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SUPERFÍCIES DA TERRA:

ESTRUTURA E FORMAS DO RELEVO

Heitor Salvador • GEOGRAFIA 1


SUPERFÍCIES DA TERRA:
ESTRUTURA E FORMAS DO RELEVO

ESTRUTURAS GEOLÓGICAS
chamadas de placas tectônicas. Essas placas flutuam sobre
uma camada viscosa da parte mais externa do manto, que
Desde a origem, há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, os geocientistas chamam de astenosfera.
o planeta terra está em constante transformação, tanto em
seu interior quanto na superfície.

Placas tectônicas flutuando sobre camada viscosa.


Fonte: Revista Geo Temática

Algumas mudanças de origem natural são facilmente


percebidas. Por exemplo, terremotos e erupções vulcânicas
são fenômenos que podem provocar alterações imediatas
na paisagem.

Vulcão Popocatépetl no México. (à esquerda) Fonte: @rigob_.


Tufão. (à direita) Fonte: Instituto de Pesquisas Espaciais INPE
Isso acontece porque o planeta possui muita energia em
seu interior e a superfície da crosta terrestre sofre a ação Outras mudanças, como o afastamento dos continentes ou
permanente de forças externas, como chuva, vento e o próprio o processo de formação das grandes cadeias montanhosas,
ser humano, que constrói cidades, desmata, refloresta, extrai denominado orogênese, ocorrem em um intervalo de
minérios, faz aterros e represas, desvia rios, etc. tempo tão longo que não conseguimos percebê-las em
nosso curto período de vida.
A superfície terrestre é composta por placas litosféricas
rígidas, que incluem crosta continental e oceânica,

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DERIVA DE PLACAS
continentes mostraram similaridades na evolução até o
tempo postulado para a fragmentação. Após isso, seguiram
A partir da observação do encaixe dos continentes, caminhos evolutivos divergentes, presumivelmente devido
Wegener fez diversas expedições com o intuito de encontrar ao isolamento e às mudanças ambientais das massas
coincidências que comprovassem sua teoria, e como um continentais em separação.
quebra-cabeça ele remontou um só continente, chamado
por ele de Pangeia (pan do latim = todo, inteiro; gea =
Terra). A teoria argumentava que após a
formação do supercontinente Pangeia, o
mesmo teria se fragmentado, dando origem
aos continentes e oceanos que conhecemos
atualmente. Wegener enumerou quatro
evidências para a sua teoria:

Wegener

Evidências geomorfológicas
litológicas
A aproximação dos continentes no mapa permitiu-lhe
verificar uma continuidade geológica ao nível de grandes
estruturas da superfície terrestre, como as cadeias de
montanhas, ao nível da composição litológica. Por exemplo,
para ele, a Serra do Cabo, uma cadeia de montanhas de
orientação leste-oeste na África do Sul, seria a continuação
da Sierra de la Ventana, com a mesma orientação, na
Argentina, ou ainda, o planalto na Costa do Marfim, na
África, teria continuidade no Brasil

Evidências paleoclimáticas
Evidências Glaciais: evidências paleoclimáticas, como
aquelas que comprovam um importante e extenso evento
de glaciação no sul e sudeste do Brasil, sul da África, Índia,
Austrália e Antártica, há aproximadamente 300 milhões
Evidências geológicas. Fonte: Revista Geo Temática
de anos. Em todos esses lugares estrias impressas nas
rochas dessa época indicam as direções de movimento
das antigas geleiras.
Tectônica de placas
As placas tectônicas se distribuem na superfície terrestre
Evidências paleontológicas como se fossem peças de um quebra-cabeça. Se uma peça
dessas se move, vai colidir com as suas vizinhas. Essa
Entre as evidências mais impressionantes que Wegener colisão provoca dois tipos de terremotos, os terremotos de
apresentou, estava a dos fósseis, principalmente de plantas borda de placa, mais fortes, como os que ocorrem no Chile
representativas de gimnospermas e samambaias extintas, e os terremotos intraplaca, historicamente mais fracos,
conhecidas coletivamente, como a flora de Glossopteris, na como os que ocorrem no Nordeste.
África e no Brasil (e também na Austrália, Índia e Antártica,
entre outros lugares). A placa em que está localizado o Brasil é a Placa
Sulamericana, que colide com a Placa de Nazca a oeste, e
Outro indício foi de fósseis idênticos encontrados apenas a leste, ela se afasta da Placa Africana. A colisão a oeste é
na África e na América do Sul de um réptil de 300 milhões do tipo zona de subducção, onde a placa de Nazca que é
de anos, sugerindo que os dois continentes estavam juntos oceânica e mais densa mergulha sob a placa Sulamericana,
naquele tempo. Os animais e as plantas dos diferentes que é continental e menos densa.

