Custo de Ociosidade (Sheila)

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SCHEILA ROLOFF

PROCEDIMENTOS A SEREM SEGUIDOS PARA REALIZAR O


CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE NAS INDÚSTRIAS

Monografia apresentada como requisito


para a obtenção do Grau de Bacharel
em Ciências Contábeis da
Universidade de Caxias do Sul

Orientador: Prof. Dr. Roberto Biasio

Caxias do Sul

2010
APROVAÇÃO

SCHEILA ROLOFF

PROCEDIMENTOS A SEREM SEGUIDOS PARA REALIZAR O


CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE NAS INDÚSTRIAS

Monografia apresentada como requisito para a obtenção do Grau de Bacharel


em Ciências Contábeis da Universidade de Caxias do Sul.

Banca examinadora:

--------------------------------------------------
Presidente/orientador Prof. Dr. Roberto Biasio - UCS

---------------------------------------------------
Examinadores - UCS

----------------------------------------------------
– UCS

Trabalho apresentado e aprovado pela banca examinadora em ___/___/_____


DEDICATÓRIA

A todos vocês, que sempre estiveram


ao meu lado, me incentivando, em
especial ao meu namorado Ulisses,
que muito contribuiu para que este
trabalho atingisse seus objetivos.
AGRADECIMENTOS

Quero expressar meus agradecimentos


a todas as pessoas que, de uma forma
ou de outra, colaboraram para que este
trabalho fosse realizado. Em especial
ao meu orientador, Prof. Dr. Roberto
Biasio, pela sua competência,
dedicação e orientação durante todo o
desenvolvimento desta monografia.
Agradeço de forma especial, à minha
mãe Malores e ao meu namorado
Ulisses, pelo amor, compreensão e
apoio dedicados, que foram
fundamentais para o desenvolvimento
deste trabalho.
PENSAMENTO

O mundo está nas mãos daqueles que


tem coragem de sonhar, e correr o
risco de viver seus sonhos.
Paulo Coelho
RESUMO

Fazer o cálculo do custo de ociosidade e conhecer seu impacto no custo final do


produto é muito importante. Ter um bom controle de custos sempre foi importante
para as empresas, mas na atualidade, em função da grande concorrência, tornou-se
indispensável. Porém, além de calcular o valor custo dos produtos, é necessário
também identificar quais os tipos de custos que estão embutidos neste cálculo,
custos estes, muitas vezes nem conhecidos pelas empresas, como o custo de
ociosidade. É muito importante que as indústrias saibam qual é o custo de
ociosidade existente em suas atividades, e, para isso, é indispensável que elas
conheçam os procedimentos necessários para o seu cálculo. Sendo assim, esta
pesquisa busca responder a seguinte pergunta: Quais os procedimentos a serem
adotados para calcular o custo de ociosidade nas indústrias? Para responder essa
questão, elaborou-se uma pesquisa bibliográfica, com conceitos de diversos autores
sobre o assunto, complementada com um estudo de caso, onde aplicou-se e testou-
se os conceitos obtidos. A empresa selecionada para o estudo de caso foi a Dakota
Calçados S/A, indústria do segmento calçadista. O estudo de caso possibilitou
chegar à conclusão da viabilidade da utilização dos procedimentos sugeridos, sendo
que, conseguiu-se verificar que a Dakota Calçados S/A teve índices de ociosidade
nos três anos analisados, que apesar de baixos, foram agregados ao custo de seus
produtos, aumentando o seu preço. Concluiu-se, através da base teórica e do
estudo de caso, que o tema custo de ociosidade é de grande relevância para a
aplicação nas indústrias. Concluiu-se, também, que é de grande relevância que as
empresas dêem importância à identificação e ao cálculo do custo de ociosidade, pois
este, muitas vezes pode representar valores significativos, que embutidos no preço
dos produtos, podem fazer com que a empresa perca competitividade. Acredita-se
que este estudo contribui em muito no conhecimento da existência do custo de
ociosidade, tanto para as empresas, quanto para futuras pesquisas sobre o assunto.

Palavras-chave: Custos. Procedimentos para cálculo. Custos da ociosidade.


Produtividade.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Gargalos de capacidade em uma instalação com três operações .............18


Figura 2: Custeio por absorção x Custeio com base na utilização da capacidade ....28
Figura 3: Ociosidade calculada pela capacidade instalada........................................32
Figura 4: Ociosidade calculada pela capacidade prática ...........................................33
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Capacidade produtiva e ociosidade da Dakota Calçados em 2007 40


Tabela 2 – Capacidade produtiva e ociosidade da Dakota Calçados em 2008 42
Tabela 3 – Capacidade produtiva e ociosidade da Dakota Calçados em 2009 43
Tabela 4 – Capacidade produtiva e ociosidade da Dakota Calçados 2007-2009 45
Tabela 5 – Produção realizada por setores na Dakota Calçados 2007-2009 46
Tabela 6 – Custos fixos da Dakota Calçados 2007-2009 48
Tabela 7 – Receita Operacional Líquida da Dakota Calçados 2007-2009 50
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................11
1.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ...................................................................................11
1.2 QUESTÃO DE PESQUISA ......................................................................................12
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................13
1.3.1 Objetivo geral ..................................................................................................13
1.3.2 Objetivos específicos ......................................................................................13
1.4 METODOLOGIA ...................................................................................................13
1.5 ESTRUTURA DO ESTUDO .....................................................................................14

2 CAPACIDADE PRODUTIVA...........................................................................15
2.1 BASE TEÓRICA ...................................................................................................15
2.1.1 Conceitos.........................................................................................................15
2.1.2 Capacidade teórica e capacidade efetiva .......................................................16
2.2 PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE .........................................................................16
2.2.1 Importância do planejamento da capacidade .................................................17
2.2.2 Gargalos ..........................................................................................................18
2.2.3 Identificação da capacidade empresarial........................................................19

3 CUSTO DE OCIOSIDADE...............................................................................21
3.1 BASE TEÓRICA ...................................................................................................21
3.1.1 Conceitos.........................................................................................................21
3.1.2 A ociosidade e os custos ocultos ....................................................................22
3.2 CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE ...................................................................24
3.2.1 Como calcular a ociosidade ............................................................................24
3.2.2 A importância da identificação do custo de ociosidade nas indústrias...........25
3.3 TRATAMENTO CONTÁBIL DOS CUSTOS DE OCIOSIDADE ..........................................26

4 DESENVOLVIMENTO DOS PROCEDIMENTOS PARA O CÁLCULO DO


CUSTO DE OCIOSIDADE NAS INDÚSTRIAS...............................................31
4.1 PROCEDIMENTOS A SEREM REALIZADOS PARA CALCULAR A OCIOSIDADE NAS
INDÚSTRIAS .....................................................................................................31
4.1.1 Identificação da capacidade empresarial........................................................31
4.1.2 Identificação da ociosidade através da capacidade empresarial ...................31
4.1.3 Identificação de custos ocultos que podem causar a ociosidade...................34
4.1.4 Identificação de gargalos e sazonalidade .......................................................36
4.1.5 Identificação de fatores anormais ...................................................................36
4.1.6 Identificação dos custos fixos..........................................................................37
4.2 MODELOS DE CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE ...............................................37

5 CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE EM UMA INDÚSTRIA DE


CALÇADOS.....................................................................................................39
5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA.......................................................................39
5.2 CAPACIDADE PRODUTIVA E OCIOSIDADE ..............................................................39
5.2.1 Capacidade produtiva e ociosidade no ano de 2007......................................40
5.2.2 Capacidade produtiva e ociosidade no ano de 2008......................................41
5.2.3 Capacidade produtiva e ociosidade no ano de 2009......................................43
5.2.4 Média da capacidade produtiva nos anos de 2007, 2008 e 2009 ..................44
5.3 FATORES CAUSADORES DA OCIOSIDADE ..............................................................45
5.3.1 Existência de gargalos ....................................................................................46
5.3.2 Existência de sazonalidade.............................................................................47
5.4 CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE ...................................................................48

6 CONCLUSÃO ..................................................................................................51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................54


11

1 INTRODUÇÃO

1.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

O presente trabalho visa esclarecer a importância do custo de ociosidade em


uma indústria, encontrar maneiras para medir este custo de ineficiência e
demonstrar o correto tratamento contábil dos custos de capacidade ociosa.
Um bom controle de custos é altamente relevante para a tomada de decisão e
a busca pela competitividade pelas empresas, em função da globalização e da
grande concorrência do mercado.
“Sistemas de contabilidade coletam e analisam dados de custo para servir de
apoio às tomadas de decisão gerencial”. É assim que Atkinson et al (2000, p. 125)
definem a relação entre as informações obtidas através da contabilidade de custos e
as decisões gerenciais das empresas.
Os autores Atkinson et al (2000, p. 125), entendem custo como “o valor
monetário de bens e serviços gastos para se obter benefícios reais ou futuros”. Já
Martins (2003, p. 25), define custo como sendo um “gasto relativo a bem ou serviço
utilizado na produção de outros bens ou serviços”. Ele explica que “o custo também
é um gasto”, porém reconhecido como custo no momento da utilização dos fatores
de produção, para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.
O segundo princípio da economia, citado por Mankiw (2006, p. 6), define que “o
custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la”. O autor esclarece
que tomar decisões exige comparar os custos e benefícios de possibilidades
alternativas de ação, porém, muitas vezes o custo de uma ação não é tão claro
quanto pode parecer num primeiro momento.
Existem custos que não são facilmente identificáveis no produto final. O
trabalho que não agrega valor, conforme Zatta et al (2003, p. 10), engloba as
atividades que não aumentam o valor dos produtos, porém fornecem suporte para o
trabalho efetivo. Entre estas, encontram-se atividades como preparação ou
manutenção de máquinas. De acordo com os autores, as perdas propriamente ditas,
além de não agregarem valor, também não são necessárias ao trabalho efetivo.
Nesta classe, destacam-se a produção de itens defeituosos, a movimentação
desnecessária e a capacidade ociosa, entre outros.
12

A ociosidade é encontrada em muitos lugares e ações do cotidiano das


pessoas. É encontrada inclusive no ambiente fabril, na grande maioria das
empresas. Porém muitas empresas não sabem como calcular o custo referente à
ociosidade, e não sabem que este pode ser um elemento que agrega um custo
desnecessário aos produtos, fazendo com que os mesmos tenham preços de venda
fora do mercado.
Através de um entendimento do que é capacidade na realidade produtiva, é
possível entender o que é custo de ociosidade, e a importância da identificação e
cálculo deste custo, e o seu significado para as empresas em termos monetários.
A capacidade de mensuração desta ociosidade de produção é de suma
importância para as empresas, pois os custos referentes a esta capacidade não
utilizada, se não identificados, podem ser incluídos nos estoques, gerando assim
uma superavaliação destes, e uma perda de competitividade.
Os custos gerados pela ociosidade devem ser identificados, avaliados, e
corretamente tratados, contabilmente, podendo assim, servir como instrumento de
tomada de decisões, e gerar para as empresas uma maior competitividade.
Identificados os custos de ociosidade existentes em uma empresa, esta poderá
traçar estratégias para reduzi-los, de forma a minimizar o seu efeito no custo e nos
preços. Ou então, quando a redução não for possível, a empresa poderá julgar o
que fazer com eles, ou seja, de qual maneira aceita contabilmente, poderá alocar
estes custos, para que não se tornem prejuízos para a organização.

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA

Com base no tema de pesquisa proposto, a questão de pesquisa que o


estudo pretende responder é: Quais os procedimentos a serem adotados para
calcular o custo de ociosidade nas indústrias? Através do problema de pesquisa
proposto, pretende-se encontrar os procedimentos a serem adotados, para, através
de um modelo, levantar os custos relacionados à ociosidade no setor industrial. Para
as indústrias em geral, é de suma importância o detalhamento de cada custo
ocorrido no processo de produção, em função da busca pela competitividade. Diante
disso, responder essa questão é muito importante.
13

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Apresentar os procedimentos a serem utilizados no cálculo do custo de


ociosidade nas indústrias.

1.3.2 Objetivos específicos

- Fazer o levantamento bibliográfico relacionado ao custo de ociosidade.


- Identificar os principais fatores que podem gerar ociosidade nas indústrias.
- Propor, através dos procedimentos a serem realizados, um método de
cálculo para determinar o custo de ociosidade em uma indústria.
- Testar os procedimentos propostos em uma indústria do segmento
calçadista.

