Trabalho de Pesquisa - IVA-4

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CARLITOS TACALA

SHONY ALANE
ALIMA ELIDIO

Tema: Do Julgamento
Disciplina: Direito Processual Penal
Pós - Laboral

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE


BEIRA
OUTUBRO, 2024
CARLITOS TACALA
SHONY ALANE
ALIMA ELIDIO

Tema: DO JULGAMENTO
Ciências Jurídicas e Investigação Criminal / Direito Processual Penal
Pós-Laboral

Docente:
Msc: José Capassura

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE


BEIRA
OUTUBRO, 2024
INDÍCE

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO..................................................................................................................1
1.1 Contextualização......................................................................................................................................2
1.2 Objectivos................................................................................................................................................3
1.2.1 Objectivo geral...................................................................................................................................3
1.2.2 Objectivos
específicos........................................................................................................................3
1.3 Metodologia da pesquisa..........................................................................................................................3

CAPÍTULO II: DAS FASES DO


JULGAMENTO...................................................................................4
2.1 Dos actos
preliminares..............................................................................................................................4
2.1.1 Do saneamento do processo..................................................................................
2.1.2 Do despacho que marca data da audiência..................................................................................
2.1.3 Da contestação..................................................................................
2.2 Da audiência.............................................................................................................................................8
2.2.1 Dos actos introdutórios..................................................................................
2.2.2 Da produção de prova..................................................................................
2.2.3 Da documentação da audiência..................................................................................
2.3 Da sentença..............................................................................................................................................
2.3.1 Da sentença condenatória..................................................................................
2.3.2 Da sentença absolvitória..................................................................................

CAPÍTULO III: CONSIDERAÇÕES


FINAIS........................................................................................14
5.1 Conclusão...............................................................................................................................................14
5.2 Referências bibliográficas......................................................................................................................15
CAPÍTULO I : INTRODUÇÃO

No presente trabalho versará sobre o julgamento, mais concretamente sobre o julgamento em sede do
processo penal moçambicano.

Ao longo dos três capítulos em que se divide o presente, teremos a luz uma breve introdução ao tema a
nós proposto, fazendo-se necessário para prossecussão do presente, referir que o julgamento constituí uma
garantia de justiça e um direito constitucionalmente reconhecido ao cidadão moçambicano conforme
rege-se pelos nrs.1° dos arts.62.° e art. 65.° da CRM, conjugado à regra do art. 1.° do CPP.

1
1.1 Contextualização
Enquanto as fases da instrução e da audiência preliminar são fases de investigação e preparação do
processo penal, a fase do julgamento é uma fase de responsabilização, que corresponde ao momento em
que se analisam os factos perante o tribunal, se fazem os devidos enquadramentos legais, se produz a
prova perante o tribunal. Todos estes elementos se analisam em um ambiente de contraditório e após
feito isto, o tribunal profere a decisão sentença.

Nas fases anteriores ao julgamento, a prova é apenas indiciária, o que quer dizer que não é necessária uma
prova plena, já que não está destinada a imputar a responsabilidade, mas apenas a indicar essa
responsabilização ou a inocência do arguido. Esta é importante a medida em que concorre para os
diferentes princípios aplicáveis nas diferentes fases processuais.

Nas fases de um processo penal, as características são diferentes consoante cada fase processual, o que
afecta o regime dos actos processuais. Veja-se que, na fase da instrução, o processo é secreto, é
organizado de forma escrita e não é contraditório, sendo o primeiro momento contraditório, o momento
de debate preliminar, "quando requerido".

Na fase do julgamento as características dominantes passam a ser:

 A publicidade
Esta característica penal levanta bastante debate entre os juristas em geral por conta da possível
abstracção feita na aplicação prática da presunção de inocência face à publicidade do processo penal na
Ordem Jurídica Moçambicana.

