Trabalho Prático 3 - Hidrologia II
Trabalho Prático 3 - Hidrologia II
Trabalho Prático 3 - Hidrologia II
Niterói
2024
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1 INTRODUÇÃO 3
1.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 4
2 CARACTERIZAÇÃO DOS DADOS UTILIZADOS 9
3 REGIONALIZAÇÃO DE VAZÕES 17
3.1 VAZÃO MÁXIMA 18
3.2 VAZÃO MÉDIA DE LONGO TERMO 19
3.3 VAZÃO DE REFERÊNCIA Q90 20
3.4 VAZÃO MÍNIMA DE SETE DIAS PARA UM TEMPO DE RETORNO DE 10 ANOS 21
3.5 CONCLUSÃO 22
4 PRODUÇÃO DE SEDIMENTOS DA BACIA 23
4.1 SELEÇÃO DOS EVENTOS 25
4.2 LEVANTAMENTO DE DADOS 27
4.2.1 Erodibilidade do solo (K) 27
4.2.2 Fator comprimento declividade (LS) 28
4.2.3 Fator de cobertura do solo e práticas conservacionistas (CP) 28
4.3 RESULTADOS 29
5 CÁLCULO DA DESCARGA SÓLIDA FLUVIAL 30
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
2
1 INTRODUÇÃO
3
Constituindo uma das 12 regiões hidrográficas brasileiras, a bacia do rio São
Francisco foi dividida, de acordo com o CBHSF, em quatro zonas ou regiões
fisiográficas: Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco, para fins de
planejamento. Os arquivos georreferenciados da bacia, das regiões fisiográficas e
Sub-Bacias utilizados neste estudo, possuem livre acesso e podem ser baixados
através da plataforma SIGA São Francisco.
Desse modo, uma vez esclarecidas as características gerais da Bacia de São
Francisco, o estudo foi direcionado para a caracterização e análise hidrológica,
definindo-se a Sub-Bacia Rio das Velhas como área de estudo, a fim de servir como
subsídio à gestão de recursos hídricos na bacia.
A Bacia Hidrográfica Rio das Velhas está inserida na região do Alto São
Francisco, no estado de Minas Gerais e corresponde à 4% da área do São Francisco,
com um total de 28 𝑚𝑖𝑙 𝑘𝑚² aproximadamente (cálculo realizado no Software QGIS a
partir do arquivo georreferenciado). A Figura 1 apresenta a localização desta bacia,
perante a bacia do rio São Francisco.
4
Fonte: Elaboração própria (Software QGIS)
Quanto ao uso do solo (Figura 3), detalhado na Tabela 1, foi possível verificar, a
partir dos dados de cobertura do solo do Map Biomas de 2022, que aproximadamente
30% da área total da bacia é utilizada para a pastagem e, junto com mosaico de usos
(que diz respeito à agropecuária, onde não foi possível distinguir entre agricultura e
pastagem), é totalizado aproximadamente 14, 8 𝑚𝑖𝑙 𝑘𝑚² (mais de 50% da área total).
5
Desse modo, o uso antrópico na bacia é bastante intenso e, além da pastagem e
mosaico de usos, também corresponde à agricultura (soja, café, cana, silvicultura, citros
e lavouras), mineração e área urbanizada e, em suma, está associado à 17 𝑚𝑖𝑙 𝑘𝑚²
(61% da área total).
Por outro lado, em relação às paisagens naturais, pode-se destacar a formação
florestal, savânica, campestre e afloramento rochoso, como as áreas naturais de maior
destaque, correspondendo à 37% da bacia (10, 4 𝑚𝑖𝑙 𝑘𝑚²), enquanto a caracterização
de “Rio, Lago e Oceano” está associada a apenas 0,38% da área total.
6
Tabela 1: Uso do Solo na Bacia Rio das Velhas (2022)
7
Figura 4: Tipo de Solo na Bacia Rio das Velhas
8
2 CARACTERIZAÇÃO DOS DADOS UTILIZADOS
9
Tabela 4: Informações espaciais das estações fluviométricas
41340000 Ponte Raul Soares (-19.5597 , -43.9111) Rio das Velhas 4.860
Itabirito-
41180000 (-20.3011 , -43.7981) Rio Itabirito 378
Linigrafo
10
Tabela 5: Período e consistência dos dados pluviométricos e fluviométricos
11
estações sedimentométricas (Figuras 14 e 15), recurso que relaciona a vazão do rio
com a concentração de sedimentos medida.
