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Petição Inicial. FINISA. Tópicos

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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

25/11/2024

Número: 1008202-40.2022.4.01.4000
Classe: AÇÃO POPULAR
Órgão julgador: 2ª Vara Federal Cível da SJPI
Última distribuição : 17/03/2022
Valor da causa: R$ 12.000.000,00
Assuntos: Responsabilidade Fiscal
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
EDUARDO HENRIQUE LINS CAVALCANTE (AUTOR) EDUARDO HENRIQUE LINS CAVALCANTE (ADVOGADO)
JOSE WELLINGTON BARROSO DE ARAUJO DIAS (REU) GERMANO TAVARES PEDROSA E SILVA (ADVOGADO)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (REU)
FRANCISCO ELIZOMAR NUNES GUIMARAES (REU) ROMULO DOS SANTOS LIMA (ADVOGADO)
LEONARDO GUILHERME DE ABREU VITORINO
(ADVOGADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
ESTADO DO PIAUÍ (TERCEIRO INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo Polo
Assinatura
981363648 17/03/2022 09:41 00. ACAO POPULAR. FINISA. Inicial Polo ativo
COMISSAO DE ESTRUTURACAO.
ESTADO DO PIAUI. Nº 0482405-71
Documento id 981363648 - Inicial (00. ACAO POPULAR. FINISA. COMISSAO DE ESTRUTURACAO. ESTADO DO PIAUI. Nº 0482405-71)

AO DOUTO JUÍZO DE UMA DAS VARAS FEDERAIS DA S EÇÃO JUDICIÁRIA DO


ES TADO DO PIAUÍ – JURIS DICIONADO AO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL
FEDERAL DA 1ª REGIÃO, NO ES TADO DO PIAUÍ.

“Não me considero advogado da acusação,


mas da defesa do país”.
// Evandro Cavalcante Lins e Silva,
sobre sua participação como acusador
no impeachment de Fernando Color de Mello.

EDUARDO HENRIQUE LINS CAVALCANTE, ora denominado “Eduardo


Lins”, brasileiro, solteiro, bacharelando em Direito, RG nº 3.599.762 SSP-PI,
CPF nº 062.842.433-75, com título de eleitor nº 0411 6474 1511 da Zona 001 da
Seção 0060 do Município de Teresina, com endereço para fins do inc. V do
art. 77 da Lei nº 13.105/2015 se localiza à Rua XVI, nº 996, bairro São João, CEP
nº 64.047-040, no Município de Teresina, no Estado do Piauí, representado
por meio de seu patrono in fine assinado, o qual declina seu endereço
profissional à nota de rodapé da presente, pelos fatos e fundamentos
delineados adiante, comparece respeitosamente perante Vossa
Excelência para propor a seguinte:

AÇÃO POPULAR
c/c pedido de liminar
em face de:

JOS É WELLINGTON BARROS O DE ARAÚJO DIAS, CONHECIDO COMO


“Wellington Dias”, brasileiro, casado, Governador do Estado do Piauí,
com registro de identidade nº 411.038 SSP-PI, com registro no Cadastro de

Leonardo de Araújo Andrade | Advogado | Seccional do Piauí n. 9.220 | 86 9.9471.1959


Rua Doutor Arêa Leão, 1.154, Nossa Senhora das Graças, 64.016-700, Teresina – PI
http://leoandrade9.wordpress.com | @leoandradeadv
[email protected]

Assinado eletronicamente por: LEONARDO DE ARAUJO ANDRADE - 17/03/2022 09:39:36 Num. 981363648 - Pág. 1
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Número do documento: 22031709393610800000972413353
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Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o número 182.556.633-04,


localizável ao Palácio do Karnak à Avenida Antonino Freire, 1540, no
bairro Centro, Cep.: 64.001-040, na cidade de Teresina, capital do estado
do Piauí.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, pessoa jurídica de direito privado com


registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas sob o número
00.360.305/0001-04, localizável à Rua Simplício Mendes, nº 318, bairro
Centro, CEP nº 64.000-110, no Município de Teresina, no Estado do Piauí.

FRANCIS CO ELIZOMAR NUNES GUIMARÃES , brasileiro, Estado civil


desconhecido, representante legal da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, com
registro de identidade nº 773.584 SSP-PI, com registro no Cadastro de
Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o número 320.237.583-00,
localizável Rua Lucílio de Albuquerque, nº 1.944, bairro Morada do Sol,
CEP nº 64.056-460, no Município de Teresina, no Estado do Piauí.

Nomeia-se, ademais, os seguintes interessados:

Ente Federativo Interessado: Estado do Piauí, pessoa jurídica de direito


público com registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do
Ministério da Fazenda sob o número 06.553.481/0001-49, com sua sede
localizada no Palácio do K arnak à Avenida Antonino Freire, 1540, no
bairro Centro, Cep.: 64.001-040, na cidade de Teresina, capital do estado
do Piauí, portador da linha de telefonia (86) 3221-5001 e do e-mail [#Não
Conhecido].

