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Abstract With the COVID-19 pandemic and its significant economic impact the
European Commission adopted a Temporary Framework which tends to bend the general state
aid rules, thus incentivizing Member-States to come to aid their undertakings in a moment of
need. Coming from the concept and general framework of state aid rules, this article analyses
the Temporary Framework in detail, raising the questions relevant to the main objectives of the
general rules, and proposing a more permanent relaxation of said rules.
1 Este Artigo consiste numa adaptação do Relatório da disciplina de Direito Económico e Monetário
Europeu apresentado no âmbito do Mestrado em Direito e Ciência Jurídica de 2020/2021, sob regência dos
Profs. Doutores José Renato Gonçalves e Nuno Cunha Rodrigues, na Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa.
2 Jurista. Mestrando em Direito e Ciência Jurídico-Política, com especialidade em Direito Económico e
Monetário. Trabalha atualmente no Banco Português de Fomento, S. A., com foco em serviços jurídicos,
gestão estratégica e relações institucionais. Salienta-se que o presente Artigo reflete meramente a opinião
do autor.
30 | MANUEL QUEIROZ RIBEIRO
INTRODUÇÃO
O regime dos Auxílios de Estado é um ramo do Direito da Concorrência da
União Europeia. Estamos perante um ramo do Direito estritamente europeu,
dado que não existe direito nacional dos auxílios de Estado3, como existe nas
outras áreas do Direito da Concorrência. Por outro lado, é de salientar que o
regime dos auxílios de Estado se diferencia dos outros ramos do Direito da
Concorrência (e, de um modo geral, dos outros ramos do direito tout court)
ao ter uma componente política mais acentuada e implicar um maior grau de
insegurança jurídica4.
3 Na verdade, a Lei n.º 19/2012, de 8 de maio, que aprova o novo regime jurídico da concorrência, prevê, no
seu artigo 65.º e seguintes, um regime de “auxílios públicos”. Sem prejuízo, a verdade é que a nível nacio-
nal a aplicação deste regime tem sido muito reduzida, pelo que o enfoque dado no presente Artigo incide
predominantemente sobre o regime europeu, onde os seus requisitos têm merecido uma análise criteriosa.
4 Com efeito, “tanto ao nível da determinação da existência de um auxílio de Estado, como ao nível do preen-
chimento dos requisitos para autorização de um auxílio, a Comissão Europeia tem uma margem de discricio-
nariedade significativamente mais ampla […]” cfr. Campos, 2017: 228 e ss. No mesmo sentido, como refere
Rodrigues, 2010: 889, “[p]ode ironizar-se, dizendo que regime de auxílios de Estado é o ‘patinho feio’ do direito
nacional e comunitário da concorrência. A escassa atenção que a doutrina e a jurisprudência têm dedicado
à problemática dos auxílios de Estado, comparativamente com a que têm concedido a outros temas, como
os relativos a práticas individuais e colectivas proibidas ou ao regime do controlo prévio de concentrações,
repousa em razões que, frequentemente, estão na base das políticas da Comunidade Europeia e dos Estados
membros relativamente a esta matéria”.
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 31
5 Nos anos subsequentes ao fim da IIª Guerra Mundial surgiram os dois grandes sistemas internacionais
de regulamentação da concessão de ajudas públicas às empresas: (i) o regime instituído no seio do Gene-
ral Agreement on Tariffs and Trade (GATT), substituído pelo Acordo de criação da Organização Mundial do
Comércio e (ii) o regime adotado no âmbito da CECA e subsequentemente transposto para a UE. Para mais
informações sobre o enquadramento histórico do regime sugere-se a consulta, inter alia, de Manuel Fontai-
ne Campos, Op. Cit.
6 Como refere Gonçalves, 2018: 126 “o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias sintetizaria mais tarde
a noção de Mercado Comum, designadamente, no acórdão Schul [Gaston Schul Douane Expediteur BV c. Ins-
pecteur des droits d’importation et des accises de Roosendal, de 5 de maio de 1982 (proc. 15/81), a partir ‘da
eliminação dos entraves às trocas intracomunitárias tendo em vista a fusão dos mercados nacionais num mer-
cado único que funcione como se fosse um mercado interno’, entendimento que contribuiu para a reformulação
e também redesignação do objetivo basilar do processo de integração económica europeia em torno da nova
expressão ‘Mercado Interno’ (em vez de ‘Mercado Comum’), a partir do Ato Único Europeu, de 1986 […]”.
