Dating by Numbers 2 - Two Wedding Crashers
Dating by Numbers 2 - Two Wedding Crashers
Dating by Numbers 2 - Two Wedding Crashers
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1Kathy Bates em Misery é uma fã fanática que acaba torturando a vida do escritor
Sheldon até ele reescrever um livro.
— Eu acho que posso acabar com você.
— Você pode tentar, Atrevida, pode muito bem tentar.
CAPÍTULO CINCO
RYLEE
Estou em um píer, à noite, o oceano ondulando embaixo
de mim, ao lado de um homem sexy. Risque isso. Um homem
extremamente sexy sobre o qual praticamente não sei nada, e
estamos nos despedindo de um moletom incrustado de
mangas e pêssegos regurgitados. Quando me inscrevi para
essa pequena escapada, nunca imaginei meu primeiro dia
desse jeito.
— Ele foi bom enquanto durou, não foi? — Beck pergunta,
olhando para o oceano onde as cinzas do meu moletom agora
descansam.
— Ele forneceu tanto calor.
Chegando mais perto de mim, a colônia amadeirada de
Beck se mistura com a brisa do oceano e envia um arrepio na
minha espinha. Ele passa o braço em volta do meu ombro, me
puxando para perto.
— Uma cerimônia tão bonita. Você a fez bem.
— Não poderia ter feito isso sem você. — Brinco, me
sentindo um pouco estranha agora que dissemos adeus ao
meu moletom.
Ele suspira e se vira em direção a uma pequena parte do
resort ao lado da água, onde tem areia, cadeiras de jardim e
redes para um ambiente muito parecido com resort. — Quer
se juntar a mim na rede?
— Parece um pouco travesso.
Ele me aperta por um segundo antes de soltar seu aperto
no meu ombro. — Eu prometo manter minhas mãos para mim.
— Por que acho que posso me arrepender disso?
Ele me guia pelo cais de bronzeamento até a caixa de
areia, a mão na minha parte inferior das costas, sua forte
presença me fazendo sentir reconfortada, como se estivesse em
boas mãos.
Quem é esse cara e de onde ele veio? E por que é solteiro?
É como se eu pegasse um herói de um dos meus livros e
o colocasse nesse cenário pitoresco.
Ele é tudo sobre o que escreveria sobre um dos meus
personagens masculinos... salvo o cabelo curto. Eu sempre fui
fã de um corte de cabelo estilizado em um homem, então o
tosado é diferente. Sexy de certa forma. Deixando os cabelos,
ele tem tudo: os olhos penetrantes, as brincadeiras
espirituosas, a personalidade descontraída e viciante, e ele é
todo musculoso, pelo menos pelo que posso dizer. Além disso,
ele tem essa qualidade rebelde, sombria e sensual de uma
maneira que me deixa curiosa para descobrir sua história.
— Não me lembro da última vez que estive em uma
rede.— Diz Beck, mantendo-a parada para que eu pudesse
sentar.
Saltei dentro, não sendo nem um pouco modesta, porque,
francamente, qual é o objetivo? Beck já viu tudo neste
momento, não importa o quanto ele queira negar. Embora, pelo
menos, coloquei calcinha antes de ir jantar.
— Eu tinha uma no meu quintal quando criança. Passei
horas lendo nele.
Beck se junta a mim, um pouco desajeitadamente, o que
me faz rir. Uma vez que ele se endireita, ele solta um suspiro
reprimido e seus ombros relaxam visivelmente ao meu lado.
— Montar numa rede pode dar muito errado. Quero
dizer, eu poderia ter virado você dessa maldita coisa e te
enviado diretamente para a areia abaixo de nós.
— Fico feliz que você foi capaz de montar um pouco
graciosamente… — paro e sugestivamente mexo as
sobrancelhas — Porque comer areia não parece muito
apetitoso no momento.
Ele sorri maliciosamente. — Alguma vez pareceu?
— Talvez. — Eu sorrio e depois olho para as estrelas
brilhantes acima de nós. — O que o traz a Key West, Beck?
Sinto que essa é uma pergunta que deveria ter feito há
um tempo, mas com toda a exposição nua do quarto de hotel...
sobre a qual ainda não falei para minhas amigas, e o enterro
do moletom, não tivemos a chance real de conhecer um ao
outro. Não que eu esteja reclamando demais. O que sei sobre
Beck até agora é que ele é um cavalheiro e gosta de se divertir,
mesmo que isso signifique queimar um moletom e jogá-lo ao
mar.
Não há muitas pessoas que conheço que ficariam ali, mão
no coração, falando sobre os grandes feitos de um moletom
enquanto choravam de mentira.
O canto dos meus lábios se levanta apenas da imagem de
Beck enxugando “lágrimas” de seus olhos com as costas do
dedo indicador.
— Você quer a verdade ou quer uma mentira fabricada
que fará com que você se apaixone loucamente por mim?
Rindo, eu respondo: — Ambos.
— Justo. — Beck empurra o pé contra a areia abaixo de
nós, enviando a rede em um balanço relaxante. — Quer a
verdade ou a mentira primeiro?
— Hmm, que tal eu adivinhar qual é qual.
— Ah, as coisas estão prestes a ficar emocionantes. — Ele
ri e esfrega as mãos. — Ok, razão número um.
Ele limpa a garganta. — Estou participando de um
casamento no próximo fim de semana, um casamento para o
qual não fui convidado, mas meu amigo me implorou para
participar porque queria foder a esposa sem filhos por perto.
Não faz sentido, mas ei, eu sou um bom amigo, então aqui
estou eu.
Errr, isso é estranhamente familiar. Engulo a seco um
pouco mais forte do que o esperado. De jeito nenhum ele está
de penetra um casamento como eu. Isso é apenas algo que um
autor desesperado faz para encontrar sinais de amor
novamente.
— Ok, razão número dois. Minha irmã vai se casar neste
fim de semana e eu vou entregá-la . Nosso pai faleceu há
alguns anos de um ataque cardíaco e, embora estivéssemos
afastados por dois anos, ela pediu se eu faria parte do
casamento dela. Então aqui estou.
Silenciosamente ele nos balança, minha mente girando
com o que poderia ser a verdade. Ambas as histórias foram
contadas sem esforço, então ele é realmente um bom mentiroso
ou algum tipo de vigarista. Eu deveria estar com medo. Deveria
ir para o meu quarto agora, desejando a Beck uma boa noite,
mas não vou, porque estou intrigada com este homem. Por trás
da boa aparência e inteligência, há algo sob a superfície, algo
sombrio que torna compreensível a idade em seu olhar
envelhecido.
Por causa disso, vou com a opção número dois. Parece o
mais plausível, porque quem realmente invade casamentos?
Somente mulheres enlouquecidas com a tendência de se
sentar em um arbusto com um bloco de notas e caneta e tomar
notas enquanto encaram os casais e ouvem suas conversas.
Pesquisa e tudo mais, tem um preço alto, como galhos
com pontas afiadas.
— Hmm, eu vou apostar na razão número dois.
Ele assente e diz: — Sabia que você ia dizer isso, mas
você, lindinha, está errada. Eu nem tenho irmã.
Atordoada, me levanto o melhor que posso sobre o fio
trançado frouxos da rede e o encaro. — Você está aqui para
invadir o casamento de alguém?
Ele estremece. — Ah, sim, mais ou menos.
— Inacreditável. — Balanço a cabeça em descrença e
deito-me.
— Agora, antes que você me julgue e me dê um sermão
sobre confirmação de presença
— Eu não estou te julgando. — Viro-me para Beck, a rede
dificultando um pouco a mudança. — Sou só um pouco...
surpresa.
— Não pretendo comer nada. — Ele morde o lábio inferior.
— Isso é mentira. Planejo comer muito, mas ei, vou levar a
festa para a pista de dança. No mínimo estou dando a eles o
presente da dança, então você não precisa ficar com raiva de
mim por isso.
— Eu não estou com raiva. — Eu rio, ainda surpresa. —
Estou apenas tentando entender isso. — Olhando-o bem nos
olhos, digo: — Também estou aqui de penetra em um
casamento.
Isso faz com que Beck se endireite, seu peito musculoso
esticando o tecido de sua camisa. Ele me estuda atentamente,
seus olhos voltando para frente e para trás até que ele
finalmente pergunta: — Você está falando sério? Você está
realmente invadindo um casamento?
Eu pressiono meus lábios e assinto.
Uma risada aguda escapa de Beck quando ele se deita na
rede e envia nosso balanço para um movimento mais frenético.
— Vou assumir, dada a nossa sorte de vômito de bebê,
encontros nus…
— Sabia que você viu meus peitos.
— Eu não vi... ah, inferno, qual é o objetivo? Eu vi
totalmente seus peitos e foda-se, mulher, eles são gostosos.
Eu coro... horrivelmente, meu rosto esquenta junto com
todas as veias do meu corpo.
— Mas, como estava dizendo, com a nossa sorte, vamos
ao mesmo casamento.
Limpando a garganta, tentando passar pela parte em que
Beck só fez meus mamilos endurecerem e saltarem como
termômetros de peru, eu disse fracamente: — Sim, seria nossa
sorte.
— Deixe-me adivinhar, o casamento é no sábado na The
Hemingway House.
E vem outra onda de calor para eclipsar meu corpo. — O
primeiro e único.
Ele assente e fica em silêncio por um segundo antes de
dizer: — Então o que você está me dizendo é que eu tenho um
encontro para o casamento no sábado à noite.
Não esperava que dissesse isso, dou uma gargalhada e
por algum motivo digo: — Usarei azul-petróleo, caso você
queira combinar e tirar algumas fotos. Você sabe, podemos
muito bem fazer a coisa toda de casal, certo?
Isso gera uma gargalhada profunda, baixa e estridente de
Beck. — Graças a Deus embalei calças cinza com uma camisa
branca. Não haverá nenhum tipo de desarmonia nessas fotos
de casal.
— Não, nem um pouco.
Ainda balançando, eu digo: — Isso é estranho.
— Não, é apropriado. Você tem que viver a vida ao
máximo, Rylee, porque você nunca sabe quando ela será tirada
de você. — Endireitando-se, sua declaração me confunde, ele
estende a mão e acena com a cabeça em direção ao prédio. —
Vamos, vou levá-la de volta para o seu quarto.
Permito que ele me ajude a levantar. Eu estou lá, sendo
dominada por esse estranho, esse mistério de homem, meu
aparente encontro de casamento para o sábado, e mesmo que
ele queira me levar até o meu quarto, não estou totalmente
pronta para que esta noite termine.