Custos Legis: MINIS TÉRIO PÚBLICO Federal, pessoa jurídica de direito


público registrada no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do
Ministério da Fazenda sob o número 3.636.198/0001-92, localizável à

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Avenida João XXIII, nº 1.390, bairro Noivos, CEP nº 64.045-000, no Município


de Teresina, no Estado do Piauí.

0. DAS PRELIMINARES
0.1. DA CONCES SÃO DO BENEFÍCIO
DA GRATUIDADE DA JUS TIÇA

Preliminarmente, a parte autora requer ao Douto Juízo o Benefício da


Justiça Gratuita, conforme assegurado no inc. LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal. Disciplina-se esta norma pelos arts. 98 e seguintes
da Lei nº 13.105/2015, sem detrimento do art. 9º da Lei nº 1.060/1950. Solicita,
ainda, que este pleito beneficiado incida efeito sobre possível recurso, e
demais custas processuais conforme se garantir perante a Lei.

A parte requerente declara, sob as penas da Lei, que se encontra


impossibilitada de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do
sustento próprio e de sua família. Assim, encontra-se em estado de
hipossuficiência.

Ressalte-se, ademais, a isenção de custas constitucionalmente


garantida pelo inc. LXXIII do art. 5º da Carta Magna, combinado
(inclusive) com a leitura do art. 10 da Lei nº 4.717/1965: "As partes só
pagarão custas e preparo a final".

1. DOS FATOS : ATO ADMINIS TRATIVO A S ER IMPUGNADO

Excelência, os autos tratam de cláusula a ser declarada nula, em razão


de pagamento ilegal. O objeto da presente demanda se refere ao item nº
13.4 do Contrato Nº 0482405-71 de Operação de Crédito da linha FINISA,
firmado entre a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e o seguinte ente federado
classificado como mutuário: Estado do Piauí.

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Segundo as Cláusulas Primeira e Segunda, a operação de crédito se


destinou a financiar despesas de capital do ente federado,
especificadas à instituição financeira no momento das tratativas
prévias ao fechamento do negócio. Segundo o item 13.4 da Cláusula
Décima Terceira, autorizou-se o pagamento — às expensas do mutuário
— em favor da Caixa Econômica Federal, do montante de 2% (dois por
cento) do valor total do financiamento a título de "comissão de
estruturação".

Douto Juízo, a referida cláusula não deve se sustentar, pelos motivos


que seguem. A título de resumo: ilegalidade, e desvio de finalidade.

Em primeiro lugar, trata-se de despesa ilegal nos termos do direito


financeiro. Pactuou-se o contrato, Emérito Intérprete, consoante
retromencionado, para financiar despesas de capital. Todavia, os
valores acabaram por se direcionar à quitação de despesas correntes.

O contrato constrói o pagamento do encargo ora entabulado


("comissão de estruturação") a ser quitado logo após o primeiro
desembolso. Nestes termos, os valores a serem deduzidos impactam
diretamente na parcela destinada a sustentar o planejamento de
investimento público. O efeito prático, Excelência, trata-se de haver
notória confusão entre "receitas de capital" (naturalmente a serem
empregadas em "despesas de capital") com sua utilização na quitação de
"despesas correntes".

Note-se: a cobrança da "comissão de estruturação" não se destina a


amortizar o débito principal, mas sim à quitação de um encargo
imposto para a realização do contrato. Com efeito, o pagamento ora
questionado não contribuiu diretamente nem para a formação, nem
para a aquisição de um bem de capital. Todavia, ao ser imposta tão logo
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imediatamente ao desembolso da primeira parcela em favor do ente


federado, trata-se de um desconto da "receita" (tornando-se, portanto,
"despesa") que originalmente se destinaria a quaisquer obrigações
referentes ao objeto principal (e próprio) do mútuo.

Logo, em suma: na prática, quita-se o pagamento da comissão de


estruturação, pela forma entabulada, mediante dedução dos valores
entregues na primeira parcela do empréstimo. Assim, acaba-se
financiando indiretamente um encargo da dívida (despesa "corrente")
mediante uma receita destinada originariamente para despesa "de
capital".

Em razão do discriminado no parágrafo anterior, chega-se ao segundo


tópico fático, Conspícuo Julgador, pelo qual se avalia a ocorrência de
desvio de finalidade nos autos. Ao se deduzir os valores da comissão de
estruturação concomitantemente à entrega do primeiro desembolso,
outro efeito prático se trata de impactar nas verbas de capital, quanto
ao seu montante, principalmente em seu uso imediato.

Em síntese, a cobrança de 2% (dois por cento) do valor total a título de


comissão de estruturação obriga à Administração Pública a realizar
com apenas 98% (noventa e oito por cento) da verba um planejamento
traçado com base em 100% (cem por cento) da receita requerida
mediante operação de crédito. O impacto resta evidente, pois a própria
análise realizada pela instituição financeira (frise-se: conditio sine
qua non para a concessão do mútuo) fundamentou-se na íntegra dos
valores apresentados pelo ente federado, não tendo este
demonstrado (preliminarmente à pactuação) a disponibilização de
receita em caixa para empenhar em relação ao encargo ora
questionado.

