1-Dissertação_v57_calixto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA ELÉTRICA

JOSÉ CALIXTO LOPES JÚNIOR

ANÁLISE DE TRANSITÓRIOS ELETROMECÂNICOS NO


SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA COM PRESENÇA DE
FONTES RENOVÁVEIS CONSIDERANDO USO DE SISTEMA
DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA

Santo André - SP
2020
JOSÉ CALIXTO LOPES JÚNIOR

ANÁLISE DE TRANSITÓRIOS ELETROMECÂNICOS NO


SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA COM PRESENÇA DE
FONTES RENOVÁVEIS CONSIDERANDO USO DE SISTEMA
DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA

Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação


em engenharia elétrica da Universidade Federal do
ABC, como requisito parcial para a obtenção do título
de Mestre em Engenharia Elétrica.

Área de concentração, Linha Pesquisa: Sistemas de


Energia Elétrica, Modelagem e Simulação
Computacionais

Orientador: Dr. Thales Sousa

Santo André - SP
2020
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, de
acordo com as observações levantadas pela banca no dia da defesa,
sob responsabilidade única do autor e com a anuência do orientador.

Santo André, 04 de junho de 2020.

Assinatura do autor: ______________________________________

Assinatura do orientador: __________________________________


O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
À Deus,

meus pais Calixto e Rosa,

à minha amada esposa Jordane

e meus filhos Luisa, Tobias, Nicolas e Sara.


AGRADECIMENTO

Tenho muito pra agradecer. Sobretudo a Deus que tem me guiado ao longo da vida,
colocando boas pessoas em meu caminho, situações inesperadas, oportunidades e possibilidade
de prosperar em tudo que empreendo.
Aos meus pais José Calixto Lopes e Maria Rosete de Morais por todo o apoio, pelo
amor incondicional, por acreditar em mim e me lançar para o mundo. Pai, obrigado pelos
ensinamentos, por me ensinar a encarar a vida como homem: com honra, caráter, com sorriso
no rosto e esperança. Mãe, obrigado pelas orações, por ser tão carinhosa, forte e corajosa e me
ensinar que os desafios da vida são vencidos dia após dia.
À minha linda esposa Jordane Cortes Rosa, que me mantém firme acreditando nos meus
sonhos, que cuida de mim, da nossa família e que compreende a minha missão. Ela, que comigo
vive, luta, chora, sorri, perde e ganha, faça sol ou chuva, haja alegria ou tristeza, saúde ou
doença. Não teria sido possível sem você. Eu te amo.
Aos meus filhos Luisa, Tobias, Nicolas e Sara, meu maior tesouro. Obrigado porque me
ensinam e ajudam todo dia, me favorecem lembrar da criança que existe dentro de mim e que
não pode morrer, me dão mais um motivo pra prosseguir, são o meu porquê.
Ao professor Thales Sousa, primeiramente pela confiança em meu trabalho e por ter me
acolhido e encaminhado nesta instituição. Obrigado pela orientação, a paciência, o apoio e
suporte em todos os momentos e os ensinamentos acadêmicos e de vida.
A todos os colegas de trabalho porque ninguém faz nada sozinho. Obrigado pela ajuda
pois construíram esta obra comigo, especialmente ao Daniel Orlando Garzon Medina,
companheiro e amigo de todas as horas.
Aos amigos que a vida me deu de presente e que compartilham comigo todos os
momentos. Os nomes são muitos, não posso citar, mas a quem se dirige este parágrafo, saberão
reconhecer.
À Universidade Federal do ABC e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro.
E a todos os que não foram citados explicitamente, mas que passaram por mim algum
dia, e contribuíram de forma direta ou indireta na trajetória percorrida no mestrado.
“Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo. Quem acredita
sempre alcança”

(Renato Russo)
RESUMO

As fontes de energia renováveis têm alcançado níveis cada vez mais altos de
penetração no sistema elétrico, destacando-se a eólica e a solar fotovoltaica.
Diversas são suas vantagens, porém, sua característica estocástica impõe grandes
incertezas relacionadas a operação, estabilidade e confiabilidade do sistema.
Quando inseridas em grande proporção, essas fontes alteram o padrão de
comportamento da rede tanto em regime permanente, quanto na ocasião de
perturbações. Assim, à medida que cresce o nível de penetração dessas fontes,
novos esforços tornam-se necessários para manter o sistema operando dentro dos
limites normatizados. Frente a muitas alternativas propostas para favorecer o
crescimento ordenado das fontes intermitentes em questão, o sistema de
armazenamento de energia tem grande importância na atualidade pois, atua
mitigando muitos de seus impactos adversos e contribui na estabilização do sistema.
Neste contexto, o presente trabalho objetivou realizar um estudo de estabilidade por
meio da análise de transitórios eletromecânicos em um sistema de transmissão com
presença de geração eólica e solar. Foi projetado e implementado um
armazenamento de energia com baterias acoplado à usina solar como alternativa
para atenuar impactos ocasionados pelas variações de potência. O estudo foi
desenvolvido a partir de modelagem computacional considerando simulações no
domínio do tempo com o software Matlab® & Simulink® onde estudos de caso
variados possibilitaram replicar diferentes condições operativas do sistema elétrico
e investigar seu comportamento tanto em operação normal quanto em situações de
distúrbios. Os resultados permitiram avaliar a robustez e capacidade de estabilidade
da rede elétrica e também a atuação do sistema de armazenamento no
amortecimento de impactos da geração renovável na rede de transmissão.

Palavras-chave: Análise de sistemas potência; Energias renováveis; Estabilidade


do sistema de potência; Sistema de armazenamento de energia; Transitórios
eletromecânicos.
ABSTRACT

Renewable energy sources have reached increasingly higher levels of penetration


into the electrical system, with emphasis on wind and solar photovoltaics. There are
several advantages, however, its stochastic characteristic imposes great
uncertainties related to the operation, stability and reliability of the system. When
inserted in a large proportion, these sources alter the pattern of the network's
behavior both in a permanent regime and in the event of disturbances. Thus, as the
level of penetration of these sources grows, new efforts become necessary to keep
the system operating within the standard limits. In view of the many alternatives
proposed to favor the orderly growth of the intermittent sources in question, the
energy storage system is of great importance today because it acts to mitigate many
of its adverse impacts and contributes to the stabilization of the system. In this
context, the present work aimed to carry out a stability study through the analysis
of electromechanical transients in a transmission system with the presence of wind
and solar generation. An energy storage with batteries coupled to the solar plant
was designed and implemented as an alternative to mitigate impacts caused by
variations in power. The study was developed from computational modeling
considering simulations in the time domain with the Matlab® & Simulink® software
where varied case studies made it possible to replicate different operating
conditions in the electrical system and investigate its behavior both in normal
operation and in disturbance situations. The results made it possible to assess the
robustness and stability capacity of the electricity grid and also the performance of
the storage system in dampening the impacts of renewable generation on the
transmission network.

Keywords: Electromechanical transients; Energy storage system; Power systems


analysis; Power system stability; Renewable energy;
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Classificação da estabilidade do sistema elétrico de potência. .............................. 26


Figura 3.1: Capacidade instalada de energia eólica no mundo 2019........................................ 43
Figura 3.2: Diagrama do DFIG................................................................................................. 44
Figura 3.3: Curvas de relação de ponta de pá e coeficiente de potência. ................................. 46
Figura 3.4: Modelo do gerador em coordenadas síncronas (dq). ............................................. 47
Figura 3.5: Curvas de potência para diferentes velocidades de vento. ..................................... 48
Figura 3.6: Controle de ângulo de inclinação β. ....................................................................... 50
Figura 3.7: Diagrama de blocos do controle do GSC. .............................................................. 50
Figura 3.8: Diagrama de blocos do controle do RSC. .............................................................. 51
Figura 3.9: Diagrama de blocos do PLL. ................................................................................. 52
Figura 3.10: Capacidade instalada de energia solar fotovoltaica no mundo 2019. .................. 53
Figura 3.11: Diagrama de um gerador solar FV. ...................................................................... 54
Figura 3.12: Circuito elétrico equivalente do módulo FV. ....................................................... 55
Figura 3.13: Algoritmo da condutância incremental. ............................................................... 58
Figura 3.14: Diagrama de blocos de controle do conversor Boost. Fonte: Autor. ................... 59
Figura 3.15: Diagrama de blocos de controle do inversor. Fonte: Autor. ................................ 60
Figura 4.1: Evolução da capacidade de ESS instalada no mundo. ........................................... 63
Figura 4.2: Mix de tecnologias de armazenamento de energia no mundo. .............................. 63
Figura 4.3: Diagrama da usina solar FV equipada com BESS. ................................................ 67
Figura 4.4: Diagrama do conversor buck-boost bidirecional. .................................................. 68
Figura 4.5: Estágios de Funcionamento do conversor buck-boost bidirecional. ...................... 69
Figura 4.6: Diagrama de blocos da estratégia de controle proposta. ........................................ 70
Figura 5.1 Circuito equivalente da linha de seção π trifásica. .................................................. 72
Figura 5.2: Circuito equivalente do transformador. ................................................................. 73
Figura 5.3:Diagrama de blocos simplificado da usina hidrelétrica implementada................... 74
Figura 5.4: Modelo do gerador síncrono em coordenadas síncronas (dq)................................ 75
Figura 5.5: Diagrama unifilar do sistema de transmissão. ....................................................... 77
Figura 6.1: Convenção de sinais para as análises. .................................................................... 79
Figura 6.2: Caso 1 - parque eólico. ........................................................................................... 80
Figura 6.3: Caso 1 - usina solar. ............................................................................................... 80
Figura 6.4: Caso 1 - gerador síncrono (hidrelétrica). ............................................................... 80
Figura 6.5: Caso 1 - barra 1. ..................................................................................................... 81
Figura 6.6: Caso 1 - barra 2. ..................................................................................................... 81
Figura 6.7: Caso 1 - barra 3. ..................................................................................................... 81
Figura 6.8: Caso 1 - barra 4. ..................................................................................................... 82
Figura 6.9: Caso 1 - barra 5. ..................................................................................................... 82
Figura 6.10: Caso 1 - barra 6. ................................................................................................... 82
Figura 6.11: Caso 1 - frequência do sistema ............................................................................ 83
Figura 6.12: Curva da velocidade do vento para o caso 2. ....................................................... 84
Figura 6.13: Caso 2 - parque eólico. ......................................................................................... 84
Figura 6.14: Caso 2 – usina solar. ............................................................................................ 85
Figura 6.15: Caso 2 – gerador síncrono (hidrelétrica). ............................................................. 85
Figura 6.16: Caso 2 – barra 1. .................................................................................................. 86
Figura 6.17: Caso 2 – barra 2. .................................................................................................. 86
Figura 6.18: Caso 2 – barra 3. .................................................................................................. 87
Figura 6.19: Caso 2 – barra 4. .................................................................................................. 87
Figura 6.20: Caso 2 – barra 5. .................................................................................................. 87
Figura 6.21: Caso 2 – barra 6. .................................................................................................. 88
Figura 6.22: Caso 2 – frequência do sistema. ........................................................................... 88
Figura 6.23: Curva da irradiância para o caso 3. ...................................................................... 89
Figura 6.24: Caso 3 - tensão, potência ativa e reativa (parque eólico). .................................... 89
Figura 6.25: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (usina solar)......................................... 89
Figura 6.26: Caso 3 – gerador síncrono (hidrelétrica). ............................................................. 90
Figura 6.27: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 1)............................................... 90
Figura 6.28: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 2)............................................... 90
Figura 6.29: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 3)............................................... 91
Figura 6.30: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 4)............................................... 91
Figura 6.31: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 5)............................................... 91
Figura 6.32: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 6)............................................... 92
Figura 6.33: Caso 3 – frequência do sistema ............................................................................ 92
Figura 6.34: Caso 4 - parque eólico. ......................................................................................... 93
Figura 6.35: Caso 4 – usina solar. ............................................................................................ 94
Figura 6.36: Caso 4 – gerador síncrono (hidrelétrica). ............................................................. 94
Figura 6.37: Caso 4 – barra 1. .................................................................................................. 95
Figura 6.38: Caso 4 – barra 2. .................................................................................................. 95
Figura 6.39: Caso 4 – barra 3. .................................................................................................. 95
Figura 6.40: Caso 4 – barra 4. .................................................................................................. 96
Figura 6.41: Caso 4 – barra 5. .................................................................................................. 96
Figura 6.42: Caso 4 – barra 6. .................................................................................................. 96
Figura 6.43: Caso 4 – frequência do sistema. ........................................................................... 97
Figura 6.44: Caso 5 - parque eólico. ......................................................................................... 98
Figura 6.45: Caso 5 – usina solar. ............................................................................................ 98
Figura 6.46: Caso 5 – gerador síncrono (hidrelétrica). ............................................................. 99
Figura 6.47: Caso 5 – barra 1. .................................................................................................. 99
Figura 6.48: Caso 5 – barra 2. ................................................................................................ 100
Figura 6.49: Caso 5 – barra 3. ................................................................................................ 100
Figura 6.50: Caso 5 – barra 4. ................................................................................................ 100
Figura 6.51: Caso 5 – barra 5. ................................................................................................ 101
Figura 6.52: Caso 5 – barra 6. ................................................................................................ 101
Figura 6.53: Caso 5 – frequência do sistema. ......................................................................... 102
Figura 6.54: Curvas aplicadas na usina solar. ........................................................................ 103
Figura 6.55: Potência na usina versus potência no BESS ...................................................... 103
Figura 6.56: Caso 6 – usina solar. .......................................................................................... 104
Figura 6.57: Caso 6 – barra 1. ................................................................................................ 104
Figura 6.58: Caso 6 – barra 2. ................................................................................................ 104
Figura 6.59: Caso 6 – barra 3. ................................................................................................ 105
Figura 6.60: Caso 6 – barra 4. ................................................................................................ 105
Figura 6.61: Caso 6 – barra 5. ................................................................................................ 105
Figura 6.62: Caso 6 – barra 6. ................................................................................................ 106

Figura D. 1: Diagrama unifilar do sistema de transmissão de testes. ..................................... 123

Figura E. 1: Regime de frequência não nominal para unidades geradoras eólica e solar. ..... 126
Figura E. 2: Regime de frequência não nominal para unidades hidrelétricas. ....................... 126
Figura E. 3: Curva de suportabilidade a subtensões e sobretensões transitórias LVRT. ....... 126
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Valores do coeficiente de potência ........................................................................ 46


Tabela 6.1: Resumo da condição de operação do sistema para o caso 1. ................................. 83

Tabela A. 1: Parâmetros utilizados no parque eólico. ............................................................ 120

Tabela B. 1: Parâmetros utilizados na usina solar. ................................................................. 121

Tabela C. 1: Parâmetros empregados no banco de baterias. .................................................. 122


Tabela C. 2: Parâmetros empregados no conversor buck-boost. ............................................ 122

Tabela D. 1: Parâmetros da barra slack. ................................................................................. 123


Tabela D. 2: Parâmetros do gerador síncrono da hidrelétrica. ............................................... 123
Tabela D. 3: Parâmetros do sistema de excitação da hidrelétrica. ......................................... 124
Tabela D. 4: Parâmetros do regulador de velocidade da hidrelétrica. .................................... 124
Tabela D. 5: Parâmetros dos alimentadores do sistema de transmissão. ................................ 124
Tabela D. 6: Parâmetros dos transformadores. ....................................................................... 124

Tabela E. 1: Limites da frequência do sistema frente a perturbações. ................................... 126


Tabela E. 2: Variações de tensão de curta duração. ............................................................... 127
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


AMT Afundamento Momentâneo da Tensão
BESS Battery Energy Storage System
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
DFIG Double Fed Induction Generator
EMT Elevação Momentânea da Tensão
ET Electromechanical Transients
ESS Energy Storage System
FV Fotovoltaico
GSC Grid Side Converter
IEA International Energy Agency
IRENA International Renewable Energy Agency
LVRT Low Voltage Ride Through
MPPT Maximum Power Point Tracking
NREL National Renewable Energy Laboratory
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PHS Pumped Hydro Storage
PI Proporcional Integral
PID Proporcional Integral Derivativo
PLL Phase Locked Loop
PWM Pulse Width Modulation
RSC Rotor Side Converter
SEP Sistema Elétrico de Potência
SOC State of Charge
STC Standard Test Conditions
SVOC Stator Voltage Oriented Contro
THD Total Harmonic Distortion
VOC Voltage Oriented Control
VTCD Variações de Tensão de Curta Duração
WSCC Western System Coordinating Council
WWEA Word Wind Energy Association
LISTA DE SÍMBOLOS

Pmc Potência mecânica da turbina


ρ Densidade do ar
A Área varrida pelas pás
Vv Velocidade do vento
Cp Coeficiente de potência da turbina
λ Relação de velocidade de ponta de pá
β Ângulo de passo das pás da turbina
ωr Velocidade angular elétrica do rotor
R Raio da turbina
Vds , Vds Tensões do estator no marco de referência dq
Vdr , Vqr Tensões do rotor no marco de referência dq
ids , iqs Correntes do estator no marco de referência dq
idr , idr Correntes do rotor no marco de referência dq
η Operador derivativo
Rs, Rr Resistência do estator e do rotor
ω Velocidade angular do estator
ψds , ψdr Fluxo concatenado do estator e do rotor
Lm Indutância de magnetização
Ls Indutância própria do estator
Lr Indutância própria do rotor
Te Torque eletromagnético
P Número de par de polos
Gd Relação de Transmissão
ωt Velocidade da turbina
Tot Toque ótimo
K ot Constante do torque ótimo
λot Velocidade específica que maximiza a potência capturada
Pg Potência ativa processada do Gsc
Qg Potência reativa processada do Rsc
Lista de Símbolos

Vcc Tensão no link CC do conversor back-to-back


icc Corrente no link CC do conversor back-to-back
θg Ângulo da rede elétrica
p- Si Silício Policristalino
Voc Tensão de Circuito aberto
Isc Corrente de curto-circuito
IL Corrente fotovoltaica
Rs Resistência em série
Rp Resistência em paralelo
Ipv Corrente no módulo fotovoltaica
I0 Corrente de saturação reversa do diodo
Vpv Tensão de saída do módulo fotovoltaico
m Fator de idealidade
Vt Tensão térmica
Ns Número de células associadas em série
k Constante de Boltzman
T Temperatura de operação do módulo fotovoltaico
e Carga do elétron
IL∗ Corrente fotovoltaica na condição nominal
αIsc Coeficiente de temperatura da corrente de curto-circuito
∆T Variação de temperatura do módulo
G Irradiância real
G∗ Irradiância nominal
Pmp Ponto de máxima potência
Imp Corrente no ponto de máxima potência
Vmp Tensão no ponto de máxima potência
Pmax Potência máxima
βvoc Coeficiente de temperatura da tensão de circuito aberto
γiscc Coeficiente de temperatura da potência máxima
Ppv Potência ativa processada do inversor fotovoltaico
Qpv Potência reativa processada do inversor fotovoltaico
Vdsf , Vdsf Tensões do inversor fotovoltaico no marco de referência dq
Lista de Símbolos

Pb- A Chumbo ácido


H2 SO4 Ácido sulfúrico
PbSO4 Sulfato de chumbo
Zn Zinco
Ce Cério
Na -S Sódio-enxofre
Vbat Tensão na bateria
V0 Constante de tensão da bateria
K Constante de polarização da bateria
Q Capacidade da bateria
it Capacidade extraída da bateria
i∗ Corrente de referência filtrada
A Zona exponencial de tensão
B Capacidade exponencial
Veq Tensão equivalente do bando de baterias
Vcc Tensão do link CC da usina FV
P∗ Potência de referência
Pmed Potência medida na saída da usina FV
Vbat Tensão do banco de baterias
I∗ Corrente de referência
Ibat Corrente do bando de baterias
L1 e L2 Indutâncias de dispersão do primário e secundário do transformador
R m e Lm Resistencia e Indutância de magnetização do núcleo do transformador
Pc Potência ativa consumida pela carga
Qc Potência reativa consumida pela carga
P0 Potência ativa nominal da carga
Q0 Potência reativa nominal carga
Vc Tensão nos terminais da carga
V0 Tensão nominal da carga
n𝑝 Expoente relativo ao componente de potência ativa da carga
n𝑞 Expoente relativo ao componente de potência reativa da carga
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 23

1.1 O Problema da Alta Penetração de Fontes Renováveis no Sistema Elétrico .............. 23


1.2 Transitórios Eletromecânicos x Estabilidade .............................................................. 25
1.3 Objetivos e Contribuições ........................................................................................... 26
1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 26
1.3.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 27
1.3.3 Contribuições da Dissertação ............................................................................ 27
1.4 Organização Textual ................................................................................................... 28

CAPÍTULO 2 - ESTADO DA ARTE.................................................................................... 30

2.1 Considerações Iniciais ................................................................................................ 30


2.2 Fontes de Geração Eólica e Solar e Suas Implicações no SEP ................................... 31
2.3 Estabilidade Transitória do Sistema Elétrico com Fontes Renováveis ....................... 34
2.4 Requisitos de Rede para Conexão de Fontes Renováveis........................................... 38
2.5 O Sistema de Armazenamento Frente à Expansão da Penetração de Renováveis...... 39

CAPÍTULO 3 - TECNOLOGIAS DE GERAÇÃO EÓLICA E SOLAR .......................... 42

3.1 Energia Eólica ............................................................................................................. 42