7 Henriques, 2019: 708.
Como refere ainda Manuel Fontaine Campos (2017: 233-234), “[o] fundamento, claramente assumido, no
GATT, de regulamentação das subvenções como forma de evitar a fraude às concessões comerciais acordadas
não aparece no discurso da Alta Autoridade (depois Comissão Europeia) nem no do Tribunal de Justiça. O fun-
damento da proibição dos auxílios no TCECA e, depois, no TCEE, tal como assumido pelo Tribunal de Justiça, é
um objetivo supranacional: um mercado europeu comum mais racional e produtivo, sendo a concorrência não
falseada entre as empresas vista como instrumental relativamente àquele. Deste ponto de vista, o discurso da
ciência económica, quanto às condições em que um mercado é ‘mais racional e produtivo’ e quanto aos efeitos
das ajudas públicas no mercado, estava destinado a assumir um papel cada vez mais importante”.
32 | MANUEL QUEIROZ RIBEIRO
1. FONTES DO DIREITO
As normas que regulam e, como regra geral, proíbem os auxílios de Estado
existem, de forma geral e praticamente imutável, desde o Tratado de Roma,
em particular dos artigos 107.º a 109.º do TFUE, como fontes do direito
primário.
Todavia, relevam muito neste ramo do direito da concorrência as fontes
de direito secundário, que se dividem entre diplomas de direito substantivo
(que esclarecem os requisitos para a qualificação de medidas como auxílios de
Estado, definem condições para a sua legalidade, etc.) e diplomas de natureza
processual (que regulam o modo de notificação, avaliação e autorização de
auxílios, os formulários a serem utilizados, a intervenção de terceiros, etc.)8.
Acrescenta-se, na esteira de Miguel Sousa Ferro, que “[d]evido à supra refe-
rida grande margem de discricionariedade da Comissão Europeia, os documentos
de soft-law da Comissão ganham uma especial importância no âmbito dos auxílios
de Estado. Na prática, estes documentos acabam, muitas vezes, por definir parâ-
metros normativos que têm de ser respeitados pelos sujeitos de direito (no mínimo,
pela própria Comissão, por via do princípio da auto-vinculação administrativa),
na medida em que a sua definição não exceda aquela margem de discricionariedade
do executivo europeu”9. Essa discricionariedade é de natureza simultaneamente
técnica e administrativa10.
Como refere Tânia Faria (2009b: 80), “[a] questão essencial dos auxílios de
Estado é que a racionalidade subjacente é uma mistura de motivações políticas e
económicas, com ascendência das primeiras sobre as segundas”, salientando-se, não
obstante e como refere Nuno Cunha Rodrigues (2010: 89), que “a Comissão
Europeia tem feito um significativo esforço no sentido de a avaliação do regime dos
auxílios de Estado ser, também ela, realizada a partir de elementos de natureza
económica – e não meramente política -, à semelhança do que sucede na avaliação
de outras práticas anti-concorrenciais”.
No que toca a esse ponto, adianta ainda Tânia Faria (2009b, pp. 20 e 21),
que “[n]o seu primeiro relatório relativo à política de concorrência, em 1971, a
Comissão referia-se à ausência de um enquadramento normativo para o exercício
do controlo dos auxílios de Estado. Perante a recusa do Conselho em desenvolver
legislação secundária com este objetivo, a Comissão lançou-se na criação de soft-
-law, limitando a sua exposição aos conflitos políticos relativos a medidas parti-
culares de auxílios de Estado. Só em 1998 é que a Comissão e Conselho lograram
transformar algumas destas disposições de soft-law em regulamentos de isenção por
categoria. A proliferação de instrumentos normativos e para-normativos adopta-
dos, fundamentalmente por iniciativa da Comissão, é um dos principais factores de
complexidade e opacidade do regime dos auxílios de Estado”.
Assim, a verdade é que em matéria de auxílios de Estado, para além do
disposto nos tratados, se considera essencial a consulta dos regulamentos,
comunicações e documentos de outra natureza jurídica emitidos pela Comis-
são Europeia, que regulem a questão concreta em apreço. Em primeiro lugar
a partir da noção de auxílio de Estado, conforme consta da Comunicação da
Comissão sobre a noção de auxílio estatal nos termos do artigo 107.º, n.º 1,
do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia11, e em seguida o
instrumento aplicável em razão do setor e dimensão da empresa destinatária,
caso aplicável12.
11 https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:52016XC0719(05)&from=PT
12 Vide capítulo 4 (“Auxílios Compatíveis com o TFUE”).
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 35
nacionais são nocivas para a livre concorrência, uma vez que desincentivam as
empresas auxiliadas a investirem em novos processos e estruturas produtivas, com
o prejuízo daí decorrente em termos de eficiência; a sua permissão redundaria na
ideia de ‘nacionalismo económico’, isto é, caso o controlo dos auxílios fosse efetuado a
nível nacional, a tentação de privilegiar as empresas nacionais face às concorrentes
estrangeiras seria praticamente inevitável, o que fere os elementares princípios do
mercado aberto e da livre prestação de serviços; os auxílios de estado provocam uma
maior probabilidade das empresas auxiliadas correrem riscos excessivos (‘moral
hazard’) na sua atividade, dado que sabem que serão socorridas pelo Estado.”