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Desta forma, em defesa ao patrimônio público, o sr. Eduardo Lins


comparece respeitosamente perante Vossa Excelência para apresentar
(então) os fundamentos jurídicos da presente demanda.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


PARA CABIMENTO DA PRES ENTE DEMANDA.
2.1. DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA
DE COMIS S ÃO DE ES TRUTURAÇÃO
NO CONTRATO DO FINIS A

Excelência, antes que se alegue pela Gestão do Ente Federativo, não se


pretende adentrar no mérito administrativo sobre a efetiva
contratação de empréstimos para a concretização dos objetivos
estabelecidos em orçamento público. Sequer se tenciona questionar à
íntegra do negócio jurídico estabelecido junto à Instituição
Financeira concedente dos valores. Trata-se tão somente de se
guerrear contra a ilegalidade da cobrança de Comissão de
Estruturação entabulada na estipulação firmada pela Administração.

Desde logo, também se ressalte: longe de se afirmar a eterna ilegalidade


da Comissão de Estruturação. Ocorre, tão somente que, no presente
caso, trata-se de encargo suportado pelo Ente Federativo fora dos
limites permitidos pelo ordenamento jurídico. Sem mais delongas,
vejamos (portanto) os motivos de tais afirmações.

Aparenta-se, a priori, claro estabelecer a natureza do mútuo destinada


a custear as chamadas "despesas de capital" por parte do ente
federativo. Como não se trata de uma demanda consumerista, podendo-
se aplicar no caso a compreensão principiológica de pacta sunt
servanda, atrai-se a vigência do inc. I do art. 374 da Lei nº 13.105/2015 para
entender o contrato firmado.

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Quanto ao objeto do contrato do FINIS A, portanto: este se encontra


delimitado de maneira bastante clara à Cláusula Primeira do negócio
jurídico. Com efeito, determina-se a "finalidade única e exclusiva de
financiar as despesas de capital". Ainda se ajusta mais com a seguinte
abstenção: "vedada a aplicação dos recursos obtidos com o presente
financiamento em despesas correntes [...] nos termos do art. 35, §1º, inciso
I, da Lei Complementar de nº 101/2000".

Importa à presente demanda diferenciar as qualidades das despesas:


"correntes", e "de capital". Para isto, recorre-se ao Glossário de Termos
Orçamentários, publicado pelo Grupo de Trabalho Permanente de
Integração da Câmara dos Deputados com o Senado Federal. Com a
devida vênia, transcreve-se adiante aos conceitos segundo os termos
praticados na República Federativa do Brasil. Assim, vejamos.

Despesas de capital, objetivadas pelo contrato do FINISA, definem-se pela


seguinte forma, com nossos destaques:

Gastos para a produção ou geração de novos bens ou serviços


que integrarão o patrimônio público, ou seja, que contribuem
diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital.
São exemplos: execução de obras e compra de instalações,
equipamentos e títulos representativos do capital de empresas ou
de entidades de qualquer natureza.

Já as despesas correntes se conceituam pelas palavras adiante, com


nossos grifos:

Gastos de manutenção e funcionamento dos serviços públicos


em geral que não contribuem, diretamente, para a formação ou

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aquisição de um bem de capital. São exemplos: vencimentos e


encargos com pessoal, juros da dívida, compra de matérias-primas
e bens de consumo, serviços de terceiros, manutenção de
equipamentos, subvenções a entidades (para gastos de custeio) e
transferência a entes públicos (para gastos de custeio).

Quanto ao objeto principal do contrato, não restam dúvidas: de fato


os valores concedidos ao mutuário visavam custeios que se integrariam
posteriormente ao patrimônio público. Todavia, consoante se
esclareceu aos fatos, a presente demanda guerreia a cobrança do
importe de 2% (dois por cento) do valor total do financiamento,
deduzidos imediatamente à liberação do primeiro desembolso.

Trata-se de estipulação entabulada à Cláusula Décima Terceira,


intitulada "Outras Tarifas, Taxas e Multas". Com efeito, a chamada
"Comissão de Estruturação" (item 13.4) corresponde a remuneração por
serviços de estruturação da operação.

Reforçando-se, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL certamente definirá que a


Comissão de Estruturação se constitui como contrapartida ao custo
operacional agregado a todos os serviços envolvidos. Justificará que
o contrato não trata de mero repasse de valores, mas sim de operação
especial estruturada, com recursos próprios da instituição financeira,
captados no mercado, como ressaltado acima. Em suma, repisa-se: trata-
se de remuneração da Instituição Financeira.

Logo, Excelência, vislumbra-se que o pagamento da Comissão de


Estruturação NÃO CONTRIBUI DIRETAMENTE à formação ou aquisição de
novos bens e serviços a integrar o patrimônio público. Portanto, não se
trata de despesas de capital, mas sim de correntes segundo a
conceituação definida pelo Glossário de Termos Orçamentários.

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A título de certeza, no Glossário de Termos Orçamentários ainda se


avalia subtópico do termo "Despesa Corrente": "Juros e Encargos da
Dívida". Com a devida vênia, novamente se proceda à transcrição:

Despesa orçamentária associada à categoria econômica de


despesa corrente, classificada como Grupo de Natureza da
Despesa (GND 2), destinada ao pagamento de juros, comissões e
outros encargos de operações de crédito internas e externas
contratadas, bem como da dívida pública mobiliária.

