TCC_SEGUTRANÇA_DO_TRABALHO (2)

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ESCOLA POLITÉCNICA BRASILEIRA

TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

JOÃO CARLOS PEIXOTO

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE: AS


IMPLICAÇÕES DA NORMA REGULAMENTADORA 32

ITABIRITO – MG
2024
2

JOÃO CARLOS PEIXOTO

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE: AS


IMPLICAÇÕES DA NORMA REGULAMENTADORA 32

Artigo Científico apresentado à “Escola


Politécnica Brasileira”, como requisito parcial
para a obtenção do título de Técnico
“SEGURANÇA DO TRABALHO”.
Professora Orientadora: “Luiz Nóbrega”

ITABIRITO / MG
2024
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RESUMO

A Norma Regulamentadora (NR 32) é uma legislação do Ministério do Trabalho e


Emprego que estabelece medidas para proteger a segurança e a saúde dos
trabalhadores de saúde em qualquer serviço de saúde. A referida legislação abrange
as situações de exposição aos diversos agentes de risco presentes no ambiente de
trabalho; como os agentes de risco biológico, químico, físico, ergonômico. O presente
estudo tem como objetivo discutir sobre este tema, apontando alguns elementos que
possam contribuir para o seu debate, na perspectiva de alcançar uma nova cultura de
segurança nos serviços de saúde. Os profissionais da área da saúde estão em uma
das categorias profissionais que mais apresentam riscos de sofrer acidentes laborais
ou de contraírem patologias em função da sua atividade profissional. É evidenciado
que mudanças benéficas poderão ser alcançadas por meio da implantação da referida
NR, uma vez que procedimentos e medidas protetoras deverão ser realizadas,
promovendo-se segurança no trabalho e prevenção de acidentes e doenças, sendo
um fator relevante a educação continuada de trabalhadores, gestores e instituições
de saúde.

Palavras-chave: Prevenção, Riscos, Segurança do Trabalho, Saúde.

ABSTRACT

Regulatory Standard (NR 32) is a law from the Ministry of Labor and
Employment that establishes measures to protect the safety and health of health
workers in any health service. This legislation covers situations of exposure to various
risk agents present in the work environment, such as biological, chemical, physical and
ergonomic risk agents. This study aims to discuss this topic, pointing out some
elements that can contribute to its debate, with a view to achieving a new safety culture
in health services. Health professionals are in one of the professional categories that
present the greatest risk of suffering work-related accidents or contracting pathologies
due to their professional activity. It is evident that beneficial changes can be achieved
through the implementation of the aforementioned NR, since procedures and
protective measures must be carried out, promoting safety at work and preventing
accidents and diseases, with the continued education of workers, managers and health
institutions being a relevant factor.

Key words: Prevention, Risks, Occupational Safety, Health.


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 5
2. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE ...... 6
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 15
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1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, o trabalho constitui uma das práticas mais importantes da vida