1.4 METODOLOGIA

Como metodologia de pesquisa, para o levantamento dos procedimentos que


devem ser utilizados para calcular o custo de ociosidade, será utilizada a
metodologia conhecida como pesquisa bibliográfica. Na fase que tem objetivo
demonstrar, na prática, o uso dos procedimentos a serem utilizados no cálculo do
custo de ociosidade, será utilizada a metodologia de estudo de caso. Para essa
segunda fase, será realizado um estudo de caso relacionado a uma indústria
calçadista situada em Simão Dias, no estado de Sergipe, visando aplicar de forma
prática os conceitos apurados através da pesquisa bibliográfica.
De acordo com Marconi e Lakatos (2001, p. 43), a pesquisa bibliográfica
“trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros,
revistas, publicações avulsas e imprensa escrita”. Ela tem como finalidade principal,
segundo Fachin (2003, p. 125), conduzir o pesquisador a determinado assunto e
permitir a produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação
das informações encontradas para a realização da pesquisa.
Já o estudo de caso é caracterizado para Fachin (2003, p. 42) por ser um
estudo intensivo, levando em consideração a compreensão de todos os aspectos do
14

assunto investigado. Gil (1991, p. 121) lembra que o estudo de caso caracteriza-se
por grande flexibilidade, sendo impossível estabelecer um roteiro rígido que
determine com precisão como deverá ser desenvolvida a pesquisa. A coleta de
dados para o estudo de caso, segundo Yin (2001, p. 105), pode se basear em fontes
de evidências, como: documentação, registro em arquivos, entrevistas, observação
direta, observação participante e artefatos físicos.
A partir das citações dos autores, compreende-se que os métodos escolhidos
como metodologia de pesquisa são os mais adequados para o tipo de estudo
proposto.

1.5 ESTRUTURA DO ESTUDO

Esta monografia está dividida em seis capítulos. No primeiro capítulo


encontra-se uma breve introdução sobre o assunto a ser estudado, demonstrando a
importância da questão de pesquisa, os objetivos da pesquisa, bem como a
metodologia utilizada.
No segundo será apresentado o assunto capacidade produtiva. Neste capítulo
serão abordados os aspectos conceituais relacionados com a capacidade de
produção das empresas, assim como aspectos referentes à sua identificação,
planejamento e controle.
No terceiro, serão abordados os diversos aspectos sobre o assunto custo de
ociosidade. Será apresentada, primeiramente, a base teórica sobre a ociosidade, e
depois será demonstrada a importância de sua identificação, o seu tratamento
contábil e o seu cálculo.
No quarto capítulo serão desenvolvidos os procedimentos para o cálculo do
custo de ociosidade, assim como serão demonstrados também alguns modelos de
cálculo do mesmo.
No quinto, serão testados os procedimentos desenvolvidos no capítulo
anterior, em uma indústria do ramo calçadista, localizada no estado de Sergipe. Será
feita também uma análise dos dados obtidos pela empresa, a fim de chegar ao seu
custo de ociosidade.
No sexto e último capítulo serão apresentadas as principais conclusões
retiradas da pesquisa.
15

2 CAPACIDADE PRODUTIVA

2.1 BASE TEÓRICA

“A capacidade do sistema de produção define os limites competitivos da


empresa” (DAVIS, AQUILANO E CHASE, 2001, p. 258). Ainda segundo os mesmos
autores (2001, p. 258), é a capacidade produtiva que determina a taxa de resposta
da empresa ao mercado, a sua estrutura de custo, a sua força de trabalho, o seu
nível de tecnologia, as suas necessidades de gestão e de apoio ao quadro funcional
e a sua estratégia de estoques.

2.1.1 Conceitos

O uso mais comum do termo capacidade, como cita Slack et al (1997, p. 346),
é no sentido estático, físico do volume de um recipiente ou do espaço em um
edifício. E este significado da palavra às vezes também é usado por gerentes de
produção. Ainda neste sentido, os autores Horngren, Datar e Foster (2006, p. 281)
também definem capacidade como “restrição, um limite superior”.
Já a capacidade produtiva de uma unidade de operações é definida por
Corrêa e Corrêa (2005, p. 288) como sendo “o volume máximo de potencial de
atividade de agregação de valor que pode ser atingido por uma unidade produtiva
sob condições normais de operação”. De acordo com os mesmos autores (2005, p.
288), a capacidade deve ser vista como um potencial, um volume máximo possível
de ser atingido, e não deve ser confundida com os níveis de saída que a operação
está produzindo em certo momento do tempo.
Pode-se ainda citar o entendimento de Slack et al (1997, p. 346), que diz que
a “capacidade de uma operação é o máximo nível de atividade de valor adicionado
em determinado período de tempo, que o processo pode realizar sob condições
normais de operação”.
Moreira apud Santos e Andere (2000, p. 4) reforça que “capacidade é a
quantidade máxima de produtos e serviços que podem ser produzidos numa
unidade produtiva, num dado intervalo de tempo”.
16

2.1.2 Capacidade teórica e capacidade efetiva

Horngren, Datar e Foster (2006, p. 281) designam que:

capacidade teórica / ideal é o conceito de nível de denominador baseado na


produção com eficiência total durante todo o tempo. Ela é teórica por não
levar em conta qualquer manutenção da instalação, e quaisquer
interrupções por causa de quebras na linha de produção ou outros fatores.

Já a capacidade prática ou efetiva, segundo eles (2006, p. 281), “é o conceito


de nível de denominador que reduz a capacidade teórica por causa de interrupções
inevitáveis na operação, como manutenção programada, não-funcionamento em
feriados e em outras datas, e assim por diante”.
Slack et al (1997, p. 353) explica que a capacidade teórica de uma operação,
ou seja, a capacidade que o responsável pela produção tinha em mente quando
projetou a operação, nem sempre pode ser atingida na prática, pois no processo
produtivo poderão ocorrer perdas. A capacidade real que resta depois da dedução
destas perdas é o que pode-se chamar de capacidade efetiva de operação.
Diversos fatores podem ocasionar estas perdas, entre eles estão, de acordo
com Slack et al (1997, p. 353), os problemas com qualidade, quebras de máquinas,
absenteísmo, entre outros.
Já os autores Leal e Lima ([199?], p. 5) entendem a capacidade teórica como
a utilização plena da capacidade e explicam que, quando a empresa utiliza a
capacidade plena, o custo fixo total é totalmente utilizado, fazendo com que a
parcela unitária do custo fixo total seja a menor possível. Já a capacidade efetiva
pode ser entendida segundo os autores ([199?], p. 6) pela utilização parcial, ou seja,
quando a capacidade plena da indústria não é utilizada e o custo fixo total tem que
ser totalmente alocado, proporcionando a variabilidade dos custos fixos unitários.

2.2 PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE

Segundo Slack et al (1997, p. 346), planejamento e controle de capacidade é


a tarefa de determinar a capacidade efetiva da operação produtiva, de maneira que
ela possa corresponder à demanda, ou seja, decidir como a operação deve reagir à
flutuações na demanda.
17

2.2.1 Importância do planejamento da capacidade

O planejamento da capacidade, conforme Ritzman e Krajewski (2004, p. 141)


é importante para o sucesso de uma organização a longo prazo. Um excesso de
capacidade pode ser tão angustiante quanto a falta de capacidade. Segundo os
mesmos autores, ao optar por uma estratégia de capacidade, os gerentes devem
considerar questões como: Qual a proteção necessária para lidar com a demanda
variável e incerta? Devemos ampliar a capacidade antes de existir a demanda ou
aguardar até que a demanda seja mais certa? É necessária uma abordagem
sistemática para responder essas questões e desenvolver uma estratégia de
capacidade apropriada para cada situação.
Pode-se dizer então que o objetivo do planejamento da capacidade é
“especificar qual nível de capacidade irá satisfazer às demandas de mercado de
uma maneira eficiente, em termos de custo” (DAVIS, AQUILANO E CHASE, 2001, p.
262).
As decisões tomadas por gestores de produção no planejamento das políticas
de capacidade poderão afetar, de acordo com Slack et al (1997, p. 348), diversos
aspectos relacionados ao desempenho da indústria. O planejamento da capacidade
produtiva pode influenciar, como cita Slack et al (1997, p. 348), os custos, as
receitas, o capital de giro, a qualidade, a velocidade, a confiabilidade e a flexibilidade
do processo produtivo da organização.
Os autores Ritzman e Krajewski (2004, p. 141) entendem que os planos de
capacidade são feitos em dois níveis: a longo e a curto prazo. Os planos de
capacidade a longo prazo lidam com investimentos em novas instalações e novos
equipamentos. Esses planos atingem pelo menos dois anos no futuro. Porém podem
ocorrer em tempos de horizonte mais longos, como no caso das construções, que
têm um prazo de entrega mais longo. Estes investimentos consideráveis exigem a
participação e a aprovação da direção da empresa, pois eles não são facilmente
revertidos. Os planos de capacidade a curto prazo, de acordo com Ritzman e
Krajewski (2004, p. 141), concentram-se, por exemplo, no tamanho da equipe de
trabalho, orçamentos de horas extras, estoques e outros tipos de decisões.
18

2.2.2 Gargalos

Segundo Ritzman e Krajewski (2004, p. 143), a grande maioria dos processos


envolve múltiplas operações e, muitas vezes as suas capacidades efetivas não são
idênticas. Nestes casos, acontece o que podemos chamar, segundo os autores, de
gargalo. Um gargalo é a operação que possui a menor capacidade efetiva de
qualquer operação no processo, e, portanto, limita a produção do sistema. Os
gargalos são ocorrências muito comuns, explicam Heizer e Render (2001, p. 438),
pois mesmo os sistemas mais bem projetados raramente se mantêm balanceados
por muito tempo. Produtos, mix de produtos e volumes mutáveis podem criar
gargalos múltiplos e móveis.
Pode-se visualizar melhor um gargalo na figura 1.

Insumos Insumos Para os


1 → 2 → 3 → Para os clientes 1 → 2 → 3 →
→ → clientes
200/hr 50/hr 200/hr 200/hr 200/hr 200/hr

(a) A operação 2 é um gargalo (b) Todas as operações são gargalos

Figura 1: Gargalos de capacidade em uma instalação com três operações


Fonte: Ritzman e Krajewski (2004, p. 144)

A figura 1(a) mostra um processo no qual a operação 2 é um gargalo e limita


a produção a 50 unidades por hora. Na realidade, então, de acordo com Ritzman e
Krajewski (2004, p. 143), o processo consegue produzir somente no ritmo da
operação mais lenta. A figura 1(b) mostra o processo quando as necessidades
encontram-se perfeitamente equilibradas, o que torna cada operação um gargalo. A
expansão da capacidade de um processo ocorre quando a capacidade do gargalo é
aumentada. Ainda na figura 1(a), um aumento na capacidade de operação 2
aumentará a capacidade do sistema. Porém, quando a capacidade da operação
atingir 200 unidades por hora, como mostra a figura 1(b), todas as operações terão
de ser ampliadas simultaneamente, para ser possível um aumento de capacidade.
Ritzman e Krajewski (2004, p. 143) explicam que em uma indústria, um
projeto de trabalho tem operações que podem processar muitos itens diferentes, e
as exigências relativas de uma operação podem variar de um dia para o outro,
19

criando gargalos variáveis. Nesta situação, a administração pode preferir menores


índices de utilização, a fim de obter maior folga para absorver aumentos inesperados
da demanda.
Já “a capacidade a longo prazo das operações com gargalo pode ser
ampliada de várias maneiras” (RITZMAN E KRAJEWSKI, 2004, p. 143). Os autores
entendem que ela pode ser ampliada com investimentos em equipamentos novos e
com a expansão das instalações. A capacidade do gargalo pode ainda ser ampliada
através de um aumento na jornada de trabalho, ou no número de turnos de
funcionamento. E ainda, como opção, os gerentes podem aliviar o gargalo
reprojetando o processo, por meio de reengenharia ou melhoria de processos.