Para não restarem dúvidas, o Glossário de Termos Orçamentários


define ainda mais os chamados "Encargos da Dívida". Seguem os termos:

Designação genérica atribuída às taxas, comissões e outros


encargos decorrentes de empréstimos e financiamentos
internos ou externos, mas sem incluir os gastos com a
amortização do principal.

Ora, Excelência, os valores questionados na presente demanda não se


destinam para amortização do principal. Com efeito, a Comissão de
Estruturação não se presta a abater o saldo devedor, mas tão somente
à remuneração por um serviço. Ou seja: definitivamente, trata-se de um
encargo. Logo, qualifica-se como uma despesa corrente.

Esclarecido o presente contexto, Excelência, já se demonstra em


primeiro lugar uma gritante contradição presente no Contrato do
FINISA. Se por um lado a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL impede a utilização
com despesas correntes, como por outro lado a própria instituição

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cobra para si uma dedução imediata de percentual a título de encargo


da dívida?

Por outro lado, revisa-se à demonstração dos fatos: o contrato do


FINISA edifica a quitação da Comissão de Estruturação mediante
pagamento deduzido imediatamente após o primeiro desembolso em
favor do Ente Federativo. Desta forma, a imposição possui o seguinte
efeito prático: converter parte da receita destinada a despesas de
capital no sentido de custear um encargo próprio do mútuo (no caso,
despesa corrente).

Assim, a construção do pagamento do encargo viola diretamente ao


inc. I do §1º do art. 35 da Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000.
Antes de se discorrer, requer-se vênia (também) à transcrição da norma,
a seguir:

Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um


ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo,
autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro,
inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que
sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de
dívida contraída anteriormente.

§1º. Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações


entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação,
inclusive suas entidades da administração indireta, que não se
destinem a:

I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;

Bem se mostra a permissão da Lei de Responsabilidade Fiscal quanto a


operação de crédito contratada entre um ente da federação junto a
instituição financeira de outro... desde que não se destinem a financiar
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despesas correntes. Note-se que a norma retromencionada especifica


de maneira clara mediante aposto: DIRETA OU INDIRETAMENTE.

Muito embora o Contrato do FINIS A não estabeleça diretamente o


pagamento da Comissão de Estruturação com os valores destinados a
despesas de capital... O financiamento ocorre de maneira indireta pela
dedução imediata para quitação, logo após o desembolso da primeira
parcela do mútuo entregue ao ente federativo.

Neste ínterim, a redação do instrumento de mútuo ofende à Lei de


Responsabilidade Fiscal, mais especificamente à vedação disposta em seu
inc. I do §1º do art. 35. Atingindo-se à legislação complementar vigente,
a cobrança da Comissão de Estruturação, na forma que ocorreu
segundo o contrato entabulado, fere de morte ao caput do art. 37 da
Constituição Federal, pois falha quanto à observância do princípio da
legalidade.

Desta forma, o contrato não se estipulou de maneira justa e perfeita.


Assiste razão, então, ao autor popular, quando propõe a presente
demanda com fulcro no inc. LXXIII do art. 5º da Constituição Federal.

Logo, averigua-se à regulamentação da Ação Popular, para demonstrar


a nulidade da cobrança pra questionada. Segundo a Lei nº 4.717/1965, em
seu art. 2º, não podem subsistir no ordenamento jurídico os atos
eivados de ilegalidade, posto contratarem alguma norma vigente. In
verbis:

Art. 2º S ão nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades


mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

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c) ilegalidade do objeto;

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade


observar-se-ão as seguintes normas:

c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato


importa em violação de lei, regulamento ou outro ato
normativo;

Por meio do presente tópico se demonstrou como a cobrança de


Comissão de Estruturação guerreada ofende a duas frentes
normativas: 01) o inc. I do §1º do art. 35 da Lei Complementar nº 101, de 04
de maio de 2000; e 02) a cláusula primeira do próprio contrato do FINISA
firmado pelo Ente Federativo junto à CAIXA. Em ambos se veda a
utilização de verbas destinadas a pagar as despesas de capital como
meio de quitar despesas correntes, o que acabou acontecendo de
maneira indireta pela redação do negócio entabulado.

Diante do exposto, o S r. Eduardo Lins requer de Vossa Excelência a


declaração de nulidade da cobrança e do pagamento da Comissão de
Estruturação, com a consequente restituição dos valores aos cofres
públicos do Ente Federativo, nos termos da Lei nº 4.717/1965, em razão da
ilegalidade ora demonstrada.

Prossiga-se, portanto ao próximo tópico.

2.2. DO DES VIO DE FINALIDADE NO PAGAMENTO


DE COMIS S ÃO DE ES TRUTURAÇÃO
NO CONTRATO DO FINIS A

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Excelência, não se pretende argumentar no presente tópico (consoante


pode-se alegar pelo Ente Federativo) como deve dispor a Administração
Pública ao tratar dos pagamentos dos encargos assumidos. Trata-se, no
caso, de controle de legalidade no sentido inverso: do que não pode
ser feito quanto ao contrato, notadamente quanto à quitação da
Comissão de Estruturação em questão.

