Custo de Ociosidade (Sheila)
Custo de Ociosidade (Sheila)
Custo de Ociosidade (Sheila)
Caxias do Sul
2010
APROVAÇÃO
SCHEILA ROLOFF
Banca examinadora:
--------------------------------------------------
Presidente/orientador Prof. Dr. Roberto Biasio - UCS
---------------------------------------------------
Examinadores - UCS
----------------------------------------------------
– UCS
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................11
1.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ...................................................................................11
1.2 QUESTÃO DE PESQUISA ......................................................................................12
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................13
1.3.1 Objetivo geral ..................................................................................................13
1.3.2 Objetivos específicos ......................................................................................13
1.4 METODOLOGIA ...................................................................................................13
1.5 ESTRUTURA DO ESTUDO .....................................................................................14
2 CAPACIDADE PRODUTIVA...........................................................................15
2.1 BASE TEÓRICA ...................................................................................................15
2.1.1 Conceitos.........................................................................................................15
2.1.2 Capacidade teórica e capacidade efetiva .......................................................16
2.2 PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE .........................................................................16
2.2.1 Importância do planejamento da capacidade .................................................17
2.2.2 Gargalos ..........................................................................................................18
2.2.3 Identificação da capacidade empresarial........................................................19
3 CUSTO DE OCIOSIDADE...............................................................................21
3.1 BASE TEÓRICA ...................................................................................................21
3.1.1 Conceitos.........................................................................................................21
3.1.2 A ociosidade e os custos ocultos ....................................................................22
3.2 CÁLCULO DO CUSTO DE OCIOSIDADE ...................................................................24
3.2.1 Como calcular a ociosidade ............................................................................24
3.2.2 A importância da identificação do custo de ociosidade nas indústrias...........25
3.3 TRATAMENTO CONTÁBIL DOS CUSTOS DE OCIOSIDADE ..........................................26
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................51
1 INTRODUÇÃO
1.3 OBJETIVOS
1.4 METODOLOGIA
assunto investigado. Gil (1991, p. 121) lembra que o estudo de caso caracteriza-se
por grande flexibilidade, sendo impossível estabelecer um roteiro rígido que
determine com precisão como deverá ser desenvolvida a pesquisa. A coleta de
dados para o estudo de caso, segundo Yin (2001, p. 105), pode se basear em fontes
de evidências, como: documentação, registro em arquivos, entrevistas, observação
direta, observação participante e artefatos físicos.
A partir das citações dos autores, compreende-se que os métodos escolhidos
como metodologia de pesquisa são os mais adequados para o tipo de estudo
proposto.
2 CAPACIDADE PRODUTIVA
2.1.1 Conceitos
O uso mais comum do termo capacidade, como cita Slack et al (1997, p. 346),
é no sentido estático, físico do volume de um recipiente ou do espaço em um
edifício. E este significado da palavra às vezes também é usado por gerentes de
produção. Ainda neste sentido, os autores Horngren, Datar e Foster (2006, p. 281)
também definem capacidade como “restrição, um limite superior”.
Já a capacidade produtiva de uma unidade de operações é definida por
Corrêa e Corrêa (2005, p. 288) como sendo “o volume máximo de potencial de
atividade de agregação de valor que pode ser atingido por uma unidade produtiva
sob condições normais de operação”. De acordo com os mesmos autores (2005, p.
288), a capacidade deve ser vista como um potencial, um volume máximo possível
de ser atingido, e não deve ser confundida com os níveis de saída que a operação
está produzindo em certo momento do tempo.
Pode-se ainda citar o entendimento de Slack et al (1997, p. 346), que diz que
a “capacidade de uma operação é o máximo nível de atividade de valor adicionado
em determinado período de tempo, que o processo pode realizar sob condições
normais de operação”.
Moreira apud Santos e Andere (2000, p. 4) reforça que “capacidade é a
quantidade máxima de produtos e serviços que podem ser produzidos numa
unidade produtiva, num dado intervalo de tempo”.
16
2.2.2 Gargalos
3 CUSTO DE OCIOSIDADE
3.1.1 Conceitos
determinado período e que não está sendo utilizado pela mesma, independente do
motivo”.
O trabalho que não agrega valor, conforme Zatta et al (2003, p. 10), engloba as
atividades que não aumentam o valor dos produtos, porém fornecem suporte para o
trabalho efetivo. Entre estas, encontram-se atividades como preparação ou
manutenção de máquinas. De acordo com os autores, as perdas propriamente ditas,
além de não agregarem valor, também não são necessárias ao trabalho efetivo.
