Apost. Cap. 4 - Instrumentos de Manutenção Elétrica

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

CAPÍTULO 4 - INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA MANUTENÇÃO ELÉTRICA

Índice

4. INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA MANUTENÇÃO ELÉTRICA....................................71


4.1. - Introdução ............................................................................................................................71
4.2. - Ensaiador de Isolamento DC - Megger................................................................................71
Figura 4.2.1 - Circuito Interno do Ensaiador de Resistência de Isolamento DC - Megger................72
Figura 4.2.2 -Vista Geral do Ensaiador de Resistência de Isolamento DC - Megger........................72
Figura 4.2.3 - Circuito Simplificado do Megger de Bobina Cruzada ................................................73
Figura 4.2.4 - Ensaio Megger em um Transformador de 2 Enrolamentos.........................................74
Figura 4.2.5 - Ensaio Megger em um Transformador de 2 Enrolamentos.........................................75
4.3. - Medidor de Perdas Dielétricas - DOBLE ............................................................................76
Figura 4.3.1 - Representação Esquemática da Isolação Elétrica e as Correntes Envolvidas .............76
Figura 4.3.2 - Circuito Simplificado do Medidor de Perdas Dielétricas Doble .................................77
Figura 4.3.3 - Conjunto Doble para Ensaios de Isolação AC ............................................................79
Figura 4.3.4 - Vista do Painel Frontal do Doble MH 10.000.............................................................80
Figura 4.3.5 - Medidor de Fator de Potência de 12 kV da Nansen ....................................................80
Figura 4.3.6 - Circuito Simplificado do Doble...................................................................................81
Figura 4.3.7 - Doble com o Cabo LV na Posição Ground - GND .....................................................81
Figura 4.3.8 - Doble com o Cabo LV na Posição Guard - GRD........................................................82
Figura 4.3.9 - Isolações em um Transformador de 2 enrolamentos ...................................................82
Figura 4.3.10 - Doble com o Cabo LV na Posição UST....................................................................82
4.4. - Medidor de Relação de Transformação de Transformador - TTR ......................................83
Figura 4.4.1 - Medidor de Relação de Transformação - TTR............................................................83
Figura 4.4.2 - Diagrama Esquemático dos Componentes do TTR.....................................................84
4.5. - Medidor de Baixa Resistência - DUCTER ..........................................................................85
Figura 4.5.1 - Medição da Resistência Ôhmica por Queda de Tensão ..............................................85
Figura 4.5.2 - Ducter Nansen Mod. ODI 10.......................................................................................86
Figura 4.5.3 - Diagrama Esquemático do Micro-ohmímetro para Baixas Resistências Ducter.........86
4.6. - Medidores de Resistência Ôhmica - Pontes.........................................................................87
Figura 4.6.1 - Ponte de Wheatstone ...................................................................................................88
Figura 4.6.2 - Circuito Básico da Ponte Kelvin .................................................................................89
4.7. - Medidor de Simultaneidade de Fases - Oscilógrafo ............................................................89
Figura 4.7.1 - Ensaiadores de Tempo de Operação de Disjuntores ...................................................90
4.8. - Fontes Geradoras de Alta Corrente - “Máquinas de Corrente” ...........................................90
Figura 4.8.1 - Fonte Geradora da Alta Corrente. Linha LET da Nansen ...........................................91
Figura 4.8.2 - Exemplo de Uso da Máquina de Corrente na Aferição de Amperímetros ..................91
Figura 4.8.3 - Ensaio em Transformador de Corrente........................................................................92
Figura 4.8.4 - Ensaio de Aquecimento e Rompimento de Fusível.....................................................93
4.9. - Fontes de Alta Tensão..........................................................................................................93
Figura 4.9.1 - Fontes de Alta Tensão VDC e VCA das Linhas PGK e PGK-HB da Nansen............94
4.10. - Medidor de Resistência de Terra - Megger de Terra .......................................................94
4.11. - Instrumentos para Localizar, Analisar e Diagnosticar Defeito e Falhas em Cabos.........94
Figura 4.11.1 - Localizador de Defeitos em Cabos Modelo Syscompact 32 da Nansen ...................95
4.12. - Analisador Acústico de Descargas Parciais.....................................................................95
Figura 4.11.2 - Sistema para Ensaios e Diagnósticos em Cabos da Nansen......................................96
Figura 4.12.1 - Analisador Acústico de Descargas Parciais Modelo APDA da Nansen ...................96
4.13. - Instrumento para Localização de Defeitos em Linhas de Transmissão ...........................96
Figura 4.13.1 - Localizadores de Defeitos em Linhas de Transmissão da Nansen............................97

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

4.14. - Analisador de Rigidez Dielétrica de Óleo Isolante ......................................................... 97


Figura 4.14.1 - Analisador de Rigidez Dielétrica de Óleo Isolante da Nansen ................................. 98
4.15. - Medidores de Teor de Umidade em Líquidos e Gases Isolantes .................................... 98
Tabela 4.15.1 - Ponto de Orvalho para Diferentes Temperaturas do Óleo Isolante.......................... 99
Figura 4.15.1 - Medidor do Conteúdo de Água em Líquidos e Gases Isolantes ............................. 100
Figura 4.15.2 - Curva de Saturação do Vapor D’água Contido em Amostras de Ar ...................... 100
4.16. - Medidor de Corrente de Fuga em Pára-raios................................................................. 101
Figura 4.16.1 - Medidor de Corrente de Fuga em Pára-raios de Óxido de Zinco da Nansen ......... 101
4.17. - Analisador Acústico de Isolamento............................................................................... 101
Figura 4.17.1 - Analisador Acústico de Isolamento Modelo AIA da Nansen................................. 101
4.18. - Máquinas de Tratamento de Gás ................................................................................... 102
Figura 4.18.1 - Unidades de Recuperação de Gás SF6 da ENERVAC ........................................... 102
4.19. - Instrumental Auxiliar .................................................................................................... 103
4.20. - Bibliografia do Capítulo 4............................................................................................. 104

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

4. INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA MANUTENÇÃO ELÉTRICA

4.1 - Introdução
A manutenção de equipamentos elétricos na subestação é a observação das condições que de-
terminam o grau de eficiência de seu funcionamento.
São realizados ensaios com instrumentos especiais, com os quais podemos detectar defeitos ou
não, de acordo com os resultados obtidos. Estes resultados devem ser analisados sob certos crité-
rios, observando as indicações dadas pelos fabricantes dos instrumentos, bem como os requisitos
existentes para a operação do equipamento. Seguindo as normas técnicas, tabelas, ábacos, gráficos,
informações dos fabricantes e dados estatísticos, podemos levantar as condições operacionais e ve-
rificar se estão dentro das especificações requeridas.
Por ocasião do comissionamento do equipamento, devemos identificar e anotar o instrumental
utilizado para que no futuro, durante as manutenções preventivas, tenhamos uma informação preci-
sa das suas condições no momento da energização. Isto também ajuda para que esse ensaio seja re-
petido de acordo com o procedimento adotado nessa aceitação e se possível com os mesmos ins-
trumentos, o que contribuirá para a padronização dos ensaios. Convém lembrar a importância de se
conhecer bem o instrumento que se está utilizando, suas limitações e características para uma segu-
ra análise do estado do equipamento.
Neste capítulo descreveremos, de maneira geral, os instrumentos mais utilizados para os ensai-
os de manutenção, seu princípio de funcionamento, suas funções e limitações.

4.2 - Ensaiador de Isolamento DC - Megger


Este instrumento ajuda a determinar as condições da isolação do equipamento por meio da aná-
lise das características do material isolante, medindo a sua resistência de isolamento. Com o Meg-
ger, podemos determinar, antes de ocorrer um defeito, de forma preditiva e preventivamente, se a
isolação está se deteriorando ao longo do tempo ou se já se encontra danificada.
O modelo tradicional do ohmímetro Megger é um instrumento de imã permanente, próprio para
uso em campo, portátil, manual ou motorizado, de operação analógica ou digital e sua exatidão não
depende da tensão fornecida para o ensaio, consistindo essencialmente de duas bobinas cruzadas
montadas em um mesmo sistema. Esse modelo possui um indicador de nível e deve ser colocado
em uma superfície plana e nivelado através dos parafusos de ajuste de nível.
O Megger permite selecionar uma determinada tensão de ensaio, de acordo com o valor da
classe de tensão da resistência de isolamento a ser analisada. Alguns tipos possuem escalas com vá-
rias combinações e podem ser utilizados para ensaios em equipamentos maiores e de tensão nomi-
nal mais elevada. Os modelos mais modernos apresentam circuitos eletrônicos e mostradores digi-
tais, com as vantagens de várias funções automatizadas. O instrumento possui também um Ohmí-
metro com escalas em ΜΩ e um botão de ajuste do infinito, com o qual, antes do ensaio da isola-
ção, devemos ajustar o ponteiro para o infinito, com o Megger funcionando e os terminados desli-
gados. Normalmente existem três terminais de ligações para os ensaios: Line (L), Earth (E), Guard
(G) que levam a tensão de ensaio para o equipamento.
Na figura 4.2.1 apresentamos uma vista interna do modelo mais tradicional do Ensaiador de
Resistência de Isolamento DC - Megger e na figura 4.2.2 uma vista geral desse mesmo modelo. Na
figura 4.2.3 encontramos o circuito simplificado do Megger de bobina cruzada, o qual passaremos a
descrever.
A bobina A é ligada à fonte de tensão DC através da resistência de ajuste do instrumento R’ e
da resistência desconhecida (RX) mostrada na figura 4.2.3 em pontilhados. A bobina B é ligada à
fonte através da resistência limitadora R.

