sei que me comerá vivo pelo resto da minha viagem, faço
a única coisa que sei que acalma meu coração acelerado.
Alcançando meu bolso, pego meu telefone e pressiono a
discagem rápida um.
Dois toques, é tudo o que preciso.
— Beck?
Engulo em seco, minha mão esfregando minha testa,
tentando livrar-me dos pensamentos que descontrolam a
mente. Há algum ruído no telefone e, em seguida, o som
distinto de uma porta sendo fechada. Cal volta à linha. — Fale
comigo.
Respire. Porra, respire. — Eu não sei o que está
acontecendo. Justine mencionou Christine e, de repente,
minha mente começou a rodar. — Eu respiro fundo. —
Christine nunca foi um grande ponto de gatilho para mim, mas
por alguma razão, a mera menção do nome dela faz meu
estômago revirar e meu coração disparar.
— Onde você está?
— No meu quarto.
— Alguma coisa ai que possa causar problemas? — Cal
sempre vai direto ao ponto. Obrigado.
— Não senhor.
— Bom. Vá pegar um copo de água e depois recitemos a
oração da serenidade.
Fazendo o que foi dito, encho uma caneca de café com
água da torneira, tomo alguns goles e depois coloco na mesa.
Como se fosse uma segunda natureza, Cal e eu
começamos a recitar a oração de serenidade do AA.
— Deus, me dê a graça de aceitar com serenidade as
coisas que não podem ser mudadas. Coragem para mudar as
coisas que devem ser mudadas e sabedoria para distinguir
uma da outra...
CAPÍTULO OITO
RYLEE
Toc. Toc.
...
Tum. Tum.
...
Tum. Tum. Tum. — Rylee, eu sei que você está aí. Abra.
— Mmm… — Eu resmungo, protegendo meus olhos da
luz que espreita através das cortinas.
— Rylee, abra a porta. — Tum. Tum. Tum.
Eu me viro da porta e me aconchego mais perto no meu
travesseiro.
— Ai, eu, ah, fui picado por uma água-viva, rápido venha
aqui e faça xixi na minha perna. — Mais pancadas.
— Isso é mentira! — Grito.
— Ehh, você está certa. Mas agora que sei que você está
ai, abra a porta. Eu tenho café...
Maldito seja. Maldito seja ele e seus modos de buscar
café. Espreitando um olho, dou uma olhada no relógio. São dez
e meia? Uau, é mais tarde do que eu normalmente durmo.
Talvez porque fiquei acordada a noite toda imaginando
quem era essa garota Christine e por que a menção de seu
nome causou tanto impacto em Beck. E então me repreendi
por metade da noite, lembrando ao meu pequeno cérebro
errante que é uma aventura, e não me importo com Christine
ou por que Beck ficou estranho. Porque em alguns dias, eu não
verei esse homem novamente.
Nem preciso dizer que meu cérebro está cansado, meu
corpo está exausto e a única razão pela qual estou o tirando
da minha cama é porque quero café. Porque PRECISO de café.
Abro a porta do meu quarto, passo a mão pelo rosto e
estendo a outra. Como se estivesse pronta e carregada com a
força Jedi, a xícara de café magicamente aparece na minha
mão e tomo um longo gole sem realmente abrir os olhos.
O líquido quente queima minha boca, fazendo uma onda
de calor descer na minha garganta.
Pigarreando, Beck diz: — Ah, se importa se eu entrar para
que possamos fechar a porta?
— Tanto faz… — murmuro, bebendo mais café.
A porta se fecha com um estrondo, e posso sentir a
presença de Beck cada vez mais perto, sua respiração quase
irregular, pesada.
Espreito um olho, apenas um, e olho para cima e para
baixo. Pernas compridas vestidas com um short cáqui com
uma camisa preta atravessando o peito desenvolvido, grosso e
forte. Simples, mas sexy. Ele é todo homem, cada centímetro
dele, especialmente quando me olha assim, como se estivesse
prestes a me devorar em segundos. Meus mamilos endurecem,
a brisa do ventilador acende arrepios sobre minha pele, e estou
mais do que consciente da maneira carnal em que ele lambe
casualmente seus lábios e a faísca faminta em seus olhos.
Mãos apertando seus lados, sua voz tensa, ele pergunta:
— Você sempre dorme de topless, Rylee?
Hã?
Topless?
Café a meio caminho da minha boca, olho para baixo.
Puxa, dê uma olhada nesses peitos, ao ar livre para que todos
possam ver. Rindo nervosamente, eu lentamente os cubro com
a mão que não está segurando meu café e digo: — Em Key
West, aparentemente. Mas ei, pelo menos estou usando uma
calcinha fio dental. Tenho isso a meu favor.
Parecendo muito desconfortável, Beck puxa a parte de
trás do pescoço. — Não é fácil para um cara ter uma porta
aberta e uma garota gostosa aparecer de topless. Você sabe
que tipo de autocontrole é necessário para não pressioná-la
contra a parede e chupar seus mamilos na minha boca?
Sinto a onda de calor queimando minha espinha. Um
prazer lento e pulsante percorre minhas pernas com o
pensamento da boca de Beck em meus seios. Quente e
formigante, sofro por seu toque.
Sim, eu não me importaria com isso.
Nem um pouco.
— Vá em frente…
Eu digo logo antes de tomar outro gole do meu café, me
sentindo menos modesta do que antes. Ele já os viu, então não
é novidade para ele. — Apenas não tire esse café da minha mão
quando estiver chupando. E ei, você se importa se me deitar
enquanto você faz isso? Ainda sinto sono.
Eu vou deitar na cama para abraçar minha xícara quando
um braço forte envolve minha cintura e me puxa contra o corpo
muito forte e bem musculoso de Beck.
Bem, bom dia para mim.
— Escute aqui, Atrevida. — Sua respiração faz cócegas
na minha pele exposta. — Eu não vou devorar esses peitos
deliciosos enquanto você estiver meio acordada. Então, o que
vai acontecer é que você vai pular no chuveiro, acordar e vamos
dar um passeio de helicóptero.
Errr, acabei de ouvi-lo corretamente? Um passeio de
helicóptero?
— Repita isso? — Ele está tão perto que preciso me
inclinar para olhá-lo e, quando o faço, encontro um par de
olhos castanhos que, por alguma razão, nunca percebi as
profundezas antes. Eles são lindos com um centro dourado e
verde envolto na borda externa. O canto de seus olhos parece
desgastado, mas suas pupilas reais são brilhantes e cheias de
esperança. Eu não acho que ele está brincando sobre esse
negócio de helicóptero.
— Vou levá-la em um passeio de helicóptero pela ilha e
pelo mar para explorar um pouco da vida marinha.
— Você fala sério?
Ele concorda. — Falo, e o helicóptero decola em trinta
minutos, então você tem cerca de dez minutos para se
arrumar.
Inferno. Tirar minha calcinha vai exigir pelo menos cinco
minutos pelo ritmo que estou seguindo esta manhã.
— Vamos. — Ele me leva ao banheiro, liga o chuveiro e
dá um tapa na minha bunda antes de tomar meu café e sair
da área do chuveiro.
— Desculpe-me, preciso do meu café de volta.
Ele se afasta quando tento agarrá-lo. — Você conseguirá
quando estiver pronta para partir.
— Isso é tortura no nível do diabo bem aí. Você percebe
isso, certo?
— Estou ciente da posição perigosa em que me coloco
tomando seu café, mas também estou ciente de quanto você
vai se divertir, então farei quase tudo para que você se mova.
Agora se apresse, Rylee, temos alguns voos no céu para fazer
hoje.
E assim, ele fecha a porta, deixando um pequeno sorriso
no meu rosto.
E aí está ele.
O Beck que conheci nos últimos dois dias.
Espírito livre.
Feliz.
No seu elemento.
O homem que está me levando para o banho para que eu
possa passar mais algumas horas durante essas férias com ele,
absorvendo sua capacidade de viver a vida ao máximo.

***

O trajeto do Uber até o aeroporto é tranquilo. Beck passa


a maior parte do tempo olhando pela janela ao oceano, a mão
pressionada no colo, em vez de estar ligada à minha.
Estou tentada a perguntar a ele sobre a noite passada, a
questioná-lo sobre Christine, mas desisto, não quero provocá-
lo novamente. Isso é temporário, então não se envolva
emocionalmente. Embora, minha mente criativa esteja
correndo uma milha por minuto, tentando descobrir por que
Christine é um assunto tão importante para Beck.
Ela é uma ex-namorada? Alguém com quem ele nunca
teve nada?
Ela é uma namorada atual sobre a qual ele nunca me
falou? Eu com certeza espero que não. Certamente seus amigos
não me incentivariam a respeito dele se ele tivesse uma
namorada.
Beck é um viúvo? Acho que partiria meu coração se ele
fosse, o que é outra razão pela qual estou mantendo minha
boca fechada e desligando a trilha de perguntas que soam na
minha cabeça.
Quando chegamos ao aeroporto, somos direcionados para
a seção particular, onde uma loira australiana fofa com
sotaque assassino nos cumprimenta. Nossa piloto.
— Você deve ser Beck, e esta é sua nova noiva. — Oh, aqui
vamos nós de novo, Beck e Rylee, os noivos.
Beck estende a mão e a aperta enquanto me aperta perto
dele. — E você deve ser Callie. Prazer em conhecê-la .
— O prazer é meu. Estou animada para ser sua piloto e
guia de turismo hoje. Recém-casados são meus favoritos; eles
são provavelmente os mais divertidos, pois estão em constante
estado de felicidade.
— Totalmente em uma névoa de felicidade, não estamos,
querida?
Beck passa o nariz gentilmente pela minha bochecha e
até minha têmpora, onde ele dá um beijo, fazendo meu
estômago saltar e meus dedos do pé formigarem. É apenas um
beijo, mas quando combinado com sua voz aveludada, seu
aperto no meu braço, seu perfume abrangente e a pressão de
seus lábios macios, estou formigante e estou implorando por
mais de seus lábios nos meus.
Controlando meu coração acelerado, concordo. —
Totalmente. — Estendendo a mão, aperto a de Callie e me
apresento.
Depois de trocarmos algumas gentilezas, subimos em um
carrinho de golfe e Callie nos leva ao seu helicóptero amarelo
brilhante que é muito menor do que eu esperava. Quando ela
começa a checar suas verificações de segurança, eu me inclino
para Beck e digo: — Achei que você não mentia.
— Quando menti? — Ele pergunta, genuinamente
confuso.
— Ah, tenho certeza de que não somos casados e não
estamos de lua de mel.
Ele ri. — Eh, isso é mais uma piada do que qualquer
coisa. Quero dizer, é certo neste momento que somos casados.
Já passamos por tantas coisas juntos. Apocalipse de vômito,
funeral, nudez, as crônicas Yahtzee e, claro, a adoção da
Tartaruga Pérola Teta Mama.
— Ei. — Eu aponto meu dedo para ele. — Essa tartaruga
é inteiramente sua. Não participei de dar um lar a essa coisa.
Pérola é toda sua.
Ele pressiona a mão contra o coração. — Sabe, dói muito
quando você não ama nossa filha. Nós a criamos juntos, e você
a entrega, como se... como se ela fosse uma monstruosidade,
isso não se encaixa bem comigo.
Eu dou um tapinha em sua bochecha e digo de
brincadeira: — Você sobreviverá.
— Ok, tudo pronto! — Callie chama, afastando nossa
atenção um do outro.
— Pulem na plataforma e vou tirar uma foto de vocês dois.
Antes que possa dizer a ela que não precisamos de uma
foto, Beck entrega o telefone para ela e me coloca na posição
embalada. Ele sem esforço pula na plataforma, me segurando
perto do peito e acena com a cabeça para a câmera. — Sorria,
Atrevida.
Sem pensar duas vezes, enquanto minhas mãos estão em
volta do pescoço dele, eu sorrio.
— Agh, vocês dois são adoráveis demais. — Ela devolve o
telefone a Beck e depois nos coloca no helicóptero.
Deixe-me apenas dizer uma coisa. Beck é um homem alto
e amplo. Facilmente, ele tem 1,88, 1,90, o que é ainda mais
pronunciado, devido ao modo como seu corpo está agachado e
enfiado no pequeno espaço do banco traseiro do helicóptero. É
quase cômico.
Callie pega um pouco de óleo debaixo de um dos assentos
e o derrama no motor enquanto Beck me entrega seu telefone.
— Salve seu número para que possa te enviar a foto.
Eu levanto uma sobrancelha para ele. — Você quer meu
número?
— Sim, quero. Não dificulte e salve-o.
— Como posso confiar em você? Como sei que você não
vai me inscrever em uma dúzia de listas de operadores de
telemarketing?
— Eu não faço promessas. — Ele pisca e depois me
cutuca. — Vamos, apenas me dê seu número para que possa
te enviar a foto... e incomodá-la no meio da noite com
mensagens de texto sem sentido.
— Ooo, mensagens de texto sem sentido, agora é disso
que estou falando. — Eu digito meu número de telefone junto
com o meu nome.
Em segundos, depois de devolver o telefone a Beck,
recebo uma mensagem de texto de um número estranho.
Quando abro, leio o texto em voz alta. — Seu marido acha que
você está sexy nesse vestido.
Este homem.
Querendo aceitar seu elogio, digo: — Obrigada.
Beliscando meu queixo com o dedo indicador e o polegar,
ele responde: — Estou falando sério, Atrevida.
Aqueles olhos castanhos, aquela voz, a sinceridade em
todos os seus movimentos… Sim, domingo vai ser péssimo...
quando tenho que dizer adeus.

***

Honestamente, acho que foi realmente rude a vida


marinha ficar do seu lado do helicóptero e não do meu. Foi a
minha primeira vez em um helicóptero ou em uma excursão
aérea por uma ilha e oceano, e, é claro, tive que me inclinar
sobre o colo de Beck o tempo todo para ter bons vislumbres de
tubarões e tartarugas. E acho que você e eu sabemos que Beck
não teve problemas em me colocar no colo dele. Então,
novamente, quando ele estava acariciando meu cabelo,
inclinando-se comigo, falando sobre todos os diferentes
animais que estávamos vendo, era doce; um momento íntimo
que ainda posso sentir.
Beck e eu andamos de mãos dadas pela Duvall Street,
uma das principais faixas turísticas de Key West, procurando
um lugar para comer. Pedimos para o Uber nos deixar no lado
oposto do nosso hotel para que pudéssemos vasculhar nossas
opções.
E, assim como um casal, estamos tendo dificuldade em
concordar com um lugar para comer. Às vezes, é engraçado
como somos parecidos, tanto obstinados quanto dispostos a
fazer o possível para conseguir o que queremos.
Aparentemente, pressionar meus seios contra o braço de Beck
não tem efeito nele. É por isso que não estamos comendo na
pequena padaria francesa que eu queria experimentar. Ele era
contra, porque era mais um restaurante de café da manhã do
que qualquer coisa, e ele queria carne.
Agh... homens.
— É porque subornei todos os tubarões para aparecer do
meu lado antes de decolarmos.
— Eu sabia. Sabia que você subornou aqueles peixes
nadadores elasmobrânquios.
— Ei. — Ele puxa meu braço. — Prestou atenção.
Eu rio. — Honestamente, normalmente tenho dificuldade
em prestar atenção nas coisas dos guias turísticos, porque
minha mente divaga a um ritmo extremo, mas o sotaque de
Callie me fascinou, e tudo que podia fazer era ouvir.
— Sim, ela era bonita de se olhar, não era?
Boca aberta, eu olho para Beck, que está sorrindo
diabolicamente. Eu dou uma cotovelada nas costelas dele. —
Sua esposa não aprova esses olhos sinuosos.
— Ah, então você admite, somos casados.
Bufo aborrecida. — Nos seus sonhos, Wilder.
— Você está certa. Você está nos meus sonhos, Atrevida.
Olhando para ele, sabendo sobre sua espécie, eu digo: —
Oh não, não estou. Escrevo sobre homens como você, com
suas respostas rápidas e sexies, sua capacidade de sussurrar
coisas malcriadas no ouvido de uma garota para fazê-la cair
de joelhos. Sim, boa tentativa, Beck, mas posso ver além dos
seus costumes. Conheço o seu tipo e não vai funcionar.
— O que não vai funcionar? — Ele puxa meu quadril
contra o dele e leva a boca ao meu ouvido, imediatamente
arrepiando toda a minha pele. — Você quer dizer isso? Isso não
vai funcionar, essa atração que temos? E a minha capacidade
de endurecer seus mamilos apenas com o toque do meu nariz
na sua bochecha?
Deus, ele está tão certo.
— Não se engane, Rylee. Você pensa que pode resistir a
mim, mas não vai funcionar por muito tempo, porque não se
esqueça... Eu sou seu marido, afinal.
Ai Jesus.
Rindo, eu o afasto e começo a andar.
E então acontece.
Oh, meus sonhos de lembranças! Eles foram
respondidos.
Aquilo é… aquilo é um bonitão?
Sem saber da minha parada, Beck bate nas minhas
costas e me faz voar para a frente, mas antes que eu possa cair
de cara na calçada abaixo de mim, ele me levanta. — Droga,
Rylee. Eu quase a achatei. O que você tem...? — Ele faz uma
pausa e posso dizer no minuto em que ele vê o que eu vejo. —
Só pode estar brincando comigo. É isso aí, não é? Essa é sua
lembrança.
Eu ando em direção a peça, braços estendidos, estrelas
nos meus olhos.
Esta também não é um bonitão comum. Não, essa cara é
especial. Ele é um abridor de garrafas, mas não é apenas um
homem lindo sem camisa de vidro.
Não, ele... oh, Deus, posso chorar de tão animada. Ele
está segurando um presente sobre sua virilha. Ele é um
maldito bonitão abridor de garrafa sem camisa com pau-
numa-caixa, e está prestes a ser todo meu.
— Oh, ele é magnífico. Simplesmente perfeito! —
Murmuro para mim mesma, virando-o e verificando cada
centímetro dele. Eu o seguro no meu peito e aperto com força.
— Você será chamado Justin.
— Aham. — Beck limpa a garganta ao meu lado,
interrompendo minha festinha de amor. — Eu vou ter que
pedir que os papéis de divórcio sejam entregues aqui?
— Talvez, quero dizer, olhe para ele. — Eu o levanto com
cuidado. — Ele é perfeito. Deus, tudo o que eu quero em um
bonitão. Os músculos, a maldade sugestiva, e ele faz trabalho
extra como abridor de garrafas. Lindo e útil, não fica melhor
que isso.
— E você o nomeou Justin, porque...
— Homenagem a Justin Timberlake, é claro. Você sabe, a
coisa toda do pau-na-caixa.
— Ah, sim. Então, eu vou adivinhar e dizer que você tem
um monte desses espalhados pela sua casa.
— Eu gostaria. — Balanço a cabeça. — Não, eu só tenho
uma pequena prateleira. Eles são difíceis de encontrar, então
não pude comprar muitos, mas os que tenho, oh Deus, eu os
amo tanto.
— Sim... OK. — Ele coça a mandíbula. — Todos eles têm
nomes?
Eu me encolho, começando a perceber o quão insana
pareço. — Se eu disser que sim, você me julgará?
— Acho justo dizer que estou autorizado a julgá-la neste
momento. Você abraçou uma figura masculina sem camisa no
meio da calçada, e não há como contornar isso sem que alguém
julgue.
Rindo, concordo. — Eu vou te dar razão.
— Ok, vamos pagar Justin para que possamos continuar
discutindo sobre onde comer, porque estou morrendo de fome.
Beck tira a carteira do bolso de trás, mas eu o paro. —
Você não precisa comprar isso, eu compro.
— Não, permita-me. — Ele aperta o braço. — O mínimo
que posso fazer é te comprar Justin, assim sempre que olhar
para ele, se lembrará de mim... e espero que eu rivalize com ele
um pouco na sua cabeça.
Inferno, Justin pode ser meu novo bonitão, mas Beck não
tem concorrência como meu novo homem. É uma pena que eu
só possa manter um deles.

Beck: Você está acordada? É melhor você dizer sim,


porque não ouço você roncar ao contrário das duas últimas
noites.
Eu li sua mensagem de texto e zombei. Eu não ronco...
pelo menos espero que não. Deus, ficaria mortificada se
roncasse, muito menos tão alto que Beck possa me ouvir
através da parede.
Rylee: Eu não ronco.
Beck: Ah, sabia que isso faria você responder. Não, você
não ronca, mas aposto que é gemedora.
Sorrio para o meu telefone e me viro para o meu lado,
ficando em uma posição confortável para enviar mensagens de
texto. O engraçado é que, neste momento, não me lembro se
sou gemedora ou não. Já faz um tempo desde que me foi dada
a chance de gemer.
Rylee: Pena que você nunca vai descobrir.
Beck: Continue dizendo isso a si mesma, Atrevida. Você
está de topless novamente esta noite?
Rylee: Não, sem a parte de baixo.
Beck: Você fica completamente vestida?
Rylee: Gosto de manter as coisas interessantes, mudar
algo. Eu gosto de sentir os lençóis em diferentes partes do meu
corpo.
E assim, meu corpo esquenta quando minhas pernas
começam a esfregar juntas. Eu quase não disse nada, mas o
pensamento dos lençóis frios esfregando contra a minha pele
exposta faz meu corpo formigar com consciência.
Beck: Isso é sexy pra caralho. Quer saber um fato
divertido sobre mim?
Rylee: Claro. Mande para mim.
Beck: Não uso cuecas.
Rylee: Tipo, nenhuma?
Beck: Nenhuma. Não possuo um há muito tempo.
Rylee: Sério? Isso é... quente. Então isso significa que você
dorme nu?
Beck: Por que você não vem e descobre por si mesma?
Oh inferno, deveria saber que a resposta estava
chegando, e ainda assim, meu rosto fica vermelho. Beck parece
um cara que dorme nu. Ele também parece ser alguém que
conhece o corpo de uma mulher, o que pode ser letal.
Rylee: Acho que vou deixar a resposta com minha
imaginação.
Beck: Com medo do que poderia parecer entre nós?
Rylee: Aterrorizada.
E essa é a verdade. Uma coisa é sair, paquerar, agir como
se estivéssemos em lua de mel, mas é um nível totalmente novo
levar esse relacionamento falso, esse falso navio para o lado
físico. Sim, houve pequenos toques aqui e ali, e talvez ele tenha
visto meus seios muitas vezes para o meu gosto, mas não
cruzamos a linha que tenho medo de atravessar, porque sei
que no minuto em que fizer isso, não haverá como apagar esse
homem dos meus pensamentos.
Agora, ele é divertido, um mero encontro que talvez eu
não me lembre quando for mais velha. Mas sei que no
momento em que Beck colocar as mãos em mim, no momento
em que ele estiver nu, empurrando dentro de mim, estarei
perdida. Ficará para sempre marcado na minha memória, e
não tenho certeza se estou pronta para isso... ou se quero.
Portanto, continuarei compartilhando uma parede com
este homem, em vez de uma cama.
É a coisa inteligente a fazer.
A coisa responsável a fazer.
A maneira mais certa de me sabotar.
E Deus sabe que preciso de toda sabotagem do mundo.
Meu telefone emite um bipe e, pela visualização, posso
dizer que Beck enviou uma foto.
Oh Deus, por favor, não deixe ser um nudes; por favor,
não seja um nudes.
Eu sei o que você está pensando. Você é louca, mulher!
Beck Wilder, nu, me mostre a foto do pau, certo? Bem,
internamente meu eu excitado está gritando para ter a chance
de correr minha bochecha ao longo de uma foto de pau de Beck
Wilder, mas a parte responsável, a parte que acabamos de
discutir, sabe que uma foto de pau levará a tudo o que estamos
tentando evitar. Você sabe, a impressão irremovível deste
homem em minha mente. Não vamos esquecer isso.
Com um olho aberto, cautelosamente abro a mensagem
para encontrar uma foto de Beck deitado em sua cama, uma
mão atrás da cabeça, mostrando seu peito gloriosamente nu e
tonificado. Mas não é o tendão de seus peitorais que está me
fazendo derreter, ou a flexão de seu bíceps que não passa
despercebida. Não, é o sorriso devastadoramente bonito que
ele está exibindo. Dentes brancos retos, covinhas minúsculas,
quase imperceptíveis, e uma pequena ruga no canto dos olhos.
Maldito seja.
Leio seu texto que veio junto com a foto.
Beck: Sua vez.
Minha vez? O que exatamente ele está procurando aqui?
Ele quer uma foto de topless também? Porque há uma grande
diferença entre uma foto de um homem em topless e uma
mulher. E não sou o tipo de pessoa que envia mensagens de
texto com fotos nuas para estranhos, bem, maridos-estranhos.
Rejeitando a ideia de nudez, eu vou para a boba, porque
não há necessidade de aumentar a tensão sexual entre nós,
especialmente porque minha pélvis tem uma mente própria e
está girando casualmente sob os lençóis.
Estou prestes a tirar uma foto quando chega outra
mensagem de Beck.
Beck: Estou esperando...
Homem insuportável!
Agora ele realmente não vai conseguir a foto que
esperava. Em vez disso, pego uma mecha do meu cabelo preto
escuro, coloco sob o nariz como um bigode e tiro uma foto.
Nada como uma pequena Maria peluda para fazer os motores
girarem.
Eu pressiono enviar e espero.
Não vou reconhecer o quão tonta estou ao ouvir sua
resposta, ou como estou meio que esperando poder ouvi-lo rir
através das paredes, ou como meus quadris ainda estão
girando enquanto olho para a foto que ele me enviou. Depois
do que pareceu uma eternidade, ele me respondeu.
Beck: Eu sei o que você está tentando fazer aqui, mas
apenas um aviso para você, Atrevida, não importa o que você
faça, eu sempre vou te achar sexy, mesmo com um bigode quase
crível.
Meu coração começa a bater forte, minha pele lateja e,
pela primeira vez na vida, realmente me sinto como um
personagem de um dos meus livros.
Não sei se deveria estar animada ou completamente
apavorada.

E, como uma leitora, estou ansiosa para ver o que acontece


a seguir.

Beck: Você está acordada?


Rylee: Você pode ouvir minha TV?
Beck: Apenas um som abafado. O que você está
assistindo?
Rylee: Notícias da manhã de Key West.
Beck: Algo interessante aconteceu?
Rylee: Na verdade não. Apenas fala da população de
galos. O que você está fazendo?
Beck: Desejando que você estivesse aqui, aconchegada
comigo. Como posso convencê-la a vir aqui?
Rylee: Estou muito quente em um cobertor.
Beck: E se... Eu te pegar no seu cobertor e te trazer aqui?
Rylee: Nesse ponto, você deveria vir aconchegar-se aqui.
Em alguns segundos, ouço a porta de Beck abrir e fechar
e, em seguida, há uma batida leve na minha porta seguida por
Beck dizendo:
— Sou eu, Rylee.
Sorrindo, balanço minha cabeça e rapidamente pulo da
cama para abrir minha porta. Não espero Beck entrar, mas
simplesmente pulo de volta na cama e puxo os cobertores
sobre mim. Eu uso meu ar-condicionado à noite porque odeio
uma sala quente e acordar com o frio frio me lembra de casa.
Olho por cima dos cobertores para ver Beck entrar no
quarto, sem camisa e vestindo um shorts de ginástica.
Eu não uso cuecas. Seu texto pisca repetidamente na
minha cabeça enquanto meus olhos se concentram em sua
virilha, a protuberância tão evidente contra o tecido fino, um
contorno muito revelador, tão revelador que posso sentir meu
corpo inteiro começar a corar.
Grosso e pesado.
Oh. Deus.
Assentindo com a cabeça para o meu pequeno corpo
coberto, ele diz: — Espaço, Atrevida.
Com a boca seca, o corpo zumbindo, eu observo Beck
lentamente se mover em minha direção, seu tronco se movendo
a cada passo, abdominais flexionando, braços duros
balançando ao lado do corpo, aquela protuberância... se
movendo.
Eu ainda devo estar em um estado de sonho, porque um
dos homens mais bonitos que já conheci está rastejando na
minha cama.
Envolvendo seu braço ao meu redor, ele me pega de lado
e deita minha cabeça contra seu peito, seus dedos acariciando
meus cabelos, massageando meu couro cabeludo.
— Você é tão quente, como uma pequena caixa de calor
neste quarto congelante.
— Gosto de frio quando durmo. Sinto-me confortada
quando a ponta do meu nariz está fria. Isso é estranho?
Ele pressiona as pontas dos dedos no meu couro
cabeludo, trabalhando lentamente na minha pele. — Eu acho
fofo, na verdade.
Um pouco nervosa, mas me sentindo corajosa pela
maneira como Beck está me tocando tão intimamente,
pressiono a palma da minha mão contra seu peito e a seguro
por um segundo, sentindo a batida do seu coração. Ele não se
mexe, nem vacila quando o toco, quase como se ele esperasse,
e é um sentimento estranho, um momento quieto e estranho.
Até agora, quase todas as nossas interações foram alegres
e cheias de brincadeiras, mas nesta manhã, não há nada de
engraçado nesse momento. É reconfortante, fácil, natural.
Isso é estranho? Se sentir tão confortável com ele tão
cedo?
— Você assiste as notícias todas as manhãs? — A voz
matinal de Beck retumba sob meu corpo, sensual e sexy.
Limpando meus pensamentos, aproveito o momento para
me aconchegar um pouco mais perto. Desta vez, estou me
dando a chance de absorver isso, o conforto de outro humano.
— Não, eu normalmente ouço música enquanto preparo café
da manhã e me apronto para o dia.
— Prepara café da manhã, hein? O que é café da manhã
normalmente para você?
Eu sorrio para mim mesma. — Cereal. Eu sou realmente
boa em preparar.
Ele ri, o peito dele tremendo embaixo de mim. —
Especialista em culinária de cereais. Esse é o meu tipo de
garota.
— É preciso muito conhecimento para saber quanto leite
colocar em uma tigela sem deixar a refeição toda empapada.
Muita prática, tentativa e erro foram inseridos nessa fórmula.
— Eu acredito nisso. Qual é o seu favorito?
— Depende do dia, mas o mais comum é o Captain
Crunch de manteiga de amendoim, seguido de perto por Fruity
Pebbles e Cocoa Krispies. É tão difícil de decidir. No entanto,
atualmente tenho pelo menos quatro caixas no meu armário.
Ele fica em silêncio por um segundo e depois diz: — Eu
nunca teria te apontado como uma garota de cereais
açucarados.
— Oh, sou tarada por cereais açucarados. Eu quero todos
eles. Eu tenho Lucky Charms, Fruit Loops, Captain Crunch
com manteiga de amendoim e Apple Jacks em casa agora. Está
sendo difícil comer coisas como ovos e bacon enquanto estou
aqui. Eu só quero cereal.
Seus dedos torceram no meu cabelo agora, puxando
levemente os fios. Isso é tão bom.
— Você sempre foi viciada em cereais?
Balanço a cabeça. — Não. Minha mãe era incrível e fazia
um café da manhã nutritivo todas as manhãs, o que significava
que eu nunca tinha que comer nenhum tipo de cereal. Quando
fui para a faculdade, me tornei viciada e ainda não consegui
largar meu vício.
— E sempre são cereais açucarados? E a aveia?
Certamente você adiciona algo saudável ali.
— Se for aveia fina, eu como, mas não ficarei feliz com
isso.
A risada de Beck enche a sala, seguida por seus lábios
pressionando contra o topo da minha cabeça.
— Porra, eu gosto de você, Atrevida.
Mordo meu lábio inferior, um sorriso curvando as
extremidades da minha boca.
Eu também gosto de você, Beck.
CAPÍTULO NOVE
BECK
— Senhoras, se importam se me juntar a vocês?
Victoria e Rylee erguem os olhos dos aparelhos de leitura
e me acolhem. O escrutínio de Rylee é muito mais longo que o
de Victoria, que enterra a cabeça nas palavras à sua frente e
murmura: — Faça o que quiser. Estou lendo.
Rylee, por outro lado, dobra a capa do e-reader e bloqueia
o sol dos olhos quando fala. — Eu não sei, você tem lanches
com você?
Desde esta manhã, depois de me arrastar para sua cama,
conversar e apreciar a companhia um do outro, não consigo
tirá-la da minha mente. E pelo brilho nos olhos dela quando
ela me olha de cima a baixo, acho que ela está tendo o mesmo
problema.
Eu levanto minhas mãos vazias e ela me repreende.
— Não, mas não deixe que isso a impeça. Posso pedir
comida à beira-mar de um dos funcionários. Gostaria de
alguns bolinhos de caranguejo?
— Eu amo bolinhos de caranguejo. — Victoria diz em uma
voz monótona. — Certifique-se de que eles nos deem molho
tártaro extra e água com limão. Estou desidratada.
—Coca-Cola Diet para mim e batatas fritas com
cobertura. — Rylee responde com uma piscadela. Porra, quero
levá-la de volta para o quarto de hotel e abraçá-la um pouco
mais. Risque isso, eu quero fazer mais do que abraçá-la .
Resignado em apenas conseguir comida, pego uma
cadeira, faço um pedido para alguns lanches e me sento ao
lado de Rylee, que está usando um biquíni branco matador
com os menores triângulos cobrindo seus seios de dar água na
boca. Ela está lentamente me matando com todas as roupas
em que a vejo.
Eu sou um homem paciente e, ontem à noite, quando
mandei uma mensagem, não esperava que ela aparecesse.
Sabia que ela não iria. Ela ainda é reservada, apesar de eu
estar pressionando-a para viver o momento. E tudo bem.
Queria que ela soubesse que ainda estou muito interessado
nela. Eu ficaria chocado pra caramba se ela tivesse batido na
minha porta, e uma parte minha, uma parte desesperada,
desejava que ela tivesse.
Mas, em vez de uma visita noturna, fui para a cama com
um tesão enorme, muito consciente de que havia apenas uma
parede fina entre Rylee e eu, o que tornava as coisas ainda
mais torturantes. E o pior é que ela compreendeu e não me
perguntou sobre Christine. Ela me entende. Entende que falar
sobre a noite anterior com Justine soltando a língua teria me
deixado desconfortável.
É por isso que acabei pensando nela no chuveiro e
aliviando parte da tensão acumulada dentro do meu corpo. E
diabos, isso ajudou. Tinha ajudado até que a vi deitada ao lado
de uma Victoria com protetor solar, parecendo perigosa com
seu cabelo preto, biquíni branco e pernas tonificadas.
Quando me sento na minha espreguiçadeira, Victoria
pergunta sem sequer olhar para cima: — Você conseguiu
molho tártaro extra?
— Eu pedi todo o molho tártaro que eles tinham.
— Obrigada. Eu realmente gosto.
Percebi.
— Não é um problema. Também pedi tacos, caso as
senhoras quisessem algo extra para mordiscar. — Abaixando
minha voz para que apenas Rylee possa me ouvir, eu digo: —
Deus sabe que você não mordiscou nada ontem à noite.
Parecendo astuta, Rylee ajusta seu corpo, seus seios se
levantando em direção ao sol... foda-se... e ela diz: — Como
você sabe disso?
— Sei disso porque minha cama sentiu sua falta.
— Só porque não fui ao seu quarto não significa que não
fui ao de outra pessoa.
Ok, você e eu sabemos que ela não foi a nenhum outro
lugar. Diabos, estive tão quieto no meu quarto ontem à noite,
tentando ouvi-la, que imediatamente a notaria se movendo,
ainda mais saindo do quarto. As portas aqui são pesadas e
barulhentas. Eu sei o que ela está fazendo, então brinco com
ela.
— Sim, teve uma chamada de sexo à meia-noite? Conte-
me sobre isso.
Movo-me para o lado da minha espreguiçadeira, apoio o
cotovelo no apoio de braço e coloco o queixo na palma da mão,
ansioso e esperando um pouco da história.
Balançando a cabeça com alegria, ela diz: — Ah, sim, fiz
um banquete sexual na noite passada. Uma noite toda. Mal
posso andar esta manhã, muito menos ficar acordada. — Ela
finge bocejar e depois se vira para mim, seus seios se
esmagando, formando uma quantidade infinita de decote.
Foda-se grandemente.
— Foi selvagem.
— Parece que sim. Estou surpreso que você consiga
aparecer depois das pancadas que deve ter levado.
— Ei, eu vivo para agradar as pessoas… — Diz ela,
levantando os ombros. — Não poderia deixar Victoria aqui
sozinha, agora poderia? Quem estaria aqui para ajudar a
espalhar o protetor solar nas costas dela?
— Ela poderia ter me pedido. — Ofereço e levanto a
cabeça para dar uma olhada em Victoria, que inclina a cabeça
para o lado, sobrancelha levantada. — Eu sou realmente um
bom espalhador. Essas mãos grandes não perdem um
centímetro. — Eu levanto minhas mãos para as duas meninas
verem.
— Essas são grandes mãos… — Victoria oferece. — Da
próxima vez lembrarei de pedir a você.
— Não, você não vai! — Diz Rylee rápido demais para o
gosto dela, ou pelo menos é o que parece pela carranca em seu
rosto. — Quero dizer, sou sua garota espalhadora, você não
pode atribuir esse título a alguém que não conhece.
— Faço o que quero, e se quero as mãos de homem de
Beck em mim, é isso que vou fazer.
Olhando para as pernas dela, Victoria continua: — Sabe,
eu poderia realmente precisar de outra camada nos joelhos. —
Ela abre o protetor solar de sua bolsa e aponta na minha
direção. — Beck, você se importaria?
Vendo o sorrisinho em seus lábios, pulo da minha
espreguiçadeira. — Seria um prazer.
No momento em que estou pegando o protetor solar, Rylee
pula da cadeira, tira o protetor solar das minhas mãos e aponta
para a minha espreguiçadeira. — Nem pense nisso. Essas
mãos de homem não devem chegar a lugar algum perto de
Victoria. Se estão tocando os joelhos de alguém, estão tocando
os meus.
Victoria bufa e volta a ler, enquanto eu tenho dificuldade
em conter meu sorriso. Irritada consigo mesma, Rylee me dá
um tapa no abdômen e diz: — Não ouse pensar em rir.
Eu levanto minhas mãos em defesa. — Não sonharia com
isso. Mas posso apontar algo?
— Não, se você quiser sair com a gente pelo resto da tarde.
— Justo. — Eu rio, o que gera um olhar mortal de Rylee.
— Você vai transar com esse homem até o final desta
viagem, isso se ainda não transou. — Murmura Victoria.
E sim, eu rio. Eu gargalho tanto.

***

— Vocês são todas autoras? — Eu aceno com o dedo para


Rylee, Victoria e Zoey, que se juntou a nós uma hora atrás.
— Sim. Nos conhecemos na reunião de escritores locais
em nossa região. Éramos nós três e duas mulheres mais
velhas. — Zoey responde. — Como moramos em uma cidade
tão pequena, não há muitos autores, então misturamos nossos
gêneros.
— Faz sentido. O que você escreve, Zoey?
— Livros infantis.
Meio chocante, dada a boca nessa mulher. Eu nunca em
um milhão de anos teria imaginado que ela escreve livros
infantis. Acho que é o objetivo dela na vida é por o máximo de
palavrões possíveis em uma conversa.
— Do jeito que sua mandíbula está praticamente fazendo
cócegas na areia, acho que você não esperava isso.
— Ah, na verdade não. — Eu puxo a parte de trás da
minha cabeça. — Sem ofensa, mas acho que você é mais
grosseira do que a maioria dos caras que conheço.
— Não me ofendo, estou honrada na verdade.
— Honrada, pelo quê? — Art, o marido de Zoey, pergunta
quando cai ao lado dela e começa a distribuir bebidas. Pego
minha água e tomo um gole de gratidão.
— Beck aqui acha que tenho uma boca suja.
— Ela tem, e eu beijo sua boca suja todos os dias. — Para
nos provar o certo, ele se inclina e lhe dá um selinho.
— Eu não estou reclamando da boca suja; é divertido. É
apenas um contraste do que eu tinha em mente para uma
autora de livros infantis.
Zoey vira a bebida na minha direção. — É tudo sobre o
filtro. E se você acha que sou ruim, deveria ler algumas das
coisas de Rylee. Fale sobre fazer você corar.
Eu levanto uma sobrancelha para Rylee. — Isso é certo?
Você escreve algumas coisas provocantes e atrevidas, Rylee?
Sem vergonha, Rylee aperta minha bochecha. — Sim.
Cenas de sexo quentes pra caralho em todos os livros.
Bem maldita.
— É verdade. Eu não consigo lê-lo s. Ela escreve pau
muitas vezes. Eu coro. — Victoria puxa a aba do chapéu de
sol.
— Parece que preciso baixar alguns livros no meu Kindle.
Surpresa agora, Rylee pergunta: — Você tem um Kindle?
— Não deixe que a aparência a impeça. Eu sou um leitor.
De preferência, gosto de mistérios, autobiografias e também
me envolvi em história.
— Eu escrevo história. — Victoria se arruma na cadeira e
seus olhos se iluminam como nunca vi antes. — Que tipo de
história você gosta de ler? Estou trabalhando em um artigo
sobre Amelia Earhart no momento.
— Mesmo?
— Sim. Estou trabalhando com outro historiador e alguns
pesquisadores que estão rastreando onde seu avião caiu e se
ela realmente morreu por impacto ou se foi capturada.
Aponto para Victoria. — Ah, eu vi um artigo sobre isso no
History Channel. Eles estavam conversando sobre uma foto
que foi encontrada e se era ela na foto.
— Sim! — Victoria senta na beira da cadeira e se abana.
— Oh Deus, estou toda excitada. Aquele canal de história
não era fascinante? Eu assisti pelo menos dez vezes.
— Absolutamente cativante.
Victoria começa a contar a Zoey e Rylee sobre o especial,
e não posso deixar de sorrir, porque, embora todas chateiem
uma a outra, ainda demonstram interesse no trabalho muito
diverso de cada uma. Elas ouvem atentamente e fazem
perguntas, o que apenas estimula Victoria. O jeito apaixonado
que ela fala é inspirador.
Uma historiadora, autora de livros infantis e
romancista... há uma piada lá em algum lugar.
Em alta, Victoria sai em direção ao banheiro, deixando
nós quatro. Quando decidi vir para essa viagem, nunca pensei
em encontrar um grupo de pessoas com quem gostasse tanto
de sair, mas caramba, esse é o meu tipo de pessoal.
— Então, qual de seus livros devo ler?
Rylee se move para que sua cabeça esteja de frente para
mim, de costas para o céu, sua bunda parecendo tão boa. —
Você realmente vai ler um dos meus livros?
— Isso aí. Quero ver do que essas garotas estão falando.
— Não sei se você consegue lidar com isso.
Eu balanço minhas sobrancelhas. — Aposto que posso.
Confie em mim. Me dê seu livro mais sujo.
— Você vai facilmente ficar de pau duro.
Um estrondo de uma risada me escapa. — Pau duro,
hein?
— Grande momento. Fico super excitada quando escrevo,
o que só torna o livro muito melhor. Acredite, você vai ficar
todo quente e incomodado.
— Mal posso esperar. — Levanto e tiro meu cartão-chave
do bolso de trás.
— Onde você vai? — Ela pergunta, me dando uma olhada.
Sim, eu adoro quando ela faz isso.
— Pegar meu Kindle. Eu tenho que começar este livro
imediatamente.
Me mexo no lugar e limpo a garganta pelo que parece ser
a vigésima vez nos últimos cinco minutos.
Porra, estou ficando duro e shorts não escondem nada.
Passando o dedo pelo meu antebraço, Rylee pergunta: —
Então, você gosta?
Empurrando-a para longe, fecho o e-reader e dou de
ombros.
— É bom. Não é tão quente quanto você me levou a
acreditar.
— Isso vindo do homem que nunca mente.
Droga.
Suspirando, reviro os olhos e me inclino para mais perto,
para que apenas Rylee possa me ouvir. — Toda vez que Jane
geme, juro por Cristo que soa como você na minha cabeça, e
isso está me excitando tanto que sinto muita dor por aqui.
Felizmente, estou deitado de bruços, então qualquer
evidência do meu tesão está protegida agora, mas diabos, se
meu pau pressionado contra a espreguiçadeira não está me
causando uma dor séria.
— Sim?
Assinto e mordo meu lábio inferior. — É tão ruim que
estou a alguns segundos de trepar com essa maldita cadeira
para ter algum alívio.
Rylee cobre a boca e ri. — Eu te avisei.
— Você poderia ter me avisado para não ler em público.
— Ei, é isso é coisa sua. — Ela toma um gole de sua piña
colada. — Mas como me sinto mal, vou ajudá-lo .
— Sim? — Eu levanto minha sobrancelha excitado. —
Quer ir para o meu quarto?
Ela ri e balança a cabeça. — Não é assim. Eu vou ajudá-
lo a tirar sua mente dos… gemidos.
— Prefiro ir ao meu quarto com você. Não é tão longe.
Podemos dizer a todos que vou mostrar a coleção de conchas
que comecei desde que cheguei aqui.
— Ou posso fazer algumas perguntas para conhecê-lo
melhor.
Suspirando, largo minha cabeça na poltrona e digo: —
Tudo bem. Pergunta à vontade.
— Sim. — Pelo canto do olho, posso vê-la se ajustar para
que agora esteja de frente para mim, sentada de pernas
cruzadas. Sim, de jeito nenhum vou levantar minha cabeça tão
cedo, não da maneira que eu posso ver quão pequeno é o
biquíni dela. Não. — Então você sabe que eu moro no Maine,
mas você nunca me disse onde mora.
— Perto de Los Angeles.
— Hah, sério? Bem, acho que isso explica o bronzeado
incrível que você tem. — Ela faz uma pausa por um segundo e
depois diz: — Não poderíamos viver mais longe um do outro.
Isso não é verdade?
— É interessante que nos conhecemos em uma pequena
ilha de dois por quatro.
— Mágico, com certeza. — Sorrindo de brincadeira, ela
diz: — Agora quero saber o que você faz, mas quero adivinhar,
então me dê algumas dicas e tentarei descobrir.
Você realmente acha que pode adivinhar? Eu realmente
quero que ela adivinhe? Como explico que, na minha idade, mal
tenho um diploma universitário? Eu odeio esse tipo de
perguntas.
— Possivelmente. Eu meio que te considero um rebelde,
então sinto que posso obter uma leitura geral sobre você e, com
algumas dicas, sinto-me confiante de que posso adivinhar.
Sentindo meu corpo começar a relaxar, eu digo: — Tudo
bem, que tal se você adivinhar corretamente, você decide o que
faremos a seguir e, se você não conseguir, eu decidirei o que
faremos a seguir?
— Sim, certo, como se eu fosse deixar isso acontecer. —
Ela zomba. — Primeiro, quem dirá que você me dará pistas
honestas e, segundo, se eu perder, sei exatamente o que você
irá propor. E não estamos fazendo isso.
— E o que é isso exatamente?
Ela me dá uma boa olhada. — Por favor, é o que os
homens pensam a cada cinco segundos.
— Quão pouco você me conhece. — Balanço a cabeça,
fingindo decepção. — Na verdade, tive uma ideia e não tem
nada a ver com a remoção de nossas roupas.
— Duvidoso.
— Teste-me! — Eu me ajeito, virando para o meu lado,
meu tesão sob controle agora. Não olhe abaixo do pescoço dela,
Wilder. Olhos para cima.
Ela me estuda, seus olhos saltando para frente e para
trás entre os meus, procurando qualquer indicação de que eu
possa estar mentindo, mas ela deve saber que não minto.
— Certo, tudo bem. Vamos jogar seu pequeno desafio.
Mas vou avisá-lo agora, quando eu vencer, você terá um
inferno de ser meu pequeno serviçal e me alimentar com uvas
enquanto acena uma folha de palmeira acima de mim.
— Essa é a sua ideia de diversão? — Eu pergunto, não
muito contrário à ideia.
— Ah, sim, cara gostoso me abanando e alimentando, eu
chamo isso de diversão no meu livro. — Esse não era a diversão
do livro dela sobre o qual eu estava lendo...
Eu rio e depois aceno para ela. — Tudo bem, você está
pronta?
Adoravelmente, ela esfrega as mãos juntas. — Estou
pronta.
Pensando no meu trabalho, tento ser o mais vago, mas
específico possível, se isso faz sentido. Eu não vou mentir,
quero ganhar isso. Eu tenho uma ideia que não só será
divertida, mas também me dará a chance de ter minhas mãos
em toda Rylee, algo que eu realmente preciso agora.
— Eu trabalho com minhas mãos.
Ela olha para o céu, uma expressão calculista no rosto.
— OK.
— Trabalho sozinho.
— OK.
— Em vez de um computador, tenho prateleiras e
prateleiras de livros sobre horticultura e habitats.
Essa última pista a leva a dar uma volta. Ela torce os
lábios em confusão, seu cérebro trabalhando duro. E só para
piorar isso, vou jogar mais uma no caminho dela para
realmente confundi-la muito.
— Na maioria dos dias, fico enjaulado com pessoas me
olhando por trás de uma parede de vidro.
— O que? — A testa dela franze. — Que tipo de profissão
te enjaula...? — Ela faz uma pausa como se tivesse descoberto.
Uma risadinha passa por ela e ela se inclina para frente,
procurando por qualquer bisbilhoteiros. — Você é... você é uma
stripper selvagem?
— Um o quê? — Eu rio. — De onde diabos você tirou
isso?
— Então você não é um stripper selvagem?
— Nem sei o que é um stripper selvagem. Isso é real?
— Bem, eu não sei, você me diz. Você é quem está por
trás de um vidro com livros de habitat. Parece que você despe
e educa sobre a selva ao mesmo tempo, sabe, usando as mãos
e outros enfeites.
Não posso evitar, dou uma gargalhada, segurando meu
estômago. — Oh merda, isso é incrível.
— Então, isso é um não? — Ela é tão adorável.
— É um grande não. Desculpe, detetive, mas você perdeu.
Ela bufa e cruza os braços sobre o peito. — Não é minha
culpa que você faça algo super estranho. Eu diria que você é
um mecânico que restaura motocicletas, porque isso soa mais
verdadeiro do que qualquer merda que você está fazendo atrás
de paredes de vidro com espectadores. Você é um
exibicionista? Você excita as mulheres atrás de janelas de
vidro?
Rindo ainda mais.
Balanço a cabeça. — É assim quando se fala com um
autor? Você pensa imediatamente nas coisas mais estranhas
porque sua imaginação corre solta e, portanto, pula a resposta
mais fácil?
— Resposta fácil? — Ela quase pula da cadeira com a
pergunta. — Não há como haver uma resposta fácil para as
dicas que você…
— Sou muralista de zoológicos e museus locais. — Depois
que minhas palavras são registradas naquela mente
lindamente criativa, seus lábios carnudos formam um O.
— Hah, bem... isso parece uma resposta simples e muito
inocente. — Ela esfrega suavemente as mãos sobre as coxas.
— Sim é... sua pervertida.
Ela ri e encolhe os ombros. — Ei, é minha linha de
trabalho ser pervertida, e estou bem com isso. Então um
muralista, caramba, isso meio que me excita. Suponho que
você deve ser muito bom com suas técnicas de tinta.
— Eu sou excelente em técnica, sim.
Revirando os olhos para o céu, ela diz: — Agora, quem é
o pervertido?
— Não tenho vergonha. — Sentado mais ereto, digo: —
Agora é hora da minha recompensa. Você está pronta?
— Eu deveria estar assustada?
Eu levanto, pego a mão dela na minha e a ajudo a se
levantar. — Nada para se assustar. — Virando para Zoey e Art,
pergunto: — Vocês estão disponíveis para um joguinho?
— Sim! — Art responde com um pouco de emoção demais.
— Eu sei que devemos relaxar, mas não há tanta coisa
por aí que posso fazer. O que você tem em mente?
Por cima do ombro, aponto em direção à areia e digo: —
Que tal um jogo amigável de acertar buracos? Eu e Rylee
contra você e Zoey.
— Oh, eu estou dentro! — Zoey pula da cadeira. — Vocês
vão perder.
CAPÍTULO DEZ
RYLEE
Quando se pensa em um jogo amigável de acertar
buracos, o que você visualiza? Amigos se divertindo, jogando
um saco de feijão para frente e para trás, tentando acertar um
buraco, certo?
Errado.
Não do jeito que Zoey joga.
A pura determinação fluindo através dela agora,
enquanto ela alonga seus quadris, é bastante assustadora.
E Art, ele é ainda pior, está do lado dela fazendo
agachamento e moinhos de vento com os braços. Não são as
Olimpíadas, pelo amor de Deus, e não estamos nos preparando
para uma perseguição épica ao ouro. Só falta um barril de
cerveja para que pareça uma festa de fraternidade.
— Ah, eles parecem bem sérios por lá.
Beck coloca a mão na parte inferior das minhas costas e
assente.
— Sim, receio que eles possam estar muito interessados
nisso. Você já jogou antes?
— Claro.
— Você é boa?
— Rá! Claro que não sou. Desculpe, cara, se você estava
procurando uma sósia, não sou sua garota. E essa é a verdade.
Talvez consiga escrever uma cena épica de esportes com todas
as bolas sendo arremessadas e apanhadas, mas diabos se
consigo fazer eu mesma.
— Tudo bem. Eu só preciso ajudá-la . — A mão dele na
parte inferior das minhas costas desliza pela minha cintura, os
dedos roçando a parte de baixo do meu biquíni, o toque leve,
combustível para a chama queimando dentro de mim.
Por que estou abraçada a esse homem de novo?
Porque diabos se posso lembrar meu raciocínio agora com
seu toque insistente e implacável.
— Vocês podem começar! — Beck grita. Curvando-se,
desconectando a mão da minha pele, ele pega alguns sacos de
feijão. — Vamos jogar em equipes do mesmo lado. Rylee precisa
de um pouco de orientação.
— Tudo bem! — Zoey diz, ficando em uma posição de
arremesso.
— Al... eee... oop! — Ela grita quando começa a jogar seus
quatro sacos de feijão, nenhum deles chegando nem perto do
buraco. Rá, essa garota é toda conversa. — Apenas um
aquecimento, não se preocupem. Vou afundar aqueles sacos
como LeBron James em pouco tempo. Cuidado, cadelas.
— Caramba. — Beck ri ao meu lado, o som tão
intoxicante, profundo e satisfatório em todos os lugares certos.
— Tudo bem, estamos prontos, Atrevida. Você quer ir
primeiro? — Ele está tão perto que está quase sussurrando,
sua respiração docemente acariciando minha pele já
formigante.
— Claro. — Vou jogar um quando Beck me para.
— Espere aí, matadora. Vamos colocá-la em posição para
que possa encaçapar algum.
— Não importa.
— Oh, isso importa, porque precisamos derrotar aqueles
perus ali. Agora, deixe-me mostrar como fazer isso. — Podemos
concordar que Beck chamar Art e Zoey de perus é meio
adorável? Adoro.
Beck pressiona seu corpo contra o meu e lentamente
passa as mãos pelos meus braços, imediatamente
endurecendo meus mamilos. Seu peito circunda minhas
costas, o tendão firmemente embrulhando meu corpo. Rocha
dura e sólida, ele é como uma parede de tijolos me protegendo
do mundo exterior. Mas não é apenas a maneira como o corpo
dele está pressionado contra o meu ou a maneira como sinto
suas mãos na minha pele. É o jeito que ele está me ensinando,
falando diretamente no meu ouvido, suave e paciente, e como
ele cheira, todo masculino e delicioso. Senhor, ajude-me, não
me deixe cair nas garras desses feromônios letais excretados
deste homem.
— Sente isso, Rylee? Esse balanço? Este é o tipo exato de
balanço que você deseja. Suave. Isso mesmo, Atrevida,
exatamente assim.
Ele está sussurrando, sua mão está balançando meu
braço para frente e para trás, seu corpo tão apertado contra o
meu que estou a segundos de queimar, de explodir com o calor
que percorre minha espinha.
— Acha que você pode fazer isso?
Engulo em seco, sua respiração fazendo cócegas na
minha bochecha. — Sim. Acho que entendi.
— Bom, lance o primeiro.
Ele não me dá muito espaço. Na verdade, ele ainda está
colado a mim quando eu jogo o saquinho, enviando-o
rapidamente pela pequena parte da praia. Oh inferno.
— Ah, não é exatamente onde queríamos que pousasse.
— Parece que você precisa fazer mais alguns
aquecimentos! — Zomba Zoey. — Você não enviaria pacotes
para a lua se não houvesse tanta tensão sexual ai.
Ela vai levar um soco na garganta depois disso. Já é ruim
o suficiente estar tremendo de ter as mãos de Beck em cima de
mim. Não preciso que ela aponte isso também.
— Não ligue para ela. — Beck tenta me acalmar, voltando
à posição. — Apenas mantenha suave e com o braço reto. Faça
ele flutuar até o buraco.
Os próximos três saquinhos chegam perto do bloco de
madeira, mas ainda erram, mas tudo bem porque Zoey não
encaçapou nenhum, então continuamos empatados. Até Art
aparecer e acertar dois saquinhos. Bem, maldito.
— Estamos perdendo. — Afirmo, sentindo que realmente
precisamos vencer para nos gabarmos. Sei que se perdermos,
Zoey nunca vai me deixar ouvir o fim disso. No mínimo,
precisamos vencer para calá-la .
— Não se preocupe, Atrevida. Você me tem no seu time.
Beck me dá um sorriso confiante enquanto se posiciona
para jogar, mas, em vez de jogar os pacotes por baixo como eu,
ele as sacode de lado, girando no ar e encaçapando os quatro.
Eu sei que é apenas acertar buracos, que estamos
jogando tecidos cheios de milho, mas há algo a ser dito sobre
o quão quente Beck esta agora. Sem camisa, bronzeado e olhos
castanhos focados na placa a sua frente. Sua postura é casual,
como se ele fosse o dono do jogo, e ele não vacilou depois de
marcar quatro pontos.
— Oh inferno! Esse cara vai nos massacrar. — Diz Zoey
Balançando as sobrancelhas para mim, Beck toma um
gole de água e diz: — Disse para você não se preocupar. Cuido
disso.
E ele cuidou. Ele carregou a nossa equipe através do jogo,
ponto após ponto, nem mesmo dando a Zoey e Art uma chance
justa.
Estamos a um ponto da vitória e ainda tenho um pacote.
Podemos não acertar nada e ainda estamos longe o suficiente
para que nossos oponentes não tenham chance de vencer, mas
ainda assim, sinto que é isso. Ainda tenho que marcar um
ponto para nós e, por algum motivo, quero realmente
contribuir.
Respirando fundo, mantenho meus olhos focados no
buraco, imaginando meu pacote caindo lá.
— Você pode fazer isso, Rylee. Acredito em você! — Beck
diz, torcendo por mim, inclinando-se para a frente e
sussurrando no meu ouvido. — Eu mencionei que você fica
muito gostosa nesse traje de banho?
Perdendo minha concentração, eu me viro para olhá-lo
por cima do ombro. Ele está perto, mais uma vez, pairando
sobre mim, com as mãos baixas nos meus quadris.
Minha respiração fica presa no meu peito quando seus
dedos deslizam sob o tecido do meu biquíni. Em vez de
enrijecer, meus ombros relaxam dos círculos lentos que ele
desenha ao longo da minha pele, as pontas dos dedos correndo
ao longo da frente dos meus quadris.
Oh merda. Uma pulsação baixa começa a bater entre as
minhas pernas, meus joelhos tremem e minha necessidade por
esse homem ficando cada vez mais forte a cada olhar perverso
que ele me dá. Cada toque. Não consigo imaginar como ele fará
meu corpo zumbir se ele tiver acesso total a ele, se estiver
esticado sobre a cama com as pernas abertas, prontas para o
próximo movimento.
— O... o que você está fazendo? — Sofrendo para
estabilizar minha voz.
— Tentando ajudá-la a relaxar.
— Bem, você não está fazendo um bom trabalho. Você
está me excitando.
— Melhor ainda. — Diz ele com uma voz extremamente
profunda e sedutora.
— Beck...
— Hmm. — Sua respiração acaricia minha pele quente e
ensolarada, seus dedos brincando com todas as minhas
terminações nervosas, disparando faíscas de consciência
desde o meu estômago até os dedos dos pés.
— Eu… — Eu engulo em seco, meu corpo derretendo em
seu toque, querendo cair em seu aperto forte, implorar que me
leve para o seu quarto. — Eu quero a-acertar essa jogada.
— Então faça isso, Atrevida. — Ele pressiona um beijo
leve ao longo do meu pescoço, me colocando na vertical, a
respiração ficando presa no meu peito. Ele passa a mão sob a
cintura do meu biquíni, da frente do meu osso do quadril até
o meu traseiro, onde seus dedos acariciam a parte superior da
minha bunda antes que se afaste e diga: — Você consegue.
Eu quero desesperadamente fazer isso, não apenas para
acabar com Zoey, mas para ver o tipo de parabéns que vou
receber desse homem devorador. Focando, balanço o braço
para trás e o levo para frente, enviando a sacola cheia de milho
em direção à outra placa. Como se estivesse em câmera lenta,
eu o vejo voar sobre a areia, o ar ao nosso redor se acalma
enquanto desliza sem esforço pela placa e dentro do buraco,
marcando nosso ponto final.
Em choque, eu grito, jogo minhas mãos para o céu e
começo a correr no lugar. — Ahhh, eu consegui!
Zoey chuta a areia na frente dela, enviando um pedaço no
estômago de Art e depois começa a andar, não querendo ficar
por aqui para me ver comemorar. Essa é a reação exata que
esperava de Zoey. Embora a altura que ela alcançou na areia
seja impressionante. Pobre Art.
Querendo alguém com quem comemorar, eu me viro para
encontrar Beck em pé atrás de mim, um olhar de puro orgulho
em seu rosto. Nem sequer pensando duas vezes, pulo em seus
braços e enrolo sua cintura com minhas pernas. Eu seguro a
parte de trás do pescoço dele e digo: — Nós vencemos. Eu fiz
isso. Marquei um ponto.
— Eu vi, Atrevida, e foi sexy pra caramba ver você marcar
esse ponto final.
— Não acredito que fiz isso. Eu marquei! — Estou
pulando nos braços dele, me sentindo indescritivelmente feliz.
— Você marcou. — As mãos de Beck seguram minha
bunda, com força, e eu poderia me importar menos neste
momento. Estou nas nuvens agora.
— Oh, apenas beijem-se e terminem logo com isso! — Diz
Victoria, passando-nos com outro prato de tortinhas de
caranguejo e um pote de molho tártaro na mão.
Tenho que amar minhas amigas.
— Acho que ela está certa. Devemos acabar logo com isso
e beijar. — Beck sugere, parecendo adorável demais com seu
sorriso orgulhoso e olhos brincalhões.
O que eu não daria para beijá-lo agora, mas não vou. Não
aqui, não com todos ao nosso redor. Apesar de me machucar,
dou um tapinha na bochecha dele e digo: — Não me envolvo
com colegas de equipe. Desculpe, cara.
— O que?
Eu pulo do colo dele apesar de sua tentativa de me
manter lá e apesar dos meus hormônios em fúria.
— Nunca brinque com colegas de equipe; é a regra
principal. Você está completamente fora dos limites agora.
Desculpa.
Começo a me afastar, dando um bom show a Beck,
quando ele vem atrás de mim e me pega pela cintura.
— Foda-se isso. Você não está mais no meu time então.
— Inclinando-se mais perto, ele coloca um beijo no lado da
minha bochecha. — Porque não há nada que possa atrapalhar
o que eu quero. E o que quero é você, Rylee. Quero toda você,
a noite toda. Isso vai acontecer, a única questão é... quando.
A pulsação pesada entre minhas pernas e a maneira
como meu nervosismo atinge o auge em cada palavra
murmurada em sua boca, estou assumindo que será em breve.
Isso vai acontecer tão assustadoramente em breve.