Nos termos do artigo 107.º, n.º 1 do TFUE “são incompatíveis com o mer-
cado interno, na medida em que afetem as trocas comerciais entre os Estados-
-Membros, os auxílios concedidos pelos Estados ou provenientes de recursos estatais,
independentemente da forma que assumam, que falseiem ou ameacem falsear a
concorrência, favorecendo certas empresas ou certas produções”. A Comunicação
sobre a noção de auxílio estatal esclarece os diferentes elementos que cons-
tituem a noção de auxílio estatal: a existência de uma empresa, a imputabili-
dade da medida ao Estado, o seu financiamento através de recursos estatais, a
concessão de uma vantagem, a seletividade da medida e os seus efeitos sobre
a concorrência e as trocas comerciais entre Estados-Membros.
Assim, para que uma medida pública seja considerada um auxílio de Estado
e para que este seja proibido pelo Tratado (sem prejuízo de eventuais exce-
ções aplicáveis nos termos referidos infra), devem estar reunidas as seguintes
condições cumulativas13:
a) Deve existir um auxílio, por qualquer forma, i.e., deve ser atribuída uma
vantagem;
b) Essa vantagem deve ter origem estatal;
c) Deve ser seletiva (por forma a distorcer a concorrência);
d) Deve ser atribuída a uma empresa (ou produções);
e) Deve falsear ou ameaçar distorcer a concorrência e afetar as trocas entre
Estados-Membros.
13 “Em primeiro lugar, deve tratar-se de uma intervenção do Estado, ou por meio de recursos estatais. Em
segundo lugar, essa intervenção deve ser suscetível de afectar as trocas comerciais entre os Estados membros.
Em terceiro lugar, deve tratar-se de uma vantagem seletiva. Em quarto lugar, deve falsear ou ameaçar falsear
a concorrência” - cfr. Acórdão do TJUE de 24 de julho de 2003, Altmark, C-280/00, EU:C:2003:415.
36 | MANUEL QUEIROZ RIBEIRO
2.1 Vantagem
De acordo com o TJUE, “para apreciar se uma medida estadual constitui um
auxílio, na aceção do artigo [107.º] do Tratado, deve determinar-se se a empresa
beneficiária recebe uma vantagem económica que não teria obtido em condições
normais de mercado”14.
Não interessa assim a forma da vantagem, mas sim que haja uma utili-
dade económica que seja passada para a esfera patrimonial do beneficiário, ou
desutilidade que seja diminuída (como o fornecimento de bens ou serviços
em condições preferenciais). A intenção por detrás da medida é irrelevante,
importa apenas o seu efeito ou potencial efeito.
Em certas condições, um benefício atribuído a consumidores finais pode
constituir um mecanismo disfarçado de benefício à empresa cujos produtos
ou serviços estes consomem.
Frequentemente decisivo é o critério do “operador numa economia de
mercado”, com base no qual não há benefício se a interação entre o Estado
e a empresa (ex. a compra ou venda de imóvel, a compra e venda de ações, a
injeção de capital por acionista) ocorreu nos termos que se teriam verificado
num mercado livre, aferido em função da informação disponível no momento
da transação. Ainda de acordo com o TJUE “Para apreciar se uma medida esta-
tal constitui um auxílio, há (…) que determinar se a empresa beneficiária recebe
uma vantagem económica que não teria obtido em condições normais de mercado”,
sendo para tanto necessário “determinar a remuneração normal das prestações
em causa”, com base numa “análise económica que tenha em conta todos os fatores
que uma empresa, que atua em condições normais de mercado, deveria ter tido em
consideração ao fixar a remuneração”.