Com um ritmo lento e descontraído, caminhamos lado a
lado, o oceano rolando na costa à nossa direita, preenchendo
o silêncio. — Alguma coisa turística planejada enquanto você
está aqui? — Eu pergunto, me sentindo meio idiota pela
questão, sem saber como preencher o silêncio.
— Nada planejado. Apenas meio que improvisando. — Por
que isso não me surpreende? Beck parece o cara que na
quarta-feira larga tudo e voa para o Taiti porque quer,
portanto, estar de penetra em um casamento. Pelo menos eu
tenho uma razão um tanto sólida para estar aqui. Você sabe,
reacendendo meu cérebro romântico e tudo.
— Eu também. Se Victoria não quiser me abrir com suas
garras gigantescas pré-históricas amanhã, eu poderia tentar
convencê-la a ir passear comigo.
— Sim? Indo visitar a ilha? Você sabe que são apenas dois
por quatro, certo?
Minhas sobrancelhas franzem. — O que você quer dizer
com dois por quatro?
Paramos em frente aos nossos quartos, as portas a
poucos metros de distância. Mãos nos bolsos, parecendo sexy
com a boca curvada para o lado, e o corte de cabelo curto
enfatizando seus adoráveis olhos cor de avelã, ele diz: — A ilha
tem apenas três quilômetros de largura por quatro quilômetros
de comprimento. É incrivelmente pequeno, então acho que seu
passeio durará apenas algumas horas, no máximo.
— Hã. — Eu pondero sobre isso. — Isso mostra quanta
pesquisa eu fiz antes de vir aqui.
Rindo, ele responde: — Um pouco mal preparada, mas
não há nada como uma boa aventura que faça meu sangue
rugir. Estou com você, Rylee. Não fiz pesquisa antes de pegar
um avião até aqui.
Eu rio. Estou aprendendo que Beck é o Sr. Improviso. Por
que passar horas na frente de um computador planejando sua
viagem?
Dando de ombros, ele continua: — Quem sabe, talvez nos
encontremos amanhã. — Com isso, ele aperta meu queixo com
o dedo e diz: — Tenha uma boa noite.
Tirando um cartão-chave do bolso de trás, ele entra no
quarto, o punho levantado para o céu gritando: — Vida longa
ao seu moletom!
A declaração sobre meu moletom queimado me faz bufar
deselegantemente, mas antes que ele possa ver o ranho
escorrer sem atrativos do meu nariz, sua porta se fecha.
Graças a Deus pelas dobradiças de fechamento rápido.
Limpo o nariz, tiro meu cartão-chave do sutiã do meu
vestido e entro no meu quarto.
Que estranho. Este homem aleatório, que não apenas
testemunhou o vômito apocalíptico no avião, mas também me
encontrou enquanto eu estava nua em seu quarto, que então
compartilhou um estranho enterro de moletom, agora está
descansando a cabeça a poucos metros da minha. É estranho,
quase como se o Cupido estivesse balançando a bunda nua no
ar, rindo e atirando dardos em minha direção.
Aquele maldito querubim risonho.
Aceno meu dedo para o céu. — Boa tentativa, cara.
Adivinha quem não está interessada? Eu vim aqui para
testemunhar o amor, não mergulhar profundamente na
emoção eu mesma.
CAPÍTULO SEIS
RYLEE
— Acha que tem protetor solar suficiente?
A humana coberta de pasta ao meu lado olha feio por
baixo de seus óculos escuros e chapéu de sol, bem como uma
polegada de protetor solar que ainda não foi esfregada em seu
corpo. É como se ela estivesse mergulhada em sete camadas
de protetor.
— Quero que você saiba que o câncer de pele não é
brincadeira. É uma coisa séria.
— Bem ciente, é por isso que estou usando protetor solar,
mas não há problema em mostrar um pouco de pele.
— Melhor prevenir do que remediar. — Ela tampa o frasco
e coloca dentro da bolsa Vera Bradley rosa e verde ao lado dela.
— Doce de caramelo? — Ela oferece, o barulho dos invólucros
se misturando com as ondas do mar quebrando a alguns
metros de distância, bem como os sons divertidos das crianças
ao nosso redor.
— Não quero. Obrigada. — Bebo metade da minha garrafa
de água e deixo o sol me aquecer até o meu âmago. — Meu
corpo não está acostumado a esse tipo de calor. — Sinto-me
suando em áreas que desconhecia ter glândulas sudoríparas.
— Sim, muito longe do Maine, com certeza. Mas o sol é
lindo, não é? — Victoria estica os braços brancos como lírios e
tenta absorver os raios... o que é impossível com a quantidade
de creme que cobre sua pele. — Então, sobre o que era o
telefonema da noite passada? Você interrompeu um sonho
muito intrigante meu.
— Desculpa. — Eu me encolho, sabendo o quanto
Victoria depende de seus sonhos para escrever. Ela sempre me
diz que suas melhores ideias vêm enquanto ela dorme. — Eu
conheci esse cara ontem…
— Já estamos vasculhando as ruas, não é? — Há uma
dica leve e divertida na voz de Vitória.
— Ha, não, acredite, conhecer esse cara foi por acaso.
— Ah, aí estão vocês duas! — A voz de Zoey nos assusta.
— Eu mandei mensagem para vocês. O marido foi em uma
pesca matinal, e eu acabei de sair da cama procurando café.
— Ela toma um gole gigante de um Frappuccino na mão. —
Ah, isso é bom. Sobre o que estamos conversando? — Ela joga
uma bolsa de praia gigante ao meu lado e puxa uma
espreguiçadeira pela areia para se sentar perto da minha.
Mantendo os olhos fechados, a aba do chapéu cobrindo o
rosto, Victoria diz: — Rylee estava me contando sobre um
homem que está vendo.
— Como é? — Zoey estica o pescoço para o lado como se
fosse elástico.
— Eu não estou vendo ele. Jesus, Victoria. Nós apenas
saímos...
— Por que você parou assim? Vocês fizeram sexo ontem
à noite?
— Acho que fizeram. Ela me ligou por uma
recomendação. Eu disse ao cara para fugir por sua vida.
Zoey aperta o peito e ri muito alto. — Você não disse.
— Infelizmente ela disse! — Murmuro, puxando minhas
pernas no meu peito.
Mais risadas, de ambas agora. Você pode ouvir meu
suspiro pesado?
— Oh, isso é ótimo. Então, o que aconteceu depois que
você não recebeu uma recomendação? — Zoey faz uma pausa
e depois bate no meu braço. — Ei, por que você não me ligou?
Eu não sou boa o suficiente para sex-comendação?
— Eu tentei! Você atendeu o telefone perguntando sobre
tesoura com Art.
Zoey assente, o canto de seus lábios se vira de acordo. —
É assustador o quão preciso isso é. Ok, então eu estava hiper
focada no meu próprio prazer. O que aconteceu depois que
Victoria bloqueou o pau?
Sentando um pouco mais ereta e cruzando as pernas,
digo: — Para constar, eu não estava procurando por uma sex-
comendação. Só estava tentando provar que não sou uma
psicopata.
— Homem inteligente. — Zoey assente e toma um gole de
sua bebida.
— Bem, você sabe que depois que ele me viu vomitada, e
depois de toda a coisa nua, ele veio até mim...
— Espere! — Zoey e Victoria se endireitam e se inclinam
para olhar para mim. — Que coisa nua?
— Realmente não quero falar nisso. Digamos que houve
uma confusão com quartos de hotel, e eu queria tirar o cheiro
de vômito de mim.
— Estou tão confusa agora… — Diz Victoria. — Pensei
que não houve sexo.
— Não houve. Nós não fizemos sexo, nem sequer nos
beijamos. Ele só me viu nua.
— Falando sobre mim? — Uma voz profunda tira nossos
olhos uma das outras na direção do homem que está na nossa
frente, vestindo shorts pretos baixos e nada além de um longo
colar em volta do pescoço, feito de couro e uma pequena chave
de ouro. Sua pele bronzeada brilha sob o sol, os contornos de
todos e cada um de seus músculos se flexionando firmemente
a cada movimento. Seu sorriso se estende por seu rosto, seus
olhos estão cheios de intrigas e seu cabelo implora para que eu
passe minha mão pelos fios curtos.
Virando-se para mim, com o polegar apontado para Beck,
Zoey pergunta: — É para esse o cara que você queria que eu
fizesse uma sex-comendação?
Quer uma maneira infalível de me fazer corar? Essa, essa
bem aqui fará isso.
Minhas bochechas esquentam, meus ouvidos ardem de
vergonha.
— Sex-comendação, hein? — Beck coça o lado da
mandíbula, seus olhos fixos nos meus. — Eu não sabia que
era para isso que estávamos chamando amigos.
— Não foi. Não houve sexo envolvido. Nenhum. — Eu
posso sentir minha testa suar. Maldito sol. — Apenas para
garantir que não íamos nos matar, é tudo. Sexo está fora da
mesa. Não haverá sexo.
— Não? Que pena! — Beck sorri e depois se inclina para
apertar as mãos de Zoey e Victoria. — Senhoras, prazer em
conhecê-las, sou Beck.
Zoey e Victoria se apresentam, suas bocas abertas como
peixes fora d'água, enquanto olham para o monte de músculos
à sua frente. Inferno, eu não as culpo.
— Beck, uau, até o seu nome é quente. — Zoey me cutuca
no lado com o cotovelo. — Você deve usar esse nome em um
de seus romances.
— Concordo. — Beck mexe as sobrancelhas. — Talvez ele
pudesse convencer a heroína a passear com ele no livro.
— Ooo, é uma boa ideia. — Zoey pega minha bolsa e
coloca no meu colo. — Rylee estava saindo para visitar a ilha.
— Não, não estava.
— Sim, ela estava! — Victoria diz. Traidora. — Ela quer
alugar uma Vespa. Ela tentou me fazer entrar em uma, mas
eu recusei. Você parece um cavalheiro que sabe lidar com esse
tipo de maquinário. Por que você não vai com ela?
— Bela ideia. Grande, na verdade! — Acrescenta Zoey, e
depois de vasculhar sua bolsa, levanta uma nota de cinco
dólares no céu e acena. — Sorvete é por minha conta!
Eu olho para a nota, odiando minhas amigas agora. —
Vamos precisar de mais de cinco dólares.
— Aqui! — Victoria joga vinte para mim. — Divirtam-se.
— Veja, tudo arranjado. Apenas enfie essas notas no seu
sutiã, com sua licença e divirta-se. — Zoey começa a me
empurrar para fora da borda da minha cadeira. — Vá. Vá ver
a paisagem com o bonitão. Nos agradeça depois.