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Já na borda leste, o mecanismo envolve uma célula de convecção que faz o magma ascender à superfície afastando as duas
placas, dando origem à cadeia meso-atlântica. Diante disto é fácil compreender que a Placa Sulamericana está submetida
a um regime compressivo provocado pelo empurrão da Placa de Nazca de oeste para leste, e pela ascensão magmática na
cadeia meso-atlântica, que a empurra para oeste.

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Anotações

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A ESCALA DE RICHTER
A escala de Richter foi desenvolvida em 1935 pelos sismólogos Charles Francis Richter e Beno Gutenberg, ambos
membros do California Institute of Technology (Caltech), que estudavam sismos no Sul da Califórnia. Ela representa a
energia sísmica liberada durante o terremoto e se baseia em registros sismográficos.

Escala Richter. Fonte: Nexo Jornal (à esquerda). Propagação da onda de um tsunami. Adaptado: National Oceanic
and Atmospheric Administration NOAA (à direita).

O RELEVO E SEUS AGENTES


Agentes internos, também chamados endógenos, são aqueles impulsionados pela energia contida no interior do planeta.
Esses fenômenos deram origem às grandes formações geológicas existentes na superfície terrestre e continuam a atuar
em sua transformação.

Movimento das placas tectônicas. Fonte: Revista Geo Temática

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Agentes externos, também chamados exógenos, atuam na
modelagem da crosta terrestre, transformando as rochas,
Orogênese
erodindo os solos e dando ao relevo o aspecto que apresenta Quando os movimentos internos da Terra são de curta
atualmente. Os principais agentes externos são naturais: a duração (sob o ponto de vista geológico) e caracterizam-
temperatura, o vento, as chuvas, os rios e se pelo choque entre duas placas tectônicas distintas,
oceanos, as geleiras, os microrganismos, dá-se o nome de orogênese, ou movimentos orogênicos.
a cobertura vegetal, mas há Este processo costuma ocorrer em formações geológicas
também a ação crescente recentes e instáveis.
dos seres humanos.
Os resultados dos movimentos orogênicos são a formação
de grandes cadeias de montanhas e cordilheiras, uma vez
que o encontro entre as placas provoca o soerguimento do
relevo terrestre. Além disso, a orogênese provoca, também,
o surgimento de vulcões e falhas geológicas, grandes
Rochas sedimentares na Serra da Capivara-PI.
Fonte: Serviço Geológico do Brasil (CPRM) responsáveis pelos abalos sísmicos e terremotos.

Dobramentos modernos. Fonte: Observatório Histórico Geográfico

Epirogênese ROCHAS
Quando os movimentos internos são de longa duração Rocha é um agregado consolidado de um ou mais minerais
(também sob o ponto de vista do tempo geológico), com a formado por processos naturais. Além de minerais, as rochas
ocorrência de movimentos verticais, dá-se o nome de também podem conter matéria orgânica, fósseis, água, vidro
epirogênese ou movimentos epirogênicos, que provocam o vulcânico e outros componentes sólidos naturais.
soerguimento (a elevação de altitudes sem dobras ou
Rochas ígneas são sólidos cristalinos formados
falhas) ou a subsidência (o rebaixamento das altitudes de
diretamente pelo resfriamento e solidificação de magma.
um determinado relevo).
O magma é resultado da fusão parcial (derretimento)
A epirogênese costuma ocorrer em terrenos estáveis e de de rochas no interior do planeta. É necessário altas
formação geológica antiga, ou seja, mais planos e menos temperaturas para fundir uma rocha, geralmente entre
acidentados. Por não apresentar dobras e falhas, não 700 e 1200 °C.
proporciona terremotos ou
Rochas sedimentares são formadas por sedimentos
vulcanismo, além de
(seixos, areia, silte e argila), ou mesmo de restos de plantas
abranger áreas
e animais, depositados em camadas ao longo do tempo, seja
de dimensões
em terra ou no fundo dos oceanos, mares, rios e lagos. Os
continentais.
sedimentos são formados pelo processo de intemperismo
(fragmentação/decomposição) e erosão (transporte) de
Esquema de fossa tectônica. Horst e Graben. rochas expostas na superfície da Terra, e também pela
Fonte: Culture Volcan precipitação de íons em solução aquosa.