De um modo geral, se a troca tiver ocorrido na sequência de um con-
curso competitivo, transparente, não discriminatório e incondicional, ou se
intervierem nela entidades públicas e operadores privados pari passu, pode-
-se assumir que a transação ocorreu de acordo com a lógica de um opera-
dor numa economia de mercado. Se assim não tiver sido, terá de aferir-se o
respeito pelo critério com base numa avaliação comparativa (com operações
privadas comparáveis) ou por outros métodos adequados, baseados em dados
fiáveis, verificáveis e objetivos (análises contabilísticas, avaliações indepen-
dentes, etc).15
titui um auxílio de Estado. A este propósito o TJUE decidiu, através do acórdão Altmark, que a compensação
por um serviço de interesse económico geral (SIEG) não é qualificada como auxílio quando:
1. A empresa beneficiária deve efetivamente ser incumbida do cumprimento de obrigações de serviço públi-
co e essas obrigações devem claramente ser definidas;
2. Os parâmetros com base nos quais será calculada a compensação devem ser previamente estabelecidos
de forma objetiva e transparente, a fim de evitar que aquela implique uma vantagem económica suscetí-
vel de favorecer a empresa beneficiária em relação a empresas concorrentes;
3. A compensação não pode ultrapassar o que é necessário para cobrir total ou parcialmente os custos oca-
sionados pelo cumprimento das obrigações de serviço público, tendo em conta as receitas obtidas, assim
como um lucro razoável pela execução destas obrigações; e
4. Quando a escolha da empresa a encarregar do cumprimento de obrigações de serviço público, não seja
efetuada através de um processo de concurso público que permita selecionar o candidato capaz de forne-
cer esses serviços ao menor custo, o nível da compensação deve ser determinado com base numa análise
de custos de empresa média, bem gerida e adequadamente equipada.
16 A título de exemplo, entende o TJUE que o artigo 107.º do TFUE se aplica às “decisões dos Estados mem-
bros pelas quais estes últimos, em vista da realização dos objetivos económicos e sociais que lhes são próprios,
colocam, por decisões unilaterais e autónomas à disposição das empresas ou outros sujeitos jurídicos, recur-
sos ou procuram assegurar-lhes vantagens destinadas a favorecer a realização dos objectivos económicos e
sociais pretendidos” - Cfr. Acórdão do TJUE de 27 de março de 1980, Amministrazione delle finanze dello Stato
contra Denkavit italiana Srl., 61/79, ECLI:EU:C:1980:100.
17 Acórdão do TJUE de 21 de março de 1991, Itália v. Comissão, C-303/88, ECLI:EU:C:1991:136.
38 | MANUEL QUEIROZ RIBEIRO
2.4 Seletividade
Só são proibidos auxílios que favoreçam “certas empresas ou certas produções” (os
que sejam de âmbito geral não distorcem a concorrência).
Assim, veja-se o disposto no acórdão Adria-Wien Pipeline, no âmbito do
qual o TJUE declarou que “as medidas nacionais que prevêem um reembolso par-
cial dos impostos sobre a energia incidentes sobre o gás natural e a energia eléctrica
não constituem auxílios estatais na acepção do artigo [107.º do TFUE] quando
se apliquem a todas as empresas situadas no território nacional, independente-
mente do objecto da sua actividade”, podendo entender-se aqui um respaldo da
doutrina geral de acordo com a qual as medidas de política económica geral
(como sejam a alteração das taxas gerais de IRS ou IRC) não constituem
auxílios de Estado20.
Dito de outra forma, desde que se apliquem indistintamente a todas as
empresas e a todas as produções, as medidas são em princípio de caráter geral
e não seletivas, não sendo consequentemente consideradas auxílios.
18 Cfr. entre outros, acórdão do TJUE, de 12 de setembro de 2000, Pavlov e outros, processos apensos
C180/98 a C-184/98, ECLI:EU:C:2000:428; acórdão do TJUE, de 10 de janeiro de 2006, Cassa di Risparmio di
Firenze SpA e outros, processo C-222/04, ECLI:EU:C:2006:8.
19 Cfr., entre outros, acórdão do TJUE, de 18 de junho de 1998, Comissão/Itália, C-35/96, ECLI:EU:C:1998:303;
acórdão do TJUE, de 12 de setembro de 2000, Pavlov e outros, processos apensos C-180/98 a C-184/98,
ECLI:EU:C:2000:428.
20 Cfr., a título de exemplo, o disposto na Comunicação sobre a aplicação das regras relativas aos auxílios
estatais às medidas que respeitam à fiscalidade direta das empresas, disponível em https://eur-lex.europa.
eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A31998Y1210%2801%29
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 39
Vejamos:
genericamente como tal a destruição de pelo menos 20% da produção em período norma (vide Ferro, 2018:
303).
24 É ainda de salientar que o próprio Conselho pode, nos termos previstos na al. e) do n.º 3 do artigo 107.º e
no artigo 109.º do TFUE, definir categorias de auxílios que sejam considerados compatíveis com o mercado
interno e, igualmente, dispensadas da obrigação de notificação prévia (ao abrigo do n.º 3 do artigo 108.º do
TFUE).
25 Regulamento (UE) n.º 651/2014 da Comissão, de 17 de junho de 2014, que declara certas categorias de
auxílio compatíveis com o mercado interno, em aplicação dos artigos 107.º e 108.º do TFUE.