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Figura 4.2.1 - Circuito Interno do Medidor de Resistência de Isolamento DC - Megger

Figura 4.2.2 -Vista Geral do Medidor de Resistência de Isolamento DC - Megger

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Como as bobinas A e B produzem conjugados antagônicos, o repouso do ponteiro indicador,


para qualquer valor de RX só será alcançado quando estes conjugados forem iguais e opostos. Nes-
tas condições, uma variação na tensão da fonte de DC afeta as duas bobinas igualmente, e não pro-
voca nenhum desvio do ponteiro, nem altera a leitura da resistência RX.
Assim, no instrumento com esta disposição de bobinas (chamada bobinas cruzadas) consegui-
mos diretamente a leitura da resistência a ser medida (RX) através do quociente das correntes I e IX
que circulam nas bobinas B e A, respectivamente.
O conjugado produzido pela bobina B é proporcional à corrente I que por sua vez é dependente
da tensão da fonte, uma vez que R tem seu valor fixo. Por esta razão a bobina B é chamada de bobi-
na de tensão. O conjugado produzido pela bobina A, denominada de bobina de corrente, depende da
corrente IX que passa pela resistência desconhecida RX.
Desprezando-se as resistências das bobinas e a resistência R’ em presença dos valores de R e
RX teremos:

V = R×I e V = RX × I X

Resolvendo as duas equações, teremos para RX:

I
R × I = RX × I X e RX = R ×
IX

Como R é constante, então a resistência desconhecida RX ficará sendo função apenas do quoci-
ente de I por IX.
O instrumento conta também com um terminal Guard cuja finalidade é desviar da bobina de
corrente ou medição - bobina A, a corrente que não queremos medir.

Figura 4.2.3 - Circuito Simplificado do Megger de Bobina Cruzada

Na figura 4.2.4 esquematizamos a aplicação deste terminal para o caso de ensaio em um trans-

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formador de dois enrolamentos. Podemos ver que a corrente IP é desviada do circuito de medição
permitindo assim, que somente a resistência RPS seja medida. Observamos também que o terminal
Guard desvia da bobina de medição a corrente IP que será tanto maior quanto menor for RP.

Figura 4.2.4 - Ensaio Megger em um Transformador de 2 Enrolamentos

Nestas condições, o valor da resistência de isolamento lido no instrumento será menor que o
valor real de uma quantidade proporcional à IP. Assim, se RP for igual a R’, a resistência RPS lida no
instrumento será igual a metade do seu valor.
Isto pode ser observado claramente na figura 4.2.5 - que mostra o mesmo circuito da figura
4.2.4 com algumas simplificações - na qual podemos ver que a utilização do terminal Guard poderá
provocar erro na medição da resistência. Portanto, devemos tomar cuidado em observar, antes da u-
tilização do terminal Guard, se a resistência RS não é muito pequena, o que provocaria sobrecarga
na fonte de alimentação e danos ao instrumento, visto não existir no circuito a resistência R’ limita-
dora da corrente.
A resistência RS deve apresentar valor maior ou igual a 1 ΜΩ para a segurança do medidor. Pa-
ra que o erro cometido na leitura de RPS, conforme o circuito da figura 4.2.5 seja inferior a 1%, é
necessário que RP seja 100 vezes maior que R’. Assim, como R’ = 1 ΜΩ, então a resistência a ser
medida (RP) deverá ser ≥ a 100 ΜΩ.

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Figura 4.2.5 - Ensaio Megger em um Transformador de 2 Enrolamentos

Outro fator importante na técnica da interpretação dos resultados obtidos nos ensaios com o
Megger é o conhecimento da tensão real aplicada ao equipamento sob ensaio. Analisando novamen-
te a figura 4.2.5, vemos que da tensão VDC fornecida pelo instrumento, apenas a parcela VE é real-
mente aplicada ao equipamento sob ensaio, sendo a outra parcela VI aplicada à própria resistência
R’ do instrumento. A parcela VE será tanto maior quanto maior for RX em relação a R’.
Assim, para RX = R’ teremos:

V
VE = VI =
2
Neste caso, se estamos realizando um ensaio com 500 VDC na realidade o equipamento será
submetido a apenas 250 VDC.
Se,

V
V = VE + VI ⇒ IX = e VI = R ' × I X
R + RX
'

Logo teremos:

RX
VE = V ×
R ' + RX

Por meio da equação acima, podemos calcular a tensão VE realmente aplicada ao equipamento
sob ensaio, desde que sejam conhecidas VX, RX e R’.
Por exemplo, ao utilizar um Megger com a resistência R’ igual a 1 ΜΩ em um ensaio no qual
aplicamos 500 VDC em uma resistência de 10.000 ΜΩ, a resistência será submetida aos mesmos
500 VDC já que:

10.000
V E = 500 × = 500 VDC
1 + 10.000

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4.3 - Medidor de Perdas Dielétricas - DOBLE


Por meio desse tipo de instrumento podemos determinar as condições da isolação do equipa-
mento através da verificação do isolante submetendo-o a uma tensão VAC.
Com o medidor de perdas dielétricas fabricado pela Doble podemos medir as perdas dielétricas
totais em VA, as perdas dielétricas ativas em W, as correntes total, de fuga e capacitiva do circuito,
a capacitância, o fator de perdas da isolação (tg δ), o fator de potência (cos φ), os ângulos do fator
de potência (φ) e do fator de perdas (δ) e a resistência de isolamento.
Vale a pena recordar (ver figura 4.3.1) que uma isolação real que esteja submetida a uma fonte
de corrente alternada será percorrida por duas correntes:
• IC - chamada de corrente de carga, que está adiantada de 90º em relação à tensão aplicada.
• IR - em fase com a tensão, originando uma fuga de potência ativa através da isolação que se
manifesta produzindo aquecimento.
De modo geral este tipo de instrumento possui um circuito de medição especial no qual só a
corrente total do equipamento sob ensaio é indicada no medidor.

Figura 4.3.1 - Representação Esquemática da Isolação Elétrica e as Correntes Envolvidas

Um circuito indutivo de balanceamento é incluído no circuito de medição, para equilibrar a


componente em quadratura da corrente, sendo medida apenas a componente em fase, conforme ob-
servamos no circuito simplificado do instrumento, mostrado na figura 4.3.2 a seguir.

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Figura 4.3.2 - Circuito Simplificado do Medidor de Perdas Dielétricas Doble


Conforme vemos na figura acima, o Doble possui uma chave seletora de três posições, com a
qual podemos obter as leituras de corrente e potência. Quando se conecta a entrada do medidor na
posição 1 a saída é regulada pelos dispositivos de controle do painel para o ajuste de leitura.
Quando conectamos a entrada do amplificador na posição 2, o resultado da medição dependerá
da tensão através de uma resistência conhecida (RA), e será produto desta resistência pela corrente
de fuga do espécime. O produto da leitura do medidor pelo fator de multiplicação fornecerá a cor-
rente absorvida pelo equipamento.
Quando o amplificador do medidor estiver na posição 3, haverá a inclusão no circuito de uma
tensão em oposição a tensão na resistência (RB), que permitirá o balanceamento de uma contra a ou-
tra, até a obtenção de uma leitura mínima.
Este valor é diretamente proporcional à tensão através de RB, resultando a corrente em fase no
circuito do equipamento. O produto desta leitura mínima pelo fator de correção fornecerá o valor
das perdas, em watts, dissipadas no espécime sob ensaio.
O instrumento possui uma chave reversora que permite a inversão dos circuitos de medição pa-
ra evitar, no ensaio, o efeito da interferência eletrostática de outros equipamentos vizinhos que se
encontrem energizados. Portanto, é necessário fazer duas leituras de mVA, uma para cada posição
da chave reversora. A média das leituras executadas com o fator de escala na mesma posição (para
não se introduzir erros de escala) é o valor que deve ser anotado como registro do ensaio. Efetua-
mos também, duas leituras de mW, uma para cada posição da chave com o dispositivo de ajuste de
leitura reajustado para o valor mínimo.
É necessário realizar um procedimento especial quando a corrente estática está em tal posição
(fase e amplitude) que provoca uma leitura menor que zero na corrente em fase, indicando que esta
se encontra defasada de 180º com a tensão de ensaio. A leitura menor que zero precisa ser levada
em consideração quando for calculada a média das leituras.
Para se determinar o sinal da leitura de mW ou W, é preciso acionar o botão de polaridade até
que o ponteiro do medidor inicie um movimento provocando um aumento na corrente em fase, que
tende a desbalancear qualquer corrente de fuga.