— Você sabe que ele está de pé bem aqui… — digo
entredentes em total vergonha.
— Oh, não se importe comigo. — Beck balança nos
calcanhares e cruza os braços sobre o peito. — Estou aqui
apenas pelo sorvete de graça e pela ótima companhia.
— Como você pode recusar sorvete grátis? — Zoey agora
balança as duas notas na minha frente, com um olhar astuto
na cara.
Suspirando, pego o dinheiro dela, enfio no meu sutiã
junto com meu telefone, chave do quarto e identificação e me
levanto da minha espreguiçadeira. Aponto para Victoria e digo:
— Você está responsável pela minha bolsa. — Voltando-me
para Beck, digo: — Você está encarregado de alugar a Vespa,
vamos lá!
Eu o agarro pela mão e o puxo em direção à Duval Street.
Felizmente, estou usando uma pequena canga preta
sobre meu biquíni branco, porque dirigir por aí com nada além
de roupa de banho não está na minha lista de tarefas de hoje.
Embora pareça estar na de Beck.
— Sabe, você não precisa correr. Podemos caminhar sem
pressa.
Percebendo meus passos gigantes e muito estranhos nos
impulsionando para frente em um ritmo alarmante, eu
desacelero e me endireito. — Eh, desculpe. Só queria sair dali
antes que as duas dissessem mais alguma coisa embaraçosa.
Beck me cutuca com o ombro. — Oh, vamos lá, elas não
foram tão ruins. Eu gostei delas.
— Sim, porque elas praticamente me empurraram para
seus braços.
— Nos meus braços? Eu teria lembrado disso. — Seu
sorriso é diabólico e estou muito ciente de como essa pequena
inclinação de seus lábios me afeta.
— Não seja brega.
— Não é brega quando é a verdade.
Me cutucando novamente, ele diz: — E o que há com essa
máscara de difícil que você está usando? Eu te pego falando
sobre a nossa noite e agora você está agindo como se não
quisesse nada comigo? Essa não é a verdade, certo?
Cara, ele é franco? Acho que nunca um homem falou
comigo assim antes. Depois de uma olhada em Beck, eu
deveria saber que ele seria diferente do que estou acostumada.
Soltando um longo suspiro, viro-me para ele, paro na
calçada e digo: — Essa não é a verdade. Estou apenas... ciente
da nossa situação, e isso me deixa nervosa.
— Ciente da nossa situação. O que isso significa? — Ele
dá um passo à frente, fechando uma imensa quantidade de
distância entre nós.
— Você sabe. — Faço um gesto entre nós, meus nervos
pulando. — Essa, ah, atração.
— O que tem isso? — Ele coloca a mão no meu quadril e,
real, minha boca fica seca.
É apenas uma mão no meu quadril. Não é como se ele
enfiasse a mão nas costas do meu maiô e começasse a
massagear minha bunda. Não, é uma mão no quadril, mas com
a maneira como ele me aperta com tanta força e seu olhar
inabalável, ele faz meu corpo formigar, antecipando muito
mais.
Querendo ser honesta, já que ele chega ao ponto, digo: —
Não estou procurando nada sério, ou começar algo com
alguém. Estou aqui para escrever, para estar imersa no amor
e depois seguir meu caminho alegre. Isso é tudo.
Um sorriso maior divide seus lábios. — Parece um bom
plano, mas vejo alguns buracos que gostaria de preencher.
— Beck...
Ele coloca o dedo sobre os meus lábios, me calando antes
que eu possa protestar. — Escute, Rylee. Eu não vim aqui para
me apaixonar. Vim me divertir e viver o momento. Acho você
sexy pra caramba, interessante, e alguém com quem quero
passar algum tempo na ilha. Também não estou procurando
nada sério, mas, para o inferno se não vou levá-la como
encontro no casamento e passar algum tempo com você antes.
Eu bufo, assim como ontem à noite e rapidamente cubro
meu nariz. Quão grosseiramente pouco atraente. Quando olho
para Beck, ele não parece pensar assim pelo olhar ardente em
seus olhos.
— Você quer passar algum tempo com seu encontro do
casamento, hein?
Ele concorda. — Você entendeu, Atrevida.
Eu pressiono meus lábios, tentando refletir sobre isso. —
Nada sério. Apenas diversão?
— Viver o momento é como gosto de chamar. Dizendo
sim, ao invés de não.
Eu posso pular a bordo com isso. Pode ser bom para mim,
na verdade, sair da minha caixinha que gosto de me enterrar
e experimentar a vida sem nada me segurando.
Parece quase... libertador.
Antes que o lado preocupado do meu cérebro comece, eu
digo: — Adoraria viver o momento com você. Mas sem
compromisso, certo?
— Nenhum. Apenas as lembranças de dois penetras de
casamentos e os restos de um bronzeado da ilha.
É a minha vez de sorrir. — Então o que estamos
esperando? É hora de ver o que é essa ilha de duas por quatro.
Beck liga minha mão à dele. — Essa é a garota que eu
estava procurando.
***
***
***
***
***
Aonde você pensa que está indo, Atrevida?
Ela faz uma pausa na porta e inocentemente baixa seu
cartão-chave.
— Ah, eu estava indo para a cama.
— São dez. Passe um pouco mais de tempo comigo.
Ela ri. — Passei quase o dia inteiro com você. — E, no
entanto, não parece nada disso. Eu quero mais tempo, quero
recriar o momento que tivemos com ela no meu colo, mas desta
vez sem uma garçonete traquina perguntando sobre reencher.
— Sim, e ainda sinto que não te conheço.
Eu aceno em direção à rede abaixo e digo: — Venha,
junte-se a mim.
Ela está hesitante, então acrescento: — Não haverá jogos,
nem peidos... mesmo que não tenha havido nenhum, e
prometo apenas segurar sua mão. Vamos lá, eu não vou
morder. Balance comigo.
Ela suspira. Sim, ela está cedendo ao meu charme. —
Sabe, é difícil dizer não a você.
— Bom. É assim que eu gosto. E lembre-se, queremos
dizer sim nesta viagem. Certo?
— Certo.
Ela pega minha mão e nos dirigimos para as escadas que
levam à rede em que passamos algum tempo na noite passada.
Mentalmente, marquei o espaço como “nosso lugar”. Sei lá,
mas ei, viva o momento...
— Aí está você, procuramos por você o dia todo.
Chris e Justine dão a volta no topo da escada, de mãos
dadas, e quando veem Rylee ao meu lado, sorrisos gigantes
iluminam seus rostos.
— Ah, e quem poderia ser? — Justine pergunta,
parecendo muito tonta. — É essa a garota que atestamos
ontem à noite?
Sabendo que isso vai levar a um interrogatório
embaraçoso, jogo a toalha. Neste ponto, não haverá como pará-
los.
— Chris, Justine, esta é Rylee, a garota com quem você
falou ontem à noite.
— Oooh! — Justine aplaude e pula no lugar. — Fizemos
um bom trabalho então, não fizemos? Ele é um cara legal.
Estávamos certos, não estávamos?
Rylee me dá um olhar lateral, um sorriso curvando seus
lábios. — Sim, ele é bom. Gosta de trapacear no Yahtzee, mas
ele tem que ter algum tipo de falha, certo?
— Eu não trapaceei! — respondo exasperado.
— Oh, querida, o homem tem muito mais falhas, apenas
espere. — Chris a segura no ombro. — Eu poderia mantê-la
acordada a noite toda, analisando a lista de falhas dele.
— Não é necessário, cara. Tenho certeza que ela vai
descobrir.
— Então isso é amor? — Justine olha para nós, com os
olhos lacrimejantes, mãos entrelaçadas agora, quase como se
estivesse rezando para que fizéssemos bebês bem na frente
dela. Ela obviamente bebeu demais novamente hoje. Férias
sem filhos.
— Querida, você não acha que é um pouco cedo?
— De jeito nenhum, ele se apaixonou por Christine em
um dia. — No momento em que as palavras saem dos lábios
de Justine, ela se encolhe. Eu nunca falo sobre Christine, meu
primeiro casamento e divórcio, porque é melhor para mim ficar
longe de lembranças voláteis que levam a lugares escuros.
De brincadeira, Rylee aperta minha mão e diz: — Oh, meu
Deus, quem é Christine? Esta é a minha competição?
Sóbrio pelo chute de volta à realidade, eu limpo minha
garganta. Porra. Não. — "Nem perto." — Olhando para o meu
relógio, eu digo: — Quer saber, está ficando meio tarde. Eu vou
checar a rede. — Solto a mão de Rylee, sem perder a confusão
em seus olhos.
Sei o que estou fazendo. Eu posso ver de longe como estou
me enrolando e me escondendo do mundo, da verdade da
minha vida. Mas me conheço bem o suficiente para saber que,
se for àquela rede com Rylee, ela perguntará sobre Christine e
não estou pronto para isso. Não tenho certeza se vou ter essa
conversa com Rylee. É uma aventura, uma curta diversão em
nossas vidas, não adianta arrastá-la para o meu passado.
Meu passado sórdido que me manterá acordado a noite
toda.
— Você tem certeza? — Rylee pergunta, preocupada.
— Sim. Meio que atingi um impasse. — Olho
particularmente para Chris e Justine. Parece que ela está
prestes a chorar. Quando fazemos contato visual, ela
murmura: — Sinto muito.
Dou-lhe um assentimento de entendimento e um aceno
curto. — Vejo vocês de manhã.
Voltando-me para Rylee, digo: — Tenha uma boa noite.
Obrigado por hoje.
Sem outra palavra, entro no meu quarto de hotel e caio
na minha cama, meu olhar lançado para o teto, forçando meus
olhos a permanecerem abertos, a focar na textura da tinta, na
cor das lâminas presas ao teto ventilador.
Se fechar os olhos, vou ver tudo. Verei os carros
despedaçados, o asfalto pintado de vermelho, os airbags
acionados e danificados e a forma inanimada no banco do
motorista.
O carro que eu bati.
Eu não posso
Não consigo fechar os olhos.
Sirenes soam a distância.
Eu ouço o triturar dos dentes da vida.
O grito dos socorristas para afastar os espectadores.
Minha respiração acelera, e fica mais difícil quando meu
corpo começa a tremer involuntariamente.
Porra.