3.1.1 Modelagem do Sistema de Conversão de Energia Eólica ................................. 43
3.1.1.1 Modelo da Turbina................................................................................ 45
3.1.1.2 Modelo Matemático do DFIG ............................................................... 46
3.1.1.3 Seguimento do Ponto de Máxima Potência (MPPT) ............................ 48
3.1.1.4 Controle do Ângulo de Passo ................................................................ 49
3.1.1.5 Controle do Conversor do Lado da Rede (GSC) .................................. 50
3.1.1.6 Controle do Conversor do Lado do Rotor (RSC) ................................. 51
3.1.1.7 Estimação do Ângulo da Rede para Sincronização .............................. 52
3.2 Energia Solar Fotovoltaica .......................................................................................... 52
3.2.1 Modelagem do Sistema de Conversão de Energia Solar ................................... 54
3.2.1.1 Modelo do Módulo Fotovoltaico .......................................................... 55
3.2.1.2 Seguimento do Ponto de Máxima Potência (MPPT) ............................ 57
3.2.1.3 Conversor CC: Modelagem e Controle................................................. 58
Sumário

3.2.1.4 Inversor: Modelagem e Controle .......................................................... 59

CAPÍTULO 4 - SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA............................. 61

4.1 Introdução ................................................................................................................... 61


4.2 Tecnologias de Armazenamento Aplicadas em SEP .................................................. 64
4.2.1 Baterias de Íons de Lítio (Li-íon) ...................................................................... 65
4.3 Modelagem da Bateria Íons de Lítio ........................................................................... 65
4.4 Acoplamento do BESS à Usina Solar FV ................................................................... 66
4.4.1 Conversor Buck-Boost Bidirecional ................................................................. 67
4.4.1.1 Princípio de Funcionamento ................................................................. 68
4.4.2 Estratégia de Controle do BESS........................................................................ 69

CAPÍTULO 5 - MODELAGEM DO SISTEMA ELÉTRICO ........................................... 71

5.1 Modelagem dos Componentes da Rede ...................................................................... 71


5.1.1 Linha de Transmissão ........................................................................................ 72
5.1.2 Transformadores ................................................................................................ 72
5.1.3 Cargas ................................................................................................................ 73
5.1.4 Usina Hidrelétrica.............................................................................................. 74
5.1.4.1 Gerador Síncrono .................................................................................. 75
5.1.4.2 Modelamento da Turbina e Regulador de Velocidade ......................... 75
5.1.4.3 Sistema de Excitação ............................................................................ 76
5.2 Rede de Testes Completa ............................................................................................ 77

CAPÍTULO 6 - TESTES E RESULTADOS ........................................................................ 78

6.1 Introdução ................................................................................................................... 78


6.2 Caso 1: Sistema em Operação Normal (Regime Permanente) ................................... 79
6.3 Caso 2: Variação de Potência no Parque Eólico ......................................................... 83
6.4 Caso 3: Variação de Potência na Usina Solar ............................................................. 88
6.5 Caso 4: Falta Trifásica nos Terminais do Parque Eólico ............................................ 93
6.6 Caso 5: Rejeição de Carga na Barra 5......................................................................... 97
6.7 Caso 6: Teste do Sistema de Armazenamento Integrado à Usina Solar ................... 102

CAPÍTULO 7 - CONCLUSÕES ......................................................................................... 107

7.1 Considerações e Conclusões ..................................................................................... 107


7.2 Contribuições Obtidas e Proposições para Trabalhos Futuros ................................. 110
Sumário

7.3 Artigos Publicados e Aceitos para Publicação .......................................................... 111

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 112

APÊNDICE A. PARÂMETROS PARQUE EÓLICO ................................................. 120

APÊNDICE B. PARÂMETROS USINA SOLAR ....................................................... 121

APÊNDICE C. PARÂMETROS BESS ......................................................................... 122

APÊNDICE D. PARÂMETROS REDE DE TESTES ................................................. 123

APÊNDICE E. PROCEDIMENTOS DE REDE ONS ................................................ 125


Capítulo 1
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
Neste capítulo é descrita a conjuntura do problema de pesquisa e seus
delineamentos, sendo apresentada a relevância e atualidade do tema. O panorama
geral do setor frente às energias renováveis é evidenciado, são expostos os
objetivos gerais e específicos e também as contribuições deixadas pelo trabalho.
Por fim, é manifestada a forma como foi realizada a organização textual.

1.1 O Problema da Alta Penetração de Fontes Renováveis no Sistema


Elétrico

Tem sido crescente a quantidade de novos recursos energéticos atuando no Sistema


Elétrico de Potência (SEP) como fontes renováveis intermitentes, sistemas de armazenamento
de energia, veículos elétricos além de novas topologias de conversores eletrônicos de potência.
Em relação às fontes de geração de energia renováveis, ano após ano tem-se registrado níveis
cada vez mais altos de penetração, aumentando a fatia correspondente à matriz de geração de
energia elétrica. A escassez de energia elétrica em muitos pontos do globo além da necessidade
de redução dos impactos ambientais tem colocado sob essas fontes, grande expectativa. Não
somente, a redução dos preços de instalação aliado ao crescimento da eficiência de conversão
de energia contribuem também para o seu avanço. Entre as fontes de energia que mais crescem
estão a eólica e a solar fotovoltaica (FV). Dados recentes obtidos da International Renewable
Energy Agency (IRENA) mostram que a potência total instalada em todo o mundo por meio
dessas fontes já ultrapassaram 1,2 TW [1].

23
Capítulo 1. Introdução 24

Os planejadores têm estado atentos em estudar os impactos advindos do grande uso de


fontes intermitentes na rede uma vez que, à medida que se aumenta seu nível de penetração na
rede, novos esforços do ponto de vista técnico e operacional tornam-se necessários para manter
os índices de qualidade da energia dentro dos limites aceitáveis [2]. Considerando a energia
solar fotovoltaica, a geração está sempre sujeita a fatores climáticos, onde variações de
irradiância e temperatura, por exemplo, trazem consequências na produtividade energética,
implicando em drásticas quedas de energia [3]. Em relação à fonte eólica, de forma similar há
dependência do clima, onde as variações na velocidade do vento também impactam a
produtividade de energia [4]. Todas essas características estocásticas impõem grandes
incertezas em relação à qualidade, confiabilidade e continuidade da oferta do serviço de energia
elétrica além do que, essas variações de potência podem ser replicadas na rede, comprometendo
a estabilidade do sistema.
De forma diferente dos grandes geradores síncronos, tradicionalmente empregados na
geração de eletricidade convencional, geradores eólicos e usinas solares tem sido acoplados à
rede por intermédio de conversores eletrônicos [5]. Ademais, essas novas unidades geradoras
são incapazes de atenuar algum possível distúrbio decorrido na rede utilizando, para isto, a
energia contida no rotor, tal como ocorre nos geradores tradicionais [6]. O aumento das turbinas
eólicas e usinas solares nos sistemas elétricos em substituição aos grandes geradores reduzem
a inércia geral do sistema implicando em diminuição da capacidade do mesmo em oferecer
suporte de frequência [7]. Com o comprometimento da inércia, o sistema se torna mais
dinâmico e oscilatório, implicando no fato de que os distúrbios passem a afetar mais os níveis
de tensão e frequência [8].
O SEP foi idealizado tradicionalmente de forma a operar com grandes centrais geradoras
afastadas das cargas, que entregam sua energia aos centros de consumo via grandes linhas
transmissoras. Porém na atualidade, com novas fontes de energia sendo inseridas em pontos
variados do sistema, há de se considerar as alterações de comportamento do mesmo frente às
ocorrências cotidianas, o que pode comprometer sua operação do sistema, estabilidade e
proteção [9].
Frente ao exposto, os operadores do SEP em todo o mundo, dentro do conjunto de
normativas que regem a operação do sistema, tem imposto premissas para interconexão de
novas usinas às instalação de transmissão de energia [10], [11]. No Brasil o Operador Nacional
do Sistema Elétrico (ONS) determina os requisitos técnicos mínimos para acessos de unidades
geradoras ao sistema de transmissão por meio dos Procedimentos de Rede [12]. Tais requisitos
Capítulo 1. Introdução 25

precisam ser considerados e estudados previamente por meio de análises e simulações para que
seja verificado o atendimento às normativas que regem a operação do sistema elétrico.
Diante de tantos desafios, tem sido grande de interesse da comunidade acadêmica em
desenvolver estratégias de controle e novas tecnologias capazes de trazer melhores condições
de adequação da energia dos ventos e do sol aos requisitos dos reguladores da energia elétrica
em escala de utilidade. Uma alternativa de grande importância e que está em fase de grande
crescimento é a utilização de Sistemas de Armazenamento de Energia (ESS), sobretudo, a partir
do emprego de baterias (BESS, do acrônimo em inglês). Essa tem sido uma solução amplamente
aplicada às fontes renováveis, contribuindo na suavização da potência entregue à rede,
melhorando a qualidade da energia, promovendo balanceamento e estabilização do sistema,
melhorando a redução da dispersão entre a previsão e oferta efetiva de energia e oferecendo
serviços ancilares [13].

1.2 Transitórios Eletromecânicos x Estabilidade

Face ao exposto, o SEP evolui mantendo-se sujeito a novos fenômenos transitórios


agora não somente resultantes dos distúrbios ordinários como curto circuitos, saídas ou entradas
repentinas de grandes cargas e descargas atmosféricas, mas também em função dos novos
aparatos tecnológicos supracitados. Fenômenos decorrentes das situações mencionadas podem
levar o sistema a condições inadequadas de operação, causando danos aos consumidores, às
unidades geradoras e até mesmo levar o sistema ao colapso. Contudo, para a manutenção da
estabilidade, confiabilidade e continuidade, bem como dos índices de qualidade de energia do
sistema, tornam-se necessários estudos e análises que possibilitem entender o comportamento
do SEP frente à interconexão avançada de novos equipamentos, como já citado.
Os estudos de sistemas elétricos são convencionalmente realizados a partir de análise
computacional que contemplem a vasta amplitude dos problemas e equipamentos do setor.
Basicamente, esses estudos são classificados como Estáticos e Dinâmicos. Para estudos
estáticos, normalmente emprega-se ferramentas relacionadas a fluxos de potência, enquanto
estudos dinâmicos aplicam ferramentas de análises de transitórios. Quanto às análises de
transitórios, a depender da escala temporal de ocorrência, pode-se empregar Transitórios
Eletromagnéticos (EMT, do acrônimo em inglês) e os Transitórios Eletromecânicos (ET, do
acrônimo em inglês). Os EMT contemplam as interações eletromagnéticas entre os campos
Capítulo 1. Introdução 26

eletromagnéticos de indutâncias e campos elétricos de capacitâncias contidas na rede elétrica.


Já os ET, contemplam as interações entre a energia consumida pela rede e a energia mecânica
contida nas máquinas rotacionais do sistema.
É comum a comunidade acadêmica, relacionar os fenômenos ET às grandes
perturbações ou distúrbios (eventos imprevisíveis no SEP, como um curto circuito, fechamento
ou abertura de uma chave, saída ou entrada e uma carga) que ocorrem com frequência na rede.
Essas perturbações/distúrbios são estudas e analisadas por meio dos ET e relacionadas às
questões de estabilidade do SEP.
A estabilidade do sistema é reconhecidamente um quesito de suma importância já há
muitas décadas. Grandes transtornos já foram atribuídos a problemas de instabilidade do
sistema em todo o mundo, por exemplo os apagões. Uma excelente conceituação sobre
estabilidade pode ser encontrada em [14] onde dentro da área de estudos de estabilidade
transitória, encontra-se a estabilidade angular, estabilidade da frequência e estabilidade da
tensão. Uma compreensão nítida dos diferentes tipos de instabilidade e de como se inter-
relacionam é essencial para o projeto e operação eficaz dos sistemas de energia e também para
o acoplamento de novas fontes de energia. A Figura 1.1 ilustra e classifica as diferentes
vertentes relacionadas aos estudos de estabilidade e que serão analisadas nesta dissertação.

Figura 1.1: Classificação da estabilidade do sistema elétrico de potência.

Fonte: Adaptado de [14].

1.3 Objetivos e Contribuições

1.3.1 Objetivo Geral

O presente trabalho objetiva realizar um estudo de análise de transitórios


eletromecânicos, concentrando-se na estabilidade transitória do SEP, considerando um sistema
de transmissão (Rede Básica) com penetração de unidades geradoras eólica e solar,
Capítulo 1. Introdução 27

considerando o uso do BESS como alternativa para atenuar impactos relacionados à flutuações
de potência.

1.3.2 Objetivos específicos

• Realizar revisão da literatura para conhecimento dos conceitos, metodologias


empregadas na abordagem do tema e compreensão acerca dos aspectos de
modelagem dos componentes que estão contidos no trabalho.
• Utilizar ferramentas computacionais para análise de transitórios eletromecânicos
a partir de simulações dinâmicas.
• Apresentar modelagem dos sistemas de geração eólico, solar, sistema de
armazenamento de energia e rede de transmissão em convergência com modelos
confiáveis e amplamente aplicados na bibliografia.
• Avaliar resultados de simulação a partir dos estudos de caso escolhidos em
concordância com os Procedimentos de Rede do ONS a fim de validar os
modelos e metodologia aplicada.

1.3.3 Contribuições da Dissertação

Destacam-se como principais contribuições da dissertação:


• Modelagem e Implementação de um modelo de uma rede de transmissão
contendo diferentes fontes renováveis intermitentes obedecendo os requisitos de
estudos nesta área determinados pelo ONS.
• Análise dos resultados considerando os aspectos da estabilidade do SEP a partir
dos procedimentos de rede do ONS vigentes considerando cenários que replicam
eventos de perturbações cotidianos no SEP.
• Projeto e implementação do BESS acoplado à usina solar contribuindo para a
suavização da potência entregue à rede, visando redução da intermitência e
potencializar o aumento da penetração de fontes renováveis no sistema elétrico.
• Análise comparativa conjunta dos resultados dos vários sistemas contidos no
modelo (BESS, Solar, Eólica, Hidrelétrica, Rede de Transmissão), permitindo
maior abrangência nos estudos de estabilidade transitória.
Capítulo 1. Introdução 28

Para tanto, o trabalho foi desenvolvido a partir de modelagem computacional


considerando simulações dinâmicas (domínio do tempo) empregando as bibliotecas do
Simscape Power Systems do software Matlab® & Simulink® [15]. Os componentes da rede
incluindo os geradores de corrente alternada, parque eólico, usina solar, transformadores e
demais foram representados por modelos detalhados trifásicos. Para a validação dos modelos
foram considerados casos variados como curto circuito, rejeição de carga e variação de potência
dos geradores. Por fim, foi desenvolvido um BESS composto por um conversor CC/CC, banco
de baterias e central de controle que foi acoplado ao link CC da usina solar a fim de contribuir
para a suavização de potência. O sistema é capaz de estabilizar a potência ativa entregue à rede,
sendo também útil para eventos de perda completa de geração.
Os resultados são analisados à luz dos procedimentos de rede do ONS, onde são
consideradas todas as vertentes dos estudos de estabilidade (Ângulo de carga do gerador
síncrono da hidrelétrica, frequência e tensão). Foi possível mostrar como o sistema de
transmissão com penetração de geração renovável se comporta tanto em regime permanente,
quando em situações de distúrbios. Em cada estudo de caso proposto verificou-se a resposta
dinâmica e avaliou-se a robustez e capacidade de estabilidade do sistema de testes empregado
mesmo diante de grandes perturbações. Foi também nítido perceber como o sistema de
armazenamento pode contribuir para mitigar impactos da geração renovável na rede de
transmissão.

1.4 Organização Textual

O presente documento foi divido em 7 capítulos, organizados da seguinte maneira:


• Capítulo 1 - é realizada a introdução ao tema, propiciando uma visão geral do
contexto onde está inserida a pesquisa, exposição da motivação e os objetivos.
• Capítulo 2 - apresenta a revisão da literatura onde são abordadas as diferentes
propostas empregadas pelos autores para tratar o problema da pesquisa.
• Capítulo 3 - traz a fundamentação teórica contemplando as energias renováveis
obtidas através das fontes eólica e solar onde são abordadas as características,
dispositivos empregados, topologias de integração, técnicas de modelagem e
estratégias de controle.
Capítulo 1. Introdução 29

• Capítulo 4 - contempla os aspectos técnicos bem como técnicas de modelagem


e estratégias de controle relacionadas ao sistema de armazenamento aplicado no
sistema elétrico de potência.
• Capítulo 5 - é apresentada a metodologia proposta para a modelagem do sistema
de testes empregado na pesquisa.
• Capítulo 6 - expõe os estudos de caso considerados para a realização dos testes
mediante os conceitos abordados nos capítulos anteriores e também os
resultados obtidos para cada cenário considerado.
• Capítulo 7 - finalmente são expostas as conclusões do trabalho desenvolvido até
o presente momento, e algumas perspectivas que abordam a continuidade do
estudo.
• APÊNDICE A – apresenta os parâmetros empregados na simulação do parque
eólico.
• APÊNDICE B – apresenta os parâmetros empregados na simulação na usina
solar.
• APÊNDICE C – apresenta os parâmetros empregados na simulação do sistema
de armazenamento de energia.
• APÊNDICE D – apresenta os parâmetros empregados na simulação do sistema
de transmissão de testes.
• APÊNDICE E – apresenta os procedimentos de rede do ONS empregados nos
estudos, bem como figuras e tabelas utilizados para as análises de resultados.
Capítulo 2
CAPÍTULO 2 - ESTADO DA ARTE
O estudo bibliográfico aqui apresentado permite analisar o comportamento da
literatura no desenvolvimento de estudos correlacionando os sistemas elétricos de
potência e a entrada das fontes renováveis e suas implicações. Em decorrência,
são conectados os conceitos de estabilidade transitória, procedimentos de rede e
aplicações de sistemas de armazenamento de energia.

2.1 Considerações Iniciais

Os sistemas de energia foram idealizados de forma centralizada, ou seja, imensas


unidades geradoras de alta capacidade, normalmente afastadas dos locais de consumo, capazes
de produzir energia em larga escala que então é transmitida e distribuída aos usuários finais.
Criou-se assim o paradigma da geração centralizada que trouxe ganhos de escala, redução do
custo da eletricidade, domínio sobre o manejo e operação do SEP, o que proporcionou eficiência
[2].
A tecnologia evoluiu em todas as áreas e isso possibilitou o desenvolvimento de novas
formas de operacionalizar a eletricidade. Na atualidade, o paradigma da geração centralizada
tem sido complementado à medida que cresce a aplicação de produção de energia conectada
em pontos diversos da rede no nível da transmissão e distribuição [16], [17]. Todavia,
considerando também as pressões em relação às questões ambientais e crescente apelo por
hábitos mais sustentáveis, o SEP abriu-se a fontes alternativas de energia.

30
Capítulo 2. Estado da Arte 31

Dentre as fontes alternativas mais empregadas na atualidade, a eólica e a solar têm


ganhado destaque, apresentando maior crescimento nos últimos anos, mantendo grande
projeção para os anos futuros [1]. Ocorre que, a característica intermitente e localização
dispersa das usinas de geração, associando-se o aumento do nível de penetração, incertezas e
novos desafios são encontrados para o planejamento e operação dos SEP para que seja garantida
a continuidade e confiabilidade do sistema, bem como sua estabilidade. Frente a essas questões,
o sistema de armazenamento de energia vem sendo empregado de forma associada às fontes
renováveis ou também diretamente integrado ao sistema elétrico para minimizar impactos
adversos e propiciar seu crescimento ordenado e modernização.
O emprego de energia eólica e solar conectadas à rede, remontam meados da década de
1990, com crescimento considerável a partir dos anos 2000 [2], [3]. Porém, já a partir da crise
do petróleo de 1970, que motivou o amplo interesse no desenvolvimento das tecnologias
alternativas de geração, eram maioritariamente utilizadas para aplicações desconectadas da rede
principal, visando atender comunidades isoladas. Quanto ao BESS, em 1978 já havia um
programa de pesquisa do governo dos Estados Unidos desenvolvendo aplicações de baterias
associadas a sistemas FV e de energia eólica. Conquanto, seu crescimento expressivo é mais
contemporâneo, a partir de 2010.
O objetivo deste capítulo é apresentar um estudo bibliográfico no campo das fontes
renováveis sobretudo eólica e solar, sistemas de armazenamento e SEP, considerando os aspetos
da estabilidade transitória por meio de estudos de transitórios eletromecânicos. É notória a
abundância de material neste eixo mostrando que os pesquisadores estiveram preocupados em
desenvolver estudos que possibilitassem a compreensão dos efeitos dessas fontes no SEP e atuar
na criação de soluções inéditas, cooperando para acautelar a infraestrutura enquanto avança o
acoplamento dessas fontes na rede.