***

— Você realmente vai sentar lá?


— Sim. — Eu dou uma mordida no doce de limão que
comprei antes. O sabor azedo atinge minha língua, seguido
pela riqueza de chocolate preto. O sol se pôs algumas horas
atrás, e a lua lança um brilho contra a água ondulante à nossa
frente, mal nos dando um vislumbre das águas escuras do
oceano. É lindo aqui. Pacífico, o lugar perfeito para vir relaxar.
— Você está sendo ridícula.
— Não, estou sendo cautelosa. Não sou idiota. Eu vi o
jeito que você me olhou o dia todo e, depois de ler meu livro,
não há como eu manter minhas roupas se ficar sentada lá com
o seu eu-alfa saindo de todos os seus poros. É por isso que
você se recusa a vestir uma camisa. Eu sei isso.
Sério, o homem só usou a camisa uma vez ao meu redor.
Entendi, Beck, você é gostoso, todo musculoso e bonito. Sim,
você é um orgasmo ambulante.
Rindo, ele diz: — Talvez eu não esteja de camisa porque
está úmido pra caralho, e não gosto de suar por toda a roupa.
— Oou, você está tentando me deixar louca.
Debruçado sobre o parapeito que divide nossas duas
varandas, ele pergunta em voz baixa: — Está funcionando?
— Nem um pouco! — Eu respondo desafiadoramente com
os braços cruzados sobre o peito.
A risada mais alta sai de sua boca deliciosamente
sedutora. — Você não está enganando ninguém, Atrevida.
Um pouco irritada que o riso dele me excite tanto, eu digo:
— Sabe, nem sempre precisamos conversar sobre sexo.
Podemos conversar sobre outras coisas.
— Sim, como o quê?
— Ahhh. — Pense em algo. Peitoral, pênis, abdômen,
braços, todos os músculos de seus braços, sapatos, suas
grandes mãos…
Sapatos?
Sim sapatos.
— Sapatos! — Eu grito, surpreendendo Beck em sua
cadeira da minha explosão repentina.
— O que? — Ele pergunta rindo.
— Você usa sapatos? — Oh, pelo amor de Deus. Tentando
salvar minha idiotice, acrescento: — Sabe, já que você não usa
roupas íntimas, estava pensando se você usava sapatos.
Pela maneira como seus lábios estão puxados para os
cantos, ele está confuso e divertido, mas levanta o pé da
posição de sustentação da varanda. — Sim, eu uso sapatos.
Dã. Todo mundo usa sapatos.
— Essas são sandálias. — É melhor continuar cavando
a cova, percorrer todo o caminho, porque no mínimo sou
minuciosa. — Sandálias são calçados, não sapatos.
— Obrigado pela definição.
Beck ri um pouco mais. Virando-se para mim, ele coloca
os braços no parapeito que nos divide e descansa o queixo nos
braços, os olhos aliviando a tensão nos meus ombros. Eles são
tão bonitos, tons de verde e dourado, tão calmantes, tão
relaxantes.
— Você usa sapatos, Rylee? — A maneira como ele faz a
pergunta, tão suave, tão profunda, que posso me sentir sugada
por seu pequeno mundo, sua teia sexual.
Concordo com a cabeça, o ar ao nosso redor elétrico, a
tensão sexual quase dificultando a respiração.
— Bom saber. — Ele alcança o lado e pega minha mão,
me puxando para os meus pés enquanto ele se inclina para
trás.
Com a cabeça, ele acena para o lado, indicando suas
intenções de me levar para a parte dele da varanda.
— Venha aqui, Atrevida.
— Mas estamos conversando. — Mordo o lábio inferior,
sabendo muito bem que nosso tópico de conversa foi o poço
absoluto. Falar de sapato não é tão fascinante.
— Podemos conversar por aqui. Você pode me contar tudo
sobre os sapatos que gosta de usar.
Pesando minhas opções, sabendo que não poderei resistir
a ele por muito mais tempo... mesmo sabendo que devo,
respiro fundo e deixo que ele me ajude a passar a barreira.
Quando vou sentar na cadeira ao lado dele, ele me para e me
puxa para seu colo, então estou montando nele.
Eu olho nossa posição e levanto uma sobrancelha para
ele.
— Não acho que essa seja uma posição propícia para uma
conversa.
— Eu acho que é perfeito. — Recuando em sua cadeira,
ele apoia as pernas no parapeito da varanda atrás de mim e
coloca as mãos nas minhas coxas. — Vê? Perfeito. Estou
confortável, você está confortável; é ótimo.
Passando os polegares pelas minhas coxas, ele diz: —
Agora me fale sobre seus sapatos. Estou aqui para ouvir.
Quero cores, alturas e descrições detalhadas de todas as
impressões que você possa ter.
— Pare. — Eu bato de brincadeira no seu estômago. —
Estou nervosa, ok?
As palavras saem da minha boca antes que eu possa detê-
las. Torço as mãos no colo, envergonhada com a minha
pequena confissão.
Tenho certeza que você já percebeu que que gosto de ir
com calma, que mostro uma fachada. Mas, com toda a
honestidade, a razão pela qual tenho tentado manter distância
de Beck é porque não quero dar esperança ao meu coração.
Porque a decepção que se seguiria é muito esmagadora. Sei
que esse homem poderia facilmente me dar esperança, com
uma pressão de seus lábios nos meus, sei que ele me daria
esperança não necessariamente por amor, porque é muito cedo
para dizer algo assim, mas esperança pelo meu futuro, por o
futuro que a cada ligação do meu médico parece estar
escapando lentamente do meu controle. Eu nunca serei
suficiente.
Acalmando minha respiração, impedindo meu coração de
bater em um ritmo anormal, acrescento:
— Não faço coisas assim com pessoas que não conheço.
Eu não sou uma garota de folia de férias. Apesar do quanto
tento mostrar a você o quanto estou relaxada e calma, sou puro
nervosismo por dentro. —Minha cabeça cai na minha frente,
meus olhos focados em minhas mãos enquanto elas se
entrelaçam.
Levantando meu queixo para que eu seja forçada a
encontrar os olhos comovidos de Beck, ele segura meu rosto e
diz suavemente: — Rylee, não há necessidade de ficar nervosa.
Posso estar flertando com você, mas não há nenhuma maneira
de fazer alguma coisa para fazer você se sentir desconfortável.
Nunca gostaria que você sentisse que está sendo forçada a
algo.
Inferno, agora me sinto culpada. Não quero que Beck
pense que está me forçando a nada. Não é esse o caso.
— Sinto muito se você se sentiu pressionada. Essa não
era minha intenção...
Eu o silencio com o dedo nos lábios. — Você não me
pressionou de forma alguma. De qualquer forma, você me fez
sentir sexy, irresistível, um sentimento que toda mulher
deseja. Só quero que você saiba que estou nervosa, só isso.
Beck, gentil, engraçado, bonito, atencioso, amável... ele é
a fantasia. Ninguém nunca olhou para mim da maneira que
descrevi o olhar em meus livros. No entanto, de alguma forma...
Beck olha, e não faz sentido. Eu nunca sou a heroína. Não
houve um vislumbre de um feliz para sempre para mim. E pode
nunca haver...
— Você é o tipo de homem sobre quem escrevo, Beck, não
o tipo de homem que me acha atraente.
— Foda-se essa merda. — Suas feições ficam irritadas,
seu aperto é mais forte.
— Você percebe que no minuto em que te vi pela primeira
vez, foi difícil para eu engolir, até me concentrar no que estava
fazendo? Com vômito de bebê e tudo, fui imediatamente
atraído por você. E então, de alguma forma, ganhei o privilégio
de conhecê-la, de sair com você. Você não é apenas linda,
Rylee, mas sua personalidade é muito excitante.
Meu rosto esquenta, minhas mãos começam a suar, e
percebo pela primeira vez que não sou boa nisso. Sou
desajeitada pra caramba, não sei como aceitar elogios, não sei
como agir em torno de um homem extremamente atraente que
está interessado em mim, e não tenho ideia do que dizer além
de me depreciar... Quero discutir com ele, dizer que ele não
tem ideia de quem realmente sou, do que sofro e que ele deve
ficar longe de mim.
— Isso é loucura… — eu digo baixinho. — O que vai
acontecer aqui? Nós fazemos sexo e depois seguimos caminhos
separados?
— Não. — Ele responde com naturalidade. — Sentamos
aqui e conversamos. Sentamos aqui e desfrutamos da
companhia um do outro. Sentamos aqui e aproveitamos o
momento, as ondas sussurrando contra as rochas abaixo de
nós, a lua lançando sua luz sobre nós, e o cheiro sutil do
paraíso passando por nós. Mergulhe nisso, Rylee. Pare de
pensar e experimente.
Antes que eu possa responder, ele me vira no colo para
que minhas costas fiquem contra seu peito. Ele relaxa minha
cabeça contra seu ombro e usa uma de suas pernas para
chutar a minha, para que elas sejam apoiadas como as dele.
Ele envolve os dois braços em volta da minha cintura e segura
firme, sua boca a apenas alguns centímetros da minha orelha.
— Relaxe, Rylee e apenas sinta.
Fechando os olhos, seguindo o conselho de Beck, eu
sinto.
A batida do seu coração nas minhas costas.
A pressão de suas mãos na minha cintura.
O leve toque de sua perna contra a minha.
O ritmo uniforme de sua respiração.
A maneira como meu corpo se derrete tão facilmente no
dele.
Meu coração bate com o dele, a cadência correspondente
é reconfortante.
Minha bochecha pressionada contra sua bochecha, o
raspar rápido de sua barba por toda a minha pele macia.
Suas coxas poderosas me segurando.
Sua voz suave, mas profunda e aveludada rolando de
seus lábios para o meu ouvido.
— Diga-me algo que poucas pessoas sabem sobre você.
Para me relaxar ainda mais, seus dedos encontram o
caminho debaixo da minha camisa e acariciam sedutoramente
meu osso do quadril. Deus, isso é bom.
— Algo que sabem? — Eu tento me concentrar na
pergunta dele, embora tudo que meu cérebro queira focar
sejam os círculos tortuosos.
— OK. — Eu limpo minha garganta. — Gosto de escrever
neste pequeno café em nossa cidadezinha. Há uma cadeira
específica em que escrevo que juro que é mágica. Eu escrevi
algumas das minhas melhores cenas de sexo nesta cadeira.
Quero dizer, se essa cadeira pudesse falar, isso faria você
corar.
Beck ri no meu ouvido.
— Você tem uma cadeira da sorte.
— Eu tenho. — Eu respondo, meu corpo mais relaxado
do que nunca. — Mas não é isso que vou lhe contar.
— Não? Tem mais?
— Sim. — Eu paro. — Quero que se saiba que não tenho
orgulho disso, mas estava desesperada, ok?
— Okkk. — Beck se arrasta com curiosidade.
— Promete não me julgar?
— Se você me disser que começou a se tocar no café para
se inspirar e escrever uma cena de sexo, eu poderia muito bem
julgá-la e você não pode tirar isso de mim.
Rindo, eu o belisco de brincadeira por trás, fazendo-o
mexer-se de posição.
— Ei, cuidado.
— Eu não me toquei em público. Deus, o que há de errado
com você?
Seu peito ronca contra as minhas costas.
— Que diabos devo pensar? Você está falando sobre essa
cadeira de sexo e como não devo julgá-la por algo que você fez
nela. Acho que todo mundo pensaria imediatamente que se
tocou na cadeira.
Meus olhos reviram para o céu. Cadeira de sexo. Aff!
Homens, tão nojentos.
— Ok, então se você não se tocou, o que você fez?
Eu me mexo para voltar à minha posição confortável.
— Eu estava desesperada para escrever uma cena de
sexo, então fui até a cafeteria, Snow Roast, para sentar na
minha cadeira de inspiração, não na cadeira de sexo, e quando
cheguei havia uma senhora idosa sentada, bebendo seu café.
— Oh, Jesus, acho que sei para onde isso está indo.
— Eu disse que não tinha orgulho do que fiz.
— Como você a tirou? Por favor, não me diga que você
brigou com uma senhora sentada em uma cadeira de sexo.
— Cadeira de inspiração! — Digo agressivamente.
— E não, não briguei com ela. Deus, eu não sou um
animal. Veja bem, vivemos em uma cidade tão pequena que
conheço quase todo mundo, e não foi meu primeiro encontro
com a sra. Braverman. Ela é conhecida por ser uma invasora.
Ela passará horas bebendo uma xícara fria de chá, olhando
para o nada, sem se preocupar ou se importar.
— Então você a tirou da cadeira.
— Não! — Eu seguro meu sorriso. — Eu disse a ela que
havia uma promoção instantânea no Wicks and Sticks.
— Wicks and Sticks? — Os polegares de Beck continuam
sua busca pela minha pele.
— É uma loja de velas e incenso na cidade. A sra.
Braverman é conhecida por acumular seus aromas...
— Oh, Rylee. — Eu posso sentir Beck balançar a cabeça.
— Você enganou aquela velha senhora.
— Eu a enganei tanto. — Eu rio. — E ela pulou da minha
cadeira, pegou sua bengala e sumiu na rua.
— Que monstro. — Beck ri.
— Para ser justa, me senti muito mal enquanto escrevia
uma das cenas de sexo mais quentes de todos os tempos. Para
compensar, dei-lhe uma cesta de velas e incenso depois.
Beck me aperta. — Eu acho que é justo. Ainda assim,
enganar uma velha. Isso é baixo.
— Eu disse para você não me julgar.
Sua mandíbula raspada corre ao longo da minha
bochecha enquanto ele sussurra: — Desculpe.
Arrepios descem pelos meus braços e pernas, meus
mamilos enrugam e, assim, com uma palavra, todo o humor
desaparece da nossa pequena conversa e a consciência desse
homem arrebatador em volta de mim me bate com força.
Recompondo-me, digo:
— Diga-me algo que Chris e Justine sabem sobre você.
— Hmm. — Seus polegares engancham sob a cintura da
minha bermuda, brincando com a parte inferior dos meus
quadris. Seu toque estimula a minha pélvis, precisando
balançar, implorando para que ele vá abaixo. Meus dedos do
pé enrolam nas minhas sandálias e minhas costas se arqueiam
um pouco, buscando mais.
— Algo que eles sabem sobre mim.
Sua boca não se afasta da minha posição contra a minha
orelha, e seus quadris começam a se mover lentamente
debaixo de mim, suas pernas emaranhadas com as minhas.
Involuntariamente, uma das minhas mãos prende a parte de
trás do pescoço dele, enquanto eu a seguro firmemente,
sentindo que preciso de apoio do ataque de sensações que
estou sentindo.
Eu o ouço dizer alguma coisa, mas isso não se registra no
meu cérebro, que se transformou em mingau quando seus
polegares se afastaram dos meus ossos do quadril até um
pouco acima do meu osso púbico.
Não há como negar o quanto estou excitada, como estou
molhada por seu simples toque, o quanto... apesar de minhas
reservas, quero esse homem.
A cada golpe, minha cabeça vira cada vez mais para o lado
até que nossos narizes se toquem, a cabeça de Beck se inclina
para frente e me encontra no meio do caminho. Meus olhos se
fecham por um breve momento antes de abri-los e sou
capturado por aquelas manchas de verde e ouro.
O ar para ao nosso redor, nossa respiração se
misturando, rodopiando entre nós, nossos lábios tão perto.
Um toque desse polegar.
Outro.
Eu não consigo respirar
Não consigo me concentrar.
Outro toque, minha cabeça se inclina ainda mais perto,
minha língua molhando meus lábios.
Mais um toque...
Meu coração martela no peito, minha pele formiga com a
percepção.
Beck aproxima ainda mais a boca, apenas a um sussurro,
e espera.
Ficando parado.
Sua respiração está instável embaixo de mim.
Mais.
Um.
Toque.
E já era.
Trago minha boca à dele, lentamente separando meus
lábios levemente, apenas o suficiente para manobrar minha
boca com a dele.
Um gemido baixo e provocador escapa a Beck quando
uma das mãos dele pega a parte de trás da minha cabeça e me
segura no lugar, quase como se ele me soltasse, eu
desaparecerei.
Precisando de mais, deslizo no colo dele, para montá-lo
mais uma vez, com as mãos no peito nu, sentindo os músculos
poderosos que o mantém unido.
Nossos lábios pressionam e se moldam, misturando-se,
tomando, implorando...
Desesperados.
A língua de Beck corre contra o meu lábio inferior,
provocando um gemido dentro de mim, acendendo um fogo tão
quente, tão selvagem, que minhas mãos começam a viajar pelo
pescoço até as bochechas, onde eu o agarro, posicionando a
cabeça dele quando abro a boca, e posso habilmente
mergulhar minha língua na dele.
Ele geme, seu colo se deslocando contra o meu agora, seu
tesão pressionando firme contra o meu centro molhado e
latejante. Combino com o balanço dele, usando minha posição
em seu colo para tirar proveito de seu comprimento que posso
sentir através de seus shorts.
Isso é exatamente o que não queria que acontecesse, mas
Deus, estou feliz que tenha acontecido. Talvez eu deva
realmente viver o momento, talvez deva aproveitar a
oportunidade, talvez deva…
— Uau, sim, vamos lá! — Zoey grita abaixo de nós,
imediatamente me atiro do colo de Beck acertando parapeito
atrás de mim, fazendo-me perder o equilíbrio.
Com reflexos de gato, Beck pega meu braço e me firma,
seus olhos atentos, mas inebriantes de luxúria, sua respiração
tão irregular quanto a minha.
— Não nos permita incomodá-los! — Zoey grita mais uma
vez. — Apenas dando um passeio à meia-noite.
— Sim, isso é ótimo. — Dou-lhe um polegar para cima
com uma mão enquanto a outra está segurando Beck, nossos
olhos nunca quebrando o contato.
— Tenham uma boa noite, vocês dois. — Ela dá um
assobio desagradável e depois desaparece com Art, suponho.
Obrigada Zoey. Muito obrigada.
Depois do que parece ser uma eternidade olhando para
Beck, descrença em minha mente, ele me chama de volta ao
seu colo com um pequeno puxão de sua mão, mas eu resisto,
sentindo que o momento já passou. Odiando que o momento
tenha passado.
— Eu deveria ir para a cama. Grande dia amanhã e tudo.
Nunca invadi um casamento antes. Provavelmente devo fazer
alguma pesquisa sobre como fazê-lo . Não quero ser aquela
invasora de casamentos que não segue o protocolo. Talvez
devesse assistir ao filme, realmente revisar minhas regras. O
que Vince Vaughn diz? — Mordo o lábio e tento pensar
novamente no filme.
— Regra número setenta e seis: sem desculpas, jogue
como um campeão.
— Rylee...
Aponto para Beck e digo: — Você também deve seguir as
regras. Quero garantir que meu encontro não estrague tudo.
Recuso-me a ser expulsa de um casamento porque você não
prestou atenção aos detalhes.
Eu roubo minha mão de Beck e antes que ele possa me
parar, pulo para a minha varanda.
— Não se esqueça, regra número sete: passe
despercebido destacando-se. — Toco meu nariz e aponto para
Beck novamente.
— Misture-se destacando-se, não esqueça disso. —
Tropeço em uma cadeira na minha busca cega à minha porta.
— Ai, regra número cinquenta e cinco: olhe para onde está
indo. — Eu bufo de forma pouco atraente. — Regra número
oitenta e dois: deixe o bufar para os porcos.
Regra número quinhentos: cale a boca, Rylee.
— Ok, sim, boa noite. — Faço uma saudação sólida,
porque é isso que as pessoas desajeitadas fazem, e vou para o
meu quarto, mas não antes que possa ouvir Beck soltar um
longo suspiro e murmurar:
— Foda-se.
Sim, concordo com você, amigo.
PARTE DOIS

REGRA NÚMERO 7: PASSE DESPERCEBIDO SE


DESTACANDO
CAPÍTULO ONZE
RYLEE
— Aí está ela, a maior pegadora de Key West.
— Cale a boca! — Eu digo, caindo ao lado de Zoey, minha
cabeça latejando como se um martelo estivesse tentando
atravessar meu crânio. Eu roubo o café de Zoey e tomo um
grande gole.
Victoria espalha geleia na torrada de trigo e pergunta:
— Maior pegadora? Perdi alguma coisa ontem à noite?
— Sim. — Zoey agarra meus ombros e me sacode, fazendo
meu estômago revirar da minha enxaqueca. — Nossa garota
aqui conseguiu algo ontem à noite.
— Com Beck? Eu gosto dele, ele é um cara legal.
— Você deveria tê-los visto, Victoria, estava super quente.
Art e eu voltamos para o nosso quarto e fizemos o melhor sexo
que já fizemos há algum tempo. Não é certo, querido?
— Você pode não falar sobre a nossa vida sexual com
suas amigas? — Art tem uma garfada de ovos mexidos
parcialmente levantada para a boca, um olhar de total
vergonha no rosto.
— Oh, querido, elas sabem tudo e como você me agrada.
Esta não é uma informação nova para elas, mas você é fofo por
ficar vermelho.
Ela dá um tapinha na bochecha de Art e ajuda a levantar
o garfo no rosto para encorajá-lo a continuar comendo. Eu
faria o mesmo e diria a ele para ignorar o resto dessa conversa;
melhor ainda, corra por sua vida, Art. Corre.
— Antes de tudo, não me fale sobre ficar excitada me
vendo beijar um cara, isso é extremamente perturbador, e
preocupante.
— Nós não ficamos excitados por vocês dois. Deus, está
se achando? Acendeu uma faísca em nós, como se fosse uma
competição, como quem poderia transar com mais força. —
Zoey se recosta na cadeira e enrola uma mecha de cabelo. —
Deixe-me dizer, Art fodeu forte.
— Pelo amor de Deus, mulher! — Art murmura, com o
rosto vermelho-beterraba e enterrado em seu prato, evitando
todo contato visual.
— Bem, bom para vocês… — Eu respondo sem jeito. — E
para constar, Beck e eu não fizemos nada ontem à noite.
— Besteira, vocês dois estavam arranhando um ao outro.
— Em público? — O nariz de Victoria se torce. — Rylee,
um pouco de modéstia. Sei que ele é atraente, mas se pegar
com alguém em público está muito abaixo de você.
— Nós não nos pegamos em público, nós… nos pegamos
na varanda dele.
— Você deveria ter visto, Victoria, seus quadris estavam
se movendo como uma britadeira.
Oh, Deus, estavam? Eu com certeza espero que não. Que
vergonha. Beck achou que estive martelando meus quadris
nele? Juro por Deus, não consigo me lembrar de nada além do
seu gosto nos meus lábios, como o melhor tipo de vício que já
experimentei.
Sem deixar Zoey continuar a enfeitar a história, eu digo:
— Não havia essa coisa de britadeira. Houve beijos e ação
leve de quadril. Paramos quando você começou a assobiar para
a varanda. Obrigada por isso, a propósito.
— O que? Você parou? Você não deveria parar; deveria
continuar. Por que diabos você parou?
Tomo outro gole de café e me arrumo na cadeira,
fechando os olhos, desejando que minha dor de cabeça se
dissipe. É uma dor de cabeça tensional, sem dúvida. — Você
matou o clima.
— Oh não, não ouse me culpar por isso. Isso é tudo culpa
sua.
Zoey se vira para Art e diz com uma voz doce: — Querido,
por que você não pega sua taça de frutas e come à beira-mar?
Será uma experiência maravilhosa.
Art resmunga e se levanta da cadeira, pegando sua taça
de frutas e uma colher. Ele é um bom homem, aguentando
Zoey. Eu mal a aguento, e ela é minha amiga. Não consigo
imaginar me casar com ela, apesar de achar que eles se
equilibram muito bem. Art a estabiliza, e Zoey o tira de sua
concha. É um bom par.
Quando Art está fora do alcance da sua voz, Zoey agarra
a mesa e se vira para mim. Eu posso sentir seus olhos ardendo,
raios laser abrasadores na minha direção. Bloqueio minha
visão do mundo, mas não há como negar a selvageria que
exala. Ela está prestes a me dar uma de suas “lições”.
— Que diabos está fazendo? — Sim, aqui vem. — Você é
solteira e está no paraíso, vivendo ao sol, ficando bronzeada, e
há um homem lindo interessado em você, praticamente
ofegante toda vez que passa. Se eu fosse você, não estaria
tomando o café da minha amiga, nem reclamando dos amassos
que chegaram ao fim rapidamente. Estaria dando para esse
homem lindo todas as chances que eu tivesse. Diabos, eu faria
uma lista de metas de sexo de todos os lugares que eu queria
que esse homem me fizesse gozar enquanto estivesse nesta
ilha, inclusive contra uma palmeira fazendo chover cocos, no
oceano com peixes como minha testemunha, de cabeça para
baixo no chuveiro, sabão batendo meus olhos, e não vamos
esquecer um banco de madeira enquanto compartilhamos um
pedaço de torta de limão! Este é seu último dia aqui, o que você
está esperando?
Suspiro e mordo meu lábio inferior, tentando conter as
lágrimas que ameaçam cair. Zoey me conhece melhor do que
ninguém. Ela sabe que não sou uma garota que pode
simplesmente ter aventuras. Eu sou apenas eu. E Beck
provavelmente me evitará como a praga depois da saída
excruciante da noite passada.
— Por que começar algo quando sei que não vai a lugar
algum?
— Ah, isso se chama orgasmos sem fim e esse homem os
distribui como doces no Halloween. Quem se importa em
começar alguma coisa? Apenas se divirta, Rylee. Você merece
isso depois do que passou no ano passado.
E as lágrimas caem.
O ano que passou. Inferno, como aguentei, não faço ideia.
— Ela está chorando. — Victoria diz rigidamente. Ela não
se dá bem com emoções, e sei que a estou deixando
extremamente desconfortável.
Zoey suspira ao meu lado e coloca a mão no meu braço.
— Querida, por que você está pensando tanto nisso? Apenas
divirta-se, tenha uma aventura de férias, jogue a cautela ao
vento.
Limpo minhas lágrimas, vendo como os olhos de Zoey são
ternos, compreensão estampada em sua face. Victoria, por
outro lado, está tentando me evitar a todo custo. Estou
acostumada a ela descartando qualquer coisa que lide com
sentimentos, então não estou nem um pouco magoada.
— Estou nervosa porque gosto dele. — E a verdade sai. —
Não quero provar algo que nunca mais terei. Você entende?
Zoey aperta minha mão, pressionando a palma da mão
na parte de trás da minha. — Eu posso entender isso, mas você
e eu sabemos que se vive apenas uma vez, por que não viver a
vida ao máximo? Sem arrependimentos, certo? — Ela levanta
meu queixo. — Você vai se arrepender de ter atirado a cautela
ao vento e ter a noite da sua vida? Ou você se arrependerá de
nunca ter realmente descoberto como é estar com um homem
tão enigmático?
Eu sei o que meu corpo quer. Está praticamente vibrando
por ele agora mesmo, mas posso realmente colocar todos os
pensamentos de lado e ter uma noite apaixonada?
Zoey está certa. Penso em todos os arrependimentos que
eu poderia enfrentar, e não ser consumida por Beck por uma
noite seria um deles. Um enorme.
Massageando minhas têmporas, respiro fundo enquanto
acalmo as batidas na minha cabeça. — Eu preciso de alguns
remédios e minha cama.
— Dor de cabeça?
— Sim. — Eu levanto, mas Zoey agarra minha mão.
— Deixe-nos saber se você precisar de alguma coisa. O
casamento é às cinco.
— Estou chegando uma hora mais cedo. — Diz Victoria,
finalmente olhando para mim novamente. — Quero mergulhar
em Ernest Hemingway e seu ambiente. Duvido que fique na
recepção. Prestarei meus respeitos ao casal e sairei.
— OK. Vejo vocês mais tarde.
— Hey! — Zoey chama antes que eu possa andar muito
longe. — Você vai ficar bem? — Mal assinto, não querendo
balançar a cabeça com muita força. — Ficarei bem. Obrigada.
Quando chego ao meu quarto, pego três ibuprofeno, tomo
outra xícara de café da cafeteira do hotel e descanso a cabeça
no travesseiro, bloqueando o sol e o resto do mundo.

***

A cama afunda e, por um segundo, quase parece que


estou em um barco, as ondas me flutuando pacificamente para
cima e para baixo. Não é até sentir uma mão quente
pressionando minha bochecha que percebo que estou em uma
cama com alguém pairando sobre mim.
— Olá. — A voz de Beck me envolve como um cobertor
quente. — Como vai você? — Espreitando meus olhos, eu o
vejo imediatamente, sua testa franzida, uma preocupação
genuína em seu rosto.
— Oo- que você está fazendo aqui?
— Victoria me deu a chave reserva do seu quarto quando
me disse que você não estava se sentindo bem. Eu queria vir
ver você.
Esperaria que Zoey fizesse isso, mas não Victoria, a
menos que Beck mais uma vez a galanteasse, e não duvido isso
dele.
— Trouxe comida e toneladas de água, também um pouco
mais de ibuprofeno e um energético, caso você precise de
cafeína.
Logo atrás de Beck, há um carrinho com comida,
ibuprofeno, uma garrafa de energético e o que parece ser seis
garrafas de água. Deus, ele é doce.
— Você não precisava fazer isso. — Digo enquanto esfrego
os olhos. — Mas obrigada, isso foi realmente doce.
— Eu tinha que ter certeza de que meu encontro estava
se sentindo melhor para o casamento. Não queria que você se
sentisse infeliz, e sei o quanto é importante você ir a este
casamento. Então aqui estou. Como você está se sentindo
agora?
Faço uma pausa, me dando um segundo para me ajustar
ao semi-intruso e acordando de uma soneca muito longa. Não
há palpitações na minha cabeça, apenas um leve sentimento
“desligado”, que pode ser do cochilo ou pode ser a recuperação
de uma enxaqueca.
— Parece que estou me sentindo melhor. — Sento-me e
Beck me ajuda apoiando meu travesseiro atrás de mim.
— Isso significa que você está disposta a comer alguma
coisa?
— Depende de duas coisas. Que horas são e o que você
trouxe?
Beck coloca um longo fio de cabelo atrás da minha orelha,
o gesto é tão gentil, como se ele estivesse fazendo isso há anos.
— Já são duas e pouco, e trouxe hambúrgueres e batatas
fritas com molho, achei que a gordura poderia ajudá-la um
pouco. Mas agora que penso nisso, a gordura ajuda com dor
de cabeça de ressaca, não com uma enxaqueca.
Eu dou de ombros. — Aposto que a gordura ajuda em
qualquer coisa. Estou pronta para isso, vamos lá.
— Se importa se eu comer com você? Estou faminto.
— Claro que não.
Jogo alguns travesseiros no chão e dou um tapinha na
cama ao meu lado.
— Não vou fazer você almoçar sozinho quando me trouxe
comida. Isso seria muito rude.
— Muito rude mesmo.
Com facilidade, Beck traz a comida e as bebidas em uma
transferência rápida, equilibrando todo o líquido como um
profissional. Colocando uma bandeja na cama, ele pula ao meu
lado, suas longas pernas se estendendo além das minhas. Em
vez do homem sem camisa e de bermuda curta que conheci,
Beck está vestido com um jeans escuro e uma camiseta branca
lisa. As mangas agarram seus braços, e o bronzeado que ele
adquiriu faz o branco da camisa aparecer.
E depois há algo sobre um homem que não usa meias e
sapatos com jeans. Algo sobre ele estar descalço de jeans é um
pouco excitante para mim. E mesmo que ainda esteja me
sentindo um pouco desligada, não estou me sentindo o
suficiente para não perceber o quanto estou extremamente
atraída pelo homem ao meu lado.
Minha conversa com Zoey flutua na minha mente quando
Beck abre as tampas dos pratos, revelando dois hambúrgueres
gigantes e batatas fritas com molho. Viva o momento. É o que
Beck me disse repetidamente nos últimos dias, todas as vezes
que ele sentiu minha resistência.
Acho que talvez seja a hora de realmente ouvir.
— Obrigada por trazer isso. Você é o melhor encontro de
casamento falso de todos os tempos.
— Não é falso, Atrevida, não há nada falso entre nós. —
Ele pisca e depois dá uma enorme mordida no seu
hambúrguer. Conversando com a boca cheia, ele pergunta: —
Você quer assistir TV?
Eu rio. — Quero dizer que fizemos todo o resto juntos na
maior parte do tempo; é melhor assistirmos à TV como um
casal de velhos.
Inclinando-se sobre mim, seu corpo largo pressionando
contra a minha pequena estrutura, ele pega o controle remoto
da mesa de cabeceira do meu lado da cama e diz: — Acredite
em mim, não fizemos tudo juntos. Se tivéssemos, você saberia.
— Ligando a TV, ele enfia uma batata na boca e acrescenta: —
O que você quer assistir?
— Nada em particular, mas não esportes.
— Não sou esse tipo de cara, então não se preocupe.
Um pouco surpresa, eu também coloco uma batata na
boca e pergunto: — Não? Não é um grande fã de esportes?
— Não, perdi o contato com a vida um pouco. Durante
esse tempo, eu li mais do que qualquer coisa, então me tornei
um leitor.
— Ficou sem contato com a vida. O que isso significa? —
Eu sei que estou sendo curiosa, mas não me importo.
— Uma história para outra hora. — Ele responde,
encerrando o tópico antes que eu possa perguntar mais a ele.
— Que tal Seinfeld? Isto funciona?
— Ah, sim, isso é legal.
Ainda vacilante com a pequena menção de Beck a sua
vida com a qual eu não deveria me importar, dou uma mordida
no meu hambúrguer enquanto ele abre uma garrafa de água
para mim.
— Você vai querer beber, hidratar o máximo que puder.
Já tive enxaqueca antes e elas são assassinas. Você as tem
frequentemente?
— Na verdade não. Acho que isso foi mais uma dor de
cabeça tensional do que qualquer coisa.
— Tensão? — Ele faz a pergunta tão casualmente, como
se já soubesse a resposta.
— Só um pouco. — Eu me afasto, não querendo olhá-lo
na cara. Ele vai falar de ontem à noite? Espero que não. Não
estou com disposição para discutir.
— Então o que aconteceu ontem à noite? Você meio que
fugiu de mim.
Bem, lá se vai a esperança. Deveria saber que ele
mencionaria isso. Beck não enrola e, se há algo que entendi
nos últimos dias, é que ele vai direto ao ponto. Ele não é
cauteloso ou negligencia um problema nesse assunto. No
entanto, de certa forma, também estou chateada. Ele fugiu de
mim na outra noite com uma menção a Christine, quem quer
que seja, e não ofereceu nenhuma informação sobre o motivo
de ele ter fugido. Claramente, era um assunto difícil, já que ele
parece chamar as coisas pelo nome. Como eu respondo a
pergunta dele agora? Ele ficará bravo se eu me depreciar...
— Sim, sobre isso. Estranho, hein? — Eu respondo,
tentando fingir timidez.
— Muito estranho. — Ele ri.
— Especialmente porque estávamos nos divertindo. Um
segundo, eu tinha sua boca doce por toda a minha, e no
próximo, estava olhando para as suas costas. Eu pensei em
receber um beijo sólido de boa noite, mas você roubou isso de
mim antes que eu pudesse tê-lo .
— Puxa… — Eu balanço minha cabeça — Que golpe
baixo.
Isso faz Beck rir sem reservas, das profundezas de seus
abdominais duros. O som diminui a tensão que tenho sentido.
Estive pensando demais nisso. Sinto que me foi dada a
oportunidade de experimentar esse homem, para permitir que
ele me ajudasse a sair da minha zona de conforto e, em vez de
me conter, deveria me arriscar no que só posso imaginar que
será uma noite que nunca vou esquecer.
Esquecer minhas reservas.
Esquecer o que o futuro reserva por enquanto.
Esquecer o último ano e todas as consultas médicas.
E esquecer sobre o final desta viagem.
Apenas se concentrar no aqui e agora, porque essa é a
única coisa que posso controlar.
E agora eu quero sentir. Não pensar.
CAPÍTULO DOZE
BECK
Olho mais uma vez no espelho e ajusto a gola da minha
camisa de botão. O ar esfriou felizmente, então as calças cinza
e a camisa branca que estou usando realmente ficam
confortáveis, não sufocantes. Mas, no caso de ficar um pouco
calor, desabotoo os botões da minha blusa, dando um pouco
de ventilação.
Eu pulverizo um pouco de colônia, certificando-me de não
aplicar muito e verifico meus sapatos, todos amarrados. Parece
que estou pronto. Então por que diabos me sinto tão mal
preparado?
Talvez porque nos últimos dias eu tenha me apegado um
pouco a essa pequena beleza de cabelos negros. Sei que hoje é
a última noite que a verei; ela sai cedo amanhã de manhã e
meu corpo já está doendo por sua partida.
Porra, isso não deveria acontecer. Eu não deveria me
apegar a ninguém nesta viagem e, no entanto, aconteceu.
Quando vi Victoria sem Rylee ao seu lado hoje na piscina,
fiquei imediatamente preocupado. Não demorou muito tempo
para obter de Victoria informações sobre o paradeiro de Rylee
ou uma chave para o quarto dela. Victoria e eu poderíamos ser
amigos, o que eu aprecio.
Não pensei duas vezes em conseguir coisas para ajudar
Rylee a se sentir melhor. Parecia uma segunda natureza, e se
isso não for assustador, eu não sei o que é.
Eu realmente não me importo com outra pessoa há mais
de oito anos. Porra de oito anos. Faz tanto tempo que não sinto
nada por outra pessoa. E agora, em uma maldita ilha, tenho
que gostar de alguém que mora a mais de cinco mil
quilômetros de distância de mim.
Bom trabalho, Beck. Que jeito de escolhê-las.
Respirando fundo, olho no espelho. Os cantos dos meus
olhos estão desgastados, meu rosto quase drenado, mas há
uma centelha de esperança nos meus olhos, esperança por
esta noite, apesar de não ser o homem que Rylee pensa que
sou.
Porra, ela deve pensar que eu sou um maldito cavaleiro
de armadura brilhante, entrando no quarto de hotel com a
cura para a enxaqueca. Eu quero ser esse homem. Quero ser
o homem que todos olham e pensam que ele é um bom
humano, mas não é assim que me sinto.
Me sinto uma maldita farsa.
Alguém cumprindo requisitos de como ser uma boa
pessoa, atingindo todas as marcas para que as pessoas gostem
de mim, mas no fundo, sei que minha alma está manchada.
Eu não sou o homem como sou visto.
Estou envergonhado.
Sou uma ilusão, um indivíduo dilacerado com uma
personalidade carismática.
E, no entanto, não consigo parar de flertar com Rylee, de
pegar o que quero tão desesperadamente... uma noite com ela.
Uma noite com aqueles olhos azuis claros me encarando,
vendo o homem que eu gostaria de ser. Alguém digno dela.
Respirando fundo, pego meu telefone do bolso e ligo para
o número de telefone de Cal.
— Beck, como você está? — Sua voz rouca responde.
— Bom, Cal. E quanto a você?
— Indo bem. A esposa e eu estamos prestes a jantar.
— Ah, desculpe por interromper. Eu queria fazer uma
ligação rápida antes de ir para o casamento.
— Sim, eu pretendia te enviar uma mensagem antes. Me
desculpe por isso. Como você está se sentindo?
Eu aceno, mesmo que ele não possa me ver. — Sinto-me
confiante, no controle. Vou com uma garota que conheci aqui.
— É isso mesmo? Divertindo-se um pouco na ilha? — Seu
tom jovial é diferente de sua atitude direto aos negócios, e eu
gosto disso. Ele quase parece um amigo agora e não um anjo
da guarda. E sim, eu realmente acredito que Cal é meu anjo
da guarda. Sem ele na minha vida... Não, não vá lá.
Rindo, mudo de pé, a cabeça inclinada para baixo.
— Só um pouco. Mas queria que você soubesse que estou
me sentindo bem e vou beber água a noite inteira.
— Isso é bom. Você já teve algum desejo desde que esteve
deprimido?
— Não. — Balanço a cabeça. — Nenhum, eu realmente
acho que deixei a bebida no meu passado.
— Você pode pensar isso, mas o desejo sempre estará lá,
mesmo que esteja enterrado profundamente dentro de você
agora, sempre estará lá. Entende?
— Sim, senhor. — Eu respondo, ouvindo a dureza em sua
voz mais uma vez.
— Ok, divirta-se hoje à noite, e se você precisar de mim,
sabe como me alcançar.
Nos despedimos e coloco meu telefone no bolso de trás.
Eu ajusto minha cintura e o cinto, arregaço as mangas, porque
mantê-las abaixadas era uma piada. Verifico a hora e vejo que
temos cerca de meia hora antes da cerimônia, e levará dez
minutos para caminhar até o local. É hora de pegar meu
encontro.
Respiro fundo, saio do meu quarto e dou alguns passos
para Rylee, onde bato na porta e enfio as mãos nos bolsos
enquanto espero que ela responda.
Do outro lado da porta, eu a ouço movendo-se pela sala,
e também posso ouvir a enorme quantidade de palavrões
saindo de sua boca depois de um barulho no chão. Meus lábios
viram para cima a tempo de Rylee abrir a porta.
Puta...
Merda...
Ela parece...
Esta será uma noite infernal.
Ela está vestida com um vestido decotado azul-petróleo
que cai até os pés com uma fenda assassina beijando sua linha
de calcinha. Por baixo da fenda, há uma linha de renda que
combina com a cor do vestido, que eu só posso assumir que
seja sua calcinha. Deve ser um conjunto inteiro porque
corresponde corretamente. Estou ficando mais duro a cada
segundo.
Seu cabelo está enrolado em ondas leves e meio preso e
meio solto. Há uma flor branca atrás de uma de suas orelhas,
e ela delineou os olhos com preto, tornando-os mais azuis do
que já vi.
Foda-se.
Ela parece uma exótica princesa da ilha, e está
dificultando lembrar o que diabos estamos prestes a fazer,
porque tudo o que quero fazer é levá-la de volta ao seu quarto
de hotel e lamber cada centímetro do seu corpo.
— Ei, eu derrubei a minha bolsa. Por isso demorei tanto
para responder. Você está pronto para ir? — Ela me olha e
casualmente lambe os lábios, sem esconder seus sentimentos.
É refrescante vindo dela. — Você parece bem, Beck.
Eu não digo nada. Em vez disso, envolvo meu braço em
volta de sua cintura e a puxo para perto. Coloco um beijo muito
gentil nos lábios dela, um sussurro de um toque. Eu precisava
de um gostinho, algo para passar a noite sem perder a cabeça
por causa dessa mulher.
Quando me afasto, descanso a testa na dela.
— Porra, Rylee, você está deslumbrante.
— Mesmo? — A voz dela é baixa. Como diabos ela pode
não saber? Ela é… não há palavras, mas foda-se. Como ela
pode questionar isso?
— Sim, tão absolutamente linda, você está tornando duro
para mim aqui. Eu quero levá-la para este casamento, cumprir
a promessa de casamento que temos, mas caramba, tudo o que
quero fazer é tirar esse vestido do seu corpo sexy e transar com
você em todas as superfícies do seu quarto de hotel.
Sua respiração fica presa na garganta e ela respira fundo.
— Eu, ah, comprei o vestido em loja de departamentos.
E mais uma vez, ela me faz rir com vontade. Balanço a
cabeça e dou-lhe mais um beijo casto antes de me afastar e
deslizar minha mão na dela.
— Você realmente sabe como fazer um homem se sentir
bem com os elogios que ele está distribuindo.
Andamos de mãos dadas pelos degraus do hotel e na rua
em direção a Whitehead Street.
— Dizer a uma garota que você quer transar com ela em
um quarto de hotel dificilmente é um elogio.
Eu a puxo para perto e acaricio seu ouvido enquanto
caminhamos.
— Então claramente você tem andado com homens
errados. Fique comigo, Atrevida. Vou mostrar como é ser
adorada.
Um lindo sorriso passa por seus lábios enquanto ela
continua avançando. Talvez, apenas talvez, ela seja minha a
noite toda.
Eu com certeza espero que sim.

***

— Ela é incrivelmente linda! — Diz Rylee, com os olhos


cheios de corações.
Normalmente, não seria tão afetado por um casamento,
principalmente porque tenho um casamento fracassado no
currículo, mas os noivos foram tão prolíficos em seus votos e
tão honestos. Acho que nunca vi um homem se levantar na
frente de um grande grupo de pessoas e proclamar seu amor
assim por uma mulher que ele tão apaixonadamente e
desesperadamente precisa em sua vida. Foi comovente, e isso
me fez querer dar um soco naquele cara. Ele falou pura poesia
para sua nova noiva e até derramou uma lágrima.
Ele está apaixonado. Ele tem o tipo de amor que nunca
compartilhei com outra alma, certamente não com Christine.
No começo, eu pensei que tinha esse tipo de amor por ela.
Afinal, éramos namorados no ensino médio. Mas não demorou
muito para descobrirmos o que realmente éramos e, quando a
realidade surgiu, percebemos que nos casamos muito cedo;
seguimos um caminho traiçoeiro que esculpiu nosso futuro
tumultuoso e rochoso.
Mas era revigorante ver o amor da melhor e mais
verdadeira forma. Isso me deu esperança, não para mim, mas
para as gerações futuras.
— Essa foi uma cerimônia verdadeiramente comovente.
— Digo honestamente.
— Realmente foi. — Rylee tira o telefone da bolsa e
começa a digitar. Curioso, olho por cima do ombro e vejo que
ela está digitando no aplicativo de anotações.
— Atenção todo mundo. A noiva e o noivo gostariam de
convidá-los para a hora do coquetel enquanto eles tiram fotos.
Bebidas e aperitivos estão sendo servidos na piscina. Por favor
juntem-se a nós.
— Não me importo de ir. — Diz Zoey, arrastando Art junto
com ela.
— Sinto cheiro de carne. — Diz Chris, o nariz liderando o
caminho com Justine atrás.
Victoria dá uma olhada no relógio e diz: — Vou voltar para
o hotel. Você não vai largar minha amiga, vai?
Balanço a cabeça. — Estou preso a ela a noite toda, não
se preocupe.
Victoria me dá um breve aceno de cabeça antes de sair,
me deixando sozinho com uma Rylee digitando. Espero alguns
minutos antes de finalmente perguntar: — Você está
escrevendo seu romance aí no seu telefone?
Ela não me responde.
Então, desta vez, eu a cutuco. — Ei, você quer uma
bebida?
Nada, apenas mais digitação, seus dedos se movendo
uma milha por minuto.
— Sim, linda noite. O céu está tão claro, eu concordo.
Nada.
— Planejei te foder contra a janela do meu quarto de hotel
hoje à noite. Eu continuo imaginando seus seios pressionados
contra a porta de vidro deslizante enquanto eu entro por trás.
Digita. Digita. Digita.
Eu me inclino para frente agora, minha barba fazendo
cócegas em sua mandíbula.
— Penso nisso desde que te conheci. Gozei com essa
imagem em minha mente esta tarde enquanto tomava banho.
Digita. Digita. Digita.
Oook.
Aproximando-me, puxo o lóbulo da orelha dela na minha
boca e o mordisco antes de dizer:
— Se você não me reconhecer nos próximos segundos,
eu vou dobrar você sobre essas cadeiras de recepção e
espancar sua doce bunda até você gritar de prazer.
Seu corpo fica rígido quando minha mão desliza pela
fenda de seu vestido.
— O que está acontecendo? — Ela realmente parece sem
noção.
— Você não ouviu nada do que eu disse a você?
— O que? Não, desculpe.
Ela digita mais algumas coisas e enfia o telefone na bolsa,
me dando toda a atenção.
— Tive a ideia mais brilhante e queria ter certeza de
anotar tudo. — Ela liga sua mão à minha, e eu saúdo a conexão
calorosa. — O que você estava dizendo?
Balanço a cabeça e a conduzo para a piscina onde estão
as refeições e as bebidas. — Nada, você ficará surpresa esta
noite.
Passamos por alguns garçons distribuindo bebidas
prontas, mas eu os ignoro e levo Rylee direto para o bar.
— O que você gostaria?
Ela olha a seleção. — Hmm, que tal um ponche de rum?
Sinalizando para o barman, eu digo: — Posso pegar um
ponche de rum e uma água?
Quando me viro para Rylee, sua sobrancelha está
franzida.
— Por que você não está bebendo?
É uma pergunta que sempre ouço quando estou perto de
pessoas que não conhecem minha situação. Os adultos bebem
socialmente, é isso que fazemos, e parece estranho,
especialmente em um evento como esse, quando você está
segurando um copo de água gelada em vez de um copo de
álcool. Entendo e, sinceramente, não fico bravo com isso. Fui
eu quem cavou esse túmulo e tenho que dormir nele.
— Eu não bebo. — Eu mantenho minha resposta simples,
curta e objetiva, tentando não abrir as comportas para outras
perguntas.
Mas quando você está com uma mente criativa, não
parece tão fácil passar do que não quero falar.
— Você não bebe? Mas você não bebe desde que saímos?
Balanço a cabeça. Eu teria lembrado dessa bebida,
porque seriam oito anos difíceis passando pelo ralo.
— Não, sempre água. É tudo o que bebo além de café de
manhã e um refrigerante ocasional, mas isso é raro. Acho que
esta tarde foi a primeira vez em alguns meses que tomei um
refrigerante.
— Mesmo? Uau. É porque você é doido por saúde ou algo
assim?
Limpando a garganta, respondo: — Algo assim, — bem
quando nossas bebidas são colocadas no balcão do bar. Jogo
uma gorjeta na jarra na minha frente e entrego a bebida a
Rylee.
— Você está escondendo algo de mim. — Ela me olha
desconfiada.
— Sim, estou.
Tomo um gole da minha bebida. — Mas não é algo que
seja necessário falar agora, o mesmo do modo que você
esconde algo de mim.
Eu não sou idiota. Consigo ler as pessoas muito bem, e
há uma razão pela qual Rylee não está aproveitando totalmente
seu tempo em Key West. Ela está se segurando. Vejo parte de
Rylee vivendo a vida livremente, mas há outros momentos em
que a vejo impor restrições à sua diversão, de se soltar, e não
consigo entender por que ela está tão reservada. Mas sei que é
importante. Para ela.
— Eu não estou…
— Não minta, Rylee. Você não precisa me dizer o que é.
Não estou aqui para questionar sobre algo que você não quer
falar. Estou lhe dizendo que sei que há algo importante em sua
vida que você não está me dizendo, e tudo bem. Isso deveria
ser divertido, certo?
Ela morde o lábio inferior e assente.
— Sim, divertido.
— Bom, então vamos nos divertir. Para começar,
precisamos encontrar alguém que sirva essas coisas de filé
mignon, porque eles cheiram bem.
— Eu quero um camarão com coco. Eu podia sentir o
cheiro deles durante a cerimônia.
E assim, voltamos ao normal novamente.
— Então esse era o seu estômago fazendo todos esses
barulhos?
— Culpada. — Ela inclina a bebida na minha direção e
toma um gole, olhando ao redor do lugar.
A casa é linda. Pequena, mas linda, com detalhes em ferro
forjado e uma sensação costeira definitiva com sua pintura e
persianas amarelas brilhantes. Antes de nos sentarmos para a
cerimônia, demos uma olhada rápida pela casa. Victoria e
Rylee ficaram impressionados com a emoção, e eu fiquei presa
na alegria delas.
— Olhe para este lugar. Deve ter custado muito na época.
Não apenas ele tinha uma casa bonita e terrenos, mas
Hemingway salvou gatos de seis dedos e construiu uma piscina
bastante impressionante que, de acordo com a placa, foi difícil
para construir.
— Eles tiveram que romper os corais para construir isso,
e antes que Key West tivesse água fresca, eles precisavam
drenar a piscina e bombear água salgada a cada três dias.
— A sério? — Rylee pergunta, inclinando-se para verificar
a placa. Aproveito esse momento para colocar minha mão na
parte inferior das costas e puxá-la um pouco mais para perto.
Bem a tempo também, porque um casal mais velho se
aproxima de nós, uma disposição faladora escrita por todo o
rosto alegre.
— Esse lombo de carne é de morrer, você já experimentou
algum? — O homem me pergunta.
— Ainda não, espero chamar um garçom em breve.
— Você não vai se arrepender. — Ele estende a mão. —
Eu sou Gregory, e esta é minha esposa, Tess.
Agarro a mão carnuda do homem e agito firme apenas
para devolvê-la às costas de Rylee.
— Gregory, prazer em conhecê-lo . Eu sou Beck e esta é
minha esposa, Rylee. Somos recém-casados.
— Oh, parabéns. Que maravilha. Tiffany e Del estavam
no seu casamento?
Eu dou a ele um olhar triste.
— Eu gostaria. Tivemos uma pequena cerimônia nas
falésias rochosas do porto do Maine. Era singular e perfeito
para nós. Comemoramos com um bolo de lagosta.
Bolo de lagosta? — Tess olha entre nós. — Acho que
nunca ouvi falar de um bolo de lagosta antes, tinha um gosto
bom?
— Tinha pedaços de lagosta? — Gregory pergunta,
juntando-se a sua esposa.
Bem, eles não são obtusos de modo atraente?
Eu seguro a risada ousada, desesperada por escapar. —
Ah não. Acho que estava um pouco enganando lá. Eu quis
dizer que o bolo tinha a forma de uma lagosta. O sabor era
morango com calda, não é mesmo, querida?
— Ah, sim! — Rylee finalmente diz. — Esse cara queria
limão, mas eu me mantive forte com a minha escolha de
morango, e graças a Deus que fiz, porque todo mundo amou.
— E, no entanto, eles teriam adorado o limão e você não
lhes deu uma chance.
— Ninguém gosta de limão. — Ela fala sem expressão.
— Isso não é verdade, estive muito arrebatado com limão
no outro dia. Lemon é muito bom, estou certo, Gregory? — Eu
dou uma cutucada no homem com meu cotovelo, mas ele
balança a cabeça.
— Eu tenho que discordar de você aí. Limão não é o meu
favorito.
Você e eu. Na realidade, eu passaria facilmente o limão e
mergulharia no morango com calda de chocolate. Inferno,
espero que Tiffany e Del tenham bolo de morango com calda.
Tess toma um gole de sua bebida e pergunta: — Então,
como vocês conhecem a noiva e o noivo?
Ehh. Com pânico em nossos olhos, Rylee e eu olhamos
um para o outro. Foi um tópico que nunca discutimos antes
de chegarmos. Erro de novato.
— Badminton. — Rylee deixa escapar, engolindo em seco
depois, como se não pudesse acreditar no que disse.
— Badminton? — Tess pergunta quando suas
sobrancelhas franzem.
Rylee assente, com pânico ainda nos olhos. E, em vez de
ser o cavalheiro galante que cortejou essa mulher desde que
nos conhecemos, deixo a explicação para Rylee porque,
francamente, quero ouvir tudo sobre isso. Além disso, é
divertido assistir Rylee criar. Quase lindo. Nesse momento,
você pode ver a mente dela girando com todas as possibilidades
de histórias interessantes de badminton.
— Sim, badminton. — Ela ri, como se estivesse prestes a
contar a história mais engraçada de todos os tempos, então me
preparo, tomo um gole de água e espero o show. Sempre a
contadora de histórias.
— Oh, foi tão bobo. Veja bem, sou uma grande fanática
por badminton. Cresci jogando minha vida inteira, quase fui
para as Olimpíadas por isso.
Oh, Cristo, ela está realmente indo com tudo.
— Mesmo? — Pergunta Gregory. — Uau, você deve ser
muito boa.
Oh, esse cara não é um homem inteligente.
Fingindo fazer alguns golpes com sua raquete imaginária,
Rylee diz:
— Está vendo isso? Chamam isso de Ry-tapa. Eles ainda
ensinam na minha cidade natal. É um golpe com o meu nome,
nada muito especial, mas quando você menos espera, garoto,
posso martelar esse pau.
Involuntariamente, eu bufo, fazendo com que a água
suba pela parte de trás da minha garganta e pelo nariz. Cubro
meu rosto enquanto tusso e tento recuperar o fôlego. Rylee me
dá um tapinha nas costas, um sorriso gigante no rosto quando
ela diz: — Você está bem aí, grandão?
Ela se vira para Gregory e Tess. — Esse cara, a coisa mais
estranha, ele tem dificuldade em engolir sem bufar de volta
pela garganta e pelo nariz. Fomos ao médico algumas vezes.
Ele vai a um especialista quando voltarmos.
Ela me dá tapinhas um pouco mais. — Não se preocupe,
querido, vamos descobrir o seu problema de bufar a água. Não
será assim para sempre.
— Oh, isso é fofo. — Tess aperta as mãos e olha para nós
enquanto limpo o nariz.
Gregory continua a história. — Então vocês se
conheceram enquanto jogavam badminton?
— Sim. — Rylee se anima novamente.
— Era um dia chuvoso e, como você pode ver, a água não
se mistura bem aqui com Beck. Tipo se quando chove, ele
começa a derreter, não aguenta. Mas ele estava fingindo bem
por mim, fazendo papel de bobo tentando acertar a peteca com
o Ry-tapa, mas imaginem descoordenação. Ele é mais
adequado para separar e embalar moedas de um centavo. É o
hobby dele, na verdade. Adora moedas de um centavo.
— Que passatempo adorável. — Tess sorri para mim.
Oh, inferno.
Embalar moedas de um centavo? De onde ela está tirando
essas coisas? E posso não adorar e babar sobre esportes como
outros homens que conheço, mas com certeza sei como jogá-
los. Essa garota está se metendo em um grande problema com
suas histórias. Apenas espere até a minha vez.
— Sim, ele tem uma coleção de moedas de um centavo,
pelo menos cinco mil dólares de moedas de um centavo na
garagem. Eu disse, entregue esses centavos, querido, e vamos
comprar um maldito jet ski. — Rylee levanta a mão para um
toca-aqui, que Gregory cautelosamente retribui. Depois ela faz
um movimento de arma falso para ele com uma piscadela.
— Bom toque aí, Gregory. Impressionante.
— Ah, obrigado.
— Gregory, Tess, como estão? — Uma mulher usando um
vestido estampado de oncinha, batom vermelho brilhante e os
cabelos presos em um casulo de cachos, puxando a atenção de
Gregory e Tess para longe de nós. Graças a Deus.
Acenamos e lentamente nos afastamos, meu aperto firme
no braço de Rylee. Quando estou fora do alcance da voz, eu me
inclino e sussurro no ouvido dela. — Que raios foi aquilo?
Ela cutuca meu estômago. — Me divertindo um pouco. O
que, você não embrulha moedas por prazer?
— Mais como dólares de prata. — Eu mordo sua orelha,
fazendo-a ofegar, o som é tão doce.
— Oh, vejo o que você fez lá, fez uma referência sobre seu
pênis.
Parando em minha busca, eu me afasto e ela me dá um
sorriso sarcástico que diz: — Vá em frente.
— Isso está realmente acontecendo? Nós realmente
vamos passar a noite contando mentiras a esses inocentes
participantes do casamento para superarmos um ao outro?
— Se você acha que não pode lidar com isso
— Oh, Atrevida, eu posso não mentir, mas não tenho
nenhum problema em brincar junto com sua narrativa. Posso
não ser um autor, mas posso contar uma boa história.
Ela me olha por cima do copo.
— Então vá em frente, Wilder.

