Apost. Cap. 4 - Instrumentos de Manutenção Elétrica
Apost. Cap. 4 - Instrumentos de Manutenção Elétrica
Apost. Cap. 4 - Instrumentos de Manutenção Elétrica
Índice
4.1 - Introdução
A manutenção de equipamentos elétricos na subestação é a observação das condições que de-
terminam o grau de eficiência de seu funcionamento.
São realizados ensaios com instrumentos especiais, com os quais podemos detectar defeitos ou
não, de acordo com os resultados obtidos. Estes resultados devem ser analisados sob certos crité-
rios, observando as indicações dadas pelos fabricantes dos instrumentos, bem como os requisitos
existentes para a operação do equipamento. Seguindo as normas técnicas, tabelas, ábacos, gráficos,
informações dos fabricantes e dados estatísticos, podemos levantar as condições operacionais e ve-
rificar se estão dentro das especificações requeridas.
Por ocasião do comissionamento do equipamento, devemos identificar e anotar o instrumental
utilizado para que no futuro, durante as manutenções preventivas, tenhamos uma informação preci-
sa das suas condições no momento da energização. Isto também ajuda para que esse ensaio seja re-
petido de acordo com o procedimento adotado nessa aceitação e se possível com os mesmos ins-
trumentos, o que contribuirá para a padronização dos ensaios. Convém lembrar a importância de se
conhecer bem o instrumento que se está utilizando, suas limitações e características para uma segu-
ra análise do estado do equipamento.
Neste capítulo descreveremos, de maneira geral, os instrumentos mais utilizados para os ensai-
os de manutenção, seu princípio de funcionamento, suas funções e limitações.
V = R×I e V = RX × I X
I
R × I = RX × I X e RX = R ×
IX
Como R é constante, então a resistência desconhecida RX ficará sendo função apenas do quoci-
ente de I por IX.
O instrumento conta também com um terminal Guard cuja finalidade é desviar da bobina de
corrente ou medição - bobina A, a corrente que não queremos medir.
Na figura 4.2.4 esquematizamos a aplicação deste terminal para o caso de ensaio em um trans-
formador de dois enrolamentos. Podemos ver que a corrente IP é desviada do circuito de medição
permitindo assim, que somente a resistência RPS seja medida. Observamos também que o terminal
Guard desvia da bobina de medição a corrente IP que será tanto maior quanto menor for RP.
Nestas condições, o valor da resistência de isolamento lido no instrumento será menor que o
valor real de uma quantidade proporcional à IP. Assim, se RP for igual a R’, a resistência RPS lida no
instrumento será igual a metade do seu valor.
Isto pode ser observado claramente na figura 4.2.5 - que mostra o mesmo circuito da figura
4.2.4 com algumas simplificações - na qual podemos ver que a utilização do terminal Guard poderá
provocar erro na medição da resistência. Portanto, devemos tomar cuidado em observar, antes da u-
tilização do terminal Guard, se a resistência RS não é muito pequena, o que provocaria sobrecarga
na fonte de alimentação e danos ao instrumento, visto não existir no circuito a resistência R’ limita-
dora da corrente.
A resistência RS deve apresentar valor maior ou igual a 1 ΜΩ para a segurança do medidor. Pa-
ra que o erro cometido na leitura de RPS, conforme o circuito da figura 4.2.5 seja inferior a 1%, é
necessário que RP seja 100 vezes maior que R’. Assim, como R’ = 1 ΜΩ, então a resistência a ser
medida (RP) deverá ser ≥ a 100 ΜΩ.
Outro fator importante na técnica da interpretação dos resultados obtidos nos ensaios com o
Megger é o conhecimento da tensão real aplicada ao equipamento sob ensaio. Analisando novamen-
te a figura 4.2.5, vemos que da tensão VDC fornecida pelo instrumento, apenas a parcela VE é real-
mente aplicada ao equipamento sob ensaio, sendo a outra parcela VI aplicada à própria resistência
R’ do instrumento. A parcela VE será tanto maior quanto maior for RX em relação a R’.
Assim, para RX = R’ teremos:
V
VE = VI =
2
Neste caso, se estamos realizando um ensaio com 500 VDC na realidade o equipamento será
submetido a apenas 250 VDC.
Se,
V
V = VE + VI ⇒ IX = e VI = R ' × I X
R + RX
'
Logo teremos:
RX
VE = V ×
R ' + RX
Por meio da equação acima, podemos calcular a tensão VE realmente aplicada ao equipamento
sob ensaio, desde que sejam conhecidas VX, RX e R’.