do ser humano, porque é dessa atividade que o homem tira elementos para seu
próprio sustento. Através do trabalho, são preenchidos alguns objetivos importantes:
o respeito a vida e saúde do trabalhador, a priorização da segurança e da salubridade
nos locais de atividade laboral; e também, é necessário deixar o profissional ter um
tempo livre para o seu descanso e lazer.
Com o conhecimento produzido nas últimas duas décadas sobre saúde e
segurança do trabalho, os profissionais da área têm sido desafiados a repensar os
modelos de gestão e de intervenção centrada na lógica da prevenção individual.
Mais do que seguir a legislação existente, é um dever das organizações
promover um ambiente de trabalho seguro e saudável aos colaboradores. Temos
evidenciado, através de estudos e pesquisas realizados na área, diversos riscos
ocupacionais a que estão submetidos os profissionais da área de saúde, dentre eles:
riscos biológicos, os físicos, os químicos, os psicossociais e os ergonômicos.
No Brasil, os acidentes do trabalho, o adoecimento e o absenteísmo entre
estes profissionais despertaram a atenção do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE
que, atendendo às várias solicitações das entidades de diversas categorias de
profissionais da saúde, inseriu na legislação brasileira, em 2005, a Norma
Regulamentadora NR-32 - Segurança e Saúde no Trabalho nos Estabelecimentos de
Saúde.
A norma regulamentadora Nº 32 (NR 32) vem estabelecer diretrizes básicas
para a implantação de medidas de proteção e segurança à saúde, devendo ser ampla
e efetiva, para que assim possa evitar diversos problemas decorridos na saúde do
trabalhador. (BRASIL, 2005)
Compreender esta norma e suas implicações visa orientar os próprios
profissionais da saúde quanto as recomendações da norma, despertando um olhar
crítico dos profissionais sobre as questões em saúde do trabalhador, entendendo que,
como sujeitos ativos de sua própria vida e saúde, eles precisam intervir politicamente
e lutar pela promoção de sua própria qualidade de vida no trabalho.
Contudo, apesar desta norma estar perto de completar 20 anos de sua
existência, tratar sobre Segurança e Saúde é abordar um tema que ainda não atingiu
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uma maturidade saudável e duradoura. Para tal maturidade, cabe discutir os aspectos
relacionados ao trabalho que garantam o bem-estar do profissional e, ainda, abordar
os riscos inerentes a esse trabalho, de forma que sua prevenção possa trazer
segurança ao indivíduo.
Desse modo, o objetivo deste trabalho é discutir os riscos ocupacionais na
área da saúde, a partir dos elementos contido na norma regulamentadora n° 32 – NR
32. Este estudo fundamenta-se na necessidade de estudar esta norma como
componente indispensável no serviço de saúde, pois no decorrer das pesquisas
realizadas, percebe-se que os profissionais não estão habituados em utilizar essa
norma.
Este estudo foi estruturado nas seguintes etapas, que são: verificação em
referencial teórico das características e funcionalidades dos sistemas de gestão de
segurança e saúde no trabalho, tratar sobre os principais riscos ocupacionais que os
trabalhadores de saúde estão expostos, discorrer sobre a norma NR 32; e, por fim, a
discussão e a conclusão do trabalho.

2. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE

2.1 Características e funcionalidades do sistema de gestão de saúde e


segurança no trabalho (SGSST)

Nos dias de hoje, cada vez mais gestores têm se deparado com a missão de
implementar em sua organização um Sistema de Gestão da Saúde e Segurança no
trabalho (SGSST). Nos últimos anos ocorreram mudanças significativas no contexto
social, econômico, político e tecnológico no mundo e no Brasil, impondo às
organizações a necessidade de novas estratégias. Isto tem deixado evidente que os
modelos de gestão tradicionais não são suficientes para responder aos novos desafios
que têm surgido.
Quando nos referimos sobre sistema de gestão podemos dizer que é um
conjunto de elementos inter-relacionados utilizados para estabelecer, executar e
alcançar políticas e objetivos de diversas ordens, a partir de atividades de
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos
(ABNT, 2018).
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Da mesma forma Chiavenato (1983, p. 473) conceitua sistema como sendo