2.2.3 Identificação da capacidade empresarial

Conforme citam Corrêa e Corrêa (2005, p. 288), uma eficiente gestão da


capacidade de produção depende inicialmente de se ter uma medida correta de
capacidade disponível, em cada instante, o que não é uma tarefa muito fácil. As
decisões a serem feitas para definir o melhor nível de capacidade de uma empresa
envolvem diversos fatores, entre eles:
a) avaliação da capacidade existente;
b) previsões das necessidades futuras de capacidade;
c) identificação de formas de alterar a capacidade a curto, médio e longo
prazo;
d) identificação de formas de alterar a demanda;
e) avaliação do impacto da decisão a respeito de capacidade sobre o
desempenho da operação;
f) avaliação econômica, operacional e tecnológica das alternativas para
aumentar a capacidade;
g) identificação de alternativas para a obtenção de capacidade adicional.
Slack et al (1997, p. 351) explica que definir a capacidade de uma empresa é
uma tarefa complexa:

Medir a demanda fornece parte da informação básica para o planejamento


de capacidade. O problema principal para obter esta informação é que a
demanda é intrinsecamente incerta. O problema principal com a medição da
capacidade não é tanto sua incerteza, mas, sua complexidade. Somente
20

quando a produção é altamente padronizada e repetitiva é fácil determinar a


capacidade sem ambiguidade.

Em sua literatura, Horngren, Datar e Foster (2006, p. 281), analisam que


determinar o melhor nível de capacidade de uma empresa é uma das decisões mais
difíceis e estratégicas que os administrados precisam enfrentar. Pois, ter capacidade
de produção em excesso significa incorrer em grandes custos de capacidade ociosa
e ter capacidade reduzida pode significar o não atendimento da demanda.
De acordo com Slack et al (1997, p. 346), muitas organizações operam abaixo
de sua capacidade máxima, seja porque a demanda é insuficiente para preencher
completamente sua capacidade, seja por uma política da empresa, de forma que a
operação possa responder rapidamente a cada novo pedido. Essa capacidade não
utilizada é denominada, conforme Santos e Andere (2000, p. 4), de capacidade
ociosa ou sobrecapacidade. Como exemplo disso, Zatta et al (2003, p. 12), citam a
aquisição de um conjunto de máquinas industriais para atender um nível de
produção projetada. Se este nível de produção for parcialmente utilizado, a diferença
entre a capacidade adquirida e a execução real da atividade gera um custo de
ociosidade em forma de depreciação.
Segundo Leal e Lima ([199?], p. 5), grande parte dos custos indiretos de
fabricação refletem a capacidade e estão diretamente relacionados a ela. Quanto
mais plenamente a capacidade é utilizada, maior será a produção e menor será a
parcela de custos fixos a ser alocada a cada produto. E quanto menos a capacidade
é utilizada, mais ociosidade é gerada, o que onera injustamente os produtos. Sendo
assim, a capacidade de produção da indústria deve ser bem dimensionada, com o
intuito de diminuir ao mínimo o seu grau de ociosidade.
21

3 CUSTO DE OCIOSIDADE

3.1 BASE TEÓRICA

Um bom sistema de custos é indispensável para qualquer empresa que


queira se destacar no mercado em que atua. E mais do que isso, é importante, além
de conhecer e calcular os custos facilmente identificáveis, que as empresas dêem
atenção também para outros custos existentes na sua organização, mas que muitas
vezes não são lembrados. Entre estes, está o custo de ociosidade.

3.1.1 Conceitos

O custo de ociosidade pode ser compreendido segundo Negra, Negra e Lage


([200?], p. 14) como “um desperdício invisível, mas sentido nos resultados das
entidades, com perdas irreparáveis e irrecuperáveis”.
A ociosidade, segundo Gama, Souza e Sato (2009, p. 4), refere-se ao não
funcionamento, no tempo correto e determinado, do processo produtivo. Ela
acontece quando ocorrem lapsos ou falhas, ou seja, quando o processo industrial é
interrompido por algum motivo não programado ou determinado, como por exemplo,
quando uma máquina pára de funcionar ou quebra.
Em uma empresa, a redução no nível de atividade, provocada por fatores
anormais, de acordo com Zatta et al (2003, p. 2), “fará com que os custos referentes
à capacidade instalada, de natureza fixa, tais como depreciação, aluguéis,
supervisão, e outros incluídos nos gastos diretos de fabricação, se tornem custos de
ociosidade”.
Já Reinert e Reinert ([200?], p. 6) entendem a capacidade ociosa como
“aquela parte do recurso que está disponível para uso, mas que, por alguma razão
não está sendo efetivamente utilizada, porém, acarretando custos de ociosidade
mesmo assim”.
Ainda pode-se definir ociosidade a partir das palavras de Gientorski, Mello e
Baum ([199?], p.885), que explicam que “a ociosidade será a diferença entre a
capacidade definida como ideal e a produção efetiva alcançada em determinado
período”. Os autores ([199?], p. 885) ainda explicam em outras palavras que “a
ociosidade é o tempo de trabalho que está à disposição da empresa em
22

determinado período e que não está sendo utilizado pela mesma, independente do
motivo”.

3.1.2 A ociosidade e os custos ocultos

O trabalho que não agrega valor, conforme Zatta et al (2003, p. 10), engloba as
atividades que não aumentam o valor dos produtos, porém fornecem suporte para o
trabalho efetivo. Entre estas, encontram-se atividades como preparação ou
manutenção de máquinas. De acordo com os autores, as perdas propriamente ditas,
além de não agregarem valor, também não são necessárias ao trabalho efetivo.
Nesta classe, destacam-se a produção de itens defeituosos, a movimentação
desnecessária e a capacidade ociosa, entre outros.
Os custos ocultos são perdas difíceis de serem identificadas. É o que dizem
os autores Gama, Souza e Sato (2009, p. 1). Segundo eles, é importante averiguar a
relevância e a influência destes custos no patrimônio e na rentabilidade das
empresas.
Em sua literatura, Gama, Souza e Sato (2009, p. 3) explicam que os custos,
além de diretos e indiretos, fixos e variáveis, podem ser classificados, de acordo com
a sua natureza em tangíveis e intangíveis.
De acordo com Golveia apud Gama, Souza e Sato (2009, p. 3), “custos
tangíveis são despesas bem conhecidas e que podem ser estimadas de um modo
bastante preciso”. Já os custos intangíveis, ou implícitos, ou ocultos podem ser
considerados, segundo Freitas e Filho apud Gama, Souza e Sato (2009, p. 3), como
qualquer custo que não seja aparente na contabilidade padrão, ou que não esteja
aparente, mas que seja importante para o processo de produção ou ainda como
“perdas que não podem ser calculadas com precisão”.
Para Femenick apud Gama, Souza e Sato (2009, p. 3):

Os ‘custos invisíveis’ são custos que estão nas organizações, mas não são
mensurados, não são medidos pelos sistemas tradicionais de custeio.
Alguns deles têm origem externa, fora da empresa, enquanto outros nascem
e se desenvolvem dentro dela [...] os custos ocultos são evidenciados pelo
resultado de uma equação que contrapõe o resultado do desempenho ideal
com o resultado do desempenho real da empresa (‘Custo Oculto =
Desempenho Real – Desempenho Ideal’, ou então ‘Desempenho Ideal –
Desempenho Real = Custo Oculto’). Eles não representam prejuízos ou um
gasto, mas sim uma perda na receita. Por não poderem ser explicitados nos
23

registros contábeis, exigem atenção especial dos administradores, pois


dizem respeito ao montante das receitas da empresa.

Gama, Souza e Sato (2009, p. 3) entendem por custos ocultos os seguintes


custos: set-up, absenteísmo, acidentes de trabalho, estoques, obsolescência e
ociosidade.
Os custos relacionados ao set-up, segundo os autores (2009, p. 3-4), estão
ligados às falhas e ao mau uso do tempo de preparação do processo produtivo,
como por exemplo, o tempo decorrido para a troca de um processo em execução
(ferramentas, programas, equipamentos) até a inicialização de outro processo.
O absenteísmo, como exemplificam Gama, Souza e Sato (2009, p. 4), é o
tempo de trabalho perdido quando os empregados faltam ou se atrasam no serviço
por motivo não identificado. Entre as principais causas do absenteísmo estão: as
doenças, as razões diversas de caráter familiar, os atrasos involuntários por motivos
pessoais, os problemas financeiros, os problemas de transporte, a baixa motivação,
a supervisão precária da gerência e até algumas políticas inadequadas da
organização.
Os acidentes de trabalho, conforme Gama, Souza e Sato (2009, p. 4), geram
custos para a empresa, até mesmo para normalizar a situação. Para a organização,
os custos com os acidentes de trabalho envolvem o salário dos primeiros quinze dias
após o acidente, transporte e assistência médica, paralização do setor, máquinas ou
equipamentos, entre outros.
“Os estoques provocam altos custos quando mal administrados, gerando
custos de manutenção e acondicionamento, levando a entidade a ‘empatar’ o capital
circulante líquido (capital de giro) reduzindo as oportunidades de investimentos da
empresa” (GAMA, SOUZA E SATO, 2009, p. 4).
A obsolescência, de acordo com Gama, Souza e Sato (2009, p. 4) é o efeito
de determinados fatores ou funções da manufatura tornarem-se ineficazes e
ineficientes para agregação de valor ao produto.
E por fim, a ociosidade refere-se ao não funcionamento no tempo certo e
determinado do processo produtivo. Gama, Souza e Sato (2009, p. 4) citam que o
custo de ociosidade ocorre por lapsos de falhas por motivos atípicos, ou seja,
quando o processo industrial é interrompido por algum motivo não programado ou
determinado.
24

3.2 CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE

3.2.1 Como calcular a ociosidade

De acordo com Zatta et al (2003, p. 12), muitos custos são afetados pelo
equilíbrio entre capacidade e demanda. Quando a capacidade de produção estiver
abaixo da capacidade para a qual a fábrica foi projetada para produzir, os custos
fixos existentes são transformados em custos de ociosidade. Ou seja, a diferença
entre a capacidade adquirida e a execução efetiva da capacidade gera um custo de
ociosidade.
Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 130) entendem que a recessão
econômica é uma das causas que acaba provocando a capacidade ociosa da
produção. Eles explicam que uma fábrica é projetada para determinada capacidade
de produção, conhecida como capacidade nominal ou capacidade instalada.
Contudo, esta capacidade nominal, na maioria das vezes só é atingida em
condições econômicas extremamente favoráveis para a empresa.
Consequentemente a produção normal é quase sempre inferior à capacidade
nominal. Diferente de Zatta et al (2003, p. 12), os autores Perez Jr., Oliveira e Costa
(2003, p. 130) dizem que esta diferença entre as duas capacidades é o que se pode
entender como uma reserva de serviços e instalações fabris para atender aos
períodos favoráveis da economia, e não como capacidade ociosa. Já em situações
de capacidade ociosa, segundo Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 130), “o volume
de produção é menor do que o normalmente atingido, porque não há mercado para
a colocação dos bens”.
“Uma forma, possivelmente a mais prática, de apurar o montante
correspondente aos custos fixos ociosos é a de estabelecer, em primeiro lugar, o
volume de produção considerado como normal” (PEREZ JR., OLIVEIRA E COSTA
2003, p. 132). Este, de acordo com Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 132), pode
ser determinado pela produção média de três ou mais anos. Uma vez estabelecido o
volume de produção normal, a ociosidade é a diferença em relação ao volume
realmente produzido. Aplicando-se então o percentual correspondente a essa
diferença aos custos fixos, pode-se obter o valor da ociosidade. Nestas
circunstâncias, os autores entendem que estes custos representam na verdade,
prejuízos dos períodos em que são incorridos.
25

Leal e Lima ([199?], p. 5) entendem que a partir deste processo, o custo do


produto possuiria três subdivisões, que são:
a) Custos Diretos (materiais e mão-de-obra direta);
b) Custos Fixos de Capacidade (na proporção de 1/capacidade por unidade de
produto);
c) Custos Fixos de Ociosidade (na proporção de: ociosidade / capacidade X
custos fixos totais / quantidade produzida.
Desta maneira, explicam Leal e Lima ([199?], p. 5), tem-se as informações
necessárias para ter uma ideia de como a ociosidade afeta a composição dos custos
totais, levados ao produto.