Minha boca fica seca. O cheiro de álcool me atinge,
mesmo sabendo que não há nenhum no meu quarto. Minhas
mãos ficam úmidas e um suor frio brota ao longo da minha
pele. Estou à deriva e rápido. Não querendo ir para o espaço
que sei que me comerá vivo pelo resto da minha viagem, faço
a única coisa que sei que acalma meu coração acelerado.
Alcançando meu bolso, pego meu telefone e pressiono a
discagem rápida um.
Dois toques, é tudo o que preciso.
— Beck?
Engulo em seco, minha mão esfregando minha testa,
tentando livrar-me dos pensamentos que descontrolam a
mente. Há algum ruído no telefone e, em seguida, o som
distinto de uma porta sendo fechada. Cal volta à linha. — Fale
comigo.
Respire. Porra, respire. — Eu não sei o que está
acontecendo. Justine mencionou Christine e, de repente,
minha mente começou a rodar. — Eu respiro fundo. —
Christine nunca foi um grande ponto de gatilho para mim, mas
por alguma razão, a mera menção do nome dela faz meu
estômago revirar e meu coração disparar.
— Onde você está?
— No meu quarto.
— Alguma coisa ai que possa causar problemas? — Cal
sempre vai direto ao ponto. Obrigado.
— Não senhor.
— Bom. Vá pegar um copo de água e depois recitemos a
oração da serenidade.
Fazendo o que foi dito, encho uma caneca de café com
água da torneira, tomo alguns goles e depois coloco na mesa.
Como se fosse uma segunda natureza, Cal e eu
começamos a recitar a oração de serenidade do AA.
— Deus, me dê a graça de aceitar com serenidade as
coisas que não podem ser mudadas. Coragem para mudar as
coisas que devem ser mudadas e sabedoria para distinguir
uma da outra...
CAPÍTULO OITO
RYLEE
Toc. Toc.
...
Tum. Tum.
...
Tum. Tum. Tum. — Rylee, eu sei que você está aí. Abra.
— Mmm… — Eu resmungo, protegendo meus olhos da
luz que espreita através das cortinas.
— Rylee, abra a porta. — Tum. Tum. Tum.
Eu me viro da porta e me aconchego mais perto no meu
travesseiro.
— Ai, eu, ah, fui picado por uma água-viva, rápido venha
aqui e faça xixi na minha perna. — Mais pancadas.
— Isso é mentira! — Grito.
— Ehh, você está certa. Mas agora que sei que você está
ai, abra a porta. Eu tenho café...
Maldito seja. Maldito seja ele e seus modos de buscar
café. Espreitando um olho, dou uma olhada no relógio. São dez
e meia? Uau, é mais tarde do que eu normalmente durmo.
Talvez porque fiquei acordada a noite toda imaginando
quem era essa garota Christine e por que a menção de seu
nome causou tanto impacto em Beck. E então me repreendi
por metade da noite, lembrando ao meu pequeno cérebro
errante que é uma aventura, e não me importo com Christine
ou por que Beck ficou estranho. Porque em alguns dias, eu não
verei esse homem novamente.
Nem preciso dizer que meu cérebro está cansado, meu
corpo está exausto e a única razão pela qual estou o tirando
da minha cama é porque quero café. Porque PRECISO de café.
Abro a porta do meu quarto, passo a mão pelo rosto e
estendo a outra. Como se estivesse pronta e carregada com a
força Jedi, a xícara de café magicamente aparece na minha
mão e tomo um longo gole sem realmente abrir os olhos.
O líquido quente queima minha boca, fazendo uma onda
de calor descer na minha garganta.
Pigarreando, Beck diz: — Ah, se importa se eu entrar para
que possamos fechar a porta?
— Tanto faz… — murmuro, bebendo mais café.
A porta se fecha com um estrondo, e posso sentir a
presença de Beck cada vez mais perto, sua respiração quase
irregular, pesada.
Espreito um olho, apenas um, e olho para cima e para
baixo. Pernas compridas vestidas com um short cáqui com
uma camisa preta atravessando o peito desenvolvido, grosso e
forte. Simples, mas sexy. Ele é todo homem, cada centímetro
dele, especialmente quando me olha assim, como se estivesse
prestes a me devorar em segundos. Meus mamilos endurecem,
a brisa do ventilador acende arrepios sobre minha pele, e estou
mais do que consciente da maneira carnal em que ele lambe
casualmente seus lábios e a faísca faminta em seus olhos.
Mãos apertando seus lados, sua voz tensa, ele pergunta:
— Você sempre dorme de topless, Rylee?
Hã?
Topless?
Café a meio caminho da minha boca, olho para baixo.
Puxa, dê uma olhada nesses peitos, ao ar livre para que todos
possam ver. Rindo nervosamente, eu lentamente os cubro com
a mão que não está segurando meu café e digo: — Em Key
West, aparentemente. Mas ei, pelo menos estou usando uma
calcinha fio dental. Tenho isso a meu favor.
Parecendo muito desconfortável, Beck puxa a parte de
trás do pescoço. — Não é fácil para um cara ter uma porta
aberta e uma garota gostosa aparecer de topless. Você sabe
que tipo de autocontrole é necessário para não pressioná-la
contra a parede e chupar seus mamilos na minha boca?
Sinto a onda de calor queimando minha espinha. Um
prazer lento e pulsante percorre minhas pernas com o
pensamento da boca de Beck em meus seios. Quente e
formigante, sofro por seu toque.
Sim, eu não me importaria com isso.
Nem um pouco.
— Vá em frente…
Eu digo logo antes de tomar outro gole do meu café, me
sentindo menos modesta do que antes. Ele já os viu, então não
é novidade para ele. — Apenas não tire esse café da minha mão
quando estiver chupando. E ei, você se importa se me deitar
enquanto você faz isso? Ainda sinto sono.
Eu vou deitar na cama para abraçar minha xícara quando
um braço forte envolve minha cintura e me puxa contra o corpo
muito forte e bem musculoso de Beck.
Bem, bom dia para mim.
— Escute aqui, Atrevida. — Sua respiração faz cócegas
na minha pele exposta. — Eu não vou devorar esses peitos
deliciosos enquanto você estiver meio acordada. Então, o que
vai acontecer é que você vai pular no chuveiro, acordar e vamos
dar um passeio de helicóptero.
Errr, acabei de ouvi-lo corretamente? Um passeio de
helicóptero?
— Repita isso? — Ele está tão perto que preciso me
inclinar para olhá-lo e, quando o faço, encontro um par de
olhos castanhos que, por alguma razão, nunca percebi as
profundezas antes. Eles são lindos com um centro dourado e
verde envolto na borda externa. O canto de seus olhos parece
desgastado, mas suas pupilas reais são brilhantes e cheias de
esperança. Eu não acho que ele está brincando sobre esse
negócio de helicóptero.
— Vou levá-la em um passeio de helicóptero pela ilha e
pelo mar para explorar um pouco da vida marinha.
— Você fala sério?
Ele concorda. — Falo, e o helicóptero decola em trinta
minutos, então você tem cerca de dez minutos para se
arrumar.
Inferno. Tirar minha calcinha vai exigir pelo menos cinco
minutos pelo ritmo que estou seguindo esta manhã.
— Vamos. — Ele me leva ao banheiro, liga o chuveiro e
dá um tapa na minha bunda antes de tomar meu café e sair
da área do chuveiro.
— Desculpe-me, preciso do meu café de volta.
Ele se afasta quando tento agarrá-lo. — Você conseguirá
quando estiver pronta para partir.
— Isso é tortura no nível do diabo bem aí. Você percebe
isso, certo?
— Estou ciente da posição perigosa em que me coloco
tomando seu café, mas também estou ciente de quanto você
vai se divertir, então farei quase tudo para que você se mova.
Agora se apresse, Rylee, temos alguns voos no céu para fazer
hoje.
E assim, ele fecha a porta, deixando um pequeno sorriso
no meu rosto.
E aí está ele.
O Beck que conheci nos últimos dois dias.
Espírito livre.
Feliz.
No seu elemento.
O homem que está me levando para o banho para que eu
possa passar mais algumas horas durante essas férias com ele,
absorvendo sua capacidade de viver a vida ao máximo.
***
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— Você já esteve em Vegas antes?
Pergunto a Beck enquanto caminhamos para a Capela de
Casamentos Vegas, conhecida por seus casamentos com Elvis.
— Talvez muitas vezes, especialmente quando era mais
jovem.
Sua mandíbula fica rígida e eu posso ver a mudança em
seus traços quando ele menciona seu passado. — E você?
— Algumas vezes para autógrafos. Passei muitas noites
em Chippendales.
— Amo esse show. Não se cansa dos paus dos homens
em cintos pequenas de tecido.
— O que? — Eu rio. — Você esteve em um show de
Chippendales?
Ele mantém a porta aberta para mim e assente.
— Sim, eu fiz tudo, Atrevida. Talvez um pouco demais.
— Então, isso significa que você quer assistir a um show
da Chippendales comigo?
— Nem um pouco.
Ele beija o lado da minha cabeça e direciona sua atenção
para a mulher na recepção. É difícil levá-la a sério, dado o
penteado de Dolly Parton, o blazer rosado e brilhante e a
sombra azul neon. Meus olhos estão quase lacrimejando pelo
conjunto brilhante e levemente exagerado. Bem-vindo a Vegas!
— Olá, vamos nos casar hoje à noite?
A pergunta me pega desprevenida. Eu nunca pensei em
ir a uma capela de casamento com Beck e ser confundida com
uma noiva ansiosa para casar com seu homem, mas aqui
estamos nós.
Apertando meu ombro, Beck diz: — Estamos casados há
cinco anos, na verdade. Viemos aqui para assistir nossos
amigos, Becca e Charles, se casarem. Eu sou Frank, e este é
Bitsy, estamos super empolgados por estar aqui.
Becca e Charles. Quem diabos são eles? E Frank e Bitsy?
Bom Deus.
— Oh, que maravilhoso, a cerimônia deles está prestes a
começar, então vá em frente e entre.
— Obrigado. — Beck pega minha mão na dele e me guia
pelas portas da capela.
— Quem diabos são Becca e Charles? — Eu sussurro,
indo para um banco ao lado de Beck. Quando nos sentamos,
ele passa o braço por cima do meu ombro e me puxa para
perto.
— Não faço ideia… — Ele responde em um sussurro. —
Só vi os nomes marcados na agenda na frente dela.
Eu me viro para olhá-lo nos olhos. — Você é realmente
tão furtivo?
Ele balança as sobrancelhas para mim. — Você não tem
ideia de com quem está saindo, Atrevida.