Consoante demonstrado nos autos, ao requerer o mútuo realizou-se


pelo Ente Federativo proposta com base em 100% (cem por cento) dos
valores necessários como despesa de capital para executar os objetivos
almejados. Todavia, ao se exigir o pagamento indireto da Comissão de
Estruturação por meio da dedução imediata ao primeiro desembolso, a
situação obriga a Administração Pública a cumprir os mesmos objetivos
com apenas 98% (noventa e oito por cento) do orçamento previsto.

Questiona-se como a diminuição em 2% (dois por cento) do valor


impacta na realização dos bens e serviços a serem pagos com despesa de
capital: na qualidade, ou em sua quantidade? De qualquer forma, resta
evidente o prejuízo ao patrimônio público, posto que os estudos
realizados da documentação apresentada pelo ente federado se
basearam na proporção integral da destinação do mútuo aos objetivos
estatais.

Logo, obrigando-se o remanejamento das receitas públicas, acaba-se por


demonstrar o emprego de parte do contrato do FINISA em um fim
diverso daquele previsto, notadamente o importe de 2% (dois por cento)
deduzidos a título de Comissão de Estruturação. Tendo estes valores se
destinado a remunerar encargo da dívida assumida pelo ente
federativo, acaba-se por incorrer na situação da alínea "e" do art. 2º da
Lei nº 4.717/1965, in verbis:

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Art. 2º S ão nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades


mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

e) desvio de finalidade.

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade


observar-se-ão as seguintes normas:

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o


ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou
implicitamente, na regra de competência.

Diante do exposto, o S r. Eduardo Lins requer de Vossa Excelência a


declaração de nulidade da cobrança e do pagamento da Comissão de
Estruturação, com a consequente restituição dos valores aos cofres
públicos do Ente Federativo, nos termos da Lei nº 4.717/1965, em razão do
desvio de finalidade ora demonstrado.

Prossiga-se, portanto ao próximo tópico.

2.3. DA LES IVIDADE DA COBRANÇA


DE COMIS S ÃO DE ES TRUTURAÇÃO
NO CONTRATO ORA QUES TIONADO

Excelência, embora não seja o mais óbvio, o primeiro aspecto a se


ressaltar quanto à lesividade se trata do prejuízo ao ordenamento
jurídico. Ora, não podem subsistir atos completamente nulos, sob pena
de se ferir de morte ao Estado Democrático de Direito. Com efeito, a
Administração Pública deve ser a primordial a pugnar pela validade e
legitimidade das suas contratações, posto que negócios firmados
contra legem (portanto, eivados) mostram-se completamente
incompatíveis com a missão da gestão de zelar pelo erário.

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Todavia, não se trata de somente pugnar pelo correto cumprimento à


letra da Lei per se. Visa-se também a defesa aos cofres públicos, posto que
a cobrança da Comissão de Estruturação no contrato pra guerreado
lesou ao patrimônio guardado pela Administração em 2% (dois por
cento) do montante total entabulado junto à CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL. No caso, considerando o valor do objeto à Cláusula Primeira
como R$600.000.000,00 (seiscentos milhões de reais), aufere-se a seguinte
lesão pecuniária ao ente federativo: R$12.000.000,00 (doze milhões de
reais).

Ressalte-se ainda: a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL estabelece que o possível


excedente na realização dos investimentos do ente federativo — isto é:
os gastos extras além do valor de 100% (cem por cento) pactuado no
objetivo das despesas de capital — é de responsabilidade do tomador do
empréstimo. Todavia, eis que a própria cobrança da Comissão de
Estruturação já força o incremento das despesas em 2% (dois por
cento), posto que de alguma forma deverá a Administração Pública se
readequar no seu orçamento, em razão do recorte para 98% (noventa e
oito por cento) do total avaliado.

Desta forma, mostra-se devidamente demonstrada a lesividade ao


erário: tanto pela violação à legislação vigente, quanto pelo prejuízo
aos cofres públicos. Portanto, prossiga-se ao próximo tópico.

2.4. DA S US PENS ÃO LIMINAR DA CLÁUS ULA DE COMIS S ÃO DE


ES TRUTURAÇÃO

Excelência, logo no protocolo desta peça vestibular já cabe a discussão


sobre uma possível tutela de urgência em favor do interesse público.
Com efeito, caso não houvesse outras disposições, desde logo se bastaria
evocar às disposições da Lei nº 4.717/1965, segundo a qual em seu §4º do art.
5º:

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Art. 5º. [...] §4º. Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão


liminar do ato lesivo impugnado.

Todavia, tão somente a Lei da Ação Popular menciona a possibilidade de


suspensão de ato lesivo. Não obstante, não se apresentam regulamentos
para o devido cumprimento das liminares segundo a Lei nº 4.717/1965. Por
esta razão, por outro lado, recorre-se à Lei nº 13.105/2015 – a qual assim
dispõe:

Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais,


trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes
serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Neste sentido, Excelência, importa analisar tais elementos a fim de


sustentar o requerimento nesta peça vestibular. Portanto, vejamos.

O primeiro elemento a se verificar consiste na probabilidade do direito.