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Quando o ponteiro defletir no sentido dos valores menores (aproximando-se do zero), a leitura
é considerada positiva; quando a deflexão for no sentido do fim da escala, a leitura será negativa.
Quando ambas as leituras são positivas, vamos somar e dividir por dois para calcular a média.
Quando uma das leituras é negativa, subtrair a leitura negativa da positiva e dividir por dois para
obter a média. Caso a média seja negativa isto poderá indicar uma irregularidade no equipamento
ensaiado.
Em alguns casos pode ser necessário efetuar medidas adicionais para diminuir o efeito da inter-
ferência, antes que as leituras de medições satisfatórias possam ser obtidas, sincronizando-se o sis-
tema causador da interferência com o sistema de alimentação do equipamento de ensaio ou dese-
nergizando e aterrando o equipamento que está causando a interferência.
Para redução desta influência, os conjuntos de ensaio são fornecidos com blindagem eletrostá-
tica, nos instrumentos de medição e nos cabos, os quais são aterradas durante a execução do ensaio.
Esta blindagem também contribui para a segurança do operador, permitindo um caminho direto para
a terra, em caso de falhas acidentais da isolação do circuito de ensaio ou de contatos com fontes ex-
ternas da alta tensão.
Todas as superfícies expostas do instrumental estão no potencial da terra, com exceção do ter-
minal do cabo que é conectado ao equipamento sob ensaio.
No caso de ensaio de espécimes não aterrados (Ungrounded Specime Test - UST), o terminal
Guard do cabo de ensaio - cabo HV - deve ser ligado a terra, enquanto que a extremidade não ener-
gizada da isolação deve ser ligada, através de um cabo blindado e isolado da terra - cabo LV - ao
terminal UST do instrumento.
Na figura 4.3.3 a seguir, apresentamos uma vista geral do conjunto Doble para ensaio de isola-
ção AC, com os seus principais componentes.

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Figura 4.3.3 - Conjunto Doble para Ensaios de Isolação AC

A figura 4.3.4 mostra a vista do painel frontal do Doble MH 10.000 para ensaios com 10 kV,
onde se observa o voltímetro AC indicador da tensão de ensaio, o medidor de corrente (A) e potên-
cia (W), o botão de ajuste da medição, os botões para a verificação da polaridade, ajuste da potência
e selecionar a leitura de corrente e potência, além dos multiplicadores de Watts e Ampères e a to-
mada do cabo multicondutor.
Na figura 4.3.5 a seguir, vemos um modelo de Medidor de Fator de Potência de 12 kV fabrica-
do pela Nansen.
Para efeito de diagrama esquemático de ensaio, o circuito simplificado do Doble é apresentado,
na figura 4.3.6.
O cabo HV (High Voltage) é o alimentador do ensaio e o cabo LV (Low Voltage) é o cabo de
retorno para o medidor. As fugas da isolação serão ”recolhidas” através destes cabos para que exci-
tem a medição.

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Por outro lado, todas as superfícies expostas do instrumento estão no potencial de terra, com
exceção do terminal dos cabos, que são conectados ao equipamento sob ensaio, isto é, os cabos HV
e LV. Esta ligação à terra constitui um “caminho” (paralelo aos cabos HL e LV) de retorno das fu-
gas da isolação para o medidor.

Figura 4.3.4 - Vista do Painel Frontal do Doble MH 10.000

Figura 4.3.5 - Medidor de Fator de Potência de 12 kV da Nansen

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Figura 4.3.6 - Circuito Simplificado do Doble

As medições efetuadas com o Doble envolvem dois grandes grupos de ensaios, de acordo com
o tipo de isolação a ser medida:
• GST - Ensaio de Espécime Aterrado (Grounded Specime Test)
• UST - Ensaio de Espécime Desaterrado (Ungrounded Specime Test)
O grupo GST pode ser ainda dividido em dois tipos de ensaios:
• GND (Ground) - Ensaio da Isolação para a Terra
• GRD (Guard) - Ensaio onde “guardamos” determinadas fugas que não queremos que sejam
medidas
Conforme observamos na figura 4.3.3, no Doble existe uma chave seletora cuja finalidade é
conectar a extremidade não energizada da isolação, através do cabo LV, ao instrumento de acordo
com o tipo de ensaio a ser efetuado - GND, GRD, UST. Estas são as três “posições” possíveis de
conectarmos o cabo LV do instrumento ao equipamento sob ensaio, as quais determinam de que
maneira as fugas da isolação chegam ao Doble e excitam seu medidor.
Com a chave seletora do cabo LV na posição GND - Ground (figura 4.3.7), as fugas da isola-
ção chegarão ao medidor pelo “caminho de terra” e, paralelamente pelo “caminho” formado pelos
cabos HV - LV.

Figura 4.3.7 - Doble com o Cabo LV na Posição Ground - GND

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Quando conectamos o terminal GRD - Guard ao cabo LV (figura 4.3.8), passamos a “guar-
dar” da medição isto é, desviar do medidor as fugas que estão circulando entre os cabos HV - LV.
No entanto, as fugas do circuito entre o cabo HV e a “terra” continuam excitando o medidor.

Figura 4.3.8 - Doble com o Cabo LV na Posição Guard - GRD


No caso de ensaio em espécimes não aterrados (UST), como por exemplo, as isolações existen-
tes entre dois enrolamentos de um transformador - figura 4.3.9, o terminal “Guard” do instrumento
deve ser ligado à “terra”, enquanto que a extremidade não energizada da isolação deve ser ligada,
através de um cabo isolado da terra e blindado (cabo LV), ao terminal UST do instrumento.
Desta forma as fugas pelo “caminho de terra” são desviadas da medição, isto é, são “guarda-
das”, sendo somente medidas aquelas que são conduzidas pelos cabos HV - LV, conforme obser-
vamos na figura 4.3.10.

Figura 4.3.9 - Isolações em um Transformador de 2 enrolamentos

Figura 4.3.10 - Doble com o Cabo LV na Posição UST

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4.4 - Medidor de Relação de Transformação de Transformador - TTR


Este instrumento, conhecido como TTR (figura 4.4.1) tem por finalidade medir com exatidão a
relação de transformação de um transformador fornecendo leitura direta do resultado. Dentre as
condições de um transformador que podem ser verificadas com o uso do TTR, podemos citar:
• Medir a relação de transformação
• Identificar e conferir os terminais e derivações
• Determinar ou conferir a polaridade dos enrolamentos
• Detectar curto-circuitos
• Detectar circuitos abertos
O medidor de relação de transformação em transformadores é um instrumento portátil operado
manualmente, não necessitando de fonte externa de tensão para sua utilização. O diagrama esque-
mático de seu circuito é apresentado na figura 4.4.2. Serão descritos rapidamente estes componentes
para se ter uma idéia da operação do TTR.
O gerador de imã perma-
nente fornece 8 VAC de excita-
ção a aproximadamente 60 Hz
sob condições normais de en-
saio. O transformador de refe-
rência possui muitas derivações
com um número exato de espi-
ras para cada derivação e é pro-
jetado de tal maneira que quan-
do excitados com 8 VAC, a que-
da de tensão devido à corrente
de magnetização é desprezível.
As chaves seletoras estão liga-
das ás derivações do transfor-
mador de referência e permitem
a combinação dos valores de
maneira a obter leitura da rela-
ção de transformação sob en-
saio. Estas chaves variam a re-
lação de espiras do TTR de 10
em 10, de 1 em 1 e de 0,1 em
0,1.
Figura 4.4.1 - Medidor de Relação de Transformação - TTR

Um microamperímetro DC, de zero central, é usado para indicar a magnitude e a polaridade da


corrente que flui no secundário do transformador de referência. O medidor é ligado de tal modo que
quando a relação de transformação do transformador sob ensaio é diferente da relação que é indica-
da pelo instrumento, o ponteiro sai da posição de zero, defletindo para a esquerda ou para a direita.
Existe também um voltímetro AC para medir as tensão de excitação com 8 VAC marcado no
meio da escala e outros dois pontos que representam os limites superior e inferior da faixa correta
de operação do instrumento. Este voltímetro é um instrumento de ferro móvel ligado de maneira a
ler a tensão na saída do gerador.
Para medir a corrente de magnetização do transformador sob ensaio existe amperímetro, porém,
como a freqüência e a forma de onda variam durante o ensaio, esse amperímetro não é calibrado em
ampères. A escala é dividida, de forma arbitrária, em dez divisões iguais para dar uma idéia da or-
dem de grandeza desta corrente.