E essa não é a verdade assustadora? Sinto que o conheço,
especialmente após o mês de conversas telefônicas, mas sei
que há um lado mais sombrio que não conheço, um lado que
tem sido fundamental para moldar quem ele é hoje. Um lado
que eu quero desesperadamente descobrir.
Antes que possa questioná-lo, os sinos do casamento
tocam e Elvis se aproxima do altar e começa a cantar uma
música enquanto a noiva e o noivo caminham juntos pelo
corredor. Beck torce os dedos na direção deles enquanto eles
passam, recebendo de ambos um olhar confuso.
Oh inferno. Parece que será uma daquelas noites
novamente.
***
***
***
Não.
Não, não, não.
Retiro o que disse. ESSE é de longe o casamento mais
estranho que já participei.
O casal de idosos, vestido de couro e chicotes, caminha
pelo corredor juntos enquanto os participantes os animam. Ao
meu lado, Beck bate palmas e, em seguida, executa um assovio
de congratulações, realmente entrando no personagem.
Quando o casal chega a Beck, o noivo careca agarra Beck
pela nuca e diz: — Obrigado por estar aqui, pastor Rick.
— Eu não perderia por nada nesse mundo. — Responde
Beck antes de dar um beijo áspero na cabeça do noivo.
Debruçando-se sobre seu novo amigo, Beck diz: — Edith, você
faça o nosso garoto Erwin aqui suar esta noite, está me
ouvindo?
Ela aponta o dedo para Beck. — Você sabe que eu vou.
Acenando para mim, ela diz: — Tchau, Marni. Boa sorte
na escola de stripper; sabemos que você vai se sair bem. —
Sim, você consegue adivinhar quem criou minha história, mais
uma vez.
— Obrigada e parabéns! — Acrescento.
Afastando-se de nós, de braços dados, Edith e Erwin
caminham para o “pôr do sol” em perneiras, suas bundas
velhas e enrugadas balançando da música.
Jesus Cristo.
Esfrego a mão no rosto. Acho que meus dias de invadir
casamentos terminarão em breve. Tenho certeza que já vi tudo.
Depois que Edith e Erwin se foram, Beck pega minha mão
e diz: — Sorvete? — Ele diz isso de maneira tão casual, como
se não tivéssemos vivido um casamento alucinante e esquisito
tipo bondage com dois velhos lunáticos.
— Você quer sorvete? Depois de assistir as bundas
enrugadas de Edith e Erwin irem embora?
Ele encolhe os ombros. — Não há nada de errado com as
perneiras em um casamento. Apenas significa que estão
casando com a pessoa certa para eles.
E lá vai ele, sendo perspicaz novamente.
— Você é incrível para mim, sabia? Sempre vendo o que
há de bom nas pessoas, não importa em que situação você
esteja.
— Não há necessidade de se concentrar no negativo, isso
apenas te prejudica. — Ele puxa minha mão. — Vamos,
Atrevida, estou morrendo de vontade de tomar um sorvete de
menta com chocolate.
— Podemos ter cones de waffle? — Eu pergunto, seguindo
atrás dele.
— Você precisa mesmo perguntar?
Ele pisca para mim e me conduz para a fora,
despreocupado e bonito como sempre.
PARTE QUATRO
A VERDADE
CAPÍTULO VINTE
BECK
Rylee sussurra na cama, estendendo os braços para a
cabeceira. Seus pequenos gemidos enquanto ela se estica são
fofos.
Quando convidei Rylee para Las Vegas, realmente usei
toda a sugestão do casamento para dar uma desculpa para vê-
la, e mesmo sendo cansativo ir de capela em capela, tentando
não ser pego, valeu a pena. A quantidade de vezes que ouvi a
risada de Rylee foi além da perfeita.
É estranho que vê-la de novo em pessoa esteja
provocando todo tipo de sentimentos, sentimentos que não
tenho experimentado há muito tempo. Há algo diferente em
Rylee que não consigo entender, mas seja o que for, eu quero
mais.
Nós dois partimos amanhã, de volta aos nossos lados
opostos do país. Pensar nisso me despedaça. Parece que acabei
de recuperá-la e não estou pronto para me despedir. Parte de
mim teme que, quando o fizermos, ela tentará me cortar
novamente, como fez da última vez. Não tenho certeza se posso
permitir isso, não com a conexão que compartilho com essa
mulher. Eu quero mais.
Tomo um gole de suco de laranja e olho pela janela,
observando a luz do dia que lança um brilho sujo sobre a
cidade. Las Vegas durante o dia quase parece com alguém
preso em uma cidade em Marte. Tem um brilho laranja,
aparência empoeirada e suja. Mas à noite, quando as luzes
estão brilhando, o pecado acontece com você, e é um lugar
totalmente diferente.
Passos suaves se aproximam, e vejo Rylee envolta em um
roupão de algodão branco, o que deixei na cama para ela,
caminhando em minha direção. Sem aviso, ela se enrola no
meu colo, enfiando a cabeça na dobra do meu pescoço. Eu a
seguro firmemente contra mim, amando como ela se encaixa
perfeitamente em meus braços.
— Que horas são? — Ela murmura, sua bochecha
descansando no meu peito nu. Estou usando minhas calças
da noite passada e elas estão soltas.
— Meio-dia.
Ela levanta a cabeça. — Sério?
Eu concordo. — Sim, você dormiu muito tarde.
Não voltamos para o hotel até depois de meia-noite e,
mesmo assim, não fomos para a cama imediatamente. Eu
posso ter passado algumas horas adorando o corpo de Rylee
até desmaiarmos.
— Você me cansou. — Ela brinca contra mim novamente
e eu a agarro com mais força.
— Se você está procurando um pedido de desculpas, não
receberá um.
— Cruel. — Eu amo a sensação do seu sorriso contra o
meu peito.
Eu beijo o topo de sua cabeça e digo: — Eu pedi café da
manhã. Chegou cerca de vinte minutos atrás, mas
provavelmente já está frio agora.
— Tudo bem, eu como praticamente qualquer coisa.
Quero me aconchegar um pouco mais primeiro.
Inferno, não vou reclamar disso. Descansamos juntos,
minha mão acariciando seus cabelos, seus dedos brincando
com os pelos curtos no meu peito, nossa respiração
sincronizadas, nossos corações batendo como um.
É a maior paz que já senti.
— Você tem algum arrependimento na vida?
Eu paro. Essa pergunta é tão inesperada e qualquer paz
que senti se dissipa. Em seu lugar está a ansiedade, que
lentamente se arrasta na parte de trás do meu pescoço. Eu
tenho muitos arrependimentos. A questão realmente não
deveria ser se tinha algum. A pergunta deve ser quantos eu
tenho e quantos alteraram minha vida?
Não querendo entrar em detalhes, respondo:
— Eu sei que pareço um cara que diria que algo como
arrependimentos é o que ajuda a moldar-nos como seres
humanos, mas isso seria mentira. Tenho grandes
arrependimentos, alguns momentos da minha vida que
gostaria de poder voltar atrás. Não há dúvida sobre isso.
E para afastá-la desses arrependimentos, pergunto a ela:
— E você?
Ela faz uma pausa, em relação à minha pergunta.
— Quero dizer, eu tinha pequenos arrependimentos que
parecem ridículos agora, como não contratar um editor nos
primeiros meses de autor, e tentar fazer tudo sozinha, mas
grandes arrependimentos que me moldaram? Acho que não.
— Você não parece do tipo que nutre arrependimentos.
— E você é? — De volta para mim. Eu sabia que seria
muito fácil.
Eu lambo meus lábios e tento pensar na melhor maneira
de colocar isso.
— Há um ar de escuridão que paira sobre mim. Eu posso
viver a vida ao máximo, mas se você olhar de perto, sentirá
arrependimento em meus movimentos diários. É como um
peso que eu tenho que carregar dia após dia. Mas quando olho
para você, não vejo a mesma escuridão. Vejo...
Faço uma pausa e a estudo por um segundo.
— Uma mulher lindamente inteligente, talvez uma
mulher com uma pitada de tristeza eclipsando-a.
Apoiando-se, mão no meu peito, ela me olha nos olhos e
diz: — Você vê tristeza?
Coloco meu dedo sob o queixo e assinto. — Eu vejo. Não
o tempo todo, mas há momentos em que já vi… tristeza. Não
sei de onde vem, mas o que sei é que quando você se solta,
quando se diverte, ela desaparece e seus olhos são claros,
cheios de risadas. É o jeito que eu gosto de ver você o melhor,
essa porra de alegria exalando de você.
— E sua felicidade, está nublada?
Pressiono meus lábios e fecho meus olhos, minha
bochecha encostada no topo de sua cabeça, o cheiro de seu
cabelo derretendo meus músculos.
— Não está nublada quando você está por perto. —
Respondo com ousadia, mas honestamente.
Ela para nos meus braços, e eu me preocupo por ter
cruzado uma linha, mas quando ela pressiona a bochecha
contra o meu peito, eu relaxo.
***
***
Capuz sobre minha cabeça, um café na mão, joelhos
dobrados, eu me sento em uma cadeira de aeroporto esperando
meu voo. Passageiros passam por mim, malas rolando atrás
deles, crianças pulando, sem dar as mãos, e uma tripulação
de voo ocasional zumbindo sobre sua passagem. A vida gira
em torno de mim enquanto eu me sento, estagnada, lembrando
todos os erros que cometi com Beck.
Erro número um: deixá-lo dizer adeus ao meu moletom.
Erro número dois: não solicitar um quarto longe do dele.
Erro número três: apaixonar-me por um homem pelo qual
eu não podia.
Meu telefone vibra ao meu lado com uma mensagem de
texto.
Zoey.
Enviei a ela e Victoria um texto maluco enquanto
esperava na fila da segurança. Estou surpresa que demorou
tanto tempo para responderem.
Zoey: Espere um segundo, o que está acontecendo? Você
está em Vegas com Beck e ele quer filhos e você o abandonou?
Quando você decidiu ir para Vegas e por que eu não sabia
disso?
Estou prestes a responder quando Victoria entra com um
texto.
Victoria: Diga-me que não estou lendo isso corretamente.
Você voou pelo país para estar com um homem e não nos
contou? Isso é muito irresponsável. Você poderia ter se
machucado e nós nunca saberíamos.
Oh Victoria.
Zoey: A partir da mensagem de texto que ela enviou, vou
assumir que ela não precisa de um sermão no momento,
Victoria. Podemos dizer a ela como é idiota ir a algum lugar sem
contar a ninguém mais tarde. Por enquanto, vamos nos
concentrar nos fatos. Você deixou Beck em um quarto de hotel.