3.2.2 A importância da identificação do custo de ociosidade nas indústrias

Há pouco tempo atrás, as informações obtidas através dos custos de uma


empresa, não tinham a importância devida pelos administradores ou contadores. “A
preocupação primeira dos Contadores, Auditores e Fiscais foi a de fazer da
Contabilidade de Custos uma forma de resolver seus problemas de mensuração
monetária dos estoques e do resultado, não a de fazer dela um instrumento de
administração” (MARTINS, 2003, p. 21).
Devido à globalização e, consequentemente ao grande aumento da
competitividade no mercado, os custos tornaram-se altamente relevantes para a
tomada de decisão das empresas. Segundo Martins (2003, p. 22), “a Contabilidade
de Custos acabou por passar, nessas últimas décadas, de mera auxiliar na
avaliação de estoques e lucros globais para importante arma de controle e decisão
gerenciais”.
Como citam Zatta et al (2003, p. 6), “as novas tecnologias deram origem a
novos desafios gerenciais”. As empresas necessitam de novos sistemas de
gerenciamento de custos, que retratem o processo de fabricação, identificando
desperdícios e propiciando uma nova visão das oportunidades de redução de custos
e melhorias contínuas em busca de desempenho e rentabilidade.
“Prover a capacitação de satisfazer demandas atuais e futuras é uma
responsabilidade fundamental da administração da produção” (GIENTORSKI,
MELLO E BAUM, [199?], p. 884). Os autores ainda citam que um equilíbrio
26

adequado entre capacidade instalada e demanda pode gerar altos lucros e clientes
satisfeitos, enquanto que o desequilíbrio pode ser potencialmente desastroso.
A utilização parcial da capacidade produtiva, de acordo com Leal e Lima
([199?], p. 5), irá revelar ociosidade na organização. Segundo os mesmos autores, a
ociosidade pode ser interessante no sentido de proporcionar crescimento de
produção sem a necessidade de novas instalações para alguns tipos de indústrias
que precisam ter capacidade ociosa em função da característica sazonal de sua
produção. Porém é importante identificar a ociosidade existente na organização, pois
este custo, quando agregado indevidamente ao custo dos produtos, pode fazer com
que, conforme Santos, Soares e Queiroz (2006, p. 1), a empresa perca
competitividade.

3.3 TRATAMENTO CONTÁBIL DOS CUSTOS DE OCIOSIDADE

Quando uma empresa inicia suas atividades, ela arca com uma ociosidade
parcial, e, de acordo com Santos e Andere (2000, p. 6), os seus custos poderão ser
tratados como parte das despesas pré-operacionais do empreendimento. No
entanto, a capacidade ociosa, que, por ventura ocorrer em outros períodos, deverá
ser analisada com mais cautela.
Pelo conceito do custeio por absorção, segundo os mesmos autores (2000, p.
6), o custo fixo do produto não feito deverá ser agregado ao produto feito, ou seja, o
custo de ociosidade deverá ser agregado ao produto final. Porém quando este custo
da ociosidade, ao ser rateado, acrescer demasiadamente o valor do produto,
podemos considerá-lo como perda do período.
Os autores Santos e Andere (2000, p. 7) propõem que se a ociosidade for
ocasionada por um departamento, uma atividade ou qualquer outro custo específico
e possível de identificação visível, deverá ser descarregada como perda do
exercício. Segundo a IOB (2000, p. 8) apud Santos e Andere (2000, p. 7), pode-se
dizer que os custos fixos relativos às fábricas, plantas, departamentos, setores,
centro de custos de produção ou de serviços que estejam inativos não devem ser
custeados aos produtos. Isto porque não faz sentido atribuir a um produto o custo de
um setor que este produto não se utilize.
Como na maioria dos casos, os custos ociosos se dão pela diminuição da
utilização de certos departamentos ou setores de produção de serviços, entre outros
27

fatores, poder-se-ia atribuir apenas a diferença entre a capacidade real e a


capacidade efetiva como despesa do exercício. Porém Santos e Andere (2000, p. 7)
explicam que este método é vedado pelo custeio por absorção. No custeio por
absorção todo o custo de produção deve ser atribuído ao produto. Mas em casos
especiais, como greves, recessão econômica, e outros fatores anormais, estes
custos devem ser melhores analisados, podendo ser colocados como perda.
Os mesmos autores, ainda explicam que, no caso de um aumento excessivo
dos custos dos produtos em relação ao valor de mercado, devido à ociosidade neles
alocada, será necessário baixar o excesso (ao custo ou mercado, dos dois o menor),
considerando o custo de ociosidade que foi alocado ao estoque como encargo do
exercício. Porém este método não é aceito pela Legislação Fiscal.
O boletim IOB (2000, p. 9), apud Santos e Andere (2000, p. 7) explica este
método, dizendo que, para conciliar o problema contábil com o fiscal, deveríamos
agregar os custos de ociosidade aos produtos e depois tratar o excedente ao valor
de mercado desses mesmos produtos como encargos do exercício, efetuando esse
ajustamento na forma de um provisionamento a débito direto do resultado do
exercício. Todavia, o texto apresentado no boletim IOB informa que desde
01/01/1996, em razão de o fisco vedar qualquer provisão para ajuste dos estoques
ao valor de mercado (art. 298, IV, do RIR/99), esta prática não produz efeitos fiscais.
Seria então necessário que os valores desta provisão, contabilizados como
despesas do exercício, fossem adicionados ao lucro líquido, para a apuração do
lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social.
Como não é possível desviar os custos de ociosidade diretamente para as
despesas do período, Leal e Lima ([199?], p. 6) sugerem, para atender às
necessidades gerenciais, alocar este valor representativo da ociosidade em uma
conta criada para esta finalidade. Como o custeio por absorção, aceito pela
legislação, determina que todo o custo indireto de fabricação do período seja
alocado à produção, esta conta criada abrigaria todo o valor de custos indiretos de
fabricação não alocados com base na proporção da utilização da capacidade e
depois estornaria este valor, debitando a referente parcela aos estoques, ajustando
assim o valor dos mesmos às exigências legais. Os autores consideram esta
maneira de tratar os custos, como um custeio com base na utilização da capacidade.
Segue na figura 2, uma exemplificação de como contabilizar os custos de
ociosidade, para fins gerenciais, segundo Leal e Lima ([199?], p. 7):
28

Custeio por absorção

Custos Ind.
Matéria Prima Mão de Obra Direta Fabric.
100 100 100 100 20 20

Estoque de Produtos em Processo Estoque de Produtos Acabados

Produto A Produto B Produto A Produto B


80 20 176 44
80 20
16 4
176 44

Custeio com base na utilização da capacidade - supondo uma ociosidade de 20%


representada pelos custos indiretos de fabricação

Matéria Prima Mão de Obra Direta Custos Ind. Fabric. Ociosidade


100 100 100 100 20 4 4 4
16

Estoque de Produtos em Processo Estoque de Produtos Acabados

Produto A Produto B Produto A Produto B


80 20 172,8 43,2
80 20 3,2 0,8
12,8 3,2 176 44
172,8 43,2

Figura 2: Custeio por absorção x Custeio com base na utilização da capacidade


Fonte: Leal e Lima ([199?], p. 7)

Os autores Leal e Lima ([199?], p. 7) explicam que, nos dois casos, o estoque
de produtos prontos resultante será igual, no entanto, compostos de maneira
diferente: o custeio com base na capacidade irá alocar a ociosidade de acordo com
as proporções estabelecidas no rateio dos custos indiretos de fabricação no estoque
de produtos em processo.
Segundo Leal e Lima ([199?], p. 8), o custeio por absorção, exigido pela
fiscalização, aloca custos indiretos de fabricação aos produtos, incorrendo em
subjetividade, fazendo com que a informação sobre o custo fixo unitário fique
prejudicada. Já o custeio com base na capacidade consegue evidenciar valores
objetivos e sensíveis às oscilações da produção.
De acordo com Iudícibus apud Zatta et al (2003, p. 4), é muito importante
identificar e quantificar a ociosidade em uma empresa, como auxílio no processo de
29

análise e melhoria da eficiência empresarial. Porém, a ociosidade só pode ser


considerada contabilmente como tal, se for ocasionada por fatores anormais, tais
como os decorrentes de recessão econômica setorial, greves ou por outros fatores
considerados não recorrentes ou rotineiros.
Para que se possa distinguir entre ociosidade normal e anormal, e saber como
contabilizar corretamente o custo com a capacidade ociosa, pode-se levar em conta
o que cita a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a partir do Parecer de
Orientação nº 24, de 15 de janeiro de 1992, que trata o custo de ociosidade da
seguinte forma:

O custo referente à capacidade instalada deve ser transferido às unidades


produzidas, integralmente, sempre que as instalações produtivas estiverem
sendo utilizadas em condições normais. A partir do ponto em que a
ociosidade deixar de estar dentro dos limites da normalidade, o custo
referente a essa ociosidade em excesso deve ser levado diretamente à
despesa não operacional, a título de item extraordinário, não se admitindo a
sua transferência para estoques, evitando-se, desta maneira, o risco de uma
superavaliação destes e da não possibilidade de sua recuperação.
Na existência de capacidade ociosa, a companhia aberta elaborará nota
explicativa para dar ciência da dimensão do fato aos interessados nas suas
informações.

Como ociosidade anormal, a CVM considera que seja o fator não rotineiro ou
não decorrente e que pode acontecer em função de greve, recessão econômica
acentuada no setor de atuação da companhia ou outra razão econômica
extemporânea, seja ela interna ou externa.
Pode-se considerar como custos de capacidade instalada, segundo a CVM,
todos os de natureza fixa, como depreciação, aluguéis etc, inclusive os de
supervisão incluídos nos gastos indiretos de fabricação.
A eventual inclusão dos custos fixos ociosos aos estoques, quando
constatado que estes foram gerados por fatores anormais, segundo Perez, Oliveira e
Costa (1999, p. 133), pode ser inadequada, pois:
a) Os estoques finais passam a conter parcela de prejuízo pertencente ao
exercício, aumentando o mesmo;
b) A margem bruta de cada produto é alterada, em confronto com a margem
normalmente esperada pelo setor de atividades da empresa e em
comparação com os exercícios anteriores;
c) A lucratividade futura estará reduzida ou prejudicada de alguma forma;
30

d) A empresa desembolsará imposto de renda sobre prejuízos;


e) Havendo obrigatoriedade estatutária ou legal, a empresa deverá distribuir
dividendos sobre prejuízos.
Por isso, a análise de uma eventual situação de existência ou não, de custos
de ociosidade, de acordo com Perez, Oliveira e Costa (1999, p. 134), deverá ser
acompanhada de estudos e planos bem fundamentados, coerentes com a realidade
econômica atual e prevista pela empresa do setor de atividades em que a mesma
atua.
31

4 DESENVOLVIMENTO DOS PROCEDIMENTOS PARA O CÁLCULO DO CUSTO


DE OCIOSIDADE NAS INDÚSTRIAS

4.1 PROCEDIMENTOS A SEREM REALIZADOS PARA CALCULAR A OCIOSIDADE NAS INDÚSTRIAS

De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, para identificar e calcular o


custo de ociosidade é necessário realizar alguns procedimentos. É importante, por
exemplo, que a empresa conheça bem a sua estrutura, assim como, tenha noção da
sua capacidade produtiva, e consiga reconhecer quais fatores podem estar gerando
ociosidade no seu processo produtivo. A seguir serão sugeridos alguns
procedimentos para o cálculo do custo de ociosidade nas indústrias.

4.1.1 Identificação da capacidade empresarial

As empresas possuem dois tipos de capacidades produtivas: a capacidade


nominal (ou teórica), que é a capacidade instalada da fábrica, e a capacidade
efetiva, que é a capacidade normalmente utilizada pela mesma.
A capacidade nominal é difícil de ser atingida. Ela só é atingida em situações
muito favoráveis para a empresa. Já a capacidade efetiva, de acordo com Heizer e
Render (2001, p. 178), é a capacidade que a empresa pode esperar conseguir, em
situações normais, considerando seu mix de produtos, métodos de programação,
manutenção e padrões de qualidade.
Para fins de cálculo do custo de ociosidade, é indispensável que a empresa
conheça a estrutura da sua fábrica e, principalmente, a capacidade produtiva da
empresa.

