Apostila Port II. Welton
Apostila Port II. Welton
Apostila Port II. Welton
PORTUGUÊS II:
(GLC00216)
II- Programa:
PARTE 1 - CONCEITOS PRELIMINARES
1.1 Dupla articulação. 1.2 Fonética e Fonologia. 1.3 Letra, grafema, fonema, fone. 1.4 Campos da Fonética
PARTE 2 - FONÉTICA ARTICULATÓRIA:
2.1 O aparelho fonador. 2.2 Prosódia e entoação. 2.2 Classificação articulatória das vogais. 2.3 Classificação articulatória
das consoantes. 2.4 Transcrição fonética
PARTE 3 - FONOLOGIA:
3.1 Fonologia – conceitos Fundamentais. 3.2 Sistema vocálico do Português Brasileiro. 3.3 Sistema consonantal do
Português Brasileiro. 3.4 Transcrição fonológica. 3.5 A sílaba: estrutura e particularidades
PARTE 4 - APLICAÇÃO DOS ESTUDOS FONÉTICO-FONOLÓGICOS:
4.1 Processos Fonológicos. 4.2 Variação Linguística. 4.3 Aplicação ao Ensino de língua
IV- Frequência:
Período de aulas: 18 de março de 2024 a 17 de julho de 2024.
Frequência: 75%. Haverá reprovação por falta.
V- Avaliação:
✓ As avaliações previstas serão distribuídas da seguinte forma (podem sofrer alteração, se necessário):
✓ 2 avaliações formais (prova), no valor de 8 pontos cada.
✓ Atividades (2), no valor de 2 pontos cada, somando 4 pontos.
✓ A média final será a soma das avaliações acima (20 pontos) dividida por dois.
✓ Mínimo para aprovação: 6,0 pontos. Entre 5,9 e 4,0: Verificação Suplementar (nota mínima para aprovação: 6,0
pontos). Entre 0 e 3,9: reprovação.
✓ VS: 10 pontos (nota mínima para aprovação: 6 pontos).
PROGRAMAÇÃO DE AULAS E CRONOGRAMA DE LEITURAS OBRIGATÓRIAS
O cronograma descreve os dias para cada conteúdo. Todo material do curso será disponibilizado na
Plataforma Google Classroom e na apostila.
Data Conteúdo
Bibliografia
ISBN 85-7244-102-6
98-4380 CDD-469.15
E ditora C ontexto
Diretor editorial: Jaime Pinsky
Rua Acopiara, 199 - Alto da Lapa
05083-110 - São Paulo - sp
pabx: (11) 3832 5838
[email protected]
wrww.editoracontexto.com.br
2003
1. A linguagem
Falantes de qualquer língua fazem reflexões sobre o uso e a form a da lingua
gem que utilizam. Estes falantes são capazes de fazer observações quanto ao “so
taque” e às “palavras diferentes” utilizadas por um outro falante. Qual o falante
que não se lem bra de ter um dia discutido o “jeito diferente de falar” de um a
pessoa que seja de uma outra região geográfica? Pode-se tam bém determ inar se o
falante é estrangeiro e m uitas vezes precisar o país de origem daquele falante.
Q ualquer indivíduo pode “falar sobre” a linguagem e discutir aspectos relaciona
dos às propriedades das línguas que conhece. Isto faz parte do “conhecim ento
com um ” das pessoas. Contudo, há um ramo da ciência cujo objeto de estudo é a
linguagem.
A lingüística é a ciência que investiga os fenôm enos relacionados à lingua
gem e que busca determ inar os princípios e as características que regulam as es
truturas das línguas'. Nas próxim as páginas apresentam os ao leitor os principais
term os técnicos da lingüística que são adotados neste livro. Pretendem os tam bém
indicar o objeto de estudo da lingüística e apontar áreas de trabalho que necessi
tam de profissionais com conhecim entos lingüísticos, especialm ente nas áreas d e
fonética e fonologia.
Sabem os que falar um a determ inada língua im plica um conhecim ento que
certam ente transcende o, escopo puram ente lingüístico. Quando duas pessoas fa
lantes de uma m esm a língua se encontram e passam a interagir lingüisticamente,
certam ente se dá um a interação am pla em que cada um a das pesso as envolvidas
passa a criar um a imagem da outra pessoa. Podemos identificar se a pessoa é falan
te nativo daquela língua.*Um falante nativo é um indivíduo que aprendeu aquela
língua desde criança e a tem como língua materna ou primeira língua. Caso classi
fiquemos o falante como sendo nativo, podemos afirmar se tal pessoa partilha da
m esma variante regional daquela língua. Não precisamos nem mesmo ver um falan
te para determinar a sua idade ou sexo, e talvez seu grau de educação. Isto pode ser
facilmente atestado quando atendemos a um telefonema. Podemos também precisar
se o falante é um estrangeiro que tem a língua em questão como segunda língua^Na
grande maioria dos casos, falantes de uma segunda língua têm características de sua
língua materna transpostas para a língua aprendida posteriormentéT Tem-se portanto
o “sotaque de estrangeiro” com características particulares de línguas específicas
(como “sotaque” de americano, japonês, alemão, italiano, etc.).
12 In tr o d u ç ã o
Exercício 1
1.1. Procure um colega de turma (ou um amigo) que seja de uma região dife ren te
da sua e liste cinco palavras que vocês pronunciam de maneira diferente. In d i
que as regiões consideradas. Id entifique a letra (ou letras) correspondentes ao
som (ou sons) que marcam esta diferença.
1.2. Como você categoriza a sua variedade lingüística individual em term os
comparativos com outras variedades do português? Tente comparar a sua va
riante com outras que você considera de prestígio, estigmatizadas e neutras.
Compare a sua seleção com a de um colega e discuta os fa to re s que levaram a
diferenças.
1.3. Aponte um aspecto do português que marque a variação lingüística entre
faixas etárias diferentes. Ilu stre com exemplos.
da descrição. Podem os dizer que no caso do futuro simples um a gram ática descri
tiva deve docum entar a sua ausência no português falado de vários dialetos e
registrar suas características nas variantes em que ele ocorre. Tais gramáticas são
form uladas com o apoio teórico da lingüística. (ver Perini (1995)).
Exercício 2
Discuta com um exemplo do português a diferença entre a gramática prescritivG
(ou normativa) e a gramática descritiva.
Gramática
/ I \
Exercício 3
3.1. Qual é o objeto de estudo da lingüística? J u s t if ique a sua resposta.
3.2. Explique os objetivos dos seguintes níveis da gramática: fonologia, sintaxe
e Semantica. Indique um tópico abordado na análise do português para cada um
destes níveis. Dê exemplos.
Exercício 4
Consulte um atlas e identifique as áreas em que se falam o português e os criou
los baseados na língua portuguesa.
2. Areas de trabalho
Lingüística: O teórico da linguagem busca explicar os mecanismos subjacentes aos
sistemas lingüísticos. A compreensão dos sistemas sonoros das línguas, bem como a
relação destes sistemas com os demais componentes da gramática (como morfologia,
sintaxe, semântica) consistem no trabalho do pesquisador. Teóricos da linguagem
podem investigar um determinado aspecto da linguagem do ponto de vista sincrônico
ou podem empreender uma pesquisa de um aspecto diacrônico da língua escolhida.
Formação: Graduação em Letras e Lingüística e pós-graduação em áreas afins.
Português V
Volume 1
Marli Hermenegilda Pereira
Mikaela Roberto
Ricardo Stavola Cavaliere
Apoio:
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
www.cederj.edu.br
Presidente
Carlos Eduardo Bielschowsky
Vice-presidente
Marilvia Dansa de Alencar
Coordenação do Curso de Letras
UFF - Livia Maria de Freitas Reis Teixeira
Material Didático
Elaboração de Conteúdo Coordenação de Produção Capa
Marli Hermenegilda Pereira Fábio Rapello Alencar Renan Alves
Mikaela Roberto
Assistente de Produção Programação Visual
Ricardo Stavola Cavaliere
Bianca Giacomelli Alexandre d’Oliveira
Direção de Design Instrucional Camille Moraes
Revisão Linguística e Tipográfica
Cristine Costa Barreto Cristina Portella
Beatriz Fontes
Deborah Curci
Coordenação de Design Elaine Bayma
Filipe Dutra
Instrucional Flávia Saboya
Larissa Averbug
Bruno José Peixoto Licia Matos
Maria Fernanda de Novaes
Flávia Busnardo da Cunha Maria Elisa Silveira
Mario Lima
Paulo Vasques de Miranda Mariana Caser
Núbia Roma
Yana Gonzaga
Supervisão de Design
Produção Gráfica
Instrucional Ilustração
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Aroaldo Veneu Clara Gomes
Ulisses Schnaider
Fernando Romeiro
Design Instrucional
Renan Alves
Ana Cristina Andrade
Vinicius Mitchell
P436
Pereira, Marli Hermenegilda.
Português V: volume 1 / Mikaela Roberto, Ricardo Stavola Cavaliere. –
Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2015.
168 p.: il. 19 x 26,5 cm.
ISBN: 978-85-458-0015-6
1. Português. 2. Fonética. I. Roberto, Mikaela. II. Cavaliere, Ricardo
Stavola. III. Título.
CDD:869
Meta da aula
Objetivos
8
Português V
Introdução
Quando nos iniciamos no estudo dos sons que integram o sistema lin-
guístico, comumente tomamos ciência de duas áreas de investigação
que, de tanto serem citadas em conjunto, aparentam ser tão somente
denominações alternativas da mesma disciplina: a fonética e a fonologia.
Na verdade, a fonética e a fonologia, embora tenham extrema vincula-
ção quanto ao objeto geral de estudo – ambas as disciplinas se ocupam
do estudo do som linguístico –, constituem áreas claramente distintas
quanto aos objetivos específicos, ou seja, quanto à perspectiva com que
cada uma delas se debruça sobre a análise dos sons da língua. Nestas pri-
meiras linhas, vamos nos ocupar da distinção entre fonética e fonologia;
apesar de ser uma introdução meramente teórica, nosso estudo nesse
ponto inicial merece dedicada atenção, pois saber com segurança quais
são os campos de atuação dessas duas disciplinas constitui pré-requisito
indispensável para que venhamos a entender conceitos fundamentais a
elas correlacionados ao longo de todo o curso.
