1-Dissertação_v57_calixto
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA ELÉTRICA
Santo André - SP
2020
JOSÉ CALIXTO LOPES JÚNIOR
Santo André - SP
2020
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, de
acordo com as observações levantadas pela banca no dia da defesa,
sob responsabilidade única do autor e com a anuência do orientador.
Tenho muito pra agradecer. Sobretudo a Deus que tem me guiado ao longo da vida,
colocando boas pessoas em meu caminho, situações inesperadas, oportunidades e possibilidade
de prosperar em tudo que empreendo.
Aos meus pais José Calixto Lopes e Maria Rosete de Morais por todo o apoio, pelo
amor incondicional, por acreditar em mim e me lançar para o mundo. Pai, obrigado pelos
ensinamentos, por me ensinar a encarar a vida como homem: com honra, caráter, com sorriso
no rosto e esperança. Mãe, obrigado pelas orações, por ser tão carinhosa, forte e corajosa e me
ensinar que os desafios da vida são vencidos dia após dia.
À minha linda esposa Jordane Cortes Rosa, que me mantém firme acreditando nos meus
sonhos, que cuida de mim, da nossa família e que compreende a minha missão. Ela, que comigo
vive, luta, chora, sorri, perde e ganha, faça sol ou chuva, haja alegria ou tristeza, saúde ou
doença. Não teria sido possível sem você. Eu te amo.
Aos meus filhos Luisa, Tobias, Nicolas e Sara, meu maior tesouro. Obrigado porque me
ensinam e ajudam todo dia, me favorecem lembrar da criança que existe dentro de mim e que
não pode morrer, me dão mais um motivo pra prosseguir, são o meu porquê.
Ao professor Thales Sousa, primeiramente pela confiança em meu trabalho e por ter me
acolhido e encaminhado nesta instituição. Obrigado pela orientação, a paciência, o apoio e
suporte em todos os momentos e os ensinamentos acadêmicos e de vida.
A todos os colegas de trabalho porque ninguém faz nada sozinho. Obrigado pela ajuda
pois construíram esta obra comigo, especialmente ao Daniel Orlando Garzon Medina,
companheiro e amigo de todas as horas.
Aos amigos que a vida me deu de presente e que compartilham comigo todos os
momentos. Os nomes são muitos, não posso citar, mas a quem se dirige este parágrafo, saberão
reconhecer.
À Universidade Federal do ABC e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro.
E a todos os que não foram citados explicitamente, mas que passaram por mim algum
dia, e contribuíram de forma direta ou indireta na trajetória percorrida no mestrado.
“Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo. Quem acredita
sempre alcança”
(Renato Russo)
RESUMO
As fontes de energia renováveis têm alcançado níveis cada vez mais altos de
penetração no sistema elétrico, destacando-se a eólica e a solar fotovoltaica.
Diversas são suas vantagens, porém, sua característica estocástica impõe grandes
incertezas relacionadas a operação, estabilidade e confiabilidade do sistema.
Quando inseridas em grande proporção, essas fontes alteram o padrão de
comportamento da rede tanto em regime permanente, quanto na ocasião de
perturbações. Assim, à medida que cresce o nível de penetração dessas fontes,
novos esforços tornam-se necessários para manter o sistema operando dentro dos
limites normatizados. Frente a muitas alternativas propostas para favorecer o
crescimento ordenado das fontes intermitentes em questão, o sistema de
armazenamento de energia tem grande importância na atualidade pois, atua
mitigando muitos de seus impactos adversos e contribui na estabilização do sistema.
Neste contexto, o presente trabalho objetivou realizar um estudo de estabilidade por
meio da análise de transitórios eletromecânicos em um sistema de transmissão com
presença de geração eólica e solar. Foi projetado e implementado um
armazenamento de energia com baterias acoplado à usina solar como alternativa
para atenuar impactos ocasionados pelas variações de potência. O estudo foi
desenvolvido a partir de modelagem computacional considerando simulações no
domínio do tempo com o software Matlab® & Simulink® onde estudos de caso
variados possibilitaram replicar diferentes condições operativas do sistema elétrico
e investigar seu comportamento tanto em operação normal quanto em situações de
distúrbios. Os resultados permitiram avaliar a robustez e capacidade de estabilidade
da rede elétrica e também a atuação do sistema de armazenamento no
amortecimento de impactos da geração renovável na rede de transmissão.
Figura E. 1: Regime de frequência não nominal para unidades geradoras eólica e solar. ..... 126
Figura E. 2: Regime de frequência não nominal para unidades hidrelétricas. ....................... 126
Figura E. 3: Curva de suportabilidade a subtensões e sobretensões transitórias LVRT. ....... 126
LISTA DE TABELAS
23
Capítulo 1. Introdução 24
precisam ser considerados e estudados previamente por meio de análises e simulações para que
seja verificado o atendimento às normativas que regem a operação do sistema elétrico.
Diante de tantos desafios, tem sido grande de interesse da comunidade acadêmica em
desenvolver estratégias de controle e novas tecnologias capazes de trazer melhores condições
de adequação da energia dos ventos e do sol aos requisitos dos reguladores da energia elétrica
em escala de utilidade. Uma alternativa de grande importância e que está em fase de grande
crescimento é a utilização de Sistemas de Armazenamento de Energia (ESS), sobretudo, a partir
do emprego de baterias (BESS, do acrônimo em inglês). Essa tem sido uma solução amplamente
aplicada às fontes renováveis, contribuindo na suavização da potência entregue à rede,
melhorando a qualidade da energia, promovendo balanceamento e estabilização do sistema,
melhorando a redução da dispersão entre a previsão e oferta efetiva de energia e oferecendo
serviços ancilares [13].
considerando o uso do BESS como alternativa para atenuar impactos relacionados à flutuações
de potência.
30
Capítulo 2. Estado da Arte 31
a fim de propor inovações e discutir oportunidades. Por isso diversos estudos têm abordado o
comportamento transitório do SEP e os problemas a serem enfrentados mediante sua integração.
O desenvolvimento de estudos relacionados às fontes renováveis vem sendo
amplamente explorados na literatura há décadas. Geradores eólicos, já eram empregados em
aplicações conectadas à rede elétrica em meados do século XX embora sua capacidade instalada
naquela época fosse inferior a 2 GW [18]. Em relação à geração FV, até 1997 a grande maioria
das aplicações eram para sistemas isolados (desconectados da rede) e ainda assim de baixa
proporção [3].
Muitos autores estiveram concentrados em questões relativas à modelagem dos recursos
energéticos em questão. De fato, para questões de estudos elétricos é essencial compreender o
comportamento dos elementos previamente, antes de estudos de campo. As referências [4],
[19], [20], [21], [22], [23], [24], [25] e [26], deixaram contribuições relativas as modelagens
do Gerador de Indução Duplamente Alimentado (DFIG, do acrônimo em inglês), o mais
explorado no mundo atualmente. Já em relação à geração solar, [3], [9], [22], [27], [28], [29],
[30], [31], [32], [33], [34], [35] e [36], abordam tanto o estudo da célula FV, quanto dos
módulos solares, bem como o sistema de conversão de energia solar conectados à rede,
conversores CC/CC, modelagem e controle de inversores e técnicas de Seguimento do Ponto
de Máxima Potência (MPPT, do acrônimo em inglês).
A intermitência da geração eólica e solar é um fator limitante para altos níveis de
penetração na rede. Essa característica culmina em flutuações da potência que podem impactar
negativamente a tensão e frequência da rede elétrica. Vários estudos exploraram essa questão
como mostram as referências [37], [38], [39], [40], [41], [42], [43], [44], [45], [46] e [47]. Em
altos níveis, a produção infrequente de potência exige que os operadores dediquem grande parte
de sua reserva de geração disponível para suportar essa variabilidade. Os estudos mostram que
a produção eólica e FV é flutuante e uma interrupção de geração total ou parcial ou em massa
de uma grande parte de unidades geradoras representa um problema desafiador.