Por quê?
Eu digito uma resposta.
Rylee: Suspendam o sermão, eu sei que foi estúpido.
Apesar disso, Beck e eu decidimos nos encontrar neste fim de
semana e foi... tudo.
Zoey: Oh querida.
Victoria: Ele é um homem muito honesto e doce.
Rylee: O melhor, na verdade.
Se eu não estivesse tão desidratada, tenho certeza de que
poderia estar chorando um pouco mais, pois imagens de
sensualidade e compreensão de Beck passam pela minha
cabeça.
Victoria: Como foi o fim de semana? O que exatamente
deu errado?
Rylee: O fim de semana foi incrível. Parecia que tudo
estava certo no mundo quando eu estava nos braços dele.
Invadimos alguns casamentos, mas depois passamos a maior
parte do tempo em nosso quarto de hotel. Pude sentir que as
coisas estavam ficando sérias, mas havia um obstáculo em
nosso relacionamento, nosso passado nublado, então perguntei
a Beck à queima-roupa o que ele estava escondendo.
Zoey: O que ele disse?
Rylee: Uma história para outra hora. É demais para
digitar. Mas depois, tivemos a noite mais incrivelmente
maravilhosa. Nós... nós fizemos amor. Não conversamos muito,
mas era um entendimento tácito que não estávamos fodendo,
não estávamos estragando o cérebro um do outro como antes.
Nós estávamos fazendo amor de verdade.
Victoria: Sinto-me triste por onde isso está indo.
Rylee: Eu me apaixonei por ele de verdade. Era quase
impossível manter meu coração fora da equação, especialmente
depois da história que ele me contou. Então perguntei o que ele
via para o seu futuro e ele continuou falando sobre ter uma
família. Ele quer uma esposa e filhos. Eu não posso dar isso a
ele.
Zoey: Oh Rylee, você ainda pode ter uma família, você só
vai ter que fazer de uma maneira diferente, só isso.
Victoria: Zoey está certa. Só porque você não pode ter
seus próprios filhos não significa que você precisa desistir de
um homem que claramente não consegue o suficiente, que quer
ficar com você. Você pode encontrar uma solução.
Rylee: Vocês não o ouviram. Ele quer quatro filhos. Quatro!
Ele tem sonhos e quem sou eu para impedi-lo de transformar
esses sonhos em realidade?
Zoey: Rylee, eu sei que a operação ainda está fresca em
sua memória, que a perda ainda está queimando um buraco no
seu coração, mas você precisa saber que não ser capaz de
carregar seu próprio filho, não é um obstáculo para impedi-la de
nunca ser feliz.
Respiro fundo e fecho os olhos, meus pensamentos
voltando para Beck. Ele tinha tanta certeza, tão empenhado
em ter uma família, em ensinar seus filhos seus valores. Ele
merece o mundo. Como eu poderia considerar tirar isso dele?
Rylee: Não vai dar certo. Existem muitos fatores nos
separando.
Há uma pausa e Victoria responde.
Victoria: Mas e todos os fatores positivos que o uniram?
O amor não vem com muita frequência, Rylee. Quando você
sente, há apenas uma coisa que pode fazer: cair de cabeça.
Cubro meus olhos com a mão, minha garganta se
fechando, meu nariz ardendo, sinalizando outra onda de
lágrimas. Deus, como eu gostaria que as coisas pudessem ser
diferentes, como gostaria de ter a coragem de dar um passo
adiante em direção a um futuro com Beck, mas mesmo que
haja opções, eu sempre pensarei no fundo da minha mente que
Beck queria algo diferente.
E que algo diferente nunca vai me incluir.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
BECK
Zoey: Você precisa me ligar agora, idiota.
Olho o texto pela centésima vez. É domingo à noite, Chris
está a caminho com rosquinhas e, pelo resto da vida, não
consigo parar de olhar para o texto que Zoey me enviou.
Quando eu li pela primeira vez, meu pensamento
imediato foi algo que aconteceu com Rylee, mas quanto mais
eu lia, mais eu percebia o que ela estava fazendo. Ela está
intervindo.
Não há como Rylee manter nossa história longe de Zoey e
Victoria. A amizade delas é muito forte. E conhecendo Zoey, eu
realmente não deveria me surpreender com o texto, porque não
há como ela ficar quieta sobre toda a situação.
Mas estou muito sensível para falar com ela agora.
Toc, Toc.
Graças a Deus.
— Está aberto! — Eu grito, não querendo sair da posição
relaxada no meu sofá.
A porta do meu apartamento se abre e, quando espero ver
Chris corpulento passar com uma caixa de rosquinhas,
Justine passa pelo limiar, uma caixa de pães na mão.
Suspiro.
Um cara não consegue uma rosquinha quando quer
uma?
— Você parece horrível. — Diz Justine, fechando minha
porta e indo direto para a minha cozinha, onde ela pega dois
garfos, duas águas da geladeira e depois se senta ao meu lado.
— O que aconteceu com Chris e rosquinhas?
— Você sabe como ele é com os sentimentos, então você
está recebendo Justine e pães doces.
Ela abre a caixa e me entrega um garfo. — É framboesa e
deliciosa, então limpe esse sorriso de escárnio e dê uma
mordida.
Antes que eu possa detê-la, ela pega um pedaço grande
com o meu garfo e enfia na minha boca. Deixo o pão doce ficar
na minha língua por alguns segundos antes de mastigar e...
filho da puta, é bom.
Com o dedo balançando para mim, Justine
conscientemente diz:
— Veja, eu te disse.
Dando uma mordida, ela fala enquanto mastiga.
— Agora me diga o que diabos está acontecendo. A
última coisa que soubemos foi que você estava tendo o fim de
semana da sua vida com Rylee. O que mudou?
Eu expiro e inclino minha cabeça para trás, para que ela
repouse na almofada do sofá. — Tudo.
E essa é a porra da verdade. Não apenas meu
relacionamento com Rylee terminou rapidamente, mas meus
sentimentos por ela se transformaram em algo completamente
mais sério do que jamais poderia ter previsto quando a
conheci. Vê-la novamente, pessoalmente, solidificou tudo que
se formava profundamente dentro dos meus ossos.
— Por quê?
Justine dá outra mordida em seu garfo, deixando o metal
entrar em sua boca por mais tempo do que o normal.
— Não sei por onde começar.
— Pule os detalhes excitantes. Suponho que a primeira
metade da sua viagem foi esplêndida. O que aconteceu durante
o segundo tempo? Porquê estou compartilhando esse pão doce
com você?
Solto um suspiro pesado, tristeza nublando minha visão,
meu garfo apoiado na minha mão descansando no meu
estômago.
— Começamos a conversar sobre nossos futuros e o que
queremos. Inferno, eu me abri para ela sobre o meu passado,
e quero dizer que contei tudo a ela.
Justine endurece, estreitando os olhos.
— Ela foi embora por causa do que você disse a ela?
— Não.
Eu dou um tapinha na perna de Justine, apreciando
como ela é protetora.
— Ela estava super empática quando contei a ela sobre
Christine, o acidente e meu tempo na prisão. Incrivelmente
empática, na verdade. Não foi até a manhã em que começamos
a conversar sobre o nosso futuro que ela ficou rígida comigo e
desapareceu no banheiro. Ela estava soluçando, Justine.
— Soluçando? — As sobrancelhas de Justine se erguem.
— O que diabos você disse para fazê-la soluçar?
Ela me dá um tapa no braço, rouba meu garfo e depois
aponta para mim.
— Você partiu o coração daquela garota?
— O que? Não!
Por que estou sendo repreendido agora?
— Eu disse a ela sobre querer ter uma família e se casar
um dia. Não é isso que as mulheres gostam de ouvir?
Com os lábios curvados, os olhos olhando para o teto, os
dedos tocando o queixo, Justine diz:
— Bem, isso não parece incriminador. O que ela disse?
— Ela disse que não pode ter uma família.
Eu esfrego meu rosto e digo: — Eu meio que explodi nela
porque era como déjà vu. Ela estava arrumando suas coisas e
me deixando sem nem mesmo me dar uma chance de mantê-
la em minha vida.
— Espere. — Justine levanta a mão. — Ela disse que não
quer uma família ou não pode ter uma família? Grande
diferença.
Minha testa franze. Onde ela quer chegar aqui? — Como
há uma diferença?
Justine revira os olhos e se endireita.
— Não seja tão burro, Beck. Se ela não quer uma família,
a escolha é dela. Mas se ela não pode ter filhos, isso pode não
ser algo que ela possa controlar. Então, você tem certeza que
ela disse que não pode?
Eu paro, meu pulso começa a acelerar quando tento me
lembrar das palavras que falamos.
— Porra, acho que ela disse que não pode.
Justine dá outro tapa no meu braço e bufa. — Seu
homem estúpido. Agh, isso faz sentido.
Justine enfia uma enorme mordida de pão na boca e
continua a falar, pedaços de massa saindo da boca e atingindo
meu rosto e camisa. Justine está muito confortável comigo.
— Ela confessa que não pode ter filhos. Ela soluça no
banheiro. Você explode com ela. Sim, não é de admirar que
você esteja na Califórnia e ela esteja no Maine agora.
Meus olhos correm para frente e para trás, minha mente
trabalhando uma milha por minuto.
— Você acha que ela não consegue engravidar?
— Dã! Deus, seja bem-vindo à conversa, Beck. — Justine
balança a cabeça. — Os homens são realmente estúpidos.
— Merda.
Minha mão vai para o meu telefone e abro a tela para o
texto de Zoey.
— Merda, merda, merda.
— O que?
Eu mostro o texto para Justine e mais uma vez, ela me
bate.
— Meu palpite é que ela está ligando para dizer que você
é um idiota insensível que gritou com uma garota que não
merecia ouvir gritos.
Sim, esse também é o meu palpite.
Do nada, Justine passa o dedo no meu telefone e começa
a pressionar os botões apenas para ser seguida pelo som de
um telefone tocando no alto-falante.
— Que porra...?
— Já era hora de você me ligar, idiota.
A voz de Zoey preenche o pequeno espaço do meu
apartamento e respiro fundo. Porra, por um segundo pensei
que ela estava ligando para Rylee. Eu posso lidar com Zoey.
— Você tem algumas explicações, seu filho da puta.
Ou pelo menos acho que posso lidar com ela.
Vou atender quando Justine levanta a mão e diz:
— Zoey, é Justine.
— Justine? Oh, me desculpe. Pensei que era Beck. Você
não é uma idiota. Como você está? Você experimentou a receita
de brownie que enviei por email?