Ora, veja-se que, conforme regra do art. 10.° do CPP, as audiências de julgamento em processo penal
são públicas, excepto quando salvaguarda da intimidade pessoal, familiar, social ou moral ou ponderosas
razões de segurança da audiência ou de ordem pública aconselharem a exclusão ou limitação da
publicidade.

De acordo com o art. 86.º, n.º 1 do CPP, “o processo penal é, sob pena de nulidade, público, ressalvadas
as exceções previstas na lei”. Atualmente o princípio da publicidade é aplicável a qualquer fase do
processo penal, inclusive a fase de inquérito . No entanto, atente-se que o princípio da publicidade não é
absoluto, seja porque não abrange os dados relativos à reserva da vida privada que não constituam meios
de prova (art. 86.º, n.º 7 do CPP), seja porque o tribunal pode decidir sujeitar o processo a segredo de
justiça (nomeadamente para proteção dos direitos de algum dos sujeitos ou participantes processuais,
como os do arguido, do assistente ou do ofendido -, ou, no decurso da fase de inquérito, para tutela dos
interesses da investigação ou dos direitos dos sujeitos processuais - art. 86.º, n.ºs 2 e 3 do CPP.
 A oralidade
Os actos processuais são orais, atinge-se a decisão através da forma oral, isto é, ouvindo o depoimento
das testemunhas, fazendo o interrogatório ou o contra-interrogatório e depois lendo inclusivamente a
própria decisão – a sentença. Por conseguinte, a decisão é proferida com base numa audiência de
discussão oral da matéria.

 A imediação (o tribunal forma a sua própria convicção)


Relacionando com o princípio da oralidade encontra-se o princípio da imediação, significa o contacto
directo que o Tribunal tem com as provas (ex. art. 355º CPP). Uma questão se levanta, relacionada quer
com o princípio da oralidade quer com o princípio da imediação e que tem a ver com o conhecimento da
matéria de facto, nomeadamente para efeitos de recurso.
O Tribunal de 1ª Instância, onde o processo está a ser julgado pela primeira vez, aprecia os factos com
base no contacto directo com as provas. Mas o Tribunal superior para o qual tenha sido interposto
recurso, se tiver que conhecer da matéria de facto:

- Ou se guia pela resposta que é dada pelo juiz do Tribunal de 1ª Instância;


- Ou então, para apreciar devidamente, tem de ter um relato dos factos.

Aqui põe-se a questão da chamada documentação da audiência (art. 363º CPP). Esta documentação vai
permitir ao Tribunal superior duas coisas:

 Por um lado, uma melhor apreciação da prova, mais ponderada eventualmente por parte do Tribunal
de 1ª Instância que ficou com dúvidas quanto à apreciação da matéria de facto para fundamentar a
sentença;
 Por outro lado, o juiz vai voltar a rever o depoimento das testemunhas ou aquilo que se passou na
audiência de julgamento.

As razões que levaram o legislador a adoptar o princípio da oralidade, e sobretudo, o princípio da


imediação, desde logo permite um contacto vivo e imediato do Tribunal com o arguido. Permite avaliar
aa credibilidade das declarações dos restantes participantes processuais: as testemunhas e os peritos
envolvidos. Permite ainda que haja plena audiência e participação dos sujeitos processuais e dos restantes
participantes processuais.

 contraditório pleno (art. 5°. do CPP )


O processo penal é imperiosamente subordinado ao princípio contraditório. O juiz penal, no
desenvolvimento da sua actividade, por tanto na prossecução processual deve ouvir quer a acusação, quer
a defesa. E mais: deve fazer ressaltar e sobressair, quer as razões da acusação, quer as razões de defesa.

Incumbe ao Tribunal, ao juiz penal, fazer sobressair as razões, quer de acusação, quer da defesa. Nenhum
arguido poderá ser condenado sem que lhe tenha sido dada a possibilidade de se fazer ouvir, de se
defender.