“um conjunto de elementos dinamicamente relacionados entre si, formando uma
atividade para atingir um objetivo, operando sobre entradas (informação, energia ou
matéria) e fornecendo saídas (informação, energia ou matéria) processadas”.
Quando falamos sobre sistema de gestão de saúde e segurança (SGSST)
podemos definir como sendo parte do sistema de gestão maior de uma organização
utilizada para ajudar as organizações a desenvolverem uma abordagem do
gerenciamento de riscos que permita proteger os empregados, cuja saúde e
segurança podem ser afetadas pelas atividades da organização.
A motivação das empresas em adotar SGSST se deve principalmente a
fatores como melhoria contínua, melhoria da imagem, aumento da competitividade,
chance de reduzir os custos com gestão, novas oportunidades de mercado,
produtividade mais alta e melhorias nos produtos.
Além dos contextos citados, segundo Trivelato (2002), a implantação de
SGSST tem sido a principal estratégia das empresas para minimizar o sério problema
social e econômico dos acidentes e das doenças relacionadas ao trabalho, sendo,
ainda, um importante fator para o aumento de sua competitividade.
Além do aspecto institucional, relativo à imagem da organização, com a
implantação de SGSST benefícios podem ser auferidos, do ponto de vista financeiro,
com a redução de passivos trabalhistas decorrentes de processos oriundos de
acidentes e doenças relacionados ao trabalho.
A ABNT (2018) define como Incidente um evento indesejado que pode resultar
em lesões ou doenças – se ocorrer lesões ou doenças ele às vezes é chamado de
Acidente. Portanto, incidentes podem ocorrer em qualquer momento do dia, ou seja,
todos estão vulneráveis e expostos à riscos. As principais causas de acidentes do
trabalho, conforme descrito por Oliveira (2007) são:
• Atos inseguros: são eventos inesperados da parte do indivíduo e que
antecede imediatamente o evento.
• Condições Inseguras: são as circunstâncias externas de que dependem as
pessoas para realizar seu trabalho que estejam incompatíveis ou contrárias com as
normas de segurança e prevenção de acidentes; são falhas e irregularidades
existentes no ambiente de trabalho e que são responsabilidade da empresa.
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• Fator Pessoal de Insegurança: é qualquer fator externo que leva o indivíduo


à prática do ato inseguro: características físicas e psicológicas (depressão, tensão,
excitação, neuroses, etc.), sociais (problemas de relacionamentos, preocupações de
diversas origens); alteram o comportamento do trabalhador permitindo que cometa
atos inseguros.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho – OIT (2010), todos
os anos, cerca de 330 milhões de trabalhadores são vítimas de acidentes de trabalho
em todo o mundo, além de 160 milhões de novos casos de doenças ocupacionais.
Sobre as mortes, a OIT aponta mais de 2 milhões são relacionadas ao
trabalho:1.574.000 por doenças, 355.000 por acidentes e 158.000 por acidentes de
trajeto.
De acordo com estudos do Ministério da Previdência Social (2007), acidentes
ocupacionais que envolvem trabalhadores da área de saúde têm grande impacto
econômico devido à perda de mão-de-obra qualificada pelas lesões ocupacionais,
bem como pelo dano irreparável à imagem da instituição hospitalar, quando
profissionais infectam os pacientes.

2.2 Exposição a riscos ocupacionais

Os riscos ou agentes ambientais constituem um capítulo importante de


acidentes e doenças do trabalho. Profissionais de diversos ramos estão
rotineiramente, conforme Rezende (2003), expostos a diversos riscos no desempenho
de suas funções. Essa exposição contínua e variada pode permitir o adoecimento dos
trabalhadores e acarretar prejuízos às instituições de saúde empregadoras e as
instituições governamentais, podendo interferir na qualidade da assistência prestada
aos usuários, uma vez que, o estado de saúde do trabalhador interfere diretamente
no desenvolvimento das suas atividades laborais.
A Norma Regulamentadora 9, da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)
relaciona-se diretamente ao Programa de Prevenção de Riscos ambientais (PPRA).
Este programa foi instituído pela Portaria 25 de 29/12/1994, que estabeleceu a
obrigatoriedade da elaboração e implementação de um programa de higiene
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ocupacional, o PPRA, para empregadores e instituições que admitam trabalhadores