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Figura 4.4.2 - Diagrama Esquemático dos Componentes do TTR

Jorge Nemésio Sousa 4 - Instrumentos Utilizados na Manutenção Elétrica Pág. 84


Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

O princípio de funcionamento do TTR baseia-se no fato de que quando um transformador é


excitado pelo seu enrolamento de baixa tensão, a relação de tensão a vazio, é aproximadamente i-
gual á relação de espiras. A pequena diferença entre as duas relações é provocada pela queda de
tensão no primário originada pela circulação da corrente de magnetização neste enrolamento. Esta
diferença é normalmente da ordem de 0,1% ou menos. Os métodos elétricos de medição da relação
de transformação são baseados nesse princípio. O problema se resume na medição da relação de
tensão a vazio.
O TTR é projetado de tal maneira que o transformador a ser ensaiado e o transformador de re-
ferência do instrumento, de relação ajustável, são alimentados pela mesma fonte de tensão, isto é, o
gerador do TTR.
Os enrolamentos secundários do transformador sob ensaio e do transformador de referência são
ligados em série, com a polaridade invertida, através do detector de nulo do instrumento. Quando a
relação do transformador de referência é ajustada de modo a não mais circular corrente no enrola-
mento secundário a relação de tensão nos dois transformadores é igual.
A relação de tensão em vazio do transformador de referência é conhecida através dos valores
indicados pelas chaves do instrumento e a relação de transformação do transformador sob ensaio fi-
ca determinada.
Quando não conseguimos obter leituras, isto é, não conseguimos o balanceamento do instru-
mento, pode ser uma indicação de:
• Curto-circuito em um dos enrolamentos - se a corrente de excitação é elevada e a tensão indi-
cada no voltímetro é baixa. Caso o enrolamento possua várias seções, estes deverão ser ensaia-
dos separadamente a fim de localizar o defeito por eliminação;
• Circuito aberto - se a corrente de excitação é desprezível, a tensão de excitação é normal e o
galvanômetro não acusa deflexão.

4.5 - Medidor de Baixa Resistência - DUCTER


Os micro-ohmímetros são instrumentos portáteis usados, em manutenção elétrica, para medir
resistências elétricas de conectores e conexões, contatos de relés, contatores, disjuntores, chaves,
secionadores, fusíveis, soldas, aterramentos e fusíveis; medidas de resistência em painéis, eletrodos,
ligas metálicas, emendas e outras resistências de junção, além de enrolamentos com baixa resistên-
cia e resistências de conexões mecânicas, carcaças, condutores e trilhas de circuito impressos, tri-
lhos de sistemas de tração elétrica e barramentos.
Esses medidores são portáteis, compactos, precisos, fáceis de usar e empregam o sistema de
medição a quatro fios pelo método de queda de tensão. Na figura 4.5.1 é mostrado o circuito para
medição da resistência pela queda de tensão e o modelo ODI 10 da Nansen é mostrado na figura
4.5.2.

Figura 4.5.1 - Medição da Resistência Ôhmica por Queda de Tensão


O método usado pelo micro-ohmímetros DUCTER para estas medidas é o da queda de potenci-
al, com a diferença de que, em lugar de usar uma corrente separada e medir a tensão com um voltí-
metro, o resultado é fornecido diretamente pelo instrumento.

Jorge Nemésio Sousa 4 - Instrumentos Utilizados na Manutenção Elétrica Pág. 85


Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

O emprego do DUCTER é baseado no fato de que


durante a passagem da corrente elétrica por um condutor,
há perdas devido ao aquecimento. Nas conexões, princi-
palmente em equipamentos de alta tensão, deve-se tomar
cuidado para se evitar um sobre-aquecimento já que as
resistências de contatos são uma fonte de problemas em
circuitos elétricos, ocasionando perda de potência, queda
de tensão, deterioração da superfície de contato por efeito
térmico e de isolações associadas.
Basta um pequeno acréscimo de resistência ôhmica
em um circuito de alta potência, para provocar uma con-
siderável perda em kV. Estes defeitos podem ser desco-
bertos pelo aquecimento do cabo, por exemplo, ou pela
medição da queda de potencial durante um período de
carga normal.
Na figura 4.5.3 é mostrado o diagrama do DUCTER

Figura 4.5.2 - Ducter Nansen Mod. ODI 10

Figura 4.5.3 - Diagrama Esquemático do Micro-ohmímetro para Baixas Resistências Ducter


O sistema básico do Medidor de Baixa Resistência DUCTER consiste em duas bobinas monta-
das sobre um eixo em um campo de imã permanente, porém não existindo mola de restrição como
nos instrumentos eletromecânicos comuns.
A corrente exerce somente um pequeno torque e quando o instrumento está no nível e sem ne-
nhum cabo de prova conectado, o ponteiro flutua sobre a escala.
Quando a bobina de corrente está conectada, a corrente elétrica nesta bobina é proporcional à-
quela através da resistência em ensaio, tendendo a mover o ponteiro para o zero da escala. O fun-
cionamento desta bobina é, portanto, similar à bobina de restrição.
Por outro lado, a corrente na bobina de potencial é proporcional a queda de tensão entre o po-
tencial das pontas de contato através da resistência sob ensaio, tendendo a mover o ponteiro para o
final da escala.

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

O instrumento não depende da tensão da fonte já que uma variação na fonte de suprimento afe-
ta ambas as bobinas na mesma proporção. A corrente é limitada pelas próprias resistências do cir-
cuito do instrumento. A precisão do DUCTER está dentro da faixa de 1% da deflexão de fundo de
escala, para todos os seus pontos.
Com este instrumento podemos medir resistências que podem variar de 2000 µΩ até valores da
ordem de 20 Ω, exigindo correntes de 1 mA até 600A, o que nos dá uma ampla margem de utiliza-
ção já que, na grande maioria dos equipamentos aonde deve ser usado, as resistências de contato ou
de conexão encontram-se dentro destes limites.
Em algumas situações os enrolamentos de baixa potência, tais como dos transformadores de
distribuição, também podem ser medidos com o DUCTER.
Existem alguns modelos especiais de micro-ohmímetros, que chamados de medidores de resis-
tência dinâmica de contato. São instrumentos portáteis usados como interface dos instrumentos para
ensaios de tempo de operação de abertura, fechamento e percurso de disjuntores. São úteis para os
casos em que os disjuntores não podem ser desmontados e também recomendados para equipamen-
tos com contatos visíveis, porém sem acesso, como por exemplo, para secionadores blindadas a
SF6.

4.6 - Medidores de Resistência Ôhmica - Pontes


As pontes são micro-ohmímetros instrumentos portáteis, robustos, de leitura direta, de alta pre-
cisão e exatidão, usadas para medições de resistência ôhmica.
Trata-se de instrumentos para serem usados principalmente na medição de resistência de conta-
to, de enrolamentos de transformadores e de motores, e resistência elétrica de qualquer componente
ou dispositivo elétrico, tais como, fios de pequenos diâmetros e condutores em geral, barramentos,
fusíveis, medidores, instrumentos, componentes de instrumentos eletroeletrônicos etc.
São dois os principais tipos de Pontes para medições com DC e o critério para seleção é em
função da ordem de grandeza da resistência a ser medida.
• Ponte de WHEATSTONE
• Ponte KELVIN
A ponte de Wheatstone é um circuito destinado à medir resistências e é recomendada quando a
resistência está compreendida entre 1Ω e 1 MΩ. Para resistências com valores dentro da faixa de 1
a 2 mΩ (10 A) até aproximadamente 200 Ω (100 µΑ), deve-se usar a Ponte Kelvin.
O princípio de funcionamento das Pontes baseia-se no método de deflexão nula. Através de um
galvanômetro de zero central, usado para indicar quando o equilíbrio é alcançado na ponte, pode-
mos determinar o valor da resistência sob ensaio.
Consiste de uma fonte de f.e.m., um voltímetro e uma rede de quatro resistores com três delas
conhecidas, e uma quarta resistências a ser medida, constituindo braços da ponte; e um resistor va-
riável forma o outro.Uma representação esquemática da Ponte de Wheatstone é observada na figu-
ra 4.6.4.
A fonte de energia é uma bateria de tensão E, e resistência interna B. O detector D é um dispo-
sitivo (normalmente um galvanômetro) sensível à tensão ou a corrente, de resistência interna G. Os
quatro braços da ponte são resistências, sendo que três delas são conhecidas (M, N e P). A quarta
resistência (X), é a que se quer determinar.
Quando a ponte entrar em equilíbrio, não haverá deflexão do galvanômetro (diferença de po-
tencial nula), e o valor de X será: X = N x P / M.
Com este tipo de ponte, para medidas até 1 MΩ, a precisão está na ordem de +/- 0,05%. O limi-
te de erro aumenta para 0,2% nas medidas acima deste valor.