4.1.2 Identificação da ociosidade através da capacidade empresarial

Utilizando-se do referencial teórico desta pesquisa, a ociosidade de uma


indústria pode ser encontrada a partir de dois entendimentos. Segundo Zatta et al
(2003, p. 12), ela pode ser encontrada calculando-se a diferença entre a capacidade
para a qual a fábrica foi projetada e a capacidade real de produção. E segundo os
autores Perez, Oliveira e Costa (2003, p. 130), a ociosidade é a diferença entre a
32

capacidade de produção normalmente atingida pela indústria (utilizando-se uma


média de três ou mais anos), e o volume atual realmente produzido.
No entanto, a ociosidade só pode ser contabilmente considerada como tal,
conforme Iudícibus apud Zatta et al (2003, p. 4) e também nos dizeres da CVM, se
for ocasionada por fatores anormais, ou seja, não rotineiros, como os ocorridos em
função de recessão econômica, greves, entre outras situações.
Assim sendo, pode-se então calcular a ociosidade de acordo com o objetivo a
ser atingido pela empresa, seja ele somente para controles gerenciais, seja ele para
utilização pela contabilidade, no intuito principal de reduzir a carga tributária e
garantir competitividade.
Para fins de controle gerencial, é interessante que a indústria considere a
ociosidade de acordo com o entendimento de Zatta et al (2003, p. 4), pela diferença
entre a capacidade para a qual a fábrica foi projetada e a capacidade real de
produção, levando em conta e considerando como ociosidade todos os custos
decorrentes da redução da capacidade empresarial, até mesmo aqueles que não
forem gerados por fatores anormais, conforme figura 3:

Ociosidade pela Capacidade Instalada

Quantidade
Capacidade Instalada
Produção anual
Produção mensal

( - ) Produção real
Produção anual
Produção mensal

= Ociosidade
Ociosidade anual
Ociosidade mensal

Figura 3: Ociosidade calculada pela capacidade instalada

Na figura 3, tem-se um modelo de cálculo da ociosidade através da


capacidade instalada da empresa, onde a ociosidade é encontrada através da
diferença entre a capacidade nominal e a produção real da fábrica. Sendo assim,
entram no cálculo todos os custos que ajudam a diminuir a capacidade efetiva da
33

fábrica. Para o controle gerencial, é importante que a empresa conheça os custos de


ociosidade existentes em sua fábrica e consiga identificar onde eles surgem, ou seja,
quais as atividades e setores estão ocasionando os mesmos. Entre estes custos que
podem reduzir a capacidade e gerar custos de ociosidade, estão grande parte dos
custos ocultos existentes em uma indústria, como os custos de set-up, o
absenteísmo, os acidentes de trabalho, os estoques quando mal administrados, a
obsolescência e as paradas de produção. Além da existência de gargalos e de
sazonalidade, que também podem resultar em ociosidade produtiva.
Já para fins de apuração contábil, deve-se utilizar a capacidade prática,
desconsiderando os fatores normais que geram ociosidade na fábrica. Porém é
importante lembrar que somente é possível considerar contabilmente a ociosidade,
quando ela for ocasionada por fatores anormais, segundo a CVM. Desta maneira,
podemos encontrar a ociosidade existente a partir da figura 4:

Ociosidade pela Capacidade Prática

Quantidade
Capacidade Prática
Produção anual
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Total em 3 anos
Média de 3 anos
Produção mensal

( - ) Produção real
Produção anual
Produção mensal

= Ociosidade
Ociosidade anual
Ociosidade mensal

Figura 4: Ociosidade calculada pela capacidade prática

Na figura 4, considerou-se o cálculo da ociosidade da empresa através da sua


capacidade prática, onde a ociosidade é encontrada pela diferença entre a
capacidade prática (efetiva) da empresa e sua produção real atual.
34

4.1.3 Identificação de custos ocultos que podem causar a ociosidade

A ociosidade pode ser ocasionada por fatores anormais, mas também pode
ocorrer em função de fatores rotineiros em uma fábrica. Para controle gerencial,
além da identificação da capacidade empresarial, é de grande importância que a
empresa saiba reconhecer estes fatores, também considerados como custos
ocultos. Estes custos ocultos acabam transformando-se em custos de ociosidade,
pois ocasionam a redução da capacidade produtiva da empresa. É importante que a
empresa tenha um controle dos mesmos, para identificar os seus valores e analisar
se eles estão ou não ocorrendo dentro dos padrões normais da fábrica.
Entre os custos considerados como ocultos, que devem ser analisados e
controlados para identificar as causas de ociosidade em uma indústria, estão: os
custos com set-up, o absenteísmo, os acidentes de trabalho, os estoques mal
administrados e a obsolescência.
Os custos com o set-up, explicam Gama, Souza e Sato (2009, p. 4), são
relacionados com o mau uso do tempo de preparação do processo produtivo.
Quando não bem preparado, o processo produtivo pode ocasionar em desperdício
de tempo, que poderia ser utilizado para a produção.
Se a empresa perceber um aumento anormal do tempo para a troca dos
processos produtivos, deve analisar e otimizar os mesmos, fazendo com que o
tempo necessário para troca de equipamentos, ferramentas e programas, na
mudança de um processo em execução para um novo processo, seja diminuído,
para não haver tempo ocioso. Segundo Slack et al (1997, p. 483), os tempos de set-
up podem ser reduzidos através de vários métodos, como por exemplo, eliminar o
tempo necessário para a busca de ferramentas e a pré-preparação das tarefas que
retardam as trocas.
O absenteísmo ocorre pelo tempo de trabalho perdido em função dos atrasos
e das faltas dos funcionários ao serviço. De acordo com Gama, Souza e Sato (2009,
p. 4), ele é uma ausência dos empregados em períodos em que deveriam estar
trabalhando.
Na maioria das vezes, as causas do absenteísmo estão no próprio
empregado, como por exemplo, quando ocorre doença, atrasos involuntários,
problemas de transporte. Porém algumas vezes, as causas ocorrem em função da
organização. Uma supervisão deficiente, o empobrecimento das tarefas, a falta de
35

motivação do funcionário por parte da empresa e condições desagradáveis de


trabalho são fatores que podem ocasionar o absenteísmo.
Para obter o valor dos custos de absenteísmo, Freitas, Almeida e Costa
(2008, p. 42) explicam que é necessário ter conhecimento do valor do custo médio
do operário em dia trabalhado (CMop) e do tempo médio de falta (em dias) no
período de safra (TMFop), para assim aplicá-los na fórmula a seguir.

Com base na equação do absenteísmo, é possível identificar o valor dos


custos desta variável na empresa.
Assim como é importante conhecer os custos ocorridos em função das faltas
e atrasos de funcionários em dias trabalhados, é importante também conhecer os
custos incorridos pela empresa por motivo de acidentes de trabalho. De acordo com
o que citam Gama, Souza e Sato (2009, p. 4), os acidentes de trabalho sempre
geram custos para a empresa, por mais simples que sejam. Pois envolvem desde
uma análise da situação, para ver o que ocasionou o acidente, até toda a assistência
ao empregado, além da perda de sua produtividade pelo período que for necessário
para normalizar a situação.
Os acidentes de trabalho podem ser evitados ou diminuídos através de
regulares inspeções e manutenção nas máquinas e equipamentos, de treinamento
para os funcionários e de uma boa equipe de técnicos de segurança do trabalho.
Os estoques, quando mal administrados, geram custos para a empresa.
Quando eles estão muito altos, causam custos de acondicionamento e manutenção.
E quando há falta de materiais, ocorre a ociosidade, pois o ciclo produtivo diminui,
reduzindo a capacidade produtiva. É de suma importância que a empresa tenha um
bom controle de estoques, para que não perca competitividade.
Ainda entre os custos ocultos que podem gerar ociosidade, está a
obsolescência. Esta acontece quando, conforme Gama, Souza e Sato (2009, p. 4),
fatores ou funções do processo de produção tornam-se ineficazes. Por isso, a
empresa deve sempre manter bons controles produtivos, para otimizar os seus
processos, e eliminar fatores ou funções que não agregam mais valor aos mesmos.
36

4.1.4 Identificação de gargalos e sazonalidade

Os gargalos e a sazonalidade podem ser redutores da capacidade produtiva e


limitadores do resultado da produção.
Os setores ou as operações consideradas como gargalos, de acordo com
Heizer e Render (2001, p. 438), têm menos capacidade que os centros de trabalho
anteriores e posteriores. Desta maneira, o processo com capacidade inferior aos
demais pode resultar em índices de ociosidade.
Os gerentes de operações devem lidar com os gargalos, de forma a aumentar
a sua capacidade, alterando o roteiro do trabalho, modificando o tamanho dos lotes,
mudando a sequência do trabalho ou aceitando a ociosidade em certos casos
(HEIZER E RENDER, 2001, p. 438).
Já a sazonalidade é outro fator que pode ocasionar a ociosidade no processo
produtivo. Segundo Wallis e Thomas apud Queiroz e Cavalheiro (2003, p. 2) “a
sazonalidade pode ser definida como o conjunto dos movimentos ou flutuações com
período igual ou inferior a um ano, sistemáticos, mas não necessariamente
regulares, que ocorrem numa série temporal”.
Muitas vezes a empresa é obrigada a manter um certo nível de ociosidade
produtiva em tempos de baixa produção em função da sazonalidade de seus
produtos. Quando isso acontece, é importante que a empresa avalie a situação,
analisando qual é a proporção de capacidade que deve ser mantida mesmo nos
períodos de baixa produtividade, para atender aos períodos de alta produção.

4.1.5 Identificação de fatores anormais

De acordo com Iudícibus apud Zatta et al (2003, p. 4), para fins contábeis, a
ociosidade só pode ser considerada como tal, se for ocasionada por fatores
anormais, como os decorrentes de recessão econômica setorial, greves ou por
outros fatores considerados não recorrentes ou rotineiros.
A identificação dos fatores anormais que ocorrem na empresa é um
procedimento muito importante para calcular a sua ociosidade. Os fatores
decorrentes de recessão econômica, greves ou outros fatores não rotineiros podem
afetar negativamente a produtividade da organização. Por isso, somente se a
ociosidade existente na empresa for causada por este tipo de fator, a mesma pode
37

lançar o custo com esta ociosidade como despesa não-operacional, de acordo com
a CVM, possibilitando assim que ela não agregue um custo desnecessário aos seus
produtos, e que se mantenha competitiva.

4.1.6 Identificação dos custos fixos

De acordo com Perez, Oliveira e Costa (1999, p. 20), os custos fixos são
aqueles que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada.
Como o total dos custos fixos, diretos e indiretos, não se altera em função da
quantidade produzida, os custos relativos à capacidade ociosa devem ser
adequadamente gerenciados e alocados para não alterar o custo unitário da
produção.
Para calcular os custos de ociosidade de uma empresa, é preciso então, em
primeiro lugar, identificar a sua capacidade empresarial, os fatores que ocasionam a
sua redução e a ociosidade existente. Conhecendo os custos fixos da fábrica, e
aplicando-os à ociosidade existente, encontra-se o custo de ociosidade. Por isso a
importância de um bom sistema de custos, que permita identificar e calcular os
custos fixos da empresa.

4.2 MODELOS DE CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE

Uma vez definidas a capacidade instalada (teórica) e a capacidade prática


(capacidade normalmente atingida), pode-se encontrar a ociosidade existente na
fábrica. Aplicando-se então essa ociosidade aos custos fixos, segundo Perez,
Oliveira e Costa (2003, p. 132), pode-se obter o valor monetário da ociosidade.
A partir daí, os autores Leal e Lima ([199?], p. 5) explicam que o custo de
ociosidade pode ser encontrado pela fórmula a seguir evidenciada.