Por exemplo, ao utilizar um Megger com a resistência R’ igual a 1 ΜΩ em um ensaio no qual
aplicamos 500 VDC em uma resistência de 10.000 ΜΩ, a resistência será submetida aos mesmos
500 VDC já que:
10.000
V E = 500 × = 500 VDC
1 + 10.000
Quando o ponteiro defletir no sentido dos valores menores (aproximando-se do zero), a leitura
é considerada positiva; quando a deflexão for no sentido do fim da escala, a leitura será negativa.
Quando ambas as leituras são positivas, vamos somar e dividir por dois para calcular a média.
Quando uma das leituras é negativa, subtrair a leitura negativa da positiva e dividir por dois para
obter a média. Caso a média seja negativa isto poderá indicar uma irregularidade no equipamento
ensaiado.
Em alguns casos pode ser necessário efetuar medidas adicionais para diminuir o efeito da inter-
ferência, antes que as leituras de medições satisfatórias possam ser obtidas, sincronizando-se o sis-
tema causador da interferência com o sistema de alimentação do equipamento de ensaio ou dese-
nergizando e aterrando o equipamento que está causando a interferência.
Para redução desta influência, os conjuntos de ensaio são fornecidos com blindagem eletrostá-
tica, nos instrumentos de medição e nos cabos, os quais são aterradas durante a execução do ensaio.
Esta blindagem também contribui para a segurança do operador, permitindo um caminho direto para
a terra, em caso de falhas acidentais da isolação do circuito de ensaio ou de contatos com fontes ex-
ternas da alta tensão.
Todas as superfícies expostas do instrumental estão no potencial da terra, com exceção do ter-
minal do cabo que é conectado ao equipamento sob ensaio.
No caso de ensaio de espécimes não aterrados (Ungrounded Specime Test - UST), o terminal
Guard do cabo de ensaio - cabo HV - deve ser ligado a terra, enquanto que a extremidade não ener-
gizada da isolação deve ser ligada, através de um cabo blindado e isolado da terra - cabo LV - ao
terminal UST do instrumento.
Na figura 4.3.3 a seguir, apresentamos uma vista geral do conjunto Doble para ensaio de isola-
ção AC, com os seus principais componentes.
A figura 4.3.4 mostra a vista do painel frontal do Doble MH 10.000 para ensaios com 10 kV,
onde se observa o voltímetro AC indicador da tensão de ensaio, o medidor de corrente (A) e potên-
cia (W), o botão de ajuste da medição, os botões para a verificação da polaridade, ajuste da potência
e selecionar a leitura de corrente e potência, além dos multiplicadores de Watts e Ampères e a to-
mada do cabo multicondutor.
Na figura 4.3.5 a seguir, vemos um modelo de Medidor de Fator de Potência de 12 kV fabrica-
do pela Nansen.
Para efeito de diagrama esquemático de ensaio, o circuito simplificado do Doble é apresentado,
na figura 4.3.6.
O cabo HV (High Voltage) é o alimentador do ensaio e o cabo LV (Low Voltage) é o cabo de
retorno para o medidor. As fugas da isolação serão ”recolhidas” através destes cabos para que exci-
tem a medição.
Por outro lado, todas as superfícies expostas do instrumento estão no potencial de terra, com
exceção do terminal dos cabos, que são conectados ao equipamento sob ensaio, isto é, os cabos HV
e LV. Esta ligação à terra constitui um “caminho” (paralelo aos cabos HL e LV) de retorno das fu-
gas da isolação para o medidor.
As medições efetuadas com o Doble envolvem dois grandes grupos de ensaios, de acordo com
o tipo de isolação a ser medida:
• GST - Ensaio de Espécime Aterrado (Grounded Specime Test)
• UST - Ensaio de Espécime Desaterrado (Ungrounded Specime Test)
O grupo GST pode ser ainda dividido em dois tipos de ensaios:
• GND (Ground) - Ensaio da Isolação para a Terra
• GRD (Guard) - Ensaio onde “guardamos” determinadas fugas que não queremos que sejam
medidas
Conforme observamos na figura 4.3.3, no Doble existe uma chave seletora cuja finalidade é
conectar a extremidade não energizada da isolação, através do cabo LV, ao instrumento de acordo
com o tipo de ensaio a ser efetuado - GND, GRD, UST. Estas são as três “posições” possíveis de
conectarmos o cabo LV do instrumento ao equipamento sob ensaio, as quais determinam de que
maneira as fugas da isolação chegam ao Doble e excitam seu medidor.