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

Figura 4.6.1 - Ponte de Wheatstone


Como os valores das resistências a serem medidas freqüentemente são baixos, muitas vezes o
erro provocado pelas resistências dos fios e dos contatos das ligações entre a resistência sob ensaio
e o instrumento pode ser considerável, introduzindo um efeito adverso à exatidão das medidas. Tal
efeito pode ser minorado utilizando processos de ligações que reduzam estas resistências.
Deve ser observada a limpeza dos terminais de ligações além da utilização de fios de pequenos
comprimentos e de resistência insignificante. Quando o uso de fios curtos e de baixa resistência for
impraticável, devem-se determinar os valores de suas resistências, os quais serão subtraídos do va-
lor da medição proporcionando assim o correto valor da resistência desconhecida.
Muitas vezes, porém, torna-se impossível a eliminação total desta influência, principalmente
quando a resistência que está sendo medida é de valor muito pequeno. Nesta situação, por menor
que sejam os valores das resistências dos fios e dos contatos das ligações dos terminais do instru-
mento, estas introduzem um acentuado erro no resultado final da leitura. Deve-se, usar nestes casos,
a Ponte Kelvin, cujo circuito é mostrado na figura 4.6.2.
A Ponte Kelvin é uma modificação da Ponte de Wheatstone que permite a medição de resis-
tências ôhmicas de baixo valor e utiliza o processo de ligação de quatro terminais, conforme obser-
vamos no circuito. Com esta ponte os problemas acima mencionados são sanados e isto preserva a
exatidão e precisão da medida.

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Figura 4.6.2 - Circuito Básico da Ponte Kelvin

4.7 - Medidor de Simultaneidade de Fases - Oscilógrafo


Os medidores de simultaneidade de fases - também conhecidos como Oscilógrafos - são ins-
trumentos portáteis, que através de registro gráfico fornecem análises das condições elétricas e me-
cânicas dos equipamentos de manobra.
São instrumentos próprios para ensaios de tempo de abertura, fechamento, reabertura e percur-
so de disjuntores.
Com a utilização dos Oscilógrafos, podemos verificar nos disjuntores, dentre outras coisas, a
simultaneidade de abertura ou fechamento dos contatos, velocidade de deslocamento das partes
móveis, tempo de abertura e fechamento dos contatos principais e auxiliares, inserção e sobre-
deslocamento dos contatos, tempo de reabertura nos casos de operação de abertura livre, velocidade
média da zona de extinção do arco e tempo de resposta do circuito elétrico.
São instrumentos indispensáveis para o comissionamento dos disjuntores nos ajustes eletrome-
cânicos e manutenção.
É um dos mais úteis instrumentos de ensaios, tanto para o campo, na sua versão portátil, como
para a sala de controle de subestações onde, normalmente existe um Oscilógrafo instalado junto à
proteção, que permite uma rápida identificação do relé que operou em uma falha e a localização do
circuito onde ocorreu o defeito.
Os modelos tradicionais trabalham pelo princípio da deflexão de um galvanômetro que através
de um jogo de espelho projeta usam luz ultravioleta sobre um papel foto sensível. Este papel é mi-
limetrado e uma vez revelado sob luz natural, dependendo da velocidade de saída, registra os traços
de oscilação do galvanômetro.

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Os modelos modernos - interfaces gráficas com microprocessadores digitais - ampliaram a o-


ferta de instrumentos e acessórios permitindo novas aplicações e múltiplas utilizações deste tipo de
instrumentos.
Possuem proteção contra interferências elétricas, comando do circuito de controle para abertura
ou fechamento do disjuntor via teclado do aparelho ou via software, armazenamento em memória
das medições efetuadas para posterior impressão, comanda ciclos de operações (C, O, CO e OCO)
com capacidade de memorizar muitas configurações para ensaios automáticos.
Associados aos microcomputadores e interfaces digitais, podem ser utilizados em vários tipos
de medição com cálculos automatizados e monitoração on-line de grandezas elétricas e tempo de
operação em equipamentos e circuitos de proteção, controle, chaveamento e sincronização de dis-
juntores, inclusive com medição de percurso, velocidade e resistência dinâmica de contato de dis-
juntores.
A figura 4.7.1 mostra os modelos CBT 200 e CBT 400 da Nansen.

Figura 4.7.1 - Ensaiadores de Tempo de Operação de Disjuntores

4.8 - Fontes Geradoras de Alta Corrente - “Máquinas de Corrente”


São instrumentos que fornecem altas correntes com baixa tensão possibilitando, deste modo, a
calibração de equipamentos e instrumentos por meio do ajuste de sua corrente de operação.
Estas fontes de corrente são utilizadas em testes de medidores (amperímetros, voltímetros, wat-
tímetros etc), ensaios de equipamentos de medição e proteção, aquecimento e secagem de transfor-
madores e geradores, aquecimento de conectores, barramentos e soquetes de dispositivos, rompi-
mento de fusíveis, operação de disjuntores, curvas de saturação, levantamento de perdas no cobre,
relação de transformação de TC’s, ensaios de respostas de relés etc.
Além da aplicação em realização de ensaios em que haja necessidade de altos valores de cor-
rente, o campo de utilização das fontes geradoras de correntes é tão amplo que os catálogos dos fa-
bricantes asseguram o seu uso, além dos trabalhos já mencionados, para outras aplicações, dentre as
quais solda elétrica, descongelamento de tubulações de refrigeração, recozimento e endurecimento
de metais etc.

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As máquinas de corrente possuem múltiplas derivações tendo cada uma delas um limite de po-
tência de saída e capacidade de regulação de corrente, sendo comuns valores variando de 100 até
10.000 A. Cada derivação permite um valor máximo de impedância dado pela relação entre os valo-
res nominais de tensão e de corrente. A figura 4.8.1 mostra um modelo da linha LET da Nansen.

Figura 4.8.1 - Fonte Geradora da Alta Corrente. Linha LET da Nansen


Tendo em vista o aquecimento provocado pela circulação das altas correntes, alguns instrumen-
tos necessitam de certas precauções com relação ao tempo útil de trabalho da fonte.
Existem limitações quanto ao tempo e em geral estas máquinas trabalham com um fator de car-
ga de 50%, isto é, para cada período de tempo de uso contínuo é necessário outro período igual de
repouso. Este tempo é especificado pelos fabricantes e varia em torno de 30 minutos.
É também importante a escolha de cabos apropriados para as ligações a fim de minimizar as re-
sistências de contato. Como exemplos de utilização das máquinas de corrente para alguns ensaios
rotineiros, podemos relacionar:
• Aferição e Ajuste de Amperímetros
O amperímetro a ser ensaiado e o amperímetro padrão que servirá de referência, deverão ser
conectados em série com a fonte, conforme mostra a figura 4.8.2.
Atuando nos controles podemos ajustar os valores de corrente necessários para a aferição.

Figura 4.8.2 - Exemplo de Uso da Máquina de Corrente na Aferição de Amperímetros

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Se o instrumento a ser aferido for um voltímetro, o mesmo método pode ser usado desde que se
escolha uma derivação de alta tensão, como por exemplo, 200 V e 12,5 A, e um voltímetro padrão
de laboratório para a comparação.
Caso o medidor seja um wattímetro, o circuito de corrente será fornecido pela máquina de cor-
rente e o de tensão pode ser a própria fonte.
• Ensaios em Transformadores de Corrente
Diversos ensaios em TC's podem ser realizados com o auxílio da máquina de corrente, porém
na manutenção elétrica seu uso é mais freqüente para os ensaios de relação de transformação.
Serve para fornecer uma corrente que excita o enrolamento primário do transformador ou faz a
vez deste próprio enrolamento.
Podemos medir a relação de transformação, achar o erro desta relação e do ângulo de fase do
TC, conectando o primário do TC entre o terminal "comum" e a derivação selecionada para o valor
da corrente de ensaio, conforme o esquema de ligação mostrado na figura 4.8.3.
Aumentando a corrente lentamente aferimos o TC de 10% a 100% do valor nominal.