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Rochas metamórficas são formadas pela transformação O principal fator de intemperismo físico é a variação de
de outras rochas, com a recristalização e/ou rearranjo de temperatura (dia e noite; verão e inverno), que provoca
minerais, devidas a mudanças extremas das condições dilatação e contração das rochas, fragmentando-as. Mais
de pressão e temperatura, em geral, associadas à predominante em ambientes secos.
movimentação das placas tectônicas e formação de cadeias
Já o intemperismo químico resulta, sobretudo, da ação
de montanhas.
da água sobre as rochas, provocando, com o passar do
tempo, uma lenta modificação na composição química dos
minerais. Mais predominante em ambientes úmidos.
SOLOS Ambos os intemperismos atuam concomitantemente, mas
Os solos são formados a partir de um processo chamado dependendo das características climáticas um pode atuar
pedogênese, formados por meio do intemperismo químico de maneira mais intensa que o outro.
e físico das rochas, sendo constituídos essencialmente por
minerais, matéria orgânica, água e ar, além de pequenos
animais e micro-organismos.
Predominam os Latossolos, Argissolos e Neossolos, que
no conjunto se distribuem em aproximadamente 70%
do território nacional. As classes Latossolos e Argissolos
ocupam aproximadamente 58% da área e são solos
profundos, altamente intemperizados, ácidos, de baixa
fertilidade natural e, em certos casos, com alta saturação
por alumínio. Também ocorrem solos de média a alta
fertilidade, em geral pouco profundos em decorrência
de seu baixo grau de intemperismo. Estes se enquadram
principalmente nas classes dos Neossolos, Luvissolos, Intemperismo físico. Fonte: Revista Geo Temática
Planossolos, Nitossolos, Chernossolos e Cambissolos.

Intemperismo químico. Fonte: Revista Geo Temática


Figura 1 - Perfil do solo. Fonte: Embrapa

Erosão - Transporte e sedimentação: o material


fragmentado pelo intemperismo está sujeito a erosão.

INTEMPERISMO E EROSÃO
Nesse processo, as águas e o vento desgastam a camada
superficial de solos e rochas, removendo substâncias que
Intemperismo: é o processo de desagregação (intemperismo são transportadas para outro local, onde se depositam
físico) e decomposição (intemperismo químico) sofrido ou se sedimentam. O relevo se modifica tanto no local de
pelas rochas. A erosão é o processo retirada e o transporte onde o material foi removido como no local onde ele é
do material na forma de fragmentos, soluções e misturas depositado, que forma ambientes de sedimentação: fluvial
para outros locais até atingir o nível base de erosão onde se (rios), glaciário (gelo e neve), eólico (vento), marinho
acumulam. (mares e oceanos) e lacustre (lagos), entre outros.

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Anotações

Transporte e sedimentação. Fonte: Revista Geo Temática

UNIDADES DO RELEVO
BRASILEIRO
Estruturas e formas

Característica do relevo brasileiro


O território brasileiro é formado por estruturas geológicas
antigas. Com exceção das bacias de sedimentação recente,
como a do Pantanal Mato-Grossense, parte ocidental da
bacia Amazônica e trechos do litoral nordeste e sul, que
são do Terciário e do Quaternário (Cenozoico). O restante
das áreas tem idades geológicas que vão do Paleozoico ao
Mesozoico, para as grandes bacias sedimentares, e ao Pré-
Cambriano (Arqueozoico-Proterozoico), para os terrenos
cristalinos.

JOVEM

O geógrafo Jurandyr Ross classificou o relevo brasileiro em


três níveis considerando a altimetria da superfície:
MADURO
Planalto, superfícies acima de 300m que sofrem desgaste
erosivo, contendo formas de relevo irregulares como
morros, serras e chapadas;
Planície, uma superfície plana, com altitude inferior a
100m, formada pelo acumulo de sedimentos de origem
marinha, fluvial e lacustre; e
Depressão (um novo conceito na classificação do relevo
VELHO brasileiro), áreas rebaixadas pela erosão que circundam as
BRASIL bordas das bacias sedimentares, estando entre tais bacias
e maciços cristalinos, em outras palavras, é uma superfície
entre 100 e 500 metros de altitude sendo mais plana que o
planalto e mais rebaixada que as áreas do entorno, além de
sofrer desgaste erosivo e apresentar elevações residuais.
Heitor Salvador • GEOGRAFIA 9
Classificação do relevo brasileiro por Jurandyr Ross. Fonte: Adaptado de Jurandyr Ross.
Geografia do Brasil. Edusp por editora Ática.