Daí que a última pessoa a ser ouvida, a pronunciar-se num julgamento e após as alegações finais é o
arguido. Resultando, que o juiz só pode proferir a sua decisão depois de dar ao arguido a possibilidade de
contestar, de contrariar as razões ou os factos que lhe são imputados.Este princípio do contraditório está
directamente relacionado com o princípio da audiência.

A oportunidade que é conferida a todo o participante no processo de influir através da sua audição na
decisão do caso concreto. Através do princípio da audiência tem-se o reconhecimento da dignidade
pessoal do homem, impedindo que ele se torne num objecto do processo. O arguido, como qualquer outro
sujeito processual, é um sujeito activo, é um sujeito participativo em todo o processo. Por conseguinte,
deve ser ouvido porque através das suas declarações ele contribui para a decisão do caso concreto.

2
1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo Geral
O presente trabalho tem como objectivo analisar o julgamento em processo penal moçambicano.

1.2.2 Objectivos Específicos


 Caracterizar julgamento em Moçambique;
 Descrever as fases do julgamento;
 Perceber as questões das sentenças;
 Identificar a finalidade do julgamento.

1.3 Metodologia
O presente trabalho de pesquisa foi elaborado por meio de uma pesquisa teórica fundamentado
essencialmente no uso de material bibliográfico sob o cânone jurídico penal e legislação complementar
moçambicana dos quais todos encontrar-se-ão dispostos na referência bibliográfica do presente.

De acordo com Gil (2002), por pesquisa bibliográfica entende-se a leitura, a análise e a interpretação de
material impresso. Entre eles podemos citar livros, documentos mimeografados ou fotocopiados,
periódicos, imagens, manuscritos, mapas, entre outros.

3
CAPÍTULO II: DAS FASES DO JULGAMENTO

De acordo com as disposições legais, em sede dos arts. 357.° a 409.° do CPP, o julgamento está
organizado em três momentos destintos, o que quer dizer que esta fase processual é heterogénea, tendo-
se:

1. A fase dos actos preliminares (art. 357.° e ss do CPP);


2. Da fase da audiência de julgamento (art. 365.° e ss do CPP) e;
2.a) Da fase dos actos introdutórios (arts. 374.° e ss do CPP)
2.b) Da fase de produção de provas (arts. 385.° e ss do CPP)
2.c) Da documentação da audiência (arts. 407.° e ss do CPP)
3. O momento da sentença (art.409 e ss do CPP)

2.1 Actos preliminares

Terminada a fase da audiência preliminar, inicia-se a fase de julgamento. Esta começa com a distribuição
dos processos pela secretaria, sendo o processo entregue ao juiz, temos o que a lei denomina ao abrigo do
art. 357.° do CPP de 'Saneamento do processo '. Neste, o juiz faz um controlo das questões relevantes
para a boa tramitação do processo. Tratando-se essencialmente de um controlo da legalidade quanto aos
pressupostos processua que abstem à apreciação do mérito da causa.

2.1.1 Saneamento do processo

O Saneamento tem duas funções fundamentais, "permitir que o juiz se pronuncie sobre as nulidades e
outros questões prévias ou incidentais que obstem à apreciação do mérito da causa de que possa desde
logo conhecer" (nr° 1, art. 357.° do CPP), isto é, alguma questão que impeça o desenvolvimento do
processo. Neste momento, o tribunal só verifica as condições básicas de legalidade e, não podendo entrar
no mérito da causa. Nesta fase o tribunal poderá recusar a acusação se ele for manifestamente infundada
(n°2, art.357.° do CPP), podendo tal rejeição ocorrer somente se relacionada com questões que tenham
autonomia em relação ao que passará depois da audiência de julgamento, ocorrendo se não tiver havido
audiência preliminar, já que, tendo havido, considera-se ter havido controlo, pelo que, o juiz não o irá
repetir.

A acusação manifestamente infundada considera-se nos seguintes casos (n°3,art. 357.° do CPP):

a) Quando não contenha a identificação do arguido;


b) Quando não contenha a narração dos factos;

c) Se não indicar as disposições legais aplicáveis ou as provas que a fundamentam; ou

d) Se os factos não constituírem crime.