Figura 4.8.3 - Ensaio em Transformador de Corrente

• Ensaio de Aquecimento e Rompimento de Fusíveis


Os ensaios de aquecimento podem ser realizados em diversos dispositivos elétricos, simulando
as condições de trabalho em menores níveis de tensão.
Ajustando a fonte fazemos circular a corrente desejada pelo período de tempo necessário. Me-
dimos a queda de tensão (V) no equipamento e a corrente circulante (I).
O calor dissipado no equipamento sob ensaio é medido pelo produto da tensão V pela corrente
I, fornecendo a potência (P) em Watts. O aumento da temperatura pode ser acompanhado por um
termômetro de contato.
A figura 4.8.4 mostra o esquema de montagem para medir a queda de tensão e o calor dissipado
em um porta-fusível monofásico. Este procedimento pode ser aplicado para se avaliar o aumento de
temperatura e a caloria dissipada em barramentos, chaves, soquetes de medidores e relés etc.
Para o ensaio de rompimento de fusíveis e atuação de disjuntores de baixa tensão, bastaria que

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permitíssemos a passagem da corrente diretamente sobre os seus terminais. Aumentando vagarosa-


mente a corrente, determinaríamos o valor para o qual o elo fusível se rompe ou o elemento sensor
do disjuntor atua.

Figura 4.8.4 - Ensaio de Aquecimento e Rompimento de Fusível


A resistência ôhmica (R) de equipamentos de baixa resistência pode ser avaliada, satisfatoria-
mente, pela aplicação de uma corrente conhecida (I) e medição da queda de tensão (V). A resistên-
cia será dada por R = V/I. Se a carga for indutiva, o resultado da medida será a avaliação da impe-
dância.
Para equipamentos semelhantes a soquetes, chaves-faca ou barramentos, a reatância pode ser
desprezada e o resultado ser considerado como a resistência ôhmica.

4.9 - Fontes de Alta Tensão


São fontes variáveis para ensaio de tensão aplicada - alternada ou contínua - extremamente ro-
bustos, utilizados, sobretudo para testes em campo até 260 kV VDC ou 185 kV VCA.
Estes instrumentos produzem altas tensões para medição de rigidez dielétrica e resistências de
isolamento de sólidos ou líquidos, em ensaios destrutivos e não destrutivos.
A grande vantagem destes instrumentos é submeterem a isolação a ensaios com altas tensões,
próximas à ordem de grandeza de seus valores nominais.
Os procedimentos para os ensaios variam de acordo com a amostra e devem seguir rigorosa-
mente as especificações das normas sobre o assunto.
A máxima tensão que deve ser aplicada em uma amostra, nos ensaios não destrutivos, varia de
acordo com a norma, porém costuma ir até o dobro da tensão nominal do equipamento mais 4.000
V e deve permanecer aplicada durante um tempo fixo, por exemplo, 60 segundos. Nos ensaios des-
trutivos a tensão é elevada até se obter a perfuração da isolação do espécime sob ensaio.
A taxa do aumento da tensão também varia com a norma aplicada e é da ordem de 0,5 a 1 kV/s
para isolamentos sólidos e de 3 kV/s para líquidos. Através de um voltímetro podemos controlar a
tensão de ensaio e por um miliamperímetro medimos a corrente de fuga, que em alguns modelos
pode ser a partir de 20 ηA.
Caso a amostra não suporte a tensão aplicada e seja perfurada, o dispositivo de proteção da má-
quina deverá abrir imediatamente, interrompendo o circuito de alimentação do instrumento.

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

A limitação das fontes para ensaios de alta tensão está na sua capacidade, isto é, na potência
necessária desses instrumentos. Muitas vezes eles não possuem potência suficiente para alimentar
espécimes altamente capacitivos, tais como cabos de AT, barramentos, fluodutos, condutores blin-
dados etc.
Embora o ensaio com tensão menor que a especificada não submeta a amostra aos mesmos ri-
gores que o teste normal, nestas ocasiões é recomendado deixar a tensão aplicada por um período de
tempo maior.
As máquinas de tensão VDC são muitas vezes escolhidas para submeter o equipamento a ensaio
de alta tensão por necessitarem menor potência para submeter a amostra à mesma solicitação. O cri-
tério para a escolha de tensão VDC ou VCA deve ser discutido com o fabricante à luz das normas
adotadas e das condições reais da isolação sob ensaio.
Na figura 4.9.1 vemos um instrumento para ensaio de tensão aplicada em VDC e VCA da linha
PGK HB da Nansen.

Figura 4.9.1 - Fontes de Alta Tensão VDC e VAC das Linhas PGK e PGK-HB da Nansen

4.10 - Medidor de Resistência de Terra - Megger de Terra


Trata-se de um Megger - Medidor de Isolamento DC - especial que é usado para determinar a
resistência de uma malha de terra de uma subestação.
Com esse aparelho medimos também a resistência de isolamento entre um ponto qualquer em
torno da subestação cuja malha queremos ensaiar e esta malha.
Portanto, com esse instrumento, qualquer diferença de potencial anormal entre a malha de terra
e o ponto de medição pode ser detectado.
Com o Megger de Terra podemos levantar a resistividade do solo em torno de um determinado
ponto para efeito de acompanhamento preventivo das suas condições com o passar do tempo e, con-
seqüentemente, a eficiência da malha de terra naquele ponto.
O funcionamento deste instrumento é semelhante ao Medidor de Isolamento DC - Megger uti-
lizado na medição da resistência de isolamento de equipamentos elétricos, já descrito neste capítulo.

4.11 - Instrumentos para Localizar, Analisar e Diagnosticar Defeito e Falhas em Cabos


São instrumentos aptos a realizar ensaios em cabos subterrâneos de baixa e média tensão, com
modelos disponíveis até 150 kV, tanto em VDC como VCA, além de modelos para ensaios de tensão
em baixíssimas freqüências (até 0,1 Hz).

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São instrumentos de última geração que podem ser instalados em camionetes e reboques e pos-
suem recursos para métodos de medição modernos, configurados para proporcionar uma fácil ope-
ração e análise automática dos resultados e monitoramento central de todos os comandos e funções.
São oferecidos com projetos de acordo com as especificações e características desejadas pelo
cliente, visando atender aos aspectos ergonômicos.
Os modelos mais usados localizam os defeitos através do método de refletometria, utilizando
gerador de impulso, microfone de solo e receptor de áudio-frequência. Permitem localizar os defei-
tos em capas de cabos através do método da tensão de passo.
Na figura 4.11.1 vemos um modelo de localizador de defeitos em cabos da marca Nansen.

Figura 4.11.1 - Localizador de Defeitos em Cabos Modelo Syscompact 32 da Nansen

Na figura 4.11.2 vemos o sistema para ensaios e diagnóstico em cabos por meio da medição de
Descargas Parciais - DP, utilizando o VLF - Very Low Frequency.
Essa medição fornece um diagnóstico seguro da existência de falhas de montagem ou do de-
senvolvimento de arborescências em cabos de isolamento plástico.
Com esses instrumentos medimos o fator de dissipação (tg δ) para avaliação do grau de enve-
lhecimento do cabo. Pode também ser estimado se a medição do fator de dissipação foi influenciada
por descargas parciais como as originadas, por exemplo, em junções.
Os instrumentos modernos possuem freqüência de saída variável (0,01Hz à 1Hz) o que permite
avaliação espectroscópica, alta resolução na medição do nível de DP, exibição das atividades de DP
em toda a extensão do cabo e menus orientativos para controle e localização da fonte das DP’s. A
medição simultânea de descarga parcial com localização da fonte permite a avaliação do fator de
perdas e do estado do isolamento.
Em alguns tipos de cabos de isolamento misto (PILC), a medição de descargas parciais permite
a localização seletiva da fonte com a indicação da atividade de descargas em seções do cabo, juntas
ou terminações. Por conseguinte, isso representa um diagnóstico que orienta as medidas preventivas
que deverão ser tomadas para evitar a ocorrência de falhas durante a operação.

4.12 - Analisador Acústico de Descargas Parciais


São instrumentos portáteis, alimentados a bateria e fácil de serem utilizados para monitorar a
condição de cabos, terminações e junções por meio da medição de descargas parciais pelo método
acústico, que tem como principal vantagem o fato de ensaiarem os cabos e acessórios sem necessi-
dade de interrupção da operação e que também podem ser utilizados para detectar descargas parci-
ais em outros tipos de equipamentos.

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

Esses instrumentos monitoram o sinal acústico através de um sensor ultra-sônico e um micro-


processador controla o processamento e a aquisição dos dados.