FORMAS DOS RELEVOS


Serra: esse nome é utilizado para designar um conjunto
de formas variadas de relevo, como dobramentos antigos
Planalto: área em que os processos de erosão superam os e recentes, escarpas de planalto e cuestas. Sua definição e
de sedimentação. uso não são rígidos, sofrendo variação de uma região para
outra do país.
Planície: área mais ou menos plana em que os processos de
sedimentação superam os de erosão, independentemente Morro: em sua acepção mais comum é uma pequena
das cotas altimétricas. Essa classificação divide o Brasil em elevação de terreno, uma colina. Em sua classificação dos
dez compartimentos de relevo, com os planaltos ocupando domínios morfoclimáticos, Aziz Ab’Saber destacou os
75% do território e as planícies, 25%. “mares de morros”.

Depressão: relevo aplainado, rebaixado em relação ao seu Montanha: vimos os movimentos orogenéticos
entorno; nele predominam processos erosivos. (enrugamento, dobra e soerguimento da crosta devido
à ação das forças endógenas) deram origem às grandes
Escarpa: declive acentuado que aparece em bordas de
cadeias montanhosas do planeta. Os dobramentos
planalto. Pode ser gerada por um movimento tectônico,
modernos do Cenozoico são o exemplo mais lembrado,
que forma escarpas de falha, ou ser modelada pelos agentes
pois são as maiores montanhas existentes, como os Andes
externos, que geram escarpas de erosão.
e o Himalaia. No Brasil não ocorreram dobramentos
Cuesta: forma de relevo que possui um lado com escarpa modernos, mas sim dobramentos mais antigos que
abrupta e outro com declive suave. Essa diferença de ao longo do tempo geológico foram modelados pelos
inclinação ocorre porque os agentes externos atuaram processos exógenos, dando origem a formas rebaixadas e
sobre rochas com resistências diferentes. desgastadas (montanhas antigas), como o monte Roraima
e as elevações dos planaltos e serras do Atlântico.
Inselberg: (do alemão, ‘monte ilha’): saliência no relevo
encontrada em regiões de clima árido e semiárido. Sua Chapada: tipo de planalto cujo topo é aplainado e as
estrutura rochosa foi mais resistente à erosão do que o encostas são escarpadas. Também é conhecido como
material que estava em seu entorno. planalto tabular.

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Anotações

Montanhas da Cordilheira dos Andes. Formação orogénica,


dobramentos modernos. Fonte: Heitor Salvador

PERFIS TOPOGRÁFICOS

Fonte: Adaptado de Jurandyr Ross. Geografia do Brasil. Edusp por editora Ática.

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MORFOLOGIA LITORÂNEA
Na faixa de contato do continente com o oceano – o litoral
–, o movimento constante da água do mar exerce forte ação
construtiva ou destrutiva nas formas de relevo. Atuando
no intemperismo, transporte e sedimentação de partículas
Baía de Guanabara. Fonte: Google Maps
orgânicas e minerais, a dinâmica das correntes marinhas,
das ondas e das marés é responsável pela formação de
praias, mangues e cordões arenosos chamados restingas.
Falésias: paredões resultantes do impacto das ondas
diretamente contra formações rochosas cristalinas ou
sedimentares (conhecidas como barreiras), comuns no
Nordeste brasileiro.
Recifes: barreira próxima à praia que diminui ou bloqueia
o movimento das ondas. Pode ser de origem biológica,
quando constituída por carapaças de animais marinhos,
ou arenosa, quando formada por uma restinga que se
consolida em rocha sedimentar. Observe a foto ao lado.
Saco, baía e golfo: assemelham-se a um arco quase fechado
que se comunica com o oceano. O que muda é o tamanho: o Falésia na Praia de Pipa-RN. Fonte: Heitor Salvador
saco é o menor (medido em metros) e a baía tem tamanho
intermediário, como a famosa baía de Guanabara, no Rio
de Janeiro.
O golfo: como é o maior pode conter sacos e baías em seu
interior. Ao longo do tempo, a comunicação de sacos e baías
com o oceano pode ser diminuída por causa da constituição
de uma restinga. Se essa restinga continuar a aumentar, pode
ocorrer fechamento do arco, formando-se uma lagoa costeira.
Enseada: praia com formato de arco. Por possuir
configuração aberta, diferencia-se do saco, cuja
configuração é bem mais fechada.
Fiordes: profundos corredores que foram cavados pela
erosão glacial e posteriormente rebaixados, o que provocou
a invasão das águas do mar. Formaram-se em regiões
litorâneas de latitudes elevadas que ficaram recobertas Arrecifes de arenito na praia de Boa Viagem,
por gelo durante as glaciações, como as costas da Noruega Recife-PE. Fonte: Heitor Salvador
e do sul do Chile, entre outras.