A fonética e a fonologia
9
Aula 1 • Conceitos preliminares
10
Português V
Atividade 1
Atende ao Objetivo 1
11
Aula 1 • Conceitos preliminares
Respostas Comentadas
Para responder às questões propostas, você deve perceber que fonética e
fonologia são disciplinas complementares que têm um mesmo objeto de
estudo: a unidade sonora. No entanto, cada uma faz uma investigação
priorizando um enfoque distinto. Enquanto a fonologia se ocupa dos
sistemas linguísticos, caracterizando quais sons são, funcionalmente,
12
Português V
13
Aula 1 • Conceitos preliminares
14
Português V
Atividade 2
Atende ao Objetivo 2
15
Aula 1 • Conceitos preliminares
Resposta Comentada
Para responder a essa questão, você precisa dar um exemplo com a mes-
ma frase que pode indicar forças ilocucionárias distintas, dependendo
do padrão entonacional. Por exemplo, imagine o seguinte contexto:
Você vai à casa de um amigo pela primeira vez. Ao chegar lá, você se
depara com um cão, então, pergunta ao seu conhecido: “– Este cão mor-
de?”. Ele diz que não, o que o deixa aliviado. Nesse contexto, o enuncia-
do “Este cão morde” apresenta um padrão entonacional ascendente e
Força tem a força ilocucionária de uma pergunta. Agora imagine se você
ilocucionária chegasse à casa de seu amigo e se deparasse com dois cães. Você, apavo-
Quando alguém produz rado, perguntaria ao dono da casa: “– Esses cachorros mordem?” Então
um enunciado em certas
condições comunicativas ele responderia: “– Aquele não, agora este cão morde.” Nessa segunda
e com certas intenções,
tais como ordem, ameaça,
ocorrência, o enunciado “Este cão morde.” já apresenta um padrão mo-
pedido, pergunta etc., dular contínuo, sinalizando uma declaração. Assim, esses dois exemplos
diz-se que o enunciado
ganha uma determinada ilustram que a mudança de articulação entonacional pode levar à modi-
força ilocucionária. Assim,
ficação de valores discursivos.
a força ilocucionária é o
significado ilocutório do
ato, aquilo que determina
a sua função como
ordenar, avisar, perguntar,
convidar, ameaçar etc.
A título de definição
16
Português V
17
Aula 1 • Conceitos preliminares
fato de que uma língua se estuda dentro das relações que se estabelecem
no eixo das simultaneidades.
Não se pode negar, contudo, que os métodos usados pela fonologia
também se aplicam ao estudo da mudança linguística, que constitui o
cerne da linguística histórica ou diacrônica. Assim, ao lado da fonologia
sincrônica, que estuda o sistema fonológico de um estado da línua, sur-
ge a fonologia diacrônica, segundo a qual a evolução dos fatos fônicos
deve ser estudada com relação aos sistemas que sofreram as mudanças.
Como nos ensina o gramático espanhol Alarcos Llorach, “a fonologia,
assim, não é uma disciplina necessariamente sincrônica, já que seus mé-
todos são extensíveis às investigações diacrônicas” (ALARCOS LLORA-
CH, 1954, p. 15)
Atividade 3
Atende ao Objetivo 3
Resposta Comentada
Nessa questão, você deve estar consciente da dicotomia saussuriana,
sincronia e diacronia, para estabelecer a diferença entre fonologia sin-
crônica e fonologia diacrônica. Saussure postula que há duas formas de
se estudar os fatos linguísticos: uma do ponto de vista sincrônico, ou
seja, o estudo de um fenômeno gramatical a partir de um determina-
do estado da língua. Nessa perspectiva, estudam-se os elementos lin-
guísticos estabelecendo seu valor funcional numa relação contrastiva
com os demais elementos do sistema linguístico. Já na diacronia, um
determinado aspecto gramatical é estudado a partir de sua evolução.
Nesse enfoque, observa-se o fenômeno em diversas fases de uma língua.
18
Português V
Conclusão
Atividade Final
Atende ao Objetivo 1
19
Aula 1 • Conceitos preliminares
Respostas Comentadas
Resumo
20
Aula 2
TEXTO 3
Meta da aula
Objetivos
22
Português V
Introdução
Os ramos da fonética
A fonética articulatória
Sem dúvida, a área da fonética que mais interessa aos que se dedicam
ao estudo linguístico é a da fonética articulatória (ou fisiológica), já que
seu objeto está diretamente vinculado à manifestação da língua em sua
materialidade, ou seja, ao modo como o falante produz os sons da lín-
gua, à anatomia e ao funcionamento do aparelho fonador. Nessa área de
pesquisa, por exemplo, tomamos ciência de como o organismo humano
produz cada uma das unidades sonoras que integram o sistema de sons
de uma língua, bem como dos fatores, sejam de ordem fisiológica ou
anatômica, que podem interferir na boa articulação desses sons. É com
base na fonética articulatória, igualmente, que se criou uma classifica-
ção dos sons linguísticos, amplamente utilizada nos estudos fonéticos,
conforme veremos adiante.
O domínio da fonética articulatória auxilia a atividade profissional
em áreas conexas, tais como a fonoaudiologia. Muitos indivíduos nas-
cem com uma fissura labiopalatal, conhecida como “lábio leporino”,
que impede a articulação natural de alguns sons linguísticos. Outros
sofrem de distúrbios neurológicos que dificultam a movimentação da
musculatura do aparelho fonador ou mesmo de distúrbios psicológicos
23
Aula 2 • Ramos da fonética e classificação dos sons linguísticos
A fonética acústica
24
Português V
A fonética auditiva
25
Aula 2 • Ramos da fonética e classificação dos sons linguísticos
26
Português V
Atividade 1
Atende ao Objetivo 1
Resposta Comentada
Para você responder corretamente a essa atividade, é necessário fazer a
seguinte associação: fonética articulatória = produção dos sons; fonética
auditiva = recepção dos sons; fonética acústica = propriedades físicas do
som. Fazendo essa correlação, fica fácil identificar os ramos da fonética.
Assim, temos: a (1); b (3); c (1); d (3); e (2); f (2); g (3); h (1) e i (3).
27
Aula 2 • Ramos da fonética e classificação dos sons linguísticos
O aparelho fonador
28
Português V
Não resta dúvida, porém, de que na grande maioria das línguas co-
nhecidas os sons linguísticos são produzidos através da expiração do
ar. A pressão do diafragma e dos músculos da caixa torácica sobre os
pulmões provoca a expulsão do ar através dos brônquios e da traqueia
até chegar à laringe. No topo desse órgão, situam-se as cordas vocais,
dois pares de membranas superpostos e separados por uma cavidade
conhecida como ventrículo de Morgagni. As cordas vocais se posicio-
nam como lábios que se abrem para possibilitar a entrada e saída de ar
durante a respiração através de uma abertura triangular denominada
glote. Uma válvula situada na saída da laringe, a epiglote, controla o
fechamento da glote para evitar a entrada de saliva e alimentos no apa-
relho respiratório no ato de deglutição.
29
Aula 2 • Ramos da fonética e classificação dos sons linguísticos
30
Português V
Atividade 2
Atende ao Objetivo 2
31
Aula 2 • Ramos da fonética e classificação dos sons linguísticos
Respostas Comentadas
32
Português V
Resumo
33
TEXTO 4
TEXTO 5
TEXTO 6
TEXTO 7
5. Tabela fonética consonantal
Apresentamos abaixo uma tabela consonantal que lista os segmentos consonantais
que ocorrem no português brasileiro. A coluna da esquerda lista o modo ou maneira de
articulação a partir da natureza da estritura conforme definido anteriormente. Quando
relevante, foi indicado o estado da glote separando, portanto, segmentos vozeados e
desvozeados. Na parte superior indicamos o lugar de articulação definido conforme a
relação entre o articulador ativo e o articulador passivo.
F o n é tic a - T a b e la fo n é tic a c o n s o n a n ta l 37
D en tai
A r tic u la ç ã o
B ila b ia l L a b io d e n ta l ou A lv e o p a la ta l P a la ta l V e la r G lo ta l
M a n e ira Lugar
A lv e o la r
. Oclusiva desv P t k
voz b d g
Africada desv tf
voz d3
Fricativa desv f s í X h
voz V z 3 Y li
Nasal voz m n Ji y
Tepe voz r
Vibrante voz r
Retroflexa voz J
Lateral voz 1 i Á V
Tabela: Símbolos fonéticos consonantais relevantes para transcrição do português
O quadro abaixo lista exemplos de palavras que ilustram cada um dos segmentos
da tabela fonética apresentada acima. No exemplo ortográfico a letra (ou letras) em
negrito corresponde(m) ao segmento consonantal cujo símbolo fonético é apresentado
na primeira coluna. A segunda coluna lista a nomenclatura do segmento consonantal. A
forma ortográfica do exemplo é apresentada na terceira coluna e a representação foné-
tica correspondente é fornecida na quarta coluna. Finalmente, a última coluna apresen-
ta observações quanto a região dialetal predominante de ocorrência do segmento em
questão. Note que as transcrições fonéticas encontram-se entre colchetes. Adotamos o
símbolo La] para as vogais transcritas abaixo (exceto para [i] em “tia, dia”). O símbolo
['] precede a sílaba acentuada.
C la s s if ic a ç ã o d o E x e m p lo T r a n s c r iç ã o
S ím b o lo O b se rvaç ão *
s e g m e n to c o n s o n a n t a l o r to g r á fic o fo n é tic a
C la s s if ic a ç ã o d o E x e m p lo T r a n s c r iç ã o
S ím b o lo O b se rvação
s e g m e n to c o n s o n a n t a l o r to g r á fic o fo n é tic a
í
Fricativa alveopalatal chá vh] Uniforme em início de sílaba em todos os dia-
desvozeada acha ['aja] letos do português brasileiro. Marca variação
paz [■paj] dialetal em final de sílaba: paz. vasta.
C la s s if ic a ç ã o d o E x e m p lo T r a n s c r iç ã o
S ím b o lo O b se rva ç ã o
s e g m e n to c o n s o n a n t a l o rto g rá fic o fo n é tic a
J1 Nasal palatal banha ['bãjla] A consoante nasal palatal [p] ocorre na fala de
ou vozeada poucos falantes do português brasileiro. Ge-
OU
y ralmenle um glide palatal nasalizado que é
1'bãya] transcrito como fy] ocorre no lugar da conso-
ante nasal palatal para a maioria dos falantes
do português brasileiro. Esta variação será dis-
cutida em breve.
r Tepe alveolar cara 1'kafa] Uniforme em posição intervocálica e seguindo
vozeado prata ['prata] consoante em todos os dialetos do português
mar L'maf] brasileiro, podendo ocorrer com articulação
carta ['kafta] alveolar ou dental. Em alguns dialetos ocorre
em final de sílaba cm meio de palavra: “carta”
ou em final de sílaba que coincide com final de
palavra: “mar”.
r Vibrante alveolar rata [rata] Ocorre em alguns dialetos (ou mesmo idioletos)
vozeada do português brasileiro. Pronúncia típica do
marra ['mafa] português europeu e ocorre em certas varian-
tes do português brasileiro (por exemplo em
certos dialetos do português paulista). Ocorre
em início de sílaba que seja precedida por si-
lêncio: “rata”; em início de sílaba que seja pre-
cedida por vogal: “marra” e em início de síla-
ba que seja precedida por consoante: “Israel".
J Retroflexa alveolar mar fmaJ] Pronúncia típica do dialeto caipira do r em fi-
vozeada nal de sílaba: mar, carta. Adota-se também o
símbolo 1.”
i Lateral alveolar sal ['sai] Ocorre em final de sílaba em alguns dialetos (ou
vozeada velarizada salta ['saita] idioletos) do português brasileiro, podendo ocor-
ou rer com articulação alveolar ou dental. Pode ocor-
['sawj
rer a vocalização da lateral em posição final de
w ['sawta]
sílaba e neste caso temos um segmento com as
características articulatórias de uma vogal do tipo
[u] que é transcrito como [\v].