***

— Judy e Dwayne, prazer em conhecê-los. — Aperto as


mãos de dois estranhos, dando um show.
— Prazer em conhecê-lo também. Como você conhece a
noiva e o noivo?
— Um berçário. — Eu digo, tomando um gole da minha
água.
— Um berçário? Parece um lugar estranho para se
conhecer, já que Tiffany e Del não têm filhos.
— Ohhh, desculpe por isso, Dwayne. — Eu dou um
tapinha nas costas do velho. — Eu quis dizer um berçário de
plantas. Estávamos comprando uma árvore para colocar no
quintal da frente. Uma decisão tão difícil, você sabe. Devemos
ir com o bordo clássico ou queremos trazer uma sensação do
Colorado para o nosso quintal e plantar um álamo? Ou o que
dizer da flor de cerejeira?
— Ou pinheiros. — Salienta Judy.
— Exatamente, Judy, exatamente. Deus, que decisão.
Passamos horas naquele viveiro, brigando por qual árvore
ficaria melhor. Rylee aqui, ela pensou por que não plantar a
nossa árvore de Natal falsa na frente e encerrar o dia.
— Oh, que ideia horrível! — Diz Judy com nojo. — Por
que fariam isso?
— Ela é parcial em relação ao plástico. — Digo, e aponto
para os seios dela, e ganho uma pancada gigante no meu
estômago.

***

— Sim, Everest, louco, certo? Que viagem que foi, hein,


querido? Ah. — Rylee se encolhe e cobre a boca. — Desculpe,
assunto dolorido para esse cara. Ele teve um caso tão grave de
doença de altitude após os primeiros trezentos metros, que
teve de ser transportado da montanha por helicóptero. Eles o
envolveram em cobertores espaciais como um pequeno rolo de
sushi e o levaram ao hospital mais próximo, onde as
enfermeiras tiveram que voltar a alimentá-lo com mamadeira
por alguns dias. Ele estava delirando. Não posso culpá-lo .
— Alimentação com mamadeiras? Por que eles não
usaram um IV? — Kerry pergunta, admirado com a história de
Rylee.
— Ah, usaram intra venosa, mas ele também precisava
de algo no estômago e se recusava a comer. Ele realmente
pensou por alguns dias que era um bebê. — Falando por trás
da mão, ela grita sussurrando: — Eles tiveram que colocá-lo
em fralda de adulto para manter tudo... contido.
— Oh céus.
— Que bagunça. Felizmente, eu estava escalando o lado
do Everest e não tive de assistir meu marido levantar a bunda
para ter a fralda trocada. Acho que isso prejudicaria nosso
relacionamento sexual, sabe?
— Ah, sim, acho que não consigo tirar essa imagem da
minha cabeça. — Responde Kerry, dando-me uma olhada.
Eu cerro os dentes, dando um bom sorriso quando Kerry,
em seu conjunto roxo de veludo amassado, julga.
— Tive dificuldade em sugar o bico da mamadeira. — Eu
decido participar da conversa. — Eles tiveram que trazer as
mamadeiras usadas para amamentar elefantes para mim.
— O que? Por quê? — A mão de Kerry está no peito.
Eu aponto meu polegar em direção a Rylee. — Estava tão
acostumado a chupar os mamilos do tamanho de polegares
dela que não consegui me acostumar com os pequenos.
— Oh céus. — Kerry olha diretamente para o peito de
Rylee, enquanto felizmente tomo um gole na minha água e
coloco outro pedaço de carne na boca enquanto Rylee me
apunhala com o olhar.

***

Que diabos vocês dois estão fazendo? — Zoey pergunta,


assassinato em seus olhos.
Rylee se encolhe com o tom da voz de Zoey. É venenosa,
como se ela estivesse prestes a atacar a qualquer segundo.
— Como assim?
A inocência é completamente transparente. Ninguém
acredita em nós neste momento. Não que os culpe com a
quantidade de mentiras que contamos na última hora. Como
temos tantas histórias diferentes para contar a estranhos é
francamente impressionante. Eu acho que devemos receber
um prêmio.
Inclinando-se para perto, seu olho esquerdo se
contraindo, ela diz: — Acabei de falar com minha tia que me
contou sobre esse casal que toma mamadeiras de elefante
enquanto caminha no Everest com seus peitos de plástico.
Quando perguntei à minha tia de quem eles estavam falando,
ela apontou para vocês dois.
Eu não posso evitar. Eu rio muito, assim como Rylee.
— Parem com isso, isso não é engraçado. Alguém
realmente acredita que vocês dois conheceram Tiffany e Del em
um clube de swing que você comprou com um monte de
moedas de um centavo. Que diabos?
Estou chorando.
Estou chorando, rindo tanto. Lágrimas legítimas estão se
formando nos meus olhos enquanto meu estômago se contrai.
— Cara, quando você foi transportado por via aérea do
Everest? —Chris pergunta, vindo por trás de mim.
Justine se aproxima dele. — E quando diabos você
encontrou tempo para construir um santuário de galinhas de
quatrocentos metros quadrados?
Ah, esqueci sobre o santuário de galinhas.
Rylee e eu nos abraçamos, rindo o tempo todo enquanto
nossos amigos nos cercam, claramente não felizes com nossas
travessuras.
A música diminui e o DJ chega ao microfone. — Se os
convidados puderem sentar-se, vamos dar as boas-vindas à
festa de casamento.
— Isso ainda não acabou. — Zoey aponta para nós dois.
— Quero saber mais sobre o santuário de galinhas. Devo
investir, cara? — Justine está empurrando-o em direção a seu
assento, enquanto Chris faz um gesto com os dedos para
enviar uma mensagem de texto.
Enxugo os olhos e olho para Rylee, que também está
rindo. Quando nossos olhos se encontram, paramos por um
segundo e depois começamos a rir de novo. Essa foi a maior
diversão que já tive em um casamento.
CAPÍTULO TREZE
RYLEE
— Ok, acho que não posso comer mais nada. — Afasto
meu prato e respiro fundo, grata por meu vestido ser
esvoaçante, pois atualmente tenho um bebê de comida. —
Estou completamente cheia.
— Bem, eu não diria completamente cheia.
Beck balança as sobrancelhas para mim enquanto ele
limpa o rosto com um guardanapo.
Este homem.
Nosso plano de assentos era simples. Íamos conferir a
tabela de assentos e escanear as mesas para ver se algum
hóspede não apareceu, mas infelizmente para nós todos
vieram, provavelmente porque Del e Tiffany são o casal mais
fofo de todos os tempos.
Então, quando não conseguimos encontrar nenhum
lugar, Beck decidiu a próxima melhor coisa: mesas com altura
de bar na varanda da famosa casa. Isso vai parecer super
cafona, e eu sei que alguns podem revirar os olhos para mim,
mas estar aqui, sob as estrelas, em um cenário romântico, na
mesma rocha que Hemingway já esteve, parece mágico, como
todas as palavras estivessem flutuando ao meu redor, prontas
para serem agarradas e colocadas no papel.
Estou inspirada.
Estou apaixonada.
Estou passando minha última noite em Key West jogando
cautela ao vento e absorvendo cada último momento.
— Você é boa em dançar? — Beck pergunta quando o DJ
começa a tocar uma música de Bruno Mars.
— Depende. Você é bom em dançar? — Eu o olho de cima
a baixo. Seu peito espreita através dos botões abertos da
camisa. Suas calças são apertadas o suficiente para eu ver
todas as partes deliciosamente definidas de sua metade
inferior. Não há como esconder sua forma robusta. Quando
abri a porta do hotel para ele mais cedo, continuei tentando
me beliscar para ver se tudo isso era um sonho, mas quando
não acordei, sabia que isso era realidade, uma realidade
estranha, mas emocionante.
Jogando o guardanapo no prato, ele diz: — Lá em Malibu,
gosto de ir a um clube de salsa subterrâneo algumas vezes por
mês.
Me surpreendo com essa pequena revelação. — Você está
falando sério?
— Muito sério. Eu tenho movimentos, Atrevida. A questão
é, você tem?
Claro que ele é um bom dançarino. Por que não seria? Ele
parece ser bom em tudo o que faz, até em contar histórias.
— Deixe-me adivinhar, você canta como Harry Styles,
cozinha como Emeril Lagasse e também modela
profissionalmente como David Beckham.
Ele pega minha mão na dele e me aproxima. — Não sei
sobre modelar, mas sou um cozinheiro muito bom quando
quero ser, e se você me colocar na frente de um microfone,
cantarei uma música infernal.
— Faz sentido.
Ele ri e me arrasta para a pista de dança bem a tempo do
início do Shout. Canção clássica de casamento, e mesmo sendo
exagerada na maioria das vezes, ainda não tenho problemas
em dançar ou cantar nessa questão. Beck não perde tempo em
se mover ao meu redor, usando-me como seu próprio suporte
de dança, girando-me, rodopiando-me em seu corpo e depois
afastando. Quando a música acelera, o mesmo acontece com
a dança dele, assim como a minha, enquanto tento
acompanhá-lo.
Saltando para cima e para baixo, braços no ar, ele está
gritando “shout” junto com todos os outros, e é como se tudo
ao meu redor diminuísse e meu foco inteiro estivesse em Beck
enquanto ele traz a multidão para a pista de dança, cantando
com o coração e dirigindo a festa de casamento para ficar
menos respeitável. Oh diabos. Ele é demais. Adorável demais.
Sexy demais. Muito... tudo.
Eu tinha razão. Ele vai ser difícil de esquecer.
— Um pouco mais alto agora, um pouco mais alto agora.
— Beck está agitando os braços agora. — Ei, iei, iei, iei. —
Salto baixo, seus olhos se conectam com os meus. Seus olhos
estão brilhando de malícia. Seu sorriso se amplia, suas
pequenas covinhas aparecem apenas para mim. Seu olhar
permanece no meu, no meio do salto e do canto, e ele me
mantém em cativeiro. Diabos, se o meu coração não
cambalhota bem ali.
Estou em apuros.

***

Dez músicas depois, Beck ainda não saiu da pista de


dança e agora se tornou a vida da festa. Houve pelo menos três
círculos de dança nos quais participei e me mantive com Beck,
que está me encarando desde que comecei a acompanhar seus
movimentos. A tensão sexual entre nós, os pequenos toques, a
respiração pesada está sufocando a pista de dança. A maneira
como seus olhos brilham quando ele vislumbra a calcinha de
renda que eu tenho debaixo do meu vestido, ou quando seus
olhos se concentram no V decotado do meu vestido; há um fogo
rugindo entre nós, pronto para explodir.
— Isto é para todos os solteiros e casais sensuais por aí.
Deixe-me ver seus movimentos! — Diz o DJ em voz baixa de
Barry White.
Havana por Camila Cabello começa a tocar e Beck
imediatamente se vira para mim. Ele está a alguns metros de
distância, então, quando fazemos contato visual, ele faz um
gesto com o dedo para que me aproxime, o movimento é como
um raio de tração me puxando. É sexy, lento e sedutor, apenas
a música para disparar minha libido em excesso. Beck está se
movendo em minha direção, focado em me colocar em seus
braços.
Determinado.
Sem pensar duas vezes, Beck agarra minhas duas mãos
e as envolve ao redor de seu pescoço enquanto ele começa a
mover seus quadris e os meus ao ritmo da música, nossos
corpos conectados, nossas pélvis esfregando, ralando.
Felizmente, estamos em um casamento em que as pessoas
gostam de dançar, por isso não somos o único casal na pista
de dança, mas definitivamente estamos dançando de forma
mais sedutora que os outros. Logo quando começo a
sincronizar com Beck, ele me vira, de costas para o peito, e
estende a mão pelo meu estômago, a cabeça mergulhando no
meu ombro, os lábios bem perto da minha orelha.
— Este vestido… você está me matando, Rylee.
Movendo a mão para o meu lado, ele a desliza sob o tecido
que está cobrindo meus seios e pressiona sua palma quente
contra a minha pele igualmente quente, seu polegar abaixo dos
meus seios nus.
— Beck… cuidado! — Sussurro, sem saber se ele pode me
ouvir ou não.
Meu coração está em Havana… — a música toca. Os
quadris de Beck lentamente ondulam com os meus, a pélvis
esfregando contra a minha bunda, e é quando eu o sinto.
Deus, ele é tão gostoso, mas o que é ainda melhor é a
maneira como o polegar de Beck mal roça meu peito nu.
— Mmm… — Eu gemo, descansando minha cabeça em
seu ombro e chegando atrás de mim para agarrar seu pescoço.
— Deus, você é bom.
Ele beija o lado da minha cabeça, sua barba áspera, do
jeito que eu gosto. — Deixe-me mostrar o quão bom eu sou,
Rylee.
A mão que não está pressionando contra o meu estômago
viaja para a abertura da fenda e vai até meu osso do quadril,
onde ele começa a brincar com aquele lugar especial
novamente. Inspiro um grande gole de ar e me viro para ficar
de frente para ele. Aperto suas bochechas e trago sua boca na
minha, pressionando levemente um beijo em seus lábios, mas
me afastando antes que ele possa aprofundar.
— Porra, Rylee. O que você está fazendo?
— O que eu estou fazendo? — Eu respondo sem fôlego. —
O que você está fazendo? Não consigo respirar quando estou
perto de você, muito menos me concentrar em algo que não
seja o jeito que você está me tocando.
— Eu preciso de você. — Ele murmura, sua voz tão baixa
que quase não o ouvi.
— Vocês dois precisam voltar para o hotel antes de
começar a transar na pista de dança. — Diz Chris. — Todo
mundo está olhando, até Tiffany e Del.
A interrupção me tira da neblina cheia de luxúria.
— Merda.
Beck respira fundo e olha em volta. Pelo olhar culpado
em seus olhos, sei que Chris está dizendo a verdade. Estou
mortificada.
— Hora de ir, Atrevida. O pai da noiva está apontando
para nós.
— Estamos prestes a ser expulsos?
— Parece que sim. Vamos andando.
Rindo, deixei Beck pegar minha mão e me guiar pelos
fundos, além da piscina, através de um pequeno jardim onde
alguns dos gatos de seis dedos estão saindo, em torno da casa
e pelo portão. Olhando atrás de nós, Beck deve ter visto alguém
porque ele diz:
— Apresse-se, Atrevida. Parece que eles chamaram a
brigada por nós.
Corro o mais rápido possível, de mãos dadas com Beck,
pelas ruas em direção ao nosso hotel, passando pelo ponto
mais ao sul dos Estados Unidos e entrando em nosso resort.
Quando desaceleramos, ambos lutamos para recuperar o
fôlego. Beck leva um segundo para procurar atrás de nós por
seguidores.
— Estamos salvos?
— Parece que sim. — Beck solta um longo suspiro e
depois ri. — Droga, Rylee, você quase nos entregou.
— Eu? — Eu aponto para o meu peito. — Como isso foi
minha culpa?
Beck me olha de cima a baixo.
— Não posso ser responsabilizado pelo que você faz com
as mãos e a boca. Você me fez esquecer tudo e todos ao nosso
redor. Então, basicamente, é sua culpa que não recebi
nenhuma sobremesa. Esse bolo também parecia muito bom.
— Não há como deixar você me culpar por isso. —
Atravesso o estacionamento em direção ao oceano onde ficam
nossos quartos.
— Encare isso, Rylee. Você fez as jogadas, tem que pagar
as consequências.
Balanço a cabeça, humor no meu sorriso. — Você é
iludido.
Ao subir os degraus para os quartos do segundo andar,
sinto Beck colado em mim. É impossível não senti-lo tão perto
de mim porque a presença dele é maior que a vida.

Quando chego ao meu quarto, viro-me para Beck para


encontrar seus olhos fixos nos meus, seu corpo vibrando com
necessidade.
— Você vai dormir, Rylee? — Sua voz passa sobre mim
como um arrepio emocionante, e arrepios formigam sobre
minha pele.
— Eu estava pensando sobre isso.
Ele dá um passo à frente e leva a mão à minha bochecha,
onde ele segura meu rosto. — Você realmente vai dormir?
Concordo, mordendo meu lábio inferior. Odiando que não
posso ser mais ousada, que deixei meus nervos e cérebro
assumirem o controle.
— OK. — Ele pressiona um leve beijo na minha cabeça e,
embora o gesto seja simples, muito Beck, isso me toca
profundamente. É um beijo que diz que valorizo você e quero
ser valorizado. Eu quero ser valorizada por ele. — Tenha uma
boa noite.
E antes que eu possa entender o que está acontecendo,
Beck está entrando no quarto de hotel, me deixando sem
palavras.
O que acabou de acontecer?
Eu interpretei mal a noite inteira?
Quero dizer, a insinuação sexual, o toque, os leves beijos
aqui e ali... eles foram todos por nada?
Mais confusa do que nunca, abro a porta do hotel e
guardo minha bolsa. Eu olho no espelho. O cabelo está todo
no lugar, talvez um pouco mais liso que no início da noite, mas
ainda com boa aparência. Eu sorrio, mostrando meus dentes
e me certificando de que não há nada neles. Testo meu hálito
e tudo parece estar correto, então por que diabos Beck está no
quarto dele e eu no meu?
Virando-me para a minha cama, zombo dela. Embora
pareça muito acolhedora, toda aconchegante e almofadada,
não desejo descansar minha cabeça agora. Em vez disso, vou
para a varanda para ouvir o oceano. Preciso de algo para
acalmar meus nervos.
Abro a porta de correr de vidro e sou atingida pela
umidade da noite. Eu deveria estar acostumada com o clima
depois de dançar por pelo menos uma hora, mas agora parece
mais sufocante do que nunca, mesmo com a brisa do mar
subindo.
Suspirando, vou sentar na minha cadeira quando ouço:
— Pensei que você fosse dormir.
Assustada, pulo no lugar e encontro Beck encostado na
parede da varanda, sem camisa, calça parcialmente aberta.
Tão, tão sexy.
— Deus, você me assustou.
Ele se afasta do seu lugar e caminha até o corrimão que
divide nossas varandas segurando o metal preto.
— Não quis assustar você. — Ele lambe os lábios e olha
para os meus. — Não conseguiu dormir?
— Nem tentei.
— E por que isso? — Ele está procurando por respostas.
Isso é muito mais difícil do que eu pensava, mas tento me
expressar como nunca antes.
— Porque pensei que minha noite terminaria de maneira
diferente.
Sem esforço, Beck pula por cima do corrimão e se inclina
contra ele, ainda mantendo distância. Braços cruzados sobre
o peito, os peitoral inchados como eu nunca vi antes, ele
pergunta: — E como você viu sua noite terminando? Suponho
que não seja perseguida por convidados irritados do
casamento.
— Na verdade não. — Ainda de salto eu bato levemente
no chão e digo: — Estava meio que esperando que esse cara do
qual não consigo ficar longe pedisse para passar um pouco
mais de tempo comigo antes de sair de manhã.
— Hmm. — Beck coça o lado da mandíbula. — E esse
cara de quem você fala, eu o conheço?
Por que ele está fazendo isso tão difícil? Eu juro que posso
ler seus pensamentos através de seu olhar intenso. Ele vai me
forçar a dizer isso.
Respirando fundo, fecho o espaço entre nós e gentilmente
corro meus dedos em seu peito. O peito dele não é desprovido
de pelos, mas o que ele tem é aparado quase todo o caminho,
de modo a ter uma sensação de barba por fazer. Eu gosto
disso... muito. Por alguma razão, é mais sexy do que um peito
completamente nu, especialmente com a força dele. Ele é todo
homem, e eu amo o jeito que ele reage ao meu toque.
— Como seria uma noite na sua cama? — Eu pergunto a
ele, minhas pernas tremendo debaixo de mim.
Seu olhar se intensifica e os cantos da boca levantam. —
Uma noite na minha cama?
Ele me puxa ainda mais perto pelos meus quadris e
empurra meu cabelo por cima do ombro, sua mão segurando
a parte de trás do meu pescoço, seu polegar fazendo círculos
lentos ao longo dos meus tendões.
— Exigente, implacável... sem fim. Você sente isso, Rylee,
essa atração entre nós, a atração que você está combatendo
desde que me conheceu? Se você pisar no meu quarto, vai
queimar. Eu não vou ser gentil. Não poderei me segurar, pelo
menos não na primeira vez.
Eu respiro audivelmente quando sua mão faz contato
com as tiras do meu vestido e ele começa a soltá-la s.
— Beck...
— Diga-me para parar e eu irei, mas juro por Deus, Rylee,
se você disser sim, eu vou te foder até de manhã.
Esta noite será considerada a melhor noite da minha
vida.
— Foda-me.
Um gemido parecido com um de urso sai da boca de Beck
quando ele pula de volta sobre o corrimão e depois me alcança,
me levando em seus braços.
Oh, olá.
Quando Beck nos leva para o quarto, ele fecha a porta de
vidro deslizante, me coloca de pé, depois me gira e gentilmente
me empurra contra a porta, minhas mãos pressionando contra
a barreira fria.
Ele desfaz a parte de trás do meu vestido e, em um
movimento rápido, a roupa cai no chão, deixando-me apenas
de calcinha de renda e saltos.
Beck pressiona a mão na minha região lombar e fala
comigo suavemente.
— Porra, Rylee. Estou esperando demais para ver como
seus seios ficam pressionados contra esta janela. Me imaginei
fodendo você contra isso, ouvindo você gemer meu nome até
gozar, então… — ele arrasta os dedos pela minha bunda... —
te levava contra a cama, suas mãos segurando a cabeceira,
seus seios saltando a cada impulso que tiro de você. Mas tudo
isso pode esperar porque, no momento, preciso saber seu
sabor.
Enganchando os dedos na minha calcinha, ele a desce e
a empurra pelas minhas pernas até que cai no chão também.
Eu a chuto para longe junto com o meu vestido e fico nua,
esperando Beck.
Eu o sinto recuar por um segundo antes de voltar e
gentilmente afastar meus pés. Ele se agacha atrás de mim, com
as mãos na minha bunda, quando ele puxa meus quadris e se
agacha debaixo de mim.
Oh Deus, isso... é demais...
Eu nunca quis algo tanto quanto quero Beck agora.
Preciso dele agora.
CAPÍTULO QUATORZE
BECK
Porra.
Inferno do caralho.
Limpo a mão no meu rosto e absorvo Rylee por trás. Da
inclinação de suas costas, à redondeza de sua bunda perfeita,
às pernas tonificadas apoiadas naqueles saltos assassinos...
Ela supera todas as fantasias que tive dela.
Agachando-me atrás dela, afasto suas pernas para
acomodar meus ombros largos, depois deslizo embaixo dela.
Olhando para cima, sou recebido pela pressão dos seios contra
a janela, junto com as mãos, segurando-a no lugar.
— Você gosta da ideia de alguém nos pegar? De alguém
vendo o prazer que lhe trago, Rylee?
Seu peito sobe e desce rapidamente, sua barriga se move
junto com cada respiração.
Eu levanto meus dedos levemente por dentro de suas
pernas, maravilhada com sua pele sedosa. — Responda-me,
Rylee. Você gosta da ideia de ser pega?
— Sim. — Ela responde sem fôlego.
— E se formos? E se alguém de baixo nos encontrar? O
que você vai fazer?
Meus dedos continuam subindo pelas pernas dela até
chegarem à junção de suas coxas. Esfrego meus polegares
perto de sua área sensível, provocando-a levemente,
torturando-a.
— Eu... não sei.
Chego mais perto, minha boca avançando, seca pra
caralho, desesperada por uma passada, um gosto dessa
mulher que me jogou em uma queda livre de tesão lasciva
desde que cheguei em Key West.
— Não é a resposta que estava procurando. — Eu tiro
minhas mãos e recuo, o que a faz gemer de decepção. Ela move
os quadris para a frente, mas a seguro parada.
— Beck, por favor.
— Impaciente. Isso significa que você está molhada para
mim?
— Deus… sim. — Ela bufa.
Querendo ver o quão molhada, levo meus dedos para sua
fenda e os pressiono levemente por dentro. Meus dedos
deslizam com facilidade. Porra... tão molhada.
— Merda, Rylee.
— Eu te disse. — Desespero. Amo isso. — Por favor, não
me faça esperar mais.
Avançando de novo, levanto minhas mãos por suas coxas,
espalhando-as ainda mais até alcançar sua boceta. Com meus
polegares, eu a abro. Brilhante e tão bonita. Sua respiração
acelera ainda mais, um gemido leve escapando de seus lábios
carnudos.
— Diga-me, Rylee. Diga-me o que você faria se alguém
nos pegasse.
Outro gemido, este quase sofrido. Me chame de idiota,
mas adoro o quão torturada ela está se sentindo agora, porque
eu sei que em poucos minutos, depois que responder à
pergunta, ela se sentirá muito bem. Para encorajá-la ainda
mais, sopro levemente seu clitóris, fazendo seus quadris
empinarem.
— Porra, eu gritaria seu nome. — Ela responde. —
Gostaria que soubessem quão bem você me faz sentir.
Se não estivesse tão duro agora, teria crescido pelo menos
mais dois centímetros depois dessa resposta, da tensão em sua
voz. Estou tentado a manter uma mão no meu pau,
acariciando-o com cada lambida da minha língua. Quero que
ela me segure, sinta minha circunferência, me provoque como
estou a provocando.
— Beck, por favor... por favor.
Sorrindo como um idiota, estendo a língua e gentilmente
agito seu clitóris. O primeiro gosto, porra, é bom “viciante” e
bloqueia tudo o que está ao nosso redor. A sala fica preta,
minha visão periférica embaçada, minhas intenções focadas
em uma coisa e uma coisa apenas... comer essa mulher.
Mergulhando para a frente, dou-lhe uma longa e lânguida
lambida ao longo de toda a sua fenda.
Lento, rápido, lento, rápido, movimento, golpe, beijo...
chupada.
— Oh merda, Beck, oh Deus... sim. — Seus joelhos
começam a bater contra meus ombros, seu corpo tremendo
sob minhas mãos.
Faço uma pausa, afastando o rosto, querendo ver até
onde ela foi.
— O-o que você está fa-fazendo?
Eu movo meu polegar e corro levemente ao longo de sua
boceta, adorando como está molhada. Acho que nunca estive
com uma mulher tão molhada, tão excitada.
— Você está perto, não é? Você está latejando?
— Palpitando. — Ela respira fundo. — Você está me
mantendo no limite?
— Talvez. — Pressiono seu clitóris e sua cabeça voa para
trás, seu gemido é tão alto que fico tão desconfortavelmente
duro. Eu preciso de algum tipo de alívio, então agarro meu pau
e aperto a base com força. Assobio entre os dentes antes de
pressionar minha boca contra ela novamente.
Desta vez, estou faminto pra caralho. Apertando meu
pau, mergulho minha língua, lambendo-a. Um suor frio brota
sobre minha pele, minhas bolas doem e minha boca está
pegando fogo com a rapidez com que estou trabalhando minha
língua ao longo de seu clitóris, implorando para que ela se
alivie.
— Porra… poooorra. — Os quadris de Rylee batem
levemente contra o vidro enquanto se movem com a minha
língua e ela grita, o som ecoando em nosso pequeno quarto. —
Deus, oh Deus, sim.
Ela continua a mover seus quadris, enterrando-os na
minha boca. Minha mão ainda segura meu pau, minha língua
passeando até que ela diminui seus movimentos.
Não perco tempo e fico em pé e a pego em meus braços
apenas para jogá-la na cama. Seus cabelos pretos caem sobre
o rosto, mas no momento em que ela afasta do caminho, me
encontro com os olhos mais bonitos e declarados que já vi.
Ela respira fundo e olha para mim, demorando mais
tempo na minha ereção. Juro por Deus que, se os olhos
pudessem sorrir, os dela o fizeram. E essa língua maldita dela,
lambe os lábios quando as pernas caem para o lado, os saltos
tirados na transferência para a cama.
Eu aceno com a cabeça e digo: — Suba mais e pegue a
cabeceira da cama.
— E se eu não quiser?
Começo a acariciar meu pau, meu corpo formigando com
cada passada da minha mão.
— Então não tenho problema em me agradar na sua
frente.
— Isso não funciona apenas quando as mulheres fazem
isso? — Ela passa a mão na boceta molhada. Meu queixo
enrijece.
Não querendo parar, continuo acariciando e fecho os
olhos para obter efeito. — Diga você.
Eu gemo pela pressão e quando abro meus olhos, ela
corre de volta para a cabeceira da cama e agarra.
Tão ágil. Adoro isso.
— Linda. — Eu digo, inclinando-me sobre ela por um
breve segundo para colocar um beijo casto em cada um de seus
mamilos. Recuo para a minha bolsa, pego uma camisinha e a
jogo na mesa de cabeceira.
— Vou avisar você agora. Não vou ser gentil.
Provavelmente também não terei muita elegância, mas
prometo que, depois do primeiro turno, ficarei melhor.
Eu passo a mão na minha cabeça. — Você me deixou tão
maluco, que se eu não entrar em você logo, vou perder a
cabeça.
Sorrindo, ela diz: — Então o que você está esperando?
Ela abre as pernas ainda mais e minha boca fica com
água. Eu preciso dessa mulher. Preciso tanto dela.
Pegando a camisinha, eu a abro e coloco, observando
como seus olhos nunca se desviam do meu pau.
Duro como pedra, pairo sobre ela e pressiono a cabeça do
meu pau através de sua fenda, apertando meus olhos com
força.
— Rylee, porra...
Eu bato meus lábios nos dela e justamente quando acho
que posso ser muito áspero com a minha boca, ela combina
com cada golpe da minha língua. Combinamos, nossas bocas
se fundindo, ambas lutando por mais, ambas implorando por
mais. Seus quadris levantam contra os meus, seu centro
provocando a porra do meu pau, quente e macio, atraente.
Com minha língua deslizando pela dela, seguro um de
seus seios e aperto, pegando seu suspiro na minha boca.
Sonhei com esses peitos por dias. Meus dedos encontram o
mamilo já enrugado. Eu rolo o nó rosa entre meus dedos,
amando seus movimentos involuntários do quadril.
— Eu quero tocar em você, Beck.
Começo a brincar com o outro mamilo. Os seios dela não
são enormes, mas também não são pequenos. O punhado
perfeito.
— Toque-me então.
Movendo as mãos pelos meus cabelos, pelo meu pescoço,
pelas minhas costas, passando pela inclinação da minha
bunda, ela agarra minhas bochechas e começa a esfregá-las
contra sua pélvis. Eu acidentalmente aperto muito forte seu
mamilo com a sensação de sua boceta pressionada contra meu
pau. Ela chia, mas depois me beija levemente.
— De novo. Ela pede, tão inocentemente que não consigo
deixar de ouvir seu pedido. Aperto o mamilo novamente, desta
vez um pouco mais forte. Um assobio agudo escapa de seus
lábios quando suas costas se arqueiam do colchão, a
expressão de prazer absoluto cruzando suas feições.
Merda, não posso me segurar agora.
— Eu preciso estar dentro de você. — Agarro meu pau
dolorido e o coloco na frente de sua entrada. Com um golpe
suave, eu me aperto nele. — Porra, você é tão apertada.
Ela respira pesadamente, os olhos arregalados agora. —
Você é… tão… diferente.
Rindo baixinho, meus quadris se movendo suavemente
para frente e para trás, eu digo: — Espero que seja uma coisa
muito boa.
— Tão bom. — Ela levanta as mãos na cabeceira da cama
e com um leve beijo nos meus lábios, ela sussurra: — Foda-
me, Beck.
Derretendo em nosso toque, me preparo na cama e
começo a mover lentamente meus quadris para dentro e para
fora dela, olhando para a nossa conexão, amando o quão
profunda ela pode me levar, como suas pernas estão tão
abertas que a cada pulso dentro ela, chego ao fundo.
Tão quente.
Tão apertada.
Tão sexy.
Todo pequeno gemido que passa pelos lábios de Rylee é
como um choque elétrico direto para o meu pau, me
estimulando, dirigindo meus quadris cada vez mais forte.
Esfrego contra sua pélvis, girando a cada impulso, tentando
atingir todos os pontos certos, e pelo olhar de puro êxtase em
seu rosto, estou fazendo exatamente isso.
— Mais. — Ela pede enquanto as mãos se movem para os
seios e beliscam os mamilos.
Não haverá nada disso. Abaixando a cabeça, deslizo sua
mão para fora do caminho e pego um de seus mamilos na
minha boca, onde mordo o nó inchado. Ela levanta da cama,
seu movimento apertando com força em volta do meu pau.
Oh merda.
— Faz… isso de novo. — Eu resmungo, meus olhos
parecendo que estão prestes a revirar na minha cabeça.
Sem pausa, ela se aperta em volta de mim, uma, duas,
três vezes.
E sou um caso perdido.
Um gemido gutural me escapa quando meus quadris
param e Rylee pulsa ao meu redor, me ordenhando com tanta
força que minha visão fica preta. Tudo o que ouço são seus
gritos de êxtase quando mordo seu mamilo mais uma vez, meu
orgasmo assumindo o controle.
Minhas bolas doem, meu pau lateja, meu coração bate
incontrolavelmente no peito enquanto tento recuperar o fôlego.
Bufando, suando e completamente saciado, mal me
levanto e olho para Rylee, olhos fechados e um belo sorriso em
seu rosto.
Querendo ver aquelas infinitas poças de azul, dou um
leve beijo em cada pálpebra. Eles se abrem e ela encontra meu
olhar.
Absolutamente linda.
Linda. Pra. Caralho.
Lambendo o lábio superior, ela diz: — Isso foi… incrível.
Em vez de responder, eu a beijo, para ter certeza de que
isso é real, que o que acabamos de experimentar não era um
sonho, que realmente tenho essa mulher inegavelmente
incrível em meus braços. Na minha cama.
Sua mão enrola no meu pescoço, seu polegar brincando
com os fios curtos do meu cabelo. Quando me afasto, beijo seu
nariz e vou para o banheiro, onde descarto a camisinha.
Quando volto para a cama, Rylee está sentada, examinando o
quarto, com um olhar inseguro no rosto.
Bem, não por muito tempo.
Atacando-a, eu a deito no colchão, agarro-a firme,
colocando seu corpo contra o meu.
— Oh, isso está acontecendo? — Ela pergunta, parecendo
leve e brincalhona.
— O que? De conchinha com você? Sim, está
acontecendo. Mas só até que possa recuperar um pouco de
força e, então, minha sexy, Atrevida, vou te tomar com calma
e devagar, fazendo você gozar várias vezes.
— Terrivelmente confiantes, não estamos?
— Atrevida, pela maneira que você reage tão
apaixonadamente ao meu toque, não tenho dúvidas em minha
mente.
Nenhuma resposta, apenas um resmungo baixo e um
suspiro contente.
Estou ali mesmo com ela.

***

Há um farfalhar ao meu lado, e mal registro o som no meu


coma induzido por sexo. Não é até sentir uma brisa fresca e
percebo que estou sozinho. Espreitando um olho, vasculho o
quarto e encontro Rylee do outro lado da porta de vidro
deslizante, fechando-a silenciosamente.
Ela está indo embora?
Mal levanto minha cabeça para olhar as horas. Cinco da
manhã. Merda, o voo dela é cedo. Arrastando meu corpo para
fora da cama, sentindo dores satisfatórias da noite passada,
visto um short que está pendurado na minha mala e ando,
batendo meu dedo na cadeira.
— Foda-se, foda-se, foda-se.
Eu danço por um segundo, xingando até meu dedo do pé
parar de latejar. Mancando como um idiota, saio para a
varanda bem a tempo de ver Rylee fechar a porta. Antes que
ela possa trancá-la, agarro a maçaneta e a abro.
— Ah, o que você está fazendo? — Ela pergunta
assustada.
— Desculpe. — Eu digo, meu dedo do pé ainda latejando.
— Eu não quis assustar você.
— Ah, tudo bem.
Ela mal usa o vestido da noite passada e os sapatos estão
presos ao peito. — Você deveria estar dormindo, Beck.
— Sim, e você deveria estar ao meu lado. — Dou um passo
à frente quando ela suspira.
— Eu tenho que me preparar para o meu voo. Não tenho
mais que dez minutos antes de ligar para o Uber. Meu palpite
é que Victoria está a caminho daqui para garantir que eu saia
deste quarto a tempo.
Soa como Victoria.
Desajeitadamente, fico lá, tentando descobrir o que dizer.
A noite passada foi… porra, não sei. É o tipo de noite que
você nunca esquece. Foi o tipo de noite que muda sua maneira
de pensar.
Entrando nesta viagem, eu queria me divertir e, se
conhecesse uma garota, ei, bônus. Não tinha intenção de
deixar esta ilha com nenhuma garota em minha mente. Mas
depois da noite passada, depois desses últimos dias, eu sei que
não há nenhuma maneira de dizer adeus a Rylee agora.
Eu quero mais dela.
Sinto que estamos começando algo novo, não fechando a
porta em um breve capítulo de nossas vidas.
Parecendo desconfortável, Rylee mexe no lugar.
— Ah, que bom que nós tomamos banho cedo esta
manhã, hein? — Ela puxa os cabelos. — Eu posso me vestir
direto em roupas de avião e ir.
Ignorando sua conversa fiada, dou um passo à frente e
digo: — Rylee, precisamos conversar.
Antes que ela possa me deixar colocar mais alguma coisa,
ela balança a cabeça. — Não precisamos conversar, Beck.
Vamos apertar as mãos, agradecer um ao outro pela noite
incrível e seguir caminhos separados.
— E se eu não estiver pronto para seguir o meu caminho?
Suspirando pesadamente, Rylee começa a se mover pelo
cômodo, coletando seus pertences e empurrando-os em sua
bolsa enquanto fala comigo.
— Beck, não seja ridículo. Desde o início, sabíamos que
isso era apenas uma pequena aventura em Key West. Não seja
esse clichê, querendo mais depois de uma aventura prometida.
Vamos.
— Clichê? Que diabos você está falando?
Tirando o vestido e deixando cair no chão, ela
descaradamente se despe na minha frente e começa a se vestir
uma legging, sutiã esportivo e camiseta de mangas compridas.
Não posso deixar de olhar, admirar mais uma vez antes que
ela vá embora.
— Isso acontece em todos os filmes. A promessa de um
período de férias e, em seguida, um dos amantes quer mais.
Não podemos deixar como está e terminar? Por que complicar
as coisas?
Ficando um pouco bravo, eu digo: — Talvez porque eu
queira mais. Talvez porque queira ver onde isso pode ir.
Ela joga o cabelo em um coque alto, seus fios pretos e
sedosos se unindo. — Não seja ridículo, Beck. Eu moro no
Maine, e você mora no sul da Califórnia. Não podíamos viver
em mais dois lados opostos do espectro.
— São apenas quilômetros.
Ela embala sua mochila pequena com o telefone, laptop e
carteira.
— Muitos quilômetros.
— Algo que podemos resolver facilmente.
Ela balança a cabeça e fecha todas as malas, encerrando
essa conversa, especialmente com o que ela diz a seguir.
— E quanto a todo o espaço entre nós, não fisicamente,
mas mentalmente? Há partes de você que você não me abriu,
como por que você não bebe e quem é essa garota Christine. E
há partes de mim que você não conhece, partes sombrias da
minha vida que, francamente, não estou disposta a
compartilhar.
Ela me deixa perplexo aí. Há partes minhas que não
compartilho porque tenho muita vergonha de compartilhá-la s
com alguém novo. Sim, virei uma nova folha na vida, mas
ainda não me sinto confortável com o homem que costumava
ser, nem quero compartilhar essa parte da minha vida, a parte
que fechei do mundo exterior.
Cal é o único com quem realmente falo sobre isso, mas é
só porque ele não me deixa esquecer, porque no minuto em
que você esquece é o minuto em que você pode se encontrar de
volta no mesmo lugar. É o que ele sempre me diz.
Há uma batida na porta dela. — É melhor você estar
acordada e pronta para ir. Você sabe que gosto de chegar cedo
ao aeroporto! — A voz de Victoria soa do outro lado da porta.
Encolhendo os ombros, Rylee me dá um sorriso triste,
pega a mochila e começa a rolar a mala para a porta.
— Então é isso? — Eu pergunto, sem saber o que mais
dizer.
Toc. Toc. — Rylee, vamos lá.
— Sim, Beck, é isso. — Ela abre a porta para uma Victoria
impaciente. — Me dê um segundo.
— Nós não temos... — Victoria me vê e seu rosto se
suaviza. — Eu vou, ah, pegar um Uber.
Virando-se, sua mala rodando atrás dela, ela desaparece
pelo corredor externo, proporcionando-me alguns minutos
extras com Rylee.
Soltando a alça da bolsa, Rylee se aproxima de mim e
passa os braços em volta da minha cintura, me puxando para
um abraço. E quando ela olha para mim, aqueles olhos azuis
cristalinos dela me cativando, uma pontada ou tristeza me
atinge no estômago.
Isso é realmente um adeus?
— Obrigada por tudo, Beck. Obrigada pela diversão, pelas
lembranças, — ela sorri timidamente, — pelos orgasmos.
Recuando, ela agarra minha mão e diz: — Obrigada por
me mostrar como me soltar e me divertir novamente. Você
desbloqueou uma parte de mim que não via há um tempo. —
Ela aperta minha mão e coloca mais distância entre nós,
afastando-se para sua mala. — Tchau, Beck.
Abrindo a porta novamente, ela me dá um último olhar
antes de sair do quarto.
É realmente assim que isso vai acabar? Com um abraço
rápido e um agradecimento? Depois dos últimos dias que
compartilhamos juntos, é isso mesmo?
Foda-se, eu não quer que seja. — Espere!
Eu grito, puxando-a de volta pelo braço. Aperto minha
mão na parte de trás de seu pescoço e trago sua boca para a
minha, onde coloco beijos doces em seus lábios. Suas mãos
envolvem meus braços e ela combina cada movimento da
minha boca na dela antes de se separar.
— Eu tenho que ir. — Ela pressiona os dedos na boca.
Com um último olhar em minha direção, ela diz: — Tchau,
Beck, — e sai do quarto e da minha vida.
Para sempre.
Porra.

***

— Cara, você mal falou uma palavra o dia todo. — Chris


diz enquanto recolhe a embalagem do cheeseburger. — Eu
deixei quieto durante o primeiro voo porque deixar o paraíso é
uma merda, mas agora que estamos esperando o nosso
segundo e você não quis um hambúrguer do Five Guys, estou
começando a me sentir um pouco preocupado.
— Só não estou com fome. — Eu digo, olhando para o
meu telefone.
— Não estou acreditando nisso, — diz Chris com a boca
cheia. — Você deixou algo no hotel? Um carregador? Cara,
podemos comprar um novo, vai ficar tudo bem, amigo. — Chris
me dá um tapinha no ombro com a mão gordurosa.
— Não deixei meu carregador.
— Oh... bom então. Quer comprar barras de chocolate?
Estou desejando uma barra de amendoim agora, isso e um de
amendoim crocante. Você já comeu um desses?
— Não quero, cara. — Eu aceno para ele e vasculho meus
textos, o nome de Rylee aparecendo com cada rolagem de um
lado para o outro.
— Nem mesmo um de caramelo?
— Deixe-o em paz! — Diz Justine, finalmente tirando a
cabeça do iPad. — Você não vê que ele está chateado por ter
que dizer adeus a Rylee?
Inclinando-se para mim, ela acrescenta: — A propósito,
ela é uma autora fantástica.
E eu não sei, porra? Eu li no avião o livro que comecei
outro dia. Não se trata apenas de sexo; é sobre o enredo
convincente com personagens quebrados. É lindo como ela
pode expressar tanto com palavras.
— Oh, isso é uma coisa da Rylee. Cara, eu pensei que
vocês estavam só se pegando.
— Estávamos. — Recosto-me na cadeira desconfortável
do aeroporto e passo a mão pelo rosto, tentando tirar de mim
os pensamentos de Rylee, mas nada parece funcionar. Ela está
gravada no meu cérebro.
— Mas… — Chris me empurra a dizer mais.
— Eu não sei, cara, o que você quer que diga? Que sinto
falta dela? Que gostaria que houvesse mais em nosso pequeno
encontro do que um casto adeus esta manhã?
— Talvez?
Justine dá um tapa no braço de Chris. — Não seja idiota.
Seja amigo.
— Ai. — Ele esfrega o braço. — Você e eu sabemos que
não sou bom nesse tipo de merda delicada. Deixe-me aquecer
antes de começar a me bater.
É divertido viajar e sair com um casal, já mencionei isso?
Especialmente um casal que está junto há pouco mais de dez
anos.
— Não há necessidade de falar sobre isso. — Eu o
interrompo antes que ele possa tentar me abrir mais do que eu
quero. — Estou bem, apenas tentando sair do modo de férias.
— Vê? — Chris faz um gesto para mim. — Ele está saindo
do modo de férias.
Justine revira os olhos e empurra Chris para fora do
caminho. — Você é tão obtuso. Faça um favor a todos e vá
pegar suas barras de chocolate e alguns pretzels com
cobertura de chocolate para mim, com iogurte para Beck. Ele
os quer para o voo.
Justine me conhece muito bem.
Tomando bem a ordem, e provavelmente querendo se
afastar dessa conversa o mais rápido possível, ele sai, um de
seus guardanapos de hambúrguer grudados nas costas do
jeans.
— Deus, ele é um desastre. — Justine ri. — Não sei por
que o mantenho por perto.
— Nem eu.
Justine coloca a mão no meu joelho e me obriga a
encontrar seu olhar.
— Conte-me tudo e não tente me enrolar dizendo que não
há nada a dizer. Eu não nasci ontem, Beck. Sei quando você
está se recuperando de alguma coisa e, no momento, está
despencando. Fale comigo.
Há algo que você precisa saber sobre Justine. Ela é muito
boa em conseguir o que quer. É o jeito que ela fala baixinho
com você, mas com uma atitude sem besteira. A combinação é
letal e, quando você pensa que sua boca é uma armadilha de
aço, descobre seus segredos mais sombrios.
Viro meu telefone em minhas mãos. — Eu não esperava
gostar dela tanto assim.
— Vocês tinham um tipo interessante de conexão. Eu
gostava dela.
— Concordo. — Inclino minha cabeça para trás e olho
para o teto. — E não consigo descobrir se a conexão era pelas
férias e pelo mesmo estado de espírito, ou se realmente tivemos
essa atração cósmica um pelo outro.
— Qualquer um pode estar no mesmo estado de espírito,
especialmente quando se trata de férias, mas definitivamente
havia algo entre vocês dois. O que você tinha não era o modo
mágico de férias, era mais profundo do que isso.
— Mas como foi mais profundo? Nós apenas roçamos a
superfície quando conversamos sobre as coisas. Como ela
apontou tão brutalmente quando saiu, há coisas na minha
vida que ela não sabe, algumas coisas sombrias e vice-versa.
Pelo que parece, nós dois estávamos nos escondendo,
enquanto desfrutávamos um ao outro ao mesmo tempo. Como
isso é profundo? Parece mais superficial para mim. Talvez ela
esteja certa, talvez realmente tenha sido apenas uma aventura.
Justine balança a cabeça.
— Você sabe que se conectar em um nível mais profundo
não se trata apenas de falar sobre seu passado e as partes
sombrias de suas vidas, porque esse é apenas uma pequena
parte de sentir algo mais profundo com outro humano.
Conectar-se com outra alma é complementar o senso de
humor, o lado aventureiro e, é claro, a química sexual. Ao
observar vocês dois nos últimos dias, todos os três quesitos
estavam cobertos.
Eu não posso discutir com ela. Me conectei com Rylee
mais do que qualquer outra mulher, até mesmo Noely. E talvez
isso fosse assustador para ela, se sentisse a mesma coisa.
Suspirando, eu digo: — Isso é legal no todo, mas isso não
importa. Ela realmente não quer nada comigo depois de Key
West.
— Ela disse isso?
Eu concordo.
— De uma maneira muito mais agradável, mas essa era
a essência. Para ela, foi uma aventura, o que é justo, porque é
tudo o que deveria ser.
— Mas foi muito mais para você.
Desde o primeiro momento que a vi.
Concordo de novo.
— Inferno, eu não quero que seja. Não estou pronto para
expor outra pessoa ao meu mundo, especialmente Rylee, mas,
porra, há uma dor agitando minhas entranhas, me dizendo
que deixá-la ir embora foi um grande erro.
— Bem! — Justine bate palmas. — Oh, é tão romântico
ver todos vocês amarrados.
Eu reviro meus olhos. Não surpreende que Justine esteja
ficando tonta. Desde que voltei à vida, ela torce para que eu
conheça alguém. Foi uma das principais razões pelas quais
tentei fazer o namoro às cegas seis meses atrás. Depois que
isso não deu certo, ela continuou me incomodando para tentar
novamente, mas não estive confortável ainda para fazê-lo.
Estou começando a pensar que talvez nunca esteja no estado
de espírito certo.
— Não estou falando de casamento aqui… — Continuo.
— Eu queria falar mais com ela, sabe? Tipo ver onde isso
poderia nos levar.
— Isso é justo. O que está te segurando?
Eu olho para o meu telefone novamente. — Há quase
cinco mil quilômetros nos separando.
— E? Você não tem nada te prendendo em LA. Quem
sabe, talvez se isso for sério, você pode encontrar uma pequena
galeria de arte para pintar. Não permita que fatores pequenos
e insignificantes o impeçam de buscar algo que possa ser
incrível.
Faço uma pausa para pensar nas palavras dela, enquanto
Chris avança. — Eu tenho as mercadorias. — Ele cai entre
Justine e eu. — Nós entendemos tudo?
— Sim, Beck vai atrás da garota.
— Ei, eu não disse isso.
— Oh, por favor! — Justine zomba. — Está escrito em
todo o seu rosto. Pare de deixar seu cérebro negar e deixe seu
coração assumir a liderança. — Ela aponta meu telefone. — Vá
em frente, mande uma mensagem para ela. Você sabe que
quer.
Eu quero, desesperadamente. Tenho tentado pensar no
texto perfeito para enviar a ela que não fosse sem graça, mas
que a fizesse lembrar do tempo que passamos juntos.
— Oh, eu sou bom em mensagens de texto. Deixe-me
assumir a liderança nisso. — Chris rouba meu telefone das
minhas mãos.
Antes que Chris possa olhar para o telefone, Justine o
segura de suas mãos.
— Você é horrível em mensagens. Tudo o que você faz é
usar GIFs.
— Dos engraçados.
— Você só envia soldados do Star Wars que fazem
movimentos pélvicos.
Verdade. Se você percorresse meu telefone e clicasse no
meu tópico de mensagem com Chris, a porcentagem de textos
que você veria com um soldado transando a seco é muito alta
para adivinhar.
— Isso ocorre porque um soldado transando é uma
resposta universal. — Ele revira os olhos, como se fossemos os
estranhos. — Acredite, você vai querer que eu cuide dessa
mensagem de texto.
Enquanto Justine está ocupada dando dificuldades ao
marido, eu pego meu telefone de volta, não querendo que
nenhum deles participe da mensagem para Rylee.
— Ei, eu posso ajudar. Sou poética! — Reclama Justine.
Minhas sobrancelhas franzem. — Eu não estou
escrevendo um poema para ela. Cristo, isso seria estranho.
— Por que não? Eu gosto de rimar. Sou boa nisso. Por
exemplo… — ela limpa a garganta — Paus são duros, xoxotas
são rosadas, abra as pernas para que eu possa dar uma última
cheirada. Veja, poético e atraente.
Chris e eu olhamos silenciosamente para Justine,
totalmente confusos sobre de onde diabos esse pequeno poema
veio. E um pouco enojados…
Ela faz um gesto para nós dois. — Vê? Atordoados os dois,
imagine a resposta de Rylee. Ela voará para Los Angeles antes
que você perceba e com apenas uma coisa em mente: sua
língua.
— Pelo amor de Deus. — Chris olha em volta. — Não há
mais livros de Rylee Ryan para você. Estão transformando você
em uma pervertida.
— Por favor. — Justine ri. — Eu era uma pervertida muito
antes de começar a ler os livros dela; ela só me lembrou o
potencial que tenho dentro de mim.
— Sorte minha.
Ignorando o casal brigando, verifico meu telefone
novamente, meio que desejando que houvesse uma mensagem
de Rylee, esperando por mim. Sabendo que isso provavelmente
não vai acontecer depois de como deixamos as coisas, vou ter
que dar o primeiro passo.
Lábios torcidos para o lado, tento pensar na mensagem
perfeita...
Já sei!
Pressiono o pequeno emblema da câmera e encontro a
nossa foto na frente do helicóptero. Eu o adiciono ao nosso
segmento de mensagens de texto e digito um comentário antes
de enviar.
Beck: Não consigo parar de pensar naquele seu sorriso. O
sorriso que pude ver todos os dias nos últimos dias, o que
iluminou minhas férias, o que parece estar embaçando meu
cérebro agora.
Feliz, pressiono enviar e espero.
E espere.
E espero pra caralho.
PARTE TRÊS