Tal como relatado em [48], a alta penetração de renováveis nos sistemas de transmissão
pode afetar o estado de regime permanente e suas interações dinâmicas. É de suma importância
entender que, os impactos associados a grandes unidades geradoras renováveis são diferentes
no nível de transmissão, onde a rede é mais forte, e distribuição onde é mais fraca. Por exemplo,
mudanças repentinas na geração FV motivadas por passagens de nuvens ou sombreamentos são
um grande vilão no sistema de distribuição. Em contrapartida, em uma usina FV no nível de
transmissão o mesmo fenômeno é mais suave, embora também deva ser avaliado [48].
Capítulo 2. Estado da Arte 33
Questões técnicas relacionadas à integração das fontes em questão à rede elétrica são
frequentemente abordadas na literatura. Estudos relacionados a harmônicos podem ser
encontrados em trabalhos como [49], [50] e [51]. Neste sentido, frequentemente a Distorção
Harmônica Total (THD, do acrônimo em inglês) excedem os limites normatizados, sobretudo
quando se aumenta a penetração, levando à sobrecarga e aquecimento do transformador. Isso
se deve ao aumento de conversores eletrônicos de potência empregados para sua integração à
rede que trazem impactos diretos neste indicador.
Flutuações de frequência e de tensão é outro quesito de suma importância, uma vez que
os procedimentos de rede estabelecem critérios bastante rígidos quanto á manutenção dessas
grandezas na rede. Em [52], [53], [54], [39], [42], [44], [51], [55], [56], [57], [58] e [59] foram
relatados estudos correlacionando a tensão. É observado que, a presença de geração renovável
não é sempre fator que determina impactos adversos. Estudos mostram que, a depender das
características da rede, do ponto de acoplamento, do tamanho da usina, entre outros aspectos,
podem ocorrer melhorias no perfil de tensão. Por óbvio é notado que, ao serem aumentados os
níveis de penetração, grandes quedas de tensão podem ocorrer em alguns nós do sistema quando
houveram perdas de grandes quantidades de geração. Em relação a variações de frequência, os
trabalhos [39], [58], [59], [60] e [61] mostram que, como também acontece com a tensão,
variação de grandes aglomerados de potência podem impactar na estabilidade transitória da
frequência. Também se relata que, em caso de distúrbios, uma vez que a presença de fontes
renováveis altera os níveis de curto circuito do sistema, o comportamento do mesmo pode ser
alterado e, portanto, precisa ser estudado.
As perdas técnicas de um determinado sistema podem ser aumentadas ou diminuídas,
também como visto antes, a depender das características do sistema associado ao ponto de
acoplamento e ao percentual de penetração de renováveis. Em [54], por exemplo, os resultados
mostraram que a penetração de geração FV melhorou a condição do alimentador, reduzindo as
perdas. Com mais detalhes, no trabalho proposto por Mendéz et al. [62], foi mostrado que as
perdas começam a diminuir com baixos níveis de penetração enquanto, após um determinado
valor, começam a aumentar se houverem níveis mais altos de penetração. Portanto, a inserção
de renováveis ao longo do alimentador também afeta as variações de perdas de energia. Quanto
mais dispersas as unidades de geração, maior o impacto sobre as perdas. As turbinas eólicas
têm um impacto menos positivo nas perdas do que outras tecnologias, como por exemplo,
unidades fotovoltaicas [62].
Capítulo 2. Estado da Arte 34
estabilidade transitória piorou quando foi considerado aumento da penetração de FV, sobretudo
em decorrência de falhas em pontos críticos do sistema. Houve melhoria na estabilidade quando
o distúrbio ocorreu em pontos menos vulneráveis do sistema. Foi concluído que existem
influência da geração FV na estabilidade transitória, motivada pela relação entre a proximidade
da perturbação com a unidade de geração.
A estabilidade da tensão é de suma importância em qualquer sistema de energia. Refere-
se à capacidade do mesmo de manter as tensões de regime permanente, em todos os barramentos
do, mesmo após a ocorrência de uma perturbação [63]. Dentre outros fatores, o principal fator
de instabilidade é o desequilíbrio da potência reativa do sistema, estando relacionado às
interações entre demanda e oferta [14]. A ocorrência de um colapso da tensão é um problema
dinâmico que muitas vezes é agravado quando existe relação com o ângulo do rotor [66], [68],
[69]. Há relatos de que níveis graves de instabilidade da tensão ou nível bem abaixo da nominal
podem ocasionar apagões em grande parte do sistema [14], [63], [66]. Dentre muitos fatores,
um colapso do sistema motivado por instabilidade de tensão pode estar relacionado a:
sobrecarga das linhas de transmissão, problemas de coordenação entre sistemas de controle e
proteção, grandes penetrações de fontes renováveis, entre muitos outros [14].
Como pode ser observado, realizar análises prévias podem contribuir para o melhor
entendimento do comportamento do sistema em relação à estabilidade da tensão. Estudos neste
eixo buscam preencher esta lacuna. O estudo apresentado por [52] objetivou compreender os
efeitos que impactam na queda de tensão quando há conexão direta de geradores de indução
que operam à margem da velocidade síncrona de sistemas com baixa contribuição de energia
hidrelétrica. Trabalhos como [55] e [41] mostram que níveis altos de penetração podem
impactar neste quesito. A estabilidade da tensão pode ser um problema localizado ou um
problema mais amplo ao nível das proximidades do ponto de conexão, independentemente do
nível de penetração [61].
O monitoramento do comportamento da frequência igualmente é de suma importância
no sistema elétrico. A estabilidade da frequência é classificada como a habilidade do SEP em
manter a frequência estável sobretudo após uma grande perturbação e em casos de desequilíbrio
considerável entre geração e carga [63]. Em condições normais, a frequência varia
constantemente, porém dentro de uma faixa limitada permitida. A frequência dos geradores
bem como de todas as barras devem permanecer no seu valor nominal onde, na ocorrência de
distúrbio e havendo variações para além dos limites permitidos, é ideal que se estabilize no seu
valor nominal ou próximo dele [64]. A estabilidade da frequência é dependente da capacidade
do sistema em restaurar o balanço entre geração e carga o mais brevemente possível.
Capítulo 2. Estado da Arte 37
Algumas previsões apontam que a geração renovável do futuro poderá ser equivalente
à geração tradicional promovida pelos grandes geradores onde muitos trabalhos abordam,
inclusive, a expansão rumo a 100 % de energias renováveis [83]. Por isso, muitos países já
estabelecem que, para conexão de geradores renováveis no sistema, os mesmos precisam operar
dentro de determinadas faixas, ainda que críticas, em relação à tensão e frequência e até mesmo,
a depender da potência nominal, contribuírem na regulação dessas grandezas em caso de
perturbações.
Visando ampliar a fração de energia renovável, principalmente de fontes intermitentes,
como solar e eólica, é imprescindível que a regulamentação seja bem elaborada, acompanhando
a evolução da tecnologia, promovendo a modernização do gerenciamento e operação da rede
[84]. Os requisitos de conexão para fontes estocásticas têm evoluído constantemente,
impulsionando a absorção de tecnologias avançadas disponíveis no mercado. Avaliar o
aprendizado de países já amadurecidos nestas práticas pode ajudar na elaboração de
procedimentos de rede coesos, de grandes funcionalidades e eficiência. Por óbvio os preceitos
adotados não são globais, ou seja, apropriados simultaneamente para todos os países. As
regulamentações precisam apurar as condições regionais, visando atender à peculiaridade do
sistema de energia local. Assim, questões como o fluxo entre geração e demanda, tamanho do
sistema, interconexões, a composição da matriz de energia, entre outros devem ser
considerados.