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Anotações

Golfo do México e península de Iucatã e da Flórida.


Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar, 2016.

CONCEITOS DA HIDROGRAFIA BRASILEIRA


Conceitos de Hidrografia do Brasil Geomorfologia fluvial

Ciclo hidrológico
Sistema pelo qual a natureza faz a água circular do oceano para a atmosfera e daí para os continentes, de onde retorna,
superficial ou subterraneamente, ao oceano.
Esse ciclo é governado no solo e subsolo pela ação da gravidade, bem como pelo tipo e pela densidade de cobertura
vegetal; e a atmosfera e superfícies líquidas (rios, lagos, mares e oceanos), pelos elementos e fatores climáticos, como,
por exemplo, temperatura do ar, ventos, umidade relativa do ar e insolação, que são os responsáveis pelos processos de
circulação da água dos oceanos para a atmosfera em uma dada latitude terrestre.

Fonte: Internet

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Infiltração ou percolação
Ao entrar em contato com a superfície, a água das chuvas pode seguir três caminhos: escoar, infiltrar no solo ou evaporar.
Por meio da evaporação, ela retorna à atmosfera. Já a água que se infiltra no solo e a que escoa pela superfície dirigem-se,
pela ação da gravidade, às depressões ou às partes mais baixas do relevo, alimentando córregos, rios, lagos, oceanos ou
aquíferos.
Nos períodos mais chuvosos, o nível freático dos aquíferos se eleva, e, na época de estiagem, abaixa. Ao cavar um poço,
encontra-se água assim que o nível freático é atingido.

Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA)

Recarga de lençol freático e aquífero


• Recarga de rios e mananciais

Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA)

Aquíferos • O Aquífero Guarani, constituído pelas formações


sedimentares Botucatu e Pirambóia, é um dos maiores
• A formação de um aquífero se dá em pelo menos
mananciais de água doce subterrânea transfronteiriça
dois momentos. A primeira etapa é a criação do
do mundo.
arcabouço geológico ou do espaço poroso resultante
da sedimentação da rocha. A segunda, naturalmente, é • Está localizado na região centro-leste da América do Sul,
o preenchimento desse espaço com a água. estendendo-se pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.

14 GEOGRAFIA • Heitor Salvador


Os usos da água abastecimento de água, energia e produção industrial
e agropecuária.
• Em razão de sua grande extensão territorial e da
• O transporte fluvial, embora ainda pouco utilizado,
predominância de climas úmidos, o Brasil possui uma
vem adquirindo cada vez mais importância no país,
extensa e densa rede hidrográfica. Os rios brasileiros
sobretudo na bacia Platina, onde foi construída a
têm diversos usos, como o abastecimento urbano e
hidrovia Tietê-Paraná. Em regiões planálticas, nossos
rural, a irrigação, o lazer e a pesca.
rios apresentam um grande potencial hidrelétrico
• O uso da água foi intensificado na região Sudeste devido (capacidade de geração de energia).
à urbanização, densidade demográfica, demanda por

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Características da hidrografia • Considerando-se os rios de maior porte, só encontramos
regimes temporários no Sertão nordestino, onde o
brasileira clima é semiárido. No restante do país, os grandes rios
são perenes.
• O Brasil não possui lagos tectônicos. Há somente lagos
de várzea (temporários, muito comuns no Pantanal) e • Predominam os rios de planalto, muitos dos quais
lagunas ou lagoas costeiras, além de centenas de represas escoam por áreas de elevado índice pluviométrico.
e açudes resultantes da construção de barragens. • Em vários pontos do país há corredeiras, cascatas e,
• Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazonas, em algumas áreas, rios subterrâneos (atravessando
possuem regime simples pluvial. cavernas), o que favorece o turismo. Quedas-d’água de
grande porte desapareceram nos últimos cinquenta
• Todos os rios do país são exorreicos (do grego exo, ‘fora’),
anos com a construção de represas de hidrelétricas,
ou seja, possuem drenagem que se dirige ao oceano, para
como as cataratas de Sete Quedas, no rio Iguaçu, que
fora do continente. Mesmo os rios endorreicos (do grego
foram inundadas com a construção da usina de Itaipu.
endo, ‘dentro’), que correm para o interior do continente,
têm como destino final de suas águas o oceano, como • Na região amazônica, os rios têm grande importância
acontece com o Tietê, o Paranaíba e o Iguaçu, entre como vias de transporte, com destaque aos rios
outros afluentes do rio Paraná, que desaguam no mar (no Solimões/Amazonas, Madeira, Tapajós e Araguaia/
estuário do rio da Prata, entre o Uruguai e a Argentina). Tocantins.