Receita de brownie? Elas tocam emails? Que porra?
— Eu fiz. Chris comeu metade do lote e as crianças
comeram a outra metade. Nota para mim mesma: faça um lote
grande e esconda-os.
— Eu disse que seriam um verdadeiro sucesso.
— Eles eram… — Justine murmura. — Mas, infelizmente,
não estou ligando para falar sobre brownies. Eu.. tenho Beck
comigo.
— Ah, sim, eu estou no viva-voz?
— Claro.
— Ei, Zoey. — Eu suspiro, odiando isso agora.
— Olá, Beck. Demorou o suficiente para me ligar. Teve
que trazer uma amiga para ajudar?
Tenho certeza de que a ouvi murmurar “cabeça de pau”.
Apenas no caso de eu não saber...
Resmungando, me inclino no sofá e aceno para Justine
continuar. Eu não me sinto bem para um ataque verbal de
Zoey agora. Inferno, ligar para ela não era minha ideia, então
Justine pode assumir a liderança.
Pigarreando, Justine diz:
— Como você sabe, nossos amigos escaparam neste fim
de semana para Las Vegas.
— Sim, eles pensaram que eram tão inteligentes, fugindo
para o fim de semana sem nos consultar. Honestamente, o que
eles estavam pensando?
— Eles obviamente não estavam. — Justine responde, me
dando um tapinha na perna.
— Podemos continuar com isso? Porra. — Esfrego minha
testa. O que não daria para não estar nessa situação agora.
Tudo o que quero é ter Rylee nos meus braços, olhando o
oceano em Key West. Foi quando me senti mais à vontade,
mais eu mesmo. E depois Vegas. Vegas superou Key West.
— Ei, por que você está ficando irritado quando é o idiota?
Você sabe o tipo de inferno que Rylee passou?
A voz de Zoey fica mais alta e eu falo de volta.
— Não, não sei. Alguém pode me informar, por favor?
Porque ela com certeza não falou. Ela apenas fugiu.
— Porque ela está assustada, Beck. — Zoey respira fundo.
— Ela me disse para não falar com você, porque em sua mente
isso acabou; seu relacionamento acabou completamente.
Balanço a cabeça e olho para o teto, mordendo meu lábio
inferior para me impedir de gritar obscenidades. Justine dá um
aperto tranquilizador no meu joelho, deixando-me saber que
ela está aqui para mim, e mesmo que seja bom ter amigos que
se importam o suficiente para passar pela agonia do
relacionamento com você, não quero nada além de ficar
sozinho. Como diabos eu deveria saber o que ela quis dizer
quando disse que não pode ter filhos? Se tivesse percebido... se
tivesse alguma ideia de como era difícil para ela me ouvir falar
dos meus sonhos de ser pai...
Por que fugir?
E mesmo que não deseje álcool há muitos anos, sei que
Justine e Chris ainda estão de olho em mim.
— Então por que você está se preocupando em falar
comigo então? Qual o sentido de ela ter jogado nosso
relacionamento no lixo?
— Porque ela te ama, Beck. — Meus olhos começam a
arder quando minha pele se arrepia. Se eu pudesse ouvir isso
dela.
— Mas ela está disposta a deixar isso de lado para que
você possa ter a vida que ela acha que você merece.
Que diabos? O que isso significa?
— Eu só a quero.
— E essa é a resposta que eu esperava ouvir. — Zoey faz
uma pausa por um segundo e depois diz:
— No ano passado, para ela, foi um inferno. Inferno que
muda a vida. Nós a forçamos a ir a Key West para tentar trazê-
la de volta à vida. E então aí estava você. Você deveria ser uma
aventura, mas você continuou perseguindo, e ela viu como
podia se apaixonar facilmente por você... e ela se apaixonou.
— Eu não entendo, Zoey. Que diabos eu...?
— Ela foi diagnosticada com câncer cervical há nove
meses, Beck. — Minha respiração fica presa na garganta e os
pedaços começam a se formar. Câncer. Oh Rylee. Zoey
continua a falar e é quase como se minha vida estivesse em
câmera lenta enquanto ela conta.
— Era agressivo, felizmente ela pegou no começo...
Deus, eu posso ouvir como isso está abalando Zoey.
Porra.
— Ela conversou com muitos médicos e o consenso para
vencer esse câncer era fazer uma histerectomia completa.
— Significando que ela não pode ter filhos. — Termino por
ela.
— Exatamente. Na época, foi uma decisão que ela tomou
para salvar sua vida. Ela estava envolvida desde o começo,
retirem tudo, ela disse, mas depois... depois ela chorou. Por
cerca de seis meses, ela lamentou a perda de poder ter seu
próprio filho. Era um conceito muito difícil para ela aceitar.
Não foi até recentemente que ela começou a recuperar a cor e
a aproveitar a vida novamente. Quando ela estava com você,
foi a primeira vez em quase um ano que vi a verdadeira
essência de minha amiga novamente. Ela estava feliz, embora
cautelosa às vezes, mas estava sorrindo, e isso significava tudo
para Victoria e eu.
Porra. Respiro fundo, meu coração batendo tão rápido
que sinto que não consigo respirar. Nem consigo imaginar o
tipo de batalha emocional que Rylee teve que enfrentar no ano
passado. Descobrir que você tinha câncer, tão agressivo que
poderia levar sua vida e depois desistir da ideia de ter seus
próprios filhos para salvar sua vida? É insondável que um
indivíduo tenha que tomar essa decisão, muito menos Rylee...
minha Rylee. A cada respiração que passa, sinto meu coração
se partir em dois, pela perda que Rylee sofreu, pelo luto que
sua alma sofreu.
Eu sofro por ela.
Anseio por abraçá-la, por lhe dizer que seus sonhos de
família não terminaram. Que não terminamos.
Que eu a amo.
Mesmo que ela esteja sofrendo com a perda de não ter
filhos biológicos, seus sonhos de ser mãe ainda podem se
tornar realidade. Eles só precisam se tornar realidade de uma
maneira indireta.
— E ela pensa, porque não pode ter filhos, que eu não a
quero? É isso que você está me dizendo? Ela saiu antes que eu
pudesse deixá-la?
Eu nunca faria isso. Por que ela não confiava nisso?
Zoey faz um som concordando.
— Acertou na cabeça. Porque ela te ama, ela quer que
seus sonhos se tornem realidade, Beck. Ela também não quer
que você se ressinta mais tarde, odiando-a, porque ela não
pode dar a você os filhos que deseja.
Solto um longo suspiro reprimido. — Isso é estúpido.
Justine torce os lábios e franze a testa. — Não chame
Rylee de estúpida.
— Sim, não a chame de estúpida! — Zoey diz.
— Eu não a chamei de estúpida. Chamei seu processo de
pensamento de estúpido. Cristo.
Eu olho para Justine. Ela tem lágrimas nos olhos, e sei
que é porque ela entende como isso está me destruindo.
Justine nasceu para ser mãe, então só posso imaginar o que
ela está sentindo aqui. Ela entende Rylee mais do que eu jamais
poderei. Não suporto que Rylee tenha pensado que a única
opção era ela ir embora. É como se ela se considerasse menos
de alguma forma. As inseguranças dela... sem saber o quão
bonita ela é... está tudo relacionado? Esfrego minhas coxas
com as palmas das mãos e me inclino para a frente, falando ao
telefone mais diretamente.
— Só porque não podemos ter filhos biológicos juntos não
significa que não quero ficar com ela, Zoey. Há tantas crianças
por aí procurando ser adotadas. Inferno, eu adotaria crianças
se ela quisesse isso. Eu só quero estar cercado por mentes
pequenas que eu posso moldar. Não importa como coletamos
essas pequenas almas. E se ela tivesse me dado a chance de
falar antes de fugir, eu poderia ter dito isso a ela.
— Essa é a Rylee. Super teimosa.
Sim, nem me fale sobre isso.
De pé e pegando o telefone de Justine, começo a andar
pelo meu apartamento, minha mente correndo uma milha por
minuto, planos formando-se.
— Zoey, você pode me fazer um favor?
— Eu não sei. — Ela hesita. — Envolve você recuperar
nossa garota?
— Sim.
Justine se anima, empurrando outra grande mordida de
pão doce em sua boca, seus olhos rastreando cada movimento
meu.
— Então como posso ajudar?
— Você pode me obter os detalhes dos pais de Rylee? Eu
preciso falar com eles.
— Ah, você está propondo? Você vai pedir a mão dela em
casamento? — A boca de Justine se abre.
— O que? Não. Eu a amo, mas definitivamente não
estamos prontos para essa etapa. Sou inteligente o suficiente
para perceber isso. Você pode me obter as informações deles,
por favor? Eu tenho algo importante para discutir com eles.
— Tudo bem, mas você vai me deixar entrar no seu plano?
— Sim. — Faço uma pausa e passo a mão pelo cabelo,
encarando Justine. — Quando você me pegar no aeroporto.
Justine e Zoey gritam ofensivamente.
Jogo meu telefone para Justine e vou para o meu quarto.
Eu tenho que pensar sério.
E fazer as malas.
Está na hora de pegar meu futuro.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
RYLEE
— Indo para a cafeteria? — Griffin pergunta, andando ao
meu lado pelo pequeno caminho da nossa rua até a Main
Street.
— Sim, queria uma mudança de cenário. Eu me enfiei em
minha casa durante a semana passada. Achei que seria bom
respirar um pouco de ar fresco e quando digo ar fresco, quero
dizer um pouco de ar com café.
— Eu gosto de onde está sua cabeça. Tenho um pedido
da família, por isso estou indo na mesma direção.
— Reunião de família esta manhã? Isso tem alguma coisa
a ver com os rumores de um restaurante Lobster Landing se
instalando?
Griffin revira os olhos. — Nada é sagrado nesta cidade.
Juro por Deus, não há segredos por aqui.
Eu rio e agarro a alça da minha mochila enquanto
atravessamos a rua.
— Bem, não ajuda que seu irmão Brig seja o maior
fofoqueiro da cidade.
— Sim. — Griffin acaricia a barba por fazer em sua
mandíbula. — Isso não ajuda em nada.
Ele mantém a porta aberta do Snow Roast para mim
enquanto nós dois rimos, o som um pouco estranho para mim.
Não ouço esse som há uma semana, apesar de meus amigos
tentarem me animar com suas palhaçadas loucas.
Estou triste.
Pronto eu disse isso. Estou absolutamente triste.
As várias semanas foram como nada que já experimentei.