Muitos relatórios, artigos e trabalhos de revisão da literatura apontam práticas adotadas
em países por todo mundo, sobretudo onde já se alcançou níveis de desenvolvimento apreciável
como Alemanha e Estados Unidos [10], [11], [48], [84], [85], [86], [87]. Basicamente, as
premissas técnicas estabelecem requisitos relacionados à estabilidade de tensão, estabilidade de
frequência, suportabilidade a subtensões e sobretensões transitórias (Low Voltage Ride
Through, LVRT), qualidade de energia, regulação da injeção de potência ativa e reativa.
No Brasil, os requisitos técnicos mínimos para acessos de unidades geradoras ao sistema
de transmissão são regida pela norma vigente encontrada no Módulo 3, Submódulo 3.6,
“Requisitos técnicos mínimos para a conexão às instalações de transmissão” dos
Procedimentos de Rede do ONS [12]. Neste documento são estabelecidas as normas para a
conexão às instalações sob responsabilidade de empresas de transmissão e os que se aplicam
Capítulo 2. Estado da Arte 39
O ESS vem sendo cada vez mais usados para ajudar a integrar a energia solar e eólica
na rede. É ampla a gama de serviços que tais sistemas são capazes fornecer pois possuem a
capacidade de absorver e fornecer energia ativa e reativa com tempos de resposta na ordem de
milissegundos. Com todas essas vantagens o ESS pode contribuir para mitigar problemas com
a variação da potência, frequência e tensão. Ainda mais além, salvo as aplicações técnicas
focadas na estabilidade do sistema, o ESS também pode ser integrado aos grandes mercados de
energia para, por exemplo, deslocar a energia produzida e subutilizada para um momento mais
apropriado, como de pico de demanda e ainda para promover a redução do desvio entre previsão
e oferta [13]. A gama de serviços ancilares é diversa, o que tem atraído a atenção dos
distribuidores, transmissores e empreendedores do setor por benefícios relacionados à
adequação regulamentar, ou seja, suporte extra para que sejam cumpridas as rigorosas normas
dos reguladores [88].
Já foram investigados variados tipos de tecnologias de armazenamento de energia, desde
os já consolidados e em fase de comercialização até alguns ainda em estágio inicial de pesquisa
e desenvolvimento: abundantes tecnologias de baterias eletroquímicas, sistemas de
armazenamento hidráulico, votantes de inércia, ar comprimido, super capacitores, energia super
magnética, energia térmica, entre outros [13], [89].
Um dos problemas que o ESS é capaz de resolver é a variação da potência gerada por
fontes intermitentes, sendo empregado para esta finalidade em muitos lugares do mundo,
inclusive no Brasil. Em [90] foi proposto um estudo comparativo de 2 estratégias de controle
de uso de ESS aplicados na geração eólica. Foram comparadas 2 abordagens de conexão do
armazenamento já utilizadas na ocasião: a estrutura agregada, que é conectada em um ponto
comum e então serve para todo o parque eólico e a estrutura distribuída, onde cada gerador
possui a sua unidade independente. O estudo [91] investigou o emprego de um parque eólico
integrado a um ESS por meio de energia magnética supercondutora. O sistema proposto
permitiu que a potência de saída do parque eólico fosse estabilizada sem as interferências das
Capítulo 2. Estado da Arte 40
variações do vento e respeitando a demanda de potência requerida pela carga. Foi possível
também compensar a inércia das pás, de modo que a velocidade da turbina eólica pudesse ser
controlada de forma mais ágil a partir de cada velocidade do vento. Em [43] foi proposto um
ESS com baterias de íons de lítio com a finalidade de suavizar as flutuações da geração solar e
eólica. A estratégia de controle considera o estado de carga para manter os níveis de operação
das baterias dentro de suas restrições físicas. A integração do ESS foi realizada diretamente no
ponto de conexão com a concessionária através de um inversor. Estratégia similar foi também
vista em [92] e [93]. Em caso de upgrade de uma usina, a conexão do ESS diretamente do ponto
de acoplamento (via inversor) é vantajosa por não ser necessário reprojetar e/ou substituir os
inversores e transformadores já existentes nas unidades geradoras. Além do mais, a manutenção
do sistema como um todo torna-se mais conveniente havendo ganhos na flexibilidade e
segurança do sistema. Em contrapartida, os inversores precisam ser projetados para níveis mais
altos de potência, tornando-os mais dispendiosos. Há de se considerar também os custos com
novos filtros e transformadores.
Em relação à regulação de frequência, diversas técnicas são apresentadas na literatura,
para possibilitar alguma contribuição a partir da geração eólica e solar. Ocorre que muitas delas
apresentaram problemas relacionados a confiabilidade como é o caso dos controles relatados
na literatura para geradores eólicos: controle do ângulo de pitch, controle de rampa de descarga
e a inércia virtual [76], [77]. Nesse sentido, o ESS são alternativas mais eficazes e muitas vezes
imprescindíveis para amparar turbinas eólicas de velocidade variável ou geração FV
promovendo aumento na confiabilidade da regulação de frequência.
É imenso o universo de amostras de material bibliográfico quanto a regulação de
frequência associando renováveis e ESS [6], [7], [76], [77], [78], [94], [95], [89], [96], [97] e
[98]. Em geral, são consideradas atuações desde contribuição para controle inercial até controle
de regulação primária e secundária. Existem limitações diversas em detrimento do
dimensionamento do ESS para esta finalidade pois, por se tratar de uma tecnologia de alto custo,
a depender da aplicação, se o ESS precisa atuar para compensar grande blocos de potência.
Assim, o sistema pode ficar demasiadamente custoso, o que o torna inviável em comparação a
outras alternativas já consolidadas no mercado. Para superar desafios relacionados ao custo de
projeto, muitas vezes o ESS pode ser empregado para reconduzir a frequência à normalidade
apenas para uma pequena faixa de variação.
Como foi visto, um desafio técnico primordial para os operadores da rede elétrica é
manter os níveis de tensão necessários juntamente com a estabilidade requerida pelos órgãos
reguladores. É bastante usual que o operador use comutadores de carga quando é necessário
Capítulo 2. Estado da Arte 41
regular as tensões. Porém, estes são dispositivos mecânicos com tempo de resposta lento que
por vezes não resolve o problema se a flutuação da tensão for muito rápida. É comum que os
inversores possuam também a capacidade de operar com fator de potência abaixo do unitário,
o que pode favorecer o perfil de tensão da rede, mas em contrapartida não é nada interessante
para o empreendedor.
O ESS também pode contribuir na regulação da tensão estando associado às energias
renováveis atuando absorvendo ou injetando energia reativa do sistema. Em [56] foi proposta
uma estratégia de ESS visando garantir os requisitos de tensão em uma rede com alta penetração
de FV. Os resultados mostraram que a implantação do armazenamento beneficia uma possível
obrigatoriedade da redução de geração (em caso de locais onde a regulação assim o determina),
permitindo uma maior penetração de FV sendo alcançada a regulação da tensão. A integração
entre ESS e sistema FV também foi abordada em [99]. O método contribui para o problema do
aumento de tensão ocasionado pelo fluxo de energia reverso e pode ser usado para diminuir os
efeitos de eventuais variações bruscas na saída fotovoltaica. Em geral os métodos empregados,
mostram sucesso no cumprimento do objetivo com também pode ser visto em [100], [101] e
[102].
Capítulo 3
CAPÍTULO 3 - TECNOLOGIAS DE GERAÇÃO EÓLICA
E SOLAR
Neste capítulo são descritas as tecnologias eólicas e solar onde são apresentados
suas características, dispositivos empregados, topologias de integração, técnicas
de modelagem e estratégias de controle. O cenário atual de cada tecnologia em
relação à aplicação e expansão tanto Brasil e no mundo além de tendências e
projeções futuras são analisados.