PANDAS VERMELHOS E PENEIRAS DE COURO


CAPÍTULO QUINZE
RYLEE
— Rylee, isso é absolutamente brilhante. Estou
totalmente apaixonada aqui! — Diz minha agente, Aimee, ao
telefone.
— Sério? Você acha que é bom o suficiente? Eles vão
adorar?
— Não tenho dúvidas em minha mente. Você disse que
tem cerca de trinta mil palavras para escrever?
— Sim.
Aimee faz um ruído claro e diz: — Eu não passaria das
trinta. Vamos manter o manuscrito na faixa dos oitenta mil,
ok? Nos dá espaço para fazer ajustes sem arrastar a história
por muito tempo.
Desde que voltei de Key West, estou na caverna dos
escritores, batendo no meu computador, deixando as palavras
fluírem através de mim na tela. Detesto admitir, mas o plano
de Zoey de invadir um casamento foi brilhante. Estive
inspirada. Eu me apaixonei pelo relacionamento de Tiffany e
Del, e a centelha de uma história de amor ressuscitou algo
dentro de mim.
Escrevo pelos últimos cinco dias, e é revigorante. Eu não
escrevia tão rápido desde o meu primeiro livro, onde estava tão
empolgada em digitar todas as personalidades na minha
cabeça que escrevi noventa mil palavras em uma semana.
Key West foi bom para mim.
Muito bom.
OK... Eu sei o que você está pensando: Havia mais em
Key West do que o casamento de Tiffany e Del. Esse foi um
pequeno vislumbre do meu tempo na ilha mais ao sul.
E está certo, eu te ouvi. Darei crédito onde é devido... tive
um caso de férias. Percorri as ruas de Key West com um
homem jovem, todo musculoso e lindo e, sim, você quer
saber... ele me pegou encostada em uma janela, e eu não estou
brava com isso.
Mas não quero falar sobre ele.
Não porque estou chateada com ele, ou porque ele fez algo
errado, mas porque no minuto em que começo a pensar no
meu tempo com ele, meu estômago começa a se agitar com
arrependimento, arrependimento de tê-lo cortado da minha
vida.
E com cada mensagem de texto que recebo dele, meu
coração dispara no peito para ver o que ele tem a dizer. É
tortura.
Depois da foto que ele nos enviou na frente do
helicóptero... a que eu salvei no meu telefone e olho
diariamente, tive que ignorá-lo . Eu estava me sentindo muito,
ansiosa demais, e vamos lá, moramos a cinco mil quilômetros
de distância. Qual é o objetivo?
E eu quis dizer o que disse. Nós dois temos bagagem e
não tenho certeza de como isso interfere num caso. Na verdade
não. A única coisa que funciona com um caso é o sexo, e
diabos, o sexo era bom. Lamento não ter participado do sexo
mais cedo, porque mais de uma noite com ele teria sido
inacreditável.
— Você ainda está aí?
— Hã? — Balanço a cabeça. — Oh sim, desculpe… apenas
pensando em como terminar este livro.
— Ooo, quer compartilhar? — A voz de Aimee se ilumina.
— Ah… — Pense em uma trama, pense em uma trama,
pense em uma trama. — Quero manter isso em segredo por
enquanto. Surpreender você.
Aimee ri. Eu sinto que ela sabe que estive sonhando
acordada. Certamente ela deve estar acostumada a autores
que sonham acordados agora.
— Enquanto esses personagens tiverem seus felizes para
sempre, é só isso que me interessa.
Felizes para sempre. É assim que meu mundo gira e, no
entanto, luto para encontrar um. Como é irônico.
— Naturalmente. Falo com você mais tarde, Aimee.
Desligo o telefone, coloco na bolsa e saio pela porta da
frente e desço a rua.
Eu moro na menor cidade costeira do Maine. É um
destino turístico por causa dos belos faróis históricos e da
infame Lobster Landing, que é a loja de presentes mais
peculiar que você já entrou, mas é enorme e cheia de tudo o
que Maine tem de bom. Os proprietários, os Knightlys, são
para mim os prefeitos da cidade e reviveram a área com os
negócios da família. Você sabe como Chip e Joanna Gaines
colocaram Waco, Texas de volta no mapa? É assim que
acontece com os Knightlys. Embora, não nessa medida, mas
tem havido conversas pela cidade que eles também querem
expandir para um restaurante. Não será esse o assunto da
cidade? Um novo restaurante administrado pelo Knightlys.
Sim, eu comeria lá, principalmente se os meninos agirem como
garçons.
— Bom dia, Rylee. — Falando no diabo.
— Griffin, como você está?
Griffin Knightly, o mais velho dos quatro irmãos, bonito
como sempre, tem um coração de ouro absoluto. Ele é
bombeiro voluntário, trabalha na loja de sua família e foi o
galã, atleta e rei do baile de formatura treze anos atrás, e ainda
sexy como sempre.
— Bem. Preparando-me para outro dia de ritmo acelerado
na loja. Passamos a noite toda fazendo caramelo porque
levaram todos no fim de semana passado.
— Ooo, você tem mais em estoque? Talvez eu precise dar
uma passada mais tarde. Por favor, diga-me que você fez um
pouco mais do meu favorito.
— S'mores? Claro, é o nosso terceiro best-seller. Quer que
eu guarde um pedaço para você? — Atravessamos a rua,
Griffin colocando a mão no meu ombro até a estrada ficar
limpa. Sério, esse cara cuida de todos.
— Isso seria pedir demais?
— Não, nada é demais para o nossa autora de romance
residente. — Ele pisca para mim e vai em direção a Lobster
Landing enquanto eu ando em direção à cafeteria. Apontando
para mim, ele acrescenta: — Não vá mais chutar velhinhas de
suas cadeiras hoje.
— Isso foi só uma vez! — Eu lamento, odiando como as
notícias circulam nesta pequena cidade.
Rindo, ele me dá uma saudação de despedida e entra na
loja de sua família.
Se as coisas fossem diferentes, eu escolheria qualquer um
dos irmãos Knightly. Bem, não Brig e Reid, eles são um pouco
mais jovens que eu, mas Rogan e Griffin, sim, por favor...
O que me impede? Bem, é difícil de explicar, mas os
meninos acreditam que suas vidas amorosas são
amaldiçoadas. Amaldiçoadas. E, é claro, como resultado,
costumam ser assunto cidade se vistos em um encontro, ou
mesmo andando perto de qualquer mulher que não seja
membro da família. Não acredito em toda a conversa, mas sou
uma pessoa bastante reservada. Por isso, infelizmente, ser um
espetáculo para toda a costa leste, porque estou namorando
um Knightly, não é o comigo. Entrando no Snow Roast, sou
recebida por Ruth atrás do balcão e pela campainha do teto.
— Rylee, bom dia.
Há algo a ser dito sobre uma cidade pequena e todos te
conhecem. Sim, ter pessoas na sua vida é uma ruína, mas
quando sou recebido por um sorriso genuíno e um interesse
no meu mundinho, isso ilumina meu dia.
— Bom dia, Ruth. Como você está nesta manhã?
— Oh, bem. Brig Knightly estava correndo sem camisa
esta manhã. Fez algumas passagens pela cafeteria. Que vista.
— Ela mexe as sobrancelhas, fazendo-me rir.
Ah sim, Brig. Não há muito o que se dizer sobre Brig além
de “nham, nham, nham”... *insira baba*
— Deixe-me adivinhar, você correu daqui para fora,
perseguindo-o com uma garrafa d’água para hidratação só
para que pudesse vê-lo de perto pessoalmente.
Ruth brinca com as cordas do avental que estão
amarradas na frente da barriga e fica avermelhada. — Eu
posso ter feito isso na primeira vez que ele passou aqui.
Balanço a cabeça. ― E…
— Ele apertou a garrafa antes que eu pudesse soltá-la e
jorrou água por toda parte, me encharcando. Esta é a minha
segunda roupa do dia.
Ruth mora no apartamento acima de sua cafeteria,
facilitando a troca para ela. Mas, pobre Ruth. Se alguém merece
um pouco de amor, é a garota bonita e gentil diante de mim. Brig
teria sorte de ter alguém como Ruth nos braços.
Balanço a cabeça. — Oh Ruth, você é tão doce. Ele pelo
menos disse obrigado?
— Ele sempre agradece. — Ruth começa a me servir café
na minha caneca favorita. — Mas, você sabe, seria bom se ele
parasse para conversar por um segundo.
— Durante o treino dele?
Ela me entrega a xícara de café, e o cheiro dos grãos
recém-moídos me atinge, inflamando meus sentidos, me dando
uma sacudida para iniciar meu dia.
— Bem, você sabe, seria bom conversar.
Eu deslizo uma nota de dez dólares para ela e digo
— Ruth, se quiser falar com ele, vá na loja ou no Har-bar.
—Entendeu? Harbor, mas disse com sotaque de Boston. É o
pub local da cidade, o Har-Bar
— Oh não, eu nunca iria. — Ela balança a cabeça e
começa a limpar o balcão. Mudando de assunto rapidamente,
ela diz: — Você precisa digitar algumas palavras hoje?
Renunciando à conversa anterior, concordo. — Não
preciso sempre?
— Bem, deixe-me saber se você precisar de alguma coisa.
— Ela acena para o meu canto especial. — Sua cadeira de sexo
está disponível se você precisar escrever alguma dessas suas
cenas atrevidas.
Contendo o gigantesco revirar de olhos e o exalo que quer
me escapar, sorrio gentilmente. — Obrigada, Ruth.
Andando para o meu canto, ponho a xícara de café, abro
a mochila e pego o laptop no momento em que meu telefone
vibra no bolso da frente.
Depois de configurar tudo, desde os fones de ouvido ao
notebook e à garrafa de água, olho para o telefone e meu
coração começa a bater rapidamente no peito.
Beck.
Eu devo? Devo me tentar ver o que ele tem a dizer hoje?
Ou devo ignorá-lo, evitando toda tortura?
Hmm...
Com quem estou brincando? Eu abro a mensagem como
se estivesse prestes a detonar em dez segundos se não a ler.
Beck: Bom dia, Rylee. Você sabia que às vezes tenho que
acordar ao amanhecer para poder entrar em exposições para
retoques antes que os frequentadores do parque cheguem? Hoje
eu vou estar na exposição dos pandas vermelhos. Eles tiveram
bebês há alguns meses e estamos preparando a exposição para
a chegada deles. Como se fosse um bem-vindo à sua nova
pintura de casa. O que está rolando contigo?
Sou só eu, ou é super sexy que esse homem não pode
apenas pintar, mas está criando um berçário para bebês
pandas vermelhos?
Quero dizer, meus ovários estão chorando agora, porque
ele é quase perfeito demais. Engraçado, engenhoso, gentil,
sabe dançar... não, ele pode dançar... e sua língua... suas
mãos... seu... Pare. Não vá lá, Rylee.
Desligando o telefone sem resposta, abro o laptop e tomo
um gole no café. Ooo, ainda está um pouco quente. Vou ter
que esperar mais alguns minutos antes de engolir.
Lendo a cena que escrevi ontem, atualizo minha mente
para onde a história está indo e depois olho para o meu
telefone.
Foco, Rylee.
Respirando fundo, coloco meus fones de ouvido, ligo
minha playlist do Spotify voltada para o livro que estou
escrevendo e coloco meus dedos no teclado.
...
Ok, aqui vamos nós, comece a digitar.
...
Faça toda a digitação. Digite. Faça as palavras
acontecerem.
...
Talvez eu precise de um pouco mais de café.
Pegando minha caneca, sopro o líquido úmido e tomo
outro gole. Ok, esfriando. Isso é bom aqui.
Suspirando, olho pela janela e assisto alguns turistas
matutinos chegarem à Patty's Pancake House. Eles não vão se
arrepender de sua decisão.
Agora, observando as pessoas indo para o restaurante
dos anos cinquenta de Port Snow, divirtam-se comendo comida
que tem gosto da grelha dos fundos. Que nojo. Como esse lugar
ainda está aberto, não faço ideia. Todos os habitantes locais
ficam o mais longe possível, além da geração mais velha, que
aparentemente gosta quando a comida tem gosto de lamber
uma grade de cozinha usada.
Você vomitou na sua boca? Sim eu também.
Ok, foco. Tomo mais um gole. Vamos ao trabalho.
Uma grande fungada e um gole e estamos prontas.
Suspirando, coloco meus dedos no teclado e olho para o
meu computador.
Pandas vermelhos, como eles são mesmo? Já conectado
à Internet, abro meu mecanismo de pesquisa e digito panda
vermelho no Google.
Aww.
Olhe aqueles rostinhos pequeninos. Esses caras
deveriam ser animais domésticos.
Deixe-me ver como são os bebês.
Espero os resultados da pesquisa para...
Oh.
Meu.
DEUS!
Pare o que está fazendo e olhe para os bebês pandas
vermelhos. Olhe para TODOS os bebês de panda vermelho.
Eles são tão lindinhos, fofos e com aqueles rostos... eu só
quero esmagá-los.
Oh, olha isso. Você pode adotar um e tirar fotos deles
todos os meses. Bem, como eu NÃO posso fazer isso depois de
ver esses caras?
Eu me pergunto como são as exposições. E o que entra
em uma exposição? Essa tinta é segura para os animais? Que
tipo de pincel você precisa para criar esse tipo de textura? Isso
é uma escova de crina de cavalo? Eles ainda fazem isso? Eu
me pergunto que tipo de cavalo tem o melhor cabelo? Bem,
cavalos pretos são os mais furtivos na minha opinião. Mas
Clydesdales, que animais majestosos com seus pés peludos e
bundas gigantes. Deus, se eu fosse um cavalo, gostaria de ser
um Clydesdale. Ou eu gostaria de ser um mustang… Os
mustang são carros tão quentes, especialmente os mais
antigos. Jay Leno não tem Mustang? Ou é outra pessoa? Jay
Leno, ele gosta muito de jeans. Jimmy Fallon não usa muito
jeans, pelo menos nas fotos. Hey, Jennifer Lawrence não
estava no The Tonight Show ontem à noite...

Um buraco negro no YouTube e uma hora depois, não


tenho palavras, adquiri muita informação sobre pandas
vermelhos e sei que Jennifer Lawrence e Emma Stone são
melhores amigas. Queria que elas transformassem sua dupla
em um trio e me convidassem para entrar de braços abertos.
Acho que somos melhores amigas e elas nem sabem disso.
Meu telefone vibra ao meu lado e, sem pensar, abro para
encontrar uma foto de Beck vestindo uma camiseta branca,
um gorro cinza, pulseiras de couro e um pincel na mão
apontando para a exposição atrás dele. Ele tem a mesma
vibração que uma versão mais jovem e bonita de Colin Farrell.
Deus, ele é tão gostoso.
Tipo… gostoso que meus mamilos estão endurecendo.
Beck: Retocando algumas folhas. E em uma das folhas,
eu escrevi seu nome dentro. Conhecendo você, você
provavelmente pesquisou sobre os pandas vermelhos e está
morrendo de vontade de ver como são bonitos. Então, dei um
jeito para que você estivesse aqui com eles. Vou tirar uma foto
para mostrar a você.
Outra mensagem de texto aparece e é de uma folha
pintada na parede. Você mal pode dizer, mas escrito nas veias
da folha está meu nome, bem ali, na parede da exibição do
panda vermelho.
Inferno.
Fodido inferno.
Eu pressiono meus lábios, inclinando minha cabeça para
trás. Você ouviu isso? Aquele barulho? Sim, esse é o meu
exterior gelado começando a desmoronar.
Maldito seja ele e seus ursos pandas vermelhos. Maldito
seja ele e sua consideração. Quem faz isso?
Mordo o lábio inferior e coloco os dedos nas teclas.
Não responda, Rylee.
Não ouse começar a digitar.
Você não...
Meus dedos se movem pela tela do meu telefone.
Oh sua puta desafiadora!
Meus dedos pressionam enviar, e imediatamente me
odeio.
Isso é até ver os pontinhos aparecerem na tela, porque ele
está digitando de volta, e caramba, fico tão excitada que me
reposiciono na cadeira, me preparando para uma longa
conversa com um garoto com quem não deveria estar falando.
quando, na verdade, deveria estar escrevendo.
Mas inferno, não há como segurar mais.
Sete dias.
Vinte e uma mensagens.
Pequenos momentos nos meus dias que me fizeram
sorrir, exatamente como ele queria.
Pequenos momentos que me mostram que não sou tão
esquecível como sempre acreditei ser.
Mensagens que atingem a marca pretendida.
Conexão.
Comigo.
Ele me quebrou.
Estou rachada e exposta.
E acho que preciso que Beck me encha novamente.
CAPÍTULO DEZESSETE
BECK
Eu limpo meu rosto com as costas da minha mão. Porra,
é sufocante aqui. Um pouco de ar-condicionado não faria mal.
Eu tenho um mini ventilador portátil comigo em casos como
este, mas não está fazendo nada me refrescar.
Recostando-me, reposiciono minhas calças para que
fiquem novamente nos meus quadris e olho por cima do mural,
certificando-me de que retoquei tudo na pequena seção em que
estou trabalhando. Trabalhar em pequenas seções é a maneira
mais fácil para eu fazer o trabalho da maneira certa. Dada
minha formação, quero garantir que não haja dúvidas sobre se
o zoológico ou o museu deveria ter me contratado.
Isso não significa que não faça pausas enquanto
trabalho, especialmente quando são pequenas pausas para
enviar uma mensagem para Rylee.
Essa garota está prestes a me matar. Quero dizer, diga-
me se estou errado aqui, mas, em minha opinião, é educado
responder uma mensagem de texto a alguém quando eles
tiraram um tempo do dia para corresponder com você. Mas
nada. Uma semana de nada absoluto.
Frustrado, passo a mão pelos cabelos e decido enviar
outra foto para ela, porque por que diabos não? Já passei do
status de perseguidor com minhas frequentes mensagens, e
posso enviar mais uma para ela.
Virando a câmera para mim, tiro uma foto com meu
pincel e parte da exposição. Seguido da pequena folha em que
escrevi o nome dela. Sim, isso foi planejado para tentar que ela
falasse comigo, porque que tipo de gesto romântico é esse? Um
gentil. Tirando as grandes armas para falar com ela.
Recuando, dou a pequena seção pela qual estava
trabalhando mais uma olhada antes de passar para a próxima
seção. O lado bom da minha ética de trabalho é que, embora
eu possa demorar mais na avaliação do meu trabalho, sou
muito rápido com o pincel e tenho traços muito precisos.
E o engraçado é que eu não descobri a pintura até...
Meu telefone emite um bipe e meu corpo para. Não envio
mensagens para muitas pessoas além de Chris, e é raro
quando escrevemos mensagens. Porque ninguém realmente
quer ver outro gif de soldado da tropa star wars.
Chegando ao meu bolso de trás, pego meu telefone e olho
de soslaio para a tela. Um sorriso lento se espalha pelo meu
rosto.
Ela cedeu.
Obrigado, bebês pandas vermelhos.
Abro a mensagem de texto dela e sorrio como um idiota.
Rylee: Maldito seja, Beck Wilder. O uso de animais fofos
e gestos doces não está de acordo com as regras.
Eu solto uma risada alta e digito de volta uma resposta
rápida.
Beck: No minuto em que você se recusou a responder às
minhas mensagens de texto, todas as regras foram jogadas pela
janela. Desculpe, Atrevida.
Ninguém por perto, então me sento em uma das pedras
da exposição, abro minha caixa térmica e pego uma água.
Enquanto espero a resposta dela, sinto a água fria correndo
pela minha garganta, ajustando a temperatura do meu corpo.
Se pudesse tirar minha camisa e me banhar com a água.
Certamente os tratadores não gostariam disso.
Meu telefone emite um bipe e, assim, outro sorriso
aparece no meu rosto.
Rylee: Eu sinto que você nunca jogou de acordo com as
regras. Você está sempre pressionando o limite.
Ela me pegou.
Beck: Alguém precisa pressionar o limite para ajudar as
pessoas a romperem sua zona de conforto. Sem pessoas como
eu, o mundo seria muito chato, você não acha?
Rylee: Você é um tipo diferente de pessoa, Beck.
Beck: Espero que seja uma coisa boa.
Rylee: É uma coisa perigosa.
Beck: Você não está vivendo se não tiver pelo menos um
pequeno perigo em sua vida.
Os pontinhos aparecem, mas depois desaparecem. Ela
está fazendo uma pausa. Sinto que posso vê-la agora, sua
mente trabalhando uma milha por minuto, produzindo todas
as maneiras diferentes em que essa pequena situação entre
nós pode dar certo.
Não querendo que ela desligue novamente, digito um
texto rápido para ela.
Beck: Você está na cadeira de sexo agora?
Uma resposta imediata.
Rylee: É uma cadeira de INSPIRAÇÃO.
Beck: Hahaha. Me envia uma foto.
Rylee: Não.
Beck: Vamos lá, enviei uma foto do meu escritório. É sua
vez.
Rylee: Não acho que você mereça uma foto após suas
táticas brutais para que eu responda a você.
Beck: Táticas brutais? Não considero o envio de fotos de
uma exibição de panda vermelho brutal. Muito dramático?
Rylee: Drama é minha vida... então sim.
Beck: Pare de adiar e me envie uma foto.
Há uma pausa no texto dela, e espero que ela esteja
tirando uma selfie. Pode parecer estranho, mas porra, quero
ver o rosto dela novamente. Desesperadamente, quero ver o
rosto dela novamente.
Uma foto aparece e eu quase caio da pedra em que estou
sentado.
Que diabos?
Eu olho mais de perto e começo a rir de mim mesmo
enquanto balanço minha cabeça.
Ela me enviou uma foto, tudo bem. Ela me enviou uma
foto de seus pés malditos em uma cadeira na cafeteria. Não é
exatamente o que eu estava procurando. Então eu li o
comentário dela com a foto.
Rylee: Você queria uma foto do meu escritório. Então aqui
está. Aproveite, grandão.
Sorrio bobamente e ajusto o gorro na minha cabeça.
Beck: Mal posso esperar para enviar isso para o fetiches
por pé ponto com. *esfregando as mãos* aqui vem o dinheiro.
Autora famosa, Rylee Ryan. Eu já posso ver todo o dinheiro.
Rylee: NÃO SE ATREVA!
Eu rio ainda mais, o som ecoando na pequena exibição,
lembrando quanto tempo faz desde que realmente senti essa
leveza, despreocupação.
Faz muito tempo.
Uma semana para ser exato.

***

Isso é lindo, Beck. Parece tão fresco e limpo aqui. Os azuis


que você adicionou ao céu são incríveis, e isso dá à exibição
muito mais dimensão.
— Sim, pensei que o azul claro estava um pouco chato,
então adicionei algumas coisas. Fico feliz que você tenha
gostado, Aly.
— Absolutamente espetacular. Um lugar tão maravilhoso
para esses bebês até que eles possam ser transferidos para a
exposição ao ar livre. Isso será perfeito.
— Bom, estou feliz. — Passo a mão pela parte de trás do
meu pescoço e pergunto:
— Você vê alguma coisa que queira que eu retoque?
Passei duas vezes para garantir que estava tudo bem.
Aly, a tratadora dos pandas vermelhos, dá uma olhada,
inspecionando atentamente cada centímetro da parede. Ela
balança a cabeça. — Não, parece ótimo. — Virando-se para
mim, um olhar gentil nos olhos, ela pergunta: — Você gostaria
de conhecê-los?
— Sério? — Minha sobrancelha sobe de surpresa.
— Sim, sinto que seria bom para eles conhecerem o cara
que deixou o berçário tão bonito.
Animado, porque bem, filhotes, digo: — Diabos, sim,
quero conhecê-los.
Rindo, ela abre a pequena porta na parte de trás da
instalação, onde todo o trabalho dos bastidores acontece.
— Vamos, acho que é hora da alimentação. Talvez eu
consiga que você segure uma mamadeira.
Ela não precisa torcer a porra do meu braço.
E essa não é a primeira vez que me encontro
pessoalmente com os animais, naturalmente, sob os olhares
atentos dos tratadores. Meu primeiro encontro foi com uma
jiboia, e isso foi um pouco assustador. Mas inferno, essas
cobras são duronas. Desde então, sempre que perguntam,
sempre digo que sim. Meu menos favorito? O macaco que
cagou no meu ombro, o pequeno filho da puta. Juro por Deus,
ele pulou de cima de mim e depois riu, passando a mão sobre
a boca e tudo. Mais tarde naquele dia, pintei um dedo médio
nas folhas em sua exposição. Você não seria capaz de dizer
como visitante do zoológico, mas eu sei, e acho que esse
macaco também sabe, porque quando passo por ele, ele me
olha, com certeza querendo fazer meu ombro voltar a ser seu
banheiro.
Fui conduzido pelo corredor até uma zona tranquila, onde
havia uma placa improvisada na porta que dizia: Berçário
Panda Bebê.
Silenciosamente, Aly abre a porta e me guia para dentro.
Há dois tratadores sentados em cadeiras, cada um com um
pequeno panda vermelho macio em uma mão e uma
mamadeira na outra.
Foda-se.
Eu sou um cara muito forte, você sabe, masculino e toda
essa porcaria. Eu malho e faço todas as coisas masculinas,
mas sou um idiota quando se trata de animais. Como derreter
em uma poça, cair de joelhos e adorar as malditas coisas, se
tiver a chance.
Um olhar e estou derretendo por dentro.
— Você gostaria de segurá-la? — Uma das senhoras
pergunta.
— Foda-se, sim! — Eu respondo, não me importando de
estar xingando na frente dos bebês... ou mulheres.
Passo a próxima meia hora segurando, alimentando e
brincando com os meninos, enquanto as mulheres me
ensinam sobre os pandas vermelhos e o risco de serem
extintos. Eu tiro fotos com planos para eles mais tarde e depois
agradeço às mulheres por uma das melhores meias horas da
minha vida.
Voltando à exposição, limpo meus pincéis, lavando toda
a tinta, guardando meus suprimentos e embalando-os no
armário fornecido.
Soltando meu capacete da motocicleta de dentro do
armário, enfio-o debaixo do braço e pego meu telefone do bolso
de trás. Usando todas as armas letais que tenho, envio uma
mensagem para Rylee.
Beck: Adivinha com quem encontrei hoje?
Anexo uma foto minha alimentando Daly, um dos bebês
pandas.
Não tenho que esperar muito tempo por uma resposta, e
a resposta é incrível.
Rylee: Seu bastardo! Por que você esfregaria isso na
minha cara? OMD, ela é tão fofa.
Rindo, eu respondo enquanto caminha até a minha moto.
Beck: O nome dela é Daly, e ela amou se aconchegar em
mim. Com ciúmes?
Rylee: Claramente, eu quero segurar um bebê panda
vermelho.
Beck: Não, não estou perguntando se você está com
ciúmes de eu estar segurando um bebê panda vermelho. Estou
perguntando se você está com ciúmes de que Daly está
aconchegado em teu território.
Rylee: Meu território? Tenho certeza de que não
reivindiquei você.
Ainda rindo monto minha moto e envio a ela mais uma
mensagem antes de sair.
Beck: No minuto em que você gozou no meu pau, gemendo
meu nome, você reivindicou. Apenas esperando você reclamá-lo
.
Coloco meu capacete e estou prestes a guardar meu
telefone no bolso quando ela responde. Eu rio no meu
capacete, embaçando o escudo.
Rylee: Você vai esperar muito tempo, Wilder.

***

Beck: O que você está vestindo?


Rylee: Uma maneira tão idiota de começar uma conversa
de texto. Você pode fazer melhor do que isso.
Beck: Você acha? Eu pensei que era um bom começo, mas
como você iniciaria uma conversa de texto?
Rylee: Talvez algo como, como foi o seu dia?
Beck: Isso é muito comum. Eu queria algo diferente,
intrigante.
Rylee: Então você foi com o que está vestindo?
Beck: Bem, quero dizer, você está falando comigo agora,
então parece que está funcionando.
Rylee: …
Beck: Isso significa que você está nua?
Rylee: Isso significa que estou usando um cobertor.
Beck: … sem nada por baixo?
Rylee: Você é um abusado.

Beck: Hoje eu comi um burrito da Califórnia que tenho


certeza de que teria casado com ele se fosse legal.
Rylee: Burrito da Califórnia? O que é isso?
Beck: Ryyyyleeeeee! Porra, é tão bom, mas não melhor do
que o sua boceta, então não se preocupe.
Rylee: OMD, não diga isso.
Beck: É verdade…
Rylee: Apenas me diga o que há no burrito, Wilder.
Beck: Carne assada, creme de leite, queijo e batata frita
acompanhada de guacamole. Tão bom.
Rylee: Batatas fritas?
Beck: Sim.
Rylee: Eu te odeio.
Beck: Porque você quer um, não é?
Rylee: Desesperadamente.

***

Beck: Ontem sonhei que aquela sua lembrança de bonitão


empurrava a caixa na minha cara.
Rylee: Isso é preocupante. Você gostou?
Beck: Quero dizer, não consegui me virar.
Rylee: Muito preocupante.
Beck: O laço balançava, todo vermelho e reluzente.
Rylee: Extremamente preocupada.
Beck: Fico feliz em ver que você ainda tem sentimentos por
mim. Não aguentava me ver bater para o outro time? Eu vejo
através de você, Atrevida.
Rylee: Não é isso... maldito seja.
Beck: Pego em flagrante. Quer que envie algumas fotos
minhas sem camisa para refrear seu apetite.
Rylee: Nossa correspondência terminou por hoje.
Beck: [Foto enviada]
Beck: Olhe para esses abdominais.
Beck: [Foto enviada]
Beck: Esse sorriso, vamos lá, me diga que acha que sou
gostoso.
Rylee: Você é... Deus, você é tão gostoso.
Beck: Bingo Bango3
Rylee: Eeee isso arruinou tudo.
Beck: Sim, no minuto em que enviei o texto, sabia.
Rylee: Haha, pelo menos você pode admitir seus erros.
Beck: Honesto sempre. Especialmente com você, Atrevida.

***

— Entre! — Justine diz, parecendo mais formal do que o


nosso relacionamento casual habitual.
— Estamos tão felizes que você se juntou a nós, Beck.
Posso pegar seu capacete?
Olhando para ela com desconfiança, entrego-lhe meu
capacete e jaqueta de couro. — O que está acontecendo?
— Estamos tão felizes que você conseguiu vir jantar.
Olhando por cima do ombro, vejo Chris conversando com
uma mulher nervosa que está sentada ereta, com as mãos no
colo. Olhando de volta para Justine, me escondo atrás da
parede da entrada e digo: — Que diabos você está fazendo,
Justine?

3 Bingo Bango é o nome de uma canção dançante.


Olhando por cima do ombro, ela se inclina e sussurra: —
Essa é a Sierra. Ela trabalha comigo e ouça isso, é solteira.
— Chocante! — Eu zombo. — E o que diabos Sierra está
fazendo aqui, na sua sala, bem vestida e parecendo nervosa
pra caramba.
— Ah, você acha que ela está bem vestida? Por que você
não conta a ela? — Justine tenta me arrastar em direção à sala
pelo meu braço, mas eu estou firme no lugar.
— Por que você está tentando me arrumar uma colega de
trabalho?
Desistindo de sua tentativa de me mover, ela coloca as
mãos nos quadris e bufa. — Porque, Beck, já se passaram três
semanas desde que voltamos de Key West, e você está mal-
humorado e tudo o mais, perseguindo Rylee. No começo, estive
entusiasmada em fazer isso funcionar, mas você não pode
continuar mandando mensagens para ela e não receber
resposta. É hora de seguir em frente. Sierra é perfeita para
você. Ela gosta de arte... do tipo de arte de livro infantil, mas é
arte, e ela já andou de bicicleta antes, não de moto, mas de
bicicleta, mas perto o suficiente. E ei, ela tem peitos, então há
uma vantagem.
Reviro meus olhos. Os peitos são sempre uma vantagem,
mas não neste caso; não quero sair com a Sierra. Ela
provavelmente é uma garota legal, mas não seria justo com ela.
E talvez devesse ter contado a Justine e Chris sobre como Rylee
e eu estávamos mandando mensagens todos os dias, mas
queria manter isso guardado... por razões como esta. Ela quer
se intrometer, e não acho que esteja pronta para a inquisição
que vem junto com querer fazer parte da minha vida amorosa.
— Você me ouviu, Beck? Peitos, ela tem peitos.
— Bem ciente, Justine. — Passo a mão pelo cabelo, os
fios curtos fazendo cócegas na palma da minha mão.
— Não estou em encontros às cegas, ok? Não mais. —
Pego meu capacete, mas ela tira minha mão.
— Você não pode sair. Ela sabe que você está aqui. Seria
rude sair, especialmente depois que disse a ela que iriam se
encontrar. Você quer que ela se sinta mal consigo mesma?
Aghhh.
Recado para todas as pessoas casadas que estão
tentando arrumar um par para seus amigos: parem, ok?
Apenas não façam. A menos que eles peçam. Porque então
coisas assim acontecem e nós, os encontros, somos colocados
em situações embaraçosas.
— Bem, isso não é minha culpa. É sua. Você não deveria
ter configurado isso sem me perguntar primeiro! — Eu grito
sussurrado para ela.
— Qual é o seu problema? Estou te fazendo um favor
aqui. Você precisa seguir em frente.
— Por que eu iria querer seguir em frente quando Rylee
está falando comigo agora?
Sim, o gato está fora do saco, mas meio que teve que ir
até lá. Não quero terminar em outros encontros às cegas
graças a Justine.
Endireitando-se, um pouco chocada, ela pergunta: — O
quê? Rylee está mandando respostas para você?
— Sim, há duas semanas agora.
— Legal! Sério? — Justine envolve minhas mãos e pula
para cima e para baixo. — Isso é incrível. Ela te ama? Você vai
vê-la ? Estão namorando? Oh meu DEUS. Você já fez sexo por
telefone? Por favor me diga que sim. Eu preciso de todos os
detalhes. Quando você goza por telefone, você mostra a ela? Eu
nunca fiz sexo por telefone antes.
Pelo amor de Deus.
Eu arrasto minha mão pelo meu rosto. — É só conversa
agora, Justine. Não há necessidade de gritar. — Eu pressiono
minha orelha. — Como Chris lida com isso?
Ela não me responde, mas diz: — Então, sem sexo por
telefone?
— Não, sem sexo por telefone. Desculpe desapontar.
Estamos apenas, você sabe… — Engulo em seco, odiando esta
palavra... — flertando.
Por que odeio essa palavra, porque...
Justine grita e corre no lugar, a cabeça virada para baixo,
o cabelo caindo sobre o rosto enquanto ela o sacode. Você pode
dizer que ela é meio romântica louca?
— Oh meu Deus, uma história de amor para a era digital.
Você já mandou uma mensagem hoje?
— Sim. — Dou de ombros casualmente, sem mencionar
como envio uma mensagem de bom dia e boa noite a Rylee
todos os dias. Eu posso guardar isso para mim.
— Posso ver? — Ela intrusivamente estende a mão pelo
meu bolso de trás, mas eu a afasto. — Deixe-me ver.
— Não. Isso é particular, Justine.
Ela torce o lábio para o lado.
— Então, como vou saber se está me dizendo a verdade e
não apenas tentando evitar conhecer Sierra? Porque ela é uma
garota muito legal, e eu não quero magoar os sentimentos dela
porque você está sendo um idiota.
Suspirando, pego meu telefone e o desbloqueio. — Não
estou sendo idiota. Abro nossa série de mensagens e a afasto
o suficiente para que ela possa ver que estamos conversando,
mas não perto o suficiente para que ela possa ler nossas
mensagens. Sinceramente, não me importo muito com
privacidade neste momento da minha vida, mas o que
realmente não quero é que Justine veja como Rylee me rejeita
diariamente. Se fosse outro cara, tenho certeza de que ele teria
um complexo. Mas sei que ela está se fazendo de difícil.
— Posso lê-los?
— Não. — Volto o telefone ao bolso e aceno a mão para
Sierra. — Agora, o que você vai fazer sobre ela?
— O que? — Justine grita. — Você está brincando. Agh…
— Ela resmunga.
O que está acontecendo agora?

— Beck, mas você prometeu! — Ela grita novamente. E


então diz: — Chris! Beck não pode ficar para jantar. Ele veio
para dizer que tem que trabalhar horas extras no zoológico hoje
à noite.
— O que? — Chris pergunta, levantando-se da cadeira e
se desculpando. Quando chega à entrada, ele me olha bem nos
olhos e diz:
— Corra, cara. Cai fora daqui. A garota coleciona unhas
cortadas desde os doze anos. Dê o fora daqui agora.
Justine dá um sorriso envergonhado com um encolher de
ombros. — Ela tem peitos? — Ela diz mais como uma pergunta.
— Os peitos não podem eclipsar tudo, Justine,
especialmente uma coleção de unhas cortadas. — Coloco o
capacete sobre a cabeça e saio, agradecendo aos deuses dos
encontros que não precisei seguir com esse arranjo.
CAPÍTULO DEZESSETE
RYLEE
Beck: Você coleciona algo estranho?
Faço uma pausa no meio da frase e leio o texto de Beck.
Vou admitir algo, apenas entre nós, senhoras. Eu tenho
passado muito tempo mandando mensagens para Beck, a tal
ponto que fiquei um pouco atrasada em minhas edições para
este maldito livro. Mas é como um vício que não posso conter.
Vejo o nome dele no meu telefone e tenho que responder. Tento
me dizer não, respondo mais tarde, mas antes que perceba,
minha mão fica desonesta e está desbloqueando meu telefone.
E esta manhã não é exceção.
Rylee: Não, nunca realmente fui alguém que gosta de
colecionar coisas. Bem, além dos meus gostosões. E você?
Beck: Eu costumava colecionar tampas de garrafa, mas
não mais.
Rylee: Tampas de garrafa, como garrafas de refrigerante?
Beck: Sim, estranho, certo? Mas os empilhava e batia
meus carros neles. Havia uma razão legítima.
Sorrio para mim mesma e imagino uma versão mais nova
de Beck empilhando tampas de garrafas e arrasando-as com
caminhões monstro, ou algo assim.
— Para que o sorriso? — Griffin senta ao meu lado,
tirando minha atenção do telefone.
— Griffin, ei. Puxa, não vi você ai.
— Eu posso ver isso. — Ele acena para o meu telefone. —
Com quem você está falando? Admirador secreto?
Sorrindo maliciosamente, respondo: — Ele deseja.
— Oh maldito. — Griffin ri. — Implacável, Rylee.
Dou de ombros e desligo o telefone, dando minha atenção
a Griffin. — Como vai você?
— Um pouco bagunçado. A loja está me mantendo
ocupado e, à noite, continuo realizando o trabalho voluntário
no corpo de bombeiros. Basicamente, percorrendo as casas
mais antigas da cidade e trocando as baterias de alarme de
incêndio e testando-as.
— Ah, as alegrias de uma cidade pequena.
Nós dois rimos, sabendo exatamente como é crescer tão
perto de todos ao seu redor.
— Não tive a intenção de interromper seu fluxo de
escrita... ou fluxo de mensagens de texto, mas pensei em lhe
trazer um doce. — Ele me entrega o bem embalado em
vermelho e branco, conhecido por toda a ilha como doce do
Lobster Landing. É uma coisa cobiçada nessas partes, e por
todo o Maine.
— Você não pode continuar me trazendo doces, Griffin.
Toda semana agora? Você está tentando me engordar?
— Não, apenas tentando fazer você dar meu nome a um
de seus personagens.
— Isso é tudo? Isso é fácil.
— Ei vocês. — Zoey vem até nós, carregando sua bolsa de
lona gigante cheia dos materiais que ela precisa para escrever
e ilustrar seus livros. E não estou falando de tintas, papéis e
tudo isso. Não, ela escreve e ilustra em seu iPad. É
impressionante. Todo o resto é como uma vela, um cobertor,
um massageador de pescoço e cabeça, seus óleos essenciais,
suas garrafas de água, uma para água gelada e outra para
morna. É realmente uma coisa absurda vê-la se organizar.
Mas uma vez que ela termina, é como observar mágica em
processo de criação. Ela é tão focada, tão precisa com tudo o
que faz. Quando ela está no clima, não se distrai, nem mesmo
pelo telefone. Como eu. Art sabe que se ela estiver no Snow
Roast e realmente precisar de algo, ele ligará para mim ou para
Ruth para chamar a atenção de Zoey.
— Griffin, eu não te vejo há um tempo. Como você está?
— Talvez seja porque você parou de tomar sua dose diária
de chocolate.
Ela se senta na cadeira em frente a mim.
— Sim, e meu paladar me odeia, mas meus pneuzinhos
estão aplaudindo. É uma guerra civil dentro do meu corpo e,
honestamente, os pneuzinhos estão ganhando. — Ela olha a
caixa de chocolate que Griffin me trouxe.
— Mas parece que o paladar e o estômago podem ganhar
esta rodada. — Pegando a caixa antes de eu abri-la, ela
mergulha neles. — Gah, que bom. — Agitando o dedo entre
nós, ela pergunta: — O que está acontecendo aqui? Vocês dois
estão finalmente namorando?
— O que? Não — Digo, sentindo-me envergonhada.
Você está se perguntando o porquê de ainda não ter
contado a Zoey ou Victoria sobre minhas mensagens com
Beck? Não sei. Talvez porque tenho medo de que elas
incentivem o mau comportamento do qual participei.
— Diga isso um pouco mais rápido da próxima vez. —
Griffin ri ao meu lado.
— Desculpa. — Eu posso sentir minhas bochechas
corarem. — Eu não quis dizer isso. Quero dizer, não queria que
você se sentisse estranho porque você é todo gostoso, e você é
um irmão cavalheiresco e tem antebraços, e seria como
namorar um rato se você estivesse comigo, e eu deveria calar
a boca agora.
Rindo, Griffin diz: — Namorar um rato?
Eu dou de ombros. — Eu divago muito. Não posso ser
responsabilizada pelo que sai da minha boca.
— É verdade. Ela é péssima em falar muitas vezes. — Zoey
começa casualmente tirando suas “necessidades obrigatórias”
para escrever, como se ela não tivesse deixado Griffin e eu
incrivelmente desconfortáveis.
— É mau. Desculpe, mas não, não estamos namorando,
Zoey.
Olhando para Griffin, ela pergunta: — Ainda nesse hiato
de namoro?
Deixe para Zoey falar sobre coisas sobre as quais as
pessoas não falam. Bem, essas pessoas só falam atrás de
portas fechadas.
Massageando a nuca, Griffin bate no meu joelho e diz: —
Eu te pego mais tarde, Rylee. — Ele dá um tapinha no ombro
de Zoey na saída, saindo sem responder à pergunta dela.
Quando ele está andando lá fora, descendo a calçada da
loja, me viro para Zoey. — Aquilo era mesmo necessário?
— O que? Foi uma pergunta simples.
— Foi rude. — Eu odeio como ela pode ser tão ousada às
vezes, especialmente quando é às custas de outra pessoa.
Ela encolhe os ombros e coloca os fones. Revirando os
olhos, volto ao meu telefone para senti-lo vibrar na minha
mão.
E, claro, meu coração para um segundo.
Beck.
Ele está ligando.
Por que ele está ligando? Nós não ligamos, enviamos
mensagens de texto.
Devo atender? Inferno, quero atender. Quero ouvir a voz
dele mais uma vez. Isso é desesperador?
Talvez um pouco?
Mas não me importo neste momento. Certificando-me de
Zoey estar absorvida em sua música, o que parece ser o caso
pelo modo que cantarola a letra, deslizo para responder e me
viro para o lado, tentando ser discreta.
— Olá?
Há uma pausa e depois, — Ei.
Oh Deus. Uma pequena palavra. Como, com uma palavra
monossilábica, ele pode disparar um soro pelo meu corpo e
transformar todos os meus músculos em macarrão?
— Ei… — Eu respondo, sem ser nada inteligente.
— Como você está, Atrevida? — E aí está, o apelido dele
para mim, dita em sua voz lindamente deliciosa que rola pelo
meu ouvido e desce pelo meu corpo como fazia quando
estávamos em Key West.
Engulo em seco e respiro fundo, tentando me livrar do
nervosismo que se acumula na boca do estômago. É apenas
Beck. Não há nada diferente aqui... além de imagens dele
pairando sobre mim... pulsando dentro de mim, que
continuam embaçando meu cérebro.
— Estou indo bem. E quanto a você?
Isso é estranho, oh, tão estranho. Estou tensa, estou a
ponto de gaguejar e estou suando. Estou suando
legitimamente nos meus cotovelos.
Ele ri, e o estrondo baixo me atinge com força nas
entranhas, provocando uma onda de nervosismo. — Ótimo
agora que consigo ouvir sua voz.
Ele suspira, e posso vê-lo coçando a mandíbula e a nuca
raspando entre os dedos.
— Foi por isso que você ligou? Ouvir minha voz? — Fecho
brevemente os olhos, tentando acalmar meu coração
acelerado.
Eu não deveria estar envolvida nessa conversa. Eu já
disse a mim mesma que isso tinha acabado, não estávamos
fazendo isso, mas aqui estou eu, mais uma vez cedendo e me
alimentando de Beck como uma mulher faminta. E é
exatamente assim que tem sido. Eu só o tive por alguns dias.
Eles foram alguns dos melhores dias que já tive em tanto
tempo e realmente gostei de conversar com ele, rindo, sendo
geralmente ridícula com ele. As coisas estúpidas que
inventamos no casamento. Mantendo uma cara séria com cada
resposta ridícula que ele apresentava. Tenho amigos, mas senti
sua falta. A amizade dele. E desde o retorno da Flórida, às
vezes, o silêncio diário tem sido... perceptível.
— Sim. Tudo bem?
— Não deveria, porque decidimos nos despedir em Key
West.
— Você decidiu, — Diz Beck. — Eu tinha outras ideias
sobre como deveríamos nos corresponder depois que
partíssemos.
— Bom trabalho seguindo isso a propósito. — Eu rio.
Ele se junta a mim. — Nunca disse que era bom em ouvir.
E diabos, você já deveria saber isso sobre mim, Atrevida. Eu
faço o que quero.
Se isso não é verdade...
— Sim, você deixou isso bem claro.
— Enquanto estivermos em sincronia. Então, me diga,
você está nua agora?
— O que? Não. O que há com você? — Eu rio. — Estou
na cafeteria.
— Ah, ficando na cadeira de sexo, hein? Mandando ver
com o teclado? Dedilhando aquelas teclas ao clímax?
Reviro os olhos, alegria puxando minhas feições. — Você
é ridículo.
— Não, nada ridículo, apenas um ótimo momento. Agora
me diga, Rylee, você apimentou seu trabalho atual em
andamento com alguma experiência da vida real, talvez um
pouco de sexo contra uma porta de vidro deslizante?
— Oh, isso faria de você o filho da puta mais feliz, não
faria?
— Mais como o filho da mãe mais alegre. Conte-me... seu
herói teve sua heroína nua, seios pressionados firmemente
contra a janela fria, enquanto ele lambia toda última gota de
sua boceta encharcada?
Bem...
Respiro fundo e limpo a garganta. Deus, isso tinha sido
espetacular.
Olho meu computador, torcendo meus lábios para o lado,
me odiando agora. — Talvez.
Uma risada alta sai de Beck, o que só me irrita. Ok, eu
nunca deveria ter dito nada.
— O que é tão engraçado? — Irritação floresce na boca do
estômago, ultrapassando o nervosismo.
— Você.
— Por quê? O que eu fiz?
Zoey levanta a cabeça, balbuciando uma letra e me vê
falando ao telefone. Ela me lança um olhar interrogativo.
Aponto para o telefone e falo sem som: — Mãe. — Dando-
me o olhar lateral com um aceno de cabeça, ela volta ao seu
trabalho, felizmente.
— Você é tão orgulhosa que é ridículo. Você sabe que pode
desistir, certo? Não há problema em sentir coisas sobre mim.
Tudo bem admitir que você se divertiu em Key West e tudo bem
admitir que você sente minha falta.
— Eu não sinto sua falta. — Mentira.
— Mentirosa do caralho. — Há tanto humor na voz dele
que, mais uma vez, nervosismo.
— Não sinto. Você sabe, você é muito esquecível.
— Besteira. Se eu fui esquecível, por que você esteve me
mandando mensagens?
— Dando uma esmola para você? —Você e eu sabemos que
isso não é verdade.
— Eu não acredito nisso por um segundo, mas boa
tentativa, Rylee.
Suspirando, recosto-me na cadeira, apoiando a perna na
mesa à minha frente. — Você vai me irritar ou vai dizer algo
para me arrebatar?
Há algumas mudanças na extremidade do telefone antes
de eu ouvir: — Você quer ser arrebatada?
— Não é isso que toda garota quer?
— Não sendo eu mesmo uma garota, não tenho muita
certeza do que toda garota quer, já que vocês são tão
diferentes, mas diabos, se você quer ser arrebatada, posso te
fazer desmaiar. É isso que você realmente quer, Rylee?
Merda, eu nem sei neste momento.
Sei que não quero começar nada com alguém que mora
tão longe, porque é uma longa distância e não está perto de ser
fácil. Mas, novamente, este homem, ele está começando a me
consumir. A tal ponto, quando ouço meu telefone tocar com
uma mensagem de texto e não é Beck, fico decepcionada. Um
pouco deprimida.
O que sei é que não quero deixar Beck. Meu coração quer
mais tempo, mas meu cérebro está cauteloso, pelas razões
certas.
Infelizmente, é meu coração que está dando o que falar
agora.
Sentindo-me tímida, digo: — Talvez.
Beck limpa a garganta, sua voz ficando séria.
— Você quer ser arrebatada? Eu posso fazer isso,
Atrevida, eu posso fazer isso facilmente.
Estou prestes a responder quando Zoey joga uma
lapiseira e me bate no peito. — Você está conversando com
Beck?
— O que? Não. — Eu minto.
— Sim você está. — Zoey faz um gesto na minha cara. —
Você está toda vermelha e está esfregando as pernas. Você está
falando com Beck.
— Não, não estou. — Claramente, minha mentira não é
muito convincente, porque Zoey está empurrando todas as
suas coisas para o lado e tirando meu telefone de alcance antes
que eu possa detê-la .
Ela segura o telefone na frente dela e coloca no alto-
falante.
— Beck Wilder?
Rindo, Beck responde: — Zoey.
— O que você está fazendo ligando para minha amiga?
Pensei que ela estava seguindo em frente.
— Parece que sua amiga não mencionou que está falando
comigo há duas semanas.
Zoey levanta uma sobrancelha para mim. — Isso está
certo?
— Talvez… — Eu respondo, sentindo minhas bochechas
aquecerem de vergonha novamente.
— É por isso que você não dá uma chance a Griffin?
— Griffin, quem é Griffin? — Beck pergunta, parecendo
um pouco preocupado.
— Apenas o cara mais gostoso da cidade. Bem, um dos
quatro homens mais gostosos da cidade, porque é realmente
difícil decidir entre os quatro irmãos Knightly. Eles são todos
extremamente atraentes com todos os músculos. Você não
concorda, Rylee?
— Ahh, não sei. — Matar Zoey agora parece realmente um
bom momento.
— Parece que tenho alguma competição então. Eu não
sabia que teria que me esforçar mais, Rylee.
— Ehh, sim, os meninos Knightly são… ahh... eles são
atraentes. — Não diga isso. Mesmo que sejam, não diga isso.
— Atraente, hein? Interessante.
Depois, há silêncio e imagine algo desconfortável... A
especialidade de Zoey. Por que sou amiga dessa mulher ainda?
— Ei, ouça, eu tenho que ir. Zoey, sempre um prazer. —
E então ele desliga.
Encolhendo os ombros, como se nada tivesse acontecido,
Zoey me joga meu telefone e volta à posição.
— Ah, você vai explicar o que foi isso? — Estou furiosa.
Eu deveria estar aliviada por ela ter chutado Beck do telefone,
mas essa não é a verdade.
Ela começa a desenhar em seu iPad com uma daquelas
canetas mágicas. — Apenas ajudando uma garota.
— Como isso foi ajudar uma garota?
— Confie em mim, acendi um fogo debaixo da bunda de
Beck. Dê a ele dois dias. Garantido que ele faça algo que te
arrebate. Sem dúvida em minha mente.
— Como você pode saber disso?
Zoey mal levanta a cabeça para olhar na minha direção.
— Calma, porque Beck olhou para você da maneira que Art
olha para mim. Ele é um tolo por você, Rylee.
O olhar.
É sempre sobre o olhar. Lizzie Bennett me ensinou isso
anos atrás. É sempre sobre o olhar.

***

Dois dias depois...