26 Regulamento (UE) n.º 1407/2013 relativo aos auxílios de minimis.
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 41
27 Genericamente e conforme referido acima, tendo em conta os elementos do conceito de auxílio de Esta-
do e, designadamente, os conceitos de “afectação do comércio” e de “distorção da concorrência”, desde
cedo que, pelo seu montante muito reduzido, não têm um impacto sensível no comércio e na concorrên-
cia entre Estados-Membros. Os limiares de minimis implicam que o montante total dos auxílios de minimis
concedidos a uma única empresa não pode exceder os 200 000 € durante o período de três exercícios finan-
ceiros, sendo aplicáveis qualquer que seja a forma dos auxílios de minimis ou o seu objetivo e indepen-
dentemente de os auxílios concedidos pelo Estado-Membro serem financiados, no todo ou em parte, com
recursos da União Europeia (cfr. artigo 3.º do Regulamento de minimis).
42 | MANUEL QUEIROZ RIBEIRO
PME (em geral ou para facilitar o seu acesso a financiamento), para fomentar
investigação e desenvolvimento ou formação, para proteger o ambiente, para
defender a cultura ou o património.
Cada Estado-Membro deve avaliar se as medidas que pretende adotar
preenchem os requisitos do regulamento, todavia a Comissão Europeia pode
discordar e exigir notificação ou, até retirar, num caso concreto, o benefício da
isenção categorial se um Estado-Membro tiver alegado, incorretamente, que
um auxílio estava abrangido por ele (artigo 10.º).
28 Os regimes de auxílios são medidas de auxílios que foram aprovadas pela Comissão Europeia e que per-
mitem ao Estado, sem dependência de qualquer notificação subsequente à Comissão Europeia e sem que
sejam necessárias outras medidas de execução, conceder auxílios individuais a empresas nele definidas de
forma geral e abstrata e qualquer diploma com base no qual pode ser concedido a uma ou mais empresas
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 43
um auxílio não ligado a um projeto específico, por um período de tempo indefinido e/ou com um montante
indefinido.
29 No mesmo sentido, vide Nuno C. Rodrigues (2010: 885- 915), quando afirma que “resulta dos pressupos-
tos enunciados pela Comissão a necessidade de averiguar se o auxílio afecta (ou não), de forma negativa as
trocas numa medida contrária ao interesse comum. Embora os critérios não sejam explícitos, deve evitar-se
que a concessão do auxílio provoque um desequilíbrio entre, por um lado, a necessidade de evitar distorções
da concorrência e de reforçar a unidade do mercado interno e, por outro lado, as necessidades da situação
económica e de adaptação estrutural, o reforço da competitividade das indústrias comunitárias, o combate ao
desemprego e o desenvolvimento regional equitativo”.
30 A título de exemplo, cfr. Comunicação da Comissão sobre orientações comunitárias sobre os auxílios
estatais às empresas de transporte ferroviário ou a Comunicação da Comissão sobre orientações comunitá-
rias sobre os auxílios estatais às empresas de transporte marítimo.
31 A título de exemplo, cfr. Comunicação da Comissão sobre orientações relativas aos auxílios estatais de
emergência e à reestruturação concedidos a empresas não financeiras em dificuldade, a Comunicação da
Comissão sobre orientações relativas aos auxílios estatais que visam promover os investimentos de finan-
ciamento de risco ou a Comunicação da Comissão sobre o enquadramento dos auxílios estatais à investiga-
ção, desenvolvimento e inovação.
44 | MANUEL QUEIROZ RIBEIRO
32 Conforme se pode inferir do parágrafo seguinte do Quadro Temporário, abordado em maior profundida-
de infra: “Dada a dimensão limitada do orçamento da UE, a principal resposta provirá dos orçamentos nacio-
nais dos Estados-Membros. As regras da UE em matéria de auxílios estatais permitem aos Estados-Membros
tomar medidas rápidas e eficazes para apoiar os cidadãos e as empresas, em especial as PME, que enfrentam
dificuldades económicas em virtude do surto de COVID-19.”
33 Para este efeito, Junqueiro & Ruiz, 2020.
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 45
4.1.3 Secção 3.3. do Quadro Temporário: Auxílios sob a forma de taxas de juro
bonificadas para os empréstimos
Os auxílios previstos na secção 3.3 do Quadro Temporário consubstanciam
taxas de juro bonificadas e dívida subordinada. Os Estados-Membros podem
autorizar a concessão às empresas de empréstimos públicos e privados com
taxas de juro bonificadas e ainda empréstimos sob a forma de dívida subordi-
nada (relativamente aos credores preferenciais ordinários). Estes empréstimos
nesse caso e em jeito comparativo, que o montante máximo ao abrigo do de minimis é substancialmente
inferior ao limite máximo previsto na secção 3.1 do Quadro Temporário, o que denota um claro entendimen-
to por parte da Comissão Europeia da situação excecional em que a pandemia colocou os Estados-Membros
da UE.