Figura 4.11.2 - Sistema para Ensaios e Diagnósticos em Cabos da Nansen


A figura 4.12.1 mostra o analisador acústico de descargas parciais modelo APDA da Nansen.
Esse modelo possui um bastão de fibra de vidro eletricamente isolado para transferir o sinal acústi-
co das terminações ao instrumento. Os resultados são mostrados em um display LCD, podem ser
transferidos e arquivados em um microcomputador através de porta serial.
A IEC 502 especifica que o nível de descarga parcial (de acordo com a IEC 270) deve estar a-
baixo de 10 ρC e a sensibilidade desses instrumentos está na média de 5 a 50 ρC, dependendo da
montagem e do material do cabo a ser ensaiado, medida baseada na comparação dos sinais elétricos
e acústicos.

Figura 4.12.1 - Analisador Acústico de Descargas Parciais Modelo APDA da Nansen

4.13 - Instrumento para Localização de Defeitos em Linhas de Transmissão


São instrumentos microprocessados utilizado para localizar defeitos em linhas com circuitos
abertos, ou em curto-circuitos francos, em linhas energizadas ou desenergizadas, permitindo nítida
visualização e leitura da distância da medição até o ponto do defeito.
Os instrumentos disponíveis para linhas desenergizadas possuem faixas de medição com alcan-
ces de até 400 km, ajuste da velocidade de propagação do pulso na linha de transmissão e compara-
ção da forma de onda de referência com a forma de onda do display do instrumento.

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Os modelos para linhas energizadas podem ser usodos em linhas de qualquer comprimento e
permitem acesso remoto de dados via modem ou sistema SCADA.
Na figura 4.13.1 vemos modelos de localizadores de defeitos para linhas desenergizadas e e-
nergizadas, respectivamente.

Figura 4.13.1 - Localizadores de Defeitos em Linhas de Transmissão da Nansen

4.14 - Analisador de Rigidez Dielétrica de Óleo Isolante


São instrumentos utilizados para determinar a rigidez dielétrica de óleos isolantes de equipa-
mentos elétricos.
Existem diversos modelos portáteis para uso em campo com princípios de funcionamento se-
melhantes, que consiste, basicamente, em submeter o óleo isolante, por meio de um recipiente espe-
cial de prova, chamado de célula, ao campo elétrico alternado e crescente continuamente, até se ob-
ter sua ruptura dielétrica.
As características dos testes dependem da norma adotada e no capítulo referente aos ensaios em
óleo isolantes apresentamos um resumo destas características e os principais métodos adotados.
A rigidez dielétrica de óleo isolante varia muito com a contaminação, portanto convém adotar
medidas de precaução para evitá-la.
Quando a célula não é utilizada durante muito tempo devemos guardá-la em lugar limpo, seco,
abrigado da poeira e cheia com óleo tratado e em bom estado. Antes do uso a ela deve ser limpa
cuidadosamente com solvente, usando pano seco e sem fiapo, e guardada em estufa para evitar a
contaminação por umidade.
Antes de encher a célula com a amostra a ser ensaiada devemos lavá-la diversas vezes com o
mesmo óleo que será testado. Misturar lentamente o óleo contido no recipiente a fim de assegurar a
maior homogeneidade das impurezas, porém evitando a formação de bolhas de ar no óleo.
Algumas normas determinam o uso de agitadores motorizado para circulação do óleo durante o
ensaio e vários modelos de testadores de rigidez dielétrica já vêm com este emulsionador incorpo-
rado ao instrumento.
Os modernos instrumentos disponíveis permitem a adaptação da tensão de ensaio (0 a 100 kV)
e a seleção automática da velocidade de elevação da tensão (0 a 5 kV/s), além do espaço entre ele-
trodos com ajuste do zero através de sinal acústico quando do toque dos eletrodos e espaçamento a-
través de calibradores, facilitando o uso com diversas normas - ASTM D, VDE, IEC, CEI, BS,
UNE, UTE, SEV e outras.
Possuem sensor para medição da temperatura do líquido isolante (0 a 99 ºC), impressora dos
resultados, display alfanumérico, seqüências de ensaio pré-programadas e totalmente automáticas,

Jorge Nemésio Sousa 4 - Instrumentos Utilizados na Manutenção Elétrica Pág. 97


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interface serial para controle e aquisição de dados via microcomputador, geração após cada ensaio,
de uma lista contendo os valores de ruptura, valores médios, desvio padrão, data e hora.
Na figura 4.14.1 vemos o modelo TDA 100 da Nansen.

Figura 4.14.1 - Analisador de Rigidez Dielétrica de Óleo Isolante da Nansen

4.15 - Medidores de Teor de Umidade em Líquidos e Gases Isolantes


São instrumentos utilizados para medir a presença de água livre contida na substância ensaiada,
isto é o teor de umidade em um líquido ou gás.
O método mais conhecido - Karl-Fischer - para determinar o teor de umidade em óleo isolante
não produz resultados muito confiáveis na faixa de medição abaixo de 10 ppm. Para valores superi-
ores a 10 ppm, os resultados obtidos com método Karl Fisher, comparados com métodos usados em
outros instrumentos, apontaram valores iguais.
Existem basicamente dois princípios de funcionamento esses instrumentos fornecerem, com
segurança, valores de umidade na ordem de grandeza de 1 ppm:
• Teor de Umidade - aqueles que fornecem o valor do teor de umidade cujo resultado pode ser
dado em valor absoluto, µg; ou relativo, em ppm - partes de água para milhões de partes da
substância, isto é a quantidade de água livre contida em uma amostra.
• Ponto de Orvalho - são os que indicam o valor da temperatura de condensação do vapor de
água existente na amostra. Este valor é chamado de Dew Point (Ponto de Orvalho), quando a
temperatura é acima do ponto de congelamento da água; ou Frost Point (Ponto de Congelamen-
to) para temperatura abaixo de 4º C. Os instrumentos mais usados para medir o conteúdo de
água em líquidos, fornecem a leitura do Ponto de Orvalho.
Com o Dew Point e a temperatura do líquido no momento da medição, consultamos uma tabe-
la, montada a partir da Constante de Henry para a solubilidade da água e líquidos - no nosso caso
óleo isolante mineral - em determinadas temperaturas, para obter o teor da umidade, em ppm por
peso. Estes medidores são utilizados, em manutenção elétrica, para monitorar tratamento de óleo i-
solante, por exemplo.
Na tabela 4.15.1 apresentamos, como ilustração, algumas partes dos valores do teor da água em
óleo isolante mineral para algumas temperaturas de Ponto de Orvalho.
Para analisar o teor de umidade em gases, tais como ar, nitrogênio, SF6, metano, oxigênio etc,
o instrumento mais comum é aquele que fornece diretamente o conteúdo de água presente na subs-
tância e os resultados podem ser dados em valores absolutos (µg) ou relativos (ppm).

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

O princípio de funcionamento deste tipo de medidor é baseado na absorção e eletrólise simultâ-


nea da água. O gás é forçado a fluir através de um tubo, cujas paredes são formadas de material
condutor, com superfície interna recoberta de uma película dessecante que absorve a água da amos-
tra. Uma tensão VDC é aplicada nestas paredes fazendo com que uma corrente elétrica flua pela
película, eletrolisando assim a água absorvida.

Ponto de Orvalho ºC + 10 +6 +2 0 -2 -6 - 10
Temp. do óleo ºC Partes por Milhão de Água no Óleo (ppm)
16 37 24,6 18,6 16,1 13,7 9,74 6,87
20 28,4 21,6 16,3 14,1 12 8,52 6,01
26 24,5 18,6 14,1 12,2 10,3 7,35 5,18
30 23,2 17,6 13,3 11,5 9,75 6,95 4,9
36 21,3 16,2 12,2 10,6 8,97 6,39 4,51
40 20,1 15,3 11,6 10 8,49 6,05 4,26
46 18,9 14,4 10,8 9,38 7,95 5,67 3,99
50 18,2 13,9 10,5 9,06 7,67 5,47 3,85
56 17 12,9 9,75 8,43 7,15 5,09 3,59
Tabela 4.15.1 - Ponto de Orvalho para Diferentes Temperaturas do Óleo Isolante
A corrente da eletrólise é diretamente proporcional ao conteúdo de vapor d'água da amostra e
esta corrente é transferida para um medidor que indica, de modo contínuo, o valor da umidade, em
ppm por volume.
Outro tipo de instrumento usado para determinar o teor de água em gases é aquele que indica,
tal qual os medidores de óleo isolante, o Ponto de Orvalho. Utilizando curvas apropriadas da varia-
ção do Dew Point com a temperatura do gás, podemos encontrar o valor de ppm da substância en-
saiada. Estes instrumentos são muitos úteis quando se deseja obter o teor de umidade dos gases que
estão envolvidos na isolação de certos equipamentos elétricos bem como no controle do processo de
secagem de transformadores e compartimentos de subestações blindadas a gás - GIS.