Nesta classe, destacam-se a produção de itens defeituosos, a movimentação
desnecessária e a capacidade ociosa, entre outros.
Os custos ocultos são perdas difíceis de serem identificadas. É o que dizem
os autores Gama, Souza e Sato (2009, p. 1). Segundo eles, é importante averiguar a
relevância e a influência destes custos no patrimônio e na rentabilidade das
empresas.
Em sua literatura, Gama, Souza e Sato (2009, p. 3) explicam que os custos,
além de diretos e indiretos, fixos e variáveis, podem ser classificados, de acordo com
a sua natureza em tangíveis e intangíveis.
De acordo com Golveia apud Gama, Souza e Sato (2009, p. 3), “custos
tangíveis são despesas bem conhecidas e que podem ser estimadas de um modo
bastante preciso”. Já os custos intangíveis, ou implícitos, ou ocultos podem ser
considerados, segundo Freitas e Filho apud Gama, Souza e Sato (2009, p. 3), como
qualquer custo que não seja aparente na contabilidade padrão, ou que não esteja
aparente, mas que seja importante para o processo de produção ou ainda como
“perdas que não podem ser calculadas com precisão”.
Para Femenick apud Gama, Souza e Sato (2009, p. 3):
Os ‘custos invisíveis’ são custos que estão nas organizações, mas não são
mensurados, não são medidos pelos sistemas tradicionais de custeio.
Alguns deles têm origem externa, fora da empresa, enquanto outros nascem
e se desenvolvem dentro dela [...] os custos ocultos são evidenciados pelo
resultado de uma equação que contrapõe o resultado do desempenho ideal
com o resultado do desempenho real da empresa (‘Custo Oculto =
Desempenho Real – Desempenho Ideal’, ou então ‘Desempenho Ideal –
Desempenho Real = Custo Oculto’). Eles não representam prejuízos ou um
gasto, mas sim uma perda na receita. Por não poderem ser explicitados nos
23
De acordo com Zatta et al (2003, p. 12), muitos custos são afetados pelo
equilíbrio entre capacidade e demanda. Quando a capacidade de produção estiver
abaixo da capacidade para a qual a fábrica foi projetada para produzir, os custos
fixos existentes são transformados em custos de ociosidade. Ou seja, a diferença
entre a capacidade adquirida e a execução efetiva da capacidade gera um custo de
ociosidade.
Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 130) entendem que a recessão
econômica é uma das causas que acaba provocando a capacidade ociosa da
produção. Eles explicam que uma fábrica é projetada para determinada capacidade
de produção, conhecida como capacidade nominal ou capacidade instalada.
Contudo, esta capacidade nominal, na maioria das vezes só é atingida em
condições econômicas extremamente favoráveis para a empresa.
Consequentemente a produção normal é quase sempre inferior à capacidade
nominal. Diferente de Zatta et al (2003, p. 12), os autores Perez Jr., Oliveira e Costa
(2003, p. 130) dizem que esta diferença entre as duas capacidades é o que se pode
entender como uma reserva de serviços e instalações fabris para atender aos
períodos favoráveis da economia, e não como capacidade ociosa. Já em situações
de capacidade ociosa, segundo Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 130), “o volume
de produção é menor do que o normalmente atingido, porque não há mercado para
a colocação dos bens”.
“Uma forma, possivelmente a mais prática, de apurar o montante
correspondente aos custos fixos ociosos é a de estabelecer, em primeiro lugar, o
volume de produção considerado como normal” (PEREZ JR., OLIVEIRA E COSTA
2003, p. 132). Este, de acordo com Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 132), pode
ser determinado pela produção média de três ou mais anos. Uma vez estabelecido o
volume de produção normal, a ociosidade é a diferença em relação ao volume
realmente produzido. Aplicando-se então o percentual correspondente a essa
diferença aos custos fixos, pode-se obter o valor da ociosidade. Nestas
circunstâncias, os autores entendem que estes custos representam na verdade,
prejuízos dos períodos em que são incorridos.
25
adequado entre capacidade instalada e demanda pode gerar altos lucros e clientes
satisfeitos, enquanto que o desequilíbrio pode ser potencialmente desastroso.