2.2 Fontes de Geração Eólica e Solar e Suas Implicações no SEP

A natureza variável da geração de energia elétrica a partir de centrais renováveis


intermitentes, sua típica característica não centralizada, além dos impactos que trazem ao SEP
culminaram no aumento das preocupações sobre a estabilidade, controle e operação. Enfrentar
os desafios supracitados vem a ser o motivo primordial para o universo da pesquisa nesta área,
Capítulo 2. Estado da Arte 32

a fim de propor inovações e discutir oportunidades. Por isso diversos estudos têm abordado o
comportamento transitório do SEP e os problemas a serem enfrentados mediante sua integração.
O desenvolvimento de estudos relacionados às fontes renováveis vem sendo
amplamente explorados na literatura há décadas. Geradores eólicos, já eram empregados em
aplicações conectadas à rede elétrica em meados do século XX embora sua capacidade instalada
naquela época fosse inferior a 2 GW [18]. Em relação à geração FV, até 1997 a grande maioria
das aplicações eram para sistemas isolados (desconectados da rede) e ainda assim de baixa
proporção [3].
Muitos autores estiveram concentrados em questões relativas à modelagem dos recursos
energéticos em questão. De fato, para questões de estudos elétricos é essencial compreender o
comportamento dos elementos previamente, antes de estudos de campo. As referências [4],
[19], [20], [21], [22], [23], [24], [25] e [26], deixaram contribuições relativas as modelagens
do Gerador de Indução Duplamente Alimentado (DFIG, do acrônimo em inglês), o mais
explorado no mundo atualmente. Já em relação à geração solar, [3], [9], [22], [27], [28], [29],
[30], [31], [32], [33], [34], [35] e [36], abordam tanto o estudo da célula FV, quanto dos
módulos solares, bem como o sistema de conversão de energia solar conectados à rede,
conversores CC/CC, modelagem e controle de inversores e técnicas de Seguimento do Ponto
de Máxima Potência (MPPT, do acrônimo em inglês).
A intermitência da geração eólica e solar é um fator limitante para altos níveis de
penetração na rede. Essa característica culmina em flutuações da potência que podem impactar
negativamente a tensão e frequência da rede elétrica. Vários estudos exploraram essa questão
como mostram as referências [37], [38], [39], [40], [41], [42], [43], [44], [45], [46] e [47]. Em
altos níveis, a produção infrequente de potência exige que os operadores dediquem grande parte
de sua reserva de geração disponível para suportar essa variabilidade. Os estudos mostram que
a produção eólica e FV é flutuante e uma interrupção de geração total ou parcial ou em massa
de uma grande parte de unidades geradoras representa um problema desafiador.
Tal como relatado em [48], a alta penetração de renováveis nos sistemas de transmissão
pode afetar o estado de regime permanente e suas interações dinâmicas. É de suma importância
entender que, os impactos associados a grandes unidades geradoras renováveis são diferentes
no nível de transmissão, onde a rede é mais forte, e distribuição onde é mais fraca. Por exemplo,
mudanças repentinas na geração FV motivadas por passagens de nuvens ou sombreamentos são
um grande vilão no sistema de distribuição. Em contrapartida, em uma usina FV no nível de
transmissão o mesmo fenômeno é mais suave, embora também deva ser avaliado [48].
Capítulo 2. Estado da Arte 33

Questões técnicas relacionadas à integração das fontes em questão à rede elétrica são
frequentemente abordadas na literatura. Estudos relacionados a harmônicos podem ser
encontrados em trabalhos como [49], [50] e [51]. Neste sentido, frequentemente a Distorção
Harmônica Total (THD, do acrônimo em inglês) excedem os limites normatizados, sobretudo
quando se aumenta a penetração, levando à sobrecarga e aquecimento do transformador. Isso
se deve ao aumento de conversores eletrônicos de potência empregados para sua integração à
rede que trazem impactos diretos neste indicador.
Flutuações de frequência e de tensão é outro quesito de suma importância, uma vez que
os procedimentos de rede estabelecem critérios bastante rígidos quanto á manutenção dessas
grandezas na rede. Em [52], [53], [54], [39], [42], [44], [51], [55], [56], [57], [58] e [59] foram
relatados estudos correlacionando a tensão. É observado que, a presença de geração renovável
não é sempre fator que determina impactos adversos. Estudos mostram que, a depender das
características da rede, do ponto de acoplamento, do tamanho da usina, entre outros aspectos,
podem ocorrer melhorias no perfil de tensão. Por óbvio é notado que, ao serem aumentados os
níveis de penetração, grandes quedas de tensão podem ocorrer em alguns nós do sistema quando
houveram perdas de grandes quantidades de geração. Em relação a variações de frequência, os
trabalhos [39], [58], [59], [60] e [61] mostram que, como também acontece com a tensão,
variação de grandes aglomerados de potência podem impactar na estabilidade transitória da
frequência. Também se relata que, em caso de distúrbios, uma vez que a presença de fontes
renováveis altera os níveis de curto circuito do sistema, o comportamento do mesmo pode ser
alterado e, portanto, precisa ser estudado.
As perdas técnicas de um determinado sistema podem ser aumentadas ou diminuídas,
também como visto antes, a depender das características do sistema associado ao ponto de
acoplamento e ao percentual de penetração de renováveis. Em [54], por exemplo, os resultados
mostraram que a penetração de geração FV melhorou a condição do alimentador, reduzindo as
perdas. Com mais detalhes, no trabalho proposto por Mendéz et al. [62], foi mostrado que as
perdas começam a diminuir com baixos níveis de penetração enquanto, após um determinado
valor, começam a aumentar se houverem níveis mais altos de penetração. Portanto, a inserção
de renováveis ao longo do alimentador também afeta as variações de perdas de energia. Quanto
mais dispersas as unidades de geração, maior o impacto sobre as perdas. As turbinas eólicas
têm um impacto menos positivo nas perdas do que outras tecnologias, como por exemplo,
unidades fotovoltaicas [62].
Capítulo 2. Estado da Arte 34

2.3 Estabilidade Transitória do Sistema Elétrico com Fontes Renováveis

Quando na normalidade, o propósito da operação do SEP é atender à demanda de


potência dos consumidores obedecendo limites predeterminados de tensão e frequência o que
evolve, entre muitos outros fatores, a uma condição de balanço entre a geração e carga. Nessa
situação, o sistema possui estabilidade. Uma definição de estabilidade do SEP é: a capacidade
do mesmo de, tanto permanecer em equilíbrio em condições normais de operação (Regime
permanente), quanto também de retornar um ponto aceitável após ser submetido à situações
inesperadas advindas de algum tipo de perturbação [14], [63], [64], [65], [66], [67], [68], [69].
Um sistema é robusto e estável quando opera dentro dos limites de tensão e frequência
normatizados e quando os geradores síncronos contidos neste sistema se mantêm em
sincronismo com a rede elétrica mesmo após a ocorrência de um distúrbio [14], [66]. Diante
disso, convencionalmente classifica-se a estabilidade em 3 grandes áreas: estabilidade angular,
estabilidade da frequência e estabilidade da tensão. A Figura 1.1 apresentada no Capítulo 1,
ilustra as subdivisões dos estudos de estabilidade.
Notoriamente, a expansão em massa de fontes renováveis já começa comprometer a
estabilidade das redes elétricas em alguns pontos do sistema em muitos lugares do mundo.
Também neste sentido tem sido vastos os estudos que relacionam os impactos das fontes
alternativas. A maioria destes é normalmente baseada em simulações computacionais
promovidas por softwares específicos de análise de transitórios eletromecânicos. Essas análises
viabilizam estudos de estabilidade que são, em geral, o primeiro requisito para uma possível
integração com a rede. Os resultados dão embasamento sobre os possíveis impactos da
integração de altos índices de participação das renováveis no sistema, bem como sobre ações
obrigatórias para reduzir esses impactos.
Os transitórios eletromecânicos são fenômenos considerados lentos (na faixa segundos
a minutos), envolvendo a interação entre a energia mecânica contida nas máquinas rotativas do
sistema elétrico e fluxo de energia gerada e consumida. Esse tipo de simulação se beneficia pela
tipologia dos modelos empregados que são capazes de capturar os fenômenos de maior
ocorrência no SEP, baseando-se na suposição de sistemas trifásicos equilibrados.
Conforme mostrado em [70], a diminuição da estabilidade transitória causada pelo
aumento da penetração de renováveis é relatada como um ponto importante que merece ser
analisado. A partir dos resultados do estudo, observar-se que a estabilidade transitória
inicialmente é melhorada com o aumento da penetração de renováveis porém, se a expansão da
Capítulo 2. Estado da Arte 35

penetração é mantida, estabilidade transitória é degradada incessantemente como mostram as


referências [71], [72]. Em [73] é mostrado que geralmente quando a inércia específica da fonte
de energia renovável é reduzida, sua saída é substituída pela dos geradores síncronos
convencionais, o que implica em melhoria da resposta transitória da estabilidade. De outra
forma, sendo aumentada a proporção renovável, o estudo mostra que o gerador síncrono
precisou ter sua operação interrompida e assim, a estabilidade transitória foi depreciada
motivada pela diminuição da inércia do sistema.
À capacidade das máquinas síncronas, conectadas no sistema elétrico, de permanecerem
em sincronismo tanto em regime permanente quanto após serem submetidas a eventos nocivos
denomina-se estabilidade angular [63]. Essa característica está relacionada com a habilidade de
manter ou restaurar o equilíbrio entre o torque mecânico e eletromagnético de cada gerador
síncrono do sistema. Um fenômeno de instabilidade angular, pode ocorrer em cascata, a partir
de oscilações angulares crescentes de alguns geradores se espalhando para à perda de
sincronismo com outros geradores [14].
Em regime permanente espera-se o equilíbrio entre o torque mecânico e o torque
eletromagnético de saída dos geradores onde, mantida esta premissa, a velocidade é constante
[63]. Quanto em situações de perturbação do sistema, o equilíbrio é desfeito ocasionando
oscilações de velocidade dos rotores dos geradores. Considerando que os sistemas possuem um
conjunto de geradores, se um deles operar, mesmo que transitoriamente, mais rápido que outro
a posição angular será diferente entre eles [14]. Essa diferença transfere parte da carga da
máquina lenta para a máquina rápida e isso reduz a diferença de velocidade e, em consequência,
a separação angular. Quanto o sistema é considerado robusto e estável, oscilações são
absorvíveis pelo mesmo. Nesse sentido, uma instabilidade angular ocorre quando o sistema não
pode absorver a energia cinética correspondente às diferenças de velocidade do rotor.
A avaliação de impactos da geração renovável na estabilidade angular já foi abordada
na literatura. Em [74] foi verificada a influência dos geradores eólicos de velocidade variável
na estabilidade transitória. Foi constatado que o DFIG melhorou a estabilidade dos geradores
convencionais da rede após a ocorrência de contingência. Por outro lado, constatou-se piora no
desempenho do gerador de indução gaiola de esquilo. O estudo relatou que a situação pode ser
agravada em regiões com aumento da aplicação desse tipo de gerador distante de geradores
síncronos.
Esses impactos também foram analisados em [75] em relação a uma rede de energia
com alta geração de energia FV. Os resultados mostraram que, somente pela integração da
geração solar, a estabilidade de pequenos sinais melhorou em muitos aspectos. No entanto, a
Capítulo 2. Estado da Arte 36

estabilidade transitória piorou quando foi considerado aumento da penetração de FV, sobretudo
em decorrência de falhas em pontos críticos do sistema. Houve melhoria na estabilidade quando
o distúrbio ocorreu em pontos menos vulneráveis do sistema. Foi concluído que existem
influência da geração FV na estabilidade transitória, motivada pela relação entre a proximidade
da perturbação com a unidade de geração.
A estabilidade da tensão é de suma importância em qualquer sistema de energia. Refere-
se à capacidade do mesmo de manter as tensões de regime permanente, em todos os barramentos
do, mesmo após a ocorrência de uma perturbação [63]. Dentre outros fatores, o principal fator
de instabilidade é o desequilíbrio da potência reativa do sistema, estando relacionado às
interações entre demanda e oferta [14]. A ocorrência de um colapso da tensão é um problema
dinâmico que muitas vezes é agravado quando existe relação com o ângulo do rotor [66], [68],
[69]. Há relatos de que níveis graves de instabilidade da tensão ou nível bem abaixo da nominal
podem ocasionar apagões em grande parte do sistema [14], [63], [66]. Dentre muitos fatores,
um colapso do sistema motivado por instabilidade de tensão pode estar relacionado a:
sobrecarga das linhas de transmissão, problemas de coordenação entre sistemas de controle e
proteção, grandes penetrações de fontes renováveis, entre muitos outros [14].
Como pode ser observado, realizar análises prévias podem contribuir para o melhor
entendimento do comportamento do sistema em relação à estabilidade da tensão. Estudos neste
eixo buscam preencher esta lacuna. O estudo apresentado por [52] objetivou compreender os
efeitos que impactam na queda de tensão quando há conexão direta de geradores de indução
que operam à margem da velocidade síncrona de sistemas com baixa contribuição de energia
hidrelétrica. Trabalhos como [55] e [41] mostram que níveis altos de penetração podem
impactar neste quesito. A estabilidade da tensão pode ser um problema localizado ou um
problema mais amplo ao nível das proximidades do ponto de conexão, independentemente do
nível de penetração [61].
O monitoramento do comportamento da frequência igualmente é de suma importância
no sistema elétrico. A estabilidade da frequência é classificada como a habilidade do SEP em
manter a frequência estável sobretudo após uma grande perturbação e em casos de desequilíbrio
considerável entre geração e carga [63]. Em condições normais, a frequência varia
constantemente, porém dentro de uma faixa limitada permitida. A frequência dos geradores
bem como de todas as barras devem permanecer no seu valor nominal onde, na ocorrência de
distúrbio e havendo variações para além dos limites permitidos, é ideal que se estabilize no seu
valor nominal ou próximo dele [64]. A estabilidade da frequência é dependente da capacidade
do sistema em restaurar o balanço entre geração e carga o mais brevemente possível.
Capítulo 2. Estado da Arte 37

Geralmente em sistemas de energia, há níveis de controle de frequência que é planejado para


melhorar sua estabilidade como segue [76], [77]:
• Controle primário: realizado pelo governador da turbina usando sua reserva
primária para reduzir um pequeno desvio da frequência do sistema em pequenas
faixas de tempo.
• Controle secundário: emprega o controle automático do gerador que substitui o
controle primário após uma faixa maior de tempo (normalmente minutos)
usando a reserva secundária preestabelecida para recuperar a frequência à
normalidade.
• Controle terciário: usa a reserva terciária para complementar o controle
secundário por meio de instruções dos operadores do sistema operando na faixa
de minutos, acima da faixa de minutos do controle secundário.
Como visto anteriormente, geradores eólicos e FV são maioritariamente interligados à
rede por conversores eletrônicos e não contribuem de forma intrínseca para a inércia do sistema
[8]. No entanto, controladores podem ser incorporados para fornecer inércia sintética e atuar
contribuindo na regulação de frequência do sistema. Há grande esperança para que esses
geradores passem a contribuir de forma instantânea pois durante súbitos desequilíbrios entre
oferta e demanda a frequência cai muito antes da ação das reservas primárias, resultando em
disparos de geradores ou blecaute no sistema de energia [76]. As revisões apontadas em [76],
[77] e [78] dão um bom panorama destas possibilidades.
Problemas de estabilidade da frequência são associados a falhas nas respostas dos
equipamentos contidos no sistema, falta de coordenação e controle e reserva de geração
insuficiente. Exemplos de tais problemas são relatados nas referências [79], [80], [81]. No
mesmo intuito, o estudo [61] relata o planejamento da inércia virtual da geração eólica quanto
para o aprimoramento da estabilidade do SEP. Neste estudo, foi analisada a estabilidade do
DFIG e uma nova estratégia de planejamento de inércia virtual foi proposta. Os resultados
mostraram que, com a nova estratégia, a margem de estabilidade geral do sistema foi
melhorada. Em [82] foi examinado o comportamento da frequência de usinas renováveis após
uma perturbação que comprometeu a estabilidade de frequência, investigando como essas
usinas responder a eventos prejudiciais no sistema de energia e quais maneiras de operação
podem melhorar a estabilidade da frequência.
Capítulo 2. Estado da Arte 38

2.4 Requisitos de Rede para Conexão de Fontes Renováveis

Algumas previsões apontam que a geração renovável do futuro poderá ser equivalente
à geração tradicional promovida pelos grandes geradores onde muitos trabalhos abordam,
inclusive, a expansão rumo a 100 % de energias renováveis [83]. Por isso, muitos países já
estabelecem que, para conexão de geradores renováveis no sistema, os mesmos precisam operar
dentro de determinadas faixas, ainda que críticas, em relação à tensão e frequência e até mesmo,
a depender da potência nominal, contribuírem na regulação dessas grandezas em caso de
perturbações.
Visando ampliar a fração de energia renovável, principalmente de fontes intermitentes,
como solar e eólica, é imprescindível que a regulamentação seja bem elaborada, acompanhando
a evolução da tecnologia, promovendo a modernização do gerenciamento e operação da rede
[84]. Os requisitos de conexão para fontes estocásticas têm evoluído constantemente,
impulsionando a absorção de tecnologias avançadas disponíveis no mercado. Avaliar o
aprendizado de países já amadurecidos nestas práticas pode ajudar na elaboração de
procedimentos de rede coesos, de grandes funcionalidades e eficiência. Por óbvio os preceitos
adotados não são globais, ou seja, apropriados simultaneamente para todos os países. As
regulamentações precisam apurar as condições regionais, visando atender à peculiaridade do
sistema de energia local. Assim, questões como o fluxo entre geração e demanda, tamanho do
sistema, interconexões, a composição da matriz de energia, entre outros devem ser
considerados.
Muitos relatórios, artigos e trabalhos de revisão da literatura apontam práticas adotadas
em países por todo mundo, sobretudo onde já se alcançou níveis de desenvolvimento apreciável
como Alemanha e Estados Unidos [10], [11], [48], [84], [85], [86], [87]. Basicamente, as
premissas técnicas estabelecem requisitos relacionados à estabilidade de tensão, estabilidade de
frequência, suportabilidade a subtensões e sobretensões transitórias (Low Voltage Ride
Through, LVRT), qualidade de energia, regulação da injeção de potência ativa e reativa.
No Brasil, os requisitos técnicos mínimos para acessos de unidades geradoras ao sistema
de transmissão são regida pela norma vigente encontrada no Módulo 3, Submódulo 3.6,
“Requisitos técnicos mínimos para a conexão às instalações de transmissão” dos
Procedimentos de Rede do ONS [12]. Neste documento são estabelecidas as normas para a
conexão às instalações sob responsabilidade de empresas de transmissão e os que se aplicam
Capítulo 2. Estado da Arte 39

aos casos de conexão de centrais de geração às instalações de concessão da distribuidora para


níveis de tensão superiores a 69 kV.

2.5 O Sistema de Armazenamento Frente à Expansão da Penetração de


Renováveis

O ESS vem sendo cada vez mais usados para ajudar a integrar a energia solar e eólica
na rede. É ampla a gama de serviços que tais sistemas são capazes fornecer pois possuem a
capacidade de absorver e fornecer energia ativa e reativa com tempos de resposta na ordem de
milissegundos. Com todas essas vantagens o ESS pode contribuir para mitigar problemas com
a variação da potência, frequência e tensão. Ainda mais além, salvo as aplicações técnicas
focadas na estabilidade do sistema, o ESS também pode ser integrado aos grandes mercados de
energia para, por exemplo, deslocar a energia produzida e subutilizada para um momento mais
apropriado, como de pico de demanda e ainda para promover a redução do desvio entre previsão
e oferta [13]. A gama de serviços ancilares é diversa, o que tem atraído a atenção dos
distribuidores, transmissores e empreendedores do setor por benefícios relacionados à
adequação regulamentar, ou seja, suporte extra para que sejam cumpridas as rigorosas normas
dos reguladores [88].
Já foram investigados variados tipos de tecnologias de armazenamento de energia, desde
os já consolidados e em fase de comercialização até alguns ainda em estágio inicial de pesquisa
e desenvolvimento: abundantes tecnologias de baterias eletroquímicas, sistemas de
armazenamento hidráulico, votantes de inércia, ar comprimido, super capacitores, energia super
magnética, energia térmica, entre outros [13], [89].
Um dos problemas que o ESS é capaz de resolver é a variação da potência gerada por
fontes intermitentes, sendo empregado para esta finalidade em muitos lugares do mundo,
inclusive no Brasil. Em [90] foi proposto um estudo comparativo de 2 estratégias de controle
de uso de ESS aplicados na geração eólica. Foram comparadas 2 abordagens de conexão do
armazenamento já utilizadas na ocasião: a estrutura agregada, que é conectada em um ponto
comum e então serve para todo o parque eólico e a estrutura distribuída, onde cada gerador
possui a sua unidade independente. O estudo [91] investigou o emprego de um parque eólico
integrado a um ESS por meio de energia magnética supercondutora. O sistema proposto
permitiu que a potência de saída do parque eólico fosse estabilizada sem as interferências das
Capítulo 2. Estado da Arte 40

variações do vento e respeitando a demanda de potência requerida pela carga. Foi possível
também compensar a inércia das pás, de modo que a velocidade da turbina eólica pudesse ser
controlada de forma mais ágil a partir de cada velocidade do vento. Em [43] foi proposto um
ESS com baterias de íons de lítio com a finalidade de suavizar as flutuações da geração solar e
eólica. A estratégia de controle considera o estado de carga para manter os níveis de operação
das baterias dentro de suas restrições físicas. A integração do ESS foi realizada diretamente no
ponto de conexão com a concessionária através de um inversor. Estratégia similar foi também
vista em [92] e [93]. Em caso de upgrade de uma usina, a conexão do ESS diretamente do ponto
de acoplamento (via inversor) é vantajosa por não ser necessário reprojetar e/ou substituir os
inversores e transformadores já existentes nas unidades geradoras. Além do mais, a manutenção
do sistema como um todo torna-se mais conveniente havendo ganhos na flexibilidade e
segurança do sistema. Em contrapartida, os inversores precisam ser projetados para níveis mais
altos de potência, tornando-os mais dispendiosos. Há de se considerar também os custos com
novos filtros e transformadores.
Em relação à regulação de frequência, diversas técnicas são apresentadas na literatura,
para possibilitar alguma contribuição a partir da geração eólica e solar. Ocorre que muitas delas
apresentaram problemas relacionados a confiabilidade como é o caso dos controles relatados
na literatura para geradores eólicos: controle do ângulo de pitch, controle de rampa de descarga
e a inércia virtual [76], [77]. Nesse sentido, o ESS são alternativas mais eficazes e muitas vezes
imprescindíveis para amparar turbinas eólicas de velocidade variável ou geração FV
promovendo aumento na confiabilidade da regulação de frequência.
É imenso o universo de amostras de material bibliográfico quanto a regulação de
frequência associando renováveis e ESS [6], [7], [76], [77], [78], [94], [95], [89], [96], [97] e
[98]. Em geral, são consideradas atuações desde contribuição para controle inercial até controle
de regulação primária e secundária. Existem limitações diversas em detrimento do
dimensionamento do ESS para esta finalidade pois, por se tratar de uma tecnologia de alto custo,
a depender da aplicação, se o ESS precisa atuar para compensar grande blocos de potência.
Assim, o sistema pode ficar demasiadamente custoso, o que o torna inviável em comparação a
outras alternativas já consolidadas no mercado. Para superar desafios relacionados ao custo de
projeto, muitas vezes o ESS pode ser empregado para reconduzir a frequência à normalidade
apenas para uma pequena faixa de variação.
Como foi visto, um desafio técnico primordial para os operadores da rede elétrica é
manter os níveis de tensão necessários juntamente com a estabilidade requerida pelos órgãos
reguladores. É bastante usual que o operador use comutadores de carga quando é necessário
Capítulo 2. Estado da Arte 41

regular as tensões. Porém, estes são dispositivos mecânicos com tempo de resposta lento que
por vezes não resolve o problema se a flutuação da tensão for muito rápida. É comum que os
inversores possuam também a capacidade de operar com fator de potência abaixo do unitário,
o que pode favorecer o perfil de tensão da rede, mas em contrapartida não é nada interessante
para o empreendedor.
O ESS também pode contribuir na regulação da tensão estando associado às energias
renováveis atuando absorvendo ou injetando energia reativa do sistema. Em [56] foi proposta
uma estratégia de ESS visando garantir os requisitos de tensão em uma rede com alta penetração
de FV. Os resultados mostraram que a implantação do armazenamento beneficia uma possível
obrigatoriedade da redução de geração (em caso de locais onde a regulação assim o determina),
permitindo uma maior penetração de FV sendo alcançada a regulação da tensão. A integração
entre ESS e sistema FV também foi abordada em [99]. O método contribui para o problema do
aumento de tensão ocasionado pelo fluxo de energia reverso e pode ser usado para diminuir os
efeitos de eventuais variações bruscas na saída fotovoltaica. Em geral os métodos empregados,
mostram sucesso no cumprimento do objetivo com também pode ser visto em [100], [101] e
[102].
Capítulo 3
CAPÍTULO 3 - TECNOLOGIAS DE GERAÇÃO EÓLICA
E SOLAR

Neste capítulo são descritas as tecnologias eólicas e solar onde são apresentados
suas características, dispositivos empregados, topologias de integração, técnicas
de modelagem e estratégias de controle. O cenário atual de cada tecnologia em
relação à aplicação e expansão tanto Brasil e no mundo além de tendências e
projeções futuras são analisados.

