Trabalho de Lia
Trabalho de Lia
Trabalho de Lia
2º Ano, Laboral
Discente:
Lia de Fátima Temporário
3 Conclusão ................................................................................................................................ 9
Nos últimos séculos, os avanços proporcionados pela ciência e pela técnica promoveram
mudanças radicais nas formas de vida do homem e no meio ambiente. Tais transformações são
inegáveis, com melhorias expressivas na qualidade de vida e acelerado desenvolvimento de
tecnologias nos diferentes âmbitos da vida humana. Promoveu-se, contudo, “paradoxos ético-
científicos”. Esta obra avaliou-se a Eugenia na perspetiva ética e católica. No primeiro
momento buscou-se brevemente entender as origens e o historial da Eugenia. No segundo
momento contextualizar o avanço das ciências. No terceiro momento entender a preocupação
da ética e moral em relação a esses avanços científico e no terceiro momento entender o
pensamento da Igreja Católica em relação as práticas da Eugenia.
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2 Pensamento da Igreja Católica em Questões de Eugenia
A eugenia é a seleção dos seres humanos com base em suas características hereditárias com
objetivo de melhorar as gerações futuras.
O termo foi criado pelo cientista inglês Francis Galton (1822 - 1911), em 1883. A palavra
eugenia deriva do grego e significa "bem-nascido”, ao misturar as palavras “Eu” que significa
“bom” e “Genia”, que é “nascimento”.
O conceito de Galton defendia a seleção de pessoas que podem nascer e se reproduzir com base
em características como cor de pele, atributos físicos e aptidões intelectuais. O intuito de Galton
era identificar quem são os membros ideais da sociedade. Esses seriam incentivados a se
reproduzirem visando o aperfeiçoamento dos genes das gerações futuras.
Dentre as descobertas científicas mais significativas a partir do século XX, quer-se destacar, na
área da saúde, o amplo conhecimento já gerado e, em contínua expansão, da biogenética e,
consequentemente, da engenharia genética que, entre outras, qualificaram procedimentos de
diagnósticos e intervenções em tratamentos de saúde. Também o fato de que o uso de tais
pesquisas com fins à geração de inovações tecnológicas passa a ser uma das principais
prioridades de governos e empresas, como fatores determinantes de competitividade e de
desenvolvimento econômico e social.
A matriz ética necessária a permear constantemente tais discussões tem, em sua origem
propulsora, o interesse e a observação pelo bem da humanidade. E, a partir dos questionamentos
do próprio homem acerca do que seja esse bem, está posto, constante e ininterruptamente, à
preocupação da ética, quais seriam os limites do ser humano e a sua responsabilidade, enquanto
um imperativo que o direcione à conscientização de suas ações, na busca de garantir esse bem
a qualquer custo e pela via das biotecnologias. Ocorre que o imperativo tecnológico elimina a
consciência, elimina o sujeito, elimina a liberdade em proveito de um determinismo, e a
hiperespecialização das ciências mutila e desloca a noção de homem.
O impacto das questões éticas encontra-se diretamente implicado nas formas de relação que o
homem estabelece entre si e com o meio ambiente, sendo que a pessoa é a referência central
dos interesses e avanços da bioética.
Ao desvendar o escondido da composição genética dos seres, descobre-se, como vimos a grande
proximidade entre eles. Consequentemente emerge com nova força a pergunta sobre a
especificidade dos seres humanos diante de outros seres vivos. Entretanto no emprego de
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biotecnologias e mesmo no uso cotidiano de tecnologias, o ser humano modifica-se em sua
constituição genética, em suas potencialidades, formas de agir e pensar. Intensifica sua
interação com as máquinas “incorporando-as” bem mais além das costumeiras próteses. Até
quando se persiste “humano” ao se adotarem as modificações biotecnológicas?
Do ponto de vista das manipulações genéticas, mesmo frente aos aspectos positivos e naquilo
que a genética pode oferecer de melhor qualidade de vida ao ser humano, é pertinente
questionar, de acordo com Barchifontaine e Pessini, o lugar da natureza de ser humano,
tornando-se relevante reconhecê-lo como produto da natureza, que no seu desenvolvimento
amadurece e, nessa maturidade, alcança os estágios éticos atribuindo-se e agindo de acordo com
valores condizentes e adequados a seu modo de existir. Os autores referem que, os valores não
se encontram nos genes, nem são produtos espontâneos da genética. São culturais, frutos de
uma longa experiência e tradição humana.
Isto é, o processo evolutivo não nos deu de saída um código de valores éticos, mas deu-nos a
capacidade de adquiri-los (...). Tendo-se presente que laboratórios “nunca terão condições
científicas de revelar o que seja uma pessoa, um valor, pois esses conceitos, fundamentalmente,
foram construídos lentamente pelas tradições filosófica, ética, religiosa, jurídica, etc.” (p. 70)2
Uma tomada de consciência, pois, no plano individual, familiar e coletivo, diz respeito aos
valores morais e éticos que cada indivíduo ou grupo preconiza ao posicionar-se acerca de tais
discussões, seja enquanto sujeito de tais vivências ou experiências que envolvem o campo da
genética, seja enquanto estudioso, pesquisador, ou mesmo expectador dos rumos que a ciência
e a ética propõem para tais causas.