40 F o n é tic a - T a b e la fo n é tic a c o n s o n a n ta l
E x e m p lo T r a n s c r iç ã o
S ím b o lo C la s s if ic a ç ã o d o s e g m e n to c o n s o n a n t a l O b se rvação
o rto g rá fic o fo n é tic a
í s ;
3 z
ti c ou ts
d3 j ou dz
J» ri
b ila b ia l lá b io - d e n t a l d e n ta l a lv e o la r p ó s -a lv c o la r r c t r o f lc x a p a la ta l v e la r u v u la r f a r in g a l g lo t a l
O c lu s iv a P b t d t 4 C t k 9 q G ?
N asal m rç n a J1 9 N
V ib r a n te B r R
T e p e (o u fle p e ) r i
F r ic a tiv a <t> p f V 0 õ s Z í 3 ? A V i X Y X B b ç h fi
F r ic a t iv a la te r a l
t b
A p r o x im a n t e u i i j LM
A p r o x . la t e r a l 1 { L
Em pares de simbolos tem-se que o símbolo da direita representa uma consoante vozeada. Acrcdita-sc ser impossível as articulações
nas áreas sombreadas.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Site para ajudar na transcrição pelo computador: https://westonruter.github.io/ipa-
chart/keyboard/
Símbolos mais usados
[ ] [ˈ] [~]
[a] [ɛ] [e] [i] [ɔ] [o] [u] [w] [j] [ʊ] [ɪ] [ɐ]
[p] [t] [k] [b] [d] [tʃ] [dʒ] [g] [m] [n] [ɲ] [l] [ʎ] [x] [ɣ] [ɾ] [f] [v] [s] [z] [ʃ] [ʒ]
[ⁿ] [m] [ŋ]
1. Observe as transcrições fonéticas abaixo e realize sua versão para a escrita padrão culta
do português, empregando o alfabeto latino.
Ex: [ˈkazɐ] – casa
a) [ˈɐⁿ̃ koɾɐ]
b) [aˈmɔɾɐ]
c) [dezoˈnɛʃtʊ] ou [dezoˈnɛjʃtʊ]
d) [ĩmˈpɾɔpɾiʊ] ou [ĩmˈpɾɔpɾjʊ]
e) [abisoˈlutʊ]
f) [kaˈki]
g) [ĩmpɾeviˈzivew]
h) [xɐ̃ ŋˈkox]
i) [eleˈfɐⁿ̃ tʃɪ] ou [ɛleˈfɐ̃ⁿtʃɪ]
j) [saˈtuɣnʊ]
2. Agora, faça você a transcrição fonética das palavras abaixo, baseando-se no português
falado na região do Rio de Janeiro em sua variedade culta.
k) Cordialmente
l) Amigo
m) Igreja
n) Samambaia
o) Tesouro
p) Radical
q) Pezinho
r) Telhado
s) Framboesa
t) Vasilhame
GABARITO
1.
2.
k) Cordialmente [koɣdʒiawˈmẽⁿtʃɪ]
l) Amigo [aˈmigʊ]
m) Igreja [iˈgɾeʒɐ]
n) Samambaia [samɐm ̃ ˈbajɐ]
o) Tesouro [teˈzowɾʊ]
p) Radical [xadʒiˈkaw]
q) Pezinho [pɛˈzĩɲʊ]
r) Telhado [teˈʎadʊ]
s) Framboesa [fɾɐm ̃ bo'ezɐ]
t) Vasilhame [vaziˈʎɐ̃mɪ]
TEXTO 8
Aula 16
Fonética sintática
Jacqueline V. B. Ramos
Marli Hermenegilda Pereira
Tânia Mikaela Garcia Roberto
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
Meta
Objetivos
Pré-requisitos
Para acompanhar esta aula, você precisará ter claras as noções explo-
radas em aulas anteriores, quais sejam, os conceitos de sílaba e de pro-
cessos fonológicos (supressão, transposição, substituição e acréscimo) e,
mais especificamente, a noção de sândi externo (ou juntura).
158
Português V
Introdução
A fonética sintática
Haplologia
Não é difícil deduzirmos que o termo “Creditotal” está relacionado
Processo de redução de
aos vocábulos crédito e total. Nesse caso, seus autores lançaram mão de sílaba pela semelhança
entre as sílabas final
dois vocábulos, resultando em um dos fenômenos de fonética sintática e inicial das palavras
que é bastante recorrente em nossa língua: a haplologia (“créditototal”). adjacentes.
159
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
160
Português V
Monomorfema
161
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
Elisão
Sândi
162
Português V
163
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
Clítico
164
Português V
Crase
165
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
Haplologia
Por fim, nesta aula, outro fenômeno de fonética sintática que merece
atenção é a haplologia, que consiste na supressão de uma sílaba no con-
texto de duas sílabas contíguas iguais ou semelhantes. Também pode
ocorrer no interior de vocábulos e em fronteira entre vocábulos formais,
como os exemplos que seguem:
“paralepípedo” – paralelepípedo
166
Português V
167
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
Nurc
“cano novo”
“o mengo goleou”
168
Português V
Ditongação
Sinalefa
169
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
Vê umedecer vêu/me/de/cer
Lá ironizei lái/ro/ni/zei
c) se a vogal átona final for i (e) e a inicial qualquer uma, exceto i (e):
cer/tai/da/de
Elisão: cer/ti/da/de
Hiato: cer/ta/i/da/de
170
Português V
Atividade 1
171
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
Resposta comentada
1. a) (F); b) (V); c) (F) e d) (V). A alternativa a) é falsa porque associa es-
tudos sintáticos às relações entre os morfemas de um vocábulo. Não é o
caso, pois a fonética sintática estuda as alterações fonéticas que incidem
no limite das palavras. A alternativa c) é falsa pois as transformações
fonéticas ocorrem no limite das palavras, independente de sua função
sintática na oração ou no período.
2. Embora a escrita não evidencie, há, na pronúncia da sequência “como
o mar”, crase, pois ocorre a fusão dos sons foneticamente semelhantes
(o + o > u): comumar.
3. (b), (d), (e), (a), (c).
Conclusão
Atividade 2
172
Português V
d) Pó deixar.
Resposta comentada
a) Há, no título do livro, a ausência do artigo definido masculino exigi-
do pela expressão o silêncio, que completa a ideia do verbo. A supressão
do artigo foi influenciada pela crase do -o final da forma verbal com o
artigo em questão.
b) O mesmo fenômeno ocorre na alternativa b, em que deveria haver o
artigo o na expressão todo o, que significa inteiro. Sem o artigo, a palavra
ganha outro sentido (cada), gerando uma incoerência no enunciado.
c) Há, no exemplo, uma haplologia, que gerou a supressão da sílaba di,
em esplendidíssima.
d) Há, também nesta alternativa, haplologia, com o apagamento da síla-
ba de da forma verbal auxiliar pode.
Resumo
173
Aula 16 • Fonética sintática
Aula 16 •
Aula 16 •
174
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE LETRAS
PORTUGUÊS II – FONÉTICA E FONOLOGIA
PROFESSOR: WELTON PEREIRA E SILVA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Site para ajudar na transcrição pelo computador: https://westonruter.github.io/ipa-
chart/keyboard/
Símbolos mais usados
[ ] [ˈ] [~]
[a] [ɛ] [e] [i] [ɔ] [o] [u] [w] [j] [ʊ] [ɪ] [ɐ]
[p] [t] [k] [b] [d] [tʃ] [dʒ] [g] [m] [n] [ɲ] [l] [ʎ] [x] [ɣ] [ɾ] [f] [v] [s] [z] [ʃ] [ʒ]
[ⁿ] [m] [ŋ]
Dentro de casa
Haplologia:
Cada estado
Elisão:
Perdura a graça
Crase:
GABARITO
1) ambas são orais e médias altas. Diferenças: anterior/posterior; não arredondada/
arredondada.
2)
[x] consoante fricativa velar desvozeada
[b] consoante oclusiva bilabial vozeada
[k] consoante oclusiva velar desvozeada
[a] vogal baixa central não arredondada
[u] vogal alta posterior arredondada
3)
Seus olhos
Sonorização: [sew’zoʎʊʃ]
Dentro de casa
Haplologia: [‘dẽndʒɪ’kazɐ]
Cada estado
Elisão: [‘kadeʃ’tadʊ] ou [‘kadiʃ’tadʊ]
Perdura a graça
Crase: [pex’duɾa’gɾasɐ]
UNIDADE 3
TEXTO 9
FONEMA, ALOFONE E
ARQUIOFONEMA
3
aula
MET
METAA
Apresentar vários conceitos de
fonema e os de alofones e
arquiofonemas
OBJETIVOS
Ao final dessa aula o aluno deverá:
reconhecer fonemas do português;
identificar os traços distintivos de
um fonema.
distinguir alofones de fonemas
distinguir arquifonemas de
fonemas e de alofones.
PRÉ-REQUISITOS
Aula 02: o aparelho fonador e os
tipos de som
(Fonte: http://www.coesis.org).
Fonologia da Língua Portuguesa
40
Fonema alofones e arquiofonemas
41
Fonologia da Língua Portuguesa
/p/ /b/
consoante consoante
oclusiva oclusiva
bilabial bilabial
oral oral
surda sonora
42
Fonema alofones e arquiofonemas
/l/ //
consoante consoante
lateral lateral
oral oral
sonora sonora
alveolar palatal
UM POUCO DE HISTÓRIA
43
Fonologia da Língua Portuguesa
44
Fonema alofones e arquiofonemas
45
Fonologia da Língua Portuguesa
46
Fonema alofones e arquiofonemas
SISTEMA ORTOGRÁFICO
X
3
aula
SISTEMA FONOLÓGICO
47
Fonologia da Língua Portuguesa
48
Fonema alofones e arquiofonemas
ATIVIDADES
/l/, / / = _______________________________________________
( ) cinto – cito
( ) braço – baço
( ) integrar – entregar
( ) porto (s) – porto (v)
( ) nascimento – valimento
( ) senti – sentiu
( ) percebido – partido
( ) amoral – imoral
( ) infligir - infringir
( ) mora - mola
49
Fonologia da Língua Portuguesa
50
Fonema alofones e arquiofonemas
51
Fonologia da Língua Portuguesa
52
Fonema alofones e arquiofonemas
ALOFONES
53
Fonologia da Língua Portuguesa
54
Fonema alofones e arquiofonemas
55
Fonologia da Língua Portuguesa
56
Fonema alofones e arquiofonemas
57
Fonologia da Língua Portuguesa
pois dele vem um fonema surdo que não seja /t/. O z é usado diante
de vogal ou quando depois dele vem uma consoante sonora. Mas nós
empregamos também o // diante de /t/ e o // diante de /d/.
Veja o quadro:
ATIVIDADES
58
Fonema alofones e arquiofonemas
Comentário da atividade
Sei que sem começar a classificar os fonemas, não é nada
fácil esses exercícios de afofonia, mas devagar que você
acerta. Nós já falamos sobre eles aí no texto.