3.1 Energia Eólica

Por energia eólica compreende-se a energia cinética contida nas massas de ar em


movimento, o vento. Os ventos originam-se do aquecimento irregular da superfície terrestre e
do movimento de rotação da Terra. Para seu aproveitamento na geração de eletricidade a
energia cinética de translação é convertida em energia cinética de rotação, através do emprego
de turbinas eólicas (ou aerogeradores) [103].
Tem havido aumento expressivo do nível de penetração de eólica nos SEP em todo
mundo, em decorrência de incentivos governamentais, desenvolvimento acelerado da
tecnologia das turbinas, fortes apelos ambientais e diminuição dos custos de implantação. A
partir de dados obtidos da Word Wind Energy Association (WWEA), observa-se que a
capacidade instalada em todo mundo ultrapassou 650 GW em 2019 [18]. A Figura 3.1 ilustra a
posição dos 10 maiores agentes deste mercado.

42
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 43

Figura 3.1: Capacidade instalada de energia eólica no mundo 2019.

Fonte: [18]

Ainda segundo a WWEA, 2019 apresentou taxa de crescimento de 10,1 %, após a marca
de 9,3 % em 2018. A China, o maior mercado de energia eólica da atualidade instalou, somente
em 2019, um adicional de mais de 20 GW passando a ter capacidade superior a 230 GW. Em
segundo lugar, os EUA adicionaram 9,07 GW neste mesmo período. O cenário de crescimento
se replica no futuro de forma que a tendência é que as fontes renováveis passem a alcançar
níveis cada vez mais altos de penetração, tanto na rede de transmissão quanto de distribuição,
passando a representar parte significativa da matriz energética.
No Brasil, a previsão é que a capacidade instalada salte do patamar de 15,45 GW,
correspondente a 8,95 % da capacidade de geração de eletricidade do país, para 26 GW onde
passará a corresponder por 12,33 % da capacidade em 2027 [104], [105]. Embora apareça em
oitavo lugar no gráfico apresentado na Figura 3.1 ainda há muito a ser explorado uma vez que
os níveis de vento são favoráveis na maioria das regiões, além de haver vasta área territorial,
dois requisitos imprescindíveis no crescimento deste tipo de geração.

3.1.1 Modelagem do Sistema de Conversão de Energia Eólica

É conhecido que o comportamento natural do vento é sazonal. Desta forma, a geração


está sempre sujeita aos fatores climáticos, onde as variações na velocidade do vento, por
exemplo, trazem consequências na produtividade de energia, implicando muitas vezes em
drásticas quedas de potência. Considerando essa característica, é preciso empregar geradores
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 44

capazes de extrair energia da melhor forma, operando da maneira mais eficiente possível
independentemente da velocidade do vento.
Com relação às tecnologias empregadas na geração eólica, o DFIG é certamente uma
das mais difundidas na atualidade. Considerando a natureza estocástica desta fonte, o controle
contido nesses aerogeradores procura operar o gerador em um ponto que permita a máxima
extração de potência para cada velocidade do vento através de técnicas de MPPT [19].
Uma vez que opera em velocidade variável, o DFIG pode obter mais energia na mesma
velocidade de vento em comparação com geradores de velocidade fixa. Outro aspecto
importante a ser notado é que o conversor de potência processa apenas cerca de 20 a 35 % da
potência nominal do gerador, o que traz vantagens do ponto de vista econômico [20], [4].
Ademais, um conversor de energia que processa uma parte da potência resulta em menos perdas
de comutação das chaves quando comparado a um conversor com capacidade total, resultando
em maior eficiência [21]. Assim, trabalhar com este tipo de gerador é uma opção eficiente,
confiável e econômica quando comparado às outras opções do mercado.
O DFIG consiste em um gerador de indução de rotor bobinado que é interligado à
turbina eólica por meio de uma caixa de engrenagens [22]. Nesta tecnologia os enrolamentos
do estator estão conectados diretamente à rede trifásica e os enrolamentos do rotor ao conversor
back-to-back. Este é composto pelo Conversor do lado do Rotor (RSC, do acrônimo em inglês)
que tem por função controlar o fluxo de potência ativa e reativa do sistema e pelo Conversor
do lado da rede (GSC, do acrônimo em inglês) o qual contribui para manter a tensão constante
no link CC. Entre os conversores encontra-se um capacitor que é frequentemente carregado e
descarregado, estabilizando a tensão. A Figura 3.2 ilustra o sistema de conversão de energia
eólica por meio do DFIG.

Figura 3.2: Diagrama do DFIG.

Fonte: Autor.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 45

Na geração eólica por meio do DFIG existe alto grau de tecnologia e controle aplicados,
onde o principal objetivo dos sistemas empregados é maximizar a produção de energia além de
proteger os componentes das turbinas [23]. Nesta topologia, o controle do sistema atua de forma
independente da rede.
A seguir será descrito todo o procedimento metodológico acerca da modelagem deste
aerogerador.

3.1.1.1 Modelo da Turbina

A função da turbina eólica é capturar a energia cinética contida na massa de ar através


de suas pás e convertê-las em energia mecânica. É possível calcular a potência mecânica
capturada pelas pás através da equação (3.1) [22].
1
𝑃𝑚𝑐 = 𝜌𝐴𝑉𝑣3 𝐶𝑝 (𝜆, 𝛽) (3.1)
2
Onde:
Pmc : Potência mecânica [W];
ρ: Densidade do ar [Kg/m3];
A: Área varrida pelas pás [m2];
Vv : Velocidade do vento [m/s];
Cp : Coeficiente de potência da turbina (dependente de λ [relação de velocidade de ponta
de pá) e β (ângulo de passo das pás da turbina).

O valor de Cp corresponde a um intervalo de operação sendo um número entre 0 e 0,59


denominado limite de Betz [22].
Com auxílio das equações (3.2) e (3.3) obtém-se o valor coeficiente de potência da
turbina [19].
𝐶2 𝐶
−( 5 )
𝐶𝑝 (𝜆, 𝛽) = 𝐶1 ( − 𝐶3 𝛽 − 𝐶4 ) 𝑒 𝜆𝑖 + 𝐶6 𝜆𝑖 (3.2)
𝜆𝑖
Sendo que:
1 1 0,035
= − 3 (3.3)
𝜆𝑖 𝜆 + 0,08𝛽 𝛽 + 1
A Tabela 3.1contém os valores dos coeficientes C1 , C2 , C3 , C4 , C5 , C6 , para cálculo de
Cp (λ, β) empregados no modelo da turbina [33].
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 46

Tabela 3.1: Valores do coeficiente de potência


C1 C2 C3 C4 C5 C6
0,6450 116 0,4 5 21 0,00912
Fonte: [33].

A relação entre a velocidade de ponta de pá e a velocidade do vento, é dado pela equação


(3.4) conforme segue:
𝑅𝜔𝑟
𝜆= (3.4)
𝑉𝑣
Onde:
ωr : Velocidade angular elétrica do rotor [rad/s];
R: Raio da turbina [m].

Assim, torna-se possível obter as curvas de relação de ponta de pá λ e do coeficiente de


potência Cp para diferentes valores de ângulo de passo β conforme exemplificado na Figura 3.3
[23].

Figura 3.3: Curvas de relação de ponta de pá e coeficiente de potência.

Fonte: Autor.

Para que a turbina extraia a máxima potência do vento, o ângulo de passo β deve ser 0º.
Neste exemplo, é possível notar que para β = 0, o valor de Cp e λ que permitem a operação no
ponto máximo são 0,5 e 10, respectivamente.

3.1.1.2 Modelo Matemático do DFIG

O gerador é uma peça importante nos sistemas de geração de energia elétrica, sendo o
encarregado de converter a energia mecânica em energia elétrica. No caso da geração eólica
por meio do DFIG, o gerador é responsável por converter a energia mecânica que é transmitida
pelo eixo da turbina em energia elétrica [22]. Retornando à Figura 3.2, observa-se que o estator
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 47

do gerador é ligado diretamente à rede e o rotor é conectado por meio do conversor Back-to-
Back.
Para a obtenção do modelo da máquina em p.u. foi utilizado o marco de referência dq,
a partir do circuito equivalente apresentado na Figura 3.4 [22].

Figura 3.4: Modelo do gerador em coordenadas síncronas (dq).


(a) Marco de Referência d

(a) Marco de Referência q

Fonte: Adaptado de [22].

Com o emprego do referencial de coordenadas dq, são obtidas as equações que


representam a tensão, o fluxo concatenado e o movimento [4]:
𝑉𝑑𝑠 = 𝑅𝑠 𝑖𝑑𝑠 + 𝜂𝜓𝑑𝑠 − 𝜔𝜓𝑞𝑠 (3.5)
𝑉𝑞𝑠 = 𝑅𝑠 𝑖𝑞𝑠 + 𝜂𝜓𝑞𝑠 − 𝜔𝜓𝑑𝑠 (3.6)
𝑉𝑑𝑟 = 𝑅𝑟 𝑖𝑑𝑟 + 𝜂𝜓𝑑𝑟 − (𝜔 − 𝜔𝑟 )𝜓𝑞𝑟 (3.7)
𝑉𝑞𝑟 = 𝑅𝑟 𝑖𝑞𝑟 + 𝜂𝜓𝑞𝑟 − (𝜔 − 𝜔𝑟 )𝜓𝑑𝑟 (3.8)
Onde:
Vds , Vds : Tensões do estator no marco de referência dq [V];
Vdr , Vqr : Tensões do rotor no marco de referência dq [V];
ids , iqs : Correntes do estator no marco de referência dq [A];
idr , idr : Correntes do rotor no marco de referência dq [A];
η: Operador derivativo [d/dt].
R s , R r : Resistência do estator e do rotor [Ω];
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 48

ω: Velocidade angular do estator (rad/s).


ψds , ψdr : Fluxo concatenado do estator e do rotor [Wb].

As ligações de fluxos podem ser calculadas por [24]:


𝜓𝑑𝑠 = 𝐿𝑠 𝑖𝑑𝑠 + 𝐿𝑚 𝑖𝑑𝑟 (3.9)
𝜓𝑞𝑠 = 𝐿𝑠 𝑖𝑞𝑠 + 𝐿𝑚 𝑖𝑞𝑟 (3.10)
𝜓𝑑𝑟 = 𝐿𝑟 𝑖𝑑𝑟 + 𝐿𝑚 𝑖𝑑𝑠 (3.11)
𝜓𝑞𝑟 = 𝐿𝑟 𝑖𝑞𝑟 + 𝐿𝑚 𝑖𝑞𝑠 (3.12)
Onde:
Lm : Indutância de magnetização;
Ls : Indutância própria do estator;
Lr : Indutância própria do rotor.

Por fim, o torque eletromagnético gerado pelo DFIG é dado por [24]:
3𝑃
𝑇𝑒 = (𝑖 𝜓 − 𝑖𝑑𝑠 𝜓𝑞𝑠 ) (3.13)
2 𝑞𝑠 𝑑𝑠
Onde:
P: Número de par de polos.

3.1.1.3 Seguimento do Ponto de Máxima Potência (MPPT)

O objetivo do controle MPPT é maximizar a extração de potência da turbina. Assim é


possível que para cada velocidade do vento, exista um ponto ótimo de operação que
corresponda à melhor potência aumentando a eficiência na produção de energia [25]. A Figura
3.5 apresenta este comportamento para a turbina empregada neste estudo [23], onde a linha
pontilhada mostra os pontos onde a potência de saída é máxima para cada velocidade do vento.

Figura 3.5: Curvas de potência para diferentes velocidades de vento.

Fonte: Autor.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 49

Neste controle, a velocidade do eixo do rotor é utilizada como sinal de referência.


Considerando que a turbina está acoplada ao eixo do gerador através da caixa de engrenagens,
existe uma relação de transmissão (Gd ) que é selecionada para manter a velocidade do eixo do
gerador em faixas de velocidades compatíveis com a frequência elétrica. Esta relação pode ser
calculada por [26]:
𝜔𝑟
𝐺𝑑 = (3.14)
𝜔𝑡
Onde:
ωt : Velocidade da turbina [rad/s].

A potência extraída do vento é maximizada quando Cp também é máximo. Este valor é


ideal para um valor específico velocidade de ponta de pá λ. Desta forma, para cada velocidade
do vento, existe uma ótima velocidade do rotor onde a potência extraída do vento é máxima.
Para a eficiência do MPPT, o DFIG precisa operar em um torque ótimo que pode ser obtido
através da equação [26]:
𝑇𝑜𝑡 = 𝐾𝑜𝑡 𝜔𝑟2 (3.15)

Desta relação, K ot é calculado da seguinte forma:


1 𝐶𝑝𝑚𝑎𝑥
𝐾𝑜𝑡 = 3
𝜌𝜋𝑅 5 3 (3.16)
2𝐺 𝜆𝑜𝑡
Onde:
λot : Velocidade específica que maximiza a potência capturada [m/s].

3.1.1.4 Controle do Ângulo de Passo

O controle do ângulo de passo (Pitch) β é importante para ajustar o ângulo das pás
durante as alterações constantes nas velocidades do vento. O controlador de ângulo de passo
ajusta o ângulo β reduzindo Cp , limitando a potência extraída do vento quando necessário. Este
também ajusta o ângulo de inclinação para o ideal quando a velocidade do gerador é menor que
a nominal fazendo com o que a turbina opere com maior eficiência [24].
O ângulo de inclinação é ajustado em 0∘ até que a velocidade atinja o ponto de
velocidade nominal. Além deste ponto, o ângulo de inclinação é proporcional ao desvio de
velocidade [23]. O sistema de controle é ilustrado na Figura 3.6.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 50

Figura 3.6: Controle de ângulo de inclinação β.

Fonte: Adaptado de [33].

3.1.1.5 Controle do Conversor do Lado da Rede (GSC)

Conforme explicado anteriormente, o GSC tem a função de manter a tensão no link CC


do conversor back-to-back constante e, além disso, tem a capacidade de gerar ou absorver
energia reativa [4]. O fluxo de energia que passa pelo rotor também flui através do link CC e,
finalmente, é transmitido pelo conversor para a rede.
Dentre os diversos modos encontrados na literatura para controlar o GSC, a estratégia
empregada neste estudo utiliza o Controle Vetorial Orientado pela Tensão (VOC, do acrônimo
em inglês). A Figura 3.7 ilustra a técnica de controle empregado [26].

Figura 3.7: Diagrama de blocos do controle do GSC.

Fonte: Adaptado de [22].

O eixo d, do marco de referência síncrono está alinhado com o vetor de tensão da rede
(Vds = Vg ) resultando em Vqs = 0. A potência ativa (Pg ) e reativa (Qg ) que é processada pelo
GSC é determinada pelas seguintes equações:
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 51

3
𝑃𝑔 = (𝑉𝑑𝑠 𝑖𝑑𝑠 + 𝑉𝑞𝑠 𝑖𝑞𝑠 ) = 1,5𝑉𝑑𝑠 𝑖𝑑𝑠 = 𝑉𝑐𝑐 𝑖𝑐𝑐 (3.17)
2
3 (3.18)
𝑄𝑔 = (𝑉𝑞𝑠 𝑖𝑑𝑠 − 𝑉𝑑𝑠 𝑖𝑞𝑠 ) = −1,5𝑉𝑑𝑠 𝑖𝑞𝑠
2
Onde:
Vcc : Tensão no link CC do conversor back-to-back;
icc : Corrente no link CC do conversor back-to-back.

A potência reativa pode ser ajustada de acordo com a aplicação, para operar basicamente
em três situações distintas:
Qg > 0: Fator de potência atrasado;
Qg < 0: Fator de potência antecipado;
Qg = 0: Fator de potência unitário.

3.1.1.6 Controle do Conversor do Lado do Rotor (RSC)

A função do RSC é controlar o fluxo de potência ativa e reativa onde, também é


implementado o MPPT, tornando possível operar a turbina no ponto de máxima potência [22].
A estratégia empregada neste conversor é o Controle por Orientação da Tensão do
Estator (SVOC, do acrônimo em inglês). Este método consiste em ajustar a componente d do
marco de referência síncrono com o vetor de tensão do estator Vs ao contrário do que é
comumente empregado em controladores orientados a campo onde utiliza-se o vetor de fluxo
do estator ou do rotor [25]. A Figura 3.8 ilustra o diagrama de blocos deste controle.

Figura 3.8: Diagrama de blocos do controle do RSC.

Fonte: Adaptado de [22].


Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 52

3.1.1.7 Estimação do Ângulo da Rede para Sincronização

Nas estratégias de controle apresentadas anteriormente, é utilizado o marco de


referência dq para estimação do ângulo da tensão da rede elétrica (θg ) visando a possiblidade
transformação de coordenadas de tensões e correntes de cada controle. De posse deste ângulo
é possível também realizar a conexão do conversor com à rede elétrica, uma vez que a
frequência do conversor tem que estar sincronizada com a frequência da rede [22].
Assim, o ângulo da rede elétrica θg , é calculado a partir do algoritmo para Malha de
Captura de Fase (PLL, do acrônimo em inglês) que procura a sincronização para uma variável
trifásica senoidal variável, neste caso a tensão da rede, sendo sincronizado utilizando as
coordenadas dq da tensão. A estrutura do PLL em malha fechada é ilustrada na Figura 3.9.

Figura 3.9: Diagrama de blocos do PLL.

Fonte: Adaptado de [22].

3.2 Energia Solar Fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica (FV) é obtida através da conversão da luz direta do sol em
eletricidade. Nessa tecnologia, a obtenção da energia é realizada através de uma célula
fotovoltaica [27]. Atualmente, a tecnologia comercialmente mais empregada é o silício
policristalino (p-Si), sendo responsável por cerca de 60 % da produção anual em todo o mundo
[106]. A partir dos dados obtidos das medições mais recentes do National Renewable Energy
Laboratory (NREL), esse tipo de módulo possui eficiência em torno de 20 %, enquanto as
tecnologias com eficiência mais alta do mercado, baseadas em células multi-junção, alcançam
cerca de 40 % [107]. A preferência pelo p-Si se justifica pela sua relação custo/benefício, uma
vez que tendo fabricação menos onerosa, possui menor custo, reduzindo o preço de instalação
total.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 53

É crescente o aumento da energia solar FV no mundo nos últimos anos. A facilidade de


instalação (Adaptável à arquitetura de qualquer local com incidência de irradiação), a melhoria
da tecnologia (que tem aumentado a eficiência dos módulos), aliadas a queda dos preços tem
feito com que esta fonte obtenha níveis recordes de crescimento a cada ano. Os dados
compilados da International Renewable Energy Agency (IRENA), mostram que a capacidade
instalada em todo mundo foi de 580,16 GW [1] em 2019. A Figura 3.10 ilustra a capacidade
instalada dos 10 países com maior destaque no uso desta tecnologia.
Para os próximos 6 anos a previsão é que a energia solar FV domine o crescimento da
capacidade renovável no mundo. Os projetos em escala de utilidade representam 55% desse
crescimento, sendo que o crescimento da capacidade de geração distribuída também é acelerado
[1].

Figura 3.10: Capacidade instalada de energia solar fotovoltaica no mundo 2019.

Fonte: [1].