Coloco minha taça de vinho na mesinha lateral, levanto
os pés, pego o controle remoto e pressiono. Em um instante, o
fogo na minha lareira ruge à vida.
Ah, a noite perfeita de verão.
Fogueira, ok.
Vinho, ok.
Cara quente...
Bem, isso deve ser debatido. Graças à boca grande de
Zoey, não recebo notícias de Beck há dois dias e, sim, estou
muito triste com isso. Não achei que ele pudesse se assustar
tão facilmente, mas acho que estava errada.
— Ei, você está aí? — Victoria chama do lado da minha
casa. Eu não tenho uma cerca. É mais como se eu
compartilhasse um quintal enorme com vários vizinhos,
apesar de termos linhas de propriedades distintas com as
quais não nos preocupamos.
— Sim, na fogueira! — Eu chamo.
Victoria vira a esquina, segurando uma bolsa de roupas
muito esfarrapada e um pequeno pacote na mão.
Oh diabos. Isso não vai ser bom.
— Ei, olha o que eu tenho. — Ela balança a bolsa de
roupas na mão e joga a pequena caixa para mim. — Isso estava
na sua varanda da frente.
Dou uma olhada na etiqueta de endereço e mais uma vez,
meu coração para no meu peito.
Beck.
Como diabos ele conseguiu meu endereço? Posso te dar
um palpite. Zoey. Aquela mestre manipuladora.
Ignorando Victoria por um segundo, rasgo a caixa e puxo
algum papel de seda para revelar...
— Oh meu Deus. — Um bufo sai de mim quando tiro um
enfeite de tritão bonitão. Mas gravada em seu rosto está uma
pequena imagem colorida de Beck, sorrindo como um tolo. Há
uma carta anexada na parte inferior, então a leio rapidamente.
Rylee,
Vi esta pequena joia em um mercado de agricultores em
Malibu. Instantaneamente pensei em você, mas decidi
apimentá-lo um pouco. Os abdominais estão no ponto, não
estão? A protuberância é um pouco menor no tamanho, seria
necessário enchê-lo um pouco mais, mas deixaremos isso de
lado. Aposto que seu amigo Griffin não te consegue um desses.
Ponto, Beck.
Me liga.
Leio a nota pelo menos mais três vezes, observando quão
legível é a caligrafia. Muito distinto em prática, como se
passasse anos e anos aperfeiçoando-a.
— Espere, isso tem o rosto de Beck. — Victoria segura o
enfeite. — Isso é de um dos seus leitores? Como eles sabem
quem é Beck?
— É de Beck, Victoria.
— Ahh… estou deixando passar algo?
Ela se senta na cadeira à minha frente, a bolsa de roupas
ainda na mão. Ela me devolve o enfeite, parecendo realmente
confusa. Parece que Zoey não tem a boca grande que pensei
que tinha.
Dobro a nota e a coloco na caixa junto com o enfeite. —
Eu tenho conversado com Beck recentemente.
— É isso mesmo? — Victoria sorri conscientemente. — Eu
sabia que você não seria capaz de interromper sua interação
com ele. Havia algo elétrico entre vocês dois. Estou realmente
surpresa que você tenha aguentado tanto tempo.
— A sério?
Ela assente. — Sim, não foi difícil ver que vocês dois
compartilharam algo especial. Na verdade, fiquei um pouco
surpresa quando você decidiu deixá-lo completamente. Eu não
acho que ele é o tipo de cara de quem você pode se despedir.
Vamos lá, Victoria. Ele não é alguém de quem você pode
facilmente se afastar ou se despedir.
Victoria nunca fala sobre sentimentos, ou sobre homens,
porque não é do interesse dela. Ela prefere falar sobre os
meandros de um mosquete da Primeira Guerra Mundial do que
um relacionamento, por isso estou um pouco chocada que ela
esteja tão aberta agora.
— De onde isso vem? — Tomo um gole da minha bebida
e coloco na mesa da fogueira.
Ela encolhe os ombros e brinca com o zíper da bolsa de
roupas.
— Eu não sei. Depois de conversarmos em Key West,
pensei mais na sua situação. Você merece felicidade. Foi um
ano difícil…
— Todo mundo tem anos difíceis. Não quero continuar
usando isso como desculpa para perseguir um cara que mora
do outro lado do país.
— Não estou usando isso como desculpa. Estou fazendo
uma declaração. Você teve um ano difícil, Rylee. É hora de
respirar e aproveitar a vida que você tem, a que você se
esforçou para manter. Se alguém sabe que a vida é muito
curta, é você, então viva ao máximo. Fico feliz que você esteja
conversando com Beck novamente, porque isso me mostra,
como sua amiga, que você está seguindo em frente do seu
passado e se arriscando a viver. Eu digo, vá em frente.
Respirando fundo, olho para o céu e fecho os olhos,
desejando que as lágrimas ameaçadoras fiquem paradas.
Victoria não gosta de choro. Ela odeia, de fato, então se
mantenha firme, mulher.
Não querendo mais falar sobre Beck ou minha situação,
digo: — O que há na bolsa?
Victoria faz uma pausa. Eu posso senti-la querendo
continuar essa conversa, mas ela segue em frente, e o som
estridente de um zíper sendo aberto abre meus olhos. Oh
diabos.
A bolsa de roupas se abre e aparece um vestido da virada
do século, babados, mangas bufantes e o tecido mais feio que
parece ter sido engomado pelo menos cinco vezes seguidas. Oh
meu Deus.
— Ah, o que é isso?
Um sorriso diabólico cruza seu rosto. — Você se lembra
do nosso pequeno acordo? Se eu fosse a Key West, você iria ao
meu baile histórico comigo. Este é o seu vestido.
Sim, eu sabia que não iria gostar do motivo de Victoria
estar aqui. — Você não pode estar falando sério?
— Ah, eu levei muito a sério quando fizemos esse acordo.
Não quero ir sozinha ao baile.
— Bem, não é como se você tivesse ido ao casamento
comigo. Você nem ficou na recepção. Como isso é justo?
Victoria balança a cabeça. — Não é minha culpa que você
conheceu um cara e ficou feliz em passear com ele todos os
dias. Eu fiz minha parte da barganha. — Segurando o vestido,
ela diz: — Agora é sua vez.
Sabendo que ela está certa, suspiro, odiando cada
centavo do acordo que fiz que parece ser mais a favor dela do
que o meu. Como deveria saber que acabaria conhecendo
Beck?
— Tudo bem, quando é?
— Em uma hora.
— O que? — Endireito-me na minha cadeira, inclinando-
me para a frente. — Uma hora? Por que diabos você está me
dizendo agora?
— Porque se lhe dissesse mais cedo, você teria
apresentado uma desculpa para não comparecer. Com essa
abordagem de ataque furtivo cuidadosamente planejado, sei
que você não está fazendo nada e pode ir a essa festa comigo.
Deus, ela é tão inteligente. Essa é a Victoria entretanto;
ela pensa em todas as rotas possíveis que uma situação pode
seguir e segue a rota mais segura. Algo que eu provavelmente
deveria ter feito antes de fazer esse plano.
— Bem. — Eu bufo e levanto, pegando a bolsa dela. Eu
desligo minha fogueira e aponto meu dedo para ela.
— Não me importo com o que você diz, estou usando
maquiagem.
— Mas…
— Se você quer que eu vá, estou usando maquiagem. É
isso. Espero você em meia hora.
Afasto-me quando Victoria grita: — Instruções para o
cabelo estão na bolsa; tente ficar o mais próxima possível do
design.
Gritando agora, ela acrescenta: — Queremos parecer
autênticas.
Resmungando comigo mesma, digo: — Ah, sim, vou ser
autêntica. Realmente autêntica pra caralho.
Na minha casa, levo o vestido para o meu quarto, onde
começo a me arrumar. Não é a primeira vez que vou a uma
dessas festas terríveis onde tenho que falar como se fosse
daquela época. É horrível, e sempre sou chamada a falar sobre
coisas que não deveria. Desculpe se acho que tocar Bruno
Mars em vez do órgão colocaria um pouco mais de ânimo no
passo das pessoas. Bruno Mars foi criado por uma razão: para
nos fazer juntar os quadris na pista de dança.
Deus, Bruno poderia cantar no meu ouvido o dia todo.
Mas esse não é o caso das pessoas que assistem ao baile.
Eles preferem alguém para tocar um concerto em um piano
desafinado. Doloroso, tão assustadoramente doloroso.
Pego as instruções para o meu cabelo e imediatamente
torço o nariz para ele. Sim, não vou fazer isso. Um coque baixo
é tudo o que ela está recebendo. Desculpe Victoria. Talvez se
não for “autêntica” o suficiente, serei expulsa. Ainda há
esperança.
Com o meu novo plano de ataque, só vai demorar alguns
minutos para ficar pronta, então pego o telefone e ligo para
Beck, com o nervosismo saltando em volta na barriga.
Ainda estou para iniciar nosso contato. Até hoje, ele
sempre procurava primeiro, mas agora que a bola está na
minha quadra, tenho que fazer um esforço.
Não sei por que isso me deixa tão nervosa, mas deixa.
Coloco o telefone no alto-falante e sento no balcão do
banheiro, ouvindo o telefone tocar, tocar e tocar.
Devo deixar uma mensagem? Eu não estava preparada
para uma mensagem. Por que deixar um correio de voz parece
muito mais difícil? Talvez porque divague e diga coisas
estúpidas e acabe dizendo algo como sonho com seu pau e
desejo...
— Ei, Atrevida! — Beck parece sem fôlego quando atende.
— Ah… ei. — Eu o interrompi fazendo alguma coisa?
Bem… você sabe, FAZENDO alguma coisa?
De jeito nenhum. Beck não é esse tipo de cara, então tire
esse pensamento da sua cabeça.
— Rylee, você está aí?
— Oh… Sim. Estou aqui. Desculpa. Estava pensando em
você fazendo sexo.
Veja, divagando e dizendo o que está em minha mente. É
exatamente disso que estou falando.
Rindo, Beck responde: — É mesmo? Eu estava fazendo
um bom trabalho?
— O que? Não. Quero dizer que sim... Quero dizer... —
Aturdida, desligo o telefone e o jogo no balcão do banheiro,
como se estivesse pegando fogo. Afasto-me e coloco minha mão
na testa, tentando compreender minha incapacidade de ligar
para um homem e não agir normalmente.
Isso foi embaraçoso.
Tipo, mortificante e sim, olhe para isso. Ele está ligando
de volta. Claro que está, porque ele é legal e interessado e quer
falar comigo.
Maldito seja por ser tão perfeito.
Suspirando, eu atendo: — Alô?
— Olá. — Há tanto humor em sua voz que libera parte da
tensão em meus ombros.
— E aí? — Tomando a abordagem casual, contorna.
Rindo um pouco mais, Beck pergunta: — Você está
nervosa em falar comigo por telefone, Rylee?
Eu deveria estar acostumada com sua franqueza direta,
mas ainda está demorando um pouco para compreender.
Nunca conheci alguém como ele, tão ao ponto, sem rodeios.
Quero ser igual com ele.
— Eu estou. Você me deixa nervosa.
— Sou tão atraente que você não consegue pensar em
mim sem se atrapalhar com suas palavras?
Ok, o sarcasmo funciona para mim. — Não seja idiota.
Ele solta uma risada e depois suavemente diz: — Não
fique nervosa, Atrevida. Sou só eu. Você sabe o que vai receber
quando falar comigo por telefone. Interesse geral no seu dia,
alguns flertes flagrantes e, claro, o pedido de uma selfie.
Quantas vezes um cara pode realmente pedir?
— Você tem fotos minhas, então vai sobreviver.
— Eu quero mais. Vamos lá, sei que você recebeu o
pacote, meu número de rastreamento me disse. FaceTime
comigo, deixe-me ver esse seu sorriso.
Mordo o lábio inferior, tentando entender para onde isso
está indo.
— O FaceTime parece íntimo demais.
— Então, talvez eu queira ficar íntimo. — Sua resposta é
instantânea, sem tropeços, sem pausas.
— O íntimo parece inútil porque vivemos tão longe.
— Às vezes você tem que se arriscar em algo que te faz
feliz, independentemente do desconhecido.
E assim, suas palavras ressoam comigo.
Aproveitando a oportunidade, pressiono o botão
FaceTime no meu telefone e prendo a respiração.
Em um instante, o rosto de Beck aparece na tela. Oh meu
Deus, eu realmente esqueci quão atraente ele é. Como estou
atraída por ele. Eu amo seu sorriso lindo e como seus olhos
mostram felicidade sincera, em meio à malícia arrogante. Como
gostaria de poder abraçá-lo agora.
— Ei Atrevida. — Sua voz é baixa, suave, do jeito que eu
gosto.
— Ei… — Eu respondo timidamente.
Absorvo seu cenário. Parece que ele está em seu quarto e
definitivamente não está vestindo uma camisa porque seus
ombros estão nus. Não há nada nas paredes dele, mas ele tem
cortinas brancas sobre as janelas, o que é um pouco
surpreendente. Eu nunca o consideraria um homem
incomodado com a decoração da janela.
— Aí está esse sorriso lindo sobre o qual eu tenho
sonhado. — Ele senta na cama. — Agora me fale sobre o pacote
que você recebeu. É tudo o que seu pequeno coração deseja?
Ele é o mais bonito dos tritões que você tem?
Eu rio, me sentindo um pouco mais à vontade. — Ele é
definitivamente o mais interessante.
— E bonito.
Eu rio mais um pouco. — Claro que o mais bonito. Gosto
que ele esteja segurando um pincel, muito adequado.
— Eu também pensei. Mas podemos concordar que a
protuberância precisa ser maior? Sou bem dotado aqui e esse
tritão não está me representando adequadamente.
— Talvez ele enrolou como um rolo de sushi e o colocou
atrás da escama. Shifters e tal podem fazer isso.
— Shifters? — Ele faz uma cara confusa.
— Deixa para lá. — Eu ignoro, não querendo entrar nessa
conversa. Muitas perguntas estão envolvidas ao tentar explicar
o romance paranormal a alguém. — Mas adoro o enfeite.
Obrigada; isso foi muito fofo.
— De nada, Atrevida. Fico feliz que você tenha gostado.
Ele deita no travesseiro e segura a câmera acima dele.
Eu pego um lampejo em seu peito largo e minha boca fica
molhada.
— O que você quer fazer hoje à noite? Tem grandes planos
com caras que não conheço, como Griffin?
Eu olho para ele de lado. — Nada com Griffin.
— Isto é o que gosto de ouvir.
— Mas eu tenho planos. — Eu digo rapidamente.
— Sim? — A mão que está atrás da cabeça roça levemente
o cabelo, mais longo do que eu me lembro. — Que tipo de
planos? Eles me envolvem e ficam nus no FaceTime?
— Não, boa tentativa embora. — Eu corro de volta para o
balcão e me encosto no espelho. — Eu tenho um encontro.
A testa dele franze e me chama de puta, mas meio que
gosto de brincar com ele, já que ele brincou comigo. É apenas
apropriado.
— Um encontro? Conte-me sobre esse encontro.
Eu fecho meus lábios. — Vamos ver, haverá música e
dança.
— Oh sim? Eu amo dançar.
Eu sei, e ele é sexy como o pecado quando dança. Há algo
a ser dito sobre um homem que mostra sem esforço suas
habilidades, sem escrúpulos e sem se conter. Esse é o Beck;
viva o momento e se expresse. É o que o torna tão viciante, e é
o que o torna impossível de se soltar.
É por isso que estou falando com ele agora, tonta pra
caramba para vê-lo, ouvir sua voz.
— Muita dança. — Dança coreografada do século 19, mas
não vou deixar que ele saiba disso. Dança que eu com certeza
não participarei. — E comida, porque você sabe, o que é um
encontro sem comida?
— Temos que comer… — Ele responde. — O que mais vai
haver?
Hmm... vamos ver, haverá leques de papel acenando com
enormes quantidades de cachos em cascata pelos penteados
de cada mulher, exceto eu, no local. Talvez eu pule esse
detalhe.
— Bebidas, sim. Eu vou beber. — E essa é a verdade
assustadora. No momento em que atravessar as portas do
salão de baile, a primeira parada é o bar e, em vez de uma taça
de vinho, vou pedir que colem duas garrafas de champanhe
nas minhas mãos. E se alguém perguntar o que estou fazendo,
me apresentarei como Madame Mãos-de-Bebida de Logo ficar
Bêbadaville.
— Huh, então dançar, beber e comer. Parece que você vai
a um casamento sem mim. Você não faria isso comigo, faria?
Há um barulho no meu corredor que está aumentando
rapidamente e antes que eu possa ver o que é, Victoria entra
pela porta do meu banheiro, parecendo frenética e empurrando
um pedaço de papel na minha direção.
— Victoria, mas que...
— Oh! Graças a deus. Você ainda não começou o seu
cabelo. Eu te dei as instruções erradas. Te dei o penteado de
uma criada, não de uma mulher de classe média. Que diabos
estive pensando? Aqui, leia atentamente as instruções e, se
precisar de ajuda, informe-me imediatamente para que eu
possa fazer isso por você. Quer saber, talvez eu faça o seu
cabelo. Tem que estar certo esta noite, e eu tenho meu vestido
no carro para que possamos nos arrumar juntas. Não quero
me atrasar para o baile histórico. As cartas de dança enchem-
se rapidamente e quero garantir que não vamos perder
nenhuma das danças.
Que momento terrível, terrível mesmo.
Expirando profundamente, viro o telefone para Victoria e
digo: — Diga oi para Beck.
Assustada, Victoria se agacha para olhar para o telefone
como se fosse um microscópio. — Oh, Beck. Desculpa. Eu não
sabia que você estava falando ao telefone com Rylee.
Não preciso olhar para o telefone para saber que Beck não
apenas está sorrindo como um idiota, mas já está calculando
as gozações que soltará em mim quando tiver a oportunidade.
— Ei Victoria. Então você deve ser o encontro que nossa
amiga Rylee está falando.
— Oh, sim. — Victoria sobe os óculos no nariz. — Vamos
a um baile histórico hoje à noite. Você quer ver o vestido dela?
Eu mesma escolhi. É muito autêntico.
— Não há mais nada que eu queira fazer do que ver seu
vestido agora.
Minhas narinas inflam… Merda.
Animada, Victoria abre o zíper da bolsa e a empurra por
cima dos ombros para mostrar o vestido marrom volumoso
com babados que eu usarei.
— Uau. — Ele faz uma pausa. — Vou precisar de uma
foto de Rylee nisso.
— Não se preocupe. Vou tirar uma com o telefone dela e
enviar para você. Mas devemos ir, porque tenho que arrumar
o cabelo dela e quero ter certeza de que é preciso para a época
que estamos representando.
— Entendi totalmente. Não me deixe atrapalhar vocês. Foi
bom te ver, Victoria.
— Você também.
Volto o telefone para mim, onde Beck está brilhando de
alegria…às minhas custas. Com uma piscadela, ele diz: —
Ansioso por essa foto, Atrevida. Falo com você mais tarde. — E
então o telefone fica em branco.
Aquele diabo de homem. Agh, eu poderia gritar com
Victoria, dando com a língua nos dentes. Quero dizer, em
defesa dela, ela não sabia que eu estava tentando passar a
perna em Beck, mas ainda assim, gah...
Bip.
Uma mensagem... de Beck.
— Ok, sente-se nesta cadeira e eu vou trabalhar. —
Victoria faz um gesto para eu me sentar, o que faço. Não há
mais como fugir disso. Isso está realmente acontecendo, e não
tenho dúvidas de que Victoria garantirá que Beck tenha uma
foto minha. — Beck é tão legal. Fico feliz que você esteja
falando com ele novamente.
— Sim. — Eu bufo e abro minha mensagem de texto.
Beck: Espero que seu encontro corra bem hoje à noite e
você tenha sorte com Victoria.
Tão insolente.
Rylee: Eu também, vinte dólares que ela é uma amante
melhor que você.
Ha! Pegue isso. Rio para mim mesma, muito satisfeita
com a minha resposta.
Beck: Envie-me um vídeo e eu vou deixar você saber minha
opinião sobre o assunto.
Claro que ele tem um comentário espertinho para
acompanhar.
Rylee: Sua opinião não conta.
Beck: Ok, então me ligue depois. Aposto que ela não pode
fazer você gozar em todo o rosto dela, como você fez no meu.
Meu corpo esquenta e fico imediatamente envergonhada
quando minha mente volta para a nossa noite juntos, meus
seios nus empurrados contra o vidro, os ombros poderosos de
Beck abrindo minhas pernas e sua boca inteira pressionada
contra o meu centro, me fazendo gozar tão forte que quase
desmaiei.
— Você está com calor? — Victoria pergunta. — Sua
cabeça está ficando quente. Quer que eu ligue um ventilador?
— Sim. — Eu praticamente gemo.
— Eh, isso soou um pouco sexual. Você está bem?
— Ventilador, Victoria. Apenas pegue o ventilador do meu
quarto.
— Você está sendo estranha… você está… — Ela se
inclina sobre o meu ombro. — Você está fazendo sexo elo
telefone agora? Enquanto estou tocando seu cabelo?
— Não!
— Deixe-me ver então. — Victoria estende a mão pelo
meu telefone, mas o puxo para perto do meu peito.
— Eca, você está fazendo sexo por mensagens enquanto
eu toco seu cabelo e ficando com tesão com isso. Você percebe
como isso é assustador?
— Eu não estou fazendo sexo por telefone! — Meu corpo
inteiro está pegando fogo por humilhação. Não preciso me
olhar no espelho para saber quão vermelhas minhas
bochechas estão agora.
— Então me deixe ver.
— Não. Não é para os seus olhos.
Olhando-me através do reflexo no espelho, ela diz: — Você
está tirando sarro de mim em suas mensagens?
— O que? Não! — Aghh, eu suspiro e digo: — Eu estava
enganando Beck, dizendo a ele que tinha um encontro quente,
e então você entrou e estragou tudo. Agora ele está dizendo que
espera que eu tenha sorte com você hoje à noite, já que você é
meu encontro e eu disse… — tomo um segundo para recuperar
o fôlego — ... aposto que você será uma amante melhor que ele.
Me encolho a tempo de Victoria me dar um tapa no braço.
— Eca, não fale sobre eu te dar prazer. O que há de errado
com você?
Uma questão para a posteridade.
Antes que eu possa responder, ela sai em direção ao meu
quarto para pegar o ventilador. Oh, pobre Victoria. Como ela
foi apanhada na minha loucura e na de Zoey, não faço ideia.
Alguns dias, eu realmente acho que ela deseja poder nos
trocar.
Pela meia hora seguinte, Victoria trabalha no meu cabelo
em silêncio. Não escrevo para Beck e, em vez disso, traço na
minha cabeça, repassando todos os sentimentos diferentes que
quero evocar dos meus personagens. Quando chega a hora, eu
visto o vestido super-engomado, deixo Victoria me abotoar nas
costas e olho no espelho.
Que visão.
Que visão absolutamente horripilante.
Gola alta e ombros exagerados, isso é uma coisa muito
boa. Eu vou dizer isso, no entanto. Victoria criou um retrato
preciso com meu cabelo. Um coque solto no topo da minha
cabeça e cachos emoldurando meu rosto.
Você sabe... Eu meio que pareço...
— Oh céus. — Victoria diz do meu lado, totalmente
fantasiada, os olhos percorrendo toda a minha aparência.
— Você está vendo o que eu estou vendo?
Ela assente e morde o dedo. — É sobrenatural, quase
exatamente com o broche de círculo azul-petróleo.
— Sim. — Eu concordo. — Sou madrasta malvada da
Cinderela.
— Correto. — Dando um tapinha no meu ombro, ela pega
meu telefone no balcão e diz: — Sorria para Beck.
O flash apaga e não há tempo para eu pará-la. Ela envia
a foto diretamente para ele sem a minha permissão. Ela está
saindo com Zoey há muito tempo.
— Ei, eu fiquei bem na foto?
— Eh, não realmente, mas não temos tempo para tornar
a imagem perfeita. Vamos lá. — Ela me joga meu telefone e sai
pelo corredor. — Nós não vamos nos atrasar. Cartões de dança,
lembra?
— Como eu poderia esquecer? — Seguindo atrás dela,
porque estou com medo que ela me corte se chegarmos
atrasadas, verifico a foto para ver o que ela enviou e paro no
lugar. — Oh meu Deus. Victoria. Tenho quatro malditos
queixos nessa foto.
— Quatro? Hah, eu contei apenas três.
— Eu te odeio seriamente agora.
— Me odeie no caminho para o baile. Vamos.
Soprando vapor do meu nariz e ouvidos, eu a sigo em seu
carro, irritada agora mais do que nunca quando meu telefone
emite um sinal sonoro com uma resposta.
— Nenhum telefone é permitido. Eles não tinham esses
dispositivos nesse período.
— Sim, e você não estava viva durante esse período, talvez
eu devesse me livrar de você, hein?
Há um pouco de loucura nos meus olhos, e sei quando
ela o vê, porque, em vez de insistir no assunto, ela liga o carro
enquanto eu leio minha mensagem.
Beck: Eu ainda iria te foder. Eu te foderia duro com aquele
vestido levantado sobre seus quadris, meu pau enterrado
profundamente dentro de você.
Oh Deus. Minha pele começa a esquentar e meus quatro
queixos estão lentamente se tornando menos problemáticos.
Meu telefone apita novamente.
Beck: Você pode agradecer a Victoria pelo material de
sonhos-eróticos?
Reviro os olhos e olho pela janela, o menor sorriso
curvando meus lábios. E isso seria um inferno, não.
CAPÍTULO DEZOITO
BECK
— Aí está minha garota! — Digo uma vez que Rylee atende
o telefone.
Afagando o cabelo e colocando-o atrás da orelha, ela
coloca os joelhos no peito e sorri timidamente. — Ei você.
Ei você. Essas duas palavras, tão familiares, tão
reconfortantes. Ela está baixando a guarda lentamente a cada
texto, cada chamada, todo encontro do FaceTime. Não tem sido
fácil. Esta é apenas a terceira vez que converso com ela no
FaceTime, mas por enquanto vou aceitar o que posso
conseguir.
— Como está o livro?
Ela assente e olha para o lado.
— Está indo bem. Apenas reforçando algumas coisas,
mas tenho certeza de que meu editor terá mais algumas
anotações para eu revisar. Sempre acontece.
— Quando posso ler? — Eu balanço minhas
sobrancelhas. — Você sabe, ansioso para ler o sexo na janela,
porque realmente quero ter certeza de que você foi precisa e
tudo mais.
Rindo, ela responde: — Você pode ler quando sair.
— O que? — Inclino-me no sofá e apoio minha mão no
braço. — Eu não leio antes? Que tipo de porcaria é essa? Desde
que eu fui a inspiração e o criador do sexo contra a janela, você
deveria estar feliz por não estar procurando uma parte nos
lucros.
Balança a cabeça. — Você é tão ridículo.
— Vamos lá, por que não lê para mim agora? Um pouco
de história pode ser bom antes de dormir.
— Não vai acontecer.
— Por que não? É mesmo indecente?
Ela morde o lábio inferior e assente.
— Porra? — Solto o fôlego. — Tipo realmente indecente?
— Como literalmente a nossa noite.
E eu estou duro.
Sem dúvidas, aquela noite com Rylee arruinou
completamente qualquer noite que já compartilhei com uma
mulher. Eu nunca estive com alguém tão sensível, tão reativa
a todos os meus toques, todos os meus movimentos. Era
viciante tentar descobrir que outros ruídos eu poderia causar,
que toque a deixava muito mais molhada, muito mais carente.
Brincando com seu corpo, movendo-se sobre ele, provando,
inferno, penso nisso todos os dias e anseio por mais.
Por muito mais.
— Está me matando, Rylee.
Ela encolhe os ombros distraidamente. — Você
perguntou. Só te disse a verdade.
— Precisamos mudar de assunto, caso contrário teremos
uma grande situação em nossas mãos, e o que realmente quero
dizer é que terei uma grande situação na minha mão.
Ela revira os olhos. — Oh Beck, você pode ser tão brega
às vezes.
— Você prefere que diga que meu pau está duro pra
caralho e vou começar a me masturbar se não mudarmos de
assunto?
Ela faz uma pausa, seu peito se movendo mais rápido do
que antes. — Quero dizer… talvez, espere, não.
Ela balança a cabeça. — Nenhuma conversa de pau.
— Que tal falar sobre vagina?
— Sem genitais.
Eu me encolho. — Genitais é uma palavra horrível. Você
sabe como as pessoas não gostam da palavra úmido? São
genitais para mim.
— Genitais? Mesmo? O meu é creme.
— Creme? — Eu rio. — Então, se disser sorvete de creme,
você se encolhe?
Os cantos da boca dela se inclinam para cima. — Deixe-
me ser mais específica. Não gosto da palavra cremoso.
Ah. — Eu concordo. — Então o termo, fiquei cremoso não
faz parte do seu jargão?
Ela finge vomitar e balança a cabeça. — Eca, tão nojento.
Por que isso faria parte do jargão de alguém?
— Você me pegou, Atrevida.
Mudando de assunto, pergunto: — Você recebeu um
pouco daquele ensopado de mariscos que estava falando outro
dia?
— Agh, não. Eles acabaram no momento em que cheguei
lá, então tive que me contentar com o frango empanado,
mesmo que não fosse quase o mesmo.
— Frango empanado? Nem mesmo no mesmo grupo de
alimentos. O que aconteceu?
— As outras sopas neste lugar são uma porcaria pura e o
resto da comida também. Eu literalmente só vou lá por sua
sopa de mariscos e biscoitos; é uma combinação letal. Mas eu
não estava prestes a sair e não comer nada porque isso é rude.
— Então você optou por frango empanado.
— Exatamente. — Ela suspira pesadamente. — É o que
acontece quando você fica presa em uma cena e não enfrenta
os madrugadores na panela de ensopado de mariscos. Não se
preocupe, na próxima quarta-feira eu serei a primeira da fila
quando o menu do jantar for lançado.
Não consigo segurar meu sorriso. A vida de Rylee é tão
diferente em comparação à minha. Morar em uma cidade
pequena, em comparação a morar em uma das maiores
cidades dos Estados Unidos, é um contraste tão marcante e,
por alguma razão, acho a maneira de Rylee viver muito mais
fascinante que a minha.
— Você gosta de morar em uma cidade pequena?
Ela gira uma mecha de cabelo perdida.
— Tem seus altos e baixos, mas acho que os altos
superam os baixos. É onde cresci, então conheço quase todas
as pessoas que moram aqui e, se nunca realmente conversei
com elas, já ouvi falar delas. Estamos sempre conversando um
com o outro, sempre nos negócios um do outro, mas também
nos cuidamos. Como somos um ponto turístico, fazemos
questão de ficar de olho um no outro.
— Isso é bom. Camaradagem interna. Eu definitivamente
não recebo isso na Califórnia. Mas, ei, comecei a amar a
violência no trânsito que apenas os californianos podem
oferecer. Aposto que você não consegue isso em sua pequena
cidade.
Rindo, ela balança a cabeça. Deus, eu amo tanto esse
som.
— Não há violência no trânsito, mas quando a sra.
Braverman decide atravessar a rua, toda a cidade sabe parar
e esperar, porque será um processo de cinco minutos. Se a
apressarmos, ela irá... sem brincadeira, ficar lá parada até que
esteja pronta para voltar a andar.
— A sério? É a mesma senhora que ocupou sua cadeira
de sexo?
— Cadeira de inspiração. — Ela distraidamente lambe os
lábios, e não posso deixar de me concentrar em como estão
molhados e gordos. O que não daria para prová-lo s
novamente. — Mas sim, era ela. Ela é uma invasora e todo
mundo sabe disso, por isso fazemos o melhor que podemos
para não incomodá-la .
— Basta suborná-la com velas e incenso.
— Claro.
Deitada no sofá, ela segura o telefone, então é quase como
se eu estivesse deitado com ela. Eu imito a pose.
— Qual foi a sua parte favorita de Key West? — Eu
pergunto, amando como seus olhos azuis puros parecem tão
pacíficos, contentes. Ela é realmente linda.
— Parte favorita? — Ela torce os lábios para o lado,
pensando sério na minha pergunta. — Honestamente?
— Sim, honestamente.
— Você provavelmente vai me odiar, mas foi o jogo do
buraco. Foi divertido e sexy como você roubou pequenos
toques aqui e ali. Todo esse jogo me senti queimar e depois
vencemos e… — Ela balança a cabeça. — Foi um momento
divertido e extra corporal para mim.
— Por que te odiaria por isso?
— Porque, não disse algo como quando você me fez gozar
na sua cara.
Um estrondo baixo sai do meu peito. — Sim, esse foi um
momento incrível, mas também não seria meu.
— Não?
— Não. — Balanço a cabeça.
— Então, qual foi o seu momento favorito?
A imagem esteve em repetição na minha cabeça nas
últimas semanas.
— Meu momento favorito, sem dúvidas, foi quando te
encontrei sentada sozinha no bar, encarando o balcão,
mexendo sua bebida, porque naquele momento, havia uma
oportunidade na minha frente que estava prestes a atirar todo
o meu equilíbrio de cabeça para baixo. Foi um momento
transformador.
Ela sorri. É um sorriso lento, mas está rapidamente se
tornando um dos meus favoritos. E pela primeira vez, ela não
volta com uma resposta espertinha. Ela está calada. Mas seus
sorrisos falam muito. Sim, um momento transformador.
***

Ondas de vapor sobem da pia enquanto meu macarrão


escorre. O molho está pronto, o pão de alho está no forno se
aquecendo e há um bom copo de leite esperando por mim na
minha mesa.
Olho o relógio e pego rapidamente um prato, empilho um
pouco de macarrão, cubro-o com um pouco de molho e queijo
parmesão ... bem, muito queijo parmesão, e tiro o pão do forno
onde separo alguns pedaços para mim.
Correndo para a mesa, acendo a iluminação, incluindo
uma vela afilada que comprei na loja hoje, toco música e
posiciono o telefone quando ele toca.
Rylee.
Porra, ver o nome dela no meu telefone ainda envia uma
sensação de emoção através de mim. Respondo ao pedido do
FaceTime e não consigo conter o sorriso quando ela aparece na
tela. Deus, como quero beijar aquele rosto bonito, aqueles lábios
deliciosos.
— Ei, Atrevida.
Ela parece confusa, o cabelo bagunçado, o rosto corado e
salpicos de vermelho por toda a camisa branca.
— Agh, por que você escolheu uma receita tão difícil? —
Ela pressiona a testa na palma da mão, os olhos ainda focados
nos meus.
— O que você quer dizer?
Movendo o telefone, ela me mostra um prato que parece
espaguete meio cozido, molho grosso e pão de alho
carbonizado. Oh diabos.
— Eu nunca fiz molho caseiro antes, meu macarrão não
cozinhou pelo tempo necessário porque eu não sabia que o
queimador não estava ligado e meu forno praticamente
queimou meu pão. E quem faz molho com tomates de verdade?
Eu rio. Sei que não deveria, mas não posso evitar. Rylee
é uma péssima cozinheira e, por alguma razão, acho isso
agradável, especialmente porque ela pelo menos tentou.
Alguns dias atrás, propus a ideia de jantar juntos. Dei a ela o
que achava uma receita fácil de seguir, para que pudéssemos
comer a mesma coisa. Parece que a minha noite de cozinhar
foi um pouco mais tranquila que a dela.
— Ah, dizia tomates enlatados.
— Não, não dizia. — Ela faz uma pausa e olha para o céu.
— Dizia?
— Sim.
Ela exala profundamente e recosta-se na cadeira. — Agh,
me desculpe. Estive trabalhando nessa cena hoje em meu livro
e juro que sugou toda a minha capacidade mental. Quando
percebi que deveria cozinhar o jantar hoje à noite, estava
correndo. Estou quase certa de que isso vai parecer que um
gato comeu e depois vomitou no meu prato.
Visão nojenta pra caralho.
— Porque você está se desculpando?
Ela encolhe os ombros. — Eu não sei. — Ela brinca com
o garfo no espaguete. — Eu nunca fiz isso antes, ter um
encontro de jantar no FaceTime. Eu queria ter certeza de que
fiz um bom trabalho, sabe, impressioná-lo um pouco. Tudo o
que consegui foi manchar minha camisa com o molho de
espaguete que provavelmente esteja mal temperado.
Essa garota. Adorável demais.
— Você queria me impressionar? Isso é sexy. — Recosto
na cadeira e cruzo os braços sobre o peito.
Ela faz um gesto para seu corpo. — Você acha isso sexy?
Foda-se, sim.
— Toda vez que vejo você. — Eu respondo, nem mesmo
pulando um segundo. E toda vez que fecho meus olhos e vejo
você em minha mente.
Ela olha para baixo e o que eu não faria agora para
levantar o queixo, para forçá-la a focar aquelas íris em mim.
Como ela pode ser tão insegura consigo mesma?
— Só não tenho certeza do que é isso entre nós, Beck.
Seja o que for, não sou boa nisso.
— Você não precisa ser boa nisso, Atrevida, você só
precisa estar presente. O bom acontece ao longo do caminho.
Ela suspira visivelmente, relaxando os ombros tensos,
um leve sorriso passando pelos lábios. — Você é
assustadoramente… agh.
Eu rio. — Espero que seja uma coisa boa.
— Isso é. — Balançando a cabeça e as mãos, como se
estivesse apagando o momento, ela diz: — Vamos começar de
novo.
Entrando no jogo, eu digo: — Ok, você quer que eu ligue
de volta?
— Sim, me ligue de volta.
Ela é tão fofa. Desligo e dou alguns segundos antes de
arrumar meu telefone novamente e ligar para ela. Quando ela
responde, ela não está mais usando uma camisa manchada de
espaguete. Em vez disso, e, porra, é ainda melhor, ela está
usando apenas um sutiã de renda vermelho. Pode haver
comida em algum lugar também, mas foda-se. Sutiã. Renda.
Vermelha.
Meus olhos estreitam e meu pau cresce duro,
pressionando imediatamente contra o zíper do meu jeans. Essa
é a única vez em que não usar roupa íntima é um problema:
quando você tem uma mulher gostosa pra caramba da qual
não se cansa no FaceTiming de topless. Porra, faz muito tempo
desde que eu pude tocá-la .
Eu limpo a garganta e digo: — Você está tentando me
matar, Rylee?
Ela olha para os seios que estão saindo do sutiã e ri.
— Desculpe, acho que não pensei nisso. Ia trocar de
camisa, mas você ligou de volta tão rápido que foi isso que
conseguiu. Quer que eu vá colocar alguma coisa?
Ela vai se levantar e eu digo: — Não! — Balanço a cabeça.
— Não, eu quero que você tire mais.
Ela inclina a cabeça para o lado e me dá um olhar de caia
na real.
— Não vou sentar aqui nua para você enquanto você come
sua deliciosa refeição de espaguete e eu engasgo com a minha.
— Gostaria que você estivesse engasgando com outra
coisa agora.
Com alegria nos olhos, ela balança a cabeça. — Você é
ridículo.
— E você é gostosa, então tire o sutiã.
— Vou tirar o sutiã se você tirar a roupa.
Feito. Antes que ela possa protestar, tiro minha camisa
por cima da cabeça, jogo-a no chão e pego o zíper da minha
calça jeans, meu pau animado para a liberação.
— Não! — Ela ri. — Estava brincando. Mantenha suas
roupas.
Faço uma pausa, dedos brincando com o zíper do meu
jeans.
— Não augura bem para mim que você queira que me
vista imediatamente depois de me despir. O que você está
tentando dizer? Meu corpo te dá nojo?
— Oh meu Deus, não seja uma rainha do drama.
— Eu, uma rainha do drama? — Aperto minha mão no
meu peito com falso desgosto. — Eu não sou uma rainha do
drama e você está evitando minha pergunta. Meu corpo te dá
nojo?
Olhando através dos cílios, com a voz suave e séria, ela
diz:
— Você sabe muito bem que seu corpo não me dá nojo.
E aquele olhar, aquele ali onde ela morde com muito
cuidado o lábio inferior, faz com que um gemido baixo saia de
mim.
Porra.
Porra, porra, porra. Eu quero tocá-la, transar com ela,
abraçá-la .
— Rylee… — Eu gemo. — Você não pode me olhar assim
quando não posso fazer nada com isso.
Suspirando, ela se recosta na cadeira e me estuda. — Isso
é estúpido, então por que estamos fazendo isso quando não
podemos nos tocar?
Eu vejo a dúvida em seus olhos, a hesitação.
— Porque gostamos da companhia um do outro. —
Querendo puxá-la de volta para o momento, aceno com a
cabeça para a nossa comida. — Vamos atacar e você pode me
contar mais sobre o seu novo livro.
Passamos os próximos vinte minutos conversando sobre
uma trama e rindo histericamente do jantar que Rylee
preparou. Eu nunca havia planejado antes, mas é muito
divertido, lançando sugestões que são totalmente terríveis
demais para ela considerar ou ideias que realmente a
inspiram. Mesmo que sua risada me prenda sempre, é como
seus olhos brilham quando eu solicito uma linha de
pensamento valiosa para ela que realmente me excita.
Inteligente e bonita.
Deixando meu prato na mesa, levo o telefone ao meu
quarto, onde caio na cama e coloco uma das mãos atrás da
cabeça. Em vez de seu quarto, Rylee senta-se no que parece
ser sua sala de estar.
— No que você trabalhou hoje? — Ela pergunta, falando
da minha pintura.
— Na verdade, hoje não há trabalhos, então trabalhei em
algumas coisas individuais.
Ela se anima e, embora goste de ver como ela está
interessada em minha profissão, é difícil não se distrair com a
forma como seus seios balançam a cada movimento. Tive um
pau duro desde o minuto em que liguei para ela, e é doloroso.
Tão doloroso pra caralho.
E ela provavelmente não tem a menor ideia.
— Você tem suas próprias pinturas?
Concordo com a cabeça, tentando me concentrar em algo
diferente da garota sedutora na minha frente. — Sim, pintar
não é apenas um trabalho para mim, é terapêutico.
— Posso ver no que você trabalhou hoje?
Eu me encolho. — Sim, você não quer ver isso.
— Eu quero. — Ela assente vigorosamente. — Por favor,
você vai me mostrar? — Observação, senhoras. Os peitos
mexem quando você assente e/ou ri. Sim. Nunca pare.
Como diabos devo dizer não a isso? Quando ela me olha
assim, desejo impaciente de ver algo meu, eu farei qualquer
coisa por ela. Ela é inocente, e ter um desejo tão sincero por
mim, no que faço, faz muito pelo meu coração perdido. Será
sua arma letal quando se trata de mim.
— Merda, quando você pede assim...
Levanto-me enquanto ela comemora e aplaude, animada
por ela estar conseguindo o que quer.
Como só tenho um apartamento de um quarto, pinto na
sala de estar, então eu a levo para o meu cavalete e viro o
telefone, mostrando-lhe uma foto pela metade de um homem
envelhecido e careca. Eu uso óleos com cores não
convencionais. Para esses tons de pele, escolhi pintar com
roxos e verdes, combinando as cores para mostrar a
profundidade de sua pele.
— Oh meu Deus, Beck. Isso é incrivelmente bonito.
— Obrigado. — Eu respondo suavemente, me sentindo
um pouco constrangido.
— Você conhece aquele homem?
Concordo, mas não quero estender como. Ainda. — Como
meu trabalho exige que eu pinte paisagens, quando é apenas
para mim, me concentro em retratos. É um bom equilíbrio,
nunca me canso disso, de pintar.
— Faz sentido. — Ela balança a cabeça, incrédula. — É
lindo. Você é tão talentoso.
— Obrigado. — Eu esfrego a parte de trás do meu
pescoço. — Quer ver outro?
— Sim, por favor. — Ela está animada, o que me excita.
Pegando uma das telas encostadas no meu sofá, eu a apoio
contra a janela da sala. É uma pintura de uma mulher com
batom vermelho brilhante, maçãs do rosto altas e olhos
perturbados. Seu cabelo roxo gira por toda a tela. É uma das
minhas peças favoritas.
— Uau. Olhe para o cabelo dela e as manchas de laranja
que você tem nela. Dá muita dimensão.
Incentivar a minha arte, ouvir Rylee descrever os detalhes
da minha pintura, vendo o que vejo quando estou pintando,
significa muito para mim.
— E o verde em seus olhos. É como se estivesse turvado.
Você fez isso de propósito?
— Eu fiz.
Sofia. Ela é uma sobrevivente, uma mulher forte, com
uma visão turva do mundo, que luta todos os dias para viver
uma vida normal, esquecer seu agressor e libertar-se dos
demônios que nublam sua mente.
— Ela é linda. — Rylee faz uma pausa. — Estou
começando a pensar que talvez você também conhece essa
mulher.
Eu concordo. Eu conheço a história dela. Sei a história de
todo mundo que pinto.
Rylee torce os lábios para o lado. — São histórias de dor?
Eu concordo, formigamentos de ansiedade crescem
através de mim. Não quero me aprofundar muito nessa
história, em como conheço essas pessoas. Não estou pronto
para Rylee conhecer esse meu lado.
Porque seria condenado se, depois de contar a minha
história, ela se tornar uma das almas torturadas que pinto a
seguir.
Não, não estou pronto para isso. Não tenho certeza de que
algum dia estarei.

***

Beck: Você está pronta?


Rylee: Me dê cinco minutos. Preciso me livrar desse cara e
depois estarei pronta.
Beck: Diga-me que você está se referindo a um
personagem e não… Griffin.
Rylee: Haha. Meu personagem! Tenho que me livrar de
meu personagem e estarei pronta para o FaceTime.
Beck: Bom, gosto quando você é específica sobre com
quem está saindo.
Rylee: Eu posso entender isso. Me dê cinco minutos.

Andando pelo meu quarto, arrumo minha roupa para


lavar, penduro algumas camisas e espano a parte superior da
minha cômoda com a camisa que estou usando. Quando
percebo quanta poeira está na minha camisa, eu rio e tiro. Eu
deveria tentar espanar mais vezes. Possivelmente com um
espanador em vez de uma camisa.
Faz mais de um mês desde que eu vi Rylee em carne e
osso, mais de um mês desde que a toquei, e foda-se se eu
nunca me senti tão excitado antes.
Conversamos quase todas as noites, seja em texto ou
FaceTime, e mantemos coisas simples, como gostos e
desgostos, ou trocamos críticas. Nunca nos aprofundamos em
nosso passado e, quando um de nós se sente desconfortável,
encerramos a conversa. Siiiiimm, super saudável.
Eu realmente não sei o que alguém chamaria de o que
estamos fazendo, mas tudo o que sei é que, se passar um dia
sem falar com ela, me sinto vazio por dentro, como se tivesse
perdido algo ótimo para esse dia. Eu nunca quero perder algo
ótimo, especialmente onde ela está envolvida.
Meu telefone toca e eu corro para atender. Quando ela
aparece na tela, ela me cumprimenta com um sorriso gigante.
Seu cabelo está preso no topo da cabeça em um coque, mechas
soltas emoldurando delicadamente o rosto e ela ainda está
usando seus óculos pretos de aro grosso. Mas o que realmente
me interessa é a blusa que ela está usando sem sutiã. A blusa
está tão apertada que posso ver o contorno de suas aréolas. Eu
fico duro, só assim.
— Ei, você! — Diz ela ao telefone, seu sorriso me
capturando.
— Ei, Atrevida. — Eu lambo meus lábios. — Você está tão
bem com esses óculos.
Ela os inclina para cima e para baixo. — Você gosta
desses? Uso-os quando olho o meu computador por muito
tempo. Eles ajudam meus olhos a relaxar. Foi um longo dia de
edição, mas quase acabei, o que é incrível.
— Parabéns, isso é incrível. Não consigo imaginar como é
escrever um romance inteiro e enviá-lo, editado e pronto para
publicação.
— O sentimento de realização nunca envelhece.
— Eu aposto. — Dando uma olhada no decote dela, digo:
— Boa escolha de camisa. Você está me dando uma maldita
ereção com quão apertada é.
— Bem, pensei que era justo, já que você aparece nessas
ligações sem camisa oitenta por cento do tempo. Você sabe que
não é fácil aqui para mim também.
Eu rio, amando quão honesta ela é. — Isso é verdade?
— Sim.
Instalando-me na minha cama, pergunto a ela: — Diga-
me isso, você já se masturbou enquanto pensava em mim? E
não minta para mim.
Comprimindo a boca para o lado, olhando para longe,
quase como se estivesse com vergonha. — Talvez eu tenha.
Eu gemo. — Você está falando sério? — Ela pensa em
mim quando se masturba. Inferno do caralho.
Ela assente. — Eu fiz noite passada.
— Gozou gostoso?
As bochechas dela ficam vermelhas. — Não tão gostoso
quanto gostaria, nem tanto quanto seria se você estivesse
realmente aqui.
Dolorido, fecho meus olhos, desejando que meu corpo se
acalme, para não ficar muito excitado.
— Você pensa em mim quando se toca? — Ela parece
tímida enquanto me pergunta.
Isso é uma piada?
— Está brincando, né? Rylee, você percebe com que
rapidez e facilidade fico duro quando penso em você? Você está
em constante repetição na minha cabeça, e no minuto em que
me toco, é embaraçoso a rapidez com que gozo.
Um sorriso malicioso cruza seu rosto. — É? Você está
duro agora?
— Duro pra caralho, especialmente porque posso ver
como seus mamilos estão enrugados, como quase
transparente é essa blusa. Sim, estou duro pra caralho.
Ela deixa passar alguns segundos antes de dizer: —
Deixe-me ver.
Eu levanto minhas sobrancelhas. — Você quer vero quão
duro estou?
Ela assente. — Sim, me mostre.
Estamos fazendo isso? Estamos prestes a fazer sexo com
o FaceTime?
— Por favor me mostre. — Ela está implorando para ver
meu pau. Que tolo diria não a isso?
— Rylee, se eu mostrar meu pau agora, você vai acabar
com duas opções: você terá que desligar o telefone ou me ver
me acariciar ao clímax. Eu não estou brincando. Você me deixa
tão duro que é quase impossível ignorar quão dolorosamente
preciso me aliviar.
Ela suspira e deita na cama também, segurando o
telefone acima dela. — Beck, eu vou ser honesta. Estou tão
excitada agora e talvez um pouco bêbada.
Ela levanta os dedos. — Bem, não bêbada, só alta e
jogando cautela ao vento.
Ela ajeita a blusa, a gola da camisa caindo
perigosamente nos seios. Ela se mexe nos lençóis. — Deus, o
que eu não daria por suas mãos agora, por sua boca, por seu
pau.
Confuso, já que nossas conversas têm sido bastante
convencionais até esse ponto, além de alguns flertes inocentes,
pergunto: — De onde isso vem, Rylee?
Ela grunhe e move a mão em volta dos seios e puxa o
mamilo enrugado. Ela morde o lábio inferior e diz: — Eu
poderia estar assistindo pornô enquanto mandava uma
mensagem para você.
— Pornô? — Eu rio. Ela assente. — Então, quando você
estava dizendo que tinha que se livrar de seu personagem,
estava mentindo?
— Não. — Ela ri e balança a cabeça. — Quando não estou
na minha cadeira de inspiração...
— Cadeira de sexo.
Ela revira os olhos. — Quando não estou na minha
cadeira de sexo e preciso garantir que a cena de sexo seja
quente o suficiente, assisto um pouco de pornografia enquanto
escrevo. É a maneira perfeita de me deixar com disposição,
mas Deus, isso me deixa incrivelmente excitada. Como você
sem camisa, está me fazendo querer enfiar a mão na minha
bermuda e encontrar algum alívio.
Maldito inferno.
— Atrevida.
— Sim? — Seus cílios se agitam e ela faz contato visual
comigo.
— Tire sua camisa. Agora.
Seu rosto suaviza e um sorriso sedutor toma conta de sua
boca linda. Movendo-se na cama, ela coloca o telefone contra
o que suponho ser uma lâmpada ou um relógio na mesa de
cabeceira e alcança a bainha da camisa. Em um movimento
fluido, ela o levanta sobre a cabeça, revelando seus seios
magníficos e mamilos duros.
Aperto meu queixo, esfregando meus dedos na minha
barba quando a olho. — Linda, Rylee.
Ela não diz nada. Em vez disso, fecha os olhos, pressiona
a cabeça para trás e leva as mãos aos seios e puxa os mamilos.
Sua boca se abre quando um leve e sutil gemido escapa de
seus lábios. Isso é tudo o que preciso. Pego minhas calças
assim que uma batida frenética e incrivelmente alta soa à
minha porta, seguida por Chris me dizendo para abrir.
— Foda-se. — Murmuro, me perguntando se posso
ignorá-lo .
— O que é isso? — Rylee pergunta, levantando a cabeça
para encontrar a minha e cobrindo seus seios, rompendo com
o nosso momento.
— Beck, sei que você está aí. Posso ver sua moto. Cara,
preciso da sua ajuda, por favor, abra.
— Merda. — Esfrego meu cabelo. — É o Chris; parece que
ele precisa da minha ajuda.
— Oh, sim, vá atender a ele. Ah, isso foi estúpido de
qualquer maneira.
— Como diabos seria? — Eu me levanto da minha cama
quando as batidas de Chris se tornam incessantes. Rylee
rapidamente coloca a camisa de volta. — Rylee...
Ela balança a cabeça. — Eu não sei o que diabos estava
pensando. Eu estou envergonhada.
— Beck, abra, cara.
Pelo amor de Deus.
— Não fique envergonhada, Rylee. — Eu caminho até a
porta da frente. — Me dê um segundo, eu ligo de volta.
— Sim, tudo bem.
Sentindo-me um enorme idiota, desligo e abro a porta da
frente. — Cara, que diabos?
Chris passa por mim, parecendo louco. — Graças a Deus
você está aqui.
Fecho a porta e ajusto meu jeans antes de me virar.
— O que está acontecendo? Está tudo bem? Justine, as
crianças, elas estão bem?
— O que? — Chris balança a cabeça. — Sim, eles estão
bem.
Alcançando o bolso de trás, ele me mostra dois bilhetes
brancos.
— Cara, consegui ingressos para o show do Bon Jovi
neste fim de semana. Ganhei-os em um concurso de estação
de rádio. Você acredita nisso?
Piscando os olhos rapidamente, pergunto: — Você está
falando sério? Foi o que você veio aqui para me dizer? Por isso
que você praticamente derrubou a minha porta? Ingressos
para Bon Jovi?
— Sim, por que você não está animado por mim? Living
on a prayer, cara. Este concerto vai ser o máximo. Estou
levando Justine; acha que pode cuidar das crianças por nós?
— Ele coloca um enorme sorriso no rosto.
— Foda-se. — Agarro seu braço e começo a puxá-lo em
direção à minha porta, seus pés se arrastando contra o meu
piso de madeira.
— Que diabos está fazendo?
— Chris, pensei que algo estava errado com vocês. Estava
no telefone com Rylee. Droga.
Passo a mão pelos cabelos, a tensão óbvia em meus
ombros rígidos.
— Com Rylee... — O entendimento o atravessa. — Oh
merda, você estava fazendo sexo por telefone?
— Quem diabos sabe o que estávamos fazendo? — Sua
maldita blusa estava longe e ela estava beliscando seus
mamilos para mim. Estive prestes a vê-la gozar.
— Você pode ir para o inferno com seu maldito Living on
a prayer.
Abro a porta e o empurro para o corredor.
Antes de eu fechar a porta, ele levanta o dedo e diz: —
Então, é seriamente um não para cuidar das crianças por nós?
— Isso é não, cacete. — Eu bato a porta em seu rosto e
pego meu telefone, onde vejo uma mensagem de texto de Rylee.
Rylee: Tomando banho e indo para a cama. Falo com você
mais tarde. Tenha uma boa noite.
Suspirando, meu queixo cai no meu peito, fecho bem os
olhos e caminho para o meu banho. Eu queria vê-la . Eu queria
vê-la apreciar seu corpo, tocar nos lugares em que não posso
tocar. Queria ouvi-la gemer quando se aproximasse da
liberação. O que não quero é saber que ela está tomando
banho, provavelmente recebendo o que precisa sem mim lá e,
mais uma vez, se esquivando de nós. Porra.
CAPÍTULO DEZENOVE
RYLEE
— Maldita vadia filha da mãe! — Grito enquanto a fumaça
sai do meu forno, entupindo minha cozinha em uma névoa
cinza.
O alarme de fumaça dispara imediatamente. Nenhuma
surpresa nisso. É como se o nevoeiro sufocasse tudo na sala.
Na tentativa de limpar a fumaça, abro as janelas ao redor do
primeiro andar da minha casa e uso uma assadeira como
ventilador, agitando-a como uma maníaca.
Eu tusso algumas vezes, me perguntando como parece o
frango que estive tentando assar neste momento.
Provavelmente carbonizado em sua essência. Sem salmonela
aqui. Pelo menos tenho isso a favor.
Dentes quebrados, agora essa é uma história diferente.
Alarme de fumaça ainda estridente, ecoando pelo meu
bairro, trago uma cadeira abaixo do alarme, fico em pé e aceno
minha assadeira freneticamente, meus tímpanos prontos para
romper a qualquer segundo.
— Entendi, você acha que a casa está queimando, — eu
grito. — Posso garantir, não está. Então cale a boca, inferno!
Biip. Biip. Biip.
— Sua máquina demoníaca!
Os cães protestam com o detector de fumaça, latindo seu
descontentamento, um alarme de carro é acionado e o barulho
ecoa terrivelmente na minha cabeça, como um picador de gelo
no cérebro.
Biip. Biip. Biip.
— Você é uma filha da puta barulhenta, não é? — Eu
resmungo, meus braços ficando cansados e quando penso que
estou prestes a desmaiar por inalação de fumaça e danos
cerebrais pelo sinal sonoro, o som para, me assustando e me
enviando para o chão.
Eu caio de bunda com uma pancada.
Vestida com um avental fofo de flores que pensei que
poderia me dar poderes culinários sobre-humanos, cabelos
uma bagunça suada e grudada no rosto, e minha assadeira ao
meu lado, parecendo distorcida, fico sentada, olhando para o
chão.
— Bem… — eu solto um suspiro. — Rachel Ray4 é uma
grande mentirosa. Refeições fáceis de trinta minutos, o
caralho.
Do balcão, meu telefone toca, afastando minha atenção
da minha tentativa patética de cozinhar outra refeição. Não
preciso olhar o identificador de chamadas para saber quem é.
Ele liga no mesmo horário quase todas as noites.
Não levanto do meu assento no chão, jogo o braço para o
topo do balcão, mexo os dedos até encontrar o telefone e aceito
a ligação do FaceTime. Sempre FaceTime, nunca mais uma
ligação direta. Eu acho fofo... normalmente. Agora, nem tanto.
— Ei! — Eu suspiro quando o rosto dele aparece na tela.

4 Rachel Ray é apresentadora de tv, com programa de culinária rápida.


Sentado em sua sala, ele veste uma camisa de botão com
as mangas arregaçadas até os cotovelos e em cima alguns
botões abertos. Isso me lembra a roupa que ele usava no
casamento. Nas últimas semanas, notei que ele deixou o cabelo
crescer por cima, deixando os lados raspados. Eu gosto do
novo visual e gostaria ainda mais se pudesse passar meus
dedos por ele.
— Ei, Atrevida. — Seu rosto se enruga quando ele dá uma
boa olhada em mim. — O que está errado?
Sempre perspicaz.
— Queimei outro jantar. — Não é a primeira vez que ele
me encontra nessa situação. Tentamos fazer uma refeição
juntos no FaceTime uma vez, guiando-me passo a passo e, no
final, eu ainda carbonizei muito meu prato. Eu culpo o meu
forno. É um burro temperamental.
— Droga, sério? Que foi dessa vez?
— Um frango assado que Rachel Ray acredita que todo
mundo pode fazer. Bem, adivinhe, vou escrever uma carta para
essa senhora e enviar a ela minha refeição de frango apenas
para provar que ela está errada. Isso vai ensiná-la .
— Certamente vai. — Ele ri. — Sinto pela sua refeição.
Você vai comer pizza ou sopa de lagosta hoje à noite?
Veja, essa realmente não é a primeira vez que ele me pega
em uma noite ruim de culinária.
— Bolachas e queijo. Estou com preguiça de pegar
alguma coisa. — Eu me levanto do chão e apoio o telefone
contra a tigela de frutas no meu balcão para poder começar a
limpar minha cozinha enquanto falo.
— Quando você diz bolachas e queijo, você quer dizer...?
— Goldfish e Cheez Whizz. — Eu concordo. — Sim,
infelizmente, é um item básico em minha casa.
Balançando a cabeça, rindo em seus traços, ele diz: — Eu
deveria ter adivinhado. Pelo menos já vi você comer essa
iguaria antes e sei que tem a decência de esguichar o queijo no
Goldfish.
— Eu não sou um monstro. — Eu rio. Então ofego quando
alguém entra pela minha porta de vidro deslizante, me
assustando. — Oh Cristo, você me assustou.
— O que? — Beck pergunta, parecendo confuso.
Antes que possa responder, Griffin diz: — Desculpe por
isso, Rylee.
Eu me encolho. Não há dúvida em minha mente que Beck
pode ouvir que Griffin está aqui.
— Você está bem? — Griffin acena a mão no ar. — Está
muito esfumaçado aqui.
— Rylee? — Beck pergunta, enviando uma onda de
nervosismo pela minha espinha.
— Ah, sim, apenas um acidente culinário. — Eu me viro
para Beck e dou-lhe um sorriso rápido. — Tudo está bem.
Sendo o mocinho que ele é, Griffin vem até a cozinha e
me dá uma olhada antes de abrir o forno, enviando outra onda
de fumaça no ar. Oh, pelo amor de Deus, por favor, não toque
o alarme novamente.
Tirando o frango com uma luva de forno, ele pega o frango
carbonizado e diz: — Caramba, Rylee. O que você estava
tentando fazer? Transformá-lo em pó?
Griffin está à vista agora do telefone, dando a Beck um
bom show enquanto ele se move pela minha cozinha,
derramando um pouco de água no frango e depois levando-o
para fora. — Deixe-me lidar com isso para você.
Quando ele sai da cozinha, eu me viro para Beck e digo:
— Desculpe, ele deve ter ouvido o alarme de fumaça
disparando. Ele não mora muito longe de mim.
Minha explicação é interrompida quando o telefone diz
que a conexão está ruim e será retomada em breve. Maldito
seja, iPhone.
— Pronto, isso deve ajudar. — Griffin entra na casa com
apenas uma luva de forno na mão. — Deixei o frango do lado
de fora para esfriar e remover o cheiro. Mantenha as janelas
abertas por pelo menos uma hora para ajudar com a fumaça
e, por favor, pelo amor dos vizinhos, limpe o forno antes de
cozinhar qualquer outra coisa. Algo pingou no fundo, e é por
isso que havia tanta fumaça, como o dobro da quantidade.
— Oh. — Eu assinto. — É por isso que ela pediu uma
panela maior na receita.
Griffin balança a cabeça e aperta meu ombro. — Atenha-
se à escrita, Rylee. — Ele sorri seu lindo sorriso, depois sai em
direção à porta de vidro deslizante. — Grite se você precisar de
alguma coisa.
— Claro, obrigada.
Sentindo-me desconfortável, volto para o meu telefone,
onde Beck está esperando pacientemente, com as mãos
cruzadas na frente dele, os antebraços flexionando.
Sem saber o que realmente fazer, largo o avental no meu
balcão, pego o telefone e levo-o para o sofá, onde o coloco nos
joelhos dobrados. Não há nada que possa fazer a respeito da
fumaça, apenas esperar que ela vá por conta própria, então
dedico meu tempo a Beck.
— Me desculpe por isso. — Eu estremeço, esperando...
diabos, não sei o que espero. Não é como se Beck e eu
estivéssemos namorando, mas, novamente, conversamos
tanto que sinto que devo uma explicação a ele.
— Ele é um bombeiro voluntário...
— Eu sinto sua falta. — A voz de Beck é rouca. Ele agarra
a parte de trás do pescoço, puxando e esfregando. — Droga,
Rylee, sinto muita sua falta.
Bem, não era isso que esperava que ele dissesse, mas não
posso negar o pequeno salto no meu coração que ele está me
dando.
— Você sente minha falta, Rylee? Ou esse é um
sentimento unilateral? Diga-me agora, porque se você não
estiver sentindo o mesmo, eu tenho que saber. Não quero
continuar ligando para você e pensando em você todos os dias,
se você também não sente minha falta.
Por mais que queira negar meus crescentes sentimentos
por Beck, por mais que deva dizer que não, não há como dizer
que não sinto falta dele. É uma mentira descarada. Sinto puro
pânico com o pensamento de ele não me ligar mais. Isso é
estúpido. Passei alguns dias com ele em uma ilha e mais de
um mês com ele no telefone, e ainda assim, sinto esse vínculo
entre nós, essa força elétrica nos unindo.
Mordendo o interior da minha bochecha, concordo,
incapaz de gritar as palavras.
— Não, Rylee. Eu preciso ouvir isso. Preciso que você me
diga. Há um tom diferente em sua voz, há... o desespero de
algo que nunca ouvi antes e o que é realmente estranho, é que
posso sentir o mesmo desespero dentro de mim.
Fazendo contato visual com ele, eu digo:
— Eu também sinto sua falta, Beck.
Por um breve momento ele fecha os olhos e exala.
— Graças a Deus.
— Você estava realmente preocupado? Não é óbvio que
sinto sua falta?
— Inferno, eu não sei, Rylee. — Ele resmunga alguma
coisa enquanto esfrega a mão no rosto.
— Porra. — Olhando para mim agora, inclinando-se para
a frente, seu olhar me atravessando, ele diz:
— Encontre-me em algum lugar.
— O que? — Minha testa franze.
— Vamos penetrar outro casamento. Encontre-me em
algum lugar, em qualquer lugar, e podemos invadir outro
casamento, talvez passar mais tempo juntos, ver aonde esses
sentimentos está nos levando.
— Por que penetrar outro casamento?
— Porque é isso que fazemos. — Ele diz isso de maneira
prática, é difícil pensar duas vezes.
— Não conheço ninguém se casando.
— Essa é a questão. Poderíamos realmente penetrar em
um casamento desta vez.
— Mas… como saberíamos para onde ir?
Um sorriso diabólico passa por seus lábios. — É fácil, a
capital mundial dos casamentos. Vegas, querida.
— Você quer ir a Las Vegas para invadir um casamento?
Eu levanto minhas sobrancelhas em questão. Essa pode
ser a ideia mais idiota de todos os tempos, mas estou
realmente aceitando a possibilidade.
— Sim, por que diabos não? Nos encontramos,
vasculhamos as capelas do casamento, talvez tiremos algumas
fotos com a noiva e o noivo, jogamos um pouco e depois
passamos o resto do tempo em nosso quarto de hotel. Parece
diversão fantástica para mim.
— Você fala sério? — Não sei por que fiz a pergunta,
porque posso ver nos olhos dele. Ele está preso a essa ideia.
— Completamente sério. Nesta sexta-feira, vamos fazer.
— Mas…
Ele ri. — Enquanto você inventa uma desculpa, estou
reservando um voo.
Ele se levanta do sofá, apoiando o telefone em alguma
coisa e rapidamente retorna com um computador. Seus dedos
digitam furiosamente pelo teclado.
— Beck, você está realmente reservando um voo?
Sem dizer uma palavra, ele vira o computador para eu ver
em que voo ele está. Oh meu Deus, ele está realmente fazendo
isso. — Melhor se apressar e pegar seu computador, Atrevida.
Os voos do Maine podem estar lotados. — Ele levanta os olhos
do computador e diz: — Você sabe que quer me ver.
Droga, eu quero. Desde que aquecemos as coisas e estive
pronta para me masturbar enquanto ele assistia, sinto como
se estivesse formigando. Tão excitada. Tão frustrada. Tão
carente... por ele.
Mordendo o lábio por quase dois segundos, levanto-me do
sofá, pego meu computador e começo a procurar voos, a
decisão por impulso enviando uma onda de excitação por mim.
— Essa é minha garota.
Há um sorriso enorme no rosto de Beck. Aquele sorriso.
Aprendi a amar esse sorriso. Estou realmente fazendo isso?
Vamos realmente ver se há mais entre nós do que apenas o
passeio de férias curtas? Sim. Nós vamos. E para ser sincera,
adoro que ele queira isso. Que quer ver aonde nossos
sentimentos nos levam.
Deus, isso vai valer a pena.