A partir da plotagem dos pontos da descarga líquida (m³/s) e concentração dos
sedimentos medida (mg/L), considerando toda a série de dados, as curvas-chave de
sedimentos foram elaboradas no software Excel, com o auxílio da linha de tendência
potencial — equação da curva e o 𝑅² associados estão apresentados na Tabela 7.
É importante ressaltar que a curva-chave de sedimentos não é uma curva tão
precisa quanto a curva-chave (que relaciona a vazão do rio com o nível observado). Isso
ocorre porque, embora a vazão do rio e a concentração de sedimentos estejam
associados, a relação entre esses parâmetros não é tão direta, envolvendo muitos outros
aspectos associados à dinâmica hidrossedimentológica da bacia e, por conta disso, a
2
curva não apresentou um 𝑅 muito elevado.
No entanto, após observação dos gráficos e tabelas, nota-se uma discrepância
2
dos valores de 𝑅 entre as estações 41990000 e 41340000. Isso pode estar relacionado
à posição das duas estações no leito do rio. Enquanto a estação 41990000 está
localizada na parte externa da curva do rio, ou seja, onde há maior intensidade da
erosão, a outra localiza-se na parte interna da curva, local de menor erosão. Acredita-se,
2
então, que tais posicionamentos possam ter interferido nos valores de 𝑅 .
Fonte: HIDRO
12
Fonte: HIDRO
13
Figura 8: Curva-Chave estação 41250000 (2020-2021)
Fonte: HIDRO
Fonte: HIDRO
Fonte: HIDRO
14
Figura 11: Curva-Chave estação 41818000 (2017-2021)
Fonte: HIDRO
1,3
41990000 𝑄 = 882, 782 · (𝐻 − 7, 53)
1,439
41340000 𝑄 = 45, 5729 · (𝐻 − 0, 68)
1,6
41250000 𝑄 = 31, 0922 · (𝐻 − 2, 29)
1,611
41300000 𝑄 = 31, 735 · (𝐻 − 1, 18)
1,866
41180000 𝑄 = 18, 1395 · (𝐻 − 2, 39)
1,447
41818000 𝑄 = 88, 3596 · (𝐻 − 0, 15)
Fonte: HIDRO
15
Figura 12: Gráfico da concentração de sedimentos em função do tempo - Estação 41990000
16
Figura 14: Curva chave de sedimentos - Estação 41990000
17
Tabela 7: Equações das curvas chaves de sedimentos da estações sedimentológicas
Código da
Equação da Curva - Q(m³/s) e Csm (mg/L) 𝑅²
Estação
1,4264
41990000 𝐶𝑠𝑚 = 0, 0379 · 𝑄 0, 2076
1,3734
41340000 𝐶𝑠𝑚 = 0, 665 · 𝑄 0, 5959
3 REGIONALIZAÇÃO DE VAZÕES
18
fluviométrica apresentada na tabela 4), precipitação anual média (calculada a partir dos
dados diários), considerando o pluviômetro mais próximo com boa disponibilidade
temporal de dados, fator essencial para a confiabilidade da equação, e declividade,
considerando os dados levantados em trabalhos relativos à caracterização da bacia Rio
das Velhas com base na literatura (SILVA et al, 2019; ALMEIDA, 2019; PEREIRA et al,
2017).
Com as variáveis definidas, e baseando-se nas informações das estações (Tabela
8), busca-se determinar uma relação bem definida pela qual almeja-se calcular seguintes
vazões: vazão média de longo termo (𝑄𝑚𝑙𝑡), vazão máxima anual média (𝑄𝑚á𝑥), vazão de
permanência de 90% (𝑄90) e vazão mínima de sete dias para um tempo de retorno de
dez anos (𝑄7 10).
Precip.
Declividade anual Q mlt Q90 Q7,10 Q máx
Área km²
estimada (m/m) média (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
(mm/ano)
Estação
(SILVA et al, 2019;
Calculada a partir da série histórica
HIDRO ALMEIDA, 2019; HIDRO
de dados
PEREIRA et al, 2017)
19
formulação é possível recalcular os dados de vazão conhecidos, com a equação
proposta, para avaliar o erro associado; a Tabela 9 apresenta esses resultados.