1. Reconheça os alofones consonantais que podem estar
presentes nas seguintes palavras e classifique -os como
posicionais ou livres:
amar = [], [h] e [] livre
coitado = [t] e [t] posicional
doido = [d] e [d] posicional
eterno = [], [h] e [] livre
feito = [t] e [t] posicional
moita = [], [h] e [] livre
peito = [t] e [t] posicional
forte= [t] e [t] posicional
leitura = [t] e [t] posicional
pardo = [], [h] e [] livre
terno = [], [h] e [] livre
59
Fonologia da Língua Portuguesa
(Fonte: http://notasaocafe.files.wordpress.com).
60
Fonema alofones e arquiofonemas
RESUMO
61
Fonologia da Língua Portuguesa
REFERÊNCIAS
62
TEXTO 10
Universidade Federal Fluminense
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Setor de Língua Portuguesa – Língua Portuguesa II
Professores: Glayci Xavier e Welton Pereira
1.0 Introdução
Mattoso Câmara Jr descreve as vogais a partir de sua posição na sílaba. À vogal, por ser o núcleo da
sílaba, o seu ponto de maior intensidade, cabe a função de distinguir as sílabas átonas e tônica.
...é normalmente a vogal, como o som vocal mais sonoro, de maior força expiratória, de
articulação mais aberta e de mais firme tensão muscular, que funciona em todas as
línguas como centro de sílaba, embora algumas consoantes, particularmente as que
chamamos ‘sonantes não estejam necessariamente excluídas dessa posição (Câmara Jr.,
2002, p. 53).
Alta Alta
ALTURA
ALTURA
Média alta Média alta
Crítica à NGB: apresenta uma classificação das vogais que prevê um quadro único para as vogais
tônicas e átonas.
Todas [as vogais] podem estar presentes em sílaba tônica, mas nem todas aparecem
em sílaba átona pretônica ou postônica. (Cavaliere, 2005, p. 67).
Para Mattoso Câmara Jr., a classificação dos fonemas vocálicos tem de partir da posição tônica porque
1
1.1 As vogais em posição tônica
Alta i u Alta
ALTURA
ALTURA
Média alta e o Média alta
Média baixa Média baixa
Baixa a Baixa
Central
São sete as vogais em posição tônica que podem ser atestadas pela observação dos pares mínimos abaixo.
a. ME – NI – NO
ÁTONA T ÁTONA
Pretônica
b. MÉ – DI – CO
T ÁTONA ÁTONA
Postônica Postônica
Não final Final
2
1.2.1 Vogais Pretônicas
i u
ALTURA
ALTURA
Alta Alta
Média E O Média
Baixa a Baixa
Central
Neutraliza-se a oposição entre as vogais médias alta e baixa que passam a ser representadas por um
Arquifonema (a letra maiúscula)
Como vimos, são divididas em dois grupos: as postônicas não finais, que só ocorrem nas palavras
proparoxítonas, e postônicas finais, que são as mais débeis da língua, ou seja, são pronunciadas com a
menor força expiratória.
ALTURA
Alta i U Alta
Média E Média
Baixa a Baixa
Central
Neutraliza-se a oposição entre as séries alta e média posterior e entre as vogais médias anteriores. O
sistema se reduz a quatro vogais
3
1.2.2.2 Postônicas Finais
ALTURA
Alta I U Alta
Média Média
Baixa a Baixa
Central
Neutraliza-se a oposição entre as séries alta e média e o sistema se reduz a três vogais: uma baixa e
duas altas, que são arquifonemas.
No contexto fonético, no ditongo, um dos segmentos da sequência é interpretado como uma vogal e o outro é
interpretado como “semivocóide, semicontóide, semivogal, vogal assilábica” ou de “glide” (Silva, 2003, p. 73). Em
português, é interpretado foneticamente como um segmento vocálico (sem obstrução à passagem da corrente de ar).
Na sílaba, o glide ocupa posição marginal na sílaba e não tem proeminência acentual.
a) Ditongos: encontro de uma vogal mais uma semivogal. Em função da posição da semivogal: ditongo crescente (VV
- sério) ou decrescente (VV - pai).
1
Qualquer um dos dois símbolos, [y] ou [j], pode ser utilizado na transcrição fonética para representar o som da semivogal “i”.
4
Obs.: [ow] – tendência à eliminação desse ditongo (à monotongação); em contrapartida, há uma tendência à
vocalização do [l] em final de sílaba (na maioria dos dialetos do Brasil) como em gol, soltar, colcha que acaba por
restabelecê-lo/revitalizá-lo, pela vocalização da consoante lateral alveolar /l/. (V + V > V; V + l > VV). Aparecem 2
outros ditongos em determinadas realizações:
* [ w] sol
* [uw] sul
• A eliminação da semivogal é fenômeno antigo no português e ainda hoje constitui uma tendência em nossa
língua.
Paiva (1986), em estudo das semivogais em ditongos decrescentes, concluiu que: ou > o = mudança praticamente
concluída; ej > e = redução que depende de fatores da composição fonética, como o ponto e modo de articulação do
contexto subsequente (vibrante simples ou palatal [] /[, ]).
• Ditongos nasais: para Câmara Jr., são compostos por ditongo + arquifonema /N/.
Os ditongos crescentes
Para Câmara Jr. (2002) e Bisol (1989), não há o chamado ditongo crescente.
Evidência: em muitos casos, o encontro semivogal + vogal pode oscilar entre uma realização como hiato ou como
ditongo:
• “a sequência consoante velar / semivogal posterior é reminiscência do grupo latino [kw]/[gw], do qual a língua
revela forte tendência a libertar-se. As palavras abaixo, entre outras, já estão no dicionário com forma
alternativa.”
quociente cociente
quotidiano cotidiano
quatorze catorze
quotizar cotizar
(Collischonn, 2005)
Tritongos orais
Exs.: [way] Uruguai → /uɾuguai/
[wey] averiguei → / avEɾiguei/
[wow] averiguou → /avEɾiguou/
• Hiato: Duas vogais adjacentes que, como núcleos de sílabas, precisam ocupar sílabas distintas.
Baú [bau] → /bau/
Saúde [saud → /saudI/
As gramáticas do português sempre consideram a existência de vogais nasais ao lado de vogais orais porque
esta é a opinião da Nomenclatura Gramatical Brasileira. Ou seja, consideramos que na língua portuguesa
existem 12 vogais: 7 (sete) fonemas vocálicos orais e 5 (cinco) fonemas vocálicos nasais. Além da
ressonância nasal, estas vogais nasais se diferenciam das orais porque têm timbre sempre fechado. Assim, o
quadro fonológico das vogais nasais em sílaba tônica é o seguinte:
ALTURA
Alta i u Alta
Média e o Média
Baixa a Baixa
Central
1. Um dos temas mais debatidos dos estudos fonológicos do português → tem recebido a atenção de
especialistas há, pelo menos, dois séculos sob diferentes perspectivas.
2. A tradição gramatical: a vogal nasal é dotada do traço da nasalidade e, por isso, se contrapõe à sua
correspondente oral; as vogais seriam produzidas ordinariamente na cavidade bucal, mas podem ser
acompanhadas de ressonância nasal.
3. Alguns problemas: será que toda vogal oral pode ter uma correspondente nasal? (Não: inexistem, em nossa
língua, nasais médias-baixas. As línguas naturais não diferenciam nasais médias-altas e médias-baixas,
segundo Silva, 2003, p. 91)
4. No campo ortográfico, que é marcado por arbitrariedades, não há uniformidade quanto à representação
desses elementos: ora a nasalidade é assinalada por <m> ou <n> (“samba”, “vinte”) ora pelo uso do til (“lã”).
2
Material organizado pelas professoras Fabiana Esteves Neves (UFF) e Nadja Pattresi de Souza e Silva (UFF)
6
NASALIDADE E NASALAÇÃO
1. Na pronúncia do PB, a vogal pretônica seguida de sílaba iniciada por consoante nasal pode
assimilar/absorver a nasalidade do fonema vizinho (pronúncia nasalada): banana, panela. Esse traço não é
pertinente: há pronúncias não nasaladas também → traço marcante de variação diatópica no PB.
2. Câmara Jr. (2002, p. 47) estabelece a distinção entre vogais com o traço nasal não distintivo (“nasalação
fonética” / “nasalidade não fonológica”) e vogais em que esse traço é decisivo do ponto de vista fonológico
(tanto / tato) (“nasalação que se opõe distintivamente à não nasalação” / “nasalidade fonológica”).
3. Em geral, os estudiosos da área optam por seguir essa diretriz, embora haja variações. Também é variável
o uso da terminologia (NASALIDADE / NASALAÇÃO) para caracterizar cada fenômeno.
O ARQUIFONEMA NASAL
1. Entre as teses já aventadas, como se destacou, há aquelas que interpretam as vogais nasais como “meras
realizações das vogais orais correspondentes, seguidas de consonante nasal” (Cavaliere, 2005, p. 87) → o
traço de nasalidade resultaria da articulação de uma consoante nasal).
2. Entre nós, há a consagrada hipótese formulada por Câmara Jr. (2002): a tese do arquifonema nasal e sua
importância para a descrição da chamada vogal nasal em português.
2.1 Para o linguista, “a nasalidade pura da vogal não existe [...] fonologicamente, porque por meio dela não
se cria oposição em português entre vogal pura envolvida de nasalidade e vogal seguida de consoante nasal
posvocálica” (Câmara Jr., 2002, p. 59). Isso se dá em francês, e.g.: bon e bonne.
Nas palavras de Câmara Jr. (2002, p. 47), “a vogal nasal fica entendida como um grupo de fonemas, que se
combinam na sílaba – vogal e elemento nasal”.
Em campo, ponta e tango, e.g., não se pode falar em vogal nasal, e sim em vogal oral seguida por consoante
nasal, já que atua em travamento de sílaba (ou seja, sílaba cujo último elemento é consonantal). Nesses casos,
haveria, respectivamente, uma consoante nasal /m/ diante de consoante labial na sílaba seguinte, uma
consoante nasal /n/ diante de consoante dental na sílaba seguinte e uma consoante nasal /ŋ/ diante de
consoante velar na sílaba seguinte. Considerando que /m/, /n/ e /ŋ/ se neutralizam nessa posição de
travamento silábico, tem-se o arquifonema /N/.
“É preferível partir do arquifonema nasal /N/ como o fato estrutural básico, que acarreta, como traço
acompanhante, a ressonância nasal da vogal.” (Câmara Jr., 2002, p. 59)
“é [...] como arquifonema nasal (só marcado pela ressonância nasal e não pelas modalidades do embaraço na
boca) o elemento consonântico nasal posvocálico, que [...] convém postular fonemicamente nas chamadas
vogais nasais portuguesas [...]: /aN/, /eN/, /iN/, /oN/, /uN/.” (Câmara Jr., 2002, p. 52)
7
Argumentos de base estruturalista:
a) A sílaba da vogal dita nasal comporta-se como uma sílaba travada por consoante.
“(...) a crase ou a elisão que ocorre entre a vogal final de uma palavra e a vogal átona inicial da palavra
seguinte, fato comum no português, não se configura quando a vogal final é nasal: grande amor (elisão),
casa amarela (crase), porém lã azul (hiato), dom artístico (hiato).” (Cavaliere, 2005, p. 89).
b) Após a nasal não aparece o tepe, típico do ambiente intervocálico (arado / enredo).
c) Não há hiatos entre vogais nasais dentro do vocábulo. Ex: “nenhum” (nem + um) – uma consoante
destrói o hiato entre [ẽ] e [ũ]: [nẽ.‘ɲũn].