42
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 43
Fonte: [18]
Ainda segundo a WWEA, 2019 apresentou taxa de crescimento de 10,1 %, após a marca
de 9,3 % em 2018. A China, o maior mercado de energia eólica da atualidade instalou, somente
em 2019, um adicional de mais de 20 GW passando a ter capacidade superior a 230 GW. Em
segundo lugar, os EUA adicionaram 9,07 GW neste mesmo período. O cenário de crescimento
se replica no futuro de forma que a tendência é que as fontes renováveis passem a alcançar
níveis cada vez mais altos de penetração, tanto na rede de transmissão quanto de distribuição,
passando a representar parte significativa da matriz energética.
No Brasil, a previsão é que a capacidade instalada salte do patamar de 15,45 GW,
correspondente a 8,95 % da capacidade de geração de eletricidade do país, para 26 GW onde
passará a corresponder por 12,33 % da capacidade em 2027 [104], [105]. Embora apareça em
oitavo lugar no gráfico apresentado na Figura 3.1 ainda há muito a ser explorado uma vez que
os níveis de vento são favoráveis na maioria das regiões, além de haver vasta área territorial,
dois requisitos imprescindíveis no crescimento deste tipo de geração.
capazes de extrair energia da melhor forma, operando da maneira mais eficiente possível
independentemente da velocidade do vento.
Com relação às tecnologias empregadas na geração eólica, o DFIG é certamente uma
das mais difundidas na atualidade. Considerando a natureza estocástica desta fonte, o controle
contido nesses aerogeradores procura operar o gerador em um ponto que permita a máxima
extração de potência para cada velocidade do vento através de técnicas de MPPT [19].
Uma vez que opera em velocidade variável, o DFIG pode obter mais energia na mesma
velocidade de vento em comparação com geradores de velocidade fixa. Outro aspecto
importante a ser notado é que o conversor de potência processa apenas cerca de 20 a 35 % da
potência nominal do gerador, o que traz vantagens do ponto de vista econômico [20], [4].
Ademais, um conversor de energia que processa uma parte da potência resulta em menos perdas
de comutação das chaves quando comparado a um conversor com capacidade total, resultando
em maior eficiência [21]. Assim, trabalhar com este tipo de gerador é uma opção eficiente,
confiável e econômica quando comparado às outras opções do mercado.
O DFIG consiste em um gerador de indução de rotor bobinado que é interligado à
turbina eólica por meio de uma caixa de engrenagens [22]. Nesta tecnologia os enrolamentos
do estator estão conectados diretamente à rede trifásica e os enrolamentos do rotor ao conversor
back-to-back. Este é composto pelo Conversor do lado do Rotor (RSC, do acrônimo em inglês)
que tem por função controlar o fluxo de potência ativa e reativa do sistema e pelo Conversor
do lado da rede (GSC, do acrônimo em inglês) o qual contribui para manter a tensão constante
no link CC. Entre os conversores encontra-se um capacitor que é frequentemente carregado e
descarregado, estabilizando a tensão. A Figura 3.2 ilustra o sistema de conversão de energia
eólica por meio do DFIG.
Fonte: Autor.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 45
Na geração eólica por meio do DFIG existe alto grau de tecnologia e controle aplicados,
onde o principal objetivo dos sistemas empregados é maximizar a produção de energia além de
proteger os componentes das turbinas [23]. Nesta topologia, o controle do sistema atua de forma
independente da rede.
A seguir será descrito todo o procedimento metodológico acerca da modelagem deste
aerogerador.
Fonte: Autor.
Para que a turbina extraia a máxima potência do vento, o ângulo de passo β deve ser 0º.
Neste exemplo, é possível notar que para β = 0, o valor de Cp e λ que permitem a operação no
ponto máximo são 0,5 e 10, respectivamente.
O gerador é uma peça importante nos sistemas de geração de energia elétrica, sendo o
encarregado de converter a energia mecânica em energia elétrica. No caso da geração eólica
por meio do DFIG, o gerador é responsável por converter a energia mecânica que é transmitida
pelo eixo da turbina em energia elétrica [22]. Retornando à Figura 3.2, observa-se que o estator
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 47
do gerador é ligado diretamente à rede e o rotor é conectado por meio do conversor Back-to-
Back.
Para a obtenção do modelo da máquina em p.u. foi utilizado o marco de referência dq,
a partir do circuito equivalente apresentado na Figura 3.4 [22].
Por fim, o torque eletromagnético gerado pelo DFIG é dado por [24]:
3𝑃
𝑇𝑒 = (𝑖 𝜓 − 𝑖𝑑𝑠 𝜓𝑞𝑠 ) (3.13)
2 𝑞𝑠 𝑑𝑠
Onde:
P: Número de par de polos.
Fonte: Autor.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 49
O controle do ângulo de passo (Pitch) β é importante para ajustar o ângulo das pás
durante as alterações constantes nas velocidades do vento. O controlador de ângulo de passo
ajusta o ângulo β reduzindo Cp , limitando a potência extraída do vento quando necessário. Este
também ajusta o ângulo de inclinação para o ideal quando a velocidade do gerador é menor que
a nominal fazendo com o que a turbina opere com maior eficiência [24].
O ângulo de inclinação é ajustado em 0∘ até que a velocidade atinja o ponto de
velocidade nominal. Além deste ponto, o ângulo de inclinação é proporcional ao desvio de
velocidade [23]. O sistema de controle é ilustrado na Figura 3.6.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 50
O eixo d, do marco de referência síncrono está alinhado com o vetor de tensão da rede
(Vds = Vg ) resultando em Vqs = 0. A potência ativa (Pg ) e reativa (Qg ) que é processada pelo
GSC é determinada pelas seguintes equações:
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 51
3
𝑃𝑔 = (𝑉𝑑𝑠 𝑖𝑑𝑠 + 𝑉𝑞𝑠 𝑖𝑞𝑠 ) = 1,5𝑉𝑑𝑠 𝑖𝑑𝑠 = 𝑉𝑐𝑐 𝑖𝑐𝑐 (3.17)
2
3 (3.18)
𝑄𝑔 = (𝑉𝑞𝑠 𝑖𝑑𝑠 − 𝑉𝑑𝑠 𝑖𝑞𝑠 ) = −1,5𝑉𝑑𝑠 𝑖𝑞𝑠
2
Onde:
Vcc : Tensão no link CC do conversor back-to-back;
icc : Corrente no link CC do conversor back-to-back.
A potência reativa pode ser ajustada de acordo com a aplicação, para operar basicamente
em três situações distintas:
Qg > 0: Fator de potência atrasado;
Qg < 0: Fator de potência antecipado;
Qg = 0: Fator de potência unitário.
A energia solar fotovoltaica (FV) é obtida através da conversão da luz direta do sol em
eletricidade. Nessa tecnologia, a obtenção da energia é realizada através de uma célula
fotovoltaica [27]. Atualmente, a tecnologia comercialmente mais empregada é o silício
policristalino (p-Si), sendo responsável por cerca de 60 % da produção anual em todo o mundo
[106]. A partir dos dados obtidos das medições mais recentes do National Renewable Energy
Laboratory (NREL), esse tipo de módulo possui eficiência em torno de 20 %, enquanto as
tecnologias com eficiência mais alta do mercado, baseadas em células multi-junção, alcançam
cerca de 40 % [107]. A preferência pelo p-Si se justifica pela sua relação custo/benefício, uma
vez que tendo fabricação menos onerosa, possui menor custo, reduzindo o preço de instalação
total.
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 53
Fonte: [1].
O Brasil, que no período possuía capacidade instalada de cerca de 2,49 GW, está
bastante abaixo dos países mais destacados nesta geração, mesmo tendo disponíveis grandes
áreas e gigantesco potencial a ser explorado. A previsão é que essa capacidade, atualmente
correspondente a 1,69 % da capacidade de geração de eletricidade do país, salte do patamar
atual para 8,64 GW passando a responder por 4 % da capacidade em 2027, o que ainda sim
representa um crescimento bastante tímido [104], [105].
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 54
Fonte: Autor.