Neste modelo de cálculo, a empresa pode utilizar a capacidade teórica, para a


qual a fábrica foi projetada, ou a capacidade prática, considerando as interrupções
inevitáveis das operações, dependendo do objetivo da empresa.
38

Já os autores Freitas, Almeida e Costa (2008, p. 41) calculam a ociosidade de


uma maneira um pouco diferente. Eles explicam que o ciclo de operação não é
perfeito, pois possui um “lapso de falhas”, que ele calcula através de uma fórmula
denominada de Ineficiência Industrial (I. Ind.):

Os lapsos de falha ocorrem quando uma máquina quebra ou pára de


funcionar por motivos atípicos, ou seja, quando o processo industrial é interrompido
por algum motivo não programado ou determinado. Portanto, segundo os mesmos
autores (2008, p. 41), em função destas paradas não programadas, os custos
ocultos são frutos de perda no processo industrial.
Para ser possível calcular a ociosidade, é necessário ter conhecimento de
alguns dados, e depois aplicá-los na fórmula de cálculo da ociosidade utilizada pelos
autores, entre eles: o volume médio da produção diária (VMPd), o custo médio de
produção unitário (CMPun), o tempo médio trabalhado no período ou safra (TMTsa)
e a ineficiência industrial (I. Ind).
Desta forma, segundo Freitas, Almeida e Costa (2008, p. 41), é possível
calcular a ociosidade através da seguinte fórmula:

Aplicando a fórmula, que multiplica o volume médio de produção diária


(VMPd), o custo médio de produção unitário (CMPun), o tempo médio (em dias)
trabalhado na safra ou períodos (TMTsa) e a ineficiência industrial (I.Ind), segundo
os mesmos autores, é possível encontrar o valor monetário da ociosidade na
indústria. Porém é necessário lembrar que o autor utiliza-se do custo médio unitário,
e não do custo fixo unitário para fins de cálculo.
39

5 CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE EM UMA INDÚSTRIA DE CALÇADOS

5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA

Com o objetivo de evidenciar de forma prática como deve ser procedido o


cálculo do custo de ociosidade, entendeu-se que o adequado seria fazer um estudo
de caso. Nessa parte da pesquisa, o objetivo principal tem a finalidade de testar os
procedimentos e as fórmulas de cálculo para a apuração do custo de ociosidade.
Para fins desse estudo, foi escolhida a empresa Dakota Calçados S/A, indústria do
ramo calçadista. A escolha foi em função da disponibilidade da empresa em fazer
parte desta pesquisa, sendo as informações necessárias para a pesquisa, bem
como, pela facilidade da pesquisadora ter acesso às informações, já que a mesma é
funcionária da referida empresa.
A Dakota Calçados S/A é uma indústria produtora de calçados, localizada na
cidade de Simão Dias, no estado de Sergipe. Faz parte do Grupo Dakota, empresa
tradicional e relevante no ramo calçadista. O Grupo Dakota é voltado para a
produção de calçados femininos, e distribui entre suas empresas e filiais a produção
das diversas marcas que comercializa. A Dakota Calçados S/A, de Simão Dias, é
responsável pela produção da marca Mississipi e suas diversas linhas. A empresa
possui atualmente cerca de 900 funcionários. A estrutura de sua fábrica divide-se em
três setores principais: corte, costura e montagem, de onde o sapato sai pronto para
a comercialização.

5.2 CAPACIDADE PRODUTIVA E OCIOSIDADE

A Dakota Calçados S/A mantém um controle diário de sua capacidade


produtiva e da efetiva produção de calçados. A sua capacidade instalada é
analisada e calculada mensalmente, e leva em conta somente os dias úteis a serem
trabalhados em cada mês. Como a empresa produz diversos modelos e linhas de
calçados, a sua capacidade varia muito, pois um modelo de sapato pode demorar
um tempo x para ser fabricado, enquanto outro modelo pode levar um tempo y. Além
disso, como há muita troca de modelos no processo produtivo, existe ainda a
necessidade de tempo para adaptação dos funcionários ao modelo a ser fabricado.
Ou seja, quando um modelo entra em produção, pode levar certo tempo para ser
40

fabricado, enquanto que, algum tempo depois, o mesmo sapato pode ser produzido
mais rapidamente, em um período inferior de tempo do que quando o modelo entra
em produção.
Para a formação e identificação da capacidade instalada da empresa, a
Dakota Calçados S/A leva em conta, além dos dias úteis produtivos e do tempo de
fabricação dos modelos, a previsão da demanda, através do número de pedidos e
do cenário econômico, o número de funcionários, as máquinas e equipamentos
existentes e necessários, além de outros fatores.

5.2.1 Capacidade produtiva e ociosidade no ano de 2007

A capacidade produtiva instalada da Dakota Calçados no ano de 2007 pode


ser identificada através da tabela 1. Nela encontramos também a quantidade mensal
de pares produzidos, que, se subtraída da capacidade instalada mensal, traz-nos a
ociosidade existente na empresa, em número de pares de sapatos.
Tabela 1 – Capacidade produtiva e ociosidade da Dakota Calçados em 2007
Nº. de Dias Capacidade Capacidade Pares Ociosidade
Mês Funcionários Produtivos Diária Mensal Produzidos (Pares) Percentual
jan/07 488 16 5.000 80.000 29.700 50.300 62,88%
fev/07 472 19 3.500 63.000 39.664 23.336 37,04%
mar/07 499 22 3.500 77.000 76.816 184 0,24%
abr/07 500 19 3.500 66.500 72.372 (5.872) -8,83%
mai/07 483 22 3.900 85.800 84.338 1.462 1,70%
jun/07 463 20 3.900 81.900 75.297 6.603 8,06%
jul/07 510 21 3.600 72.000 63.344 8.656 12,02%
ago/07 793 23 4.500 94.500 82.072 12.428 13,15%
set/07 993 19 9.000 180.000 139.496 40.504 22,50%
out/07 993 25 9.000 198.000 215.922 (17.922) -9,05%
nov/07 987 23 9.000 189.000 196.109 (7.109) -3,76%
dez/07 979 13 9.500 114.000 104.705 9.295 8,15%
TOTAL 2007 242 1.301.700 1.179.835 121.865 9,36%
MÉDIA MÊS 20,17 108.475 98.320 10.155 9,36%

A partir dos dados da tabela 1, pode-se verificar que em grande parte dos
meses a empresa opera com índices de ociosidade. Os meses de janeiro, fevereiro
e setembro são os que tiveram uma maior ociosidade de pares de sapatos, com,
respectivamente, 50.300, 23.336 e 40.504 pares ociosos. E, comparando-se a
ociosidade com a capacidade instalada definida pela empresa, estes são também os
meses com os maiores índices de ociosidade.
41

Os meses de maior ociosidade produtiva na Dakota Calçados S/A no ano de


2007 são os meses de janeiro, fevereiro e setembro. A ociosidade do mês de janeiro
representa 62,88% da capacidade instalada da empresa neste mês. Ou seja, a
empresa estava com uma capacidade para fabricar 80.000 pares de sapatos, e
conseguiu fabricar somente 29.700 pares. No mês de fevereiro, a capacidade
projetada foi um pouco menor, e com isso, a ociosidade diminuiu, mas ainda
representou 37,04% da capacidade estipulada pela empresa. Já no mês de março, o
índice de ociosidade caiu para quase zero. Novamente no mês de setembro, a
fábrica teve um índice alto de ociosidade, que ficou em 22,50% de sua capacidade
instalada.
Pode-se notar também que em três meses do ano (abril, outubro e
novembro), a produtividade foi maior que a capacidade produtiva. Isto se deve ao
fato de, devido à grande demanda, a fábrica ter trabalhado em sábados, superando
a capacidade instalada e prevista de produção. Com isso, a empresa reduziu a sua
média com os custos de ociosidade dos outros meses do ano.
A capacidade instalada da empresa para o ano de 2007 era de 1.301.700
pares de sapatos. Porém a empresa produziu 1.179.835 pares, gerando uma
ociosidade de 121.865 pares de sapatos durante todo o ano, e uma média de 10.155
pares de sapatos ociosos por mês, que correspondeu a 9,36% da capacidade
projetada pela empresa.

5.2.2 Capacidade produtiva e ociosidade no ano de 2008

A capacidade produtiva instalada e a quantidade de pares produzidos pela


Dakota Calçados no ano de 2008 podem ser identificadas através da tabela 2. A
diferença entre estes dados, ou seja, entre a capacidade produtiva e a efetiva
produção de sapatos, leva-nos ao montante de ociosidade existente na empresa.
A partir dos dados da tabela 2, pode-se verificar que em grande parte dos
meses, do ano de 2008, a empresa opera com algum índice de ociosidade. Porém a
quantidade de meses com ociosidade já diminuiu em relação ao ano de 2007, tendo
a empresa em 2008, sete meses com índices de ociosidade, em comparação a ano
de 2007, que teve nove meses com índices de ociosidade.
42

Tabela 2 – Capacidade produtiva e ociosidade da Dakota Calçados em 2008


Nº. de Dias Capacidade Capacidade Pares Ociosidade
Mês Funcionários Produtivos Diária Mensal Produzidos (Pares) Percentual
jan/08 968 13 6.500 104.000 66.773 37.227 35,80%
fev/08 980 18 4.900 88.200 81.518 6.682 7,58%
mar/08 992 22 8.000 160.000 151.092 8.908 5,57%
abr/08 961 25 7.700 154.000 161.941 (7.941) -5,16%
mai/08 954 22 7.000 140.000 144.136 (4.136) -2,95%
jun/08 949 9 7.000 63.000 45.393 17.607 27,95%
jul/08 951 22 6.000 126.000 123.023 2.977 2,36%
ago/08 937 25 9.000 180.000 199.951 (19.951) -11,08%
set/08 909 23 9.300 204.600 208.446 (3.846) -1,88%
out/08 926 26 9.600 220.800 229.065 (8.265) -3,74%
nov/08 906 23 9.300 186.000 185.200 800 0,43%
dez/08 899 17 7.800 117.000 97.285 19.715 16,85%
TOTAL 2008 245 1.743.600 1.693.823 49.777 2,85%
MÉDIA MÊS 20,42 145.300 141.152 4.148 2,85%

Os meses de janeiro, junho e dezembro são os que tiveram uma maior


ociosidade de pares de sapatos, com, respectivamente 37.227, 17.607 e 19.715
pares ociosos. E, aplicando-se o índice de ociosidade em relação à capacidade
instalada da empresa, estes foram também os meses com os maiores índices de
ociosidade.
Pode-se notar que em cinco meses do ano (abril, maio, agosto, setembro e
outubro), a produtividade foi maior que a capacidade produtiva. Nestes meses, pelo
fato de a demanda ser muito grande, pode-se verificar pelo número de dias
produtivos, que a fábrica trabalhou novamente aos sábados, superando a
capacidade instalada e prevista de produção.
Pode-se verificar também que no mês de junho, a capacidade e a
produtividade diminuíram bastante em relação aos outros meses do ano. Isto
aconteceu devido ao fato da produção da empresa apresentar meses de
sazonalidade, ocasionada por uma demanda e produtividade menor em cada início
de coleção. Como a empresa não pode, nestes casos, demitir funcionários e nem se
desfazer de maquinários que precisará depois (nos meses de alta demanda), a
empresa optou por reduzir a sua capacidade produtiva e sua produtividade, dando
férias coletivas aos seus funcionários.
A capacidade instalada da empresa para o ano de 2008 era de 1.743.600
pares de sapatos. Porém a empresa produziu 1.693.823 pares, gerando uma
ociosidade de 49.777 pares de sapatos durante todo o ano, e uma média de 4.148
pares de sapatos ociosos por mês, que representam 2,85% sobre a capacidade
43

estimada pela empresa. Pode-se verificar então, que a ociosidade em 2008 caiu
bastante em relação a 2007, onde a mesma tinha um índice de 9,36%.