***

— Nervosa por voar? — O cara ao meu lado pergunta


enquanto toma um gole dos canudos de sua bebida.
— O que? Não. — Balanço a cabeça.
— Oh, bem, parece que pela maneira como suas pernas
estão pulando para cima e para baixo, como se estivessem
tentando criar turbulência.
Eu paro as pernas e solto meu aperto no descanso de
braços. Eu não poderia me importar menos em voar. Nunca
fico nervosa por cortar os céus em um tubo de metal. Não, o
movimento das minhas pernas e o aperto mortal no descanso
de braço são resultado da síndrome do “que diabos estava
pensando?”
Sabe quando decide fazer algo e pensa consigo mesmo,
isso será a melhor coisa do mundo! E quando chega a hora da
melhor coisa de sempre acontecer, questionamentos e
arrependimentos imediatos surgem em sua cabeça, afogando
você em uma montanha-russa de “que porra estou fazendo?”
Sim, estou lá. Estou me afogando em meus pensamentos,
questionando minha sanidade.
— Ah, não, não estou nervosa.
O cara acena com a cabeça. — Bom, Bom. — Ele se
inclina para perto de mim e mexe sua bebida, rum em seu
hálito.
— Sabe, fui atualizado para este assento. Chique, hein?
Olho-o de cima a baixo, desejando poder me sentar mais
longe devido à sua colônia barata que queima minhas narinas.
— Ah, sim, isso é legal.
— Sim, recebi a atualização antiga. — Ele suga com
barulho do canudo. — Você sabe que eles te dão álcool de graça
aqui em cima. Quer que peça algo para você? É por minha
conta. — Ele pisca, como um anormal.
Eu levanto minha mão. — Não quero, mas obrigada.
— Sim, claro, imagina. Eu conheço a garçonete. Estamos
íntimos. — Ele levanta seus dedos cruzados para mim.
— Comissária de bordo. Ela é comissária de bordo, não
garçonete.
Ele precisa ser corrigido, mas não parece estar
perturbado.
— Oh, eu sei, apenas brincando com você. — Ele me
cutuca com o cotovelo. — Você sabe, é aí que você ri.
Pego meus fones e os seguro sobre meus ouvidos. — Eu
rio quando uma piada é realmente engraçada.
Coloco meus fones de ouvido e ligo a música, iniciando
uma lista de reprodução que criei após minha viagem a Key
West. A primeira música a tocar é Havana, a música que Beck
e eu dançamos no casamento, aquela em que juro que a pista
de dança era nossa e só nossa. Flashes de nós colados um
contra o outro brincam na minha mente. Suas mãos
deslizando pelas minhas coxas, sua respiração acariciando
meu pescoço, seus lábios um sussurro longe da minha pele.
Os arrepios surgem sobre meus braços e a tensão começa
a diminuir em meus ombros quando fecho os olhos e penso no
homem que verei em breve. Tudo vai dar certo; isso foi uma
boa ideia. Talvez eu possa ter um encerramento e seguir em
frente. Talvez seja só isso, uma última diversão. Aposto que
depois deste fim de semana, não vamos querer mais nos ver.
Não é?
Instalando-me em meu assento, solto um suspiro
reprimido e derreto no couro...
— Eu tenho uma coisa para você. — Meu fone de ouvido
é arrancado e o homem ao meu lado aponta para uma bebida
ao meu lado. Sorrindo, ele repete: — Eu peguei uma coisa para
você. Eu gosto de chamá-lo de Brad. Prove.
Olho a bebida e olho para esse homem imaturo que,
francamente, não deveria estar tocando em nenhuma parte de
mim. Ele cruzou uma linha e estou prestes a informá-lo .
Pegando meu fone de ouvido de volta, e não de uma
maneira gentil, eu digo: — Você está iludido? Em que universo
você acha que vou tomar uma bebida sua? Primeiro de tudo,
eu não queria beber. Segundo, como sei que você não
adulterou isso? E terceiro de tudo... eu me inclino para perto,
meus olhos cortando-o ao meio. — Toque meus fones de ouvido
de novo e vou tirar esses canudos da sua bebida, furar suas
bolas com eles e servi-los aos outros passageiros de primeira
classe como mini espetinhos de bolas.
Para deixar claro meu argumento, acrescento: — Deixe-
me em paz.
Quando ele estremece, sinto-me um pouco mal. Mas
então digo a mim mesma que ele pressionou a sorte, então ele
merece a pequena bronca. Virando-me para a janela agora, eu
o bloqueio e fecho meus olhos, concentrando-me em uma
coisa. Beck.
Olho as minhas mensagens de texto enquanto ando pelo
aeroporto de Las Vegas para pegar a bagagem. Quando tirei o
telefone do modo avião, havia duas mensagens de texto
esperando por mim.
Beck: Mal posso esperar para te ver, Atrevida.
Beck: Aqui. Esperando por você na área de bagagem.
Essa última provocou uma agitação de nervosismo,
aqueles que eu pensava que já tinham acabado. É real. Não se
trata apenas de falar por telefone ou por mensagens de flerte.
Isso está realmente acontecendo. E não contei a ninguém.
Provavelmente não foi uma decisão inteligente, mas não
consegui dizer a Zoey e Victoria. Eu não queria ouvir as críticas
delas, e realmente não queria falar da minha decisão, porque,
na minha cabeça, eu podia vê-las tentando me convencer a
desistir disso. E talvez devesse ter deixado falarem, dada a
situação instável entre Beck e eu, mas também sinto que
preciso desse lado selvagem para continuar; preciso me dar
outra chance de jogar cautela ao vento.
E é exatamente isso que é.
A esteira para e sigo os passageiros pela saída e passo por
uma parede de portas de segurança para uma sala aberta,
onde há filas e filas de carrosséis de coleta de bagagem. Mordo
meu lábio inferior enquanto procuro por Beck, e quando meus
olhos pousam nele, minha respiração fica presa no meu peito.
Encostado a um poste, uma perna apoiada, em toda a sua
glória sexy e com um metro e oitenta, ele fica esperando por
mim. Ele está vestindo jeans pretos justos, botas pretas, uma
camisa branca com decote em V solta e um gorro cinza.
Quando ele me vê, ele não tenta fazer nada. Não, seus olhos se
fixam nos meus, fazendo uma magnitude de promessas que
tenho certeza de que não falhará em cumprir, e seu marcante
sorriso diabólico toma conta de seu rosto.
Quando me aproximo, ele não muda, e nem sequer
renuncia. Ele espera por mim, como se quisesse que eu desse
o primeiro passo.
Três passos
Dois passos
Um.
— Ei. — Eu sussurro, sem saber o que fazer com as mãos.
Ele inclina a cabeça para o lado e se afasta do pilar, vindo
pertinho de mim. Ele não diz nada. Os sons de nossos corações
batendo enchem o silêncio quando ele se aproxima e aperta
meu queixo com o dedo indicador e o polegar, levando minha
boca para a dele. É um beijo leve, mas apaixonado, seus lábios
pegando o que querem com pressão suficiente para me fazer
querer implorar por mais.
Rosnando contra meus lábios, ele se afasta, revelando
olhos castanhos cheios de luxúria, os mesmos olhos que eu
não consigo apagar dos meus sonhos.
— Exatamente como eu me lembrava. — Ele coloca mais
um beijo nos meus lábios e me puxa para um abraço. — Eu
senti saudades de você.
Minha bochecha descansa contra seu peito, seus braços
me envolvendo em seu calor, e pela primeira vez desde que
disse adeus a ele todas aquelas semanas atrás, me sinto à
vontade, como se todas as minhas preocupações estivessem
desaparecendo, e posso viver nesse momento. Como ele faz isso
comigo?
Sendo sincera, respondo: — Eu também senti sua falta.
— Essa é minha garota.
Ele beija o topo da minha cabeça e liga minha mão à dele.
Abaixando-se, ele pega uma pequena mochila que está a seus
pés e me guia para o carrossel.
— Eu vou assumir que você despachou uma mala, a
menos que você decida passar um fim de semana nua no
quarto do hotel, então ficarei feliz com isso.
Aperto a mão dele, amando como isso não é estranho,
quase como se não tivéssemos pulado um segundo desde que
nos separamos.
— Eu despachei uma mala. Estou aqui para penetrar em
casamentos e nada mais.
Rindo, esse som profundo e estrondoso me fazendo
suspirar, Beck diz: — Gostaria de dizer que nada mais vai
acontecer, mas você e eu sabemos que não é a verdade.
Ele pressiona os lábios no meu ouvido enquanto fala
baixo.
— Porque vou lhe contar agora, a primeira chance que
tiver, vou afundar meu pau em você e te foder. Por horas.
A maneira como ele diz a palavra foder... com tanta
confiança, tão sensual, promessas ocultas... faz minhas
pernas tremerem embaixo de mim.
Incapaz de falar, especialmente com Beck esfregando o
polegar na minha mão, localizo minha bagagem rapidamente e
seguimos para a linha de táxi, que felizmente não é muito
longa.
— Para onde? — O motorista pergunta. Estou prestes a
abrir a boca quando faço uma pausa. Eu não tenho ideia para
onde estamos indo. Não fiz reservas.
Mas não preciso me preocupar por muito tempo.
— O Bellagio. — Inclinando-se para mim, ele sussurra:
— Meu amigo nos ajeitou uma vaga.
O táxi sai e Beck chega o mais perto possível de mim, com
o braço esticado atrás de mim.
— Bom voo, Rylee? — Ele pergunta, tão casualmente. É
impressionante que ele possa parecer tão frio, especialmente
quando estou tremendo de emoção e nervosismo.
— Quase. Um cara da faculdade estava tentando me
pegar, eu acho.
— Isso é verdade? — Ele ri. — Você dispensou o pobre
bastardo?
— Rapidamente.
— Cara, me sinto mal por ele.
— Por quê? — Eu me viro um pouco para olhar para Beck.
Sua barba parece ainda mais grossa, e esses lábios dele, Deus,
quero senti-los por todo o meu corpo.
— Porque, se eu fosse dispensado por você, tenho certeza
que choraria até dormir.
Reviro os olhos e bato de brincadeira no estômago dele.
— Por favor, você passaria para a próxima garota.
— Sim, você está certa. Eu teria ido atrás de Victoria.
— O que? — Agora eu me viro completamente no meu
lugar. Ele o que? A risada de Beck atravessa o táxi. — Fala
serio? Iria atrás de Victoria se te rejeitasse?
— Não iria, mas é muito sexy ver esse espírito ardente em
você novamente.
Homem irritante.
Fazemos o check-in no nosso hotel e ouço fracamente as
palavras quando o atendente da recepção fala com Beck. Quão
bom acordo recebemos do amigo de Beck? No elevador para o
nosso andar alto, trocamos olhares, os dedos de Beck
delicadamente traçando minhas costas, subindo e descendo
minha espinha, deslizando por baixo da camisa e depois da
cintura. Eu respiro fundo quando ele começa a brincar com a
renda da minha calcinha.
Puxar e estalar e esfregar suavemente o dedo. É uma
repetição constante, enviando minha mente para um turbilhão
de sensações. E, graças ao homem à nossa frente, sou forçada
a seguir em meu melhor comportamento.
O elevador para no nosso andar e passamos correndo
pelo passageiro indesejável, pelo corredor até o nosso quarto,
onde Beck pressiona o cartão para abrir a porta para mim. Eu
passo por ele, sentindo sua colônia masculina enquanto passo.
Por um momento, esqueço temporariamente o ataque sensual
que Beck faz em mim e sou pega pela beleza do quarto.
As janelas percorrem a extensão da parede grande,
oferecendo uma visão perfeita das luzes da cidade. À direita,
uma cama gigante, fofa e branca, e à esquerda, uma pequena
área de estar e bar. O quarto é decorado em bronze e marrom,
com toques de preto. É limpo, fresco e bonito.
Parando atrás de mim, Beck coloca as mãos nos meus
ombros e começa a abaixá-las nos meus braços. Seus lábios
pressionam contra o meu pescoço, e meu corpo começa a
formigar com a consciência.
— Vou tomar um banho e me arrumar. Tenho planos para
o jantar para nós e descobri algumas capelas de casamento.
Você precisa tomar banho antes de sairmos? — Ele beija meu
pescoço novamente e estou um pouco atordoada. Não me
entenda mal, estou pronta para o jantar, meu estômago pode
ficar feliz com algo, mas pensei que, no momento em que
pisássemos neste quarto de hotel, Beck me tiraria a roupa e
faria eu me sentir incrivelmente bem.
Mas quando ele se separa de mim e leva sua mochila para
o banheiro, percebi que estava errada.
O chuveiro soa pela porta parcialmente aberta. Beck
estava falando sério? Estávamos… nos preparando para sair?
Quando o ouço andando no banheiro, tomando banho, eu
penso se devo simplesmente tomar banho com ele. Isso seria
muito ousado? Me convidar para entrar?
Passamos apenas uma noite explorando os corpos um do
outro. Eu não o vejo há mais de um mês, então seria super
estranho? Ele me quer no chuveiro com ele?
Mordo o dedo, a alça da minha mala na mão, tentando
descobrir o que fazer. Decidindo levar as coisas devagar, já que
só nos encontramos, levo minha mala para o suporte de
bagagem e abro para deixar minhas roupas arejarem.
Desdobro cuidadosamente o vestido preto de lantejoulas que
trouxe para o casamento e o deixo nas costas de uma cadeira
para evitar amassos. Em seguida, pego minhas sacolas de
cosméticos e as aperto no meu peito enquanto dou uma
espiada no banheiro. Não vejo nada além de vapor. Quão
quente ele deixa a água?
Talvez o chuveiro esteja dividido. Contemplando levar
meus cosméticos para o banheiro, decido que não vai doer se
eu entrar rapidamente, olhar para baixo e colocar minhas
coisas no balcão.
Sim, é exatamente isso que vou fazer.
Cabeça erguida, plano no lugar, eu entro no banheiro,
mantendo os olhos virados para baixo... bem a tempo de ouvir
um gemido leve vindo do chuveiro diretamente atrás de mim.
Como meus olhos estão curiosos... e não escutam meu
cérebro... olho no espelho. E que visão. Um contorno escuro do
corpo incrível de Beck. Baixo os olhos, concentrando-me na
bancada de mármore da pia Eu não deveria estar olhando. Eu
deveria sair. Era para ser uma rápida entrada e ir embora,
mas...
Olho de novo e noto Beck curvado, uma mão apoiando
seu corpo contra o azulejo, a outra na cintura.
Minha boca fica seca enquanto eu o vejo bombear
lentamente, seu gemido ecoando pelo banheiro, o vapor e os
sons vindos dele aquecendo meu corpo inteiro. Como uma
voyeur, com os pés cimentados no ladrilho embaixo de mim,
olho para o espelho e vejo sua silhueta bombear seu pau. Para
cima e para baixo, para cima e para baixo.
Uma dor baixa começa a zumbir entre minhas pernas, a
necessidade dele cresce, minha vontade de sair escorregando.
Eu o ouço resmungar algo que não consigo entender, mas
soa muito como o meu nome, o que me puxa em direção ao
chuveiro. Com as pernas trêmulas, tiro os sapatos e as meias,
meu corpo se movendo automaticamente, minha mão
alcançando a maçaneta da porta.
Vestida de camiseta e shorts, abro a porta do chuveiro, e
o ar frio deve chamar a atenção de Beck em minha direção.
Olhos doloridos encontram os meus, sua mão para em seu
pênis, e seus músculos das costas ondulam pela tensão
crescendo dentro dele. Ele está tão gloriosamente nu, o tendão
enrolado nos ossos robustos do seu corpo, me seduzindo por
dentro. Água que se dane. Eu dou um passo atrás dele e levo
minhas mãos para suas costas, onde as coloco em torno de
seu estômago, e seus abdominais tremulam sob as palmas das
minhas mãos a cada centímetro que desço à sua ereção. Fico
em silêncio enquanto beijo seu corpo molhado, suas costas
rijas contra minha boca, sua mão se separando do seu pau,
me dando o acesso que eu quero. Com as duas mãos
encostadas no azulejo na frente dele agora, ele se prepara
enquanto eu movo minhas mãos para o centro dele.
Agarro seu pau duro como pedra e aperto a base
firmemente, girando minha mão, certificando-me de mover
meu polegar para cima e para baixo em suas veias duras. Um
assobio baixo escapa dele, e quando agarro suas bolas com a
outra mão, ele se choca contra mim. Eu o seguro com força,
não dando espaço para ele se mexer, suas bolas na palma da
mão, meu aperto como um torno, tentando juntar o sangue na
ponta enquanto movo lentamente minha mão na cabeça. Eu
não bombeio. Não esfrego. Aperto e no ritmo de um caracol me
movo para cima.
— Porra, Rylee. Maldição. — Seu punho bate contra o
azulejo do chuveiro, seus músculos nas costas se retesam
ainda mais. Eu continuo a mover minha mão para cima, minha
outra mão rapidamente rolando suas bolas.
— Rylee, por favor, porra, eu não aguento isso.
Eu beijo suas costas e continuo a mover minha mão para
cima, ficando mais apertado a cada passe. Sua respiração fica
difícil, e seu pênis se contrai na minha mão, enquanto ele
inclina a testa contra o azulejo. Quando chego ao fundo da
cabeça, torço a mão na base.
— Porra! — Ele grita e fica ereto, removendo minhas
mãos. Quando ele gira, seu pênis parece pesado, pronto para
explodir, e seus olhos parecem assassinos.
Ele não me dá a chance de me mover, porque está sobre
mim antes que possa alcançá-lo novamente. Ele coloca meus
braços contra o azulejo do chuveiro, pedaços de água batendo
em suas costas. Inclinando-se para frente, ele morde meus
lábios, puxando-os, não me dando outra opção senão deixá-lo
assumir o comando. Quando ele se afasta, ele diz:
— Mantenha suas mãos aqui, Rylee.
Pegando meus shorts, ele os abre e os arrasta pelas
minhas pernas junto com minha calcinha de renda. Ele os
deixa no chão e lentamente move as mãos pelas minhas
pernas, passando pelos meus quadris, até a barra da minha
camisa, onde ele retira o tecido molhado do meu corpo.
— Nós deveríamos esperar… — Ele resmunga, tirando
meu sutiã também, libertando meus mamilos quando ele
imediatamente começa a apertá-los com os dedos. Eu respiro
pesadamente quando ele aperta os dois ao mesmo tempo.
— Eu tinha planos de transar com você por todo este
quarto de hotel hoje à noite, mas não agora.
— Por que não… agora? — Eu praticamente grito quando
ele aperta meu peito com a palma da mão inteira.
— Porque, acho que depois de provar você de novo, não
poderei sair deste quarto de hotel.
Sim, ele pode estar certo sobre isso. Vai ser bem difícil.
— Bem, você é quem estava se masturbando sem mim.
— Para passar a porra da noite, — ele murmura contra a
minha pele. — Ver você de novo, foda-se, Rylee. Está fazendo
algo no meu corpo, algo perigoso. Tinha que cuidar de mim,
aliviar um pouco da tensão dentro de mim para passar a noite
com você.
— Você deveria ter me pedido para ajudar.
Eu movo minha cabeça para o lado enquanto seus lábios
trabalham para cima e para baixo no meu pescoço, meu núcleo
formigando com a necessidade.
— A surpresa foi melhor. — Ele abaixa as mãos e
pressiona um dedo no meu clitóris. Ele desliza facilmente.
— Merda, Atrevida. Você está pronta.
— Estava pronta no minuto em que te vi no aeroporto.
E essa é a verdade, porque ele encostado no poste é uma
imagem que não esquecerei por muito tempo.
Grunhindo, ele me levanta pela cintura, nos gira e me
pressiona contra a extremidade oposta do chuveiro. Sua ereção
pressiona contra a minha bunda enquanto aperto minhas
pernas com força em torno dele, me segurando desde que ele
mais uma vez colocou meus braços acima de mim.
Ele move as mãos pelo meu corpo, esfregando os
polegares contra o lado dos meus seios enquanto me devasta
com a boca. Separando meus lábios, ele desliza sua língua
para dentro e mergulha para frente, tão agressivo, tão carente,
tão masculino. E tão Beck.
Tudo sobre Beck é masculino, desde a maneira como me
leva contra o azulejo do chuveiro, até seu pênis endurecido tão
grosso e atraente, até a maneira como sua boca assume o
controle, movendo sua língua habilmente contra a minha.
— Você está tomando pílula?
— O que? Sim. — Murmuro, minha mente incapaz de
compreender verdadeiramente o que ele está perguntando até
que ele grunhe e levanta meus quadris, seu pau pressionado
no meu centro.
— Diga-me agora se você não quiser isso.
Ele é louco? Olhando-o nos olhos, eu digo: — Eu preciso
disso.
Sem perder tempo, ele me derruba no seu pau. Nossas
testas pressionam juntas, nossa respiração é irregular
enquanto eu me ajusto ao redor de sua cintura. Não me lembro
de ser tão grande. Inferno, não me lembro de ser tão intenso,
como se todas as terminações nervosas em meu corpo são
incendiados e nenhuma quantidade de água será capaz de
extinguir o fogo dentro de mim.
— Tão cheia… — Eu suspiro.
— Tão apertada… — Ele responde, sua voz tensa. — Eu
não vou durar muito.
Ele bombeia seus quadris em mim. Meu corpo esfrega ao
longo da parede de azulejos, sua boca está na minha, sua
língua ocupada passando pela minha e suas mãos? Eles estão
por todo o meu corpo, queimando minha pele a cada toque.
Implacável.
Lento.
Rápido.
Um padrão rítmico de seu pau me acertando no lugar
certo.
Pulso após pulso.
Dedos se curvando, mamilos endurecendo, gemidos
profundos.
Meu corpo entorpece, minha barriga gela, meu clitóris
pulsa, ansiando por liberação.
— Oh Deus, sim, mais.
Bombeada após bombeada.
Gemendo, mordendo, raspando.
Pontas dos dedos em minha pele, beliscando meus
mamilos.
— Foda-se! — Diz ele, seu pau é tão duro dentro de mim.
Uma esfregada.
Duas.
Três..
— Sim! — Eu grito enquanto convulsiono em torno dele,
seu pau parado enquanto ele goza junto comigo, seu pau
pulsando dentro de mim.
Leve como uma pena, meu corpo flutua para baixo do
meu orgasmo, tremores flutuando através de mim, pequenos
pulsos disparando em torno dos meus nervos.
Cabeça no ombro dele, recupero o fôlego quando ele me
abaixa no chão. Minhas pernas tremem. Ele me puxa para um
abraço e me abraça com força por alguns momentos antes de
nos separar e pegar uma barra de sabão.
Que raio foi aquilo?
Eu nunca me senti tão bem.
Tão satisfeita.
Relaxando em seu toque, pela primeira vez, deixei um
homem me ensaboar. É como se estivesse esperando.
Esperando o homem certo, o homem em quem posso confiar e
o homem em quem posso me entregar livremente.
Beck.

***

— Você está quase pronta, Atrevida? Estou prestes a


devorar meu maldito sapato se não comermos em breve.
Afofo meus cabelos mais uma vez e verifico meu batom
para garantir que tudo esteja no lugar. Podemos ter perdido
nossa reserva para o jantar devido a atividades sexuais
imprevistas, mas Beck me garantiu que preferia passar o
tempo me fodendo do que jantando. Depois da terceira rodada,
meu estômago roncou e Beck me deu um tapa na bunda,
enviando-me ao banheiro para me arrumar.
O plano era ficar prontos, comer e invadir casamentos,
mas depois do banho, não havia como sairmos deste quarto de
hotel sem compensar o tempo perdido. Novamente. E quando
ele estava gemendo no meu ouvido por trás, sua libertação se
apoderando de nós dois, eu não poderia concordar mais.
Precisávamos de um pouco de sexo antes que pudéssemos
avançar.
Verifico meu vestido e faço uma pequena volta no espelho
para checar minhas costas. Adoro quão baixo o vestido
mergulha, baixo o suficiente para fazer qualquer mulher
sensual. É tão Vegas, tão escandaloso e o vestido perfeito para
deixar Beck louco. Especialmente depois de vê-lo de camisa
preta e calça preta, parecendo sexy como o pecado.
Respirando fundo, saio do banheiro e encontro Beck em
uma cadeira, as pernas largas e os antebraços apoiados nos
joelhos enquanto ele olha para o telefone. Quando ele olha para
cima, ele dá uma rápida olhada e um sorriso lento se espalha
sobre seus lábios. De pé e embolsando seu telefone, ele
caminha em minha direção, uma arrogância a cada passo à
frente.
Segurando meus quadris, seus olhos correm sobre mim
com uma leitura quente, suas pupilas escurecendo a cada
passagem.
— Você está tentando me causar problemas hoje à noite,
não é, Atrevida?
— Como assim? — Brinco com a gola aberta da camisa
dele, maravilhada com a pele bronzeada.
— Este vestido vai me causar problemas com todos os
homens na pista hoje à noite. — Inclinando-se para a frente e
pressionando um leve beijo nos meus lábios, ele diz: — Eu não
sou responsável por nenhuma briga em que eu entre.
— Não haverá brigas.
Eu passo por ele quando ele pega meu pulso e seus olhos
suavizam.
— Você está linda, Rylee.
Meu coração dispara no peito enquanto sinto minhas
bochechas corarem. Timidamente, respondo: — Obrigada.
Demoramos um momento, e uma eletricidade
desconhecida salta entre nós, uma consciência que nunca
senti antes com outro homem. Eu gosto dele... muito, e isso é
assustador.
Eu não deveria gostar dele, mas não posso evitar. Eu sou
atraída por ele. Sou viciada em fazê-lo sorrir, e agora... em
senti-lo pulsar dentro de mim. E sou viciada em sua mente,
na maneira como ele vive a vida tão livremente, como se todo
dia fosse o último. É refrescante.
— Vamos, antes que eu arranque esse vestido de você e
não façamos nada hoje à noite, a não ser nos enroscarmos nos
lençóis.
— Nada de errado com isso. — Eu dou uma piscadela
para ele e pego minha pequena bolsa no caminho para a porta,
Beck seguindo de perto.
Depois de algumas discussões no elevador sobre onde
comer, acabamos decidindo por uma lanchonete chamada
Lobster Me dentro das lojas do Planet Hollywood. Beck diz que
o marido de sua amiga ama os pães. Sendo do Maine, onde a
lagosta é retirada do mar pela manhã e servida no seu prato
naquela noite para o jantar, sou cética, especialmente porque
Nevada é um estado sem litoral.
— Vamos lá, admita, Rylee. Essa coisa é boa.
Beck dá outra mordida gigante em seu pão de lagosta,
sua mandíbula trabalhando a comida. Me chame de louca,
mas vê-lo comer é excitante.
— Não tenho certeza… — Respondo, dando outra
mordida no pão de lagosta, adorando como os sabores surgem
na minha língua.
— Você é uma mentirosa.
Ok, sou uma mentirosa. Eu admito; o pão de lagosta é
bom pra caralho. É mais do que bom, porque é um dos
melhores que já comi. E que pecado admitir isso. Nasci e cresci
no Maine, e não apenas no Maine, mas na costa onde eu
mesma pegava lagosta. Eu não deveria gostar desse pão de
lagosta, deveria virar o nariz para ele. Mas puta merda, não
consigo parar de comer.
— Ha! — Beck cutuca meu lábio onde ele se curvou. —
Você gosta e sabe disso. Você quer outro, não é?
Estou na metade do meu primeiro pão de lagosta e, sim,
passou pela minha cabeça pegar outro, porque é assim que
eles são bons.
Agh, sou uma farsa de mulher. Eu não deveria poder
voltar para o Maine. Meus pais vão me renegar se descobrirem.
— Quero dizer, é bom. — Eu tento ser casual, mas Beck
pode ver através de mim.
— Sim, tudo bem. Vou pedir outro para dividir.
— Pão extra grelhado! — Grito enquanto Beck caminha
em direção à caixa registradora, sua risada movendo os
ombros para cima e para baixo.
Eu sou uma vergonha para o meu estado natal. Graças a
Deus, eu tenho esse delicioso pão de lagosta para me confortar.

***
— Você já esteve em Vegas antes?
Pergunto a Beck enquanto caminhamos para a Capela de
Casamentos Vegas, conhecida por seus casamentos com Elvis.
— Talvez muitas vezes, especialmente quando era mais
jovem.
Sua mandíbula fica rígida e eu posso ver a mudança em
seus traços quando ele menciona seu passado. — E você?
— Algumas vezes para autógrafos. Passei muitas noites
em Chippendales.
— Amo esse show. Não se cansa dos paus dos homens
em cintos pequenas de tecido.
— O que? — Eu rio. — Você esteve em um show de
Chippendales?
Ele mantém a porta aberta para mim e assente.
— Sim, eu fiz tudo, Atrevida. Talvez um pouco demais.
— Então, isso significa que você quer assistir a um show
da Chippendales comigo?
— Nem um pouco.
Ele beija o lado da minha cabeça e direciona sua atenção
para a mulher na recepção. É difícil levá-la a sério, dado o
penteado de Dolly Parton, o blazer rosado e brilhante e a
sombra azul neon. Meus olhos estão quase lacrimejando pelo
conjunto brilhante e levemente exagerado. Bem-vindo a Vegas!
— Olá, vamos nos casar hoje à noite?
A pergunta me pega desprevenida. Eu nunca pensei em
ir a uma capela de casamento com Beck e ser confundida com
uma noiva ansiosa para casar com seu homem, mas aqui
estamos nós.
Apertando meu ombro, Beck diz: — Estamos casados há
cinco anos, na verdade. Viemos aqui para assistir nossos
amigos, Becca e Charles, se casarem. Eu sou Frank, e este é
Bitsy, estamos super empolgados por estar aqui.
Becca e Charles. Quem diabos são eles? E Frank e Bitsy?
Bom Deus.
— Oh, que maravilhoso, a cerimônia deles está prestes a
começar, então vá em frente e entre.
— Obrigado. — Beck pega minha mão na dele e me guia
pelas portas da capela.
— Quem diabos são Becca e Charles? — Eu sussurro,
indo para um banco ao lado de Beck. Quando nos sentamos,
ele passa o braço por cima do meu ombro e me puxa para
perto.
— Não faço ideia… — Ele responde em um sussurro. —
Só vi os nomes marcados na agenda na frente dela.
Eu me viro para olhá-lo nos olhos. — Você é realmente
tão furtivo?
Ele balança as sobrancelhas para mim. — Você não tem
ideia de com quem está saindo, Atrevida.
E essa não é a verdade assustadora? Sinto que o conheço,
especialmente após o mês de conversas telefônicas, mas sei
que há um lado mais sombrio que não conheço, um lado que
tem sido fundamental para moldar quem ele é hoje. Um lado
que eu quero desesperadamente descobrir.
Antes que possa questioná-lo, os sinos do casamento
tocam e Elvis se aproxima do altar e começa a cantar uma
música enquanto a noiva e o noivo caminham juntos pelo
corredor. Beck torce os dedos na direção deles enquanto eles
passam, recebendo de ambos um olhar confuso.
Oh inferno. Parece que será uma daquelas noites
novamente.

***

— Dr. Pelican e Gloria aqui para o casamento de Barclay.


— Beck diz, colocando uma mão no bolso, parecendo bastante
digno.
— Sim, eles vão para capela dois. Chapéus de flamingo
estão à direita, portanto, certifique-se de colocar um antes de
entrar na capela.
— Oh, perfeito. — Beck pressiona a mão contra o peito
em alívio. — Deixamos nossos chapéus de flamingo no hotel e
fiquei preocupado.
— Nós salvamos você. — Responde a recepcionista, seus
olhos fazendo uma leitura perigosa de Beck.
— Vamos lá, docinho. — Beck pressiona a mão na
abertura da minha parte inferior das costas. — Hora de pôr
nossos pássaros.
Quando nos afastamos, eu me inclino para Beck e digo:
— Ela estava te checando totalmente.
— Mesmo? Eu não percebi, pois meio que tinha meus
olhos grudados no seu decote. — Ele pressiona um beijo na
minha têmpora e me entrega um chapéu de flamingo.
Ele coloca e bate asas falsas. — Kaw-Kaw!
Eu bufo uma risada e cubro o nariz. — Não acho que os
flamingos façam esse barulho.
— Eles com certeza ficam em uma perna e batem as asas.
— E para demonstrar suas habilidades de flamingo, ele faz
exatamente isso, me fazendo rir muito.

***

— Sr. e Sra. Gentry, vocês podem sentar bem aqui.


O recepcionista nos coloca em um banco atrás de duas
rainhas de arrasto maravilhosamente perfeitas e um imitador
de Dolly Parton.
— Obrigado, gentil senhor. — Diz Beck com um forte
sotaque sulista, tirando o chapéu de feltro que comprou de um
vendedor na rua.
— A seu dispor. Ansioso por seu álbum de estreia.
— Isso é muito gentil da sua parte. — Ele aponta para o
recepcionista. — Guarde esse autógrafo. Em alguns anos
valerá alguma coisa.
— Eu vou, senhor.
O pobre coitado vasculhará o iTunes tentando encontrar
Max Gentry. Ele pode ficar chateado quando não achar nada.
— Você é um absurdo… — Eu sussurro. Observando a
organização do casamento à nossa volta, e do rosa quente
espalhado por toda a capela, acho que esse casamento será
realmente bom.
Do lado da capela, o noivo aparece com o terno rosa mais
brilhante que já vi e parece incrivelmente feliz. Vou adivinhar
aqui e dizer que ele é um cara incrível tentando fazer sua
garota feliz, e isso é tudo doce.
As portas atrás de nós se abrem e uma mulher de branco
com flores rosa quentes aparece. Ela está linda, com os cabelos
esvoaçando ao redor dos ombros, flores presas nas mechas. A
Marcha Nupcial começa, mas é rapidamente cortada quando
ela aponta para o pescoço para interromper a música.
Oh cara... isso vai ser bom. A cena do The Office aparece
na minha cabeça, onde todos os personagens dançam pelo
corredor no casamento de Pam e Jim. Um sorriso cruza meu
rosto enquanto me preparo para a entrada de uma vida.
Mas quando eu acho que as artistas de Las Vegas estão
prestes a irromper pelas portas também, estou completamente
enganada. Com o buquê agarrado ao peito, a noiva
lentamente... e eu quero dizer lentamente... caminha pelo
corredor... cantarolando a infame Marcha Nupcial de
Mendelssohn.
Sim, cantarolando.
Cantarolar com o conteúdo do seu pequeno coração, o
mais alto que pode ser.
E justamente quando acho que não poderia haver nada
estranho, o noivo se junta, balançando para frente e para trás,
as mãos ligadas na frente dele.
Eles cantarolam em uníssono, os olhos presos, o tom fora,
fazendo uma interpretação interessante.
Isso é até Beck se juntar ao meu lado. Com os olhos
arregalados, eu me viro em choque quando as drag queens à
nossa frente se juntam também e antes que percebamos, toda
a capela está cantarolando.
Bem, tudo bem então. Este é de longe, um dos
casamentos mais estranhos que já participei.

***

Não.
Não, não, não.
Retiro o que disse. ESSE é de longe o casamento mais
estranho que já participei.
O casal de idosos, vestido de couro e chicotes, caminha
pelo corredor juntos enquanto os participantes os animam. Ao
meu lado, Beck bate palmas e, em seguida, executa um assovio
de congratulações, realmente entrando no personagem.
Quando o casal chega a Beck, o noivo careca agarra Beck
pela nuca e diz: — Obrigado por estar aqui, pastor Rick.
— Eu não perderia por nada nesse mundo. — Responde
Beck antes de dar um beijo áspero na cabeça do noivo.
Debruçando-se sobre seu novo amigo, Beck diz: — Edith, você
faça o nosso garoto Erwin aqui suar esta noite, está me
ouvindo?
Ela aponta o dedo para Beck. — Você sabe que eu vou.
Acenando para mim, ela diz: — Tchau, Marni. Boa sorte
na escola de stripper; sabemos que você vai se sair bem. —
Sim, você consegue adivinhar quem criou minha história, mais
uma vez.
— Obrigada e parabéns! — Acrescento.
Afastando-se de nós, de braços dados, Edith e Erwin
caminham para o “pôr do sol” em perneiras, suas bundas
velhas e enrugadas balançando da música.
Jesus Cristo.
Esfrego a mão no rosto. Acho que meus dias de invadir
casamentos terminarão em breve. Tenho certeza que já vi tudo.
Depois que Edith e Erwin se foram, Beck pega minha mão
e diz: — Sorvete? — Ele diz isso de maneira tão casual, como
se não tivéssemos vivido um casamento alucinante e esquisito
tipo bondage com dois velhos lunáticos.
— Você quer sorvete? Depois de assistir as bundas
enrugadas de Edith e Erwin irem embora?
Ele encolhe os ombros. — Não há nada de errado com as
perneiras em um casamento. Apenas significa que estão
casando com a pessoa certa para eles.
E lá vai ele, sendo perspicaz novamente.
— Você é incrível para mim, sabia? Sempre vendo o que
há de bom nas pessoas, não importa em que situação você
esteja.
— Não há necessidade de se concentrar no negativo, isso
apenas te prejudica. — Ele puxa minha mão. — Vamos,
Atrevida, estou morrendo de vontade de tomar um sorvete de
menta com chocolate.
— Podemos ter cones de waffle? — Eu pergunto, seguindo
atrás dele.
— Você precisa mesmo perguntar?
Ele pisca para mim e me conduz para a fora,
despreocupado e bonito como sempre.
PARTE QUATRO

A VERDADE
CAPÍTULO VINTE
BECK
Rylee sussurra na cama, estendendo os braços para a
cabeceira. Seus pequenos gemidos enquanto ela se estica são
fofos.
Quando convidei Rylee para Las Vegas, realmente usei
toda a sugestão do casamento para dar uma desculpa para vê-
la, e mesmo sendo cansativo ir de capela em capela, tentando
não ser pego, valeu a pena. A quantidade de vezes que ouvi a
risada de Rylee foi além da perfeita.
É estranho que vê-la de novo em pessoa esteja
provocando todo tipo de sentimentos, sentimentos que não
tenho experimentado há muito tempo. Há algo diferente em
Rylee que não consigo entender, mas seja o que for, eu quero
mais.
Nós dois partimos amanhã, de volta aos nossos lados
opostos do país. Pensar nisso me despedaça. Parece que acabei
de recuperá-la e não estou pronto para me despedir. Parte de
mim teme que, quando o fizermos, ela tentará me cortar
novamente, como fez da última vez. Não tenho certeza se posso
permitir isso, não com a conexão que compartilho com essa
mulher. Eu quero mais.
Tomo um gole de suco de laranja e olho pela janela,
observando a luz do dia que lança um brilho sujo sobre a
cidade. Las Vegas durante o dia quase parece com alguém
preso em uma cidade em Marte. Tem um brilho laranja,
aparência empoeirada e suja. Mas à noite, quando as luzes
estão brilhando, o pecado acontece com você, e é um lugar
totalmente diferente.
Passos suaves se aproximam, e vejo Rylee envolta em um
roupão de algodão branco, o que deixei na cama para ela,
caminhando em minha direção. Sem aviso, ela se enrola no
meu colo, enfiando a cabeça na dobra do meu pescoço. Eu a
seguro firmemente contra mim, amando como ela se encaixa
perfeitamente em meus braços.
— Que horas são? — Ela murmura, sua bochecha
descansando no meu peito nu. Estou usando minhas calças
da noite passada e elas estão soltas.
— Meio-dia.
Ela levanta a cabeça. — Sério?
Eu concordo. — Sim, você dormiu muito tarde.
Não voltamos para o hotel até depois de meia-noite e,
mesmo assim, não fomos para a cama imediatamente. Eu
posso ter passado algumas horas adorando o corpo de Rylee
até desmaiarmos.
— Você me cansou. — Ela brinca contra mim novamente
e eu a agarro com mais força.
— Se você está procurando um pedido de desculpas, não
receberá um.
— Cruel. — Eu amo a sensação do seu sorriso contra o
meu peito.
Eu beijo o topo de sua cabeça e digo: — Eu pedi café da
manhã. Chegou cerca de vinte minutos atrás, mas
provavelmente já está frio agora.
— Tudo bem, eu como praticamente qualquer coisa.
Quero me aconchegar um pouco mais primeiro.
Inferno, não vou reclamar disso. Descansamos juntos,
minha mão acariciando seus cabelos, seus dedos brincando
com os pelos curtos no meu peito, nossa respiração
sincronizadas, nossos corações batendo como um.
É a maior paz que já senti.
— Você tem algum arrependimento na vida?
Eu paro. Essa pergunta é tão inesperada e qualquer paz
que senti se dissipa. Em seu lugar está a ansiedade, que
lentamente se arrasta na parte de trás do meu pescoço. Eu
tenho muitos arrependimentos. A questão realmente não
deveria ser se tinha algum. A pergunta deve ser quantos eu
tenho e quantos alteraram minha vida?
Não querendo entrar em detalhes, respondo:
— Eu sei que pareço um cara que diria que algo como
arrependimentos é o que ajuda a moldar-nos como seres
humanos, mas isso seria mentira. Tenho grandes
arrependimentos, alguns momentos da minha vida que
gostaria de poder voltar atrás. Não há dúvida sobre isso.
E para afastá-la desses arrependimentos, pergunto a ela:
— E você?
Ela faz uma pausa, em relação à minha pergunta.
— Quero dizer, eu tinha pequenos arrependimentos que
parecem ridículos agora, como não contratar um editor nos
primeiros meses de autor, e tentar fazer tudo sozinha, mas
grandes arrependimentos que me moldaram? Acho que não.
— Você não parece do tipo que nutre arrependimentos.
— E você é? — De volta para mim. Eu sabia que seria
muito fácil.
Eu lambo meus lábios e tento pensar na melhor maneira
de colocar isso.
— Há um ar de escuridão que paira sobre mim. Eu posso
viver a vida ao máximo, mas se você olhar de perto, sentirá
arrependimento em meus movimentos diários. É como um
peso que eu tenho que carregar dia após dia. Mas quando olho
para você, não vejo a mesma escuridão. Vejo...
Faço uma pausa e a estudo por um segundo.
— Uma mulher lindamente inteligente, talvez uma
mulher com uma pitada de tristeza eclipsando-a.
Apoiando-se, mão no meu peito, ela me olha nos olhos e
diz: — Você vê tristeza?
Coloco meu dedo sob o queixo e assinto. — Eu vejo. Não
o tempo todo, mas há momentos em que já vi… tristeza. Não
sei de onde vem, mas o que sei é que quando você se solta,
quando se diverte, ela desaparece e seus olhos são claros,
cheios de risadas. É o jeito que eu gosto de ver você o melhor,
essa porra de alegria exalando de você.
— E sua felicidade, está nublada?
Pressiono meus lábios e fecho meus olhos, minha
bochecha encostada no topo de sua cabeça, o cheiro de seu
cabelo derretendo meus músculos.
— Não está nublada quando você está por perto. —
Respondo com ousadia, mas honestamente.
Ela para nos meus braços, e eu me preocupo por ter
cruzado uma linha, mas quando ela pressiona a bochecha
contra o meu peito, eu relaxo.

***

Rylee sai do banheiro, recém-banhada, com os cabelos


molhados, ainda usando aquele maldito roupão. Eu planejava
tomar um banho com ela, mas quando a editora dela ligou
sobre sua história, tomei um banho rápido e saí da sala para
lhe dar um pouco de privacidade.
— Ei, aí está você.
Ela caminha em minha direção, torcendo os cabelos
molhados, as pernas bronzeadas espreitando além da túnica.
— Para onde você foi?
Pego-a em meus braços e dou um leve beijo em seus
lábios, minhas mãos brincando com a amarração de seu
roupão.
— Sai para uma pequena caminhada. Pensei em lhe dar
um pouco de privacidade.
— Você não precisava fazer isso.
— Precisava de ar fresco.
Ela segura minha bochecha. — Está tudo bem?
— Sim, está tudo bem. — Sorrio e a levo para o sofá, onde
a sento no meu colo e brinco com seus cabelos molhados,
torcendo-os sobre o meu dedo.
— Você sabe o que quer fazer hoje à noite? Talvez invadir
mais alguns casamentos?
Ela balança a cabeça. — Eu acho que cansei. Seria
estranho ficar aqui a noite? Pedir serviço de quarto?
— De jeito nenhum. Ficar aqui está bem para mim.
Tudo o que quero é absorver o máximo de Rylee antes de
amanhã, antes de ter que me despedir por um tempo
novamente.
— Perfeito.
Ela pressiona sua bochecha contra o meu peito mais uma
vez, suas pernas penduradas no meu colo, seus cabelos
umedecendo minha camisa. Ela suspira, derretendo em mim.
Limpando a garganta, decido fazer uma pergunta que não
consigo tirar da cabeça.
— Então, sobre esse cara Griffin. Você é próxima a ele?
Ela ri nos meus braços e pressiona um beijo na minha
clavícula.
— Crescemos juntos, frequentamos a mesma escola,
saímos de vez em quando, nos vemos regularmente quando
passamos um pelo outro na cidade, mas próximos? Não, na
verdade não. Mais cordiais do que qualquer coisa,
possivelmente amigos, mas mais cordiais. Por que você está
com ciúmes?
— Sim. — Eu respondo honestamente. — Eu estou. Estou
com ciúmes que esse filho da puta te vê quase todos os dias e
só tenho momentos roubados. — No dia em que o vi entrar na
cozinha dela, como se ele pertencesse àquele lugar, houve
tortura. Não fui capaz de perguntar sobre ele. Eu não sabia o
que ela realmente pensava sobre mim, sobre nós, se realmente
existe um nós. Então, perguntando a ela sobre o cara com
quem ela está claramente muito confortável, o cara que Zoey
acha que pode gostar dela, sim, foda-se. Eu quero um nós. Eu
quero mais, então sim, tenho ciúmes. Eu sei como é me sentir
como se não fosse eu. Insuficiente.
— Beck... — Ela suspira pesadamente e sinto que não vou
gostar do que ouvirei em seguida.
— O que estamos realmente fazendo? — Ela levanta a
cabeça e alisa alguns fios de cabelo do rosto. — Entendo que
existe essa atração pesada entre nós, o tipo de atração que você
não experimenta com muita frequência, mas isso é tudo o que
existe?
— Não. — Meu queixo fica tenso de irritação. É tudo o que
ela sente? Atração?
— Há muito mais do que apenas atração do meu lado.
Sinto algo por você, Rylee. Eu tenho um interesse genuíno em
sua vida, como vai o seu dia. Eu desejo falar com você todos
os dias porque me preocupo com você. Para mim, isso é mais
do que apenas atração. Se estivesse apenas atraído por você,
não teria tempo para vir vê-la . Eu não estaria pulando com o
som do meu telefone toda vez que ele emite um sinal sonoro,
esperando que seja você.
Eu passo minha mão pelo meu rosto, mostrando minha
frustração. — Eu não vim aqui neste fim de semana para
transar, Rylee. Eu vim aqui para te ver. Te envio uma
mensagem todos os dias para falar com você. Enfrento você
todos os dias para ver você. Estou tentando me manter imerso
em sua vida a cinco mil quilômetros de distância, porque quero
você.
Ela balança a cabeça e empurra contra o meu peito,
sentando-se para me encarar. — Você não acha que a luxúria
está dirigindo suas ações? Você não pode estar interessado no
longo prazo.
É aí que ela está errada.
— Estou interessado no longo prazo. — Respondo,
olhando-a nos olhos.
Sua boca se abre, seus olhos procuram os meus. — Mas
há tanta coisa que não sabemos um sobre o outro.
— Então me pergunte! — Eu grito, minha frustração
transbordando — Porra, pergunte-me o que quiser!
Ela tenta sair do meu colo, mas eu não deixo. Se vamos
conversar, vamos conversar enquanto estamos sentados o
mais próximo possível.
Ainda mantendo distância, ela entrelaça as mãos no colo
e pergunta suavemente:
— Quem é Christine?
Sem pular um segundo, respondo: — Minha ex-esposa.
Para convencer Rylee a ficar comigo, para fazer isso
funcionar, vou ter que ser aberto e honesto com ela. Espero
que ela não fique com nojo de mim depois.
— Você já foi casado antes?
Eu concordo. — Por dois anos. Nós nos casamos logo
após o colegial. Nossas famílias não apoiaram, mas éramos
jovens e, na época, achava que estava apaixonado. Éramos
tolos, ingênuos e imaturos. Depois do primeiro ano, ele decaiu.
— O que aconteceu?
Eu corro minha palma pela coxa dela, meu coração
batendo forte no meu peito.
— Nós lutamos e quando você luta e é imaturo, você não
luta como adulto ou resolve problemas como adultos.
Ficávamos sem dinheiro todos os meses, não nos apoiávamos,
não tínhamos objetivos, éramos a combinação perfeita do que
não fazer em um casamento.
— Você eram tóxicos um para o outro.
Concordo, continuando meu toque gentil contra Rylee,
tirando coragem dela.
— Exatamente. Mais tóxico do que você poderia imaginar.
Chegou ao ponto que acabava bebendo todas as noites quando
chegava em casa do meu trabalho horrível.
— Você não estava pintando então?
Balanço a cabeça.
— Não, eu estava trabalhando em um emprego horrível
em uma empresa de mudanças. Foi um completo desperdício
da minha vida, não o que eu queria fazer. Mas a luxúria nublou
minha visão e acabei em uma situação ruim da qual não
conseguia sair.
Engulo em seco e esfrego a parte de trás do meu pescoço,
a próxima confissão é difícil de compartilhar, uma parte difícil
de revelar.
— Comecei a beber muito. Começamos a beber muito. As
brigas em que entrávamos... — Balanço a cabeça.
— Elas eram voláteis, feias e muito vergonhosas. Os
nomes que nos chamamos, as coisas que dissemos um sobre
o outro. — Mordo meu lábio inferior e Rylee pressiona sua mão
contra minha bochecha, seu polegar esfregando minha pele.
— Não se apresse… — Ela sussurra, entendendo que há
mais.
— Ela começou a me trair. Ela enviava foto após foto dos
caras com quem estava, me enviou vídeos dela transando com
algum homem aleatório no banheiro de um bar. Isso me
estimulou a beber mais. Comecei a beber durante o dia,
enquanto trabalhava, e o cheiro de álcool não era fácil de
esconder. Eu fui pego e demitido.
O rosto dela fica mais suave com preocupação. — Eu
nunca a traí, nunca. Fiz votos e os mantive no meu coração.
Eu não a toquei depois que ela começou a me trair, mas o mais
triste é que não sabia como sair do interminável círculo
infernal em que estava vivendo. Não sei por que ela não me
deixava. Ela não me queria, então por que ficar? Por que trair?
Por quê? Então bebi mais e briguei. Essa era a minha vida,
bebendo e brigando.
— Não é assim que se vive.
— Nem me fale. — Pressiono meus dedos em seus
quadris, mantendo-a no lugar, acalmando-a para próxima
parte desta história.
— Uma noite, Christine chegou em casa depois de me
enviar as fotos repugnantes de sempre, e fiquei com muita
raiva. Estava muito bêbado, brigamos muito e saí.
Faço uma pausa e respiro. — Ainda me lembro de subir
no carro, pensando que não deveria estar dirigindo, que
deveria dormir, mas fiquei tão louco que liguei a ignição e
dirigi. Lembro-me tão claramente: a luz vermelha que passei;
as luzes brilhantes vindo em minha direção; o som do metal
triturando; a força brutal do airbag batendo na minha cara.
Meu coração está batendo uma milha por minuto. Eu
arrisco dar uma olhada em Rylee e, em vez de julgamento, vejo
é entendimento. Compaixão em seus olhos. Eu sinto... alívio.
Ela me pede para continuar, descansando a cabeça no
meu peito, sua mão brincando com o tecido da minha camisa,
seus dedos dançando sobre o meu coração batendo
irregularmente.
— Atingi uma mãe a caminho de pegar o filho em uma
festa do pijama. Ele ficou assustado e pediu para ser pego.
Minha garganta fica apertada quando me lembro da noite
que mudou toda a minha vida. Balanço a cabeça, fechando os
olhos.
— Ela nunca teve a chance de buscá-lo. Ela... ela morreu
no impacto. — Rylee ofega silenciosamente, seus dedos
segurando minha camisa com força.
— Lembro-me de estar sentado em uma maca, os
paramédicos tentando cuidar de mim, mas só consegui me
concentrar no corpo sem vida que estava sendo tirado do carro.
Eu limpo minha garganta. — Fui julgado e condenado por
homicídio culposo e condenado a seis anos de prisão.
— Você foi para a prisão?
Eu concordo. — Sim, e não foi absolutamente bonito.
Tudo o que eles falam em shows e documentários é verdade.
No primeiro dia em que estive lá, fui atacado. Eu tive que
mostrar que poderia aguentar, o que mostrei… em geral. No
primeiro ano, fiquei em silêncio, não respondendo a ninguém.
Estava com raiva e cambaleando, desejando álcool. Não foi até
conhecer Cal, meu padrinho, que comecei a fazer uma
mudança para melhor. Ele me disse que eu sairia da prisão em
algum momento e, quando saísse, teria uma escolha entre dois
caminhos. Eu poderia voltar para a pessoa que eu era, nunca
cumprir a vida ao máximo, ou eu poderia me elevar e fazer a
diferença.
Silenciosamente, Rylee diz: — E você se levantou.
— Não imediatamente… — Eu respondo honestamente.
— Mas, depois de mais algumas conversas com Cal,
decidi começar a participar de algumas das oportunidades
educacionais oferecidas na prisão. Aprendi a falar espanhol
fluentemente, li todos os livros inspiradores que cruzaram meu
caminho e que mudaram meu foco para empreendimentos
filantrópicos. Eu encontrei uma grande paixão pela arte, o tipo
de paixão que levei depois da prisão. Cal viu meu talento, ligou
para um de seus amigos no zoológico e me recomendou para
um trabalho de meio período. Por causa da recomendação de
Cal, quando saí da prisão, fui contratado e minha vida mudou
para melhor. Passei cada momento acordado tentando ser uma
pessoa melhor, tentando melhorar as coisas para o menino que
perdeu a mãe. Estou em uma lista de espera no tribunal para
solicitar um contato com ele, para pedir desculpas, mas duvido
que ele queira conversar comigo. Eu não o culpo.
— Não sei o que dizer… — Diz Rylee em voz baixa. Diga-
me que você não vai me deixar. Me diga Você ainda quer estar
comigo agora que sabe a verdade do meu passado. Diga-me que
você ficará.
— É uma história comovente, mas também de esperança.
Eu beijo o topo de sua cabeça, sentindo uma sensação de
alívio de como ela é compreensiva, pelo menos como ela soa
compreensiva.
— Eu sei que percorri um longo caminho, mas não há um
dia que não pense na mulher que matei ou no filho que ela
deixou para trás. Eu me esforço para ser uma pessoa melhor
para eles.
Ela balança a cabeça, sua voz soando sombria quando ela
fala.
— Não consigo imaginar o tipo de peso que você carrega
nos ombros, a responsabilidade de viver sua vida em
homenagem a outra pessoa. É de cortar o coração. — Ela faz
uma pausa e depois pergunta: — O que aconteceu com
Christine?
— Divorciamos alguns meses após o acidente. Não tenho
notícias dela desde então.
— Nem uma vez?
— Não. — Balanço a cabeça. — E prefiro assim. Essa
parte da minha vida está no passado e eu me recuso a revisitá-
la . Cada passo que dou é para a frente, nunca para trás.
— Essa é uma bela maneira de ver a vida.
Em silêncio, sentamos, meu passado agora pairando
pesadamente sobre nós, a tensão no quarto começando a se
tornar espessa com cada palavra que não é dita. Mesmo que
ela pareça empática, mais precisa ser dito. Preciso ter certeza
de que tudo vai ficar bem, que ela não vai fugir.
Roendo meu lábio inferior, apertando meu braço ao redor
dela, garantindo que ela não escape, eu digo: — Diga-me o que
você está pensando.
Eu tenho que saber. Tenho que saber se ela pensa
diferente de mim, se arruinei qualquer chance que tive de estar
com essa mulher.
— As fotos que você pinta, quem são essas pessoas?
Fecho os olhos, contando mentalmente todas as fotos
pessoais que pintei nos últimos anos, desde crianças a
adultos.
— Elas são vítimas de abuso de álcool. Pessoas que
conheci nos últimos anos, pessoas com quem tive a honra de
conversar. Tenho todas as histórias escritas em um caderno
que leio pelo menos uma vez por mês, lembrando-me dos
efeitos graves e de longo prazo que a bebida descuidada tem
sobre os indivíduos. É mais uma maneira de me lembrar de
permanecer no caminho certo.
— Você ainda anseia por álcool?
— Não. — Levo um segundo e acrescento: — Dediquei
muito do meu tempo livre à educação de jovens, falando sobre
minha experiência, o que fiz, como afetei os outros com minhas
más decisões. Frequentemente, sou orador convidado nas
reuniões do AA, contando minha história, divulgando que há
vida após o álcool.
Ela assente e solta um longo suspiro. Minha ansiedade
aumenta a cada longo período de silêncio. Não é sempre que
falo sobre minha história com alguém que conheço, sobre os
erros que cometi, então contar a Rylee que tudo me faz tremer
sob ela.
Eu quero que ela me diga que vai ficar tudo bem.
Quero que ela aceite meus defeitos.
Preciso que ela não dê a mínima para o homem que já fui
e, em vez disso, se importe com o homem que sou hoje.
Para ser sincero, nunca pensei em encontrar alguém
importante o suficiente para me abrir, mas agora que estou
aqui, colocando todas as minhas cartas na mesa, nunca fiquei
tão aterrorizado.
Em pé na frente do juiz, ouvir minha sentença não foi
nada comparado ao medo que estou sentindo agora. Eu vim
contar com essa mulher, depender do sorriso dela para alegrar
o meu dia. Do seu humor espirituoso, ao seu riso gutural que
me faz querer mergulhar em sua alma, eu preciso disso em
minha vida. Eu preciso dela.
— Rylee… — Digo, minha voz tensa, minha garganta tão
apertada que não tenho certeza de como sou capaz de falar. —
Eu preciso que você diga algo, querida. Preciso que você corte
o silêncio.
Ela se move no meu colo e levanta do meu peito,
disparando meu pulso a uma velocidade insuportável. Ela está
indo embora?
Erguendo a cabeça lentamente, ela revela manchas de
lágrimas caindo por sua bochecha. Com as costas da mão, ela
as limpa.
— P-por que você está chorando? — Eu pergunto,
tropeçando nas minhas palavras.
— Eu sinto muito. — Ela balança a cabeça, inclinando-se
mais para trás.
Porra.
Porra, ela está indo embora.
— Apenas ouça, Rylee. Eu sei que sou alcoólatra, mas
tenho tudo sob controle, não desejo...
Ela pressiona os dedos nos meus lábios, me silenciando,
mais lágrimas escorrendo por suas bochechas. Segurando
minhas bochechas, ela lentamente traz seus lábios aos meus,
onde ela pressiona levemente um leve beijo através deles.
Nossos narizes se tocam, nossas testas se comprimem, nossas
respirações se misturam.
— Não consigo imaginar o peso que você carrega nos
ombros todos os dias, a magnitude de saber como você alterou
a vida de outra pessoa. E conhecendo você, conhecendo seu
coração, não há um dia que você não viva por aquela mulher,
pelo filho dela.
Porra. Meus olhos começam a lacrimejar e tento desviar
o olhar, mas Rylee não me deixa. Ela me segura no lugar, me
forçando a ouvir.
— Você precisa ter orgulho do homem que você é hoje, o
homem que você se tornou. Você é um produto de segunda
chance na vida e está aproveitando essa segunda chance e
transformando-a em algo bonito.
Meus olhos se fecham e as lágrimas caem rapidamente.
Rylee os pega com beijos nos meus lábios, me queimando com
seu gosto, com sua compaixão.
Lentamente, as lágrimas ainda escorrendo pelo meu
rosto, eu agarro seus quadris e a reposiciono para que ela
esteja em cima de mim. Suas mãos ainda seguram meu rosto,
seus beijos se tornam mais fortes.
Colidindo.
Mordendo.
Sugando.
Sua língua separa meus lábios, e seus golpes dissipam o
nó em volta do meu coração. A cada toque, ela desfaz o forte
aperto.
Línguas colidindo. Desfazendo.
Dedos limpando minhas lágrimas. Desfazendo.
Quadris girando contra os meus. Desfazendo.
— Você é uma alma tão bonita. — Ela sussurra quando
se afasta levemente, mantendo nossas cabeças conectadas.
Meus olhos procuram os dela, meu peito se expandindo,
minha alma se conectando com a dela.
Pegando-a, eu a levo para a cama e a deito. Seus cabelos
escuros se espalham contra o branco brilhante da roupa de
cama, um forte contraste. Ela pode parecer dura por fora, mas
por dentro é empática, uma qualidade difícil de encontrar em
algumas pessoas. Uma qualidade que desejo em uma parceira.
Por trás, pego minha camisa e a tiro sobre minha cabeça.
Jogo-a no chão e pressiono minha mão contra o colchão, meu
corpo pairando sobre o dela enquanto desfaço o nó de seu
roupão. Com cuidado, arrasto as pontas dos dedos sobre a
clavícula, entre os seios, o estômago, o umbigo e logo acima do
osso púbico, observando como a cada passo dos meus dedos
uma onda de arrepios surge sobre sua pele.
Seus olhos ficam inebriantes, suas pernas se abrem para
mim e ela lambe os lábios, um convite que desejo.
Mantendo meus olhos fixos nos dela, no momento tão
incrivelmente íntimo, abro minhas calças e as arrasto para o
chão, onde as tiro. Sem interromper o contato visual, seguro
meu pau duro na minha mão e dou dois movimentos antes de
me inclinar para frente e colocar a cabeça em sua entrada.
Seu peito sobe e desce, seus mamilos cor de rosa
enrugam, e um leve brilho de suor cobre sua pele quando eu
descanso meu pau em seu núcleo, esperando, absorvendo o
momento.
Ela não me força. Não mostra sua impaciência.
Ela espera.
Mantém os olhos nos meus, o ritmo acelerado de sua
respiração a única inclinação do desejo passando por ela.
— Você me faz sentir como um homem melhor. — Eu
digo, meu pau avançando dentro dela. — Você me dá
esperança, Rylee.
Mais alguns centímetros, seus olhos se fecham por um
segundo, antes de se concentrar de novo em mim.
— Você me ofereceu perdão quando não havia
necessidade de perdoar.
Mais algumas polegadas, nossa respiração se tornando
uma.
— Você me faz querer seguir em frente, mas nunca
esquecer.
Empurro para frente e para baixo, mordendo meu lábio,
seu canal apertado se ajustando ao meu redor.
Sem dizer uma palavra, Rylee puxa a parte de trás do meu
pescoço e traz minha boca para a dela, onde nós muito
lentamente... ritmicamente... nos beijamos, nossos
movimentos deliberados, com propósito enquanto movo meus
quadris, empurrando dentro dela.
Não há pressa.
Não há pressa urgente para chegar ao clímax.
E, pela primeira vez na minha vida, estou
experimentando aquele sentimento devorador, sobre o que
ouvi falar, pelo qual as pessoas se esforçam. Pela primeira vez
na minha vida, estou fazendo amor. E é por causa dela. Linda
Rylee. Ela sabe que é dona do meu coração?
CAPÍTULO VINTE E UM
RYLEE
O sol da manhã espreita pelas cortinas brancas, lançando
uma luz laranja sobre o quarto. Encolhida perto de Beck, olho
para o relógio.
Seis. Ainda tenho algumas horas para pegar meu voo
para casa, o simples pensamento de deixar Beck novamente
está partindo meu coração.
Minha mão em volta da cintura dele, minha cabeça
pressionando contra seu peito, eu o agarro com força, tentando
descobrir como fazer isso funcionar, como conversar com ele
sobre o futuro, sobre a possibilidade de nós.
Não há dúvida de que ele quer que haja um nós. Isso ficou
claro durante a nossa conversa na noite passada e do... amor
que fizemos a noite toda e até de madrugada.
Nós não conversamos muito desde que ele falou de seu
passado devastador, desde que derramou toda a sua alma bem
na minha frente. Em vez disso, nos comunicamos através de
nossos corpos: tocando, segurando, amando e aceitando.
Cura. É o que ele precisava. Cada carícia de sua mão na minha
pele, cada beijo nos meus lábios, no meu pescoço, nos meus
seios, eram íntimos, lânguidos e intencionais. Seus golpes
dentro de mim foram combinados com uma conexão mais
profunda em nossos olhares, seus olhos nunca deixando os
meus, seu amor saindo dele, seu amor pela minha
compreensão.
Eu chorei.
Chorei várias vezes, vendo o sofrimento total em seus
olhos, mas também a promessa do que está por vir. Com cada
impulso dentro de mim, era como se ele estivesse tentando
lavar o vazio dentro de sua alma e substituí-lo por esperança.
Eu quero ser essa esperança. Quero ser a pessoa que
continua a ver esse homem bonito crescer. Quero estar ao seu
lado quando ele lutar com seus demônios interiores, e quero
ser aquela que lhe dá o mundo, que fica ao seu lado quando
ele fala de seu passado, que o abraça quando ele está lutando.
Aquela que ele ama.
Eu quero tudo isso.
Mas há uma coisa que preciso saber primeiro.
Acaricio os pelos claros em seu peito, seu peito tenso se
contraindo sob o meu toque.
Ele geme e beija o topo da minha cabeça, me puxando
para mais perto de seu peito. — Bom dia.
Sua voz sexy e meio acordada da manhã rola sobre mim,
profunda e estrondosa. Acordar sozinha amanhã de manhã vai
ser péssimo.
— Bom dia! — Eu grito, aproximando meu corpo. Beijo o
peito dele não de uma maneira sexual, mas para mostrar a ele
que ainda estou aqui, que apesar do passado dele,
definitivamente acho que ele é o homem mais forte que
conheço.
Ele beija o topo da minha cabeça, seus dedos
emaranhados com os longos fios. — Como você dormiu?
— Perfeitamente. — Mordo o lábio inferior e tento
descobrir uma maneira de abordar o assunto sobre o qual
preciso desesperadamente conversar com ele. — Pelo menos
dormi perfeitamente com a quantidade de sono que consegui.
Ele ri. — Desculpe, estava meio faminto ontem à noite.
— Meio?
Seu peito retumba novamente, subindo e descendo com
um som tão delicioso.
— Tudo bem, não meio. Estive ganancioso, mas não sinto
muito, porque a noite passada foi… — ele faz uma pausa,
considerando as palavras dele. — Tudo que eu precisava para
curar meu coração, Rylee.
Meus olhos involuntariamente se fecham quando suas
palavras rolam sobre mim. Ele é tão honesto, tão aberto. Ele
merece o mesmo.
— Onde você vê seu futuro? — Eu pergunto, pulando
direto para ele.
Pego de surpresa com a minha pergunta abrupta, ele leva
um segundo, sua mão ainda brincando com meu cabelo,
nossos corpos nus pressionados um contra o outro.
— Meu futuro? Diabos, não sei. Eu nunca realmente
planejei meu futuro. Há uma coisa que sei, com certeza espero
que você esteja nele.
Pressiono outro beijo em seu peito, mais para acalmar
meu coração acelerado do que o dele.
— Você já imaginou como poderia ser sua vida? Tipo,
você quer viajar? Ou você quer a cerca branca? Sabe, esse tipo
de futuro.
— Você está perguntando se quero me casar de novo?
Não. Mas eu vou com isso. — Sim, você quer?
— Para a pessoa certa, sim. Sei que meu primeiro
casamento foi uma farsa, uma decisão da qual sempre me
arrependo, obviamente, por muitas razões. Não acredito que
sou um homem que desiste do casamento porque o primeiro
foi um pesadelo. Vejo esse casamento como mais um capítulo
que tive que ler para chegar aonde estou hoje. Então, sim, eu
me casaria novamente. — Ele ri e pergunta: — Por que você
está procurando preencher o cargo de esposa?
Eu rio contra seu peito também e de brincadeira belisco
o seu lado.
— Ei, cuidado, Atrevida. — Ele pega minha mão na dele
e entrelaça nossos dedos, levando a conexão aos seus lábios.
— O que mais você vê?
Ele exala. — Diabos, eu não sei. Se eu realmente quisesse
fazer isso, se pudesse realizar meus sonhos, poderia me ver
possuindo um estúdio de arte com minhas pinturas, todas as
histórias contadas abaixo, as cores vivas e as verdades
convincentes educando as pessoas. Posso ver uma esposa ao
meu lado, me acompanhando nas reuniões do AA, mostrando
as pessoas que lutam que há esperança para o futuro. Eu
posso ver uma casa que não é perfeita, mas perfeita para mim
e minha esposa. Posso ver as rachaduras e amassados que dão
à casa o caráter, assim como a minha vida. Eu posso ver
crianças, tantas crianças correndo até mim, segurando meu
dedo, me chamando de papai, dependendo de mim ser o pai
que eles merecem na vida, um pai cheio de falhas, mas
determinado a provar a seus filhos que eles podem fazer algo
de si mesmos.
Eu engulo em seco. — Quantos filhos você quer?
Ele nem faz uma pausa antes de responder. — Pelo
menos três, quatro, se for sortudo.
Concordo, minha boca está seca, meu coração dispara
incontrolavelmente, a ponto de sentir meus pulmões se
esticando, tentando respirar. Por favor, não continue falando,
Beck. Por favor, não queira...
— Com Christine, nunca quis filhos. Eu não queria trazer
vidas inocentes para essa bagunça disfuncional. Mas com um
pouco de sabedoria e muitas promessas, quero me dar a
chance de ser pai. Quero provar a mim mesmo que, embora
venha de um passado estragado e rasgado, ainda posso criar
filhos gentis, amorosos e altruístas, o tipo de filhos que fazem
a diferença neste mundo. O melhor tipo de diferença que
entende seu valor e o valor dos outros.
O silêncio cai entre nós.
Meus pulmões estão gritando por ar.
Meu coração está pronto para explodir.
Meus olhos estão cheios de lágrimas. Se piscar, se
respirar, vou perder a calma . E não quero perder a cabeça,
não na frente dele.
Para tranquilizá-lo, dou um beijo em seu peito e digo: —
Banheiro, — antes de correr para fora da cama e atravessar o
quarto correndo para o banheiro, onde fecho e tranco a porta.
Caindo no chão, coloco a cabeça nas mãos e deixo a dor
penetrar nos meus olhos pelas palmas das mãos. Tento
recuperar o fôlego, mas meu peito está ofegante, meu corpo
está tremendo e tantas lágrimas estão caindo
incontrolavelmente.
Eu deveria saber.
Desde o começo, eu deveria saber.
É óbvio na maneira como ele se comporta, na maneira
como ele é tão compassivo e compreensivo. Seu coração é
realmente tão grande.
Ele deveria ser pai. Ele destina-se a ser pai. Ele será um
pai incrível. Seus filhos e sua esposa serão as pessoas mais
sortudas do mundo.
Mas não sou eu. Não pode ser eu.
Porque apesar do amor e da empatia que posso dar a ele,
das risadas e da paixão, há uma coisa que sei que não posso
dar a ele.
Filhos.
A tristeza está aumentando, a capacidade de segurá-la
por mais tempo é impossível quando um soluço borbulha
dentro de mim seguido por mais lágrimas. Não estou quieta,
não sou discreta e não há mais como esconder isso.
E como esperava, o homem pelo qual comecei a me
apaixonar, o homem que se tornou um item básico em minha
vida anda pelo chão do quarto e tenta abrir a porta.
Batendo nela, ele diz: — Rylee, você está bem?
Mais lágrimas. Mais tremedeira.
Oh Deus. Isso dói. É muito. Isso dói...
— Rylee...
Balanço a cabeça, mesmo que ele não possa me ver,
minha cabeça ainda enterrada em minhas mãos, os azulejos
frios do chão gelando meu corpo.
— Droga, Rylee, abra a porta. — Mais pancadas.
Mas eu não me mexo.
Não consigo me mexer
Nunca deveria ter vindo. Nunca deveria ter respondido
suas mensagens de texto. Nunca deveria ter dado a ele meu
corpo em Key West. Deveria ter fugido o mais longe possível,
como prometi a mim mesma que faria.
Fugir.
É por isso que lutei com a escrita. Eu não sou idiota.
Entendo que uma parte de contar histórias é mental, se você
desligar uma parte de sua vida, uma parte intricada de sua
vida, sua escrita sofrerá.
E eu desliguei o amor.
Pelo menos eu pensei que sim... até eu conhecer Beck.
Então ele mudou tudo.
É tão simples: conhecer um homem, se apaixonar, casar,
ter filhos, envelhecer juntos. Esse é o conto de fadas, certo?
Pelo menos esse é o conto de fadas previsto.
Infelizmente, nem todo mundo tem essa sorte. Eu mesmo
incluída.
Entendi, nem todo mundo quer filhos; nem todo mundo
vê um futuro que consiste em torneios de futebol no fim de
semana e mãos pegajosas agarrando suas calças, pedindo
atenção. Mas eu quis. Eu vi isso tão vividamente, assim como
Beck.
— Rylee, por favor... abra a porta.
Eu não posso. Olhando em volta do banheiro, vejo uma
legging e um moletom de ontem e os coloco rapidamente. Ando
na ponta dos pés pelo banheiro, recolhendo meus cosméticos,
lágrimas pingando no balcão de mármore. Respirando fundo,
abro a porta e passo por ele.
— Rylee, que diabos está acontecendo?
Eu engasgo com um soluço. — Eu... eu tenho que ir.
Pego minha mala e começo a guardar coisas dentro.
— O diabo que você vai! — Beck agarra meu braço e me
afasta, spray de cabelo caindo no chão entre nós e rolando pelo
tapete. Erguendo meu queixo, Beck procura meus olhos.
— Rylee, o que você está fazendo? Porque você está
chorando?
Fechando os olhos, mais lágrimas caem quando minha
respiração entra no meu peito mais uma vez. Beck me puxa
para seus braços, me aquecendo com seu aperto forte, um
abraço que aprendi a adorar. Um abraço que talvez nunca mais
sinta quando saia pela porta.
— Fale comigo. O que aconteceu da cama ao banheiro que
você está chateada assim?
Recompondo-me, sabendo que não há outra escolha, eu
gentilmente me afasto dele e fecho minha bolsa. — Isso não vai
funcionar, Beck.
— Você está fugindo de novo.
Beck solta um suspiro frustrado e, pelo canto do olho, eu
o vejo agarrar a nuca. — Que porra é essa, Rylee? É por causa
do que te contei?
— O que? — Eu limpo uma lágrima perdida da minha
bochecha e balanço minha cabeça.
— Não, Beck. Isso não é por sua causa. Isso não tem nada
a ver com o que você me disse ontem à noite.
Pego minha mochila, telefone e carregador e vasculho o
quarto uma última vez antes de me virar para Beck, dando a
decência de um adeus adequado.
— Então o que? Cinco minutos atrás, você estava
aconchegada contra mim, beijando meu maldito peito. Como
você poderia mudar de ideia tão rapidamente? É porque eu
quero uma família?
Eu estremeço e ele pega. — É isso, porque quero uma
família. Inferno, Rylee, eu não preciso disso imediatamente. Eu
não estava falando em começar uma amanhã, mas apenas
sabendo que é algo que gostaria no futuro. Cristo, você me
perguntou. Simplesmente te respondi.
Meu olhar cai no chão enquanto mais lágrimas escorrem
pelo meu rosto.
— Eu não posso ter uma família.
— Você não pode ou não quer uma? — Ele pergunta, sua
voz severa e implacável.
Abafando um soluço, respiro fundo e digo: — Não posso.
— Por que diabos não? — Ele está cuspindo fogo com
cada grama de raiva crescendo dentro dele, e sei que isso é
tudo culpa minha. Se eu agisse como adulta, uma adulta
mentalmente estável, capaz de manter uma conversa difícil, ele
não ficaria tão nervoso, mas, dada a montanha-russa pata
cima e para baixo pela qual o fiz atravessar, posso entender
por que ele está sendo tão duro. Ele tem sido tão aberto
comigo, exatamente o que eu ansiava, e estou me afastando.
Estou dizendo não para nós.
Balançando a cabeça, lanço minha mochila por cima do
ombro, minha garganta tão apertada que não consigo falar.
Puxo a alça da minha mala e vou em direção à porta, Beck
seguindo atrás de mim. Quando abro a porta, ele agarra a
madeira atrás de mim, segurando-a firmemente no topo.
Dando-lhe mais um olhar, tomo seus músculos tensos do
peito flexionando a cada respiração frustrada. Seus olhos se
estreitam para mim, as sobrancelhas apontadas para baixo, os
nós dos dedos ficando brancos pelo aperto da morte que ele
tem na porta.
— Por que diabos não? — Ele repete, me segurando em
seu olhar.
Incapaz de responder, meu passado é um punhal para o
meu coração já partido, eu digo: — Sinto muito, Beck.
Desapontado, com a cabeça baixa, ele diz: — Não sente
tanto quanto eu.
A porta se fecha, o barulho alto da fechadura soa como
um silêncio mortal no corredor do Bellagio. É como o prego
final no caixão da nossa história. Nosso enterro.
Faço uma pausa por um segundo, apenas um fôlego para
ver se ele abre a porta novamente, mas quando não ouço nada
do outro lado da porta, saio em direção aos elevadores, meu
coração se arrastando atrás de mim.