Com a chave seletora do cabo LV na posição GND - Ground (figura 4.3.7), as fugas da isola-
ção chegarão ao medidor pelo “caminho de terra” e, paralelamente pelo “caminho” formado pelos
cabos HV - LV.
Quando conectamos o terminal GRD - Guard ao cabo LV (figura 4.3.8), passamos a “guar-
dar” da medição isto é, desviar do medidor as fugas que estão circulando entre os cabos HV - LV.
No entanto, as fugas do circuito entre o cabo HV e a “terra” continuam excitando o medidor.
O instrumento não depende da tensão da fonte já que uma variação na fonte de suprimento afe-
ta ambas as bobinas na mesma proporção. A corrente é limitada pelas próprias resistências do cir-
cuito do instrumento. A precisão do DUCTER está dentro da faixa de 1% da deflexão de fundo de
escala, para todos os seus pontos.
Com este instrumento podemos medir resistências que podem variar de 2000 µΩ até valores da
ordem de 20 Ω, exigindo correntes de 1 mA até 600A, o que nos dá uma ampla margem de utiliza-
ção já que, na grande maioria dos equipamentos aonde deve ser usado, as resistências de contato ou
de conexão encontram-se dentro destes limites.
Em algumas situações os enrolamentos de baixa potência, tais como dos transformadores de
distribuição, também podem ser medidos com o DUCTER.
Existem alguns modelos especiais de micro-ohmímetros, que chamados de medidores de resis-
tência dinâmica de contato. São instrumentos portáteis usados como interface dos instrumentos para
ensaios de tempo de operação de abertura, fechamento e percurso de disjuntores. São úteis para os
casos em que os disjuntores não podem ser desmontados e também recomendados para equipamen-
tos com contatos visíveis, porém sem acesso, como por exemplo, para secionadores blindadas a
SF6.
As máquinas de corrente possuem múltiplas derivações tendo cada uma delas um limite de po-
tência de saída e capacidade de regulação de corrente, sendo comuns valores variando de 100 até
10.000 A. Cada derivação permite um valor máximo de impedância dado pela relação entre os valo-
res nominais de tensão e de corrente. A figura 4.8.1 mostra um modelo da linha LET da Nansen.
Se o instrumento a ser aferido for um voltímetro, o mesmo método pode ser usado desde que se
escolha uma derivação de alta tensão, como por exemplo, 200 V e 12,5 A, e um voltímetro padrão
de laboratório para a comparação.
Caso o medidor seja um wattímetro, o circuito de corrente será fornecido pela máquina de cor-
rente e o de tensão pode ser a própria fonte.
• Ensaios em Transformadores de Corrente
Diversos ensaios em TC's podem ser realizados com o auxílio da máquina de corrente, porém
na manutenção elétrica seu uso é mais freqüente para os ensaios de relação de transformação.
Serve para fornecer uma corrente que excita o enrolamento primário do transformador ou faz a
vez deste próprio enrolamento.
Podemos medir a relação de transformação, achar o erro desta relação e do ângulo de fase do
TC, conectando o primário do TC entre o terminal "comum" e a derivação selecionada para o valor
da corrente de ensaio, conforme o esquema de ligação mostrado na figura 4.8.3.
Aumentando a corrente lentamente aferimos o TC de 10% a 100% do valor nominal.
A limitação das fontes para ensaios de alta tensão está na sua capacidade, isto é, na potência
necessária desses instrumentos. Muitas vezes eles não possuem potência suficiente para alimentar
espécimes altamente capacitivos, tais como cabos de AT, barramentos, fluodutos, condutores blin-
dados etc.
Embora o ensaio com tensão menor que a especificada não submeta a amostra aos mesmos ri-
gores que o teste normal, nestas ocasiões é recomendado deixar a tensão aplicada por um período de
tempo maior.
As máquinas de tensão VDC são muitas vezes escolhidas para submeter o equipamento a ensaio
de alta tensão por necessitarem menor potência para submeter a amostra à mesma solicitação. O cri-
tério para a escolha de tensão VDC ou VCA deve ser discutido com o fabricante à luz das normas
adotadas e das condições reais da isolação sob ensaio.
Na figura 4.9.1 vemos um instrumento para ensaio de tensão aplicada em VDC e VCA da linha
PGK HB da Nansen.