A tensão de circuito aberto Voc é a tensão nos terminais do módulo quando não há carga
conectada nos terminais no módulo. A corrente de curto circuito Isc corresponde a máxima
corrente que pode ser medida no módulo quando não há tensão em seus terminais. O ponto de
máxima potência Pmp é o ponto da curva onde ocorre a máxima transferência de potência do
módulo para a carga onde se pode também perceber a corrente de máxima potência Imp e a
tensão de máxima potência Vmp , resultando na potência máxima Pmax [3].
As equações (3.23), (3.24), e (3.25) definem a variação de Voc , Isc e Pmax em função da
temperatura [30]:
Capítulo 3. Tecnologias de Geração Eólica e Solar 57
A potência máxima obtida no ponto de máxima (Vmp , Imp ) potência pode ser obtida
através de [28]:
𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝑉𝑚𝑝 𝐼𝑚𝑝 (3.26)
Nos módulos fotovoltaicos, as variações climáticas atingem as células FV afetando seus
parâmetros elétricos de forma adversa. O aumento da temperatura resulta em diminuição Voc e
a um ligeiro aumento de Isc culminando em redução no ponto de máxima potência. Esse
aumento de temperatura afeta principalmente a tensão de saída Vpv . Já a diminuição da
irradiância faz com que a corrente Ipv diminua, também resultando em redução do ponto de
máxima potência Pmp.
curva I − V [∆I/∆V]) é usada como referência para o laço de decisões do algoritmo sendo
comparada com condutância instantânea (I/V). A Figura 3.13 ilustra o fluxo deste algoritmo.
No modelo utilizado no presente trabalho, a topologia aplicada para esta finalidade foi
o conversor Boost [34], [35], [36]. Na estratégia de controle deste conversor, a saída de potência
do gerador FV é comparada com a referência do ponto de máxima potência e em seguida
alimenta um controlador PI (Proporcional Integral) que por sua vez gera o ciclo de trabalho e o
chaveamento para o conversor. A Figura 3.14 ilustra o esquema de controle empregado neste
conversor.
Fonte: Autor.
O Ângulo da rede elétrica é obtido pelo PLL de forma a permitir a orientação da tensão.
Com este ângulo é também possível realizar a transformação das componentes do marco de
referência estacionário para o síncrono. A Figura 3.15 ilustra o controle empregado no inversor.
Fonte: Autor.
Capítulo 4
CAPÍTULO 4 - SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE
ENERGIA
Neste capítulo é realizada ampla discussão relacionando o sistema de
armazenamento de energia e sua integração com a geração renovável e a rede
elétrica. É apresentada a situação atual da tecnologia em relação à aplicação no
Brasil e no mundo. A etapa de projeto de um sistema de armazenamento de energia
com baterias de lítio para a usina solar é explanada aqui com detalhes.
4.1 Introdução
61
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 62
desempenho e grande escala, a eletricidade pode se tornar uma commodity, trazendo mudanças
nas premissas conhecidas sobre a geração, transmissão e distribuição de energia. É uma ideia
passível de análise uma vez que a reflexão sobre o futuro dos sistemas de energia tem sido
analisada pela comunidade acadêmica de forma enfática, não apenas sobre a conexão de ESS,
mas de toda a tecnologia disponível na humanidade.
Os ESS aplicados ao SEP são caracterizados por converter a energia elétrica em outra
forma de energia (mecânica, eletroquímico, tecnologias térmicas e químicas) com o objetivo
de utiliza-la em outro período de tempo, de forma a promover reserva de capacidade de curto
ou longo prazo [97], [108]. A implementação de um ESS pode oferecer um conjunto de serviços
adicionais [109], [13], [9], [110], tais como:
• Melhoria da qualidade e eficiência energética do sistema como um todo;
• Deslocamento de energia para um momento de pico de demanda;
• Economia, pois evita superdimensionamento de complexos de geração;
• Equilíbrio e estabilização do sistema;
• Regulação de frequência;
• Regulação de tensão;
• Serviços ancilares para cumprimento das regulamentações do setor e requisitos
operacionais;
• Redução do desvio entre previsão e oferta.
O ESS tem se tornado cada vez mais atraente, desempenhando um papel importante na
integração das fontes renováveis, (principalmente solar e eólica) no nível de geração,
transmissão e distribuição, uma vez que são capazes de atuar suavizando a produção de energia,
melhorando sua versatilidade e permitindo fornecer energia estável com possibilidade de
despacho.
Os ESS encontram-se em momento de pleno desenvolvimento em todo o mundo,
estando disponíveis no mercado opções de ativos de armazenamento com tecnologias variadas,
além de outras em fase de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Segundo dados da International
Energy Agency (IEA), a implantação de ESS alcançou 3,1 GW em 2018, sendo um novo recorde
de crescimento. Os países líderes nesse tipo de aplicação são mostrados na Figura 4.1 [111].
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 63
Fonte: [111].
Fonte: [111].
1
A capacidade instalada ilustrada desconsidera o Armazenamento Hidráulico Bombeado (PHS, do
acrônimo em inglês) no Brasil conhecido como usina reversível e considera tanto o armazenamento em escala de
utilidade como também logo atrás do medidor ao nível do cliente. Esta é, na atualidade a modalidade de
armazenamento com maior capacidade instalada em todo o mundo, que continua em crescimento. Em 2018 atingiu
160 GW [130] e, segundo os dados atuais do Office of Electricity Delivery & Energy Reliability do Departamento
de Energia do governo dos Estados Unidos em parceria com Sandia National Laboratories, já ultrapassa a marca
de 180 GW em 2019 [131].
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 64
Via de regra a energia elétrica não pode ser armazenada de forma direta. Através de um
capacitor, pode-se armazenar energia eletrostática e de bobinas supercondutoras, energia
magnética, mas com capacidades limitadas, o que não atende às necessidades do setor elétrico
[13]. Desta forma, para fins de armazenamento de energia em nível de utilidade, a eletricidade
precisa ser transformada em outra forma de energia como energia potencial, eletroquímica ou
cinética, por exemplo.
Entre as principais tecnologias já empregadas na atualidade, destaca-se [13], [89]:
baterias eletroquímicas disponíveis em vários tipos; bombeamento hidráulico e armazenamento
gravitacional (que são utilizados em larga escala em redes elétricas); armazenamento por meio
do uso de ar comprimido; volantes de inércia; bobinas magnéticas supercondutoras; e
armazenamento com supercapacitores.
Ocorre que, considerando os procedimentos de rede, um ESS precisa obedecer critérios
especiais como potência máxima, taxas de descarga de carga, tempo de resposta, capacidade,
eficiência e perdas e outros [108], [13]. Além disso, em larga escala, o ESS precisa ajudar a
atender a demanda em caso de pico de consumo, melhorar a estabilidade da rede e ainda ser
capaz de entregar grandes quantidades de energia, com qualidade e num curto período de tempo
de forma sustentada.
Embora sejam diversas as tecnologias utilizadas no SEP de potência, o BESS tem se
apresentado como o mais promissor dentre eles, uma vez que atende a muitos dos critérios
analisados anteriormente, sendo a tecnologia selecionada para na fase de testes deste trabalho.
As tecnologias de baterias com maior aplicação na atualidade (considerando os dados
da Figura 4.2) são: Íons de Lítio (Li-íon), Chumbo Ácido (Pb-A), Baterias de Fluxo e de Sódio-
Enxofre (Na-S). Diante das diversas vantagens apresentadas a bateria de Íons de Lítio foi a
Capítulo 4. Sistema de Armazenamento de Energia 65
As baterias de íons de lítio (Li-íon) funcionam através do movimento dos íons (Li+)
entre os eletrodos positivo e negativo. Durante o processo de carregamento, os íons se
desentrelaçam do eletrodo positivo e então se reposicionam no eletrodo negativo por meio do
eletrólito; nesse estado, o eletrodo negativo está em um estado de enriquecimento de lítio.