***
Capuz sobre minha cabeça, um café na mão, joelhos
dobrados, eu me sento em uma cadeira de aeroporto esperando
meu voo. Passageiros passam por mim, malas rolando atrás
deles, crianças pulando, sem dar as mãos, e uma tripulação
de voo ocasional zumbindo sobre sua passagem. A vida gira
em torno de mim enquanto eu me sento, estagnada, lembrando
todos os erros que cometi com Beck.
Erro número um: deixá-lo dizer adeus ao meu moletom.
Erro número dois: não solicitar um quarto longe do dele.
Erro número três: apaixonar-me por um homem pelo qual
eu não podia.
Meu telefone vibra ao meu lado com uma mensagem de
texto.
Zoey.
Enviei a ela e Victoria um texto maluco enquanto
esperava na fila da segurança. Estou surpresa que demorou
tanto tempo para responderem.
Zoey: Espere um segundo, o que está acontecendo? Você
está em Vegas com Beck e ele quer filhos e você o abandonou?
Quando você decidiu ir para Vegas e por que eu não sabia
disso?
Estou prestes a responder quando Victoria entra com um
texto.
Victoria: Diga-me que não estou lendo isso corretamente.
Você voou pelo país para estar com um homem e não nos
contou? Isso é muito irresponsável. Você poderia ter se
machucado e nós nunca saberíamos.
Oh Victoria.
Zoey: A partir da mensagem de texto que ela enviou, vou
assumir que ela não precisa de um sermão no momento,
Victoria. Podemos dizer a ela como é idiota ir a algum lugar sem
contar a ninguém mais tarde. Por enquanto, vamos nos
concentrar nos fatos. Você deixou Beck em um quarto de hotel.
Por quê?
Eu digito uma resposta.
Rylee: Suspendam o sermão, eu sei que foi estúpido.
Apesar disso, Beck e eu decidimos nos encontrar neste fim de
semana e foi... tudo.
Zoey: Oh querida.
Victoria: Ele é um homem muito honesto e doce.
Rylee: O melhor, na verdade.
Se eu não estivesse tão desidratada, tenho certeza de que
poderia estar chorando um pouco mais, pois imagens de
sensualidade e compreensão de Beck passam pela minha
cabeça.
Victoria: Como foi o fim de semana? O que exatamente
deu errado?
Rylee: O fim de semana foi incrível. Parecia que tudo
estava certo no mundo quando eu estava nos braços dele.
Invadimos alguns casamentos, mas depois passamos a maior
parte do tempo em nosso quarto de hotel. Pude sentir que as
coisas estavam ficando sérias, mas havia um obstáculo em
nosso relacionamento, nosso passado nublado, então perguntei
a Beck à queima-roupa o que ele estava escondendo.
Zoey: O que ele disse?
Rylee: Uma história para outra hora. É demais para
digitar. Mas depois, tivemos a noite mais incrivelmente
maravilhosa. Nós... nós fizemos amor. Não conversamos muito,
mas era um entendimento tácito que não estávamos fodendo,
não estávamos estragando o cérebro um do outro como antes.
Nós estávamos fazendo amor de verdade.
Victoria: Sinto-me triste por onde isso está indo.
Rylee: Eu me apaixonei por ele de verdade. Era quase
impossível manter meu coração fora da equação, especialmente
depois da história que ele me contou. Então perguntei o que ele
via para o seu futuro e ele continuou falando sobre ter uma
família. Ele quer uma esposa e filhos. Eu não posso dar isso a
ele.
Zoey: Oh Rylee, você ainda pode ter uma família, você só
vai ter que fazer de uma maneira diferente, só isso.
Victoria: Zoey está certa. Só porque você não pode ter
seus próprios filhos não significa que você precisa desistir de
um homem que claramente não consegue o suficiente, que quer
ficar com você. Você pode encontrar uma solução.
Rylee: Vocês não o ouviram. Ele quer quatro filhos. Quatro!
Ele tem sonhos e quem sou eu para impedi-lo de transformar
esses sonhos em realidade?
Zoey: Rylee, eu sei que a operação ainda está fresca em
sua memória, que a perda ainda está queimando um buraco no
seu coração, mas você precisa saber que não ser capaz de
carregar seu próprio filho, não é um obstáculo para impedi-la de
nunca ser feliz.
Respiro fundo e fecho os olhos, meus pensamentos
voltando para Beck. Ele tinha tanta certeza, tão empenhado
em ter uma família, em ensinar seus filhos seus valores. Ele
merece o mundo. Como eu poderia considerar tirar isso dele?
Rylee: Não vai dar certo. Existem muitos fatores nos
separando.
Há uma pausa e Victoria responde.
Victoria: Mas e todos os fatores positivos que o uniram?
O amor não vem com muita frequência, Rylee. Quando você
sente, há apenas uma coisa que pode fazer: cair de cabeça.
Cubro meus olhos com a mão, minha garganta se
fechando, meu nariz ardendo, sinalizando outra onda de
lágrimas. Deus, como eu gostaria que as coisas pudessem ser
diferentes, como gostaria de ter a coragem de dar um passo
adiante em direção a um futuro com Beck, mas mesmo que
haja opções, eu sempre pensarei no fundo da minha mente que
Beck queria algo diferente.
E que algo diferente nunca vai me incluir.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
BECK
Zoey: Você precisa me ligar agora, idiota.
Olho o texto pela centésima vez. É domingo à noite, Chris
está a caminho com rosquinhas e, pelo resto da vida, não
consigo parar de olhar para o texto que Zoey me enviou.
Quando eu li pela primeira vez, meu pensamento
imediato foi algo que aconteceu com Rylee, mas quanto mais
eu lia, mais eu percebia o que ela estava fazendo. Ela está
intervindo.
Não há como Rylee manter nossa história longe de Zoey e
Victoria. A amizade delas é muito forte. E conhecendo Zoey, eu
realmente não deveria me surpreender com o texto, porque não
há como ela ficar quieta sobre toda a situação.
Mas estou muito sensível para falar com ela agora.
Toc, Toc.
Graças a Deus.
— Está aberto! — Eu grito, não querendo sair da posição
relaxada no meu sofá.
A porta do meu apartamento se abre e, quando espero ver
Chris corpulento passar com uma caixa de rosquinhas,
Justine passa pelo limiar, uma caixa de pães na mão.
Suspiro.
Um cara não consegue uma rosquinha quando quer
uma?
— Você parece horrível. — Diz Justine, fechando minha
porta e indo direto para a minha cozinha, onde ela pega dois
garfos, duas águas da geladeira e depois se senta ao meu lado.
— O que aconteceu com Chris e rosquinhas?
— Você sabe como ele é com os sentimentos, então você
está recebendo Justine e pães doces.
Ela abre a caixa e me entrega um garfo. — É framboesa e
deliciosa, então limpe esse sorriso de escárnio e dê uma
mordida.
Antes que eu possa detê-la, ela pega um pedaço grande
com o meu garfo e enfia na minha boca. Deixo o pão doce ficar
na minha língua por alguns segundos antes de mastigar e...
filho da puta, é bom.
Com o dedo balançando para mim, Justine
conscientemente diz:
— Veja, eu te disse.
Dando uma mordida, ela fala enquanto mastiga.
— Agora me diga o que diabos está acontecendo. A
última coisa que soubemos foi que você estava tendo o fim de
semana da sua vida com Rylee. O que mudou?
Eu expiro e inclino minha cabeça para trás, para que ela
repouse na almofada do sofá. — Tudo.
E essa é a porra da verdade. Não apenas meu
relacionamento com Rylee terminou rapidamente, mas meus
sentimentos por ela se transformaram em algo completamente
mais sério do que jamais poderia ter previsto quando a
conheci. Vê-la novamente, pessoalmente, solidificou tudo que
se formava profundamente dentro dos meus ossos.
— Por quê?
Justine dá outra mordida em seu garfo, deixando o metal
entrar em sua boca por mais tempo do que o normal.
— Não sei por onde começar.
— Pule os detalhes excitantes. Suponho que a primeira
metade da sua viagem foi esplêndida. O que aconteceu durante
o segundo tempo? Porquê estou compartilhando esse pão doce
com você?
Solto um suspiro pesado, tristeza nublando minha visão,
meu garfo apoiado na minha mão descansando no meu
estômago.
— Começamos a conversar sobre nossos futuros e o que
queremos. Inferno, eu me abri para ela sobre o meu passado,
e quero dizer que contei tudo a ela.
Justine endurece, estreitando os olhos.
— Ela foi embora por causa do que você disse a ela?
— Não.
Eu dou um tapinha na perna de Justine, apreciando
como ela é protetora.
— Ela estava super empática quando contei a ela sobre
Christine, o acidente e meu tempo na prisão. Incrivelmente
empática, na verdade. Não foi até a manhã em que começamos
a conversar sobre o nosso futuro que ela ficou rígida comigo e
desapareceu no banheiro. Ela estava soluçando, Justine.
— Soluçando? — As sobrancelhas de Justine se erguem.
— O que diabos você disse para fazê-la soluçar?
Ela me dá um tapa no braço, rouba meu garfo e depois
aponta para mim.
— Você partiu o coração daquela garota?
— O que? Não!
Por que estou sendo repreendido agora?
— Eu disse a ela sobre querer ter uma família e se casar
um dia. Não é isso que as mulheres gostam de ouvir?
Com os lábios curvados, os olhos olhando para o teto, os
dedos tocando o queixo, Justine diz:
— Bem, isso não parece incriminador. O que ela disse?
— Ela disse que não pode ter uma família.
Eu esfrego meu rosto e digo: — Eu meio que explodi nela
porque era como déjà vu. Ela estava arrumando suas coisas e
me deixando sem nem mesmo me dar uma chance de mantê-
la em minha vida.
— Espere. — Justine levanta a mão. — Ela disse que não
quer uma família ou não pode ter uma família? Grande
diferença.
Minha testa franze. Onde ela quer chegar aqui? — Como
há uma diferença?
Justine revira os olhos e se endireita.
— Não seja tão burro, Beck. Se ela não quer uma família,
a escolha é dela. Mas se ela não pode ter filhos, isso pode não
ser algo que ela possa controlar. Então, você tem certeza que
ela disse que não pode?
Eu paro, meu pulso começa a acelerar quando tento me
lembrar das palavras que falamos.
— Porra, acho que ela disse que não pode.
Justine dá outro tapa no meu braço e bufa. — Seu
homem estúpido. Agh, isso faz sentido.
Justine enfia uma enorme mordida de pão na boca e
continua a falar, pedaços de massa saindo da boca e atingindo
meu rosto e camisa. Justine está muito confortável comigo.
— Ela confessa que não pode ter filhos. Ela soluça no
banheiro. Você explode com ela. Sim, não é de admirar que
você esteja na Califórnia e ela esteja no Maine agora.
Meus olhos correm para frente e para trás, minha mente
trabalhando uma milha por minuto.
— Você acha que ela não consegue engravidar?
— Dã! Deus, seja bem-vindo à conversa, Beck. — Justine
balança a cabeça. — Os homens são realmente estúpidos.
— Merda.
Minha mão vai para o meu telefone e abro a tela para o
texto de Zoey.
— Merda, merda, merda.
— O que?
Eu mostro o texto para Justine e mais uma vez, ela me
bate.
— Meu palpite é que ela está ligando para dizer que você
é um idiota insensível que gritou com uma garota que não
merecia ouvir gritos.
Sim, esse também é o meu palpite.
Do nada, Justine passa o dedo no meu telefone e começa
a pressionar os botões apenas para ser seguida pelo som de
um telefone tocando no alto-falante.
— Que porra...?
— Já era hora de você me ligar, idiota.
A voz de Zoey preenche o pequeno espaço do meu
apartamento e respiro fundo. Porra, por um segundo pensei
que ela estava ligando para Rylee. Eu posso lidar com Zoey.
— Você tem algumas explicações, seu filho da puta.
Ou pelo menos acho que posso lidar com ela.
Vou atender quando Justine levanta a mão e diz:
— Zoey, é Justine.
— Justine? Oh, me desculpe. Pensei que era Beck. Você
não é uma idiota. Como você está? Você experimentou a receita
de brownie que enviei por email?
Receita de brownie? Elas tocam emails? Que porra?
— Eu fiz. Chris comeu metade do lote e as crianças
comeram a outra metade. Nota para mim mesma: faça um lote
grande e esconda-os.
— Eu disse que seriam um verdadeiro sucesso.
— Eles eram… — Justine murmura. — Mas, infelizmente,
não estou ligando para falar sobre brownies. Eu.. tenho Beck
comigo.
— Ah, sim, eu estou no viva-voz?
— Claro.
— Ei, Zoey. — Eu suspiro, odiando isso agora.
— Olá, Beck. Demorou o suficiente para me ligar. Teve
que trazer uma amiga para ajudar?
Tenho certeza de que a ouvi murmurar “cabeça de pau”.
Apenas no caso de eu não saber...
Resmungando, me inclino no sofá e aceno para Justine
continuar. Eu não me sinto bem para um ataque verbal de
Zoey agora. Inferno, ligar para ela não era minha ideia, então
Justine pode assumir a liderança.
Pigarreando, Justine diz:
— Como você sabe, nossos amigos escaparam neste fim
de semana para Las Vegas.
— Sim, eles pensaram que eram tão inteligentes, fugindo
para o fim de semana sem nos consultar. Honestamente, o que
eles estavam pensando?
— Eles obviamente não estavam. — Justine responde, me
dando um tapinha na perna.
— Podemos continuar com isso? Porra. — Esfrego minha
testa. O que não daria para não estar nessa situação agora.
Tudo o que quero é ter Rylee nos meus braços, olhando o
oceano em Key West. Foi quando me senti mais à vontade,
mais eu mesmo. E depois Vegas. Vegas superou Key West.
— Ei, por que você está ficando irritado quando é o idiota?
Você sabe o tipo de inferno que Rylee passou?
A voz de Zoey fica mais alta e eu falo de volta.
— Não, não sei. Alguém pode me informar, por favor?
Porque ela com certeza não falou. Ela apenas fugiu.
— Porque ela está assustada, Beck. — Zoey respira fundo.
— Ela me disse para não falar com você, porque em sua mente
isso acabou; seu relacionamento acabou completamente.
Balanço a cabeça e olho para o teto, mordendo meu lábio
inferior para me impedir de gritar obscenidades. Justine dá um
aperto tranquilizador no meu joelho, deixando-me saber que
ela está aqui para mim, e mesmo que seja bom ter amigos que
se importam o suficiente para passar pela agonia do
relacionamento com você, não quero nada além de ficar
sozinho. Como diabos eu deveria saber o que ela quis dizer
quando disse que não pode ter filhos? Se tivesse percebido... se
tivesse alguma ideia de como era difícil para ela me ouvir falar
dos meus sonhos de ser pai...
Por que fugir?
E mesmo que não deseje álcool há muitos anos, sei que
Justine e Chris ainda estão de olho em mim.
— Então por que você está se preocupando em falar
comigo então? Qual o sentido de ela ter jogado nosso
relacionamento no lixo?
— Porque ela te ama, Beck. — Meus olhos começam a
arder quando minha pele se arrepia. Se eu pudesse ouvir isso
dela.
— Mas ela está disposta a deixar isso de lado para que
você possa ter a vida que ela acha que você merece.
Que diabos? O que isso significa?
— Eu só a quero.
— E essa é a resposta que eu esperava ouvir. — Zoey faz
uma pausa por um segundo e depois diz:
— No ano passado, para ela, foi um inferno. Inferno que
muda a vida. Nós a forçamos a ir a Key West para tentar trazê-
la de volta à vida. E então aí estava você. Você deveria ser uma
aventura, mas você continuou perseguindo, e ela viu como
podia se apaixonar facilmente por você... e ela se apaixonou.
— Eu não entendo, Zoey. Que diabos eu...?
— Ela foi diagnosticada com câncer cervical há nove
meses, Beck. — Minha respiração fica presa na garganta e os
pedaços começam a se formar. Câncer. Oh Rylee. Zoey
continua a falar e é quase como se minha vida estivesse em
câmera lenta enquanto ela conta.
— Era agressivo, felizmente ela pegou no começo...
Deus, eu posso ouvir como isso está abalando Zoey.
Porra.
— Ela conversou com muitos médicos e o consenso para
vencer esse câncer era fazer uma histerectomia completa.
— Significando que ela não pode ter filhos. — Termino por
ela.
— Exatamente. Na época, foi uma decisão que ela tomou
para salvar sua vida. Ela estava envolvida desde o começo,
retirem tudo, ela disse, mas depois... depois ela chorou. Por
cerca de seis meses, ela lamentou a perda de poder ter seu
próprio filho. Era um conceito muito difícil para ela aceitar.
Não foi até recentemente que ela começou a recuperar a cor e
a aproveitar a vida novamente. Quando ela estava com você,
foi a primeira vez em quase um ano que vi a verdadeira
essência de minha amiga novamente. Ela estava feliz, embora
cautelosa às vezes, mas estava sorrindo, e isso significava tudo
para Victoria e eu.
Porra. Respiro fundo, meu coração batendo tão rápido
que sinto que não consigo respirar. Nem consigo imaginar o
tipo de batalha emocional que Rylee teve que enfrentar no ano
passado. Descobrir que você tinha câncer, tão agressivo que
poderia levar sua vida e depois desistir da ideia de ter seus
próprios filhos para salvar sua vida? É insondável que um
indivíduo tenha que tomar essa decisão, muito menos Rylee...
minha Rylee. A cada respiração que passa, sinto meu coração
se partir em dois, pela perda que Rylee sofreu, pelo luto que
sua alma sofreu.
Eu sofro por ela.
Anseio por abraçá-la, por lhe dizer que seus sonhos de
família não terminaram. Que não terminamos.
Que eu a amo.
Mesmo que ela esteja sofrendo com a perda de não ter
filhos biológicos, seus sonhos de ser mãe ainda podem se
tornar realidade. Eles só precisam se tornar realidade de uma
maneira indireta.
— E ela pensa, porque não pode ter filhos, que eu não a
quero? É isso que você está me dizendo? Ela saiu antes que eu
pudesse deixá-la?
Eu nunca faria isso. Por que ela não confiava nisso?
Zoey faz um som concordando.
— Acertou na cabeça. Porque ela te ama, ela quer que
seus sonhos se tornem realidade, Beck. Ela também não quer
que você se ressinta mais tarde, odiando-a, porque ela não
pode dar a você os filhos que deseja.
Solto um longo suspiro reprimido. — Isso é estúpido.
Justine torce os lábios e franze a testa. — Não chame
Rylee de estúpida.
— Sim, não a chame de estúpida! — Zoey diz.
— Eu não a chamei de estúpida. Chamei seu processo de
pensamento de estúpido. Cristo.
Eu olho para Justine. Ela tem lágrimas nos olhos, e sei
que é porque ela entende como isso está me destruindo.
Justine nasceu para ser mãe, então só posso imaginar o que
ela está sentindo aqui. Ela entende Rylee mais do que eu jamais
poderei. Não suporto que Rylee tenha pensado que a única
opção era ela ir embora. É como se ela se considerasse menos
de alguma forma. As inseguranças dela... sem saber o quão
bonita ela é... está tudo relacionado? Esfrego minhas coxas
com as palmas das mãos e me inclino para a frente, falando ao
telefone mais diretamente.
— Só porque não podemos ter filhos biológicos juntos não
significa que não quero ficar com ela, Zoey. Há tantas crianças
por aí procurando ser adotadas. Inferno, eu adotaria crianças
se ela quisesse isso. Eu só quero estar cercado por mentes
pequenas que eu posso moldar. Não importa como coletamos
essas pequenas almas. E se ela tivesse me dado a chance de
falar antes de fugir, eu poderia ter dito isso a ela.
— Essa é a Rylee. Super teimosa.
Sim, nem me fale sobre isso.
De pé e pegando o telefone de Justine, começo a andar
pelo meu apartamento, minha mente correndo uma milha por
minuto, planos formando-se.
— Zoey, você pode me fazer um favor?
— Eu não sei. — Ela hesita. — Envolve você recuperar
nossa garota?
— Sim.
Justine se anima, empurrando outra grande mordida de
pão doce em sua boca, seus olhos rastreando cada movimento
meu.
— Então como posso ajudar?
— Você pode me obter os detalhes dos pais de Rylee? Eu
preciso falar com eles.
— Ah, você está propondo? Você vai pedir a mão dela em
casamento? — A boca de Justine se abre.
— O que? Não. Eu a amo, mas definitivamente não
estamos prontos para essa etapa. Sou inteligente o suficiente
para perceber isso. Você pode me obter as informações deles,
por favor? Eu tenho algo importante para discutir com eles.
— Tudo bem, mas você vai me deixar entrar no seu plano?
— Sim. — Faço uma pausa e passo a mão pelo cabelo,
encarando Justine. — Quando você me pegar no aeroporto.
Justine e Zoey gritam ofensivamente.
Jogo meu telefone para Justine e vou para o meu quarto.
Eu tenho que pensar sério.
E fazer as malas.
Está na hora de pegar meu futuro.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
RYLEE
— Indo para a cafeteria? — Griffin pergunta, andando ao
meu lado pelo pequeno caminho da nossa rua até a Main
Street.
— Sim, queria uma mudança de cenário. Eu me enfiei em
minha casa durante a semana passada. Achei que seria bom
respirar um pouco de ar fresco e quando digo ar fresco, quero
dizer um pouco de ar com café.
— Eu gosto de onde está sua cabeça. Tenho um pedido
da família, por isso estou indo na mesma direção.
— Reunião de família esta manhã? Isso tem alguma coisa
a ver com os rumores de um restaurante Lobster Landing se
instalando?
Griffin revira os olhos. — Nada é sagrado nesta cidade.
Juro por Deus, não há segredos por aqui.
Eu rio e agarro a alça da minha mochila enquanto
atravessamos a rua.
— Bem, não ajuda que seu irmão Brig seja o maior
fofoqueiro da cidade.
— Sim. — Griffin acaricia a barba por fazer em sua
mandíbula. — Isso não ajuda em nada.
Ele mantém a porta aberta do Snow Roast para mim
enquanto nós dois rimos, o som um pouco estranho para mim.
Não ouço esse som há uma semana, apesar de meus amigos
tentarem me animar com suas palhaçadas loucas.
Estou triste.
Pronto eu disse isso. Estou absolutamente triste.
As várias semanas foram como nada que já experimentei.
Eu nunca morei com um namorado, então não sabia o quão
incrível é ter alguém para conversar todas as noites, alguém
para brincar, alguém para “compartilhar” refeições. É como se
Beck se tornasse parte de mim. Nossas vidas simplesmente se
misturaram e foram... desatadas.
Eu estava ansiosa para ver seu rosto, ouvir sua voz,
apoiar-me nele, embora estivéssemos fisicamente tão distantes
um do outro.
Ele era uma rocha.
Ele era um confidente.
Ele era amigo...
Meu amigo.
Não tenho certeza se poderei esquecer ou deixar isso para
lá. Beck é... ele é o homem que fica com você para sempre, e
de alguma forma sabia no minuto em que o conheci. Quando
ele estava chorando e se despedindo do meu suéter vomitado,
quando ele me levou em um passeio de helicóptero na tentativa
de amenizar sua partida abrupta na noite anterior. No
momento em que ele me disse boa noite, percebendo que não
estava pronta para mais. Quando me pediu para encontrá-lo
em Vegas, porque simplesmente não podia ficar outro dia longe
de mim. Quando ele tentou resolver as coisas a sua maneira,
então sabia que ele queria mais do que sexo. Ele é o homem
que define um nível inacreditavelmente alto, para que ninguém
nunca o alcance. Ele é o homem que causa uma impressão
indelével no seu coração. Um impacto eterno em sua vida.
E agora ele não é mais meu.
Cortar contato com ele foi de partir o coração.
Debilitante.
Passei a última semana na cama, fazendo o mínimo
necessário para acompanhar os leitores, meu publicitário e
minha editora. Isso não sou eu. Sempre sou muito interativa,
muito envolvida, mas dizer que estou deprimida é um
eufemismo. Eu conheço esse sentimento sombrio muito bem.
Durante meses no ano passado eu sofri e lamentei...
É tão ruim que a comédia romântica que estou tentando
escrever tenha se transformado em algo que todo mundo morre
no primeiro capítulo.
Não há nada engraçado em sua heroína morrer de
intoxicação alimentar.
Simplesmente não há mais livro para escrever quando
sua personagem principal morre de língua para fora
imediatamente.
Essa é uma das razões pelas quais estou na cafeteria,
procurando alguma inspiração na minha cadeira favorita.
Talvez algo me atinja.
Eu sou um observadora, uma anormal certificada, que
observa todas as pessoas que passam. Eu os estudo da escolha
de roupas à maneira como falam, aos maneirismos e, enquanto
os assisto, minha mente começa a acelerar com o que
poderiam ser suas histórias de fundo, o que poderiam estar
fazendo ou quem poderiam estar esperando.
É um “talento”, se é assim que você quer chamar, que eu
tenho desde que me lembro. Felizmente, posso usar esse
talento, e é por isso que estou em público.
Eu preciso de ajuda.
Preciso de algo para despertar minha imaginação.
Preciso de um pontinho de luz na minha vida para tirar
Beck de minha mente por dois segundos e me dar um alívio.
— O de sempre? — Ruth pergunta quando entro.
— Sim por favor.
Ruth leva uma bandeja de cafés ao balcão e entrega-os a
Griffin. — Brig ligou antes. Disse que você estava a caminho.
— Ela coloca outra bandeja por baixo, tornando dupla. — Você
precisa de ajuda para transportá-los para a loja?
— Não, eu consigo. — Griffin pega as bandejas e depois
acena para Ruth.
— Na conta?
— Pode apostar.
— Obrigado, Ruth. Você é a melhor.
— Disponha. — Griffin começa a sair quando ela diz: —
Essa nova garota passou aqui hoje.
Ruth mexe as sobrancelhas. — Me contou como você a
está ajudando tão galantemente.
Griffin revira os olhos. — Cristo, esta cidade. — Ele acena
com a cabeça para mim e depois sai, a porta fechando atrás
dele.
Eu giro e agarro o balcão.
— Conte-me tudo sobre a nova garota e Griffin. Sobre o
que é isso?
Ruth ri enquanto ela serve meu café. — Ora, ora… não
sou aquela a espalhar fofocas.
Eu rio de verdade. — Oh, por favor! Você é como o centro
das fofocas da cidade. É aqui que a cidade se reúne para
conversar sobre os meandros da vida pessoal de todos.
Não há um dia em que esteja neste café e não ouça algo
novo sobre um morador da cidade. É o que me faz amar esta
cidade, mas também a desprezo simultaneamente. Quando
você é o centro da fofoca, não é tão divertido.
— As pessoas podem fofocar, mas meus lábios estão
fechados.
Ela me entrega meu café e finge fechar os lábios.
Aponto para ela e digo: — Vou tirar isso de você em algum
momento. Isso vai acontecer.
Inclinando-se para a frente, Ruth diz: — Quando Mark
vier para o turno dele, eu a informarei.
Ela pisca e volta a preencher os pedidos que foram feitos
on-line. Ela configurou um aplicativo há alguns meses para
permitir que as pessoas façam pedidos com antecedência e
peguem e vão embora. Tem sido ÓTIMO para os negócios, não
que ela precise, sendo a única cafeteria da cidade.
— É um acordo.
Sento-me no meu lugar, felizmente, nenhuma velhinha
precisa ser expulsa e coloco meu computador na minha
pequena mesa de bambu. Pego meu telefone na minha bolsa e
o coloco no braço da cadeira quando vejo uma mensagem de
Zoey.
Zoey: Como você está hoje? Você está finalmente fora de
casa? Você tomou banho? Por favor, diga-me que você pelo
menos colocou calcinhas limpas.
Juro que às vezes ela pensa que não tenho ideia de como
me cuidar. Só mesmo a mãe nela.
Rylee: Banho tomado, hidratada, calcinha limpa, roupas
limpas, cabelo arrumado, e eu estou sentada no Snow Roast
agora, tomando café.
Zoey: Eba! Ok, estarei ai em vinte. Eu tenho alguns
esboços que preciso fazer e Victoria está fazendo uma pesquisa
séria hoje, farei com que saiba onde estaremos. Amigas de
escrita!!!
Rylee: Amigas de escrita!!! Te vejo em breve.
Zoey: P.S. Estou feliz que você esteja no mundo hoje,
Rylee. É bom para você. Um dia de cada vez.
Eu expiro pesadamente lendo seu último texto.
Sim, um dia de cada vez. Parece tão fácil, certo? Sinto que
preciso levar uma hora, um minuto de cada vez, quando meu
coração começa a doer, quando penso em qualquer coisa que
me lembre Beck.
Sacudindo meus pensamentos, tentando começar esse
dia com uma nota não tão sombria, desligo o telefone, respiro
fundo e abro o computador.
Novo dia, novos objetivos.
A primeira coisa a fazer, ressuscitar minha personagem
principal dos mortos.
Tomo um gole do meu café e coloco os dedos no teclado,
optando pela música da cafeteria em vez da minha própria lista
de reprodução. Não estou com disposição para ouvir nada que
me remotamente lembrasse Beck.
Nota: crie novas listas de reprodução.
A campainha toca na loja e eu olho para cima para ver
um homem vestido com jeans preto, botas pretas, uma
camiseta preta com decote em V e pulseiras de couro em seu
braço.
Há!
Estou perdendo a cabeça.
É oficial. Meu cérebro está subconscientemente pregando
peças em mim porque esse homem se parece muito com Beck.
— Posso te ajudar? — A voz de Ruth soa.
— Ah sim, gostaria de um de torra clara, por favor? Nada
nele.
E merda. Aquela voz. Soa muito com Beck também.
— Claro. Dois dólares.
O homem enfia a mão no bolso de trás e tira algumas
notas, depois enfia uma na jarra de gorjetas, o tendão nos
antebraços flexionando a cada movimento.
Ruth lhe entrega uma xícara de café e diz:
— Espero vê-lo novamente.
Ele assente e diz: — Sem dúvida que você vai.
Virando-se para mim, casual como sempre, ele levanta a
xícara de café em minha direção e diz:
— Bom dia, Atrevida. — E depois sai pela mesma porta
pela qual ele acabou de entrar.
O que no inferno-eterno foi isso?
Colocando rapidamente o computador sobre a mesa à
minha frente, me debruço na janela e observo quando Beck,
sim, Beck Wilder, meu Beck... olha para os dois lados e
atravessa a rua, com o café na mão, descendo a rua principal
como se vivesse em Port Snow a vida inteira.
— Que porra? — Eu digo mais alto que o esperado,
chamando a atenção de Ruth.
— Ah, você o conhece?
Olhos ainda focados em Beck, sua bela bunda se
afastando de mim, eu digo: — Sim.
— Ele veio ontem e pediu a mesma coisa. Eu pensei que
ele era um turista, mas pela sua reação, acho que talvez ele
não seja?
— Eu não sei o que ele é. — Eu procuro meu telefone,
derrubando-o no chão. Afasto meus olhos de Beck por dois
segundos para recuperá-lo e ligo para Zoey, meu rosto colado
de volta na janela enquanto o telefone toca.
— Cara, eu disse, me dê vinte minutos! — Responde Zoey.
— Beck está aqui. Beck, Beck Wilder está aqui em Port
Snow. Ele entrou na cafeteria e estava todo de preto e com
aqueles braceletes quentes que poucos homens conseguem, e
ele pegou um café de torra clara, deu uma gorjeta a Ruth e
disse oi para mim e depois foi embora. Atualmente, ele está
caminhando para o norte na principal, acenando para algumas
pessoas e agindo como se fosse o dono da maldita rua. Que
porra está acontecendo? Estou em algum tipo de universo
alternativo que não conheço? Isto é um sonho? Não parece um
sonho? Eu legitimamente bebi café e o provei. Eu não acho que
você prova café em sonhos? Você sim? Ruth, você prova café
em sonhos? Não responda isso. Eu acho que não. Isto não é
um sonho. O que diabos está acontecendo? — Falo tão rápido
que nem sei o que estou dizendo.
— Ah… — Zoey faz uma pausa e naquele momento, eu
sei. Eu sei que ela sabe.
Sei que ela sabe, e não me disse que sabia que Beck
estava aqui.
Que tipo de amiga é essa?
— Zoey Michelle Platt, você me diga agora o que sabe!
— Ah, sabe, isso será melhor pessoalmente.
— Você tem cinco minutos para entrar nessa cafeteria,
está me ouvindo?
— Entendi! — Ela grita no telefone e desliga.
É melhor ela ter uma história muito boa para explicar por
que Beck Wilder está passeando pela minha cidade natal,
parecendo melhor do que nunca.

***

— Ela não vai tomar café. — Levanto-me da cadeira e


aceno com o dedo para uma Zoey sem fôlego.
— Nenhum café será servido até que ela se sente, me olhe
bem nos olhos e me diga por que me omitiu informações.
Ruth se afasta lentamente do balcão, mãos para cima. —
Desculpe, parece que o diretor do café falou.
— Você não deveria escolher lados! — Zoey cospe e anda
em minha direção. Ela se joga na cadeira em frente a mim e
coloca sua bolsa no chão. O cabelo dela está ensopado, ela não
está usando maquiagem e tenho certeza de que a blusa dela
está do avesso. — Estou aqui. Vá em frente, grite comigo.
Recosto na cadeira, com as mãos cruzadas no colo.
— Eu gritaria com você se soubesse o por que de estar
gritando, mas, para meu desgosto, não tenho noção. Então,
você se importaria de me dizer por que Beck Wilder está em
Port Snow agora e age como se fosse normal me ver sentada
neste café?
Ela brinca com a barra da camisa de dentro para fora,
evitando o contato visual comigo.
— Sobre isso.
— Sim, sobre isso.
— Veja bem, eu poderia ter ameaçado a vida dele no
domingo em que você me ligou.
— VOCÊ O QUE? — Eu grito, percebendo que
provavelmente devo manter minha voz baixa devido às
galinhas fofoqueiras. Eu me afasto na cadeira e falo
firmemente baixinho. — Por que diabos você faria isso?
— Porque… — Ela se endireita, ganhando um pouco de
bravata. — Você estava sofrendo e não foi totalmente honesta
com Beck, e achei que ele merecia ouvir a verdade.
— Essa decisão não era sua.
— Não, era. — Zoey se inclina para frente também, seus
olhos fixos nos meus agora. — Como sua melhor amiga, que
teve que ouvir a dor de cada palavra que você falou comigo ao
telefone durante sua volta para casa, eu tenho todo o direito
do mundo em tentar colocar o homem que você ama a par da
situação.
— Pfft.
Inclino-me para trás e mastigo o lábio inferior, pensando
em tudo.
— Amor...
— Nem tente negar isso para mim. E não vou me
desculpar, ok? Porque adivinhe? Ele está aqui, em Port Snow,
e não do outro lado do país.
Sentir o peso dessa afirmação, saber que Beck está a
apenas uma rua de distância, em vez de muitos estados, é
esmagador.
— Isso não muda nada… — respondo calmamente. — Ele
ainda quer o que não posso dar a ele.
O rosto de Zoey se suaviza, seus olhos me olhando com
amor, como apenas uma melhor amiga pode.
— Rylee, por que você é quem tem que lhe dar uma
família? Nem tudo está sobre seus ombros. Existem outras
maneiras de ter uma família, então por que isso é tão difícil
para você entender?
— Porque… — Meus olhos começam a arder e minha
garganta aperta. Mordo o lábio inferior, tentando segurar a
tristeza com a qual estou vivendo há quase um ano.
Percebendo as lágrimas brotando nos meus olhos, Zoey se
senta no braço da minha cadeira e coloca o braço em volta dos
meus ombros.
— Por que? — ela pergunta, suavemente, suave o
suficiente para que eu seja a única pessoa que possa ouvi-la .
Tomando um segundo para recuperar o fôlego, respondo:
— Porque não me sinto completa. — Isso é muito difícil.
— Nunca poderei fazer o que é exclusivamente feminino.
Isso foi tirado de mim. — Porque… Ainda estou lamentando o
fato de nunca ter um filho. — Somente as cicatrizes
representam essa perda. — Como posso pedir a Beck que
renuncie a essa experiência? Nunca assistir a esposa grávida
de seu bebê? — Ele vai me odiar, meu corpo oco e infrutífero. —
É demais, Zoey. Ele é bom demais. Merece muito mais...
— Oh querida. — Zoey me aperta com força.
— Não consigo imaginar a perda que você está sentindo,
mas até você falar com Beck, acho que você não pode assumir
nada dele.
— Não quero que ele comprometa sua visão para se
encaixar na minha... para me encaixar. Não quero que ele
sacrifique nada por mim.
Zoey levanta meu queixo e me olha com amor genuíno
nos olhos.
— Mas não é disso que se trata um relacionamento?
Comprometimento?

***

Tentar conseguir alguma palavra hoje é absolutamente


inútil. Minha mente não está nisso, ressuscitar um
personagem dos mortos é impossível, especialmente porque
meus dedos não se movem pelo teclado. Eles ficam
posicionados, nunca se movendo enquanto meu olhar flutua
pela janela, tentando vislumbrar Beck.
O que ele está fazendo aqui? E por que não vem me
encontrar? Isso é estranho. Vem para minha cidade natal, mas
não diz um oi? Bem, ele disse oi, mas foi isso. Uma pequena
explicação seria legal.
Mas nada.
Não que ele me deva, dada a maneira como saí.
Pego meu computador, coloco meu telefone no bolso e
atravesso a cafeteria.
— Te vejo amanhã?
Ruth pergunta de seu poleiro no balcão.
— Esperançosamente. Tenha uma boa noite, Ruth.
Eu saio da loja e viro em direção a Lobster Landing. Este
dia exige um quilo de doces. Sim, um quilo. E não é a primeira
vez que levo uma daquelas caixas brancas e vermelhas
peroladas de volta para minha casa, desamarro a fita e aprecio
a criação de chocolate doce aveludada pela qual Port Snow é
famosa. Não tenho vergonha de admitir que é meu doce
favorito de minha vida acabou.
De um quarteirão de distância, eu posso ouvir as ondas
quebrando na costa rochosa, turistas circulando, tirando fotos
com todos os bancos peculiares com tema de lagosta, recortes
de fotos e placas. Normalmente, eu levava um tempo para
observar as pessoas que visitavam a cidade, mas tenho a
mente em uma única coisa: o prédio branco e vermelho à
minha frente.
Empurro as portas e vou direto para o centro da loja, onde
estão os caixas e o balcão de doces. Griffin imediatamente me
vê e sua testa se vinca.
Quando eu chego ao balcão, ele diz:
— Oh não. — Ponho um braço sobre a caixa de vidro e
me inclino, comendo com os olhos todo o caramelo. — Vai ser
feio, Griffin. Tem certeza de que deseja assistir a isso?
— Acho que ninguém mais será capaz de lidar com isso.
— Ele coloca algumas luvas de plástico e diz: — Devemos
começar com uma rodada de amostras?
— Você conhece o roteiro. — Eu circulo meu dedo no céu.
— Comece.
Quando Griffin inicia os preparativos para mim, digo aos
turistas que estão atrás para passarem para o próximo balcão,
porque vou demorar um pouco. Griffin sorri para si mesmo,
cortando sabor por sabor.
— Sabe, Griffin, o que há com vocês, homens? Hã? O que
faz esse seu pequeno cérebro funcionar?
Ele me entrega os cinco primeiros sabores e eu os
empurro na boca, nem me importando com o gosto se
misturando.
Apesar da minha boca cheia, eu digo: — Por que vocês
são tão irritantes?
Griffin levanta uma sobrancelha para mim.
— Bem, não você em particular, mas homens. Quero
dizer, se eu disser que acabou, deve terminar, certo?
— Ah...
— E se eu quiser parar de conversar… — eu empurro
mais três pedaços na minha boca... — Eu deveria ter o direito
de parar. Então o que é… — mais dois pedaços. — essa
perseguição macho-alfa, hein?
Pego um pedaço de caramelo verde e seguro. — Qual é
esse sabor?
— Torta de limão.
— Oh foda-se isso. — Inapropriadamente, porque sou tão
madura, eu jogo de volta para ele. — Eu não quero nada com
limão.
Aponto meu dedo para Griffin. — Você me ouve? Sem
limão.
— Ah, sim, sem limão. Meu erro. — Pobre Griffin, ele
estava certo. Ninguém mais poderia me controlar neste
momento enlouquecido.
— Você é esperto. — Bato na cabeça e depois coloco outro
pedaço de chocolate na boca, o açúcar começando a
chamuscar cada paladar.
— Você namora mulheres. Você é todo sobre os peitos. As
mulheres não são nada complicadas. Muito simples. Somos
uma raça fácil de entender.
Griffin congela no meio do corte, seus olhos se voltam
para mim, um olhar de caia na real passando por suas feições.
— Está brincando, né?
— Não me teste agora, Griffin Knightly. Apenas me dê o
doce. — Balançando a cabeça, ele me dá as últimas cinco
amostras e eu nem me importo em olhar para elas. Eu apalpo
o doce açucarado e empurro na minha boca. Os turistas ao
meu redor se afastam, alguns apontam, alguns olham por trás
das prateleiras de mercadorias, e eu não me importo.
Olhem o quanto quiserem.
É assim que uma pessoa enlouquecida se parece.
Absorvam tudo.
Tirem fotos.
Inferno, venha posar comigo, poste no Instagram com a
hashtag: MonstroDoCarameloDePortSnow.
— Rylee? — Eu olho para Griffin, o doce passando pelos
meus lábios, minhas bochechas inchadas e cheias. — Isso tem
a ver com o cara que está olhando para você atentamente,
como se você fosse a mulher mais linda que ele já viu?
— O que? — Caramelo sai da minha boca enquanto eu
me viro para encontrar Beck encostado em um poste, braços
cruzados sobre o peito digno de baba e o sorriso mais bonito
nos lábios. — Oh meu Deus!
Eu me viro, escondendo meu rosto com a mão
encharcada de chocolate e luto por um guardanapo para
recolher o doce açucarado que sai da minha boca.
— Vou aceitar isso como um sim.
Eu cuspo o pedaço de caramelo direto para um grupo de
guardanapos e olho para Griffin, um espectador inocente de
toda essa loucura. — Que diabos ele está fazendo aqui?
De olhos arregalados, provavelmente ao ver esse lado
pouco lisonjeiro de mim, Griffin diz:
— Ah, vou adivinhar fazendo compras?
Não querendo me virar, incapaz de realmente encará-lo
com gotas de chocolate, pergunto: — O que ele está fazendo?
Griffin se vira para olhá-lo quando eu falo: — Não olhe
para ele!
Griffin congela, sem saber o que fazer. Coitados. Eles não
têm ideia.
— Vou precisar olhar para ele, se você quiser que veja o
que ele está fazendo.
— Seja sutil.
Estou debruçada sobre o balcão, de costas para Beck,
limpando a boca febrilmente, tentando tirar todo o doce do
meu rosto, caso ele apareça...
— Ei, Atrevida.
Minhas costas se endireitam, meu rosto empalidece, meu
corpo para. Meus olhos se movem para Griffin, que está se
encolhendo.
Do lado de sua boca, Griffin diz: — Atenção. Ele está bem
atrás de você.
Minhas narinas se abrem, fazendo Griffin se afastar
lentamente.
— Obrigada... amigo. — Respirando fundo, ajeito minha
camisa e giro nos calcanhares. — Beck, que surpresa. Está
aproveitando seu tempo em Port Snow?
Esse sorriso maldito não desaparece. Apenas cresce mais
amplo. Inclinando-se para frente, ele coloca o braço atrás de
mim, pega um guardanapo e o levanta no meu rosto, onde ele
limpa o lado da minha bochecha. Imediatamente, sinto meu
rosto queimar de vergonha.
— Perdeu um lugar.
Ele amassa o guardanapo e o coloca no bolso da frente.
Ele inclina a cabeça para o lado, seus olhos examinando os
meus.
— Eu sugeriria comprar o caramelo de bolo de morango.
— Ele inclina meu queixo com o dedo. — É para morrer.
Piscando, ele se afasta e se dirige para a porta.
O que está ACONTECENDO NESSE INFERNO ETERNO?
Confusa, envergonhada e um pouco excitada, encaro as
costas de Beck se afastando, indo embora como se ele morasse
aqui sempre.
— Então, vai levar um quilo de caramelo de morango? —
Griffin pergunta atrás de mim.
— Agora não, Griffin. — Saio correndo do prédio, virando
à direita onde Beck virou à esquerda e corro para minha casa
para enterrar minha cabeça no travesseiro.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
BECK
Pressiono minhas mãos nas minhas coxas, nervoso pra
caramba, tentando manter minhas mãos o mais secas
possível.
— Beck?
Levanto e ofereço minha mão ao Sr. Ryan, pai de Rylee.
— Senhor Ryan, é um prazer conhecê-lo .
— O prazer é meu. Quando Zoey nos contou que você
queria vender arte em nossa galeria, fiquei mais do que
interessado em ter um estilo diferente representado.
Ele sorri, seus olhos se iluminando como os de Rylee
quando ela está animada. — Você só pode ter um determinado
número de faróis à venda até começar a perder a cabeça.
Eu rio. — Ei, eu gosto de uma boa foto de farol, mas
entendo.
Pego minhas amostras do chão e a coloco por cima do
ombro.
— Eu realmente aprecio que você me dê tempo para
mostrar meu portfólio.
— É claro é claro. Vamos atrás, a sra. Ryan está
terminando uma aula de beba e pinte, estará conosco em
breve.
— Beba e pinte?
O Sr. Ryan ri e balança a cabeça.
— É puro furor. Beba um pouco de vinho e pinte. É muito
bom para os turistas, mas, em vez de fazer a mesma imagem,
temos uma coleção de fotos com instruções anexadas que os
clientes podem seguir. Portanto, se você vem com um membro
da família, não tem duas pinturas iguais.
— Oh, isso é inteligente. Eu gosto disso.
— Sra. Ryan gostou do começo, mas acredito que ela está
ficando um pouco cansada com a demanda e criando novas
fotos para serem pintadas.
Hmm... Eu conheço alguém que pode ajudar com isso.
Vou colocar essa informação no bolso de trás por enquanto.
— Compreensível.
Coloco meu portfólio na mesa enquanto a sra. Ryan entra
pela porta. Puta merda. Rylee pode ter os olhos de seu pai, mas
ela se parece com sua mãe, de seu corpo pequeno a seus longos
cabelos negros, a sua estrutura óssea feminina.
— Você deve ser a sra. Ryan.
Ela pega minha mão calorosamente e aperta levemente.
— Beck Wilder, prazer em conhecê-lo. Por favor, sente-se.
Ela solta minha mão e senta-se ao lado do marido, e é aí
que eu vejo. Amor verdadeiro e testado pelo tempo. Eles ainda
estão de mãos dadas debaixo da mesa.
— Desculpe por fazer você esperar.
— Não é necessário pedir desculpas. Como foi a aula?
— Encantadora. — Ela assente e pressiona a palma da
mão na testa, afastando os cabelos.
— Cansativa. Esses turistas certamente podem me dar
trabalho.
— Eu aposto, mas que ideia incrível.
— Obrigada. Isso trouxe muitos bons negócios. — Ela
acena para o meu portfólio.
— Zoey disse que você era um artista muito talentoso. Por
favor, compartilhe conosco; estamos sempre à procura de
novos talentos.
Eu respiro fundo e assinto. — Gostaria de falar um pouco
sobre mim, porque aprendi recentemente que ser honesto e
aberto sobre a minha situação traz confiança.
Os pais de Rylee trocam olhares. Não é a melhor maneira
de iniciar uma “entrevista”, mas depois de conversar com Cal
sobre meu grande plano, ele disse que com mudanças tão
grandes na vida a melhor coisa que posso fazer por mim é ser
aberto e honesto. Então, eu estou pegando esse conselho e
seguindo com ele.
Limpando a garganta, aperto as palmas das mãos na
mesa à minha frente e falo diretamente com os pais de Rylee.
— Oito anos atrás, fiquei ao volante do meu carro,
bêbado, zangado e em uma missão de me afastar da minha
vida o máximo possível. Eu respiro fundo, minha garganta já
está apertando. Estes são os pais de Rylee.
— Eu era um homem perdido, procurando consolo,
qualquer tipo de paz. Procurei no fundo de uma garrafa de
bebidas.
Balanço a cabeça. — Naquela noite, passei um sinal
vermelho, matando uma mulher no local.
Eu engulo em seco agora.
— Ela ia... ela ia buscar o filho em uma festa do pijama
em que ele estava com muito medo de ficar. Com razão, passei
seis anos na prisão, sóbrio e mudando minha vida. Aprendi
minha paixão pela arte enquanto estava lá e li todos os livros
inspiradores que pude colocar em minhas mãos. Quando
estava na prisão, prometi fazer uma mudança, fazer a
diferença neste mundo. Uma mudança positiva. E é isso que
eu me esforço para fazer todos os dias. Costumo ser orador
convidado em reuniões de AA, compartilhando minha história.
Converso com crianças do ensino médio sobre os riscos de
beber e dirigir e também administro uma organização sem fins
lucrativos para ajudar as famílias carentes.
Minhas mãos suam, minha perna coça para saltar.
— Estou dizendo isso porque quero que vocês me
conheçam, conheçam a motivação para a minha arte e de onde
vem minha inspiração.
O Sr. Ryan assente. Ambos estão calados, e meu
nervosismo começa a me paralisar enquanto tento não me
concentrar no que deve estar passando por suas mentes, no
que eles devem estar pensando de mim.
Abro meu portfólio e viro as fotografias da minha arte
para que eles observem. Ambos se inclinam para a frente e
captam cores vivas e linhas de traçado.
— Atualmente sou muralista de alguns dos jardins
zoológicos e museus de Los Angeles. Eu trabalho com contrato,
por isso estou muito familiarizado com a pintura de paisagens
de todos os ambientes diferentes, mas minha verdadeira
paixão é retratos.
Eles folheiam minhas fotos, minha nuca esquentando a
cada passagem de suas mãos pelas páginas. É isso que Rylee
sente toda vez que envia trabalhos para seu editor e editora?
Como se ela estivesse dando uma parte de sua alma?
— Todo retrato deste livro é de uma vítima de abuso de
álcool. A história deles acompanha todos os rostos na parte de
trás das fotos. Como essas são fotografias, você não consegue
ver muito bem as pinceladas, mas eu uso uma mão pesada
com meus óleos para formar movimento nas feições.
Os Ryans concordam e continuam olhando as fotos, uma
após a outra. Eu estou tão nervoso; meu estômago está
revirando em mim.
— Ah, meu objetivo é me mudar para Port Snow, para
encontrar algum contrato em Augusta, Portland e Orono. Mas
adoraria vender meu trabalho exclusivamente para vocês.
Eles acenam com a cabeça e continuam estudando
minhas fotos até chegarem à última página e fecham
gentilmente meu portfólio, empurrando-o de volta para mim.
Eu prendo a respiração, tentando ler seus rostos.
O Sr. Ryan limpa a garganta e puxa a orelha antes de
falar.
— Você tem um olho bonito para cores, Beck. Mesmo nas
fotografias, você pode ver o movimento que cria em sua arte.
— Estética muito original que você não vê com frequência
com essas cores vivas. — Acrescenta a sra. Ryan.
Por que sinto que tem um mas chegando?
— Mas… — E aí está. Eu mantenho minha cabeça firme,
meus olhos fixos neles, sem mostrar nenhum sinal de
decepção. Eu não quero que eles se sintam mal por mim.
Quero que eles tomem essa decisão honestamente.
— Não posso prever a possibilidade de vender retratos
aqui na galeria.
A Sra. Ryan assente. — Eu concordo, infelizmente.
Lábios pressionados juntos, respiro fundo e estendo a
mão.
— Bem, muito obrigado pelo seu tempo. Eu realmente
aprecio vocês terem me dado a oportunidade de mostrar meu
trabalho.
Meu coração está partido ao meio. Inferno, eu sabia que
isso era um tiro no escuro, então deveria ter orgulho de ter
tentado pelo menos. Vou ter que propor outro plano, talvez
chegar aos museus e zoológicos da região. Nesse ponto, eu
trabalharia para uma empresa de pintura apenas para estar
perto de Rylee.
Ignorando minha mão, o Sr. Ryan diz: — Ainda não
terminamos aqui.
— Oh. — Recolho minha mão e me acomodo no meu
lugar.
— Vejo grande talento e paixão em você, Beck. Eu vejo
um enorme bem em você e sempre acreditei em segundas
chances. Eu acho que você pode ser um trunfo para nós.
A sra. Ryan sorri para o marido.
— Dê-nos um segundo para conversar. Nós já voltamos.
A esperança brota no meu peito enquanto eu concordo. Eu
quero o que eles têm. Amor. Devoção. Para sempre. Mas eles
terão algo que me manterá aqui perto da minha garota?
***