O Brasil, que no período possuía capacidade instalada de cerca de 2,49 GW, está
bastante abaixo dos países mais destacados nesta geração, mesmo tendo disponíveis grandes
áreas e gigantesco potencial a ser explorado. A previsão é que essa capacidade, atualmente
correspondente a 1,69 % da capacidade de geração de eletricidade do país, salte do patamar
atual para 8,64 GW passando a responder por 4 % da capacidade em 2027, o que ainda sim
representa um crescimento bastante tímido [104], [105].
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 54

3.2.1 Modelagem do Sistema de Conversão de Energia Solar

A energia solar FV gera eletricidade em corrente contínua sendo obtida através da


transformação da luz direta do sol. Isto ocorre por intermédio da célula fotovoltaica, que são
semicondutores que, quando iluminados por fótons, geram energia elétrica [27]. Este fenômeno
é denominado efeito fotovoltaico. Ao agrupamento de várias células, dá-se o nome de módulo
fotovoltaico, que possibilita o aumento da potência gerada. Nas aplicações de geração solar FV
os módulos são arranjados (em configuração série e paralelo) de forma a obter a tensão, corrente
e potência desejada e são então acoplados à rede elétrica por meio de conversores eletrônicos
[28]. A Figura 3.11 ilustra o sistema de conversão de energia solar FV.

Figura 3.11: Diagrama de um gerador solar FV.

Fonte: Autor.

A topologia básica de um sistema de geração FV conectado à rede é composta de 3


partes essenciais. A primeira, o gerador FV, ou seja, o conjunto/arranjo de módulos FV,
responsável pela conversão da energia solar em eletricidade através do efeito fotovoltaico [3].
A segunda, conectado aos terminais de saída do gerador FV, o conversor CC/CC que objetiva
manter constante a tensão no link CC independentemente das variações do gerador FV e onde
convencionalmente está contido o bloco contendo o controle MPPT. E a terceira, o inversor
CC/CA, que realiza a conversão da tensão continua para alternada tornando possível o
acoplamento com a rede elétrica.
É conhecido que a fonte solar possui incertezas do ponto de vista meteorológico. No
processo de conversão de energia, o aumento de temperatura de célula influencia a tensão de
circuito aberto (Voc ), fazendo com que a mesma decaia drasticamente, resultando em queda na
potência de saída, e a irradiância influencia a corrente de curto-circuito (Isc ), de forma
diretamente proporcional. Desta forma, algoritmos MPPT são imprescindíveis para o melhor
aproveitamento do recurso solar [27].
Nas próximas seções será realizado o detalhamento metodológico acerca da modelagem
da geração solar.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 55

3.2.1.1 Modelo do Módulo Fotovoltaico

Diversas são as abordagens para modelagem, análise e equacionamento no que diz


respeito à simulação da energia solar FV. No geral, a representação de um módulo FV é
realizada a partir de seus parâmetros elétricos de saída em detrimento dos fatores que
influenciam o processo de conversão que são a irradiância e temperatura do módulo. A
abordagem aqui escolhida diz respeito ao modelo com um diodo [3] onde o circuito equivalente
pode ser representado por uma fonte de corrente (IL ) em paralelo com um diodo que representa
a junção p-n do semicondutor. Em seguida estão as resistências: (R s ) que representa a
resistência em série (perdas do material, metalizações e contato entre o metal e o semicondutor)
e (R p ), resistência em paralelo que advém das correntes parasitas entre a superfície e o interior
da célula [29]. A Figura 3.12 apresenta o circuito equivalente real, considerando as perdas
efetivas.

Figura 3.12: Circuito elétrico equivalente do módulo FV.

Fonte: Adaptado de [3].

Por convenção, os valores nominais citados em algumas expressões são estabelecidos a


partir das condições padrão de teste (STC, do acrônimo em inglês) onde a temperatura de célula
é definida em 25 ºC, a irradiância em 1000 W/m2 e massa de ar AM = 1,5 [3].
A equação (3.19) expressa a corrente de saída em função da tensão de saída do módulo
FV [29]:
𝑉𝑝𝑣 +𝐼𝑅𝑠
𝑉𝑝𝑣 + 𝐼𝑅𝑠
𝐼𝑝𝑣 = 𝐼𝐿 − 𝐼0 (𝑒 𝑚𝑉𝑡 − 1) − (3.19)
𝑅𝑝
Onde:
IL : Corrente fotovoltaica [A];
I0 : Corrente de saturação reversa do diodo [A];
Vpv : Tensão de saída do módulo fotovoltaico [V];
m: Fator de idealidade [1 ≤ m ≥ 1,5];
Vt : Tensão térmica [V].
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 56

A tensão térmica (Vt ) pode ser calculada por [3]:


𝑁𝑠 𝑘𝑇
𝑉𝑡 = (3.20)
𝑒
Onde:
Ns : Número de células associadas em série [-];
k: Constante de Boltzman [1,381x10-23 J/K];
T: Temperatura de operação do módulo FV [ºC];
e: Carga do elétron [1,602x10-19 C].
Analisando a equação (3.19), em condição de circuito aberto (Ipv = 0), a tensão no
módulo FV é máxima (Maior tensão que o módulo pode produzir), dependente de IL e I0 . Esta
tensão é chamada de tensão de circuito aberto (Voc ) e pode ser representada por:
𝐼𝐿
𝑉𝑜𝑐 = 𝑚𝑉𝑡 𝑙𝑛 (1 + ) (3.21)
𝐼0
A equação que relaciona a corrente fotovoltaica com os efeitos da irradiância e da
temperatura é dada por [29] evidenciando que é diretamente proporcional à irradiância e varia
de forma linear com a temperatura:
𝐺
𝐼𝐿 = (𝐼𝐿∗ + 𝛼𝐼𝑠𝑐 ∆𝑇) (3.22)
𝐺∗
Onde:
IL∗ : Corrente fotovoltaica na condição nominal [A];
αIsc : Coeficiente de temperatura da corrente de curto-circuito [%/ºC];
∆T: ∆T = T − T ∗ (Temperatura real e nominal, respectivamente) [K];
G: Irradiância real [W/m2];
G∗ : Irradiância nominal [1000 W/m2].

A tensão de circuito aberto Voc é a tensão nos terminais do módulo quando não há carga
conectada nos terminais no módulo. A corrente de curto circuito Isc corresponde a máxima
corrente que pode ser medida no módulo quando não há tensão em seus terminais. O ponto de
máxima potência Pmp é o ponto da curva onde ocorre a máxima transferência de potência do
módulo para a carga onde se pode também perceber a corrente de máxima potência Imp e a
tensão de máxima potência Vmp , resultando na potência máxima Pmax [3].
As equações (3.23), (3.24), e (3.25) definem a variação de Voc , Isc e Pmax em função da
temperatura [30]:
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 57

𝑉𝑜𝑐 (𝑇) = 𝑉𝑜𝑐𝑠𝑡𝑐 (1 + 𝛽𝑣𝑜𝑐 [𝑇 − 25]) (3.23)


𝐼𝑠𝑐 (𝑇) = 𝐼𝑠𝑐𝑠𝑡𝑐 (1 +∝𝑖𝑠𝑐 [𝑇 − 25]) (3.24)
𝑃𝑚𝑎𝑥 (𝑇) = 𝑃𝑚𝑎𝑥𝑠𝑡𝑐 (1 + 𝛾𝑝𝑚𝑎𝑥 [𝑇 − 25]) (3.25)
Onde:
βvoc: Coeficiente de temperatura da tensão de circuito aberto [%/ºC];
γiscc: Coeficiente de temperatura da potência máxima [%/ºC];

A potência máxima obtida no ponto de máxima (Vmp , Imp ) potência pode ser obtida
através de [28]:
𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑚𝑝 𝐼𝑚𝑝 (3.26)
Nos módulos fotovoltaicos, as variações climáticas atingem as células FV afetando seus
parâmetros elétricos de forma adversa. O aumento da temperatura resulta em diminuição Voc e
a um ligeiro aumento de Isc culminando em redução no ponto de máxima potência. Esse
aumento de temperatura afeta principalmente a tensão de saída Vpv . Já a diminuição da
irradiância faz com que a corrente Ipv diminua, também resultando em redução do ponto de
máxima potência Pmp.

3.2.1.2 Seguimento do Ponto de Máxima Potência (MPPT)

Conforme visto na Seção anterior, a depender de fatores climáticos, o gerador FV terá


seu comportamento alterado. Desta forma, existe um ponto de operação em que é possível
extrair a máxima potência disponível. Torna-se importante que o conversor seja capaz de mover
o ponto de operação do gerador para o de máxima potência a cada vez que este muda. Quando
isso é atingido, a eficiência do sistema é aumentada como um todo [3].
Um algoritmo MPPT é capaz de fornecer a referência para o controlador do conversor
a cada alteração do ponto de máxima potência regulando a corrente e a tensão do gerador. A
literatura abordou de forma abundante o estudo deste tipo de técnica, estando disponível ampla
gama de opções que são capazes de alinhar eficiência, robustez e simplicidade [3], [31], [9],
[32].
Neste trabalho, o algoritmo MPPT aplicado foi o da condutância incremental com
regulação integral [32]. A técnica clássica é baseada no princípio da perturbação e observação
sendo de fácil implementação com bom desempenho em regime permanente e com resposta
rápida às mudanças de irradiância. Neste método a condutância incremental (derivada da
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 58

curva I − V [∆I/∆V]) é usada como referência para o laço de decisões do algoritmo sendo
comparada com condutância instantânea (I/V). A Figura 3.13 ilustra o fluxo deste algoritmo.

Figura 3.13: Algoritmo da condutância incremental.

Fonte: Adaptado de [33].

A tensão Vref é a tensão na qual o gerador FV é forçado a trabalhar. Quando o melhor


ponto de potência é alcançado, a operação é mantida neste ponto e só é alterada quando existe
uma variação de ∆I o que denota mudança na condição climática. Desta forma Vref é
incrementado ou decrementado para um novo ajuste do ponto de máxima potência.
A inclusão do regulador integral é realizada através da adição de uma nova etapa entre
o algoritmo MPPT e o gerador da Modulação de Largura de Pulso (PWM, do acrônimo em
inglês) sendo utilizado para aumentar a eficiência de saída permitindo melhor adaptação às
mudanças meteorológicas. Assim, é gerado um sinal de erro (e) através da soma das
condutâncias incremental e instantânea como sugere a equação:
𝐼 ∆𝐼
𝑒= + (3.27)
𝑉 ∆𝑉

3.2.1.3 Conversor CC: Modelagem e Controle

Convencionalmente, nos terminais de saída do gerador FV está conectado o conversor


CC/CC que estabiliza a tensão variável do gerador, regulando também o ponto de operação do
sistema, sendo este conversor equipado com o controle MPPT [31].
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 59

No modelo utilizado no presente trabalho, a topologia aplicada para esta finalidade foi
o conversor Boost [34], [35], [36]. Na estratégia de controle deste conversor, a saída de potência
do gerador FV é comparada com a referência do ponto de máxima potência e em seguida
alimenta um controlador PI (Proporcional Integral) que por sua vez gera o ciclo de trabalho e o
chaveamento para o conversor. A Figura 3.14 ilustra o esquema de controle empregado neste
conversor.

Figura 3.14: Diagrama de blocos de controle do conversor Boost. Fonte: Autor.

Fonte: Autor.

3.2.1.4 Inversor: Modelagem e Controle

O acoplamento da tecnologia FV à rede elétrica só é possível através dos inversores,


que são conversores eletrônicos de potência CC/CA. A bibliografia tem se preocupado em
desenvolver topologias que permitam eficiência cada vez mais alta de forma que essa é uma
área com resultados amplamente comprovados [22], [9], [28], [27], [3], [34], [31].
A estratégia de controle empregado neste estudo é VOC de forma similar a descrita na
Seção 3.1.1.5, onde o eixo d, do marco de referência síncrono está alinhado com o vetor de
tensão da rede [22]. A potência ativa (Ppv ) e reativa (Qpv ) que é processada pelo inversor é
determinada pelas seguintes equações [34]:
3
𝑃𝑝𝑣 = (𝑉𝑑𝑠𝑓 𝑖𝑑𝑠𝑓 + 𝑉𝑞𝑠𝑓 𝑖𝑞𝑠𝑓 ) (3.28)
2
3 (3.29)
𝑄𝑝𝑣 = (𝑉𝑞𝑠𝑓 𝑖𝑑𝑠𝑓 − 𝑉𝑑𝑠𝑓 𝑖𝑞𝑠𝑓 )
2
Onde:
Vdsf , Vdsf : Tensões do inversor fotovoltaico no marco de referência dq [V];
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 60

O Ângulo da rede elétrica é obtido pelo PLL de forma a permitir a orientação da tensão.
Com este ângulo é também possível realizar a transformação das componentes do marco de
referência estacionário para o síncrono. A Figura 3.15 ilustra o controle empregado no inversor.

Figura 3.15: Diagrama de blocos de controle do inversor. Fonte: Autor.

Fonte: Autor.
Capítulo 4
CAPÍTULO 4 - SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE
ENERGIA
Neste capítulo é realizada ampla discussão relacionando o sistema de
armazenamento de energia e sua integração com a geração renovável e a rede
elétrica. É apresentada a situação atual da tecnologia em relação à aplicação no
Brasil e no mundo. A etapa de projeto de um sistema de armazenamento de energia
com baterias de lítio para a usina solar é explanada aqui com detalhes.

4.1 Introdução

Atualmente, com o aumento da participação de fontes de energia renovável, de natureza


intermitente, como é o caso da solar e eólica, as empresas operadoras do mercado de energia
veem-se obrigadas a realizar suas funções da forma mais eficiente possível para que se
mantenham competitivas [97], [89].
Os novos desafios têm imposto ao mercado a obrigação de desenvolver um novo aparato
tecnológico capaz de propiciar soluções à altura das necessidades modernas. Torna-se vital,
quase obrigatório, que seja possível gerenciar a demanda diária de energia variável no SEP de
forma rápida e instantânea [97].
Neste sentido, tem-se considerado a aplicação do ESS que embora não seja novidade
tem sido um recurso em fase de desenvolvimento e aplicação acelerados. A opinião de Zhang
et al. [108] é que, a partir do momento de grande proliferação de tecnologias ESS de alto

61
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 62

desempenho e grande escala, a eletricidade pode se tornar uma commodity, trazendo mudanças
nas premissas conhecidas sobre a geração, transmissão e distribuição de energia. É uma ideia
passível de análise uma vez que a reflexão sobre o futuro dos sistemas de energia tem sido
analisada pela comunidade acadêmica de forma enfática, não apenas sobre a conexão de ESS,
mas de toda a tecnologia disponível na humanidade.
Os ESS aplicados ao SEP são caracterizados por converter a energia elétrica em outra
forma de energia (mecânica, eletroquímico, tecnologias térmicas e químicas) com o objetivo
de utiliza-la em outro período de tempo, de forma a promover reserva de capacidade de curto
ou longo prazo [97], [108]. A implementação de um ESS pode oferecer um conjunto de serviços
adicionais [109], [13], [9], [110], tais como:
• Melhoria da qualidade e eficiência energética do sistema como um todo;
• Deslocamento de energia para um momento de pico de demanda;
• Economia, pois evita superdimensionamento de complexos de geração;
• Equilíbrio e estabilização do sistema;
• Regulação de frequência;
• Regulação de tensão;
• Serviços ancilares para cumprimento das regulamentações do setor e requisitos
operacionais;
• Redução do desvio entre previsão e oferta.
O ESS tem se tornado cada vez mais atraente, desempenhando um papel importante na
integração das fontes renováveis, (principalmente solar e eólica) no nível de geração,
transmissão e distribuição, uma vez que são capazes de atuar suavizando a produção de energia,
melhorando sua versatilidade e permitindo fornecer energia estável com possibilidade de
despacho.
Os ESS encontram-se em momento de pleno desenvolvimento em todo o mundo,
estando disponíveis no mercado opções de ativos de armazenamento com tecnologias variadas,
além de outras em fase de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Segundo dados da International
Energy Agency (IEA), a implantação de ESS alcançou 3,1 GW em 2018, sendo um novo recorde
de crescimento. Os países líderes nesse tipo de aplicação são mostrados na Figura 4.1 [111].
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 63

Figura 4.1: Evolução da capacidade de ESS instalada no mundo1.

Fonte: [111].

Ainda segunda a IEA em relação à aplicação em escala de rede, a capacidade instalada


em 2018 correspondeu a 1,2 GW em todo o mundo. Os custos com as tecnologias para ESS
tem diminuído de forma rápida, o que denota um cenário de maior crescimento nos próximos
anos para diversas tecnologias. A Figura 4.2 ilustra o mix de tecnologias utilizadas no período
de 2011 a 2016.

Figura 4.2: Mix de tecnologias de armazenamento de energia no mundo.

Fonte: [111].

1
A capacidade instalada ilustrada desconsidera o Armazenamento Hidráulico Bombeado (PHS, do
acrônimo em inglês) no Brasil conhecido como usina reversível e considera tanto o armazenamento em escala de
utilidade como também logo atrás do medidor ao nível do cliente. Esta é, na atualidade a modalidade de
armazenamento com maior capacidade instalada em todo o mundo, que continua em crescimento. Em 2018 atingiu
160 GW [130] e, segundo os dados atuais do Office of Electricity Delivery & Energy Reliability do Departamento
de Energia do governo dos Estados Unidos em parceria com Sandia National Laboratories, já ultrapassa a marca
de 180 GW em 2019 [131].
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 64

No Brasil, a implantação de ESS ainda está em fase de desenvolvimento, sob os esforços


da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que lançou chamada para projetos
estratégicos, sendo selecionados 23 propostas que já se encontram em fase de projeto com prazo
de finalização até maio de 2021 [112]. Projetos em fase de testes começam a aparecer de forma
ainda lenta, sob as análises dos órgãos de regulação o que faz com que o Brasil ainda não tenha
destaque nas estatísticas mundiais sobre o tema.

4.2 Tecnologias de Armazenamento Aplicadas em SEP

Via de regra a energia elétrica não pode ser armazenada de forma direta. Através de um
capacitor, pode-se armazenar energia eletrostática e de bobinas supercondutoras, energia
magnética, mas com capacidades limitadas, o que não atende às necessidades do setor elétrico
[13]. Desta forma, para fins de armazenamento de energia em nível de utilidade, a eletricidade
precisa ser transformada em outra forma de energia como energia potencial, eletroquímica ou
cinética, por exemplo.
Entre as principais tecnologias já empregadas na atualidade, destaca-se [13], [89]:
baterias eletroquímicas disponíveis em vários tipos; bombeamento hidráulico e armazenamento
gravitacional (que são utilizados em larga escala em redes elétricas); armazenamento por meio
do uso de ar comprimido; volantes de inércia; bobinas magnéticas supercondutoras; e
armazenamento com supercapacitores.
Ocorre que, considerando os procedimentos de rede, um ESS precisa obedecer critérios
especiais como potência máxima, taxas de descarga de carga, tempo de resposta, capacidade,
eficiência e perdas e outros [108], [13]. Além disso, em larga escala, o ESS precisa ajudar a
atender a demanda em caso de pico de consumo, melhorar a estabilidade da rede e ainda ser
capaz de entregar grandes quantidades de energia, com qualidade e num curto período de tempo
de forma sustentada.
Embora sejam diversas as tecnologias utilizadas no SEP de potência, o BESS tem se
apresentado como o mais promissor dentre eles, uma vez que atende a muitos dos critérios
analisados anteriormente, sendo a tecnologia selecionada para na fase de testes deste trabalho.
As tecnologias de baterias com maior aplicação na atualidade (considerando os dados
da Figura 4.2) são: Íons de Lítio (Li-íon), Chumbo Ácido (Pb-A), Baterias de Fluxo e de Sódio-
Enxofre (Na-S). Diante das diversas vantagens apresentadas a bateria de Íons de Lítio foi a
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 65

selecionada para o desenvolvimento do presente trabalho, sendo detalhada na subseção


seguinte.

4.2.1 Baterias de Íons de Lítio (Li-íon)

As baterias de íons de lítio (Li-íon) funcionam através do movimento dos íons (Li+)
entre os eletrodos positivo e negativo. Durante o processo de carregamento, os íons se
desentrelaçam do eletrodo positivo e então se reposicionam no eletrodo negativo por meio do
eletrólito; nesse estado, o eletrodo negativo está em um estado de enriquecimento de lítio.
Durante o processo de descarregada, os íons se movem na direção oposta [113].
Trata-se da tecnologia com maior aplicação na atualidade conforme pode ser percebido
na Figura 4.2. Essa preferência é evidente no setor de energia, mas também é a mais difundida
nas aplicações de veículos elétricos [97], [108]. O que a coloca em posição de destaque são
algumas vantagens, tais como: possuem células seladas que não exigem manutenção, amplo
ciclo de vida, grande faixa de temperatura de operação, carregamento rápido, alta eficiência
tanto no modo de carga como descarga, alta densidade de energia, flexibilidade na aplicação de
projetos e tempo de resposta extremamente rápido (em milissegundos) [13], [97] , [89], [108].
Embora o custo dessa tecnologia tenha diminuído ao longo dos anos, ainda possui alto
custo inicial de capital, o que tem limitado sua aplicação para utilidade de energia. Outros
pontos negativos observados por [108] é que para aplicações onde há aleatoriedade nos
processos de carga e descarga, a vida útil é insuficiente, o que também restringe a sua aplicação.
Quando estão sobrecarregadas, em curto-circuito interno ou em condição de uso severo é
relatado aumento de temperatura, o que pode significar riscos de segurança [13].