“No que tange aos ditongos nasais, a regra do arquifonema mantém-se, no sentido de que também
devem ser entendidos como ditongos orais seguidos de arquifonema nasal” (Cavaliere, 2005, p. 89).
a) A crase não se dá em certos ambientes intervocálicos – por exemplo, o caso em que a vogal inicial é tônica:
casa alta. Dentre esses ambientes, inclui-se o das vogais nasais.
b) O /R/ que se segue às consoantes nasais também aparece entre vogais (arrasar).
c) Os próprios hiatos de vogais orais tendem a ser evitados no PB. Ex: ocorre monotongação em
coordenação> *cordenação; caatinga >*catinga; há intercalação de um glide em freado>*freiado;
Andrea>*Andreia etc.
8
Referências
BISOL, L. O ditongo na perspectiva da fonologia atual. D.E.L.T.A, 1989, vol. 5, n.2: 185-224.
CALLOU, D. M. I. & LEITE, Y. Iniciação à fonética e à fonologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
PAIVA, M. da C. A. de. A supressão das semivogais nos ditongos decrescentes. Rio, xerox, 1986.
SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 7 ed. São
Paulo: Contexto, 2003.
9
TEXTO 11
Aula 10
Descrição dos segmentos consonantais
Meta
Objetivos
Pré-requisitos
8
Português V
Introdução
Consoantes pré-vocálicas
9
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
As consoantes bilabiais
10
Português V
O par /t/ e /d/ apresenta alofonia somente quando esses sons vêm an-
tes da vogal /i/. Diante das outras vogais e das consoantes grafadas pelas
letras l/r, esses dois segmentos não apresentam significativa variação.
Os seguintes exemplos ilustram ocomportamento desses sons:
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
11
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Ex.: titia = “tchitchia” [t], teoria = “tchiuria” [t], dia = "dchia" [d]
12
Português V
As consoantes velares
13
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Atividade 1
Transcrição Transcrição
fonética fonológica
cocada
toca
poda
peteca
pecado
bica
gado
copa
gota
bota
pitada
gato
14
Português V
Resposta comentada
1.
Transcrição Transcrição
fonética fonológica
Você deve ter observado que os símbolos usados nas transcrições fonética e
fonológica para representar as consoantes oclusivas são iguais. Como você já
viu, esses sons apresentam pronúncia uniforme em todo o território brasilei-
ro. É interessante também notar o enfraquecimento das vogais átonas finais.
2. Observe que nem sempre o registro fonético das consoantes /t/ e /d/
apresentará palatalização, mesmo na pronúncia carioca. A palatalização
somente ocorrerá diante da vogal /i/ (mesmo que na escrita se registre
um e). Já no sul de nosso país, é ainda mais difícil perceber a palataliza-
ção dessas consoantes.
Abaixo as respostas:
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
Carioca Gaúcho
15
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
Carioca Gaúcho
Consoantes nasais
Consoantes
Ponto de articulação Grau de vozeamento
nasais
[m]
bilabial vozeada/sonora
Ex.: mato
[n]
alveolar ou dental vozeada/sonora
Ex.: nata
[]
palatal vozeada/sonora
Ex.: venha
16
Português V
17
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Atividade 2
mata
mula
mole
meta (substantivo)
medo
mito
amiga
nada
neto
nuca
Anita
ninho
banho
ganhador
punho
ponho
18
Português V
Resposta comentada
1.
Transcrição Transcrição
fonética fonológica
19
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
2.
Transcrição Transcrição
fonética fonológica
Você deve ter notado que os fonemas /m, n/, em posição pré-vocálica,
apresentam pronúncia uniforme no português do Brasil, exatamente
como vimos falando até agora.
Consoantes laterais
20
Português V
21
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
['L]
[L, lj, y]
['lj]
/L/
['y]
22
Português V
Para saber qual dos dois alofones [, lj] você produz, Cristófaro Silva
(2003, p. 65) sugere o seguinte teste:
Pronuncie olhos/óleos; a malha/Amália e julho/Júlio. Caso você faça
distinção articulatória entre esses termos, é possível que a lateral palatal
[] ocorra em seu idioleto; no entanto, se você pronuncia esses pares
de palavras da mesma maneira, é provável que você produza a lateral
palatalizada [lj].
Atividade 3
panela
laço
liso
lazer
alado
tela
gula
placa
planeta
23
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
biblioteca
colher
telha
calha
atalho
palhaço
abelhudo
pilha
Resposta comentada
[pa' ljasU]
palhaço /pa 'as/
ou [pa'asU]
24
Português V
[abe'ljudU]
ou [abe'udU]
abelhudo /abe'ud/
['be'ljudU]
ou [' be'udU]
['pilj]
pilha /'pL/
ou ['p]
Consoantes fricativas
25
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Transcrição Transcrição
fonética fonológica
26
Português V
Atividade 4
folha
fica
figo
afago
visita
avesso
vacina
velho
27
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
azedo
asilo
fazia
faça
chocolate
chiclete
mexerica
cassino
sopa
cela
zela
gema
jogada
jiló
ginecologia
Resposta comentada
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
28
Português V
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
Róticos
29
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
30
Português V
Atividade 5
Resposta comentada
No texto acima, encontramos algumas palavras que contêm tepe. Se-
guem abaixo seus registros fonético e fonológico:
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
31
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
32
Português V
Atividade 6
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
carro
burro
rima
rua
sorriso
jarra
arruda
barriga
rato
rede
Resposta comentada
Transcrição
Transcrição fonética
fonológica
33
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Consoantes pós-vocálicas
O /l/ pós-vocálico
34
Português V
Atividade 7
35
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Resposta comentada
No dialeto carioca e na maioria dos dialetos, a lateral /l/ se realiza como
uma vogal, representada pelo símbolo [w]. É interessante notar que,
foneticamente, criam-se, nesses casos, ditongos (vogal + semivogal),
como em: ca-nal (nau), mil (miu), vul-to (vuu).
Observe abaixo as palavras que contêm essa consoante no trecho
citado anteriormente:
O arquifonema /S/
Como você já viu, os segmentos [s], [], [z], [Z] são fonemas distintos
na língua portuguesa, já que podemos encontrar inúmeros pares míni-
mos que evidenciam a presença de tais fonemas na língua, tais como Sá,
chá, e já; Zé e Sé etc.
Tais fonemas, porém, ao se apresentarem em posição final de sílaba,
perdem suas propriedades distintivas, tendo seus traços distintivos neu-
tralizados, e passam a ser possíveis alofones em tal contexto.
Essa neutralização pode ocorrer tanto em final de sílaba interna,
como, em fes-ta, quanto em final de sílaba final, como em mas. A neu-
tralização dessas fricativas terá como resultado o arquifonema /S/ em
contexto de coda silábica.
Em posição medial de palavra, podem ocorrer os quatro segmentos
fricativos [s, z, , ] sem alteração de significado. Esse fenômeno ocor-
re, por exemplo, na palavra vesgo. O arquifonema |S| corresponde à neu-
tralização que gera as possíveis realizações [z] ou [] em contexto final
de sílaba interna anterior à consoante com traço [+ sonoro]: ['vezgo],
na realização gaúcha, por exemplo, ou [' vejgU], na realização carioca.
36
Português V
37
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
38
Português V
Atividade 8
castelo
pasta
asma
esgoto
vespa
lesma
ósculo
bisteca
capaz
mês
mês bonito
mês passado
mês alegre
Resposta comentada
39
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
capaz [ka ' pajs] [ka ' pajS] /ka ' paS/
O arquifonema /R/
40
Português V
Transcrição fonética
Transcrição
Ocorrências
Dialeto Dialeto Dialeto fonológica
Dialeto carioca
mineiro gaúcho de Portugal
carpete [kax'EtI] [kah ' Et] [kar' Ete] [k 'Et] /kaR 'pte/
caderno [ka'nU] [ka ' EnU] [ka 'ErnU] [ka 'nU] /ka 'dRno/
mar feroz [ 'maxfe 'OjS] ['mahfe 'Ojs] [' marfe'Ojs] ['mfe 'Oj] /'maRfe'S/
mar alto [' ma' awtU] [ 'ma ' awtU] [ 'ma'tU] ['ma'altU] /'maR ' alto/
41
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Assim, você só saberá qual símbolo fonético será usado para repre-
sentar o r ortográfico em final de sílaba identificando o traço de sonori-
dade da consoante seguinte. Para facilitar essa identificação, você pode
consultar a tabela consonantal da Aula 3.
Finalmente, em relação aos róticos, cabe ainda observar o apaga-
mento do rótico em final de palavra, tendência muito comum no PB,
que acontece geralmente em verbos, mas não se limita a eles. Tem-se,
por exemplo, andá (andar), parti (partir), vendê (vender), amô (amor)
etc. Agora, vamos exercitar!
Atividade 9
42
Português V
Transcrição fonética
a) porta po[ ]ta (realização carioca)
b) carta ca[ ]ta (realização gaúcha)
c) martelo ma[ ]telo (realização mineira)
d) carga ca[ ]ga (realização do interior de São Paulo)
Resposta comentada
Note que é preciso conferir se o fonema que segue o rótico é sonoro ou
não, para estabelecer o símbolo da transcrição fonética adequado. As-
sim, seguem as respostas corretas:
a) po[x]ta (realização carioca), já que /t/ é [– sonoro].
b) ca[r]ta (realização gaúcha). No caso da vibrante, não há preocupação
com a sonoridade, por se tratar de uma soante.
c) ma[h]telo (realização mineira), já que /t/ é [– sonoro].
d) ca[]ga (realização do interior de São Paulo), retroflexa.
e) la[]go (realização carioca), já que /g/ é [+ sonoro].
f) ama[]go (realização mineira), já que /g/ é [+ sonoro].
g) ve[r]de (realização gaúcha).
h) ma[]gem (realização carioca), já que // é [+ sonoro].
i) Var[]gas (realização mineira), já que /g/ é [+ sonoro].
j) pa[]do (realização carioca), já que /d/ é [+ sonoro].
43
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
O arquifonema /N/
44
Português V
Atividade 10
tambor
trompete
tímpano
cambista
pinta
tenda
cancelar
confete
Conrado
concha
tangerina
ângulo
concurso
Resposta comentada
45
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Veja que a nasal bilabial [m] ocorre antes das bilabiais [p, b]; a nasal
alveolar (ou dental) [n] ocorre diante de sons alveolares, como [t, d, s,
f]; a nasal palatal [] ocorre diante de sons mais posteriores, como as
consoantes alveopalatais, velares, glotais e uvulares. No exercício, apare-
cem as consoantes alveopalatais [, ] e as velares [k, g, x].