como empregados.
O programa tem como objetivo principal a tomada de ações para garantir a
saúde, segurança e integridade dos trabalhadores no ambiente de trabalho nos locais
em que haja a presença de riscos ambientais. Conforme o item 9.1.5 da NR-09, para
ser considerado um risco ambiental deve-se levar em conta qual a natureza do risco,
além da intensidade e tempo de exposição em que o trabalhador ficará exposto.
Alguns autores conceituam como trabalhadores de saúde todos aqueles que
se inserem direta ou indiretamente na prestação de serviços de saúde, no interior dos
estabelecimentos de saúde ou em atividades de saúde, podendo deter ou não
formação específica para o desempenho de funções referentes ao setor. São diversos
os riscos ocupacionais a que estão submetidos estes profissionais, entre eles
encontram-se os riscos biológicos, os físicos, os químicos, os psicossociais e os
ergonômicos.
Conforme definido na NR 9, os riscos biológicos podem ser entendidos como a
exposição aos agentes biológicos bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários,
vírus, entre outros, geralmente, são os mais estudados em relação aos profissionais
de saúde, pois estão diretamente associados às práticas desenvolvidas por estes
trabalhadores.
Os riscos físicos são definidos como a exposição às diversas formas de energia
a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões
anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,
bem como o infrassom e o ultrassom. O profissional da saúde pode ficar exposto a
este risco, por exemplo, caso não utilizar adequadamente os EPIs, principalmente
quando precisam manusear um paciente para realização de Raios-X.
Constantemente, os ambientes de trabalho não têm equipamentos para manter a
temperatura adequada, ou estes equipamentos estão em mal estado de conservação.
Os riscos químicos são as possibilidades de um trabalhador sofrer algum dano
devido a exposição ou manipulação de um produto químico. A exposição aos riscos
químicos pode provocar irritações aos olhos e pele, queimaduras, asfixia, efeitos
anestésicos entre outros perigos, dependendo do grau de exposição.
Profissionais da saúde estão expostos aos riscos químicos quando sofrem
agressões a pele devido ao uso frequente de sabão e álcool, bem como à utilização
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de luvas de procedimento, à administração de medicamentos e soluções, o manuseio


de uma variedade grande de substâncias químicas, tais como desinfetantes,
desincrustantes ou esterilizantes, anestésicos e antissépticos.
Os aspectos referentes aos riscos ergonômicos são os fatores que interferem
nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou
afetando sua saúde. Segundo a Fiocruz, o levantamento de peso, ritmo excessivo de
trabalho, monotonia, repetitividade e postura inadequada são exemplos de riscos
ergonômicos importantes, sendo bem frequente nos profissionais de saúde.
Os riscos psicossociais abrangem fatores relacionados ao ambiente de trabalho
que podem afetar a saúde mental do trabalhador, além de agentes externos que
abalam o estado emocional e psicológico do profissional, reduzindo a sua capacidade
produtiva.
As características do processo de trabalho dos profissionais de saúde têm
aumentado a sobrecarga psíquica dos trabalhadores. Estudos apontaram um número
significativo de riscos psicossociais, dentre eles: estresse, sobrecarga mental,
sobrecarga de atividades, rígido controle do tempo, falta de materiais e equipamentos
adequados, conflitos nos relacionamentos entre os membros da equipe, ansiedade,
demandas sociais da população e violência.
Portanto, é notável que os profissionais além de estarem expostos aos riscos
já discutidos e conhecidos como comuns aos trabalhadores da área da saúde, estão
expostos também a alguns riscos peculiares as características deste nível de atenção.
Acrescenta-se a isso o fato de que muitos profissionais não têm consciência dos riscos
ocupacionais a que estão expostos.

2.3 A norma regulamentadora NR 32

Até meados da década de 1970, a legislação da segurança no trabalho


existente no Brasil era basicamente corretiva e não, preventiva. A publicação da lei
6.514 em 1977 e posteriormente da Portaria 3.214 em 1978 que aprovou as normas
regulamentadoras - NRs, representou então um marco histórico para a segurança e
saúde no trabalho no Brasil. Estas normas buscaram impactar, reduzir, minimizar e
eliminar um cenário em que, ao longo dos anos milhares de brasileiros foram vítimas
de péssimas condições de trabalho, provocando sequelas, afastamentos e até mortes.
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Historicamente evidencia-se que os profissionais de saúde não eram


considerados como categoria profissional de alto risco para acidentes de trabalho.
Somente a partir da década de 80 os profissionais que atuavam na área clínica, após
a epidemia da AIDS, foram definidos nas normas questões de segurança no ambiente
de trabalho.
Neste contexto, foi criada a Norma Regulamentadora 32(NR 32) em 11 de
novembro de 2005, com foco exclusivo em segurança e saúde no trabalho em serviços
de saúde. A finalidade da NR 32 é estabelecer as diretrizes básicas para que os
estabelecimentos de saúde possam implementar medidas de proteção à segurança e
à saúde destes profissionais, bem como daqueles que exercem atividades de
promoção e assistência à saúde em geral, medidas que visam à diminuição dos
acidentes ocupacionais. Um estudo de Cremer et al (2013, p. 281) destaca que a NR
32:

É considerada de extrema importância, no cenário brasileiro, como legislação


federal específica que trata das questões de segurança e saúde no trabalho
no setor da saúde. Elaborada especificamente para tal finalidade, as
mudanças propostas pelos procedimentos e medidas protetoras são
extremamente benéficas, devendo ser considerados, com vistas a promover
segurança no trabalho e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.

A norma é extensa e abrange cada um dos aspectos que envolvem algum tipo
de risco à segurança ou à saúde do profissional que atua na organização. Os riscos
inerentes aos estabelecimentos de saúde estão organizados na norma em seções, e
nestas constam os riscos biológicos, riscos químicos, radiações ionizantes, resíduos,
condições de conforto por ocasião das refeições, lavanderias, limpeza e conservação,
manutenção de máquinas e equipamentos, e não menos importante, as disposições
gerais e finais (Ministério do Trabalho e Emprego, 2005).
Além disso, a norma também integra a legislação sanitária referente às
lavanderias, aos resíduos, aos refeitórios e aos serviços de limpeza e conservação
que também deverão buscar melhorias, ampliando essa obrigatoriedade também aos
serviços terceirizados, proporcionando-lhes melhores condições de trabalho.
A NR 32 determina que as organizações de saúde concedam suporte para
um trabalho seguro, devendo disponibilizar de forma gratuita os equipamentos e os
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materiais necessários; e também possibilitar uma carga horária de trabalho que


permita um bom desempenho profissional e conceda proteção à saúde do trabalhador.
A norma também determina que os equipamentos de proteção individual
(EPIs)sejam descartáveis ou não, deverão ser armazenados em quantidade suficiente
nos locais de trabalho, de forma a garantir o imediato fornecimento ou reposição,
sempre que necessário. Segundo Cresp (2010), os profissionais de saúde são os mais
expostos à manuseio de materiais perfuro cortantes. A gravidade dos acidentes com
este material é uma porta de entrada para doenças infeciosas graves e letais.
De acordo com Brasil (2006), doenças como AIDS, Hepatite B e Hepatite C,
atualmente são problemas graves na saúde pública e podem trazer sérias
complicações biopsicossociais para o portador. Sabemos que a grande maioria não
dispõe de tratamento de cura, somente paliativo, mostrando o quão importante é a
prevenção de sua ocorrência e o controle de seus agravos.
Visto que os profissionais de saúde estão em constante contato com estes
tipos de enfermidade, é essencial que todos sejam vacinados contra as doenças
passíveis de prevenção, conforme recomendação do Ministério da Saúde.
A redução dos acidentes de trabalho envolvendo os riscos biológicos só é
possível através da prevenção e conscientização ao uso de EPI durante toda a jornada
de trabalho. Destacamos que ao implantar normas e rotinas institucionais contendo a
sua obrigatoriedade, possibilita ao profissional compreender a eficácia e consciência
do seu uso como proteção à sua saúde.
De acordo com Ministério do Trabalho e Emprego (2005), no que se refere às
radiações ionizantes, a NR 32 recomenda que para serviços de Medicina Nuclear,
Radioterapia e Radiodiagnóstico, o empregador não está desobrigado a cumprir as
demais legislações que regulamentam sobre o uso de radiações ionizantes. Muito pelo
contrário, é obrigatório manter disponível no local de trabalho o Plano de Proteção
Radiológica, aprovado pelo CNEN, e para serviços radiodiagnóstico, aprovado pela
Vigilância Sanitária.
Em se tratando de resíduos de saúde, é papel dos empregadores treinar seus
empregados sobre a correta segregação, acondicionamento e transporte,
classificação e potencial de risco, sistema de gerenciamento interno, mecanismos de
redução de geração de resíduos, responsabilidades e tarefas, e também o
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reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de resíduos e orientação