2.1.2 Despacho que marca data da audiência

Feito o saneamento, é marcada a data da audiência (nr°1 art.358° do CPP), com a prioridade para os
casos de prisão preventiva ou domiciliária (i.e., com obrigação de permanência na habitação conforme
nr°4 do art. 358.° do CPP). Depois de marcada a data, o arguido pode apresentar a contestação e o rol de
testemunhas em conformidade com as regras expressas dos arts. 359.° e 360.° do CPP.

Estes aspectos são muito importantes na perspectiva do arguido por apesar de não ser vinculativa, a
contestação identifica questões que genericamente correspondem ao âmbito da causa, estando por isso
associada à identificação de questões que geram o dever de pronúncia do tribunal em que se este não se
pronunciar sobre as questões alegadas na contestação, gera-se a nulidade da sentença: "quando o tribunal
deixe de pronunciasobre questões que devesse apreciar ou conheça de questões de que não podia tomar
conhecimento (al. c), n°1 do art. 418.° do CPP).

2.1.3 Contestação

Relativamente a contestação, está poderá conforme nrs° 1 e 2, do art.359.° do CPP, ser apresentada na
audiência de julgamento mas, neste caso, é necessário antecipar a apresentação o rol de testemunhas e a
indicação dos peritos devendo as testemunhas de ser notificadas.

2.2 Da audiência

A fase da audiencia de julgamento é marcada pela exigência de publicidade nos termos do art.° 365.° do
CPP que, apenas pode ser limiada pelas razões previstas por lei, nomeadamente nos casos em que o juiz
da causa decida a sua exclusão ou a restrição, em função de outros elementos a salvaguardar (cfr. art. 97.°
do CPP). Assim por exemplo, nos casos de tráfico de pessoas ou de crime sexual que tenha por ofendido
um menor, os actos processuais decorrem em regra de exclusão da publicidade (nr.° 4 do art. 97.° do
CPP).
2.2.1 Dos actos introdutórios

Ademais, a audiencia de julgamento, decorre tendo em consideração as regras expressas do art. 384.° do

CPP que dita as exposições introdutórias. Nas exposições introdutórias, o tribunal confere 10 minutos
para que cada um dos sujeitos processuais indique sumariamente os factos que se propõe provar (n.° 2 do
art.384.° do CPP).

2.2.2 A produção de prova

Quanto à prova no processo penal, entende-se que esta pode segundo os arts. 159.° e ss do CPP ser,
testemunhal, das declarações do arguido, do assistente e das partes civis, por acareação, por
reconhecimento, da reconstituição do facto, pericial ou documental.

Os princípios gerais da produção de prova regem-se pelo art. 385.° do CPP e se inicia com declarações do
arguido (al. a) do art. 386.° do CPP) em que este é obrigado a responder com a verdade a estas (n.°2 do
art. 387.° do CPP), porém, quanto aos factos, o arguido não é obrigado a responder tendo direito ao
silêncio e à não autoincriminação (n.° 1 do art. 388.° conjugando-se a al.c), do n.°1 do art. 69.°, ambos do
CPP).

Note-se que, uma vez que o julgamento é marcado pelo contraditório (art.372.° do CPP), isto obriga que
toda a produção de prova seja feita em submissão ao princípio do contraditório. Isto é fundamental,
porque a prova repetida ou examinada em julgamento, só passa a ser válida depois de ter sido filtrada pelo
contraditório (n.°2 do art.372.° do CPP).

É através da produção de prova em julgamento que o tribunal vai formar a sua convicção sobre a
existência ou inexistência dos factos, das situações e das circunstâncias em que ocorreu o crime, os quais
serão relevantes para o acto decisório, ou seja, para a sentença, baseando-se no permissão por Lei da livre
apreciação da prova ao abrigo do art. 157.° do CPP.