5.2.3 Capacidade produtiva e ociosidade no ano de 2009

A ociosidade da Dakota Calçados S/A no ano de 2009 pode ser verificada na


tabela 3. Esta ociosidade dá-se pela diferença entre a capacidade planejada para a
empresa e a real produção alcançada.
Tabela 3 – Capacidade produtiva e ociosidade da Dakota Calçados em 2009
Nº. de Dias Capacidade Capacidade Pares Ociosidade
Mês Funcionários Produtivos Diária Mensal Produzidos (Pares) Percentual
jan/09 899 14 6.500 97.500 73.914 23.586 24,19%
fev/09 905 20 6.800 136.000 107.160 28.840 21,21%
mar/09 898 25 6.800 149.600 157.164 (7.564) -5,06%
abr/09 905 22 7.100 142.000 146.372 (4.372) -3,08%
mai/09 899 18 7.150 143.000 99.775 43.225 30,23%
jun/09 897 18 4.000 80.000 74.281 5.719 7,15%
jul/09 895 20 5.800 133.400 88.617 44.783 33,57%
ago/09 903 23 7.350 154.350 144.735 9.615 6,23%
set/09 920 24 10.200 214.200 218.024 (3.824) -1,79%
out/09 896 25 10.200 214.200 232.489 (18.289) -8,54%
nov/09 897 23 10.000 200.000 207.407 (7.407) -3,70%
dez/09 894 14 10.000 140.000 116.878 23.122 16,52%
TOTAL 2009 246 1.804.250 1.666.816 137.434 7,62%
MÉDIA MÊS 20,50 150.354 138.901 11.453 7,62%

Com base nos dados evidenciados na tabela 3, pode-se verificar que,


novamente, na maioria dos meses de 2009, a empresa opera com índices de
ociosidade. A quantidade de meses com ociosidade em 2009 é a mesma que em
2008, tendo a empresa em 2009, sete meses com índices de ociosidade.
Os meses de fevereiro, maio e julho são os que tiveram uma maior ociosidade
de pares de sapatos, com, respectivamente 28.840, 43.225 e 44.783 pares ociosos.
E também foram estes os meses com os maiores índices de ociosidade em relação
à capacidade, juntamente com o mês de janeiro, que também obteve um índice alto
de ociosidade. No mês de janeiro a empresa teve uma ociosidade de 24,19% em
relação à capacidade instalada da empresa, em fevereiro, 21,21% em maio, 30,23%
e em julho a ociosidade representou 33,57% da capacidade. Pode-se notar que,
novamente a ociosidade está maior que em 2008, que, dos anos analisados, foi o de
menor ociosidade produtiva.
44

Assim como em 2008, em cinco meses do ano de 2009 (março, abril,


setembro, outubro e novembro), a produtividade foi maior que a capacidade
produtiva. Nestes meses, a empresa conseguiu produzir mais do que a capacidade
projetada para a fábrica, pois, novamente, a fábrica precisou trabalhar aos sábados
para superar a demanda.
Nota-se que o mês de junho foi novamente o mês em que foi prevista uma
menor capacidade instalada. Pode-se deduzir que, por ser junho um mês de baixa
demanda, este seja um mês no qual a empresa diminui a sua produção para ajustá-
la à demanda.
A capacidade instalada prevista para a empresa no ano de 2009 era de
1.804.250 pares de sapatos. Porém a empresa produziu 1.666.816 pares, gerando
uma ociosidade de 137.434 pares de sapatos durante todo o ano, uma média de
11.453 pares de sapatos ociosos por mês, e um índice de ociosidade em 2009 de
7,62% em relação à sua capacidade instalada.

5.2.4 Média da capacidade produtiva nos anos de 2007, 2008 e 2009

Através dos dados das tabelas 1, 2 e 3, pode-se verificar que a capacidade


instalada da empresa foi aumentando no decorrer dos três anos. Pode-se notar
também que nos três anos, há meses de baixa produtividade, entre eles os meses
de janeiro e junho. Estes meses de baixa produtividade ocorrem em função de certa
sazonalidade existente na empresa. Pois neles ocorre o desenvolvimento das novas
coleções e a finalização dos pedidos da coleção que estava sendo produzida.
Porém, para estes meses, a empresa planejou também uma capacidade
produtiva um pouco menor, mas que ainda assim ocasionou em ociosidade. Isto
aconteceu, devido ao fato de, para garantir capacidade suficiente para a demanda
dos outros meses do ano, a empresa não poder diminuir muito a sua capacidade
produtiva nestes meses de baixa produtividade.
Através da tabela 4, pode-se observar que a Dakota Calçados S/A teve em
2007 uma ociosidade de 121.865 pares de sapatos, que representou 9,36 % da
capacidade produtiva da mesma neste ano. Mas apesar disso, no ano de 2008,
aumentou bastante a sua capacidade produtiva, e conseguiu também, aumentar a
sua produtividade, resultando em uma ociosidade de 49.777 pares de sapatos, e um
índice de ociosidade de 2,85%, ou seja, muito menor que no ano de 2007. Já no ano
45

de 2009, a empresa teve novamente uma ociosidade maior, no total de 137.434


pares de sapatos ociosos, ou seja, 7,62% da sua capacidade. Isto porque a empresa
aumentou um pouco a sua capacidade produtiva em 2009, mas não conseguiu
aumentar na mesma proporção a sua produtividade em relação ao ano de 2008,
ocasionando uma maior ociosidade.
Tabela 4 – Capacidade produtiva e ociosidade da Dakota Calçados 2007-2009
Dias Capacidade Pares Ociosidade Percentual
Ano Produtivos Instalada Produzidos (Pares)
2007 242 1.301.700 1.179.835 121.865 9,36%
2008 245 1.743.600 1.693.823 49.777 2,85%
2009 246 1.804.250 1.666.816 137.434 7,62%
TOTAL 3 ANOS 733 4.849.550 4.540.474 309.076 6,37%
MÉDIA MÊS 20,36 134.710 126.124 8.585 6,37%
MÉDIA ANO 244,33 1.616.517 1.513.491 103.025 6,37%

Analisando a média dos três anos, 2007, 2008 e 2009, através dos dados da
tabela 4, pode-se notar que a empresa teve uma capacidade produtiva instalada
anual de 1.616.517 pares de sapatos. Porém a sua efetiva produção atingiu a média
de 1.513.491 pares de sapatos por ano. A diferença entre a capacidade e a real
produção da empresa resultou em uma ociosidade média de 103.025 pares de
sapatos por ano e um índice de ociosidade médio de 6,37% nos três anos
analisados.
Apesar de a Dakota Calçados S/A já analisar e ajustar a sua capacidade
produtiva em relação à previsão de pedidos e de produção, para tentar diminuir os
índices de ociosidade, a empresa poderia avaliar ainda melhor a capacidade
produtiva necessária, e tentar reduzi-la ao máximo nos meses em que a
produtividade é baixa. Além disso, seria interessante que a empresa efetuasse um
controle em sua unidade produtiva, com o intuito de descobrir quais os motivos que
podem estar ajudando a causar ociosidade, e, se possível, traçar estratégias para
diminuí-los.

5.3 FATORES CAUSADORES DA OCIOSIDADE

Diversos fatores podem causar a ociosidade nas empresas. Desde o próprio


mercado em que a empresa está inserida, o qual pode variar, até os fatores internos,
ou seja, acontecimentos na própria empresa. Através dos dados obtidos da Dakota
Calçados S/A, da produção ocorrida nos três principais setores da fábrica, nos anos
46

de 2007, 2008 e 2009, é possível analisar dois fatores: a existência ou não de


gargalos e de sazonalidade.

5.3.1 Existência de gargalos

A Dakota Calçados S/A possui três principais setores produtivos: a produção


do calçado começa no setor de corte, passa pelo setor de costura e termina na
montagem, de onde o sapato sai pronto. Pode-se ter uma idéia melhor dos setores e
de sua produção desde 2007 até 2009 através da tabela 5.
Tabela 5 – Produção realizada por setores na Dakota Calçados 2007-2009
Produção 2007 (pares) Produção 2008 (pares) Produção 2009 (pares)
Mês Corte Costura Montagem Corte Costura Montagem Corte Costura Montagem
Jan 28.386 30.243 29.700 45.945 57.647 66.773 69.033 76.461 73.914
Fev 47.739 45.943 39.664 100.433 87.396 81.518 123.318 111.879 107.160
Mar 74.489 73.036 76.816 147.621 146.684 151.092 167.008 159.091 157.164
Abr 73.812 72.840 72.372 163.204 168.754 161.941 156.319 156.268 146.372
Mai 83.642 84.818 84.338 144.178 140.995 144.136 64.607 81.398 99.775
Jun 74.609 76.913 75.297 32.055 42.303 45.393 78.152 77.091 74.281
Jul 57.489 61.929 63.344 146.279 137.504 123.023 89.062 90.195 88.617
Ago 108.798 91.154 82.072 191.179 196.687 199.951 156.086 149.623 144.735
Set 152.163 146.080 139.496 205.467 205.137 208.446 242.296 235.603 218.024
Out 214.629 214.665 215.922 229.128 224.928 229.065 216.585 218.674 232.489
Nov 187.904 192.341 196.109 175.156 180.676 185.200 200.141 199.031 207.407
Dez 97.204 101.684 104.705 99.955 97.087 97.285 104.875 114.340 116.878
Total 1.200.864 1.191.646 1.179.835 1.680.600 1.685.798 1.693.823 1.667.482 1.669.654 1.666.816

Para identificar possíveis gargalos existentes na fábrica, o correto é que isto


seja feito pela capacidade produtiva dos diversos setores da fábrica. Porém, como a
empresa estudada não possui os dados da capacidade produtiva por setor, mas
possui os dados de sua efetiva produtividade, pode-se verificar através destes se a
empresa teve algum setor possível causador de um gargalo no processo produtivo.
Verificando os dados apresentados na tabela 5, nota-se que em alguns
meses, nos três anos analisados, a empresa possui setores causadores de gargalos.
No ano de 2007, o setor de corte produziu um total de 1.200.864 pares de
sapatos, a costura não atingiu esta mesma capacidade, tendo produzido 1.191.646
pares e o setor da montagem também não atingiu a produção da costura,
produzindo 1.179.835 pares de sapatos. Então, neste caso, o setor da costura
tornou-se gargalo, e o setor da montagem também. Num total, desde o corte até a
47

montagem, deixaram de ser produzidos, em 2007, 21.029 pares de sapatos,


começados pelo setor de corte.
Já no ano de 2008, o total de sapatos produzidos pelo setor de corte, que foi
de 1.680.600 pares, foi atingido pelo setor da costura, que produziu 1.685.798 pares,
que por sua vez, também teve a sua produção atingida pelo setor de montagem, que
terminou 1.693.823 pares de sapatos. Pode-se notar que, o fato de costura e
montagem terem produzido mais pares de sapatos do que o setor de corte,
provavelmente deve-se ao fato de terem produzido pares a menos do que o corte no
ano de 2007, tendo que terminar esta produção em 2008. Neste caso, como cada
setor atingiu a produção necessária, pode-se dizer que não ocorreram gargalos. Ou,
analisando de outra forma, os gargalos, no ano de 2008 foram os setores de corte,
que não produziu a mesma quantidade que a costura, e de costura, que não
produziu a mesma quantidade que a montagem. Porém, como era necessário
terminar a produção começada em 2007, pode-se dizer que estes gargalos não
causaram ociosidade.
No ano de 2009, o setor de corte conseguiu finalizar a produção de 1.667.482
pares de sapatos, o setor de costura finalizou 1.669.654 pares e o setor de
montagem, somente 1.666.816 pares de sapatos. Neste ano, então, os gargalos
foram os setores de corte e de montagem, que produziram menos que a costura.
Deixaram então de ser produzidos, desde a costura, que foi o setor que mais
produziu, até a montagem, 2.838 pares, uma ociosidade já muito menor do que no
ano de 2007, em que foram deixados de produzir 21.029 pares de sapatos.

5.3.2 Existência de sazonalidade

A Dakota Calçados S/A é uma empresa produtora de calçados femininos. Ela


lança duas coleções por ano: a coleção outono/inverno e a coleção primavera/verão.
Como a empresa trabalha com a produção baseada em pedidos, e não em série, no
lançamento de cada coleção, é necessário que a empresa aguarde a entrada de
pedidos e adapte o seu ciclo produtivo aos novos produtos para começar
efetivamente a produzir. Isto ocasiona sazonalidade à organização. No começo de
cada coleção, a produtividade é menor, aumentando ao passar dos meses.
Os meses de baixa demanda e produtividade, exigem que a empresa adapte
a sua capacidade produtiva para que não ocorra ociosidade. Porém nem sempre é
48

possível reduzir a ociosidade a índices zero, pois a empresa não pode, por exemplo,
demitir funcionários, dos quais precisará quando a produtividade voltar ao normal, e
se desfazer de certas máquinas e equipamentos que precisará depois. Desta
maneira, uma saída, entre outras, que a empresa encontrou para diminuir a sua
capacidade nos meses de baixa produção, resultando na menor ociosidade possível,
foi a de dar férias ou banco de horas para os funcionários da fábrica, como o
ocorrido no mês de junho de 2008.

5.4 CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE

Para calcular o custo de ociosidade na Dakota Calçados S/A, será utilizado o


modelo de cálculo proposto pelos autores Leal e Lima ([199?], p. 5). Este modelo
calcula o custo unitário de ociosidade através da aplicação dos custos fixos à
ociosidade encontrada na empresa. Optou-se por este método, em função de
entender que ele expressa de forma mais simples e prática o cálculo do custo de
ociosidade, além de ser o mais adequado para o objetivo do estudo. O modelo
utilizado pode ser visualizado pela fórmula a seguir evidenciada.