Com efeito, e data maxima venia, este se mostra evidenciado segundo os
fundamentos jurídicos da presente demanda, análise anteriormente
exposta. Em suma, vislumbra-se como se trata de ato nulo, razão pela
qual não encontra absolutamente qualquer respaldo para subsistir
segundo os melhores e claros termos do ordenamento jurídico pátrio.

Por outro lado, analise-se o periculum in mora. Este subsiste, em suma, no


desenvolvimento das consequências do ato administrativo nulo. Ao
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longo do tempo, a parte teoricamente beneficiada poderia, em tese,


pretender alegar e discutir judicialmente os valores a que faria jus,
muito embora dos documentos impugnados não deva surgir direitos.
Havendo demora, Excelência, no provimento da presente demanda, a
recomposição pode se tornar difícil ou mesmo impossível, já que não se
pode prever a futura extensão patrimonial dos ora réus.

Desta forma, Excelência, encontram-se devidamente presentes a fumaça


do bom direito e o perigo de dano. Havendo expressa previsão legal,
portanto, o sr. Eduardo Lins requer (em nome da supremacia do interesse
público) a Restituição cautelar do importe cobrado a título de
Comissão de Estruturação, a ser efetivado pela Caixa Econômica
Federal em favor do ente federativo, até a decisão definitiva do
méritoo.

Dito isto, prossiga-se ao próximo tópico.

2.5. DA LEGITIMIDADE ATIVA DO CIDADÃO

Excelência, consoante devidamente qualificado nos autos, a parte


autora se qualifica validamente como eleitor, fazendo prova de sua
condição de cidadão consoante a exigência do ordenamento jurídico.
Portanto, encontra-se apto para a propositura de Ação Popular,
independentemente de qual seja seu domicílio eleitoral.

Neste sentido, segue jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça já


pacificada sobre o assunto:

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PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. ELEITOR COM


DOMICÍLIO ELEITORAL EM MUNICÍPIO ESTRANHO ÀQUELE EM
QUE OCORRERAM OS FATOS CONTROVERSOS.
IRRELEVÂNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA. CIDADÃO. TÍTULO DE ELEITOR.
MERO MEIO DE PROVA.

1. Tem-se, no início, ação popular ajuizada por cidadão residente e


eleitor em Itaquaíra⁄MS em razão de fatos ocorridos em
Eldorado⁄MS. O magistrado de primeiro grau entendeu que esta
circunstância seria irrelevante para fins de caracterização da
legitimidade ativa ad causam, posição esta mantida pelo
acórdão recorrido - proferido em agravo de instrumento.

2. Nas razões recursais, sustenta a parte recorrente ter havido


violação aos arts. 1º, caput e § 3°, da Lei n. 4.717⁄65 e 42, p. único, do
Código Eleitoral, ao argumento de que a ação popular foi
movida por eleitor de Município outro que não aquele onde
se processaram as alegadas ilegalidades.

3. A Constituição da República vigente, em seu art. 5º, inc. LXXIII,


inserindo no âmbito de uma democracia de cunho
representativo eminentemente indireto um instituto próprio de
democracias representativas diretas, prevê que
"qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência" (destaque acrescentado).

4. Note-se que a legitimidade ativa é deferida a cidadão. A


afirmativa é importante porque, ao contrário do que pretende o
recorrente, a legitimidade ativa não é do eleitor, mas do
cidadão.

5. O que ocorre é que a Lei n. 4717⁄65, por seu art. 1º, § 3º, define que a
cidadania será provada por título de eleitor.

6. Vê-se, portanto, que a condição de eleitor não é condição de


legitimidade ativa, mas apenas e tão-só meio de prova
documental da cidadania, daí porque pouco importa qual o
domicílio eleitoral do autor da ação popular. Aliás, trata-se de
uma exceção à regra da liberdade probatória (sob a lógica tanto
da atipicidade como da não-taxatividade dos meios de provas)
previsto no art. 332, CPC.
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7. O art. 42, p. único, do Código Eleitoral estipula


um requisito para o exercício da cidadania ativa em
determinada circunscrição eleitoral, nada tendo a ver
com prova da cidadania. Aliás, a redação é clara no sentido de
que aquela disposição é apenas para efeitos de inscrição
eleitoral, de alistamento eleitoral, e nada mais.

8. Aquele que não é eleitor em certa circunscrição eleitoral não


necessariamente deixa de ser eleitor, podendo apenas exercer sua
cidadania em outra circunscrição. Se for eleitor, é cidadão para
fins de ajuizamento de ação popular.

9. O indivíduo não é cidadão de tal ou qual Município, é "apenas"


cidadão, bastando, para tanto, ser eleitor.

10. Não custa mesmo asseverar que o instituto do "domicílio


eleitoral" não guarda tanta sintonia com o exercício da
cidadania, e sim com a necessidade de organização e fiscalização
eleitorais.

11. É que é entendimento pacífico em doutrina e jurisprudência que


a fixação inicial do domicílio eleitoral não exige qualquer
vínculo especialmente qualificado do indivíduo com a
circunscrição eleitoral em que pretende se alistar (o art. 42, p.
único, da Lei n. 4.737⁄65 exige tão-só ou o domicílio ou a
simples residência, mas a jurisprudência eleitoral é mais
abrangente na interpretação desta cláusula legal, conforme
abaixo demonstrado) - aqui, portanto, dando-se ênfase à
organização eleitoral.