Durante o processo de descarregada, os íons se movem na direção oposta [113].
Trata-se da tecnologia com maior aplicação na atualidade conforme pode ser percebido
na Figura 4.2. Essa preferência é evidente no setor de energia, mas também é a mais difundida
nas aplicações de veículos elétricos [97], [108]. O que a coloca em posição de destaque são
algumas vantagens, tais como: possuem células seladas que não exigem manutenção, amplo
ciclo de vida, grande faixa de temperatura de operação, carregamento rápido, alta eficiência
tanto no modo de carga como descarga, alta densidade de energia, flexibilidade na aplicação de
projetos e tempo de resposta extremamente rápido (em milissegundos) [13], [97] , [89], [108].
Embora o custo dessa tecnologia tenha diminuído ao longo dos anos, ainda possui alto
custo inicial de capital, o que tem limitado sua aplicação para utilidade de energia. Outros
pontos negativos observados por [108] é que para aplicações onde há aleatoriedade nos
processos de carga e descarga, a vida útil é insuficiente, o que também restringe a sua aplicação.
Quando estão sobrecarregadas, em curto-circuito interno ou em condição de uso severo é
relatado aumento de temperatura, o que pode significar riscos de segurança [13].
Neste trabalho optou-se pelo modelo apresentado por Tremblay et al. [114], por ser
capaz de representar com precisão as curvas características de baterias eletroquímicas quando
comparadas com o datasheet do fabricante [24], [31], [115], [114]. Segundo os testes
considerados, a precisão para a bateria de lítio correspondeu à margem de erro de ±3 %.
O modelo matemático da bateria Li-íon é representado por equações distintas para carga
e descarga. Desta forma, em (4.1) e (4.2) estão contidos os modos de carga e descarga,
respectivamente [116].
𝑄 𝑄
𝑉𝑏𝑎𝑡 = 𝑉0 − 𝐾 𝑖∗ − 𝐾 𝑖𝑡 + 𝐴 𝑒𝑥𝑝(−𝐵𝑖𝑡) (4.1)
𝑖𝑡 + 0,1 ⋅ 𝑄 𝑄 − 𝑖𝑡
𝑄 𝑄 (4.2)
𝑉𝑏𝑎𝑡 = 𝑉0 − 𝐾 𝑖∗ − 𝐾 𝑖𝑡 + 𝐴 𝑒𝑥𝑝(−𝐵𝑖𝑡)
𝑄 − 𝑖𝑡 𝑄 − 𝑖𝑡
Onde
𝑉𝑏𝑎𝑡 : Tensão na bateria [V]
𝑉0: Constante de tensão [V]
𝑣: Constante de polarização [V]
𝑄: Capacidade da bateria [Ah]
i𝑡: Capacidade extraída [Ah]
𝑖 ∗ : Corrente de referência filtrada [A]
𝐴: Zona exponencial de tensão [V]
𝐵: Capacidade exponencial [Ah-1]
Para o acoplamento do BESS com a usina FV foi considerado o conversor CC/CC Buck-
Boost bidirecional. A representação da usina solar FV equipada com o BESS pode ser vista na
Figura 4.3.
Fonte: Autor.
corrente e energia fluam da bateria para o link CC e vice-versa, garantindo a inversão do fluxo
de energia entre os dois sistemas conforme necessário [31], [117]. A revisão da literatura
realizada previamente, apontou variadas topologias derivadas da combinação dos conversores
buck e boost, porém optou-se pelo modelo apresentado na Figura 4.4, tal como foi proposto por
também por [118], [31] e [24].
Fonte: Autor.
(c) (d)
Fonte: Autor.
acima da referência estabelecida, o conversor opera em modo buck (carregando a bateria) [120].
Do contrário, para potência abaixo da referência, o conversor opera no modo boost,
descarregando a bateria, portanto complementando a energia para manter o nível de potência
na referência. Assim, a estratégia adotada está ilustrada na Figura 4.6.
Fonte: Autor.
71
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 72
5.1.2 Transformadores
5.1.3 Cargas
As cargas foram representadas na rede por modelos dinâmicos trifásicos que expressam
a potência ativa e reativa consumida no tempo variante em função da magnitude da tensão de
sequência positiva dos barramentos, sendo as correntes de carga balanceadas mesmo sob
condições de desequilíbrio da tensão [63], [124].
De acordo com as referências utilizadas, a potência ativa (Pc ) e reativa (Qc ) são
consideradas separadamente e a dependência da tensão das cargas pode ser observada pelas
equações exponenciais:
𝑉𝑐 𝑛𝑝
𝑃𝑐 = 𝑃0 ( ) (5.1)
𝑉0
𝑉𝑐 𝑛𝑞 (5.2)
𝑄𝑐 = 𝑄0 ( )
𝑉0
Onde:
Pc : Potência ativa consumida pela carga [pu];
Qc : Potência reativa consumida pela carga [pu];
P0: Potência ativa nominal da carga [pu];
Q0 : Potência reativa nominal carga [pu];
Vc : Tensão nos terminais da carga [pu];
V0 : Tensão nominal da carga [pu];
n𝑝 : Expoente relativo ao componente de potência ativa da carga2 [-];
n𝑞 : Expoente relativo ao componente de potência reativa da carga [-];
2
Os expoentes de potência ativa e reativa utilizados neste projeto, foram parametrizados conforme
recomendações da referência [63]. Desta forma, os expoentes relativos à componente de potência ativa foram
considerados como tendo característica de corrente constante, portanto n𝑝 = 1. Já os expoentes relativos à
componente de potência reativa foram considerados como detentores de característica de impedância constante,
portanto n𝑞 = 2.
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 74
Fonte: Autor.
Como visto na Figura 5.3, a máquina primária acoplada ao eixo do gerador síncrono
considerada no estudo foi uma turbina hidrelétrica, tendo sido empregado um bloco disponível
na biblioteca Simscape Power Systems do software Matlab® & Simulink®, chamado “Hydraulic
Turbine and Governor” que implementa um modelo de turbina hidráulica não linear completo
contendo, além do modelo da turbina propriamente dito, um sistema regulador de velocidade
PID e servomotor (responsável por atuar na abertura e fechamento das comportas). O modelo
Capítulo 5. Modelagem do Sistema Elétrico 76
estabelecida pelos limitadores de sobre e subexitação (Vide Figura 5.3). Maiores detalhamentos
sobre o sistema de excitação, seu princípio de funcionamento e teoria de controle pode ser
encontrado em [15] e [126].
A rede de testes foi obtida através da adaptação de dois sistemas abordados na literatura
[127], [66]. A referência [127] aborda um sistema de ensaios e estudos enquanto [66] descreve
uma popular rede de testes a Western System Coordinating Council (WSCC), abundantemente
abordada na literatura [66], [67], [68], [69]. Embora seja um modelo relativamente pequeno se
comparado a outros sistemas também utilizados, permitiu aplicar todos os conceitos necessários
no presente estudo [69].
O sistema é ilustrado na Figura 5.5 e representa uma rede de transmissão que opera em
alta tensão (230 kV), Rede Básica. A rede é composta por 6 barras, 8 ramos, 3 geradores, sendo
a barra 1 a de referência (slack). Adaptações dos modelos originais foram realizadas para
viabilizar os estudos propostos neste trabalho, ressaltando-se o acréscimo do parque eólico (165
MW), da usina solar FV (20 MW) e hidrelétrica (100 MW).
Fonte: Autor.
Capítulo 6
CAPÍTULO 6 - TESTES E RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os estudos de caso considerados, por meio dos
quais foram apurados os resultados e realizadas as análises. Cenários diferentes
são acordados, analisando o sistema sob diferentes situações, tanto em regime
permanente quanto diante de perturbações. As análises foram conduzidas à luz dos
procedimentos de rede do ONS, vigentes no Brasil.