2.2.3 Da documentação da audiência

Todos os atos processuais realizados durante a audiência são documentados em ata de composição
estabelecida por lei, ao abrigo do art. 407.° do CPP, na qual são recolhidas as declarações, os
requerimentos, as promoções, entre outros. A documentação da audiência culmina com a documentação
de alegações orais que dispõe o art. 408.° do CPP, nas quais os advogados expõem as conclusões de facto
e de direito, que hajam extraído da prova produzida, podendo cada advogado replicar uma vez e também
outros atos decisórios orais que tiverem ocorrido.

2.3 Da sentença

Perdoe-nos o excesso, más, é a sentença, tudo no processo penal. De facto, pois é na sentença, e só na
sentença que tudo se decide. Mas, se é na sentença que tudo se decide, então devem ser claras as razões
da decisão. Assim, se o que está em causa é uma sentença condenatória, não devem restar quaisquer
dúvidas sobre as razões de facto e de direito por que se condena e em que se condena. Assim posto, se
tartar-se de uma sentença absolutória, igualmente devem ser claras as razões por que se absolve. De quê
nos estamos a expressar é da fundamentação da sentença, fundamentação que é um requisite da mesma
(n.°2 do art. 413.° do CPP, conjugado ao disposto no art. 8.° do CPP), ficando nula a sentença (quando
arguidas ou reconhecidas em recurso conforme n°2 do art. 418.° do CPP) nos termos do art. 418.° por
inobservância dos preceitos referidos nas al. b) dos nrs. 2 e 3 do art. 413.°, a inobservância as às regras
dos arts. 403.° e 404.° ou ainda quando o tribunal deixe de se pronunciar sobre questões que devesse
apreciar.

«As decisões dos tribunais que não sejam de mero expediente são fundamentadas na forma prevista na
lei».

Com naturalidade, a importância da fundamentação das decisões judiciais no Estado de Direito


Democrático é reconhecida pela generalidade da doutrina e jurisprudência. De facto, como afirmou
Gomes Canotilho e Vital Moreira: -“o dever de fundamentação é uma garantia integrante do próprio
conceito de Estado direito democrático, ao menos quanto às decisões judiciais que tenham por objecto a
solução da causa em juízo, como instrumento de ponderação e legitimação da própria decisão judicial e
de garantia do direito ao recurso” E ainda, Germano Marques da Silva, sublinhando de igual modo a
importância da fundamentação, na análise das suas finalidades, escreve: -“A fundamentação dos actos é
imposta pelos sistemas democráticos com finalidades várias. Permite o controlo da legalidade do acto, por
uma parte, e serve para convencer os interessados e os cidadãos em geral acerca da sua correcção e
justiça, por outra parte, mas é ainda um importante meio para obrigar a autoridade decisora a ponderar os
motivos de facto e de direito da sua decisão, actuando como meio de auto control”.
Dito isso, a sentença para ser proferida obedece a determinados critérios, desde a deliberação e votação
nos termos dos arts. 409.° com a obediência da regra do art. 410.° ambros do CPP, e, de seguida, ou, com
a conclusão da deliberação e votação, o presidente elabora a sentença baseando-se para este efeto, nas
regras expressas pelo art. 411.° do CPP. Porém, cabenos analisar, o momento final da sentença, onde,
poderá esta seguir dois caminhos destintos, nomeadamente a condenação ou a absolvição.

2.3.1 Da sentença condenatória

A sentença condenatória é imprescindível a declaração judicial de culpabilidade do réu. Nesta sentença


são especificados os fundamentos que presidiram à escolha da sanção aplicada, mas também o início e o
regime do cumprimento da sanção e de outros deveres (n°1 do art. 414.° do CPP), sendo ainda
considerada ainda que tenha sido decretada dispensa da pena (n°3 do art. 414.° do CPP).