12. Ainda de acordo com lições doutrinárias e jurisprudenciais,


somente no que tange a eventuais transferências de domicílio é
que a lei eleitoral exige algum tipo de procedimento mais
pormenorizado, com demonstração de algum tipo
de vínculo qualificado do eleitor que pretende a transferência
com o novo local de alistamento (v. art. 55 da Lei n. 4.737⁄65) - aqui,
portanto, dando-se ênfase à fiscalização para evitação de
fraude eleitoral.

13. Conjugando estas premissas, nota-se que, mesmo que


determinado indivíduo mude de domicílio⁄residência, pode ele
manter seu alistamento eleitoral no local de seu
domicílio⁄residência original.

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14. Neste sentido, é esclarecedor o REspE 15.241⁄GO, Rel. Min.


Eduardo Alckmin, DJU 11.6.1999.

15. Se é assim - vale dizer, se não é possível obrigar que à


transferência de domicílio⁄residência siga a transferência de
domicílio eleitoral -, é fácil concluir que, inclusive para fins
eleitorais, o domicílio⁄residência de um indivíduo não é
critério suficiente para determinar sua condição de eleitor de
certa circunscrição.

16. Então, se até para fins eleitorais esta relação domicílio-


alistamento é tênue, quanto mais para fins processuais
de prova da cidadania, pois, onde o constituinte e o legislador
não distinguiram, não cabe ao Judiciário fazê-lo - mormente
para restringir legitimidade ativa de ação popular, instituto dos
mais caros à participação social e ao controle efetivos dos
indivíduos no controle da Administração Pública.

17. Recurso especial não provido.

(STJ - REsp: 1242800 MS 2011/0050678-0, Relator: Ministro MAURO


CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 07/06/2011, T2 - SEGUNDA
TURMA, Data de Publicação: DJe 14/06/2011)

Dito isto, prossiga-se ao próximo tópico.

2.6. DOS LEGITIMADOS PAS S IVAMENTE


E TERCEIROS DOS INTERES S ADOS

Excelência, a norma de legitimidade passive se afigura bastante clara


no art. 6º da Lei nº 4.717/1965. Com a devida vênia, transcreve-se adiante:

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou


privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades,
funcionários ou administradores que houverem autorizado,
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por

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omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os


beneficiários diretos do mesmo.

Neste interim, segue a justificativa de legitimidade passiva:

O Governador Wellington Dias possui legitimidade passiva por ter


concorrido diretamente para a celebração do negócio jurídico, posta
a sua condição de chefe do Poder Executivo do ente federativo. A prova
se mostra mediante sua assinatura no contrato entabulado.

A empresa CAIXA ECONÔMICA FEDERAL possui legitimidade passiva por


ser a beneficiária do pagamento ora questionado, auferindo lucros
mediante a Comissão de Estruturação do mútuo firmado junto ao ente
federativo.

A pessoa física FRANCIS CO ELIZOMAR NUNES GUIMARÃES — possui


legitimidade passiva por ter representado à Caixa Econômica Federal
na celebração do negócio jurídico. A prova se mostra mediante sua
assinatura no contrato entabulado.

O Estado do Piauí figura como interessado, em última análise, pelo seu


possível interesse em atuar em consonância ao sr. Eduardo Lins, de
maneira útil ao interesse público, apesar da possibilidade de abster de
contestar o pedido, nos seguintes termos:

LEI Nº 4.717/1965

Art. 6º.
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§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado,


cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de
contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que
isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.

Dito isto, prossiga-se ao próximo tópico.

2.7. DA POS SIBILIDADE DE CITAÇÃO POR EDITAL

Excelência, trata-se de senso comum a necessidade de citação pelo juízo


para que o polo ativo componha regularmente à demanda. Não se
pretende a discussão — ao menos não em um Estado Democrático de
Direito — sobre a imprescindibilidade do procedimento para a
regularidade do feito. A título de regular instrução, transcreve-se
adiante os dispositivos da Lei nº 13.105/2015 pelos quais se dispõe assim:

Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o


executado ou o interessado para integrar a relação processual.

Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do


réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento
da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.

Inexistindo dúvidas a respeito de sua necessidade, torna-se a discutir o


método pelo qual se realiza a diligência. Senão, vejamos.

Geralmente, a Lei nº 13.105/2015 determina a ocorrência de citação


pessoalmente, e a ser expedida pelos correios. Todavia, a lei não só não
proíbe, como admite expressamente a mudança no procedimento. Neste
sentido, novamente se recorre ao Código de Processo Civil, in verbis::
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Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca
do país, exceto:

V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.

Assim, confirma-se pelo texto legal a possibilidade de mudança no


procedimento, desde que se mostre justificada a requisição do autor. Em
relação a este caso, adianta-se o método requerido: citação por edital.
Esta modalidade também se encontra possível no Código de Processo
Civil, exigindo previsão expressa em Lei segundo o disposto no inc. III do
art. 256 deste diploma legal.