Eu nunca morei com um namorado, então não sabia o quão
incrível é ter alguém para conversar todas as noites, alguém
para brincar, alguém para “compartilhar” refeições. É como se
Beck se tornasse parte de mim. Nossas vidas simplesmente se
misturaram e foram... desatadas.
Eu estava ansiosa para ver seu rosto, ouvir sua voz,
apoiar-me nele, embora estivéssemos fisicamente tão distantes
um do outro.
Ele era uma rocha.
Ele era um confidente.
Ele era amigo...
Meu amigo.
Não tenho certeza se poderei esquecer ou deixar isso para
lá. Beck é... ele é o homem que fica com você para sempre, e
de alguma forma sabia no minuto em que o conheci. Quando
ele estava chorando e se despedindo do meu suéter vomitado,
quando ele me levou em um passeio de helicóptero na tentativa
de amenizar sua partida abrupta na noite anterior. No
momento em que ele me disse boa noite, percebendo que não
estava pronta para mais. Quando me pediu para encontrá-lo
em Vegas, porque simplesmente não podia ficar outro dia longe
de mim. Quando ele tentou resolver as coisas a sua maneira,
então sabia que ele queria mais do que sexo. Ele é o homem
que define um nível inacreditavelmente alto, para que ninguém
nunca o alcance. Ele é o homem que causa uma impressão
indelével no seu coração. Um impacto eterno em sua vida.
E agora ele não é mais meu.
Cortar contato com ele foi de partir o coração.
Debilitante.
Passei a última semana na cama, fazendo o mínimo
necessário para acompanhar os leitores, meu publicitário e
minha editora. Isso não sou eu. Sempre sou muito interativa,
muito envolvida, mas dizer que estou deprimida é um
eufemismo. Eu conheço esse sentimento sombrio muito bem.
Durante meses no ano passado eu sofri e lamentei...
É tão ruim que a comédia romântica que estou tentando
escrever tenha se transformado em algo que todo mundo morre
no primeiro capítulo.
Não há nada engraçado em sua heroína morrer de
intoxicação alimentar.
Simplesmente não há mais livro para escrever quando
sua personagem principal morre de língua para fora
imediatamente.
Essa é uma das razões pelas quais estou na cafeteria,
procurando alguma inspiração na minha cadeira favorita.
Talvez algo me atinja.
Eu sou um observadora, uma anormal certificada, que
observa todas as pessoas que passam. Eu os estudo da escolha
de roupas à maneira como falam, aos maneirismos e, enquanto
os assisto, minha mente começa a acelerar com o que
poderiam ser suas histórias de fundo, o que poderiam estar
fazendo ou quem poderiam estar esperando.
É um “talento”, se é assim que você quer chamar, que eu
tenho desde que me lembro. Felizmente, posso usar esse
talento, e é por isso que estou em público.
Eu preciso de ajuda.
Preciso de algo para despertar minha imaginação.
Preciso de um pontinho de luz na minha vida para tirar
Beck de minha mente por dois segundos e me dar um alívio.
— O de sempre? — Ruth pergunta quando entro.
— Sim por favor.
Ruth leva uma bandeja de cafés ao balcão e entrega-os a
Griffin. — Brig ligou antes. Disse que você estava a caminho.
— Ela coloca outra bandeja por baixo, tornando dupla. — Você
precisa de ajuda para transportá-los para a loja?
— Não, eu consigo. — Griffin pega as bandejas e depois
acena para Ruth.
— Na conta?
— Pode apostar.
— Obrigado, Ruth. Você é a melhor.
— Disponha. — Griffin começa a sair quando ela diz: —
Essa nova garota passou aqui hoje.
Ruth mexe as sobrancelhas. — Me contou como você a
está ajudando tão galantemente.
Griffin revira os olhos. — Cristo, esta cidade. — Ele acena
com a cabeça para mim e depois sai, a porta fechando atrás
dele.
Eu giro e agarro o balcão.
— Conte-me tudo sobre a nova garota e Griffin. Sobre o
que é isso?
Ruth ri enquanto ela serve meu café. — Ora, ora… não
sou aquela a espalhar fofocas.
Eu rio de verdade. — Oh, por favor! Você é como o centro
das fofocas da cidade. É aqui que a cidade se reúne para
conversar sobre os meandros da vida pessoal de todos.
Não há um dia em que esteja neste café e não ouça algo
novo sobre um morador da cidade. É o que me faz amar esta
cidade, mas também a desprezo simultaneamente. Quando
você é o centro da fofoca, não é tão divertido.
— As pessoas podem fofocar, mas meus lábios estão
fechados.
Ela me entrega meu café e finge fechar os lábios.
Aponto para ela e digo: — Vou tirar isso de você em algum
momento. Isso vai acontecer.
Inclinando-se para a frente, Ruth diz: — Quando Mark
vier para o turno dele, eu a informarei.
Ela pisca e volta a preencher os pedidos que foram feitos
on-line. Ela configurou um aplicativo há alguns meses para
permitir que as pessoas façam pedidos com antecedência e
peguem e vão embora. Tem sido ÓTIMO para os negócios, não
que ela precise, sendo a única cafeteria da cidade.
— É um acordo.
Sento-me no meu lugar, felizmente, nenhuma velhinha
precisa ser expulsa e coloco meu computador na minha
pequena mesa de bambu. Pego meu telefone na minha bolsa e
o coloco no braço da cadeira quando vejo uma mensagem de
Zoey.
Zoey: Como você está hoje? Você está finalmente fora de
casa? Você tomou banho? Por favor, diga-me que você pelo
menos colocou calcinhas limpas.
Juro que às vezes ela pensa que não tenho ideia de como
me cuidar. Só mesmo a mãe nela.
Rylee: Banho tomado, hidratada, calcinha limpa, roupas
limpas, cabelo arrumado, e eu estou sentada no Snow Roast
agora, tomando café.
Zoey: Eba! Ok, estarei ai em vinte. Eu tenho alguns
esboços que preciso fazer e Victoria está fazendo uma pesquisa
séria hoje, farei com que saiba onde estaremos. Amigas de
escrita!!!
Rylee: Amigas de escrita!!! Te vejo em breve.
Zoey: P.S. Estou feliz que você esteja no mundo hoje,
Rylee. É bom para você. Um dia de cada vez.
Eu expiro pesadamente lendo seu último texto.
Sim, um dia de cada vez. Parece tão fácil, certo? Sinto que
preciso levar uma hora, um minuto de cada vez, quando meu
coração começa a doer, quando penso em qualquer coisa que
me lembre Beck.
Sacudindo meus pensamentos, tentando começar esse
dia com uma nota não tão sombria, desligo o telefone, respiro
fundo e abro o computador.
Novo dia, novos objetivos.
A primeira coisa a fazer, ressuscitar minha personagem
principal dos mortos.
Tomo um gole do meu café e coloco os dedos no teclado,
optando pela música da cafeteria em vez da minha própria lista
de reprodução. Não estou com disposição para ouvir nada que
me remotamente lembrasse Beck.
Nota: crie novas listas de reprodução.
A campainha toca na loja e eu olho para cima para ver
um homem vestido com jeans preto, botas pretas, uma
camiseta preta com decote em V e pulseiras de couro em seu
braço.
Há!
Estou perdendo a cabeça.
É oficial. Meu cérebro está subconscientemente pregando
peças em mim porque esse homem se parece muito com Beck.
— Posso te ajudar? — A voz de Ruth soa.
— Ah sim, gostaria de um de torra clara, por favor? Nada
nele.
E merda. Aquela voz. Soa muito com Beck também.
— Claro. Dois dólares.
O homem enfia a mão no bolso de trás e tira algumas
notas, depois enfia uma na jarra de gorjetas, o tendão nos
antebraços flexionando a cada movimento.
Ruth lhe entrega uma xícara de café e diz:
— Espero vê-lo novamente.
Ele assente e diz: — Sem dúvida que você vai.
Virando-se para mim, casual como sempre, ele levanta a
xícara de café em minha direção e diz:
— Bom dia, Atrevida. — E depois sai pela mesma porta
pela qual ele acabou de entrar.
O que no inferno-eterno foi isso?
Colocando rapidamente o computador sobre a mesa à
minha frente, me debruço na janela e observo quando Beck,
sim, Beck Wilder, meu Beck... olha para os dois lados e
atravessa a rua, com o café na mão, descendo a rua principal
como se vivesse em Port Snow a vida inteira.
— Que porra? — Eu digo mais alto que o esperado,
chamando a atenção de Ruth.
— Ah, você o conhece?
Olhos ainda focados em Beck, sua bela bunda se
afastando de mim, eu digo: — Sim.
— Ele veio ontem e pediu a mesma coisa. Eu pensei que
ele era um turista, mas pela sua reação, acho que talvez ele
não seja?
— Eu não sei o que ele é. — Eu procuro meu telefone,
derrubando-o no chão. Afasto meus olhos de Beck por dois
segundos para recuperá-lo e ligo para Zoey, meu rosto colado
de volta na janela enquanto o telefone toca.
— Cara, eu disse, me dê vinte minutos! — Responde Zoey.
— Beck está aqui. Beck, Beck Wilder está aqui em Port
Snow. Ele entrou na cafeteria e estava todo de preto e com
aqueles braceletes quentes que poucos homens conseguem, e
ele pegou um café de torra clara, deu uma gorjeta a Ruth e
disse oi para mim e depois foi embora. Atualmente, ele está
caminhando para o norte na principal, acenando para algumas
pessoas e agindo como se fosse o dono da maldita rua. Que
porra está acontecendo? Estou em algum tipo de universo
alternativo que não conheço? Isto é um sonho? Não parece um
sonho? Eu legitimamente bebi café e o provei. Eu não acho que
você prova café em sonhos? Você sim? Ruth, você prova café
em sonhos? Não responda isso. Eu acho que não. Isto não é
um sonho. O que diabos está acontecendo? — Falo tão rápido
que nem sei o que estou dizendo.
— Ah… — Zoey faz uma pausa e naquele momento, eu
sei. Eu sei que ela sabe.
Sei que ela sabe, e não me disse que sabia que Beck
estava aqui.
Que tipo de amiga é essa?
— Zoey Michelle Platt, você me diga agora o que sabe!
— Ah, sabe, isso será melhor pessoalmente.
— Você tem cinco minutos para entrar nessa cafeteria,
está me ouvindo?
— Entendi! — Ela grita no telefone e desliga.
É melhor ela ter uma história muito boa para explicar por
que Beck Wilder está passeando pela minha cidade natal,
parecendo melhor do que nunca.
***
***
***
FIM!