Ademais, a sentença condenatória equivale à notificação aos sujeitos processuais (n°5 do art. 414.° do
CPP), sendo procedidos após a saída do presidente as subscrições e entrega das cópias pelo official de
justiça (n°6 do art. 414.° do CPP)

2.3.2 Da sentença absolvitória

A sentença absolvitória por oposição, declara a extinção de qualquer medida de coação e ordena a
imediata libertação do arguido se preso preventivamente salvo, se não houverem outros motivos a sua
prisão (n°1 do art. 415.° do CPP), condenando o assistente em custas às regras dispostas no Código de
Custas Judiciais.

De acordo com disposição legal, é sempre absolvitória a sentença se o crime tiver sido cometido por
inimputável, porém, se for aplicada medida de segurança vale como sentença condenatória (n°3 do art.
415.° com a remissão ao n° 1 do art. 414.° do CPP) e de recurso sendo em correspondência aplicáveis as
regras dos nrs. 5 e 6 do art. 414.° do mesmo dispositivo.

Note-se ainda que, ainda que a sentença seja absolvitória, pode o tribunal condenar o arguido nos termos
do art. 416.° do CPP e é ordenada pelo tribual a publicação da sentença em jornar indicado pelo arguido
(art. 417.° do CPP).
8

CAPÍTULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Conclusão

Em geral, pôde-se concluir que o processo penal desenrola-se tendo uma entidade acusadora distinta da
entidade julgadora. Simplesmente, não é um puro processo tipo acusatório, na medida em que se permite
que o tribunal possa investigar autónoma e oficiosamente o facto que lhe é sujeito à sua apreciação,
sujeito portanto a julgamento pelo princípio da acusação em termos gerais e também princípio da
investigação, que é atribuído aos Tribunais.

Em suma, ao abrigo do art. 3.° do CPP conjugado ao art. 59.° da CRM, pelo princípio “in dubio pro reo”,
se o tribunal tiver dúvidas quanto à prova que foi fornecida ou quanto a inocência ou culpabilidade do
arguido, deverá absolve-lo, não por ausência de prova, mas porque não se convenceu da sua culpabilidade
na prática do crime e em consequente respeito a este princípio legal.

O tribunal adquire a sua convicção através da oralidade na produção das provas e através da imediação do
contacto imediato com essas mesmas provas e isto é importante inclusive para conhecer da personalidade
concreta do arguido.

Relativamente aos princípios relativos à prova, os critérios que existem quanto à valoração e apreciação
da prova, o critério legal e a livre convicção do tribunal, ou livre apreciação da prova, cabe saber que, o
sistema processual penal moçambicano opta pelo sistema da livre apreciação da prova. Ademais, o
regime de produção de prova em audiencia é mais rico, porque já não se está apenas a preparar a prova
para acusar, mas sim para decidir o caso, daí que faça sentido repetir-se a prova. Desta feita, se a
testemunha for consistente, os factos vão ser considerados provados e, se entrar em contradições o
tribunal não dá credibilidade a ela e não a tomará em consideração como meio de prova para
demonstração de certos factos.

Sempre que há questões de natureza prejudicial em processo penal (por exemplo questões de natureza
constitucional) essas questões poderão obstar à apreciação imediata da causa por parte do tribunal, dendo
ser relegado o seu conhecimento para o tribunal competente (neste caso, para o Tribunal Constitucional)
embora esta questão possa depois ainda vir a ser suscitada em sede de recurso. Mas terá de ser alegada
logo no início, em 1ª Instância.

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5.2 Referências bibliográficas

LEGISLAÇÃO
Constituição da República de Moçambique
Códigos Penal e Processo Penal
Código Civil Moçambicano

DOUTRINA
MEIRA, Miguel Salgueiro, Enquadramento Histórico Do Genocídio Como Crime De Direito
Internacional, Revista Julgar, Portugal, 2022

OS ACORDOS SOBRE A SENTENÇA EM PROCESSO PENAL Um Novo Consenso No Direito


Processual Penal Viviana Gomes Ribeiro Cortesão Coimbra Outubro 2013
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