4.3 Modelagem da Bateria Íons de Lítio

Conforme explicado nas subseções anteriores, diversas tecnologias de ESS estão


disponíveis no mercado, muito embora nem todas atendem aos vários requisitos para utilização
no SEP. Desta forma, o presente estudo considerou a utilização da bateria de íons de lítio uma
vez que, do ponto de vista técnico-econômico, os pontos positivos superam os negativos
conforme apresentado na Seção 4.2.1.
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 66

Neste trabalho optou-se pelo modelo apresentado por Tremblay et al. [114], por ser
capaz de representar com precisão as curvas características de baterias eletroquímicas quando
comparadas com o datasheet do fabricante [24], [31], [115], [114]. Segundo os testes
considerados, a precisão para a bateria de lítio correspondeu à margem de erro de ±3 %.
O modelo matemático da bateria Li-íon é representado por equações distintas para carga
e descarga. Desta forma, em (4.1) e (4.2) estão contidos os modos de carga e descarga,
respectivamente [116].
𝑄 𝑄
𝑉𝑏𝑎𝑡 = 𝑉0 − 𝐾 𝑖∗ − 𝐾 𝑖𝑡 + 𝐴 𝑒𝑥𝑝(−𝐵𝑖𝑡) (4.1)
𝑖𝑡 + 0,1 ⋅ 𝑄 𝑄 − 𝑖𝑡
𝑄 𝑄 (4.2)
𝑉𝑏𝑎𝑡 = 𝑉0 − 𝐾 𝑖∗ − 𝐾 𝑖𝑡 + 𝐴 𝑒𝑥𝑝(−𝐵𝑖𝑡)
𝑄 − 𝑖𝑡 𝑄 − 𝑖𝑡

Onde
𝑉𝑏𝑎𝑡 : Tensão na bateria [V]
𝑉0: Constante de tensão [V]
𝑣: Constante de polarização [V]
𝑄: Capacidade da bateria [Ah]
i𝑡: Capacidade extraída [Ah]
𝑖 ∗ : Corrente de referência filtrada [A]
𝐴: Zona exponencial de tensão [V]
𝐵: Capacidade exponencial [Ah-1]

Outra variável de suma importância a ser considerado na utilização de sistemas de


armazenamento é o estado de carga da bateria (SOC, do acrônimo em inglês) que corresponde
a um percentual de 0 a 100 % e é dado por:
1 𝑡
𝑆𝑂𝐶 = 100 (1 − ∫ 𝑖(𝑡) 𝑑𝑡) (4.3)
𝑄 0

4.4 Acoplamento do BESS à Usina Solar FV

Nesta seção será mostrado o desenvolvimento e implementação do BESS integrado à


usina solar FV onde o objetivo foi realizar a suavização da potência entregue à rede. Conforme
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 67

pôde-se constatar em alguns momento anteriores do texto, sobretudo no estado da arte


apresentado na Seção 2.5, existem muitos serviços que o BESS pode promover ao ser integrado
às fontes renováveis, possibilitando sua expansão e contribuindo para as questões correlatas à
estabilidade e confiabilidade do SEP.
A geração solar FV está sujeita a intempéries climáticas como passagens de nuvens e
mudanças repentinas no clima, o que impacta sua geração de forma adversa e implica em
complicações relacionadas à estabilidade. À medida que se aumenta a quantidade de usinas
conectadas à rede, eventos climáticos podem acarretar em perda de grandes blocos de potência.
Neste sentido, na presente dissertação, o armazenamento foi empregado com o objetivo de
suavizar a saída da usina solar FV, ou seja, atuando para mitigar variação da potência entregue
à rede, bem como quedas bruscas na geração de energia. Nas subseções seguintes serão
apresentadas as topologias para o acoplamento do BESS bem como a metodologia de controle
proposta.

4.4.1 Conversor Buck-Boost Bidirecional

Para o acoplamento do BESS com a usina FV foi considerado o conversor CC/CC Buck-
Boost bidirecional. A representação da usina solar FV equipada com o BESS pode ser vista na
Figura 4.3.

Figura 4.3: Diagrama da usina solar FV equipada com BESS.

Fonte: Autor.

O conversor empregado consiste na junção das topologias básicas dos conversores


Boost e Buck, onde optou-se pelo uso de chaves do tipo IGBT. Essa topologia permite que a
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 68

corrente e energia fluam da bateria para o link CC e vice-versa, garantindo a inversão do fluxo
de energia entre os dois sistemas conforme necessário [31], [117]. A revisão da literatura
realizada previamente, apontou variadas topologias derivadas da combinação dos conversores
buck e boost, porém optou-se pelo modelo apresentado na Figura 4.4, tal como foi proposto por
também por [118], [31] e [24].

Figura 4.4: Diagrama do conversor buck-boost bidirecional.

Fonte: Autor.

4.4.1.1 Princípio de Funcionamento

A gestão das etapas de carga e descarga do banco de baterias ocorre controlando-se a


corrente que flui pelo indutor. O conversor deve operar em modo de condução contínua, agindo
em dois estágios uma vez que a corrente que circula pelo circuito tanto pode ser positiva quanto
negativa. Para isto, a chave S1 é controlada de modo complementar a S2 (nunca operando ao
mesmo tempo) que são acionadas por um sinal de controle PWM, fazendo com que as chaves
liguem no primeiro subintervalo e desliguem no subintervalo seguinte [117]. A forma como são
gerados os sinais, bem como a lógica de controle para operação das chaves serão discutidas a
seguir.
No sistema considerado, a tensão do link CC da usina FV é maior que a tensão do BESS.
Então, no processo de carga, o conversor atua no modo buck, abaixando a tensão para o nível
do BESS. Do contrário, no processo de descarga, o conversor atua no modo boost elevando o
nível de tensão para o valor no nominal do link CC. Os detalhes desses dois estágios são
apresentados na Figura 4.5.
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 69

Figura 4.5: Estágios de Funcionamento do conversor buck-boost bidirecional.


(a) (b)

(c) (d)

Fonte: Autor.

As etapas de funcionamento deste conversor foram abordadas de forma similar por


[119], podendo ser descritos da seguinte forma:
• Estágio 1 (Descarga, Boost)- Fluxo de potência do banco de baterias (Veq ) para
o link CC (Vcc ): quando a chave S1 está ligada, o diodo D2 está polarizado de
forma reversa e então as baterias entregam corrente ao indutor L (Figura 4.5a).
Quando a chave S2 está ligada, o diodo D1 está reversamente polarizado e o
indutor L fornece energia ao link CC (Figura 4.5b).
• Estágio 2 (Carga, Buck)- Fluxo de potência do link CC (Vcc ) para o banco de
baterias (Veq ): quando a chave S2 está ligada, o diodo D1 está polarizado de
forma reversa e o link DC fornece corrente ao indutor L (Figura 4.5c). Quando
a chave S1 está ligada, o diodo D2 está reversamente polarizado, o indutor L
entrega energia às baterias (Figura 4.5d).

4.4.2 Estratégia de Controle do BESS

O objetivo é que o conjunto composto pelo conversor, a bateria e o controle sejam


capazes de fazer o gerenciamento da potência entregue à rede. Para isto, para níveis de potência
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 70

acima da referência estabelecida, o conversor opera em modo buck (carregando a bateria) [120].
Do contrário, para potência abaixo da referência, o conversor opera no modo boost,
descarregando a bateria, portanto complementando a energia para manter o nível de potência
na referência. Assim, a estratégia adotada está ilustrada na Figura 4.6.

Figura 4.6: Diagrama de blocos da estratégia de controle proposta.

Fonte: Autor.

Assim como proposto em [121], no controle proposto, a potência de referência P ∗ é


comparada com o sinal de saída da potência ativa (Pmed) da usina FV. Este sinal é então dividido
pelo valor da tensão da bateria (Vbat ), gerando assim o valor da corrente de referência I ∗ . Este
é então comparado com a corrente na bateria (Ibat ) que em seguida é processado pelo
controlador PI (Proporcional Integral). Em seguida esse sinal é comparado com um sinal
triangular de frequência constante de 12 kHz que então gera o chaveamento para as chaves S 1
(Sinal Boost) e S2 (Sinal Buck). Um melhor entendimento pode ser obtido analisando-se
conjuntamente a Figura 4.4.
Nesta estratégia de controle, observa-se que
Se P ∗ > Pmed a bateria é carregada, absorvendo energia do link CC;
Se P ∗ < Pmed a bateria é descarregada, injetando energia no link CC;
Capítulo 5
CAPÍTULO 5 - MODELAGEM DO SISTEMA ELÉTRICO
No presente capítulo a modelagem do sistema de transmissão de testes é
apresentada. O sistema contém 6 barras e opera na tensão de 230 kV. Todos
componentes da rede como hidrelétrica, transformadores e cargas foram
representados por modelos trifásicos. Por fim é apresentada a modelagem
considerada para a usina hidrelétrica.

5.1 Modelagem dos Componentes da Rede

O objetivo da modelagem de um SEP compreende, entre outras finalidades, a


representação de circuitos que equivalham com boa fidelidade aos sistemas físicos. Nesse
sentido, muitas formas de modelar os elementos da rede como linhas de transmissão,
transformadores e geradores estão disponíveis.
Para o presente trabalho, buscou-se escolher modelos matemáticos com elevada
maturidade para que a resposta do sistema fosse confiável. Torna-se importante ressaltar que
os modelos empregados nesta etapa estão contidos nas bibliotecas do Simscape Power Systems
do software Matlab® & Simulink® sendo possível configura-los de acordo com a necessidade
do usuário [15]. Uma vantagem dessa ferramenta é a boa representação matemática do ponto,
uma vez que a construção dos blocos considera modelos largamente empregados no mesmo
tipo de estudo proposto aqui conforme será apresentado em cada subseção. Ademais, os
elementos que constituem a rede foram representados por modelos trifásicos, conforme é
convencionado pela ferramenta de simulação computacional utilizada.

71
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 72

5.1.1 Linha de Transmissão

O software empregado neste trabalho é capaz de reproduzir os modelos comumente


utilizados em ferramentas de análise de transitórios eletromecânicos, tendo sido escolhido o
modelo π (concentrado), conforme o diagrama ilustrado na Figura 5.1. Tal modelo mostrou-se
adequado para ser empregado no sistema de testes utilizado, uma vez que possui esforço
computacional reduzido e precisão satisfatória para os objetivos deste trabalho [122], [63].
De forma contrária ao modelo da linha de parâmetros distribuídos onde a resistência,
indutância e capacitância são distribuídas uniformemente ao longo da linha, o modelo π trifásico
agrupa os parâmetros da linha em uma única seção como mostra a figura abaixo [15].

Figura 5.1 Circuito equivalente da linha de seção π trifásica.

Fonte: Adaptado de [15].

5.1.2 Transformadores

Os transformadores empregados neste estudo são representados pelo modelo de dois


enrolamentos conforme pode ser observado pelo modelo simplificado apresentado na Figura
5.2. O modelo considera as resistências de enrolamento (R1 e R 2 ), as indutâncias de dispersão
(L1 e L2 ) e as características de magnetização do núcleo (R m e Lm ), onde as perdas são
consideradas, porém desprezando as características de saturação uma vez que análises sobre
este componente não está na delimitação temática do assunto tratado no presente trabalho [123].
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 73

Figura 5.2: Circuito equivalente do transformador.

Fonte: Adaptado de [123] .

5.1.3 Cargas

As cargas foram representadas na rede por modelos dinâmicos trifásicos que expressam
a potência ativa e reativa consumida no tempo variante em função da magnitude da tensão de
sequência positiva dos barramentos, sendo as correntes de carga balanceadas mesmo sob
condições de desequilíbrio da tensão [63], [124].
De acordo com as referências utilizadas, a potência ativa (Pc ) e reativa (Qc ) são
consideradas separadamente e a dependência da tensão das cargas pode ser observada pelas
equações exponenciais:
𝑉𝑐 𝑛𝑝
𝑃𝑐 = 𝑃0 ( ) (5.1)
𝑉0
𝑉𝑐 𝑛𝑞 (5.2)
𝑄𝑐 = 𝑄0 ( )
𝑉0
Onde:
Pc : Potência ativa consumida pela carga [pu];
Qc : Potência reativa consumida pela carga [pu];
P0: Potência ativa nominal da carga [pu];
Q0 : Potência reativa nominal carga [pu];
Vc : Tensão nos terminais da carga [pu];
V0 : Tensão nominal da carga [pu];
n𝑝 : Expoente relativo ao componente de potência ativa da carga2 [-];
n𝑞 : Expoente relativo ao componente de potência reativa da carga [-];

2
Os expoentes de potência ativa e reativa utilizados neste projeto, foram parametrizados conforme
recomendações da referência [63]. Desta forma, os expoentes relativos à componente de potência ativa foram
considerados como tendo característica de corrente constante, portanto n𝑝 = 1. Já os expoentes relativos à
componente de potência reativa foram considerados como detentores de característica de impedância constante,
portanto n𝑞 = 2.
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 74

5.1.4 Usina Hidrelétrica

Grande parte da energia elétrica gerada em todo o mundo é advinda de maquinas


síncronas, podendo as mesmas serem acionadas por turbinas eólicas, hidráulicas, e a vapor por
exemplo. A conversão de energia por meio desses geradores vem sendo estratégica ao longo
dos anos devido à suas características de operação vantajosas sob muitos aspectos.
As máquinas síncronas são capazes de operar em paralelo com à rede, possuem grande
momento de inércia, possibilidade de controle da tensão terminal por um sistema de excitação,
além da capacidade de controlar a frequência entregue à rede [65]. Tais atributos são bastante
favoráveis para o SEP do ponto de vista da estabilidade e confiabilidade [60].
A rede abordada no presente trabalho contém uma usina hidrelétrica onde é considerado
um gerador síncrono de polos salientes. O diagrama de blocos simplificado do elemento está
ilustrado na Figura 5.3.

Figura 5.3:Diagrama de blocos simplificado da usina hidrelétrica implementada.

Fonte: Autor.

Do diagrama apresentado, as variáveis de entrada e saída do sistema de excitação são,


nesta ordem, Vref o valor de referência da tensão terminal do estator, e Vf a tensão de campo
para o gerador. Em relação às entradas do modelo da turbina e regulador de velocidade, tem-
se: We que é a velocidade real da máquina, Wref , a velocidade de referência, Pe0 a potência
elétrica real da máquina, Peref a potência mecânica de referência e dw o desvio de velocidade.
As entradas são processadas por um controlador PID (Proporcional, Integral, Derivativo),
gerando o sinal de saída que é a potência mecânica (Pm ) controlada para o gerador.
A seguir são apresentados alguns conceitos relacionados à modelagem do gerador, bem
como do controle e do sistema de excitação da usina hidrelétrica.
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 75

5.1.4.1 Gerador Síncrono

Uma máquina síncrona, atua convertendo a energia mecânica do eixo em energia


elétrica para seus terminais. Possuem enrolamento trifásico no estator e um enrolamento no
rotor que é alimentado em corrente CC. A frequência elétrica em uma máquina síncrona está
relacionada sua velocidade de rotação [63]. Assim, por exemplo, o desejo de regular a
frequência implica em atuar regulando a velocidade da turbina. Em condições normais (regime
permanente), o rotor e o campo magnético, promovido por uma corrente CC ou ímãs, giram na
mesma velocidade, ou seja, estão em sincronismo com o campo magnético girante que é
produzido pelas correntes de armadura resultando em um conjugado constante [123].
O modelo dinâmico da máquina síncrona considera as dinâmicas dos enrolamentos do
estator, do campo e amortecedores. De forma similar ao apresentado na Seção 3.1.1.2 onde foi
explicado o modelo matemático do DFIG, considerou-se o uso do referencial síncrono (dq)
para conceituação do circuito equivalente e equacionamento da máquina. Nesta representação,
os parâmetros do rotor, bem como as grandezas elétricas são analisadas a partir do estator [15].
Desta forma, a representação do modelo do gerador síncrono pode ser observada na Figura 5.4.

Figura 5.4: Modelo do gerador síncrono em coordenadas síncronas (dq).


(a) Marco de referência d (b) Marco de referência q

Fonte: Adaptado de [63].

5.1.4.2 Modelamento da Turbina e Regulador de Velocidade

Como visto na Figura 5.3, a máquina primária acoplada ao eixo do gerador síncrono
considerada no estudo foi uma turbina hidrelétrica, tendo sido empregado um bloco disponível
na biblioteca Simscape Power Systems do software Matlab® & Simulink®, chamado “Hydraulic
Turbine and Governor” que implementa um modelo de turbina hidráulica não linear completo
contendo, além do modelo da turbina propriamente dito, um sistema regulador de velocidade
PID e servomotor (responsável por atuar na abertura e fechamento das comportas). O modelo
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 76

empregado no software considera o documento “Hydraulic Turbine and Turbine Control


Models for Dynamic Studies” (ou Modelos de Turbina Hidráulica e Controle de Turbina para
Estudos Dinâmicos, em português) desenvolvido pelo grupo de trabalho do “IEEE Working
Group on Prime Mover and Energy Supply Models for System Dynamic Performance Studies”
[15], [125]. Tal modelo foi escolhido pelo nível de amadurecimento, sendo bastante útil em
estudo como o proposto nesta dissertação.
O comportamento de uma turbina hidráulica é dado pelos efeitos de inércia da água,
pela compressibilidade da água e pela elasticidade da parede do tubo na tubulação. Isso porque,
a inércia da água provoca elevada constante de tempo para resposta do torque da máquina em
detrimento da posição das pás, considerando que a turbina é influenciada pelas características
da coluna d’água que a alimenta [63].
Um regulador de velocidade controla a potência mecânica da turbina acoplada ao rotor
do gerador visando a manutenção do equilíbrio entre geração e carga. O regulador atua sobre
os mecanismos de fechamento e abertura das pás, através dos servomotores. As teorias
envolvidas na implementação do modelo da turbina e regulador de velocidade podem ser
obtidas em [15] e [125].

5.1.4.3 Sistema de Excitação

Para gerar um fluxo magnético girante, é necessária a injeção de uma corrente no


enrolamento de campo do rotor, chamada de corrente de excitação [63]. Isso é realizado por
meio da implementação de uma fonte de alimentação capaz de alimentar o circuito do
enrolamento do rotor, denominado por Sistema de Excitação. Mais além, o sistema de excitação
também é responsável pelo fator de potência e a magnitude da corrente produzida, também
exercendo funções contributivas na proteção e controle do gerador [123]. Um sistema de
excitação promove ajuste automático, sendo capaz de contribuir respondendo a perturbações
transitórias, o que promove ganho de desempenho do mesmo no SEP.
O sistema de excitação empregado no gerador síncrono foi implementado tal como o
modelo Tipo 1 estabelecido no documento “Recommended Practice for Excitation System
Models for Power System Stability Studies” (ou Prática Recomendada para os Modelos
excitação do sistema para estudos de estabilidade de sistemas de potência, no português ) nº
421.5 do IEEE [126]. Neste sistema, a tensão do terminal do gerador (Vf ) é ajustada por meio
do controlador contido na parte interna do controle onde a comparação dos sinais de entrada
gera um erro que é ajustado. Por fim, o sinal é empregado na excitatriz que opera na faixa
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 77

estabelecida pelos limitadores de sobre e subexitação (Vide Figura 5.3). Maiores detalhamentos
sobre o sistema de excitação, seu princípio de funcionamento e teoria de controle pode ser
encontrado em [15] e [126].

5.2 Rede de Testes Completa

A rede de testes foi obtida através da adaptação de dois sistemas abordados na literatura
[127], [66]. A referência [127] aborda um sistema de ensaios e estudos enquanto [66] descreve
uma popular rede de testes a Western System Coordinating Council (WSCC), abundantemente
abordada na literatura [66], [67], [68], [69]. Embora seja um modelo relativamente pequeno se
comparado a outros sistemas também utilizados, permitiu aplicar todos os conceitos necessários
no presente estudo [69].
O sistema é ilustrado na Figura 5.5 e representa uma rede de transmissão que opera em
alta tensão (230 kV), Rede Básica. A rede é composta por 6 barras, 8 ramos, 3 geradores, sendo
a barra 1 a de referência (slack). Adaptações dos modelos originais foram realizadas para
viabilizar os estudos propostos neste trabalho, ressaltando-se o acréscimo do parque eólico (165
MW), da usina solar FV (20 MW) e hidrelétrica (100 MW).

Figura 5.5: Diagrama unifilar do sistema de transmissão.

Fonte: Autor.
Capítulo 6
CAPÍTULO 6 - TESTES E RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os estudos de caso considerados, por meio dos
quais foram apurados os resultados e realizadas as análises. Cenários diferentes
são acordados, analisando o sistema sob diferentes situações, tanto em regime
permanente quanto diante de perturbações. As análises foram conduzidas à luz dos
procedimentos de rede do ONS, vigentes no Brasil.

6.1 Introdução

Para a realização dos testes, foram propostas simulações no domínio do tempo que
permitem estudos de análises estabilidade transitório. Os modelos apresentados anteriormente
foram interconectados ao sistema transmissão de testes descrito na Seção 5.2. Todos parâmetros
empregados no parque eólico, usina solar, BESS e sistema de testes podem ser obtidos nos
Apêndices. Todos os modelos considerados atenderam aos critérios de estudos dessa
modalidade definidos pelo Submódulo 23.3 “Diretrizes e Critérios Para Estudos Elétricos”
dos Procedimentos de Rede estabelecidos pelo ONS” [12], onde buscou-se empregar, para isto,
modelos já difundidos na literatura. É importante ressaltar que não é contribuição do trabalho a
atribuição de novos modelos e teoremas de controle. Assim, objetivou-se investigar os impactos
das fontes renováveis eólica e solar no desempenho transitório do SEP e também do contrário,
os impactos do sistema nas fontes renováveis consideradas.
Os estudos de caso foram idealizados com base nas seguintes perturbações: variações
de potência na usina solar e eólica, falta trifásica e rejeição de carga (momento onde uma grande
carga sai do sistema). A escolha de tais cenários foi motivada pelo intuito de simular as
78
Capítulo 6. Testes e Resultados 79

diferentes condições operativas do SEP a fim de se obter maior aproximação com a realidade.
O modelo empregado no estudo utilizou um vetor de estado inicial (Initial State) disponível no
software Matlab® & Simulink® utilizado para iniciar o sistema já em regime permanente. Todas
as simulações realizadas obedeceram a duração de 15 segundos conforme normatizado [12] .
Torna-se importante ressaltar que a convenção de sinais foi estabelecida conforme
convencionalmente empregada em análises de SEP, conforme ilustrado na Figura 6.1 [128].

Figura 6.1: Convenção de sinais para as análises.

Fonte: Autor.