Conclusão
Atividade final
Resposta comentada
Assimilação é uma alteração sofrida por um fonema em contato com
um som vizinho; geralmente, ambos compartilham alguns traços ar-
ticulatórios em comum. A assimilação pode ser total, quando um som
assimila completamente as características de outro som, ou pode ser
parcial, quando um segmento adquire apenas alguns traços do outro
segmento. Um exemplo de assimilação total é o que ocorre com a ter-
minação -ndo dos verbos no gerúndio. Como [n] e [d] compartilham
algumas características, como ponto de articulação (alveolar ou den-
tal) e vozeamento, [n] acaba assimilando [d] e se tornando igual a ele;
exemplos: [ko 'xe~nU] /ko ' ReNdo/, [ 'i~nU] / 'iNdo/. Um exemplo de as-
similação parcial ocorre com as fricativas sibilantes em final de sílaba
/s, z, , /. Esses segmentos assimilam o traço de sonoridade da conso-
ante que os segue. As palavras costa e rasgado ilustram esse fenômeno.
A fricativa, representada pelo s ortográfico, em costa, assimila o traço
[− sonoro] da consoante seguinte [t] e pode ser transcrita como [s] ou
[], dependendo do dialeto: [' kst] ou [ 'kt]. Na palavra rasgado, a
fricativa assimila o traço [+sonoro] da consoante seguinte [g] e pode ser
transcrita como [z] ou []: [xaz' gadU] ou [xa'gadU].
47
Aula 10 • Descrição dos segmentos consonantais
Aula 10 •
Aula 10 •
Resumo
48
Universidade Federal Fluminense
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Setor de Língua Portuguesa – Língua Portuguesa V
Professoras: Glayci Xavier e Welton Pereira
➢ A consoante é um fonema de natureza assilábica – isto é, não pode constituir sílaba; atua apenas nos
seus pontos periféricos (assim como a semivogal ou glide), enquanto a vogal é sempre a base silábica.
➢ “Embora todas as consoantes portuguesas possam aparecer em posição pré-vocálica, somente
algumas situam-se em posição pós-vocálica, ressaltando-se que umas outras sofrem restrição para
figurar na sílaba inicial da palavra (...)” (CAVALIERE, 2005, p. 103).
➢ O português brasileiro possui 19 fonemas consonantais.
*Em PB, temos palavras como “lhe” (pronome oblíquo, do latim “illi”) e “lhama” (espécie animal, do espanhol “llama”).
**Em PB, temos “nhoque” (tipo de comida, do espanhol “gnocchi”) e algumas palavras de origem indígena. Podem aparecer com um “i” inicial (prótese).
- a nasal pós-vocálica, que tem sua pronúncia condicionada pelo segmento que inicia a sílaba seguinte:
ca[m]po, ca[n]to, ca[]ga. Representação fonológica: /N/;
- “t” e “d” diante de “i”, que podem ser realizados como africados ([t]ime, [d]ia); alveolares ([t]ime,
[d]ia) ou como dentais [t]ime, [d]ia). Representação fonológica: /t/. As formas alternantes não criam
contrastes em outros contextos.
Outras terminologias empregadas com frequência:
(a) Líquidas: vibrantes (múltipla e simples) e laterais.
(b) Obstruintes: oclusivas, fricativas e africadas.
(c) Sibilantes: fricativas e africadas.
(d) Soantes: vogais, semivogais, líquidas e nasais.
(e) Róticos: no PB, os fonemas /ɾ/ e /r/.
Casos de alofonia:
- posicional – distribuição complementar:
✓ /t/: [ʧ] diante de [i, ɪ]; [t] diante das demais vogais
✓ /l/ em posição final de sílaba: [ɫ] (lateral alveolar ou dental velarizada) – sul do Brasil e Portugal; [w]
(vocalização).
- livre:
✓ /ʎ/ - lateral palatal: [ʎ, lj, y] – palha (variação diatópica e diastrática);
✓ /ɲ/ - nasal palatal: [ɲ, ŷ] – banha (variação diatópica);
✓ /r/ - “R forte” em posição inicial e intervocálica: [X, h, ř] – ver item 1.1.3 (Obs: comparar com o caso de
neutralização);
Grupos consonantais
“Denomina-se grupo consonantal (também grupo consonântico, encontro consonantal) a
sequência de duas ou mais consoantes pronunciadas em segmento imediato no vocábulo” (CAVALIERE,
2005, p. 118). Os grupos consonantais podem ser:
A- inter-silábicos: as consoantes pertencem a sílabas distintas. Algumas especificidades:
• em português, sua primeira consoante costuma ser um arquifonema sibilante – fes-ta, pos-te, gos-to
– ou uma líquida – cal-ma, por-ta. Sobre o exemplo “calma”, observe que “(...) em grande segmento
geolinguístico brasileiro (...), não se pode falar de grupo consonantal em palavras como melro e caldo,
já que a pronúncia nos leva a um ditongo decrescente”: [‘mɛw.hʊ], [‘kaw.dʊ] (p. 119);
• caso se considere a proposta do arquifonema nasal /N/, há também a sequência iniciada pela consoante
nasal: campo, tonto.
B- intrassilábicos: as consoantes fazem parte da mesma sílaba. Elas podem aparecer:
• em posição pré-vocálica crescente: pre-go. Maior frequência: consoante oclusiva ou fricativa
labiodental + consoante líquida = crase, blusa, fresta, livro, inflação;
• em posição pós-vocálica decrescente: pers-picaz etc;
Nos grupos intrassilábicos pré-vocálicos, “é comum a ocorrência de uma vogal epentética (...), fato
que resulta numa verdadeira ‘destruição’ desses grupos do ponto de vista fonético. Por tal motivo, costuma-
se dizer que, no padrão ortoépico brasileiro, os grupos pré-vocálicos são meramente gráficos, preservados
pela tradição normativa” (CAVALIERE, 2005, p. 119). Ex: pneu – [pɪ.‘new]; advogado - [a.dɪ.vo.‘ga.dʊ];
optar - [o.pɪ.‘tah]; estagnar - [ɪs.ta.gɪ‘nah]. Variação diastrática: tendência ao aparecimento da média alta [e].
As vibrantes em Português
1. Contextos
1.1 Contexto de oposição fonológica: / / /R /
(a) Inicial de sílaba intervocálico: ca/ /eta x ca/ R /eta (careta / carreta)
2. Breve histórico
2.1 Em latim,
→ “segundo se pode inferir das línguas românicas, houve duas variantes: uma alveolar sonora
monovibrante e uma alveolar sonora polivibrante. Esta se encontrava em posição intervocálica, segundo
indicava o rr duplo, geminado. O r nas outras posições era simples.” (Callou, 1987, p. 19)
Assim, em posição intervocálica, era possível estabelecer oposição significativa por meio de uma vibrante
simples (grafada com um r) ou uma vibrante geminada – duas consoantes com articulação idêntica – (grafada
com dois -rr), como se verifica nos exemplos: ferum (feroz) e ferrum (ferro).
2.3 Em Português,
(a) Fernão de Oliveira (1536), na Gramática da linguagem portuguesa, menciona dois tipos de r, o singelo
(r) e o dobrado (rr), o que é corroborado por outros gramáticos da época, como João de Barros (1540) e
Duarte Nunes de Lião (1606).
(b) Gonçalves Viana, em 1883, observa que a norma de pronúncia do r, parecia estar mudando, pois já
ouvia alguns portugueses concretizarem o r como vibrante uvular. Menciona, ainda, a pronuncia do r inicial
como uma fricativa sonora, concretização que ele considerava, naquela ocasião, rara em Portugal, mas
frequente na pronúncia de brasileiros. (Viana, 1973, p. 102). Em 1902, ainda reportando-se a Portugal,
afirma que a concretização uvular se difundia cada vez mais nas cidades, sendo, entretanto, considerada
viciosa.
Mattoso, em 1953, em Para o estudo da fonêmica portuguesa, apresenta uma interpretação fonológica da
vibrante que reformula na segunda versão (1977) da mesma obra
4. Modalidades de concretização
4.1 O chamado r brando, fraco ou simples concretiza-se como tepe alveolar [ ]
4.2 O chamado r forte pode concretizar-se como:
• vibrante alveolar • fricativa velar surda ou sonora • fricativa glotal surda ou sonora
[r] [x] / [ɣ] [h] / [ɦ]
• vibrante uvular • fricativa uvular surda ou sonora • aproximante retroflexa
[ ʀ] [χ] / [ʁ] []
REFERÊNCIAS
Material adaptado de diferentes resumos, organizados pelas Profas. Nadja Pattresi (UFF), Fabiana Esteves (UFF),
Danielle Gomes (UFRJ) e Silvia Brandão (UFRJ).
BISOL, Leda (org.). Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.
CALLOU, Dinah & MORAES, João A. Condicionamentos sócio e geolinguísticos na realização do /R/ no português
do Brasil. Estudos Linguísticos e Literários (17): 69-78, 1995.
CALLOU, Dinah. Variação e distribuição da vibrante na fala urbana culta do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ,
1987.
CÂMARA JR, J. Mattoso. Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro, Simões, 1953.
CÂMARA JR, J. Mattoso. Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro, Padrão, 1977.
CAVALIERE, R. S. Pontos essenciais em fonética e fonologia. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
ROBERTO, Tania Mikaela Garcia. Fonologia, fonética e ensino: guia introdutório. São Paulo: Parábola, 2016.
VIANNA, A. R. Gonçalves. Estudos de fonética portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1973.
TEXTO 12
TRANSCRIÇÃO FONOLÓGICA
De acordo com Seara et al. (2019), no livro Para conhecer Fonética e Fonologia do português
brasileiro, a transcrição fonológica tem “como função mostrar as representações internalizadas pelos
falantes” (p. 113); por isso, não se baseia na forma como os sons são articulados, mas na forma de
representação teórica desses sons no sistema linguístico compartilhado pelos falantes.
Assim, a transcrição fonológica não leva em conta as variações alofônicas, isto é, não representa
variantes de um mesmo fonema, como faz a transcrição fonética. A seguir, apresentamos as
representações para as vogais, a depender de sua posição em relação à sílaba tônica:
Vogal tônica: /a/ /ɛ/ /e/ /i/ /ɔ/ /o/ /u/
Vogal pré-tônica: /a/ /E/ /i/ /O/ /u/
Vogal pós-tônica não final: /a/ /E/ /i/ /U/
Vogal pós-tônica final: /a/ /I/ /U/
Por meio dessa representação, temos os seguintes casos:
Polir: /pOˈliR/ Abóbora: /aˈbɔbUɾa/ Menino: /mEˈninU/
Obs.: nem todos os autores marcam os arquifonemas vocálicos.
Para as consoantes, temos as seguintes representações:
/b/ /p/ /g/ /k/ /d/ /t/ /l/ /ʎ/ /v/ /f/ /z/ /s/ /ʒ/ /ʃ/ /ɾ/ /m/ /n/ /ɲ/
Em contexto de neutralização (final de sílaba), empregam-se os arquifonemas: /R/ /S/ /N/
Adotaremos, para fins de atividades, a proposta de Mattoso Câmara Jr. em relação ao
arquifonema nasal /N/.
Alguns autores empregam o fonema /r/ para os róticos em início de sílaba, entendendo não
haver neutralização nesses contextos. Para fins didáticos, empregaremos o /R/.
Os ditongos serão marcados como /gua/ /ei/ - a superinscrição denota o caráter de semivogal.
Os ditongos nasais são tratados como ditongos seguidos do arquifonema nasal: /kOɾaˈsauN/.