Esta fórmula calcula, em primeiro ligar, quanto a ociosidade representa em


relação à capacidade, e logo depois, calcula o valor do custo fixo por unidade
produzida. Multiplicando estes dois fatores, encontra-se o custo de ociosidade
existente na empresa.
Os dados necessários para a utilização da fórmula proposta, incluindo os
custos fixos, da Dakota Calçados S/A no período de 2007 até 2009 podem ser
encontrados na tabela 6.
Tabela 6 – Custos fixos da Dakota Calçados 2007-2009
Capacidade Pares Ociosidade Custos
Ano Instalada Produzidos (Pares) Percentual Fixos
2007 1.301.700 1.179.835 121.865 9,36% 866.030,64
2008 1.743.600 1.693.823 49.777 2,85% 1.055.050,25
2009 1.804.250 1.666.816 137.434 7,62% 1.257.769,08
TOTAL 4.849.550 4.540.474 309.076 6,37% 3.178.849,97
49

Em função da grande variação da produtividade e da capacidade da empresa


analisada, optou-se por calcular a ociosidade da mesma pelo total de cada ano, não
se utilizando de médias.
Aplicando-se os valores da tabela 6, na fórmula escolhida para o cálculo,
obtêm-se os resultados a seguir evidenciados.

121.865 866.030,64
Custo da Ociosidade 2007 = x = 0,0687 x 1.179.835 = 81.054,66
1.301.700 1.179.835

49.777 1.055.050,25
Custo da Ociosidade 2008 = x = 0,0178 x 1.693.823 = 30.150,05
1.743.600 1.693.823

137.434 1.257.769,08
Custo da Ociosidade 2007 = x = 0,0575 x 1.666.816 = 95.841,92
1.804.250 1.666.816

Com base nos dados apresentados pela Dakota Calçados S/A e aplicando a
formula de cálculo do custo de ociosidade, pode-se identificar os custos que a
empresa tem com a ociosidade. O custo resultante da fórmula é o custo unitário de
ociosidade, que, se multiplicado à quantidade produzida, resulta no custo total de
ociosidade.
O custo total de ociosidade da Dakota Calçados S/A no ano de 2007 foi de R$
81.054,66 e o custo unitário foi de R$ 0,0687, o que significa que o custo final de
cada unidade produzida possui R$ 0,0687 de custo de ociosidade. No ano de 2008,
este custo diminui bastante, passando a representar um total de R$ 30.150,05 e um
custo unitário de ociosidade de R$ 0,0178, e no ano de 2009, ele aumenta
novamente, chegando a R$ 95.841,92 e R$ 0,0575 unitário. Nota-se que em 2007 o
percentual de ociosidade na empresa era maior do que no ano de 2009. Porém os
custos com a ociosidade da empresa foram maiores no ano de 2009. Isto se deve ao
fato de que a capacidade da empresa ter aumentado a cada ano, aumentando
também seus custos fixos, ocasionando um maior custo de ociosidade.
Para obter-se uma melhor visualização da representatividade dos custos de
ociosidade na empresa analisada, pode-se compará-los com o faturamento líquido
da organização.
Através dos dados da tabela 7, pode-se verificar que os custos com a
ociosidade, existentes na Dakota Calçados S/A, representam um percentual baixo
em relação ao seu faturamento líquido.
50

Tabela 7 – Receita Operacional Líquida da Dakota Calçados 2007-2009


Receita Operacional Custo da
Ano Líquida (ROL) Ociosidade Percentual
2007 19.704.878,87 81.054,66 0,41%
2008 31.529.660,56 30.150,05 0,10%
2009 31.059.668,24 95.841,92 0,31%

No ano de 2007, os custos de ociosidade da Dakota Calçados S/A


representaram 0,41% do faturamento líquido da empresa e no ano de 2008, este
percentual diminuiu ainda mais, representando apenas 0,10% de seu faturamento.
Já no ano de 2009, este percentual subiu novamente, chegando a 0,31%, porém
não atingindo o percentual de 2007, que foi o maior dos três anos analisados.
Analisando os dados apresentados na tabela 7, assim como nos demais dados
apresentados e analisados anteriormente, nota-se que o ano de 2008 foi o ano com
os menores índices de ociosidade.
Porém, pode-se notar através das análises e dos cálculos feitos, que mesmo
a Dakota Calçados S/A tendo percentuais baixos de ociosidade, estes resultaram em
um custo considerável para a empresa. Por isso, é muito importante que as
empresas saibam qual é o custo de ociosidade que elas têm, bem como, o ele
representa, para que elas possam identificar as causas e tomar as devidas medidas
para reduzi-lo ou eliminá-lo do custo do produto, ou, em casos extremos,
contabilmente aceitos, contabilizá-lo como despesa do período, e não como custo do
produto.
É de conhecimento de todos que o custo da ociosidade não agrega nenhum
valor ao produto, e acaba por fazer que o produto tenha um custo maior que o
devido. Porém, a grande maioria das empresas não calcula este custo resultante da
ociosidade, incorporando-o, sem saber, ao custo e ao preço dos produtos vendidos.
As empresas se preocupam em calcular o custo dos produtos, porém poucas são as
que se preocupam em identificar qual é a parcela de seus custos que provém do
custo da ociosidade.
Atitudes assim podem levar as empresas a perder mercado e até mesmo ir à
falência, sem saber que o motivo do problema está no custo de ociosidade, e que
este custo pode ser diminuído ou até eliminado do produto, uma vez que a empresa
identifica a sua existência e a sua causa.
51

6 CONCLUSÃO

Um bom controle de custos é essencial para a sobrevivência das empresas,


em função de garantir a elas competitividade e servir ainda como uma importante
ferramenta de auxílio nas tomadas de decisão gerenciais. Porém, para que as
empresas calculem corretamente o custo e o preço de seus produtos, sem alocar a
eles valores indevidos, devem prestar atenção aos custos ocultos, existentes no
cálculo de seu custo final. Entre estes custos ocultos encontra-se o custo de
ociosidade, tema desta pesquisa.
A identificação e o cálculo do custo de ociosidade nas empresas são de suma
importância, apesar de a maioria das empresas não o fazerem. É muito importante
que as empresas saibam o valor da ociosidade existente em seu processo produtivo
e o que o mesmo representa para elas, para que possam identificar as suas causas
e tomar as medidas necessárias para reluzi-lo ou eliminá-lo do custo do produto.
Durante a elaboração da pesquisa, foi possível verificar diversos aspectos
importantes para a identificação, o cálculo e a contabilização dos custos
relacionados com a ociosidade. E a identificação destes aspectos possibilitou
desenvolver os procedimentos necessários para efetuar o cálculo do custo de
ociosidade. Estes procedimentos demonstraram como identificar a ociosidade,
existente na grande maioria das empresas, através da sua capacidade produtiva, e
como calcular o custo com a ociosidade, através de um modelo de cálculo, além de
apontar os diversos fatores que podem causar ociosidade em um ambiente
produtivo.
Com base no estudo de caso realizado, junto a Dakota Calçados S/A,
empresa produtora de calçados, localizada no estado de Sergipe, no nordeste
brasileiro, foi possível identificar e avaliar alguns aspectos muitos importantes,
permitindo gerar algumas conclusões interessantes. A avaliação realizada teve como
primeiro passo, identificar a capacidade produtiva da empresa e a sua real produção
de calçados, para chegar aos índices de ociosidade da empresa. E através da
fórmula de cálculo proposta, chegou-se ao valor do custo de ociosidade existente na
mesma. Além disso, procurou-se verificar também alguns fatores que podem ter
ocasionado tal ociosidade, como os gargalos e a sazonalidade existentes.
A Dakota Calçados S/A projeta a sua produção de calçados em função dos
pedidos feitos, ao contrário de outras empresas que produzem em série. Além disso,
52

ela produz diversos modelos e linhas de calçados, que levam períodos de tempo
diferentes para ficarem prontos. Em consequência disso, a sua capacidade produtiva
é calculada e analisada mensalmente, e pode variar muito. Para adaptar a
capacidade à demanda, a empresa utiliza-se de diversos fatores, como: os dias úteis
produtivos, o tempo de fabricação dos calçados, a previsão da demanda, o número
de funcionários, as máquinas e equipamentos necessários, entre outros.
Mas, mesmo projetando a capacidade instalada para o mais próximo possível
da realidade produtiva da empresa, verificou-se que a Dakota Calçados S/A teve,
nos três anos analisados, índices de ociosidade, que impactaram no custo final de
seus produtos. No ano de 2007, a empresa teve uma ociosidade de 9,36% sobre a
sua capacidade produtiva. Já no ano de 2008, mesmo aumentando a sua
capacidade, ela conseguiu aumentar também a sua produtividade, resultando em
um índice de ociosidade bem menor, de 2,85%. Porém, no ano de 2009, a empresa
teve novamente um índice maior de ociosidade, chegando a 7,62% de sua
capacidade, pois a empresa aumentou novamente a sua capacidade produtiva, mas
não conseguiu aumentar na mesma proporção a sua produtividade.
A ociosidade da empresa, em geral, foi maior nos meses de início de coleção,
entre janeiro e fevereiro, junho e julho, quando a produtividade é menor. E quando,
nestes meses, a ociosidade não foi muito alta, isto ocorreu em função de a empresa
ter conseguido adaptar melhor a sua capacidade produtiva em relação à demanda.
Porém, a empresa apresentou também meses em que a produção superou a
capacidade produtiva. Isto ocorreu por que, devido à grande demanda, a empresa
necessitou aumentar a produtividade, trabalhando aos sábados e superando a
capacidade instalada e prevista de produção.
Analisou-se ainda, os possíveis fatores que podem ter causado ociosidade na
Dakota Calçados S/A, tais como gargalos no processo produtivo e sazonalidade.
Através dos dados obtidos da produção ocorrida nos três principais setores da
fábrica, que são o corte, a costura e a montagem, foi possível notar que em alguns
meses, nos três anos analisados, a empresa teve setores considerados como
gargalos, por terem uma produção menor do que o setor anterior ou posterior. No
ano de 2007, o setor da costura foi um gargalo, por não acompanhar a produtividade
do setor de corte, e a montagem também tornou-se um gargalo por não ter atingido
a produção da costura. Já no ano de 2008, cada setor atingiu a produção
necessária, feita pelo setor anterior, podendo-se dizer então, que não houve
53

gargalos. Nota-se que o ano de 2008 foi o de menor ociosidade dos três anos
analisados, o que justifica a não existência de gargalos. Já no ano de 2009, a
empresa teve como gargalos, os setores de corte e montagem, que não atingiram a
produtividade do setor intermediário, a costura. Esta existência de gargalos pode ter
afetado negativamente a produtividade da empresa, causando ociosidade.
Em relação à sazonalidade, foi possível observar que a Dakota Calçados S/A
possui a característica de ter sazonalidade em seu processo produtivo. Como a
empresa produz calçados femininos, ela tem duas coleções por ano: a coleção
outono-inverno e a coleção primavera-verão. E a produtividade da empresa varia
bastante do começo ao final de cada coleção, pois no lançamento da coleção, é
necessário que a empresa aguarde a entrada de pedidos e ajuste o seu ciclo
produtivo aos novos produtos para começar efetivamente a produzir, e já passados
um ou dois meses do lançamento da coleção, a produtividade da empresa aumenta
bastante. E este processo ocorre, sucessivamente, no decorrer dos anos.
Concluiu-se que a Dakota Calçados S/A tem índices baixos de ociosidade.
Porém, mesmo sendo baixos, estes índices representaram valores consideráveis de
custos de ociosidade (ineficiência) que a empresa vem incorporando nos custos de
seus produtos. Esse fato acaba por elevar o custo de produção e,
consequentemente, o preço de venda, que por sua vez, pode reduzir a
competitividade dos produtos junto ao mercado, causando como efeito um aumento
dos custos de ociosidade. O grande problema dessa situação, é que isso pode se
converter em um ciclo vicioso, podendo fazer com que o produto se torne não
competitivo e a empresa tenha que abandonar sua produção, sob pena de arcar
com prejuízos.
Apesar de a empresa analisada produzir diversos modelos de calçados, o que
dificultou um pouco a comparação dos índices de ociosidade, este fato não
prejudicou as análises feitas. Porém, para se ter um índice mais correto, seria
necessário ponderar as quantidades de cada modelo nos diversos meses
considerados.
Portanto, em consequência do desenvolvimento deste trabalho, conclui-se
que o mesmo atingiu os objetivos propostos, demonstrando os procedimentos a
serem utilizados para efetuar o cálculo do custo de ociosidade nas indústrias, além
de destacar a importância do tema custo de ociosidade.
54

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