Para todos os testes realizados, a potência de base considerada foi igual a 100MW e a
tensão de base considerada foi igual a tensão nominal da própria barra.
Os estudos foram analisados a partir dos Procedimentos de Rede do ONS [12], sendo
os principais Módulos apresentados no Apêndice E. Em cada seção, à medida que foram
apresentados os casos, foram discutidos os procedimentos empregados. A seguir são
apresentados os estudos de caso propostos.

6.2 Caso 1: Sistema em Operação Normal (Regime Permanente)

A primeira análise refere-se ao sistema em condições normais de operação, ou seja, sem


a ocorrência de perturbações. Não foram consideradas variações nas velocidades do vento, nem
nos valores de irradiância e temperatura. Assim, para a geração eólica, a velocidade do vento é
fixada em 15 m/s (Velocidade nominal, relativa à extração da potência nominal do parque
eólico) onde o ângulo de passo das turbinas é 8,7º e a velocidade do gerador 1,2 pu. Para a
geração solar, o valor de irradiância e temperatura empregados foram 1000 W/m2 e 25 ºC,
respectivamente. Para ambos, a potência reativa é ajusta em 0 Mvar (fator de potência unitário).
Os resultados para o comportamento das variáveis de interesse nos terminais dos
geradores do sistema são apresentados na Figura 6.2, Figura 6.3 e Figura 6.4.
Capítulo 6. Testes e Resultados 80

Figura 6.2: Caso 1 - parque eólico.


(a) Tensão (b) Potência ativa (c) Potência reativa

Figura 6.3: Caso 1 - usina solar.


(a) Tensão (b) Potência ativa (c) Potência reativa

Figura 6.4: Caso 1 - gerador síncrono (hidrelétrica).


(a) Tensão (b) Potência ativa

(c) Potência reativa (d) Ângulo de carga

A geração eólica e solar entregaram sua potência nominal, 165 MW e 20 MW,


respectivamente, com fator de potência unitário (Q = 0). O gerador síncrono da hidrelétrica
opera em região de sobre-excitação, o que quer dizer que está na região de geração de reativos.
Capítulo 6. Testes e Resultados 81

Os geradores de hidrelétricas, normalmente, encontram-se nessa condição de operação. O


ângulo de carga do gerador síncrono encontra-se em 56º.
Em relação às barras do sistema, os resultados são mostrados na Figura 6.5 (Barra 1),
Figura 6.6 (Barra 2), Figura 6.7 (Barra 3), Figura 6.8 (Barra 4), Figura 6.9 (Barra 5) e Figura
6.10 (Barra 6).

Figura 6.5: Caso 1 - barra 1.


(a) Tensão (b) Potência ativa (c) Potência reativa

Figura 6.6: Caso 1 - barra 2.


(a) Tensão (b) Potência ativa (c) Potência reativa

Figura 6.7: Caso 1 - barra 3.


(a) Tensão (b) Potência ativa (c) Potência reativa
Capítulo 6. Testes e Resultados 82

Figura 6.8: Caso 1 - barra 4.


(a) Tensão (b) Potência ativa (c) Potência reativa

Figura 6.9: Caso 1 - barra 5.


(a) Tensão (b) Potência ativa (c) Potência reativa

Figura 6.10: Caso 1 - barra 6.


(a) Tensão (b) Potência ativa (c) Potência reativa

Nota-se que, quanto à tensão, tanto os geradores quanto as barras do sistema estão
operando dentro dos limites permitidos por norma (0,95 < V < 1,05) [12]. Os geradores
precisam ser capazes de operar nesta faixa para evitar desligamentos desnecessários em caso
de variação da tensão nominal.
Em relação à potência reativa, as barras 1, 2, 3 e 4 se apresentam consumindo reativos
e as barras 5 e 6, injetando reativos, conforme convenção de sinais estabelecida anteriormente.
A Tabela 6.1 mostra o resumo das condições de regime permanente dos geradores e barras do
sistema.
Capítulo 6. Testes e Resultados 83

Tabela 6.1: Resumo da condição de operação do sistema para o caso 1.


Descrição Tensão (pu) Potência Ativa (pu) Potência Reativa (pu)
Parque Eólico 1,02 1,65 0,00
Usina Solar 1,01 0,20 0,00
Hidrelétrica 1,00 0,92 0,10
Barra 1 1,01 0,15 0,46
Barra 2 1,02 0,15 0,06
Barra 3 1,03 0,26 0,15
Barra 4 1,03 0,86 0,18
Barra 5 1,01 0,71 -0,32
Barra 6 1,02 0,50 -0,56

A frequência do sistema é ilustrada na Figura 6.11. Conforme normatizado pelos


Procedimentos de Rede [12], em condições normais (Regime permanente, sem a ocorrência de
distúrbios), não deve exceder ± 0,1 Hz3. Isso significa que, os desvios da frequência precisam
estar dentro do limite compreendido entre 59,9 Hz e 60,1 Hz. Como se pode observar, o sistema
está operando dentro da normalidade quando sem incidência de perturbações.

Figura 6.11: Caso 1 - frequência do sistema

6.3 Caso 2: Variação de Potência no Parque Eólico

Nesta seção o objetivo foi analisar o comportamento do sistema frente as variações de


potência ocasionadas. Para isso, as mudanças na velocidade do vento incidente no parque eólico
ocorreram tal como apresentado na Figura 6.12, onde objetivou-se representar: momentos de
velocidade relativa à potência nominal (15 m/s), queda acentuada de potência e retomada de
geração. A usina solar operou com produção constante de energia (Condições de regime
permanente).

3
A literatura denomina essa oscilação de frequência em regime permanente de Dead Zone ou Dead Band,
que no português se traduz Zona Morta ou Banda Morta [77].
Capítulo 6. Testes e Resultados 84

Figura 6.12: Curva da velocidade do vento para o caso 2.

Primeiramente, analisando o parque eólico nota-se o impacto do perfil do vento na curva


de potência ativa como pode ser visto na Figura 6.13. A condição transitória de desbalanço
trouxe ligeira alteração no nível de tensão do parque eólico, aumentando de 1,02 para 1,03 pu,
porém sem comprometer a faixa de operação normal (limites marcados em vermelho nos
gráficos). Na Figura 6.14 pode-se notar que as oscilações de potência não afetaram a operação
da usina solar, como já era esperado. Já em relação à hidrelétrica (Figura 6.15a), enfatiza-se a
suave alteração no nível de potência reativa , saindo da condição de regime (0,1 pu) para 0,14
pu. Ademais, a queda drástica da potência no parque eólico, impôs oscilações suaves na
potência ativa da hidrelétrica e alteração no ângulo de carga do gerador síncrono que oscilou
para até 58º, retomando à normalidade após o evento (Figura 6.15c).

Figura 6.13: Caso 2 - parque eólico.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 85

Figura 6.14: Caso 2 – usina solar.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)

Figura 6.15: Caso 2 – gerador síncrono (hidrelétrica).


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)

(c) Angulo de Carga (d) Ângulo de Carga (detalhe)

Os resultados relativos às barras do sistema são mostrados na Figura 6.16 (Barra 1),
Figura 6.17 (Barra 2), Figura 6.18 (Barra 3), Figura 6.19 (Barra 4), Figura 6.20 (Barra 5) e
Capítulo 6. Testes e Resultados 86

Figura 6.21 (Barra 6). É nítido notar que o comportamento do parque eólico impôs alterações
nas condições de operação do sistema. Na ausência de potência ativa do parque eólico, a rede
(barra Slack) age rapidamente suprindo a potência necessária para manter a alimentação das
cargas e o equilíbrio do sistema.
O evento implicou em alterações nos níveis de potência reativa do sistema, ocasionando
também leves alterações nas tensões das barras 1, 2, 3, 4 e 5, mas com um desvio médio de
apenas cerca de 0,23 %, o que não comprometeu os níveis (Limites marcados em vermelho nos
gráficos).
Para uma melhor ênfase nos resultados, todos os gráficos possuem um detalhamento
(Zoom) no período de maior importância do evento que ocorreu entre 5 e 10 segundos.

Figura 6.16: Caso 2 – barra 1.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)

Figura 6.17: Caso 2 – barra 2.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 87

Figura 6.18: Caso 2 – barra 3.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)

Figura 6.19: Caso 2 – barra 4.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)

Figura 6.20: Caso 2 – barra 5.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 88

Figura 6.21: Caso 2 – barra 6.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão, potência ativa e reativa (detalhe)

Torna-se também importante analisar o comportamento da frequência do sistema, sendo


esta apresentada na Figura 6.22. Como se pode observar, o sistema está operando dentro da
normalidade. Embora perceba-se alguma oscilação para fora dos limites de regime permanente
(vistos na Seção 6.2), a variação de potência do parque eólico não causou nenhum
comprometimento na frequência do sistema, mantendo-se comportada dentro dos limites
marcados em vermelho nos gráficos, conforme normatizado pelo ONS [12].

Figura 6.22: Caso 2 – frequência do sistema.


(a) Frequência do sistema (b) Frequência do sistema (detalhe)

6.4 Caso 3: Variação de Potência na Usina Solar

Agora, apresenta-se estudo do comportamento do sistema frente as variações de


potência ocorridas na usina solar. Para este caso, há um evento de variação de irradiância como
Capítulo 6. Testes e Resultados 89

apresentado na Figura 6.23 enquanto a temperatura é mantida constante. O parque eólico operou
nas mesmas condições de regime permanente, ou seja, velocidade 15 m/s sem oscilações.

Figura 6.23: Curva da irradiância para o caso 3.

Os resultados dos geradores do sistema são apresentados na Figura 6.24, Figura 6.25 e
Figura 6.26. Este caso foi menos agressivo que o anterior, apresentando impactos apenas na
variação de potência da usinar solar. Em caso de eventos de duração mais longa, pode-se esperar
que a barra 1 (slack) também possa atuar compensando a queda de potência da usina solar.

Figura 6.24: Caso 3 - tensão, potência ativa e reativa (parque eólico).

Figura 6.25: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (usina solar).


Capítulo 6. Testes e Resultados 90

Figura 6.26: Caso 3 – gerador síncrono (hidrelétrica).


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Ângulo de Carga

Os resultados relativos às barras do sistema são mostrados na Figura 6.27 (Barra 1),
Figura 6.28 (Barra 2), Figura 6.29 (Barra 3), Figura 6.30 (Barra 4), Figura 6.31 (Barra 5) e
Figura 6.32 (Barra 6).

Figura 6.27: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 1).

Figura 6.28: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 2).


Capítulo 6. Testes e Resultados 91

Figura 6.29: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 3).

Figura 6.30: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 4).

Figura 6.31: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 5).


Capítulo 6. Testes e Resultados 92

Figura 6.32: Caso 3 – tensão, potência ativa e reativa (barra 6).

Também quanto às barras do sistema não foi observada nenhuma proporção de variação
da tensão. As variações de potência ativa são mais expressivas uma vez que, como no caso
anterior (Seção 6.3), na saída de geração do sistema, a rede compensa os níveis para manter o
balanço do sistema. Foi observado que os impactos da variação de potência na usina solar foram
menores do que as do parque eólico. Ocorre que a geração solar possui relação apenas de 6,85
% da potência do sistema, correspondendo a cerca de aproximadamente 12 % da geração eólica.
Portanto ao se comparar os casos 2 e 3 constata-se que, sendo maior a potência nominal do
gerador, ao ocorrerem variações de potência motivadas por fatores climáticos, será também
maior seu impacto na estabilidade do sistema.
Em relação à frequência, apresentada na Figura 6.33, o sistema operou dentro da
normalidade (limites marcados em vermelho nos gráficos) [12]. Esperava-se que os limites não
fossem extrapolados uma vez que a variação de potência, como explicado anteriormente, não é
de grandes proporções, tendo tal expectativa sido confirmada.

Figura 6.33: Caso 3 – frequência do sistema


Capítulo 6. Testes e Resultados 93

6.5 Caso 4: Falta Trifásica nos Terminais do Parque Eólico

Na presente seção foi considerada uma falta trifásica simétrica, equilibrada, envolvendo
a terra nos terminais do parque eólico da barra 4. O evento foi transitório, inserido aos 3
segundos e eliminado aos 3.1 segundos (Duração de 100 milissegundos, 6 ciclos na frequência
de 60 Hz). A geração eólica e solar pré-falta mantiveram-se nos mesmos padrões da Seção 6.2,
tal como empregado em estudos de transitórios eletromecânicos e de estabilidade de SEP [129].
Primeiramente, serão analisados os resultados relativos aos geradores do sistema. No
parque eólico (Figura 6.34), na usina solar (Figura 6.35) e na hidrelétrica (Figura 6.36a),
percebe-se a ocorrência do que o ONS denomina Variações de Tensão de Curta Duração
(VTCD), conforme a Tabela E. 2, e classifica como Afundamento Momentâneo da Tensão
(AMT) [12]. Ou seja, distúrbio em que o valor da tensão se encontra em ≥ 0,1 pu e ≤ 0,9 pu
com intervalo de duração ≥ 1 ciclo e ≤ 3 s. A linha vermelha pontilhada, mostra o limite superior
(1,05) e inferior (0,95) dentre do qual a tensão precisa permanecer [12].
Neste caso, verificou-se o maior afundamento da tensão no parque eólico, como era
esperado. Todos os geradores retomaram à condição de regime em cerca de 2 segundos após o
surto. Conforme normatizado pelos procedimentos de rede, a geração eólica e solar devem
evitar o desligamento por instabilidade da tensão, ou seja, devem continuar operando dentro
dos limites estabelecidos pela curva LVRT observada na Figura E. 3. Todas as curvas de tensão
permaneceram dentro das zonas permitidas e nenhuma das centrais geradoras foi desligada.
O ângulo do gerador síncrono, ilustrado na Figura 6.36c, também oscilou, retornando à
posição original pré-falta.

Figura 6.34: Caso 4 - parque eólico.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 94

Figura 6.35: Caso 4 – usina solar.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.36: Caso 4 – gerador síncrono (hidrelétrica).


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

(c) Angulo de Carga (d) Ângulo de Carga (detalhe)

Os resultados relativos às barras do sistema são mostrados na Figura 6.37, Figura 6.38,
Figura 6.39, Figura 6.40, Figura 6.41 e Figura 6.42.
Capítulo 6. Testes e Resultados 95

Figura 6.37: Caso 4 – barra 1.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.38: Caso 4 – barra 2.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.39: Caso 4 – barra 3.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 96

Figura 6.40: Caso 4 – barra 4.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.41: Caso 4 – barra 5.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.42: Caso 4 – barra 6.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Assim como nos geradores, houveram impactos no sistema de forma geral. Os AMT
mais expressivos ocorreram nas barras mais próximas ao curto-circuito, sendo justificado pela
Capítulo 6. Testes e Resultados 97

influência das impedâncias das linhas de transmissão. Em todas as barras houveram


afundamentos de tensão muito mais severos do que os eventos analisados anteriormente, porém
de magnitude e duração inferior ao tempo de ação do sistema de proteção, o que levaria à
interrupção do serviço. Questões relacionadas às interações entre às fontes de geração eólica e
solar e o sistema de proteção devem de igual modo serem observadas, porém maiores
detalhamentos neste sentido estão fora do escopo desta dissertação. Verifica-se que todas as
variáveis analisadas, logo após a extinção do curto-circuito, retornaram à condição normal em
cerca de 2 segundos (120 ciclos) após um curto regime oscilatório, concluindo-se que o sistema
é robusto e apresenta estabilidade transitória.
Finalmente, a frequência do sistema é apresentada na Figura 6.43, onde nota-se que a
severidade da falta não impôs grandes transtornos ao sistema. A amplitude da frequência
ultrapassou os limites de Banda Morta em apenas cerca de 0,12 % para mais e 0,18 % para
menos, estando distante extrapolar os limites tanto em relação às barras (Vide Tabela E. 1)
quanto em relação aos requisitos de operação dos geradores (Vide Figura E. 1 e Figura E. 2).

Figura 6.43: Caso 4 – frequência do sistema.


(a) Frequência do sistema (b) Frequência do sistema (detalhe)

6.6 Caso 5: Rejeição de Carga na Barra 5

Um cenário de rejeição de carga também foi abordado onde a carga contida na barra 5
parametrizada em 90 MW e 30 Mvar (Vide Figura 5.5) foi retirada do sistema temporariamente.
O chaveamento ocorreu aos 3 segundos com duração de 100 ms. A geração eólica e solar foram
mantidas constantes, nos mesmos padrões, tal como descrito inicialmente (Seção 6.2).
Capítulo 6. Testes e Resultados 98

Observa-se um evento de maior perturbação no sistema, em se comparando com os


casos 1, 2 e 3, porém, de menor intensidade que o caso 4. A carga retirada do sistema
corresponde a uma proporção de cerca de 23 % do nível de carregamento, sendo bastante
significativa sua participação no balanço do mesmo.
No parque eólico (Figura 6.44), ocorreu uma Elevação Momentânea da Tensão (EMT):
distúrbio em que o valor da tensão chega a ser > que 0,1 pu com intervalo ≥ 1 ciclo e ≤ 3 s
(Tabela E. 2). Na usina solar (Figura 6.45) ocorre o mesmo. Já na hidrelétrica (Figura 6.46a), o
nível de variação não é expressivo, nem mesmo extrapolando dos limites de condição normal.
O ângulo de carga do gerador síncrono (Figura 6.46c), se estabilizou rapidamente, retornando
à posição original (56º).
A magnitude do distúrbio não impôs grandes perturbações a ponto de comprometer os
níveis normais de operação dos geradores conforme normatizado na curva LVRT (Figura E. 3).

Figura 6.44: Caso 5 - parque eólico.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.45: Caso 5 – usina solar.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 99

Figura 6.46: Caso 5 – gerador síncrono (hidrelétrica).


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

(c) Angulo de Carga (d) Ângulo de Carga (detalhe)

Os resultados para as barras do sistema são: Figura 6.47 (Barra 1), Figura 6.48 (Barra
2), Figura 6.49 (Barra 3), Figura 6.50 (Barra 4), Figura 6.51 (Barra 5) e Figura 6.52 (Barra 6).

Figura 6.47: Caso 5 – barra 1.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 100

Figura 6.48: Caso 5 – barra 2.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.49: Caso 5 – barra 3.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.50: Caso 5 – barra 4.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 101

Figura 6.51: Caso 5 – barra 5.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Figura 6.52: Caso 5 – barra 6.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Tensão (detalhe)

Os impactos da saída da carga refletiram no sistema de forma geral. Todas as barras


sofreram com as elevações da tensão, também de forma bastante agressiva. De forma similar
ao caso 4, a severidade e tempo de duração não trariam acionamentos do sistema de proteção.
O sistema retorna à condição de regime permanente em 2 segundos (120 ciclos), mostrando que
o mesmo possui estabilidade transitória angular e também da tensão.
A frequência do sistema também foi impactada, porém com menor grau de
comprometimento do que da ocorrência de uma falta trifásica (Figura 6.53). A taxa de variação
da tensão não foi agressiva o suficiente para sair das condições da normalidade, outrora
apresentados na seção anterior. De forma geral o sistema se estabiliza em cerca de 2 segundos
após curto período de amortecimento como pode ser observado em todos os gráficos. Isso
demonstra que o sistema possui estabilidade para casos de rejeição de carga.
Capítulo 6. Testes e Resultados 102

Figura 6.53: Caso 5 – frequência do sistema.


(a) Frequência do sistema (b) Frequência do sistema (detalhe)

6.7 Caso 6: Teste do Sistema de Armazenamento Integrado à Usina Solar

Por fim, foram realizados os testes concernentes à implantação do BESS à usina solar.
Os controles foram ajustados para entregar uma potência constante de 16 MW
independentemente das flutuações ocorridas geração FV. O BESS é composto por baterias do
tipo Li-íon sendo dimensionado para 40.000 Ah de capacidade, tensão de 1200 V. Sendo a
energia total de 48 MWh e considerando que o sistema (usina solar e BESS) injeta uma potência
constante de 16 MW, o BESS possui autonomia de 3 horas. Adicionalmente o BESS pode
prover suporte em caso de eventos de falha do sistema FV, como perda a completa da geração.
As etapas de projeto, controle e acoplamento do BESS podem ser encontradas na Seção
4.4. Os parâmetros do BESS empregados nesta simulação podem ser obtidos no Apêndice C.
Para este caso, a geração eólica manteve-se constante, ou seja, entregando a potência
nominal e não foram considerados distúrbios. As curvas empregadas na usina solar neste caso
são mostradas na Figura 6.54 onde pode-se observar que no início da simulação, até os 4
segundos há uma grande variação do nível de irradiância. A partir de então o valor é
completamente zerado até os 9 segundos. Tal situação simula o efeito de um sombreamento
total da usina, o que implica na perda completa da potência gerada. A partir de então, o calor
da irradiância retoma um comportamento de crescimento, se estabilizando em 800 W/m2 até o
fim da simulação.
Capítulo 6. Testes e Resultados 103

Figura 6.54: Curvas aplicadas na usina solar.


(a) Irradiância (b) Temperatura

No gráfico apresentado na Figura 6.55, foram plotadas as curvas de produção de energia


da usina solar e de potência do BESS em MW. Nota-se que a usina solar perde completamente
a geração entre 4 e 9 segundos, onde a produção de energia é zero, conforme a marcação do
gráfico. Nesse sentido, observa-se que a curva de potência entregue pelo BESS é complementar
à curva da usina solar. No mesmo período em que a usina solar perde completamente a geração,
o BESS age injetando a energia necessária para manter a potência entregue nos níveis de
referência (16 MW). Desta forma, pode-se notar que o sistema de armazenamento contribui
para mitigar as variações de potência na ocorrência de quedas na geração.