Logo, deve-se analisar o cabimento da mudança no procedimento


segundo a justificativa do autor. Portanto, deve-se recorrer à
legislação específica do tema.

Com efeito, a Lei nº 4.717/1965 determina a aplicação subsidiária do


Código Civil, inclusive direcionando pela obediência "ao procedimento
ordinário" — hoje conhecido como "procedimento comum cível". Por
outro lado, o mesmo diploma legal traz à tona regras modificativas às
diligências, segundo a qual se permite a preferência ao autor sobre a
forma de citação: "padrão" ou por "edital". Trata-se, a priori de
faculdade conferida segundo o inc. II do art. 7º da Lei da Ação Popular:

Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no


Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas
modificativas:

II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-


á por edital com o prazo de 30 (trinta) dias, afixado na sede do
juízo e publicado três vezes no jornal oficial do Distrito Federal,
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ou da Capital do Estado ou Território em que seja ajuizada a ação.


A publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 (três)
dias após a entrega, na repartição competente, sob protocolo, de
uma via autenticada do mandado.

Segundo as provas anexadas aos autos, vislumbra-se: o fato se relaciona


a pessoas para quem não se trata de novidade a relação com a
Administração Pública. Assim, o diário oficial se afigura leitura, em tese,
usual ao polo passivo.

Desta forma, não se vislumbra qualquer prejuízos ao efetivo


contraditório material se a citação ocorrer segundo o procedimento
especial da Lei nº 4.717/1965. Pelo contrário: dado a oficialidade do diário
oficial, ao qual deve ler o polo ativo no desempenho de suas atividades,
e ainda se amplia o número de dias para se responder à presente demanda.

Portanto, a parte autora requer de Vossa Excelência a determinação de


citação individualizada do polo passivo por edital, na forma do
procedimento disposto na Lei da Ação Popular, para atender às
determinações e responder à demanda em até 30 (trinta) dias.

2.8. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Considerando o caso concreto da presente demanda, pelo fato de


correr o litígio em juízo comum, verifica-se o direito alimentício do
patrono a perceber honorários conforme o art. 85 do CPC/15. Ainda,
segundo o parágrafo primeiro do mesmo artigo, esta verba será devida
em outras situações dentro do processo, além da decisão resolutiva de
mérito.

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Conforme o §2º do presente art. 85 do CPC/15, a fixação dos honorários


se dará inicialmente entre os patamares de 10% (dez por cento) e 20%
(vinte por cento), conforme os critérios dispostos aos seus incisos.
Ademais, a legislação sobre as Ações Populares também prevê este direito
para honorários, consoante seu art. 12: "A sentença incluirá sempre, na
condenação dos réus, o pagamento, ao autor, [...] dos honorários de
advogado".

Portanto, o patrono da causa requer o reconhecimento judicial da


fixação de honorários nos termos legais, consoante as diretrizes
vigentes no ordenamento jurídico.

3. DOS PEDIDOS

Ex positis, a parte autora, em termos harmônicos com os fatos narrados


e o direito fundamentado, comparece respeitosamente perante Vossa
Excelência para pugnar pelo seguinte:

a) O recebimento e o processamento da presente demanda;

b) A concessão desde logo do Benefício da Justiça Gratuita;

c) A juntada dos documentos acompanhantes da presente inicial.

d) LIMINARMENTE, a restituição cautelar aos cofres do ente


federativo dos valores deduzidos a título de Comissão de
Estruturação em razão da indisponibilidade do orçamento
público, a fim de utilização do importe em objetivos da
administração pública visando o bem comum, até o trânsito em
julgado da presente demanda;

e) A citação dos réus segundo o procedimento editalício da Lei de


Ação Popular para compor a demanda e, se quiserem, constestá-la;
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f) A intimação do Ministério Público para acompanhar à demanda


através de seu representante;

g) A intimação da Ente Federativo para, querendo, assistir o autor


naquilo que for útil sob a ótica do super princípio da Supremacia
do Interesse Público;

h) A Ocorrência de audiência de conciliação, se Vossa Excelência


entender cabível, apesar da matéria efetivamente de direito.

i) Após a contestação, abertura de prazo de 15 (quinze) dias úteis para


réplica, nos termos do CPC/15;

j) A plena dilação probatória, admitindo-se todo meio de prova não


vedado juridicamente;

k) O julgamento definitivo de mérito, no sentido de


anular/reconhecer nulo o ato administrativo impugnado, qual
seja: a cobrança do importe de 2% (dois por cento) de comissão de
estruturação, em razão da ilegalidade do financiamento
indireto do encargo com valores ora destinados a despesas de
capital, bem como pelo desvio de finalidade demonstrado nos
autos;

l) A condenação dos réus em custas e honorários de advogado, nos


termos da Lei nº 13.105/2015;

m) A total procedência da demanda.

Do valor da Causa: R$12.000.000,00 (Doze milhões de reais).

Termos em que pede deferimento.

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Teresina-PI, 11 de Março de 2021.

Eduardo Henrique Lins Cavalcante


(Parte Autora)

Leonardo de Araújo Andrade


(Advogado — OAB-PI nº 9.220)

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