Assim, temos como exemplo:
Querido [keˈɾidʊ] [keˈɾido] /kEˈɾidU/ Rapaz [xaˈpajʃ] [haˈpas] [raˈpas] /RaˈpaS/
[kɛˈɾidʊ][kiˈɾidʊ]
Tranquilo [tɾãnˈkwilʊ] [tɾãnˈkwilo] /tɾaNˈkuilU/ Mesmo [ˈmejʒmʊ] [ˈmezmʊ] /ˈmeSmU/
[ˈmejʒmo] [ˈmezmo]
Prato [ˈpɾatʊ] [ˈpɾato] /ˈpɾatU/ Mercado [mexˈkadʊ] [mɛhˈkadʊ] /mERˈkadU/
[meɾˈkado]
Prefere [pɾeˈfɛɾɪ] [pɾɛˈfɛɾɪ] /pɾEˈfɛɾI/ coruja [koˈɾuʒɐ] [kɔˈɾuʒɐ] /kOˈɾuʒa/
[pɾeˈfɛɾe] [kuˈɾuʒɐ]
cafezinho [kafɛˈziɲʊ] [kafɛˈziɲo] /kafɛˈziɲU/ cordialidade [koxdʒialiˈdadʒɪ] /kORdialidadI/
[kɔhdialiˈdadɪ]
TEXTO 13
Aula 8
"TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
Mikaela Roberto
Marli Hermenegilda Pereira
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
Meta
Objetivos
Pré-requisitos
Para acompanhar esta aula, você precisará ter noções básicas de vogal e
consoante, exploradas nas Aulas 3 e 4.
124
Português V
Introdução
125
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
não possui vogal, mas outra soante (a líquida) que assume pico silábico
(não confunda com a escrita, em que aparece a letra e. Na pronúncia,
ela não se manifesta). O /N/ não pode ser centro de sílaba no PB, mas
pode no inglês.
127
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
Atividade 1
É Ar Só
128
Português V
Luz Ó Cru
Resposta Comentada
A seguir, você pode conferir as estruturas de cada monossílabo proposto
na atividade.
129
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
Ar: observe que a sílaba possui elemento em posição de coda, além do núcleo.
Só: observe que a sílaba possui elemento em posição de ataque, além
do núcleo.
Luz: observe que a sílaba possui elemento em posição de ataque e em
posição de coda.
Ó: observe que a sílaba só possui núcleo. A rima, neste caso, é constituída
somente por ele, pois não há coda.
Cru: observe que a sílaba possui ataque ramificado, com dois elementos.
O molde silábico do PB
130
Português V
Núcleo silábico
131
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
132
Português V
Coda silábica
133
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
Por fim, cabe mencionar que tanto os róticos quanto a fricativa |S|, bem
como palavras estrangeiras terminadas em outras consoantes e incorpo-
radas ao léxico, sofrem processo de ressilabação quando em posição final
de palavra seguidas de vogal. Pronuncie, por exemplo, as palavras mar e
azul dando uma pausa entre elas. O que você observou? A consoante final
r da palavra mar é um elemento constituinte dessa palavra monossílaba
(CVC). No entanto, experimente pronunciar as palavras mar e azul, em
sequência, sem pausa entre elas, e veja o que acontece. A consoante final
r da palavra mar deixa de compor o monossílabo e, junto com a vogal a
inicial da palavra azul, forma uma nova sílaba (CV): ma. ra. zul.
Atividade 2
Atende ao Objetivo 3
Resposta Comentada
Nesta atividade, você deve ter percebido que a língua portuguesa apre-
senta diversos padrões silábicos, no entanto, em todas as sílabas temos
sempre a presença de uma vogal. Isso fica evidente nos casos de palavras
como advogado, psicologia, em que, ortograficamente, tem-se uma orga-
nização silábica (ad-vo-ga-do/psi-co-logi-a), mas, foneticamente, tem-
-se outra organização silábica (a-di-vo-ga-do/pi-si-co-lo-gi-a). Listamos
134
Português V
135
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
136
Português V
Atividade 3
Atende ao Objetivo 4
137
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
Resposta Comentada
Na letra c, todos os pares se distinguem pelo acento. O primeiro par
(para × Pará) apresenta a distinção paroxítona × oxítona; o segundo
par (sabiá × sábia) apresenta a distinção oxítona × paroxítona e o úl-
timo par (teme × temi) apresenta a distinção paroxítona × oxítona.
Quanto às demais alternativas, podemos tecer o seguinte comentário:
na opção a, o segundo par mínimo (sábio × sábia) se distingue pelos
fonemas /Q/ e /C/, enquanto o terceiro par mínimo (come × fome) se
distingue pelos fonemas /M/ e /H/. Na opção b, há homofonia no pri-
meiro exemplo (acento × assento), além de um fonema a mais num dos
itens do segundo exemplo, //, em algumas realizações. Como não há
transcrição fonética no exercício, há de se prever a realização com a
consoante. No terceiro exemplo (dorme × dormi), além da alternância
de acento (paroxítona e oxítona, respectivamente), há alternância de
timbre /1/ e /Q/. Na opção d, o segundo par mínimo (caia × Caio) se
distingue pelos fonemas /C/ e /Q/, e no último exemplo, mesmo que se
considere a realização monotongada do substantivo roubo como robo,
há ainda outros elementos que os distinguem, como a variação do acen-
to (roubo/“robo”- paroxítona; robô - oxítona) e a alternância de vogal
alta e média em posição final. Ou seja, em roubo a vogal final pode ser
pronunciada como /W/ ou /Q/, já em robô só se admite /Q/.
Conclusão
138
Português V
Atividade final
Resposta Comentada
139
"VMB t "TÓMBCBDPODFJUPFFTUSVUVSB
Resumo
As duas próximas aulas são fundamentais para o nosso curso, pois, nelas,
vocês aprenderão a fazer as transcrições fonética e fonológica das vogais
e das consoantes do português do Brasil
140
TEXTO 14
TEXTO 15
• A sílaba é organizada, em geral, por um movimento de ascensão que culmina num ápice,
a que chamamos centro silábico, ocorrendo, por vezes, um movimento decrescente.
• As fases crescentes e decrescentes não são obrigatórias, característica que é única à vogal.
1
Material organizado pela professora Elaine Melo (UFF).
1
4. Sílaba complexa crescente-decrescente: aquela composta de C (C) seguida de V seguida
de C (C)
1.1.3 A composição das sílabas
a. Ata
σ
g
R
g
Nu
/a/
b. Ata
σ
3
A R
/t/ g
Nu
/a/
c. Parte
σ
3
A R
/p/ 3
Nu Co
2
/a/ /R/
Ataque complexo
d. Trava
σ
3
A R
3 g
/t/ // Nu
/a/
Coda complexa
e. Perspectiva
σ
3
A R
/p/ 3
Nu Co
/e/ 3
/R/ /S/
f. Transporte
σ
3
A R
3 3
/t/ // Nu Co
/a/ 3
/N/ /S/
I. A sílaba do português tem estrutura binária, representada pelos constituintes ataque e rima, dos
quais apenas a rima é obrigatória.
II. A rima também tem estrutura binária, núcleo e coda. O núcleo é sempre uma vogal, e a coda é
uma soante ou /S/.
3
III. O ataque compreende ao máximo dois segmentos, o segundo dos quais é uma soante não
nasal. (BISOL, 2013a, p. 23)
g. Frouxo
σ
3
A R
3 3
/f/ // Nu Co
/o/ /u/g
h. Frouxo
σ
3
A R
3 g
/f/ // Nu
3
/o/ /u/
4
O ACENTO LEXICAL EM PORTUGUÊS1
1. Introdução2
2. Generalizações
2.1 O acento em Português tem valor contrastivo, como se observa nos exemplos a seguir,
o que levou alguns linguistas a considerá-lo um fonema suprassegmental.
2.2 Apesar, como se verifica pelos vocábulos acima indicados, de parecer que a posição
do acento é livre, imprevisível em Português, a distribuição do acento obedece a uma
série de regularidades.
(a) O acento só pode recair sobre uma das três últimas sílabas: vocábulos oxítonos,
paroxítonos, proparoxítonos:
(2) a- jacaré b- casamento c- lâmpada
(b) A posição do acento na penúltima sílaba é a preferida quando a palavra termina por
vogal: vocábulos paroxítonos, portanto, predominam em Português.
1
Os itens 2 a 4 são uma síntese das páginas 139 a 145 de COLLISCHONN, Gisela. O acento em Português.
In: BISOL, Leda (org) Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. Porto Alegre:
EDIPUCRS. p.131-164
2
Material organizada pela professora Silvia Figueiredo Brandão
2
XAVIER, M. F. & MATEUS, M. H. (s.d). Dicionário de termos lingüísticos. Lisboa: Edições Cosmos.
v.1.
5
(c) A posição do acento na antepenúltima sílaba (vocábulos proparoxítonos) tem pouca
produtividade: só um pequeno conjunto de vocábulos apresenta acento nessa posição. Por
esse motivo, há uma tendência a regularizar o acento pelo apagamento da vogal da
penúltima sílaba, como se observa abaixo:
(d) A posição do acento na última sílaba é a preferida quando a palavra termina por
consoante (cf. 4a-d), embora haja oxítonas terminadas por vogal (cf. 5a-d).
(e) Sílabas terminadas por consoante e semivogal (sílabas pesadas) atraem o acento, como
se viu em (1 a) e se verifica em (7):
(7) a- parente b- covarde c- cadastro d- Isaura
O acento nunca recai na antepenúltima sílaba, se a penúltima for pesada, pois esta
sempre atrai o acento, característica herdada do latim. Palavras proparoxítonas são
sempre terminadas por vogal oral.
6
3. Outros aspectos
3.2 Quando se forma uma nova palavra por prefixação (9 a-c) ou na formação de palavras
compostas (10a-c), não há mudança de acento.
3.3 O sufixo flexional de número nos nomes normalmente não modifica a posição do
acento.
3.4 O sufixo número-pessoal nos verbos modifica a posição do acento em alguns casos
(12), em outros não (13).
(12) a- ama → amamos b- fala → falamos
(13) a- ama → amam b- falava → falávamos
7
5. No quadro a seguir, realizado por VIARO, M. E., SANTOS, A P, MARIANO, L e
GUIMARÃES-FILHO, Z. O. e divulgado na revista Discutindo a língua portuguesa, ano
1, nº 5, apresenta-se, com base em 150.984 verbetes do Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa, o número de vocábulos com acento lexical em português.
Referências Bibliográficas
COLLISCHONN, Gisela. O acento em Português. In: BISOL, Leda (org) Introdução a estudos de fonologia
do português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996, p.131-164
VIARO, M. E.; SANTOS, A P; MARIANO, L.; GUIMARÃES-FILHO, Z. O. A matemática do português.
In: Discutindo a língua portuguesa, ano 1, nº 5. 2000, p.44.
XAVIER, M. F. & MATEUS, M. H. (s.d). Dicionário de termos lingüísticos. Lisboa: Edições Cosmos.
v.1.