quanto a correta utilização dos EPIs (Ministério do Trabalho e Emprego, 2005).
A segregação dos resíduos deve obedecer às normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas NBR 9191:2008, com recipientes resistentes a quebra,
de material lavável, com abertura sem contato manual, e localizados próximo ao local
de sua fonte geradora.
Diante do exposto neste capítulo, podemos ressaltar que a NR 32 é uma
norma para muitos profissionais e que envolve diversos campos do conhecimento,
dentre eles: responsabilidades da direção na implantação das regras nela descritas,
ações dos gestores e de todos os trabalhadores nas ações de treinamentos e que
busca uma postura prevencionista. Além disto, ela é considerada de extrema
relevância no cenário brasileiro, uma vez que é uma legislação federal específica, que
discorre sobre questões de segurança e saúde no trabalho no setor da saúde.
De acordo com Miranda (2007) é extremamente relevante que todos os
profissionais dessa área estejam informados sobre a referida legislação, bem como
reivindiquem adequadas condições de trabalho, exercendo seu papel enquanto
trabalhadores e cidadãos, cumprindo assim, seus deveres e reafirmados os seus
direitos, principalmente aquele de trabalhar com segurança.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A contribuição deste estudo concentrou-se em apresentar, benefícios que


poderão ser alcançadas por meio da implantação da NR 32, uma vez que
procedimentos e medidas protetoras deverão ser realizados, promovendo segurança
no trabalho e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais entre os trabalhadores
da área da saúde.
Embora a NR 32 esteja vigente desde 2005, verifica-se na literatura uma
escassez de publicações sobre o assunto, levando a sugestão de novas pesquisas
nesta área. Entender esta norma e seus encadeamentos propende a orientar os
próprios profissionais da saúde quanto às recomendações desta norma, despertando
um olhar crítico sobre as questões em saúde do trabalhador.
Como sujeitos ativos de sua própria vida e saúde, estes profissionais precisam
intervir politicamente e participar da promoção de sua própria qualidade de vida no
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trabalho.
Esse trabalho buscou mostrar, através de revisões bibliográficas, sobre a
importância da gestão em saúde e segurança no trabalho e do auxílio à prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais nas organizações, analisando as principais
características e funcionalidades da NR 32.
Além disto, possibilitou também discutir os riscos ocupacionais aos quais
estes trabalhadores estão expostos, como os riscos químicos, físicos, biológicos,
ergonômicos, de acidente e psicossocial. Sendo possível verificar que um meio
ambiente de trabalho salubre e seguro são importante fator para a construção de um
ambiente de cooperação e respeito mútuo entre os colaboradores das organizações.
Nesse ponto de vista, há sentido em dizer que gestores e funcionários precisam
estar sempre em alerta, para que as práticas de saúde e segurança do trabalho façam
parte da rotina de toda a equipe. Conjuntamente à outras ações, a assimilação dos
profissionais leva a ambientes seguros e saudáveis, como por exemplo, em ambientes
hospitalares pacientes e acompanhantes se sentem estimulados a obedecerem às
regras do hospital. Assim, todos ficam protegidos de contaminações, doenças e
acidentes que poderiam causar impactos negativos não apenas no local, mas também
na comunidade do entorno.
É de suma importância promover continuamente a conscientização dos
profissionais de saúde em relação ao uso do EPI e das instituições para cumprirem
as exigências da Norma Regulamentadora – NR 32. Em sua grande maioria, o
trabalho em estabelecimentos de saúde é perigoso e mais insalubre, acarretando
ocupação de alto risco e expondo o trabalhador a riscos que afetam a sua saúde
Conclui-se, portanto, neste estudo, que instituições de saúde, os gestores,
profissionais de serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina
do trabalho e os trabalhadores devem interligar conhecimentos, normas e práticas
para uma correta utilização dos recursos existentes, compartilhando os
conhecimentos adquiridos, na tentativa de melhorá-los e ampliá-los, trazendo
questões do cotidiano e do saber profissional.

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15

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