48 | MANUEL QUEIROZ RIBEIRO
devem ser concedidos a uma taxa de juro pelo menos igual à taxa de base em
vigor em 1 de janeiro de 2020, acrescida de margem de risco de crédito cor-
respondente ao perfil de risco do beneficiário, com taxas diferentes para PME
e não-PME, acrescida ainda de uma majoração em caso de dívida subordi-
nada. Existem limites ao montante máximo de cada empréstimo, os quais
dependem das necessidades operacionais das empresas.
39 Salienta-se que a quinta alteração ao Quadro Temporário veio prorrogar até 31 de dezembro de 2021 a
retirada temporária de todos os países da lista de países com riscos negociáveis, no contexto da Comunica-
ção relativa ao seguro de crédito à exportação em operações garantidas a curto prazo.
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 49
4.1.12 Secção 3.12. do Quadro Temporário: Auxílio sob a forma de apoio para os
custos fixos não cobertos
Os auxílios previstos na secção 3.12 do Quadro Temporário consubstanciam
auxílios sob a forma de apoio para os custos fixos não cobertos. Os Esta-
dos-Membros poderão apoiar as empresas que enfrentam uma diminuição
do volume de negócios, durante o período elegível, de pelo menos 30% em
comparação com o mesmo período de 2019, devido ao surto de coronavírus.
O apoio incidirá sobre uma parte dos custos fixos dos beneficiários que não
são cobertos pelas suas receitas, até um montante máximo de 12 milhões €
por empresa.
40 Conforme definidos nas Guidelines on State aid to promote risk finance investments, “A type of financing
that ranks between equity and debt, having a higher risk than senior debt and a lower risk than common equity.
Quasi-equity investments can be structured as debt, typically unsecured and subordinated and in some cases
convertible into equity, or as preferred equity”.
41 O conceito de “empresa em dificuldade” não é definido nos Tratados, existindo mais do que uma definição
potencialmente aplicável, dependendo do instrumento concreto. Para efeitos das Orientações constantes
da Comunicação da Comissão – Orientações relativas aos auxílios estatais de emergência e à reestruturação
concedidos a empresas não financeiras em dificuldade (2014/C 249/01) JO C 249 de 31.7.2014, considera-se
que uma empresa está em dificuldade quando se verificar pelo menos uma das seguintes circunstâncias:
a) “Se se tratar de uma empresa de responsabilidade limitada, quando mais de metade do seu capital social
tiver desaparecido devido a perdas acumuladas;
b) Trata-se do caso em que a dedução das perdas acumuladas das reservas (e todos os outros elementos geral-
mente considerados como uma parte dos fundos próprios da empresa) conduz a um montante cumulado
negativo que excede metade do capital social subscrito;
c) Se se tratar de uma empresa em que pelo menos alguns sócios tenham responsabilidade ilimitada relativa-
mente às dívidas;
d) Quando a empresa for objeto de um processo colectivo de insolvência ou preencher, de acordo com o res-
pectivo direito nacional, os critérios para ser submetida a um processo colectivo de insolvência a pedido dos
seus credores;
e) Se se tratar de uma empresa que não é uma PME e onde, nos dois últimos anos: i) o rácio dívida contabilísti-
ca/fundos próprios da empresa foi superior a 7,5, e ii) o rácio de cobertura dos juros da empresa, calculado
com base em EBTIDA, foi inferior a 1,0”.
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 53
42 Hove, 2020.
43 Os dados reportados e detalhes numéricos são analisados até 9 de outubro de 2020. Assim, estes deve-
rão ser substancialmente ainda mais impactantes à data do presente Artigo. Números atuais poderão ser
calculados com base na lista atualizada e disponível em: https://ec.europa.eu/competition-policy/state-aid/
coronavirus/temporary-framework_en
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44 Agnolucci, 2021: 2.
56 | MANUEL QUEIROZ RIBEIRO
Por outro lado, Irene Agnolucci46 sumariza no estudo citado que houve
uma distribuição desproporcional dos auxílios de Estado, com a Alemanha
e a França a representarem cerca de 66% do montante global de auxílios,
ultrapassando em muito todos os outros Estados-Membros e o Reino Unido.
Essa disparidade parece estar ligada com o Produto Interno Bruto (PIB) de
cada Estado-Membro, bem como com a respetiva capacidade orçamental, o
que pode levar a vantagens e benefícios injustos para algumas empresas em
detrimento das suas concorrentes e, consequentemente, a uma maior distor-
ção da concorrência.