A utilização parcial da capacidade produtiva, de acordo com Leal e Lima
([199?], p. 5), irá revelar ociosidade na organização. Segundo os mesmos autores, a
ociosidade pode ser interessante no sentido de proporcionar crescimento de
produção sem a necessidade de novas instalações para alguns tipos de indústrias
que precisam ter capacidade ociosa em função da característica sazonal de sua
produção. Porém é importante identificar a ociosidade existente na organização, pois
este custo, quando agregado indevidamente ao custo dos produtos, pode fazer com
que, conforme Santos, Soares e Queiroz (2006, p. 1), a empresa perca
competitividade.
Quando uma empresa inicia suas atividades, ela arca com uma ociosidade
parcial, e, de acordo com Santos e Andere (2000, p. 6), os seus custos poderão ser
tratados como parte das despesas pré-operacionais do empreendimento. No
entanto, a capacidade ociosa, que, por ventura ocorrer em outros períodos, deverá
ser analisada com mais cautela.
Pelo conceito do custeio por absorção, segundo os mesmos autores (2000, p.
6), o custo fixo do produto não feito deverá ser agregado ao produto feito, ou seja, o
custo de ociosidade deverá ser agregado ao produto final. Porém quando este custo
da ociosidade, ao ser rateado, acrescer demasiadamente o valor do produto,
podemos considerá-lo como perda do período.
Os autores Santos e Andere (2000, p. 7) propõem que se a ociosidade for
ocasionada por um departamento, uma atividade ou qualquer outro custo específico
e possível de identificação visível, deverá ser descarregada como perda do
exercício. Segundo a IOB (2000, p. 8) apud Santos e Andere (2000, p. 7), pode-se
dizer que os custos fixos relativos às fábricas, plantas, departamentos, setores,
centro de custos de produção ou de serviços que estejam inativos não devem ser
custeados aos produtos. Isto porque não faz sentido atribuir a um produto o custo de
um setor que este produto não se utilize.
Como na maioria dos casos, os custos ociosos se dão pela diminuição da
utilização de certos departamentos ou setores de produção de serviços, entre outros
27
Custos Ind.
Matéria Prima Mão de Obra Direta Fabric.
100 100 100 100 20 20
Os autores Leal e Lima ([199?], p. 7) explicam que, nos dois casos, o estoque
de produtos prontos resultante será igual, no entanto, compostos de maneira
diferente: o custeio com base na capacidade irá alocar a ociosidade de acordo com
as proporções estabelecidas no rateio dos custos indiretos de fabricação no estoque
de produtos em processo.
Segundo Leal e Lima ([199?], p. 8), o custeio por absorção, exigido pela
fiscalização, aloca custos indiretos de fabricação aos produtos, incorrendo em
subjetividade, fazendo com que a informação sobre o custo fixo unitário fique
prejudicada. Já o custeio com base na capacidade consegue evidenciar valores
objetivos e sensíveis às oscilações da produção.
De acordo com Iudícibus apud Zatta et al (2003, p. 4), é muito importante
identificar e quantificar a ociosidade em uma empresa, como auxílio no processo de
29
Como ociosidade anormal, a CVM considera que seja o fator não rotineiro ou
não decorrente e que pode acontecer em função de greve, recessão econômica
acentuada no setor de atuação da companhia ou outra razão econômica
extemporânea, seja ela interna ou externa.
Pode-se considerar como custos de capacidade instalada, segundo a CVM,
todos os de natureza fixa, como depreciação, aluguéis etc, inclusive os de
supervisão incluídos nos gastos indiretos de fabricação.
A eventual inclusão dos custos fixos ociosos aos estoques, quando
constatado que estes foram gerados por fatores anormais, segundo Perez, Oliveira e
Costa (1999, p. 133), pode ser inadequada, pois:
a) Os estoques finais passam a conter parcela de prejuízo pertencente ao
exercício, aumentando o mesmo;
b) A margem bruta de cada produto é alterada, em confronto com a margem
normalmente esperada pelo setor de atividades da empresa e em
comparação com os exercícios anteriores;
c) A lucratividade futura estará reduzida ou prejudicada de alguma forma;
30
Quantidade
Capacidade Instalada
Produção anual
Produção mensal
( - ) Produção real
Produção anual
Produção mensal
= Ociosidade
Ociosidade anual
Ociosidade mensal
Quantidade
Capacidade Prática
Produção anual
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Total em 3 anos
Média de 3 anos
Produção mensal
( - ) Produção real
Produção anual
Produção mensal
= Ociosidade
Ociosidade anual
Ociosidade mensal
A ociosidade pode ser ocasionada por fatores anormais, mas também pode
ocorrer em função de fatores rotineiros em uma fábrica. Para controle gerencial,
além da identificação da capacidade empresarial, é de grande importância que a
empresa saiba reconhecer estes fatores, também considerados como custos
ocultos. Estes custos ocultos acabam transformando-se em custos de ociosidade,
pois ocasionam a redução da capacidade produtiva da empresa. É importante que a
empresa tenha um controle dos mesmos, para identificar os seus valores e analisar
se eles estão ou não ocorrendo dentro dos padrões normais da fábrica.