6.1 Introdução
Para a realização dos testes, foram propostas simulações no domínio do tempo que
permitem estudos de análises estabilidade transitório. Os modelos apresentados anteriormente
foram interconectados ao sistema transmissão de testes descrito na Seção 5.2. Todos parâmetros
empregados no parque eólico, usina solar, BESS e sistema de testes podem ser obtidos nos
Apêndices. Todos os modelos considerados atenderam aos critérios de estudos dessa
modalidade definidos pelo Submódulo 23.3 “Diretrizes e Critérios Para Estudos Elétricos”
dos Procedimentos de Rede estabelecidos pelo ONS” [12], onde buscou-se empregar, para isto,
modelos já difundidos na literatura. É importante ressaltar que não é contribuição do trabalho a
atribuição de novos modelos e teoremas de controle. Assim, objetivou-se investigar os impactos
das fontes renováveis eólica e solar no desempenho transitório do SEP e também do contrário,
os impactos do sistema nas fontes renováveis consideradas.
Os estudos de caso foram idealizados com base nas seguintes perturbações: variações
de potência na usina solar e eólica, falta trifásica e rejeição de carga (momento onde uma grande
carga sai do sistema). A escolha de tais cenários foi motivada pelo intuito de simular as
78
Capítulo 6. Testes e Resultados 79
diferentes condições operativas do SEP a fim de se obter maior aproximação com a realidade.
O modelo empregado no estudo utilizou um vetor de estado inicial (Initial State) disponível no
software Matlab® & Simulink® utilizado para iniciar o sistema já em regime permanente. Todas
as simulações realizadas obedeceram a duração de 15 segundos conforme normatizado [12] .
Torna-se importante ressaltar que a convenção de sinais foi estabelecida conforme
convencionalmente empregada em análises de SEP, conforme ilustrado na Figura 6.1 [128].
Fonte: Autor.
Para todos os testes realizados, a potência de base considerada foi igual a 100MW e a
tensão de base considerada foi igual a tensão nominal da própria barra.
Os estudos foram analisados a partir dos Procedimentos de Rede do ONS [12], sendo
os principais Módulos apresentados no Apêndice E. Em cada seção, à medida que foram
apresentados os casos, foram discutidos os procedimentos empregados. A seguir são
apresentados os estudos de caso propostos.
Nota-se que, quanto à tensão, tanto os geradores quanto as barras do sistema estão
operando dentro dos limites permitidos por norma (0,95 < V < 1,05) [12]. Os geradores
precisam ser capazes de operar nesta faixa para evitar desligamentos desnecessários em caso
de variação da tensão nominal.
Em relação à potência reativa, as barras 1, 2, 3 e 4 se apresentam consumindo reativos
e as barras 5 e 6, injetando reativos, conforme convenção de sinais estabelecida anteriormente.
A Tabela 6.1 mostra o resumo das condições de regime permanente dos geradores e barras do
sistema.
Capítulo 6. Testes e Resultados 83
3
A literatura denomina essa oscilação de frequência em regime permanente de Dead Zone ou Dead Band,
que no português se traduz Zona Morta ou Banda Morta [77].
Capítulo 6. Testes e Resultados 84
Os resultados relativos às barras do sistema são mostrados na Figura 6.16 (Barra 1),
Figura 6.17 (Barra 2), Figura 6.18 (Barra 3), Figura 6.19 (Barra 4), Figura 6.20 (Barra 5) e
Capítulo 6. Testes e Resultados 86
Figura 6.21 (Barra 6). É nítido notar que o comportamento do parque eólico impôs alterações
nas condições de operação do sistema. Na ausência de potência ativa do parque eólico, a rede
(barra Slack) age rapidamente suprindo a potência necessária para manter a alimentação das
cargas e o equilíbrio do sistema.
O evento implicou em alterações nos níveis de potência reativa do sistema, ocasionando
também leves alterações nas tensões das barras 1, 2, 3, 4 e 5, mas com um desvio médio de
apenas cerca de 0,23 %, o que não comprometeu os níveis (Limites marcados em vermelho nos
gráficos).
Para uma melhor ênfase nos resultados, todos os gráficos possuem um detalhamento
(Zoom) no período de maior importância do evento que ocorreu entre 5 e 10 segundos.
apresentado na Figura 6.23 enquanto a temperatura é mantida constante. O parque eólico operou
nas mesmas condições de regime permanente, ou seja, velocidade 15 m/s sem oscilações.
Os resultados dos geradores do sistema são apresentados na Figura 6.24, Figura 6.25 e
Figura 6.26. Este caso foi menos agressivo que o anterior, apresentando impactos apenas na
variação de potência da usinar solar. Em caso de eventos de duração mais longa, pode-se esperar
que a barra 1 (slack) também possa atuar compensando a queda de potência da usina solar.
Os resultados relativos às barras do sistema são mostrados na Figura 6.27 (Barra 1),
Figura 6.28 (Barra 2), Figura 6.29 (Barra 3), Figura 6.30 (Barra 4), Figura 6.31 (Barra 5) e
Figura 6.32 (Barra 6).
Também quanto às barras do sistema não foi observada nenhuma proporção de variação
da tensão. As variações de potência ativa são mais expressivas uma vez que, como no caso
anterior (Seção 6.3), na saída de geração do sistema, a rede compensa os níveis para manter o
balanço do sistema. Foi observado que os impactos da variação de potência na usina solar foram
menores do que as do parque eólico. Ocorre que a geração solar possui relação apenas de 6,85
% da potência do sistema, correspondendo a cerca de aproximadamente 12 % da geração eólica.
Portanto ao se comparar os casos 2 e 3 constata-se que, sendo maior a potência nominal do
gerador, ao ocorrerem variações de potência motivadas por fatores climáticos, será também
maior seu impacto na estabilidade do sistema.
Em relação à frequência, apresentada na Figura 6.33, o sistema operou dentro da
normalidade (limites marcados em vermelho nos gráficos) [12]. Esperava-se que os limites não
fossem extrapolados uma vez que a variação de potência, como explicado anteriormente, não é
de grandes proporções, tendo tal expectativa sido confirmada.
Na presente seção foi considerada uma falta trifásica simétrica, equilibrada, envolvendo
a terra nos terminais do parque eólico da barra 4. O evento foi transitório, inserido aos 3
segundos e eliminado aos 3.1 segundos (Duração de 100 milissegundos, 6 ciclos na frequência
de 60 Hz). A geração eólica e solar pré-falta mantiveram-se nos mesmos padrões da Seção 6.2,
tal como empregado em estudos de transitórios eletromecânicos e de estabilidade de SEP [129].
Primeiramente, serão analisados os resultados relativos aos geradores do sistema. No
parque eólico (Figura 6.34), na usina solar (Figura 6.35) e na hidrelétrica (Figura 6.36a),
percebe-se a ocorrência do que o ONS denomina Variações de Tensão de Curta Duração
(VTCD), conforme a Tabela E. 2, e classifica como Afundamento Momentâneo da Tensão
(AMT) [12]. Ou seja, distúrbio em que o valor da tensão se encontra em ≥ 0,1 pu e ≤ 0,9 pu
com intervalo de duração ≥ 1 ciclo e ≤ 3 s. A linha vermelha pontilhada, mostra o limite superior
(1,05) e inferior (0,95) dentre do qual a tensão precisa permanecer [12].
Neste caso, verificou-se o maior afundamento da tensão no parque eólico, como era
esperado. Todos os geradores retomaram à condição de regime em cerca de 2 segundos após o
surto. Conforme normatizado pelos procedimentos de rede, a geração eólica e solar devem
evitar o desligamento por instabilidade da tensão, ou seja, devem continuar operando dentro
dos limites estabelecidos pela curva LVRT observada na Figura E. 3. Todas as curvas de tensão
permaneceram dentro das zonas permitidas e nenhuma das centrais geradoras foi desligada.
O ângulo do gerador síncrono, ilustrado na Figura 6.36c, também oscilou, retornando à
posição original pré-falta.