Figura 6.55: Potência na usina versus potência no BESS

Na Figura 6.56 observa-se o comportamento das grandezas avaliadas onde, no mesmo


gráfico é comparado o cenário com e sem o BESS. Em relação a tensão, não foram percebidas
variações que pudessem comprometer os índices normatizados. Já em relação à potência, a
suavização promovida pelo BESS traz ganhos para o sistema, uma vez que mantém constante
o fluxo de energia entregue à rede.
Capítulo 6. Testes e Resultados 104

Figura 6.56: Caso 6 – usina solar.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Potência ativa (detalhe)

Os resultados para as barras dos sistemas são mostrados na Figura 6.57, Figura 6.58,
Figura 6.59, Figura 6.60, Figura 6.61, e Figura 6.62.

Figura 6.57: Caso 6 – barra 1.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Potência ativa (detalhe)

Figura 6.58: Caso 6 – barra 2.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Potência ativa (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 105

Figura 6.59: Caso 6 – barra 3.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Potência ativa (detalhe)

Figura 6.60: Caso 6 – barra 4.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Potência ativa (detalhe)

Figura 6.61: Caso 6 – barra 5.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Potência ativa (detalhe)
Capítulo 6. Testes e Resultados 106

Figura 6.62: Caso 6 – barra 6.


(a) Tensão, potência ativa e reativa (b) Potência ativa (detalhe)

Para ambos os casos (Com e sem BESS), todas as barras do sistema mantiveram o seu
nível de tensão dentro das condições normais. Vale destacar o comportamento da taxa de
variação da potência ativa em todas as barras. Fica nítido perceber que o sistema de
armazenamento acoplado à usina solar, pôde atuar mitigando as flutuações de potência ativa
usina solar, sendo replicado também para todas as demais barras do sistema. O suporte adicional
de energia ativa fornecido pelo BESS contribui para melhorar os fluxos de exportação de
energia, tornando o sistema mais confiável e robusto.
Capítulo 7
CAPÍTULO 7 - CONCLUSÕES

7.1 Considerações e Conclusões

O aumento progressivo do nível de penetração de unidades de geração eólica e solar à


rede de transmissão impõe a conveniência de novos estudos e análises, além de esforços
redobrados do ponto de vista técnico e operacional. Em contraposição a todos os abundantes
benefícios das fontes renováveis, sua característica estocástica estabelece grandes incertezas
relacionadas à confiabilidade e continuidade. Nesse sentido, à medida que os grandes geradores
síncronos vão sendo substituídos por conversores eletrônicos de potência, normalmente
empregados para o acoplamento dessas fontes à rede, a inércia geral do sistema é reduzida
implicando em incapacidade do mesmo em contribuir para sua auto recuperação quando da
ocorrência de distúrbios. Assim, o SEP esbarra-se em novos fenômenos transitórios, tornando-
se mais dinâmico e oscilatório, tendo afetada sua estabilidade transitória culminando, em casos
extremos, em colapso.
Defronte a tantas questões em aberto, buscando confrontar os problemas enunciados, o
presente trabalho produziu um estudo de análise de transitórios eletromecânicos, concentrando-
se na estabilidade transitória do SEP, a partir de modelagem computacional considerando
simulações no domínio do tempo com o software Matlab® & Simulink®. Foi abordado um
sistema de transmissão com significativa penetração de fontes geradoras eólica e solar,
realizando também a proposição do uso de BESS como alternativa para atenuar
flutuações/variações de potência na unidade de geração solar. Determinou-se investigar o

107
Capítulo 7. Conclusões 108

comportamento do sistema quando submetido a situações inesperadas como distúrbios e


variações climáticas que afetam os níveis de geração eólica e solar.
Foram consideradas modelagens matemáticas amplamente difundidas na literatura para
exprimir os elementos abordados como o parque eólico, usina solar, hidrelétrica, BESS,
transformadores, que foram representados por modelos trifásicos detalhados (que inclui
representação pormenorizada de conversores eletrônicos de potência com IGBT’s). Para a
validação do modelo e análises foram considerados eventos variados como curto-circuito,
rejeição de carga e variação de potência dos geradores.
A escolha pelo emprego de modelos detalhados implicou em tempos de simulação
razoavelmente mais longos em se comparando com a representação fasoriais (normalmente
aplicada para estudos de estabilidade). Isso se justifica pelo fato de que o modelo detalhado
precisa ser discretizado em passos de integração relativamente pequenos. Em contrapartida, foi
possível maior aprofundamento teórico e prático nos fatores intrínsecos de cada elemento
estudado, que possibilitou analisar os eventos de forma macro (observando os fenômenos
concernentes à rede) e de forma mais micro (examinando a peculiaridade de cada elemento).
Em relação à implementação do BESS, o emprego de modelos detalhados trouxeram ganhos na
etapa de projeto, uma vez que a diagramação em blocos do software além de agilizar,
possibilitou maior absorção de teorias de controle necessárias para viabilizá-lo. Sem mais
agravos, tendo em vista que a rede de transmissão proposta possui tamanho reduzido, foi
possível associar o tempo de simulação com o esforço computacional dentro do exequível.
Consonante aos objetivos do trabalho, foram analisados 6 casos de estudo conforme
visto no Capítulo 6. Primeiramente (Seção 6.2), foi exibido o comportamento do sistema em
regime permanente, ou seja, sem a ocorrência de contingências e variações de potência na
geração solar e eólica. Foi revelado que nesta condição o sistema encontra-se estável, portando
operando dentro da normalidade.
O segundo e o terceiro casos propostos (Seção 6.3 e 6.4) abordaram, nesta ordem,
perturbações na velocidade do vento no parque eólico e na irradiância incidente sobre a usina
solar. As variações aplicadas resultaram em variações de potência que repercutiram
principalmente em impactos nos níveis de potência ativa das barras do sistema, insignificante
aumento do nível de tensão, porém sem nenhum comprometimento à estabilidade do sistema.
As variações percebidas no sistema foram maiores no caso 2, do que no caso 3, uma vez que a
potência do parque eólico é consideravelmente maior do que a da usina solar. Para estes
cenários, o SEP mostrou-se estável na estabilidade angular do gerador síncrono, na tensão e
também na frequência do sistema.
Capítulo 7. Conclusões 109

De acordo com o quarto caso (Seção 6.5) foi considerada uma falta trifásica não
sustentada nos terminais do parque eólico, onde se pôde constatar comprometimento de todas
as grandezas consideradas no sistema (Potência ativa e reativa, tensão, frequência e ângulo de
carga do gerador síncrono). Tal perturbação foi significativamente mais severa do que os casos
tratados na Seção 6.3 e 6.4 porém ainda assim, sem mais danos, o sistema de estabilizou após
curto período oscilatório, mostrando que o sistema possui estabilidade transitória.
No quinto caso apresentado na Seção 6.6, foi interposto um cenário de rejeição de carga.
De forma similar ao caso anterior, pôde-se observar oscilações nas grandezas consideradas em
todas as barras, mas o sistema rapidamente retornou à normalidade com a reinserção da carga.
Finalmente, o sexto caso (Seção 6.7) abordou a aplicação do BESS na usina solar
conforme discutido no Capítulo 4, onde foram fixadas variações severas de irradiância e
temperatura para realizar testes que permitissem comprovar a eficácia do BESS frente às
variações de potência. Os resultados mostraram que com a inserção do BESS, a potência
entregue à rede permaneceu sem variações, portanto contribuindo para melhoria da estabilidade
do sistema e em consequência melhorando questões correlatas à continuidade e confiabilidade.
Os resultados encontrados foram encorajadores para as questões levantadas
inicialmente, sendo possível constatar que a penetração de fontes intermitentes no sistema de
transmissão não comprometeu os limites impostos pelos procedimentos de rede e não trouxe
riscos nocivos à estabilidade transitória. Isso mostra que pode-se alcançar níveis de penetração
relativamente altos, desde que os devidos estudos sejam realizados considerando cenários
realísticos À medida que as novas fontes estejam aderentes aos requisitos técnicos de conexão,
estará certa sua expansão no sistema, garantindo premissas não técnicas como sustentabilidade
e manutenção do meio ambiente, concernentes aos seus muitos benefícios. Com o emprego em
alta escala do BESS, não somente associados às renováveis, mas também conectados por
inversores diretamente aos barramentos de CA trifásicos, é possível não somente suavização de
potência (como foi proposto na presente dissertação), mas também o provimento de serviços
ancilares variados, assim como já tem sido realizado com dispositivos FACT’s e banco de
capacitores.
Nota-se que o setor elétrico é altamente regulado, e assim o deve ser, porém perante o
significativo e alavancado avanço tecnológico da atualidade, alguma flexibilização e agilidade
de políticas públicas para absorção de novos recursos energéticos e insumos de produtos e
serviços que viabilizem a modernização, podem trazer ganhos para todos os que figuram neste
mercado.
Capítulo 7. Conclusões 110

7.2 Contribuições Obtidas e Proposições para Trabalhos Futuros

O presente documento contribuiu na evolução dos estudos pertinentes à associação de


fontes alternativas de energia, sistemas de armazenamento e o sistema elétrico. Destaca-se a
implementação de modelos que possibilitaram a simulação de uma rede de transmissão
contendo diferentes fontes renováveis intermitentes. Ressalta-se ainda as análises dos aspectos
de estabilidade do SEP à luz dos códigos de rede vigentes a partir dos cenários de perturbações
propostos. A análise simultânea de resultados de vários subsistemas em conjunto (BESS, Solar,
Eólica, Hidrelétrica e Rede de Transmissão), é outro aspecto notório, dada a abrangência nas
análises de estabilidade transitória. Finalmente aponta-se a promoção do emprego do BESS
como alternativa para viabilizar o aumento da penetração de fontes renováveis no sistema
elétrico.
Apoiado pelo trabalho desenvolvido, são sugeridos pontos de importância para
continuidade da proposta:
• Empregar conceitos de simulação híbrida (associação de transitórios
eletromagnéticos e eletromecânicos), a fim de ampliar a quantidade de testes
com modelos detalhados em sistemas de grande porte, aumentando o alcance da
pesquisa proporcionando, redução do tempo de simulação e esforço
computacional.
• Investigar e implementar aprimoramento no BESS proposto para suavização de
potência, aumentando seu nível de detalhamento, eficácia e robustez no controle.
Atribuir controladores atuando sobre as correntes de carga e descarga
associando os limites do SOC das baterias e sua vida útil.
• Implementar um BESS para atuação em serviços de suportes à frequência como
inércia virtual, controle primário e secundário, no parque eólico e usina solar e
realizar os testes em sistemas como o proposto neste trabalho.
• Realizar testes com os modelos apresentados em sistemas de simulação em
tempo real (Real Time) para validar o comportamento em sistemas reais.
Capítulo 7. Conclusões 111

7.3 Artigos Publicados e Aceitos para Publicação

Carvalho C. M.; Medina, D. O. G.; Lopes Júnior, J. C.; Sousa, T. “Computer Modeling
and Simulation for Feasibility Analysis of a Hybrid on Grid Renewable Energy System Using
Homer Pro” em Energy and Sustainable Development: Brazil Facing the Global Challenges of
Energy Transition, 1ª ed., Sandro André, SP, Brasil: Universidade Federal do ABC, 2019, pp.
187-192. [Online ISBN: 978-65-5040-023-1].
Carvalho C. M.; Medina, D. O. G.; Lopes, J. C.; Sousa, T. “Computer Modeling and
Analysis of a Hybrid Renewable Energy System Grid-Connected Using Homer Pro”. Simpósio
Brasileiro de Sistemas Elétricos de Potência (SBSE 2020), Agosto 2020, Santo André, SP,
Brasil. (Aceito para publicação)
Lopes Júnior, J. C.; Medina, D. O. G.; Sousa, T. “Evaluation of the Use of a Battery
Energy Storage System in a Photovoltaic Plant for Minimization of Impacts in the Distribution
Network”. XIII Latin-American Congress on Eletctricity Generation and Transmission
(CLAGTEE 2019), outubro 2019, Santiago, Chile.
Lopes Júnior, J. C.; Sousa, T.; Benedito, R. S.; Trigoso, F. B. M.; Medina, D. O. G.
“Application of Battery Energy Storage System in Photovoltaic Power Plants Connected to the
Distribution Grid”. IEEE PES Innovative Smart Grid Technologies Latin America (ISGT 2019),
setembro 2019, Gramado, RS, Brasil.
Medina, D. O. G.; Lopes, J. C.; Sousa, T. “Model Based on Artificial Neural Networks
for Forecasting Electricity Consumption: A Holistic Approach”. Simpósio Brasileiro de
Sistemas Elétricos de Potência (SBSE 2020), Agosto 2020, Santo André, SP, Brasil. (Aceito
para publicação)
Medina, D. O. G.; Santos, R. C.; Sousa, T.; Lopes Júnior, J. C. “Comparative Analysis
of Artificial Neural Networks and Statistical Models Applied to Demand Forecasting”. IEEE
PES Innovative Smart Grid Technologies Latin America 2019, setembro 2019, Gramado, RS,
Brasil.
Vargas, R. Z.; Lopes, J. C.; Puma, J. L. Azcue; Sousa, T.; “Energy Storage System
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Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos de Potência (SBSE 2020), Agosto 2020, Santo
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Apêndice A
A P Ê N D I C E A . PARÂMETROS PARQUE EÓLICO
Os principais parâmetros empregados no modelo do parque eólico são apresentados na
Tabela A. 1.

Tabela A. 1: Parâmetros utilizados no parque eólico.


Descrição Valor Unidade
Potência nominal de uma turbina DFIG 1,5 [MW]
Quantidade de turbinas 110 [unid.]
Potência total 165 [MW]
Tensão nominal rms (L-L) 575 [V]
Número de polos 3 [u]
Resistência do estator 0,023 [Ω]
Resistência do rotor 0,019 [Ω]
Indutância própria do estator 0,18 [H]
Indutância própria do rotor 0,16 [H]
Tensão do link CC 1.150 [V]
Capacitor do link CC 10 [µF]
Velocidade do vento para potência nominal 15 [m/s]
Constante de inércia da turbina eólica 4,32 [s]
Ângulo máximo de passo (pitch) 27 [Deg]

120
Apêndice B
A P Ê N D I C E B . PARÂMETROS USINA SOLAR
Os principais parâmetros empregados no modelo da usina solar são apresentados na
Tabela B. 1.

Tabela B. 1: Parâmetros utilizados na usina solar.


Descrição Valor Unidade
Usinas interconectadas no PCC 2 [unid.]
Potência nominal (por usina) 10 [MW]
Potência nominal (total) 20 [MW]
Modelo do módulo FV SPR-305-WHT-D [-]
Número de módulos em série (por usina) 50 [unid.]
Número de módulos em paralelo (por usina) 660 [unid.]
Potência máxima nominal do módulo 305,23 [W]
Número de células por módulo 96 [unid.]
Tensão no ponto máxima potência 54,7 [V]
Corrente no ponto de máxima potência 5,58 [A]
Tensão de circuito aberto 64,2 [V]
Corrente de curto Circuito 5,96 [A]

121
Apêndice C
A P Ê N D I C E C . PARÂMETROS BESS
O sistema de armazenamento compreende o elemento armazenador, neste caso as
baterias e o conversor. Os principais parâmetros empregados nesses dois sistemas são
apresentados na Tabela C. 1 e Tabela C. 2.

Tabela C. 1: Parâmetros empregados no banco de baterias.


Descrição Valor Unidade
Energia nominal 48 [MWh]
Capacidade nominal 40.000 [Ah]
Tensão nominal 1.200 [V]
Tensão em carga total 1.413,559 [V]
Corrente de descarga nominal 8.698,652 [A]
Estado de carga 50 [%]
Capacidade na tensão nominal 1.9230,77 [Ah]
Constante de tensão 1.301,5896 [V]
Resistência interna 0,0006 [Ω]
Resistência de polarização 0,00074744 [Ω]
Zona Exponencial 1.301; 4000 [V; Ah]

Tabela C. 2: Parâmetros empregados no conversor buck-boost.


Descrição Valor Unidade
Indutor 5 [mH]
Capacitor de saída 8 [µF]
Resistência do IGBT 0,001 [Ω]
Frequência de chaveamento 12 [kHz]
Tensão de entrada 1.200 [V]
Tensão de saída 5.000 [V]

122
Apêndice D
A P Ê N D I C E D . PARÂMETROS REDE DE TESTES
Figura D. 1: Diagrama unifilar do sistema de transmissão de testes.

Tabela D. 1: Parâmetros da barra slack.


Nível de Curto Circuito Relação X/R Tensão Terminal Frequência Nominal
500 MVA 100 16, KV 60 Hz

Tabela D. 2: Parâmetros do gerador síncrono da hidrelétrica.


Sn Pm H Rs XI Xd X’d
MVA pu s pu pu pu pu
100 0,85 3,01 0,0031 0,005 1,3125 0,1813

X’’d Xq X’’q T’do T’’do T’qo


ρ
pu pu pu pu pu pu
0,13 1,2578 0,1 5,89 0,04 0,099 20

123
Referências 124

Tabela D. 3: Parâmetros do sistema de excitação da hidrelétrica.


Tr Ta Te Tb Tc Tf Efmax
Ka Ke Kf Kp
s s s s s s pu
0,005 250 0,1 1 0,65 0 0 0,048 0,95 7 0

Tabela D. 4: Parâmetros do regulador de velocidade da hidrelétrica.


Ta Td Tw
Ka Rp Kp Ki Kd β
s s s
0,07 3,33 0,05 1,163 0,105 0 0,01 0 2,67

Tabela D. 5: Parâmetros dos alimentadores do sistema de transmissão.


Ramo R (pu) X (pu) Bsh (pu)
1–2 0,0100 0,0850 0,088
1–6 0,0390 0,1700 0,179
2–3 0,0320 0,1610 0,153
2–6 0,0320 0,1610 0,153
3–4 0,0085 0,0720 0,0745
3–6 0,0320 0,1610 0,153
4–5 0,0119 0,1008 0,1045
5–6 0,0170 0,0920 0,0790

Tabela D. 6: Parâmetros dos transformadores.


Sn V1 R1 L1 V2 R2 L2 Rm Lm Tap
Descrição
MVA kV pu pu kV pu pu pu pu
Slack 500 16,5 0 0,0576 230 0 0,0576 500 500 1
Hidrelétrica 110 13,8 0 0,0576 230 0 0,0576 500 500 1
Eólica 200 0,575 0 0,0576 230 0 0,0576 500 500 1
Solar 30 18 0 0,0576 230 0 0,0576 500 500 1
Apêndice E
A P Ê N D I C E E . PROCEDIMENTOS DE REDE ONS
Os estudos de caso apresentados, foram analisados a partir dos Procedimentos de Rede
do ONS, onde vale ressaltar, dentre outros, os principais Módulos/Submódulos empregados
[12]:
• Módulo 2, Submódulo 2.8 – Gerenciamento dos indicadores de qualidade da
energia elétrica da Rede Básica.
• Módulo 3, Submódulo 3.6 – Requisitos técnicos mínimos para a conexão às
instalações de transmissão.
• Módulo 10, Submódulo 10.6 – Controle da geração.
• Módulo 23, Submódulo 23.3 – Diretrizes e critérios para estudos elétricos.
• Módulo 25, Submódulo 25.6 – Indicadores de qualidade de energia elétrica –
frequência e tensão.
Com o objetivo de elucidar o entendimento dos resultados, análises e comparações
vistos no Capítulo 6, são apresentados a seguir os requisitos técnicos utilizados para as análises.
• Operação em regime de frequência não nominal para unidades geradoras eólica
e solar (Figura E. 1).
• Operação em regime de frequência não nominal para unidades hidrelétricas
(Figura E. 2).
• Requisitos de suportabilidade a subtensões e sobretensões transitórias (Low
Voltage Ride Through, LVRT) (Figura E. 3).
• Limites para avaliação do desempenho da frequência do sistema frente a
distúrbios (Tabela E. 1).
• Classificação dos tipos de Variações de Tensão de Curta Duração (VTCD)
(Tabela E. 2).
125
Referências 126

Figura E. 1: Regime de frequência não nominal para unidades geradoras eólica e solar.

Fonte: Adaptado do submódulo 3.6 de [12].

Figura E. 2: Regime de frequência não nominal para unidades hidrelétricas.

Fonte: Adaptado do submódulo 3.6 de [12].

Figura E. 3: Curva de suportabilidade a subtensões e sobretensões transitórias LVRT.

Fonte: Adaptado do submódulo 3.6 de [12].

Tabela E. 1: Limites da frequência do sistema frente a perturbações.


Faixa de Frequência (Hz) Tempo Máximo de Exposição (s)
f > 66,0 Hz 0
63,5 Hz < f ≤ 66,0 Hz 30,0
62,0 Hz < f ≤ 63,5 Hz 150,0
60,5 Hz < f ≤ 62,0 Hz 270,0
58,5 Hz ≤ f < 59,5 Hz 390,0
57,5 Hz ≤ f < 58,5 Hz 45,0
56,5 Hz ≤ f < 57,5 Hz 15,0
f < 56,5 Hz 0
Fonte: Adaptado do submódulo 2.8 de [12].
Referências 127

Tabela E. 2: Variações de tensão de curta duração.


Tipo de VTCD Duração da VTCD Amplitude em Relação à
Tensão Nominal
Interrupção Momentânea
≤ a 3 (três) segundos < que 0,1 pu
de Tensão (IMT)
Afundamento momentâneo
≥ a um ciclo e ≤ a 3 (três) segundos ≥ a 0,1 e < que 0,9 pu
de tensão (AMT)
Elevação momentânea de
≥ a um ciclo e ≤ a 3 (três) segundos > que 1,1 pu
tensão (EMT)
Interrupção temporária de
> que 3 (três) segundos e ≤ a 1 (um) minuto < que 0,1 pu
tensão (ITT)
Afundamento temporário
> que 3 (três) segundos e ≤ a 1 (um) minuto ≥ a 0,1 e < que 0,9 pu
de tensão (ATT)
Elevação temporária de
> que 3 (três) segundos e ≤ a 1 (um) minuto < que 1,1 pu
tensão (ETT)
Fonte: Adaptado do submódulo 2.8 de [12].

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