Entre os custos considerados como ocultos, que devem ser analisados e
controlados para identificar as causas de ociosidade em uma indústria, estão: os
custos com set-up, o absenteísmo, os acidentes de trabalho, os estoques mal
administrados e a obsolescência.
Os custos com o set-up, explicam Gama, Souza e Sato (2009, p. 4), são
relacionados com o mau uso do tempo de preparação do processo produtivo.
Quando não bem preparado, o processo produtivo pode ocasionar em desperdício
de tempo, que poderia ser utilizado para a produção.
Se a empresa perceber um aumento anormal do tempo para a troca dos
processos produtivos, deve analisar e otimizar os mesmos, fazendo com que o
tempo necessário para troca de equipamentos, ferramentas e programas, na
mudança de um processo em execução para um novo processo, seja diminuído,
para não haver tempo ocioso. Segundo Slack et al (1997, p. 483), os tempos de set-
up podem ser reduzidos através de vários métodos, como por exemplo, eliminar o
tempo necessário para a busca de ferramentas e a pré-preparação das tarefas que
retardam as trocas.
O absenteísmo ocorre pelo tempo de trabalho perdido em função dos atrasos
e das faltas dos funcionários ao serviço. De acordo com Gama, Souza e Sato (2009,
p. 4), ele é uma ausência dos empregados em períodos em que deveriam estar
trabalhando.
Na maioria das vezes, as causas do absenteísmo estão no próprio
empregado, como por exemplo, quando ocorre doença, atrasos involuntários,
problemas de transporte. Porém algumas vezes, as causas ocorrem em função da
organização. Uma supervisão deficiente, o empobrecimento das tarefas, a falta de
35
De acordo com Iudícibus apud Zatta et al (2003, p. 4), para fins contábeis, a
ociosidade só pode ser considerada como tal, se for ocasionada por fatores
anormais, como os decorrentes de recessão econômica setorial, greves ou por
outros fatores considerados não recorrentes ou rotineiros.
A identificação dos fatores anormais que ocorrem na empresa é um
procedimento muito importante para calcular a sua ociosidade. Os fatores
decorrentes de recessão econômica, greves ou outros fatores não rotineiros podem
afetar negativamente a produtividade da organização. Por isso, somente se a
ociosidade existente na empresa for causada por este tipo de fator, a mesma pode
37
lançar o custo com esta ociosidade como despesa não-operacional, de acordo com
a CVM, possibilitando assim que ela não agregue um custo desnecessário aos seus
produtos, e que se mantenha competitiva.
De acordo com Perez, Oliveira e Costa (1999, p. 20), os custos fixos são
aqueles que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada.
Como o total dos custos fixos, diretos e indiretos, não se altera em função da
quantidade produzida, os custos relativos à capacidade ociosa devem ser
adequadamente gerenciados e alocados para não alterar o custo unitário da
produção.
Para calcular os custos de ociosidade de uma empresa, é preciso então, em
primeiro lugar, identificar a sua capacidade empresarial, os fatores que ocasionam a
sua redução e a ociosidade existente. Conhecendo os custos fixos da fábrica, e
aplicando-os à ociosidade existente, encontra-se o custo de ociosidade. Por isso a
importância de um bom sistema de custos, que permita identificar e calcular os
custos fixos da empresa.
fabricado, enquanto que, algum tempo depois, o mesmo sapato pode ser produzido
mais rapidamente, em um período inferior de tempo do que quando o modelo entra
em produção.
Para a formação e identificação da capacidade instalada da empresa, a
Dakota Calçados S/A leva em conta, além dos dias úteis produtivos e do tempo de
fabricação dos modelos, a previsão da demanda, através do número de pedidos e
do cenário econômico, o número de funcionários, as máquinas e equipamentos
existentes e necessários, além de outros fatores.
A partir dos dados da tabela 1, pode-se verificar que em grande parte dos
meses a empresa opera com índices de ociosidade. Os meses de janeiro, fevereiro
e setembro são os que tiveram uma maior ociosidade de pares de sapatos, com,
respectivamente, 50.300, 23.336 e 40.504 pares ociosos. E, comparando-se a
ociosidade com a capacidade instalada definida pela empresa, estes são também os
meses com os maiores índices de ociosidade.