Por outro lado, e no que respeita aos objetivos de política pública visa-
dos genericamente pelas medidas de auxílio de Estado concedidas, a análise
demonstra que a maior parte do montante global de auxílios foi dirigido a
empresas em dificuldades financeiras (conforme demonstrado na tabela aci-
ma)47, ao passo que os objetivos de política pública para os auxílios de Estado
mais comuns nos últimos anos (conforme referido acima: auxílios com
45 Cfr. Capítulo 4.
46 Agnolucci, 2021: 7-8.
47 De resto, deve notar-se que os auxílios dirigidos a empresas que estão em situação de dificuldade, desig-
nadamente os auxílios de emergência e reestruturação, são um dos tipos de auxílios que maiores distorções
provocam no mercado interno. Como bem refere Pedro, 2020: 7-18, “[à] luz do regime em apreciação, por
um lado, as empresas em dificuldade podem beneficiar de um instrumento de concessão de auxílio, por outro,
tendo em conta a elevada taxa de insucesso de reabilitação das empresas em dificuldade, pode ter-se criado
um instrumento de má aplicação de dinheiros públicos, desde logo, à luz do risco moral [ou moral hazard]
criado pelo auxílio – as empresas que previrem que irão provavelmente ser auxiliadas quando se encontrarem
em dificuldade podem tender a adoptar estratégias empresariais excessivamente arriscadas e insustentáveis.
Além disso, a perspectiva de um auxílio de emergência e à reestruturação a uma dada empresa pode reduzir
artificialmente o seu custo do capital, conferindo-lhe uma vantagem concorrencial indevida no mercado.”.
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50 Ibidem, p. 14. “Finally, one can wonder whether EU State aid control is an adequate tool to counteract the
crisis and whether the national efforts will be sufficient to respond to it. Despite the initial reluctance, the Com-
mission eventually allocated common funds, through for instance Sure, Next Generation, including the Recov-
ery Fund and the emission of Eurobonds. These might be effective and appropriate instruments to enact an EU
industrial strategy and start recovering together. Indeed, it would have been better if the amount granted by
the States through public resources had been provided by an EU-wide fund based on the principle of solidarity.
Notwithstanding the necessity for a Treaty amendment, especially as far as Article 125 TFEU is concerned, many
commentators highlight that if the recovery was funded by the UE, there would be less distortions in the internal
market and more common goals achieved. In conclusion, Europe will properly tackle the crisis when it even-
tually finds a common route. Archimedes once said, ‘give me a place to stand and with a lever I will move the
whole world’. Although still in the search of a working lever, the European Union has been using EU State aid as
a substitute tool. Only when it eventually finds the proper lever to lift economic growth, the EU will say: Eureka!”.
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 59
grant the aid because it alters the competition of the internal market. Despite its
flaws, State aid provides valuable solutions for companies on the brink of liquidity
and solvency due to the COVID-19 crisis”51, o que permite concluir um enten-
dimento tendente à existência de defeitos relativos a estas regras, apesar de
genericamente positivas.
Como se verá em seguida, o presente Artigo propõe, pelo contrário, uma
flexibilização permanente (ainda que eventualmente agnóstica quanto ao
modelo) dessas regras.
51 Fernandez, 2021.
52 Salienta-se, neste ponto, que o apoio público a grandes empresas europeias (com sede num EM da UE) é
muito limitado no âmbito das regras de auxílios de Estado, como decorre dos vários regulamentos e orien-
tações supra citados, quase todos apenas aplicáveis a PME e (alguns) a empresas de média capitalização
(Mid Cap).
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53 A título de exemplo, Faria, 2009a: 75 refere, a propósito dos referidos dois sistemas, que “partilham
alguns objectivos e similitudes. Todavia, o regime comunitário é bem mais ambicioso no controlo que exerce
(…)”.
54 Disponível em https://www.bmwi.de/Redaktion/DE/Downloads/F/franco-german-manifesto-for-a-euro-
pean-industrial-policy.pdf?__blob=publicationFile&v=2
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 61
playing field, but in the meantime, we need to ensure our companies can actually
grow and compete”.
Especificamente a propósito do regime de auxílios de Estado e de medidas
direcionadas para realizar os objetivos supra identificados, os referidos países:
55 Important Projects of Common European Interest. Na altura em que foi apresentado o Manifesto Franco-
-Alemão, este novo regulamento constituía uma mera proposta da Comissão, mas hoje já está em vigor e
disponível em https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/IP_21_6245.
A Vice-Presidente Executiva da CE Margrethe Vestager salienta que “[f]ollowing an extensive consultation pro-
cess, we have made targeted changes to our rules to further enhance the openness of IPCEIs and facilitate the
participation of small and medium-sized enterprises”.