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Equação 3: Equação de regionalização da vazão média de longo termo
𝑄𝑚𝑙𝑡 = − 0, 173 + (0, 013 · 𝐴) + (− 0, 121 · 𝑃) + (176, 89 · α)
21
Tabela 11: Avaliação dos erros associados à regionalização de vazão proposta
Q 90 (m³/s) Q 90 (m³/s)
Estação Erro (%)
- Registrada - Calculada
22
Equação 5: Equação de regionalização da vazão máxima anual média
𝑄7 10 = 6, 581 + (0, 002 · 𝐴) + (− 0, 079 · 𝑃) + (91, 308 · α)
Q 7 10 (m³/s) Q 7 10 (m³/s)
Estação Erro (%)
- Registrada - Calculada
3.5 CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos, foi possível concluir que a metodologia utilizada
é eficiente, retornando valores consideravelmente altos de 𝑅², embora os grandes
erros observados nas seções 3.3 e 3.4 indiquem que as variáveis escolhidas podem
não ser adequadas para essas vazões. No geral as estações 41990000, 41340000 e
41818000 apresentaram respostas positivas à formulação proposta, em todos os
casos, enquanto a estação 41180000 apresentou resultados intermediários, com
erros variáveis entre as vazões analisadas. Por fim, as estações 41250000 e
41300000 não apresentaram resultados tão bons, em comparação às demais, com
erros significativamente altos para as vazões mínimas.
Os maiores erros analisados podem estar associados à escolha do pluviômetro
frente à dificuldade encontrada em achar pluviômetros mais próximos com boa
disponibilidade de dados, dessa forma, a maior distância em relação à estação de
23
vazão, em alguns casos, pode não ter compensado a boa disponibilidade de dados
da estação.
Além disso,é essencial enfatizar que é um processo bastante complexo tentar
regionalizar uma bacia de 28 𝑚𝑖𝑙 𝑘𝑚² com apenas seis estações.Sob essa
perspectiva, levando em consideração o caráter simplificado da presente análise,
pode-se dizer que os resultados obtidos foram, no geral, satisfatórios, com a ressalva
dos maiores erros associados às vazões mínimas.
24
Esse estudo será realizado para a estação mais a jusante da bacia, cujo código é
41990000.
A formulação MUSLE está apresentada na Equação 6 abaixo, onde (𝑌) é o
aporte de sedimentos no exutório da bacia após um evento chuvoso, em toneladas;
(α) e (β) são coeficientes de ajuste para cada bacia que, em geral, valem,
respectivamente, 11,8 e 0,56 (WIILIAMS, 1975); (𝑄) é o volume total de escoamento
superficial (m³); (𝑞𝑝) é a vazão de pico do evento (m³); (𝐾) é a erodibilidade do solo
em (𝑡𝑜𝑛 · ℎ/𝑀𝐽 · 𝑚𝑚); (𝐶) se refere à cobertura do solo e (𝑃) está associado às
práticas conservacionistas e, como no presente estudo não são implementadas
práticas, utiliza-se esse fator igual a um. Por fim, (𝐿𝑆) é fator de comprimento e
declividade, sendo calculado pela Equação 7.
β
𝑌 = α · (𝑄 · 𝑞𝑝) · 𝐾 · 𝐿 · 𝑆 · 𝐶 · 𝑃
𝐿
ℎ𝑖𝑙𝑙 𝑚 2
𝐿𝑆 = ( 22,1 ) · (65, 41 · 𝑠𝑒𝑛 (αℎ𝑖𝑙𝑙) + 4, 56 · 𝑠𝑒𝑛(αℎ𝑖𝑙𝑙) + 0, 065)
Nesse sentido, para o cálculo do fator (𝐿𝑆), deve-se considerar: o (𝐿ℎ𝑖𝑙𝑙) como
o metade ou um quarto do lado menor do retângulo equivalente à bacia, que pode ser
calculado pela Equação 8, sendo (𝐾𝑐) o fator de compacidade (Equação 9), dado
que (𝐴) e (𝑃) são, respectivamente, a área (m²) e o perímetro (m); (αℎ𝑖𝑙𝑙) é a
declividade do terreno em graus e (𝑚) pode ser obtido pela Equação 10.