Bacias hidrográficas brasileiras

16 GEOGRAFIA • Heitor Salvador


Tipos de canais
• Os rios meandrantes ocorrem em regiões de clima
úmido e cobertas por mata ciliar, sua principal
característica é sua alta sinuosidade, que são formadas
a partir da erosão progressiva das margens côncavas
e a deposição nos leitos convexos, assim se formam os
chamados meandros
• Os rios retilíneos não são muito comuns, porque
estão associados a condições específicas: quando
não controlados por falhas e fraturas, eles ocorrem
somente em leitos rochosos homogêneos que oferece
a mesma resistência à água. Eles são caracterizados
pela presença de um canal único, bem definido e com
margens estáveis. Rio entrelaçados. Fonte: CPRM
• Os rios entrelaçados são comuns em regiões de clima
seco e são caracterizados por serem grandes canais
únicos, porém divididos em diversos cursos d’água.
Isso ocorre por conta das suas declividades médias a
altas (> 5°), da carga de fundo grossa e da facilidade
na erosão das margens. À medida que a declividade vai
diminuindo, o rio não tem mais energia para deslocar
os sedimentos de granulometria grossa.
• Os rios anastomosados são caracterizados pela
presença de dois ou mais canais estáveis que se
encontram em regiões de subsidência. Eles possuem
baixa energia, estão interconectados, se desenvolvem
em áreas úmidas e alagadas, formam várias ilhas
alongadas recobertas por vegetação, etc. Essas ilhas são
essenciais na caracterização e formação desse tipo de
canal fluvial porque são as responsáveis por subdividir
o canal em vários. Esses bancos de sedimentos são
depositados porque os rios anastomosados não tem
energia suficiente para transportar os sedimentos por
todo seu curso.
Rio anastomosados. Fonte: CPRM

Fonte: Decifrando a Terra

Rio meandrante. Fonte: CPRM

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Importância da preservação da • Mata de Galeria: entende-se a vegetação florestal
que acompanha os rios de pequeno porte e córregos
vegetação para conservação dos planaltos do Brasil Central, formando corredores

dos solos
fechados (galerias) sobre o curso de água. Geralmente
localiza-se nos fundos dos vales ou nas cabeceiras de
Reduzir impactos ambientais causados pelo desmatamento drenagem onde os cursos de água ainda não escavaram
e uso inadequado dos solos próximos aos corpos d’água, um canal definitivo.
ocasionando processos erosivos, assoreamento de rios,
• Mata Ciliar: entende-se a vegetação florestal
córregos e riachos.
que acompanha os rios de médio e grande porte,
• As voçorocas: começam com a formação de sulcos especialmente na região do Cerrado, em que a vegetação
que evoluem para ravinas na parte final das vertentes, arbórea não forma galerias. Em geral, essa Mata é
devido a uma concentração de fluxos superficiais relativamente estreita, dificilmente ultrapassando
das águas de escoamento, geralmente provocada 100 metros de largura em cada margem. É comum a
por desmatamento, trilhas de gado, construção de largura em cada margem ser proporcional à do leito do
cercas, estradas ou caminhos mal posicionados ou rio, embora em áreas planas a largura possa ser maior.
de qualquer outra obra que interfira diretamente no
regime hidrológico.

Figura 2 - Técnicas de terraceamento e curvas de nível para conservar os solos. Fonte: WWF Brasil (2012)

18 GEOGRAFIA • Heitor Salvador


Anotações

Voçoroca ou boçoroca: Fonte: EMBRAPA

Mata de galeria. Fonte: EMBRAPA

Assoreamento do leito do rio. Fonte: EMBRAPA

Mata ciliar. Fonte: EMBRAPA

Heitor Salvador • GEOGRAFIA 19

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