Figura 4.9.1 - Fontes de Alta Tensão VDC e VAC das Linhas PGK e PGK-HB da Nansen
São instrumentos de última geração que podem ser instalados em camionetes e reboques e pos-
suem recursos para métodos de medição modernos, configurados para proporcionar uma fácil ope-
ração e análise automática dos resultados e monitoramento central de todos os comandos e funções.
São oferecidos com projetos de acordo com as especificações e características desejadas pelo
cliente, visando atender aos aspectos ergonômicos.
Os modelos mais usados localizam os defeitos através do método de refletometria, utilizando
gerador de impulso, microfone de solo e receptor de áudio-frequência. Permitem localizar os defei-
tos em capas de cabos através do método da tensão de passo.
Na figura 4.11.1 vemos um modelo de localizador de defeitos em cabos da marca Nansen.
Na figura 4.11.2 vemos o sistema para ensaios e diagnóstico em cabos por meio da medição de
Descargas Parciais - DP, utilizando o VLF - Very Low Frequency.
Essa medição fornece um diagnóstico seguro da existência de falhas de montagem ou do de-
senvolvimento de arborescências em cabos de isolamento plástico.
Com esses instrumentos medimos o fator de dissipação (tg δ) para avaliação do grau de enve-
lhecimento do cabo. Pode também ser estimado se a medição do fator de dissipação foi influenciada
por descargas parciais como as originadas, por exemplo, em junções.
Os instrumentos modernos possuem freqüência de saída variável (0,01Hz à 1Hz) o que permite
avaliação espectroscópica, alta resolução na medição do nível de DP, exibição das atividades de DP
em toda a extensão do cabo e menus orientativos para controle e localização da fonte das DP’s. A
medição simultânea de descarga parcial com localização da fonte permite a avaliação do fator de
perdas e do estado do isolamento.
Em alguns tipos de cabos de isolamento misto (PILC), a medição de descargas parciais permite
a localização seletiva da fonte com a indicação da atividade de descargas em seções do cabo, juntas
ou terminações. Por conseguinte, isso representa um diagnóstico que orienta as medidas preventivas
que deverão ser tomadas para evitar a ocorrência de falhas durante a operação.
Os modelos para linhas energizadas podem ser usodos em linhas de qualquer comprimento e
permitem acesso remoto de dados via modem ou sistema SCADA.
Na figura 4.13.1 vemos modelos de localizadores de defeitos para linhas desenergizadas e e-
nergizadas, respectivamente.
interface serial para controle e aquisição de dados via microcomputador, geração após cada ensaio,
de uma lista contendo os valores de ruptura, valores médios, desvio padrão, data e hora.
Na figura 4.14.1 vemos o modelo TDA 100 da Nansen.
Ponto de Orvalho ºC + 10 +6 +2 0 -2 -6 - 10
Temp. do óleo ºC Partes por Milhão de Água no Óleo (ppm)
16 37 24,6 18,6 16,1 13,7 9,74 6,87
20 28,4 21,6 16,3 14,1 12 8,52 6,01
26 24,5 18,6 14,1 12,2 10,3 7,35 5,18
30 23,2 17,6 13,3 11,5 9,75 6,95 4,9
36 21,3 16,2 12,2 10,6 8,97 6,39 4,51
40 20,1 15,3 11,6 10 8,49 6,05 4,26
46 18,9 14,4 10,8 9,38 7,95 5,67 3,99
50 18,2 13,9 10,5 9,06 7,67 5,47 3,85
56 17 12,9 9,75 8,43 7,15 5,09 3,59
Tabela 4.15.1 - Ponto de Orvalho para Diferentes Temperaturas do Óleo Isolante
A corrente da eletrólise é diretamente proporcional ao conteúdo de vapor d'água da amostra e
esta corrente é transferida para um medidor que indica, de modo contínuo, o valor da umidade, em
ppm por volume.
Outro tipo de instrumento usado para determinar o teor de água em gases é aquele que indica,
tal qual os medidores de óleo isolante, o Ponto de Orvalho. Utilizando curvas apropriadas da varia-
ção do Dew Point com a temperatura do gás, podemos encontrar o valor de ppm da substância en-
saiada. Estes instrumentos são muitos úteis quando se deseja obter o teor de umidade dos gases que
estão envolvidos na isolação de certos equipamentos elétricos bem como no controle do processo de
secagem de transformadores e compartimentos de subestações blindadas a gás - GIS.