— Como foi? — Zoey pergunta enquanto se senta à minha


frente no restaurante The Lighthouse. Ela coloca a bolsa no
chão e coloca as mãos na mesa.
Não consigo segurar o sorriso. — Muito bem.
Ela bate na mesa e bombeia o ar com o punho. — Eu
sabia que seria. Bruce e Carly são os melhores, não são?
— Eles são incríveis, mas não estou fazendo exatamente
o que esperava.
— O que você quer dizer? Você não está vendendo sua
arte lá?
Balanço a cabeça. — Não, eles me ofereceram um
emprego em tempo integral para administrar a galeria, as
aulas de pintura e ajudar na aquisição de novos artistas na
área. Eles também me colocaram em contato com um amigo
que eles têm em Augusta, que trabalha com museus,
zoológicos e aquários do estado.
— Você está brincando comigo?!
Balanço a cabeça. — Não, eles foram acima e além. Ryan
disse que quer aproveitar a aposentadoria com a esposa, que
quer que ela pinte mais e que estava esperando encontrar
alguém com conhecimento suficiente para assumir o trabalho
do dia a dia.
— Puta merda! — Zoey bate palmas e se inclina sobre a
mesa, derrubando a pimenta para me dar um abraço.
— Isso é incrível, Beck. Eles sabem sobre Rylee?
Eu sorrio. — Quando estava saindo, parei na porta,
apertando as mãos deles e disse que estava apaixonado pela
filha deles, e que meu plano mestre era fazer com que ela se
casasse comigo um dia... você sabe, mais adiante no futuro.
— Bah. O que eles disseram?
— Eles trocaram olhares e disseram que sabiam que o
estranho de preto tinha algo a ver com as mudanças de humor
que sua filha estava tendo.
Zoey ri e pega minha água, tomando um gole. — Oh, eu
amo os Ryans.
— Eles disseram há algumas semanas que não podiam
acreditar no quão feliz Rylee estava, e perceberam que algo
deve ter acontecido, pois ela tem estado muito quieta
ultimamente. Quando receberam a ligação, sabiam que algo
estava acontecendo, mas me asseguraram que o emprego era
puramente oferecido com base em meu portfólio e experiência.
— Isso é ótimo, Beck.
Eu esfrego minha mandíbula.
— É realmente. Não posso agradecer o suficiente por me
ajudar com tudo.
— Imagine. — Ela acena uma mão para mim.
— E Victoria tem sido uma anfitriã agradável? Ela pode
ficar irritadiça com muita facilidade.
Não é essa a porra da verdade? Victoria é incrível, mas as
regras que ela tem para sua casa, eu não posso mantê-las.
Tento não tocar em nada, a menos que seja absolutamente
necessário.
— Ela tem sido ótima. Muito hospitaleira.
Zoey me estuda, seus olhos nunca quebrando o contato.
— Você realmente quer mentir para mim, Beck? É isso que
você quer fazer?
Eu rio e solto um longo suspiro. — Victoria é muito
especial, sou grato por uma cama grátis enquanto tento
arrumar as coisas.
— E ela não está mexendo com você?
— O que? — Minhas sobrancelhas se erguem. — Não,
nem um pouco.
— Bom. — Zoey cruza os braços sobre o peito. — Eu posso
ver que ela tem uma queda por você, apenas uma pequena,
mas quero ter certeza de que ela sabe que você foi pego.
Oh Victoria.
— Então talvez eu não deva deixá-la me mostrar o
documentário de Amelia Earhart todas as noites?
— Cristo, não. Diga a ela que uma vez é suficiente. — Zoey
balança a cabeça e pega o telefone.
— Aquela garota, vou mandar uma mensagem para ela
agora.
Estendo a mão e coloco minha mão sobre a de Zoey para
detê-la .
— Por favor, não. Não quero que ela se sinta mal. Eu
posso lidar com o documentário, está bem. Não quero ser
grosseiro e parecer ingrato, porque sou muito grato a vocês no
momento.
— Nós sabemos. O caramelo que você nos comprou é
agradecimento o suficiente. Dois quilos é realmente... muito.
Esfrego minha nuca.
— Sim, eu não tinha certeza do que comprar, então
comprei alguns de todos os sabores. Eu não sabia que eles
tinham tantos sabores. Impressionante.
— É uma das razões pelas quais as pessoas vêm para Port
Snow. Isso, os faróis e a pequena cidade portuária. Mas o
Lobster Landing é o lugar para se estar no Maine.
— Eu percebi quando estava lá.
A garçonete traz a nossa comida. Zoey pediu antes de sua
chegada, para que a comida estivesse aqui, pronta para ela
comer. É assim que ela coloca.
Pegando a colher e mergulhando-a no bisque de lagosta,
ela pergunta:
— Qual é o seu próximo plano?
— Ainda não tenho certeza. Me familiarizar com a galeria,
e estou esperando uma ligação de Cal, meu padrinho.
— Que tipo de ligação?
Pego meu queijo e macarrão com lagosta, mas não faço
nenhum mistério. — Bem, dado o meu histórico, queria ver se
era possível ser um pai adotivo. Não tenho certeza de que eles
permitam que criminosos adotem crianças ou se candidatem a
adotar crianças.
Sim, isso foi um golpe para todo o meu plano. Quando
falei com Cal, ele me lembrou as restrições que impus à minha
vida, e a assistência social é provavelmente uma delas.
Zoey lentamente olha para mim.
— Eu nunca pensei sobre isso. Ah Merda. Então… o que
acontece se você não pode se candidatar ou adotar crianças?
Lambo os lábios e enfio o garfo embaixo da tigela,
recostando-me na cadeira.
— Economizo muito dinheiro e encontro uma barriga de
aluguel. Farei qualquer coisa para fazer Rylee feliz. Pode ser
outro cara, para que ela não sinta que o bebê tem mais conexão
comigo, se isso ajudar.
Um pequeno sorriso passa pelos lábios de Zoey.
— Rylee será capaz de ajudá-lo a economizar, se é isso
que você realmente quer.
— Eu quero o que ela quiser.
— Então você está falando sério?
Eu encaro Zoey.
— Você acha que eu deixaria tudo na minha vida, me
mudaria pelo país, moraria com uma historiadora e
praticamente imploraria por um emprego em uma galeria de
arte por diversão? — Balanço a cabeça. — Estou falando sério
sobre estar com Rylee.
— Mas vocês só se viram pessoalmente duas vezes, nem
mesmo em seus próprios ambientes.
É a mesma coisa que Chris me disse enquanto me levava
ao aeroporto, e vou contar a Zoey a mesma coisa que contei a
Chris.
— Não tenho certeza de como você e Art se conheceram,
mas já estive com alguém que me fez sentir como um homem
menor, alguém que me rebaixou ao nível dela, alguém que era
tão incrivelmente tóxica para mim que eu quebrei. Demorou
cerca de seis anos para me recompor e, desde então, sou
cauteloso ao conhecer mulheres. Muito cauteloso. Rylee é a
primeira mulher com quem conversei sobre minha vida. Ela é
a primeira mulher a me levantar, a fazer-me querer ser mais,
ser melhor do que eu já sou. Ela é uma pessoa única na vida,
Zoey. Acredite, eu já passei pelo fuzilamento. Ela me faz feliz e
me dá esperança para um futuro brilhante. Quero manter isso
enquanto viver.
— Bem... Droga. — Zoey dá um tapinha em seus olhos.
— Deus, você é um bom partido. Afinal, não é um idiota.
Ela limpa a garganta e diz: — Ok, então eu sei que ela viu
você, mas você precisará conversar com ela eventualmente.
— Eu sei. — Finalmente dou uma grande mordida no meu
macarrão com queijo.
— Eu quero ter tudo arranjado antes que ela saiba que
assumi a cidade dela.
Zoey ri. — Tenho certeza que ela já está ciente.
Estou indo atrás de você, doce Rylee. Você é minha para
sempre. Minha.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
BECK
— São lindos, Beck. Como diabos você os criou tão
rapidamente?
A senhora Ryan pergunta, passando por cima das três
telas que eu trouxe para a galeria hoje de manhã para possíveis
festas de beba e pinte.
Eu seguro a minha nuca, encarando as paisagens de Port
Snow que pintei na noite passada. Fiquei acordado até tarde,
pintando na garagem de Victoria, envolta em panos brancos,
até as duas da manhã, apanhado pelos traços e cores. Tirei
fotos de alguns dos pontos de referência famosos da cidade e
coloquei meu próprio toque neles. Quando terminei, senti
orgulho. Era como se eu pudesse ver Rylee em todas as fotos
que tirei, em todos os cantos que andei. Eu estava cercado por
ela e senti meu amor por ela em cada toque do meu pincel.
— A inspiração me atingiu com força ontem à noite.
Tentei manter os traços simples, a mistura de cores básica e a
estrutura da pintura o mais elementar possível, sem
comprometer a pintura.
— Fez um trabalho fantástico!
A sra. Ryan segura a pintura de Snow Roast e sorri para
si mesma, notando a beleza de cabelos pretos sentada na
janela. Qualquer turista pensaria que é uma pessoa aleatória,
mas a alusão à minha garota não passa despercebido pela sra.
Ryan. — Esse é meu favorito.
— O meu também. — Respondo honestamente.
— Há algo em capturar pessoas em seu ambiente natural
que me inspira, me faz querer pintar a verdade.
Ela dá um tapinha no meu ombro. — Eu não poderia
concordar mais.
Ela traz as pinturas para a janela da frente e as exibe,
sem sequer discutir comigo.
— Essas cores únicas devem chamar atenção. Eles são
muito atraentes.
Virando-se para mim, ela junta as mãos e pergunta: —
Então, quando você vai contar à minha filha o que está fazendo
aqui?
Eu mordo meu lábio inferior. Sabia que ela ia me fazer
essa pergunta, podia ver nos olhos dela assim que ela viu Rylee
na pintura.
— Só estou tentando ter certeza de que tenho tudo
organizado antes de deixá-la entrar na minha pequena vida.
— Ela não me disse nada desde que você chegou. Na
verdade, acho que ela se esconde em casa para não te
encontrar. Há algo que você não me disse sobre o seu
relacionamento, por que ela está possivelmente evitando você?
Sentindo-me um pouco estranho no meio da galeria tendo
essa conversa, aceno para uma das áreas de estar e pergunto:
— Você gostaria de se sentar?
— Adoraria.
Nós dois nos sentamos e eu me inclino para frente, com
os braços apoiados nos joelhos.
— Amo sua filha, sra. Ryan. Quero passar minha vida
com ela, mas ela acha que estar com ela vai me impedir de
sonhar, porque ela não pode ter filhos.
Um olhar conhecedor passa pelos olhos da sra. Ryan.
— Existem outras maneiras de ter famílias, mas, em vez
de conversar, ela fugiu. Então, eu estou aqui para mostrar a
ela que não estou fugindo. Estou disposto a mudar tudo na
minha vida para estar com ela.
— E sobre a família?
— Nós daremos um jeito e, se não der certo, nos
cercaremos dos filhos de nossos amigos.
— Você ficará feliz com isso?
— Ficarei feliz com Rylee. — Eu respiro fundo. —
Enquanto ela estiver feliz e saudável, é com isso que realmente
me importo.
A sra. Ryan assente e a campainha da porta da frente
toca. Nós dois nos viramos para ver Rylee passar, os olhos
voltados para o telefone dela.
— Mãe, papai disse que você estava treinando alguém
novo hoje? O que está haven...?
Ela faz uma pausa no meio da frase quando olha para
cima e me vê sentado em frente a sua mãe. Erguendo os óculos
de sol, como se ela não pudesse acreditar no que estava vendo,
ela olha mais de perto.
— Oi, querida! — Diz a sra. Ryan, como se nada de
estranho estivesse acontecendo.
Adoro ver a mente de Rylee trabalhar. Ele vai de choque
para “o que diabos está acontecendo”… sim, raiva. Seus olhos
se estreitam em mim, e eu posso ver seu lado nervoso
emergindo. Porra, eu senti falta desse lado dela.
— Que diabos ele está fazendo aqui?
— Rylee Lynn Ryan, isso não é maneira de falar com as
pessoas.
Endireitando-se, com a mão ao lado, ela tenta chamar
secretamente a mãe com o dedo, a cabeça balançando em sua
direção.
Não sendo tão astuta como Rylee, a Sra. Ryan pergunta:
— Você gostaria que eu fosse até você?
Rylee revira dramaticamente os olhos.
— Sim mãe. Posso ter um palavra, por favor?
Fico de pé, querendo dar-lhes algum espaço.
— Eu ia tomar um café de qualquer maneira. Posso pegar
alguma coisa, Sra. Ryan? Rylee?
— Um chocolate quente com gelo com chantilly seria bom.
— Diz a Sra. Ryan.
Faço um gesto para Rylee, que balança a cabeça, os olhos
ainda brilhando.
— Ok, volto daqui a pouco. Devo pegar um bolinho para
acompanhar o chocolate quente?
— Somente se for de Lobster Landing. — Balanço
tristemente minha cabeça.
— Vamos, Sra. Ryan, eu não sou um bárbaro. Claro que
seria de Lobster Landing.
— Então o de semente de papoula e limão seria delicioso.
— Sem problema.
Dou-lhes uma piscadela de despedida. Rylee está prestes
a explodir atrás de mim quando saio da galeria e vou primeiro
para o Lobster Landing, depois vou pegar o Snow Roast.
Enquanto estou caminhando em direção à famosa loja de
presentes, meu telefone toca.
Respiro fundo e atendo o telefone. — Ei, Cal, como vai?
— Bem, bem. Como o Maine está te tratando?
— Eu meio que amo isso. Conseguiu um emprego na
galeria. Vou dar algumas aulas de arte, e há alguns contratos
possíveis nos museus e zoológicos que posso marcar nos fins
de semana. Tudo está se alinhando para mim.
— Bom ouvir. E Rylee, onde ela está?
— Ainda não conversei muito com ela. Continuo a
encontrá-la porque é uma cidade pequena, mas não quero
contar minhas intenções até ter respostas para todas as
minhas perguntas. Eu tenho meu trabalho acertado. Decidi
arranjos de moradia por enquanto, mas espero que isso mude
se Rylee decidir dar um salto de fé comigo. Apenas esperando
suas notícias para ver quais são minhas opções.
— Justo. Serei sincero, fiquei um pouco nervoso de seu
mundo virar de cabeça para baixo pela possibilidade de estar
com uma mulher, mas você está fazendo isso de maneira
inteligente e parece feliz… saudável.
— Eu estou. Me sinto muito positivo.
Eu me inclino contra um poste de luz, não querendo levar
essa conversa para um pequeno prédio onde todos possam
ouvir. Rylee estava certa quando me contou sobre as fofocas
nesta cidade. Quando estava no supermercado outro dia, duas
mulheres estavam conversando sobre o estrangeiro rebelde à
espreita pela cidade com a descrição exata minha. Quando
apareci e disse oi, elas se calaram bem rápido.
— Fico feliz em ouvir isso. Infelizmente, não tenho as
melhores notícias.
Suspiro, meus ombros se inclinando para frente, minha
postura encolhendo. Eu sabia que isso era possível. Eu me
preparei para isso.
— Estou pronto para isso, apenas jogue em mim.
— Desde que você foi acusado de homicídio culposo, isso
realmente limita suas opções. Acolhimento familiar não é uma
opção. A adoção vai ser difícil, mas há uma chance,
dependendo da assistente social com a qual você trabalhe e
das melhorias que você continua a fazer em sua vida, você pode
ser aprovado próximos anos nos exames do lar. Mas vou ser
sincero. Vai demorar muito para você fazer isso acontecer. Não
vai ser fácil, e há uma grande possibilidade de você ser
recusado.
Eu aceno, pressionando meus dedos na minha testa,
tentando massagear a tensão que está causando minha
enxaqueca repentina.
— Eu posso entender isso. As escolhas que você faz
sempre têm um impacto no seu futuro.
— O que significa que as escolhas que você faz agora, as
ações que toma para melhorar sua vida aumentam suas
chances de adotar um dia. Continue construindo sua base,
continue fazendo palestras para convidados e educando a
todos sobre os efeitos de beber e dirigir.
— Eu nunca deixarei que sejam postos de lado. Eles são
a principal prioridade da minha vida.
— O que é muito admirável e mostra um ótimo caráter,
algo que o servirá bem em sua aplicação. Mas se chegar a hora
e você decidir dar esse passo em direção à adoção, tenho um
consultor de adoção que será fundamental para você estar do
seu lado durante o processo.
— Obrigado, Cal. — Inclino minha cabeça contra o poste
de luz. Mais uma vez, minha decisão de estar atrás daquele
volante está alterando minha vida. É uma consequência que
tenho que viver todos os dias da minha vida.
— Mas eu tenho boas notícias. — Eu me animo.
— Eu sei que você realmente quer moldar e educar
crianças, essa é a sua verdadeira paixão.
Cal me entende profundamente.
— Então fiz algumas ligações e se tornar um Irmão Mais
Velho é uma opção muito viável para você.
Hã, o pensamento de se tornar um Irmão Mais Velho
nunca me passou pela cabeça.
— Realmente?
— Sim, você atende aos critérios. O único detalhe técnico
é a nota de violência contra os outros. Conversei com alguém
no escritório de Portland e expliquei sua situação, e eles
pensaram que, dado seu histórico e foco filantrópico, você seria
um candidato viável para o programa Irmão Mais Velho, sob
estrita supervisão.
— Compreensível. Mas isso é incrível. Isso é realmente
fantástico. Eu realmente poderia trabalhar para eles e até para
arrecadar fundos para a educação.
Minha mente começa a girar com as muitas
possibilidades.
— Enviarei as informações de contato por e-mail. O nome
dela é Nancy Watson. Ela é forte, mas acho que vocês vão se
dar bem.
— Obrigado, Cal. A sério. Você foi acima e além para me
ajudar aqui.
— Não precisa me agradecer. Apenas pague
antecipadamente, como sempre, e quando chegar a hora de
você ser um padrinho, espero que se esforce pelo mesmo
relacionamento que temos.
— Você me levou com tanta graça e honestidade que não
consigo imaginar fazer de outra maneira.
E agora estou começando a ficar emocionado. Só mesmo
Cal.
— Bom ouvir. — Sua voz soa rouca e, pela primeira vez
desde que conheci o homem, acho que estou ouvindo um
pouco de emoção em sua voz durona.
— Agora que você tem tudo em ordem, é hora de pegar a
garota. Você está pronto para o desafio?
Eu rio no telefone e puxo os fios curtos do meu cabelo.
— Eu nunca estive tão pronto.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
RYLEE
Meus olhos ficam focados na minha mãe quando a
campainha da porta toca, sinalizando a partida de Beck da
galeria dos meus pais.
— Que diabos ele estava fazendo aqui? E por que diabos
ele está pegando chocolate quente e um bolinho?
Minha mãe dá um tapinha na minha bochecha com um
sorriso caloroso.
— É bom ver você também, querida. Por que você não se
senta? Você gostaria que eu lhe arranjasse uma toalha quente
para limpar essa zombaria do seu rosto?
Você consegue adivinhar de onde eu tirei meu
atrevimento?
— Mãe, sério, como você conhece Beck?
— Hmm, talvez eu deva estar perguntando a mesma
coisa? Como você conhece Beck?
Minha mãe se senta na cadeira, o que faz com que me
sinta estranha, então me sento em frente a ela como Beck
estava sentado. E juro pelo meu peito direito que o espaço ao
meu redor ainda cheira a Beck, como o intoxicante colônia. É...
frustrante.
Ele está consumindo cada pedaço da minha vida, e não
sei o que fazer com isso. Estou escondida em minha casa para
evitá-lo e, quando não estou em casa, vejo-o em toda parte,
até entrando na casa de Victoria como se ele estivesse morando
lá. Quando tentei ligar para ela... dez vezes... ela se recusou a
responder. E não é como se eu estivesse prestes a bater na
porta dela, procurando respostas. Com a minha sorte, Beck
atenderia a porta vestindo um avental por estar cozinhando
para Deus sabe quem, provavelmente todos os seus novos
amigos.
Como um homem pode se sentir em casa tão
rapidamente? Sinto que todo mundo o conhece e todo mundo
está falando sobre ele... daí o motivo para ficar em casa. Estava
cansada de ouvir todas as fofocas sobre o novo estranho sexy
da cidade.
Parece que não consigo me livrar dele e, quando pensei
que estava indo para um espaço seguro, escrever um pouco na
sala de aula vazia de meus pais, eles só fazem aulas à tarde e
à noite, lá está ele, sentado com minha mãe, tagarelando e
oferecendo chocolate quente e bolinhos.
O que é o que?
— Bem… — Minha mãe limpa a garganta, chamando
minha atenção. — Você vai me dizer como conhece Beck?
— Eu perguntei primeiro! — Eu retruco.
— Sim, mas eu tenho o dia todo para sentar e não fazer
nada. Pelo olhar enlouquecido em seus olhos, acho que você
não tem a mesma calma que eu.
Bah! Onde está meu pai quando preciso dele?
— Tudo bem, Beck foi o cara que conheci em Key West.
Nós meio que gostamos um do outro, mas você sabe como é.
As ideias atrapalharam e nós meio que terminamos.
— Ah, entendo. E que ideias atrapalharam?
— Não é importante. — Eu a dispenso, mas em vez de
deixar quieto, ela pressiona ainda mais.
— Que tipo de ideias? Porque pelo que vejo, algumas
semanas atrás, você estava mais feliz do que já vi, o que vou
assumir é por causa de Beck. Não minta para mim e me diga
que não é.
— Mãe… — Eu gemo.
— Não me venha com mãe. Foi você quem entrou no meu
local de trabalho e começou a gritar com um homem
perfeitamente legal, então é melhor começar a explicar ou sabe
onde fica a porta.
Já ouviu falar de amor rígido? Minha mãe aperfeiçoou
isso ao longo dos anos. Ela não tolera qualquer atrevimento ou
negação quando se trata de mim.
Suspiro e coloco minha mão sobre minha testa,
massageando a tensão.
— Ele tem ideias diferentes para o futuro do que eu. E
qual é o sentido de aumentar minhas esperanças em relação a
um homem que sei que não vou conseguir... dar a ele
completamente o que ele quer?
— Crianças.
Ela diz isso de antemão, na sua cara, mas é quem ela é.
Ela nunca foi realmente uma pessoa a dar voltas. Ela é sempre
direta ao ponto, mas mostra empatia ao fazê-lo .
— Sim crianças. Ele quer quatro, e você e eu sabemos que
isso já era.
Respirando fundo, minha mãe segura minha mão na
dela. O toque suave e aveludado de seu polegar se estica sobre
as costas dos meus dedos, um golpe comum ao qual me
acostumei ao longo dos anos. É gentil, doce, tranquilizador,
mas também vem com sua opinião.
— Rylee, querida, no dia em que você chegou em casa e
contou a papai e a mim sobre seu câncer e suas opções,
lembro-me de me sentir totalmente destruída. Como minha
filha pode passar por tanta dificuldade? É a pergunta que
ficava rolando na minha cabeça, seguida pela percepção de que
você nunca será capaz de ter um filho como eu. Mas adivinhe?
— Ela levanta meu queixo.
— Nada disso importa porque está sentada aqui,
respirando o mesmo ar que eu. Você esta viva. Você precisa
parar de pensar no que não pode ter e começar a viver pelo que
pode.
Meus olhos começam a queimar, lágrimas brotando nas
minhas pálpebras.
— Eu te amo muito, querida, mas você é teimosa ao
extremo. O que vejo naquele homem, quando olha para você, é
verdadeira adoração. Como se fosse você a responsável pelo sol
nascer e se por todos os dias. Você é quem traz a luz, o humor
e o amor na vida dele.
Lágrimas começam a escorrer pelas minhas bochechas,
e minha mãe as enxuga com os polegares.
— E se ele for como eu, o que tenho quase certeza de que
é, ele não vai se importar com uma família grande ou com as
crianças que você não pode ter. Tudo o que ele vai se importar
é com o coração pulsante no peito e o ar que você é capaz de
trazer para os pulmões. Você está viva e você nos faz feliz. É
tudo o que pedimos, tudo o que queremos.
Ela se levanta e dá um tapinha na minha bochecha com
amor.
— Agora, parece que ele está indo para o Snow Roast com
uma caixa de padaria na mão. Você tem duas escolhas. Você
pode sentar aqui e chorar, deixar seu rosto ficar todo
manchado e vermelho, ou você pode ir para casa, pensar no
que realmente quer. O que VOCÊ quer, e esqueça tudo o resto.
Você já passou por bastante por uma vida inteira, então é a
sua vez de aproveitar o que está sendo oferecido a você.
Mas esse é o problema. Não sei se a oferta que eu quero
estava sequer em discussão. Ele não me disse que me amava.
Ele não me disse que queria essa família comigo. Esses eram
seus sonhos. Mas se ele está aqui, o que isso significa?
Também tenho o direito de sonhar?
Mordendo o lábio inferior para impedir que tremesse,
respiro fundo e pergunto:
— Você realmente acha que ele me quer? Só eu, partes
quebradas e tudo?
— Acho que ele fará qualquer coisa e quero dizer qualquer
coisa para ter você na vida dele. — Ela aperta meu ombro e diz:
— Agora continue e saia daqui. Você não quer que ele a
veja assim. Da próxima vez que vocês se encontrarem, quero
ter certeza de que ele veja esse seu sorriso encantador e bonito,
em vez de suas lágrimas tristes.
Me beijando na cabeça, ela me ajuda a ficar de pé, me dá
um abraço breve e me manda para fora da porta. Beck poderia
realmente ser feliz comigo e só comigo? Ouso esperar por isso?

***

Eu não saí da galeria e fui para casa como minha mãe me


mandou, porque não posso ser a garota com um rosto
manchado, camiseta grande demais, calça cinza e cabelo
maluco que se agacha atrás de uma caixa de correio e observa
a homem que ela gosta sair da cafeteria?
Quem não quer ser essa garota?
Ela é popular.
Ela está dentro das tendências.
Ela não é de modo algum desesperada ou louca, ou
desagradável com a pobre sra. Braverman, que pediu
privacidade ao colocar sua correspondência na caixa.
— É correio pelo amor de Deus! — Eu gritei, pegando a
correspondência dela e empurrando-a pelo buraco em um
golpe gigante.
— Não é como se eu estivesse olhando por cima do seu
ombro na cabine de votação. Agora vá, estou espionando.
Não é o meu melhor momento.
Sinceramente, acho que não tive muitos bons momentos
ultimamente.
E eu culpo Beck. Ele me levou para o manicômio.
Verdade, sou certificável agora.
Percebo isso enquanto agarro a caixa de correio, converso
com ela sobre os problemas de Beck viver nesta cidade,
fazendo amizade com todos os habitantes locais e mal falando
comigo.
Quer mandar alguém direto para o manicômio? Chame
Beck Wilder.
— Quero dizer, o que ele está realmente fazendo aqui? Por
tanto tempo? E onde ele está ficando? É temporada turística,
o que significa que os pousadas e os hotéis estão reservados.
Afago a caixa de correio com o polegar, a tinta azul
esfregando o metal.
— Você ouviu alguma coisa na rua? Você sabe, já que está
no meio das coisas?
Eu firmo minha respiração, meio que esperando que a
caixa de correio responda a mim no meu estado de delírio.
— Nada? Nem mesmo um pouco de fofoca? Para alguém
que tenha acesso ao correio de todos nesta cidade, eu teria...
Faço uma pausa quando a porta do café se abre.
Eu prendo a respiração.
Então a sra. Braverman aparece segurando uma xícara
de chá.
— Deus amaldiçoe, senhora Braverman. Ela está sempre
atrapalhando.
Ela olha para os dois lados antes de atravessar a rua e
segue em direção ao porto, com maior probabilidade de encarar
todos os turistas e “acidentalmente” dar rasteiras com sua
bengala.
Ela não me engana. Eu conheço o jogo dela.
Volto minha atenção para a cafeteria bem a tempo de ver
Beck sair e manter a porta aberta, Victoria seguindo a seu
lado.
O que?
Beck passa o braço em volta do ombro de Victoria com o
braço que carrega a caixa de padaria. Ela sorri para ele e ri de
algo enquanto eles caminham juntos pela calçada em direção
à galeria.
— Aquela prostituta!
Eu fervo, segurando firmemente a caixa de correio,
observando todos os seus movimentos.
Por que eles são tão amigáveis?
Minha mente pensa sobre isso quando eles chegam à
galeria e se despedem. Vejo Victoria dizer algo como: “Vejo você
em casa”, é o que parece...
— Bah! — Eu pulo da minha posição agachada assim que
Victoria chega à minha caixa de correio confiável.
— Você está dormindo com ele? — Eu aponto meu dedo
acusadoramente em seu rosto e causando uma cena ali na
calçada.
— Doce Cristo! — Victoria segura seu peito e arfa
fortemente. — Que diabos você está fazendo se escondendo
atrás de uma caixa de correio? Você perdeu completamente o
juízo?
— Eu não sei, talvez. — Cruzo os braços sobre o peito. —
Talvez eu tenha perdido. Talvez esteja à beira de um colapso
mental total e completo, porque minha melhor amiga, minha
amiga íntima, minha própria comadre brincalhona está
dormindo com meu namorado. Importa-se de explicar a tensão
sexual que você está enfrentando com Beck?
Ajustando a altura de sua gola alta para esconder a
vermelhidão de sua pele da vergonha, Victoria baixa a voz e
diz:
— Não acredito que seja uma conversa a ter ao ar livre,
nas ruas.
— Oh, estamos tendo essa conversa, aqui e agora. —
Aponto meu dedo no chão, mas Victoria não escuta e, em vez
disso, vira a esquina entre dois prédios e sussurra para eu
segui-la .
Revirando os olhos, eu me afasto dela e me inclino contra
o tijolo enquanto finjo mastigar uma goma de mascar que não
tenho, não sei por que, provavelmente porque sou uma pessoa
louca. Com os braços cruzados sobre o peito, digo: — Explique-
se.
Endireitando o vestido, ela estufa o peito e diz:
— Primeiro de tudo, pela última vez que soube, ele não
era seu namorado.
— Eu sabia. Você está namorando ele, não está?
Na verdade, eu não sabia, mas sou louca demais para
evocar esses pensamentos. É o que acontece quando você é um
ser criativo. A resposta mais simples nunca é a que vem à sua
cabeça.
Victoria não faria isso comigo.
Oh, aí está você, finalmente. Finalmente ouço do cérebro
lógico em vez do cérebro enlouquecido. Desde quando eu tenho
dois cérebros? Isso é normal? Eu pensei que havia apenas um
cérebro com um lado esquerdo e um direito.
— Não, e eu ficaria feliz se você não pensasse tão pouco
de mim, achar que eu poderia namorar o homem por quem
você obviamente está apaixonada.
Vou passar direto pelo comentário da palavra A e seguir
em frente.
— Então sobre o que vocês estavam falando? Por que você
vai vê-lo em casa?
Sem pestanejar, Victoria diz: — Porque ele tem ficado
comigo desde semana passada, é por isso.
— Judas! — Eu grito e jogo minhas mãos no ar.
— Oh, pelo amor de Deus. — Victoria balança a cabeça e
começa a passar por mim. — Você sabe, Rylee, há muitas
pessoas que amam você, que não querem nada mais do que
você tenha tudo o que merece.
Diante de mim, ela se aproxima, centímetros apenas nos
separando.
— Convenhamos que é melhor você tratar as pessoas que
te amam com um pouco mais de respeito, principalmente
porque elas estão ajudando o homem que está apaixonado por
você a encontrar uma maneira de ser o homem que você
deseja.
E assim, Victoria metaforicamente solta o microfone e sai
na rua, fazendo-me sentir como a maior imbecil do mundo.
Hmm... talvez seja porque eu sou a maior imbecil do
mundo.
Mas quem usa a palavra convenhamos de qualquer
maneira?
CAPÍTULO VINTE E SETE
RYLEE
Uma semana.
Beck está na minha pequena cidade há uma semana,
fazendo amizade com os habitantes locais, tornando-se tão
popular com os irmãos Knightly, discutindo com a sra.
Braverman enquanto alimenta pombos no parque e contando
piadas para os idosos da loja da esquina. onde eles se reúnem
para as reuniões da manhã.
Eu o vi em todos os lugares.
E, no entanto, ele não veio falar comigo. Ele está
esperando eu me aproxime dele? Ele quer que me aproxime
dele?
De tudo o que ouvi de meus pais e amigos, e talvez de um
rápido check-in com a sra. Braverman, a velha galera, ele
parece estar falando de mim para todo mundo. Então, por que
ele não está falando comigo?
É... devastador. Vendo-o aqui, vendo aquele sorriso
bonito dele, aqueles olhos brilhantes, sua presença
enigmática. É um lembrete de tudo que desisti, tudo que
deixei. Tudo que eu nunca terei.
Entendo isso agora. Não sou tão teimosa. Eu posso
admitir quando estou errada. Fiquei com medo e, em vez de
ficar pensando nas coisas, eu fui a garota burra que fugiu. Mas
sou humana. Eu não sou perfeita de forma alguma.
Eu tenho meus defeitos.
Tenho meus demônios.
E, infelizmente, por mais forte que tente ser, eles ainda
me afetam. Ainda me levam a fazer coisas estúpidas. Eles
ainda me fazem esconder.
É da natureza humana. Sou eu.
Queria ser mais forte.
Digitalizando meus e-mails, abro um do meu designer de
capa e verifico as maquetes para o meu próximo lançamento,
estudando-as atentamente enquanto tomo chá.
A mão dele parece estranha assim, como se estivesse
quebrada.
Whoa, muitos pelos. Não me importo com alguns
desgarrados, mas o esquadrão dos pelos denunciaria essa foto
com certeza.
E aquilo… um terceiro mamilo? Bem, não temos um lindo
unicórnio?
Toc, Toc.
Olho para a porta da frente que está aberta, a porta de
tela oferecendo uma brisa leve para passar pelos pequenos
orifícios.
Zoey está de pé segurando uma sacola.
— Por que você está batendo? Entre, — grito, empurrando
meus óculos de volta no nariz e estudando o terceiro mamilo
que é muito fascinante para mim.
Há outra batida. Olho para cima e Zoey continua parada
lá.
— Oh, pelo amor de Deus.
Levanto-me da minha mesa e caminho até a entrada,
abrindo a porta de tela com um leve chiado nas dobradiças. —
Zoey, por que...?
Ela me entrega a sacola e depois se afasta.
— O que está acontecendo? — Ela não diz nada, apenas
continua caminhando em direção à rua principal.
Olhando para a sacola, deixo a porta fechar, batendo
contra o batente da porta. Abro o lenço de papel e vejo um saco
de café no fundo.
OK.
Eu o pego e o rolo para encontrar uma Post-itt.
Esta é a minha bebida favorita no Snow Roast. Não
é muito rico, mas muito suave. — Beck
Minha barriga gela, meu pulso acelera e minhas mãos
começam a suar. Olho para a porta e noto Art se aproximando
com outra sacola.
Coloco o café e vou para a porta da frente e, antes que ele
possa bater, abro. Sem uma palavra, ele me entrega outra
sacola com uma piscadela.
Volto para o meu balcão e abro. No fundo é um recipiente
de plástico cheio de sopa. Eu leio a nota.
Você provavelmente já sabe disso, mas o The
Lighthouse Restaurant tem um incrível bisque de lagosta,
como o nível orgástico. Mas você sabia que se você pedir o
molho secreto de queijo por cima, a sopa leva a um nível
totalmente diferente? É o meu favorito. — Beck
Molho de queijo secreto? O que? Como eu não sabia
disso?
Estou prestes a arrancar a tampa da sopa e aquecê-la
quando há outra batida na minha porta. É o meu pai
— Oi pai. — Abro a porta de tela apenas para ele me
entregar uma sacola também. Ele se inclina e me beija na
bochecha e depois sai.
Meus olhos começam a brilhar quando levo a sacola ao
balcão.
Dentro, há um jornal enrolado. Jornal de hoje... com uma
nota.
O Port Snow Observer é a minha coisa favorita para
ler de manhã. Não é como um jornal normal, dando a você
a tristeza e a desgraça da semana. Ele fala do jogo de
maior pontuação de Tommy Hornbuckle no futebol
infantil. Ele compartilha a receita de pão de banana de
Martha Gillroy e fala dos turistas peculiares que são
vistos todos os dias. É íntimo e perfeito, e eu adoro pegá-
lo e conversar com os anciãos da cidade todas as
manhãs. — Beck
Balanço a cabeça. O Port Snow Observer é de longe o
jornal mais estranho, mas ele tem razão, é íntimo e uma das
razões pelas quais eu tento lê-lo pelo menos uma vez por
semana, no mínimo para rir.
Há outra batida na porta. Griffin. Eu levanto minha
sobrancelha e abro a porta.
Assim como todo mundo, ele me entrega uma sacola e
sai, com um enorme sorriso no rosto.
Esta sacola parece mais pesada, e sinto que sei o que é.
Quando vejo a embalagem vermelha e branca, minhas
suspeitas estão certas…
Passei muito tempo provando o caramelo em Lobster
Landing, mas estou aqui para dizer que o original é meu
favorito. Ok eu disse isso. Está fora do universo. P.S. Os
abdominais foram atingidos pelo doce, mas ainda estão
lá, não se preocupe. — Beck.
Eu solto um riso bufado, uma lágrima perdida caindo na
minha bochecha que rapidamente limpo. O original é de
morrer na verdade e provavelmente não é apreciado com todos
os sabores diferentes oferecidos.
Toc, toc.
Minha mãe? Acho que nunca a vi tão feliz. Ela está parada
na porta, segurando uma tela e sorrindo muito. Indo para a
porta, eu abro e ela me dá a tela, meu batimento cardíaco
realmente aumentando, minha respiração começando a ficar
um pouco trabalhosa. Minha mãe aperta um beijo na minha
bochecha brevemente e sussurra:
— Ele é um homem muito bom, Rylee.
Então ela vai embora.
Levo a tela para a mesa da minha sala de jantar e a coloco
com cuidado. Está embrulhado em papel com uma nota na
parte superior.
Estive por toda a cidade, absorvendo-a, observando
cada transeunte, cada local, cada ponto turístico popular
marcado habilmente pelo conselho de turismo. E eu
descobri um lugar particular que chama minha atenção,
um lugar nesta cidade que eu posso olhar fixamente o dia
todo e estar completamente e totalmente contente. Este é
meu lugar favorito para sentar e assistir a vista em Port
Snow. — Beck.
Com as mãos trêmulas, eu cuidadosamente tiro o papel
pardo da frente e levo minha mão ao peito quando vejo na
minha frente. Um suspiro em meus lábios, pressiono meus
dedos levemente contra os traços e cores características de
Beck.
É a cafeteria, rosa neon, verdes e laranjas compondo a
maior parte da foto. Mas lá na janela está uma figura distinta
com cabelo preto sentada na frente de um computador.
Sou eu.
Eu nem sei o que dizer.
Ele já roubou meu coração, mas isso... isso...
Toc, Toc.
Eu me viro para ver Victoria parada na minha porta com
uma mala ao lado. Enxugando minhas lágrimas, abro a porta
para ela apenas me entregar a alça da mala e sair correndo.
— Victoria, espere! — Ela faz uma pausa e se vira. —
Lamento pelo outro dia. Eu estava um pouco... perdida.
Seu rosto se suaviza e ela balança a cabeça. — Eu te amo,
Rylee. — Com um pequeno sorriso, ela se afasta, mas diz: —
Abra o zíper superior.
Sem me preocupar em colocar a mala em uma superfície,
eu a movo para o lado da minha porta de entrada e a abro,
atrapalhando-me com o zíper no processo. Bem no topo está
uma nota. Pego uma camiseta preta com decote em V e a levo
ao nariz, onde dou uma pequena cheirada. O cheiro da colônia
de Beck inunda meus sentidos, acalmando meus ossos
trêmulos.
Eu leio a nota, a camisa de Beck pressionada contra meu
coração.
Você sabia que se você esquecer de enxaguar um dos
garfos de Victoria depois de comer ovos, ela começa a
perder a cabeça? Sim, ela me expulsou, mas eu meio que
espero poder ficar um pouco na minha casa favorita em
Port Snow. O que você diz? — Beck
Eu limpo uma lágrima e olho para a minha porta apenas
para encontrar Beck parado atrás da tela, as mãos nos bolsos,
sorrindo. É como se ele estivesse aqui o tempo todo, esperando
por mim. Esperando que eu o visse.
Deixando sua camisa em sua mala, corro para a porta e
a abro, desconsiderando minha roupa não tão atraente. No
minuto em que a porta de tela se abre, os olhos de Beck
encontram os meus, e eu não posso fazer nada além de entrar
em seu abraço e descansar minha cabeça em seu peito. Seus
braços me envolvem, apertados e fortes, e seus lábios
encontram o topo da minha cabeça, amorosos e afetuosos.
— Ei, Atrevida.
— Ei você. — Eu me aconchego mais perto, agarrando
sua camiseta cinza com firmeza. Eu nunca quero deixá-lo ir.
— Se importa se eu entrar?
Olhando para ele, seu sorriso leve me cumprimenta e eu
derreto. Como pensei que poderia dizer adeus a este homem?
Como me convenci de que estar longe dele era inteligente, que
era a melhor decisão para nós dois?
Porque agora, estou cem por cento certa de que somos
duas almas perdidas em busca um do outro, e aconteceu de
nos encontrarmos no paraíso.
Pegando sua mão, eu o levo para minha casa pela
primeira vez e o guio além de todos os seus presentes direto
para o sofá, onde nos sentamos frente a frente. Eu continuo a
segurar sua mão enquanto ele acaricia minha bochecha com a
outra.
— Eu senti sua falta, Rylee.
Engulo em seco e inclino minha mão em seu toque,
fechando brevemente os olhos, sentindo as lágrimas pesarem.
— Senti sua falta, Beck. Você estando aqui, não falando
comigo, mas te vendo em todos os lugares, tem sido uma
tortura. — Eu aperto sua mão. — Por que você não veio até
mim antes?
Ele enxuga uma lágrima perdida. — Eu tinha algumas
coisas para arranjar primeiro. Queria ter certeza de que,
quando viesse atrás de você, quando viesse pela última vez
para convencê-la a ficar comigo, não haveria chance de você
dizer não.
— Beck, — eu sussurro tristemente. — Sinto muito sobre
Las Vegas. Eu nunca deveria ter fugido de você daquele jeito.
— E eu gostaria de ter sido mais compreensivo. Não fui
tão calmo e simpático como deveria ter sido. — Sua mandíbula
se contrai, o músculo pulsando de uma maneira sexy que me
faz querer beijar o local. — Eu simplesmente fiquei tão...
frustrado. Eu não gostei de ser excluído daquele jeito. Eu quero
saber tudo sobre você, Rylee.
— Eu sei disso agora e me desculpe. Você pode dizer que
eu meio que sou péssima com essa coisa toda de
relacionamento?
Ele ri e levanta meu queixo. — Nós não somos perfeitos,
ninguém é. Tinha que haver uma falha em você em algum
lugar. — Piscando, ele puxa minha cabeça para frente e coloca
um beijo muito suave na minha testa.
Imerso em seu perfume, da maneira como ele fica ao meu
lado novamente, eu me aproximo dele até estar sentada em seu
colo. Ele acaricia meu cabelo casualmente, o sorriso mais fofo
em seu rosto.
— Então, porque você está aqui? — Eu pergunto,
esperando o melhor.
— Bem, veja bem, eu tive que verificar Port Snow, queria
ter certeza de que não era apenas um lugar onde poderia
trabalhar, mas um lugar onde pudesse viver. — A esperança
brota no meu peito.
— E?
— Adorei tudo, Rylee. Assim como eu te amo.
Uma risada muito pouco atraente sai de mim. Eu sou o
epítome da elegância e classe. Superada pela alegria, me
inclino para frente e pressiono meus lábios contra os de Beck,
o sal das minhas lágrimas se misturando com o nosso beijo.
— Eu também te amo. Eu te amo muito, Beck.
Ele geme e move as mãos para os meus quadris, onde os
agarra com força, aprofundando nosso beijo por um breve
segundo antes de se afastar e pressionar nossas testas juntas.
— Porra, Rylee. Você não sabe o quanto estou aliviado por
ouvir isso.
— Me desculpe, eu fiz você duvidar de si mesmo. Eu só...
— Faço uma pausa e me afasto. — A respeito... A respeito…
— Eu tenho um emprego na galeria. Seus pais têm sido
incríveis, me dando uma tonelada de responsabilidade, já que
querem passar mais tempo no lado da aposentadoria. Eles
também me conectaram com alguns contratos em Augusta
para alguns murais.
Ele acaricia meus quadris com os polegares.
— Eu amo isso aqui. É peculiar e perfeito, um lugar onde
quero começar uma família com você.
— Mas…
— Mas nada. Conversei com Cal sobre minhas opções,
considerando meu histórico. Adoção ainda pode ser uma
opção, barriga de aluguel é uma opção, e assim está me tornar
um Irmão Mais Velho, o que é bom o suficiente para mim. Tudo
o que eu quero é você, o que vier depois disso é cereja em cima
da porra do bolo mais doce de todos os tempos.
— Beck...
Ele me silencia e olha diretamente para mim, seus olhos
inabaláveis.
— Ouça-me, Rylee. Estou falando sério quando digo que
ser um Irmão Mais Velho seria suficiente para mim. Se nossa
família for formada por filhos de quatro patas, eu também vou
estar bem com isso. O que quero é você e somente você. Você
me entende?
Eu pressiono meus lábios e assinto.
A sinceridade em sua voz, a maneira como ele está me
dominando com suas palavras, não há dúvida em minha
mente que ele está falando sério, de que é isso que quer. E se
não tivermos outras adições à nossa pequena família além de
animais, ele ficará bem com isso.
— Assim... isso significa que você está se mudando?
— Isso aí. — Ele me puxa para mais perto e me beija na
boca, seus lábios mais exigentes desta vez. Quando ele se
separa, ele fala baixinho quando nossos narizes se tocam.
— Mas eu vou lhe dizer agora, eu pego o lado direito da
cama e haverá muito sexo. Pelo menos pelas próximas 48
horas, haverá muito sexo por toda a casa.
Eu rio enquanto ele pressiona seus lábios nos meus
novamente, sua mão contornando minha camisa, começando
a trabalhar no meu sutiã. Ele não estava brincando.
— Beck, porta de tela… — murmuro entre beijos.
A cabeça dele volta para olhar a porta e diz: — Está tudo
bem.
— É se você quiser aparecer no Port Snow Observer
amanhã.
Isso lhe dá uma pausa. — Merda. — Ele suspira e
pressiona a cabeça no meu peito, a mão a centímetros do meu
peito.
— Esta cidade é tão irritante, e eu estranhamente amo
isso.
— Adoro ainda mais agora que você está aqui comigo.
— Não mudaria nada, Atrevida.
Ele me leva até a porta, fecha-a e tranca-a, e então eu o
guio para o meu quarto, onde ele me deixa nua e faz amor
comigo. Sua boca, suas mãos, seu corpo possui o meu com
todo pulso, todo golpe, todo beijo.
Beck Wilder, o homem que misteriosamente assumiu
minha fuga de férias. Eu sou completamente louca por ele.
É engraçado. Escrevo felizes para sempre, e essa é
estranhamente uma história de amor que eu nunca teria
previsto ou seria capaz de escrever por mim mesma.
Em algum lugar ao longo da estrada, perdi de vista meu
próprio final feliz. Havia ficado imersa no meu mundo ficcional.
Me pergunto se eu acreditava que apenas minhas heroínas
mereciam amor. Apenas minhas heroínas mereciam um futuro
de felicidade sem mágoa.
E então um dia no paraíso ele apareceu. Meu herói. Um
homem com um coração altruísta incomparável, com malícia
nos olhos e nos lábios. Um homem que tinha a capacidade de
me empurrar para fora do meu mundo aconchegante de estar
sozinha para os braços amorosos e bem-vindos da vida a dois.
Um homem bom demais para ser verdade, mas de alguma
forma é meu mesmo. É aqui que escrevo FIM. Não é?
EPÍLOGO
BECK
— Onde está a bolsa verde? Deixamos a bolsa verde? Oh
meu Deus, Beck, a bolsa verde, onde está?
Minha esposa vagueia pelo nosso quarto, frenética, com
os olhos enlouquecidos procurando uma bolsa que está
firmemente segura na mão.
— Atrevida, está na sua mão.
Olhando para baixo, ela percebe a bolsa e aperta a testa,
caindo no chão.
— Esta foi uma má ideia. O que estávamos pensando?
Não estou pronta para isso. Como diabos seremos capazes
de...?
— Rylee, respire fundo algumas vezes. Faça comigo. —
Eu me junto a ela no chão e a puxo para o meu colo. Inclino-
me contra a parede e afago o cabelo dela enquanto olho para
os três berços alinhados ao lado da nossa cama. Tanta alegria
agora, eu não posso conter. Inspiramos e expiramos juntos até
o corpo de Rylee parar de tremer.
— Já participamos de todas as aulas, temos um
cronograma estabelecido com os ajudantes e temos tudo o que
você precisa para criar um bebê.
— Beck, não um bebê, três, três bebês!
— Eu sei. — Não consigo conter o sorriso.
— Três bebês, Atrevida. Nós vamos ser uma família de
cinco. Quanta sorte temos?
Ela relaxa quando eu pressiono um beijo no lado de sua
cabeça.
— Três bebês. Três pequeninos para chamar de nossos.
Três pequenas vidas que moldamos e criamos. Três pequenas
almas a quem amamos e dedicamos nossas vidas. Temos sorte.
E não vou dizer que não será difícil, mas temos muita ajuda. E
quando tivermos sessenta anos e olharmos para trás neste
momento, desejaremos poder fazer tudo de novo, porque será
muito gratificante.
A cabeça dela repousa no meu peito. — É por isso que te
amo, por que casei com você há um ano. Você instila uma
sensação de calma dentro de mim.
— E aqui eu pensando que era o meu pau que você
gostava dentro de você.
— Oh meu Deus. — Ela bate no meu peito e se afasta. —
Maneira de arruinar um momento.
Eu rio e a puxo de volta para o meu peito.
— Você ama como te amo, e como vou amar Isaac, Taylor
e Zac.
Ela balança a cabeça e se afasta do meu aperto. Quando
a vejo apontando o dedo para mim, um olhar severo no rosto,
caio na gargalhada.
— Não estamos nomeando nossos filhos em homenagem
aos irmãos Hanson.
— Vamos... é engraçado.
— Não.
— Taylor pode ser a garota, e Zac e Isaac facilmente
podem ser os meninos. Faz sentido.
— Você é louco. — Ela respira fundo e diz: — Vamos,
Stacey provavelmente já está no hospital.
— Porque a mãe dela dirige como uma mulher louca.
Eu me levanto do chão e pego a sacola verde cheia de
lanches e coisas para nos manter ocupados enquanto
esperamos o nascimento dos nossos trigêmeos.
Sim, trigêmeos. Tudo o que tenho a dizer é, obrigado,
temporada de bailes.
Não era segredo em Port Snow que Rylee e eu queríamos
ter uma família, mas, dado o meu passado, tivemos um pouco
de dificuldade para fazer isso acontecer. Isso foi até Stacey
Higgins se aproximar de nós, um clichê de sexo desprotegido
na noite do baile. Ela tem aspirações de ir para a faculdade e
se tornar uma bióloga marinha, e não há espaço para
trigêmeos nessas aspirações.
Quando ela veio até nós a princípio, Rylee riu e tentou dar
um tapinha no ombro da garota e ir embora, mas aproveitei a
oportunidade, encontrei um advogado e fiz acontecer. O pai
biológico, Shane, assinou os papéis rapidamente, não
querendo ter trigêmeos em uma idade tão jovem, e Stacey
seguiu bem atrás.
É claro que, uma vez que Rylee viu que era uma
possibilidade real, ela começou a se aninhar imediatamente, o
que significava que saímos de sua casinha, nossa casinha de
amor, e para uma casa maior na costa, com uma cerca, é claro,
para qualquer criancinha distraída... e compramos uma
minivan. Não acredita em mim? É preta, cor discreta, tem
todos os sinos e assobios, e pareço gostoso pra caralho ao
dirigir. Temos três assentos de carro fixos e música de ninar
sintonizada no aparelho de som. Estamos prontos.
Estamos nervosos, mas estamos prontos.
Nós vamos para o foguete preto... minivan... e Rylee pega
minha mão, apertando-a com força.
— E se eles não me amarem?
Ela morde o lábio inferior. — É uma preocupação que ela
tem desde que passamos pelas aulas de adoção. O apego e a
ligação têm sido uma grande preocupação dela.
Eu seguro seu queixo e encontro seu olhar lacrimejante.
— É impossível não amar você. Desde o primeiro
momento em que colocarem os olhos em você, vão te amar,
assim como eu. No momento em que te vi pela primeira vez,
coberta de vômito, cansada e bonitinha pra caralho, sabia que
te amaria. Era inevitável, e será o mesmo com nossos bebês.
Coloco meus lábios na testa e a ajudo a entrar no lado do
passageiro da van. Quando entro, pego a mão dela na minha e
beijo as costas dela.
— Eu não podia imaginar estar nessa jornada com mais
ninguém além de você, Atrevida. Sou um filho da puta de sorte.
E falei isso a sério.
De um casamento desfeito e despedaçado, ao pior dia da
minha vida, a seis anos de prisão... Eu percorri um longo
caminho para viver em uma cidade pequena com o amor da
minha vida, meus melhores amigos, Chris e Justine, apenas
algumas casas abaixo agora, e três bebês pequenos que
chamaremos de nossos no caminho...
Inferno, a vida não fica melhor que isso. Só foi preciso ser
penetra em um casamento para nos dar os melhores dias da
minha vida e o incrível futuro cheio de amor, e sem dúvida
caótico... pela frente.

Felicidades para os noivos!

FIM!

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