Figura 4.15.1 - Medidor do Conteúdo de Água em Líquidos e Gases Isolantes


Na figura 4.15.1 mostramos o modelo KFM 2000 do medidor do conteúdo de água em líquidos
e gases isolantes, controlado por microprocessador baseado no método de Karl-Fischer, da Nansen,
e na figura 4.15.2, apresentamos uma curva do Ponto de Orvalho x ppm para determinadas tempe-
raturas em ºF.

Jorge Nemésio Sousa 4 - Instrumentos Utilizados na Manutenção Elétrica Pág. 99


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Figura 4.15.2 - Curva de Saturação do Vapor D’água Contido em Amostras de Ar

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4.16 - Medidor de Corrente de Fuga em Pára-raios


São instrumentos para medir a corrente de fuga de pára-raios que se baseiam na análise das
componentes da tensão do sistema e da corrente de fuga, utilizados em sistemas de 24 kV a 765 kV,
incluindo GIS de 550 kV. Os medidores atuais utilizam filtros para evitar os harmônicos de tensão
do sistema, sendo sensíveis apenas às componentes da corrente, normalmente a terceira harmônica.
Sendo instrumentos próprios para instalação ao tempo, uma das principais aplicações é o moni-
toramento da corrente de fuga de pára-raios, com o objetivo de eliminar quaisquer variações provo-
cadas por condições ambientais. Os modelos mais encontrados são os destinados aos pára-raios de
óxido de zinco e aos pára-raios de subestações isoladas a gás - GIS. Os valores medidos da corrente
de fuga podem ser lidos diretamente no display do instrumento ou transferidos para um microcom-
putador para impressão, armazenamento em banco de dados ou ainda para apresentação gráfica.
Na figura 4.16.1 vemos o medidor de corrente de fuga de pára-raios modelo LCM da Nansen.

Figura 4.16.1 - Medidor de Corrente de Fuga em Pára-raios de Óxido de Zinco da Nansen

4.17 - Analisador Acústico de Isolamento


São instrumentos utilizados para a medição das descargas parciais e determinação de existência
de partículas livres através do método acústico e sem necessidade de interrupção da operação, em
subestações isoladas a gás (GIS), causadas por protusão ou perda de isolação.
Monitoram os sinais acústicos através de sensores ultra-sônicos e os microprocessadores con-
trolam o processamento e a aquisição dos dados. Os resultados são mostrados em um display LCD
durante as medições e podem ser transferidos para microcomputadores pela porta serial. Com os
modernos medidores acústicos portáteis já podemos até detectar a presença de partículas menores
que 2 mm em comparações com as partículas maiores que 5 mm detectáveis pelos métodos conven-
cionais em laboratórios.
Na figura 4.17.1 vemos o modelo AIA do Analisador Acústico de Isolamento da Nansen..

Figura 4.17.1 - Analisador Acústico de Isolamento Modelo AIA da Nansen

Jorge Nemésio Sousa 4 - Instrumentos Utilizados na Manutenção Elétrica Pág. 101


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4.18 - Máquinas de Tratamento de Gás


São máquinas utilizadas para tratamento do Hexafluoreto de Enxofre (SF6) nos trabalhos com
equipamentos que usam esse gás como meio isolante e nas subestações blindadas a gás. São usadas
para a drenagem, enchimento, purificação e limpeza do SF6, em níveis que chegam a 99,6% do gás
dos equipamentos.
Com essas máquinas podemos realizar todos os processos necessários para limpar os equipa-
mentos isolados a gás SF6, incluindo a remoção do gás, armazenagem temporária, filtragem de con-
taminantes de até 0,1 mícron, purificação e secagem do gás, evacuação e re-pressurização do equi-
pamento.
As unidades também são ideais para controlar a vazão de entrada e saída do gás, o peso e vo-
lume que está sendo manuseado, além de encher e esvaziar cilindros e compartimentos. Podemos
também fazer vácuo nos compartimentos que deverão ser tratados, com a finalidade de secá-los, re-
tirando toda a umidade retida em suas paredes.
Os modelos maiores são projetados para realizar remoção do SF6 dos equipamentos, liquefação
e armazenamento do gás em tanque próprio; evacuar os compartimentos e equipamentos para seca-
gem antes do re-carregamento; re-evaporação o gás SF6 e re-carregamento do equipamento evacua-
do; além de purificação do SF6 por meio de absorção e remoção de produtos em decomposição e da
umidade.
Estas máquinas de tratamento de SF6 possuem bombas, compressores (preferencialmente sem
óleo), bombas de vácuo, filtros, tanques de armazenamento, balança, manômetros, válvulas, regis-
tros, tubulação para gás, conexões e mangueiras.
Na figura 4.18.1 vemos as unidades de recuperação de gás SF6 da ENERVAC, modelo GRU4
e GRU6, respectivamente.

Figura 4.18.1 - Unidades de Recuperação de Gás SF6 da ENERVAC

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4.19 - Instrumental Auxiliar


Sem nenhuma preocupação de propor dimensionamento padrão ou modular, relacionamos a se-
guir alguns outros instrumentos, ferramentas e materiais usados em serviços de campo de manuten-
ção elétrica.
Água destilada Fita de vedação Pressostatos

Álcool Fita isolante Protetores auriculares

Amperímetros padrão AC e DC Frascos para amostra de óleo Rádios intercomunicadores

Amperímetros AC e DC Graxas Resistência variável

Balança Guarda-pó Roldanas

Barbante Guinchos elétricos Seringas para amostra de gás

Baterias Hidrômetro Solução de bateria

Binóculo Imã permanente Solventes

Botas Lâmpadas TC padrão

Cabos de aço Luvas TP padrão

Cabos e fios elétricos Macacões Termômetro de mercúrio

Capas de chuva Macacos hidráulicos Termômetro de álcool

Capacetes Mangueiras de pressão Termômetro de contato

Catracas Mangueiras de vácuo Termostato

Chave faca Manômetro Tirfor

Chave fusível Máquina fotográfica Válvulas de redução

Cinto de segurança Massa para vedação Variac

Cola Material de limpeza Varímetros

Cronômetro Miliamperímetros AC e DC Veda juntas

Durepoxi ou similar Milivoltímetros AC e DC Volt-amperímetro alicate

Ebulidor Multímetro Voltímetro padrão AC e DC

Engates rápidos Óleos lubrificantes Voltímetros AC e DC

Ferramentas em geral Pano fralda Wattímetros

Ferro de soldar Pano trapo

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Manutenção de Equipamentos e Instalações Elétricas

4.20 - Bibliografia do Capítulo 4

[1] NEMÉSIO SOUSA, Jorge. Manutenção e Operação de Equipamentos Elétricos. Apostila e


Notas e Aulas da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janei-
ro, 2004.
[2] _________, Ensaios de Aceitação e Manutenção de Equipamentos Elétricos. Apostila do
Curso para a Escola Politécnica da UFRJ. Rio de Janeiro, 1990.
[3] FURNAS. Instrução de Operação do Medidor de Resistência de Isolamento DC – MEGGER.
Instrução Técnica de Furnas Centrais Elétricas S.A. Rio de Janeiro, 1992.
[4] _________, Instrução de Operação do Medidor de Perdas Dielétricas - DOBLE. Instrução
Técnica de Furnas Centrais Elétricas S.A. Rio de Janeiro, 1992.
[5] _________, Análise do Circuito da Ponte de Wheatstone. Instrução Técnica de Furnas Cen-
trais Elétricas S.A. Rio de Janeiro, 1979.
[6] _________, Análise do Circuito Básico da Ponte Kelvin. Informação Técnica de Furnas Cen-
trais Elétricas S.A. Rio de Janeiro, 1978.
[7] _________, Instrução de Operação do TTR. Instrução Técnica de Furnas Centrais Elétricas
S.A. Rio de Janeiro, 1990.
[8] BIDLE, James G. Instruction Manual for Use All Ducter. UK, 1977.
[9] _________, Instruction Manual for Insulation Test. UK, 1982.
[10] NANSEN, Soluções em Manutenção de Sistemas Elétricos – Guia de Instrumentos para Tes-
te, Análise e Monitoramento de Linhas Aéreas e Subterrâneas e Equipamentos de Subesta-
ções. Ed. Nansen S.A. Instrumentos de Precisão. Contagem - MG, 2003. Disponível também
em www.nansen.com.br . Brasil. Consulta em 03/02/2005.
[11] ENERVAC Corporation, Catálogos de Produtos para Óleo e SF6. Disponível em
http://www.enervac.com/Portuguese/products.shtml. USA. Consulta em 03/02/2005.

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