25
Equação 10: Cálculo do expoente 𝑚
[ ]
𝑚 = 0, 6 · (1 − 𝑒𝑥𝑝 − 35, 835 · 𝑡𝑎𝑛𝑔(αℎ𝑖𝑙𝑙)
Figura 16: Gráfico chuva (mm) vazão (m³/s) - Evento 1 (alta magnitude)
26
Figura 17: Gráfico chuva (mm) vazão (m³/s) - Evento 2 (magnitude média)
Figura 18: Gráfico chuva (mm) vazão (m³/s) - Evento 3 (magnitude baixa)
27
A Tabela 13 abaixo apresenta a vazão de pico, assim como o volume total de
escoamento superficial, associado a cada um dos eventos, tendo em vista que esses
parâmetros serão necessários para o cálculo do aporte de sedimentos.
Tabela 13: Vazão de pico (m³/s) e volume total (m³) associado a cada evento
Volume total de
Evento Magnitude Vazão de pico (m³/s)
escoamento (m³)
28
Tabela 14: Fator de erodibilidade do solo
O fator LS foi calculado com base na equação B, utilizando 𝐿ℎ𝑖𝑙𝑙 como metade
29
Tabela 15: Fator de cobertura do solo e práticas conservacionistas (CP)
4.3 RESULTADOS
30
Tabela 16: Fator de cobertura do solo e práticas conservacionistas (CP)
31
Nesse contexto, a vazão sólida do rio está associada ao somatório da carga total
ao fundo (deslizamento, rolamento ou saltação) e da carga total em suspensão. Assim,
visando compreender melhor a dinâmica da sedimentologia fluvial da bacia hidrográfica
de estudo, a presente seção do trabalho se propõe a calcular a descarga sólida fluvial
através do método simplificado de Colby (1957), considerando os dados da estação mais
a jusante da bacia, cujo código é 41990000. Nessa metodologia, como pode-se observar
na Equação 11 calcula-se a descarga sólida total (𝑄𝑠𝑡) como a soma da descarga sólida
em suspensão medida (𝑄𝑠𝑚) com a descarga não medida (𝑄𝑛𝑚), que se refere a parcela
de fundo. Tanto a descarga sólida total, como descarga sólida em suspensão medida e a
descarga não medida; estão em (t/dia).
Nesse método, a parcela da descarga sólida medida pode ser obtida através da
Equação 12 - sendo 𝑄 a vazão do rio (𝑚³/𝑠), e 𝐶𝑠 a concentração dos sólidos em
suspensão (mg/L) -, enquanto a não medida é calculada pela Equação 13, sendo (𝑞𝑛𝑚)
−1 −1
é descarga sólida não medida aproximada (𝑡 · 𝑑 · 𝑚 ), (𝐾) é um fator de correção
aplicado e (𝐿) é a largura do rio (m).
32
Para determinar a descarga sólida não medida é preciso conhecer os
componentes presentes na equação 13. A descarga sólida não medida aproximada pode
ser obtida em função da velocidade média através do ábaco apresentado na Figura 20.
Nesse sentido, considerando a velocidade média em toda a série de dados de 0, 72𝑚/𝑠,
é possível determinar que a descarga sólida não medida aproximada equivale a
−1 −1
15 𝑡 · 𝑑 ·𝑚 .
Figura 20: Ábaco para a obtenção da descarga sólida não medida aproximada
33
Figura 21: Ábaco para da concentração relativa
34
Figura 22: Ábaco para o fator de correção
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMITÊ DA BACIA RIO DAS VELHAS. A Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas.
Disponível em: https://cbhsaofrancisco.org.br/a-bacia/. Acesso em: 30 mar. 2024.
36
COSTA, Karoline et al. Avaliação do tipo de distribuição de probabilidades das vazões
máximas diárias anuais no Brasil. RBRH — Revista Brasileira de Recursos
Hídricos, 2015.
MANNIGEL, Anny et al. Fator erodibilidade e tolerância de perda dos solos do Estado
de São Paulo. Acta Scientiarum. 2002.
MAP BIOMAS. Coleções Map Biomas: Cobertura e Uso do Solo. Disponível em:
https://brasil.mapbiomas.org/colecoes-mapbiomas/. Acesso em: 24 abr. 2024.
37
PAIVA, Francisco et al. Avaliação da Produção de Sedimentos em Eventos Chuvosos
em uma Pequena Bacia Hidrográfica Semi-Urbana de Encosta. RBRH — Revista
Brasileira de Recursos Hídricos, 2011.
SILVA, Deyse et al. Analysis of soil loss potential in the area of Jaboatão river
hydrographic basin – PE. Revista Brasileira de Geografia Física, 2022.
38