41
estimada pela empresa. Pode-se verificar então, que a ociosidade em 2008 caiu
bastante em relação a 2007, onde a mesma tinha um índice de 9,36%.
Analisando a média dos três anos, 2007, 2008 e 2009, através dos dados da
tabela 4, pode-se notar que a empresa teve uma capacidade produtiva instalada
anual de 1.616.517 pares de sapatos. Porém a sua efetiva produção atingiu a média
de 1.513.491 pares de sapatos por ano. A diferença entre a capacidade e a real
produção da empresa resultou em uma ociosidade média de 103.025 pares de
sapatos por ano e um índice de ociosidade médio de 6,37% nos três anos
analisados.
Apesar de a Dakota Calçados S/A já analisar e ajustar a sua capacidade
produtiva em relação à previsão de pedidos e de produção, para tentar diminuir os
índices de ociosidade, a empresa poderia avaliar ainda melhor a capacidade
produtiva necessária, e tentar reduzi-la ao máximo nos meses em que a
produtividade é baixa. Além disso, seria interessante que a empresa efetuasse um
controle em sua unidade produtiva, com o intuito de descobrir quais os motivos que
podem estar ajudando a causar ociosidade, e, se possível, traçar estratégias para
diminuí-los.
possível reduzir a ociosidade a índices zero, pois a empresa não pode, por exemplo,
demitir funcionários, dos quais precisará quando a produtividade voltar ao normal, e
se desfazer de certas máquinas e equipamentos que precisará depois. Desta
maneira, uma saída, entre outras, que a empresa encontrou para diminuir a sua
capacidade nos meses de baixa produção, resultando na menor ociosidade possível,
foi a de dar férias ou banco de horas para os funcionários da fábrica, como o
ocorrido no mês de junho de 2008.
121.865 866.030,64
Custo da Ociosidade 2007 = x = 0,0687 x 1.179.835 = 81.054,66
1.301.700 1.179.835
49.777 1.055.050,25
Custo da Ociosidade 2008 = x = 0,0178 x 1.693.823 = 30.150,05
1.743.600 1.693.823
137.434 1.257.769,08
Custo da Ociosidade 2007 = x = 0,0575 x 1.666.816 = 95.841,92
1.804.250 1.666.816
Com base nos dados apresentados pela Dakota Calçados S/A e aplicando a
formula de cálculo do custo de ociosidade, pode-se identificar os custos que a
empresa tem com a ociosidade. O custo resultante da fórmula é o custo unitário de
ociosidade, que, se multiplicado à quantidade produzida, resulta no custo total de
ociosidade.
O custo total de ociosidade da Dakota Calçados S/A no ano de 2007 foi de R$
81.054,66 e o custo unitário foi de R$ 0,0687, o que significa que o custo final de
cada unidade produzida possui R$ 0,0687 de custo de ociosidade. No ano de 2008,
este custo diminui bastante, passando a representar um total de R$ 30.150,05 e um
custo unitário de ociosidade de R$ 0,0178, e no ano de 2009, ele aumenta
novamente, chegando a R$ 95.841,92 e R$ 0,0575 unitário. Nota-se que em 2007 o
percentual de ociosidade na empresa era maior do que no ano de 2009. Porém os
custos com a ociosidade da empresa foram maiores no ano de 2009. Isto se deve ao
fato de que a capacidade da empresa ter aumentado a cada ano, aumentando
também seus custos fixos, ocasionando um maior custo de ociosidade.
Para obter-se uma melhor visualização da representatividade dos custos de
ociosidade na empresa analisada, pode-se compará-los com o faturamento líquido
da organização.
Através dos dados da tabela 7, pode-se verificar que os custos com a
ociosidade, existentes na Dakota Calçados S/A, representam um percentual baixo
em relação ao seu faturamento líquido.
50
6 CONCLUSÃO
ela produz diversos modelos e linhas de calçados, que levam períodos de tempo
diferentes para ficarem prontos. Em consequência disso, a sua capacidade produtiva
é calculada e analisada mensalmente, e pode variar muito. Para adaptar a
capacidade à demanda, a empresa utiliza-se de diversos fatores, como: os dias úteis
produtivos, o tempo de fabricação dos calçados, a previsão da demanda, o número
de funcionários, as máquinas e equipamentos necessários, entre outros.