Os resultados relativos às barras do sistema são mostrados na Figura 6.37, Figura 6.38,
Figura 6.39, Figura 6.40, Figura 6.41 e Figura 6.42.
Capítulo 6. Testes e Resultados 95
Assim como nos geradores, houveram impactos no sistema de forma geral. Os AMT
mais expressivos ocorreram nas barras mais próximas ao curto-circuito, sendo justificado pela
Capítulo 6. Testes e Resultados 97
Um cenário de rejeição de carga também foi abordado onde a carga contida na barra 5
parametrizada em 90 MW e 30 Mvar (Vide Figura 5.5) foi retirada do sistema temporariamente.
O chaveamento ocorreu aos 3 segundos com duração de 100 ms. A geração eólica e solar foram
mantidas constantes, nos mesmos padrões, tal como descrito inicialmente (Seção 6.2).
Capítulo 6. Testes e Resultados 98
Os resultados para as barras do sistema são: Figura 6.47 (Barra 1), Figura 6.48 (Barra
2), Figura 6.49 (Barra 3), Figura 6.50 (Barra 4), Figura 6.51 (Barra 5) e Figura 6.52 (Barra 6).
Por fim, foram realizados os testes concernentes à implantação do BESS à usina solar.
Os controles foram ajustados para entregar uma potência constante de 16 MW
independentemente das flutuações ocorridas geração FV. O BESS é composto por baterias do
tipo Li-íon sendo dimensionado para 40.000 Ah de capacidade, tensão de 1200 V. Sendo a
energia total de 48 MWh e considerando que o sistema (usina solar e BESS) injeta uma potência
constante de 16 MW, o BESS possui autonomia de 3 horas. Adicionalmente o BESS pode
prover suporte em caso de eventos de falha do sistema FV, como perda a completa da geração.
As etapas de projeto, controle e acoplamento do BESS podem ser encontradas na Seção
4.4. Os parâmetros do BESS empregados nesta simulação podem ser obtidos no Apêndice C.
Para este caso, a geração eólica manteve-se constante, ou seja, entregando a potência
nominal e não foram considerados distúrbios. As curvas empregadas na usina solar neste caso
são mostradas na Figura 6.54 onde pode-se observar que no início da simulação, até os 4
segundos há uma grande variação do nível de irradiância. A partir de então o valor é
completamente zerado até os 9 segundos. Tal situação simula o efeito de um sombreamento
total da usina, o que implica na perda completa da potência gerada. A partir de então, o calor
da irradiância retoma um comportamento de crescimento, se estabilizando em 800 W/m2 até o
fim da simulação.
Capítulo 6. Testes e Resultados 103
Os resultados para as barras dos sistemas são mostrados na Figura 6.57, Figura 6.58,
Figura 6.59, Figura 6.60, Figura 6.61, e Figura 6.62.
Para ambos os casos (Com e sem BESS), todas as barras do sistema mantiveram o seu
nível de tensão dentro das condições normais. Vale destacar o comportamento da taxa de
variação da potência ativa em todas as barras. Fica nítido perceber que o sistema de
armazenamento acoplado à usina solar, pôde atuar mitigando as flutuações de potência ativa
usina solar, sendo replicado também para todas as demais barras do sistema. O suporte adicional
de energia ativa fornecido pelo BESS contribui para melhorar os fluxos de exportação de
energia, tornando o sistema mais confiável e robusto.
Capítulo 7
CAPÍTULO 7 - CONCLUSÕES
107
Capítulo 7. Conclusões 108
De acordo com o quarto caso (Seção 6.5) foi considerada uma falta trifásica não
sustentada nos terminais do parque eólico, onde se pôde constatar comprometimento de todas
as grandezas consideradas no sistema (Potência ativa e reativa, tensão, frequência e ângulo de
carga do gerador síncrono). Tal perturbação foi significativamente mais severa do que os casos
tratados na Seção 6.3 e 6.4 porém ainda assim, sem mais danos, o sistema de estabilizou após
curto período oscilatório, mostrando que o sistema possui estabilidade transitória.
No quinto caso apresentado na Seção 6.6, foi interposto um cenário de rejeição de carga.
De forma similar ao caso anterior, pôde-se observar oscilações nas grandezas consideradas em
todas as barras, mas o sistema rapidamente retornou à normalidade com a reinserção da carga.
Finalmente, o sexto caso (Seção 6.7) abordou a aplicação do BESS na usina solar
conforme discutido no Capítulo 4, onde foram fixadas variações severas de irradiância e
temperatura para realizar testes que permitissem comprovar a eficácia do BESS frente às
variações de potência. Os resultados mostraram que com a inserção do BESS, a potência
entregue à rede permaneceu sem variações, portanto contribuindo para melhoria da estabilidade
do sistema e em consequência melhorando questões correlatas à continuidade e confiabilidade.
Os resultados encontrados foram encorajadores para as questões levantadas
inicialmente, sendo possível constatar que a penetração de fontes intermitentes no sistema de
transmissão não comprometeu os limites impostos pelos procedimentos de rede e não trouxe
riscos nocivos à estabilidade transitória. Isso mostra que pode-se alcançar níveis de penetração
relativamente altos, desde que os devidos estudos sejam realizados considerando cenários
realísticos À medida que as novas fontes estejam aderentes aos requisitos técnicos de conexão,
estará certa sua expansão no sistema, garantindo premissas não técnicas como sustentabilidade
e manutenção do meio ambiente, concernentes aos seus muitos benefícios. Com o emprego em
alta escala do BESS, não somente associados às renováveis, mas também conectados por
inversores diretamente aos barramentos de CA trifásicos, é possível não somente suavização de
potência (como foi proposto na presente dissertação), mas também o provimento de serviços
ancilares variados, assim como já tem sido realizado com dispositivos FACT’s e banco de
capacitores.
Nota-se que o setor elétrico é altamente regulado, e assim o deve ser, porém perante o
significativo e alavancado avanço tecnológico da atualidade, alguma flexibilização e agilidade
de políticas públicas para absorção de novos recursos energéticos e insumos de produtos e
serviços que viabilizem a modernização, podem trazer ganhos para todos os que figuram neste
mercado.
Capítulo 7. Conclusões 110
Carvalho C. M.; Medina, D. O. G.; Lopes Júnior, J. C.; Sousa, T. “Computer Modeling
and Simulation for Feasibility Analysis of a Hybrid on Grid Renewable Energy System Using
Homer Pro” em Energy and Sustainable Development: Brazil Facing the Global Challenges of
Energy Transition, 1ª ed., Sandro André, SP, Brasil: Universidade Federal do ABC, 2019, pp.
187-192. [Online ISBN: 978-65-5040-023-1].
Carvalho C. M.; Medina, D. O. G.; Lopes, J. C.; Sousa, T. “Computer Modeling and
Analysis of a Hybrid Renewable Energy System Grid-Connected Using Homer Pro”. Simpósio
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Apêndice A
A P Ê N D I C E A . PARÂMETROS PARQUE EÓLICO
Os principais parâmetros empregados no modelo do parque eólico são apresentados na
Tabela A. 1.
120
Apêndice B
A P Ê N D I C E B . PARÂMETROS USINA SOLAR
Os principais parâmetros empregados no modelo da usina solar são apresentados na
Tabela B. 1.
121
Apêndice C
A P Ê N D I C E C . PARÂMETROS BESS
O sistema de armazenamento compreende o elemento armazenador, neste caso as
baterias e o conversor. Os principais parâmetros empregados nesses dois sistemas são
apresentados na Tabela C. 1 e Tabela C. 2.
122
Apêndice D
A P Ê N D I C E D . PARÂMETROS REDE DE TESTES
Figura D. 1: Diagrama unifilar do sistema de transmissão de testes.
123
Referências 124
Figura E. 1: Regime de frequência não nominal para unidades geradoras eólica e solar.