8
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS
LÍNGUA PORTUGUESA II – FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS
PROF. WELTON PEREIRA E SILVA
a) [ɾ] [x]
b) [p] [b]
c) [m] [n]
d) [s] [z]
4. Classifique todas as sílabas das palavras abaixo entre simples, complexas, abertas
ou travadas.
( ) Palavras proparoxítonas são raras em português e, por isso, todas recebem acento.
( ) Na maior parte das vezes, quando uma palavra termina em vogal, o acento cai na
penúltima sílaba
( ) A sílaba pesada é aquela constituída de uma consoante em sua rima, sendo que ela
costuma atrair o acento.
( ) Em português, o acento apresenta valor contrastivo, como em fábrica e fabrica.
( ) Oxítonas terminadas em consoante ou semivogal costumam ser acentuadas.
TEXTO 16
Aula 13
Processos fonológicos
Meta
Objetivos
Pré-requisitos
Para acompanhar esta aula, você precisará ter claras as noções de sílaba
e traços distintivos.
88
Português V
Introdução
Processos fonológicos
É o que acontece quando uma mãe diz para seu filho: “Baxa o
som!”. A realização de “baxa” é mais fácil do que abaixa, então,
dizemos que houve, nesse caso, um processo fonológico.
89
Aula 13 • Processos fonológicos
Aula 13 •
Aula 13 •
90
Português V
Processo
Enfraque-
Estruturação Neutraliza-
Assimilação cimento e
silábica ção
reforço
Um segmen- Ocorre
to torna-se mudança na Envolvem
Dois segmen-
semelhante distribuição modifica-
tos distintos
a outro, as- dos elemen- ções de
perdem suas
Conceito sumindo tra- tos silábicos, elementos
diferenças em
ços distinti- seja por conforme
determinados
vos de um acréscimo, sua posição
contextos.
segmento inversão ou na palavra.
vizinho. supressão.
Em ['gt@]
Realização ou ['gst@], as
Labializa- Alteração
['@] fricativas [, s]
ção de do padrão
para festa, deixam de ser
consoantes silábico com-
em que há distintivas em
diante de plexo para
Exemplo ditonga- final de sílaba
vogais ar- CV, como
ção, na fala e o resultado
redondadas em prato →
carioca, dessa neu-
['x], ['], entre
devido ao tralização é o
entre outros. outros.
contexto. arquifonema
/S/: /'gSta/.
91
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Atividade 1
Atende ao objetivo 1
Resposta comentada
A alternativa correta é a d). A alternativa a) está errada porque nem
sempre o processo fonológico decorre de uma limitação fonético-arti-
culatória. Pode decorrer de uma dificuldade perceptiva ou auditiva, por
exemplo. A alternativa b) está errada porque a fase de aquisição da lin-
guagem, que ocorre entre 0 e 4 anos de idade da criança, não é a única
em que os processos se manifestam, o que se constata nos inúmeros
exemplos de realizações de adultos sem problemas de linguagem
presentes ao longo desta aula. A alternativa c) está errada porque afirma
o contrário daquilo em que consiste um processo fonológico.
92
Português V
93
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Apagamento de vogal
Apagamento de consoante
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Português V
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Apagamento de sílaba
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Português V
Apagamento de semivogal
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Português V
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Atividade 2
Atende ao objetivo 2
100
Português V
Resposta comentada
3. a) Ditongação (naisceu)
b) Deditongação (dos)
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Assimilação
102
Português V
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E de lambdacismo:
praia > “plaia” → ['.@]
cérebro > “célebro” → ['..]
104
Português V
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Dissimilação
Sândi
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Português V
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Atividade 3
Atende ao objetivo 2
108
Português V
Resposta comentada
1. Harmonia vocálica, pois o // é realizado como uma vogal mais bai-
xa, por assimilação do traço da vogal seguinte.
5. Sândi externo.
109
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Idade
Processo 1:6 2:0 2:6 3:0 3:6 4:0 4:6
Redução CC
Apagamento da sílaba átona
Apagamento da fricativa final
Apagamento da líquida final
Apagamento da líq. intervocálica
Apagamento da líquida inicial
Dessonorização
Posteriorização
Anteriorização
Semivocalização
Substituição da líquida
Plosivização
Assimilação
Sonorização pré-vocálica
110
Português V
Regras fonológicas
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Conclusão
Atividade final
112
Português V
Resposta comentada:
113
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Resumo
114
TEXTO 17
Introdução
Neste artigo, vamos defender que o conhecimento de teorias fonológicas
e a prática da análise de dados de fala na formação do profissional de
Letras – que vai trabalhar com o ensino do português como Língua 1
ou Língua 2 – são fundamentais.
Na nossa concepção, a natureza um tanto abstrata dos conceitos en-
volvendo fonética e fonologia deveria ser utilizada positivamente no
ensino de outros conteúdos gramaticais como instrumento de compre-
ensão da realidade menos sensível, de forma a que sejamos capazes de
chegar a conclusões a partir da observação do funcionamento linguís-
tico e analisar a sistematização dos fatos da língua em seus contextos
de produção.
Do ponto de vista do ensino da chamada norma culta, é necessário
ressaltar a importância do conhecimento da pluralidade de normas cul-
tas locais, no que concerne aos aspectos de pronúncia. Como já afir-
mava Rona (1965), parece inevitável que, para introduzir o ensino, em
qualquer nível, de uma variante culta regional, seja necessário que se
tenha, de antemão, sua descrição. É nesse ponto que é possível estabe-
lecer uma relação entre o ensino – tarefa normativa – e a investigação
dialectológica – tarefa descritiva, em seu sentido lato – que vai oferecer
um quadro da variação linguística para um ensino mais efetivo.
Também temos defendido que o conhecimento de teorias fonológicas
pode auxiliar o professor de português na orientação de seus alunos em
tarefas orais e escritas. Tomemos como ponto de partida os pressupostos
196 Dinah Callou e Carolina Serra
1
Fonte: Revista Veja online.
11. Fonética e fonologia: Teoria e prática no ensino do português 197
2
<https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras> (8 dez 2014)
3
Neste modelo são postulados os seguintes domínios/constituintes hierarquica-
mente organizados: sílaba (σ) < pé métrico (Σ) < palavra prosódica (PW) < sintagma
fonológico (PhP) < sintagma entoacional (IP) < enunciado fonológico (U). Os cons-
tituintes de níveis mais baixos (sílaba e pé) acessam apenas informações fonológicas
para a sua constituição; a palavra fonológica acessa informações fonológicas e mor-
fossintáticas; e os domínios superiores à palavra fonológica são constituídos a partir
de informações fonológicas, sintáticas e até mesmo semânticas e pragmáticas.
198 Dinah Callou e Carolina Serra
4
A formação do sintagma entoacional (IP) está sujeita a condições de tamanho
prosódico: sintagmas longos (em número de sílabas e de palavras prosódicas) tendem
a ser divididos, da mesma forma que sintagmas pequenos tendem a formar um único
IP com um IP adjacente, o que leva à formação de sintagmas com tamanhos equili-
brados (Frota 2000, Serra 2009), independentemente, em parte, da relação sintática
entre os constituintes.
11. Fonética e fonologia: Teoria e prática no ensino do português 199
Figura 1:5 Usos não-convencionais de hífen em formas verbais (Tenani 2016: 110).
Texto produzido por uma menina, no 9º ano. Fonte: Banco de Dados de Escrita do EF II
(Z11_8B_18F_01)
5
A Figura 1 aqui transposta se refere à Figura 3.4 do original de Tenani (2016).
6
Exemplos retirados de cartas do remetente João Nepomuceno de Sá, escritas no
Rio de Janeiro, todas de 1812, que representam indícios de características grafológi-
cas, tanto grafo-fonéticas e grafismos da época, quanto a irregularidade na indicação
de fronteira vocabular.
11. Fonética e fonologia: Teoria e prática no ensino do português 201
Figura 2: Carta de Carlos Aguiar a Rui Barbosa (RJ, 19.11.1894) – Callou e Barbosa (2011: 68).
7
Na legenda das Figuras, temos a seguinte relação entre cores e realização do
rótico: Vermelho: fricativa glotal, Amarelo: fricativa velar, Azul escuro: vibrante
retroflexa e Verde escuro: tepe.
206 Dinah Callou e Carolina Serra
Figura 9: Distribuição da palatalização de /t, d/ diante de [i] – Carta F06 C1, Cardoso et al. (2014).
Figuras 10 e 11:8 Distribuição dos padrões entoacionais de assertivas (Silvestre 2012: 109) –
à esquerda – e interrogativas (Silva 2011: 127) – à direita.
Para concluir esta seção, podemos dizer que dois processos se desta-
cam em relação às consoantes: a posteriorização e a fricativização. As
realizações do /R/ como uma vibrante ou fricativa, constituem variações
na sua articulação que se verificam no eixo vertical, enquanto as rea-
lizações alveolar/velar/aspirada do /R/ e alveolar/pós-alveolar/aspirada
do /S/ se devem a um deslocamento na dimensão longitudinal. Acresce
que a tendência à posteriorização do ponto de articulação da consoante
– que pode ser acompanhada por um processo de enfraquecimento e
perda que acaba por levar a seu apagamento – pode ser considerada um
8
A Figura 10 aqui transposta se refere à Figura 58 do original de Silvestre (2012)
e a Figura 11, à Figura 51, de Silva (2011).
9
As Figuras aqui transpostas se referem, respectivamente, às Figuras 1 e 8 do
original de Moraes (2008).
11. Fonética e fonologia: Teoria e prática no ensino do português 211
À guisa de conclusão
Do balanço que fizemos sobre o papel da teoria e da descrição lin-
guísticas no ensino do português, fica o seguinte: 1) a importância do
conhecimento das teorias linguísticas que irão capturar padrões/regula-
ridades e oferecer potencial explicativo para os fatos da língua (falada e
escrita), o que torna o ensino da língua uma tarefa mais prática, coerente
e eficaz; e 2) a importância do conhecimento da pluralidade de normas
locais, no que concerne aos aspectos de pronúncia (e não só), pois daí se
chega às características sociais, culturais e históricas da região onde se
dará o ensino, o que é fundamental para sua contextualização.
Nós, professores de português, estamos no caminho...
Referências
AlmEiDA, EriCA/ BArBosA, AFrânio/ CAllou, DinAh (2014). Reflexões
metodológicas para a identificação social de redatores em cor-
pora: percurso nos arquivos históricos. Revista Internacional de
Linguística Iberoamericana 24: 157-184.
BArBosA, AFrânio (1999). Para uma história do português colonial:
aspectos linguísticos em cartas de comércio. Tese de Doutorado.
212 Dinah Callou e Carolina Serra
Sítios web
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gov.br/>. (acesso em 21 de janeiro de 2019).
morAEs, João Antônio DE (2008). The pitch accents in Brazilian
Portuguese: analysis by synthesis. >. (acesso em 21 de abril de 2009).
Rodrigues, Sérgio (2014). In: Revista Veja Online https://veja.abril.com.
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-com-virgula/>. (acesso em 21 de janeiro de 2019).
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lógica y la enseñanza de la lengua materna. In. El Simpósio
de Cartagena. Bogotá: Instituto Caro y Cuervo: 333-43.
<www.humanidades.uach.cl/documentos_linguisticos/document.
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