Assim, dos posicionamentos éticos frente a tais discussões e da tomada de consciência que daí
advém, tem-se em Cortina que a tarefa ética do homem está em acolher o mundo moral em sua
especificidade e em dar reflexivamente razão dele. Todavia, a autora enfatiza a importância de
que numa sociedade democrática seja cumprido o papel, por esta última, de explicitar os
mínimos morais que devem ser transmitidos e que, histórica e tradicionalmente, aprende-se
como sendo todos aqueles: princípios, valores, atitudes e hábitos aos quais não podemos
renunciar sem renunciar, ao mesmo tempo, à própria humanidade. Se uma moral semelhante
não pode responder a todas as aspirações que comporiam uma “moral de máximos”, mas tem
de se conformar com uma “moral de mínimos” partilhados, esse é definitivamente o preço que
ela tem de pagar por pretender ser transmitida a todos (p. 36-7).
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Nessa perspectiva, cabe referência a uma consciência que deve trazer consigo o autorrespeito e
a consciência do outro como condições para que conteúdos que ocupam ou necessitem de um
plano ético, e assim se desejem titular, possam-no de fato. Da mesma forma que às instituições
civis, religiosas e governamentais, a quem interessa o interdiálogo em torno das grandes
questões bioéticas, cabe tal consciência deste outro, enquanto um contribuinte em potencial,
para que uma ética humanitária possa efetivamente ser levada a cabo na observação da
dignidade humana em todos os seus âmbitos.
Devemos proteger a sociedade contra as ações que criam grupos dos desfavorecidos
promovendo a injustiça genética ou a eugenia. A discriminação de pessoas consiste numa
agressão à própria humanidade e por isto são ilícitas. Como alerta a instrução Donum vitae: “as
novas possibilidades técnicas, abertas no campo da biomédica, exigem a intervenção das
autoridades políticas e do legislador, uma vez que um recurso incontrolado a tais técnicas
poderia levar a consequências imprevisíveis e prejudiciais para a sociedade civil. A referência
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à consciência de cada um e à autorregulamentação dos pesquisadores não pode ser suficiente
para o respeito dos direitos pessoais e da ordem pública. A eugenia e as discriminações entre
os seres humanos poderiam encontrar-se legitimadas. Isso constituiria uma violência e uma
ofensa grave contra a igualdade, a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana”.
É importante referir que os intelectuais católicos leigos quanto os eclesiástico não se opunham
integralmente à eugenia, mas, sim, determinados modelos que ferem os princípios morais, a
integridade pessoal e violam os princípios fundamentais da fé católica. Nesse contexto, é
essencial enfatizar que a postura dos intelectuais católicos em relação à eugenia exemplifica a
capacidade da Igreja Católica de se adaptar e dialogar com as mudanças sociais e científicas.
Eles buscam um equilíbrio delicado entre a aceitação de avanços científicos benefícios e a
rejeição de abordagens eugenistas que violassem os princípios fundamentais da fé católica. Em
suma, esta análise revela a complexidade da interação entre religião, ciência e sociedade.
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3 Conclusão
No decorrer da obra percebeu-se que, a eugenia concebida por Francis Galton (1822–1911) no
final do século XIX, rapidamente se tornou uma representação essencial da modernidade,
atraindo entusiastas em todo o mundo. Conhecida como “a ciência de Galton,” ela
desempenhou um papel central nos debates científicos, sociais e religiosos em toda Europa e
América. As teorias eugênicas propunham melhorar a qualidade genética das populações
humanas e prevenir a degeneração da sociedade por meio de intervenções e controle na
hereditariedade e no ambiente. Porém alguns defensores eugenistas, as prostitutas, os
deficientes, os negros, pobres e alcoólatras deveriam ser extirpados da sociedade contrariando
a ética, a moral e os princípios da Igreja Católica que são contra a discriminação defendendo o
respeito, a promoção da defesa do ser humano e seu direito a vida e contra os paradoxos da era
moderna em que a ciência rejeitava qualquer forma de intervenção divina (Deus), não porque a
igreja era contra os benefícios da ciência pelo contrário sempre buscou um equilíbrio entre
avanços científicos benéficos e a rejeição de abordagens eugenistas que violassem os princípios
fundamentais da igreja católica.
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4 Referências Bibliográficas
Daniel F. Giesbrecht, Centro de Estudos Interdisciplinares (CEIS20 – Universidade de
Coimbra) [email protected] Outubro 2023
https://formacao.cancaonova.com/bioetica/saiba-o-que-e-eugenia-e-como-lidar-com-isso/
https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/eugenia
https://www.todamateria.com.br/eugenia/
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