Mas, mesmo projetando a capacidade instalada para o mais próximo possível
da realidade produtiva da empresa, verificou-se que a Dakota Calçados S/A teve,
nos três anos analisados, índices de ociosidade, que impactaram no custo final de
seus produtos. No ano de 2007, a empresa teve uma ociosidade de 9,36% sobre a
sua capacidade produtiva. Já no ano de 2008, mesmo aumentando a sua
capacidade, ela conseguiu aumentar também a sua produtividade, resultando em
um índice de ociosidade bem menor, de 2,85%. Porém, no ano de 2009, a empresa
teve novamente um índice maior de ociosidade, chegando a 7,62% de sua
capacidade, pois a empresa aumentou novamente a sua capacidade produtiva, mas
não conseguiu aumentar na mesma proporção a sua produtividade.
A ociosidade da empresa, em geral, foi maior nos meses de início de coleção,
entre janeiro e fevereiro, junho e julho, quando a produtividade é menor. E quando,
nestes meses, a ociosidade não foi muito alta, isto ocorreu em função de a empresa
ter conseguido adaptar melhor a sua capacidade produtiva em relação à demanda.
Porém, a empresa apresentou também meses em que a produção superou a
capacidade produtiva. Isto ocorreu por que, devido à grande demanda, a empresa
necessitou aumentar a produtividade, trabalhando aos sábados e superando a
capacidade instalada e prevista de produção.
Analisou-se ainda, os possíveis fatores que podem ter causado ociosidade na
Dakota Calçados S/A, tais como gargalos no processo produtivo e sazonalidade.
Através dos dados obtidos da produção ocorrida nos três principais setores da
fábrica, que são o corte, a costura e a montagem, foi possível notar que em alguns
meses, nos três anos analisados, a empresa teve setores considerados como
gargalos, por terem uma produção menor do que o setor anterior ou posterior. No
ano de 2007, o setor da costura foi um gargalo, por não acompanhar a produtividade
do setor de corte, e a montagem também tornou-se um gargalo por não ter atingido
a produção da costura. Já no ano de 2008, cada setor atingiu a produção
necessária, feita pelo setor anterior, podendo-se dizer então, que não houve
53
gargalos. Nota-se que o ano de 2008 foi o de menor ociosidade dos três anos
analisados, o que justifica a não existência de gargalos. Já no ano de 2009, a
empresa teve como gargalos, os setores de corte e montagem, que não atingiram a
produtividade do setor intermediário, a costura. Esta existência de gargalos pode ter
afetado negativamente a produtividade da empresa, causando ociosidade.
Em relação à sazonalidade, foi possível observar que a Dakota Calçados S/A
possui a característica de ter sazonalidade em seu processo produtivo. Como a
empresa produz calçados femininos, ela tem duas coleções por ano: a coleção
outono-inverno e a coleção primavera-verão. E a produtividade da empresa varia
bastante do começo ao final de cada coleção, pois no lançamento da coleção, é
necessário que a empresa aguarde a entrada de pedidos e ajuste o seu ciclo
produtivo aos novos produtos para começar efetivamente a produzir, e já passados
um ou dois meses do lançamento da coleção, a produtividade da empresa aumenta
bastante. E este processo ocorre, sucessivamente, no decorrer dos anos.
Concluiu-se que a Dakota Calçados S/A tem índices baixos de ociosidade.
Porém, mesmo sendo baixos, estes índices representaram valores consideráveis de
custos de ociosidade (ineficiência) que a empresa vem incorporando nos custos de
seus produtos. Esse fato acaba por elevar o custo de produção e,
consequentemente, o preço de venda, que por sua vez, pode reduzir a
competitividade dos produtos junto ao mercado, causando como efeito um aumento
dos custos de ociosidade. O grande problema dessa situação, é que isso pode se
converter em um ciclo vicioso, podendo fazer com que o produto se torne não
competitivo e a empresa tenha que abandonar sua produção, sob pena de arcar
com prejuízos.
Apesar de a empresa analisada produzir diversos modelos de calçados, o que
dificultou um pouco a comparação dos índices de ociosidade, este fato não
prejudicou as análises feitas. Porém, para se ter um índice mais correto, seria
necessário ponderar as quantidades de cada modelo nos diversos meses
considerados.
Portanto, em consequência do desenvolvimento deste trabalho, conclui-se
que o mesmo atingiu os objetivos propostos, demonstrando os procedimentos a
serem utilizados para efetuar o cálculo do custo de ociosidade nas indústrias, além
de destacar a importância do tema custo de ociosidade.
54
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