56 Soares, 2010: 30.
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57 Ibidem, “Do mesmo modo, é reportável à ideia de promoção de campeões nacionais a actuação de um
Governo que pretenda impedir a aquisição de uma empresa nacional por uma concorrente estrangeira, ou
vise dificultar a entrada de uma empresa estrangeira numa área considerada estratégica para a economia
nacional”.
58 A este propósito, o Autor dá uma série de exemplos de operações de concentração que poderiam classi-
ficar-se como uma tentativa por parte do Estado de criar campeões nacionais em Portugal.
59 Soares, 2010: 35.
60 Carvalho, 2019: 87-88, refere-se que “[i]n early February, the German government published a new indus-
trial plan called ‘Industrial Strategy 2030’ and, some weeks later, a joint ‘Franco-German Manifesto for a Euro-
pean industrial policy fit for the 21st Century’ was unveiled. Although they ostensibly manifest adherence to the
principles of open and free markets as well as investment in innovation, these initiatives ultimately call for the
review and reform of existing European state-aid and competition law, the message being that competition
law and its application should be relaxed to make way for the creation of European companies with a global
dimension”.
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argument, that they evened each other out, it would still be extremely difficult to
see how the alleged benefits to Europe would be spread homogenously within the
Union and how they would not be detrimental to the European Single Market”61.
Não ignorando que o tema específico dos campeões europeus não consti-
tui o objeto do presente Artigo, a verdade é que, tal como no que à eventual
flexibilização (permanente) do regime dos auxílios de Estado diz respeito, a
União Europeia parece estar mais centrada na concorrência interna (intra-
comunitária) do que externa. Por tudo quanto se disse, parece evidente que
a União Europeia (enquanto bloco político e económico) precisa de apoiar
o desenvolvimento de tecnologias emergentes que exigem recursos que as
empresas europeias, de per si, não conseguem assegurar. Assim, mesmo que
os Estados-Membros com maior disponibilidade orçamental (como é o caso
da França e da Alemanha supra citadas) tenham uma maior capacidade para
apoiar financeiramente as suas empresas do que os Estados-Membros com
menor disponibilidade (como Portugal), a verdade é que facilmente se pode
argumentar que mesmo as empresas sediadas em Estados-Membros com
menor capacidade teriam vantagens na existência de empresas europeias com
maior escala, ao beneficiarem do facto de poderem ser inseridas em cadeias de
valor europeias, com uma economia europeia mais próspera, exigindo obvia-
mente empresas europeias mais competitivas62.
Tal como sublinhámos, o Estado Chinês ou Norte-Americano63 apoiam
de forma distinta as suas empresas, e tudo indica que as vão apoiar, mais
ainda, no contexto das transições verde e digital. Assim, julga-se defensá-
vel que o maior problema da economia europeia não reside na concorrência
dentro do mercado interno, mas na concorrência que as empresas europeias
enfrentam nos mercados globais.
Finalmente, considerando a (muito positiva) alocação de fundos europeus
a serem distribuídos nos próximos tempos, de que são exemplo os fundos
provenientes do Mecanismo de Recuperação e Resiliência e aprovados como
61 Ibidem.
62 A este propósito, ver a entrevista a vários governantes de relevo, disponível no site: https://www.eubulle-
tin.com/10949-building-european-champions-eu-to-review-state-aid-rules-to-help-its-firms-compete-wi-
th-us-china.html
63 Poder-se-ia ainda dar o exemplo do fenómeno dos sovereign wealth funds, que são entidades financeiras
detidas por Estados como os Emirados Arabes Unidos, Singapura, Rússia ou China, que têm investido na
aquisição de capital de empresas que operam em setores estratégicos. Para mais informações consultar, por
exemplo, P. Whyte, L. Barysh, “What should Europe do about sovereign wealth funds?” Centre for European
Reform bulletin, 2007.
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CONCLUSÃO
Com o presente Artigo pretendeu-se abordar o regime geral dos auxílios de
Estado, o regime especial do Quadro Temporário para fazer face à crise eco-
nómica provocada pela pandemia COVID-19, bem como a necessidade de
flexibilização das regras gerais aplicáveis nesse contexto.
A proibição genérica dos auxílios de Estado surge para prevenir a tentação
dos Estados de privilegiar as empresas nacionais face às suas concorrentes
estrangeiras, o que de acordo com a doutrina e jurisprudência relevante fere
os elementares princípios do mercado aberto e da livre prestação de servi-
ços. Podem, todavia, ser considerados compatíveis com o mercado interno,
designadamente por poderem preencher determinada isenção prevista no
O REGIME DOS AUXÍLIOS DE ESTADO | 65
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